Formacao Docente para Diversidade
Formacao Docente para Diversidade
Formacao Docente para Diversidade
FORMAO DOCENTE
PARA A
DIVERSIDADE
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9 788538 761570
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48416 FORMAO
DOCENTE PARA
A DIVERSIDADE
Margarete Terezinha de Andrade Costa
Formao Docente
para a Diversidade
ISBN 978-85-387-6157-0
Produo
A superao dos problemas sociais, comuns no cotidiano brasileiro, se d com uma edu-
cao voltada cidadania. Esta exige conhecimento sobre aes e polticas necessrias para a
transformao social, pois se acredita que a desigualdade superada com a universalizao do
acesso e permanncia bem-sucedida numa escola de qualidade.
Este livro foi escrito com inteno de contribuir para a mudana necessria na formao
do professor, alunos e comunidade escolar na busca de uma educao suficiente para formar
pessoas comprometidas com a democratizao da sociedade brasileira, que possui em sua raiz
a riqueza da pluralidade e da diversidade.
Para procurar dar conta de uma formao docente para a diversidade, discutiremos a
prtica docente na diversidade, ressaltando o conceito de alteridade, os diversos nveis e mo-
dalidades de ensino, a educao profissionalizante, em tempo integral, de jovens e adultos,
especial e inclusiva, a distncia, no campo e indgena.
Sobre a autora
Aula
1 A PRTICA DOCENTE NA DIVERSIDADE 9
PARTE 1: POR QUE PENSAR A DIVERSIDADE NA EDUCAO? 10
PARTE 2: FORMAO DOCENTE: REAS DE ATUAO 14
PARTE 3: DIVERSIDADE CURRICULAR: UM DESAFIO 20
Aula
2 NVEIS DE ENSINO 28
PARTE 1: EDUCAO BSICA 29
PARTE 2: EDUCAO SUPERIOR 36
PARTE 3: POLTICAS PBLICAS NA AVALIAO DA APRENDIZAGEM 39
Aula
3 MODALIDADES DE ENSINO 46
PARTE 1: DEFINIO DE MODALIDADES DE ENSINO 47
PARTE 2: FINALIDADES E OBJETIVOS 52
PARTE 3: CARACTERSTICAS CURRICULARES E DIRETRIZES 56
Aula
4 EDUCAO PROFISSIONALIZANTE 63
PARTE 1: EDUCAO TCNICA DE NVEL MDIO 64
PARTE 2: EDUCAO PROFISSIONAL E TECNOLGICA 66
PARTE 3: ABRANGNCIA DE CURSOS X MERCADO DE TRABALHO 71
Sumrio
Aula
5 EDUCAO EM TEMPO INTEGRAL 84
PARTE 1: O QUE EDUCAO EM TEMPO INTEGRAL? 84
PARTE 2: O QUE PRETENDE A EDUCAO EM TEMPO INTEGRAL? 89
PARTE 3: LEGISLAO ESPECFICA E LDB 91
Aula
6 EDUCAO DE JOVENS E ADULTOS 99
PARTE 1: OBJETIVO DA EDUCAO DE JOVENS E ADULTOS 100
PARTE 2: DIREITO DE ACESSO E GRATUIDADE 106
PARTE 3: AES E PROGRAMAS DE INCENTIVO EJA 109
Aula
7 EDUCAO ESPECIAL E A INCLUSO 117
PARTE 1: DEFINIES DA LEI PARA EDUCAO ESPECIAL 118
PARTE 2: ADAPTAES PARA O ATENDIMENTO A ALUNOS ESPECIAIS 123
PARTE 3: DESAFIOS PARA EDUCAO ESPECIAL SER INCLUSIVA 129
Aula
8 EDUCAO A DISTNCIA 137
PARTE 1: O QUE EDUCAO A DISTNCIA 138
PARTE 2: LEGISLAO ESPECFICA NA EDUCAO A DISTNCIA 142
PARTE 3: REGULAMENTAO E CERTIFICAO 145
Sumrio
Aula
9 EDUCAO NO CAMPO E EDUCAO INDGENA 153
PARTE 1: EDUCAO NO CAMPO 154
PARTE 2: EDUCAO INDGENA 156
PARTE 3: O QUE DIZ A LEI SOBRE EDUCAO INDGENA 160
Aula
10 PANORAMA DA DIVERSIDADE DA EDUCAO NO BRASIL 171
PARTE 1: AES E POLTICAS PBLICAS PARA A UNIVERSALIZAO DE ACESSO EDUCAO 172
PARTE 2: CONTRIBUIO DAS AES DE INCENTIVO EDUCAO 176
PARTE 3: O PROFISSIONAL DA EDUCAO COMO AGENTE DE MUDANAS 179
Aula 1
A Prtica
Docente
na Diversidade
Prtica docente e diversidade, duas categorias que exigem
um exerccio de reflexo intensa e desafiadora. Intensa pela
complexidade que o universo docente se apresenta e desafiadora
porque nos exige um ir alm do que se sabe e do que se vive. O mais
interessante disso que ambas as categorias so infinitas, isto ,
no se acabam; no conseguimos definir, estruturar e conhec-las
de forma terminal. Elas crescem medida que o nosso contexto
social se modifica. Assim, elas tambm se modificam medida
que os seres vivem suas relaes humanas. Elas no se esgotam
em um nico estudo e em uma nica observao, pois so to
variveis como ns.
Para comear a conhecer a prtica docente na diversidade,
comearemos essa aula questionando: por que pensar a diversidade
na educao? Em seguida, buscaremos como se d a formao
docente e suas reas de atuao e, por fim, terminaremos com o
desafio da diversidade curricular.
Parte
1 Por que pensar a diversidade
na educao?
Para pensar a diversidade na educao devemos entender primeiramente o que diversidade.
O Dicionrio Michaelis traz a seguinte definio:
Feng Yu/Shutterstock
Diversidade -
1 Qualidade de diverso.
2 Variedade (em oposio a identidade); multiplicidade.
Assim, a diversidade est voltada para a variedade, a pluralidade, a diferena. Se formos analisar o
contexto em que vivemos, perceberemos que so poucas as coisas no variveis. Na realidade, raras so
exatamente iguais. Vivemos em um universo mpar, isto , composto de elementos diversos.
Estamos rodeados de diversidade biolgica, cultural, lingustica, religiosa, tnica, musical, entre tan-
tas outras. Assim, pensar a diversidade na educao significa tornar visvel o que est implcito em nossas
relaes sociais.
Desta forma, podemos perceber que estamos inseridos em um contexto social composto por elementos
diversos. Da a importncia de a temtica da diversidade ser infinitamente explorada frente s relaes humanas.
Observe o cartaz da Associao ILGA Portugal, que nos faz refletir e repensar a organizao familiar:
TTULO II
DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
CAPTULO I
DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS
Art. 5. Todos so iguais perante a lei, sem distino de qualquer natureza, ga-
rantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no Pas a inviolabilidade
do direito vida, liberdade, igualdade, segurana e propriedade,
Todos ns somos iguais perante a lei, no devendo haver distino de qualquer natureza. A lei ainda
traz que: I - homens e mulheres so iguais em direitos e obrigaes.
A Constituio traz no mesmo artigo a liberdade de crena:
Temos, ento, respaldo legal frente diversidade. A lei certifica as diferenas de crenas religiosas,
convices filosficas ou polticas e da mesma forma tem assegurado legalmente a livre expresso.
TTULO VIII
DA ORDEM SOCIAL
CAPTULO III
DA EDUCAO, DA CULTURA E DO DESPORTO
Art. 205. A educao, direito de todos e dever do Estado e da famlia, ser promovida e incentivada com a colabo-
rao da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exerccio da cidadania e sua
qualificao para o trabalho.
A educao direito de todos, independentemente das condies em que a pessoa se encontre, e dever
do Estado. Ele responsvel em garantir a educao com ajuda da sociedade para o pleno desenvolvimento
da pessoa para a cidadania e para o trabalho.
Agora j podemos responder com mais fundamentos a questo ttulo desta parte da aula: Por que pensar
a diversidade na educao?
Porque a educao um direito de todos, e a escola como espao formal do trabalho com a educao,
deve considerar e acolher a diversidade, visto que todos ns somos diferentes.
A escola deve valorizar a diversidade em sua prtica pedaggica e levar em conta que nem todos apren-
dem da mesma forma e ao mesmo tempo. Que metodologias devem ser pesquisadas e empregadas a fim
de alcanar a maioria dos alunos. O processo ensino-aprendizagem precisa voltar-se para todos os alunos,
levando-se em considerao suas diferenas.
Por outro lado, a interao com os outros traz tona diferenas que devem ser respeitadas, todas elas.
As mais explcitas como as de gnero e de etnia e as mais implcitas como as de gostos e de preferncias
pessoais. Isso significa no esconder as desigualdades e nem tolerar o diferente, mas conhec-lo, valori-
z-lo e respeit-lo como se deve conhecer, valorizar e respeitar todo ser humano.
Aqui cabe um termo importante: a alteridade.
Rawpixel.com/Shutterstock
A alteridade tem como princpio a interao do ser humano com outro ser humano. Somente com essa
interao somos um ser, um eu que se relaciona com um outro que, por sua vez, tambm um eu; e
nessa relao se percebe no outro as mesmas necessidades que temos. Ao se colocar no lugar do outro, o
eu respeita-o como igual, mesmo sendo diferente. Se a escola entender a alteridade inerente ao ser humano
e trabalhar assertivamente com ela, o papel de educao ir alm de um dever ou direito expresso em lei.
Ao lembrar que somos diferentes, a diversidade deve ser vista como natural. Mas no devemos no
perceber que em nossa realidade ela esconde desigualdades, que so toleradas pelas elites sociais. Fechar
os olhos e no levar situaes de diversidades para discusses coletivas faz da diversidade um problema e
no uma soluo, e assim, ela pode ser vista como contradio das desigualdades sociais.
A diversidade uma grande riqueza que temos, pois ela garante a nossa sobrevivncia.
Parte
2 Formao docente: reas de atuao
O que ser professor?
A resposta parece simples, porm, exige um aprofundamento maior de reflexo sobre a funo docente
que, alis, tem vrias denominaes: professor(a), mestre(a), regente, docente, educador(a), instrutor(a),
catedrtico(a), mentor(a), entre outras.
A nossa lei maior A Constituio Federal traz o termo: funo de magistrio:
Cf. Art. 67, 2.: Para os efeitos do disposto no 5. do art. 40 e no 8. do art. 201 da Constituio Federal, so
consideradas funes de magistrio as exercidas por professores e especialistas em educao no desempenho de
atividades educativas, quando exercidas em estabelecimento de educao bsica em seus diversos nveis e modali-
dades, includas, alm do exerccio da docncia, as de direo de unidade escolar e as de coordenao e assessora-
mento pedaggico. (Includo pela Lei 11.301/2006.)
Observem que, conforme a lei, a funo de magistrio exercida por professores e especialistas (quem
faz um curso de especializao ps-graduao) somente nos estabelecimentos de educao bsica e unida-
des escolares. Interessante saber que a funo docente admite mais de um exerccio, visto que o profissional
da educao pode atuar em instncias diferentes ao mesmo tempo. Ele pode estar vinculado ao estado e ao
municpio, por exemplo. Ele pode atuar como regente e atuar tambm fora de sala de aula.
O Dicionrio Aurlio traz:
1 Aquele que ensina uma arte, uma atividade, uma cincia, uma lngua etc.
2 Pessoa que ensina em escola, universidade ou noutro estabelecimento de ensino.
3 Executante de uma orquestra de primeira ordem.
O dicionrio amplia o mbito de atuao do professor e sua formao, observe o item um aquele que
ensina uma arte pode ser qualquer arte, qualquer arteso. O item trs volta-se para a formao musical; o
item quatro, formao religiosa; o item seis, qualquer pessoa que entende muito bem de alguma coisa; o item
6, aquele que ensina professor, assim, me a primeira das professoras.
Vamos comear a nossa conversa retomando a organizao da educao no Brasil. Vejamos a tabela a
seguir:
Pr-escola
EDUCAO
Nossa educao est sob determinao legal Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional, de 20
de dezembro de 1996 LDB 9.394/96. Ela a legislao que regulamenta o sistema educacional (pblico
ou privado) do Brasil (da Educao Bsica ao Ensino Superior). E a LDB que estabelece organizaes de
ensino, dentre as quais podemos destacar:
A Educao Bsica constituda pela Educao Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Mdio.
H tambm as modalidades de ensino: Educao de Jovens e Adultos (fundamental ou mdio),
Educao profissional ou tcnica, Educao Especial e a Educao a Distncia (EAD), Educao
do Campo, Educao Indgena.
bikeriderlondon/Shutterstock
Licenciatura
so aptos a ministrarem aulas na educao bsica;
presena de matrias de cunho pedaggico;
durao que varia entre 4 e 6 anos.
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Tecnlogo
apto para atuar em apenas uma rea especfica;
tm um objeto de estudo bastante especfico.
durao que varia entre 2 e 3 anos.
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Bacharelado
estuda um pouco sobre tudo dentro da rea escolhida;
pode atuar em diversas reas;
durao que varia entre 4 e 6 anos.
Muitas pessoas pensam que especializao e ps-Graduao a mesma coisa; observem que os cursos
de Ps-Graduao, como o prprio nome j diz, so aqueles realizados depois da graduao. Assim, a espe-
cializao, o mestrado e o doutorado so cursos que esto dentro da categoria ps-Graduao.
Com relao administrao das instituies de ensino, elas podem ser:
Pblicas geridas pelo Poder Pblico.
Privadas geridas por pessoas fsicas ou jurdicas de direito.
Os rgos responsveis pela educao so:
Conselho Municipal de
Nvel municipal CME SME Secretaria Municipal de Educao
Educao
Depois desta viso geral da organizao da educao no Brasil, vamos localizar os cenrios que os
professores se encaixam.
De acordo a determinao legal, podem lecionar nas escolas de Educao Bsica, os graduados em
licenciatura e Pedagogia. Os cursos de licenciatura habilitam o profissional a atuar como professor.
A atual Lei de Diretrizes e Bases da Educao (Lei 9.394/96) traz:
Art.61.A formao de profissionais da educao, de modo a atender aos objetivos dos diferentes nveis e mo-
dalidades de ensino e s caractersticas de cada fase do desenvolvimento do educando, ter como fundamentos:
1.a associao entre teorias e prticas, inclusive mediante a capacitao em servio;
2. aproveitamento da formao e experincias anteriores em instituies de ensino e outras atividades.
A necessria relao entre a teoria e a prtica, esta feita em servio: Educao continuada.
Art.62. A formao de docentes para atuar na educao bsica far-se- em nvel superior, em curso de
licenciatura, de graduao plena, em universidades e institutos superiores de educao, admitida, como
formao mnima para o exerccio do magistrio na educao infantil e nas quatro primeiras sries do Ensino
Fundamental, a oferecida em nvel mdio, na modalidade Normal.
A lei reconhece necessidade da modalidade Normal, visto a falta de professores licenciados para
atender a demanda de crianas.
Na Educao Infantil e nos primeiros anos do Ensino Fundamental, podem atuar professores com for-
mao mnima de nvel mdio (Normal e/ou Magistrio).
Vamos estruturar as informaes de atuao dos professores de acordo com sua formao:
Cursos Atuao
Educao Infantil
Licenciaturas Graduao Ensino Fundamental
Ensino Mdio
Educao infantil
Normal Superior Graduao
Primeiros anos do Ensino Fundamental
Educao Infantil
Magistrio Nvel mdio
Primeiros anos do Ensino Fundamental
Educao Infantil
Anos iniciais do Ensino Fundamental
Ensino Mdio na modalidade Normal formao de professores
Educao Profissional
Pedagogia Graduao Educao de Jovens e Adultos
Servios e de Apoio Escolar
Gesto do sistema escolar
Gestor de processos educativos
Organizao e no funcionamento de sistemas e de instituies de ensino
importante salientar que os cursos de bacharelado no habilitam o profissional a lecionar, este precisa
de curso de complementao pedaggica para tal.
Observe que, mesmo para atuao fora da sala de aula, mas dentro do ambiente escola, a lei pede o
curso de Pedagogia ou Ps-Graduao.
O artigo 67 traz expressa a valorizao dos professores. interessante conhecer o artigo e fazer uso
dele quando necessrio.
Para atuar em escolas pblicas (estaduais, municipais ou federais) o professor, em geral, passa por um
processo de seleo (concurso pblico), que lhe trar um regime estatutrio de trabalho.
Poder atuar na rede particular de ensino ou pblica (se for concursado) nos turnos diurno ou noturno.
O pedagogo pode atuar em distintas reas, tais como: creches, escolas, empresas, hospitais, associa-
es, clubes, editoras, recursos humanos, espaos educativos, entre outras; da a importncia de uma forma-
o voltada para a diversidade.
Parte
3 Diversidade curricular: um desafio
Extra
[...]
Se entendermos o currculo, como prope Williams (1984), como escolhas que se fazem em vasto
leque de possibilidades, ou seja, como uma seleo da cultura, podemos conceb-lo, tambm, como
conjunto de prticas que produzem significados. Nesse sentido, consideraes de Silva (1999b) podem
ser teis. Segundo o autor, o currculo o espao em que se concentram e se desdobram as lutas em
torno dos diferentes significados sobre o social e sobre o poltico. por meio do currculo que certos
grupos sociais,
especialmente os dominantes, expressam sua viso de mundo, seu projeto social, sua verdade. O
currculo representa, assim, um conjunto de prticas que propiciam a produo, a circulao e o consumo de
significados no espao social e que contribuem, intensamente, para a construo de identidades sociais e culturais.
O currculo , por consequncia, um dispositivo de grande efeito no processo de construo de identidade do(a)
estudante.
No se mostra, ento, evidente a ntima relao entre currculo e cultura? Se, em uma sociedade cindida,
a cultura um terreno no qual se processam disputas pela preservao ou pela superao das divises sociais,
o currculo um espao em que esse mesmo conflito se manifesta. O currculo um campo em que se tenta
impor tanto a definio particular de cultura de um dado grupo quanto o contedo dessa cultura. O currculo
um territrio em que se travam ferozes competies em torno dos significados. O currculo no um veculo
que transporta algo a ser transmitido e absorvido, mas sim um lugar em que, ativamente, em meio a tenses, se
produz e se reproduz a cultura. Currculo refere-se, portanto, a criao, a recriao, a contestao e a transgresso
(Moreira e Silva, 1994).
Como todos esses processos se concretizam no currculo? Pode-se dizer que no currculo se evidenciam
esforos tanto por consolidar as situaes de opresso e discriminao a que certos grupos sociais tm sido sub-
metidos, quanto por questionar os arranjos sociais em que essas situaes se sustentam. Isso se torna claro ao nos
lembrarmos dos inmeros e expressivos relatos de prticas, em salas de aulas, que contribuem para cristalizar
preconceitos e discriminaes, representaes estereotipadas e desrespeitosas de certos comportamentos, certos
estudantes e certos grupos sociais. Em Conselhos de Classe, algumas dessas vises, lamentavelmente, se refletem
em frases como: vindo de onde vem, ele no podia mesmo dar certo na escola!.
Ao mesmo tempo, h inmeros e expressivos relatos de prticas alternativas em que professores(as) desa-
fiam as relaes de poder que tm justificado e preservado privilgios e marginalizaes, procurando contribuir
para elevar a autoestima de estudantes associados a grupos subalternizados. Ou seja, no processo curricular,
distintas e complexas tm sido as respostas dadas diversidade e pluralidade que marcam de modo to agudo
o panorama cultural contemporneo.
Cabe tambm ressaltar a significativa influncia exercida, junto s crianas e aos adolescentes que povoam
nossas salas de aula, pelos currculos por eles vividos em outros espaos socioeducativos (shoppings, clubes,
associaes, igrejas, meios de comunicao, grupos informais de convivncia etc.), nos quais se fazem sentir com
intensidade muitos dos complexos fenmenos associveis ao processo de globalizao que hoje vivenciamos.
Nesses outros espaos extraescolares, os currculos tendem a se organizar com objetivos distintos dos currculos
escolares, o que faz com que valores como padronizao, consumismo, individualismo, sexismo e etnocentrismo
possam entrar em acirrada competio com outras metas, visadas por escolas e famlias. Vale perguntar: como
temos, nas salas de aula, reagido a esse confuso panorama em que a diversidade se faz to presente? Como te-
mos nos esforado para desestabilizar privilgios e discriminaes? Como temos buscado neutralizar influncias
indesejveis? Como temos, na escola, dialogado com os currculos desses outros espaos?
(MOREIRA, Antonio Flvio Barbosa; CAUDAU, Vera Maria. Currculo, Conhecimento e Cultura. In:
BEAUCHAMP, Jeanete; PAGEL, Sandra Denise; NASCIMENTO, Ariclia Ribeiro do (Org.). Indicaes sobre
Currculo. Braslia: Ministrio da Educao, 2007. p. 17-46. (Disponvel em: <http://portal.mec.gov.br/seb/arqui-
vos/pdf/Ensfund/indag3.pdf>. Acesso em: 25 abr. 2014.)
Atividades
1. A Constituio traz, em seu artigo 5., Todos so iguais perante a lei, sem distino de
qualquer natureza.
Veja esta charge.
IGUALDADE JUSTIA
Referncias
ARROYO, Miguel Gonzles. Indagaes sobre currculo: educandos e educadores: seus direitos e o currculo.
Organizao do documento: Jeanete Beauchamp, Sandra Denise Pagel, Ariclia Ribeiro do Nascimento. Braslia:
Ministrio da Educao, Secretaria de Educao Bsica, 2008.
BRASIL, Constituio da Repblica Federativa do Brasil de 1988. Disponvel em: http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 02 mai. 2016.
______, LEI N 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educao nacional, publicado
no DOU de 23.12.1996. Disponvel em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394.htm. Acesso em: 02 mai.
2016.
GIMENO SACRISTN, J. O currculo: uma reflexo sobre a prtica. Traduo Ernani F. da Fonseca. 3. Ed. Porto
Alegre: Artmed, 2000.
MOREIRA, Antonio Flavio Barbosa, CANDAR, Vera Maria. Currculo, Conhecimento e Cultura. In: Indagaes
sobre currculo: currculo, conhecimento e cultura / [Antnio Flvio Barbosa Moreira , Vera Maria Candau];
organizao do documento Jeanete Beauchamp, Sandra Denise Pagel, Ariclia Ribeiro do Nascimento. Braslia:
Ministrio da Educao, Secretaria de Educao Bsica, 2007. Disponvel em: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/
pdf/Ensfund/indag3.pdf. Acesso em: 02 mai. 2016.
