Ano - Atividades Boneco
Ano - Atividades Boneco
Ano - Atividades Boneco
4
REDAO 3 SRIE
SUMRIO
CAPTULOS
OPINAR 7
CONTAR 21
RESENHAR 50
RESUMIR 72
DISSERTAR (EDITORIAL) 89
DESCREVER 111
O POEMA 127
Crditos
7
captulo I
Captulo I OPINAR
Nesta unidade, voc vai escrever um artigo de opinio. Durante a leitura do texto abaixo,
verifique alguns pontos:
9
necessria em tempos de crise , fundamental que de vida de uma criana como um perodo exclusivo
professores, diretores de escolas e secretarias de de brincadeira, que dispensa a estimulao cognitiva.
Educao entendam que urgente redefinir prioridades Esto em completo desalinho com as pesquisas
para fazer escolhas mais inteligentes na hora de investir neurocientficas mais recentes, que, abundantemente,
o precioso dinheiro pblico, por exemplo, dando mais mostram a relevncia do perodo no desempenho
ateno formao e remunerao dos docentes e escolar futuro. Se o Brasil campeo em analfabetismo
menos infraestrutura das escolas, mais ateno ao funcional, o mnimo que se deve fazer questionar
ensino bsico e menos ao universitrio. O momento como a maioria das escolas (incluindo as particulares)
atual extremamente oportuno para mudanas nesse conduz o ingresso do aluno no universo da linguagem.
sentido [...]. Ana Dorsa sugere que os pedagogos repensem seus
mtodos e admitam fazer uma parceria com as famlias
[...].
Pisa: o termmetro das reformas no ensino
SAUCEDO, Lhuba
Os resultados do Pisa so relevantes porque do
um importante indicativo da eficincia das polticas
pblicas de ensino [...].
O que o Pisa? O Programme for International
Student Assessment (Pisa) Programa Internacional
Mitos da educao
de Avaliao de Estudantes uma iniciativa de
O montante global que um Estado gasta com avaliao comparada, aplicada a estudantes na faixa
educao no diretamente proporcional qualidade dos 15 anos, idade em que se pressupe o trmino
de ensino. Essa uma das lies mais contundentes da escolaridade bsica obrigatria na maioria dos
que o Pisa nos deixa. No que aplicar mais verbas para pases. um programa desenvolvido e coordenado
a educao seja intrinsecamente uma m ideia. No
esse o ponto. A questo que uma medida dessas, por
si s, no alterar significativamente o quadro, a partir
de determinado patamar de investimento (que o Brasil
j observa) [...].
10
O ARTIGO DE OPINIO
No ano anterior j vimos este tipo de texto. Ento vamos relembrar um pouco de sua estrutura. Lembre-se
que h diferentes tipos de argumentos, os quais sero apresentados neste texto.
O artigo de opinio um tipo de texto dissertativo-argumentativo em que o autor tem a finalidade de apresentar
determinado tema e seu ponto de vista, por isso recebe esse nome. Possui a caracterstica de um texto jornalstico
e tem como principal objetivo informar e persuadir o leitor sobre um assunto. Antes de registrar o seu artigo,
essencial que, nesse tipo de texto, sua opinio sobre o assunto seja o ponto principal. No h julgamentos sobre o
que voc diz, pois no se trata de juzo de valor, mas sim de posio em relao a determinado assunto.
DICAS
Introduo (exposio): apresentao do tema que ser discorrido durante o artigo.
Desenvolvimento (interpretao): momento em que a opinio e a argumentao so os principais
recursos utilizados.
Atividade
(Enem-2013)
Novas tecnologias
Atualmente, prevalece na mdia um discurso de exaltao das novas tecnologias, principalmente aquelas
tecnolgicas e conexo total com o mundo fetichizam novos produtos, transformando-os em objetos
do desejo, de consumo obrigatrio. Por esse motivo carregamos hoje nos bolsos, bolsas e mochilas o futuro
to festejado.
aparelho capitalista controlador. H perverso, certamente, e controle, sem sombra de dvida. Entretanto,
desenvolvemos uma relao simbitica de dependncia mtua com os veculos de comunicao, que
se estreita a cada imagem compartilhada e a cada dossi pessoal transformado em objeto pblico de
entretenimento.
11
No mais como aqueles acorrentados na caverna de Plato, somos livres para nos aprisionar, por
espontnea vontade, a esta relao sadomasoquista com as estruturas miditicas, na qual tanto controlamos
quanto somos controlados.
Fonte: SAMPAIO A. S. A microfsica do espetculo. Disponvel em: <http://educacao.globo.
com/provas/enem-2013/questoes/98.html>. Acesso em: 1 mar 2013. Adaptado.
Ao escrever um artigo de opinio, o produtor precisa criar uma base de orientao lingustica que permita
alcanar os leitores e convenc-los com relao ao ponto de vista defendido. Diante disso, nesse texto, a
escolha das formas verbais em destaque objetiva:
a) criar relao de subordinao entre leitor e autor, j que ambos usam as novas tecnologias.
b) enfatizar a probabilidade de que toda populao brasileira esteja aprisionada s novas tecnologias.
c) indicar, de forma clara, o ponto de vista de que hoje as pessoas so controladas pelas novas
tecnologias.
d) tornar o leitor copartcipe do ponto de vista de que ele manipula as novas tecnologias e por elas
manipulado.
e) demonstrar ao leitor sua parcela de responsabilidade por deixar que as novas tecnologias controlem
as pessoas.
PLANEJANDO O TEXTO
Converse com seus colegas, pais e professores a respeito do tema a ser escrito. Leia e assista a
reportagens e entrevistas sobre o assunto.
12
a. Voc poder mencionar exemplos para corroborar suas ideias. Amplie seu repertrio.
b. Faa citaes de outros textos, letras de msica, reportagens, cenas de filmes, cartuns, etc.
c. Selecione depoimentos de pessoas que conheam sobre o assunto. O nome poder ser citado ou
no. Lembre-se da discrio e do respeito sua fonte.
d. No se assuste diante da folha em branco, persista. Nenhum texto fica pronto na primeira verso.
Sugerimos a leitura do texto da escritora Susan Sontag, Mergulho num lago gelado, para voc se
animar.
e. Saiba que o que escrito sem esforo algum no ser lido com prazer.
ESCREVENDO O TEXTO
1. Quando tiver todas as informaes de que precisa, coloque no papel o que foi planejado.
2. Delimite o tema e escolha o ponto de vista que ir defender.
3. Escreva os critrios de ordenao j planejados (depoimentos, citaes, etc.).
4. Observe a norma urbana de prestgio, pois o texto ser lido e precisa ser compreendido por todos os que
tiverem acesso a ele. Evite grias e expresses coloquiais.
5. Procure estruturar bem cada pargrafo e cuide para que estejam coesos e coerentes.
REESCREVENDO O TEXTO
1. Reveja o que foi escrito.
2. Confirme o que escreveu, tenha certeza de que o texto possui sentido, no esteja contraditrio e que os
argumentos elaborados por voc sejam consistentes.
5. Reveja as normas de sintaxe e semntica, bem como da superfcie do texto (pontuao, ortografia, diviso
do texto em pargrafos).
13
Como se observa, no basta somente escrever. essencial planejar
e revisar. Cada etapa tem uma funo de muita importncia para
que o nosso texto esteja adequado a seu contexto de produo.
14
15
Elabore um artigo de opinio a partir da imagem abaixo. Escreva um texto entre 7 e 10 linhas. Lembre-
se de observar bem o que est acontecendo na imagem: quais seriam as possveis causas do acidente?
Alm disso, verifique se na sua proposta voc defender um dos envolvidos ou se sua abordagem ser mais
abrangente, falando dos agentes causadores de infraes e dos acidentes.
16
17
18
Captulo II C O N TA R
A seguir, voc ir ler algumas definies a respeito do gnero textual conto. Alm de conceitos, transcrevemos
exemplos de contos e afins. Leia atentamente as definies, bem como as narrativas descritas, para a sua prxima
produo textual.
Mrio de Andrade
A frase do escritor modernista Mrio de Andrade explicita a dificuldade que os estudiosos tm de conceituar
o conto, situ-lo entre os gneros narrativos e determinar suas caractersticas como gnero literrio. O conto
origina-se das narrativas orais e, ao longo do tempo, vai se alterando quanto forma. Assim, para nossos estudos,
tomemos a seguinte assertiva:
Conto um texto narrativo literrio, em geral menor que o romance e a novela, no qual o autor
organiza as aes em uma determinada sequncia, narrando para o leitor o que ocorreu em determinado
tempo, em determinado lugar, com determinadas personagens e, geralmente, em torno de um nico ou
poucos incidentes.
19
Aqui, vamos ver um conto de Machado de Assis: Seu Pilar, eu preciso falar com voc, disse-me
baixinho o filho do mestre.
Conto de Escola
Chamava-se Raimundo este pequeno, e era mole,
Machado de Assis
aplicado, inteligncia tarda. Raimundo gastava duas
A Escola era na Rua do Costa, um sobradinho de horas em reter aquilo que a outros levava apenas trinta
grade de pau. O ano era de 1840. Naquele dia uma ou cinquenta minutos; vencia com o tempo o que
segunda-feira, do ms de maio deixei-me estar no podia fazer logo com o crebro. Reunia a isso um
alguns instantes na Rua da Princesa, a ver onde iria grande medo ao pai. Era uma criana fina, plida, cara
brincar a manh. Hesitava entre o morro de S. Diogo e doente; raramente estava alegre. Entrava na escola
o Campo de SantAna, que no era ento esse parque depois do pai e retirava-se antes. O mestre era mais
severo com ele do que conosco.
atual, construo de gentleman, mas um espao
rstico, mais ou menos infinito, alastrado de lavadeiras, O que que voc quer?
capim e burros soltos. Morro ou campo? Tal era o
Logo, respondeu ele com voz trmula.
problema. De repente disse comigo que o melhor era a
escola. E guiei para a escola. Aqui vai a razo. Na semana Comeou a lio de escrita. Custa-me dizer que
anterior tinha feito dois suetos, e, descoberto o caso, eu era dos mais adiantados da escola; mas era. No
recebi o pagamento das mos de meu pai, que me deu digo tambm que era dos mais inteligentes, por um
uma sova de vara de marmeleiro. As sovas de meu pai escrpulo fcil de entender e de excelente efeito
doam por muito tempo. Era um velho empregado do no estilo, mas no tenho outra convico. Note-se
que no era plido nem mofino: tinha boas cores e
Arsenal de Guerra, rspido e intolerante. Sonhava para
msculos de ferro. Na lio de escrita, por exemplo,
mim uma grande posio comercial, e tinha nsia de
acabava sempre antes de todos, mas deixava-
me ver com os elementos mercantis, ler, escrever e
me estar a recortar narizes no papel ou na tbua,
contar, para me meter de caixeiro. Citava-me nomes
ocupao sem nobreza nem espiritualidade, mas em
de capitalistas que tinham comeado ao balco. Ora,
todo caso ingnua. Naquele dia foi a mesma coisa; to
foi a lembrana do ltimo castigo que me levou naquela
depressa acabei, como entrei a reproduzir o nariz do
manh para o colgio. No era um menino de virtudes.
mestre, dando-lhe cinco ou seis atitudes diferentes,
Subi a escada com cautela, para no ser ouvido do
das quais recordo a interrogativa, a admirativa,
mestre, e cheguei a tempo; ele entrou na sala trs ou
a dubitativa e a cogitativa. No lhes punha esses
quatro minutos depois. Entrou com o andar manso do
nomes, pobre estudante de primeiras letras que era;
costume, em chinelas de cordovo, com a jaqueta de mas, instintivamente, dava-lhes essas expresses.
brim lavada e desbotada, cala branca e tesa e grande Os outros foram acabando; no tive remdio seno
colarinho cado. Chamava-se Policarpo e tinha perto acabar tambm, entregar a escrita, e voltar para o
de cinquenta anos ou mais. Uma vez sentado, extraiu meu lugar. Com franqueza, estava arrependido de ter
da jaqueta a boceta de rap e o leno vermelho, p- vindo. Agora que ficava preso, ardia por andar l fora,
los na gaveta; depois relanceou os olhos pela sala. Os e recapitulava o campo e o morro, pensava nos outros
meninos, que se conservaram de p durante a entrada meninos vadios, o Chico Telha, o Amrico, o Carlos das
dele, tornaram a sentar-se. Tudo estava em ordem; Escadinhas, a fina flor do bairro e do gnero humano.
comearam os trabalhos. Para cmulo de desespero, vi atravs das vidraas da
20
escola, no claro azul do cu, por cima do morro do Na verdade, o mestre fitava-nos. Como era mais
Livramento, um papagaio de papel, alto e largo, preso severo para o filho, buscava-o muitas vezes com os
de uma corda imensa, que bojava no ar, uma cousa olhos, para traz-lo mais aperreado. Mas ns tambm
soberba. E eu na escola, sentado, pernas unidas, com ramos finos; metemos o nariz no livro, e continuamos
o livro de leitura e a gramtica nos joelhos. a ler. Afinal cansou e tomou as folhas do dia, trs ou
quatro, que ele lia devagar, mastigando as ideias e
Fui um bobo em vir, disse eu ao Raimundo.
as paixes. No esqueam que estvamos ento no
No diga isso, murmurou ele. fim da Regncia, e que era grande a agitao pblica.
Policarpo tinha decerto algum partido, mas nunca pude
Olhei para ele; estava mais plido. Ento lembrou-
averiguar esse ponto. O pior que ele podia ter, para ns,
me outra vez que queria pedir-me alguma cousa, e
era a palmatria. E essa l estava, pendurada do portal
perguntei-lhe o que era. Raimundo estremeceu de
da janela, direita, com os seus cinco olhos do diabo.
novo, e, rpido, disse-me que esperasse um pouco;
Era s levantar a mo, despendur-la e brandi-la, com
era uma coisa particular.
a fora do costume, que no era pouca. E da, pode
Seu Pilar... murmurou ele da a alguns minutos. ser que alguma vez as paixes polticas dominassem
Que ? nele a ponto de poupar-nos uma ou outra correo.
Naquele dia, ao menos, pareceu-me que lia as folhas
Voc...
com muito interesse; levantava os olhos de quando em
Voc qu? quando, ou tomava uma pitada, mas tornava logo aos
jornais, e lia a valer. No fim de algum tempo dez ou
Ele deitou os olhos ao pai, e depois a alguns
doze minutos Raimundo meteu a mo no bolso das
outros meninos. Um destes, o Curvelo, olhava para
calas e olhou para mim.
ele, desconfiado, e o Raimundo, notando-me essa
circunstncia, pediu alguns minutos mais de espera. Sabe o que tenho aqui?
Confesso que comeava a arder de curiosidade.
No.
Olhei para o Curvelo, e vi que parecia atento; podia
ser uma simples curiosidade vaga, natural indiscrio; Uma pratinha que mame me deu.
mas podia ser tambm alguma cousa entre eles. Esse Hoje?
Curvelo era um pouco levado do diabo. Tinha onze
No, no outro dia, quando fiz anos...
anos, era mais velho que ns. Que me quereria o
Raimundo? Continuei inquieto, remexendo-me muito, Pratinha de verdade?
falando-lhe baixo, com instncia, que me dissesse o
De verdade.
que era, que ningum cuidava dele nem de mim.
Tirou-a vagarosamente, e mostrou-me de longe.
Ou ento, de tarde...
