Ano - Atividades Boneco

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3

4
REDAO 3 SRIE

SUMRIO
CAPTULOS

OPINAR 7

CONTAR 21

RESENHAR 50

CHARGES TIRAS E CARTUNS 65

RESUMIR 72

DISSERTAR (EDITORIAL) 89

DISSERTAR (PARTE II) 100

DESCREVER 111

O POEMA 127
Crditos

Organizao, Anlise e Reviso


Didtico-Pedaggica:
Janete Lcia de Assis Sergio Luiz da
Cunha
Coordenao:
Cintia Aparecida Viesenteiner
Pesquisa e Documentao:
Adriana Kopeginski Marcelo Moura
Monteiro Marlon Richard Alves
Juliana dos Santos
Projeto Grfico e Capa:
Juliana Ruggiero do Amaral Santana
Diagramao:
Malorgio Studio
Reviso:
Marlon Richard Alves
Ana Maria Guimares
Rita de Cssia Sorrocha Pereira

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ou privilegiada. Se voc no for o
destinatrio ou a pessoa autorizada a
receber esta mensagem, no pode copiar
ou divulgar as informaes nela contidas
ou tomar qualquer ao baseada nessas
informaes.
Apresentao

A produo de texto o meio pelo qual o indivduo consegue expor


assuas ideias e se comunicar com os demais integrantes do seu meio social,
seja pela forma oral (falando, conversando) ou verbal (escrevendo).
Diante disso, este livro de atividades propiciar a voc algumas
estratgias para aumentar o seu conhecimento sobre como produzir textos
de qualidade mediante seus contextos de utilizao. Tudo isso atravs dos
diferentes gneros textuais.
A partir dos estudos realizados e atividades propostas, voc
aprender que cada gnero textual tem suas especificidades, e que
precisamos adequar nosso discurso mediante o nosso interlocutor, ou seja,
a(s) pessoa(s) com quem iremos nos comunicar, para que no haja rudos
de comunicao.
Neste material voc vai aprender que a produo de texto no
acontece do vazio, mas pelo processo de interao dos discursos, isto ,
que os gneros se comunicam e podem, ou no, pertencer mesma esfera
de comunicao, e dependem muito do repertrio lingustico, cultural,
temtico e dos conhecimentos que temos sobre determinados assuntos e
sobre o mundo.
Por fim, aqui voc poder conhecer e exercitar diferentes tipos de
textos: resumo, poema, editorial, entre outros. Alm, claro, de aprofundar
seu conhecimento sobre a argumentao nos textos.
No perca tempo! Bom estudo!

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captulo I
Captulo I OPINAR

Internacional de Avaliao de Estudantes, que objetiva


avaliar sistemas educacionais diversos por meio de uma
srie de testes nas disciplinas de Lngua Portuguesa,
Matemtica e Cincias. Surge, ento, a pergunta: por
Todos ns j tivemos a necessidade de tentar que a educao brasileira se encontra em tempos de
convencer algum. Independentemente da situao, crise? Leia o artigo de opinio abaixo para compreender
voc, com certeza, utilizou diferentes argumentos para esse questionamento.
defender seu ponto de vista.

No entanto, nem sempre estamos preparados para


argumentar quando essa situao precisa ser escrita.

Voc ir ler um texto a respeito de um tema que


est relacionado educao: o PISA Programme
for International Student Assessment Programa

Nesta unidade, voc vai escrever um artigo de opinio. Durante a leitura do texto abaixo,
verifique alguns pontos:

a. as ideias defendidas pela autora;


b. as estratgias empregadas para sustentar a opinio;
c. a organizao do texto.

Educao em tempos de crise mesma coisa esperando resultados diferentes, j


passou da hora dos nossos especialistas em educao
A mais importante avaliao do ensino bsico em procederem a uma autocrtica que certamente revelar
diversas naes, o Pisa, teve as notas da edio de 2015 como o cerne do problema no a falta de verbas
recentemente divulgadas. Como era de se esperar, o para o setor (verbas que eles to estridentemente
Brasil continua entre os ltimos colocados no ranking reivindicam), mas a forma como esse dinheiro vem
que compara o desempenho dos pases em educao. sendo empregado.
Alis, conseguiu piorar seus ndices em relao prova
Desse modo, antes de insuflar manifestaes
anterior. Recordando o famoso aforismo de Einstein,
Brasil afora contra a PEC do Teto de Gastos medida
para quem insanidade continuarmos fazendo a

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necessria em tempos de crise , fundamental que de vida de uma criana como um perodo exclusivo
professores, diretores de escolas e secretarias de de brincadeira, que dispensa a estimulao cognitiva.
Educao entendam que urgente redefinir prioridades Esto em completo desalinho com as pesquisas
para fazer escolhas mais inteligentes na hora de investir neurocientficas mais recentes, que, abundantemente,
o precioso dinheiro pblico, por exemplo, dando mais mostram a relevncia do perodo no desempenho
ateno formao e remunerao dos docentes e escolar futuro. Se o Brasil campeo em analfabetismo
menos infraestrutura das escolas, mais ateno ao funcional, o mnimo que se deve fazer questionar
ensino bsico e menos ao universitrio. O momento como a maioria das escolas (incluindo as particulares)
atual extremamente oportuno para mudanas nesse conduz o ingresso do aluno no universo da linguagem.
sentido [...]. Ana Dorsa sugere que os pedagogos repensem seus
mtodos e admitam fazer uma parceria com as famlias
[...].
Pisa: o termmetro das reformas no ensino
SAUCEDO, Lhuba
Os resultados do Pisa so relevantes porque do
um importante indicativo da eficincia das polticas
pblicas de ensino [...].
O que o Pisa? O Programme for International
Student Assessment (Pisa) Programa Internacional
Mitos da educao
de Avaliao de Estudantes uma iniciativa de
O montante global que um Estado gasta com avaliao comparada, aplicada a estudantes na faixa
educao no diretamente proporcional qualidade dos 15 anos, idade em que se pressupe o trmino
de ensino. Essa uma das lies mais contundentes da escolaridade bsica obrigatria na maioria dos
que o Pisa nos deixa. No que aplicar mais verbas para pases. um programa desenvolvido e coordenado
a educao seja intrinsecamente uma m ideia. No
esse o ponto. A questo que uma medida dessas, por
si s, no alterar significativamente o quadro, a partir
de determinado patamar de investimento (que o Brasil
j observa) [...].

Adolfo Sachsida pontua algumas mudanas nas


polticas de educao [...] que, sem demandarem
mais verbas, tm o potencial de promover uma guinada
no desempenho futuro de nossos alunos, com todas as
benesses que isso implica: crescimento da economia e
melhora nos ndices civilizatrios de um modo geral.

pela Organizao para Cooperao e Desenvolvimento


E a educao infantil? Econmico (OCDE). Em cada pas participante h uma
coordenao nacional. No Brasil, o Pisa coordenado
Importantssimo atualizar as modas pedaggicas
pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
mais caras a nossos professores, especialmente os da
Educacionais Ansio Teixeira (Inep).
educao infantil. Muitos tratam os primeiros sete anos

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O ARTIGO DE OPINIO
No ano anterior j vimos este tipo de texto. Ento vamos relembrar um pouco de sua estrutura. Lembre-se
que h diferentes tipos de argumentos, os quais sero apresentados neste texto.

O artigo de opinio um tipo de texto dissertativo-argumentativo em que o autor tem a finalidade de apresentar
determinado tema e seu ponto de vista, por isso recebe esse nome. Possui a caracterstica de um texto jornalstico
e tem como principal objetivo informar e persuadir o leitor sobre um assunto. Antes de registrar o seu artigo,
essencial que, nesse tipo de texto, sua opinio sobre o assunto seja o ponto principal. No h julgamentos sobre o
que voc diz, pois no se trata de juzo de valor, mas sim de posio em relao a determinado assunto.

DICAS
Introduo (exposio): apresentao do tema que ser discorrido durante o artigo.
Desenvolvimento (interpretao): momento em que a opinio e a argumentao so os principais
recursos utilizados.

Concluso (opinio): finalizao do artigo com apresentao de ideias para solucionar os


problemas ou corroborar sua reflexo sobre o tema proposto.

Atividade

(Enem-2013)

Novas tecnologias
Atualmente, prevalece na mdia um discurso de exaltao das novas tecnologias, principalmente aquelas

ligadas s atividades de telecomunicaes. Expresses frequentes como o futuro j chegou, maravilhas

tecnolgicas e conexo total com o mundo fetichizam novos produtos, transformando-os em objetos

do desejo, de consumo obrigatrio. Por esse motivo carregamos hoje nos bolsos, bolsas e mochilas o futuro

to festejado.

Todavia, no podemos reduzir-nos a meras vtimas de um aparelho miditico perverso, ou de um

aparelho capitalista controlador. H perverso, certamente, e controle, sem sombra de dvida. Entretanto,

desenvolvemos uma relao simbitica de dependncia mtua com os veculos de comunicao, que

se estreita a cada imagem compartilhada e a cada dossi pessoal transformado em objeto pblico de

entretenimento.

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No mais como aqueles acorrentados na caverna de Plato, somos livres para nos aprisionar, por
espontnea vontade, a esta relao sadomasoquista com as estruturas miditicas, na qual tanto controlamos
quanto somos controlados.
Fonte: SAMPAIO A. S. A microfsica do espetculo. Disponvel em: <http://educacao.globo.
com/provas/enem-2013/questoes/98.html>. Acesso em: 1 mar 2013. Adaptado.

Ao escrever um artigo de opinio, o produtor precisa criar uma base de orientao lingustica que permita
alcanar os leitores e convenc-los com relao ao ponto de vista defendido. Diante disso, nesse texto, a
escolha das formas verbais em destaque objetiva:

a) criar relao de subordinao entre leitor e autor, j que ambos usam as novas tecnologias.

b) enfatizar a probabilidade de que toda populao brasileira esteja aprisionada s novas tecnologias.

c) indicar, de forma clara, o ponto de vista de que hoje as pessoas so controladas pelas novas
tecnologias.
d) tornar o leitor copartcipe do ponto de vista de que ele manipula as novas tecnologias e por elas
manipulado.
e) demonstrar ao leitor sua parcela de responsabilidade por deixar que as novas tecnologias controlem
as pessoas.

Todo texto pressupe


etapas distintas e
intercomplementares na
atividade da escrita:
Planejar
Escrever
Reescrever

PLANEJANDO O TEXTO

Converse com seus colegas, pais e professores a respeito do tema a ser escrito. Leia e assista a
reportagens e entrevistas sobre o assunto.

1. Exercite e reflita sobre seus argumentos antes da verso final do texto.


2. Escolha estratgias para defender as suas ideias.

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a. Voc poder mencionar exemplos para corroborar suas ideias. Amplie seu repertrio.
b. Faa citaes de outros textos, letras de msica, reportagens, cenas de filmes, cartuns, etc.
c. Selecione depoimentos de pessoas que conheam sobre o assunto. O nome poder ser citado ou
no. Lembre-se da discrio e do respeito sua fonte.

d. No se assuste diante da folha em branco, persista. Nenhum texto fica pronto na primeira verso.
Sugerimos a leitura do texto da escritora Susan Sontag, Mergulho num lago gelado, para voc se
animar.

e. Saiba que o que escrito sem esforo algum no ser lido com prazer.

ESCREVENDO O TEXTO
1. Quando tiver todas as informaes de que precisa, coloque no papel o que foi planejado.
2. Delimite o tema e escolha o ponto de vista que ir defender.
3. Escreva os critrios de ordenao j planejados (depoimentos, citaes, etc.).
4. Observe a norma urbana de prestgio, pois o texto ser lido e precisa ser compreendido por todos os que
tiverem acesso a ele. Evite grias e expresses coloquiais.

5. Procure estruturar bem cada pargrafo e cuide para que estejam coesos e coerentes.

REESCREVENDO O TEXTO
1. Reveja o que foi escrito.
2. Confirme o que escreveu, tenha certeza de que o texto possui sentido, no esteja contraditrio e que os
argumentos elaborados por voc sejam consistentes.

3. Avalie a progresso, ou seja, a continuidade temtica.


4. Observe a relao lgica e o encadeamento de ideias entre os pargrafos e os perodos. Avalie se o texto
est claro.

5. Reveja as normas de sintaxe e semntica, bem como da superfcie do texto (pontuao, ortografia, diviso
do texto em pargrafos).

6. Elabore uma concluso.


7. Use letra legvel e sem rasuras.
8. Passe o texto a limpo, corrigindo o que for necessrio.

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Como se observa, no basta somente escrever. essencial planejar
e revisar. Cada etapa tem uma funo de muita importncia para
que o nosso texto esteja adequado a seu contexto de produo.

O QUE VOC VAI ESCREVER?


Voc vai produzir um artigo de opinio a respeito
da MP 746, que trata da proposta de reforma do
ensino mdio. Mas antes, d uma olhada no livro
de prticas de produo textual e verifique as
caractersticas de um artigo de opinio. Sugerimos
a leitura do texto Cmara vota hoje (13 dez.
2016) pontos polmicos da proposta de reforma
do ensino mdio, do jornal Gazeta do Povo. H
muitos textos em jornais e revistas de grande
circulao, alm de tirinhas e cartuns, como no
exemplo ao lado. Aproveite.

Seu texto dever ser escrito com 15 a 20 linhas.


Lembre-se do ttulo.

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Elabore um artigo de opinio a partir da imagem abaixo. Escreva um texto entre 7 e 10 linhas. Lembre-
se de observar bem o que est acontecendo na imagem: quais seriam as possveis causas do acidente?
Alm disso, verifique se na sua proposta voc defender um dos envolvidos ou se sua abordagem ser mais
abrangente, falando dos agentes causadores de infraes e dos acidentes.

Pense em um ttulo criativo.

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Captulo II C O N TA R

A seguir, voc ir ler algumas definies a respeito do gnero textual conto. Alm de conceitos, transcrevemos
exemplos de contos e afins. Leia atentamente as definies, bem como as narrativas descritas, para a sua prxima
produo textual.

Nesta unidade, voc vai escrever um conto e um microconto. Durante a leitura


dos textos, verifique alguns pontos:
a. conceitos pertinentes ao gnero textual conto;
b. as estratgias empregadas para contar uma histria;
c. a organizao do texto.

Conto tudo o que o autor chamar de conto.

Mrio de Andrade

A frase do escritor modernista Mrio de Andrade explicita a dificuldade que os estudiosos tm de conceituar
o conto, situ-lo entre os gneros narrativos e determinar suas caractersticas como gnero literrio. O conto
origina-se das narrativas orais e, ao longo do tempo, vai se alterando quanto forma. Assim, para nossos estudos,
tomemos a seguinte assertiva:

Conto um texto narrativo literrio, em geral menor que o romance e a novela, no qual o autor
organiza as aes em uma determinada sequncia, narrando para o leitor o que ocorreu em determinado
tempo, em determinado lugar, com determinadas personagens e, geralmente, em torno de um nico ou
poucos incidentes.

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Aqui, vamos ver um conto de Machado de Assis: Seu Pilar, eu preciso falar com voc, disse-me
baixinho o filho do mestre.
Conto de Escola
Chamava-se Raimundo este pequeno, e era mole,
Machado de Assis
aplicado, inteligncia tarda. Raimundo gastava duas
A Escola era na Rua do Costa, um sobradinho de horas em reter aquilo que a outros levava apenas trinta
grade de pau. O ano era de 1840. Naquele dia uma ou cinquenta minutos; vencia com o tempo o que
segunda-feira, do ms de maio deixei-me estar no podia fazer logo com o crebro. Reunia a isso um
alguns instantes na Rua da Princesa, a ver onde iria grande medo ao pai. Era uma criana fina, plida, cara

brincar a manh. Hesitava entre o morro de S. Diogo e doente; raramente estava alegre. Entrava na escola

o Campo de SantAna, que no era ento esse parque depois do pai e retirava-se antes. O mestre era mais
severo com ele do que conosco.
atual, construo de gentleman, mas um espao
rstico, mais ou menos infinito, alastrado de lavadeiras, O que que voc quer?
capim e burros soltos. Morro ou campo? Tal era o
Logo, respondeu ele com voz trmula.
problema. De repente disse comigo que o melhor era a
escola. E guiei para a escola. Aqui vai a razo. Na semana Comeou a lio de escrita. Custa-me dizer que
anterior tinha feito dois suetos, e, descoberto o caso, eu era dos mais adiantados da escola; mas era. No
recebi o pagamento das mos de meu pai, que me deu digo tambm que era dos mais inteligentes, por um

uma sova de vara de marmeleiro. As sovas de meu pai escrpulo fcil de entender e de excelente efeito

doam por muito tempo. Era um velho empregado do no estilo, mas no tenho outra convico. Note-se
que no era plido nem mofino: tinha boas cores e
Arsenal de Guerra, rspido e intolerante. Sonhava para
msculos de ferro. Na lio de escrita, por exemplo,
mim uma grande posio comercial, e tinha nsia de
acabava sempre antes de todos, mas deixava-
me ver com os elementos mercantis, ler, escrever e
me estar a recortar narizes no papel ou na tbua,
contar, para me meter de caixeiro. Citava-me nomes
ocupao sem nobreza nem espiritualidade, mas em
de capitalistas que tinham comeado ao balco. Ora,
todo caso ingnua. Naquele dia foi a mesma coisa; to
foi a lembrana do ltimo castigo que me levou naquela
depressa acabei, como entrei a reproduzir o nariz do
manh para o colgio. No era um menino de virtudes.
mestre, dando-lhe cinco ou seis atitudes diferentes,
Subi a escada com cautela, para no ser ouvido do
das quais recordo a interrogativa, a admirativa,
mestre, e cheguei a tempo; ele entrou na sala trs ou
a dubitativa e a cogitativa. No lhes punha esses
quatro minutos depois. Entrou com o andar manso do
nomes, pobre estudante de primeiras letras que era;
costume, em chinelas de cordovo, com a jaqueta de mas, instintivamente, dava-lhes essas expresses.
brim lavada e desbotada, cala branca e tesa e grande Os outros foram acabando; no tive remdio seno
colarinho cado. Chamava-se Policarpo e tinha perto acabar tambm, entregar a escrita, e voltar para o
de cinquenta anos ou mais. Uma vez sentado, extraiu meu lugar. Com franqueza, estava arrependido de ter
da jaqueta a boceta de rap e o leno vermelho, p- vindo. Agora que ficava preso, ardia por andar l fora,
los na gaveta; depois relanceou os olhos pela sala. Os e recapitulava o campo e o morro, pensava nos outros
meninos, que se conservaram de p durante a entrada meninos vadios, o Chico Telha, o Amrico, o Carlos das
dele, tornaram a sentar-se. Tudo estava em ordem; Escadinhas, a fina flor do bairro e do gnero humano.
comearam os trabalhos. Para cmulo de desespero, vi atravs das vidraas da

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escola, no claro azul do cu, por cima do morro do Na verdade, o mestre fitava-nos. Como era mais
Livramento, um papagaio de papel, alto e largo, preso severo para o filho, buscava-o muitas vezes com os
de uma corda imensa, que bojava no ar, uma cousa olhos, para traz-lo mais aperreado. Mas ns tambm
soberba. E eu na escola, sentado, pernas unidas, com ramos finos; metemos o nariz no livro, e continuamos
o livro de leitura e a gramtica nos joelhos. a ler. Afinal cansou e tomou as folhas do dia, trs ou
quatro, que ele lia devagar, mastigando as ideias e
Fui um bobo em vir, disse eu ao Raimundo.
as paixes. No esqueam que estvamos ento no
No diga isso, murmurou ele. fim da Regncia, e que era grande a agitao pblica.
Policarpo tinha decerto algum partido, mas nunca pude
Olhei para ele; estava mais plido. Ento lembrou-
averiguar esse ponto. O pior que ele podia ter, para ns,
me outra vez que queria pedir-me alguma cousa, e
era a palmatria. E essa l estava, pendurada do portal
perguntei-lhe o que era. Raimundo estremeceu de
da janela, direita, com os seus cinco olhos do diabo.
novo, e, rpido, disse-me que esperasse um pouco;
Era s levantar a mo, despendur-la e brandi-la, com
era uma coisa particular.
a fora do costume, que no era pouca. E da, pode
Seu Pilar... murmurou ele da a alguns minutos. ser que alguma vez as paixes polticas dominassem
Que ? nele a ponto de poupar-nos uma ou outra correo.
Naquele dia, ao menos, pareceu-me que lia as folhas
Voc...
com muito interesse; levantava os olhos de quando em
Voc qu? quando, ou tomava uma pitada, mas tornava logo aos
jornais, e lia a valer. No fim de algum tempo dez ou
Ele deitou os olhos ao pai, e depois a alguns
doze minutos Raimundo meteu a mo no bolso das
outros meninos. Um destes, o Curvelo, olhava para
calas e olhou para mim.
ele, desconfiado, e o Raimundo, notando-me essa
circunstncia, pediu alguns minutos mais de espera. Sabe o que tenho aqui?
Confesso que comeava a arder de curiosidade.
No.
Olhei para o Curvelo, e vi que parecia atento; podia
ser uma simples curiosidade vaga, natural indiscrio; Uma pratinha que mame me deu.
mas podia ser tambm alguma cousa entre eles. Esse Hoje?
Curvelo era um pouco levado do diabo. Tinha onze
No, no outro dia, quando fiz anos...
anos, era mais velho que ns. Que me quereria o
Raimundo? Continuei inquieto, remexendo-me muito, Pratinha de verdade?
falando-lhe baixo, com instncia, que me dissesse o
De verdade.
que era, que ningum cuidava dele nem de mim.
Tirou-a vagarosamente, e mostrou-me de longe.
Ou ento, de tarde...
Era uma moeda do tempo do rei, cuido que doze
De tarde, no, interrompeu-me ele; no pode vintns ou dois tostes, no me lembro; mas era uma
ser de tarde. moeda, e tal moeda que me fez pular o sangue no
corao. Raimundo revolveu em mim o olhar plido;
Ento agora...
depois perguntou-me se a queria para mim. Respondi-
Papai est olhando. lhe que estava caoando, mas ele jurou que no.