Nveis
De Ensino
Parte
1 Educao bsica
Como vimos na aula 1, os Nveis de Ensino so estabelecidos pela Lei de Diretrizes e Bases da Educao
(LDB 9394/96). Em nossa histria, ela a segunda LDB que regulamenta todos os nveis. A primeira foi a
LDB 4023/61, promulgada em 20 de dezembro de 1961.
A LDB 9394/96, em seu artigo 21, divide a educao brasileira em dois nveis: a Educao Bsica e o
Ensino Superior, com determinao de idades:
Educao Ensino
Ensino Fundamental Graduao
Infantil Mdio
Voc deve ter observado que h uma correlao entre a idade e o nvel de ensino, porm as leis e os re-
gulamentos educacionais garantem o direito a todo cidado de frequentar a escola regular em qualquer ida-
de. Essa possibilidade amplia a educao para a diversidade, pois possibilita que pessoas com necessidades
Lngua portuguesa
Matemtica
Observe que a disciplina de Histria contempla, de acordo com a legislao, diferentes culturas e et-
nias, aqui a diversidade contemplada na lei.
As diretrizes apresentadas no artigo 27 so: a difuso de valores fundamentais ao interesse social, aos
direitos e deveres dos cidados, de respeito ao bem comum e ordem democrtica; considerao das condi-
es de escolaridade dos alunos em cada estabelecimento; orientao para o trabalho; promoo do desporto
educacional e apoio s prticas desportivas no formais. Todas com cunho de incluso e abertura para tal
cabem usar de tais determinaes e buscar espaos para a prtica da valorizao da diversidade.
Cada nvel de ensino tem objetivos prprios e formas de organizao diversificadas, vejamos mais
detalhadamente cada uma das etapas.
Educao Infantil
A Educao Infantil a primeira etapa da criana na escola (0 a 5 anos de idade) e tem como foco o
desenvolvimento fsico, psicolgico, intelectual e social da criana, completando a ao da famlia e da
comunidade.
Crianas de zero a trs anos podem frequentar as creches ou instituies equivalentes. J para as crian-
as entre quatro e cinco anos, o ensino realizado em pr-escolas. (LDB, artigo 29)
Em abril de 2013, a LDB foi alterada por uma emenda constitucional aprovada pelo Congresso Nacional em 2009.
Ela altera a idade de matrcula de seis para quatro anos. E determina que at 2016 os estados e municpios devem
oferecer vagas na rede pblica de ensino para crianas dessa faixa etria.
A carga horria mnima anual nas pr-escolas, segundo a mesma emenda constitucional de 800 horas.
Ensino Fundamental
O Ensino Fundamental dever do Estado e uma etapa obrigatria da Educao Bsica, sendo minis-
trado em Lngua Portuguesa, garantindo s comunidades indgenas o uso de suas lnguas maternas e de pro-
cessos prprios de aprendizagem. A jornada escolar (artigo 34) ser de no mnimo quatro horas de trabalho
efetivo em sala de aula para o turno diurno, sendo progressivamente ampliado o perodo de permanncia
na escola. Atentem para o termo trabalho efetivo em sala de aula, isto quer dizer que no se considera
atividades diferenciadas na carga horria mnima.
O artigo 32 da LDB determina que a durao mnima do Ensino Fundamental de nove anos (Lei
11.274/2006.), e ser ministrado de forma obrigatria e gratuita na escola pblica. Ele presencial, sendo o
ensino a distncia utilizado como complementao da aprendizagem ou em situaes emergenciais.
Os objetivos so: o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios bsicos o pleno
domnio da leitura, da escrita e do clculo; a compreenso do ambiente natural e social, do sistema poltico,
da tecnologia, das artes e dos valores em que se fundamenta a sociedade; o desenvolvimento da capacidade
de aprendizagem, tendo em vista a aquisio de conhecimentos e habilidades e a formao de atitudes e va-
lores; o fortalecimento dos vnculos de famlia, dos laos de solidariedade humana e de tolerncia recproca
em que se assenta a vida social.
Vejamos o que determina o artigo 32 da LDB:
5. O currculo do Ensino Fundamental incluir, obrigatoriamente, contedo que trate dos direitos das
crianas e dos adolescentes, tendo como diretriz aLei 8.069, de 13 de julho de 1990, que institui o Estatuto da
Criana e do Adolescente, observada a produo e distribuio de material didtico adequado. (Includo pela
Lei 11.525/2007).
6.O estudo sobre os smbolos nacionais ser includo como tema transversal nos currculos do Ensino
Fundamental. (Includo pela Lei 12.472/2011).
IV Em todas as escolas dever ser garantida a igualdade de acesso para alunos a uma base nacional comum,
de maneira a legitimar a unidade e a qualidade da ao pedaggica na diversidade nacional. A base comum
nacional e sua parte diversificada devero integrar-se em torno do paradigma curricular, que vise a estabelecer
a relao entre a educao fundamental e:
a) a vida cidad atravs da articulao entre vrios dos seus aspectos como: 1. a sade 2. a sexualidade
3. a vida familiar e social 4. o meio ambiente 5. o trabalho 6. a cincia e a tecnologia 7. a cultura 8. as
linguagens.
b) as reas de conhecimento: 1. Lngua Portuguesa 2. Lngua Materna, para populaes indgenas e migran-
tes 3. Matemtica 4. Cincias 5. Geografia 6. Histria 7. Lngua Estrangeira 8. Educao Artstica 9. Educao
Fsica 10. Educao Religiosa, na forma do artigo 33 da Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996.
O artigo 33 da LDB determina que o ensino religioso tenha sua matrcula facultativa, constitui disci-
plina dos horrios normais das escolas pblicas de Ensino Fundamental, sendo oferecido, sem nus para
os cofres pblicos, de acordo com as preferncias manifestadas pelos alunos ou por seus responsveis em
carter. Ou seja, o Estado no tem deveres financeiros com os professores de ensino religioso.
Ensino Mdio
A durao mnima do Ensino Mdio de trs anos e sua finalidade, de acordo com o artigo 35 da LDB, : a
consolidao e o aprofundamento dos conhecimentos adquiridos no ensino fundamental, possibilitando o prosse-
guimento de estudos; a preparao bsica para o trabalho e a cidadania do educando, para continuar aprendendo,
de modo a ser capaz de se adaptar com flexibilidade a novas condies de ocupao ou aperfeioamento pos-
teriores; o aprimoramento do educando como pessoa humana, incluindo a formao tica e o desenvolvimento
da autonomia intelectual e do pensamento crtico; a compreenso dos fundamentos cientfico-tecnolgicos dos
processos produtivos, relacionando a teoria com a prtica, no ensino de cada disciplina.
O Ensino Mdio dividido em reas que englobam os conhecimentos que compartilham objetos de
estudo:
Cincias da Natureza
Cincias da Natureza, Matemtica
Matemtica e suas Biologia
Tecnologias Fsica
Qumica
Histria
Cincias Humanas e Geografia
suas Tecnologias Filosofia
Sociologia
Parte
2 Educao Superior
O Ensino Superior , segundo a LDB (artigo 43), tem como finalidades o estmulo cultura e ao esprito
cientfico; prev a formao dos alunos nas diferentes reas do conhecimento com aptides profissionais
e participao social; incentiva a pesquisa na busca do desenvolvimento cientfico, tecnolgico e cultural,
assim como a sua divulgao a fim de sistematizar o conhecimento produzido e repass-lo a cada gerao.
Em relao aos cursos e programas, a LDB no artigo 44 prev:
A Educao Superior ser efetuada em Instituies de Ensino Superior (IES), de acordo com o artigo
45 da LDB, tanto pblicas quanto privadas com variados graus de abrangncia ou especializao. As IES
devero ter autorizao, reconhecimento e credenciamento em prazos limitados necessitando ser renovados
periodicamente (artigo 46 da LDB). Aps a avaliao haver um prazo para saneamento de deficincias e
haver nova avaliao que poder descredenciar o curso ou at mesmo a instituio de ensino.
Assim como na Educao Bsica, o ano letivo regular, na Educao Superior ser de duzentos dias de
trabalho acadmico efetivo, excludo o tempo reservado aos exames finais, quando houver. Sendo obrigat-
ria a frequncia tanto dos alunos como professores se o curso no for a distncia, nas instituies pblicas
de Educao Superior (artigo 57) o professor ficar obrigado ao mnimo de oito horas semanais de aulas.
O artigo 52 da LDB expressa que as universidades so instituies pluridisciplinares de formao dos
quadros profissionais de nvel superior, de pesquisa, de extenso e de domnio e cultivo do saber humano,
que se caracterizam pela produo intelectual, e para tal devero ter um tero do corpo docente, pelo menos,
com titulao acadmica de mestrado e doutorado e um tero de professores em regime de tempo integral.
A educao superior aquela que deve proporcionar um ensino que visa atender a diversidade cultural
de sua comunidade. Ela o lugar no qual todos os alunos devem ter as mesmas oportunidades. Sabemos que
a entrada na universidade j um diferencial explcito em nossa sociedade.
H muitas formas de discriminao na porta de entrada das universidades, seu acesso no democrti-
co visto o nmero de vagas e a quantidade de candidatos.
Outra grande situao explicita que o Brasil um pas diverso, rico em diferentes culturas, costumes,
crenas e saberes. Uma universidade que atenda um ensino que respeite a cultura da comunidade significa
ter vrias universidades dentro de cada uma delas. Neste contexto, a dificuldade explorar um universo
representado por uma populao formada de incontveis grupos tnicos, com seus costumes, culturas e
conhecimentos.
Adaptar o currculo escolar sem ocorrer no processo de excluso um exerccio complexo, que antes
de tudo precisa de vontade. Um currculo multiculturalista atenderia a necessidade das misturas de culturas
em uma mesma localidade. Mas para tal, preciso entendimento de sua necessidade. Sabemos que a diver-
sidade cultural um tema complicado e precisa ser compartilhado pela comunidade acadmica.
No universo aberto e plural do multiculturalismo, a educao intercultural orientaria um processo de
que tem por base o reconhecimento do direto diferena. De acordo com Candau:
a interculturalidade orienta processos que tm por base o reconhecimento do direito diversidade e a luta
contra todas as formas de discriminao e desigualdade social. Tenta promover relaes dialgicas e igualit-
rias entre pessoas e grupos que pertencem a universos culturais diferentes, trabalhando os conflitos inerentes
a essa realidade. No ignora as relaes de poder presentes nas relaes sociais e interpessoais. Reconhece e
assume os conflitos, procurando as estratgias mais adequadas para enfrent-los. (Candau, 2011, p. 32)
Assim, um Ensino Superior que mostre uma formao dos alunos nas diferentes reas do conhecimen-
to, com aptides profissionais e participao social precisa repensar um currculo multiculturalista.
Muita coisa j vem sendo pensada e feita e h muito material sobre o assunto, vejam o O Programa
Diversidade na Universidade e a Construo de uma Poltica Educacional Antirracista.
O Programa Diversidade na Universidade e a Construo de uma
Poltica Educacional Antirracista.
(Disponvel em: <http://pronacampo.mec.gov.br/ima-
ges/pdf/bib_volume29_o_programa_diversidade_na_
universidade_e_a_construcao_de_uma_politica_educacio-
nal_anti_racista.pdf>.)
importante destacar que no artigo 24 consta que a verificao do rendimento, em que a avaliao
dever ser contnua e cumulativa e devero prevalecer os aspectos qualitativos sobre os quantitativos,
assim como o resultado ao longo do perodo sobre os de eventuais provas finais. Isto , as avaliaes deve-
ro acontecer a todo tempo no Ensino Fundamental e no dever haver uma nica forma de avaliao. Fica
claro, assim, que o objetivo das avaliaes diagnosticar o que foi e o que no foi aprendido pelos alunos a
fim de sanar as deficincias, pois a avaliao no um processo final, na realidade ela o incio das tomadas
de decises do processo ensino-aprendizagem.
Extra
(LDB), instituda pela lei n 9394, de 1996, so as leis maiores que regulamentam o atual sistema edu-
cacional brasileiro.
A atual estrutura do sistema educacional regular compreende a educao bsica formada pela
educao infantil, ensino fundamental e ensino mdio e a educao superior. De acordo com a le-
gislao vigente, compete aos municpios atuar prioritariamente no ensino fundamental e na educao
infantil e aos Estados e o Distrito federal, no ensino fundamental e mdio. O governo federal, por sua
vez, exerce, em matria educacional, funo redistributiva e supletiva, cabendo-lhe prestar assistncia
tcnica e financeira aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municpios. Alm disso, cabe ao governo
federal organizar o sistema de educao superior.
A educao infantil, primeira etapa da educao bsica, oferecida em creches, para crianas de
at 3 anos de idade e em pr-escolas, para crianas de 4 a 6 anos. O ensino fundamental, com durao
mnima de oito anos, obrigatrio e gratuito na escola pblica, cabendo ao Poder Pblico garantir sua
oferta para todos, inclusive aos que a ele no tiveram acesso na idade prpria.
O ensino mdio, etapa final da educao bsica, tem durao mnima de trs anos e atende a for-
mao geral do educando, podendo incluir programas de preparao geral para o trabalho e, facultati-
vamente, a habilitao profissional.
Alm do ensino regular, integram a educao formal: a educao especial, para os portadores de
necessidades especiais; a educao de jovens e adultos, destinada queles que no tiveram acesso ou
continuidade de estudos no ensino fundamental e mdio na idade apropriada. A educao profissional,
integrada s diferentes formas de educao, ao trabalho, cincias e tecnologia, com o objetivo de
conduzir ao permanente desenvolvimento de aptides para a vida produtiva. O ensino de nvel tcnico
ministrado de forma independente do ensino mdio regular. Este, entretanto, requisito para a obteno
do diploma de tcnico.
A educao superior abrange os cursos de graduao nas diferentes reas profissionais, abertos a
candidatos que tenham concludo o ensino mdio ou equivalente e tenham sido classificados em pro-
cessos seletivos. Tambm faz parte desse nvel de ensino a ps-graduao, que compreende programas
de mestrado e doutorado e cursos de especializao. A partir da LDB de 1996 foram criados os cursos
seqenciais por campo do saber, de diferentes nveis de abrangncia, que so abertos a candidatos que
atendam aos requisitos estabelecidos pelas instituies de ensino superior.
2. Considerando que o Ensino Superior deve proporcionar um ensino que atenda a diversidade
cultural de sua comunidade, qual o grande desafio para se alcanar tal objetivo?
3. Faa uma crtica ao sistema avaliativo que concentra as provas em datas especficas, como
semana de provas ou datas de avaliao concentradas.
Referncias
BRASIL, LEI N 4.024, de 20 de dezembro de 1961. Fixa as Diretrizes e Bases da Educao Nacional, publicado no
DOU de 27.12.1961. Disponvel em: http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/leis/L4024.htm. Acesso em: 02 mai.
2016.
BRASIL. Ministrio da Educao. Secretaria de Educao Fundamental. Parmetros curriculares nacionais:
pluralidade cultural, orientao sexual. Braslia, DF: MEC/SEF, 1997.
______, LEI N 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educao nacional, publicado
no DOU de 23.12.1996. Disponvel em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394.htm. Acesso em: 02 mai.
2016.
______, LEI N 11.274, de 6 de fevereiro de 2006. Altera a redao dos arts. 29, 30, 32 e 87 da Lei no 9.394, de 20 de
dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educao nacional, dispondo sobre a durao de 9 (nove)
anos para o ensino fundamental, com matrcula obrigatria a partir dos 6 (seis) anos de idade, publicado no DOU de
07.02.2016. Disponvel em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11274.htm. Acesso em: 02.
Mai. 2016.
______, LEI N 11.525, de 25 de setembro de 2007. Acrescenta 5o ao art. 32 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de
1996, para incluir contedo que trate dos direitos das crianas e dos adolescentes no currculo do ensino fundamental,
publicado no DOU 26.06.2007. Disponvel em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2007/Lei/
L11525.htm. Acesso em: 02. Mai. 2016.
______, LEI N 14.472, de 1 de setembro de 2011. Acrescenta 6o ao art. 32 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro
de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educao nacional, incluindo os smbolos nacionais como tema
transversal nos currculos do ensino fundamental, publicado no DOU 02.09.2011. Disponvel em: http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2011/Lei/L12472.htm..Acesso em: 02. Mai. 2016
______, Ministrio da Educao, Resoluo CEB N 2, de 7 de abril de 1998. Institui as Diretrizes Curriculares
Nacionais para o Ensino Fundamental, publicada no DOU 15.04.98. Disponvel em: http://portal.mec.gov.br/cne/
arquivos/pdf/rceb02_98.pdf. Acesso em: 02. Mai. 2016.
______, LEI N 12.796, de 04 de abril de 2013. Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece
as diretrizes e bases da educao nacional, para dispor sobre a formao dos profissionais da educao e dar outras
providncias. Publicado no DOU 05.04.2013. Disponvel em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-
2014/2013/lei/l12796.htm. Acesso em: 02. Mai. 2016.
______, LEI N 11.741, de 16 de julho de 2008. Altera dispositivos da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996,
que estabelece as diretrizes e bases da educao nacional, para redimensionar, institucionalizar e integrar as aes
da educao profissional tcnica de nvel mdio, da educao de jovens e adultos e da educao profissional e
tecnolgica. Publicado no DOU 17.07.2008. Disponvel em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-
2010/2008/Lei/L11741.htm. Acesso em: 02. Mai. 2016.
CANDAU, V. Diferenas Culturais e Educao; Construindo Caminhos. So Paulo: Sete Letras, 2011.
_____________, Cultura(s) e educao: entre o crtico e o ps-crtico. Rio de Janeiro: DP&A, 2005.
GADOTTI, M. Diversidade cultural e educao para todos. Rio de Janeiro: Graal, 1992.
MENEZES, Ebenezer Takuno de, SANTOS, Thais Helena dos. Verbete sistema educacional brasileiro. Dicionrio
Interativo da Educao Brasileira - Educabrasil. So Paulo: Midiamix, 2001. Disponvel em: <http://www.educabrasil.
com.br/sistema-educacional-brasileiro/>. Acesso em: 02 de mai. 2016.
Modalidades
de Ensino
Parte
1 Definio de modalidades de ensino
Como j vimos, o sistema educacional no Brasil dividido em Educao Bsica e Ensino Superior. A
LDB (9.394/96) tambm estrutura a educao por etapas e modalidades de ensino. As etapas so: Educao
Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Mdio, j estudadas por ns anteriormente. E as modalidades de en-
sino de acordo com a LDB so: Educao de Jovens e Adultos, Educao Profissional e Educao Especial.
Um termo muito usado nos ambientes escolares ensino regular. considerado regular o sistema
de ensino tradicional que se realiza em tempo e espaos previstos pela lei de forma geral. As modalidades
de ensino foram criadas para atender diversamente os alunos com necessidades distintas. Assim podemos
ter a seguinte definio:
A LDB, ao valorizar as modalidades, contribui para a diversidade. Elas podem ser ofertadas em todos
os nveis de ensino, inclusive no Ensino Superior. Vejam as modalidades de ensino ofertadas pelo nosso
sistema de ensino atualmente:
Educao Profissional
O captulo III da LDB apresenta a Educao Profissional, e o artigo 39 esclarece que A educao
profissional e tecnolgica, no cumprimento dos objetivos da educao nacional, integra-se aos diferentes
nveis e modalidades de educao e s dimenses do trabalho, da cincia e da tecnologia. A organizao
dos cursos poder ser por eixos tecnolgicos, possibilitando itinerrios formativos diferenciados.
Os cursos indicados pela LDB, includos pela Lei 11.741, de 2008 so:
I. de formao inicial e continuada ou qualificao profissional;
II. de educao profissional tcnica de nvel mdio;
III. de educao profissional tecnolgica de graduao e ps-graduao.
O artigo 40 elucida a articulao da educao profissional com o ensino regular ou por diferentes estra-
tgias de educao continuada, em instituies especializadas ou no ambiente de trabalho.
O artigo 42 articula sobre cursos especiais abertos comunidade, condicionada a matrcula capacida-
de de aproveitamento e no necessariamente ao nvel de escolaridade.
A inteno da educao profissional clara: voltada para a formao do trabalhador.
Educao Especial
A Educao Especial aparece no captulo V da LDB. O artigo 58 define como educao especial aquela
ofertada para educandos com deficincia, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou su-
perdotao. Esclarece que a modalidade deve ser oferecida preferencialmente na rede regular de ensino. No
seu pargrafo primeiro elucida que haver, quando necessrio, servios de apoio especializado, na escola
regular, para atender s peculiaridades da clientela de educao especial. Tambm prev atendimento em
classes, escolas ou servios especializados sempre que, em funo das condies especficas dos alunos, no
for possvel sua integrao nas classes comuns de ensino regular.
Veja o que fica assegurado no artigo 59:
I - currculos, mtodos, tcnicas, recursos educativos e organizao especficos, para atender s suas
necessidades;
II - terminalidade especfica para aqueles que no puderem atingir o nvel exigido para a concluso
do ensino fundamental, em virtude de suas deficincias, e acelerao para concluir em menor tempo o
programa escolar para os superdotados;
III - professores com especializao adequada em nvel mdio ou superior, para atendimento especia-
lizado, bem como professores do ensino regular capacitados para a integrao desses educandos nas
classes comuns;
IV - educao especial para o trabalho, visando a sua efetiva integrao na vida em sociedade, inclusive
condies adequadas para os que no revelarem capacidade de insero no trabalho competitivo, me-
diante articulao com os rgos oficiais afins, bem como para aqueles que apresentam uma habilidade
superior nas reas artstica, intelectual ou psicomotora;
V - acesso igualitrio aos benefcios dos programas sociais suplementares disponveis para o respectivo
nvel do ensino regular.
Em 2015, a Lei 13.234 incluiu no artigo 59-A o cadastro nacional de alunos com altas habilidades ou
superdotao:
Lightspring/Shutterstock
Art. 59-A. O poder pblico dever instituir cadastro nacional de alu-
nos com altas habilidades ou superdotao matriculados na educao
bsica e na educao superior, a fim de fomentar a execuo de polti-
cas pblicas destinadas ao desenvolvimento pleno das potencialidades
desse alunado.
No se sabe o nmero de alunos com altas habilidades ou superdotao, principalmente pelo desprepa-
ro dos professores e especialistas em recolher esses alunos. Imagina-se que grande o nmero e que, muitas
vezes, por no serem distintos, ficam marginalizados ou desistem dos cursos.