Era uma moeda do tempo do rei, cuido que doze
De tarde, no, interrompeu-me ele; no pode vintns ou dois tostes, no me lembro; mas era uma
ser de tarde. moeda, e tal moeda que me fez pular o sangue no
corao. Raimundo revolveu em mim o olhar plido;
Ento agora...
depois perguntou-me se a queria para mim. Respondi-
Papai est olhando. lhe que estava caoando, mas ele jurou que no.
21
Mas ento voc fica sem ela? No queria receb-la, e custava-me recus-
la. Olhei para o mestre, que continuava a ler, com tal
Mame depois me arranja outra. Ela tem muitas
interesse, que lhe pingava o rap do nariz. Ande,
que vov lhe deixou, numa caixinha; algumas so de
tome, dizia-me baixinho o filho. E a pratinha fuzilava-
ouro. Voc quer esta?
lhe entre os dedos, como se fora diamante... Em
Minha resposta foi estender-lhe a mo verdade, se o mestre no visse nada, que mal havia?
disfaradamente, depois de olhar para a mesa do E ele no podia ver nada, estava agarrado aos jornais,
mestre. Raimundo recuou a mo dele e deu boca lendo com fogo, com indignao...
um gesto amarelo, que queria sorrir. Em seguida
Tome, tome...
props-me um negcio, uma troca de servios; ele
me daria a moeda, eu lhe explicaria um ponto da lio Relancei os olhos pela sala, e dei com os do Curvelo
de sintaxe. No conseguira reter nada do livro, e estava em ns; disse ao Raimundo que esperasse. Pareceu-
com medo do pai. E conclua a proposta esfregando a me que o outro nos observava, ento dissimulei; mas
pratinha nos joelhos... Tive uma sensao esquisita. da a pouco deitei-lhe outra vez o olho, e tanto se
No que eu possusse da virtude uma ideia antes ilude a vontade! no lhe vi mais nada. Ento cobrei
22
Fiz-lhe sinal que se calasse; mas ele instava, e a No obedeci logo, mas no pude negar nada.
moeda, c no bolso, lembrava-me o contrato feito. Continuei a tremer muito. Policarpo bradou de novo
Ensinei-lhe o que era, disfarando muito; depois, tornei que lhe desse a moeda, e eu no resisti mais, meti a
a olhar para o Curvelo, que me pareceu ainda mais mo no bolso, vagarosamente, saquei-a e entreguei-
inquieto, e o riso, dantes mau, estava agora pior. No lhe. Ele examinou-a de um e outro lado, bufando de
preciso dizer que tambm eu ficara em brasas, ansioso raiva; depois estendeu o brao e atirou-a rua. E ento
que a aula acabasse; mas nem o relgio andava como disse-nos uma poro de coisas duras, que tanto o
das outras vezes, nem o mestre fazia caso da escola; filho como eu acabvamos de praticar uma ao feia,
este lia os jornais, artigo por artigo, pontuando-os com indigna, baixa, uma vilania, e para emenda e exemplo
exclamaes, com gestos de ombros, com uma ou amos ser castigados. Aqui pegou da palmatria.
duas pancadinhas na mesa. E l fora, no cu azul, por
Perdo, seu mestre... solucei eu.
cima do morro, o mesmo eterno papagaio, guinando a
um lado e outro, como se me chamasse a ir ter com ele. No h perdo! D c a mo! D c! Vamos!
Imaginei-me ali, com os livros e a pedra embaixo da Sem-vergonha! D c a mo!
mangueira, e a pratinha no bolso das calas, que eu no
Mas, seu mestre...
daria a ningum, nem que me serrassem; guard-la-ia
em casa, dizendo mame que a tinha achado na rua. Olhe que pior!
Para que me no fugisse, ia-a apalpando, roando-lhe Estendi-lhe a mo direita, depois a esquerda,
os dedos pelo cunho, quase lendo pelo tato a inscrio, e fui recebendo os bolos uns por cima dos outros,
com uma grande vontade de espi-la. at completar doze, que me deixaram as palmas
Oh! seu Pilar! Bradou o mestre com voz de trovo. vermelhas e inchadas. Chegou a vez do filho, e foi a
mesma coisa; no lhe poupou nada, dois, quatro,
Estremeci como se acordasse de um sonho, e
oito, doze bolos. Acabou, pregou-nos outro sermo.
levantei-me s pressas. Dei com o mestre, olhando
Chamou-nos sem-vergonhas, desaforados, e jurou
para mim, cara fechada, jornais dispersos, e ao p da
que se repetssemos o negcio apanharamos tal
mesa, em p, o Curvelo. Pareceu-me adivinhar tudo.
castigo que nos havia de lembrar para todo o sempre.
Venha c! Bradou o mestre. E exclamava: Porcalhes! Tratantes! Faltos de brio!
Eu, por mim, tinha a cara no cho. No ousava fitar
Fui e parei diante dele. Ele enterrou-me pela
ningum, sentia todos os olhos em ns. Recolhi-me
conscincia adentro um par de olhos pontudos;
ao banco, soluando, fustigado pelos improprios do
depois chamou o filho. Toda a escola tinha parado;
mestre. Na sala arquejava o terror; posso dizer que
ningum mais lia, ningum fazia um s movimento. Eu,
naquele dia ningum faria igual negcio. Creio que o
conquanto no tirasse os olhos do mestre, sentia no ar
prprio Curvelo enfiara de medo. No olhei logo para
a curiosidade e o pavor de todos.
ele, c dentro de mim jurava quebrar-lhe a cara, na
Ento o senhor recebe dinheiro para ensinar as rua, logo que sassemos, to certo como trs e dois
lies aos outros? Disse-me o Policarpo. serem cinco. Da a algum tempo olhei para ele; ele
tambm olhava para mim, mas desviou a cara, e penso
Eu...
que empalideceu. Comps-se e entrou a ler em voz
D c a moeda que este seu colega lhe deu! alta; estava com medo. Comeou a variar de atitude,
Clamou. agitando-se toa, coando os joelhos, o nariz. Pode
23
ser at que se arrependesse de nos ter denunciado; e na verdade, por que denunciar-nos? Em que que lhe
tirvamos alguma coisa? Tu me pagas! to duro como osso! Dizia eu comigo. Veio a hora de sair, e samos; ele foi
adiante, apressado, e eu no queria brigar ali mesmo, na Rua do Costa, perto do colgio; havia de ser na Rua Larga
de So Joaquim.
Quando, porm, cheguei esquina, j o no vi; provavelmente escondera-se em algum corredor ou loja; entrei
numa botica, espiei em outras casas, perguntei por ele a algumas pessoas, ningum me deu notcia. De tarde faltou
escola. Em casa no contei nada, claro; mas para explicar as mos inchadas, menti minha me, disse-lhe que
no tinha sabido a lio. Dormi nessa noite, mandando ao diabo os dois meninos, tanto o da denncia como o da
moeda. E sonhei com a moeda; sonhei que, ao tornar escola, no dia seguinte, dera com ela na rua, e a apanhara,
sem medo nem escrpulos... De manh, acordei cedo. A ideia de ir procurar a moeda fez-me vestir depressa.
O dia estava esplndido, um dia de maio, sol magnfico, ar brando, sem contar as calas novas que minha me
me deu, por sinal que eram amarelas. Tudo isso, e a pratinha... Sa de casa, como se fosse trepar ao trono de
Jerusalm. Piquei o passo para que ningum chegasse antes de mim escola; ainda assim no andei to depressa
que amarrotasse as calas. No, que elas eram bonitas! Mirava-as, fugia aos encontros, ao lixo da rua... Na rua
encontrei uma companhia do batalho de fuzileiros, tambor frente, rufando. No podia ouvir isto quieto. Os
soldados vinham batendo o p rpido, igual, direita, esquerda, ao som do rufo; vinham, passaram por mim, e foram
andando. Eu senti uma comicho nos ps, e tive mpeto de ir atrs deles. J lhes disse: o dia estava lindo, e depois
o tambor... Olhei para um e outro lado; afinal, no sei como foi, entrei a marchar tambm ao som do rufo, creio
que cantarolando alguma coisa: Rato na casaca... No fui escola, acompanhei os fuzileiros, depois enfiei pela
Sade, e acabei a manh na Praia da Gamboa. Voltei para casa com as calas enxovalhadas, sem pratinha no bolso
nem ressentimento na alma. E contudo a pratinha era bonita e foram eles, Raimundo e Curvelo, que me deram o
primeiro conhecimento, um da corrupo, outro da delao; mas o diabo do tambor...
Pensando nas particularidades do conto, escreva em seu caderno as principais caractersticas que foram
possveis observar no conto acima. Compartilhe sua resposta com seus colegas e com seu professor.
Leia o miniconto do escritor argentino Julio Cortzar, um dos precursores desse gnero.
24
Cronpios e de Famas. Rio de Janeiro. Ed., Civilizao Brasileira, 1977.
1. Utilizando as informaes de que voc j dispe, reescreva o miniconto "O jornal e suas metamorfoses"
em forma de microconto (no mximo, 150 caracteres). Selecione no mximo vinte palavras do texto
original. Verifique tambm, no livro-texto, alguns exemplos a partir do captulo sobre conto, miniconto,
microconto e nanoconto.
25
Atividade
GRAPHICSRF / SHUTTERSTOCK.COM
Sim.
Quem?
O de treze...
Sim.
E agora?
O enterro s cinco.
MORAIS MENDES, Francisco de. In: FREIRE, Marcelino (Org.). Os cem melhores
contos brasileiros do sculo. So Paulo: Ateli Editorial, 2004. p. 79.
Nesse microconto, cujo tema a violncia urbana, observe o envolvimento de adolescentes com a
criminalidade, possivelmente com o trfico de drogas (o acerto de contas). Provavelmente, os envolvidos
so um mandante, um executor/agente e uma vtima. Note as pistas: o ttulo e algumas falas que levam a
essa interpretao: enterro s cinco (da tarde); o de treze (um menor, de 13 anos, foi morto); est
feito?/sim...
Leia o microconto de Fernando Bonassi, em que o autor faz uma pardia da Cano do Exlio, de
Gonalves Dias, denunciando a realidade social das periferias urbanas do Brasil.
26
Minha terra tem campos de futebol onde cadveres amanhecem emborcados pra atrapalhar os jogos. Tem
uma pedrinha cor-de-bile que faz "tuim" na cabea da gente. Tem tambm muros de bloco (sem pintura, claro,
que tinta a maior frescura quando falta mistura), onde pousam cacos de vidro pra espantar malaco. Minha terra
tem HK, AR15, M21, 45 e 38 (na minha terra, 32 uma piada). As sirenes que aqui apitam, apitam de repente e
sem hora marcada. Elas no so mais as das fbricas, que fecharam. So mesmo dos cambures, que vm fazer
aleijados, trazer tranquilidade e aflio.
Mistura: gria popular indicando ingredientes para o almoo ou jantar (carne, verduras, legumes,
etc.).
27
A partir das leituras dos microcontos feitas at agora, escreva quais as semelhanas e diferenas entre cada
um deles.
Os Cem Menores
O velho em agonia, no ltimo gemido para a filha:
Aqui, temos dois
L no caixo...
nanocontos.
Sim, paizinho.
Perceba suas
caractersticas. ... no deixe essa a me beijar.
Dalton Trevisan. Disponvel em: http://www.releituras.com/
daltontrevisan_algumas.asp Acesso em: 15 fev. 2017.
A mais caro.
in: Marcelino Freire (org.). Os cem menores contos do sculo. Cotia: Ateli Editorial, 2004.
Agora sua vez. Para produzir o seu microconto, siga as instrues a seguir.
Preparao (escolha da obra e seleo de palavras): escolha uma notcia, uma fbula, um conto de
fadas, uma obra de arte visual (pintura, desenho, escultura, painel, instalao, etc.) para, com base nela,
criar um miniconto. Selecione palavras que sugiram o enredo, as personagens, o cenrio e o desfecho. Se
voc escolheu uma obra de arte visual, imagine palavras que possam estar relacionadas ao tema da obra,
levando em considerao as formas, dimenses, cores, traos, efeitos sonoros e visuais, etc.
Instrues:
Coloque aqui seu ttulo, a imagem do conto e o site (se for notcia) da obra original.
28
29
No exerccio anterior, voc criou um microconto. Agora, voc ir
Todo texto pressupe
produzir um conto. Sugerimos a leitura do gnero, para que voc possa
etapas distintas e
planejar o seu texto. intercomplementares na
atividade da escrita:
Indicamos alguns autores e obras para voc se familiarizar: Planejar
Escrever
A menina sem palavras, de Mia Couto; O assassinato e outras histrias, de Reescrever
Anton Tchekhov; Leituras de escritor, de Ana Maria Machado; Em busca de
Curitiba perdida, de Dalton Trevisan; Os melhores contos bblicos, vrios
autores; Assassinatos na rua Morgue e outras histrias, de Edgar Allan Poe;
O estranho hbito de dormir em p, por Paulo Sandrini e Papis avulsos, de Machado de Assis. Deste ltimo
autor, h um conto interessante para voc se inspirar...
Cumprimentou-o polidamente; mas o homem lanou-se sobre ele e com uma voz alterada, diz-lhe:
Estimo muito conhec-lo, responde o Sr. X; mas no tenho a honra de conhecer a senhora Dona E
Senhor!
Alto l!
Mas, senhor, disse o Sr. X, a quem a eloquncia do Sr. F tinha produzido um certo efeito, que motivo
tem o senhor?
30
Que motivo! boa! Pois no um motivo andar o senhor fazendo a corte minha mulher?
Sua casa!
No; no; o senhor mesmo como escapar-me este ar de tolo que ressalta de toda a sua cara?
Vamos, ou deixar a cidade, ou morrer Escolha!
Era um dilema. O Sr. X compreendeu que estava metido entre um cavalo e uma pistola. Pois toda a sua
paixo era ir a Minas, escolheu o cavalo.
Aqui tem dois contos de ris para os gastos da viagem; vamos, parta! Parta imediatamente. Para
onde vai?
Para Minas.
Oh! a ptria do Tiradentes! Deus o leve a salvamento Perdoo-lhe, mas no volte a esta corte Boa
viagem!
Dizendo isto, o Sr. F desceu precipitadamente a escada, e entrou no cabriol, que desapareceu em
uma nuvem de poeira.
O Sr. X ficou por alguns instantes pensativo. No podia acreditar nos seus olhos e ouvidos; pensava
sonhar. Um engano trazia-lhe dois contos de ris, e a realizao de um dos seus mais caros sonhos. Jantou
tranquilamente, e da a uma hora partia para a terra de Gonzaga, deixando em sua casa apenas um moleque
encarregado de instruir, pelo espao de oito dias, aos seus amigos sobre o seu destino.
No dia seguinte, pelas onze horas da manh, voltava o sr. F para a sua chcara de Andara, pois tinha
passado a noite fora.
Entrou, penetrou na sala, e indo deixar o chapu sobre uma mesa, viu ali o seguinte bilhete:
31
Meu caro esposo! Parto no paquete em companhia do teu amigo P Vou para a Europa. Desculpa a m
companhia, pois melhor no podia ser.
Tua E.
Desesperado, fora de si, o Sr. F lana-se a um jornal que perto estava: o paquete tinha partido s oito
horas.
Era P que eu acreditava meu amigo Ah! Maldio! Ao menos no percamos os dois contos! Tornou a
meter-se no cabriol e dirigiu-se casa do Sr. X, subiu; apareceu o moleque.
Teu senhor?
O sr. F desmaiou.
Perdi trs tesouros h um tempo: uma mulher sem igual, um amigo a toda prova, e uma linda carteira
cheia de encantadoras notasque bem podiam aquecer-me as algibeiras!
