Artigo Nutrição Funcional PDF

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 10

A INGesto de ALIMeNtos FUNcIoNAIs

e sUA coNtrIbUIo PArA A dIMINUIo dA


INcIdNcIA de doeNAs
Andressa Meirelles Vidal1 | Danielle Oliveira Dias1 | Emanuelle Santana Melo Martins1
Rafaela Santos Oliveira1 | Raphael Mattheus Santos Nascimento1 | Maria das Graas da Silva Correia2

nutrio

ISSn IMPReSSo 1980-1769


ISSn eLetRnICo 2316-3151

resUMo

O presente artigo teve como objetivo relacionar o consumo dos alimentos funcionais com
a diminuio da incidncia de doenas, inclusive crnico-degenerativas. Estes produzem
efeitos fisiolgicos ou metablicos, atravs do desempenho de algum nutriente, na manu-
teno das funes do organismo humano. Seus efeitos vm sendo estudados, principal-
mente, nas patologias, como o cncer, diabetes, hipertenso, Mal de Alzheimer, doenas
sseas, cardiovasculares. O estudo deste tema tem sua relevncia devido ao aumento da
mdia de vida da populao, o esclarecimento sobre a relao entre a ingesto de uma
alimentao adequada e equilibrada com a sade e o interesse da populao por uma
melhor qualidade de vida. Alguns componentes qumicos que do funcionalidade aos ali-
mentos so: carotenides, flavonides, cidos graxos como mega-3, probiticos, fibras.
possvel obt-los com uma dieta a base de frutas, verduras, legumes, fibras, dentre outros.
Alguns alimentos industrializados tambm podem ser considerados funcionais, porm, as
concentraes destes nutrientes so muito baixas, o que no os tornam to eficazes. De
tudo isso, fica claro que o melhor manter uma alimentao variada e equilibrada, para que
o organismo possa estar prevenido contra patologias, e caso essas ocorram, o organismo
possa reagir de maneira mais eficaz.

PALAVrAs-cHAVe

Alimentos Funcionais. Efeitos Fisiolgicos. Efeitos Metablicos. Preveno de Doenas. Ali-


mentao Adequada.

Cadernos de Graduao - Cincias Biolgicas e da Sade | Aracaju | v. 1 | n.15 | p. 43-52 | out. 2012
44 | Abstract

This article aims to relate the consumption of functional foods with decreased inciden-
ce of diseases, including chronic and degenerative ones. They produce physiological
or metabolic effects, through the performance of some nutrients in maintaining the
functions of the human organism. Their effects have been studied, mainly in diseases
such as cancer, diabetes, hypertension, Alzheimers disease, bone diseases, cardiovas-
cular diseases. The bibliographical study of this theme is relevant due to the increased
average life of the population, the clarification on the relationship between the intake of
adequate and balanced food with the health and the interest the population has presen-
ted in having a better quality of life. Some chemical compounds that give functionality
to food are carotenoids, flavonoids, fatty acids such as omega-3, probiotics, fiber and
others. You can get them with a diet based on fruits, vegetables, fiber, among others.
Certain industrialized foods can also be considered as functional, however, the concen-
trations of these nutrients are very low, and this fact makes them not effective. It is then
clear that the maintenance of a balanced and varied diet is the best thing to be done, so
that the body can be prevented against diseases, and, if they occur, the body can react
in a more effective way.

Keywords

Functional foods. Physiological effects. Metabolic effects. Disease prevention. Proper nu-
trition.

1 INTRODUO

Os alimentos funcionais so aqueles que ao serem consumidos nas dietas,


alm das suas funes nutricionais, produzem alguns efeitos metablicos e fisio-
lgicos no organismo. Seus efeitos vm sendo estudados, principalmente, nas pa-
tologias, como o cncer, diabetes, hipertenso, Mal de Alzheimer, doenas sseas,
cardiovasculares, inflamatrias e intestinais. Para que os alimentos funcionais sejam
eficazes preciso que seu uso seja regular e tambm esteja associado ao aumento
da ingesto de frutas, verduras, cereais integrais, carne, leite de soja e alimentos
ricos em mega-3.