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Mas ento voc fica sem ela? No queria receb-la, e custava-me recus-
la. Olhei para o mestre, que continuava a ler, com tal
Mame depois me arranja outra. Ela tem muitas
interesse, que lhe pingava o rap do nariz. Ande,
que vov lhe deixou, numa caixinha; algumas so de
tome, dizia-me baixinho o filho. E a pratinha fuzilava-
ouro. Voc quer esta?
lhe entre os dedos, como se fora diamante... Em
Minha resposta foi estender-lhe a mo verdade, se o mestre no visse nada, que mal havia?
disfaradamente, depois de olhar para a mesa do E ele no podia ver nada, estava agarrado aos jornais,
mestre. Raimundo recuou a mo dele e deu boca lendo com fogo, com indignao...
um gesto amarelo, que queria sorrir. Em seguida
Tome, tome...
props-me um negcio, uma troca de servios; ele
me daria a moeda, eu lhe explicaria um ponto da lio Relancei os olhos pela sala, e dei com os do Curvelo
de sintaxe. No conseguira reter nada do livro, e estava em ns; disse ao Raimundo que esperasse. Pareceu-
com medo do pai. E conclua a proposta esfregando a me que o outro nos observava, ento dissimulei; mas

pratinha nos joelhos... Tive uma sensao esquisita. da a pouco deitei-lhe outra vez o olho, e tanto se

No que eu possusse da virtude uma ideia antes ilude a vontade! no lhe vi mais nada. Ento cobrei

prpria de homem; no tambm que no fosse nimo.

fcil em empregar uma ou outra mentira de criana. D c...


Sabamos ambos enganar ao mestre. A novidade
Raimundo deu-me a pratinha, sorrateiramente; eu
estava nos termos da proposta, na troca de lio e
meti-a na algibeira das calas, com um alvoroo que
dinheiro, compra franca, positiva, toma l, d c; tal
no posso definir. C estava ela comigo, pegadinha
foi a causa da sensao. Fiquei a olhar para ele, toa,
perna. Restava prestar o servio, ensinar a lio e
sem poder dizer nada. Compreende-se que o ponto
no me demorei em faz-lo, nem o fiz mal, ao menos
da lio era difcil, e que o Raimundo, no o tendo
conscientemente; passava-lhe a explicao em um
aprendido, recorria a um meio que lhe pareceu til
retalho de papel que ele recebeu com cautela e cheio
para escapar ao castigo do pai. Se me tem pedido a
de ateno. Sentia-se que despendia um esforo
coisa por favor, alcan-la-ia do mesmo modo, como
cinco ou seis vezes maior para aprender um nada; mas
de outras vezes, mas parece que era lembrana das
contanto que ele escapasse ao castigo, tudo iria bem.
outras vezes, o medo de achar a minha vontade frouxa
De repente, olhei para o Curvelo e estremeci; tinha
ou cansada, e no aprender como queria, e pode ser
os olhos em ns, com um riso que me pareceu mau.
mesmo que em alguma ocasio lhe tivesse ensinado
Disfarcei; mas da a pouco, voltando-me me outra
mal, parece que tal foi a causa da proposta. O pobre- vez para ele, achei-o do mesmo modo, com o mesmo
diabo contava com o favor, mas queria assegurar- ar, acrescendo que entrava a remexer-se no banco,
lhe a eficcia, e da recorreu moeda que a me lhe impaciente. Sorri para ele e ele no sorriu; ao contrrio,
dera e que ele guardava como relquia ou brinquedo; franziu a testa, o que lhe deu um aspecto ameaador.
pegou dela e veio esfreg-la nos joelhos, minha vista, O corao bateu-me muito.
como uma tentao... Realmente, era bonita, fina,
Precisamos muito cuidado, disse eu ao
branca, muito branca; e para mim, que s trazia cobre
Raimundo.
no bolso, quando trazia alguma coisa, um cobre feio,
grosso, azinhavrado... Diga-me isto s, murmurou ele.

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Fiz-lhe sinal que se calasse; mas ele instava, e a No obedeci logo, mas no pude negar nada.
moeda, c no bolso, lembrava-me o contrato feito. Continuei a tremer muito. Policarpo bradou de novo
Ensinei-lhe o que era, disfarando muito; depois, tornei que lhe desse a moeda, e eu no resisti mais, meti a
a olhar para o Curvelo, que me pareceu ainda mais mo no bolso, vagarosamente, saquei-a e entreguei-
inquieto, e o riso, dantes mau, estava agora pior. No lhe. Ele examinou-a de um e outro lado, bufando de
preciso dizer que tambm eu ficara em brasas, ansioso raiva; depois estendeu o brao e atirou-a rua. E ento
que a aula acabasse; mas nem o relgio andava como disse-nos uma poro de coisas duras, que tanto o
das outras vezes, nem o mestre fazia caso da escola; filho como eu acabvamos de praticar uma ao feia,
este lia os jornais, artigo por artigo, pontuando-os com indigna, baixa, uma vilania, e para emenda e exemplo
exclamaes, com gestos de ombros, com uma ou amos ser castigados. Aqui pegou da palmatria.
duas pancadinhas na mesa. E l fora, no cu azul, por
Perdo, seu mestre... solucei eu.
cima do morro, o mesmo eterno papagaio, guinando a
um lado e outro, como se me chamasse a ir ter com ele. No h perdo! D c a mo! D c! Vamos!
Imaginei-me ali, com os livros e a pedra embaixo da Sem-vergonha! D c a mo!
mangueira, e a pratinha no bolso das calas, que eu no
Mas, seu mestre...
daria a ningum, nem que me serrassem; guard-la-ia
em casa, dizendo mame que a tinha achado na rua. Olhe que pior!
Para que me no fugisse, ia-a apalpando, roando-lhe Estendi-lhe a mo direita, depois a esquerda,
os dedos pelo cunho, quase lendo pelo tato a inscrio, e fui recebendo os bolos uns por cima dos outros,
com uma grande vontade de espi-la. at completar doze, que me deixaram as palmas
Oh! seu Pilar! Bradou o mestre com voz de trovo. vermelhas e inchadas. Chegou a vez do filho, e foi a
mesma coisa; no lhe poupou nada, dois, quatro,
Estremeci como se acordasse de um sonho, e
oito, doze bolos. Acabou, pregou-nos outro sermo.
levantei-me s pressas. Dei com o mestre, olhando
Chamou-nos sem-vergonhas, desaforados, e jurou
para mim, cara fechada, jornais dispersos, e ao p da
que se repetssemos o negcio apanharamos tal
mesa, em p, o Curvelo. Pareceu-me adivinhar tudo.
castigo que nos havia de lembrar para todo o sempre.
Venha c! Bradou o mestre. E exclamava: Porcalhes! Tratantes! Faltos de brio!
Eu, por mim, tinha a cara no cho. No ousava fitar
Fui e parei diante dele. Ele enterrou-me pela
ningum, sentia todos os olhos em ns. Recolhi-me
conscincia adentro um par de olhos pontudos;
ao banco, soluando, fustigado pelos improprios do
depois chamou o filho. Toda a escola tinha parado;
mestre. Na sala arquejava o terror; posso dizer que
ningum mais lia, ningum fazia um s movimento. Eu,
naquele dia ningum faria igual negcio. Creio que o
conquanto no tirasse os olhos do mestre, sentia no ar
prprio Curvelo enfiara de medo. No olhei logo para
a curiosidade e o pavor de todos.
ele, c dentro de mim jurava quebrar-lhe a cara, na
Ento o senhor recebe dinheiro para ensinar as rua, logo que sassemos, to certo como trs e dois
lies aos outros? Disse-me o Policarpo. serem cinco. Da a algum tempo olhei para ele; ele
tambm olhava para mim, mas desviou a cara, e penso
Eu...
que empalideceu. Comps-se e entrou a ler em voz
D c a moeda que este seu colega lhe deu! alta; estava com medo. Comeou a variar de atitude,
Clamou. agitando-se toa, coando os joelhos, o nariz. Pode

23
ser at que se arrependesse de nos ter denunciado; e na verdade, por que denunciar-nos? Em que que lhe
tirvamos alguma coisa? Tu me pagas! to duro como osso! Dizia eu comigo. Veio a hora de sair, e samos; ele foi
adiante, apressado, e eu no queria brigar ali mesmo, na Rua do Costa, perto do colgio; havia de ser na Rua Larga
de So Joaquim.

Quando, porm, cheguei esquina, j o no vi; provavelmente escondera-se em algum corredor ou loja; entrei
numa botica, espiei em outras casas, perguntei por ele a algumas pessoas, ningum me deu notcia. De tarde faltou
escola. Em casa no contei nada, claro; mas para explicar as mos inchadas, menti minha me, disse-lhe que
no tinha sabido a lio. Dormi nessa noite, mandando ao diabo os dois meninos, tanto o da denncia como o da
moeda. E sonhei com a moeda; sonhei que, ao tornar escola, no dia seguinte, dera com ela na rua, e a apanhara,
sem medo nem escrpulos... De manh, acordei cedo. A ideia de ir procurar a moeda fez-me vestir depressa.
O dia estava esplndido, um dia de maio, sol magnfico, ar brando, sem contar as calas novas que minha me
me deu, por sinal que eram amarelas. Tudo isso, e a pratinha... Sa de casa, como se fosse trepar ao trono de
Jerusalm. Piquei o passo para que ningum chegasse antes de mim escola; ainda assim no andei to depressa
que amarrotasse as calas. No, que elas eram bonitas! Mirava-as, fugia aos encontros, ao lixo da rua... Na rua
encontrei uma companhia do batalho de fuzileiros, tambor frente, rufando. No podia ouvir isto quieto. Os
soldados vinham batendo o p rpido, igual, direita, esquerda, ao som do rufo; vinham, passaram por mim, e foram
andando. Eu senti uma comicho nos ps, e tive mpeto de ir atrs deles. J lhes disse: o dia estava lindo, e depois
o tambor... Olhei para um e outro lado; afinal, no sei como foi, entrei a marchar tambm ao som do rufo, creio
que cantarolando alguma coisa: Rato na casaca... No fui escola, acompanhei os fuzileiros, depois enfiei pela
Sade, e acabei a manh na Praia da Gamboa. Voltei para casa com as calas enxovalhadas, sem pratinha no bolso
nem ressentimento na alma. E contudo a pratinha era bonita e foram eles, Raimundo e Curvelo, que me deram o
primeiro conhecimento, um da corrupo, outro da delao; mas o diabo do tambor...

Pensando nas particularidades do conto, escreva em seu caderno as principais caractersticas que foram
possveis observar no conto acima. Compartilhe sua resposta com seus colegas e com seu professor.

Leia o miniconto do escritor argentino Julio Cortzar, um dos precursores desse gnero.

O jornal e suas metamorfoses


Um senhor pega um bonde depois de comprar o jornal e p-lo debaixo do brao. Meia hora depois, desce com
o mesmo jornal debaixo do mesmo brao. Mas j no o mesmo jornal, agora um monte de folhas impressas que
o senhor abandona num banco de praa. Mal fica sozinho na praa, o monte de folhas impressas se transforma
outra vez em jornal, at que um rapaz o descobre, o l, e o deixa transformado num monte de folhas impressas. Mal
fica sozinho no banco, o monte de folhas impressas se transforma outra
vez em jornal, at que uma velha o encontra, o l e o deixa transformado
LUISA VENTUROLI / SHUTTERSTOCK.COM

num monte de folhas impressas. A seguir, leva-o para casa e, no


caminho, aproveita-o para embrulhar um molho de acelga, que para
o que servem os jornais depois dessas excitantes metamorfoses.
CORTZAR, Julio. Histrias de

24
Cronpios e de Famas. Rio de Janeiro. Ed., Civilizao Brasileira, 1977.

Observe que o ttulo do miniconto resume o seu tema: as


mudanas, metamorfoses pelas quais passa um jornal: ora ele
um veculo de informao, ora usado como papel de embrulho.
Veja tambm que, em alguns trechos, o jornal um suporte de
informao quando lido; em seguida deixa de s-lo, e volta sua
condio, enquanto conhecimento, aps ser lido por algum.

1. Utilizando as informaes de que voc j dispe, reescreva o miniconto "O jornal e suas metamorfoses"
em forma de microconto (no mximo, 150 caracteres). Selecione no mximo vinte palavras do texto
original. Verifique tambm, no livro-texto, alguns exemplos a partir do captulo sobre conto, miniconto,
microconto e nanoconto.

25
Atividade

Leia o microconto a seguir:


Acerto
Est feito.

GRAPHICSRF / SHUTTERSTOCK.COM
Sim.

Quem?

O de treze...

Sim.

E agora?

O enterro s cinco.
MORAIS MENDES, Francisco de. In: FREIRE, Marcelino (Org.). Os cem melhores
contos brasileiros do sculo. So Paulo: Ateli Editorial, 2004. p. 79.

Nesse microconto, cujo tema a violncia urbana, observe o envolvimento de adolescentes com a
criminalidade, possivelmente com o trfico de drogas (o acerto de contas). Provavelmente, os envolvidos
so um mandante, um executor/agente e uma vtima. Note as pistas: o ttulo e algumas falas que levam a
essa interpretao: enterro s cinco (da tarde); o de treze (um menor, de 13 anos, foi morto); est
feito?/sim...

Leia o microconto de Fernando Bonassi, em que o autor faz uma pardia da Cano do Exlio, de
Gonalves Dias, denunciando a realidade social das periferias urbanas do Brasil.

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Minha terra tem campos de futebol onde cadveres amanhecem emborcados pra atrapalhar os jogos. Tem
uma pedrinha cor-de-bile que faz "tuim" na cabea da gente. Tem tambm muros de bloco (sem pintura, claro,
que tinta a maior frescura quando falta mistura), onde pousam cacos de vidro pra espantar malaco. Minha terra
tem HK, AR15, M21, 45 e 38 (na minha terra, 32 uma piada). As sirenes que aqui apitam, apitam de repente e
sem hora marcada. Elas no so mais as das fbricas, que fecharam. So mesmo dos cambures, que vm fazer
aleijados, trazer tranquilidade e aflio.

BONASSI, Fernando. 15 cenas de descobrimento de Brasis. In: MORICONI, talo (Org.). Os


cem melhores contos brasileiros do sculo. Rio Janeiro: Objetiva, 2000. p. 607.

Emborcado: colocado de bruos, de boca para baixo; despejado, tombado.

Cor-de-bile: esverdeado ou amarelado.

Frescura: gria popular com o significado de coisa sem valor, dispensvel.

Mistura: gria popular indicando ingredientes para o almoo ou jantar (carne, verduras, legumes,

etc.).

Malaco: gria com o significado de marginal, bandido, ladro.

27
A partir das leituras dos microcontos feitas at agora, escreva quais as semelhanas e diferenas entre cada
um deles.

Os Cem Menores
O velho em agonia, no ltimo gemido para a filha:
Aqui, temos dois
L no caixo...
nanocontos.
Sim, paizinho.
Perceba suas
caractersticas. ... no deixe essa a me beijar.
Dalton Trevisan. Disponvel em: http://www.releituras.com/
daltontrevisan_algumas.asp Acesso em: 15 fev. 2017.

Veja o nanoconto abaixo, de Beto Villa:

Diz que me ama.

A mais caro.

in: Marcelino Freire (org.). Os cem menores contos do sculo. Cotia: Ateli Editorial, 2004.

Agora sua vez. Para produzir o seu microconto, siga as instrues a seguir.

Preparao (escolha da obra e seleo de palavras): escolha uma notcia, uma fbula, um conto de
fadas, uma obra de arte visual (pintura, desenho, escultura, painel, instalao, etc.) para, com base nela,
criar um miniconto. Selecione palavras que sugiram o enredo, as personagens, o cenrio e o desfecho. Se
voc escolheu uma obra de arte visual, imagine palavras que possam estar relacionadas ao tema da obra,
levando em considerao as formas, dimenses, cores, traos, efeitos sonoros e visuais, etc.

Elaborao (redao do texto): redija o microconto procurando selecionar elementos caractersticos


da obra escolhida, como tema, enredo, personagem (ns), foco narrativo (1 ou 3 pessoa), tipo de discurso
(direto/indireto), tempo, espao, desfecho, etc. Como voc tem o desafio de criar sua histria com at
150 caracteres, no se esquea dos principais critrios do microconto: a velocidade e a conciso. D um
ttulo adequado ao seu texto. Dada a brevidade da narrativa, alm de apresentar o texto, ele deve antecipar e
introduzir o assunto. Revise seu texto antes de pass-lo definitivamente para as linhas abaixo.

Instrues:
Coloque aqui seu ttulo, a imagem do conto e o site (se for notcia) da obra original.

28
29
No exerccio anterior, voc criou um microconto. Agora, voc ir
Todo texto pressupe
produzir um conto. Sugerimos a leitura do gnero, para que voc possa
etapas distintas e
planejar o seu texto. intercomplementares na
atividade da escrita:
Indicamos alguns autores e obras para voc se familiarizar: Planejar
Escrever
A menina sem palavras, de Mia Couto; O assassinato e outras histrias, de Reescrever
Anton Tchekhov; Leituras de escritor, de Ana Maria Machado; Em busca de
Curitiba perdida, de Dalton Trevisan; Os melhores contos bblicos, vrios
autores; Assassinatos na rua Morgue e outras histrias, de Edgar Allan Poe;

O estranho hbito de dormir em p, por Paulo Sandrini e Papis avulsos, de Machado de Assis. Deste ltimo
autor, h um conto interessante para voc se inspirar...

Trs tesouros perdidos


Uma tarde, eram quatro horas, o Sr. X voltava sua casa para jantar. O apetite que levava no o fez
reparar em um cabriol que estava parado sua porta. Entrou, subiu a escada, penetra na sala e d com os
olhos em um homem que passeava a largos passos como agitado por uma interna aflio.

Cumprimentou-o polidamente; mas o homem lanou-se sobre ele e com uma voz alterada, diz-lhe:

Senhor, eu sou F, marido da senhora Dona E

Estimo muito conhec-lo, responde o Sr. X; mas no tenho a honra de conhecer a senhora Dona E

No a conhece! No a conhece! quer juntar a zombaria infmia?

Senhor!

E o Sr. X deu um passo para ele.

Alto l!

O Sr. F , tirando do bolso uma pistola, continuou:

Ou o senhor h de deixar esta corte, ou vai morrer como um co!

Mas, senhor, disse o Sr. X, a quem a eloquncia do Sr. F tinha produzido um certo efeito, que motivo
tem o senhor?

30
Que motivo! boa! Pois no um motivo andar o senhor fazendo a corte minha mulher?

A corte sua mulher! No compreendo!

No compreende! Oh! No me faa perder a estribeira.

Creio que se engana

Enganar-me! boa! mas eu o vi sair duas vezes de minha casa

Sua casa!

No Andara por uma porta secreta Vamos! Ou

Mas, senhor, h de ser outro, que se parea comigo

No; no; o senhor mesmo como escapar-me este ar de tolo que ressalta de toda a sua cara?
Vamos, ou deixar a cidade, ou morrer Escolha!

Era um dilema. O Sr. X compreendeu que estava metido entre um cavalo e uma pistola. Pois toda a sua
paixo era ir a Minas, escolheu o cavalo.

Surgiu, porm, uma objeo.

Mas, senhor, disse ele, os meus recursos

Os seus recursos! Ah! tudo previ descanse eu sou um marido previdente.

E tirando da algibeira da casaca uma linda carteira de couro da Rssia, diz-lhe:

Aqui tem dois contos de ris para os gastos da viagem; vamos, parta! Parta imediatamente. Para
onde vai?

Para Minas.

Oh! a ptria do Tiradentes! Deus o leve a salvamento Perdoo-lhe, mas no volte a esta corte Boa
viagem!

Dizendo isto, o Sr. F desceu precipitadamente a escada, e entrou no cabriol, que desapareceu em
uma nuvem de poeira.

O Sr. X ficou por alguns instantes pensativo. No podia acreditar nos seus olhos e ouvidos; pensava
sonhar. Um engano trazia-lhe dois contos de ris, e a realizao de um dos seus mais caros sonhos. Jantou
tranquilamente, e da a uma hora partia para a terra de Gonzaga, deixando em sua casa apenas um moleque
encarregado de instruir, pelo espao de oito dias, aos seus amigos sobre o seu destino.

No dia seguinte, pelas onze horas da manh, voltava o sr. F para a sua chcara de Andara, pois tinha
passado a noite fora.

Entrou, penetrou na sala, e indo deixar o chapu sobre uma mesa, viu ali o seguinte bilhete:

31
Meu caro esposo! Parto no paquete em companhia do teu amigo P Vou para a Europa. Desculpa a m
companhia, pois melhor no podia ser.

Tua E.

Desesperado, fora de si, o Sr. F lana-se a um jornal que perto estava: o paquete tinha partido s oito
horas.

Era P que eu acreditava meu amigo Ah! Maldio! Ao menos no percamos os dois contos! Tornou a
meter-se no cabriol e dirigiu-se casa do Sr. X, subiu; apareceu o moleque.

Teu senhor?

Partiu para Minas.

O sr. F desmaiou.

Quando deu acordo de si estava louco louco varrido!

Hoje, quando algum o visita, diz ele com um tom lastimoso.

Perdi trs tesouros h um tempo: uma mulher sem igual, um amigo a toda prova, e uma linda carteira
cheia de encantadoras notasque bem podiam aquecer-me as algibeiras!

Neste ltimo ponto, o doido tem razo, e parece ser um doido com juzo.
Fonte: Machado de Assis. Conto originalmente publicado em A Marmota (1858).

S para comear, h muitos contos interessantes esperando por voc...


O exerccio ser assim: eu comeo, voc continua. Escreva um conto de 15 a 30 linhas.

Lembre-se do ttulo:

Foi em uma longa noite de:

32
33
34
Captulo III RESENHAR
captulo III

Depois de entender as caractersticas de um conto, vamos, agora, aprender como se faz uma resenha. Aqui,
temos o exemplo de uma resenha da obra de Machado de Assis, Dom Casmurro.

