Arranjos de políticas no território do alto sertão de Sergipe: Transformismo e (des)enfrentamento a pobreza?
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Arranjos de políticas no território do alto sertão de Sergipe - Nelmires Ferreira da Silva
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Coordenação Editorial: Kátia Ayache
Revisão: Ana D’Andrea
Assistência Editorial: Augusto Pacheco Romano, Érica Cintra
Capa: Bruno Balota
Diagramação: Bruno Balota
Assistência Gráfica: Wendel de Almeida
Assistência Digital: Wendel de Almeida
Edição em Versão Impressa: 2015
Edição em Versão Digital: 2015
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Conselho Editorial
Profa. Dra. Andrea Domingues (UNIVAS/MG) (Lattes)
Prof. Dr. Antonio Carlos Giuliani (UNIMEP-Piracicaba-SP) (Lattes)
Prof. Dr. Antonio Cesar Galhardi (FATEC-SP) (Lattes)
Profa. Dra. Benedita Cássia Sant’anna (UNESP/ASSIS/SP) (Lattes)
Prof. Dr. Carlos Bauer (UNINOVE/SP) (Lattes)
Profa. Dra. Cristianne Famer Rocha (UFRGS/RS) (Lattes)
Prof. Dr. Eraldo Leme Batista (UNIOESTE-PR) (Lattes)
Prof. Dr. Fábio Régio Bento (UNIPAMPA/RS) (Lattes)
Prof. Dr. José Ricardo Caetano Costa (FURG/RS) (Lattes)
Prof. Dr. Luiz Fernando Gomes (UNISO/SP) (Lattes)
Profa. Dra. Magali Rosa Santa'Anna (UNINOVE/SP) (Lattes)
Prof. Dr. Marco Morel (UERJ/RJ) (Lattes)
Profa. Dra. Milena Fernandes Oliveira (UNICAMP/SP) (Lattes)
Prof. Dr. Ricardo André Ferreira Martins (UNICENTRO-PR) (Lattes)
Prof. Dr. Romualdo Dias (UNESP/RIO CLARO/SP) (Lattes)
Prof. Dr. Sérgio Nunes de Jesus(IFRO/RO) (Lattes)
Profa. Dra. Thelma Lessa (UFSCAR/SP) (Lattes)
Prof. Dr. Victor Hugo Veppo Burgardt (UNIPAMPA/RS) (Lattes)
Paco Editorial
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Dedico este livro à família Ferreira e àqueles que gentilmente me acolheram e prestaram informações, possibilitando refletir criticamente a dinâmica contraditória desta sociedade, e mais do que isso, fortalecer o compromisso ético-político na direção da luta coletiva e da construção de uma práxis cotidiana.
Agradecimentos
Essa obra é parte de mais uma etapa da minha vida profissional nos rumos do compromisso com a contínua qualificação em Serviço Social, da qual fizeram parte pesquisadores, parceiros, amigos, bem como instituições de ensino e financiadora da pesquisa, síntese da somatória de esforços na busca para construir renovados saberes. Nesse sentido, abarca um conjunto de pessoas e efetivos apoios, os quais foram fundamentais na construção e produção do conhecimento e, portanto, predisponho a elencar com grata safistação os meus agradecimentos ao Programa de Pós-Graduação em Serviço Social (PROSS) da Universidade Federal de Sergipe e à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoa de Nível Superior (CAPES).
Nesse ciclo de importantes referências, encontra-se a Profa. Dra. Maria da Conceição Vasconcelos Gonçalves, carinhosamente chamada de Lica, que foi de uma importância abrangente em todo o processo, desde a relação de respeito, profissionalismo e acolhimento às preciosas orientações intelectuais no dia a dia da academia, mediante sua larguíssima experiência enquanto docente. Dentre outros colaboradores, foi fundamental o papel daqueles que tiveram o cuidado de revisar e diagramar, dando formato estrutural de livro, primeira obra, a qual não considero a mais importante da minha vida profissional, mas certamente o pontapé para galgar e ousar na busca por novos desafios no espaço da pesquisa.
À minha família que resiste à minha pouca presença, mas certamente muito intensa, o que reverte em renovados ânimos para superar os obstáculos da vida. Para tanto, agrego meus agradecimentos a todos que, no afã das relações amigáveis, contribuíram para o aprimoramento do debate em volta das categorias Pobreza, Território, Política de Reforma Agrária e Desenvolvimento.