Alguns componentes qumicos que do funcionalidade aos alimentos so: carote-


nides, flavonides, cidos graxos como mega-3, probiticos, fibras dentre outros. Dentro
desse contexto, questiona-se: qual a importncia dos alimentos funcionais para a preven-
o de doenas?

A relevncia do tema abordado devido ao aumento da mdia de vida da populao,


que inclusive tem sido explorada pela mdia e o esclarecimento que contribui para o en-
tendimento sobre a relao entre a ingesto de uma alimentao adequada e equilibrada
com a sade, e por fim o interesse da populao por uma melhor qualidade de vida. A me-
todologia utilizada constou de pesquisa bibliogrfica e foi realizada em fontes secundrias:
artigos, textos publicados na internet e livros.

O presente artigo teve como objetivo relacionar o consumo dos alimentos funcio-
nais com a diminuio da incidncia de doenas, inclusive crnico-degenerativas, a sa-
ber, cncer, diabetes, hipertenso, Mal de Alzheimer, doenas sseas e cardiovasculares.

Cadernos de Graduao - Cincias Biolgicas e da Sade | Aracaju | v. 1 | n.15 | p. 43-52 | out. 2012
2 ALIMENTOS FUNCIONAIS: ASPECTOS FUNDAMENTAIS | 45

Alimentos funcionais so aqueles que produzem efeitos fisiolgicos ou metablicos, atra-


vs do desempenho de algum nutriente, na manuteno das funes do organismo humano.
vlido destacar que, todos os alimentos so funcionais j que possuem valores nutritivos,
porm, segundo Hasler (1998 apud ALMEIDA, [s.d], p.1), desde a ltima dcada, o termo fun-
cional, aplicado aos alimentos, tem assumido diferente conotao que a de proporcionar um
benefcio fisiolgico adicional, alm daquele de satisfazer as necessidades nutricionais bsicas.

No que se refere a esses alimentos, importante lembrar que eles no curam do-
enas, apenas previnem seu aparecimento e caso isso acontea ajudam o organismo a
combat-las de maneira mais eficaz. Estes no devem ser utilizados como remdios, mas
sim incorporados numa dieta para que possam ser consumidos diariamente, ajudando o
organismo a se fortalecer. Uma dieta rica em alimentos funcionais acarreta um maior bem
estar do indivduo, dando mais disposio e energia para os mesmos, contribuindo assim,
para uma melhoria da qualidade de vida.

Estes alimentos devem ser consumidos preferencialmente em sua forma original,


inseridos dentro da alimentao, de forma que possam demonstrar o seu real benefcio,
dentro de um padro alimentar normal. O ideal que as pessoas consumam mais frutas,
verduras, fibras e alimentos integrais.

A adoo de padres alimentares com altos nveis de gorduras e altas ingestes de


acares desenvolvem um maior risco de morte, visto que aumentam os riscos das doen-
as cardiovasculares. Por conta disso, os brasileiros comearam a adotar hbitos mais sau-
dveis e passaram a ingerir uma maior quantidade de frutas, gros integrais, peixes, aves e
legumes e deixaram um pouco de lado as gorduras, as frituras e a carne vermelha. E foram
nessas mudanas de hbitos que os alimentos funcionais passaram a interagir, integrados
a uma alimentao balanceada e consumidos de maneira correta.

Alguns alimentos enriquecidos com vitaminas e minerais podem ou no ser conside-


rados funcionais. Porm, na maioria dos casos, eles no so considerados como tais. Esse
s ser considerado funcional se for comprovado algum efeito adicional sobre a sade,
sobre alguma doena crnica. Caso contrrio nada mais do que um alimento comum.

Determinados alimentos industrializados tambm podem ser considerados funcionais,


porm estes geralmente possuem concentraes muito pequenas dos componentes funcio-
nais. Por conta disso, a ingesto destes deve ser em maior quantidade, para que possam ofe-
recer o beneficio esperado. Um exemplo o leite enriquecido com mega-3, onde seria bem
mais vantajoso o indivduo ingerir o leite comum e buscar o mega-3 nas suas fontes naturais,
a exemplo dos peixes. Alm disso, o consumo destes alimentos contribui no somente para a
ingesto do mega-3, mas de todos os componentes nutricionais presentes no produto. Em re-
sumo, um alimento industrializado jamais pode substituir um alimento funcional natural, visto
que o industrializado contm apenas uma parte dos nutrientes e no todos os recomendados.

