“ferramentas financeiras”. As ferramentas financeiras são essenciais para mantermos uma empresa saudável, e entre as mais importantes estão o orçamento e o fluxo de caixa. FLUXO DE CAIXA • Uma das ferramentas que todos os negócios (tanto empresas quanto profissionais liberais) devem possuir é o controle do seu Fluxo de Caixa. • O objetivo dela é registrar todas as entradas (receitas / ganhos) e saídas (gastos / perdas) da empresa durante um determinado período. • A utilização correta dessa ferramenta permite que os administradores do negócio possam visualizar a situação financeira da empresa com mais clareza e, com base nos dados identificados, planejar e tomar decisões com mais precisão. FLUXO DE CAIXA • Para Campos (2009), a grande utilidade dessa ferramenta “é permitir a identificação (especialmente prévia, mas também posterior) das sobras e faltas no caixa, possibilitando ao profissional planejar melhor suas ações futuras ou acompanhar o seu desempenho”. EXEMPLO • Vamos imaginar a loja de carros usados LOJA ALPHA LTDA. Quais seriam algumas das possíveis entradas e saídas que ela teria durante o mês? Principais operações no mês de março: a) compra à vista de veículo usado para revenda. Valor: R$ 7.500,00. b) venda a prazo (30 dias) de veículo usado. Valor: R$ 20.000,00. c) gasto com propaganda em jornais (50% à vista e 50% em 30 dias). Valor: R$ 3.000,00. d) compra de veículo usado a prazo (30 e 60 dias) para revenda. Valor: R$ 15.000,00. e) compra à vista de veículo usado para revenda. Valor: R$ 13.000,00. f) venda à vista de dois veículos. Valor: R$ 31.000,00. g) compra à vista de veículo usado para revenda. Valor: R$ 11.000,00. h) pagamento de salário aos funcionários: Valor: R$ 5.000,00. EXEMPLO i) pagamento de serviços de contador. Valor R$ 400,00. j) venda (50% em 30 dias e 50% em 60 dias) de veículo. Valor: R$ 10.000,00. k) venda a prazo (30 dias) de veículo usado. Valor: R$ 9.000,00. l) pagamento de pró-labore aos sócios. Valor: R$ 3.000,00. m) venda (1/3 à vista, 1/3 em 30 dias e 1/3 em 60 dias) de veículo usado. Valor: R$ 21.000,00. n) compra de carro para revenda (25% à vista, 50% em 30 dias e 25% em 60 dias). Valor: R$ 21.000,00. o) saldo em caixa no início do mês: R$ 9.500,00. p) saldo em caixa no fim do mês: R$ ?.???,??. EXEMPLO • Segundo nosso levantamento, a loja de carros usados aumentou de R$ 9.500,00 para R$ 21.600,00 o seu saldo financeiro durante o mês de março! Em outras palavras, a loja teve um ganho de 12.100,00 reais durante o mês. • No entanto, ao conferir o saldo de caixa no banco, o dono do negócio viu que suas reservas haviam diminuído! Em vez dos R$ 9.500,00 que possuía no início do mês, agora ele tinha apenas R$ 850,00! Isso significa que ele diminuiu suas reservas em 8.650,00 reais! • Mas o que aconteceu com o resultado positivo que foi registrado no Fluxo de Caixa? Os números estavam errados? A calculadora não somou direito as vendas? EXEMPLO • Na verdade, o que ocorreu é que, durante a montagem do Fluxo de Caixa, não foram considerados os prazos de recebimento e de pagamento. Assim, existem receitas e despesas que, apesar de concretizadas por meio de contratos ou acordos, ainda não foram efetivadas (pagas ou recebidas). E isso é extremamente comum de ocorrer na compra e venda e produtos ou serviços. • Prestando um pouco mais atenção às operações de março na loja de carros usados, verificamos que o item “b”, por exemplo, representa a venda a prazo de um carro no valor de R$ 20.000,00. O recebimento efetivo, no entanto, deverá ocorrer somente em abril, pois essa venda foi negociada em março e possui um prazo de 30 dias para ser efetivada. • Vamos elaborar um novo Fluxo de Caixa, agora respeitando as datas de recebimento e pagamento. A partir do exemplo, o que mais podemos perceber no Fluxo de Caixa da loja? 1. Visualizar a movimentação financeira dos próximos meses. Os fatos registrados em março já fornecem informações financeiras dos meses de Abril e Maio, fazendo com que o empresário possa estimar o que irá ocorrer com o caixa da empresa. 2. Apesar da perda de dinheiro em Março, o mês de Abril possui uma previsão financeira muito boa, fazendo com que o saldo de caixa salte de R$ 850,00 para R$ 22.350,00. E isso que o mês de abril ainda nem começou! 