Bento Santiago, tambm conhecido como Dom


Casmurro ou Bentinho, comea a narrativa contando de onde
veio seu apelido, dado por um poeta em um trem. Depois,
ele desenvolve a histria contando sua vida desde a infncia,
quando seu futuro seria ir para um seminrio e se tornar um
padre, devido a uma promessa feita por Glria, sua me. No
entanto, h algum que faz o corao do garoto bater mais
forte, e consequentemente, ele passa a se perguntar o porqu
de ter que ir ao seminrio: Capitu.

Capitu vizinha de Bento, e os dois so amigos bem


prximos e de longa data e, desde que a garota aparece no
livro, j se sabe que ela ser o interesse amoroso de Bentinho,
fato que, obviamente, se concretiza depois. Porm, ele deve
ir para o seminrio e se tornar um padre, mesmo que no
queira, j que a promessa deve ser cumprida.

Quando Bentinho vai para o seminrio, ele conhece Escobar, que vira seu amigo para o resto
da vida e, em uma frente de fatos contraditrios que vem tona em sua vida, surge tambm uma
dvida: Capitu traiu Bentinho com Escobar ou no? A dvida no esclarecida at o fim do livro, e
fica para o leitor supor teorias sobre isso.

Machado de Assis leva uma leitura muito envolvente, emocionante e fascinante, permeando
muito bem as personalidades de cada um dos personagens. A escrita pode parecer um tanto
complicada, devido poca em que o romance foi escrito, mas d para compreender e se apaixonar
pela histria. um clssico, exigido em muitas escolas e vestibulares, e totalmente recomendvel.
E voc, acha que Capitu traiu ou no traiu?

Disponvel em: <http://becoliterario.com/resenha-dom-casmurro-machado-de-assis/>. Acesso em: 17 maio 2017.

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RESENHA CRTICA
Podemos dividir o gnero textual "resenha crtica" em dois grandes grupos:

a. resenha-resumo: texto que se limita a resumir o contedo de um livro, de um


captulo, de um filme, de uma pea de teatro ou de um espetculo, sem qualquer
crtica ou juzo de valor. Trata-se de um texto informativo, j que o objetivo principal
informar o leitor.
b. resenha crtica: texto que, alm de resumir o objeto, faz uma avaliao sobre ele,
uma crtica, apontando os aspectos positivos e negativos. Trata-se, portanto, de
um texto de informao e de opinio, tambm denominado "recenso crtica".

Disponvel: <http://pucrs.br/gpt/resenha.php>. Acesso em: 17 mar. 2017.

De modo geral, o resenhista algum com conhecimentos na rea, mas nada impede que
o leitor comum tambm escreva. Mas ateno: preciso sempre sustentar seus argumentos
com coerncia e pensar no seu leitor.
O objetivo da resenha divulgar objetos de produo cultural livros, filmes, peas de teatro,
obras de arte, msica, etc. A resenha, de modo geral, veiculada em jornais, revistas, blogs. O
tamanho do texto depende do espao onde ele ser inserido. Podem ser algumas colunas de
um jornal, bem como alguns pargrafos. Verifica-se que, no entanto, no se trata de um texto
longo, mas sim claro e conciso.
Em uma resenha, devem constar:
O ttulo.
A referncia bibliogrfica da obra (nome do autor, ttulo da obra, nome da editora, data
da publicao, lugar da publicao, nmero de pginas, preo esses dados podem
estar em um box ao lado do texto).
Alguns dados bibliogrficos do autor da obra resenhada.
O resumo ou sntese do contedo.
A avaliao crtica.
Em relao ao ttulo da resenha, esta pode ter tambm subttulo. O subttulo deve ser persuasivo, de modo a
provocar o leitor para a leitura. Ao se iniciar uma resenha, pode-se citar a obra a ser analisada: Entre janeiro e
fevereiro deste ano, os cinco msicos da Banda Mais Bonita da Cidade se trancaram por duas semanas
em uma fazenda no interior do Paran. Neste perodo foram criadas nove canes [...]
Fonte: In: Gazeta do povo, 14 dez. 2016. Pg. 37. Caderno G, matria de Sandro Moser.

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Observe os exemplos abaixo:

ANTON_IVANOV / SHUTTERSTOCK.COM
Ttulo da resenha: Astro e vilo.
Subttulo: Perfil com toda a loucura de Michael
Jackson.
Livro: Michael Jackson: uma biografia no autorizada
(Christopher Andersen) Veja, 4 de outubro,1995.

Ttulo da resenha: Com os olhos abertos.

REPRODUO
Livro: Ensaio sobre a Cegueira (Jos Saramago)
Veja, 25 de outubro,1995.
No resumo do objeto resenhado, imprescindvel
apresentar os aspectos principais do texto. A resenha
pode ser construda ordenadamente por partes
ou captulos, ou ainda ideias ou fatos podem estar
agrupados em um nico bloco. Leia a resenha da obra
"Lngua e liberdade: uma nova concepo da lngua
materna e seu ensino" (Celso Luft), na resenha
intitulada "Um gramtico contra a gramtica",
escrita por Gilberto Scarton. Observe que o autor da
resenha, j de incio, informa ao seu leitor os pontos
principais da obra que sero discutidos.
Nos 6 pequenos captulos que integram a obra,
o gramtico bate, intencionalmente, sempre na
mesma tecla uma variao sobre o mesmo tema:
a maneira tradicional e errada de ensinar a lngua

REPRODUO
materna, as noes falsas de lngua e gramtica,
a obsesso gramaticalista, a inutilidade do ensino
da teoria gramatical, a viso distorcida de que se
ensinar a lngua se ensinar a escrever certo, o
esquecimento a que se relega a prtica lingustica,
a postura prescritiva, purista e alienada to
comum nas aulas de portugus.
O velho pesquisador apaixonado pelos
problemas de lngua, terico de esprito lcido
e de larga formao lingustica e professor de
longa experincia, leva o leitor a discernir com
rigor gramtica e comunicao: gramtica natural
e gramtica artificial; gramtica tradicional e

37
lingustica; o relativismo e o absolutismo gramatical; o saber dos falantes e o saber dos
gramticos, dos linguistas, dos professores; o ensino til, do ensino intil; o essencial, do
i rrelevante.

Nesta unidade, voc vai escrever uma resenha crtica. Durante a leitura do texto abaixo, verifique
alguns pontos:

a. as ideias/opinies defendidas pelo autor da resenha;


b. os argumentos usados para justificar a reflexo;
c. os aspectos mais importantes do produto cultural avaliado (obra, autor, tema, trilha
sonora, etc.);
d. outras informaes que podem ajudar o leitor a compreender melhor a obra analisada.

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Alguns prlogos podem ser considerados resenhas, que doiram as trevas mais espessas da corrupo e
pois apontam aspectos relevantes da obra. Prlogo da misria. Nas convulses da matria humana, no
um texto ou uma advertncia, geralmente breve, tripdio dos vcios, na fase a mais torpe da existncia
que antecede uma obra escrita e que tem por objetivo social, h sempre no fundo do vaso uma inteligncia e
apresent-la ao leitor. Do grego prlogos, que um corao; a razo e o sentimento em tortura; a luz
significa "escrito preliminar". e o perfume a apagar-se; so as cores da palheta. Se
com elas o pincel no desenha sobre o fundo negro um
Prlogo o mesmo que introduo, prefcio,
quadro harmonioso, os olhos no sabem ver, ou a mo
prefao, prembulo. a introduo de um trabalho,
no sabe reproduzir. Censurem pois As Asas de Um
onde o autor desenvolve as ideias preliminares sobre o
Anjo porque lhe falte uma ou outra dessas condies;
assunto que vai explorar no desenrolar da obra.
porque ou os reflexos ou as refraes das cenas sejam
Disponvel: <www.significados.com.br/
prologo/>. Acesso em: 17 mar. 2017. imperfeitas. Mas no censurem nela a tendncia da
literatura moderna apelidando-a de realismo. Sobre
a acusao de imoralidade que lanaram comdia,
As Asas de um Anjo, de Jos de e que afinal traduziu-se em uma proibio policial,
Alencar escuso defender-me depois do artigo que publiquei no
PREFCIO DA PEA (advertncia e Dirio do Rio de Janeiro, e que servir de prlogo ao livro
prlogo da primeira edio 1859)
impresso, como serviu de protesto ao drama retirado
A boa vontade dos editores, que o ano passado da cena. A crtica sensata e judiciosa, j expressa no
deram estampa O Demnio Familiar, traz agora luz da jornalismo pelo Sr. Dr. F. Otaviano, j discutida em
imprensa As Asas de um Anjo, no momento em que tudo conversa por companheiros de letras, pronunciou-
me afasta das lidas literrias. O muito que tinha a dizer se contra o eplogo. Um pensa que terminada a ao
e criticar sobre a minha obra e as censuras de que fui naturalmente no 4. ato, tudo quanto siga estranho
alvo, deixo-o pois reflexo dos homens esclarecidos; ao drama. Outros entendem que a regenerao surge
bem como deixo aos metodistas da literatura e da arte imprevista, e consuma-se rpida, deixando por
a sua classificao de escola realista. A realidade, ou isso de calar no esprito do espectador, fortemente
melhor, a naturalidade, a reproduo da natureza e da impressionado pelas cenas anteriores. No contestarei
vida social no romance e na comdia, no a considero essa opinio, a que alis o pblico por algum daqueles
uma escola ou um sistema; mas o nico elemento da motivos, parece ter dado razo. Direi somente que
literatura: a sua alma. O servilismo do esprito eivado sem o eplogo o pensamento da minha comdia ficaria
pela imitao clssica ou estrangeira, e os delrios da incompleto; ela seria apenas uma nova encarnao do
imaginao tomada do louco desejo de inovar so velho tipo de Manon Lescaut; encarnao brasileira,
aberraes passageiras; desvairada um momento, verdade; mas por isso mesmo desbotada e macilenta,
a literatura volta, trazida pela fora irresistvel, ao porque a vida exterior da nossa corte no podia
belo, que a verdade. Se disseram que alguma vez emprestar-lhe as cores e o brilho das grandes cidades
copiam-se da natureza e da vida cenas repulsivas, europeias.
que a decncia, o gosto e a delicadeza no toleram, O livro nasce do esprito, como a planta brota da
concordo. Mas a o defeito no est na literatura, e sim terra; simples, borbulha a princpio, pulula, germina,
no literato; no a arte que renega do belo; o artista, abrolha as folhas, esgalha, copa-se e floresce por fim.
que no soube dar ao quadro esses toques divinos

39
Se o cultor da planta vai-lhe moldando os ramos enfezados,
esladroando-lhe os renovos que podem minguar o tronco, a
seiva criadora substitui quanto a mo do homem corrige; mas se
descuidado deixa que a planta cresa com os seus defeitos, pode
cortar-lhe o galho rasteiro, forar-lhe a haste arqueada; a rvore
ficar mutilada, porm sempre mal parecida. Assim o livro;
assim foi com As Asas de um Anjo. Depois de concluda a comdia
e representada; depois de partido esse fio que prende a obra
ainda indita ao esprito que a criou, era impossvel matar o livro;
mas torcer-lhe o molde, dar-lhe outra configurao, excedia
vontade e s foras do autor. Creio mesmo que tudo quanto sasse
dessa superfetao literria seria monstruoso e disforme. Prefiro
pois embora reconhea at certo ponto a justeza da crtica
deixar a comdia com os seus defeitos, mas com a espontaneidade de sua inveno. As criaes da imaginao
tambm tm a sua virgindade; e muitas vezes a razo no se anima a corrigi-las, com receio de murchar-lhes a
flor.

As alteraes que fiz no original, levado cena, e aprovado pelo Conservatrio, so unicamente de estilo;
castiguei a frase quando no me pareceu natural; dei em alguns pontos melhor torneio ao dilogo; mas na ao
dramtica, e no pensamento que ela exprime, nem de leve toquei. Entretanto se algum dia, o que no espero,
cessar o interdito policial, e entenderem que o eplogo pode prejudicar o efeito cnico, no me oporei semelhante
supresso; antes estimarei que ela se faa, porque ser a soluo prtica da questo de arte que aventou o
desenlace da tragdia.

Atividade

Agora, voc ler o que pode ser descrito como sinopse de um filme. Claro, no a mesma coisa que uma
resenha. No entanto, o que ver a seguir tem nuances de uma resenha crtica, pois, alm de contar a histria,
o autor aponta seu ponto de vista, similar a um prlogo.

PETS: A VIDA SECRETA DOS BICHOS


Se voc j viu a trilogia Toy Story, da Pixar, sabe o que os brinquedos fazem quando esto sozinhos. A
premissa de Pets: A Vida Secreta dos Bichos segue o mesmo princpio. revelada aqui a rotina dos animais de
estimao quando os donos no esto por perto. Produzido pela Illumination, estdio de animao ligado
Universal e responsvel pelos filmes Meu Malvado Favorito e Minions, Pets tem a dupla Chris Renaud e Yarrow
Cheney na direo. O roteiro, escrito por Cinco Paul, Ken Daurio, Brian Lynch e Simon Rich centrado na
figura de Max, um co que vive feliz com sua dona. A vida para ele mais que perfeita e rodeada de carinho
e bons amigos, entre eles, a apaixonada Gigi. Tudo muda quando sua dona chega em casa com Duque, um
outro co que, a partir da passa a dividir o apartamento com ele. Nada contente com a concorrncia, Max
arma um plano para se livrar de Duque. Claro que tudo d errado e os dois se perdem em Nova York.

40
Ao tentar encontrar o caminho de volta para casa, eles cruzam o caminho da gangue do coelho psictico
de Bola de Neve. Pets traz todos aqueles elementos comuns nas boas animaes. E, de quebra, deixa lies
de tolerncia, amizade e superao. Tudo recheado com muita msica, humor e aventura que far a festa
para crianas de todas as idades.
Fonte: PETS: A VIDA SECRETA DOS BICHOS (The Secret Life of Pets EUA 2016). Direo: Chris
Renaud e Yarrow Cheney. Animao. Durao: 87 minutos. Distribuio: Universal.

ALGUNS PONTOS IMPORTANTES:


Sobre a resenha que voc leu a respeito de Pets: a vida secreta dos bichos, responda:

O que est sendo resenhado?


Quem o autor do filme resenhado?
H informaes suficientes para o leitor procurar o filme, se quiser? Quais so elas?
Onde esto localizadas?
Na resenha, foram apresentados mais pontos negativos ou positivos do filme?
Aps a leitura da resenha, voc se sentiu interessado em assistir ao filme Pets: a vida
secreta dos bichos? Por qu?
No de hoje que lemos histrias e vemos filmes cujos personagens animais falam.
Desde crianas, j ouvamos narrativas contadas pelos avs, pais, professores em
que os bichos figuravam comportamentos humanos. O nome desse gnero textual
fbula. Em sua opinio, o contato com esse tipo de texto influenciou o seu interesse
pelo filme resenhado?
No ltimo pargrafo da resenha, o autor menciona o pblico-alvo da animao: as
crianas. Voc concorda com essa ideia? O filme exclusivo para crianas?
Releia o trecho a seguir: Pets traz todos aqueles elementos comuns nas boas
animaes. Para voc, quais seriam esses elementos comuns aos quais o autor da
resenha se refere?

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Ficha Tcnica:
Uma Lio de Vida (The
First Grader) 104 min
EUA / Qunia / Reino Unido 2010
Direo: Justin Chadwick
Roteiro: Ann Peacock
Elenco: Naomie Harris, Oliver
Litondo, Tony Kgoroge, Vusi Kunene,
Alfred Munyua, Shoki Mokgapa.

42
Agora, leia, com muita ateno, mais uma resenha:

Uma Lio de Vida


Coproduo entre EUA, Qunia e Reino Unido, e dirigido por Justin Chadwick (Mandela: O Caminho para a
Liberdade), Uma Lio de Vida promete emocionar com histria verdica.

Atividade

REPRODUO
Num vilarejo do Qunia, Maruge (Oliver Litondo) mudanas
ouve no rdio o anncio da educao gratuita para e apontam
todos. No tendo tido oportunidade de estudar no a educao
passado, o senhor de 84 anos um veterano da tribo como a
Mau Mau que lutou para libertar o Qunia dos ingleses ferramenta
bate porta da escola primria e espera uma chance principal para
de poder aprender a ler. Rejeitado de incio, Maruge isso.
no desiste: j de uniforme escolar e uma pequena Atravs
bolsa a tiracolo, volta a pedir por uma vaga e insiste de flashbacks
at ser aceito pela professora Jane (Naomie Harris). b e m
Em meio a lembranas do doloroso passado, situados, adentramos no passado de Maruge e somos
Maruge tem de enfrentar a revolta e as ameaas das confrontados com a chocante realidade da luta
autoridades, dos moradores da regio e dos pais dos pela liberdade da ex-colnia britnica. A crueldade
alunos, inconformados por um idoso ter sido aceito extrema e as condies mais desumanas foi o que
em uma classe de crianas de seis anos de idade. Maruge encontrou nos campos de deteno na
dcada de 50, aps ter tido sua esposa e filhos
A despeito da pssima escolha do ttulo em
cruelmente assassinados. Veio a liberdade para o
portugus seria mais interessante um que se
Qunia, a vida continuou. O passado, porm, nunca
aproximasse do original, The First Grader, o longa
foi de todo extinto, e permanece como uma ferida
nos brinda com uma trama de superao que, para
que di, alm de uma dvida histrica.
nosso alvio, est bem distante da frmula autoajuda
para assistir. Uma Lio de Vida a histria de uma luta que
atravessa geraes. A luta de Maruge para superar
Muito poderia ser dito acerca das belezas deste
seu passado, ir escola e aprender a ler; a luta de
filme, seja com relao trama tocante, sem jamais
Jane pelo amor educao; a luta diria das crianas
escorregar no sentimentalismo piegas; ou ento
em face das condies precrias da escola, em que
sobre os belssimos planos fechados, capazes de
cinco alunos dividem uma carteira e tantos outros
causar sensaes das mais diversas e que exprimem
estudam sentados no cho. Mas tambm se trata
mais que palavras. Prefiro, no entanto, dar nfase
de uma inspiradora histria de conquista, portadora
fora dos personagens e entrega dos atores, de uma verdade incontestvel: o aprendizado s
aspectos capazes de arrepiar o espectador. Os termina quando tivermos terra nos ouvidos.
protagonistas o idoso Maruge e a professora Jane
Disponvel em: <http://www.cinemanarede.
colocam a determinao como base para se operar com>. Acesso em: 17 maio 2017.

43
1. A partir da leitura da resenha, preencha o quadro a seguir:

Autor(a) da resenha

Objeto resenhado

Suporte da resenha

Objetivo de quem a produziu

Pblico a que se destina

2. A resenha apresenta um resumo do filme e comentrios da autora sobre esse filme. Circule os
trechos que resumem o enredo do filme e grife os trechos que apresentam comentrios da autora
sobre o objeto resenhado.

3. Identifique a crtica negativa feita pela autora da resenha acerca do filme.

4. Releia este trecho:


O passado, porm, nunca foi de todo extinto, e permanece como uma ferida que di, alm de uma
dvida histrica.
O sentido do conectivo em destaque ficar alterado sensivelmente se for substitudo por:
a) no entanto
b) entretanto
c) contudo
d) por isso

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1. Releia as informaes contidas na parte Ficha tcnica. Em seguida, identifique a finalidade de elas serem
apresentadas.

2. Transcreva da resenha um exemplo de emprego da vrgula para:


a) realizar a inverso na ordem de termos:

b) realizar a insero de termos:

45
Atividade
(ENEM-2009)

Em Touro Indomvel, que a cinemateca lana nesta semana nos Estados de So Paulo e Rio de Janeiro, a
dor maior e a violncia verdadeira vm dos demnios de La Motta que fizeram dele tanto um astro no ringue
como um homem fadado destruio. Dirigida como um senso vertiginoso do destino de seu personagem,
essa obra-prima de Martin Scorcese daqueles filmes que falam perfeio de seu tema (o boxe) para
ento transcend-lo e tratar do que importa: aquilo que faz dos seres humanos apenas isso mesmo,
humanos e tremendamente imperfeitos.
Revista Veja, 18 fev. 2009 (adaptado).

Ao escolher este gnero textual, o produtor do texto objetivou:


a) Construir uma apreciao irnica do filme.
b) Evidenciar argumentos contrrios ao filme de Scorcese.
c) Elaborar uma narrativa com descrio de tipos literrios.
d) Apresentar ao leitor um painel da obra e se posicionar criticamente.
e) Afirmar que o filme transcende o seu objetivo inicial e, por isso, perde sua qualidade.

Tambm possvel iniciar o texto escrevendo sobre o contedo da obra: AARON LIM / SHUTTERSTOCK.COM

Segundo Joseph Campbell (1990, p. 6), Mitos so pistas para as potencialidades espirituais da
vida humana. Sobre esse prisma, podemos dizer que toda a srie Guerra nas Estrelas, composta de
seis episdios, uma grande narrativa mtica que conta a histria de um heri, Luke Skywalker, e seu
processo de autoconhecimento e de descoberta de suas potencialidades."
THIEL, Grace C; THIEL, Janice C. Movie takes: a magia do cinema na sala de aula. 2009, pg. 30.

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Para finalizar, a resenha crtica deve apresentar uma anlise crtica do comeo ao fim. No se deve fazer o
resumo da obra e, ao concluir, apresentar a sua avaliao. Texto e resenhista dialogam da primeira ltima linha.

A partir das leituras que voc realizou at agora sobre as resenhas


crticas, voc ir produzir uma resenha crtica.

Todo texto pressupe


Leia: etapas distintas e
intercomplementares na
O coronel e o lobisomem atividade da escrita:

Ana Paula Gurski Ferraz


Planejar
Escrever
Do fundo das guas, vinha vindo um Reescrever
canto de boniteza nunca ouvido...
...devia ser o canto da madrugada que subia.

