A Educação e A Crise Brasileira
A Educação e A Crise Brasileira
A Educação e A Crise Brasileira
BRASILEIRA
ATUALIDADES PEDAGÓGICAS
Série 3.a
da
BIBLIOTECA PEDAGÓGICA BRASILEIRA
(Fundada por Fernando de Azevedo)
Direção
de
J. B. D A M A S C O P E N N A
ANÍSIO S. TEIXEIRA
A EDUCAÇÃO
E A CRISE
BRASILEIRA
Exemplar N.°
1956
mpresso nos Estados Unidos do Brasil
ÍPrinted in the United States of Brazil
SUMÁRIO
Introdução IX
'PRIMEIRA. PARTE:
SECUNDA PARTE:
ANÍSIO TEIXEIRA
INTRODUÇÃO
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ANÍSIO S. TEIXEIRA
nem para uma nem para outra cousa. Por isto mesmo, toda
a educação tinha de ser um pio desiderato, de gente bem
intencionada mas sem recursos.
Somente existiam os poucos "colégios" secundários para
a classe abastada, as pouquíssimas escolas superiores profis-
sionais para essa mesma classe e um ensino primário disperso
e de proporções reduzidas para uma parcela nem sempre
substancial da população.
Depois da primeira grande guerra mundial, o problema
ganha, porém, um certo ar de realidade e entra a preocupar
os dirigentes nacionais. Surge, então, uma corrente de opi-
nião a pleitear, não a educação popular ainda por desenvol-
ver, mas a simples e pura alfabetização do povo brasileiro.
Até aí, o problema de educação se erguia ante a consciência
nacional como um problema semelhante ao dos demais po-
vos, tal como o víamos daqui ou mesmo lá indo. Tratava-se
de reproduzir, no país, as escolas como existiam elas nos paí-
ses desenvolvidos. Não nos ocorria que não tínhamos nem
dinheiro para manter, nem cultura tradicional a perpetuar
em escolas semelhantes às daqueles países. As tentativas se
sucediam com escolas instaladas, às vezes, à perfeição e logo
depois decadentes.
A idéia de que não podíamos ter escolas como as es-
trangeiras, mas devíamos tentar a simples alfabetização do
povo brasileiro, devemos convir, triste ou alegremente, foi
a primeira idéia brasileira autóctone no campo da educação
e, talvez, por isto mesmo, destinada a uma grande car-
reira . . .
Tal idéia estava, entretanto, atrasada de quatro séculos:
só era nativa pelo seu anacronismo. Com efeito, a idéia pura
e simples de alfabetizar era, no Ocidente, originária da refor-
ma protestante: ensinar a ler para ler a bíblia tivera grande
influência na difusão da escola, nos séculos anteriores à
revolução francesa. O conceito, porém, de educação popu-
lar, em marcha após aquela revolução e desde o primeiro
terço do século dezenove, e completamente vitorioso, ainda
A EDUCAÇÃO E A CRISE BRASILEIRA
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ANÍSIO S. TEIXEIRA
Conclusão
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ANÍSIO S. TEIXEIRA
Não nos faltou quem nos dissesse O que devia ser feito,
O .que se estava fazendo em nações então de progresso mais
ou menos equivalente ao nosso, sobressaindo, entre todos, O
documento absolutamente ímpar, pela lucidez e caráter exaus-
tivo, que foram os pareceres sobre O ensino primário e se-
cundário de Rui Barbosa.
A nação, entretanto, deixara-se habituar ao desenvolvi-
mento reflexo, passivo, por força das circunstâncias, por isto
mesmo que a vida sempre lhe fora, senão fácil, sem maiores
exigências, nos desmedidos dos seus grandes espaços físicos
e na rarefação de seus habitantes sem competidores.