3 EVOLUO E LEGISLAO

A expectativa de vida das pessoas vem aumentando com o passar dos anos e ao mes-
mo tempo tem crescido a incidncia das doenas crnicas, tais como diabetes, hiperten-
so, cncer, entre outras. Por conta disso, a populao vem adotando hbitos alimentares

Cadernos de Graduao - Cincias Biolgicas e da Sade | Aracaju | v. 1 | n.15 | p. 43-52 | out. 2012
46 | mais saudveis, buscando um equilbrio alimentar. Foi busca por essa alimentao equili-
brada que despertou o interesse por alguns alimentos que, alm de suprir as necessidades
bsicas do organismo, tambm previnem algumas doenas.

A utilizao de determinados alimentos com o intuito de reduzir o risco de doenas


conhecida h milhares de anos. Uma prova disso a nfase que Hipcrates fazia, h cerca
de 2500 anos atrs, faa do alimento o seu medicamento. Historicamente, os alimentos
funcionais so a terceira gerao de alimentos colocados no mercado com a finalidade de
promoo de sade ou mesmo com o apelo de gerar e manter uma condio de sade
nos indivduos (YOUNG, 1997). As outras geraes conviveram com os produtos light e os
enriquecidos.

Na dcada de 90, entretanto, comeou a haver mudanas e foi quando o termo ali-
mento funcional passou a ser adotado. O Japo foi quem iniciou a produo e comercia-
lizao de alimentos funcionais. Denominados como FOSHU, Foods for Specified Health
Use, estes apresentam um selo de aprovao do Ministrio da Sade e Bem Estar do seu
pas. Hoje, esses produtos esto presentes em vrios pases, enquadrados em suas legisla-
es especficas.

A FDA (Food and Drug Administration) estabeleceu regulamentos e a liberao de


alimentos considerando o uso que se pretende dar ao produto e a descrio dos rtulos
e ingredientes presentes no produto. Aps as devidas avaliaes so classificados em: ali-
mento, alimento-medicamento, suplementos alimentares, alimento para usos dietticos
especiais ou droga (CARDOSO; OLIVEIRA, 2008).

A Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria (ANVISA) determina normas e procedi-


mentos para registrar os alimentos funcionais no Brasil. Para lanar um produto no merca-
do com um registro de um alimento com alegao de propriedades funcionais de sade,
esta deve seguir a legislao do Ministrio da Sade e apresentar um relatrio tcnico-
-cientfico com muitas informaes que comprovam os seus benefcios e a garantia de
segurana para seu consumo.

De acordo com Cardoso (2012), a intensificao dada a essas informaes tem sido
evidente pelo fato que os consumidores esto cada vez mais se certificando da relao
existente entre sade e nutrio, ou seja, a preferncia preveno e no somente cura
de doenas. Estudos mostram a evidncia cientfica sobre a eficincia dos alimentos fun-
cionais crescendo cada vez mais e passando segurana ao ser consumido.

Por isso vem sendo pronunciada atividades de sensibilizao nos setores industriais
de alimentos para produtos industrializados mais saudveis e naturais. No Japo, EUA e na
Europa muitos dos alimentos funcionais j so industrializados. No Brasil,o mercado ainda
tmido em relao a alimentos funcionais, mas as perspectivas so evidentes para que o
pas seja um grande produtor de alimentos in natura e processados. Portanto, as indstrias
brasileiras, quando necessitam do uso de produtos e ingredientes funcionais, fazem por
meio de importao.

Entre as foras geradoras que impulsionaram a produo de alimentos funcionais


formam o reconhecimento da relao nutrio-sade-doena, a evoluo dos conceitos
e recomendaes nutricionais, as necessidades fisiolgicas, o crescimento das doenas
crnico-degenerativas e as perspectivas industriais.