Quem perdeu a estreia do filme O coronel e o lobisomem, em junho


de 2005, nas telas do cinema, poder encontr-lo em DVD. O filme
baseado no livro homnimo de Jos Cndido de Carvalho, sob a direo

REPRODUO
e estreia de Maurcio Farias, com a participao dos atores Diogo Vilela,
Selton Mello, Ana Paula Arsio e grande elenco.

A adaptao para o cinema narra a saga do coronel Ponciano (Diogo


Vilela), garoto criado pelo av (Othon Bastos), em meio a muita riqueza,
na suntuosa e produtiva fazenda Sobradinho. O companheiro de infncia e
irmo de criao de Ponciano o filho da criadagem, Pernambuco Nogueira
(Selton Mello), que cresce em meio riqueza, no entanto, sem possu-la.

Na mocidade, ambos tomam caminhos antagnicos e conflitantes.


Lutam pelo amor da prima Esmeraldina (Ana Paula Arsio) e pela posse
da fazenda Sobradinho. Nogueira, que no decorrer do filme se torna uma criatura obscura, cheia de dio e cobia,
acaba ganhando a propriedade, mas Ponciano tentar provar na justia que nada deve a seu irmo, pelo simples fato
de Nogueira no ser da espcie dos seres humanos.

A narrao dos fatos entre Ponciano e Nogueira acontece em uma espcie de tribunal no qual ns,
expectadores, nos transformamos em jurados.

Em O coronel e o lobisomem, o cineasta Maurcio Farias conseguiu, de maneira notvel, dirigir a complexidade
e expressividade do personagem Ponciano de Azevedo Furtado, interpretado por Diogo Vilela.

Coronel de patente e fazendeiro, Ponciano um personagem sonhador, bomio, que se acha capaz de grandes
feitos, mas que na verdade no consegue realizar nada, um fantoche do seu prprio mundo.

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De natureza mstica, muito devotado ao amor, brilhantes, marcados pela oratria e expressividade dos
tipo um Don Juan dos pastos, Ponciano acredita nos atores.
mistrios do mar e nas foras da natureza, carrega
O filme surpreende pelos recursos da computao
dentro de si uma humanidade e eloquncia grandiosas,
grfica usados na construo do lobisomem virtual e
caractersticas importantes para a potica do filme.
imagens modificadas do cu e de objetos.
Diogo saboreia o texto com humor e emoo, um ator
que cresce junto com o personagem. Ainda temos o privilgio de ouvir a trilha sonora de
um dueto magnfico entre Milton Nascimento e Caetano
Selton Mello, que interpreta Pernambuco Nogueira,
Veloso, que respira o encantamento da obra.
traz toda sua experincia que alinha e enriquece o
personagem. Leva-nos da compaixo ao dio, da O coronel e o lobisomem um filme para ser visto
inocncia astcia. do comeo ao fim, sem chance para o intervalo. Prende
nossa ateno pela prosa e poesia, pelo encanto da
Ana Paula Arsio interpreta a formosa prima
palavra, pelo conjunto mgico, imenso, complexo, que
Esmeraldina, que nos absorve pela suavidade
fala direto ao corao.
da representao. uma personagem sedutora,
enigmtica, nunca sabemos quem ela , tamanha sua O coronel e o lobisomem uma produo que
ambiguidade. merece ser aplaudida de p, mesmo que seja do sof
da sua casa.
Este filme, repleto de brasilidade e rico na prosa,
inova pelo clima mgico que a histria pede. Filmado Eu aplaudi.
nos arredores de Minas Gerais e Fernando de Noronha,
o cenrio retrata um mundo rural com ares palacianos,
bem como a beleza paradisaca desta ilha em meio a um
realismo fantstico.

O roteiro encanta pela linguagem inventada, cheia


de neologismos, tudo bem contado em dilogos

1. Agora voc vai produzir uma resenha crtica sobre um livro ou um filme, game, pea de teatro, cano,
obra de arte, etc. Lembre-se de alguma obra que tenha sido marcante para voc ou que voc no tenha
gostado da histria.

2. Em uma folha, redija uma sinopse do objeto cultural, que contenha os elementos principais (enredo,
personagens, trilha sonora, direo, etc.). Coloque os dados da obra (autor, editora, nmero de
pginas, tempo de filme, etc.). Esses dados tambm figuraro ao longo do texto da resenha ou em um
espao final do texto.

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3. Organize seu texto. Ele deve apresentar uma tese (a sua opinio), as informaes (j rascunhadas)
e os argumentos que defendem sua opinio. No se esquea de que seu ponto de vista deve vir

acompanhado de argumentos que o sustentem por meio de uma estratgia determinada por voc.

4. As crticas devem ser coerentes e comprovadas. Assim, justifique sua opinio apresentando
caractersticas do objeto de sua resenha. Voc pode citar trechos do livro ou de outras obras que sejam

relevantes. Vale lembr-lo que, no incio do livro-texto, voc vai encontrar o que uma resenha deve

conter.

49
Captulo IV
captulo IV
CHARGES, TIRAS E CARTUNS

Nesta unidade, voc ir analisar tirinhas, charges e cartuns. Entretanto, necessrio que voc saiba a diferena
entre eles. Ento, fique atento aos exemplos e aos conceitos.

Nesta unidade, voc vai analisar vrias imagens. Durante a leitura das imagens, verifique
alguns pontos:

a. a utilizao de diferentes linguagens e suportes;


b. a combinao entre a forma do texto e o seu contedo;
c. a construo de sentido do texto;
d. a linguagem verbal e no verbal.

Para quem vai prestar vestibular ou Enem,


essencial reconhecer e interpretar o sentido da
imagem no universo das tiras, charges e cartuns. Mas
voc sabe diferenciar esses trs gneros textuais?
Vamos l.

FILLIPE

SAMAPAIO/

STF/ABR
A CHARGE faz uma stira (crtica sarcstica)
de acontecimentos atuais, geralmente na esfera
poltica, a fim de demonstrar indignao ou
insatisfao com a situao vigente. Alm disso, a
charge quase sempre se utiliza da caricatura para
delinear o(s) personagem(s) envolvidos. Isso pode ser visto na ilustrao do ministro Joaquim Barbosa (acima).
Nela, o martelo e a capa foram realados, o primeiro por meio de uma ampliao, indicando uma punio dolorosa
aos rus do mensalo, j a segunda foi diferenciada a fim de comparar o personagem com um heri, um justiceiro.
Disponvel: <https://umvestibulando.wordpress.com/2013/01/06/a-diferenca-entre-
charge-cartum-tirinha-e-caricatura/>. Acesso em: 17 mar. 2017.

50
Atividade

(Enem - 2013) As charges podem fazer uma crtica social, cultural ou poltica.

Disponvel em: http://tv-video-edc.blogspot.com. Acesso em: 30 maio 2010. Foto: Reproduo.

A charge revela uma crtica aos meios de comunicao, em especial internet, porque:
a) Questiona a integrao das pessoas nas redes virtuais de relacionamento.
b) Considera as relaes sociais como menos importantes que as virtuais.
c) Enaltece a pretenso do homem de estar em todos os lugares ao mesmo tempo.
d) Descreve com preciso as sociedades humanas no mundo globalizado.
e) Concebe a rede de computadores como espao mais eficaz para a construo de
relaes sociais.
O CARTUM tambm utiliza a
caricatura, porm, diferentemente da
charge, ele no retrata personagens
conhecidos e no tem como objetivo
satirizar uma situao atual,
simplesmente faz graa com uma
situao cotidiana. algo prximo de
uma piada. como se fosse uma crnica
do dia.

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A TIRINHA uma sequncia de quadrinhos que geralmente faz uma crtica aos valores sociais. publicada
com regularidade. Veja:

Uma das questes fundamentais em relao anlise dos gneros textuais citados envolve ler, relacionar
e interpretar. Portanto, o aluno precisa ser leitor, ou seja, entrar em contato com textos diversos e perceber o
dilogo que eles suscitam. Leitura e conhecimento.

DICAS
CHARGES: mistura de imagem e humor, muitas vezes cido, geralmente escritas em linguagem
coloquial e de duplo sentido. As imagens das charges costumam estar relacionadas aos acontecimentos do
dia a dia. Portanto, fique bem informado. Leia sempre o jornal do dia.

TIRINHAS: compreender a mensagem e encontrar uma alternativa que a explique. Note que, s vezes, a
piada da tirinha tem muito mais a inteno de fazer refletir do que rir.

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Agora que voc leu vrios exemplos, vamos praticar?
Resolva os exerccios abaixo:
Questo 1

Fonte: Mafalda, criao do cartunista argentino Quino, conhecida por suas


opinies cidas e crticas sobre os mais variados assuntos.

Assinale a alternativa que melhor expresse o efeito de humor contido na tirinha:


a) O discurso feminista de Susanita responsvel pelo efeito de humor, j que o tema
tratado de forma irnica, denotando certo machismo por parte do autor da tirinha.

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b) Mafalda ope-se ao discurso da amiga Susanita e, por meio de suas feies em todos
os quadrinhos, percebe-se nitidamente seu descontentamento.
c) A linguagem verbal no contribui para o melhor entendimento da tirinha, pois todo
efeito de humor est contido na linguagem no verbal por meio da expresso exibida
por Mafalda no ltimo quadrinho.
d) Susanita apresenta um discurso de acordo com as teorias feministas que pregam
a libertao das prticas tradicionalmente atribudas mulher. Contudo, no ltimo
quadrinho, a personagem defende o uso de uma tecnologia que apenas refora os
padres tradicionais.

Questo 2
Sobre as charges e tirinhas, incorreto afirmar:
a) As charges so poderosos veculos de comunicao, constituindo um gnero que alia a
fora das palavras a imagens e muito bom humor.
b) No Brasil, a charge comumente utilizada com a inteno de tecer crticas polticas e
sociais, sempre preservando como trao predominante o humor.
c) Assim como nas charges, as tirinhas apresentam uma linguagem permeada pelo bom
humor, aliando as linguagens verbal e no verbal para a construo de sentidos do texto.
d) As charges e as tirinhas no podem ser consideradas como gneros textuais, visto que
a linguagem no verbal a linguagem predominante.

Questo 3
(Enem - 2009)
La vie en rose uma criao do cartunista Ado Iturrusgarai. Sua principal caracterstica a abordagem
bem humorada sobre temas do cotidiano.

Os quadrinhos exemplificam que as HQs constituem um gnero textual:

a) Em que a imagem pouco contribui para facilitar a interpretao da mensagem contida


no texto, como pode ser constatado no primeiro quadrinho.

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b) Cuja linguagem se caracteriza por ser rpida e clara, que facilita a compreenso, como
se percebe na fala do segundo quadrinho:
[QUARDINHO].
c) Em que o uso das letras com espessuras diversas est ligado a sentimentos expressos
pelos personagens, como pode ser percebido no ltimo quadrinho.
d) Que possui em seu texto escrito caractersticas prximas a uma conversao
presencial, como pode ser percebido no segundo quadrinho.
e) Que a localizao casual dos bales nos quadrinhos expressa com clareza a sucesso
cronolgica da histria, como pode ser percebido no segundo quadrinho.

Atividade

Questo 4
Todo texto pressupe
A charge de Ivan Cabral foi utilizada na prova do Exame Nacional do etapas distintas e
Ensino Mdio de 2012. intercomplementares na
atividade da escrita:
Planejar
Escrever
Reescrever

Disponvel em: www.ivancabral.com. Acesso em: 27 fev. 2012. (Foto: Reproduo/Enem)

O efeito de sentido da charge provocado pela combinao de informaes visuais e


recursos lingusticos. No contexto da ilustrao, a frase proferida recorre :
a) polissemia, ou seja, aos mltiplos sentidos da expresso rede social: para transmitir a
ideia que pretende veicular.

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b) ironia: para conferir um novo significado ao termo outra coisa.
c) homonmia: para opor, a partir do advrbio de lugar, o espao da populao pobre e o
espao da populao rica.
d) personificao: para opor o mundo real pobre ao mundo virtual rico.
e) antonmia: para comparar a rede mundial de computadores com a rede caseira de
descanso da famlia.

Neste exerccio, voc ir produzir uma anlise das imagens citadas.

1. Considere o seguinte cartum:


[...] indiscutvel a importncia da tecnologia em todos os
campos do viver. Muito embora seja responsvel por consequncias
indesejveis sem conta. Isso nos pe diante de um dilema crucial.
Continuar no mesmo ritmo sem pensar nas consequncias, ou analisar
a situao e ajustar o progresso ao equilbrio ambiental de modo a
permitir a continuao da vida moderna nesse nosso planeta, sem
inviabilizar a qualidade de vida que todos buscamos.

Texto produzido pelo escritor Dcio Adams licenciado em Matemtica,


com habilitao em fsica e desenho geomtrico. Aposentado pela UTFPR.

O cartum de Marcin Bondarowicz indicado apropria-se do uso da tecnologia para


questionar um comportamento atual. Em um texto de 8 a 10 linhas:
Explicite qual o comportamento criticado na charge e a relao que o autor
estabelece entre essa tendncia atual e o texto de Dcio Adams.
Posicione-se em relao crtica de Marcin e justifique o ponto de vista defendido
por voc.

56
57
Leia a tirinha abaixo:

Mafalda, apesar de ser uma criana, j apresenta certo entendimento


sobre as principais questes que afligem a sociedade.

2. Sobre os efeitos de humor da tirinha, pode-se afirmar, exceto:


a) Mafalda emprega o mesmo valor semntico para o vocbulo indicador no primeiro e no ltimo
quadrinho.
b) Mafalda no sabe a importncia do dedo indicador.
c) A expresso dedo indicador utilizada de maneira metafrica pelo autor da tirinha.
d) Mafalda ainda no sabe exatamente o significado da expresso indicador de desemprego.
e) Apesar de ser uma criana, Mafalda j percebe as injustas relaes de trabalho estabelecidas
entre patres e operrios.

3. Leia:
[...] O desemprego caracterizado pela falta de trabalho remunerado, o que deixa famlias sem fonte
de renda e incapazes de garantir o prprio sustento. O desemprego um grave problema, pois resulta
no aumento da fome, da criminalidade e da vida indigna para os cidados [...]
Considerando ainda a tirinha de Mafalda e o texto acima, observa-se que ambos apontam para um
grave problema social. Em um texto de 8 a 10 linhas:
Explicite qual o problema criticado na tirinha e no texto.
Posicione-se em relao crtica de ambos os gneros textuais e justifique o ponto de vista
defendido por voc.

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Leia, para responder as questes em forma de anlise dissertativa:
TEXTO I

A forma de organizao do texto aponta para uma oposio. Explique como o texto
foi organizado e qual a oposio a que se pode fazer referncia a partir da leitura
do texto.

Ao longo do texto, o produtor utilizou a palavra princpio duas vezes. Quais as


conotaes que tal palavra assume levando-se em considerao o contexto?

No ltimo quadrinho do texto esto representados trs grupos sociais. Identifique-os


e explique com base em quais elementos do texto voc fez o reconhecimento desses
grupos.

Disponvel: <http://analisedecharges.blogspot.com.br/2016/11/3-exercicios-
de-linguagem-discurso-e.html>. Acesso em: 17 mar. 2017.

60
Essas foram atividades essenciais para ajud-
los nas avaliaes de vestibulares e Enem, pois
envolveram leitura, interpretao, relao e
conhecimento de mundo, alm da intertextualidade e
interdisciplinaridade. Estude e sempre leia esse gnero
textual que trata de imagens.

Ainda que pese a polissemia do termo, a


interdisciplinaridade pode ser traduzida em tentativa
do homem conhecer as interaes entre mundo
natural e a sociedade, criao humana e natureza,
e em formas e maneiras de captura da totalidade
social, incluindo a relao indivduo/sociedade e
a relao entre indivduos. Consiste, portanto, em
processos de interao entre conhecimento racional e
conhecimento sensvel, e de integrao entre saberes
to diferentes, e, ao mesmo tempo, indissociveis na
produo de sentido da vida.
Disponvel em: <http://www.epsjv.fiocruz.br/
dicionario/verbetes/int.html>. Acesso em: 17 mar. 2017.

Voc sabia que os textos podem conversar entre


si? Sim, isso possvel, e a esse fenmeno damos
o nome de intertextualidade. Essa ocorrncia pode
ser implcita ou explcita, feita por meio de pardia
ou por meio da parfrase. O que esses variados tipos
tm em comum? Todos eles resgatam referncias
nos chamados textos-fonte, que so aqueles textos
considerados fundamentais em uma cultura.
Disponvel em: <http://brasilescola.uol.com.br/redacao/
intertextualidade-.htm>. Acesso em: 17 mar. 2017.

61
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captulo V
Captulo V RESUMIR

Nesta unidade aprenderemos sobre o gnero textual "resumo". Nossa primeira dica : no adianta copiar,
preciso sintetizar. O resumo bem feito auxilia na interpretao de textos e livros, assim, acaba auxiliando na
aprendizagem. Entretanto, preciso dizer que apenas copiar tpicos relevantes e no compreend-los acaba
atrapalhando a coerncia da produo textual. importante que voc tenha autonomia e domnio de vocabulrio,
e tambm saiba utilizar a norma-padro da lngua para que seu texto produza sentido.

Nesta unidade, voc vai escrever um resumo. Durante a leitura dos textos de
interpretao, verifique alguns pontos:
a. o assunto, histria ou problema que est sendo abordado pelo autor;
b. o ponto de vista, a sequncia narrativa ou a tese apontada pelo autor;
c. as estratgias empregadas para chamar a ateno do leitor;
d. a organizao do texto.

DICA
"O resumo um gnero textual interessante para a otimizao de estudos e pesquisas,
uma vez que permite ao estudante reconhecer a importncia das tcnicas de fichamento, com
particular ateno elaborao de tpicos esquemticos e conceituais, de modo a sintetizar
aspectos significativos de um texto" (Juliana Romagnoli professora de portugus).

Disponvel em: <https://vestibular.uol.com.br/noticias/redacao/2015/03/24/so-copiar-nao-adianta-


diz-professor-veja-dicas-para-fazer-um-bom-resumo.htm>. Acesso em: 17 mar. 2017.

Leia o exemplo de um resumo:


A Via Lctea era imaginada como o caminho para a casa de Zeus/Jpiter. Era tambm considerada o percurso
desordenado da corrida de Faetonte pelo Cu, enquanto conduzia o carro do Sol. Os povos nrdicos acreditavam
que a Via Lctea era o caminho seguido pelas almas para o Cu.

63
Na Esccia antiga, era a estrada prateada que conduzia ao castelo do rei do fogo. Os ndios primitivos
acreditavam que a Via Lctea era o caminho que os espritos percorriam at as suas aldeias, no Sol. O seu caminho
marcado pelas estrelas, que so fogueiras que as guiam ao longo do caminho.

TRIFF /

SHUTTERSTOCK.

COM
Resumo:
Existem vrias lendas acerca da Via Lctea. So vrios os povos, desde os gregos, os nrdicos e os ndios
primitivos, que interpretam a Via Lctea como um caminho, um rio celestial ou como guia das almas at o cu.
Disponvel: <http://arquivo.ese.ips.pt/nonio/cd_of/img_menu/materiais/fazeresumos.pdf>. Acesso em: 17 mar. 2017.

O RESUMO
O gnero textual resumo caracteriza-se por ser uma sntese de um texto maior priorizando os tpicos
principais, sem juzo de valor ou comentrios. Trata-se de um texto cujo objetivo informar o que h de mais
relevante em um texto. Etimologicamente, uma volta (re) ao sumo ( essncia) do texto original.

Ao sintetizar, o aluno tambm analisa o texto e seleciona as partes principais. Essa sntese a autonomia
do pensar, pois ela feita com as prprias palavras, enquanto no resumo se preservam as palavras do texto de
origem. No h problema algum em utilizar sinnimos ou expresses equivalentes s do original. Essencial no
acrescentar informaes novas. O resumo uma reduo, e no uma interpretao de outro texto.

Quando resumimos um texto, precisamos considerar trs partes importantes:

as partes essenciais do texto;


a progresso em que elas aparecem no texto;
a correlao entre cada uma das partes.

Se o texto resumido for narrativo, importante conservar os elementos de causa e sequncias de tempo; se
for descritivo, os aspectos visuais e espaciais; se dissertativo, necessrio manter a organizao e construo das
ideias.

De forma geral, h trs estratgias que podemos utilizar na composio do nosso resumo:

1. Apagamento: significa cortar as partes desnecessrias. Geralmente essas partes so os adjetivos e os


advrbios, ou frases equivalentes a eles. Veja:
64
O velho jardineiro trabalhava muito bem. Ele arrumava muitos jardins diariamente.
O jardineiro trabalhava bem.

2. Generalizao: significa diminuir os elementos da frase atravs do critrio semntico, ou seja, do


significado. Veja:

Pedro comeu picanha, costela, alcatra e corao no almoo.


Pedro comeu carne no almoo.

3. Construo: consiste em substituir uma sequncia de fatos ou proposies por uma nica, que possa ser
presumida a partir delas, tambm baseando-se no significado.

Maria comprou farinha, ovos e leite. Foi para casa, ligou a batedeira, misturou os
ingredientes e colocou-os no forno.
Todas essas aes praticadas por Maria nos remetem a uma sntese:
Maria fez um bolo.

Bem, ento como comeamos um resumo? Uma boa dica

RIVETTI /

SHUTTERSTOCK.

COM
sublinhar as palavras ou frases que expressam as ideias mais
importantes enquanto voc estiver lendo o texto. Depois, junte as
informaes, forme o texto e aplique as estratgias mencionadas
anteriormente.

Pronto! Agora escreva um pargrafo introdutrio para


contextualizar o leitor. Aponte o texto que ser resumido, o autor
e algumas informaes pertinentes sobre o seu perfil, o tema que
ser tratado, etc. No desenvolvimento do resumo, utilize elementos
coesivos (conjunes) para amarrar o texto. As conjunes so
elementos importantes na construo textual, pois conectam as
ideias, dando coeso e coerncia sua construo.

Concluindo, o gnero textual resumo um texto tcnico que serve como medidor do poder de sntese do
estudante. Importante concentrar-se na condensao e fidelidade do texto original. No escreva comentrios ou
julgamentos, nem mesmo transcreva partes ou frases completas do texto de origem.