Neste ltimo ponto, o doido tem razo, e parece ser um doido com juzo.
Fonte: Machado de Assis. Conto originalmente publicado em A Marmota (1858).
Lembre-se do ttulo:
32
33
34
Captulo III RESENHAR
captulo III
Depois de entender as caractersticas de um conto, vamos, agora, aprender como se faz uma resenha. Aqui,
temos o exemplo de uma resenha da obra de Machado de Assis, Dom Casmurro.
Quando Bentinho vai para o seminrio, ele conhece Escobar, que vira seu amigo para o resto
da vida e, em uma frente de fatos contraditrios que vem tona em sua vida, surge tambm uma
dvida: Capitu traiu Bentinho com Escobar ou no? A dvida no esclarecida at o fim do livro, e
fica para o leitor supor teorias sobre isso.
Machado de Assis leva uma leitura muito envolvente, emocionante e fascinante, permeando
muito bem as personalidades de cada um dos personagens. A escrita pode parecer um tanto
complicada, devido poca em que o romance foi escrito, mas d para compreender e se apaixonar
pela histria. um clssico, exigido em muitas escolas e vestibulares, e totalmente recomendvel.
E voc, acha que Capitu traiu ou no traiu?
35
RESENHA CRTICA
Podemos dividir o gnero textual "resenha crtica" em dois grandes grupos:
De modo geral, o resenhista algum com conhecimentos na rea, mas nada impede que
o leitor comum tambm escreva. Mas ateno: preciso sempre sustentar seus argumentos
com coerncia e pensar no seu leitor.
O objetivo da resenha divulgar objetos de produo cultural livros, filmes, peas de teatro,
obras de arte, msica, etc. A resenha, de modo geral, veiculada em jornais, revistas, blogs. O
tamanho do texto depende do espao onde ele ser inserido. Podem ser algumas colunas de
um jornal, bem como alguns pargrafos. Verifica-se que, no entanto, no se trata de um texto
longo, mas sim claro e conciso.
Em uma resenha, devem constar:
O ttulo.
A referncia bibliogrfica da obra (nome do autor, ttulo da obra, nome da editora, data
da publicao, lugar da publicao, nmero de pginas, preo esses dados podem
estar em um box ao lado do texto).
Alguns dados bibliogrficos do autor da obra resenhada.
O resumo ou sntese do contedo.
A avaliao crtica.
Em relao ao ttulo da resenha, esta pode ter tambm subttulo. O subttulo deve ser persuasivo, de modo a
provocar o leitor para a leitura. Ao se iniciar uma resenha, pode-se citar a obra a ser analisada: Entre janeiro e
fevereiro deste ano, os cinco msicos da Banda Mais Bonita da Cidade se trancaram por duas semanas
em uma fazenda no interior do Paran. Neste perodo foram criadas nove canes [...]
Fonte: In: Gazeta do povo, 14 dez. 2016. Pg. 37. Caderno G, matria de Sandro Moser.
36
Observe os exemplos abaixo:
ANTON_IVANOV / SHUTTERSTOCK.COM
Ttulo da resenha: Astro e vilo.
Subttulo: Perfil com toda a loucura de Michael
Jackson.
Livro: Michael Jackson: uma biografia no autorizada
(Christopher Andersen) Veja, 4 de outubro,1995.
REPRODUO
Livro: Ensaio sobre a Cegueira (Jos Saramago)
Veja, 25 de outubro,1995.
No resumo do objeto resenhado, imprescindvel
apresentar os aspectos principais do texto. A resenha
pode ser construda ordenadamente por partes
ou captulos, ou ainda ideias ou fatos podem estar
agrupados em um nico bloco. Leia a resenha da obra
"Lngua e liberdade: uma nova concepo da lngua
materna e seu ensino" (Celso Luft), na resenha
intitulada "Um gramtico contra a gramtica",
escrita por Gilberto Scarton. Observe que o autor da
resenha, j de incio, informa ao seu leitor os pontos
principais da obra que sero discutidos.
Nos 6 pequenos captulos que integram a obra,
o gramtico bate, intencionalmente, sempre na
mesma tecla uma variao sobre o mesmo tema:
a maneira tradicional e errada de ensinar a lngua
REPRODUO
materna, as noes falsas de lngua e gramtica,
a obsesso gramaticalista, a inutilidade do ensino
da teoria gramatical, a viso distorcida de que se
ensinar a lngua se ensinar a escrever certo, o
esquecimento a que se relega a prtica lingustica,
a postura prescritiva, purista e alienada to
comum nas aulas de portugus.
O velho pesquisador apaixonado pelos
problemas de lngua, terico de esprito lcido
e de larga formao lingustica e professor de
longa experincia, leva o leitor a discernir com
rigor gramtica e comunicao: gramtica natural
e gramtica artificial; gramtica tradicional e
37
lingustica; o relativismo e o absolutismo gramatical; o saber dos falantes e o saber dos
gramticos, dos linguistas, dos professores; o ensino til, do ensino intil; o essencial, do
i rrelevante.
Nesta unidade, voc vai escrever uma resenha crtica. Durante a leitura do texto abaixo, verifique
alguns pontos:
38
Alguns prlogos podem ser considerados resenhas, que doiram as trevas mais espessas da corrupo e
pois apontam aspectos relevantes da obra. Prlogo da misria. Nas convulses da matria humana, no
um texto ou uma advertncia, geralmente breve, tripdio dos vcios, na fase a mais torpe da existncia
que antecede uma obra escrita e que tem por objetivo social, h sempre no fundo do vaso uma inteligncia e
apresent-la ao leitor. Do grego prlogos, que um corao; a razo e o sentimento em tortura; a luz
significa "escrito preliminar". e o perfume a apagar-se; so as cores da palheta. Se
com elas o pincel no desenha sobre o fundo negro um
Prlogo o mesmo que introduo, prefcio,
quadro harmonioso, os olhos no sabem ver, ou a mo
prefao, prembulo. a introduo de um trabalho,
no sabe reproduzir. Censurem pois As Asas de Um
onde o autor desenvolve as ideias preliminares sobre o
Anjo porque lhe falte uma ou outra dessas condies;
assunto que vai explorar no desenrolar da obra.
porque ou os reflexos ou as refraes das cenas sejam
Disponvel: <www.significados.com.br/
prologo/>. Acesso em: 17 mar. 2017. imperfeitas. Mas no censurem nela a tendncia da
literatura moderna apelidando-a de realismo. Sobre
a acusao de imoralidade que lanaram comdia,
As Asas de um Anjo, de Jos de e que afinal traduziu-se em uma proibio policial,
Alencar escuso defender-me depois do artigo que publiquei no
PREFCIO DA PEA (advertncia e Dirio do Rio de Janeiro, e que servir de prlogo ao livro
prlogo da primeira edio 1859)
impresso, como serviu de protesto ao drama retirado
A boa vontade dos editores, que o ano passado da cena. A crtica sensata e judiciosa, j expressa no
deram estampa O Demnio Familiar, traz agora luz da jornalismo pelo Sr. Dr. F. Otaviano, j discutida em
imprensa As Asas de um Anjo, no momento em que tudo conversa por companheiros de letras, pronunciou-
me afasta das lidas literrias. O muito que tinha a dizer se contra o eplogo. Um pensa que terminada a ao
e criticar sobre a minha obra e as censuras de que fui naturalmente no 4. ato, tudo quanto siga estranho
alvo, deixo-o pois reflexo dos homens esclarecidos; ao drama. Outros entendem que a regenerao surge
bem como deixo aos metodistas da literatura e da arte imprevista, e consuma-se rpida, deixando por
a sua classificao de escola realista. A realidade, ou isso de calar no esprito do espectador, fortemente
melhor, a naturalidade, a reproduo da natureza e da impressionado pelas cenas anteriores. No contestarei
vida social no romance e na comdia, no a considero essa opinio, a que alis o pblico por algum daqueles
uma escola ou um sistema; mas o nico elemento da motivos, parece ter dado razo. Direi somente que
literatura: a sua alma. O servilismo do esprito eivado sem o eplogo o pensamento da minha comdia ficaria
pela imitao clssica ou estrangeira, e os delrios da incompleto; ela seria apenas uma nova encarnao do
imaginao tomada do louco desejo de inovar so velho tipo de Manon Lescaut; encarnao brasileira,
aberraes passageiras; desvairada um momento, verdade; mas por isso mesmo desbotada e macilenta,
a literatura volta, trazida pela fora irresistvel, ao porque a vida exterior da nossa corte no podia
belo, que a verdade. Se disseram que alguma vez emprestar-lhe as cores e o brilho das grandes cidades
copiam-se da natureza e da vida cenas repulsivas, europeias.
que a decncia, o gosto e a delicadeza no toleram, O livro nasce do esprito, como a planta brota da
concordo. Mas a o defeito no est na literatura, e sim terra; simples, borbulha a princpio, pulula, germina,
no literato; no a arte que renega do belo; o artista, abrolha as folhas, esgalha, copa-se e floresce por fim.
que no soube dar ao quadro esses toques divinos
39
Se o cultor da planta vai-lhe moldando os ramos enfezados,
esladroando-lhe os renovos que podem minguar o tronco, a
seiva criadora substitui quanto a mo do homem corrige; mas se
descuidado deixa que a planta cresa com os seus defeitos, pode
cortar-lhe o galho rasteiro, forar-lhe a haste arqueada; a rvore
ficar mutilada, porm sempre mal parecida. Assim o livro;
assim foi com As Asas de um Anjo. Depois de concluda a comdia
e representada; depois de partido esse fio que prende a obra
ainda indita ao esprito que a criou, era impossvel matar o livro;
mas torcer-lhe o molde, dar-lhe outra configurao, excedia
vontade e s foras do autor. Creio mesmo que tudo quanto sasse
dessa superfetao literria seria monstruoso e disforme. Prefiro
pois embora reconhea at certo ponto a justeza da crtica
deixar a comdia com os seus defeitos, mas com a espontaneidade de sua inveno. As criaes da imaginao
tambm tm a sua virgindade; e muitas vezes a razo no se anima a corrigi-las, com receio de murchar-lhes a
flor.
As alteraes que fiz no original, levado cena, e aprovado pelo Conservatrio, so unicamente de estilo;
castiguei a frase quando no me pareceu natural; dei em alguns pontos melhor torneio ao dilogo; mas na ao
dramtica, e no pensamento que ela exprime, nem de leve toquei. Entretanto se algum dia, o que no espero,
cessar o interdito policial, e entenderem que o eplogo pode prejudicar o efeito cnico, no me oporei semelhante
supresso; antes estimarei que ela se faa, porque ser a soluo prtica da questo de arte que aventou o
desenlace da tragdia.
Atividade
Agora, voc ler o que pode ser descrito como sinopse de um filme. Claro, no a mesma coisa que uma
resenha. No entanto, o que ver a seguir tem nuances de uma resenha crtica, pois, alm de contar a histria,
o autor aponta seu ponto de vista, similar a um prlogo.
40
Ao tentar encontrar o caminho de volta para casa, eles cruzam o caminho da gangue do coelho psictico
de Bola de Neve. Pets traz todos aqueles elementos comuns nas boas animaes. E, de quebra, deixa lies
de tolerncia, amizade e superao. Tudo recheado com muita msica, humor e aventura que far a festa
para crianas de todas as idades.
Fonte: PETS: A VIDA SECRETA DOS BICHOS (The Secret Life of Pets EUA 2016). Direo: Chris
Renaud e Yarrow Cheney. Animao. Durao: 87 minutos. Distribuio: Universal.
41
Ficha Tcnica:
Uma Lio de Vida (The
First Grader) 104 min
EUA / Qunia / Reino Unido 2010
Direo: Justin Chadwick
Roteiro: Ann Peacock
Elenco: Naomie Harris, Oliver
Litondo, Tony Kgoroge, Vusi Kunene,
Alfred Munyua, Shoki Mokgapa.
42
Agora, leia, com muita ateno, mais uma resenha:
Atividade
REPRODUO
Num vilarejo do Qunia, Maruge (Oliver Litondo) mudanas
ouve no rdio o anncio da educao gratuita para e apontam
todos. No tendo tido oportunidade de estudar no a educao
passado, o senhor de 84 anos um veterano da tribo como a
Mau Mau que lutou para libertar o Qunia dos ingleses ferramenta
bate porta da escola primria e espera uma chance principal para
de poder aprender a ler. Rejeitado de incio, Maruge isso.
no desiste: j de uniforme escolar e uma pequena Atravs
bolsa a tiracolo, volta a pedir por uma vaga e insiste de flashbacks
at ser aceito pela professora Jane (Naomie Harris). b e m
Em meio a lembranas do doloroso passado, situados, adentramos no passado de Maruge e somos
Maruge tem de enfrentar a revolta e as ameaas das confrontados com a chocante realidade da luta
autoridades, dos moradores da regio e dos pais dos pela liberdade da ex-colnia britnica. A crueldade
alunos, inconformados por um idoso ter sido aceito extrema e as condies mais desumanas foi o que
em uma classe de crianas de seis anos de idade. Maruge encontrou nos campos de deteno na
dcada de 50, aps ter tido sua esposa e filhos
A despeito da pssima escolha do ttulo em
cruelmente assassinados. Veio a liberdade para o
portugus seria mais interessante um que se
Qunia, a vida continuou. O passado, porm, nunca
aproximasse do original, The First Grader, o longa
foi de todo extinto, e permanece como uma ferida
nos brinda com uma trama de superao que, para
que di, alm de uma dvida histrica.
nosso alvio, est bem distante da frmula autoajuda
para assistir. Uma Lio de Vida a histria de uma luta que
atravessa geraes. A luta de Maruge para superar
Muito poderia ser dito acerca das belezas deste
seu passado, ir escola e aprender a ler; a luta de
filme, seja com relao trama tocante, sem jamais
Jane pelo amor educao; a luta diria das crianas
escorregar no sentimentalismo piegas; ou ento
em face das condies precrias da escola, em que
sobre os belssimos planos fechados, capazes de
cinco alunos dividem uma carteira e tantos outros
causar sensaes das mais diversas e que exprimem
estudam sentados no cho. Mas tambm se trata
mais que palavras. Prefiro, no entanto, dar nfase
de uma inspiradora histria de conquista, portadora
fora dos personagens e entrega dos atores, de uma verdade incontestvel: o aprendizado s
aspectos capazes de arrepiar o espectador. Os termina quando tivermos terra nos ouvidos.
protagonistas o idoso Maruge e a professora Jane
Disponvel em: <http://www.cinemanarede.
colocam a determinao como base para se operar com>. Acesso em: 17 maio 2017.
43
1. A partir da leitura da resenha, preencha o quadro a seguir:
Autor(a) da resenha
Objeto resenhado
Suporte da resenha
2. A resenha apresenta um resumo do filme e comentrios da autora sobre esse filme. Circule os
trechos que resumem o enredo do filme e grife os trechos que apresentam comentrios da autora
sobre o objeto resenhado.
44
1. Releia as informaes contidas na parte Ficha tcnica. Em seguida, identifique a finalidade de elas serem
apresentadas.
45
Atividade
(ENEM-2009)
Em Touro Indomvel, que a cinemateca lana nesta semana nos Estados de So Paulo e Rio de Janeiro, a
dor maior e a violncia verdadeira vm dos demnios de La Motta que fizeram dele tanto um astro no ringue
como um homem fadado destruio. Dirigida como um senso vertiginoso do destino de seu personagem,
essa obra-prima de Martin Scorcese daqueles filmes que falam perfeio de seu tema (o boxe) para
ento transcend-lo e tratar do que importa: aquilo que faz dos seres humanos apenas isso mesmo,
humanos e tremendamente imperfeitos.