Saiba mais
LEGISLAO ESCOLAR INDGENA
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Educao do Campo
A Educao do Campo contemplada no artigo 28 da LDB, que prope adaptaes ao ensino para a
populao rural mediante s peculiaridades de cada regio. So elas: I - contedos curriculares e metodolo-
gias apropriadas s reais necessidades e interesses dos alunos da zona rural; II - organizao escolar prpria,
incluindo adequao do calendrio escolar s fases do ciclo-agrcola e s condies climticas; III - adequa-
o natureza do trabalho na zona rural.
interessante ressaltar que a identidade da escola do campo no se restringe ao espao fsico, mas s
pessoas que vivem no meio rural e podem frequentar a escola na cidade.
Educao a Distncia
Nosso pas tem dimenses continentais e marcado por desigualdades regionais e sociais; portanto a
educao a distncia cumpre papel importante em minimizar diferenas geogrficas e financeiras, visto que
seu custo menor tanto em estrutura quanto em acessibilidade.
O artigo 80 da LDB registra o incentivo ao desenvolvimento e vinculao de programas de ensino a
distncia em todos os nveis e modalidades de ensino e de educao continuada. Em seus pargrafos so co-
locados que sua oferta ser por instituies credenciadas pela Unio, e que esta regulamentar os requisitos
para a realizao de exames e registros de diplomas. O pargrafo quatro versa sobre o tratamento diferen-
ciado da educao a distncia:
I - custos de transmisso reduzidos em canais comerciais de radiodifuso sonora e de sons e imagens e
em outros meios de comunicao que sejam explorados mediante autorizao, concesso ou permisso
do poder pblico;
II - concesso de canais com finalidades exclusivamente educativas; III reserva de tempo mnimo,
sem nus para o poder pblico, pelos concessionrios de canais comerciais.
Vamos iniciar este captulo refletindo sobre a finalidade da educao bsica no Brasil. Lembrando que
finalidade significa propsito, o que se pretende alcanar. Vamos comear buscando na legislao vigente.
A LDB, no artigo 22, diz que: A educao bsica tem por finalidades desenvolver o educando, assegu-
rar-lhe a formao comum indispensvel para o exerccio da cidadania e fornecer-lhe meios para progredir
no trabalho e em estudos posteriores.
Dessa forma, temos que o propsito de todo o processo educativo, seja em que nvel ou modalidade
for, o desenvolvimento do educando a fim de torn-lo um cidado, com chances de progredir no trabalho
e avanar nos estudos. Ser cidado significa conviver em sociedade, ter direitos civis e polticos garantidos
e ter conscincia de seus deveres, mais do que isso, interiorizados a fim de usufruir deles com base na lei
maior: a Constituio. Dessa forma, a finalidade da educao bsica esta:
Cintia Erdens Paiva/Shutterstock
O preparo para a cidadania exige que a preparao do aluno seja voltada para a participao efetiva
da vida social e poltica, e isso comea na escola em todos os nveis e modalidades. Ele deve participar das
tomadas de decises e deve conhecer e exigir seus direitos e deveres.
Vamos continuar a refletir sobre o que posto na legislao e o que efetivado na realidade. Vejamos
alguns dos princpios da Educao Bsica de acordo com o artigo terceiro da LDB:
Igualdade de condies para o acesso e permanncia na escola. Liberdade de aprender, ensinar, pesquisar etc.
africa924/Shutterstock
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Valorizao da experincia extraescolar. Garantia de padro de qualidade.
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As imagens refletem algumas realidades que vivenciamos na educao. E isso nos leva aos objetivos
da Educao Bsica.
O objetivo para a Educao Infantil, apresentado pela LDB no artigo 29, promover o desenvolvimen-
to integral, em seus aspectos fsico, psicolgico, intelectual e social, complementando a ao da famlia e
da comunidade.
Os objetivos para a Educao Infantil, segundo o Referencial Curricular Nacional, so:
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Observar e explorar o ambiente com atitude de curiosidade,
percebendo-se cada vez mais como integrante, dependente e
agente transformador do meio ambiente e valorizando atitu-
des que contribuam para sua conservao.
Brincar expressando emoes, sentimentos, pensamentos,
desejos e necessidades.
wavebreakmedia/Shutterstock
Conhecer algumas manifestaes culturais, demonstrando
atitudes de interesse, respeito e participao frente a elas e
valorizando a diversidade.
Educao de Jovens e
Dar oportunidade de aprendizagem a pessoas que no o fizeram na idade regular.
Adultos (EJA)
Desenvolver o indivduo parra que este seja produtivo por meio de criao de cursos
Educao Profissional
que deem acesso ao mercado de trabalho.
Educao Especial Reabilitao e profissionalizao da pessoa com necessidades especiais.
Educao Indgena Manter e preservar a cultura do povo indgena, permitindo integrao da sociedade.
Adequao da escola vida no campo, garantindo alternativas de atendimentos es-
Educao no Campo colares, transporte escolar, fazendo da educao no campo uma educao justa e
cheia de oportunidades de crescimento.
Educao de Igualdade Tornar obrigatrio o ensino da histria da frica e da cultura afro-brasileira e
Racial indgena.
Possibilitar estudo por meio de tecnologias, dando acesso aos estudantes em qual-
Educao a Distncia
quer lugar e tempo
Podemos observar que a organizao das modalidades de ensino leva em considerao aspectos que
diferenciam seus alunos, sempre respeitando os objetivos prprios e formas de organizao de cada nvel
de ensino.
Os currculos do ensino fundamental e mdio devem ter uma base nacional comum, a ser
complementada, em cada sistema de ensino e estabelecimento escolar, por uma parte diversi-
Art. 26
ficada, exigida pelas caractersticas regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia
e da clientela.
O ensino da arte constituir componente curricular obrigatrio, nos diversos nveis da edu-
Art. 26 2.
cao bsica, de forma a promover o desenvolvimento cultural dos alunos.
O contedo programtico a que se refere este artigo incluir diversos aspectos da histria e da
cultura que caracterizam a formao da populao brasileira, a partir desses dois grupos t-
nicos, tais como o estudo da histria da frica e dos africanos, a luta dos negros e dos povos
Art. 26-A 1.
indgenas no Brasil, a cultura negra e indgena brasileira e o negro e o ndio na formao da
sociedade nacional, resgatando as suas contribuies nas reas social, econmica e poltica,
pertinentes histria do Brasil. (Redao dada pela Lei 11.645, de 2008).
Observamos que a LDB aponta compreenses das realidades sociais diferenciadas e abre espao para
o trabalho com a diversidade de forma a respeitar todas as diferenas. Acreditamos que mais diferenas so
percebidas e includas na legislao. Isso mostra a flexibilidade necessria para se acompanhar o andamento
das transformaes sociais livres de preconceitos.
Extra
O que so as Diretrizes Curriculares de Gnero e
Diversidade Sexual?
Professora Dra. Maria Rita de Assis Csar (UFPR)
Diretrizes sugerem um caminho a ser seguido. Um conjunto de pressupostos que orientaro esse
caminho a ser percorrido. Alm de significar o feminino de diretor, pelo dicionrio, diretriz significa
[...] linha reguladora do traado de um caminho ou estrada; conjunto de instrues ou indicaes para
se tratar e levar a termo um plano, uma ao, um negcio etc.; [...] norma de procedimento [...].
Desse modo, ao se ter em mente a ideia de diretrizes, um conjunto de representaes se materializa
nos aproximando tambm da ideia de normas, regras, procedimentos legais etc. Diretrizes so tudo isso
e, sobretudo, em se tratando do currculo escolar, a proximidade com a ideia de normas e regras, tam-
bm poder significar procedimentos didtico-pedaggicos que devero ser seguidos.
Acostumadas/os s inmeras mudanas e reformas na educao brasileira professora/es tambm
acabaram por se habituarem a receber de tempo em tempo novas diretrizes, alm de novas normas,
novas leis, novas regras que, por sua vez, produzem impactos de diferentes dimenses no planejamento
e cotidiano do trabalho educacional. Muitas vezes proveniente de ondas e modas pedaggicas, arran-
jos epistemolgicos, que por obra do acaso ou do esforo de intelectuais e profissionais da educao e
outras reas do conhecimento, acabam por vislumbrar soluo para problemas pedaggicos insistentes.
As diretrizes curriculares na maior parte das vezes possuem uma filiao direta com a produo,
o controle e a distribuio dos saberes escolarizados, alm da vigilncia das prticas e procedimentos
pedaggicos. Assim, a elaborao de diretrizes curriculares faz parte do conjunto de atribuies de
secretarias e ministrios na tentativa de melhorar a educao. Entretanto, estudos crticos de diversas
filiaes demonstram a arbitrariedade, as relaes de poder estabelecidas nesses processos, as vozes ca-
ladas, os sujeitos esquecidos, enfim, uma gama de faltas e falhas que acabam por justificar os problemas
decorrentes, tanto dos processos de elaborao, como tambm da aplicao das mesmas.
Nas ltimas dcadas no Brasil, algumas experincias de elaborao de diretrizes curriculares tm
considerado as inmeras vozes e prticas que, segundo variadas crticas, durante muito tempo foram
silenciadas na sociedade brasileira. Os inmeros protagonistas de uma histria que, h at pouco tempo,
no constavam no rol dos saberes escolarizados, a partir de um conjunto de empreendimentos oriundos
dos movimentos sociais, das universidades e das prticas culturais, comeam a aparecer e intervir na
produo e distribuio dos conhecimentos. Afrodescendentes, indgenas, mulheres, quilombolas, gays,
lsbicas, bissexuais, transexuais, travestis, isto , sujeitos e experincias que no pertenciam ao mundo
do conhecimento oficial e escolarizado, atravs das lutas sociais, fizeram-se presentes e hoje so partes
fundamentais da construo de propostas educacionais, currculos, diretrizes etc.
Considerando os novos sujeitos sociais, os novos problemas pedaggicos e as novas experin-
cias escolares, alm das relaes de poder presentes nos textos pedaggicos, as Diretrizes Curriculares
de Gnero e Diversidade Sexual da Secretaria de Educao do Estado do Paran tomou como ponto
de partida um questionamento sobre a prpria ideia de diretrizes. Ao reconhecer o texto pedaggico
como campo de disputas e relaes de saber-poder, que por sua vez produz um conjunto normativo de
prticas pedaggicas que acabam por se configurar em processos de excluso de saberes e de sujeitos,
estas diretrizes se propem a inventar um outro lugar para a reflexo pedaggica.
No se trata aqui de instituir instrumentos de direo de conhecimentos e condutas pedaggicas.
Os saberes aqui expostos dizem respeito a uma crtica em relao aos conhecimentos tradicionalmente
veiculados nos textos pedaggicos. Tampouco se trata aqui de produzir um novo guia do caminho a ser
percorrido, mas sim um conjunto de alertas e reflexes crticas sobre os caminhos que no devero ser
percorridos. Desse modo, estas diretrizes se apresentam como reflexes que problematizam os saberes
normatizados e naturalizados, sobre gnero, sexualidade e diversidade sexual.
Toma-se aqui o currculo uma narrativa, isto , a narrativa de alguns grupos sociais que se torna-
ram perigosamente hegemnicos e se estabeleceram como universais. Desse ponto de vista universal
Desse modo, no sero apresentados aqui novos conhecimentos, novos saberes cientficos e metodologias de
aplicao. O que estamos chamando de diretrizes um conjunto de reflexes fundamentais que problemati-
zam as verdades consolidadas sobre gnero, sexualidade e diversidade sexual. Nesse sentido, se des-instaura
(des-territorializa) uma ideia universal de diretriz, re-territorializando-a. Isso se d com o trabalho cuidadoso
com os temas que concorrem para uma abordagem sobre o gnero, a sexualidade e diversidade sexual.
Subvertendo a ideia tradicional de diretriz curricular, estas diretrizes, por abordar temas que trazem consigo
uma importante crtica dos conhecimentos estabelecidos, se apresentam na forma de reflexo, com o objetivo
de desestabilizar as verdades que construram os preconceitos, as fobias, as violncias sobre os sujeitos.
Inaugurando outra maneira de escrever diretrizes curriculares apresentamos aqui um Glossrio e
um conjunto de quatro textos que abordam os seguintes temas: gnero, sexualidade, homofobia e edu-
cao sexual. Os textos que compem essas diretrizes apresentam-se como possibilidades e certamente
abriro um espao de confronto de ideias, fundamental para as experincias necessrias que os trabalhos
com os temas proporcionaro. Talvez com esse documento estejamos inaugurando a possibilidade de
professoras/es se defrontarem com o (des)conhecido, com o no saber, como forma de produzir refle-
xes-aes que produzam menos preconceito e violncia.
Atividades
1. Como a Educao a Distncia contribui para a democratizao da educao em nosso pas?
2. Considerando os nveis de modalidades da educao brasileira, segundo a LDB 9.394/1996,
pesquise os cursos especiais que a educao profissional oferece em sua regio e a relao
desses cursos com o nvel de escolaridade do aluno.
3. Pesquise em sua regio se o estudo da histria afro-brasileira e indgena est sendo traba-
lhada na educao bsica.
Referncias
BRASIL. Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educao nacional. Dirio Oficial
da Unio, 23 dez. 1996. Disponvel em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394.htm>. Acesso em: 25 abr.
2016.
______, LEI N 11.741, de 16 de julho de 2008. Altera dispositivos da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996,
que estabelece as diretrizes e bases da educao nacional, para redimensionar, institucionalizar e integrar as aes
da educao profissional tcnica de nvel mdio, da educao de jovens e adultos e da educao profissional e
tecnolgica. Publicado no DOU 17.07.2008. Disponvel em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-
2010/2008/Lei/L11741.htm. Acesso em: 02. Mai. 2016.
Educao
Profissionalizante
Parte
1 Educao tcnica de nvel mdio
Quanto aos currculos dos cursos, o Parecer 16/99 aponta que prerrogativa e responsabilidade de cada
escola e constitui meio pedaggico essencial para o alcance do perfil profissional de concluso. E coloca ainda
que O planejamento dos cursos deve contar com a efetiva participao dos docentes e ter presente estas diretrizes
curriculares nacionais, no existindo mais um currculo mnimo pr-definido por habilitao tcnica.
O que existe agora so diretrizes curriculares nacionais que orientam as escolas na elaborao de planos de
cursos coerentes com projetos pedaggicos das prprias escolas e comprometidos com perfis profissionais
de concluso definidos pela prpria escola, luz das referidas diretrizes e centrados no compromisso com
resultados de aprendizagem, em termos de desenvolvimento de competncias profissionais.
A educao profissional e tecnolgica tem como objetivo oferecer cursos que facilitem o acesso ao
mercado de trabalho, que qualifiquem quem j atua ou reinsiram os trabalhadores que, por algum motivo,
foram excludos do sistema. Para isso, o currculo tem norteadores que buscam atender tais necessidades:
sociedade.
Diversificao e expanso da oferta, tanto de cursos tcnicos e tecnolgicos
quanto de cursos de nvel bsico, que atendam qualificao, requalificao e
atualizao do trabalhador.
Vnculo permanente com o mundo do trabalho e a prtica social.
Currculos flexveis, em mdulos, possibilitando itinerrios diversificados,
acesso e sadas intermedirias e atualizao permanente.
Ensino contextualizado, que supere a dicotomia entre teoria e prtica.
A prtica profissional constitui e organiza o desenvolvimento curricular.
Competncias profissionais adquiridas fora da escola passam a ser reconhecidas
para fins de continuidade dos estudos de nvel tcnico, a partir da avaliao
realizada pela instituio formadora.
Parte
2 Educao profissional e tecnolgica
A educao e o trabalho so direitos sociais expressos na Constituio Federal de 1988. Porm, nem
sempre foi assim. Historicamente, a educao brasileira dividia o Ensino Mdio (antigo 2. grau) em duas
partes: a formao propedutica, voltada para o ingresso em cursos universitrios, e a formao para o traba-
lho, em cursos tcnicos, para a grande maioria da populao que no teria acesso ao curso superior. Dentro
dessa perspectiva, a educao profissionalizante era voltada ao ensino de um ofcio e/ou uma profisso.
Breve histrico
A educao profissional assumiu diferentes funes em nossa histria educacional.
D. Joo VI cria o Colgio das Fbricas, o primeiro estabelecimento instalado pelo po-
1808
der pblico, com objetivo de atender educao dos artistas e aprendizes.
A Reforma Capanema remodelou todo o ensino no pas, e tinha como um dos princi-
1941
pais pontos: o ensino profissional passou a ser considerado de nvel mdio.
A Lei 6.545, trs Escolas Tcnicas Federais (Paran, Minas Gerais e Rio de Janeiro)
1978
so transformadas em Centros Federais de Educao Tecnolgica (CEFETs).
Lei 9.394 LDB, que dispe sobre a Educao Profissional num captulo separado da
Educao Bsica, superando enfoques de assistencialismo e preconceito social. Alm
1996
disso, define o sistema de certificao profissional que permite o reconhecimento das
competncias adquiridas fora do sistema escolar.
As mudanas cientficas e tecnolgicas da atualidade pedem uma formao mais complexa e densa,
criando assim a necessidade de uma formao profissional e tecnolgica adequada s necessidades atuais.
fato que a base da educao deve estar centrada na pesquisa, no desenvolvimento cientfico e no mercado de
trabalho. Mas deve ir alm somente da integrao com o mundo do trabalho. Para tal, o estudo das relaes
sociais na perspectiva da promoo da equidade, da igualdade de gnero, da valorizao da mulher, do com-
bate s violncias e da cidadania so necessariamente elementos fundantes da formao desse profissional.
Num pas com a diversidade que o Brasil apresenta, deve haver um modelo educacional que atenda de
forma flexvel s variedades socioculturais e econmicas das diferentes regies brasileiras, sobretudo frente
ao mercado de trabalho, que tambm sofre modificaes constantes. Assim, o curso profissionalizante pre-
cisa atender de forma atualizada e especializada as demandas de cada setor.
O primrio dependente, tambm chamado rotineiro, voltado para a linha de produo, indstria
de transformao e setor de servios (os servios rotineiros de escritrio e burocrticos da admi-
nistrao esto nesse setor).
O segmento secundrio aquele que exige mnima qualificao e treinamento, a rotatividade
do empregado alta, os salrios so baixos e os contratos de trabalho so em grande maioria
informais.
O importante saber que cada emprego exige critrios diferenciados de recrutamento, seleo, trei-
namento e promoo. Tambm h diversas formas de acompanhamento, controle e condies de trabalho,
assim como nveis salariais.
Uma forma de estar atualizado em relao ao que acontece no setor produtivo buscar informaes
sobre os cursos oferecidos. O Ministrio da Educao (MEC) oferece e esclarece sobre cursos tcnicos em
publicaes peridicas na internet. O MEC anualmente analisa os cursos tcnicos em nvel mdio ofertados
no pas e as necessidades da sociedade e criou o Catlogo Nacional de Cursos Tcnicos (CNCT).
Vejamos o que esse catlogo apresenta como oferta de cursos de nvel mdio nos diferentes sistemas de
ensino, agrupando os cursos em eixos tecnolgicos:
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Eixo Tecnolgico: Desenvolvimento Educacional e Social
Compreende atividades relacionadas ao planejamento, execuo,
controle e avaliao de funes de apoio social, pedaggico e admi-
nistrativo em escolas pblicas e privadas e demais instituies.
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Eixo Tecnolgico: Militar compreende tecnologias, infraestrutu-
ra e processos relacionados formao do militar.
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Eixo Tecnolgico: Produo Alimentcia compreende tecnolo-
gias relacionadas ao beneficiamento e industrializao de alimentos
e bebidas.
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Eixo Tecnolgico: Recursos Naturais Compreende tecnolo-
gias relacionadas produo animal, vegetal, mineral, aqucola e
pesqueira.
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Eixo Tecnolgico: Segurana compreende tecnologias, infraes-
truturas e processos direcionados preveno, preservao e
proteo dos seres vivos, dos recursos ambientais, naturais e do
patrimnio, que contribuam para construo de cultura de paz, de
cidadania e de direitos humanos nos termos da legislao vigente.
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Cada eixo subdivide-se em cursos ofertados, que trazem a carga horria mnima de cada curso, as
possibilidades de temas a serem abordados na formao, as possibilidades de atuao e a infraestrutura
recomendada. Uma das intenes do catlogo disciplinar a oferta de cursos tcnicos, principalmente no
tocante s denominaes utilizadas.
Extra
Educao Profissional
Ana Margarida de Mello Barreto Campello
Domingos Leite Lima Filho
O Manifesto dos Pioneiros identifica a existncia, no Brasil, de dois sistemas paralelos e divorcia-
dos de educao, fechados em compartimentos estanques e incomunicveis:
O sistema de ensino primrio e profissional e o sistema de ensino secundrio e superior teriam
diferentes objetivos culturais e sociais, constituindo-se, por isso mesmo, em instrumentos de es-
tratificao social. A escola primria e a profissional serviriam classe popular, enquanto que a
escola secundria e a superior burguesia (CUNHA, 1997, p. 13).
Naquela poca, as escolas profissionais da Prefeitura do Distrito Federal exigiam, para matrcula,
que os alunos apresentassem atestado de pobreza. Embora as escolas tcnicas profissionais continuas-
sem destinadas aos pobres, percebia-se nitidamente uma mudana na concepo da educao profis-
sional, na medida em que essas escolas passavam a ser encaradas como escolas formadoras de tcnicos
capazes de desempenhar qualquer funo na indstria. O trabalho e o assistencialismo constituem-se
fundamentos de processos educativos associados escola do trabalho, segundo dois eixos fundamen-
tais: a regenerao pelo trabalho e o trabalho para a modernizao da produo (CIAVATTA, 1990, p.
328).
A industrializao, a partir principalmente dos anos 30 do ltimo sculo, modifica lentamente a
sociedade brasileira, tornando necessria uma nova proposta de educao: faz-se necessrio preparar
trabalhadores para a indstria, dentro de uma nova ordem social, gerada pela acumulao do capital.
A necessidade de preparao de mo de obra para a indstria implica uma mudana de concepo do
ensino profissional. De uma aprendizagem mais prxima do ofcio era necessrio passar para uma
aprendizagem que introduzisse o domnio das tcnicas, da parcelarizao do trabalho e da adaptao
mquina, de maneira a disciplinar a fora de trabalho e adequ-la organizao fabril. Nesse quadro, a
educao profissional situa-se em um contexto maior de demandas de uma nova sociedade: a socie-
dade industrial. Alm de preparar tecnicamente para o trabalho, preciso tambm disciplinar os jovens
para as atividades produtivas e adiviso do trabalho.