Cadernos de Graduao - Cincias Biolgicas e da Sade | Aracaju | v. 1 | n.15 | p. 43-52 | out. 2012
4 A INGESTO DE ALIMENTOS FUNCIONAIS E SUA ATUAO NO ORGANISMO | 47

4.1 Benefcios
Os benefcios dos alimentos funcionais so decorrentes de vrios efeitos metablicos
e fisiolgicos que contribuem para um melhor desempenho do organismo do indivduo
que os ingere. Ferrari e Torres (2010) explicam que isto acontece devido ao mecanismo de
ao que pode ser definido como [..] as vias bioqumicas e fisiolgicas ou farmacolgicas
pelas quais uma determinada substncia interage com os componentes celulares e/ou te-
ciduais para realizar um consequente efeito biolgico.

Quadro1: Componentes qumicos envolvidos em alguns mecanismos de aes benficos causadas pela ingesto de alimen-
tos funcionais.

Mecanismo de ao Componente qumico


Atividades antioxidantes e proteo de r- Vitaminas antioxidantes (A, C, E), cido flico, ubi-
gos vitais (fgado, crebro, rins, sistema quinona, flavonides, isoflavonas, catequinas, anto-
cardiovascular, etc) cianinas, carotenides, licopeno e fenlicos.

Modulao de enzimas de detoxificao Isoflavonas, flavonides, isotiocianatos, indol-3-car-


de xenobiticos (compostos txicos) binol e compostos sulfurados.
Diminuio da agregao plaquetria e
Compostos sulfurados e polifenlicos.
do risco de trombose e aterosclerose
Alteraes no metabolismo do colesterol Antocianinas, polifenlicos, compostos sulfurados e
e diminuio do risco de aterosclerose curcumina.
Isoflavonides so uma alternativa para a terapia de
reposio hormonal, tendo como efeitos benficos
Controle nas concentraes de horm-
a diminuio do risco de cncer, de doenas car-
nios esterides e do metabolismo end-
diovasculares e da osteoporose (inibem a atividade
crino
dos osteoclastos, clulas sseas responsveis pela
reabsoro ssea)
Compostos sulfurados, potssio e dietas ricas em
Reduo da presso sangunea
minerais e fibras.
Compostos sulfurados, especialmente a alicina
Efeitos antibacterianos e antivirais
(bactericida) e terpenides.
Polifenlicos; inibem a produo de prostanides,
Atividades anti-inflamatrias
mediadores do processo inflamatrio.
Licopeno (cncer de prstata), resveratrol ( potente
indutor da morte de clulas tumorais), tocotrienis
(indutor da morte de clulas neoplsicas), fibras ve-
Efeitos anticancergenos
getais ( diminuem a absoro de agentes indutores
do cncer e aumentam a velocidade de digesto e
excreo do bolo fecal.
Proteo da viso contra a ao dos ra- Lutena
dicais livres, catarata e degenerao ma-
cular.
Diminuio da absoro da glicose Beta-D-glucanas (fibra alimentar)
Efeito antidepressivo e Inibio do desejo
cidos clorognicos e melanoidinas
de consumir lcool e drogas ilegais

Fonte: Baseada em Ferrari eTorres (apud Craig; Beck, 1999; LAMPE, 1999; Weisburger, 1999; WEISBURGER, 2000).

Cadernos de Graduao - Cincias Biolgicas e da Sade | Aracaju | v. 1 | n.15 | p. 43-52 | out. 2012
48 | Segundo afirmou Scur (CONSELHO, 2009), durante o surto de gripe A (H1N1) no esta-
do do Paran, a ingesto de alguns nutrientes, tais como, vitaminas A, B e C, betacaroteno,
cido flico; e minerais como selnio e zinco; protenas, gorduras e compostos bioativos,
leites fermentados e iogurtes, cidos graxos (mega-3) e alho podem contribuir para o au-
mento da proteo imunolgica do indivduo infectado.

4.2 Composio Qumica

A composio qumica dos alimentos foi desde sempre uma informao de extrema
importncia, bem como o controle da qualidade dos alimentos frescos ou processados. Es-
tes dados so essenciais para rgos que analisam o estado nutricional das populaes e/
ou que prestam assistncia a grupos particulares com necessidades fisiolgicas especficas.

