Contação de Histórias No Abrigo Dos Idosos

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Contao de Histrias no Abrigo dos Idosos

1-INTRODUO: A atividade de contar histria est presente na cultura humana desde os tempos antigos, como; conhecimento, arte, prazer, atividade de lazer, que permite a manifestao ldica levando o ouvinte para o mundo do sonho e da fantasia, nos permite ampliar nossos pontos de vista sobre a realidade, viver infinitas experincias e nos emocionar de diferentes maneiras. O ato de contar histrias era uma das formas encontradas para passar os conhecimentos adquiridos de uma gerao para outra. Visto que as histrias eram relatos de experincias que traziam lies a partir das quais os mais novos continuariam suas vivncias, pode se dizer tambm que era uma forma de possibilitar uma continuidade na evoluo humana. Com o advento da escrita e o desenvolvimento tecnolgico percebe-se uma grande diminuio do hbito de trocar experincias oralmente e uma predominncia do desenvolvimento de outras formas de transmisso desses conhecimentos e configurando-se com a sociedade contempornea, quando a escrita e oralidade se complementam na evoluo do homem. Assim, o desenvolvimento tecnolgico e dos meios de comunicao convidam o narrador a buscar uma forma para lidar com o desenvolvimento natural do ser humano e percebe-se, ento, uma nova manifestao desse personagem da cultura oral, que agora se forma para contar histrias. Nota-se que aos poucos os momentos coletivos de trocas de experincias deixam de ser um acontecimento natural em nossa sociedade. Com as transformaes e o desenvolvimento tecnolgico os contadores foram aos poucos convivendo e encontrando novas formas de lidar com o processo natural de evoluo da humanidade, assim, essa tradio juntamente com seus protagonistas narradores, contadores transforma e se modifica com o passar do tempo. Por isso, o contador o personagem principal na manuteno desse patrimnio, pois ao dar seu testemunho narrando uma histria, ele da aos que ouvem a possibilidade de cont-la novamente e, assim permitir que essa cultura acompanhe as transformaes humanas. Esse processo de ressignificao, ao fazer-se presente no contador de histrias permite que a cultura popular seja valorizada e se mantenha na atualidade. Com esse intuito que escolhemos o abrigo de idosos So Joo Batista para a apresentao de nossos trabalhos. Onde foi apresentada em 30/08/10 s 14:40 h da tarde a pea Causos e Contos Caipira. Com o objetivo de reviver esta forma artstica de comunicao no contexto da atualidade, para abrir novos horizontes e possibilitar a memria dos velhos tempos; motivar fantasias vividas por meio das imagens e emoes suscitadas no conto. Bem como proporcionar lazer e entretenimento aos idosos atravs da contao de histrias, fazendo com que a sua cultura seja valorizada e mantida na atualidade. 2- RELATOS Foi apresentada pea, Causos e Contos Caipira para um de platia de 12 idosos do abrigo So Joo Batista na cidade de Barreiras BA no dia 30/08/10 s 14:40 h da tarde pelos acadmicos do curso de Letras da Universidade do Estado da Bahia; Idelvnia Ferreira Amador, Joo Plcido da Silva Filho, Maria Lcia silva de Souza, Norma da Silveira Lopes, Vagner Arajo Novais, que fazem parte do projeto Contadores de Histrias, sob orientao da professora Maria Felcia Romeiro Mota. Na pea os acadmicos dramatizaram de forma bem humorada o ato de contar histrias trazendo para o enredo causos e histrias do cotidiano caipira demonstrando de forma ldica e divertida o quanto