Nos anos 30 e de novo nos anos 40 reforma-se o ensino secundrio. A partir de 1942 so baixadas
por decreto-lei as conhecidas leis orgnicas da educao nacional para o ensino secundrio, o ensino
industrial, o ensino comercial, o ensino primrio, o ensino normal e o ensino agrcola. A Constituio de
1937, ao determinar que o ensino vocacional e pr-vocacional so dever do Estado, a ser cumprido com
a colaborao das empresas e dos sindicatos econmicos, propiciou a definio das Leis Orgnicas do
Ensino Profissional e a criao de entidades especializadas como o Servio Nacional de Aprendizagem
Industrial (Senai) e o Servio Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), bem como a transforma-
o das antigas escolas de aprendizes artfices em escolas tcnicas federais.
No conjunto das Leis Orgnicas da Educao Nacional, o ensino secundrio e o ensino normal
tm como objetivo formar as elites condutoras do pas, enquanto para o ensino profissional define-se
educao profissional, definindo seus objetivos e nveis, alm de estabelecer orientaes para a for-
mulao dos currculos dos cursos tcnicos. O decreto especifica trs nveis de educao profissional:
o bsico, o tcnico e o tecnolgico. A reforma dos anos 90 probe o desenvolvimento do ensino tcnico
integrado ao ensino mdio e define a educao profissional como necessariamente paralela e comple-
mentar educao bsica.
Na proibio do desenvolvimento do ensino tcnico integrado ao ensino mdio evidencia-se de
forma exemplar as principais caractersticas da reforma da educao profissional dos anos 90, no
Brasil: o retorno formal ao dualismo escolar, na medida em que se aparta a educao profissional da
educao regular; na concepo de educao que embasa essa reforma a ruptura entre o pensar e o agir
e o aligeiramento daeducao profissional; a subsuno da escola cultura do mercado na formao do
cidado produtivo (FRIGOTTO; CIAVATTA, 2006). Essa concepo de educao se insere no contexto
de hegemonia das polticas neoliberais e se afina reduo do papel do Estado. Retoma-se com essa
reforma uma viso dualista do sistema educacional, destinando-se explicitamente a educao profissio-
nal ao atendimento de uma determinada classe social.
O Decreto 5.154, de julho de 2004, revogou o Decreto 2.208/97 e restituiu a possibilidade de
articulao plena do ensino mdio com a educao profissional, mediante a oferta de ensino tcnico
integrado ao ensino mdio. Manteve, entretanto, as alternativas anteriores que haviam sido fortaleci-
das e ampliadas com o Decreto 2.208/97 e expressavam a histrica dualidade estrutural da educao
brasileira.
O debate em torno das concepes que estavam presentes nas discusses que antecederam a Lei
9.394/96, no final dos anos 80, retomado nesse incio do sculo XXI de maneira a contemplar uma
proposta de articulao entre cincia, cultura e trabalho, como elementos norteadores de uma nova
poltica educacional. A expanso e democratizao da educao profissional no Brasil assume grande
relevncia nesse contexto em razo das expectativas de elaborao de uma nova poltica pblica para o
setor, no mbito de um projeto nacional de desenvolvimento.
Atividades
1. Faa uma reflexo sobre o Ensino Mdio integrado educao profissional tcnica de nvel
mdio e o Ensino Mdio sem essa integrao. Quais seriam as diferenas dos cursos?
Referncias
BRASIL, Constituio da Repblica Federativa do Brasil de 1988. Disponvel em: http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 02 mai. 2016.
______, Ministrio da Educao e do Desporto. Secretaria de Educao Fundamental. Parmetros Curriculares
Nacionais. Braslia: MEC/SEF, 1998.
______, Decreto N 2.208 de 17 de abril de 1997. Regulamenta o 2 do art. 36 e os arts. 39 a 41 da Lei n 9.394,
de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educao nacional, e d outras providncias.
Publicado no DOU em 18.04.1997. Disponvel em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/D2208.htm. Acesso
em: 02 mai. 2016.
______. Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educao nacional. Dirio Oficial
da Unio, 23 dez. 1996. Disponvel em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394.htm>. Acesso em: 25 abr. 2016.
______, Ministrio da Educao, Catlogo Nacional de Cursos Tcnicos. Disponvel em: http://portal.mec.gov.br/
pronatec. Acesso em: 02 mai. 2016.
______. Ministrio da Educao. Conselho Nacional de Educao. Parecer 16, de 5 de outubro de 1999. Trata das
Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educao Profissional de Nvel Tcnico. Disponvel em: <http://portal.mec.
gov.br/setec/arquivos/pdf_legislacao/tecnico/legisla_tecnico_parecer1699.pdf>. Acesso em: 25 abr. 2016.
______, Ministrio da Educao, Resoluo CNE/CEB N 04/99. Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para a
Educao Profissional de Nvel Tcnico. Homologao em 26.11.1999. Disponvel em: http://portal.mec.gov.br/setec/
arquivos/pdf/RCNE_CEB04_99.pdf. Acesso em: 02 mai. 2016.
CAMPELLO, Ana Margarida de Melo Barreto, FILHO, Domingos de Leite Lima. Educao Profissional. Disponvel
em: http://www.sites.epsjv.fiocruz.br/dicionario/verbetes/edupro.html. Acesso em: 02 mai. 2016.
FONSECA, Celso Suckow da. Histria do Ensino Industrial no Brasil. Rio de Janeiro: Escola Tcnica, 1961.
GARCIA, Sandra Regina de Oliveira. O fio da histria: a gnese da formao profissional no Brasil. In: TRABALHO
e Crtica. So Leopoldo: Unisinos, 2000.
O PLANO de Desenvolvimento da Educao: razes, princpios e programas. Braslia: Ministrio da Educao, 2007.
Disponvel em: <http://portal.mec.gov.br/arquivos/livro/livro.pdf>. Acesso em: 25 abr. 2016.
PACHECO, Eliezer. Perspectivas da Educao Profissional Tcnica de Nvel mdio: Proposta de Diretrizes
Curriculares Nacionais. So Paulo: Moderna, 2012. Disponvel em: <www.moderna.com.br/lumis/portal/file/
fileDownload.jsp?fileId=8A8A8A8337ECDC2B0137ED025BFE393C>. Acesso em: 25 abr. 2016.
PEREIRA, Luiz Augusto Caldas. A Rede Federal de Educao Profissional e o desenvolvimento local. 114 f.
Dissertao (Mestrado Planejamento Regional e Gesto de Cidades) Universidade Candido Mendes, Campos dos
Goytacazes, 2003.
Educao
em Tempo Integral
Parte
1 O que educao em tempo integral?
A educao em tempo integral oferece ampliao de tempo dos alunos na escola. Obviamente, na busca
da melhoria da educao, com mais tempo h maiores possibilidades de formao completa, total. Para tal,
existe a necessidade de reorganizao tambm de espaos e contedos.
Esse processo complexo, demorado e dispendioso, pois muitas adaptaes so necessrias tanto na es-
cola como na vida dos alunos, pais e comunidade escolar. A principal preocupao o atendimento deman-
da de alunos, pois uma escola que atende dois turnos passaria a atender em tempo integral. Teoricamente,
metade dos alunos no teria mais lugar naquele espao. Da mesma forma, a estrutura fsica precisaria ser
adaptada s novas atividades propostas e todo o processo pedaggico precisaria ser ampliado. De acordo
com o MEC (2009, p. 5), A Educao Integral exige mais do que compromissos: impe tambm e prin-
cipalmente o projeto pedaggico, formao de seus agentes, infraestrutura e meios para sua implantao.
Outra viso sobre a educao em tempo integral a segurana das crianas, principalmente frente
necessidade de trabalho dos pais. Ao mesmo tempo em que teriam uma formao mais densa, estariam longe
de situao de vulnerabilidade e risco social. Em relao a isso o MEC prev:
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Porm, essas propostas no so novas. Para termos uma viso ampliada interessante conhecer um
projeto de sucesso realizado no Brasil na dcada de 50. O professor Ansio Spnola Teixeira, baseado nas
ideias de John Dewey de criar oportunidades para os alunos vivenciarem uma sociedade democrtica, con-
cebeu o Centro Educacional Carneiro Ribeiro (CECR). A ideia era expandir as atividades educativas da
escola primria oferecendo oportunidade de comunicao entre alunos e professores, proporcionando con-
vivncia em diferentes atividades. A preocupao no era somente suprir as carncias culturais, mas sim
novas unidades foram denominadas Centros Integrados de Atendimento Criana (CIACS) e depois Centros
de Ateno Integral s Crianas (CAICS). Outras propostas de escolas de tempo integral se sucederam.
O projeto da escola-parque no teve seguimento e foi abandonado durante o regime militar, perodo no
qual Ansio Teixeira foi cassado e exilado. Mas a experincia deixou muitos ensinamentos para propostas
futuras que devem estudar o que j foi feito. Fica claro que para um processo educativo diferenciado obter
resultados positivos, imprescindvel muito investimento. E para sua manuteno necessrio a criao de
fundos financeiros. Tambm ficou bvio a valorizao dos profissionais e o respeito pelos alunos.
Assim, para atender s exigncias de uma formao de qualidade, a escola em tempo integral precisa
ser bem estruturada e organizada. Os professores precisam estar envolvidos, organizados, preparados e
estimulados. A educao integral como colocamos volta-se para a aprendizagem por inteiro e, para tal,
necessrio ter todos os recursos fsicos, pedaggicos e financeiros reais e concretos para criar e sustentar
tal proposta. Assim, sem dvida nenhuma, uma educao completa e integral precisa necessariamente de
vontade poltica e investimento.
Para cumprir sua funo, a escola integral necessita ter uma gesto democrtica e participativa, um cur-
rculo que reflita essa participao e valorize a realidade de seu contexto e um Projeto Poltico Pedaggico
que garanta seus avanos, tendo como fiana a relao escola e comunidade.
Parte
2 O que pretende a educao
em tempo integral?
A educao em tempo integral tem como princpio um projeto de educao que instigue o respeito aos
direitos humanos e o exerccio pleno da democracia. Ao valorizar diferentes tempos para trabalhar a plu-
ralidade de saberes, ampliam-se as possibilidades de conhecimento e transformaes sociais. Desse modo,
as crianas, jovens e adolescentes estariam munidas de distintas ferramentas para enfrentar as diferentes
situaes sociais que derivaro.
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Parte
3 Legislao especfica e LDB
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I - creche em tempo integral;
II - pr-escola em tempo integral; [...]
IX - ensino fundamental em tempo integral; [...]
XII - ensino mdio em tempo integral; [...]
3.Para os fins do disposto neste artigo, o regulamento dispor sobre a
educao bsica em tempo integral e sobre os anos iniciais e finais do ensino
fundamental.
O Decreto 6.253/07considera educao bsica em tempo integral a jornada escolar com durao
igual ou superior a sete horas dirias, durante todo o perodo letivo, compreendendo o tempo total que um
mesmo aluno permanece na escola ou em atividades escolares (art. 4.).
O Decreto 6.094, de 24 de abril de 2007, dispe sobre a implementao do Plano de Metas Compromisso
Todos pela Educao, pela Unio Federal, em regime de colaborao com Municpios, Distrito Federal e
Estados, e a participao das famlias e da comunidade, mediante programas e aes de assistncia tcnica e
financeira, visando a mobilizao social pela melhoria da qualidade da educao bsica. No art. 2., encon-
tramos diretrizes voltadas para ampliao do tempo escolar. VII-ampliar as possibilidades de permann-
cia do educando sob responsabilidade da escola para alm da jornada regular.
O Programa Mais Educao, institudo pela Portaria Normativa Interministerial 17/2007, tem por ob-
jetivo fomentar a Educao Integral de crianas, adolescentes e jovens, por meio de atividades socioedu-
cativas, no contraturno escolar, articuladas ao projeto de ensino desenvolvido pela escola. Sua proposta
desenvolver as potencialidades dos alunos, oferecendo-lhes condies de construir diferentes saberes que
vo alm do currculo escolar, promovendo dilogo entre saberes escolares e comunitrios.
Para finalizarmos, no podemos deixar de refletir que, antes de qualquer coisa, a educao deve me-
lhorar em sua totalidade, mas para tal necessrio polticas e investimentos srios e intensos. As escolas
precisam de manuteno e materiais atualizados, os professores precisam ser valorizados e respeitados, os
currculos necessitam de atualizaes constantes, as tecnologias devem estar disponveis e as polticas no
podem limitar-se aos perodos partidrios.
Somente com mudanas no que temos podemos melhorar a educao. A democracia exige que todos
sejam beneficiados, no podemos criar algumas escolas ideais e deixar todas as outras abandonadas; no
se pode querer comear algo novo deixando para trs o que j existe. Sabemos que a lei deve ser aplicada,
no bastando ficar somente no papel, sabemos tambm que para sua aplicao necessrio investimento
de tempo, vontade e recursos. As mudanas so demoradas e no h solues milagrosas, da a fora popular
de lutar pelas melhorias necessrias educao.
Extra
A educao integral deixa a escola mais humana
Em entrevista, especialista no tema afirma que quanto mais integral a escola for, maior ser o
aprendizado dos alunos
Davi Lira
Logo, a articulao do educador seria fundamental para que todas essas sugestes fossem
colocadas em prtica
No tenho dvida. Os nossos professores j conhecem de certa forma o que a educao integral,
especialmente hoje que ela est com mais evidncia. O que eles buscam agora coloc-la em prtica.
Para isso, eles precisam ser melhor instrudos na maneira com que podem utilizar esses conceitos para
melhorar o aprendizado dos alunos. Por isso a importncia das formaes continuadas de docentes.
E como funcionam essas formaes?
Elas podem ocorrer por meio de cursos de ps-graduao, de extenso, de encontros que fomentem
o debate sobre a temtica e a metodologia. Desde 2011, j participei da concepo de dois cursos de
extenso que duraram 10 meses. Neles, reunimos os oficineiros, professores comunitrios, professores
da rede e gestores. Como muitos dos oficineiros que comandam as atividades educativas no contraturno
no tm curso superior, preferimos adotar esse formato de curso, ao invs de propor uma ps, o que res-
tringira o acesso. Pensamos em cursos de extenso que tm como abordagem uma proposta de formao
problematizadora, que significa a ao conjunta de desvelamento e reflexo sobre as realidades viven-
ciadas no ambiente escola-comunidade, onde acontecem as prticas educativas da educao integral,
em busca de repensar, ressignificar essas prprias prticas.
Que tipo de contedo trabalhado nesses cursos?
Como o prprio nome do curso sugere (Mltiplos Olhares) buscamos trabalhar tanto a questo
legal como a conceitual, e tambm fomos alm. Seguindo as prprias diretrizes do MEC, tambm foca-
mos em atividades que estimulavam os educadores participantes a mapearem a realidade de cada um na
escola e a realidade do entorno da unidade.
E como ocorreu esse mapeamento?
Para se trabalhar com a educao integral o professor precisa conhecer a realidade da escola, dos
alunos e da prpria comunidade. Por isso que propusemos essa atividade prtica. Nela, pedamos para
que, em grupo, eles levantassem os equipamentos urbanos, como praas e monumentos; os centros
culturais, como bibliotecas e museus; as organizaes no-governamentais ao redor; alm das ativida-
des econmicas e culturais da regio. Tudo isso, para que, com base nas informaes, eles soubessem
articular e propor um projeto de ao pedaggica no mbito da educao integral.
Mas os professores j no aprendem a elaborar esse tipo de projeto durante sua formao nas
universidades?
Os prprios tutores e supervisores que participavam dos cursos de extenso muitos deles ainda
alunos de licenciatura , falavam que nunca haviam tido contato com a proposta pedaggica da edu-
cao integral. Quer dizer, os modelos de currculos no ensino superior ainda esto muito distantes da
Essa reportagem faz parte de uma srie especial sobre educao integral, acompanhando o lan-
amento do Centro de Referncias em Educao Integral, uma iniciativa apoiada pelo Porvir e pelo
Inspirare. A plataforma do centro estar disponvel a partir de 29 de agosto, nowww.educacaointegral.
org.br.
Atividades
1. Faa uma pesquisa sobre as escolas de tempo integral que j foram implementadas e bus-
que qualidades e problemas que elas apresentam.
Referncias
BRASIL, LEI N 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educao nacional, publicado
no DOU de 23.12.1996. Disponvel em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394.htm. Acesso em: 02 mai.
2016.
______, Programa Mais Educao: gesto intersetorial no territrio. Braslia: Ministrio da Educao, Secretaria de
Educao Continuada, Alfabetizao e Diversidade, 2009.
______, Decreto N 6.253, de 13 de novembro de 2007. Dispe sobre o Fundo de Manuteno e Desenvolvimento da
Educao Bsica e de Valorizao dos Profissionais da Educao - FUNDEB, regulamenta a Lei no 11.494, de 20 de
junho de 2007, e d outras providncias. Publicado no DOU de 14.11.2007. Disponvel em: http://www.planalto.gov.
br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/decreto/D6253.htm. Acesso em: 02 mai. 2016.
______, Decreto N 6.094, de 24 de abril de 2007. Dispe sobre a implementao do Plano de Metas Compromisso
Todos pela Educao, pela Unio Federal, em regime de colaborao com Municpios, Distrito Federal e Estados, e
a participao das famlias e da comunidade, mediante programas e aes de assistncia tcnica e financeira, visando
a mobilizao social pela melhoria da qualidade da educao bsica. Publicado no DOU 25.04.2007. Disponvel em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/decreto/d6094.htm. Acesso em: 02 mai. 2016.
Educao de
Jovens e Adultos
Parte
1 Objetivo da Educao de
Jovens e Adultos
Muitos brasileiros no tiveram acesso aos bancos escolares ou tiveram que abandon-los frente a diver-
sos motivos, tais como a necessidade de trabalho, renda familiar, locomoo, insatisfao, reprovao, entre
outros. Mas essa problemtica no atual, ela vem se arrastando h muito tempo. Ento surge a Educao
de Jovens e Adultos (EJA).
Vamos situar historicamente a EJA no Brasil.
1530 Perodo colonial eram os religiosos que educavam adultos com conotao missionria.
Chegada dos padres jesutas que se voltaram para catequizao e instruo de adultos e
1549
adolescentes.
O Ato Constitucional designou a instruo primria e secundria de todos, mas foi institudo
1834
principalmente para jovens e adultos e ficou sob responsabilidade das provncias.
A Lei Saraiva corrobora com a ideia da Reforma de Lencio de Carvalho restringindo o voto s
1881
pessoas alfabetizadas.
Rui Barbosa postula que os analfabetos so considerados, assim como crianas, incapazes de
1882
pensar por si prprios.
A Constituio Republicana determinou que o voto fosse restrito s pessoas letradas e com
1891
posses, uma pequena minoria.
Segundo o IBGE, o direito a ler e escrever era negado a quase 11 milhes e meio de pessoas
1910
com mais de 15 anos.
Reforma Joo Alves, estabeleceu o ensino noturno para jovens e adultos atendendo aos interes-
1925
ses da classe dominante.
Foi criado o Plano Nacional de Educao, que previa o ensino primrio integral obrigatrio e
1934
gratuito estendido s pessoas adultas.
Foi criado o Fundo Nacional do Ensino Primrio com objetivo de realizar programas que
1942
ampliassem e inclussem o Ensino Supletivo para adolescentes e adultos.
Criada a Campanha Nacional de Educao Rural (CNER), para atender s populaes que
1952
viviam no meio rural.
O pensamento de Paulo Freire, assim como sua proposta para alfabetizao de adultos, inspira
1960
os principais programas de alfabetizao do pas.
Slobodan Dimitrov
Criao do Sistema rdio educativo criado na Conferncia Nacional dos Bispos do Brasil com
1961
apoio do Governo Federal.
O professor Anzio Alves da Silva foi o inventor do supletivo, sistema de ensino hoje conhecido como EJA
(Educao de Jovens e Adultos). Em 1966 o miniginsio, posteriormente Liceu Mrio de Andrade, deu oportunidade
para um nmero incontvel de pessoas retomarem os estudos.
Na Lei de Diretrizes e Bases da Educao de 1961, Anzio leu algo que lhe inspirou: a LDB exigia 150 dias letivos
(215, portanto, eram ociosos) para cada srie ginasial, mas no falava que esse perodo tinha de ser dentro de um ano
civil. Concluiu que era perfeitamente possvel cumprir o currculo de quatro anos em dois anos e meio.
(<www.gazetadopovo.com.br/vida-e-cidadania/o-homem-que-inventou-o-curso-supletivo-dzzp6u2fat9j5r29cbj4nuvri>.)
1988 A Constituio passou a garantir o Ensino Fundamental gratuito e obrigatrio para todos.
A LDB regulamenta nos artigos 37 e 38 a Educao de Jovens e Adultos. O artigo 37 esclarece a quem
a EJA destinada, determina sua gratuidade e assegura oportunidade educacional apropriada aos alunos
levando em considerao caractersticas, interesses, condies de vida e de trabalho, mediante cursos e
exames. Em 2008 a Lei 11.741, complementa, com o pargrafo terceiro, que a EJA dever articular-se pre-
ferencialmente com a educao profissional.
Parte
2 Direito de acesso e gratuidade
A Constituio Federal de 1988 garante em seu artigo 208, inciso I, acesso e gratuidade ao Ensino
Fundamental queles que no tiveram acesso na idade prpria. Vejamos o que diz a lei na ntegra:
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Art. 208. O dever do Estado com a educao ser efetivado mediante a garantia de:
I - educao bsica obrigatria e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezesse-
te) anos de idade, assegurada inclusive sua oferta gratuita para todos os
que a ela no tiveram acesso na idade prpria(Redao dada pela Emenda
Constitucional 59/2009).
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VII - atendimento ao educando, em todas as etapas da educao bsica, por meio
de programas suplementares de material didtico escolar, transporte, alimentao e
assistncia sade(Redao dada pela Emenda Constitucional 59/2009).
1. O acesso ao ensino obrigatrio e gratuito direito pblico subjetivo.
2. O no oferecimento do ensino obrigatrio pelo Poder Pblico, ou sua oferta
irregular, importa responsabilidade da autoridade competente.
Temos assim toda uma legislao que fundamenta a EJA e consolida essa modalidade de ensino.
Compreende-se tambm, que a EJA deve ser diferenciada da educao de crianas e adolescentes, visto que
seus alunos j possuem toda uma experincia de vida, muitos participam do mundo do trabalho e precisam
ter tais conhecimentos considerados. Alm de necessariamente ser uma educao contnua e permanente.
