Fichamento Religião Como Tradução
Fichamento Religião Como Tradução
Fichamento Religião Como Tradução
da escola italiana de
podem contribuir para ver como a evangelizao foi reelaborada pelas culturas nativas.
Os elementos alheios foram absorvidos pela cultura indgena porque inseriam-se num
preciso contexto significativo, faziam sentido. A criao de um sistema original de
representaes (cultura hbrida) foi uma tentativa da cultura nativa de refundar o sentido.
(cade a pesquisa sobre isso? - ver em antropologia poltica)
Objetivo da pesquisa: anlise histrico antropolgica deste processo (pag 7)
Limites do uso das fontes escritas considerando seu discurso civilizador. O risco de
utilizar as informaes como dados objetivos. O olhar de cada fonte tambm no o
mesmo. Como fugir do uso de categorias histricas do ocidente como o uso do mtico (De Martino) refazer o percurso da histria ocidental sobre estas categorias, esforo de
historicizao: etnocentrismo crtico.
Tendo em vista seu contexto de produo, definindo o lugar dos atores sociais
Tese: 2 partes
1a. Parte Utilizao de fontes impressas conceitualizao europeia do outro
indgena e elaborao do projeto da catequese, a partir do encontro com os tupinamb do
litoral, sc. XVI.
2a. Parte Fontes inditas ou pouco conhecidas quadro do encontro entre Tapuia
(principalmente Kariri) e missionrios nas aldeias do serto do nordeste, se. XVII e
primeira parte do XVIII.
Primeira Parte
Sculo XVI: OS TUPINAMB
Captulo 1. O encontro e a traduo (pag 17)
A alteridade radical, j era conhecida pela Europa da literatura clssica e da literatura
medieval.
A inveno da Amrica um projeto de construo filosfica (O'Gorman, 1958): imago mundi, coerente, onrico; depois mediao por comparao analgica:
instrumento epistemolgico de compreenso cultural.
Colombo construo do anti-modelo - o que a cultura ocidental no , o que ela
possui a mais. Alteridade natural com duplo signo: os dceis (paraso terrestre), os
ferozes (humanidade pr-csmica).
Anncio do prximo sub-ttulo
Anlise do enfoque de alguns autores, construdas nas fontes dos sculos XVI e XVII.
Os viajantes e seus selvagens
Hlne Clastres (1978): - impossibilidade de reconhecer nos Tupinamb a alteridade
religiosa clssica constituda pelo paganismo. - No tem crenas, alguns os constituem
como ateus.
Guillermo Giucci (1992): - a noo de maravilhosos na literatura de viagem. Caminha
brbaros, desprovidos de cultura, precisam ser convertidos verdadeira f
expansionismo luso-cristo.
Agnolim (1986) e Srgio Buarque de Holanda: o mito do Paraso Terrestre e a dialtica
ednico/diablico.
elementos da cultura nativa para veicular contedos da f catlica, como tup para indicar
Deus e Jeropari ou Anh para indicar o Demnio. O missionrio como que toma o lugar
dos caraba, h uma sobreposio. O nome caraba foi dado aos brancos como categoria
de alteridade, talvez indicando os heris culturais, cujo retorno tinha sido prometido pelos
mitos.
Paralelismo: padres/carabas, verdadeiros/falsos profetas, profecias crists sobre o
evangelho/profecias pags sobre a chegada dos brancos.
As santidades e os profetas indgenas so uma construo negociada. O religioso o
terreno de mediao onde a alteridade encontra seu sentido e portanto sua traduo.
Apenas no interior deste campo semntico me parece possvel colocar corretamente
e, portanto, tentar interpretar, o problema histrico e cultural posto pelos profetas
tupinamb.
antropologia religiosa.
- horizonte mais amplo da nova filosofia da histria da igreja contra-reformista (medos
apocalpticos suscitados por Lutero), o Conclio de Trento elabora o projeto de catequese,
fundamentado na confisso. Tornou-se uma histria do futuro, de combate heresia e
implantao sistemtica da catequese expresso teleolgica da histria, o fim viria, mas
no iminente.
(Alcir Pcora, 1994) Padre Antnio Vieira no como um profeta (de prever) mas como
um telogo teleolgico. A experincia do conto com o divino intermediada pela igreja,
posio ligada ao contra-reformismo. Sobrenaturalizao do Estado a histria de
Portugal e o sebastianismo uma das histrias que esto no contexto das Escrituras. Os
fatos remetem ordem da transcendncia. a ao histrica, humana e concreta da
converso, a nica a garantir a plenitude dos tempos e a comunho do humano
com o divino. (pag 52)
- O contedo moderno de misso se deu pela crise do modelo de converso baseado
no conceito do batismo (na nova Espanha os ndios simulavam suas converso, pois
continuavam seus hbitos pagos, franciscanos primeira metade sc. XVI). Foi feito um
novo modelo de misso, de tipo apostlico, com um corpus de agentes especializados,
mtodos especficos e lugares apropriados. Encarnado pela Ordem Jesutica (1540). a
direo deste movimento evangelizador estava diretamente ligada ao papa.
Carter universalista. (Castelnau-Estoile e Eisenberg) o ideal missionrio marcado
pela mobilidade, pela itinerncia, a experincia se configura uma viagem. Total obedincia
ao papa e aceitao de ser enviado a qualquer lugar (entre os turcos infiis, ao s ndias
com os hereges ou pagos)
(Adriano Prosperi) Catecismo corpo de noes bsicas, prticas e deveres do novo
cristo e preparava a confisso. Sua dimenso de cura e expiao e no de penitncia.