prazeroso a contao de histrias e o quanto importante troca de experincias por meio dessa forma milenar de comunicao. A dramatizao da pea. De acordo com Cascudo (1952, p.249) apud Eduardo (2007, p. 12).O conto popular revela informao histrica, etnogrfica, sociolgica, jurdica, social. um documento vivo, denunciando costumes, idias, mentalidades, decises, julgamentos. Para todos ns o primeiro leite intelectual. CASCUDO (1952, p. 249) apud EDUARDO (2007, p. 12). Durante a contao, observa-se uma troca de saberes, as experincias vividas pelos mais velhos so repassadas as novas geraes, o que contribui para o desenvolvimento do ser humano. Patrini (2005, p.60) apud BATISTA, (2007) apud Eduardo (2007) afirma que apesar das inmeras possibilidades ofertadas por uma sociedade ps-moderna, o homem tem necessidade de manter viva a oralidade. Meireles parece concordar com a afirmao acima e acrescenta: Conta-se e ouve-se para satisfazer essa ntima sede de conhecimento e instruo que prpria da natureza humana. Enquanto se vai contando, passam os tempos do inverno, passam as doenas e as catstrofes [...] EDUARDO (2007) apud (MEIRELES, 1984, p.49). O negro, o ndio, o prncipe, o campons, o homem da cidade, cada um em seu lugar, por toda parte, desde sempre, esto contando o que ouviram, o que serviu a seus antepassados e o que vai servir a seus netos, durante suas vivncias. Silva, (1998, p.12) apud Eduardo (2007) fala tambm do quanto importncia da contao de histrias em todas as fases da vida. A histria importante alimento da imaginao. Permite a auto- identificao, favorecendo a aceitao de situaes desagradveis, ajuda a resolver conflitos, acenando com a esperana. Agrada a todos, de modo geral, sem distino de idade, classe social, de circunstncia de vida (SILVA, 1998, p.12). apud EDUARDO (2007 p. 18). No momento da contao foi observado um interesse significativo por parte de alguns idosos, que apesar da idade se dispuseram ouvir os causos contrariando a idia de que, pessoas de idade avanada no tm pacincia e no gostam de ouvir causos e histrias e que essa atividade interessa em especial apenas o pblico infantil. O ato de contar desperta interesse em todo ser humano independente da idade por fazer parte dele, por fazer parte da sua vida. Como bem ressalta Sisto, (2005, p.26) apud Eduardo,(2007, p. 17) Quando abrimos os olhos, a vida se coloca nossa frente. Inevitavelmente comeamos a formar um repertrio de histrias: a nossa histria. Somos crianas e queremos o brinquedo, os bichos, outras crianas, o doce, a fantasia. Somos jovens e queremos a aventura, a ao, a prova, o desafio, o ato herico, o primeiro amor, o riso. Somos adultos e queremos tudo. Somos velhos e queremos tudo de novo SISTO, (2005, p.26). apud EDUARDO (2007, p. 17). Dentre as inmeras possibilidades, a contao de histrias tem o mgico poder de lavar o indivduo para diferentes lugares, conhecer outras culturas que no a sua, diminuindo assim, as distancias geogrficas entre os diversos espaos. Ao ouvir uma histria tem-se contato com diferentes povos, culturas espaos e outros elementos que permitem que a viso de mundo seja ampliada. E Dohme (2000) apud Eduardo (2007) comenta que: As histrias aumentam o horizonte dos ouvintes, com elas: elesconhecem a China,pisam na Lua, voam atravs do tempo, da pr-histria aos dias de hoje, travam conhecimento com fadas, duendes, monstros e heris. Estas emoes semeiam a imaginao e estimulam a criatividade (DOHME, 2000, p.20) apud EDUARDO (2007 p. 30). Abramovich (2004, p.17) tambm fala dessas viagens pelo imaginrio proporcionadas pelas histrias.