Reforando essa ideia, a Resoluo 1, de 5 de julho de 2000, do Conselho Nacional de Educao
(CNE) esclarece em seu artigo 5. (Pargrafo nico) que a EJA deve considerar as situaes, os perfis dos
estudantes, as faixas etrias e se pauta pela equidade, diferenas e proporcionalidade na apropriao e con-
textualizao das diretrizes curriculares nacionais e na proposio de um modelo pedaggico prprio, de
modo a assegurar:
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II - quanto diferena, a identificao e o reconhecimento da
alteridade prpria e inseparvel dos jovens e dos adultos em seu
processo formativo, da valorizao do mrito de cada qual e do
desenvolvimento de seus conhecimentos e valores;
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A EJA pode ser oferecida em cursos presenciais, semipresenciais e a distncia; e ser organizada anual-
mente, semestralmente ou em perodos, ciclos e mdulos distintos desde que definidos pelos sistemas de
ensino e respeite s normas da legislao educacional. Em qualquer uma das formas de oferta, os alunos so
avaliados no processo. O artigo 10 da Resoluo 1/2000, do CNE, define que
no caso de cursos semipresenciais e a distncia, os alunos s podero ser avaliados, para fins de certifi-
cados de concluso, em exames supletivos presenciais oferecidos por instituies especificamente auto-
rizadas, credenciadas e avaliadas pelo poder pblico, dentro das competncias dos respectivos sistemas,
conforme a norma prpria sobre o assunto e sob o princpio do regime de colaborao.
A EJA pode ser oferecida em instituies pblicas, sendo obrigatoriamente gratuita, privadas, organi-
zaes no governamentais (ONGs), empresas, instituies da sociedade civil, associaes de bairro, clubes
e espaos alternativos, entretanto se a instituio no for credenciada pelo sistema de ensino, os cursos no
tero validade legal.
A diversidade destaque nos cursos da EJA tanto em sua oferta quanto em seus alunos. Essas dife-
renas devem ser consideradas na hora da construo do seu plano de ensino, obviamente a base nacional
comum deve abranger, obrigatoriamente, o estudo da lngua portuguesa e da matemtica, o conhecimento
do mundo fsico e natural e da realidade social e poltica, especialmente do Brasil.
Parte
3 Aes e programas de incentivo EJA
H uma multiplicidade de programas referentes EJA apresentados nos ltimos tempos. Vejamos al-
guns deles:
Em relao meta dois, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domiclios(PNAD,
2011), 539,7 mil crianas ainda no frequentam as salas de aula. Essas crianas certamente sero alunos da
EJA no futuro.
Universalizar, at 2016, o atendimento escolar para a populao de 15 a 17 anos e elevar, at 2020, a
Meta 3
taxa lquida de matrculas no Ensino Mdio para 85% nessa faixa etria.
Para a meta trs, ainda conforme dados da PNAD (2011), h uma distoro entre a idade e a srie, de
80% dos alunos que frequentam as escolas, apenas 52,25% esto no Ensino Mdio, nvel de ensino prprio
para a idade. E ainda temos 1,6 milhes de jovens entre 15 e 17 anos que esto fora da escola.
Essa meta previa at 2016 atendimento para toda populao de 15 a 17 anos. O Censo Escolar de 2010
indicava que um em cada cinco estudantes brasileiros estava atrasado no Ensino Fundamental, e trs em
cada dez no Ensino Mdio. Em 2011, 8,4% dos brasileiros com 15 anos ou mais no sabiam ler e escrever.
Segundo a PNAD de 2007, 42,7% dos oito milhes de brasileiros que frequentaram classes de EJA at 2006
no concluram nenhum segmento do curso. O setor enfrenta uma queda contnua de matrculas, contrarian-
do a meta oito.
Elevar a escolaridade mdia da populao de 18 a 24 anos de modo a alcanar mnimo de 12 anos de
estudo para as populaes do campo, da regio de menor escolaridade no pas e dos 25% mais pobres,
Meta 8
bem como igualar a escolaridade mdia entre negros e no negros, com vistas reduo da desigualdade
educacional.
Elevar a taxa de alfabetizao da populao com 15 anos ou mais para 93,5% at 2015 e erradicar, at o
Meta 9 final da vigncia do PNE, o analfabetismo absoluto e reduzir em 50% a taxa de analfabetismo funcional.
Em relao meta nove, considerando a populao de 15 a 17 anos nos censos do IBGE de 2000 e
2010, observa-se que houve reduo de 5,3% no nmero absoluto e que o percentual de jovens fora da es-
cola tambm foi reduzido de 18,9% para 16,3% no perodo. Porm, de 2007 a 2011, o pas perdeu 18 893
das 166 254 turmas de EJA, ou seja, uma queda de 18,9%. Percentual ainda muito distante do previsto de
93,5 at 2015.
Oferecer, no mnimo, 25% das matrculas de Educao de Jovens e Adultos (EJA) na forma integrada
Meta 10
educao profissional nos anos finais do Ensino Fundamental e no Ensino Mdio.
A oferta pode at ter acontecido, no entanto, no cumprida em termos de qualidade. Assim, percebe-
-se com esses dados que a EJA, mesmo com todo suporte legal a favor dela, relegada ao segundo plano
governamental e social. Os recursos destinados a ela, do Fundo de Manuteno e Desenvolvimento da
Educao Bsica e de Valorizao dos Profissionais da Educao (FUNDEB), so os menores do sistema.
Podemos perceber isso claramente quando so constatados que a maioria dos currculos da EJA so adap-
taes do ensino regular, os professores no tm valorizao especial nesse segmento de trabalho e, muitas
vezes, so voluntrios que alfabetizam os jovens e adultos, sem preparo pedaggico. Geralmente os espaos
destinados a EJA nas escolas so improvisados, sem recursos e precrios.
Devemos sempre buscar conhecer o que apregoado legalmente e o que efetivado. Esse olhar crtico
nos torna pertencentes ao processo democrtico. Dessa forma, sabendo das possibilidades, devemos cobrar,
exigir e divulgar os direitos a ns atribudos.
aprendendo sobre si mesmo e sobre o mundo. Na profissional, est includa a necessidade de todas as
pessoas se atualizarem em sua profisso. Um mdico, um engenheiro, um fsico, todos os profissionais
precisam se requalificar. Em momentos de crise, como o atual, isso fica ainda mais necessrio. co-
mum o trabalhador ter de aprender um novo ofcio para se inserir no mercado. Na social (que a capa-
cidade de viver em grupo), um cidado, para ser ativo e participativo, necessita ter acesso a informaes
e saber avaliar criticamente o que acontece. Alm dessas, h outra dimenso de aprendizagem muito
pertinente neste momento: a relao das pessoas com o meio ambiente. Todos ns temos a necessidade
de nos reeducarmos no que se refere a essa questo. Precisamos praticar novos paradigmas de sustenta-
bilidade e novos hbitos de consumo.
Qual a importncia dos programas de alfabetizao de adultos no Brasil?
Existe uma vontade poltica muito forte de reduzir as estatsticas de analfabetismo. Para um pas
que pretende ser uma potncia mundial, ter um nmero significativo de pessoas que no sabem ler e
escrever um rudo na imagem. Tambm essencial lembrar que esse um dos indicadores usados para
calcular o ndice de Desenvolvimento Humano (IDH). Por fim, no campo pedaggico, a alfabetizao
representa o alicerce do processo de Educao, o portal pelo qual necessrio passar para poder conti-
nuar aprendendo.
Como adequar esses programas a um mundo em que o conceito de alfabetizao tem se
ampliado?
De acordo com o conceito da Unesco, a alfabetizao a habilidade para identificar, entender,
interpretar, criar, calcular e se comunicar mediante o uso de materiais escritos vinculados a diferentes
contextos. Dessa forma, o essencial compreender que ela no mais entendida apenas como o dom-
nio bsico da leitura, da escrita e das operaes matemticas. Para uma pessoa realmente possuir essas
habilidades, ela tem de concluir pelo menos o Ensino Fundamental.[...]
Segundo dados da Unesco referentes Amrica do Sul, a taxa de analfabetismo no Brasil s
no pior que a do Peru. Por que estamos to mal?
Eu apontaria trs fatores principais. Primeiro, a riqueza natural do Brasil. Talvez ela tenha con-
tribudo para que a Educao no fosse prioridade. Com tantos recursos, parecia no ser necessrio
investir nas pessoas. O segundo que, obviamente, oferecer ensino em um pas do tamanho do Brasil
muito mais difcil do que em outros menores, como o Uruguai e o Paraguai. Por fim, creio que no
exista uma valorizao da Educao. S recentemente os governantes comearam a entend-la como
essencial para o desenvolvimento sustentvel. Durante muito tempo, ela no tinha valor social nem para
o prprio povo.
fundamentais. Em termos de gesto, essencial implementar polticas de forma mais efetiva, trans-
parente, eficaz e responsvel, envolvendo na deciso representantes dos segmentos que participam da
EJA como a sociedade civil.
Criar polticas papel da Confintea?
Em geral, a conferncia estabelece linhas ou orientaes polticas, mas necessrio que ela crie
mecanismos para avaliar o que est sendo feito.
(SATO, Paula. Objetivos maiores que a alfabetizao: EJA-Educao para Jovens e Adultos. Planeta Sustentvel,
jun. 2009.) Disponvel em: <http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/educacao/conteudo_476364.
shtml?func=2>. Acesso em: 22 fev. 2016.)
Atividades
1. A Educao de Jovens e Adultos oferecida por ser um problema da atualidade ou essa
necessidade antiga?
2. Quais funes a EJA deve desempenhar de acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais?
Referncias
BRASIL. Lei 9.394 de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases para a educao nacional. Dirio
Oficial da Unio. Braslia, DF, 23 dez. 1996. Disponvel em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394.htm>.
Acesso em: 25 abr. 2016.
______, LEI N 11.741, de 16 de julho de 2008. Altera dispositivos da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996,
que estabelece as diretrizes e bases da educao nacional, para redimensionar, institucionalizar e integrar as aes
da educao profissional tcnica de nvel mdio, da educao de jovens e adultos e da educao profissional e
tecnolgica. Publicado no DOU 17.07.2008. Disponvel em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-
2010/2008/Lei/L11741.htm. Acesso em: 02 mai. 2016.
______, Constituio da Repblica Federativa do Brasil de 1988. Disponvel em: http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 02 mai. 2016.
______. Ministrio da Educao. Secretaria de Educao Continuada, Alfabetizao e Diversidade. Documento
Nacional Preparatrio VI Conferncia Internacional de Educao de Adultos (VI CONFINTEA) / Ministrio da
Educao (MEC). Braslia: MEC; Goinia: FUNAPE/UFG, 2009.
______. Ministrio da Educao. Secretaria de Educao Fundamental. Proposta curricular para educao de
Jovens e Adultos. Braslia: MEC, 2002.
Educao Especial
e a Incluso
Parte
1 Definies da lei para educao especial
O termo especial um adjetivo que qualifica o que no geral ou comum. Ele diz respeito ao particular,
exclusivo, peculiar, tpico. De tal modo, a educao especial volta-se para alunos com essas caractersticas
e seu objetivo deve ser o mesmo da educao geral, diferindo apenas as formas de atendimento. Segundo o
art. 58 da Lei de diretrizes e bases da educao nacional, 9.394 de 20 de dezembro de 1996; entende-se por
educao especial, para os efeitos desta Lei, a modalidade de Educao escolar, oferecida preferencialmente
na rede regular de ensino, para educandos portadores de necessidades especiais.
H trs categorias de educao especial:
Dependentes alunos atendidos em clnicas por serem totalmente dependentes e necessitarem de
acompanhamento integral.
Treinveis alunos que precisam de superviso, mas conseguem conviver com outros alunos
rotineiramente.
Educveis alunos que frequentam salas de aulas regulares possuindo habilidade de adaptao
pessoal e social.
Encontramos nas escolas, por exemplo, alunos com transtornos globais do desenvolvimento, eles de-
monstram alteraes no desenvolvimento neuropsicomotor, comprometimento nas relaes sociais, na co-
municao ou estereotipias motoras. So estudantes com Autismo Infantil, Sndrome de Asperger, Sndrome
de Rett e Transtorno Desintegrativo da Infncia. Tambm temos alunos com altas habilidades/superdotao
que evidenciam potencial elevado nas reas intelectual, acadmica, liderana, artes e psicomotricidade,
de forma isolada ou combinada. O espao escolar para alunos especiais foi conseguido com muita luta e
comprometimento.
Vamos conhecer um pouco do percurso da legislao da Educao Especial.
Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional (LDBEN 4.024): A Educao de excepcionais, deve,
1961
no que for possvel, enquadrar-se no sistema geral de Educao, a fim de integr-los na comunidade.
LDB Lei 5.692: deficincias fsicas ou mentais, ou que se encontrem em atraso considervel quanto
1971
idade regular de matrcula e os superdotados devero receber tratamento especial.
Declarao de Salamanca uma resoluo da Organizao das Naes Unidas (ONU) e foi concebida
na Conferncia Mundial de Educao Especial. O texto trata de princpios, polticas e prticas das neces-
1994
sidades educativas especiais, e d orientaes para aes em nveis regionais, nacionais e internacionais
sobre a estrutura de ao em Educao Especial.
Lei de Diretrizes e Bases da Educao (LDB) Lei 9.394: o captulo V voltado para a educao
especial:
haver, quando necessrio, servios de apoio especializado, na escola regular, para atender s peculiari-
dades da clientela de Educao Especial. Tambm afirma que o atendimento educacional ser feito em
1996
classes, escolas ou servios especializados, sempre que, em funo das condies especficas dos alunos,
no for possvel a integrao nas classes comuns de ensino regular. Alm disso, o texto trata da formao
dos professores e de currculos, mtodos, tcnicas e recursos para atender s necessidades das crianas
com deficincia, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotao.
O Decreto 3.298 regulamenta a Lei 7.853/89, que dispe sobre a Poltica Nacional para a Integrao da
Pessoa Portadora de Deficincia e consolida as normas de proteo, define a educao especial como
modalidade transversal a todos os nveis e modalidades de ensino, enfatizando a atuao complementar
da educao especial ao ensino regular.
1999
Portaria 319, de 26 de fevereiro de 1999 institui no Ministrio da Educao, vinculada Secretaria de
Educao Especial/SEESP a Comisso Brasileira do Braille, de carter permanente.
Lei 10.098, de 19 de dezembro de 2000 estabelece normas gerais e critrios bsicos para a promo-
o da acessibilidade das pessoas portadoras de deficincia ou com mobilidade reduzida, e d outras
2000 providncias.
Portaria 554, de 26 de abril de 2000 aprova o Regulamento Interno da Comisso Brasileira do Braille.
Lei 10.172. Aprova o Plano Nacional de Educao e d outras providncias. Destaca que o grande
avano que a dcada da educao deveria produzir seria a construo de uma escola inclusiva que garanta
o atendimento diversidade humana.
A Lei 10.436/02 reconhece como meio legal de comunicao e expresso a Lngua Brasileira de Sinais
(Libras).
Portaria 2.678/02 aprova diretrizes e normas para uso, ensino, produo e difuso do Sistema Braille
em todas as modalidades de ensino, compreendendo o projeto da Grafia Braille para a Lngua Portuguesa
e a recomendao para seu uso em todo territrio nacional.
2003
Portaria 3.284, de 7 de novembro de 2003 dispe sobre requisitos de acessibilidade de pessoas por-
tadoras de deficincias, para instruir os processos de autorizao e de reconhecimento de cursos e de
credenciamento de instituies.
Cartilha O Acesso de Alunos com Deficincia s Escolas e Classes Comuns da Rede Regular.
O Ministrio Pblico Federal divulga o documento com objetivo de disseminar conceitos e diretrizes
mundiais para a incluso.
2004
Decreto 5.296/04 regulamenta as leis 10.048/00 e 10.098/00, estabelecendo normas e critrios para
promoo da acessibilidade s pessoas com deficincia ou com mobilidade reduzida (implementao do
Programa Brasil Acessvel).
Decreto 5.626/05 regulamenta a Lei 10.436/02, visando a incluso dos alunos surdos, dispe sobre a
incluso da Libras como disciplina curricular, formao e certificao de professor, instrutor e tradutor/
2005
intrprete de Libras, ensino da Lngua Portuguesa como segunda lngua para alunos surdos e organizao
da educao bilngue no ensino regular.
Plano Nacional de Educao em Direitos Humanos. Elaborado pelo Ministrio da Educao (MEC),
Ministrio da Justia, Unesco e Secretaria Especial dos Direitos Humanos. Objetiva, dentre suas aes,
2006
fomentar, no currculo da educao bsica, as temticas relativas s pessoas com deficincia e desenvolver
aes afirmativas que possibilitem incluso, acesso e permanncia na educao superior.
Poltica Nacional de Educao Especial na Perspectiva da Educao Inclusiva. Documento que traa
o histrico do processo de incluso escolar no Brasil para embasar polticas pblicas promotoras de uma
Educao de qualidade para todos os alunos.
Decreto 6.949. Promulga a Conveno Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficincia e
seu Protocolo Facultativo, assinados em Nova York, em 30 de maro de 2007. Esse decreto d ao texto
da Conveno carter de norma constitucional brasileira. Ela afirma que os pases so responsveis por
garantir um sistema de Educao inclusiva em todas as etapas de ensino.
Lei 12.764. A lei institui a Poltica Nacional de Proteo dos Direitos da Pessoa com Transtorno do
2012 Espectro Autista.
Lei n 13.146, De 6 de julho de 2015. Institui a Lei Brasileira de Incluso da Pessoa com Deficincia
2015
(Estatuto da Pessoa com Deficincia).
Lei n 13.234, De 29 de dezembro de 2015. Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996 (Lei de
2015 Diretrizes e Bases da Educao Nacional), para dispor sobre a identificao, o cadastramento e o atendi-
mento, na educao bsica e na educao superior, de alunos com altas habilidades ou superdotao.
A incluso de alunos especiais no sistema regular de ensino baseia-se na perspectiva de uma educao
para todos. A inteno estimular o desenvolvimento de todos os estudantes, inclusive dos ditos normais,
que de toda forma sero beneficiados visto que, ao elaborar uma proposta pedaggica voltada para a diver-
sidade, estaro sendo contemplados de forma ou de outra. H tambm o vislumbre da melhoria da qualidade
da educao que busca diversas formas de ensinar e aprender. Por meio da convivncia e cientes de que to-
dos so diferentes e possuidores de potencialidades e limitaes, h oportunidade de avanos significativos
na educao.
De qualquer forma, a incluso no fcil, ela exige vontade e dedicao, abnegao, tolerncia, tanto
dos alunos como dos professores. Sabemos tambm que muita coisa boa feita, mas o caminho ainda
longo para se atingir a qualidade desejada. Mais uma vez, o importante investimento e vontade poltica de
nossos dirigentes.
Parte
2 Adaptaes para o atendimento
a alunos especiais
Para o atendimento a alunos especiais o mais importante a integrao no sistema regular. Isso exige
mudanas na realidade escolar tanto no mbito social quanto no educacional e no fsico.
No mbito social necessrio reconhecer os alunos especiais como cidados de direito, isto , eles de-
vem estar agregados sociedade o mais inteiramente possvel. A escola um ambiente integrador e para tal
deve estar aberta diversidade de sua comunidade, seus alunos, professores, colaboradores. Essa abertura
tem embasamento no respeito.
No mbito educacional, a preocupao volta-se para a preparao dos professores, na adequao curricular
e nos processos de ensino, aprendizagem e avaliativos. A Educao Especial deve seguir os mesmos requisitos
curriculares da educao regular, com adaptaes e sem minimizar contedos ou procedimentos. Isso significa
que no devemos facilitar, diminuir ou excluir contedos da base nacional comum e seus processos e sim adap-
t-los s diferentes necessidades. Quando isso no possvel, quando esgotadas todas as possibilidades, alunos
com grave deficincia mental ou mltipla, por exemplo, recebem a certificao de terminalidade especfica na
qual o histrico apresenta, de forma descritiva, as habilidades atingidas pelos educandos.
No mbito fsico, a preocupao com as adequaes de espaos, equipamentos e materiais pedaggi-
cos. A eliminao de barreiras arquitetnicas necessidade bsica de acesso a alguns alunos.
O Atendimento Educacional Especializado (AEE) oferecido nas escolas pblicas e privadas de ensino
bsico; em salas de recursos multifuncionais, que devem ser atendidas por um professor regente com forma-
o continuada em Educao Especial. A sala deve oferecer mobilirio adequado, materiais didticos espe-
cficos, recursos pedaggicos de acessibilidade e equipamentos especficos para o atendimento dos alunos
com deficincia, transtornos globais do desenvolvimento ou altas habilidades/superdotao. A inteno
assegurar aos estudantes pblico-alvo da educao especial, pleno acesso ao currculo escolar em igualdade
de condies com os demais estudantes.
O AEE deve estar preparado para acolher os diferentes alunos matriculados nas escolas que atendem,
ou da proximidade. Vejamos alguns tipos de atendimentos que ele oferece:
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desenvolvimento de estratgias para promoo da
acessibilidade nas atividades de leitura e escrita. So
exemplos de recursos pticos: lupas manuais ou de
apoio, lentes especficas bifocais, telescpios, dentre
outros, que possibilitam a ampliao de imagem. So
exemplos de recursos no pticos: iluminao, plano
inclinado, contrastes, ampliao de caracteres, cader-
nos de pauta ampliada, caneta de escrita grossa, lupa
eletrnica, recursos de informtica, dentre outros,
que favorecem o funcionamento visual.
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Consiste na promoo de atividades que ampliem as estruturas
cognitivas facilitadoras da aprendizagem, nos mais diversos
campos do conhecimento, para desenvolvimento da autonomia
e independncia do estudante frente s diferentes situaes no
contexto escolar. A ampliao dessas estratgias para o desen-
volvimento dos processos mentais possibilita maior interao
entre os estudantes, o que promove a construo coletiva de
novos saberes na sala de aula comum.
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O ensino de Libras consiste no desenvolvimento de estratgias pe-
daggicas para a aquisio das estruturas gramaticais e dos aspectos
lingusticos que caracterizam essa lngua.
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trias suplementares ao currculo comum, que objetivam o
aprofundamento e expanso nas diversas reas do conheci-
mento. Tais estratgias podem ser efetivadas por meio do
desenvolvimento de habilidades, da articulao dos servios
realizados na escola, na comunidade, nas instituies de
educao superior, da prtica da pesquisa e desenvolvi-
mento de produtos; da proposio e o desenvolvimento de
projetos de trabalho no mbito da escola, com temticas
diversificadas, como artes, esporte, cincias e outras.
O AEE tem por finalidade o ensino da Lngua Brasileira de Sinais Libras; ensino da
Surdez Lngua Portuguesa na modalidade escrita; produo e adequao de materiais didti-
cos e pedaggicos com base em imagens; entre outros.
Ensino do Sistema Braille; orientao e mobilidade no contexto escolar; uso de
tecnologias de informao e comunicao acessveis; disponibilizao de materiais
Cegueira didticos e pedaggicos acessveis: udio-livro, livro digital acessvel, textos em for-
mato digital e materiais tteis; ensino da tcnica de Soroban; transcrio de material
em tinta para o Braille, entre outros.