Revista Veja, 18 fev. 2009 (adaptado).
Tambm possvel iniciar o texto escrevendo sobre o contedo da obra: AARON LIM / SHUTTERSTOCK.COM
Segundo Joseph Campbell (1990, p. 6), Mitos so pistas para as potencialidades espirituais da
vida humana. Sobre esse prisma, podemos dizer que toda a srie Guerra nas Estrelas, composta de
seis episdios, uma grande narrativa mtica que conta a histria de um heri, Luke Skywalker, e seu
processo de autoconhecimento e de descoberta de suas potencialidades."
THIEL, Grace C; THIEL, Janice C. Movie takes: a magia do cinema na sala de aula. 2009, pg. 30.
46
Para finalizar, a resenha crtica deve apresentar uma anlise crtica do comeo ao fim. No se deve fazer o
resumo da obra e, ao concluir, apresentar a sua avaliao. Texto e resenhista dialogam da primeira ltima linha.
REPRODUO
e estreia de Maurcio Farias, com a participao dos atores Diogo Vilela,
Selton Mello, Ana Paula Arsio e grande elenco.
A narrao dos fatos entre Ponciano e Nogueira acontece em uma espcie de tribunal no qual ns,
expectadores, nos transformamos em jurados.
Em O coronel e o lobisomem, o cineasta Maurcio Farias conseguiu, de maneira notvel, dirigir a complexidade
e expressividade do personagem Ponciano de Azevedo Furtado, interpretado por Diogo Vilela.
Coronel de patente e fazendeiro, Ponciano um personagem sonhador, bomio, que se acha capaz de grandes
feitos, mas que na verdade no consegue realizar nada, um fantoche do seu prprio mundo.
47
De natureza mstica, muito devotado ao amor, brilhantes, marcados pela oratria e expressividade dos
tipo um Don Juan dos pastos, Ponciano acredita nos atores.
mistrios do mar e nas foras da natureza, carrega
O filme surpreende pelos recursos da computao
dentro de si uma humanidade e eloquncia grandiosas,
grfica usados na construo do lobisomem virtual e
caractersticas importantes para a potica do filme.
imagens modificadas do cu e de objetos.
Diogo saboreia o texto com humor e emoo, um ator
que cresce junto com o personagem. Ainda temos o privilgio de ouvir a trilha sonora de
um dueto magnfico entre Milton Nascimento e Caetano
Selton Mello, que interpreta Pernambuco Nogueira,
Veloso, que respira o encantamento da obra.
traz toda sua experincia que alinha e enriquece o
personagem. Leva-nos da compaixo ao dio, da O coronel e o lobisomem um filme para ser visto
inocncia astcia. do comeo ao fim, sem chance para o intervalo. Prende
nossa ateno pela prosa e poesia, pelo encanto da
Ana Paula Arsio interpreta a formosa prima
palavra, pelo conjunto mgico, imenso, complexo, que
Esmeraldina, que nos absorve pela suavidade
fala direto ao corao.
da representao. uma personagem sedutora,
enigmtica, nunca sabemos quem ela , tamanha sua O coronel e o lobisomem uma produo que
ambiguidade. merece ser aplaudida de p, mesmo que seja do sof
da sua casa.
Este filme, repleto de brasilidade e rico na prosa,
inova pelo clima mgico que a histria pede. Filmado Eu aplaudi.
nos arredores de Minas Gerais e Fernando de Noronha,
o cenrio retrata um mundo rural com ares palacianos,
bem como a beleza paradisaca desta ilha em meio a um
realismo fantstico.
1. Agora voc vai produzir uma resenha crtica sobre um livro ou um filme, game, pea de teatro, cano,
obra de arte, etc. Lembre-se de alguma obra que tenha sido marcante para voc ou que voc no tenha
gostado da histria.
2. Em uma folha, redija uma sinopse do objeto cultural, que contenha os elementos principais (enredo,
personagens, trilha sonora, direo, etc.). Coloque os dados da obra (autor, editora, nmero de
pginas, tempo de filme, etc.). Esses dados tambm figuraro ao longo do texto da resenha ou em um
espao final do texto.
48
3. Organize seu texto. Ele deve apresentar uma tese (a sua opinio), as informaes (j rascunhadas)
e os argumentos que defendem sua opinio. No se esquea de que seu ponto de vista deve vir
acompanhado de argumentos que o sustentem por meio de uma estratgia determinada por voc.
4. As crticas devem ser coerentes e comprovadas. Assim, justifique sua opinio apresentando
caractersticas do objeto de sua resenha. Voc pode citar trechos do livro ou de outras obras que sejam
relevantes. Vale lembr-lo que, no incio do livro-texto, voc vai encontrar o que uma resenha deve
conter.
49
Captulo IV
captulo IV
CHARGES, TIRAS E CARTUNS
Nesta unidade, voc ir analisar tirinhas, charges e cartuns. Entretanto, necessrio que voc saiba a diferena
entre eles. Ento, fique atento aos exemplos e aos conceitos.
Nesta unidade, voc vai analisar vrias imagens. Durante a leitura das imagens, verifique
alguns pontos:
FILLIPE
SAMAPAIO/
STF/ABR
A CHARGE faz uma stira (crtica sarcstica)
de acontecimentos atuais, geralmente na esfera
poltica, a fim de demonstrar indignao ou
insatisfao com a situao vigente. Alm disso, a
charge quase sempre se utiliza da caricatura para
delinear o(s) personagem(s) envolvidos. Isso pode ser visto na ilustrao do ministro Joaquim Barbosa (acima).
Nela, o martelo e a capa foram realados, o primeiro por meio de uma ampliao, indicando uma punio dolorosa
aos rus do mensalo, j a segunda foi diferenciada a fim de comparar o personagem com um heri, um justiceiro.
Disponvel: <https://umvestibulando.wordpress.com/2013/01/06/a-diferenca-entre-
charge-cartum-tirinha-e-caricatura/>. Acesso em: 17 mar. 2017.
50
Atividade
(Enem - 2013) As charges podem fazer uma crtica social, cultural ou poltica.
A charge revela uma crtica aos meios de comunicao, em especial internet, porque:
a) Questiona a integrao das pessoas nas redes virtuais de relacionamento.
b) Considera as relaes sociais como menos importantes que as virtuais.
c) Enaltece a pretenso do homem de estar em todos os lugares ao mesmo tempo.
d) Descreve com preciso as sociedades humanas no mundo globalizado.
e) Concebe a rede de computadores como espao mais eficaz para a construo de
relaes sociais.
O CARTUM tambm utiliza a
caricatura, porm, diferentemente da
charge, ele no retrata personagens
conhecidos e no tem como objetivo
satirizar uma situao atual,
simplesmente faz graa com uma
situao cotidiana. algo prximo de
uma piada. como se fosse uma crnica
do dia.
51
A TIRINHA uma sequncia de quadrinhos que geralmente faz uma crtica aos valores sociais. publicada
com regularidade. Veja:
Uma das questes fundamentais em relao anlise dos gneros textuais citados envolve ler, relacionar
e interpretar. Portanto, o aluno precisa ser leitor, ou seja, entrar em contato com textos diversos e perceber o
dilogo que eles suscitam. Leitura e conhecimento.
DICAS
CHARGES: mistura de imagem e humor, muitas vezes cido, geralmente escritas em linguagem
coloquial e de duplo sentido. As imagens das charges costumam estar relacionadas aos acontecimentos do
dia a dia. Portanto, fique bem informado. Leia sempre o jornal do dia.
TIRINHAS: compreender a mensagem e encontrar uma alternativa que a explique. Note que, s vezes, a
piada da tirinha tem muito mais a inteno de fazer refletir do que rir.
52
Agora que voc leu vrios exemplos, vamos praticar?
Resolva os exerccios abaixo:
Questo 1
53
b) Mafalda ope-se ao discurso da amiga Susanita e, por meio de suas feies em todos
os quadrinhos, percebe-se nitidamente seu descontentamento.
c) A linguagem verbal no contribui para o melhor entendimento da tirinha, pois todo
efeito de humor est contido na linguagem no verbal por meio da expresso exibida
por Mafalda no ltimo quadrinho.
d) Susanita apresenta um discurso de acordo com as teorias feministas que pregam
a libertao das prticas tradicionalmente atribudas mulher. Contudo, no ltimo
quadrinho, a personagem defende o uso de uma tecnologia que apenas refora os
padres tradicionais.
Questo 2
Sobre as charges e tirinhas, incorreto afirmar:
a) As charges so poderosos veculos de comunicao, constituindo um gnero que alia a
fora das palavras a imagens e muito bom humor.
b) No Brasil, a charge comumente utilizada com a inteno de tecer crticas polticas e
sociais, sempre preservando como trao predominante o humor.
c) Assim como nas charges, as tirinhas apresentam uma linguagem permeada pelo bom
humor, aliando as linguagens verbal e no verbal para a construo de sentidos do texto.
d) As charges e as tirinhas no podem ser consideradas como gneros textuais, visto que
a linguagem no verbal a linguagem predominante.
Questo 3
(Enem - 2009)
La vie en rose uma criao do cartunista Ado Iturrusgarai. Sua principal caracterstica a abordagem
bem humorada sobre temas do cotidiano.
54
b) Cuja linguagem se caracteriza por ser rpida e clara, que facilita a compreenso, como
se percebe na fala do segundo quadrinho:
[QUARDINHO].
c) Em que o uso das letras com espessuras diversas est ligado a sentimentos expressos
pelos personagens, como pode ser percebido no ltimo quadrinho.
d) Que possui em seu texto escrito caractersticas prximas a uma conversao
presencial, como pode ser percebido no segundo quadrinho.
e) Que a localizao casual dos bales nos quadrinhos expressa com clareza a sucesso
cronolgica da histria, como pode ser percebido no segundo quadrinho.
Atividade
Questo 4
Todo texto pressupe
A charge de Ivan Cabral foi utilizada na prova do Exame Nacional do etapas distintas e
Ensino Mdio de 2012. intercomplementares na
atividade da escrita:
Planejar
Escrever
Reescrever
55
b) ironia: para conferir um novo significado ao termo outra coisa.
c) homonmia: para opor, a partir do advrbio de lugar, o espao da populao pobre e o
espao da populao rica.
d) personificao: para opor o mundo real pobre ao mundo virtual rico.
e) antonmia: para comparar a rede mundial de computadores com a rede caseira de
descanso da famlia.
56
57
Leia a tirinha abaixo:
3. Leia:
[...] O desemprego caracterizado pela falta de trabalho remunerado, o que deixa famlias sem fonte
de renda e incapazes de garantir o prprio sustento. O desemprego um grave problema, pois resulta
no aumento da fome, da criminalidade e da vida indigna para os cidados [...]
Considerando ainda a tirinha de Mafalda e o texto acima, observa-se que ambos apontam para um
grave problema social. Em um texto de 8 a 10 linhas:
Explicite qual o problema criticado na tirinha e no texto.
Posicione-se em relao crtica de ambos os gneros textuais e justifique o ponto de vista
defendido por voc.
58
59
Leia, para responder as questes em forma de anlise dissertativa:
TEXTO I
A forma de organizao do texto aponta para uma oposio. Explique como o texto
foi organizado e qual a oposio a que se pode fazer referncia a partir da leitura
do texto.
Disponvel: <http://analisedecharges.blogspot.com.br/2016/11/3-exercicios-
de-linguagem-discurso-e.html>. Acesso em: 17 mar. 2017.
60
Essas foram atividades essenciais para ajud-
los nas avaliaes de vestibulares e Enem, pois
envolveram leitura, interpretao, relao e
conhecimento de mundo, alm da intertextualidade e
interdisciplinaridade. Estude e sempre leia esse gnero
textual que trata de imagens.
61
62
captulo V
Captulo V RESUMIR
Nesta unidade aprenderemos sobre o gnero textual "resumo". Nossa primeira dica : no adianta copiar,
preciso sintetizar. O resumo bem feito auxilia na interpretao de textos e livros, assim, acaba auxiliando na
aprendizagem. Entretanto, preciso dizer que apenas copiar tpicos relevantes e no compreend-los acaba
atrapalhando a coerncia da produo textual. importante que voc tenha autonomia e domnio de vocabulrio,
e tambm saiba utilizar a norma-padro da lngua para que seu texto produza sentido.
Nesta unidade, voc vai escrever um resumo. Durante a leitura dos textos de
interpretao, verifique alguns pontos:
a. o assunto, histria ou problema que est sendo abordado pelo autor;
b. o ponto de vista, a sequncia narrativa ou a tese apontada pelo autor;
c. as estratgias empregadas para chamar a ateno do leitor;
d. a organizao do texto.
DICA
"O resumo um gnero textual interessante para a otimizao de estudos e pesquisas,
uma vez que permite ao estudante reconhecer a importncia das tcnicas de fichamento, com
particular ateno elaborao de tpicos esquemticos e conceituais, de modo a sintetizar
aspectos significativos de um texto" (Juliana Romagnoli professora de portugus).
63
Na Esccia antiga, era a estrada prateada que conduzia ao castelo do rei do fogo. Os ndios primitivos
acreditavam que a Via Lctea era o caminho que os espritos percorriam at as suas aldeias, no Sol. O seu caminho
marcado pelas estrelas, que so fogueiras que as guiam ao longo do caminho.
TRIFF /
SHUTTERSTOCK.
COM
Resumo:
Existem vrias lendas acerca da Via Lctea. So vrios os povos, desde os gregos, os nrdicos e os ndios
primitivos, que interpretam a Via Lctea como um caminho, um rio celestial ou como guia das almas at o cu.
Disponvel: <http://arquivo.ese.ips.pt/nonio/cd_of/img_menu/materiais/fazeresumos.pdf>. Acesso em: 17 mar. 2017.
O RESUMO
O gnero textual resumo caracteriza-se por ser uma sntese de um texto maior priorizando os tpicos
principais, sem juzo de valor ou comentrios. Trata-se de um texto cujo objetivo informar o que h de mais
relevante em um texto. Etimologicamente, uma volta (re) ao sumo ( essncia) do texto original.
Ao sintetizar, o aluno tambm analisa o texto e seleciona as partes principais. Essa sntese a autonomia
do pensar, pois ela feita com as prprias palavras, enquanto no resumo se preservam as palavras do texto de
origem. No h problema algum em utilizar sinnimos ou expresses equivalentes s do original. Essencial no
acrescentar informaes novas. O resumo uma reduo, e no uma interpretao de outro texto.
Se o texto resumido for narrativo, importante conservar os elementos de causa e sequncias de tempo; se
for descritivo, os aspectos visuais e espaciais; se dissertativo, necessrio manter a organizao e construo das
ideias.
De forma geral, h trs estratgias que podemos utilizar na composio do nosso resumo:
3. Construo: consiste em substituir uma sequncia de fatos ou proposies por uma nica, que possa ser
presumida a partir delas, tambm baseando-se no significado.
Maria comprou farinha, ovos e leite. Foi para casa, ligou a batedeira, misturou os
ingredientes e colocou-os no forno.
Todas essas aes praticadas por Maria nos remetem a uma sntese:
Maria fez um bolo.
RIVETTI /
SHUTTERSTOCK.
COM
sublinhar as palavras ou frases que expressam as ideias mais
importantes enquanto voc estiver lendo o texto. Depois, junte as
informaes, forme o texto e aplique as estratgias mencionadas
anteriormente.