Os alimentos funcionais podem ser encontrados para consumo humano de duas formas:
naturais e artificiais. Os ltimos, por sua vez, so fabricados por empresas especializadas e au-
torizadas. As formas naturais so os alimentos que contm: cidos graxos (linolico, mega-3 e
6, e limonides), fibras, probiticos (lactobacilos e bifidobactrias), compostos fenlicos (resve-
ratrol, isoflavona e zeaxantina) e carotenides (betacaroteno, licopeno, lutena).

Os cidos graxos so componentes orgnicos sintetizados quando as gorduras so


quebradas e podem ser usados como energia pelas clulas. So encontrados em leos ve-
getais e gorduras animais, e so necessrios para o bom funcionamento do corpo humano
nas doses adequadas, e portanto, devem estar presentes na dieta alimentar. Essa necessi-
dade existe, pois eles participam da constituio das membranas celulares, de alguns hor-
mnios e ainda dos processos metablicos.

Os cidos graxos poli-insaturados ou cidos graxos essenciais como os cidos lino-


lico, mega-3 e 6, reduzem inflamaes e os nveis sricos de LDL-colesterol. Segundo
Martin (2006), os cidos linolicos so necessrios para manter sob condies normais as
membranas celulares, as funes cerebrais e a transmisso de impulsos nervosos. Esses
cidos tambm participam da transferncia do oxignio atmosfrico para o plasma sangu-
neo, da sntese da hemoglobina e da diviso celular.

Segundo Bonadia (2011), o mega-3 e mega-6 podem agir no organismo de vrias for-
mas, como por exemplo: ajudando a reduzir danos vasculares, evitando a formao de cogu-
los (trombose) e de depsitos de gordura (aterosclerose), reduzindo o colesterol total, e ainda,
desempenhando importante papel em alergias e processos inflamatrios. O consumo deve
limitar-se a 10% do valor calrico total, porque assim seus benefcios so garantidos e evita-
-se o excesso, que pode dificultar a coagulao sangunea e reduzir a ao do HDL-colesterol
colesterol bom. Os cidos graxos poli-insaturados podem ser encontrados em leos vegetais,
oleaginosas, como a amndoa e a castanha; peixes, como atum, anchova, carpa, arenque, sal-
mo e sardinha; frutos do mar; linhaa, cereais e alimentos artificialmente enriquecidos.

Outro componente importante so as fibras, que so classificadas em solveis e inso-


lveis. Segundo Costa (2008), uma pessoa deve ingerir diariamente entre 25 a 30 gramas de
fibras. As solveis contribuem para a diminuio do nvel de colesterol prevenindo doenas car-
diovasculares, atuam no combate obesidade, pois a saciedade leva o individuo a uma menor
ingesto de alimentos, propiciam o retardo na absoro de glicose e ainda protegem contra o
cncer de intestino. J as fibras insolveis tm como funes: acelerar a velocidade do trnsito
fecal, aumentar o bolo fecal, estimular o bom funcionamento intestinal, prevenir a constipao
intestinal e o cncer colorretal.

Cadernos de Graduao - Cincias Biolgicas e da Sade | Aracaju | v. 1 | n.15 | p. 43-52 | out. 2012
Em geral, as fibras (solveis e insolveis) so encontradas em: cereais integrais como | 49
aveia, centeio, cevada, farelo de trigo, granola, linhaa; leguminosas, como soja, feijo, er-
vilha, gro de bico; nas frutas consumidas com a casca como a ma, pra e ameixa e nas
hortalias com talos. Porm para que cumpram suas funes, preciso a ingesto de bas-
tante gua e lquidos em geral.

Os probiticos so alimentos com microrganismos vivos que ajudam no equilbrio da


flora intestinal, inibem o crescimento de microrganismos patognicos e ainda melhoram a di-
gesto e reduzem o risco de tumores. Dentre os probiticos esto os lactobacilos, que tm
propriedades com potencial teraputico, incluindo atividades anti-inflamatrias e anticncer e
as bifidobactrias que aumentam vrias funes imunes. Os probiticos so encontrados em
leites fermentados, iogurtes e outros produtos lcteos fermentados (CARVALHO, 2008).

Os compostos fenlicos so considerados tambm como nutrientes funcionais.