65
Resumo e resenha: h diferena?
SIM!!! Daniella Rodrigues, professora, aponta, de

MINERVA

STUDIO /

SHUTTERSTOCK.

COM
maneira geral, como uma diferena bsica entre as tcnicas
de resumo e resenha: a opinio. O primeiro, diz, tem como
caracterstica a sntese de um "texto-fonte, sem a
presena de comentrios avaliativos do autor do resumo.
J a resenha tem como objetivo principal uma
avaliao crtica do objeto resenhado, ou seja, um texto
opinativo.
Disponvel: <https://vestibular.uol.com.br/noticias/redacao/2015/03/24/so-copiar-nao-adianta-
diz-professor-veja-dicas-para-fazer-um-bom-resumo.htm>. Acesso em: 17 mar. 2017.

Leia:

Sobre o fenmeno Pokmon Go


5 de agosto de 2016

Fora lanado na ltima quarta-feira

PIM PIC /

SHUTTERSTOCK.

COM
(03/08/2016), com atraso, no Brasil, o jogo
Pokmon Go. Disponvel para IOS e Android, o
game utiliza uma plataforma revolucionria, onde usa sua
localizaoparaquevocpossacaarvriosPokmons
espalhados por lugares reais. O novo fenmeno entre o s
jovens e adultos j est sendo alvo de crticas,
muitos jovens esto sendo assaltados, atropelados e
outras situaes. Entretanto, com a vinda de um jogo
revolucionrio, tambm surgem alguns benefcios.

Coincidentemente, ontem fiquei sem o carro, e decidi fazer o meu percurso caminhando. Aproveitei ento
para iniciar o aplicativo e comecei a caar os falados Pokmons no trajeto at o meu trabalho. Desde que os
celulares inteligentes surgiram, a relao entre as pessoas comeou a se tornar escassa e precria. fato. Com
um jogo para celular tambm poderamos concluir um distanciamento das pessoas, certo? Mas no. As ruas foram
tomadas de jovens conversando e discutindo sobre o game.

O jogo traz as chamadas Pokstops, lugares da vida real onde voc pode encontrar alguns itens importantes
e tambm pode capturar alguns Pokmons. Aqui, encontrei um Pokstop em uma praa. Em dias comuns, uma
praa vazia e sem movimentao aparente. Quando passei, a praa estava surpreendentemente cheia. Os jovens
davam risadas enquanto conversavam sobre os avanos no jogo e compartilhavam uma rede 3G entre eles.

66
Andei mais um pouco e encontrei um rapaz ajudando uma outra pessoa, que no conseguia capturar um
Pokmon. Ele estava tentando ajudar de uma maneira mais fcil. Tal cumplicidade nunca vista antes.

Cheguei a uma concluso de que, no importa sua idade, nem sua posio sobre os malefcios do uso de
celulares, Pokmon Go trouxe benefcios jamais vistos. Por isso se tornou revolucionrio. Utilizando de uma
modalidade de jogo completamente inovadora, conseguiu unir pessoas. Existiram casos de assalto envolvendo
jogadores? Sim. Existiram jovens atropelados enquanto estavam jogando? Tambm. Amizades foram criadas?
Tambm sim. Cooperao e cumplicidade, jamais antes vistas, foram encontradas? Surpreendentemente sim.
Que possamos jogar todos com cautela e que tambm possamos aproveitar este fenmeno para tirar apenas seus
aspectos positivos, que esto surgindo a cada dia mais.
Fonte: Pedro Xavier - pedagogo, amante da leitura e da escrita, sonhador e um
mero musicista tentando transformar emoes em msicas.

Neste exerccio, voc ir produzir um resumo.

Todo texto pressupe


etapas distintas e
intercomplementares na
atividade da escrita:
Agora que voc j leu o artigo de opinio acima, faa um resumo de 8 a
Planejar
10 linhas, mas lembre-se de verificar as dicas que foram dadas no captulo
Escrever
resumo escolar, do livro-texto. Reescrever
Bom trabalho!

67
68
Captulo VI captulo VI
D I S S E R TA R ( E D I TO R I A L )

Voc ir ler um texto cujo tema a violncia domstica. Trata-se da histria de Maria da Penha Maia Fernandes,
biofarmacutica que lutou para que seu agressor viesse a ser condenado. Com 71 anos e trs filhas, hoje ela lder
de movimentos de defesa dos direitos das mulheres, vtima emblemtica da violncia domstica.

Em 1983, seu marido tentou mat-la duas vezes. Na primeira vez, atirou simulando um assalto, na segunda
tentou eletrocut-la. Por conta das agresses sofridas, Penha ficou paraplgica. Dezenove anos depois, seu
agressor foi condenado a oito anos de priso. Por meio de recursos jurdicos, ficou preso por dois anos. Solto em
2004, hoje est livre.

O episdio chegou Comisso Interamericana dos Direitos Humanos da Organizao dos Estados
Americanos (OEA), e foi considerado, pela primeira vez na histria, um crime de violncia domstica. Em 7 de
agosto de 2006, foi sancionada pelo ex-presidente do Brasil, Luiz Incio Lula da Silva, a Lei Maria da Penha, na
qual h aumento no rigor das punies s agresses contra a mulher, quando ocorridas no ambiente domstico
ou familiar. Leia, a seguir, o editorial que trata sobre os sete anos de implementao dessa lei.

Nesta unidade, voc vai escrever um texto dissertativo-argumentativo. Durante a leitura dos

textos de interpretao, verifique alguns pontos:

a. a sequncia expositiva dos fatos;


b. o posicionamento do texto quanto ao tema central;
c. os argumentos que fundamentam esse posicionamento;
d. a linguagem utilizada no texto.

Editorial | S a lei no basta


27 de setembro de 2013

inquestionvel que a Lei da Maria da Penha, em vigor h sete anos, representou um avano no enfrentamento
da violncia domstica contra a mulher. Mas tambm frustrante saber que as medidas previstas para a
preveno e para a punio dos agressores no contriburam para a reduo de assassinatos. Um estudo do

69
Instituto de Pesquisa Econmica Aplicada (Ipea) mostra que, no perodo entre os anos de 2001 e 2006, a taxa de
mortalidade por 100 mil mulheres foi de 5,28. E no mudou nada com a implementao da lei, ficando em 5,22
entre 2007 e 2011. No esto disponveis dados mais recentes, mas provvel que a tendncia de manuteno
dos indicadores tenha sido constante.

No h como ser indiferente informao de que uma mulher morta no pas a cada uma hora e meia. As
constataes do estudo no podem servir, no entanto, para que se lancem dvidas sobre a importncia da lei.

A legislao segue padres de pases democrticos e civilizados, e o Brasil aderiu tardiamente s normas de
conduta que tentam reduzir as agresses. O que se conclui que, a partir das estatsticas, todas as instituies das
quais depende o cumprimento efetivo da legislao tero que reconsiderar condutas. Como outras estatsticas
mostram que a lei provocou um aumento no nmero de notificao de agresses, a falha est, tambm nesse
caso, na impunidade. As mulheres acreditaram na fora da lei e passaram a procurar proteo, mas o Estado falha
nas estruturas de Polcia, do Ministrio Pblico e da Justia.

A situao grave, porque, alm da violncia domstica, tambm outras formas de agresso continuam
prosperando, como os estupros atestados pelas ocorrncias registradas pelo SUS. A violncia contra a mulher
apresenta outro componente que amplia o desafio posto ao setor pblico: a grande maioria das espancadas,
estupradas ou mortas pertencem s camadas de baixa renda. So vtimas dos agressores e da precariedade do
Estado que deveria proteg-las.

LEREMY /

SHUTTERSTOCK.

COM

Observe que o texto citado foi escrito a partir de um editorial.

DICA
O editorial um gnero textual utilizado na imprensa, especialmente em jornais e revistas,
que tem por objetivo informar, mas sem obrigao de ser neutro, indiferente. No apresenta
a opinio pessoal do autor (que escreveu), mas a opinio do prprio jornal ou do rgo de
imprensa que responde pelo texto.

70
Disponvel em: <http://brasilescola.uol.com.br/redacao/o-editorial.htm>. Acesso em: 17 mar. 2017.

Leia:
importante ressaltar a relevncia de as mulheres no ficarem em silncio em casos de assdio e agresso,
nem deixar as denncias apenas nos posts nas redes sociais. Apesar do medo e do constrangimento, deve-se
procurar ajuda!

O EDITORIAL

A estrutura de um editorial constituda de:

Introduo: 1 pargrafo (informao), apresenta-se o fato, a notcia, o tema.


Apontam-se dados reais e o que estimulou o redator ao editorial.
Desenvolvimento: introduz dados que informem e expliquem o fato ao leitor para,
sobretudo, fornecer argumentos que defendam a tese do jornal. Compreender de
2 a 3 pargrafos.
Concluso: para finalizar a questo apresentada no incio do texto e reafirmar a
posio defendida.

importante, em um texto dissertativo-argumentativo como o editorial, que sejam citadas opinies que
ratificam a do autor ou dados que o faam (Conforme editado em / Segundo / De acordo com).

H trs tipos de concluso de um texto argumentativo:

Concluso em forma de sntese: sintetiza o que foi dito anteriormente, em um nico


pargrafo.
Concluso-proposta: aponta solues para o problema tratado, ou seja, procura sadas
e medidas que possam ser tomadas.
Concluso-surpresa: bem como a introduo com exemplos, a concluso-surpresa
possibilita uma maior liberdade de criao. Citaes, pequenas histrias, um fato
curioso, uma piada ou um final potico so concluses inesperadas que surpreendem o
leitor e revelam um alto grau de elaborao.

Disponvel em: <http://www.grupoescolar.com/pesquisa/dicas-de-redacao--conclusao.html>. Acesso em: 17 mar. 2017

Lembre-se de que o editorial um texto que exprime a opinio de um determinado jornal ou de uma revista.
Neste exerccio, voc ir produzir um texto dissertativo-argumentativo.

71
Nesta unidade, voc leu um texto dissertativo sobre violncia contra a mulher, tanto na linguagem verbal
quanto na linguagem no verbal, e conheceu informaes e posicionamentos em relao a esse tipo de
violncia.

Agora pesquise mais sobre o tema. A sua pesquisa pode contribuir para voc entender melhor o tema da
violncia de gnero. Escreva um texto de 15 a 20 linhas sobre a violncia contra a mulher. No se esquea de
dar um ttulo sua produo textual.

72
73
Captulo VII
captulo VII
D I S S E R TA R ( PA R T E I I )

Nesta unidade tambm falaremos sobre o texto dissertativo-argumentativo, pedido nos exames do Enem.
Preste ateno s dicas e mos obra.

RAFAL

OLECHOWSKI /

SHUTTERSTOCK.

COM
DICA

Dissertar expor um ponto de vista de forma impessoal, defender uma tese,


analisar um tema. S fazemos isso argumentando, comparando, defendendo e
corroborando o nosso pensamento.

importante salientar que o texto exigido pelo Enem composto pela seguinte estrutura:

a. Introduo
b. Desenvolvimento
c. Concluso
Para o professor Elinton Loureno, a dissertao o formato textual em que colocamos nossas ideias,
tentando prov-las ou defend-las, para persuadir o leitor.

Os critrios para a correo do Enem so:

Domnio da escrita formal da lngua portuguesa.


Capacidade de compreender a proposta de redao e usar conceitos de diversas reas
para desenvolver o tema.
Capacidade de selecionar, relacionar e interpretar informaes e argumentos em defesa
de um ponto de vista.

74
Demonstrar conhecimento dos Diz o professor Loureno que o que faz os alunos
mecanismos lingusticos necessrios perderem nota a proposta de interveno. A maioria
para construir a argumentao. no apresenta uma soluo para o problema.

Elaborar proposta de interveno para A nossa recomendao que voc apresente uma
o problema respeitando os direitos ou duas solues, pelo menos duas propostas, uma a
humanos. curto prazo, outra a mdio e/ou longo prazo. Aproveite
para enriquecer seu material (usando entidades como
governo, famlia, escola ou mdia) com informaes
pertinentes e inteligentes. So dois corretores de
provas, e a nota por competncia vai de 0 a 200,
totalizando 1000.Em relao parte de contedo,
primeiro voc precisa identificar e apresentar o
problema. A tese corresponde sua opinio sobre o
assunto da proposta e precisa ser escrita de forma clara
e objetiva. Ao argumentar, necessrio expor fatos
e informaes coerentes que ajudem a defender sua
tese ( preciso convencer o leitor de que a soluo
deste problema interessa coletividade).A proposta
de interveno trata de uma soluo concreta e efetiva,
que respeite os direitos humanos.

Os desafios do combate ao trabalho escravo no sculo XXI

A partir da leitura dos textos motivadores, e com base nos conhecimentos


construdos ao longo de sua formao, redija um texto dissertativo-argumentativo em
modalidade escrita formal da lngua portuguesa sobre o tema Os desafios do combate ao
trabalho escravo no sculo XXI, apresentando proposta de interveno que respeite os
direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos
e fatos para a defesa de seu ponto de vista.

75
TEXTO I

Disponvel em: <www.brasil.gov.br/cidadania-e-justica/2016/01/brasil-resgatou-mais-de-mil-trabalha-


dores-do-trabalho-escravo-em-2015>. Acesso em: 17 mar. 2017.
76
TEXTO II

Art. 149 Reduzir algum a condio anloga de escravo, quer submetendo-o a trabalhos forados ou
a jornada exaustiva, quer sujeitando-o a condies degradantes de trabalho, quer restringindo, por qualquer
meio, sua locomoo em razo de dvida contrada com o empregador ou preposto:

Pena recluso, de dois a oito anos, e multa, alm da pena correspondente violncia.

1 Nas mesmas penas incorre quem:

I cerceia o uso de qualquer meio de transporte por parte do trabalhador, com o fim de ret-lo no local
de trabalho;

II mantm vigilncia ostensiva no local de trabalho ou se apodera de documentos ou objetos pessoais


do trabalhador, com o fim de ret-lo no local de trabalho.

2 A pena aumentada de metade, se o crime cometido:

I contra criana ou adolescente;

II por motivo de preconceito de raa, cor, etnia, religio ou origem.

Art. 203 Frustrar, mediante fraude ou violncia, direito assegurado pela legislao do trabalho:

Pena deteno, de um ano a dois anos, e multa, alm da pena correspondente violncia.

1 Na mesma pena incorre quem:

I obriga ou coage algum a usar mercadorias de determinado estabelecimento, para impossibilitar o


desligamento do servio em virtude de dvida.

II impede algum de se desligar de servios de qualquer natureza, mediante coao ou por meio da
reteno de seus documentos pessoais ou contratuais.

2 A pena aumentada de um sexto a um tero se a vtima menor de dezoito anos, idosa, gestante,
indgena ou portadora de deficincia fsica ou mental.

Art. 207 Aliciar trabalhadores, com o fim de lev-los de uma para outra localidade do territrio nacional:

Pena deteno, de um a trs anos, e multa.

1 Incorre na mesma pena quem recrutar trabalhadores fora da localidade de execuo do trabalho,
dentro do territrio nacional, mediante fraude ou cobrana de qualquer quantia do trabalhador, ou, ainda,
no assegurar condies do seu retorno ao local de origem.

2 A pena aumentada de um sexto a um tero se a vtima menor de dezoito anos, idosa, gestante,
indgena ou portadora de deficincia fsica ou mental.

Disponvel em: <www.senado.gov.br/noticias/Jornal/emdiscussao/trabalho-escravo/leis-


e-escravidao/tres-artigos-do-codigo-penal.aspx>. Acesso em: 17 maio 2017.

77
Proposta de Redao

A partir da leitura do conjunto dos textos desta prova e de suas prprias reflexes, redija um texto
argumentativo-dissertativo, em prosa, com 20 a 30 linhas, em que apresente seu posicionamento acerca
da necessidade de conhecer experincias histricas de violncia e opresso, para a construo de uma
sociedade mais democrtica. Utilize a norma-padro da lngua e atribua um ttulo sua redao.

78
79
Leia um exemplo de texto argumentativo para o Enem: trata-se de um trecho de
O Navio Negreiro, de Castro Alves. Ele aborda o tema do racismo.

Brasil em Preto e Branco


Tinir de ferros, estalar de aoites / Legies de homens negros como a noite horrendos a danar. com essa
hiperbolizao imagtica que o poeta dos escravos, Castro Alves, denunciou as mazelas da escravido. Se fato
que hoje o preconceito tnico em geral no assume formas to violentas, negar a existncia desse desafio nacional
de uma ingenuidade ou seria hipocrisia? atroz.

DICA
Imagem de abertura, como ilustrao para o tema: cena cotidiana, episdio histrico, cena de cinema, TV,
letra de msica e literatura.

EVERETT

HISTORICAL /

SHUTTERSTOCK.

COM

Em boa parte, tal negao acerca da existncia de racismo no Brasil se d pautada em um processo de

colonizao rico em intercmbio cultural (...). O vis democrtico, todavia, se resume questo de o pas e

o brasileiro ser caudatrio de vrias culturas, e no ao fato de etnias por aqui terem o mesmo acesso a bens e

direitos.

Isso se constata em dados oficiais. Se por um lado o IBGE apontou, pela primeira vez na histria, mais da

metade da populao se autodeclarando afrodescendente, tambm constatou que 7 em cada 10 presidirios so

negros, em contrapartida aos 1% de professores universitrios que levam o colorido para as universidades, em

geral dominadas por brancos.

80
DICA
Apresentao do tema: racismo no Brasil (situao-problema cuja soluo consiste
em ampliao da cidadania). Argumentao: utilizada para provar a gravidade do
problema(vrios dados extrados da coletnea que acompanha a proposta).

imprescindvel que se atue na esfera educacional. Quanto mdia e aqui se destacam redes sociais cabe
veiculao de campanhas e denncias de casos de racismo, escola cabe discutir o preconceito no como um fato
histrico restrito escravido, mas uma mazela atual. As aulas de Histria podem, desde o ensino fundamental,
fazer a analogia entre casos do passado e atos racistas atuais (...).

DICA
Propostas de interveno ou minimizao do problema e consequente ampliao da
cidadania ao grupo em questo.

Enfim, com uma responsabilidade compartilhada e uma racionalidade no trato com a questo do preconceito
tnico, quem sabe consigamos o que Castro Alves h tempos desejou: apagar tanto horror perante o cu.

Para o candidato necessrio, frente ao texto dissertativo-argumentativo:

1. Ateno concluso comum e superficial: s o governo pode resolver o problema, preciso


conscientizar as pessoas;

2. Prestar ateno aos acontecimentos do ano;


3. Provocar reflexo com consistncia e lgica;
4. Evitar repetio de palavras. Necessrio
fluxo de ideias;

5. Evitar frases longas, usar corretamente


a pontuao, diversificar os conectivos,
pois abusar de onde e o qual prejudica a
qualidade;

6. Apresentar soluo (proposta de


interveno). No deixe para o ltimo
pargrafo;

7. No copiar trechos da proposta. A cpia de


trecho desse material no conta no nmero de

81
linhas. Sua opinio importante;

8. Escrever texto impessoal (terceira pessoa);


9. Treinar e ler;
10. Visitar o site do INEP para visualizar mais textos.
A seguir, transcrevemos os textos motivadores do Enem 2014. Leia:

PROPOSTA DE REDAO
A partir da leitura dos textos motivadores seguintes, e com base nos conhecimentos construdos ao longo de
sua formao, redija um texto dissertativo-argumentativo em norma-padro da lngua portuguesa sobre o tema
Publicidade infantil em questo no Brasil, apresentando proposta de interveno que respeite os direitos
humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu
ponto de vista.

Texto I
A aprovao, em abril de 2014, de uma resoluo que considera abusiva a publicidade infantil, emitida pelo
Conselho Nacional de Direitos da Criana e do Adolescente (Conanda), deu incio a um verdadeiro cabo de guerra
envolvendo ONGs de defesa dos direitos das crianas e setores interessados na continuidade das propagandas
dirigidas a esse pblico.

Elogiada por pais, ativistas e entidades, a resoluo estabelece como abusiva toda propaganda dirigida
criana que tem a inteno de persuadi-la para o consumo de qualquer produto ou servio e que utilize aspectos
como desenhos animados, bonecos, linguagem infantil, trilhas sonoras com temas infantis, oferta de prmios,
brindes ou artigos colecionveis que tenham apelo s crianas.

Ainda h dvidas sobre como ser a aplicao prtica da resoluo. E associaes de anunciantes, emissoras,
revistas e de empresas de licenciamento e fabricantes de produtos infantis criticam a medida e dizem no
reconhecer a legitimidade constitucional do Conanda para legislar sobre publicidade e para impor a resoluo
tanto s famlias quanto ao mercado publicitrio. Alm disso, defendem que a autorregulamentao pelo Conselho
Nacional de Autorregulamentao Publicitria (Conar) j seria uma forma de controlar e evitar abusos.

Fonte: IDOETA, P. A.; BARBA, M. D. A publicidade infantil deve ser proibida?


Disponvel em: <www.bbc.co.uk>. Acesso em: 17 maio 2017.

82
Texto II

Texto III
Precisamos preparar a criana, desde pequena, para receber as informaes do mundo exterior, para
compreender o que est por trs da divulgao de produtos. S assim ela se tornar o consumidor do futuro,
aquele capaz de saber o que, como e por que comprar, ciente de suas reais necessidades e consciente de suas
responsabilidades consigo mesma e com o mundo.
SILVA, A. M. D.; VASCONCELOS, L. R. A criana e o marketing: informaes essenciais para proteger
as crianas dos apelos do marketing infantil. So Paulo: Summus, 2012 (adaptado).

Comentrio proposta de redao:


O Enem/2014 trouxe como proposta o tema: Publicidade infantil em questo no Brasil. H trs textos
motivadores para o candidato refletir: o texto I trazia elementos sobre a resoluo aprovada em abril, do
Conselho Nacional de Direitos da Criana e do Adolescente (Conanda), que considerava abusiva toda e qualquer
propaganda destinada criana, com a inteno de persuadi-la para o consumo de qualquer produto ou servio,
restringindo inclusive o uso de recursos ldicos, como desenhos animados, linguagem infantil, trilhas sonoras
com temas infantis, prmios, etc.
NATALI LI /
SHUTTERSTOCK.
COM

O texto II consistia em um infogrfico que trazia um panorama da legislao sobre a


publicidade para crianas no mundo com algumas informaes relevantes.