Concluindo, o gnero textual resumo um texto tcnico que serve como medidor do poder de sntese do
estudante. Importante concentrar-se na condensao e fidelidade do texto original. No escreva comentrios ou
julgamentos, nem mesmo transcreva partes ou frases completas do texto de origem.
65
Resumo e resenha: h diferena?
SIM!!! Daniella Rodrigues, professora, aponta, de
MINERVA
STUDIO /
SHUTTERSTOCK.
COM
maneira geral, como uma diferena bsica entre as tcnicas
de resumo e resenha: a opinio. O primeiro, diz, tem como
caracterstica a sntese de um "texto-fonte, sem a
presena de comentrios avaliativos do autor do resumo.
J a resenha tem como objetivo principal uma
avaliao crtica do objeto resenhado, ou seja, um texto
opinativo.
Disponvel: <https://vestibular.uol.com.br/noticias/redacao/2015/03/24/so-copiar-nao-adianta-
diz-professor-veja-dicas-para-fazer-um-bom-resumo.htm>. Acesso em: 17 mar. 2017.
Leia:
PIM PIC /
SHUTTERSTOCK.
COM
(03/08/2016), com atraso, no Brasil, o jogo
Pokmon Go. Disponvel para IOS e Android, o
game utiliza uma plataforma revolucionria, onde usa sua
localizaoparaquevocpossacaarvriosPokmons
espalhados por lugares reais. O novo fenmeno entre o s
jovens e adultos j est sendo alvo de crticas,
muitos jovens esto sendo assaltados, atropelados e
outras situaes. Entretanto, com a vinda de um jogo
revolucionrio, tambm surgem alguns benefcios.
Coincidentemente, ontem fiquei sem o carro, e decidi fazer o meu percurso caminhando. Aproveitei ento
para iniciar o aplicativo e comecei a caar os falados Pokmons no trajeto at o meu trabalho. Desde que os
celulares inteligentes surgiram, a relao entre as pessoas comeou a se tornar escassa e precria. fato. Com
um jogo para celular tambm poderamos concluir um distanciamento das pessoas, certo? Mas no. As ruas foram
tomadas de jovens conversando e discutindo sobre o game.
O jogo traz as chamadas Pokstops, lugares da vida real onde voc pode encontrar alguns itens importantes
e tambm pode capturar alguns Pokmons. Aqui, encontrei um Pokstop em uma praa. Em dias comuns, uma
praa vazia e sem movimentao aparente. Quando passei, a praa estava surpreendentemente cheia. Os jovens
davam risadas enquanto conversavam sobre os avanos no jogo e compartilhavam uma rede 3G entre eles.
66
Andei mais um pouco e encontrei um rapaz ajudando uma outra pessoa, que no conseguia capturar um
Pokmon. Ele estava tentando ajudar de uma maneira mais fcil. Tal cumplicidade nunca vista antes.
Cheguei a uma concluso de que, no importa sua idade, nem sua posio sobre os malefcios do uso de
celulares, Pokmon Go trouxe benefcios jamais vistos. Por isso se tornou revolucionrio. Utilizando de uma
modalidade de jogo completamente inovadora, conseguiu unir pessoas. Existiram casos de assalto envolvendo
jogadores? Sim. Existiram jovens atropelados enquanto estavam jogando? Tambm. Amizades foram criadas?
Tambm sim. Cooperao e cumplicidade, jamais antes vistas, foram encontradas? Surpreendentemente sim.
Que possamos jogar todos com cautela e que tambm possamos aproveitar este fenmeno para tirar apenas seus
aspectos positivos, que esto surgindo a cada dia mais.
Fonte: Pedro Xavier - pedagogo, amante da leitura e da escrita, sonhador e um
mero musicista tentando transformar emoes em msicas.
67
68
Captulo VI captulo VI
D I S S E R TA R ( E D I TO R I A L )
Voc ir ler um texto cujo tema a violncia domstica. Trata-se da histria de Maria da Penha Maia Fernandes,
biofarmacutica que lutou para que seu agressor viesse a ser condenado. Com 71 anos e trs filhas, hoje ela lder
de movimentos de defesa dos direitos das mulheres, vtima emblemtica da violncia domstica.
Em 1983, seu marido tentou mat-la duas vezes. Na primeira vez, atirou simulando um assalto, na segunda
tentou eletrocut-la. Por conta das agresses sofridas, Penha ficou paraplgica. Dezenove anos depois, seu
agressor foi condenado a oito anos de priso. Por meio de recursos jurdicos, ficou preso por dois anos. Solto em
2004, hoje est livre.
O episdio chegou Comisso Interamericana dos Direitos Humanos da Organizao dos Estados
Americanos (OEA), e foi considerado, pela primeira vez na histria, um crime de violncia domstica. Em 7 de
agosto de 2006, foi sancionada pelo ex-presidente do Brasil, Luiz Incio Lula da Silva, a Lei Maria da Penha, na
qual h aumento no rigor das punies s agresses contra a mulher, quando ocorridas no ambiente domstico
ou familiar. Leia, a seguir, o editorial que trata sobre os sete anos de implementao dessa lei.
Nesta unidade, voc vai escrever um texto dissertativo-argumentativo. Durante a leitura dos
inquestionvel que a Lei da Maria da Penha, em vigor h sete anos, representou um avano no enfrentamento
da violncia domstica contra a mulher. Mas tambm frustrante saber que as medidas previstas para a
preveno e para a punio dos agressores no contriburam para a reduo de assassinatos. Um estudo do
69
Instituto de Pesquisa Econmica Aplicada (Ipea) mostra que, no perodo entre os anos de 2001 e 2006, a taxa de
mortalidade por 100 mil mulheres foi de 5,28. E no mudou nada com a implementao da lei, ficando em 5,22
entre 2007 e 2011. No esto disponveis dados mais recentes, mas provvel que a tendncia de manuteno
dos indicadores tenha sido constante.
No h como ser indiferente informao de que uma mulher morta no pas a cada uma hora e meia. As
constataes do estudo no podem servir, no entanto, para que se lancem dvidas sobre a importncia da lei.
A legislao segue padres de pases democrticos e civilizados, e o Brasil aderiu tardiamente s normas de
conduta que tentam reduzir as agresses. O que se conclui que, a partir das estatsticas, todas as instituies das
quais depende o cumprimento efetivo da legislao tero que reconsiderar condutas. Como outras estatsticas
mostram que a lei provocou um aumento no nmero de notificao de agresses, a falha est, tambm nesse
caso, na impunidade. As mulheres acreditaram na fora da lei e passaram a procurar proteo, mas o Estado falha
nas estruturas de Polcia, do Ministrio Pblico e da Justia.
A situao grave, porque, alm da violncia domstica, tambm outras formas de agresso continuam
prosperando, como os estupros atestados pelas ocorrncias registradas pelo SUS. A violncia contra a mulher
apresenta outro componente que amplia o desafio posto ao setor pblico: a grande maioria das espancadas,
estupradas ou mortas pertencem s camadas de baixa renda. So vtimas dos agressores e da precariedade do
Estado que deveria proteg-las.
LEREMY /
SHUTTERSTOCK.
COM
DICA
O editorial um gnero textual utilizado na imprensa, especialmente em jornais e revistas,
que tem por objetivo informar, mas sem obrigao de ser neutro, indiferente. No apresenta
a opinio pessoal do autor (que escreveu), mas a opinio do prprio jornal ou do rgo de
imprensa que responde pelo texto.
70
Disponvel em: <http://brasilescola.uol.com.br/redacao/o-editorial.htm>. Acesso em: 17 mar. 2017.
Leia:
importante ressaltar a relevncia de as mulheres no ficarem em silncio em casos de assdio e agresso,
nem deixar as denncias apenas nos posts nas redes sociais. Apesar do medo e do constrangimento, deve-se
procurar ajuda!
O EDITORIAL
importante, em um texto dissertativo-argumentativo como o editorial, que sejam citadas opinies que
ratificam a do autor ou dados que o faam (Conforme editado em / Segundo / De acordo com).
Lembre-se de que o editorial um texto que exprime a opinio de um determinado jornal ou de uma revista.
Neste exerccio, voc ir produzir um texto dissertativo-argumentativo.
71
Nesta unidade, voc leu um texto dissertativo sobre violncia contra a mulher, tanto na linguagem verbal
quanto na linguagem no verbal, e conheceu informaes e posicionamentos em relao a esse tipo de
violncia.
Agora pesquise mais sobre o tema. A sua pesquisa pode contribuir para voc entender melhor o tema da
violncia de gnero. Escreva um texto de 15 a 20 linhas sobre a violncia contra a mulher. No se esquea de
dar um ttulo sua produo textual.
72
73
Captulo VII
captulo VII
D I S S E R TA R ( PA R T E I I )
Nesta unidade tambm falaremos sobre o texto dissertativo-argumentativo, pedido nos exames do Enem.
Preste ateno s dicas e mos obra.
RAFAL
OLECHOWSKI /
SHUTTERSTOCK.
COM
DICA
importante salientar que o texto exigido pelo Enem composto pela seguinte estrutura:
a. Introduo
b. Desenvolvimento
c. Concluso
Para o professor Elinton Loureno, a dissertao o formato textual em que colocamos nossas ideias,
tentando prov-las ou defend-las, para persuadir o leitor.
74
Demonstrar conhecimento dos Diz o professor Loureno que o que faz os alunos
mecanismos lingusticos necessrios perderem nota a proposta de interveno. A maioria
para construir a argumentao. no apresenta uma soluo para o problema.
Elaborar proposta de interveno para A nossa recomendao que voc apresente uma
o problema respeitando os direitos ou duas solues, pelo menos duas propostas, uma a
humanos. curto prazo, outra a mdio e/ou longo prazo. Aproveite
para enriquecer seu material (usando entidades como
governo, famlia, escola ou mdia) com informaes
pertinentes e inteligentes. So dois corretores de
provas, e a nota por competncia vai de 0 a 200,
totalizando 1000.Em relao parte de contedo,
primeiro voc precisa identificar e apresentar o
problema. A tese corresponde sua opinio sobre o
assunto da proposta e precisa ser escrita de forma clara
e objetiva. Ao argumentar, necessrio expor fatos
e informaes coerentes que ajudem a defender sua
tese ( preciso convencer o leitor de que a soluo
deste problema interessa coletividade).A proposta
de interveno trata de uma soluo concreta e efetiva,
que respeite os direitos humanos.
75
TEXTO I
Art. 149 Reduzir algum a condio anloga de escravo, quer submetendo-o a trabalhos forados ou
a jornada exaustiva, quer sujeitando-o a condies degradantes de trabalho, quer restringindo, por qualquer
meio, sua locomoo em razo de dvida contrada com o empregador ou preposto:
Pena recluso, de dois a oito anos, e multa, alm da pena correspondente violncia.
I cerceia o uso de qualquer meio de transporte por parte do trabalhador, com o fim de ret-lo no local
de trabalho;
Art. 203 Frustrar, mediante fraude ou violncia, direito assegurado pela legislao do trabalho:
Pena deteno, de um ano a dois anos, e multa, alm da pena correspondente violncia.
II impede algum de se desligar de servios de qualquer natureza, mediante coao ou por meio da
reteno de seus documentos pessoais ou contratuais.
2 A pena aumentada de um sexto a um tero se a vtima menor de dezoito anos, idosa, gestante,
indgena ou portadora de deficincia fsica ou mental.
Art. 207 Aliciar trabalhadores, com o fim de lev-los de uma para outra localidade do territrio nacional:
1 Incorre na mesma pena quem recrutar trabalhadores fora da localidade de execuo do trabalho,
dentro do territrio nacional, mediante fraude ou cobrana de qualquer quantia do trabalhador, ou, ainda,
no assegurar condies do seu retorno ao local de origem.
2 A pena aumentada de um sexto a um tero se a vtima menor de dezoito anos, idosa, gestante,
indgena ou portadora de deficincia fsica ou mental.
77
Proposta de Redao
A partir da leitura do conjunto dos textos desta prova e de suas prprias reflexes, redija um texto
argumentativo-dissertativo, em prosa, com 20 a 30 linhas, em que apresente seu posicionamento acerca
da necessidade de conhecer experincias histricas de violncia e opresso, para a construo de uma
sociedade mais democrtica. Utilize a norma-padro da lngua e atribua um ttulo sua redao.
78
79
Leia um exemplo de texto argumentativo para o Enem: trata-se de um trecho de
O Navio Negreiro, de Castro Alves. Ele aborda o tema do racismo.
DICA
Imagem de abertura, como ilustrao para o tema: cena cotidiana, episdio histrico, cena de cinema, TV,
letra de msica e literatura.
EVERETT
HISTORICAL /
SHUTTERSTOCK.
COM
Em boa parte, tal negao acerca da existncia de racismo no Brasil se d pautada em um processo de
colonizao rico em intercmbio cultural (...). O vis democrtico, todavia, se resume questo de o pas e
o brasileiro ser caudatrio de vrias culturas, e no ao fato de etnias por aqui terem o mesmo acesso a bens e
direitos.
Isso se constata em dados oficiais. Se por um lado o IBGE apontou, pela primeira vez na histria, mais da
negros, em contrapartida aos 1% de professores universitrios que levam o colorido para as universidades, em
80
DICA
Apresentao do tema: racismo no Brasil (situao-problema cuja soluo consiste
em ampliao da cidadania). Argumentao: utilizada para provar a gravidade do
problema(vrios dados extrados da coletnea que acompanha a proposta).
imprescindvel que se atue na esfera educacional. Quanto mdia e aqui se destacam redes sociais cabe
veiculao de campanhas e denncias de casos de racismo, escola cabe discutir o preconceito no como um fato
histrico restrito escravido, mas uma mazela atual. As aulas de Histria podem, desde o ensino fundamental,
fazer a analogia entre casos do passado e atos racistas atuais (...).
DICA
Propostas de interveno ou minimizao do problema e consequente ampliao da
cidadania ao grupo em questo.
Enfim, com uma responsabilidade compartilhada e uma racionalidade no trato com a questo do preconceito
tnico, quem sabe consigamos o que Castro Alves h tempos desejou: apagar tanto horror perante o cu.
81
linhas. Sua opinio importante;
PROPOSTA DE REDAO
A partir da leitura dos textos motivadores seguintes, e com base nos conhecimentos construdos ao longo de
sua formao, redija um texto dissertativo-argumentativo em norma-padro da lngua portuguesa sobre o tema
Publicidade infantil em questo no Brasil, apresentando proposta de interveno que respeite os direitos
humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu
ponto de vista.
Texto I
A aprovao, em abril de 2014, de uma resoluo que considera abusiva a publicidade infantil, emitida pelo
Conselho Nacional de Direitos da Criana e do Adolescente (Conanda), deu incio a um verdadeiro cabo de guerra
envolvendo ONGs de defesa dos direitos das crianas e setores interessados na continuidade das propagandas
dirigidas a esse pblico.
Elogiada por pais, ativistas e entidades, a resoluo estabelece como abusiva toda propaganda dirigida
criana que tem a inteno de persuadi-la para o consumo de qualquer produto ou servio e que utilize aspectos
como desenhos animados, bonecos, linguagem infantil, trilhas sonoras com temas infantis, oferta de prmios,
brindes ou artigos colecionveis que tenham apelo s crianas.
Ainda h dvidas sobre como ser a aplicao prtica da resoluo. E associaes de anunciantes, emissoras,
revistas e de empresas de licenciamento e fabricantes de produtos infantis criticam a medida e dizem no
reconhecer a legitimidade constitucional do Conanda para legislar sobre publicidade e para impor a resoluo
tanto s famlias quanto ao mercado publicitrio. Alm disso, defendem que a autorregulamentao pelo Conselho
Nacional de Autorregulamentao Publicitria (Conar) j seria uma forma de controlar e evitar abusos.