atravs duma histria que se podem descobrir outros lugares, outros tempos, outros jeitos de agir e de ser, outra poca, outra tica... ficar sabendo histria, geografia, filosofia, poltica, sociologia, sem precisar saber o nome disso tudo e muito menos achar que tem cara de aula. ABRAMOVICH (2004, p.17) Aps a apresentao, durante o dialogo com os idosos tivemos a oportunidade de ouvi-los e ento sabermos um pouco da suas histrias de vida, pois foram suscitadas lembranas de fatos que os marcaram ao longo da vida. Sua terra de origem, os fatos ocorridos na infncia, adolescncia e juventude, os amores, a geografia da cidade onde nasceu, as pessoas do seu convvio no passado. E todos esses fatos sos guardados na memria e ao reviv-los afloram sentimentos diversos como; alegria, tristeza, prazer nostalgia de coisas vividas que o tempo levou. De acordo com Ferreira, (2007. p.11) apud Eduardo, (2007 p.18) As histrias marcam tanto as nossas vidas. As pessoas, em geral, zelam por suas lembranas, sentem prazer ao mergulhar no passado, em busca da presentificao dos antigos elos, das antigas relaes, ainda que isso se d apenas pela imaginao. Por essa razo folheiam-se os lbuns de famlia, riem-se risos de contentamento... e derramam-se lgrimas de saudades ou arrependimento (FERREIRA,2007. p.11) apud EDUARDO (2007p.18) Como afirma Abramovich, (2004, p. 17) ouvindo histrias que se pode sentir tambm emoes importantes, como a tristeza, a raiva, a irritao, o bem-estar, o medo, a alegria, o pavor, a insegurana, a tranqilidade, e tantas outras mais, e viver profundamente tudo que as narrativa provoca em quem as ouve, toda amplitude e significncia e verdade que cada uma faz ou no brotar ...pois ouvir sentir e exercer com os olhos do imaginrio; As pessoas idosas so acometidas por doenas degenerativas, que muitas vezes tornam os limitados fisicamente e intelectualmente o que provoca sofrimentos tristezas e desiluses. A contao de histrias refrigera a alma e funciona como um anestsico para as dores e sofrimentos como um isotnico que revigora trazendo um contentamento contagiante. Resgata essas pessoas de um mundo de melancolia para um mundo de alegria atravs do imaginrio. Senhoras idosas, limitadas pelos infortnios da idade avanada, a segunda a cima sofreu um A.V.C. e est paraltica e a outra de vestido azul cega. Durante as conversao com os idosos foi observado que o mau humor, a inquietude e desanimo desapareceram o que comprova o quanto a socializao por meio da contao importante para o ser humano. Conversao com os idosos, um momento de descontrao e alegria. Abramovich (2004, p.24) afirma que: Ouvir histrias um momento de gostosura de prazer, de divertimento dos melhores... encantamento, maravilhamento, seduo... E ela ou pode ser ampliadora de refernciais, poetura colocada, inquietude provocada, emoo deflagrada, saudades sentidas, lembranas ressuscitadas, caminhos novos apontados, sorriso gargalhado, belezuras desfrutadas, e mil maravilhas mais que uma boa histria provoca. ABRAMOVICH (2004, p.24) Durante a contao de histrias o contador experimenta atravs das dinmicas, das expresses corporais o lazer, pois sente prazer em se divertir permitindo que o conto se manifeste em todos os seus sentidos. Dessa forma, tanto contador quanto o pblico so tomados por sensaes e vivncias que lhe permite habitar o imaginrio. Todos os envolvidos em uma contao de histrias tm a possibilidade de vivenciarem tudo que as mesmas proporcionam, e ou mesmo tempo valoriza e mantm a tradio oral. 3-CONSIDERAES FINAIS Contar histrias no nunca uma opo ingnua uma maneira de olhar o mundo. Celso Sisto

sabido que, devido aos avanos tecnolgicos e consequentemente a evoluo humana a arte de contar histrias vem aos poucos sendo esquecida e o ambiente acolhedor da cultura oral comea a desaparecer. O ato de contar histrias ganha na atualidade outras significaes, porm no perde a sua principal funo, pois ao dar som e imagem palavra do conto, o contador de histrias tem o poder de reencantar o mundo, levar o outra para um mundo de sonho e fantasia quando convida-o a brincar com seus prprios pensamentos, possibilitando que este vivencie experincia de forma diversas, imagens que modificam a realidade de acordo com que o narrador lhe expe e vive com ele o conto. Os estudos a cerca dessa temtica foram de suma importncia uma vez que, nos proporcionou uma viso diferenciada e mais ampla da importncia dessa arte milenar. Respaldadas pelas analises e com as observaes na prtica essa aprendizagem se tornou significativa no s para a nossa formao acadmica e profissional, mas pessoal e familiar, na medida em que nos possibilitou compreende-la e aplic-la. Assim, percebe-se a importncia de revigorar essa atividade primordial para o desenvolvimento do ser humano. REFERNCIAS ABRAMOVICH, Fanny. Literatura Infantil: Gostosuras e Bobices. 5. ed. So Paulo: Scipione, 2004 EDUARDO, Shirlei Gomes. A marca individual do Contador de Histrias./Shirlei Gomes Eduardo. - 2007. Disponvel em: www. rodadehistoria.com. br. Acesso em: 16 de Agosto de 2010

Histria Viva Ouvir e Contar O Projeto Histria Viva Ouvir e Contar tem por objetivo principal, por meio da contao de histrias, aproximar crianas e idosos fragilizados. Este projeto consiste no resgate e registro das histrias reais vividas por idosos bem como no resgate e registro das histrias fictcias relatadas por eles. Posteriormente essas histrias sero transformadas em contos de fadas, que serviro para serem contadas a crianas em situao de fragilidade, em hospitais ou casas lares. Quando essas histrias so contadas, as crianas so convidadas a fazer um desenho, poesia ou msica com base no que ouviram. Esse material com a interpretao infantil entregue ao idoso autor da histria. Essa ponte entre geraes faz com que os idosos se sintam valorizados, tendo suas memrias reavivadas e suas histrias reinterpretadas pelo olhar inocente de uma criana. Confira quem so os voluntrios que fazem esse Projeto acontecer: Voluntrios do Ouvir e Contar Fotos do Projeto Etapa Ouvir Caadores de Histrias