No Brasil, apesar do carter universal, houve extrema adaptao. Prudncia
adaptao das normas e tolerncia das violaes desde que no fossem extremamente
ofensivas para Deus:
- implantao das aldeias missionrias, frente aos problemas especficos do territrio,
como uma prudncia da norma da catequese itinerante. Foi uma prtica jesutica,
especfica da Terra de Santa Cruz, que sofreu contnuos reajustes.
- Formao da cultura hbrida nas aldeias. Tolerncia s violaes. Traduo nos
cdigos tupi dos princpios cristos. Produo de desvios: santidade de Jaguaripe.
Persistncia de alguns rituais indgenas traduzidos pelos jesutas como jogos.
branco. Sufixo beb = idia de vo = Expressa a noo de anjo, mas que sentido ter
para os nativos?
Agnolim compromissos lingusticos
1. Introduo de palavras portuguesas ou latinas: cristo e Cristo no so traduzidas
(intraduzibilidade)
Festas religiosas catlicas impostas na catequese so definidas por Gouveia como
bons costumes indgenas.
Estenssoro na relao de evangelizao h um duplo movimento de
aproximao-rejeio. Imagem errnea e simplista: o mrito dos ndios estaria
apenas na resistncia dominao, na busca permanente de manter suas crenas e
prticas pr-contato.
Nunca houve a aceitao passiva e absoro indiscrimnada da f crist e
tampouco houve um fenmeno de resistncia, como negao total da catequese e
volta aos costumes tradicionais. A evangelizao foi um trabalho contnuo de
mudanas e reajustes para que os smbolos pudessem continuar a fazer sentido
num mundo que no era mais o mesmo onde aqueles sistemas se formaram.
O que houve foi a escolha de estratgias para solucionar o problema lingustico e
cultural de reconhecer no outro elementos redutveis ao mundo cultural do eu =
TRADUO.
Gruzinski (1988) a idolatria uma operao intelectual, um ato afetivo e uma prtica
que no precisa de explicaes, nem de legitimaes. Pode-se interpretar a inconstncia
dos indgenas.
Antes de analisar o profetismo tupinamb estudado por socilogos e
antroplogos cabe contextualizar a ideia destes autores e seu percurso histrico
cultural assim como foi feito no captulo I sobre a religio dos tupinamb e a noo
de profeta.
Anncio do prximo captulo
Captulo 3. O profetismo tupi-guarani: um objeto antropolgico (pag 93)
Antropologia sculo XX fala sobre o profetismo tupi-guarani fenmeno religioso
indgena que consistiria principalmente nas migraes msticas dirigidas pelos profetas
carabas, em busca de uma terra maravilhosa onde no seria necessrio trabalhar, no
existe doena nem morte. A terra sem mal.
Essas migraes foram registradas por viajantes e missionrios a partir do sec. XVI,
entre os grupos indgenas tupinamb do litoral e os etnlogos identificaram movimentos
anlogos entre os guarani do sul do Brasil e do Paraguai at 1940.
Anlise dos trabalhos antropolgicos nos contextos intelectuais em que foram
produzidos, contexto cientfico e abordagem metodolgica, bem como suas concluses
explicativas.
As cincias sociais do sc. XX utilizaram categorias j constitudas nas fontes,
porque tambm faziam sentido, obedecendo como no sec. XVI, a uma funo
analgico-classificatria e a uma exigncia epistemolgica.
Estabelecimento de teorias gerais, tipologias levou a uma leitura redutiva das
informaes duplo discurso de autoridade, estabelecido pela prova das fontes e
informaes etnogrficas.
Metraux dados objetivos para autores posteriores
1) Pela semelhana entre os tupinamb do litoral e os guarani do sul do Brasil e do
Paraguai foram identificados como sendo um nico sistema tupi-guarani
2) O mito da Terra sem Mal e o messianismo como um conjunto cosmolgico intrnseco
cultura tupi-guarani, como ncleo irredutvel deste ser (manteve-se intacto).
A construo do profetismo (pag 94)
Nimuendaj (1914) ndios Apapocuva guaranis. Concluses: a movimentao
tupinamb no litoral, no seria fora de expanso blica, mas uma razo religiosa, a
mesma dos Apopucava. A partir da os autores identificaram a substancial identidade
entre as duas sociedades que Pompa chama de pecado original.
Apontar na linha de estudos mais recentes 80s e 90s , diferentes hiptes.
- Metraux: as semelhanas constituem prova da unidade cultural nas lacunas.
Mtraux: tupinamb cosmogonia do tipo apocalptico destruio da terra no futuro
comprova a existncia do messianismo os dados dos guarani modernos preenche as
lacunas. Migraes tupinamb do litoral norte, revoltas guarani no Paraguai, xodo
apapocuva tudo Terra sem Mal. Negligencia as diferenas reveladoras de processos
histricos (evangelizao, explorao econmica, escravido, epidemias).
La religion des tupinamba: nasce o mito da Terra sem Mal e do messianismo como
cultura tupi-guarani.
Aracabouo metodolgico: explicar a cultura tupinamb pela cultura guarani moderna,
pressuposto e consequencia a segunda derivada da primeira.
Florestan Fernandes A organizao social dos tupinamb (1963) e A funo social da