82
Texto II
Texto III
Precisamos preparar a criana, desde pequena, para receber as informaes do mundo exterior, para
compreender o que est por trs da divulgao de produtos. S assim ela se tornar o consumidor do futuro,
aquele capaz de saber o que, como e por que comprar, ciente de suas reais necessidades e consciente de suas
responsabilidades consigo mesma e com o mundo.
SILVA, A. M. D.; VASCONCELOS, L. R. A criana e o marketing: informaes essenciais para proteger
as crianas dos apelos do marketing infantil. So Paulo: Summus, 2012 (adaptado).
O texto III revelava um fragmento de livro cuja inteno, por meio da informao,
era proteger as crianas dos apelos do marketing infantil, preparando-a para torn-
la um consumidor consciente, j que o Brasil, os Estados Unidos e a Austrlia adotam
a autorregulamentao em relao publicidade. A pergunta : at que ponto as
83
crianas, envoltas em um mundo de realidade e fantasia, seriam capazes de compreender-se como seres
passveis de manipulao?
Pensando sobre as propostas de interveno, podemos sugerir, a partir do Congresso Nacional, a criao de leis
regulamentadoras para evitar abusos e proteger os pais do mercado lucrativo voltado ao pblico infantil. Tambm
poderamos sugerir, dentro do espao escolar, palestras, trabalhos, leituras que envolvessem pais, professores
e outros profissionais, para apresentar s crianas as ferramentas utilizadas pela indstria do marketing para
potencializar consumidores. Assim, a famlia e a escola estariam contribuindo para a formao de consumidores
crticos e responsveis.
Trouxemos para voc um exemplo de redao nota 1000 Enem 2014, da candidata Larissa Freisleben.
Os nazistas j conheciam os efeitos de uma boa publicidade: so inmeros os casos de pais delatados pelos
prprios filhos o que mostra a facilidade com que as crianas so influenciadas. Essa vulnerabilidade maior
at os sete anos de idade, quando a personalidade ainda no est formada. Muitas redes de lanchonetes, por
exemplo, valem se disso para persuadir seus jovens clientes: seus produtos vm acompanhados por brindes e
brinquedos. Assim, muitas vezes a criana acaba se alimentando de maneira inadequada, na nsia de ganhar um
brinquedo.
Observe o repertrio da candidata ao citar um fato histrico.
Todo texto pressupe
A publicidade interfere no julgamento das crianas. No entanto,
etapas distintas e
censurar todas as propagandas no a soluo. preciso, sim, que haja uma
intercomplementares na
regulamentao para evitar a apelao abusiva tarefa destinada aos rgos
atividade da escrita:
responsveis. No caso da alimentao, a questo especialmente grave, uma
vez que pesquisas mostram que os hbitos alimentares mantidos at os dez Planejar
anos de idade so cruciais para definir o estilo de vida que o indivduo ter quando Escrever
adulto. Uma boa soluo, nesse caso, seria criar propagandas enaltecendo o Reescrever
consumo de frutas, verduras e legumes.
84
Observe a proposta de interveno. Ela muito importante, j que revela o
posicionamento da candidata de maneira impessoal, ou seja, a soluo coletiva.
Contudo, nenhum controle publicitrio ou bom exemplo sob a forma de um desenho animado
suficiente sem a participao ativa da famlia. essencial ensinar as crianas a diferenciar bons produtos de
meros golpes publicitrios. Portanto, em se tratando de propaganda infantil, assim como em tantos outros
casos, a educao vinda de casa a melhor soluo.
Observe mais uma proposta de interveno envolvendo a famlia. Texto
objetivo, claro e conciso, domnio da norma culta e repertrio.
Proposta:
TEXTO I
Nunca todo o mundo disps de tantos meios de comunicaes. Todo mundo pode pegar um pedao de
informao e compartilhar vontade, no Facebook, WhatsApp, blog, Tumblr, diz Edney Interney Souza,
consultor de mdias sociais. Temos uma propagao sofisticada em uma sociedade que no apura e que
tende a acreditar em qualquer nota que tem a estrutura de uma notcia tradicional, afirma.
Essas informaes falsas se espalham com rapidez, particularmente em torno de breaking news,
quando h muitas novas informaes circulando ao mesmo tempo e fica difcil identificar o que verdade ou
no, diz Scott Lamb, vice-presidente do BuzzFeed, site especializado em notcias virais.
85
Empresas e figuras pblicas podem ser prejudicadas por notcias infundadas. No ano passado, viralizou a
histria de que pedaos de rato haviam sido encontrados em uma garrafa de Coca-Cola.
A empresa desmentiu, em comunicado, a histria, que teve origem em uma matria de televiso. A
Justia negou o pedido de indenizao ao homem que teria encontrado o roedor, por considerar que havia
fortes indcios de fraude.
TEXTO II
86
TEXTO III
TEXTO IV
87
Proposta: a partir da leitura dos textos motivadores
seguintes, e com base nos conhecimentos
construdos ao longo de sua formao, redija
um texto dissertativo-argumentativo em
normapadro da lngua portuguesa sobre o tema:
As consequncias do aumento de casos de
microcefalia no Brasil. Apresente proposta de
interveno que respeite os direitos humanos.
Selecione, organize e relacione, de forma coerente e
coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto
de vista.
TEXTO I
A Organizao Mundial de Sade (OMS) e
autoridades mdicas se dizem intrigadas com o fato
de os casos de microcefalia aparentemente serem
muito mais numerosos no Brasil do que em outros
pases afetados pela epidemia de zika.
88
apenas 20 desses reportaram ms-formaes no sistema nervoso de bebs associadas ao vrus. Diversas
teorias procuram explicar a razo dos altos ndices de microcefalia observados particularmente no Brasil,
mas at o momento nenhuma conclusiva.
O argumento mais aceito era de que os surtos haviam iniciado anteriormente no Brasil e se alastrado
para o resto da Amrica Latina, portanto, seria apenas uma questo de tempo at a microcefalia atingir
altos nmeros na regio como um todo. Para o virologista da USP Paolo Zanotto, a cepa (linhagem)
do vrus, o lapso do tempo desde o incio da epidemia, a interao com outras doenas e as condies
socioeconmicas so os fatores mais provveis por trs da discrepncia.
Disponvel em: <http://www.bbc.com/portuguese/brasil-37262928>. Acesso em 25 maio 2017.
TEXTO II
O Ministrio da Sade vai treinar pais e especialistas para lidar com a microcefalia. A recomendao
que, em caso de suspeita da doena, antes mesmo dos exames, os pais j sejam encaminhados para
os servios especializados na estimulao de crianas. Bebs de 724 municpios brasileiros podem
ter microcefalia relacionada ao vrus zika. So mais de 3.500 recm-nascidos que ainda no tiveram o
diagnstico confirmado por exames.
Beltrame.
TEXTO III
A porta-voz da ONU, Cecille Pouilly disse, em entrevista BBC Brasil, que a epidemia de zika
representou, de certa forma, uma oportunidade para que uma srie de questes relacionadas aos
direitos reprodutivos da mulher fosse revista. Segundo a OMS, 1 milho de abortos ilegais so feitos por
ano no pas e matam uma mulher a cada dois dias. Por ano, de acordo com o Sistema nico de Sade,
mais de 200 mil so internadas no SUS com complicaes ps-aborto.
89
O ZIKA
Veja informaes sobre sintomas do vrus, microcefalia Tamanho sem
e o mosquito transmissor microcefalia
Sintomas do zika
Com microcefalia:
Durao: 3 a 7 dias
circunferncia igual
ou menor a 32 cm
Febre baixa Microcefalia
M-formao da cabea
e do crebro, que pode ser
Conjuntivite causada por drogas
consumidas pela gestante,
ou por agentes biolgicos
(vrus ou bactrias)
Pode causar deficincias mentais e de aprendizado,
e em casoso extremos, pode levar morte.
90
Proposta: a partir da leitura dos textos motivadores seguintes, e com base nos
conhecimentos construdos ao longo de sua formao, redija um texto dissertativo-
argumentativo em normapadro da lngua portuguesa sobre o tema A questo da
depresso e seus impactos na sociedade contempornea. Apresente proposta de
interveno que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma
coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.
TEXTO I
MAPA DA DEPRESSO
Estudo divulgado em 2011 mostra que o Brasil o terceiro pas mais deprimido
do mundo. Pesquisa feita com mais de 89 mil pessoas com mais de 18 anos, em
18 pases, mostra o percentual da populao com pelo menos um episdio
depressivo durante a vida.
8.o Colmbia
13,3% 9%
3. Brasil
o
14. frica do Sul
o
17,8%
Mdia de casos de depresso em pases em desenvolvimento 11,1%
Mdia em pases mais desenvolvidos 14,6%
91
TEXTO II
Se, durante o sculo XIX e comeo do XX, a histeria era a forma mais evidente de sofrimento, no sculo
XXI esse espao foi tomado pela depresso. Expressa na ausncia de vontade e de projetos futuros, no
exagero cham-la de epidemia. Em 2000, um relatrio da Organizao Mundial da Sade j previa que 15% da
fora de trabalho mundial abandonaria seus postos por motivos relacionados doena. No Brasil, o nmero
de quadros depressivos cresceu impressionantes 705% em 16 anos. O problema atinge principalmente a
juventude.
TEXTO III
A descoberta de um exame capaz de diagnosticar a depresso foi anunciada em setembro de 2014
por um grupo de pesquisadores da Universidade Northwestern, nos Estados Unidos. Segundo o estudo,
publicado no peridico especializado Translational Psychiatry, possvel identificar a doena por meio de
marcadores biolgicos encontrados no sangue. Foram examinados 64 voluntrios e os resultados foram
promissores. Agora, os autores se preparam para uma segunda fase de testes: a ideia validar o achado com
uma populao maior de pacientes.
Disponvel em: <www.imaginie.com/temas/o-aumento-da-depressao-
entre-os-jovens-no-brasil/>. Acesso em: 17 mar. 2017.
92
93
Proposta: A partir da leitura dos textos motivadores seguintes, e com base nos conhecimentos
construdos ao longo de sua formao, redija um texto dissertativo-argumentativo em
normapadro da lngua portuguesa sobre o tema O avano do agronegcio e os reexos
no meio ambiente. Apresente proposta de interveno que respeite os direitos humanos.
Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de
seu ponto de vista.
Texto I
Uma situao favorvel, portanto, seria que o estado confiscasse os danos da produo
agroindustrial ao meio ambiente. E para efetivar as aes estatais, os grandes donos
de agronegcios deveriam se aliar a empresas sustentveis, na tentativa de exercer a
94
sustentabilidade no pas, plantando novas terra, como o cultivo em pequena escala, agricultura
rvores no local de cada uma que foi retirada mista e infraestrutura, responderam juntos pelos
Pecuria
No Brasil, o cultivo comercial foi responsvel
por cerca de 10% do desflorestamento no perodo
analisado. A principal causa de desmatamento no
pas continua sendo a pecuria, cujo ndice, maior da
regio, chega a 80%. Outras formas de explorao da
95
Texto III
96
Proposta: a partir da leitura dos textos mais da metade dos entrevistados continua sendo
motivadores seguintes, e com base nos favorvel s ciclovias e ciclofaixas.
conhecimentos construdos ao longo de A Associao dos Ciclistas Urbanos de So Paulo
sua formao, redija um texto dissertativo- (Ciclocidade), por sua vez, mostra que o nmero
argumentativo em normapadro da lngua de ciclistas que utilizam a ciclovia da Avenida Paulista
portuguesa sobre o tema: A crescente mais que dobrou, passando de 977 em 2014 para
crise da mobilidade urbana brasileira. 2.112 em 2015. Esse aumento pode ser atribudo
Apresente proposta de interveno que ao fato de as pessoas se sentirem mais seguras
respeite os direitos humanos. Selecione, para utilizar as vias ciclveis da cidade, quando a
organize e relacione, de forma coerente e infraestrutura possibilita o uso da bicicleta.
coesa, argumentos e fatos para a defesa de
Segundo a pesquisa realizada pelo IBOPE,
seu ponto de vista.
a lotao nos nibus da cidade de So Paulo
aumentou de 36% em 2014 para 59% neste ano, o
Texto I que pode ser um reflexo do aumento na quantidade
e na frequncia de pessoas que passaram a utilizar
A relao entre os moradores da cidade de
o transporte pblico, considerando que houve
So Paulo e o automvel ainda extremamente
uma reduo no uso do automvel. Dentre os
forte, e o deslocamento por esse tipo de veculo
pesquisados que utilizam o carro como meio de
, e deve continuar sendo, a principal forma que
transporte todos ou quase todos os dias em seus
seus cidados encontraram de exercer o direito de
deslocamentos, houve uma reduo de 11% no
ir e vir. Essa a concluso a que chegamos, aps
uso do veculo. Caiu de 56% em 2014 para 45%
analisar as pesquisas divulgadas sobre a poltica de
em 2015.
mobilidade adotada pelo poder municipal, e nos
ajuda a entender os rumos da ocupao da cidade. A baixa qualidade dos servios prestados
pelas empresas de nibus e a falta de infraestrutura
Passados mais de trs meses da inaugurao dos transportes sobre rodas e das vias ciclveis,
da ciclovia da Avenida Paulista e dos estudos e na cidade, pode ser uma das justificativas para
discusses sobre a abertura de vias da cidade aos que os cidados ainda no tenham optado por
pedestres, pesquisa sobre Mobilidade Urbana feita outras formas de deslocamento, seja por nibus
pelo IBOPE a pedido da Rede Nossa So Paulo e da ou mesmo por bicicletas. Isto porque cerca de
Fecomrcio/SP (Federao do Comrcio de Bens, 90% dos entrevistados pelo IBOPE se mostraram
Servios e Turismo do Estado de So Paulo) mostra favorveis construo e ampliao de corredores
que o percentual de pessoas favorveis s ciclovias e faixas exclusivas de nibus. Chama ateno ainda
caiu de 87% em 2014, para 59% em 2015. Apesar outro dado da pesquisa: 83% dos entrevistados
da queda considervel, importante ressaltar que deixariam de utilizar o automvel com certeza e/
97
ou provavelmente caso houvesse uma alternativa que, no final de semana, no leva cinco minutos,
de transporte pblico que estivesse de acordo apontou o bombeiro, que percebe um aumento
com as suas expectativas. [] maior de veculos nos ltimos trs anos.
98
pesquisadora, tambm especialista em planejamento urbano saudvel, afirma que o aumento da frota
tem impactado diretamente na sade da populao. Deveria haver normas mais rgidas para que os carros
sassem das fbricas com aspectos mais ecologicamente corretos. E, no mesmo compasso, deveramos usar
transportes saudveis e sustentveis, como a bicicleta. No uma matemtica impossvel de calcular, basta
todos os setores da sociedade pensarem juntos e tomarem a iniciativa de mudar a questo de mobilidade
nos grandes centros.
Disponvel em: <http://correio.rac.com.br/_conteudo/2015/01/capa/campinas_e_rmc/232851-transito-
esta-a-beira-do-colapso-e-cor reio-risco-de-travar-em-8-anos.html>. Acesso em: 17 maio 2017.