Etapa Transformar Encantadores de Histrias

Etapa Contar para as Crianas Contadores de Histrias

Etapa Arte da Criana Contadores de Histrias

Ponte entre Geraes Recompensadores de Histrias

O ineditismo do Ouvir e Contar rendeu ao Instituto Histria Viva em 2010 o Selo de Finalista do Prmio Cultura Viva, uma honraria do Ministrio da Cultura concedida s instituies em reconhecimento s boas prticas culturais desenvolvidas em todo o territrio brasileiro. O Projeto Ouvir e Contar tambm foi o projeto base para o Prmio Instituto HSBC de Solidariedade Prmio Zilda Arns 2011, no qual a gestora e fundadora do Instituto Histria Viva, Roseli Bassi, foi contemplada na categoria educao, como ponto de referncia para o desenvolvimento da educao no territrio brasileiro, que tomado pelo exemplo de Zilda Arns, grande ativista e defensora do direito das crianas. A criana ao aprender e perceber valores com um idoso ou pessoas que j atingiram uma posio de destaque em sua carreira de vida adquire respeito por essa sabedoria, comeando ento a prestar a ateno e a admirar o outro de forma humilde e interessada, valorizando a tradio e desejando para si esta experincia de vida enriquecida pelos anos. O ancio ou pessoa inspiradora, por sua vez, ao ensinar, renova seu conhecimento ao perceb-lo atravs dos olhos infantis, revive as boas lembranas, consolida sua autoestima e faz valer toda a sua trajetria repleta de ensinamentos a oferecer. No contato entre velhos e jovens verifica-se um enriquecimento mtuo: os idosos melhoram a ateno, a memria, a sade e o humor; e os jovens ganham em pacincia, em humildade e enriquece a sua cultura. Atravs dessa troca o conflito pode transformar-se em parceria e a intolerncia dar lugar integrao para novos passos mais construtivos. A situao que se espera alcanar uma melhoria no rendimento escolar das crianas e jovens atendidos, aumento da procura deles a biblioteca, amenizar o ciclo de violncia e um enriquecimento de valores em virtude do contato com as experincias de vida dos mais velhos. Objetivos Especficos

Promover uma Ponte entre Geraes, aproximando crianas e idosos fragilizados e em situao de abandono. Promovendo pontos positivos para ambos geraes, sendo a valorizao do idoso pela criana, por meio de sua histria de vida reinterpretada pela olhar da criana e do aprendizado oferecido pelo idoso a criana, pela sua sabedoria de experincia de vida. Promover o incentivo leitura de crianas e jovens com deficincia visual e com cncer; Gerar produtos culturais a partir das histrias ouvidas e contadas por meio desse projeto (livros, exposies e etc.); Melhorar a qualidade de vida dos idosos abrigados, aumentando a sua auto-estima pela valorizao da sua histria de vida, que culminar no cumprimento dos objetivos anteriores. Vdeo Faa Pessoas Felizes! Pedagoga leva arte de contar histrias a abrigo A iniciativa encantou idosos em Caic Corpo do texto: Por Andr Alves A pedagoga Dbora Faria, do Campus Caic, deixou por algumas horas a sala de trabalho no Instituto e colocou em prtica o que uma de suas especialidades: a arte de contar histrias. Os ouvintes foram os idosos da Casa Mantenedora So Vicente de Paula que, encantados, se deixaram seduzir na manh da ltima sexta-feira por um sonoro era uma vez.... A convite dos idealizadores do Projeto Atividades Corporais para Despertar o Idoso (Acordi), Dbora contou uma histria do escritor mineiro Elias Jos, A cidade que perdeu o seu mar, a qual narra o c otidiano de uma cidadezinha imersa na rotina, lugarejo cuja caracterstica de quem nele habita desconfiar dos visitantes. Um dia aparece um homem forte, com algumas tatuagens no corpo, conhecido pelo nome de Manuelo Marinheiro Sentado na praa da cidade, Marinheiro conta histrias marinhas, com navios afundados, naufrgios, sereias e encantamentos. Suas histrias envolvem toda a populao, at que um dia, sem se despedir, vai embora. Um contador de histrias, alm de trazer o exerccio da reflexo, no ancora em nenhum lugar, esclarece Dbora. Integrante de um projeto desenvolvido na Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN) de filosofia para crianas e jovens, Dbora acentua que nada na literatura por acaso. Pelo ar de satisfao dos idosos da Casa So Vicente de Paula percebeu-se a necessidade de ser desvirtuada a caracterstica do contador de histrias de no ancorar em nenhum lugar. Eles esperam uma nova rodada. Afinal, entrou na perna do pato e caiu na perna do pinto, com seu rei mandando dizer que conte mais cinco. Imagem:

Imagem atual JPEG image 57 KB Ttulo da Contar histrias traz o exerccio do pensar Histrias proporcionam aos idosos melhor qualidade de vida

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As cadeiras dispostas em crculo aguardam os participantes da reunio. Alguns, vencendo as dificuldades, passos lentos e cuidadosos. Outros, mais velozes e falantes. Pouco a pouco eles se acomodam e logo a roda est completa. Comea assim uma reunio que de formal nada tem. O motivo da sesso: ouvir histrias! Essa uma rotina da qual a contadora e arte-educadora Sandra Bittencourt no abre mo. Todas as quintasfeiras, ela dedica algumas horas de seu dia para encontrar os idosos do NAM (Ncleo de Apoio Maturidade), em Belo Horizonte. O projeto "Ciranda da Vida: Oficina da Expresso Atravs da Arte" foi idealizado por Sandra pensando em sensibilizar os participantes para a descoberta e expresso de possveis aptides e talentos, alm de melhorar a sade. Para isso, as atividades so devidamente pensadas. Coordenao motora, voz, memria. A cada brincadeira esses elementos so trabalhados de forma agradvel, respeitando o ritmo de cada um. A contao de histrias apenas uma das atividades. E muito bem aceita pela maioria.Tudo comea com um Atirei o pau no gato. A simplicidade no esconde a alegria dos participantes. Logo torna-se possvel perceber a vontade de romper as limitaes fsicas. Muitas vezes, essa vontade fica evidente num esboo de sorriso, suficiente para expressar as emoes que a msica e as brincadeiras proporcionam. Juntos eles bailam, cantam, brincam com a voz. Os familiares tambm so convidados a participar. o caso da professora de lnguas e tradutora Isis Pordeus. Ela tem dois motivos para estar ali. Sentada na roda, entre a me e a tia, duas simpticas senhoras, ela observa e incentiva cada proposta feita por Sandra Bittencourt. Isis conta que na infncia sempre ouvia da me canes, histrias, versos e trovas. Essa memria provavelmente tambm se faz presente em sua me, vindo tona durante o encontro. Eu acho esse trabalho muito bonito. Percebo que com esses estmulos, a interao das duas melhorou muito. Elas esto mais dispostas., afirma. Sandra ressalta que o exerccio da criao proporciona aos idosos novos interesses e perspectivas de vida, auxiliando na melhora da sade e qualidade de vida. A terceira idade uma etapa natural da vida com caractersticas prprias e que ainda apresenta possibilidades de mudanas e realizao pessoal, observa. Experincias que do certo A prtica de contar histrias para idosos constante entre os narradores. O capixaba Fabiano Moraes coordenou durante dois anos o projeto Histrias e Cirandas no Avedalma. Uma vez por ms, um grupo de contadores de histrias levava um pouco de alegria e descontrao aos residentes do Lar de Idoso Avedalma, em Cariacica (ES).

As rodas de histrias (sempre seguidas por cirandas) proporcionam momentos ldicos, estimulando o imaginrio dos participantes, alm de possibilitarem o contato afetivo atravs do olhar e da palavra. Enquanto escutam as histrias, os idosos relembram fatos e outras histrias. Alguns at se manifestam contando causos, anedotas e contos. Talvez esse fato tenha incentivado a segunda etapa do projeto: o "Histrias de quem tem histria pra contar" consiste num trabalho de escuta, pesquisa e coleta das histrias de vida, causos e contos dos moradores do Lar de Idosos Avedalma. Escutamos histrias de vida de msico, policial, imigrante, patinador, dona-de-casa, professora de geografia, lavrador, congueira... E gravamos pra transformar aos poucos num projeto que apresente a beleza da vida, afirma Fabiano.

Sandra Bittencourt e o "Ciranda da Vida"

Para Isa as atividades melhoram a interao Visite: www.rodadehistorias.com.br

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