Ensino do uso de recursos pticos e no pticos; materiais didticos e pedaggicos
Baixa viso acessveis: ampliao de fontes, materiais com contraste visual; encaminhamento para
avaliao funcional; a estimulao visual, entre outros.
Uso de recursos de comunicao alternativa; uso dos recursos de acesso ao computa-
Deficincia fsica dor: ponteira de cabea, acionadores, entre outros; uso de recursos de acessibilidade:
engrossadores de lpis, plano inclinado, tesouras adaptadas, entre outros.
Denominao Caracterstica
O estudante com Sndrome de Williams e/ou Sndrome de Silver pode ter algum
Sndrome de Williams e/ ou
tipo de deficincia fsica, intelectual, sensorial , transtorno global do desen-
Sndrome de Silver
volvimento ou altas habilidades/superdotao, ou no.
Parte
3 Desafios para educao
especial ser inclusiva
A educao especial, para ser inclusiva, deve acontecer dentro da escola regular. Diferente do que
acontecia at o incio do sculo XXI, quando havia uma escola regular e outra especial, que atendia exclu-
sivamente aos alunos com algum tipo de necessidade especial.
Mesmo sem se dar conta, a escola regular inclusiva, ela atende uma heterogeneidade incalculvel de
alunos, pois recebe a diversidade existente na sociedade em que est inserida. No podemos, no entanto,
confundir incluso com interao. Incluir e integrar fazem parte do mesmo processo, porm no so iguais.
A integrao um processo que visa a colocar o aluno na escola, isto , o aluno com alguma necessi-
dade especial adequa-se ao meio escolar. A educao se dar conforme o aluno especial se adaptar ao que
a escola regular oferecer. Assim, a integrao pressupe um esforo somente de um lado, o do aluno. Esse
processo muito comum nas escolas sem as devidas preparaes e recursos. Simplesmente o aluno especial
frequenta as aulas regulares. Nesse molde, nega-se a condio do aluno especial, ele inserido no contexto
escolar que no se adqua s suas necessidades. Nesse caso, no acontece realmente a incluso, pois se o
aluno no se adaptar ao ensino regular oferecido, ele no se desenvolver cognitivamente. A integrao
defende a ideia de que o aluno especial deve se adaptar aos padres da sociedade; esse processo vlido se
consideramos a importncia da relao entre pares, porm s isso no basta.
J a incluso considera a independncia da pessoa, isto , o poder de tomar decises sem interferncias.
Nesse caso, a sociedade deve adaptar-se para atender a diversidade nela existente, isso tudo de forma natu-
ral. A sociedade que deve promover e garantir a autonomia e a independncia de todos, da a equiparao
de oportunidades seria efetivada. A incluso no cria um grupo de pessoas especiais que precisam de trata-
mento diferenciado, ela v todos com caractersticas prprias e com necessidades tambm nicas.
Assim, considerando que todos so diferentes e apresentam necessidades prprias, algumas mais proe-
minentes que outras, a incluso acontece em todas as escolas. O importante refletir sobre esse papel social.
No se deve, portanto, negar a existncia de um atendimento especializado para alguns alunos, ne-
cessrio tambm preparo e suporte para o trabalho do professor. A ateno ao professor fundamental.
Para atender inclusivamente os alunos especiais, o professor precisa de preparao contnua, constante e
preferencialmente no prprio local de trabalho. Para isso, necessria uma rede de apoio efetivo, tanto no
Atendimento Educacional Especializado (AEE) como por profissionais da educao especial propriamente
dito (intrprete, professor de Braille, assistentes, acompanhantes etc.).
A escola inclusiva aquela que oferece reunies com alunos, professores, funcionrios e comunidade
para discutir as dificuldades e buscar solues, ela promove palestras com especialistas, agencia encontro
entre pais de alunos especiais e regulares, professores e profissionais na rea da educao especial. Ela
uma escola ativa que busca constantemente encarar seus problemas coletivamente.
Extra
Maria Tereza Mantoan: escola e famlia tm papel
primordial na incluso
Pedagoga, com doutorado em educao, Maria Tereza Eglr Mantoan professora da Faculdade
de Educao da Universidade de Campinas (Unicamp). Sua dedicao, nas reas de pesquisa, docncia
e extenso, est voltada ao direito incondicional de todos os alunos educao escolar de nvel bsico
e superior de ensino. Tem 17 livros publicados.
Ela exerce, desde 2007, a funo de coordenadora pedaggica do curso de especializao para
formao de professores de atendimento educacional especializado, promovido pela Secretaria de
Educao Especial do MEC em parceria com a Universidade Federal do Cear (UFCE).
Em entrevista ao Jornal do Professor, Maria Tereza diz que a escola e a famlia tm papel primor-
dial na incluso dos alunos especiais. Para ela, importante que esses alunos tenham acesso a escolas
comuns, mas tambm importante que as escolas ofeream atendimento educacional especializado,
complementar formao, segundo as necessidades de cada um.
Jornal do Professor Em sua opinio, qual o papel da escola na incluso de alunos especiais?
E da famlia?
Maria Tereza Eglr Mantoan Escola e famlia tm um papel primordial na incluso do aluno
que pblico-alvo da educao especial. Elas introduzem a diferena, encarnada nesses alunos, assim
como podem escond-la, como ocorre nas escolas e famlias que excluem essas pessoas dos ambientes
sociais.
JB Quais as principais dificuldades enfrentadas por professores e escolas no processo de
incluso? Como super-las?
MTEM O principal obstculo o modo de organizao das escolas, que excludente, por natu-
reza. Os professores tm muitas dificuldades no sentido de concatenar processos educativos includentes
com os que vigoram ainda nas escolas e que implicam em categorizar e hierarquizar alunos e as prprias
escolas, pelo desempenho de ambos, diante das exigncias do sistema de ensino, das cobranas, entre
outras. A superao dessas barreiras acontece quando existe compreenso do que a incluso e de seus
propsitos de transformar a escola, no sentido de fazer dela um ambiente colaborativo, onde os alunos
aprendem segundo suas capacidades e tm livre expresso de suas ideias, no sendo meros repetidores
de conhecimentos que lhes so transmitidos. Para que essa virada da escola acontea, a formao con-
tinuada fundamental. Os professores precisam atualizar suas prticas e estarem convencidos de que o
ensino que ministram no d conta das diferenas de todos os alunos que frequentam suas turmas. Os
pais, novamente podem ser grandes aliados da escola para que seus membros se sintam estimulados a
fazer uma reviso e uma reorganizao pedaggica do que propiciado aos alunos e do valor do ensino
para que estes, de fato, se beneficiem do processo educacional formal.
JP O que necessrio para incluir bem os alunos da educao especial?
MTEM Em primeiro lugar, preciso que esses alunos tenham acesso s escolas comuns. A presena
deles nas turmas torna-se um desafio virada da escola comum, no sentido de garantir-lhes a permanncia
e participao plena nas aulas. Tambm fundamental que cada escola oferea a esses alunos, o atendimento
educacional especializado, como complemento formao de cada um, segundo suas necessidades. Esses
conhecimentos no so os escolares/curriculares, propriamente ditos: matemtica, lngua portuguesa etc.,
mas aqueles que iro lhes garantir o mximo de autonomia e independncia no aprendizado, como o sistema
Braille, a comunicao alternativa /aumentativa e outros equipamentos, ferramentas, linguagens que esse
servio da educao especial lhes proporciona, preferencialmente, nas suas escolas, no perodo oposto ao
das aulas.
O reforo financeiro, para que a escola consiga manter esse novo servio da educao especial
de grande valia. A partir de 2010, o Fundeb ser duplicado para os alunos da educao especial que es-
tiverem matriculados na escola comum e frequentando o atendimento educacional especializado AEE.
JP importante que as escolas participem ativamente do processo de incluso de alunos
especiais? Quais os benefcios que a incluso traz tanto para os alunos especiais quanto para os
demais?
MTEM A convivncia com as diferenas traz para todos a possibilidade de exercitarem, desde
pequenos, o questionamento sobre tudo o que discrimina e coloca parte pessoas, escolas, instituies,
programas.
JP Voc acredita que a incluso pode contribuir para diminuir o preconceito? Por qu?
Atividades
1. Em relao educao especial, voc acredita que para sua efetivao o mais importante
a legislao ou a atitude?
Referncias
BRASIL. Constituio da Repblica Federativa do Brasil, de 5 de outubro de 1988. Dirio Oficial [da] Repblica
Federativa do Brasil. Braslia, 5 out. 1988. Seo 1, p.1.
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com Deficincia e de seu Protocolo Facultativo, assinados em Nova Iorque, em 30 de maro de 2007. Dirio Oficial
da Unio, Braslia, 10 de jul. 2008. Disponvel em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Congresso/
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outras providncias. Publicado no DOU de 21.12.99. Disponvel em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/
d3298.htm. Acesso em: 03 mai. 2016.
______, Decreto N 3.956, de 08 de outubro de 2001. Promulga a Conveno Interamericana para a Eliminao de
Todas as Formas de Discriminao contra as Pessoas Portadoras de Deficincia. Disponvel em: http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/decreto/2001/d3956.htm. Acesso em: 03 mai. 2016.
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que d prioridade de atendimento s pessoas que especifica, e 10.098, de 19 de dezembro de 2000, que estabelece
normas gerais e critrios bsicos para a promoo da acessibilidade das pessoas portadoras de deficincia ou com
mobilidade reduzida, e d outras providncias. Publicado no DOU em 03.12.04. Disponvel em: http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2004/decreto/d5296.htm. Acesso em: 03 mai. 2016.
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que dispe sobre a Lngua Brasileira de Sinais - Libras, e o art. 18 da Lei no 10.098, de 19 de dezembro de 2000.
Publicado no DOU em 23.12.05. Disponvel em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/decreto/
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______, Decreto N 6.094, de 24 de abril de 2007. Dispe sobre a implementao do Plano de Metas Compromisso
Todos pela Educao, pela Unio Federal, em regime de colaborao com Municpios, Distrito Federal e Estados, e a
participao das famlias e da comunidade, mediante programas e aes de assistncia tcnica e financeira, visando a
mobilizao social pela melhoria da qualidade da educao bsica. Publicado no DOU em 25.04.07. Disponvel em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/decreto/d6094.htm. Acesso em: 03 mai. 2016.
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______, Ministrio da Educao, PORTARIA N 319, DE 26 DE FEVEREIRO DE 1999. Disponvel em: http://portal.
mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/port319.pdf. Acesso em: 03 mai. 2016.
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1994. Disponvel em:<http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/salamanca.pdf>. Acesso em: 26 abr. 2016.
O Acesso de Alunos com Deficincia s Escolas e Classes Comuns da Rede Regular / Ministrio Pblico Federal:
Fundao Procurador Pedro Jorge de Melo e Silva (organizadores) / 2 ed. rev. e atualiz. Braslia: Procuradoria Federal
dos Direitos do Cidado, 2004. Disponvel em: http://www.adiron.com.br/arquivos/cartilhaatual.pdf. Acesso em: 03
mai. 2016.
______, Portaria N 3.284, de 7 de novembro de 2003. Dispe sobre requisitos de acessibilidade de pessoas portadoras
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instituies. Publicado no DOU em 11.11.03. Disponvel em: http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/port3284.
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Estados Americanos. Braslia, 2001. Disponvel em: <http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/guatemala.
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______. Removendo Barreiras para a Aprendizagem. Porto Alegre: Mediao, 2000.
______, Resoluo CNE/CP 1, de 18 de dezembro de 2002. Institui Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formao
de Professores da Educao Bsica, em nvel superior, curso de licenciatura, de graduao plena. Publicado no DOU
em 07.03.02. Disponvel em: http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/rcp01_02.pdf. Acesso em: 03 mai. 2016.
______, Resoluo N 4, de 2 de outubro de 2009. Institui Diretrizes Operacionais para o Atendimento Educacional
Especializado na Educao Bsica, modalidade Educao Especial. Publicado no DOU em 05.10.09. Disponvel em:
http://www.abiee.org.br/doc/Resolu%E7%E3o%204%20DE%2002%20out%202009%20EDUCA%C7%C3O%20
ESPECIAL%20rceb004_09.pdf. Acesso em: 03 mai. 2016.
______. Temas em Educao Especial. 2. ed. Rio de Janeiro: WVA, 1998.
CARVALHO, Rosita Edler. Temas em Educao Especial. Rio de janeiro: WVA, 1997.
FERREIRA, Windyz B. Educar na diversidade: prticas educacionais inclusivas na sala de aula regular. In:
MINISTRIO DA EDUCAO. Ensaios Pedaggicos Educao Inclusiva: direito diversidade. Braslia: SEESP/
MEC, 2006.
MANTOAN, Maria Tereza. Escola e Famlia tm papel fundamental na incluso. Entrevista publicada em: http://
portaldoprofessor.mec.gov.br/noticias.html?idEdicao=32&idCategoria=8. Acesso em: 03 mai. 2016.
Educao
a Distncia
Parte
1 O que educao a distncia
A Educao a Distncia, tambm conhecida como EAD, a modalidade de ensino no qual aluno e
professor no precisam necessariamente estar no mesmo lugar, ao mesmo tempo. A relao entre eles pode
acontecer de vrias maneiras e, obviamente na contemporaneidade, as tecnologias facilitam esse processo.
Vejamos a definio do Decreto 5.622 de 19.12.2005, que regulamenta o art. 80 da Lei 9.394, de 20 de de-
zembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educao nacional:
Decreto 5.622
Art.1.Para os fins deste Decreto,caracteriza-se a educao a distncia como modalidade educacional
na qual a mediao didtico-pedaggica nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilizao de
meios e tecnologias de informao e comunicao, com estudantes e professores desenvolvendo atividades
educativas em lugares ou tempos diversos.
A EAD no nova, inicialmente a conexo entre professor e aluno acontecia via correio, rdio, te-
leviso, vdeo, telefone e similares. Em 1939, foi fundado o Instituto RdioMonitor, a escola pioneira no
Brasil a desenvolver educao a distncia. O curso, elaborado pelo imigrante hngaro Nicols Goldberger, a
princpio era composto de apostilas e um kit, e no final era possvel construir um rdio caseiro. A iniciativa
de Goldberger cresceu at que, em outubro de 1939, foi fundado o Instituto Radiotcnico Monitor, criando
a partir da diversos cursos profissionalizantes.
Em 1941, em So Paulo, foi criado o Instituto Universal Brasileiro (IUB), instituio privada e pioneira
no ensino a distncia por correspondncia no Brasil. Por meio de anncios em jornais e revistas, o instituto
oferecia vrios tipos de cursos profissionalizantes e supletivos por correspondncia; entre os mais procura-
dos destacavam-se: cursos de eletrnica, mecnica de automveis, corte e costura e desenho artstico. De
acordo com a instituio, desde a fundao at o ano 2000, quatro milhes de pessoas haviam realizado os
cursos da escola, e a partir do ano 2000 o Instituto Universal Brasileiro tambm passou a oferecer cursos
pela internet.
O SENAC, em 1947, em parceria com o SESC, instituiu a Universidade do Ar, um projeto revolucion-
rio. As aulas eram gravadas em disco de vinil e estes eram distribudos para emissoras de rdio do estado de
So Paulo, tanto da capital como do interior. O projeto beneficiou milhares de alunos entre os anos de 1947
e 1962, perodo em que a Universidade do Ar durou.
O ensino a distncia, ainda de acordo com o decreto 5.622, artigo 2., poder ser ofertado em diferentes
nveis e modalidades educacionais. Assim, pode-se cursar a educao bsica, a EJA, a educao especial,
respeitadas as especificidades legais pertinentes; aeducao profissional, abrangendo os seguintes cursos e
programas: tcnicos, nvel mdio etecnolgico, nvel superior; a educao superior, abrangendo os seguin-
tes cursos e programas:sequenciais,graduao, especializao, mestrado e doutorado.
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Os locais de atendimento presenciais nas diversas localidades so chamados polos. Os polos de apoio pre-
sencial so unidades operacionais para o desenvolvimento descentralizado de atividades pedaggicas e admi-
nistrativas relativas aos cursos e programas ofertados a distncia. Eles tm estrutura mnima de atendimento aos
alunos e devem oferecer acervo bibliogrfico mnimo para possibilitar acesso aos estudantes, alm do material
didtico utilizado no curso; as avaliaes da EAD devem ser presenciais e realizadas nos polos.
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jocic/Shutterstock
As tecnologias ajudam nos avanos da Educao a Distncia, pois facilitaram
o acesso a lugares mais remotos e de forma cada vez mais acessvel. O grande
nmero de alunos tambm ajudou a baratear cursos e materiais.
Parte
2 Legislao especfica na
educao a distncia
As primeiras legislaes voltadas para Educao a Distncia surgiram no final da dcada de 1960.
O Decreto-Lei 236/67 determina em seu artigo 13 [a] televiso educativa se destinar divulgao de
programas educacionais, mediante a transmisso de aulas, conferncias, palestras e debates e acrescenta no
pargrafo nico [a] televiso educativa no tem carter comercial, sendo vedada a transmisso de qualquer
propaganda, direta ou indiretamente, bem como o patrocnio dos programas transmitidos, mesmo que ne-
nhuma propaganda seja feita atravs dos mesmos.
A Lei 5.692/71 enfatizou o ensino por correspondncia no campo do Ensino Supletivo: Para dar a to-
dos crianas e adultos condies de receber a instruo que lhes indispensvel, para tal, deveriam ser
concentrados esforos no desenvolvimento de tecnologias educacionais voltadas para todos os nveis. A esse
imperativo respondia com efetividade o ensino por correspondncia. Com o concurso de meios atuantes de
comunicao de massa, como rdio, televiso e cinema, veiculando informaes educativo-culturais, nas
mais diversas formas, tornou-se mais ampla a perspectiva desse tipo de ensino, que, por suas caractersticas,
mtodo nico de levar instruo queles que de outra forma a ela no teriam acesso (BRASIL, 1974, p. 34).
Em 1995 foi criada a Associao Brasileira de Educao a Distncia (ABED), uma sociedade cientfica
sem fins lucrativos. Seus objetivos so: estimular a prtica e o desenvolvimento de projetos em educao a
distncia em todas as formas; incentivar a prtica da mais alta qualidade de servios para alunos, professo-
res, instituies e empresas que utilizam a educao a distncia; apoiar a indstria do conhecimento do
pas procurando reduzir as desigualdades causadas pelo isolamento e pela distncia dos grandes centros ur-
banos; promover o aproveitamento de mdias diferentes na realizao de educao a distncia; fomentar o
esprito de abertura, de criatividade, inovao, de credibilidade e de experimentao na prtica da educao
a distncia.
A Associao Brasileira de Educao Distncia criou seu cdigo de tica que indica o papel do tutor
no processo ensino-aprendizagem. De acordo com o cdigo, o tutor deve acompanhar sistematicamente o
progresso de cada aluno, usando recursos de tutoria, apoio didtico e aconselhamento, e fazer um trabalho
constante de motivao de cada um deles no sentido de que possam completar o programa de estudos com
bom aproveitamento.
O Decreto 2.494, de 10 de fevereiro de 1998, elucida que os cursos de educao a distncia podem ser
constitudos em regime especial, com flexibilidade de horrios, durao e requisitos para admisso, porm
sem prejuzo dos objetivos e das diretrizes curriculares fixadas em nvel nacional.
O Plano Nacional de Educao, estabelecido pela LDB e que passou a vigorar em janeiro de 2001, com
aprovao da Lei 10.172/01, no captulo que aborda a educao a distncia e as Tecnologias Educacionais,
cita essa modalidade de ensino como um meio auxiliar de indiscutvel eficcia para enfrentar os dficits
educativos e as desigualdades regionais.
Cabe colocar que as instituies de Ensino Superior presencial, de acordo com a Portaria 4.059 de 10
de dezembro de 2004, podero ofertar at 20% da carga horria total do curso na modalidade semipresen-
cial. Sempre com a exigncia de avaliao presencial.
As bases legais para a modalidade de educao a distncia atual foram institudas pela Lei de Diretrizes
e Bases da Educao Nacional (Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996), que foi regulamentada pelo Decreto
5.622, publicado no D.O.U. de 20/12/2005. A LDB integra a EAD ao sistema de ensino. Fica estabelecido
na lei que o governo federal (MEC) credenciar instituies e definir requisitos para realizao de exames
e de registro de diplomas relativos a cursos de Educao a distncia. De acordo com o artigo 80 O Poder
Pblico incentivar o desenvolvimento e a veiculao de programas de Ensino Distncia, em todos os
nveis e modalidades de ensino, e de educao continuada. Determina ainda em seu 1. que a educao
distncia, organizada com abertura e regimes especiais, ser oferecida por instituies especificamente
credenciadas pela Unio.
Parte
3 Regulamentao e certificao
As instituies de ensino que tm interesse em credenciar a oferta dos cursos de graduao ou profis-
sional tecnolgica a distncia, devero faz-lo ao Ministrio da Educao e do Desporto, a ser protocolada
no Protocolo Geral do MEC ou na DEMEC do Estado. A Portaria 301, de 7 de abril de 1998 desse minis-
trio, normatiza os procedimentos de credenciamento de instituies para oferta de cursos de graduao e
educao profissional tecnolgica a distncia.
Para tal, necessria que a instituio apresente um projeto com as informaes sobre a instituio,
experincia anterior com cursos a distncia, dados sobre o curso pretendido, descrio da infraestrutura em
funo do projeto a ser desenvolvido, professores, descrio do processo seletivo para o ingresso no curso e
parcerias com outras instituies. Em posse desse projeto, a comisso de credenciamento elabora um rela-
trio com a recomendao ou no do credenciamento.
O Decreto Presidencial 2.494, de 10 de fevereiro de 1998, define regras gerais para o credenciamento
das instituies que queiram se habilitar nessa modalidade de ensino e as normas a serem seguidas pelas
mesmas. De acordo com o artigo, os cursos a distncia que conferem certificado ou diploma de concluso
do ensino fundamental para jovens e adultos, do ensino mdio, da educao profissional e de graduao
sero oferecidos por instituies pblicas ou privadas especificamente credenciadas para esse fim [...].
Para oferta de cursos a distncia dirigidos educao fundamental de jovens e adultos, ensino mdio
e educao profissional de nvel tcnico, o Decreto 2.494/98 mais tarde alterado pelo Decreto 2.561/98
entregou competncia s autoridades integrantes dos sistemas de ensino, de que trata o artigo 8. da LDB,
para agenciar os atos de credenciamento de instituies situadas no mbito das respectivas atribuies.