Texto III
99
Proposta: a partir da leitura dos textos so produtos que tm muitssimo acar. Fora isso,
motivadores seguintes, e com base nos preciso lembrar que os alimentos mais baratos so
conhecimentos construdos ao longo de os que mais engordam.
sua formao, redija um texto dissertativo-
BBC Brasil E como isso prejudicial?
argumentativo em normapadro da lngua
portuguesa sobre o tema: Obesidade: Coutinho um fenmeno chamado de
problema de sade ou problema social? transio nutricional, em que as pessoas que
Apresente proposta de interveno que conseguem superar a falta de alimentos comeam
respeite os direitos humanos. Selecione, a ter acesso aos produtos mais baratos, que
organize e relacione, de forma coerente e costumam ser altamente industrializados. Sair
coesa, argumentos e fatos para defesa de do supermercado com saquinho de batata frita,
seu ponto de vista. salgadinhos, biscoitos e chocolates mais barato
do que comprar frutas e verduras. A populao de
Texto I baixa renda tambm costuma ter menos tempo e
Entrevista da BBC BRASIL com o infraestrutura para praticar atividade fsica.
endocrinologista brasileiro Walmir Coutinho, que BBC Brasil Quais os principais impactos
preside a World Obesity Federation. em algum que passa pela infncia sendo
BBC Brasil O que significa ter metade obeso?
das crianas pequenas brasileiras comendo Coutinho A obesidade traz problemas
bolachas e boa parte delas bebendo graves como hipertenso arterial, problemas
refrigerante e suco artificial? osteoarticulares em partes do corpo como joelho,
Coutinho Esses dados do a medida de uma coluna e tornozelo, alm de asma e diabetes. Mas
tendncia que outros estudos j haviam mostrado. tambm h o lado psicolgico, que muitas vezes
O consumo excessivo de alimentos e bebidas pouco subvalorizado. As pessoas no se do conta do
saudveis hoje um problema serssimo no Brasil. impacto psicolgico de apelidos dados a essas
E, se continuarmos nesse ritmo de crescimento crianas, do isolamento em que elas vivem e de
da obesidade, seremos o pas com mais obesos do esteretipos como o menino gordinho que s pode
mundo em 15 anos. jogar no gol, por exemplo. So situaes que causam
traumas que podem ser levados para a vida adulta.
BBC Brasil Olhando o lado da alimentao
Publicao em 26.8.15
da criana brasileira, quem so os principais
Disponvel em: http://www.bbc.com/portuguese/
viles atualmente? noticias/2015/08/150826_obesidade_
infantil_mdb; Acesso em: 18 fev. 2017.
Coutinho H os viles invisveis, especialmente
suco de fruta artificial e iogurte. O pai e a me acham
que esto dando algo saudvel para as crianas, mas
100
Texto II endocrinologista Lcio Veloso, professor da Unicamp
e pesquisador de mecanismos da obesidade.
Desde que o pnico sobre o aumento de peso da
Disponvel em: <http://super.abril.com.
populao emergiu, na dcada de 1990, essa viso br/ciencia/onde-os- gordos-nao- tem-
vez>. Acesso em: 17 mai. 2017.
negativa das pessoas gordas tem se intensificado, diz
a sociloga australiana Deborah Lupton, professora Texto III
da Universidade de Sydney e autora de Fat (Gordo,
Claire Walker Johnson vivia no Queens, em
no lanado no Brasil). O livro, publicado em 2012,
Nova York, e era um mistrio para a medicina. No
analisa como tem se espalhado um estigma sobre
importa o quanto comesse, ela nunca ganhava peso.
os cidados acima do peso, vistos como pessoas
Entretanto, Claire, de rosto fino e delgado, tinha os
gananciosas, sem autocontrole, desorganizadas, at
mesmos problemas enfrentados por muitas pessoas
grotescas.
obesas diabetes tipo 2, presso sangunea elevada,
Na TV, gordos so ridicularizados, sofrendo colesterol elevado e, o pior de tudo, um fgado cheio
para fazer dieta e se exercitar em frente s cmeras. de gordura.
Fala-se de uma epidemia de obesidade, e gordos
Ela e um grupo muito pequeno de pessoas
recebem olhares de desaprovao, como se fossem
magras deram pistas surpreendentes aos cientistas
emissrios da peste negra. Companhias areas e
a respeito de uma das principais questes sobre a
marcas de roupas penalizam seus clientes mais
obesidade: por que pessoas obesas muitas vezes
pesados. No Brasil, o sobrepeso virou critrio de
seleo em concursos pblicos e se transformou desenvolvem doenas srias e, muitas vezes,
em nota de corte no mercado de trabalho em mortais? A resposta, ao que tudo indica, tem muito
uma entrevista, o publicitrio e apresentador de TV pouco a ver com a gordura. Na verdade, trata-
Roberto Justus decretou que no se deve contratar se da capacidade de cada pessoa de armazenar
quem est acima do peso, pois isso seria um sinal essa gordura. Com isso em mente, os cientistas
inequvoco de desequilbrio e falta de inteligncia. comeam agora a desenvolver tratamentos que
Muitas campanhas contra a obesidade acabam protejam as pessoas do excesso de gorduras no
envergonhando a quem deveriam ajudar, alm de armazenadas, livrando-as de problemas mdicos
incitarem o dio gordura, diz Deborah. complicados.
Para ficar bem claro: gordura corporal em Por trs de todas essas condies e da
excesso , sim, um perigo. Uns 30% dos obesos sndrome metablica ou seja, possuir
podem ter um perfil metablico e cardiovascular ao menos trs condies associadas
dentro da normalidade. Mas estudos mostram que obesidade est uma capacidade
pacientes com IMC (ndice de Massa Corporal, ou inadequada de armazenar gordura. As
peso dividido pela altura ao quadrado) superior pessoas obesas desenvolvem problemas
a 30 sempre tm risco aumentado para doenas metablicos porque seu crebro ordena que
cardacas, vasculares, diabetes e cncer, diz o elas comam mais que a capacidade do corpo
101
de armazenar gordura. O tecido adiposo j isso, a gordofobia est presente no apenas
atingiu o limite. Pessoas com lipodistrofia, nos tipos mais diretos de discriminao,
como Claire, tm to pouco tecido adiposo mas tambm nos valores cotidianos das
que tambm no conseguem armazenar
pessoas.
a gordura que seu corpo produz para
guardar as calorias excessivas oriundas dos Uma das maiores dificuldades, ao se
alimentos consumidos. enfrentar a gordofobia, est na prpria
As pessoas geralmente pensavam no resistncia social de reconhecer esse
tecido adiposo como um depsito inerte, preconceito. Isso acontece porque
uma espcie de gosma branca amorfa considerado aceitvel intimidar e
afirmou o Dr. Sam Virtue, da Universidade censurar quem gordo, fazer observaes
de Cambridge. Na verdade, trata-se de um constrangedoras sobre o que a pessoa
rgo muito dinmico.
gorda est comendo e utilizar todos
Isso tambm explica porque entre 10 e esses comportamentos intrusivos como
20% das pessoas obesas no desenvolvem justificativas para uma falsa preocupao
quaisquer problemas metablicos, afirma com a sade do indivduo.
Philipp E. Scherer, diretor do Centro de
Diabetes Touchstone, no Centro Mdico Mas mesmo a prpria preocupao
Southwestern, da Universidade do Texas, com a sade de quem gordo j
em Dallas. Esses obesos saudveis so demonstra indcios de gordofobia, uma
como ratos gordos com uma habilidade vez que se assume que aquele sujeito
incomum de expandir o tecido adiposo para
tem problemas de sade s por ser
armazenar calorias.
gordo, enquanto pessoas magras no so
abordadas e questionadas a respeito de
seus nveis de colesterol, por exemplo.
Acontece que, culturalmente, quem
Texto IV
magro visto inicialmente como saudvel,
A gordofobia uma forma de
independentemente de outros fatores.
discriminao estruturada e disseminada
nos mais variados contextos socioculturais,
consistindo na desvalorizao, Disponvel em: <http://www.
estigmatizao e hostilizao de pessoas revistaforum.com.br/digital/163/
gordofobia-como-questao-politica-e-
gordas e seus corpos. As atitudes
feminista/>. Acesso em: 25 maio 2017.
gordofbicas geralmente reforam
esteretipos e impem situaes
degradantes com fins segregacionistas; por
102
Texto V
Proposta: a partir da leitura dos textos motivadores seguintes, e com base nos
conhecimentos construdos ao longo de sua formao, redija um texto dissertativo-
DIGA NO
GORDOFOBIA
103
argumentativo em normapadro da Nesse perodo, houve um aumento da
lngua portuguesa sobre o tema A questo produtividade que justifica a reduo de jornada,
da jornada de trabalho no Brasil pelo menos para as 40 horas semanais, conforme
- aumentar ou reduzir? Apresente o patamar internacional, diz o economista Cssio
direitos humanos. Selecione, organize do Rio Grande do Sul). Do ponto de vista tcnico
e relacione, de forma coerente e coesa, e econmico, imaginar uma jornada menor ainda,
argumentos e fatos para a defesa de seu de 30 horas semanais, por exemplo, no seria uma
ponto de vista. realidade distante se o mundo se organizasse dessa
104
Texto II aprovado pelo governo e s vale em casos especficos.
Andrade, causou polmica ao falar sobre a no-mundo> Acesso em: 17 maio 2017.
A Frana, um dos pases que mais privilegia produtividade e melhora at mesmo na sade dos
105
Texto IV
106
107
108
Proposta:
Texto I
Texto II
A sustentabilidade um complexo de coisas que envolve o meio ambiente, a sociedade, a economia e o
consumo. Na hora de comprar um produto, precisamos levar em conta no apenas o fato de estar adquirindo
um bem, mas sim o impacto que isso ter na natureza, na gerao de emprego e em condies de trabalho
melhores. Por essas e outras, necessrio mudar o padro de consumo, sair da ideia de obsolescncia rpida
para a durabilidade dos produtos. Do ponto de vista social, todos os impactos ambientais negativos acabam
se refletindo na sade das pessoas. Hoje, mais ou menos dois teros das doenas que chegam ao sistema
109
pblico de sade so devido gua poluda. Mudar a maneira de comprar, mudar as opes do ponto de vista
social e ambiental, vai se refletir em um meio ambiente mais lindo e em sade melhor.
Disponvel em: <http://oglobo.globo.com/economia/defesa-do-consumidor/para-especialista-
conscientizacao-do-consumidor-essencial-20414929#ixzz4Y286IPsf>. Acesso em: 17 mar. 2017. Adaptado.
Texto III
A avaliao dos impactos ambientais do descarte das embalagens impressas engloba a soma de todos
os impactos ao longo do ciclo de vida destes materiais, sendo, portanto, uma tarefa complexa. Desta forma,
quanto menor a perda no processo produtivo de impresso, menores os impactos ambientais, levando
reduo dos resduos slidos. Com base nisso, podemos concluir que os principais danos decorrentes da
poluio associada ao uso do solo so:
Os elementos, compostos ou metais pesados so absorvidos pelo corpo humano por meio do ar, gua,
alimentos e contato trmico, com tendncia acumulao de metais pesados. No caso de resduos slidos,
a preocupao ambiental relaciona-se com sua elevada toxicidade e facilidade para bioacumulao, alm
de seu uso em grande escala em processos produtivos diversos, incluindo tintas de impresso grfica.
110
111
Disponvel em: <https://www.plataformaredigir.
com.br/file/upload_auladocumento/y38_-
5bB_-40rr_-40_-5ddCItPmgHjzQdXBExA7
2nHMcU0jpMSnRB_-2bNawwzqOEXgsieJg3V
a0mrQZiJ7T/>. Acesso em: 25 maio 2017.
Texto II
Diante da onda de manifestaes polticas ao
redor do mundo, a influncia das redes sociais no
ativismo poltico foi assunto no jornal americano
The New York Times. No Brasil, o Facebook teve
participao importante nos protestos como
ferramenta para que ativistas combinassem
detalhes das passeatas atravs das redes sociais.
A reportagem defende que o uso das redes
sociais ajuda a aumentar o nmero de adeptos s
manifestaes e tambm esclarecer e discutir os
Proposta: a partir da leitura dos textos principais pontos reivindicados.
motivadores seguintes, e com base nos
De acordo com o jornal americano, grandes
conhecimentos construdos ao longo de
mobilizaes de cidados tendem a murchar sem o
sua formao, redija um texto dissertativo-
impacto sobre a poltica. Contudo, as redes sociais
argumentativo em normapadro
fortalecem os movimentos, uma vez que repercutem
da lngua portuguesa sobre o tema:
Ciberativismo: ferramenta de protesto
ou falso ativismo? Apresente proposta
de interveno que respeite os direitos
humanos. Selecione, organize e relacione,
de forma coerente e coesa, argumentos e
fatos para defesa de seu ponto de vista.
Texto I
O que ciberativismo?
112
os fatos dirios e intensamente. A publicao afirma que, antes da internet, o trabalho tedioso de organizar
o que era necessrio para contornar a censura ou para organizar um protesto tambm ajudou a construir
infraestrutura para a tomada de decises e estratgias para sustentar as manifestaes.
O The New York Times alegou que a fora das mdias sociais est na democracia e na liberdade de
expresso. O ativismo ciberntico gerou situaes constrangedoras para muitos polticos, como lembrou
o jornal. Na Turquia, o primeiro-ministro, Recep Tayyip Erdogan, definiu as redes sociais como ameaa
para a sociedade. Conforme lembrou o The New York Times, o Parlamento da Turquia aprovou uma lei
aumentando a capacidade do governo para censurar contedo on-line e expandir a vigilncia, e Erdogan
disse que consideraria bloquear o acesso ao Facebook e YouTube.
O texto diz que a mdia nas mos dos cidados pode sacudir regimes e isso torna muito mais difcil para
os governantes manter a legitimidade por meio do controle da esfera pblica. A publicao alerta ainda que
os ativistas que fizeram tal uso eficaz da tecnologia para reunir torcedores, ainda precisam descobrir como
converter essa energia em um maior impacto.
Disponvel em: <http://folhapolitica.jusbrasil.com.br/noticias/114679334/influencia-das-redes-
sociais-no-ativismo-politico-e-destaque -no-new-york-times>. Acesso em: 17 maio 2017.
Texto III
A questo da identidade foi transformada de algo preestabelecido em uma tarefa: voc tem que criar
a sua prpria comunidade. Mas no se cria uma comunidade, voc tem uma ou no; o que as redes sociais
podem gerar um substituto. A diferena entre a comunidade e a rede que voc pertence comunidade,
mas a rede pertence a voc. possvel adicionar e deletar amigos, e controlar as pessoas com quem voc se
relaciona. Isso faz com que os indivduos se sintam um pouco melhor, porque a solido a grande ameaa
nesses tempos individualistas.
Mas, nas redes, to fcil adicionar e deletar amigos que as habilidades sociais no so necessrias.
Elas so desenvolvidas na rua, ou no trabalho, ao encontrar gente com quem se precisa ter uma interao
razovel. A voc tem que enfrentar as dificuldades, envolver-se em um dilogo.
O papa Francisco, que um grande homem, ao ser eleito, deu sua primeira entrevista a Eugenio Scalfari,
um jornalista italiano que um ateu autoproclamado. Foi um sinal: o dilogo real no falar com gente que
pensa igual a voc. As redes sociais no ensinam a dialogar porque muito fcil evitar a controvrsia.
Muita gente as usa no para unir, no para ampliar seus horizontes, mas ao contrrio, para se fechar no
que eu chamo de zonas de conforto, onde o nico som que as pessoas escutam o eco de suas prprias
vozes, onde o nico que veem so os reflexos de suas prprias caras. As redes so muito teis, oferecem
servios muito prazerosos, mas so uma armadilha.