Eles so antioxidantes quepossuem um papel importante na reduo da oxidao li-
pdica, quando incorporados na alimentao humana. Alm de conservar a qualidade
do alimento, eles tambm reduzem o risco de desenvolvimento de patologias, como
arteriosclerose e cncer. Segundo Angelo e Jorge (2007), Os antioxidantes, do ponto
de vista biolgico, podem ser definidos como substncias responsveis pela inibio e
reduo das leses causadas pelos radicais livres. Os compostos fenlicos em alimen-
tos so responsveis pela cor, adstringncia, aroma e estabilidade oxidativa. Entre os
antioxidantes podem ser citados:

Resveratrol e quercetina, encontrados em uva, vinho tinto e ma, favorecem


a produo, pelofgado de HDL-colesterol e a reduo da produo de LDL-co-
lesterol, diminuindo assim, os riscos de problemas vasculares e a proliferao de
clulas tumorais atravs da inibio da protenaque est envolvida na regulao
da proliferao celular;

Antoxantina presente na batata combate a formao de tumores, alm de auxiliar


em processos inflamatrios e alrgicos;

Antocianina diminui a oxidao celular evitando cnceres e algumas alergias;


funciona como anti-inflamatrio e previne doenas cardacas. encontrada em
aa, uva, jabuticaba e amora;

Fitoestrgenos, encontrados em sementes de leguminosas como a soja, ervilha


e amendoim, so agentes que aliviam sintomas da tenso pr-menstrual e da
menopausa. Tambm ajudam na diminuio do risco de algumas doenas, prin-
cipalmente ligadas ao sexo feminino, como a osteoporose e o cncer de mama;

Flavonides, encontrados em soja, frutas ctricas, tomate, e pimento, so poten-


tes oxidantes que atuam como anti-inflamatrio, na preveno de cncer, diar-
rias e na amenizao dos sintomas da menopausa;

Taninos, substncias que atuam como, antioxidantes, antisspticos e vasocons-


tritores, esto presentes na soja, laranja, mamo, pssego, e milho;

Zeaxantina um agente oxidante que atua na retina evitando a degenerao ma-


cular e retinal. Pode ser encontrado em ma, manjerico, uva e caju.

Cadernos de Graduao - Cincias Biolgicas e da Sade | Aracaju | v. 1 | n.15 | p. 43-52 | out. 2012
50 | Os carotenides so tambm agentesantioxidantese estimulam osistema imunol-
gico, compreendendo assim, outra classe de compostos funcionais. So pigmentos de cor
vermelha, verde, alaranjada ou amarela, encontrados nas clulas de todos os vegetais que
atuam nafotossntese. Os grupos mais conhecidos so:

Betacaroteno diminui o risco de cncer e de doenas cardiovasculares e atua


tambm na sade da viso. encontrado em (abbora, cenoura, mamo, manga
e couve);

Licopeno atua na preveno de cncer de prstata e reduz os nveis de coleste-


rol. Est presente no tomate e derivados, goiaba vermelha, pimento vermelho,
melancia e beterraba;

Lutena encontrada em brcolis, pssegos e gema de ovo, tambm protege a


retina contra degenerao macular e retinal.

Alguns alimentos industrializados chamados de nutracuticos tambm podem ser


considerados funcionais, entretanto suas concentraes de nutrientes funcionais so mui-
to baixas, o que no os tornam to eficazes quanto os naturais. Eles so considerados pro-
dutos derivados de alimentos, porm vendidos na forma de plulas, ps, e cpsulas, e que
tm benefcios comprovados para a sade, de acordo com Santin (2004).

Para que os benefcios desses alimentos sejam alcanados de maneira eficaz, pre-
ciso que o seu consumo seja de forma regular. Isso possvel com uma ingesto maior de
frutas, vegetais e cereais integrais, visto que so as principais fontes dos componentes ati-
vos dos alimentos funcionais, reduo do consumo de carne vermelha e enlatados, e um
aumento dos derivados da soja e peixes, pois estes so ricos em mega-3.

Em relao aos alimentos funcionais industrializados, estes devem ter sido testados
e seus efeitos avaliados atravs de ensaios e pesquisas. O consumidor, antes de adquirir
esses produtos, deve ficar atento s informaes e seguir corretamente as orientaes dos
rtulos, para que o produto seja utilizado da melhor maneira possvel.