O texto III revelava um fragmento de livro cuja inteno, por meio da informao,
era proteger as crianas dos apelos do marketing infantil, preparando-a para torn-
la um consumidor consciente, j que o Brasil, os Estados Unidos e a Austrlia adotam
a autorregulamentao em relao publicidade. A pergunta : at que ponto as

83
crianas, envoltas em um mundo de realidade e fantasia, seriam capazes de compreender-se como seres
passveis de manipulao?

Pensando sobre as propostas de interveno, podemos sugerir, a partir do Congresso Nacional, a criao de leis
regulamentadoras para evitar abusos e proteger os pais do mercado lucrativo voltado ao pblico infantil. Tambm
poderamos sugerir, dentro do espao escolar, palestras, trabalhos, leituras que envolvessem pais, professores
e outros profissionais, para apresentar s crianas as ferramentas utilizadas pela indstria do marketing para
potencializar consumidores. Assim, a famlia e a escola estariam contribuindo para a formao de consumidores
crticos e responsveis.

Trouxemos para voc um exemplo de redao nota 1000 Enem 2014, da candidata Larissa Freisleben.

Publicidade Infantil: perigoso artifcio - TTULO CRIATIVO


Uma criana imitando os sons emitidos por porcos j foi atitude considerada como falta de educao.
No entanto, aps a popularizao do programa infantil "Peppa Pig", essa passou a ser uma cena comum no
Brasil. O desenho animado sobre uma famlia de porcos falantes no apenas mudou o comportamento dos
pequenos como tambm aumentou o lucro de uma srie de marcas que se utilizaram do encantamento infantil
para impulsionar a venda de produtos relacionados ao tema. Peppa apenas mais um exemplo do poder que a
publicidade exerce sobre as crianas.
Observe que a candidata ilustra seu texto trazendo como exemplo um desenho infantil.

Os nazistas j conheciam os efeitos de uma boa publicidade: so inmeros os casos de pais delatados pelos
prprios filhos o que mostra a facilidade com que as crianas so influenciadas. Essa vulnerabilidade maior
at os sete anos de idade, quando a personalidade ainda no est formada. Muitas redes de lanchonetes, por
exemplo, valem se disso para persuadir seus jovens clientes: seus produtos vm acompanhados por brindes e
brinquedos. Assim, muitas vezes a criana acaba se alimentando de maneira inadequada, na nsia de ganhar um
brinquedo.
Observe o repertrio da candidata ao citar um fato histrico.
Todo texto pressupe
A publicidade interfere no julgamento das crianas. No entanto,
etapas distintas e
censurar todas as propagandas no a soluo. preciso, sim, que haja uma
intercomplementares na
regulamentao para evitar a apelao abusiva tarefa destinada aos rgos
atividade da escrita:
responsveis. No caso da alimentao, a questo especialmente grave, uma
vez que pesquisas mostram que os hbitos alimentares mantidos at os dez Planejar
anos de idade so cruciais para definir o estilo de vida que o indivduo ter quando Escrever
adulto. Uma boa soluo, nesse caso, seria criar propagandas enaltecendo o Reescrever
consumo de frutas, verduras e legumes.

Os prprios programas infantis poderiam contribuir nesse sentido,


apresentando personagens com hbitos saudveis. Assim, os pequenos iriam tentar imitar os bons
comportamentos.

84
Observe a proposta de interveno. Ela muito importante, j que revela o
posicionamento da candidata de maneira impessoal, ou seja, a soluo coletiva.

Contudo, nenhum controle publicitrio ou bom exemplo sob a forma de um desenho animado
suficiente sem a participao ativa da famlia. essencial ensinar as crianas a diferenciar bons produtos de
meros golpes publicitrios. Portanto, em se tratando de propaganda infantil, assim como em tantos outros
casos, a educao vinda de casa a melhor soluo.
Observe mais uma proposta de interveno envolvendo a famlia. Texto
objetivo, claro e conciso, domnio da norma culta e repertrio.

Disponvel em: <www.elitecampinas.com.br/gabaritos/enem/2014/Elite_


Resolve_ENEM-2014_dia2.pdf>. Acesso em: 17 mar. 2017.

Neste exerccio, voc ir produzir um texto dissertativo-argumentativo.

Proposta:

Riscos de compartilhar mentiras e boatos na internet


A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construdos ao longo de sua
formao, redija um texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da lngua portuguesa
sobre o tema Riscos de compartilhar mentiras e boatos na internet, apresentando proposta de interveno
que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e
fatos para defesa de seu ponto de vista.

TEXTO I
Nunca todo o mundo disps de tantos meios de comunicaes. Todo mundo pode pegar um pedao de
informao e compartilhar vontade, no Facebook, WhatsApp, blog, Tumblr, diz Edney Interney Souza,
consultor de mdias sociais. Temos uma propagao sofisticada em uma sociedade que no apura e que
tende a acreditar em qualquer nota que tem a estrutura de uma notcia tradicional, afirma.

Essas informaes falsas se espalham com rapidez, particularmente em torno de breaking news,
quando h muitas novas informaes circulando ao mesmo tempo e fica difcil identificar o que verdade ou
no, diz Scott Lamb, vice-presidente do BuzzFeed, site especializado em notcias virais.

85
Empresas e figuras pblicas podem ser prejudicadas por notcias infundadas. No ano passado, viralizou a
histria de que pedaos de rato haviam sido encontrados em uma garrafa de Coca-Cola.

A empresa desmentiu, em comunicado, a histria, que teve origem em uma matria de televiso. A
Justia negou o pedido de indenizao ao homem que teria encontrado o roedor, por considerar que havia
fortes indcios de fraude.

Disponvel em: <http://g1.globo.com/tecnologia/blog/tira-duvidas-de-tecnologia/post/boatos-na-internet-


sites-auxiliam-identificar-informacoes-falsas-espalhadas-na-rede.html>. Acesso em: 17 mar. 2017. (Adaptado)

TEXTO II

Disponvel em: <www.buzzfeed.


com/craigsilverman/a-
maioria-dos-americanos-
quando-vo-noticias-falsa>.
Acesso em: 17 mar. 2017.

86
TEXTO III

Disponvel em: <www.facebook.com/SenadoFederal/photos/a.176982505650946.49197.150


311598318037/1520125641336619/?type=3&theater>. Acesso em: 17 mar. 2017.

TEXTO IV

Disponvel em: <https://br.pinterest.com/pin/344666177715791200/>. Acesso em: 17 mar. 2017.

87
Proposta: a partir da leitura dos textos motivadores
seguintes, e com base nos conhecimentos
construdos ao longo de sua formao, redija
um texto dissertativo-argumentativo em
normapadro da lngua portuguesa sobre o tema:
As consequncias do aumento de casos de
microcefalia no Brasil. Apresente proposta de
interveno que respeite os direitos humanos.
Selecione, organize e relacione, de forma coerente e
coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto
de vista.

TEXTO I
A Organizao Mundial de Sade (OMS) e
autoridades mdicas se dizem intrigadas com o fato
de os casos de microcefalia aparentemente serem
muito mais numerosos no Brasil do que em outros
pases afetados pela epidemia de zika.

De acordo com o diretor do comit, o mdico


David Heymann, explicaes para o alto nmero
de incidncia de ms-formaes ainda precisam
ser desvendadas, e estudos em diversas direes
procuram entender causas alm das especuladas
at o momento. O segundo pas a registrar maior
incidncia de ms-formaes congnitas a
Colmbia, com 29 casos confirmados em uma
populao de 47 milhes.

Em uma comparao simplificada, o Brasil


tem populao cerca de 4,3 vezes maior do que
a do vizinho, mas registra 63 vezes mais casos de
ms-formaes. Ao todo, infeces por zika foram
observadas em 72 pases desde 2007, porm,

88
apenas 20 desses reportaram ms-formaes no sistema nervoso de bebs associadas ao vrus. Diversas
teorias procuram explicar a razo dos altos ndices de microcefalia observados particularmente no Brasil,
mas at o momento nenhuma conclusiva.

O argumento mais aceito era de que os surtos haviam iniciado anteriormente no Brasil e se alastrado
para o resto da Amrica Latina, portanto, seria apenas uma questo de tempo at a microcefalia atingir
altos nmeros na regio como um todo. Para o virologista da USP Paolo Zanotto, a cepa (linhagem)
do vrus, o lapso do tempo desde o incio da epidemia, a interao com outras doenas e as condies
socioeconmicas so os fatores mais provveis por trs da discrepncia.
Disponvel em: <http://www.bbc.com/portuguese/brasil-37262928>. Acesso em 25 maio 2017.

TEXTO II
O Ministrio da Sade vai treinar pais e especialistas para lidar com a microcefalia. A recomendao
que, em caso de suspeita da doena, antes mesmo dos exames, os pais j sejam encaminhados para
os servios especializados na estimulao de crianas. Bebs de 724 municpios brasileiros podem
ter microcefalia relacionada ao vrus zika. So mais de 3.500 recm-nascidos que ainda no tiveram o
diagnstico confirmado por exames.

A suspeita normalmente comea quando a medida da circunferncia do crnio do nenm igual ou


menor que 32 centmetros. A estimulao precoce a meta, porque ns sabemos que entre o zero dia,
o primeiro momento ps-nascimento at os 3 anos, a grande janela de oportunidade que a gente tem
de buscar reverter eventuais sequelas da microcefalia, explica o secretrio de Ateno Sade, Alberto

Beltrame.

Disponvel em: <http://g1.globo.com/bom-dia- brasil/noticia/2016/01/ministro-da- saude-


comete-gafe-ao-falar-sobre-vacina-contra-zika-virus.html>. Acesso em: 17 maio 2017.

TEXTO III
A porta-voz da ONU, Cecille Pouilly disse, em entrevista BBC Brasil, que a epidemia de zika
representou, de certa forma, uma oportunidade para que uma srie de questes relacionadas aos
direitos reprodutivos da mulher fosse revista. Segundo a OMS, 1 milho de abortos ilegais so feitos por
ano no pas e matam uma mulher a cada dois dias. Por ano, de acordo com o Sistema nico de Sade,
mais de 200 mil so internadas no SUS com complicaes ps-aborto.

89
O ZIKA
Veja informaes sobre sintomas do vrus, microcefalia Tamanho sem
e o mosquito transmissor microcefalia

Sintomas do zika
Com microcefalia:
Durao: 3 a 7 dias
circunferncia igual
ou menor a 32 cm
Febre baixa Microcefalia
M-formao da cabea
e do crebro, que pode ser
Conjuntivite causada por drogas
consumidas pela gestante,
ou por agentes biolgicos
(vrus ou bactrias)
Pode causar deficincias mentais e de aprendizado,
e em casoso extremos, pode levar morte.

Manchas Hbito mais diurno


vermelhas/coceira Transmite dengue, chikungunya e zika
Voa geralmente entre 0,5 e 1,5 metro de altura
Pode subir at 18m (6 andares) e voar
Dores no corpo 5 a 7 mm horizontalmente cerca de 100m
Fonte: Ministrio da Sade

Disponvel em: <http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2016/02/160205_


onu_aborto_zika_rs>. Acesso em: 25 maio2017.

90
Proposta: a partir da leitura dos textos motivadores seguintes, e com base nos
conhecimentos construdos ao longo de sua formao, redija um texto dissertativo-
argumentativo em normapadro da lngua portuguesa sobre o tema A questo da
depresso e seus impactos na sociedade contempornea. Apresente proposta de
interveno que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma
coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

TEXTO I

MAPA DA DEPRESSO

Estudo divulgado em 2011 mostra que o Brasil o terceiro pas mais deprimido
do mundo. Pesquisa feita com mais de 89 mil pessoas com mais de 18 anos, em
18 pases, mostra o percentual da populao com pelo menos um episdio
depressivo durante a vida.

7.o Blgica 17.o Japo


1.o Frana 4.o Holanda 12.o Alemanha
21% 14,1% 17,9% 9,9% 6,6%
6.o Ucrnia
14,6%
60

10.o Espanha 9.o Libano


10,6% 10,9%
2.o EUA 18.o China
13. Itlia
o

16.o Mxico 19,2% 9,9% 11.o Israel 6,5%


8% 10,2%
15.o ndia 0

8.o Colmbia
13,3% 9%
3. Brasil
o
14. frica do Sul
o

18,4% 9,8% 5. Nova Zelndia


o

17,8%
Mdia de casos de depresso em pases em desenvolvimento 11,1%
Mdia em pases mais desenvolvidos 14,6%

Fonte: Epidemiologia transnacional de episdios de depresso do IV Manual Diagnstico e Estatstico de


Doenas Mentais _ BioMed Central (BMC).

91
TEXTO II
Se, durante o sculo XIX e comeo do XX, a histeria era a forma mais evidente de sofrimento, no sculo
XXI esse espao foi tomado pela depresso. Expressa na ausncia de vontade e de projetos futuros, no
exagero cham-la de epidemia. Em 2000, um relatrio da Organizao Mundial da Sade j previa que 15% da
fora de trabalho mundial abandonaria seus postos por motivos relacionados doena. No Brasil, o nmero
de quadros depressivos cresceu impressionantes 705% em 16 anos. O problema atinge principalmente a
juventude.

TEXTO III
A descoberta de um exame capaz de diagnosticar a depresso foi anunciada em setembro de 2014
por um grupo de pesquisadores da Universidade Northwestern, nos Estados Unidos. Segundo o estudo,
publicado no peridico especializado Translational Psychiatry, possvel identificar a doena por meio de
marcadores biolgicos encontrados no sangue. Foram examinados 64 voluntrios e os resultados foram
promissores. Agora, os autores se preparam para uma segunda fase de testes: a ideia validar o achado com
uma populao maior de pacientes.
Disponvel em: <www.imaginie.com/temas/o-aumento-da-depressao-
entre-os-jovens-no-brasil/>. Acesso em: 17 mar. 2017.

92
93
Proposta: A partir da leitura dos textos motivadores seguintes, e com base nos conhecimentos
construdos ao longo de sua formao, redija um texto dissertativo-argumentativo em
normapadro da lngua portuguesa sobre o tema O avano do agronegcio e os reexos
no meio ambiente. Apresente proposta de interveno que respeite os direitos humanos.
Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de
seu ponto de vista.

Texto I

O avano do agronegcio e os reflexos no meio ambiente

O agronegcio, no Brasil, tem uma expressiva participao na economia do pas,


tendo em vista a sua parcela de atuao no PIB (produto interno bruto). Nesse sentido, a
produo agroindustrial gera renda e emprego para a populao, porm seus impactos ao
meio ambiente ameaam a biodiversidade.

Desde o incio do capitalismo, a populao vem disputando lugar no mercado de


trabalho, o agronegcio o reflexo desta disputa na tentativa de relacionar o meio
ambiente com a gerao de renda, tendo em vista as condies favorveis como o
clima e o solo do nosso pas. A produo agroindustrial, alm de mecanizada, tambm
gera emprego para a populao, na necessidade de mo de obra assalariada tanto na
manuteno de mquinas e equipamentos quanto no setor primrio de produo.

Apesar de o agronegcio ser um forte aliado na economia, tambm tem seus


impactos negativos ao meio ambiente, no desmatamento em consequncia da atividade
agropecuria, na perda da biodiversidade com a extino de vrias espcies da fauna e
flora, e na degradao do solo com o desenvolvimento extensivo da agricultura.

Uma situao favorvel, portanto, seria que o estado confiscasse os danos da produo
agroindustrial ao meio ambiente. E para efetivar as aes estatais, os grandes donos
de agronegcios deveriam se aliar a empresas sustentveis, na tentativa de exercer a

94
sustentabilidade no pas, plantando novas terra, como o cultivo em pequena escala, agricultura
rvores no local de cada uma que foi retirada mista e infraestrutura, responderam juntos pelos

da natureza. demais 10%.

Disponvel em: <www. A organizao analisou dados de sete pases


projetoredacao.com.br/temas-de- (Argentina, Colmbia, Bolvia, Brasil, Paraguai,
redacao/57e582ab47c4650003240498/
o-avanco-do-agronegocio-e-os- Peru e Venezuela) e apontou que, entre 1990 e
reflexos-no-meio-ambiente-29/ 2005, 71% do desflorestamento ocorreu devido ao
c4fd629bab>. Acesso em: 17 mar. 2017. aumento da demanda de pastos.

Texto II Na Argentina, a expanso dos pastos foi

A agricultura comercial no pode responsvel por 45% do desflorestamento,


continuar crescendo custa das florestas enquanto a expanso de terras cultivveis comerciais
e dos recursos naturais da regio, afirmou respondeu por mais de 43%. A nica exceo foi
Jorge Meza, oficial florestal da Organizao o Peru, onde o aumento das terras cultivveis em
das Naes Unidas para a Alimentao e a pequena escala foi o fator dominante para 41% do
Agricultura (FAO, sigla do ingls). desflorestamento.
Disponvel em: <https://www.brasildefato.
Ele se refere aos dados divulgados com.br/2016/07/26/em-uma-decada-
na semana passada no novo relatrio, O agronegocio-gerou-70-do-desmatamento-na-
america -latina/>. Acesso em: 17 mar. 2017.
Estado das Florestas do Mundo (SOFO,
em ingls), em que a agncia internacional
aponta que o agronegcio gerou quase 70%
do desmatamento na Amrica Latina entre
2000 e 2010.
O estudo da FAO mostra que, especialmente
na Amaznia, a produo para os mercados
internacionais foi o principal fator de desmatamento
aps 1990, resultado de prticas como o pastoreio
extensivo, o cultivo de soja e as plantaes
de palma azeiteira (dend). Menos de 2% do
desflorestamento ocorreu devido infraestrutura e
expanso urbana.

Pecuria
No Brasil, o cultivo comercial foi responsvel
por cerca de 10% do desflorestamento no perodo
analisado. A principal causa de desmatamento no
pas continua sendo a pecuria, cujo ndice, maior da
regio, chega a 80%. Outras formas de explorao da

95
Texto III

Disponvel em: <http://www.gazetadopovo.com.br/vida-e-cidadania/quase-metade-da-agua-


usada-na-agricultura-e-desperdicada-8cloqojyzd90xgtv7tdik6pn2>. Acesso em: 17 mar. 2017.

96
Proposta: a partir da leitura dos textos mais da metade dos entrevistados continua sendo
motivadores seguintes, e com base nos favorvel s ciclovias e ciclofaixas.
conhecimentos construdos ao longo de A Associao dos Ciclistas Urbanos de So Paulo
sua formao, redija um texto dissertativo- (Ciclocidade), por sua vez, mostra que o nmero
argumentativo em normapadro da lngua de ciclistas que utilizam a ciclovia da Avenida Paulista
portuguesa sobre o tema: A crescente mais que dobrou, passando de 977 em 2014 para
crise da mobilidade urbana brasileira. 2.112 em 2015. Esse aumento pode ser atribudo
Apresente proposta de interveno que ao fato de as pessoas se sentirem mais seguras
respeite os direitos humanos. Selecione, para utilizar as vias ciclveis da cidade, quando a
organize e relacione, de forma coerente e infraestrutura possibilita o uso da bicicleta.
coesa, argumentos e fatos para a defesa de
Segundo a pesquisa realizada pelo IBOPE,
seu ponto de vista.
a lotao nos nibus da cidade de So Paulo
aumentou de 36% em 2014 para 59% neste ano, o
Texto I que pode ser um reflexo do aumento na quantidade
e na frequncia de pessoas que passaram a utilizar
A relao entre os moradores da cidade de
o transporte pblico, considerando que houve
So Paulo e o automvel ainda extremamente
uma reduo no uso do automvel. Dentre os
forte, e o deslocamento por esse tipo de veculo
pesquisados que utilizam o carro como meio de
, e deve continuar sendo, a principal forma que
transporte todos ou quase todos os dias em seus
seus cidados encontraram de exercer o direito de
deslocamentos, houve uma reduo de 11% no
ir e vir. Essa a concluso a que chegamos, aps
uso do veculo. Caiu de 56% em 2014 para 45%
analisar as pesquisas divulgadas sobre a poltica de
em 2015.
mobilidade adotada pelo poder municipal, e nos
ajuda a entender os rumos da ocupao da cidade. A baixa qualidade dos servios prestados
pelas empresas de nibus e a falta de infraestrutura
Passados mais de trs meses da inaugurao dos transportes sobre rodas e das vias ciclveis,
da ciclovia da Avenida Paulista e dos estudos e na cidade, pode ser uma das justificativas para
discusses sobre a abertura de vias da cidade aos que os cidados ainda no tenham optado por
pedestres, pesquisa sobre Mobilidade Urbana feita outras formas de deslocamento, seja por nibus
pelo IBOPE a pedido da Rede Nossa So Paulo e da ou mesmo por bicicletas. Isto porque cerca de
Fecomrcio/SP (Federao do Comrcio de Bens, 90% dos entrevistados pelo IBOPE se mostraram
Servios e Turismo do Estado de So Paulo) mostra favorveis construo e ampliao de corredores
que o percentual de pessoas favorveis s ciclovias e faixas exclusivas de nibus. Chama ateno ainda
caiu de 87% em 2014, para 59% em 2015. Apesar outro dado da pesquisa: 83% dos entrevistados
da queda considervel, importante ressaltar que deixariam de utilizar o automvel com certeza e/

97
ou provavelmente caso houvesse uma alternativa que, no final de semana, no leva cinco minutos,
de transporte pblico que estivesse de acordo apontou o bombeiro, que percebe um aumento
com as suas expectativas. [] maior de veculos nos ltimos trs anos.