Disponvel em: < http://brasil.elpais.com/brasil/2015/12/30/
cultura/1451504427_675885.html>. Acesso em: 17 maio 2017.
113
Texto IV argumentativo na modalidade escrita
formal da lngua portuguesa sobre o
tema :Suicdio no Brasil: como lidar
com esse grave problema de sade
pblica?, apresentando proposta de
interveno que respeite os direitos
humanos. Selecione, organize e relacione,
de forma coerente e coesa, argumentos e
fatos para defesa de seu ponto de vista.
Texto I
A palavra suicdio (etimologicamente sui = si
mesmo; caedes = ao de matar) foi utilizada pela
primeira vez por Desfontaines, em 1737, e significa
morte intencional autoinfligida, isto , quando a
pessoa, por desejo de escapar de uma situao de
sofrimento intenso, decide tirar sua prpria vida.
114
Probabilidades:
Por meio da observao dos casos de suicdio, pode-se constatar que h certos fatores que esto
relacionados a uma maior ou menor probabilidade de cometer o suicdio. Por exemplo, as mulheres tentam
o suicdio 4 vezes mais que os homens, mas os homens o cometem (isto , morrem devido tentativa) 3
vezes mais do que as mulheres. Isso se explica pelo fato de os homens utilizarem mtodos mais agressivos e
potencialmente letais nas tentativas, tais como armas de fogo ou enforcamento, ao passo que as mulheres
tentam suicdio com mtodos menos agressivos e, assim, com maior chance de serem ineficazes, como
tomar remdios ou venenos.
Doenas fsicas, tais como cncer, epilepsia e AIDS ou doenas mentais, como alcoolismo, drogadio,
depresso e esquizofrenia so fatores relacionados a taxas mais altas de suicdio. Alm disso, uma pessoa
que j tentou cometer o suicdio anteriormente tem maior risco de comet-lo novamente.
A idade tambm est relacionada s taxas de suicdio, sendo que a maioria dos suicdios ocorre na faixa
dos 15 aos 44 anos.
115
Texto II
Texto III
O suicdio tem crescido entre as causas de mortes de jovens at 19 anos no Brasil. Em 2013, 1% de todas
as mortes de crianas e adolescentes do pas foi por suicdio, ou 788 casos no total. O nmero pode parecer
baixo, mas representa um aumento expressivo frente ao ndice de 0,2% de 1980.
Entre jovens de 16 e 17 anos, a taxa ainda maior, de 3% frente ao nmero total. O aumento tambm
ocorre em relao s mortes para cada 100 mil jovens dessa mesma faixa etria: a taxa foi de 2,8 por 100 mil
em 1980 para 4,1 em 2013.
Os dados fazem parte da pesquisa Violncia Letal: Crianas e Adolescentes do Brasil. Eles foram
compilados pela Flacso (Faculdade Latino-Americana de Cincias Sociais), um organismo de
cooperao internacional para pesquisa.
Segundo Alexandrina Meleiro, jovens imersos em redes sociais como Facebook ou Instagram assistem a
retratos de vidas fantsticas. Internautas tendem a selecionar posts que exibam suas melhores conquistas
116
e construir cuidadosamente imagens coloridas de suas vidas. Por comparao, a vida de quem assiste a
esse espetculo parece pior, principalmente quando surgem problemas.
Dificuldades em lidar com ou ter a prpria sexualidade aceita continuam a contribuir para comportamento
suicida. De acordo com Alexandrina Meleiro, comum que pais se digam compreensivos quanto sexualidade
dos filhos, mas tenham problemas em lidar, na prtica, com filhos no heterossexuais.
Mortes por suicdio so cerca de trs vezes maiores entre homens do que entre mulheres. De acordo com
cartilha da Associao Brasileira de Psicologia sobre o tema do suicdio papis masculinos tendem a estar
associados a maiores nveis de fora, independncia e comportamentos de risco. O reforo desse papel
pode impedir que homens procurem ajuda em momentos de sofrimento. Mulheres tm redes sociais de
proteo mais fortes.
Anotaes
117
Anotaes
118
Maus tratos e abuso fsico e sexual durante o
desenvolvimento tambm podem estar associados
ao suicdio. De acordo com a professora, pessoas
suicidas tendem a se envolver em comportamentos
autodestrutivos, como o uso de drogas sem
moderao. Assim como o lcool contribui para a
violncia contra o prximo, ele pode desencadear
violncia contra si mesmo.
119
Captulo VII DESCREVER
captulo VIII
A funo dos textos descritivos cumpre relatar e expor determinada pessoa, objeto, lugar, acontecimento.
Nesse sentido, so textos repletos de adjetivos, os quais descrevem ou apresentam imagens a partir das
percepes sensoriais do locutor (emissor).
Para tanto, considere alguns pontos para a elaborao desse tipo textual, desde as caractersticas fsicas e/
ou psicolgicas do que se pretende analisar, a saber: cor, textura, altura, comprimento, peso, dimenses, funo,
clima, tempo, vegetao, localizao, sensao, localizao, dentre outros.
Dirio.
Relatos (viagens, histricos, etc.).
Biografia e autobiografia.
Notcia.
Currculo.
Lista de compras.
Cardpio.
Anncios de classificados.
Fotografias.
Nesta unidade, voc vai escrever uma descrio. Durante a leitura do texto abaixo, verifique
alguns pontos:
120
Descrio de Ambiente
Cidadezinha
Eu que de longe venho perdido, Mario Quintana
I - Conhecendo o Texto
Nas questes 1 e 2, assinale a opo que melhor explica o significado que a palavra sublinhada
tem no texto.
Atividade
b) ( ) festa
c) ( ) encanto
b) ( ) declarando
c) ( ) desconfiando
121
3. Retire da primeira estrofe do poema dois versos que retratam o ambiente da cidadezinha.
4. Copie do texto os versos que comprovam que o poeta no nasceu naquela cidadezinha.
122
II - Conversando sobre o texto
8. A expresso: "... at causa d...", no texto, no significa pena, compaixo para com a cidade, pois o
poeta gosta muito dela. Na verdade, o que significa ento? Assinale a resposta certa.
a) ( ) Uma forma carinhosa de se referir cidade.
b) ( ) Uma forma potica de demonstrar descaso para com a cidade.
10. D sua opinio sobre o modo de vida na cidade em que voc mora.
123
A DESCRIO
importante destacar algumas caractersticas do gnero textual descrio:
1. Retrato verbal.
2. Ausncia de ao e relao de anterioridade ou posterioridade entre as frases.
3. Predomnio de substantivos, adjetivos e locues adjetivas.
4. Utilizao da enumerao e comparao.
5. Presena de verbos de ligao.
6. Verbos flexionados no presente ou no pretrito (passado).
7. Emprego de oraes coordenadas justapostas.
A estrutura descritiva composta de:
Descrio Subjetiva
Apresenta as descries de algo, todavia evidencia as impresses pessoais do emissor
(locutor) do texto. Exemplos so os textos literrios repletos de impresses dos autores.
Descrio Objetiva
Nesse caso, o texto procura descrever, de forma exata e realista, as caractersticas
concretas e fsicas de algo, sem atribuir juzo de valor ou impresses subjetivas do emissor.
Exemplos de descries objetivas so os retratos falados, manuais de instrues, verbetes de
dicionrios e enciclopdias.
DESCRIO SUBJETIVA
Ficara sentada mesa a ler o Dirio de Notcias, no seu roupo de manh de fazenda preta, bordado a
sutache, com largos botes de madreprola; o cabelo louro um pouco desmanchado, com um tom seco do calor
do travesseiro, enrolava-se, torcido no alto da cabea pequenina, de perfil bonito; a sua pele tinha a brancura
tenra e lctea das louras; com o cotovelo encostado mesa acariciava a orelha, e, no movimento lento e suave
dos seus dedos, dois anis de rubis miudinhos davam cintilaes escarlates. (O Primo Baslio, Ea de Queiroz)
124
DESCRIO OBJETIVA
"A vtima, Solange dos Santos (22 anos), moradora da cidade de
Todo texto pressupe
Marlia, era magra, alta (1,75), cabelos pretos e curtos; nariz fino e rosto
etapas distintas e
ligeiramente alongado."
intercomplementares na
atividade da escrita:
Planejar
Escrever
Reescrever
Neste exerccio, voc ir produzir textos descritivos.
Proposta I:
Escolha uma pessoa de quem voc gosta muito. Pode ser namorado(a), pai, me, filho(a),
amigo(a), av, av ou outra. Faa uma descrio dessa pessoa, procurando retratar particularidades de
comportamento, ao e do seu jeito de ser. Pode, ainda, fazer seu autorretrato, isto , escrever sobre voc
mesmo.
125
Anotaes
126
127
Proposta II:
Descreva sua cidade, observando todos os aspectos que fazem dela um lugar especial para voc: sua
paisagem (ruas, avenidas, prdios e casas); as reas de lazer; o jeito de ser das pessoas que vivem nela;
o sistema de transporte coletivo; as indstrias; o comrcio; o ritmo de vida de sua gente, etc. Imagine que
seu texto ser publicado em um folheto turstico e dever convencer o leitor de que vale a pena visit-la.
128
Proposta III:
Imagine-se uma moblia de sua casa. Observe as pessoas ao redor, o tempo, outros mveis, as cores, o
espao. Na sua posio no humana, descreva como v o mundo.
Proposta IV:
129
Captulo VII O POEMA
Mesmo que todos usem a palavra "poesia" para se referir a um poema, quando se trata de linguagem
literria, eles so diferentes. O poema est diretamente ligado ao texto formalizado em versos, com estrofes,
ritmo, mtrica, figuras de linguagem, entre outros recursos que a lngua oportuniza. Por outro lado, a poesia
est mais ligada ao contedo potico, isto : pode haver poesia em narrativas literrias, crnicas e, at mesmo,
obras de arte que no se utilizam da palavra, mas apresentam linguagem potica. Resumindo, o poema, alm
da linguagem potica, que est presente na poesia, deve conter uma forma e estrutura. E a poesia est ligada ao
contedo, podendo estar presente em obras de arte ou literrias.
CREATIVE COMMONS
captulo IX
Vamos falar sobre este gnero textual apresentando um simples exemplo, de Augusto dos Anjos:
130
ETERNA MGOA
Augusto dos Anjos
Note que este poema possui ritmo e rima. O mesmo considerado poema, devido s suas
caractersticas.
Abaixo veremos outros poemas para nos inspirar a fazer nossa prpria produo; lembrando que,
geralmente, os poemas so formados por versos e estrofes. O verso considerado uma linha potica. J a
estrofe um conjunto destes.
131
A EUGNIA CMARA
Castro Alves
132
133
Que queres? Ouve! - so mil palmas frvidas, Poeta ruim que na arte da prosa
AUTORRETRATO
As casas espiam os homens
Provinciano que nunca soube
que correm atrs de mulheres.
Escolher bem uma gravata;
A tarde talvez fosse azul,
Pernambucano a quem repugna
no houvesse tantos desejos.
A faca do pernambucano;
134
O bonde passa cheio de pernas:
no perguntam nada.
Quase no conversa.
se eu me chamasse Raimundo
Eu no devia te dizer
135
Esses poemas tm em comum o fato de:
136
137
REFERNCIAS In: https://samuelebel.jusbrasil.com.br/noticias/133011240/
veicular-noticia-falsa-em-jornal-gera-indenizacao-por-dano-
moral/ Acesso: 20 dez. 2016.
ANTUNES, Irand. Aula de portugus. So Paulo: Parbola Editorial,
2003 (Srie Aula; 1). In: http://linguaportuguesacems.blogspot.com.br/2013/04/
producao-de-texto-noticia-partir-de-uma.html/ Acesso: 20 dez.
AZEVEDO, Ricardo. Dezenove poemas desengonados. So
2016.
Paulo: tica, 1999.
In: http://escolapedroaleixo.blogspot.com.br/2015/07/genero-
BARTHES, Roland. Aula. So Paulo: Cultrix, 1978.
textual-entrevista-com-os-alunos.html/ Acesso: 20 dez. 2016.
FARACO, Carlos Alberto; TEZZA, Cristvo. Oficina do texto.
In: http://moscow.timestudent.ru/articles/career/44997/
Petrpolis: Vozes, 2003.
Acesso: 22 dez. 2016.
FRAIMAN, Lo. Projeto de vida. 100 dvidas. Acesso: 20 dez.
In: http://www.guiadasemana.com.br/cinema/sinopse/
2016.
frostnixon/ Acesso: 22 dez. 2016.
GERALDI, Joo Wanderley. O texto na sala de aula. So Paulo:
In: http://www.fca.pucminas.br/omundo/entrevista-ping-pong-
tica, 1997.
com-larissa-grau/ Acesso: 22 dez. 2016.
MARCUSCHI, Luiz Antnio, XAVIER, Antonio Carlos. Hipertexto e
In: http://tiras-snoopy.blogspot.com.br/2006_02_01_archive.
gneros digitais. Rio de Janeiro: Lucerna, 2004.
html/ Acesso: 22 dez. 2016.
SOARES, Magda. Linguagem e escola: uma perspectiva social.
In: http://rannrouver.blogspot.com.br/2012/12/calvin-haroldo-
So Paulo: tica, 1987.
e-sua-turma.html/ Acesso: 22 dez. 2016.
ZILBERMAN, Regina (org.). Leitura em crise na escola: as
In: http://maiseducativo.com.br/exercicio-sobre-o-genero-
alternativas do professor. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1996.
textual-entrevista/ Acesso: 22 dez. 2016.
In: http://metodologiadapesquisa.blogspot.com.br/2008/05/o-
In: http://oestadodesaopaulo.com.br/quero um porsche e uma
fichamento-de-leitura.html/ Acesso: 20 dez. 2016.
ferrari na garagem/ Acesso: 22 dez. 2016.
In: http://oenigmadaleitura.blogspot.com.br/ Acesso: 20 dez.
In: https://atividadeslinguaportuguesamarcia.blogspot.com.
2016.
br/2013/04/texto-de-divulgacao-cientifica.html/ Acesso: 22
In: http://professorluizsantos.blogspot.com.br/2012/08/ dez. 2016.
campanha-barulhenta-e-sem-conteudo.html/ Acesso: 20 dez.
In: http://drauziovarella.com.br/obesidade/controle-do-apetite/
2016.
Acesso: 23 dez. 2016.
In: http://bailedeliteratura.blogspot.com.br/2014/03/analise-
In: http://diogoprofessor.blogspot.com.br/2013/02/aula-
circuito-fechado-ricardo-ramos.html/ Acesso: 20 dez. 2016.
sobre-artigo-de-divulgacao.html/ Acesso: 23 dez. 2016.
In: http://obutecodanet.ig.com.br/index.php/2013/03/22/20-
In: http://veja.abril.com.br/noticia/saude/nova-superbacteria-
filmes-para-lembrar-que-voce-esta-ficando-velho-ou-jovem-
preocupa-os-cientistas/ Acesso: 23 dez. 2016.
demais-para-conhece-los/ Acesso: 20 dez. 2016.
In: http://www.educacional.com.br/spe/
In: https://www.google.com.br/
cadernoatividades/2serie/ca_por_em_2serie_al_portal.pdf/
circuito+fechado=letra+musica+tocando+em+frente/ Acesso: 20
Acesso: 23 dez. 2016.
dez. 2016.
In: https://www.todamateria.com.br/parodia-e-parafrase/
Acesso: 23 dez. 2016.
138
In: http://www.infoescola.com/generos-literarios/parodia/ Acesso: 23 dez. 2016.
139
Anotaes
140
141
Anotaes
142
143
Anotaes
144
145
Anotaes
146