No movimento de idas e vindas, não podemos nos furtar a dizer que os louros dessa simples, porém importante conquista, não teria sozinha atingido com mérito os objetivos galgados, ainda que em vários momentos o enclausuramento e a solidão tivessem sido partes fundamentais para realizar a pesquisa e produzir conhecimentos. Assim, essa é uma tarefa desafiadora e árdua em que o compromisso nos move e fortalece o desejo da necessidade de produzir o novo, porém, enquanto homem não somos apenas um ser de necessidades, mas um ser que inventa ou cria suas necessidades
(Vázquez, 1997, p. 41-12), as quais são enfrentadas com a soma de esforços, e para isso precisamos uns dos outros, por isso: a todos, muito obrigada!
Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já têm a forma do nosso corpo e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousamos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos.
(Fernando Pessoa)
Sumário
Folha de rosto
Página de Créditos
Dedicatória
Agradecimentos
Epígrafe
Apresentação
Prefácio
Introdução
Capítulo 1: Centraldade da pobreza no território do capital
1. Categoria pobreza e desigualdade social: um olhar a partir da Lei da Acumulação Capitalista
2. Alternativa à pobreza sob a perspectiva do Território
3. A face neo(desenvolvimentista) e transformista para combater a pobreza
3.1 O desenvolvimento sobre a égide do paradigma das políticas estratégicas ao território nas particularidades do Brasil
Capítulo 2: Crédito fundiário e arranjos de políticas para enfrentar ou defrontar a pobreza no Alto Sertão de Sergipe
1. Terceira fase do crédito fundiário: democratização do acesso à terra em Sergipe
Quadro 1: Famílias assentadas RA e RAM no Alto Sertão de Sergipe
Quadro 2: Fazendas adquiridas no Alto Sertão de Sergipe – 2010/2011
Imagens 1 e 2: Fazenda/P da Folha/SE
Imagens 3 e 4: Ocupação na Rota do Sertão/SE
1.1 Entre o consenso e a livre transação: os caminhos para o acesso à terra
1.2 De posse da terra: a volta ao batente – os rumos para o fortalecimento da agricultura familiar
1.3 Estratégias de Fortalecimento do Agricultor Familiar no Alto Sertão: produção, assistência técnica e crédito
1.4 Acesso aos direitos sociais universais e segurança alimentar
1.5 A perspectiva de sustentabilidade e matriz agroecológica: por um novo modelo de ser e produzir
1.6 Um território de múltiplos interesses e a participação como fetiche
1.7 Na contramão do discurso: acesso à terra e qualidade de vida
Considerações finais
Referências
Paco Editorial
Apresentação
A proposta para publicar este livro emergiu da importante experiência no Programa de Pós-Graduação em Serviço Social (PROSS/UFS), cuja inserção ocorreu através da seleção de Pós-doutorado em 2014 mediante o compromisso em desenvolver uma pesquisa a priori intitulada (Neo)Sincretismo Profissional e Prática Indiferenciada: o Assistente Social na Cotidianidade do Programa de Combate à Pobreza Rural em Sergipe. Dentre os objetivos específicos do citado projeto, encontra-se o interesse de investigar e analisar os arranjos de políticas de combate à pobreza rural, visto ser parte estratégica da agenda política do governo do Estado de Sergipe para promover o chamado Desenvolvimento Territorial Rural.
Cabe observar que a proposta desse estudo teve seu ponto inicial a partir dos resultados sinalizados na tese de doutorado intitulada "Crédito Fundiário e Desenvolvimento Territorial: entre e o fetiche e o enfrentamento à questão agrária no Alto Sertão de Sergipe". Esta se comprometeu em investigar o crédito fundiário e os arranjos de políticas para combater e aliviar a pobreza, cujo fim último é promover o desenvolvimento humano, social e econômico no território.
Foi através desse percurso que se encampou o esforço pela continuidade da pesquisa, cujos frutos resultaram em novas reflexões, das quais foram apropriados os capítulos quinto e sexto da citada tese com vista a uma releitura da categoria pobreza, referenciando-a a partir da economia política sob a abordagem materialista histórico-dialético marxista. Para tanto, apresenta-se organizada em 2 partes: a primeira está disposta à apresentação e à introdução, a qual situa a conjuntura em que se movem as novas alternativas para o capital na era das finanças, cujo movimento desigual e combinado produz e reproduz renovados mecanismos de acumulação e ampliação. Ainda nessa parte, situa-se o Capítulo 1, destacando as bases teórico-conceituais da categoria pobreza e as perspectivas de seu enfrentamento à luz do ideário desenvolvimento territorial enquanto eixo ideológico-hegemônico do neodesenvolvimentismo.