J as obras dos corredores do BRT (Bus Rapid


Disponvel em: <https://aacf936f191c6837. Transit), sistema de nibus rpidos e com alta
cdn.gocache.net/temas/2016_08_26_
tema_da_semana_mobilidade_urbana. capacidade de passageiros que estavam previstas
pdf>. Acesso em: 25 maio 2017. para comearem em 2014, ficaram para este ano.
Os corredores devero atender uma populao de
Texto II
cerca de 300 mil pessoas que vive nos eixos Centro-
No novidade para ningum que conseguir Campo Grande e Centro-Ouro Verde. Essa uma
trafegar pelas ruas e avenidas de Campinas se tornou obra em que o governo municipal aposta para dar
um calvrio hoje em dia, mas projees mostram
maior fluidez no trnsito.
um cenrio futuro ainda mais preocupante para a
cidade, que poder entrar em colapso em at oito [] Para isso, preciso mais e melhores
anos, caso no sejam adotadas medidas eficientes transportes pblicos nas ruas. Tambm so
para destravar o enorme fluxo de veculos que necessrias iniciativas polticas que reduzam
transitam diariamente na metrpole. a procura pela compra desenfreada de carros.
Teremos que pensar em alternativas rapidamente,
Considerando a quantidade de ruas, avenidas
como, por exemplo, mais estacionamentos
e vielas na rea urbana e o constante aumento da
gratuitos na regio central e mais transporte
frota, estariam faltando aproximadamente 284 mil
pblico em mais localidades, avalia. A
veculos para travar todos os acessos da cidade.
As autoridades apostam em um plano emergencial
em pontos crticos para tentar desafogar as vias e
reduzir o caos. Para especialistas, a cultura sobre a
mobilidade urbana deve ser revista.

[] O bombeiro Edson Barbosa, de 40 anos,


sabe bem o que ficar travado no trnsito todos
os dias. H dez anos, ele faz o mesmo percurso de
Hortolndia, onde mora, at o centro de Campinas
e, inevitavelmente, utiliza a Avenida Lix da Cunha. De
acordo com a Emdec, a via a que apresenta maior
volume dirio mdio de Campinas, com um fluxo
de 84 mil veculos, e trava, literalmente, no incio da
manh e fim de tarde. Gasto mais de 30 minutos
do trevo da Bosch at a Estao Cultura. Um trecho

98
pesquisadora, tambm especialista em planejamento urbano saudvel, afirma que o aumento da frota
tem impactado diretamente na sade da populao. Deveria haver normas mais rgidas para que os carros
sassem das fbricas com aspectos mais ecologicamente corretos. E, no mesmo compasso, deveramos usar
transportes saudveis e sustentveis, como a bicicleta. No uma matemtica impossvel de calcular, basta
todos os setores da sociedade pensarem juntos e tomarem a iniciativa de mudar a questo de mobilidade
nos grandes centros.
Disponvel em: <http://correio.rac.com.br/_conteudo/2015/01/capa/campinas_e_rmc/232851-transito-
esta-a-beira-do-colapso-e-cor reio-risco-de-travar-em-8-anos.html>. Acesso em: 17 maio 2017.

Disponvel em: <https://s3-sa-east-1.amazonaws.com/projetoredacao/temas/2016_08_26_


tema_da_semana_mobilidade_urbana.pdf>. Acesso em: 17 maio 2017.

Texto III

99
Proposta: a partir da leitura dos textos so produtos que tm muitssimo acar. Fora isso,
motivadores seguintes, e com base nos preciso lembrar que os alimentos mais baratos so
conhecimentos construdos ao longo de os que mais engordam.
sua formao, redija um texto dissertativo-
BBC Brasil E como isso prejudicial?
argumentativo em normapadro da lngua
portuguesa sobre o tema: Obesidade: Coutinho um fenmeno chamado de
problema de sade ou problema social? transio nutricional, em que as pessoas que
Apresente proposta de interveno que conseguem superar a falta de alimentos comeam
respeite os direitos humanos. Selecione, a ter acesso aos produtos mais baratos, que
organize e relacione, de forma coerente e costumam ser altamente industrializados. Sair
coesa, argumentos e fatos para defesa de do supermercado com saquinho de batata frita,
seu ponto de vista. salgadinhos, biscoitos e chocolates mais barato
do que comprar frutas e verduras. A populao de
Texto I baixa renda tambm costuma ter menos tempo e
Entrevista da BBC BRASIL com o infraestrutura para praticar atividade fsica.
endocrinologista brasileiro Walmir Coutinho, que BBC Brasil Quais os principais impactos
preside a World Obesity Federation. em algum que passa pela infncia sendo
BBC Brasil O que significa ter metade obeso?
das crianas pequenas brasileiras comendo Coutinho A obesidade traz problemas
bolachas e boa parte delas bebendo graves como hipertenso arterial, problemas
refrigerante e suco artificial? osteoarticulares em partes do corpo como joelho,
Coutinho Esses dados do a medida de uma coluna e tornozelo, alm de asma e diabetes. Mas
tendncia que outros estudos j haviam mostrado. tambm h o lado psicolgico, que muitas vezes
O consumo excessivo de alimentos e bebidas pouco subvalorizado. As pessoas no se do conta do
saudveis hoje um problema serssimo no Brasil. impacto psicolgico de apelidos dados a essas
E, se continuarmos nesse ritmo de crescimento crianas, do isolamento em que elas vivem e de
da obesidade, seremos o pas com mais obesos do esteretipos como o menino gordinho que s pode
mundo em 15 anos. jogar no gol, por exemplo. So situaes que causam
traumas que podem ser levados para a vida adulta.
BBC Brasil Olhando o lado da alimentao
Publicao em 26.8.15
da criana brasileira, quem so os principais
Disponvel em: http://www.bbc.com/portuguese/
viles atualmente? noticias/2015/08/150826_obesidade_
infantil_mdb; Acesso em: 18 fev. 2017.
Coutinho H os viles invisveis, especialmente
suco de fruta artificial e iogurte. O pai e a me acham
que esto dando algo saudvel para as crianas, mas

100
Texto II endocrinologista Lcio Veloso, professor da Unicamp
e pesquisador de mecanismos da obesidade.
Desde que o pnico sobre o aumento de peso da
Disponvel em: <http://super.abril.com.
populao emergiu, na dcada de 1990, essa viso br/ciencia/onde-os- gordos-nao- tem-
vez>. Acesso em: 17 mai. 2017.
negativa das pessoas gordas tem se intensificado, diz
a sociloga australiana Deborah Lupton, professora Texto III
da Universidade de Sydney e autora de Fat (Gordo,
Claire Walker Johnson vivia no Queens, em
no lanado no Brasil). O livro, publicado em 2012,
Nova York, e era um mistrio para a medicina. No
analisa como tem se espalhado um estigma sobre
importa o quanto comesse, ela nunca ganhava peso.
os cidados acima do peso, vistos como pessoas
Entretanto, Claire, de rosto fino e delgado, tinha os
gananciosas, sem autocontrole, desorganizadas, at
mesmos problemas enfrentados por muitas pessoas
grotescas.
obesas diabetes tipo 2, presso sangunea elevada,
Na TV, gordos so ridicularizados, sofrendo colesterol elevado e, o pior de tudo, um fgado cheio
para fazer dieta e se exercitar em frente s cmeras. de gordura.
Fala-se de uma epidemia de obesidade, e gordos
Ela e um grupo muito pequeno de pessoas
recebem olhares de desaprovao, como se fossem
magras deram pistas surpreendentes aos cientistas
emissrios da peste negra. Companhias areas e
a respeito de uma das principais questes sobre a
marcas de roupas penalizam seus clientes mais
obesidade: por que pessoas obesas muitas vezes
pesados. No Brasil, o sobrepeso virou critrio de
seleo em concursos pblicos e se transformou desenvolvem doenas srias e, muitas vezes,

em nota de corte no mercado de trabalho em mortais? A resposta, ao que tudo indica, tem muito

uma entrevista, o publicitrio e apresentador de TV pouco a ver com a gordura. Na verdade, trata-
Roberto Justus decretou que no se deve contratar se da capacidade de cada pessoa de armazenar
quem est acima do peso, pois isso seria um sinal essa gordura. Com isso em mente, os cientistas
inequvoco de desequilbrio e falta de inteligncia. comeam agora a desenvolver tratamentos que
Muitas campanhas contra a obesidade acabam protejam as pessoas do excesso de gorduras no
envergonhando a quem deveriam ajudar, alm de armazenadas, livrando-as de problemas mdicos
incitarem o dio gordura, diz Deborah. complicados.

Para ficar bem claro: gordura corporal em Por trs de todas essas condies e da
excesso , sim, um perigo. Uns 30% dos obesos sndrome metablica ou seja, possuir
podem ter um perfil metablico e cardiovascular ao menos trs condies associadas
dentro da normalidade. Mas estudos mostram que obesidade est uma capacidade
pacientes com IMC (ndice de Massa Corporal, ou inadequada de armazenar gordura. As
peso dividido pela altura ao quadrado) superior pessoas obesas desenvolvem problemas
a 30 sempre tm risco aumentado para doenas metablicos porque seu crebro ordena que
cardacas, vasculares, diabetes e cncer, diz o elas comam mais que a capacidade do corpo

101
de armazenar gordura. O tecido adiposo j isso, a gordofobia est presente no apenas
atingiu o limite. Pessoas com lipodistrofia, nos tipos mais diretos de discriminao,
como Claire, tm to pouco tecido adiposo mas tambm nos valores cotidianos das
que tambm no conseguem armazenar
pessoas.
a gordura que seu corpo produz para
guardar as calorias excessivas oriundas dos Uma das maiores dificuldades, ao se
alimentos consumidos. enfrentar a gordofobia, est na prpria
As pessoas geralmente pensavam no resistncia social de reconhecer esse
tecido adiposo como um depsito inerte, preconceito. Isso acontece porque
uma espcie de gosma branca amorfa considerado aceitvel intimidar e
afirmou o Dr. Sam Virtue, da Universidade censurar quem gordo, fazer observaes
de Cambridge. Na verdade, trata-se de um constrangedoras sobre o que a pessoa
rgo muito dinmico.
gorda est comendo e utilizar todos
Isso tambm explica porque entre 10 e esses comportamentos intrusivos como
20% das pessoas obesas no desenvolvem justificativas para uma falsa preocupao
quaisquer problemas metablicos, afirma com a sade do indivduo.
Philipp E. Scherer, diretor do Centro de
Diabetes Touchstone, no Centro Mdico Mas mesmo a prpria preocupao
Southwestern, da Universidade do Texas, com a sade de quem gordo j
em Dallas. Esses obesos saudveis so demonstra indcios de gordofobia, uma
como ratos gordos com uma habilidade vez que se assume que aquele sujeito
incomum de expandir o tecido adiposo para
tem problemas de sade s por ser
armazenar calorias.
gordo, enquanto pessoas magras no so
abordadas e questionadas a respeito de
seus nveis de colesterol, por exemplo.
Acontece que, culturalmente, quem
Texto IV
magro visto inicialmente como saudvel,
A gordofobia uma forma de
independentemente de outros fatores.
discriminao estruturada e disseminada
nos mais variados contextos socioculturais,
consistindo na desvalorizao, Disponvel em: <http://www.
estigmatizao e hostilizao de pessoas revistaforum.com.br/digital/163/
gordofobia-como-questao-politica-e-
gordas e seus corpos. As atitudes
feminista/>. Acesso em: 25 maio 2017.
gordofbicas geralmente reforam
esteretipos e impem situaes
degradantes com fins segregacionistas; por

102
Texto V

Proposta: a partir da leitura dos textos motivadores seguintes, e com base nos
conhecimentos construdos ao longo de sua formao, redija um texto dissertativo-

DIGA NO
GORDOFOBIA

103
argumentativo em normapadro da Nesse perodo, houve um aumento da

lngua portuguesa sobre o tema A questo produtividade que justifica a reduo de jornada,
da jornada de trabalho no Brasil pelo menos para as 40 horas semanais, conforme
- aumentar ou reduzir? Apresente o patamar internacional, diz o economista Cssio

proposta de interveno que respeite os Calvete, professor da UFRGS (Universidade Federal

direitos humanos. Selecione, organize do Rio Grande do Sul). Do ponto de vista tcnico
e relacione, de forma coerente e coesa, e econmico, imaginar uma jornada menor ainda,
argumentos e fatos para a defesa de seu de 30 horas semanais, por exemplo, no seria uma
ponto de vista. realidade distante se o mundo se organizasse dessa

forma. Esse modelo faz parte de uma construo


Texto I
social, um pas no vai reduzir se os outros no
Com o avano da tecnologia, pensava-se que
funcionam assim, explica.
as mquinas nos fariam trabalhar menos. Dcadas
Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de
depois, apesar de pequenos avanos, pouca coisa
Geografia e Estatstica), 2015 teve a menor jornada
mudou: a maioria segue uma rotina de oito horas ou
mdia de trabalho j registrada no Brasil, com 39,9
mais de trabalho por dia.
horas semanais. Para Giuseppina De Grazia, doutora
No perodo em que foi estabelecido, no incio do
em sociologia pela USP (Universidade de So Paulo)
sculo 20, a proposta era equilibrar as 24 horas do
e professora aposentada da UFF (Universidade
dia em oito de atividade laboral, oito de lazer e oito de
Federal Fluminense), considerando o conjunto
descanso, alm de reduzir as extenuantes jornadas
da populao de empregados, desempregados e
industriais, que passavam das 12 horas. Atualmente,
trabalhadores parciais, esse ndice no reflete uma
considerando o tempo gasto com deslocamento,
reduo real. Enquanto uns trabalham de 50 a 60
essa conta fica difcil de fechar.
horas, fazendo extra para no perder o emprego
Diminuir a jornada de trabalho poderia ser um ou aumentar o salrio, outros so obrigados a
caminho para que a sociedade tivesse mais tempo sobreviver de bicos temporrios e precarizados,
livre. Contudo, no Brasil, no h mudana neste diz.
sentido desde 1988, quando a jornada mxima de
Disponvel em: <http://www.jornalcontabil.com.
44 horas semanais foi estipulada pela Constituio. br/?p=10145>. Acesso em: 17 maio 2017.

104
Texto II aprovado pelo governo e s vale em casos especficos.

As autoridades devem liberar caso haja a necessidade


Brasileiro trabalha 44 horas por semana,
mas Confederao Nacional da Indstria quer de ampliar a produo de um medicamento ou de um
flexibilizao, a partir de acordos pontuais, e usa a alimento em caso de escassez de oferta.
Frana como exemplo.
As novas regras, que ainda no esto em vigor,
A carga de trabalho no Brasil , legalmente,
no podem ser usadas caso uma empresa precise
de 44 horas semanais para quem tem carteira
assinada. O nmero alvo de constantes crticas apressar uma entrega a um cliente, por exemplo. O
do empresariado, que defende a possibilidade de tempo trabalhado a mais tem de ser pago de acordo
flexibilizar a jornada, aumentando ou diminuindo a
com as regras de horas extras.
carga de acordo com a demanda.
Disponvel em: <www.nexojornal.com.br/
No dia 8 de julho, o presidente da CNI expresso/2016/07/12/Brasil-discute- jornada-
(Confederao Nacional da Indstria), Robson de- trabalho-como-ela-%C3%A9-aqui-e-

Andrade, causou polmica ao falar sobre a no-mundo> Acesso em: 17 maio 2017.

possibilidade de uma carga de 80 horas semanais, e Texto III


citou como exemplo a reforma trabalhista francesa.
O bem-estar da populao assunto srio na
Oitenta horas semanais significariam quase 11
Sucia. Esforando-se para se manter na vanguarda
horas e 30 minutos de trabalho dirio sem folga no
sbado ou domingo. Ou ento 16 horas dirias de no que diz respeito aos direitos trabalhistas, a Sucia
segunda a sexta.(...) A grande reclamao do setor comeou, em 2015, a testar reduzir a jornada de
empresarial com a rigidez do horrio definido em
trabalho, de 8 para 6 horas dirias, sem reduo
lei hoje no Brasil. J as centrais sindicais defendem
de salrio. E os resultados comearam a aparecer.
a reduo da jornada de 44 horas para 40 horas
semanais, sem reduo de salrios. Passado um ano, as autoridades garantem que o

(...) O caso francs saldo totalmente positivo: reduo de faltas, maior

A Frana, um dos pases que mais privilegia produtividade e melhora at mesmo na sade dos

o modelo de bem-estar social no mundo, empregados.


recentemente flexibilizou algumas regras Disponvel em: <https://br.noticias.yahoo.
trabalhistas. Mas o aumento das horas trabalhadas com/a-su%C3%A9cia- reduziu-a- jornada-
uma exceo, no uma regra. de- trabalho-para- 6-132509991.html?soc_
src=social-sh&amp;soc_trk=fb>. <https://
A carga horria para os trabalhadores franceses s3-sa-east-1.amazonaws.com/projetoredacao/
pode ser aumentada para at 60 horas semanais, mas temas/2016_08_05_tema_da_semana_jornada_
isso precisa ser previamente acordado com o sindicato, de_trabalho.pdf>. Acesso em: 17 maio 2017.

105
Texto IV

106
107
108
Proposta:

Impactos ambientais do consumo no sculo XXI


A partir da leitura dos textos motivadores, e com base nos conhecimentos construdos ao longo
de sua formao, redija um texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da lngua
portuguesa sobre o tema Impactos ambientais do consumo no sculo XXI, apresentando proposta
de interveno que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e
coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

Texto I

Disponvel em: <https://br.pinterest.com/pin/507851295457831864/>. Acesso em: 17 mar. 2017.

Texto II
A sustentabilidade um complexo de coisas que envolve o meio ambiente, a sociedade, a economia e o
consumo. Na hora de comprar um produto, precisamos levar em conta no apenas o fato de estar adquirindo
um bem, mas sim o impacto que isso ter na natureza, na gerao de emprego e em condies de trabalho
melhores. Por essas e outras, necessrio mudar o padro de consumo, sair da ideia de obsolescncia rpida
para a durabilidade dos produtos. Do ponto de vista social, todos os impactos ambientais negativos acabam
se refletindo na sade das pessoas. Hoje, mais ou menos dois teros das doenas que chegam ao sistema

109
pblico de sade so devido gua poluda. Mudar a maneira de comprar, mudar as opes do ponto de vista
social e ambiental, vai se refletir em um meio ambiente mais lindo e em sade melhor.
Disponvel em: <http://oglobo.globo.com/economia/defesa-do-consumidor/para-especialista-
conscientizacao-do-consumidor-essencial-20414929#ixzz4Y286IPsf>. Acesso em: 17 mar. 2017. Adaptado.


Texto III
A avaliao dos impactos ambientais do descarte das embalagens impressas engloba a soma de todos
os impactos ao longo do ciclo de vida destes materiais, sendo, portanto, uma tarefa complexa. Desta forma,
quanto menor a perda no processo produtivo de impresso, menores os impactos ambientais, levando
reduo dos resduos slidos. Com base nisso, podemos concluir que os principais danos decorrentes da
poluio associada ao uso do solo so:

A disposio inadequada de resduos slidos leva infiltrao do chorume para as


camadas mais profundas, causando contaminao dos solos, de aquferos subter
rneos e de mananciais.
Disposio inadequada de re s
duos slidos com a presena de elementos,
compostos e/ou metais pesados nas embalagens de papel, carto, papelo, de
produtos alimentcios, jornais, revistas etc., com tintas de impresso grfica lquida
ou pastosa.

Os elementos, compostos ou metais pesados so absorvidos pelo corpo humano por meio do ar, gua,
alimentos e contato trmico, com tendncia acumulao de metais pesados. No caso de resduos slidos,
a preocupao ambiental relaciona-se com sua elevada toxicidade e facilidade para bioacumulao, alm
de seu uso em grande escala em processos produtivos diversos, incluindo tintas de impresso grfica.

Disponvel em: <www.revistatecnologiagrafica.com.br/index.php?option=com_content&id=4754:o-impacto-


ambiental-do-descarte-de-embalagens-com-tintas-de-impressao>. Acesso em: 17 mar. 2017.

110
111
Disponvel em: <https://www.plataformaredigir.
com.br/file/upload_auladocumento/y38_-
5bB_-40rr_-40_-5ddCItPmgHjzQdXBExA7
2nHMcU0jpMSnRB_-2bNawwzqOEXgsieJg3V
a0mrQZiJ7T/>. Acesso em: 25 maio 2017.

Texto II
Diante da onda de manifestaes polticas ao
redor do mundo, a influncia das redes sociais no
ativismo poltico foi assunto no jornal americano
The New York Times. No Brasil, o Facebook teve
participao importante nos protestos como
ferramenta para que ativistas combinassem
detalhes das passeatas atravs das redes sociais.
A reportagem defende que o uso das redes
sociais ajuda a aumentar o nmero de adeptos s
manifestaes e tambm esclarecer e discutir os
Proposta: a partir da leitura dos textos principais pontos reivindicados.
motivadores seguintes, e com base nos
De acordo com o jornal americano, grandes
conhecimentos construdos ao longo de
mobilizaes de cidados tendem a murchar sem o
sua formao, redija um texto dissertativo-
impacto sobre a poltica. Contudo, as redes sociais
argumentativo em normapadro
fortalecem os movimentos, uma vez que repercutem
da lngua portuguesa sobre o tema:
Ciberativismo: ferramenta de protesto
ou falso ativismo? Apresente proposta
de interveno que respeite os direitos
humanos. Selecione, organize e relacione,
de forma coerente e coesa, argumentos e
fatos para defesa de seu ponto de vista.

Texto I
O que ciberativismo?

uma forma de ativismo pela internet, tambm


chamada de ativismo on-line ou digital, usada para
divulgar causas, fazer reivindicaes e organizar
mobilizaes.

112
os fatos dirios e intensamente. A publicao afirma que, antes da internet, o trabalho tedioso de organizar
o que era necessrio para contornar a censura ou para organizar um protesto tambm ajudou a construir
infraestrutura para a tomada de decises e estratgias para sustentar as manifestaes.