Portanto, as propostas de cursos nesses nveis devero ser conduzidas ao rgo do sistema municipal ou
estadual responsvel pelo credenciamento de instituies e autorizao de cursos a menos que se trate
de instituio vinculada ao sistema federal de ensino, quando o credenciamento dever ento ser feito pelo
Ministrio da Educao.
O Decreto 2.561, de 27 de abril de 1998, delega ao Ministro de Estado da Educao e do Desporto
competncia para promover o credenciamento das instituies vinculadas ao sistema federal de ensino e das
instituies de educao profissional tecnolgica e de ensino superior dos demais sistemas.
A criao, organizao e oferta de cursos e programas da EAD devem seguir o estabelecido na legisla-
o em vigor, sempre com a mesma durao definida para os respectivos cursos na modalidade presencial.
A avaliao do desempenho dos alunos tanto para promoo quanto concluso de estudos e obteno
de diploma ou certificado acontecem mediante cumprimento das atividades programadas e realizao de
exames presenciais. Estes sero elaborados pela instituio de ensino credenciada. Os exames presenciais
prevalecem sobre os demais resultados obtidos em quaisquer outras formas de avaliao a distncia.
Quanto certificao dos cursos de EAD, a LDB 9.394/96, art. 80, 2. determina que a Unio re-
gulamentar os requisitos para realizao de exames e registro de diploma relativos a cursos de educao
a distncia, e no Decreto 2.494/98, art. 2. que os cursos a distncia que conferem certificado ou diploma
de concluso de ensino fundamental para jovens e adultos, ensino mdio, da educao profissional, e de
graduao sero oferecidos por instituies pblicas ou privadas especificamente credenciadas para esse
fim, nos termos deste Decreto e conforme exigncias pelo Ministro de Estado da Educao e do Desporto .
O artigo 5. do mesmo decreto explicita que os certificados e diplomas de cursos a distncia sero
vlidos dentro do territrio Nacional. E o artigo 6. define que a revalidao de diplomas emitidos por ins-
tituies estrangeiras, quando da realizao do curso em cooperao com instituies sediadas no Brasil.
Para fins de promoo, certificao ou diplomao, o aluno dever realizar exames presenciais, de respon-
sabilidade da instituio credenciada para ministrar o curso, segundo procedimentos e critrios definidos no
projeto autorizado, segundo trata o Art. 7..
O pargrafo nico do mesmo artigo prev que os exames devero avaliar competncias descritas nas
diretrizes curriculares nacionais, quando for o caso, bem como contedos e habilidades que cada curso se
prope a desenvolver.
Diplomas de graduao, mestrado e doutorado em universidades brasileiras e a distncia tm a mesma
validade dos cursos equivalentes a universidades presenciais, desde que devidamente reconhecidas pelo MEC.
A EAD veio como opo de estudo e est se tornando a mais procurada. As facilidades, custos e resul-
tados esto sendo positivos e proporcionando mais formao acadmica para muitas pessoas.
Extra
Contedo gratuito e jogos educativos so tendncias
do ensino a distncia
Andria Martins
O Brasil tem hoje mais de 5 milhes de alunos de cursos a distncia de acordo com os nmeros
do ltimo censo da Abed (Associao Brasileira de Educao a Distncia), coletados em 2012. OUOL
Educaoconversou com especialistas no assunto para levantar as tendncias da rea. Ocelular, a
mistura de conhecimento com entretenimento e mudanas nosMoocs(cursos massivos abertos online)
esto entre as apostas para oensino a distncia.
Confira a seguir as sete principais tendncias dos cursos EAD.
1 Curadoria de temas
Hoje as pessoas, independentemente de idade, profisso ou escolaridade podem estudar e apren-
der o que quiserem, quando quiserem, no ritmo que quiserem, sem intermediaes de instituies ou
professores. O processo de educao ser cada vez mais centrado nos interesses do aluno, que tem cada
vez mais poder de acessar, escolher, avalia Martha Gabriel, escritora e consultora nas reas de inova-
o e educao.
Para a especialista, essa tendncia afetaria drasticamente o sistema de EAD. Eles devem funcio-
nar cada vez mais como hubs de referncias [curadoria] e de interao do que apenas repositrio de
contedos e sistema de avaliao. A tendncia que o EAD passe a ser um facilitador aberto interativo
e no um sistema fechado engessado.
2 Mais contedo gratuito
Oferecer contedo gratuito tanto como complemento de um curso presencial ou como contedo
adicional outra tendncia. Um exemplo so os chamadosREA (Recursos Educacionais Abertos),
materiais de ensino que esto sob domnio pblico na internet, disponveis para que qualquer um possa
usar.
No Brasil a tendncia que o REA cresa, mas no tanto como deveria. Aqui ainda difcil os co-
lgios fazerem seus prprios vdeos ou disponibilizarem apresentaes de PowerPoint para download.
Hoje podemos nos dar o luxo de dar de graa o conhecimento que pode ser til para as pessoas. Isso
no d um diploma, mas gera o interesse no contedo, diz Fredric Michael Litto, professor emrito da
USP e atual presidente da Abed.
Atividades
1. Que impacto as tecnologias digitais causam na EAD?
3. O Ensino Superior presencial pode fazer uso da EAD em sua grade regular?
Educao
no Campo e
Educao Indgena
Parte
1 Educao no campo
Na dcada de 1960, com o desenvolvimento industrial, o Estado, a fim de conter o fluxo migratrio do
campo para a cidade, comeou a pensar no investimento da educao rural. A Lei de Diretrizes e Bases da
Educao Nacional de 1961, em seu art. 105, estabeleceu que os poderes pblicos instituiro e ampararo
servios e entidades que mantenham na zona rural escolas capazes de favorecer a adaptao do homem
ao meio e o estmulo de vocaes profissionais. J em meados de 1960 foi criada a Escola-Fazenda, com
ensino tcnico agropecurio.
Dentro de um processo politizador, os trabalhadores rurais comeam a ter voz nos sindicatos dos tra-
balhadores rurais e iniciativas populares de organizao da educao para o campo. Entre eles, destacam-se
o Movimento Nacional dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a Comisso Pastoral da Terra (CPT),
a Confederao Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (CONTAG), o Movimento Eclesial de Base
(MEB), Escolas Famlias Agrcolas (EFAs), as Casas Familiares Rurais (CFRs) e os Centros Familiares de
Formao por Alternncia (CEFAs).
A mobilizao social teve seus reflexos na Constituio Federal de 1988, que consolidou o compromis-
so do Estado e da sociedade brasileira em promover a educao para todos, garantindo direito ao respeito e
adequao da educao s singularidades culturais e regionais. Ao afirmar que o acesso ao ensino obriga-
trio e gratuito direito pblico subjetivo (art. 208), edificou os pilares jurdicos sobre os quais viria a ser
construda uma legislao educacional capaz de sustentar o cumprimento desse direito pelo Estado brasilei-
ro. Dessa forma, a educao escolar do campo passa a ser abordada como segmento especfico, recheada de
implicaes sociais e propostas pedaggicas prprias.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional LDB (Lei 9.394 de dezembro de 1996) prope no
artigo 28 medidas de adequao da escola vida do campo:
Art. 28. Na oferta de educao bsica para a populao rural, os sistemas de en-
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brasileira que trabalha e vive no e do campo, por meio de uma poltica pblica
permanente que inclua como aes bsicas: o fim do fechamento arbitrrio
de escolas no campo; a construo de escolas no campo que sejam do campo;
a construo de alternativas pedaggicas que viabilizem, com qualidade, a
existncia de escolas de educao fundamental e de ensino mdio no prprio
campo; a oferta de Educao de Jovens e Adultos (EJA) adequada realidade
do campo; polticas para a elaborao de currculos e para escolha e distribui-
o de material didtico-pedaggico, que levem em conta a identidade cultural
dos povos do campo e o acesso s atividades de esporte, arte e lazer.
2. Ampliao do acesso e permanncia da populao do campo Educao
Superior, por meio de polticas pblicas estveis.
3. Valorizao e formao especfica de educadoras e educadores do campo
por meio de uma poltica pblica permanente.
4. Respeito especificidade da Educao do Campo e diversidade de seus
sujeitos.
A Resoluo CNE/CEB, de 3 de abril de 2002, da Cmara de Educao Bsica do Conselho Nacional
de Educao, dispe sobre as Diretrizes Nacionais para a Educao Bsica nas Escolas do Campo.
De acordo com o CNE/MEC 2002:
concepo poltico pedaggica, voltada para dinamizar a ligao dos seres humanos com a produo
das condies de existncia social, na relao com a terra e o meio ambiente, incorporando os povos e o
espao da floresta, da pecuria, das minas, da agricultura, os pesqueiros, caiaras, ribeirinhos, quilombolas,
indgenas e extrativistas.
Com essa resoluo h o entendimento de que as pessoas que vivem no campo tm direito educao
diferenciada que extrapola a noo somente de espao geogrfico e considera as necessidades culturais, dos
direitos sociais e a formao integral do indivduo.
O Ministrio da Educao, por meio da Secretaria de Educao Continuada, Alfabetizao e Diversidade
(SECAD), criou em 2004 a Coordenao-Geral de Educao do Campo (CGEC), com objetivo de elaborar
polticas pblicas especficas aos povos do campo. Em 2007, o Ministrio da Educao, por meio da Portaria
1.258/2007, instituiu a Comisso Nacional de Educao do Campo, rgo colegiado de carter consultivo
com a atribuio de assessorar o MEC para elaborao de polticas pblicas em educao do campo.
Assim, o objetivo maior da Educao do Campo ofertar uma educao escolar que esteja associada
produo da vida, da cultura e dos saberes do campo, buscando aes coletivas na busca de um processo de
ensino e aprendizagem com qualidade.
Nesse sentido, importante no confundirmos Educao Rural com Educao do Campo e, para tanto,
vamos contrapor as caractersticas de cada uma:
Atendia aos interesses das oligarquias rurais, que Surge a partir da luta de movimentos sociais para colo-
moldavam a sociedade camponesa de acordo com suas car como ponto central de debate a identidade do homem
necessidades. do campo.
Parte
2 Educao indgena
A Educao Indgena tem algumas especificaes determinadas pela Fundao Nacional do ndio
(FUNAI), que foram pensadas buscando direitos fundamentais e de cidadania.
A FUNAI um rgo federal que profere as polticas indigenistas e monitora sua aplicao e funcionalidade visan-
do sempre o respeito e autonomia dos povos indgenas frente s prprias organizaes.
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Em relao ao apoio discusso e elaborao de Projetos Polticos Pedaggicos (PPP), nele o povo
indgena pode expressar qual tipo de escola deseja para seus alunos, que estrutura essa escola ter e que tipo
de integrao far com os projetos comunitrios, sempre buscando atender aos interesses do povo.
A FUNAI contribui no PPP nos seguintes aspectos:
a) A necessidade de assegurar os direitos educao diferenciada aos povos
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indgenas e valorizao de suas lnguas, conhecimentos e processos pedaggicos
prprios.
b) O entendimento de que o currculo compe o todo do fazer escolar, e no apenas
a organizao da matriz onde se abrigam as disciplinas, assim como o PPP se
constitui como elemento estruturante da vida escolar que expressa a identidade e os
projetos societrios. A escola indgena deve refletir o modo de vida, a concepo
cultural e poltica de cada povo indgena e as relaes intersocietrias que mantm.
c) O papel da escola na vida da comunidade, sua articulao com as demais aes
e projetos do povo indgena, assim como sua influncia em outras reas de atuao
dos governos, tendo como pressuposto, portanto a necessidade do tratamento inte-
grado de questes de territorialidade, sustentabilidade e patrimnio cultural.
Para tais aes, a FUNAI atua junto s Secretarias Municipais e Estaduais de Educao para implanta-
o e discusso nessa construo.
Em relao ao monitoramento e acompanhamento das polticas de Educao Escolar Indgena, a
FUNAI observa a participao indgena nas discusses de propostas, implantao e avaliao das polticas
destinadas a eles.
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discutida pelos educadores indgenas e comunidades, com assessoria de
educadores indigenistas tcnicos da FUNAI. Dessa forma, as pessoas que
atuam nessa rea podem acompanhar a execuo da atividade, sendo parte
de sua trajetria, e no apenas fiscalizadores da ao. A Funai no se
configura como a nica responsvel pela avaliao dos processos educati-
vos, mas os acompanha junto aos indgenas e aos rgos governamentais e
no governamentais envolvidos com a Educao Escolar Indgena.
No podemos deixar de considerar que a inteno da FUNAI a autogesto comunitria. Para isso, ela
acompanha e monitora os processos educativos realizados junto aos povos indgenas com os seguintes pontos:
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cao escolar, e aos dilogos interinstitucionais para elaborao e
implementao de propostas em parceria.
b) Incentivo formao de tcnicos, no que diz respeito s polticas
de educao, e ao exerccio das atribuies relacionadas garantia
dos direitos educacionais dos povos indgenas.
c) Apoio formao de indgenas voltada participao nas polticas
de educao e ao controle social.
Em relao Educao Infantil, a Resoluo 5, de 17 de dezembro de 2009, estabelece que opcional,
cabendo a cada comunidade indgena decidir o que lhe convm.
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A educao infantil avaliada de acordo com as condies de cada famlia indgena que deve decidir o
ingresso ou no da criana na escola formal. O apoio e contribuio da FUNAI se do mediante:
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a) Apoio aos processos de discusso sobre Educao Infantil, de forma a dis-
ponibilizar informao clara e objetiva, e oferecer subsdios para a deciso
das comunidades indgenas sobre sua implantao ou no nas aldeias.
b) Acompanhamento e avaliao das aes em execuo, tendo como condi-
o a consulta s comunidades e referncias tcnicas adequadas s especifi-
cidades dos direitos indgenas.
J o Ensino Fundamental prioridade para as comunidades indgenas, desde que valorizados os conhe-
cimentos e processos pedaggicos prprios de cada povo, a lngua materna, a interculturalidade, o calend-
rio e os currculos escolares.
O Ensino Mdio, Tcnico e Profissional tem nmero pequeno de frequncia de estudantes indgenas.
Isso se d pela falta de oferta de escolas nas aldeias e a dificuldade de deslocamento. Outro problema
tambm a falta de oferta de cursos em nvel mdio que atenda s especificidades das comunidades. Da
a necessidade de discusses com os povos indgenas sobre a oferta de cursos tcnicos e profissionalizantes
com adequaes necessrias para as demandas especficas das comunidades indgenas. A Poltica Nacional
de Gesto Ambiental e Territorial das Terras Indgenas PNGATI, da qual a FUNAI coordenadora, tem,
entre seus eixos, um eixo sobre formao, que apresenta entre as finalidades a execuo de aes educativas
de carter escolar e no escolar.
Nesse sentido, a participao da FUNAI de:
a) Apoio aos processos de discusso e implantao de projetos de formao
profissional, a partir de demandas das comunidades indgenas.
b) Apoio tcnico e participao nas discusses de projetos pedaggicos de
formao profissional, em parceria com os Institutos Federais de Educao, e
das polticas de acesso e permanncia para indgenas.
c) Contribuio para a discusso e adequao do Catlogo Nacional de Cursos
Tcnicos e do Catlogo de Cursos PRONATEC, buscando atender s especifi-
cidades das propostas pedaggicas dos povos indgenas.
d) Apoio e participao nas etapas de extenso comunitria, visando integra-
o das atividades de formao aos projetos comunitrios e s aes da FUNAI
em outros setores.
As principais aes da Secretaria de Educao Continuada, Alfabetizao e Diversidade (SECAD) do
Ministrio da Educao para garantir a oferta de educao escolar indgena de qualidade so as seguintes:
Parte
3 O que diz a lei sobre educao indgena
A legislao nacional entende que os povos indgenas devem ter uma educao especfica, j que ne-
cessrio considerar prioritariamente as diferenas culturais e sociais, a interculturalidade, o estudo bilngue,
O artigo 231 refora o reconhecimento aos ndios de costumes, organizao social, lngua, crenas
e tradies; tambm retoma o direito sobre a terra. Vejamos os pargrafos do artigo que contemplam tais
consideraes:
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1. So terras tradicionalmente ocupadas pelos ndios
as por eles habitadas em carter permanente, as utiliza-
das para suas atividades produtivas, as imprescindveis
preservao dos recursos ambientais necessrios a
seu bem-estar e as necessrias sua reproduo fsica
e cultural, segundo seus usos, costumes e tradies.
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3. O aproveitamento dos recursos hdricos, includos
os potenciais energticos, a pesquisa e a lavra das
riquezas minerais em terras indgenas s podem ser
efetivados com autorizao do Congresso Nacional,
ouvidas as comunidades afetadas, ficando-lhes
assegurada participao nos resultados da lavra, na
forma da lei.
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5. vedada a remoo dos grupos indgenas de suas
terras, salvo, ad referendum do Congresso Nacional,
em caso de catstrofe ou epidemia que ponha em risco
sua populao, ou no interesse da soberania do Pas,
aps deliberao do Congresso Nacional, garantido,
em qualquer hiptese, o retorno imediato logo que
cesse o risco.
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O artigo 232 legitima os ndios e suas comunidades a ingressar em juzo em defesa de seus direitos e
interesses com interferncia do Ministrio Pblico em todos os atos e processo.
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O artigo 79 determina que compete Unio o apoio tcnico e financeiramente aos sistemas de ensino
no provimento da educao intercultural s comunidades indgenas, desenvolvendo programas integrados
de ensino e pesquisa.
A Lei 11.645/2008 altera a Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996, modificada pela Lei 10.639, de 9 de janeiro de
2003, que estabelece as diretrizes e bases da educao nacional, para incluir no currculo oficial da rede de ensino a
obrigatoriedade da temtica Histria e Cultura Afro-brasileira e Indgena.
Art. 26-A. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e de ensino mdio, pblicos e privados,
torna-se obrigatrio o estudo da histria e cultura afro-brasileira e indgena.
1.O contedo programtico a que se refere este artigo incluir diversos aspectos da histria e da cultura
que caracterizam a formao da populao brasileira, a partir desses dois grupos tnicos, tais como o
estudo da histria da frica e dos africanos, a luta dos negros e dos povos indgenas no Brasil, a cultura
negra e indgena brasileira e o negro e o ndio na formao da sociedade nacional, resgatando as suas
contribuies nas reas social, econmica e poltica, pertinentes histria do Brasil.
2.Os contedos referentes histria e cultura afro-brasileira e dos povos indgenas brasileiros
sero ministrados no mbito de todo o currculo escolar, em especial nas reas de educao artstica
e de literatura e histria brasileiras. (NR)
O Decreto 6.861/2009, que institui a organizao da Educao Escolar Indgena em territrios etnoe-
ducacionais, define que:
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Cada territrio etnoeducacional compreender, independentemente
da diviso poltico-administrativa do Pas, as terras indgenas, mesmo
que descontnuas, ocupadas por povos indgenas que mantm relaes
intersocietrias caracterizadas por razes sociais e histricas, relaes
polticas e econmicas, filiaes lingusticas, valores e prticas
culturais compartilhados.
As diferentes vises exigem dilogo de gestores da educao com povos com identidades ou processos
histricos e culturais articulados, para alm do alcance das divises territoriais de unidades federativas ou
municipais. So objetivos da educao escolar indgena (art. 2.):
I - valorizao das culturas dos povos indgenas e a afirmao e manuteno de
sua diversidade tnica;
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A Lei 12.711/2012 dispe sobre o ingresso nas universidades federais e nas instituies federais de ensino
tcnico de nvel mdio e d outras providncias. O art. 6. determina que o Ministrio da Educao e a Secretaria
Especial de Polticas de Promoo da Igualdade Racial, da Presidncia da Repblica, sero responsveis pelo
acompanhamento e avaliao do programa de que trata essa Lei, ouvida a Fundao Nacional do ndio (FUNAI).
O Decreto 7.747, de 5 de junho de 2012, institui a Poltica Nacional de Gesto Territorial e Ambiental
de Terras Indgenas PNGATI. O art. 4., eixo 7, indica a capacitao, formao, intercmbio e educao
ambiental, promovendo aes voltadas ao reconhecimento profissional, capacitao e formao de ind-
genas para gesto territorial e ambiental no ensino mdio, no ensino superior e na educao profissional e
continuada; capacitar, equipar e conscientizar os povos indgenas para preveno e controle de queimadas
e incndios florestais; promover e estimular intercmbios nacionais e internacionais entre povos indgenas
para troca de experincias sobre gesto territorial e ambiental, proteo da agrobiodiversidade e outros te-
mas pertinentes PNGATI.
O mesmo decreto determina as competncias da FUNAI frente aos poderes de assistncia jurdica aos
povos indgenas, sua estrutura organizacional.
A educao indgena est diretamente vinculada FUNAI, que acompanha os avanos e neces-
sidades dos povos indgenas buscando melhor soluo, considerando as diferenas culturais e sociais, a
interculturalidade.
Extra
Rita Potiguara Entrevista
A professora e doutora em Educao que nunca deixou de lado sua identidade tnica e seu per-
tencimento ao povo indgena
Silvestre Gorgulho
Atividades
1. Quais so as adaptaes necessrias para a educao do campo?
Referncia
BRASIL, Constituio da Repblica Federativa do Brasil de 1988. Disponvel em: http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 02 mai. 2016.
______, LEI N 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educao nacional, publicado
no DOU de 23.12.1996. Disponvel em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394.htm. Acesso em: 02 mai.
2016.
______, LEI N 4.024, de 20 de dezembro de 1961. Fixa as Diretrizes e Bases da Educao Nacional, publicado no
DOU de 27.12.1961. Disponvel em: http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/leis/L4024.htm. Acesso em: 02 mai.
2016.
______, LEI N 12.960, de 27 de maro de 2014. Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece
as diretrizes e bases da educao nacional, para fazer constar a exigncia de manifestao de rgo normativo do
sistema de ensino para o fechamento de escolas do campo, indgenas e quilombolas. Publicado no DOU em 28.03.14.
Disponvel em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L12960.htm. Acesso em: 03 mai.
2016.
______, RESOLUO CNE/CEB 1, de 3 de abril de 2002. Institui Diretrizes Operacionais para a
Educao Bsica nas Escolas do Campo. Disponvel em: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_
docman&view=download&alias=13800-rceb001-02-pdf&Itemid=30192. Acesso em: 03 mai. 2016.
______, MINISTRIO DA EDUCAO, RESOLUO N 5, de 17 de dezembro de 2009. Fixa as Diretrizes
Curriculares Nacionais para a Educao Infantil. Publicado no DOU em: 18.12.09. Disponvel em: http://www.seduc.
ro.gov.br/portal/legislacao/RESCNE005_2009.pdf. Acesso em: 03 mai. 2016.