Enquanto as demais nações, sob O impacto das novas con-
dições, empreendiam O esforço pela educação universal, com
O ímpeto e a deliberação de um movimento político, se não
religioso, criando rapidamente, um sistema popular de escolas
mais amplo que O de suas igrejas e capelas e um professorado
mais numeroso que O seu clero, para cuidar das novas exi-
gências de transmissão de uma cultura em mudança e, acima
deste sistema popular, um conjunto de escolas médias e su-
periores capaz não só de continuar, como de promover O de-
senvolvimento e a harmonização da cultura nascente, diver-
sa e complexa, — O Brasil se deixou ficar com as suas escolas
tradicionais para uma diminuta e dispersa elite literária e pro-
fissional.
Data e decorre daí O nosso retardamento. Acompanha-
mos, de certo modo, a transformação política do mundo; va-
mos acompanhando, mal ou bem, a sua transformação eco-
nômica e técnica, pelo menos na utilização de seus inventos
e novos instrumentos; mas, não acompanhamos a sua trans-
formação institucional, que foi, sobretudo, uma transformação
no campo educacional, a transformação escolar.
Ora, se essa transformação em nações de velhas culturas,
como as da Europa, exigia, como exigiu, um esforço delibe-
rado e custoso, que não se fêz sem luta e sem sacrifício de
toda ordem, impondo à sociedade um ônus econômico só
equivalente ao da defesa e da guerra — O que não teria de
ser ela no Brasil, cujas condições sociais eram as de uma
ANÍSIO S. TEIXEIRA
— nò Ensino Primário:
os Estados 2.400.000.000,00
os Municípios . . . . 451.000.000,00
a União 16.000.000,00
2.867.000.000,00
A EDUCAÇÃO E A CRISE BRASILEIRA
no Ensino Médio:
os Estados 1.110.000.000,00
os Municípios . . . . 26.000.000,00
a União 463.000.000,00
1. 599.000.000,00
no Ensino Superior:
os Estados 452.000.000,00
os Municípios . . . . ' 4.000.000,00
a União 489.000.000,00
945.000.000,00
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ANÍSIO S. TEIXEIRA
terior.
(Presidente) — Havendo número le-
gal, está aberta a sessão. Leitura da ata da reunião an-
1) Natureza de Debate
2) A atual legislatura
3) Movimento educacional
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ANÍSIO S. TEIXEIRA
5) Que se há de fazer?
8) Conclusão
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ANÍSIO S. TEIXEIRA
O saber digno de tal nome era assim O saber metafísico, que li-
dava com O Ser em sua última generalização, e os demais sa-
beres, tanto mais imperfeitos quanto mais mutáveis fossem
seus objetos, não passavam de opiniões, sem segurança nem
importância, pois se referiam ao contingente, ao variável e di-
verso, a algo infectado, como observou Dewey, de não-ser, ou
seja de não-existência.
O método da razão, apezar de tão harmonioso e tão ori-
ginal, não se destinava, portanto, a emancipar a humanidade
do equívoco fundamental de sua existência, isto é, O equí-
voco de buscar a certeza e a segurança fora da realidade con-
tingente ou do universo. Pelo contrário, era uma confir-
mação das velhas crenças da humanidade e a formulação
intelectual do seu sonho de segurança e certeza fora do mun-
do, não já em algum céu, mas numa Realidade superior e
absoluta, a ser atingida pela mente e pelo saber.
É de crer que, se houvessem podido os gregos conti-
nuar as suas especulações, acabassem por chegar ao conhe-
cimento científico, como O concebemos hoje, para sobre êle
basear um novo conceito de certeza e de segurança. Mas,
a queda de sua civilização, O período romano conseqüente,.
mais de dominação do que de liberdade, e toda a insegu-
rança e confusão relativamente prolongadas da idade média
não permitiram que se renovassem condições propícias à
continuação da sua vigorosa aventura de inteligência. somente com os grandes
zontes humanos e retomam os renascentistas O pensamento
grego para lhe continuarem a carreira interrompida.
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BASES DA TEORIA LÓGICA de DEWEY
Direção
de
J. B. DAMASCO PENNA
ATUALIDADES PEDAGÓGICAS
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