3. Se tudo se mantiver ainda como está programado, Maio, por sua vez, será um mês mais estável, em que o caixa irá passar de R$ 22.350,00 para R$ 21.000,00, ou seja, irá sofrer uma pequena queda. Mais uma vez é importante notar que os registros colocados no Fluxo de Caixa não contemplam, ainda, as operações de Abril e Maio. FLUXO DE CAIXA • Como devem ser consideradas as diferenças existentes entre o que a empresa deveria receber/ pagar e o que efetivamente ela recebe/paga? • Para responder a essa pergunta foram criados os: – Regime de Competência: registra as movimentações de receitas e despesas nos períodos em que cada uma delas deveria ocorrer. – Regime de Caixa: registra essas receitas e despesas no momento em que elas efetivamente ocorrem. FLUXO DE CAIXA • No Brasil, os sistemas de contabilidade e a maioria dos impostos consideram o Regime de Competência. • As organizações traçam metas anuais de vendas que devem ocorrer dentro do ano independente de receberem por essas vendas dentro do mesmo ano. • Segundo Campos (2009), “um controle de fluxo de caixa bem feito é uma grande ferramenta para lidar com situações de alto custo de crédito, taxas de juros elevadas, redução do faturamento e outros fantasmas que rondam os empreendimentos”. BENEFÍCIOS DO FLUXO DE CAIXA (CAMPOS, 2009) Avaliar se as vendas presentes serão suficientes para cobrir os desembolsos futuros já identificados Calcular os momentos ideais para reposição de estoque ou materiais de consumo, considerando os prazos de pagamento e as disponibilidades Verificar a necessidade de realizar promoções e liquidações, reduzir ou aumentar preços BENEFÍCIOS DO FLUXO Saber se é ou não possível conceder prazos de pagamentos aos clientes DE CAIXA Saber se é ou não possível comprar à vista dos fornecedores, para aproveitar alguma promoção Ter certeza da necessidade ou não de obter um empréstimo de capital de giro Antecipar as decisões sobre como lidar com sobras ou faltas de caixa ORÇAMENTO • Agora que você já sabe controlar o que entra e sai da conta do seu negócio, é preciso começar a prever o tamanho dessas movimentações e quando elas vão ocorrer, ou seja, é preciso elaborar um orçamento. BENEFÍCIOS DO ORÇAMENTO Permite definir metas para o negócio e apontar os responsáveis em cada uma dessas metas Permite coordenar as atividades globais da empresa e fazer com que as metas de cada setor contribuam para atingir o objetivo geral Possibilita priorizar os objetivos e as ações, já que é possível visualizar qual a disponibilidade financeira que a BENEFÍCIOS empresa deverá ter DO É uma maneira de controlar desempenhos e estudar um ORÇAMENTO cenário (situação) antes de tomar decisões na prática Serve de estímulo e motivação àquelas pessoas ou setores que participam da sua elaboração (responsabilidade, importância e capacidade de realização das pessoas) Auxilia a definir critérios para alocar os recursos da empresa e permite avaliar entre orçado x realizado. ORÇAMENTO • Como qualquer ferramenta de gestão, o orçamento também tem seus limites. Ele é uma previsão e para manter-se realista, o que foi orçado precisa ser revisto periodicamente. • A implantação de um hábito de realização e acompanhamento é uma tarefa demorada e exige esforços de todas as áreas e a maior participação possível dos funcionários. • Um dos problemas na hora de elaborar o orçamento é a postura que as pessoas assumem para realizar suas estimativas. Braga (1998) classifica em seis essas posturas, as quais estão elencadas a seguir. CLASSIFICAÇÃO DAS POSTURAS ASSUMIDAS NA ELABORAÇÃO DO ORÇAMENTO (BRAGA 1998) Postura daqueles que não acreditam na realização ou na CETICISMO contribuição que o orçamento pode dar para o negócio (ações dissociadas dos orçamentos)
Postura daqueles que não se esforçam para preparar o
COMODISMO orçamento e opta por fazer uma projeção conservadora, reproduzindo dados do passado
Postura daqueles que, embora tenham boa vontade, são
DERROTISMO muito inseguros para preparar o orçamento POSTURAS PESSIMISMO Subestimam dados relativos à produção, vendas ou receitas e exageram nas projeções de despesas, para CONSCIENTE obter sempre um resultado real favorável
OTIMISMO Postura utópica assumida por aqueles que não preveem
INGÊNUO nenhum contratempo ou dificuldade na empresa
Postura ideal: são realistas e admitem as limitações e as
REALISMO dificuldades de uma previsão, porém são motivadas MOTIVADO sabendo que quanto mais horas dedicarem à previsão, mais acurado será o resultado obtido na prática ORÇAMENTO X FLUXO DE CAIXA • Um bom planejamento ajudará no gerenciamento tendo- se como guia um bom orçamento. • Uma planilha elaborada contemplando o que foi orçado e o que foi realizado permite que o administrador visualize alguns problemas que necessitam de correção. • Além disso, a diferença entre o previsto e o realizado demonstra o conhecimento e a postura adotada pela pessoa responsável pelo orçamento. UNIDADE 5: PLANEJAMENTO FINANCEIRO
AULA 7: DRE – O Resultado do
Negócio OBJETIVO DA AULA 7
• Vendemos, vendemos e vendemos. Mas como