______, MINISTRIO DA EDUCAO, PORTARIA N 389, de 9 de maio de 2013. Disponvel em: http://www.
ufma.br/portalUFMA/arquivo/jbTQbxR9b0sgztp.pdf. Acesso em: 03 mai. 2016.
______, DECRETO N 26, de 4 de fevereiro de 1991. Dispe sobre a Educao Indgena no Brasil. Publicado no
DOU em 05.02.91. Disponvel em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1990-1994/D0026.htm. Acesso em:
03 mai. 2016.
______, LEI N 11.645, de 10 de maro de 2008. Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, modificada
pela Lei no 10.639, de 9 de janeiro de 2003, que estabelece as diretrizes e bases da educao nacional, para incluir
no currculo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temtica Histria e Cultura Afro-Brasileira e Indgena.
Publicado no DOU em 11.03.08. Disponvel em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/lei/
l11645.htm. Acesso em: 03 mai. 2016.
______, LEI N 10.639, de 9 de janeiro de 2003. Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece
as diretrizes e bases da educao nacional, para incluir no currculo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da
temtica Histria e Cultura Afro-Brasileira, e d outras providncias. Publicado no DOU em 10.01.03. Disponvel
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/L10.639.htm.Acesso em: 03 mai. 2016.
______, DECRETO N 6.861, de 27 de maio de 2009. Dispe sobre a Educao Escolar Indgena, define sua
organizao em territrios etnoeducacionais, e d outras providncias. Publicado no DOU em 28.05.09. Disponvel
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/decreto/d6861.htm. Acesso em: 03 mai. 2016.
______, LEI N 12.711, de 29 de agosto de 2012. Dispe sobre o ingresso nas universidades federais e nas instituies
federais de ensino tcnico de nvel mdio e d outras providncias. Publicado no DOU em 30.08.12. Disponvel em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12711.htm. Acesso em: 03 mai. 2016.
______, DECRETO N 7.747, de 5 de junho de 2012. Institui a Poltica Nacional de Gesto Territorial e Ambiental de
Terras Indgenas PNGATI, e d outras providncias. Publicado no DOU em 06.06.12. Disponvel em: http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/decreto/d7747.htm. Acesso em: 03 mai. 2016.
______, MINISTRIO DA EDUCAO, RESOLUO N 5, de 22 de junho de 2012. Define Diretrizes
Curriculares Nacionais para a Educao Escolar Indgena na Educao Bsica. Publicado no DOU em 25.07.12.
Disponvel em: http://mobile.cnte.org.br:8080/legislacao-externo/rest/lei/86/pdf. Acesso em: 03 mai. 2016.
______, MINISTRIO DA EDUCAO, PORTARIA N 389, de 9 de maio de 2013. Disponvel em: http://www.
ufma.br/portalUFMA/arquivo/jbTQbxR9b0sgztp.pdf. Acesso em: 03 mai. 2016.
______, Portaria do Ministrio da Educao GM/MEC n 1.062, de 30 de outubro de 2013, institui o Programa
Nacional dos Territrios Etnoeducacionais - PNTEE que consiste em um conjunto articulado de aes de apoios
tcnico e financeiro do MEC aos sistemas de ensino, para a organizao e o fortalecimento da Educao Escolar
Indgena, conforme disposto no Decreto n 6.861, de 27 de maio de 2009. Disponvel em: http://www.funai.gov.br/
index.php/leg-cidadania. Acesso em: 03 mai. 2016.
______, DECRETO N 6.861, de 27 de maio de 2009. Dispe sobre a Educao Escolar Indgena, define sua
organizao em territrios etnoeducacionais, e d outras providncias. Publicado no DOU em 28.05.09. Disponvel
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/decreto/d6861.htm. Acesso em: 03 mai. 2016.
______, DECRETO N 7.778, de 27 de julho de 2012. Aprova o Estatuto e o Quadro Demonstrativo dos Cargos em
Comisso e das Funes Gratificadas da Fundao Nacional do ndio. Publicado no DOU em 30.07.12. Disponvel
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/Decreto/D7778.htm..Acesso em: 03 mai. 2016.
______, LEI N 5.371, de 5 de dezembro de 1967. Autoriza a instituio da Fundao Nacional do ndio e d outras
providncias. Publicado no DOU em 06.12.67. Disponvel em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/1950-1969/
L5371.htm. Acesso em: 03 mai. 2016.
Fundao Nacional do ndio - FUNAI. Educao Escolar Indgena. Disponvel em: <www.funai.gov.br/index.php/
educacao-escolar-indigena?start=2>. Acesso em: 26 abr. 2016.
GORGULHO, Silvestre. Rita Potiguara Entrevista: A professora e doutora em Educao que nunca deixou de lado
sua identidade tnica e seu pertencimento ao povo indgena. Entrevista Publicada em: http://www.folhadomeio.com.
br/publix/fma/folha/2014/04/rita250.html Acesso em: 03 mai. 2016.
Panorama da
Diversidade da
Educao no Brasil
Parte
1 Aes e polticas pblicas para a
universalizao de acesso educao
Uma das caractersticas marcantes da Constituio de 1988 e da consequente Lei de Diretrizes e Bases
da Educao de 1996 a autonomia. As determinaes legais tendem ao processo de descentralizao da
gesto e a construo coletiva de projetos escolares. Isso se justifica principalmente pela abrangncia geo-
grfica e diversidade de nosso pas.
Porm, na busca da promoo e melhoria do nvel de ensino, evidente que tais esforos so insuficien-
tes, principalmente pela falta de suporte governamental para subsidiar as decises pedaggicas elaboradas
pelas escolas. O governo incentiva a formulao de projetos e propostas, mas no d suporte, especialmente
financeiro, para sua efetivao. H claramente uma preocupao com aspectos organizacionais e se deixa de
lado o processo de ensino-aprendizagem propriamente dito. Assim, primordial o estabelecimento de uma
infraestrutura de suporte aos fazeres escolares.
Cada escola deveria ter condies de executar as estratgias de efetivao dos objetivos por ela deter-
minados, completando assim a inteno primeira de nossa legislao. Mas isso no acontece. Legalmente,
por exemplo, so determinados mecanismos de gesto democrticos e coletivos, como conselho escolar ou
colegiado, eleio de diretores, Projeto Poltico Pedaggico, mas a determinao legal simplesmente no
efetiva sua ao. No dado suporte para tais aes. Os pais, por exemplo, no tm liberao do trabalho
para participar de reunies, no so capacitados para entender os processos e muitas vezes tomam decises
influenciadas por ideias diferentes das suas. As eleies de diretores no so realizadas em todas as regies,
muitas vezes estes so escolhidos politicamente; o Projeto Poltico Pedaggico passou a ser obrigao buro-
crtica ao invs de um processo espontaneamente coletivo.
Outro ponto importante o foco no processo ensino-aprendizagem, que, como objeto primeiro de cada
instituio de ensino, parece ser colocado de lado. preciso realmente levar em considerao a heteroge-
neidade de desempenho de cada setor, regio e nvel de ensino. No h cursos sistematizados de formao
continuada voltada para processos pedaggicos, alguns professores no tm curso de licenciatura, desconhe-
cendo, dessa forma, metodologias de ensino.
Um dos grandes problemas que enfrentamos a descontinuidade poltica. Somos regidos partidaria-
mente, a cada mudana de partido poltico pelas eleies h mudanas nas decises polticas educacionais.
Isso impossibilita a efetivao de propostas a longo prazo, e algumas regies tm suas organizaes educa-
cionais mudadas a cada quatro anos. Uma poltica educacional alinhada s diretrizes prprias, que funcio-
nasse independente de vontades polticas partidrias, seria necessria e refletiria processos mais alinhados
e coerentes.
No h dvidas que h conhecimento das necessidades educacionais de nosso pas e sabe-se como
resolv-las e isso muito positivo, cabe agora sua efetivao.
Parte
2 Contribuio das aes de
incentivo educao
H vrios programas de incentivo educao oferecidos pelo Ministrio da Educao (MEC). Mesmo
com tais incentivos h vrios obstculos para sua concretizao, porm necessrio conhecer o que h de
oferta para buscar fazer melhor uso deles.
Programa mais Educao
O programa tem como objetivo ampliao da jornada escolar e organizao curricular na perspectiva
da educao integral.
O Programa Mais Educao, criado pelaPortaria Interministerial 17/2007e regulamentado peloDecreto 7.083/10,
constitui-se como estratgia do Ministrio da Educao para induo da construo da agenda de educao integral
nas redes estaduais e municipais de ensino que amplia a jornada escolar nas escolas pblicas, para no mnimo 7 ho-
ras dirias, por meio de atividades optativas nos macrocampos: acompanhamento pedaggico; educao ambiental;
esporte e lazer; direitos humanos em educao; cultura e artes; cultura digital; promoo da sade; comunicao e
uso de mdias; investigao no campo das cincias da natureza e educao econmica.
(Disponvel em: <http://portal.mec.gov.br/programa-mais-ducacao/apresentacao?id=16689>.)
O programa Caminho da Escola foi criado com o objetivo de renovar a frota de veculos escolares, garantir segu-
rana e qualidade ao transporte dos estudantes e contribuir para a reduo da evaso escolar, ampliando, por meio
do transporte dirio, o acesso e a permanncia na escola dos estudantes matriculados na educao bsica da zona
rural das redes estaduais e municipais. O programa tambm visa padronizao dos veculos de transporte escolar,
reduo dos preos dos veculos e ao aumento da transparncia nessas aquisies.
(Disponvel em: <www.fnde.gov.br/programas/caminho-da-escola/caminho-da-escola-apresentacao>.)
So trs formas pelas quais estados e municpios podem participar do Caminho da Escola: com recur-
sos prprios, bastando aderir ao prego; via convnio firmado com o FNDE, ou por meio de financiamento
do Banco Nacional de Desenvolvimento Econmico e Social (BNDES), que disponibiliza linha de crdito
especial para compra de nibus zero quilmetro e de embarcaes novas. Para adeso ao registro de preos,
acesse o Sistema de Gerenciamento de Adeso a Registro de Preos SIGARP, disponvel na pgina prin-
cipal do site do FNDE: <www.fnde.gov.br/sigarpweb>.
Programa Nacional Biblioteca da Escola (PNBE)
O PNBE executado pelo FNDE em parceria com a Secretaria de Educao Bsica do Ministrio da
Educao e tem como objetivo fornecer obras e demais materiais de apoio prtica da educao bsica
para as escolas de ensino pblico das redes federal, estadual, municipal e do Distrito Federal. As escolas
atendidas podem ser da esfera da educao infantil (creches e pr-escolas), do ensino fundamental, do ensi-
no mdio e educao de jovens e adultos (EJA). So distribudos s escolas por meio do PNBE; PNBE do
Professor; PNBE Peridicos e PNBE Temtico.
Os acervos so compostos por obras de literatura, referncia, pesquisa e outros materiais relativos ao
currculo nas reas de conhecimento da educao bsica, com vista democratizao do acesso s fontes de
informao, ao fomento, leitura e formao de alunos e professores leitores e ao apoio atualizao e ao
desenvolvimento profissional do professor.
Os gneros literrios ofertados so obras clssicas da literatura universal, poema, conto, crnica, nove-
la, teatro, texto da tradio popular, romance, memria, dirio, biografia, relatos de experincias, livros de
imagens e histrias em quadrinhos.
Da distribuio dos acervos de literatura:
Dependendo do tipo de acervo e da clientela beneficiria, a distribuio dos livros feita diretamente das editoras
s escolas ou das editoras a um centro de mixagem, para formao das colees e posterior envio s escolas. A dis-
tribuio do PNBE feita por meio de contrato firmado com a Empresa Brasileira de Correios e Telgrafos (ECT).
Essa etapa do PNBE conta com o acompanhamento de tcnicos do FNDE e das secretarias estaduais de Educao.
Em se tratando de escolas das zonas rurais, os acervos so entregues na sede das prefeituras ou das secretarias mu-
nicipais de Educao, que devem pass-los a essas escolas.
(Disponvel em: <http://portal.mec.gov.br/mais-educacao/309-programas-e-acoes-1921564125/
programa-nacional-biblioteca-da-escola-1229869342/12548-saiba-mais-sp-1574170115>.)
O programa, que contempla vrias aes, visa melhora da infraestrutura fsica e pedaggica das es-
colas e o reforo da autogesto escolar nos planos financeiro, administrativo e didtico, contribuindo para
elevar os ndices de desempenho da educao bsica. Os recursos so transferidos independentemente da
celebrao de convnio ou instrumento congnere, de acordo com o nmero de alunos extrados do Censo
Escolar do ano anterior ao do repasse.
Programa Nacional de Reestruturao e Aquisio de Equipamentos para a Rede Escolar
Pblica de Educao Infantil (PROINFNCIA)
Para prestar assistncia financeira aos municpios o governo criou o Proinfncia:
O governo federal criou o Programa Nacional de Reestruturao e Aquisio de Equipamentos para a Rede Escolar
Pblica de Educao Infantil (Proinfncia), por considerar que a construo de creches e pr-escolas, bem como
a aquisio de equipamentos para a rede fsica escolar desse nvel educacional, so indispensveis melhoria da
qualidade da educao.
O programa foi institudo pelaResoluo 6, de 24 de abril de 2007, e parte das aes do Plano de
Desenvolvimento da Educao (PDE) do Ministrio da Educao.
Seu principal objetivo prestar assistncia financeira ao Distrito Federal e aos municpios visando garantir o acesso
de crianas a creches e escolas de educao infantil da rede pblica.
(Disponvel em: <www.fnde.gov.br/programas/proinfancia/proinfancia-apresentacao>.)
Parte
3 O profissional da educao
como agente de mudanas
O principal protagonista da educao sem dvida alguma o aluno, ele o centro de todo o processo.
para ele que a escola foi construda. Junto dele trabalha o professor, este tem um papel primordial, pois
gerencia os acontecimentos entre aluno e conhecimento. O docente tem assim como papel formar cidados
que vo atuar na sociedade, consequentemente um agente de mudana social.
A educao um processo natural que acontece o tempo todo com todo mundo e em todo lugar. Ns
somos seres aprendentes. No entanto, a educao formal tem objetivo, meta. Esta vai alm da transmis-
so de saberes historicamente construdos, ela busca a formao integral de pessoas. Essas possuidoras dos
conhecimentos mnimos necessrios para entender o universo em que se encontram e tambm capazes de
relacionar-se de forma harmoniosa com seus pares sociais.
Por ser um processo to denso, no cabe apenas ao professor toda essa carga, a prpria Constituio
Brasileira de 1988 estabelece que educao um direito para todos, um dever do Estado e da famlia.
Somos, assim, todos responsveis pela educao de nossos jovens.
No espao escolar, no entanto, h uma especificidade clara, definida: dar subsdios aos estudantes de
conhecer o lugar onde esto e poder tomar decises claras, crticas e conscientes do que querem fazer. Para
isso deve-se formar um currculo voltado para o interesse da populao em geral alm dos contedos mni-
mos estabelecidos por lei. Este subsidiado em princpios de convivncia mnimos: a formao de indivduos
como cidados conscientes de seus direitos e deveres inseridos em determinado meio social.
O papel do professor, dessa forma, ver em seus alunos sujeitos de mltiplas relaes que esto em
formao, e que vo enfrentar uma sociedade desconhecida que evolui rapidamente. As mudanas ocorrem
em passo acelerado e a educao precisa estar preparada para esta nova realidade. Da mesma forma, o
professor precisa ir alm de uma formao inicial, precisa buscar formao continuada e permanente. Eles
devem estar empenhados com a qualidade da educao e com a sua prpria.
Refletir sobre a prpria prtica coletivamente um exerccio necessrio para a construo da identida-
de do professor e da escola. Dessa forma, h grande possibilidade de adaptao s rpidas mudanas apre-
sentadas pela sociedade por meio das relaes com os alunos. O professor, ao analisar seu fazer pedaggico,
est voltando-se para sua prtica e mostrando efetivamente aos alunos a necessidade de analise e reflexo
dos processos em que se est inserido.
A constituio da autonomia do professor e consequentemente do aluno se d quando se construtor
tambm de seus conhecimentos. Essa uma forma de abranger os processos de entendimento da realidade
social em que se vive, principalmente na era dos avanos tecnolgicos em que deter grande nmero de co-
nhecimento no mais necessrio, o que se precisa trabalhar com criatividade os conhecimentos tericos
e crticos sobre a realidade. Nesse processo, alunos e professores so parceiros e autores na transformao
da qualidade social, cada um inserido em diferentes contextos histricos, sociais e culturais com suas orga-
nizaes prprias e valiosas.
O mundo contemporneo exige novas demandas de manipulao dos conhecimentos, no qual no basta
apenas ter um diploma ou um certificado; necessrio competncia, profissionalismo, tica e conscincia
poltica. Cabe ao professor trabalhar com essas categorias a fim de construir uma compreenso do mundo
real e de suas exigncias. O professor s ser agente de mudana se tiver conscincia de seu papel social,
quando perceber que seu trabalho refletir socialmente nos atos de seus alunos.
Para finalizar, gostaramos de encerrar essa reflexo sobre o profissional docente como agente de mu-
danas com um fragmento de Paulo Freire, presente em sua obra Educao e Mudana (1979), sobre a
importncia da tomada de conscincia da transformao da realidade em que estamos inseridos:
Extra
Qual a importncia de aliar a diversidade local ao
desenvolvimento da Educao Integral?
Fundao Ita Social em 2015
O estudo e implementao de polticas pblicas nos territrios de extrema importncia, por isso a
educao integral precisa se integrar a outras polticas pblicas. Em uma rea que sofre com a violncia,
por exemplo, a educao integral no vai dar conta disso, mas deve se aliar a outras polticas pblicas
para solucionar o problema.
Como garantir que a valorizao das particularidades de determinada identidade cultural
nos processos educacionais seja aceita em comunidades onde ela no dominante?
Para indgenas, por exemplo, ter uma escola deles um valor, uma luta. Uma das suas maiores
reinvindicaes hoje construir escolas, o fato de ter uma escola, construda como tal, dignifica a edu-
cao indgena. Ento em casos assim, talvez uma soluo seja uma convivncia entre escolas, porque
se a ideia for ter uma escola s, mesclando ndios e no-ndios, isso pode ser um passo atrs para os
indgenas. Promover encontros, visitas e apresentaes entre as escolas pode ser enriquecedor, mais do
que tentar juntar. Mas, novamente, preciso mergulhar no local para encontrar solues, porque a
questo das particularidades, do sujeito, e no h soluo padro.
Como alinhar as diretrizes no Plano de Educao Integral para atender as particularidades
e potencialidades locais de uma mesma rede pblica com diferentes tipos de oferta de Educao
Integral?
O primeiro passo reconhecer e abrir espao para as diversidades, valorizando-as, pois assim o
projeto ir abrang-las. Numa cidade em que h muitos cegos, por exemplo, como considerar isso no
projeto de educao? Pode no ser uma questo de integrar fisicamente, mas integrar no projeto.
A integrao com os equipamentos locais e a apropriao da cidade como um todo so fundamen-
tais para que no se estabelea escolas ou territrios como guetos discriminados. Assim, mesmo que
existam muitas condies e possibilidades no entorno escolar, sair da periferia e ir para o centro, por
exemplo, incorporar, na educao integral, a demanda do territrio por no permanecer marginalizado.
Enfim, para que a diversidade entre na escola, ela no pode ter muros fsicos nem pedaggicos.
Maria de Salete Silva graduada em Arquitetura pela Universidade Federal da Bahia, teve
sua atuao profissional voltada para as polticas pblicas e sua implementao em territrios. De
1995 a 1996, foi Secretria de Educao do municpio de Salvador, de onde foi tambm Secretria de
Administrao (1993/94). Teve sua atividade profissional desenvolvida tanto nos poderes executivo
quanto legislativo e tambm em ONGs. Coordenou o Programa de Educao do Unicef no Brasil de
2007 a 2014.
Referncias
BRASIL, Constituio da Repblica Federativa do Brasil de 1988. Disponvel em: http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 02 mai. 2016.
______, Ministrio da Educao. Secretaria de Educao Fundamental. Parmetros Curriculares Nacionais:
pluralidade cultural, orientao sexual. Braslia, MEC/SEF, 1997.
______, DECRETO N 7.083, de 27 de janeiro de 2010. Dispe sobre o Programa Mais Educao. Publicado no DOU
em 27.01.10. Disponvel em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/decreto/d7083.htm. Acesso
em: 03 mai. 2016.
______. Lei n. 9394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases para a educao nacional. Dirio
Oficial da Unio. Braslia, DF, 1996. Disponvel em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394.htm>.
______. Lei de Diretrizes e B. Lei n. 9.394/96, de 20 de dezembro de 1996. Disponvel em: <www.planalto.gov.br/
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______, MINISTRIO DA EDUCAO. PORTARIA NORMATIVA INTERMINISTERIAL N- 17, DE 24 DE
ABRIL DE 2007 Institui o Programa Mais Educao, que visa fomentar a educao integral de crianas, adolescentes
e jovens, por meio do apoio a atividades scio-educativas no contraturno escolar. Publicado no DOU em 26.04.07.
Disponvel em: http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/mais_educacao.pdf. Acesso em: 03 mai. 2016.
______, MINISTRIO DA EDUCAO. RESOLUO/CD/FNDE N 006 DE 24 DE ABRIL DE 2007 Estabelece
as orientaes e diretrizes para execuo e assistncia financeira suplementar ao Programa Nacional de Reestruturao
e Aquisio de Equipamentos para a Rede Escolar Pblica de Educao Infantil PROINFNCIA. Disponvel em:
http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/resolucao_n6_240407_proinfancia_medida18.pdf.pdf. Acesso em: 03 mai. 2016.
______, [Plano Nacional de Educao (PNE)]. Plano Nacional de Educao 2014-2024 [recurso eletrnico]: Lei n
13.005, de 25 de junho de 2014, que aprova o Plano Nacional de Educao (PNE) e d outras providncias. Braslia:
Cmara dos Deputados, Edies Cmara, 2014. Disponvel em: http://www.observatoriodopne.org.br/uploads/
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______. Programa mais Educao. Disponvel em: <http://portal.mec.gov.br/programa-mais-ducacao/
apresentacao?id=16689>. Acesso em: 16 mar. 2016.
______. Programa Caminhoda Escola. Disponvel em: <www.fnde.gov.br/programas/caminho-da-escola/caminho-
da-escola-apresentacao>. Acesso em: 16 mar. 2016.
9 788538 761570
Efkiq"nqiuvkeq
48416 FORMAO
DOCENTE PARA
A DIVERSIDADE
Margarete Terezinha de Andrade Costa