Na segunda parte, situam-se as políticas de enfrentamento à pobreza em Sergipe, a qual focaliza a reforma agrária de mercado como estratégia de enfrentamento à pobreza e à desigualdade social, assim como o conjunto de arranjos de políticas no Território da Cidadania e Boas Práticas, abstraídos, como já reportamos em linhas atrás, da referida tese de doutorado defendida em 2013. A apropriação dos referidos capítulos da tese é o terreno de base empírica para aprofundar as análises, de modo a referendar a base teórica-conceitual, bem como o sentido e o significado dessas políticas orientadas pelas agências internacionais com vistas a atender aos interesses do capital financeiro e, assim, revigorar o ciclo da acumulação em tempo de ininterruptas crises.
Nessa direção, ensejamos que os novos elementos que se apresentam nas análises desse estudo possam requalificar o debate no interior das diversas categorias profissionais, particularmente dos assistentes sociais que atuam na elaboração, execução e gestão social das diversas políticas públicas e sociais frente às mazelas do capital, que produz e reproduz a pobreza e a desigualdade social inerente ao modo de produção capitalista, no qual funda a questão social
(Mota, 2010). O mergulho nessa realidade concreta possibilita situar as contradições do cotidiano ora encoberto por visões imediatistas, sincréticas e permeadas de olhares ecléticos que fortalecem o pragmatismo refutador da totalidade da vida social e seu viés ontológico (Lessa, 2008).
Infere dizer que os elementos informados neste livro possibilitarão uma resignificação de conceitos como pobreza e desigualdade social, território, cidadania, participação, emancipação humana, desenvolvimento, desmistificando a positividade do real sob a aparência que invisibiliza ou fetichiza a essência das políticas públicas em face do enfrentamento à pobreza sob diretrizes internacionais do capital monopolista financeiro internacional. Espera-se que não só questões possam surgir pela via das mediações objetivas e subjetivas com possibilidades de refazer o trajeto que apreende a complexidade da todalidade social, como também reforçar nossos instrumentais para enfrentar as expressões da questão social no quadro de reposições paradigmáticas despolitizadoras.
Acreditamos ainda que, no âmbito acadêmico, as informações e reflexões que emergiram desta pesquisa poderão fomentar novos debates e mediatizar antigas polêmicas sobre os mecanismos de enfrentamento às expressões da questão social no meio rural. No espaço dos trabalhadores rurais, o estudo permitirá a consideração de 2 questões que se mostram significativas na discussão atual: suas potencialidades na esfera da produção e a questão da participação social, envolvendo suas relações com o projeto de governo. Esse, aliás, é também um dos fios condutores do nosso trabalho.
Podemos considerar ainda que as contribuições deste estudo são uma condição para o aprofundamento das mais atuais discussões sobre a questão agrária, dispontado no âmbito da produção do conhecimento de diversas áreas, em particular no serviço social, nas últimas décadas dos século XX e XXI, e que reserva, atualmente, grandes espaços para investigação. Atenta aos desafios do contexto contemporâneo, essa obra não se furta de ser mais uma contribuição na construção de alternativas críticas para o enfrentamento das diversas expressões da questão social, no caso aqui em recorte, pobreza e desigualdade social, numa área de abrangência interventiva em que se articula potencialmente a dimensão pensar e pesquisar (Buorguignon, 2008).
Nelmires Ferreira da Silva Aracaju, 18 de outubro de 2015
Prefácio
Prefaciar a construção desse livro trata-se de uma tarefa gratificante, posto que, em linhas gerais, podemos visualizar o compromisso figurado num esforço contínuo em investigar os mecanismos de políticas dirigidas nesse tempo árido de ininterruptas crises e de alternativas multifacetadas, que engendradam um terreno de falsas expectativas ao combate à pobreza. Nessa direção, o espaço no Programa de Pós-Graduação de Mestrado em Serviço Social (PROSS/UFS), mediante o estímulo ao fomento em pesquisa e produção do conhecimento, tornou possível a concretização desse estudo e imprescindível centralizar o objeto dessa pesquisa como parte da qualificação profissional continuada.
Fiel ao proposto, a autora promove uma importante discussão cujo percurso traçado tem como finalidade situar o leitor numa apreensão histórica, teórica e conceitual para, em seguida, destacar as preciosas verbalizações obtidas diretamente no cotidiano de famílias camponesas que resistem às dificuldades no território da pobreza. Sob o signo da bandeira da esperança, da sinergia solidária e da paz consensuada no território da reforma agrária no Sertão de Sergipe, focalizou-se o palco de intensas lutas vividas no passado e no presente de famílias sertanejas agricultoras, encontrando-se encobertos pelo fetiche das soluções ad hoc, cujo viés financeiro subjulga o homem ao ciclo de reprodução lucro, distanciando da verdadeira emancipação humana, sem opressores e oprimidos, conforme Marx (1989), a emancipação de toda a humanidade.