O uso desses alimentos no acarreta em nenhuma contra-indicao, visto que so


naturais. Portanto, o seu uso liberado, desde que estejam associados a uma dieta espe-
cfica. Caso o indivduo queira controlar os nveis glicmicos, deve fazer uso de uma dieta
hipoglicdica, e associado a esta, o uso de algum alimento funcional.

5 CONSIDERAES FINAIS

Diante do exposto, possvel observar o quanto importante para sade humana ter
uma alimentao saudvel. A ingesto de alimentos funcionais s mais uma estratgia
para prevenir e controlar alguns tipos de doenas crnico-degenerativas, lembrando que
eles no impedem o aparecimento da doena, mas apenas atuam ajudando o organismo a
se fortalecer, caso essa doena surja.

possvel obter esses alimentos com uma dieta a base de frutas, verduras, legumes,
fibras, dentre outros. Alguns alimentos industrializados tambm podem ser considerados
funcionais, porm, as concentraes dos nutrientes funcionais so muito baixas, o que no
os tornam to eficazes.

Cadernos de Graduao - Cincias Biolgicas e da Sade | Aracaju | v. 1 | n.15 | p. 43-52 | out. 2012
De tudo isso, fica claro que o melhor manter uma alimentao variada e equilibrada, | 51
a qual inclui alimentos de todos os grupos, cada um com suas funcionalidades naturais e
especificas, para que o organismo possa estar prevenido contra patologias, e caso essas
ocorram, este possa reagir de maneira mais eficaz.

REFERNCIAS

ALMEIDA, M.A; SALGADO, J.M. Mercado de Alimentos Funcionais Desafios e Tendncias.


Clnica de Nutrio. Disponvel em: <http://www.clinicadenutricao.com.br/nutricaoesau-
definal.php?id=907>. Acesso em: 17 mai. 2012.

ANGELO, P.M.; JORGE, N. Compostos fenlicos em alimentos: uma breve reviso. Revista
do Instituto Adolfo Lutz. So Paulo, SP, v. 66, n. 1, p. 1-9, jul., 2006. Disponvel em: <http://
periodicos.ses.sp.bvs.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0073-98552007000100001&lng
=pt&nrm=iso>. Acesso em 24 mar. 2012.

BELLINI, M.F. TEDMED- Cursos Profissionalizantes: Lipdeos Conceitos Bsicos. So Jos


do Rio Preto, SP, 2011. Disponvel em: <http://marilandabellini.files.wordpress.com/2011/04/
aula_2_bioquimica_iii.pdf>. Acesso em: 15 mai. 2012.

BERT, K.A.S. Tecnologia da erva-mate solvel. Tese doutorado - Universidade Federal do


Paran, Curitiba, PR, 2011, p. 40, 2011. Disponvel em: <http://pt.scribd.com/doc/87585691/28/
Propriedades-funcionais>. Acesso em: 24 mar. 2012.

BONADIA, T.G.C. cidos graxos essenciais: mega 3 e mega 6. So Paulo, SP, fev., 2011.
Disponvel em: <http://dratatianagabanela.blogspot.com.br/>. Acesso em: 15 maio 2012.

CARDOSO, A.L.; OLIVEIRA, G.G. Alimentos Funcionais. Jornal Eletrnico da UFSC. Floria-
npolis, SC, n. 5, p. 3-6, jun. 2008. Disponvel em: <http://www.nutrijr.ufsc.br/jornal/jornal_
eletronico_06-08.pdf>. Acesso em: 18 mar. 2012.

CARVALHO, T.O. Quais os efeitos benficos causados pelas bifidobactrias? Nutritotal:


Portal de Nutrio Clnica, mar., 2008. Disponvel em: <http://www.nutritotal.com.br/perg
untas/?acao=bu&categoria=27&id=457>. Acesso em: 22 mar. 2012.

CONSELHO REGIONAL DE NUTRICIONISTAS. A Importncia da Nutrio para o Sistema


Imunolgico. 8 Regio, Curitiba, PR, ago., 2009. Disponvel em: <http://www.crn8.org.br/
noticias/2009/sistema-imunologico.htm>. Acesso em: 17 maio 2012.