O The New York Times alegou que a fora das mdias sociais est na democracia e na liberdade de
expresso. O ativismo ciberntico gerou situaes constrangedoras para muitos polticos, como lembrou
o jornal. Na Turquia, o primeiro-ministro, Recep Tayyip Erdogan, definiu as redes sociais como ameaa
para a sociedade. Conforme lembrou o The New York Times, o Parlamento da Turquia aprovou uma lei
aumentando a capacidade do governo para censurar contedo on-line e expandir a vigilncia, e Erdogan
disse que consideraria bloquear o acesso ao Facebook e YouTube.

O texto diz que a mdia nas mos dos cidados pode sacudir regimes e isso torna muito mais difcil para
os governantes manter a legitimidade por meio do controle da esfera pblica. A publicao alerta ainda que
os ativistas que fizeram tal uso eficaz da tecnologia para reunir torcedores, ainda precisam descobrir como
converter essa energia em um maior impacto.
Disponvel em: <http://folhapolitica.jusbrasil.com.br/noticias/114679334/influencia-das-redes-
sociais-no-ativismo-politico-e-destaque -no-new-york-times>. Acesso em: 17 maio 2017.

Texto III
A questo da identidade foi transformada de algo preestabelecido em uma tarefa: voc tem que criar
a sua prpria comunidade. Mas no se cria uma comunidade, voc tem uma ou no; o que as redes sociais
podem gerar um substituto. A diferena entre a comunidade e a rede que voc pertence comunidade,
mas a rede pertence a voc. possvel adicionar e deletar amigos, e controlar as pessoas com quem voc se
relaciona. Isso faz com que os indivduos se sintam um pouco melhor, porque a solido a grande ameaa
nesses tempos individualistas.

Mas, nas redes, to fcil adicionar e deletar amigos que as habilidades sociais no so necessrias.
Elas so desenvolvidas na rua, ou no trabalho, ao encontrar gente com quem se precisa ter uma interao
razovel. A voc tem que enfrentar as dificuldades, envolver-se em um dilogo.

O papa Francisco, que um grande homem, ao ser eleito, deu sua primeira entrevista a Eugenio Scalfari,
um jornalista italiano que um ateu autoproclamado. Foi um sinal: o dilogo real no falar com gente que
pensa igual a voc. As redes sociais no ensinam a dialogar porque muito fcil evitar a controvrsia.

Muita gente as usa no para unir, no para ampliar seus horizontes, mas ao contrrio, para se fechar no
que eu chamo de zonas de conforto, onde o nico som que as pessoas escutam o eco de suas prprias
vozes, onde o nico que veem so os reflexos de suas prprias caras. As redes so muito teis, oferecem
servios muito prazerosos, mas so uma armadilha.
Disponvel em: < http://brasil.elpais.com/brasil/2015/12/30/
cultura/1451504427_675885.html>. Acesso em: 17 maio 2017.

113
Texto IV argumentativo na modalidade escrita
formal da lngua portuguesa sobre o
tema :Suicdio no Brasil: como lidar
com esse grave problema de sade
pblica?, apresentando proposta de
interveno que respeite os direitos
humanos. Selecione, organize e relacione,
de forma coerente e coesa, argumentos e
fatos para defesa de seu ponto de vista.

Texto I
A palavra suicdio (etimologicamente sui = si
mesmo; caedes = ao de matar) foi utilizada pela
primeira vez por Desfontaines, em 1737, e significa
morte intencional autoinfligida, isto , quando a
pessoa, por desejo de escapar de uma situao de
sofrimento intenso, decide tirar sua prpria vida.

De acordo com dados atuais da Organizao


Mundial de Sade (OMS), cerca de 3.000 pessoas
por dia cometem suicdio no mundo, o que significa
que a cada 30 segundos uma pessoa se mata.
Estima-se que para cada pessoa que consegue se
suicidar, 20 ou mais tentam sem sucesso, e que a
maioria dos mais de 1,1 milho de suicdios a cada
ano poderia ser prevista e evitada.

O suicdio atualmente uma das trs principais


causas de morte entre os jovens e adultos de 15
a 34 anos, embora a maioria dos casos acontea
entre pessoas de mais de 60 anos. Ainda conforme
informaes da OMS, a mdia de suicdios aumentou
60% nos ltimos 50 anos, em particular nos pases
em desenvolvimento. Cada suicdio ou tentativa
Proposta: A partir da leitura dos provoca uma devastao emocional entre parentes
textos motivadores, e com base nos e amigos, causando um impacto que pode perdurar
conhecimentos construdos ao longo de por muitos anos.
sua formao, redija um texto dissertativo-

114
Probabilidades:
Por meio da observao dos casos de suicdio, pode-se constatar que h certos fatores que esto
relacionados a uma maior ou menor probabilidade de cometer o suicdio. Por exemplo, as mulheres tentam
o suicdio 4 vezes mais que os homens, mas os homens o cometem (isto , morrem devido tentativa) 3
vezes mais do que as mulheres. Isso se explica pelo fato de os homens utilizarem mtodos mais agressivos e
potencialmente letais nas tentativas, tais como armas de fogo ou enforcamento, ao passo que as mulheres
tentam suicdio com mtodos menos agressivos e, assim, com maior chance de serem ineficazes, como
tomar remdios ou venenos.

Doenas fsicas, tais como cncer, epilepsia e AIDS ou doenas mentais, como alcoolismo, drogadio,
depresso e esquizofrenia so fatores relacionados a taxas mais altas de suicdio. Alm disso, uma pessoa
que j tentou cometer o suicdio anteriormente tem maior risco de comet-lo novamente.

A idade tambm est relacionada s taxas de suicdio, sendo que a maioria dos suicdios ocorre na faixa
dos 15 aos 44 anos.

Fonte: Suicdio | ABC da Sade. Disponvel em: <www.abcdasaude.com.br/


psiquiatria/suicidio#ixzz30neJ2zT3>. Acesso em: 17 maio 2017.

115
Texto II

Texto III

O suicdio tem crescido entre as causas de mortes de jovens at 19 anos no Brasil. Em 2013, 1% de todas
as mortes de crianas e adolescentes do pas foi por suicdio, ou 788 casos no total. O nmero pode parecer
baixo, mas representa um aumento expressivo frente ao ndice de 0,2% de 1980.

Entre jovens de 16 e 17 anos, a taxa ainda maior, de 3% frente ao nmero total. O aumento tambm
ocorre em relao s mortes para cada 100 mil jovens dessa mesma faixa etria: a taxa foi de 2,8 por 100 mil
em 1980 para 4,1 em 2013.

Os dados fazem parte da pesquisa Violncia Letal: Crianas e Adolescentes do Brasil. Eles foram
compilados pela Flacso (Faculdade Latino-Americana de Cincias Sociais), um organismo de
cooperao internacional para pesquisa.

Segundo Alexandrina Meleiro, jovens imersos em redes sociais como Facebook ou Instagram assistem a
retratos de vidas fantsticas. Internautas tendem a selecionar posts que exibam suas melhores conquistas

116
e construir cuidadosamente imagens coloridas de suas vidas. Por comparao, a vida de quem assiste a
esse espetculo parece pior, principalmente quando surgem problemas.

Dificuldades em lidar com ou ter a prpria sexualidade aceita continuam a contribuir para comportamento
suicida. De acordo com Alexandrina Meleiro, comum que pais se digam compreensivos quanto sexualidade
dos filhos, mas tenham problemas em lidar, na prtica, com filhos no heterossexuais.

Mortes por suicdio so cerca de trs vezes maiores entre homens do que entre mulheres. De acordo com
cartilha da Associao Brasileira de Psicologia sobre o tema do suicdio papis masculinos tendem a estar
associados a maiores nveis de fora, independncia e comportamentos de risco. O reforo desse papel
pode impedir que homens procurem ajuda em momentos de sofrimento. Mulheres tm redes sociais de
proteo mais fortes.

Anotaes

117
Anotaes

118
Maus tratos e abuso fsico e sexual durante o
desenvolvimento tambm podem estar associados
ao suicdio. De acordo com a professora, pessoas
suicidas tendem a se envolver em comportamentos
autodestrutivos, como o uso de drogas sem
moderao. Assim como o lcool contribui para a
violncia contra o prximo, ele pode desencadear
violncia contra si mesmo.

Ela tambm afirma que os jovens so, em parte,


vtimas da prpria criao. Pais excessivamente
focados em suas prprias carreiras e vidas pessoais
sentem-se culpados em relao aos filhos, e tendem
a consol-los com conquistas materiais. Se quebrou
o iPhone, o pai providencia outro.

Esse excesso de proteo pode dificultar que o


jovem desenvolva, por si prprio, formas de lidar com
a frustrao com problemas do amadurecimento,
como uma desiluso amorosa ou dificuldades para
encontrar um emprego.

Disponvel em: <https://www.nexojornal.com.br/


expresso/2016/06/30/Por-que-precisamos-
falar-sobre-o-suic%C3%ADdio-de-jovens-

no-Brasil>. Acesso em: 25 maio 2017

119
Captulo VII DESCREVER
captulo VIII
A funo dos textos descritivos cumpre relatar e expor determinada pessoa, objeto, lugar, acontecimento.
Nesse sentido, so textos repletos de adjetivos, os quais descrevem ou apresentam imagens a partir das
percepes sensoriais do locutor (emissor).

Para tanto, considere alguns pontos para a elaborao desse tipo textual, desde as caractersticas fsicas e/
ou psicolgicas do que se pretende analisar, a saber: cor, textura, altura, comprimento, peso, dimenses, funo,
clima, tempo, vegetao, localizao, sensao, localizao, dentre outros.

Veja alguns exemplos de gneros textuais descritivos:

Dirio.
Relatos (viagens, histricos, etc.).
Biografia e autobiografia.
Notcia.
Currculo.
Lista de compras.
Cardpio.
Anncios de classificados.
Fotografias.

Nesta unidade, voc vai escrever uma descrio. Durante a leitura do texto abaixo, verifique
alguns pontos:

a. os detalhes explicitados pelo autor;


b. as estratgias empregadas para organizar a descrio;
c. o uso de palavras-chave.

120
Descrio de Ambiente

Cidadezinha
Eu que de longe venho perdido, Mario Quintana

Sem pouso fixo (que triste sina!),


Ah, quem me dera ter l nascido!

L toda a vida poder morar!


Cidadezinha... To pequenina
Que toda cabe num s olhar!

I - Conhecendo o Texto
Nas questes 1 e 2, assinale a opo que melhor explica o significado que a palavra sublinhada
tem no texto.

Atividade

1. "Cidadezinha cheia de graa..."


a) ( ) divertimento

b) ( ) festa

c) ( ) encanto

2. "Fica cismando como vasto o mundo".


a) ( ) pensando

b) ( ) declarando

c) ( ) desconfiando

121
3. Retire da primeira estrofe do poema dois versos que retratam o ambiente da cidadezinha.

4. Copie do texto os versos que comprovam que o poeta no nasceu naquela cidadezinha.

5. Reescreva os versos, substituindo as palavras sublinhadas por sinnimos.


a) "Fica cismando como vasto o mundo".

b) "Sem pouso fixo (que triste sina!)".

6. Assinale as alternativas que esto de acordo com o assunto do poema.


a) ( ) Descrio de uma cidadezinha particular.

b) ( ) Descrio de uma cidadezinha indeterminada.

c) ( ) Sentimento de carinho para com a cidadezinha.

d) ( ) Desejo de viver na cidadezinha.

122
II - Conversando sobre o texto

7. Esse texto pode ser considerado uma descrio? Por qu?


Voc deve ter respondido que esse texto descritivo, no mesmo? Deve ter observado
tambm que h um cuidado na seleo dos elementos que iro compor o ambiente. O
descritor, dessa forma, orienta a impresso que quer passar ao leitor.

8. A expresso: "... at causa d...", no texto, no significa pena, compaixo para com a cidade, pois o
poeta gosta muito dela. Na verdade, o que significa ento? Assinale a resposta certa.
a) ( ) Uma forma carinhosa de se referir cidade.
b) ( ) Uma forma potica de demonstrar descaso para com a cidade.

9. O que, no texto, quebra o sossego e a monotonia da cidadezinha?

10. D sua opinio sobre o modo de vida na cidade em que voc mora.

123
A DESCRIO
importante destacar algumas caractersticas do gnero textual descrio:

1. Retrato verbal.
2. Ausncia de ao e relao de anterioridade ou posterioridade entre as frases.
3. Predomnio de substantivos, adjetivos e locues adjetivas.
4. Utilizao da enumerao e comparao.
5. Presena de verbos de ligao.
6. Verbos flexionados no presente ou no pretrito (passado).
7. Emprego de oraes coordenadas justapostas.
A estrutura descritiva composta de:

Introduo: apresentao do que se pretende descrever.


Desenvolvimento: caracterizao subjetiva ou objetiva da descrio.
Concluso: finalizao da apresentao e caracterizao de algo.
Dependendo do tipo de descrio a ser escrita, ela classificada em:

Descrio Subjetiva
Apresenta as descries de algo, todavia evidencia as impresses pessoais do emissor
(locutor) do texto. Exemplos so os textos literrios repletos de impresses dos autores.

Descrio Objetiva
Nesse caso, o texto procura descrever, de forma exata e realista, as caractersticas
concretas e fsicas de algo, sem atribuir juzo de valor ou impresses subjetivas do emissor.
Exemplos de descries objetivas so os retratos falados, manuais de instrues, verbetes de
dicionrios e enciclopdias.

DESCRIO SUBJETIVA
Ficara sentada mesa a ler o Dirio de Notcias, no seu roupo de manh de fazenda preta, bordado a
sutache, com largos botes de madreprola; o cabelo louro um pouco desmanchado, com um tom seco do calor
do travesseiro, enrolava-se, torcido no alto da cabea pequenina, de perfil bonito; a sua pele tinha a brancura
tenra e lctea das louras; com o cotovelo encostado mesa acariciava a orelha, e, no movimento lento e suave
dos seus dedos, dois anis de rubis miudinhos davam cintilaes escarlates. (O Primo Baslio, Ea de Queiroz)

124
DESCRIO OBJETIVA
"A vtima, Solange dos Santos (22 anos), moradora da cidade de
Todo texto pressupe
Marlia, era magra, alta (1,75), cabelos pretos e curtos; nariz fino e rosto
etapas distintas e
ligeiramente alongado."
intercomplementares na
atividade da escrita:
Planejar
Escrever
Reescrever
Neste exerccio, voc ir produzir textos descritivos.

Proposta I:
Escolha uma pessoa de quem voc gosta muito. Pode ser namorado(a), pai, me, filho(a),
amigo(a), av, av ou outra. Faa uma descrio dessa pessoa, procurando retratar particularidades de
comportamento, ao e do seu jeito de ser. Pode, ainda, fazer seu autorretrato, isto , escrever sobre voc
mesmo.

125
Anotaes

126
127
Proposta II:
Descreva sua cidade, observando todos os aspectos que fazem dela um lugar especial para voc: sua

paisagem (ruas, avenidas, prdios e casas); as reas de lazer; o jeito de ser das pessoas que vivem nela;

o sistema de transporte coletivo; as indstrias; o comrcio; o ritmo de vida de sua gente, etc. Imagine que

seu texto ser publicado em um folheto turstico e dever convencer o leitor de que vale a pena visit-la.

128
Proposta III:

Imagine-se uma moblia de sua casa. Observe as pessoas ao redor, o tempo, outros mveis, as cores, o
espao. Na sua posio no humana, descreva como v o mundo.


Proposta IV:

Imagem para descrio. O que voc v?

129
Captulo VII O POEMA

Mesmo que todos usem a palavra "poesia" para se referir a um poema, quando se trata de linguagem
literria, eles so diferentes. O poema est diretamente ligado ao texto formalizado em versos, com estrofes,
ritmo, mtrica, figuras de linguagem, entre outros recursos que a lngua oportuniza. Por outro lado, a poesia
est mais ligada ao contedo potico, isto : pode haver poesia em narrativas literrias, crnicas e, at mesmo,
obras de arte que no se utilizam da palavra, mas apresentam linguagem potica. Resumindo, o poema, alm
da linguagem potica, que est presente na poesia, deve conter uma forma e estrutura. E a poesia est ligada ao
contedo, podendo estar presente em obras de arte ou literrias.

CREATIVE COMMONS
captulo IX

Vamos falar sobre este gnero textual apresentando um simples exemplo, de Augusto dos Anjos:

130
ETERNA MGOA
Augusto dos Anjos

O homem por sobre quem caiu a praga

Da tristeza do mundo, o homem que triste

Para todos os sculos existe

E nunca mais o seu pesar se apaga!

No cr em nada, pois, nada h que traga

Consolo Mgoa, a que s ele assiste.

Quer resistir, e quanto mais resiste

Mais se lhe aumenta e se lhe afunda a chaga

Sabe que sofre, mas o que no sabe

que essa mgoa infinda assim, no cabe

Na sua vida, que essa mgoa infinda

Transpe a vida do seu corpo inerme;

E quando esse homem se transforma em verme

essa mgoa que o acompanha ainda!

Note que este poema possui ritmo e rima. O mesmo considerado poema, devido s suas
caractersticas.

Abaixo veremos outros poemas para nos inspirar a fazer nossa prpria produo; lembrando que,
geralmente, os poemas so formados por versos e estrofes. O verso considerado uma linha potica. J a
estrofe um conjunto destes.

131
A EUGNIA CMARA
Castro Alves

Ainda uma vez tu brilhas sobre o palco,

Ainda uma vez eu venho te saudar...

Tambm o povo vem rolando aplausos

s tuas plantas mil trofus lanar...

Aps a noite, que passou sombria,

A estrela-d'alva pelo cu rasgou...

Errante estrela, se lutaste um dia,

V como o povo o teu sofrer pagou...

Lutar!... Que importa, se afinal venceste?

Chorar!... Que importa, se lutaste um dia,

A tempestade se no rompe a esttua

V como o povo o teu sofrer pagou...

Lutar!... Que importa, se afinal venceste?

Chorar!... que importa, se afinal sorris?

A tempestade se no rompe a esttua

Lava-lhe os ps e a triunfal cerviz.

Ouves o aplauso deste povo imenso

Lava, que irrompe do pop'lar vulco?

o bronze rubro, que ao fundir dos bustos

Referve ardente do porvir na mo.

O povo... O povo... um juiz severo,

Maldiz as trevas, abenoa a luz...

Sentiu teu gnio e rebramiu soberbo:

132
133
Que queres? Ouve! - so mil palmas frvidas, Poeta ruim que na arte da prosa

Olha! - o delrio, que prorrompe audaz. Envelheceu na infncia da arte,

Pisa! - so flores, que tu tens s plantas, E at mesmo escrevendo crnicas

Toca na fronte - coroada ests. Ficou cronista de provncia;

Arquiteto falhado, msico


Descansa pois, como o condor dos Andes,
Falhado (engoliu um dia
Pairando altivo sobre a terra e mar,
Um piano, mas o teclado
Poisa nas nuvens p'ra arrogante em breve
Ficou de fora); sem famlia,
Distante... Longe... Mais alm de voar.
Religio ou filosofia;
Recife, 1866
Mal tendo a inquietao de esprito
No poema de Castro Alves h rimas?
Que vem do sobrenatural,
Quais so as palavras que rimam?
E em matria de profisso
Do que o poema est falando?
Qual o sentimento do eu lrico? Um tsico profissional.

Fonte: Manuel Bandeira. Poesia completa e


Reflita sobre essas questes e tente entender prosa. Rio de Janeiro: Aguilar, 1983. p. 395.
qual tipo de sentimento est tentando ser passado
aqui.
TEXTO II

Verifique o prximo poema, de Manuel Bandeira.


Neste no h estrofes, mas ainda h rima.
POEMA DE SETE FACES
Quando nasci, um anjo torto
(Enem - 2005)
desses que vivem na sombra

TEXTO I disse: Vai, Carlos! Ser gauche na vida.

AUTORRETRATO
As casas espiam os homens
Provinciano que nunca soube
que correm atrs de mulheres.
Escolher bem uma gravata;
A tarde talvez fosse azul,
Pernambucano a quem repugna
no houvesse tantos desejos.
A faca do pernambucano;

134
O bonde passa cheio de pernas:

pernas brancas pretas amarelas.

Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu corao.

Porm meus olhos

no perguntam nada.

O homem atrs do bigode

srio, simples e forte.

Quase no conversa.

Tem poucos, raros amigos

o homem atrs dos culos e do bigode,

Meu Deus, por que me abandonaste

se sabias que eu no era Deus

se sabias que eu era fraco.

Mundo mundo vasto mundo,

se eu me chamasse Raimundo

seria uma rima, no seria uma soluo.

Mundo mundo vasto mundo,

mais vasto meu corao.

Eu no devia te dizer

mas essa lua

mas esse conhaque

botam a gente comovido como o diabo


Fonte: Carlos Drummond de Andrade. Obra completa. Rio de Janeiro: Aguilar, 1964. p. 53.

135
Esses poemas tm em comum o fato de:

a) descreverem aspectos fsicos dos prprios autores.

b) refletirem um sentimento pessimista.

c) terem a doena como tema.

d) narrarem a vida dos autores desde o nascimento.

e) defenderem crenas religiosas.

Partindo da leitura dos textos anteriores, crie um poema, apontando as seguintes


caractersticas:

a. Mnimo de duas estrofes.


b. Cada estrofe deve conter pelo menos quatro versos.
c. Procure fazer rimas ao longo de sua produo. Assim, ele ganha ritmo.
d. A temtica ser livre, deixando-o vontade para criar.

136
137
REFERNCIAS In: https://samuelebel.jusbrasil.com.br/noticias/133011240/
veicular-noticia-falsa-em-jornal-gera-indenizacao-por-dano-
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ANTUNES, Irand. Aula de portugus. So Paulo: Parbola Editorial,
2003 (Srie Aula; 1). In: http://linguaportuguesacems.blogspot.com.br/2013/04/
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AZEVEDO, Ricardo. Dezenove poemas desengonados. So
2016.
Paulo: tica, 1999.
In: http://escolapedroaleixo.blogspot.com.br/2015/07/genero-
BARTHES, Roland. Aula. So Paulo: Cultrix, 1978.
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Petrpolis: Vozes, 2003.
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FRAIMAN, Lo. Projeto de vida. 100 dvidas. Acesso: 20 dez.
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