Para tanto, as ideias centrais para a construção desse livro originaram do projeto de tese doutoral e culminou com o amadurecimento das análises nos pós-doutoramento, ao qual veio estruturar-se na presente obra sistematizada em 2 capítulos decorrendo nos aspectos teóricos-práticos, cuja apreensão da realidade concreta alicerçou-se na abordagem da totalidade da vida social. Essa empreitada partiu da necessidade em continuar aprimorando as análises na direção do conjunto de arranjos de políticas de combate à pobreza no meio rural sob o eixo estratégico do desenvolvimento territorial, mediante releitura aprimorada com base nos fragmentos da economia política sob a abordagem do materialismo dialético.
Com a intenção de focalizar algumas experiências que se propõem a enfrentar a pobreza sob o viés de uma política de reforma agrária de acesso à terra pela compra, agregada a um conjunto de boas práticas no território da cidadania, ao que procuramos desvendar as sínteses das determinações cotidianas. Contraditoriamente, dicotomizam um movimento que retifica as desigualdades sociais e a pobreza, figurando um ideário neodesenvolvimentista e transformista que fetichiza um cenário cujas alternativas são refuncionalizadoras da lei geral da acumulação no estágio atual do capital financeiro.
A partir desta concepção, a questão social
e, por conseguinte, suas expressões, a pobreza e a miséria, estão vinculadas ao indivíduo acometido pela situação, tendo como causa 3 fatores: a pobreza que remete a um déficit educativo, ou seja, o indivíduo não possui conhecimento das leis de mercado; a pobreza é considerada como um problema de planejamento e, por fim, a pobreza é compreendida como um problema de ordem moral-comportamental.
A categoria pobreza, na direção teórica dessa obra, é inerente e fundamental ao modo de produção capitalista, sendo, portanto, ineliminável. Ao aumento da riqueza, aumenta-se a pobreza, esta relação independente das condições econômicas, em todos os espaços onde se desenvolve a acumulação capitalista, o resultado sempre será a polarização riqueza/pobreza. São estas condições que fazem perdurar o modo de produção capitalista – a permanência da lei geral de acumulação – o que nos remete ao debate da questão social
fundada no capitalismo.
Nesse sentido, a autora abre novos caminhos para repensar as ações no espaço de trabalho, especialmente o profissional de serviço social, o que nos remete aos fundamentos e à natureza das políticas públicas de enfrentamento às expressões da pobreza na contemporaneidade, movimento que favorece fazer mediações com vistas a desvendar o sentido e o significado que vêm sendo construídos na atualidade à luz do projeto do grande capital no ciclo da monetarização e financeirização. Observo ainda que esta produção, dentre outros ganhos, representa um salto rumo à construção da pesquisa e produção do conhecimento com rigor nas análises à luz da dialética do concreto. Portanto, esse movimento reflete o compromisso da autora com vistas a contribuir para manter acessa a chama da força coletiva e histórica dos assistentes sociais que se encontra viva, ainda que no cenário provocador do ethos do individualismo.
Do exposto, ressalta-se que esperamos que essa produção possa oferecer ao leitor uma prazerosa e importante oportunidade de reflexão e aprimoramento de seus conhecimentos, de modo a fortalecer a postura de recusa e a crítica ao (neo)conservadorismo ainda hoje presente, e por vezes, revigorado no cotidiano profissional dos assistentes sociais. Por tudo isso, debruçarmos para situar os méritos e o cuidadoso rigor na elaboração de mais uma produção, à qual indicamos a leitura e reflexão.
Introdução
No contexto das transformações econômicas, políticas e sociais sob circuito internacional do capital financeiro, mecanismos que sujeitam a renda da terra à acumulação têm sido variados, bem como o movimento emergente de expansão do capital fictício mundializado, aquele que rende juros por meio de sua capacidade estratégica de penetração nas diversas esferas econômicas. Assim, reeditam velhos e novos elementos explicativos da configuração da questão agrária a partir da conformação do estágio imperialista, consolidado e maduro do capital na era das finanças, que conforme Lênin, [...] certa altura se funde de maneira imperceptível e indiscriminada com aquele do capitalismo em geral
(Apud Harvey, 2005, p.