COSTA, V.G. Fibras Solveis e Insolveis. Uberlndia, MG, ago., 2008. Disponvel em:
<http://www.nutricaosadia.com.br/2008/08/fibras-solveis-e-insolveis.html>. Acesso em: 4
maio 2012.
FERRARI, C.K.B.; TORRES, E.A.F.S. Alimentos funcionais: melhorando a nossa sade. Espao
para a Sade, UEL. Londrina, PR, v. 3, n. 2, p. 3-4. Disponvel em: <http://www.ccs.uel.br/
espacoparasaude/v3n2/doc/nut.>. Acesso em: 27 mar. 2012.

KOPPE, J. Alimentos Funcionais No Curam, Mas Previnem. Revista Gazeta do Povo, Curi-
tiba, PR, fev., 2009. Disponvel em: <http://www.gazetadopovo.com.br/vidaecidadania/con-
teudo.phtml?id=858152>. Acesso em: 15 mar. 2012.

Cadernos de Graduao - Cincias Biolgicas e da Sade | Aracaju | v. 1 | n.15 | p. 43-52 | out. 2012
52 | MELO, E.A.; GUERRA, N.B. Ao antioxidante de compostos fenlicos naturalmente presen-
tes em alimentos. Boletim SBCTA, v. 36, n. 1, p. 1-11, 2002.

MINISTRIO DA SADE. Alimentos com Alegaes de Propriedades e ou de Sade, No-


vos Alimentos/Ingredientes, Substncias Bioativas e Probiticos. IX Lista de Alega-
es de Propriedade Funcional Aprovadas, jul., 2008. Disponvel em: <http://www.anvisa.
gov.br/alimentos/comissoes/tecno_lista_alega.htm>.Acesso em: 17 maio 2012.

PASTORE, G.P. Alimentos Funcionais: A Inovao Industrial Na rea De Alimentos. Revista


Eletrnica de Jornalismo Cientfico, Unicamp. So Paulo, SP, set., 2005. Disponvel em:
<http://www.comciencia.br/reportagens/2005/09/13.shtml>. Acesso em: 18 mar. 2012.

PIMENTEL, C.V.M.B.; FRANCKI, V.M.; GOLLCKE, A.P.B. Alimentos funcionais: introduo


s principais substncias bioativas em alimentos. So Paulo: Varela; 2005.

SANTIN, J. Alimentos funcionais: uma viso geral. Piracicaba, SP, abr., 2004. Disponvel
em:<http://www.milkpoint.com.br/cadeia-do-leite/leite-saude/alimentos-funcionais-uma-
-visao-geral-21210n.aspx>. Acesso em 17 mar. 2012.

STELLA, R. Alimentos Funcionais Soluo Para as Doenas? Revista CyberDiet, jun., 2001.
Disponvel em: <http://cyberdiet.terra.com.br/alimentos-funcionais-2-1-1-243.html>. Aces-
so em: 17 maio 2012.

VIGGIANO, C.E. A Segunda Era de Ouro da Nutrio: Alimentos Funcionais. Instituto Ra-
cine, So Paulo, SP, jul., 2012. Disponvel em: <http://www.racine.com.br/nutricao-clinica/
portal-racine/alimentacao-e-nutricao/ nutricao-clinica/a-segunda-era-de-ouro-da-nutri-
cao-alimentos-funcionais>. Acesso em: 17 maio 2012.

YOUNG, J. A perspective on functional foods. Science Technology, v. 10, p. 18-21, 1997.

Data do recebimento: 20 Jul. 2012


Data da avaliao: 3 Ago. 2012
Data do aceite: 3 Ago. 2012

1 Acadmicos do Curso de Nutrio da Universidade Tiradentes.


2 Mestre em Qumica Orgnica - Produtos Naturais pela Universidade Federal de Minas Gerais. Docente da
Universidade Tiradentes. Email: [email protected].

Cadernos de Graduao - Cincias Biolgicas e da Sade | Aracaju | v. 1 | n.15 | p. 43-52 | out. 2012

Você também pode gostar