saber se as vendas têm sido suficientes para dar um resultado positivo para a empresa? Vamos, agora, tratar da ferramenta financeira que revela essa informação: a Demonstração do Resultado do Exercício. DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO - DRE • Um dos objetivos de todas as organizações é mostrar para seus sócios/acionistas que é rentável. • Mas como verificar se o negócio está realmente alcançando bons resultados? • A ferramenta gerencial mais focada em responder essa pergunta é uma demonstração financeira chamada “Demonstração do Resultado do Exercício” (DRE). A DRE é um resumo das receitas e despesas efetuadas na empresa durante um período. • O período de observação costuma ser anual, embora uma DRE parcial possa ser elaborada mensalmente, a critério da organização. DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO - DRE • A DRE utiliza o Regime de Competência durante a sua elaboração. • A análise das informações da DRE parte do total de receitas da empresa. A partir deste número são feitas deduções, de acordo com diversas categorias de despesas. Entres as deduções pode-se acrescentar algumas receitas, que não são provenientes das vendas propriamente ditas, mas de outras operações realizadas pela organização. • O resultado final observado no documento é a apuração do Lucro ou do Prejuízo do período. DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO - DRE • Braga (1998) sintetiza o funcionamento da DRE afirmando que “nessa demonstração é evidenciada a formação do lucro ou prejuízo do exercício social mediante a confrontação das receitas realizadas e das despesas incorridas”. DEMONSTRATIVO DE RESULTADO DO EXERCÍCIO ITEM EXPLICAÇÃO RECEITA BRUTA Total da Vendas (-) Deduções Impostos, devoluções, etc. = RECEITA LÍQUIDA (-) Custo do Período Gastos Referentes à produção e à comercialização ou aos serviços prestados = LUCRO BRUTO (-) Despesas São gastos necessários para que a atividade seja desenvolvida (administrativas, vendas, financeiras, etc.) = LUCRO OPERACIONAL (+/-) Receita/Despesa não operacional Não proveniente das operações = LUCRO ANTES DO IMPOSTO DE RENDA (-) Imposto de Renda = LUCRO LÍQUIDO DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO - DRE • Os dados da DRE servem para que o gestor da empresa possa acompanhar o andamento das operações, identificando os principais pontos em que a empresa está com dificuldades, bem como para acompanhar a evolução da empresa. • Como donos de um negócio, a sua preocupação fundamental não é saber elaborar uma Demonstração dos Resultados do Exercício. O importante é que você saiba identificar o que cada um dos campos contidos nela representa e, assim, possa refletir para tomar as melhores decisões para o seu negócio. DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO - DRE • Além da DRE, existe também uma demonstração muito importante chamada Balanço Patrimonial, que representa os saldos de todas as contas que integram o patrimônio da empresa em determinada data, tais como dinheiro em banco, valor das mercadorias estocadas, valor dos imóveis, saldo das dívidas que a empresa tem para receber e também deve pagar, etc. • No entanto, neste momento vamos focar apenas na DRE, pois ela é mais importante para identificarmos se o negócio está dando lucros ou prejuízos para os donos, sócios ou acionistas. INFORMAÇÕES SOBRE A PRÓXIMA UNIDADE
• No próximo capítulo, vamos avançar sobre alguns
tópicos avançados da administração de negócios, principalmente voltados para a área de Informática e Internet. Bons estudos! BIBLIOGRAFIA CONSULTADA • PEREIRA, Daniel Augustin. Administração de Negócios. Florianópolis, IF/SC: 2010. • BERNARDES, Cyro e MARCONDES, Reynaldo Cavalheiro. Teoria geral da administração: gerenciando organizações. 3ª ed. – São Paulo: Saraiva, 2004. • BRUNI, A. Administração de custos, preços e lucros. São Paulo: Atlas, 2008. • CHIAVENATO, Idalberto. Comportamento Organizacional: a dinâmica do sucesso das organizações. 2ª ed. – Rio de Janeiro: Elsevier, 2005. • _________. Introdução à teoria geral da administração. 7ª ed. rev. e atualizada. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003. • _________; SAPIRO, Arão. Planejamento estratégico. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003. • KOTLER, P.; KELLER, K. L. Administração de Marketing. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006. • MAXIMIANO, Antônio César Amaru. Introdução à administração. Edição compactada. 2ª ed. – São Paulo: Atlas, 2011. • _________. Teoria geral da administração: da escola científica e competitividade. São Paulo: Atlas, 2004. • MORAES, Anna Maria Pereira de. Iniciação ao estudo da administração. 2ª ed. –São Paulo: Makron Books, 2001.