Utilizacao de Extratos
Utilizacao de Extratos
Utilizacao de Extratos
Paula Leite dos Santos1 , Maryara Buriola Prando1, Rafaela Morando1, Gleice
Viviane Nunes Pereira1, Adriana Zanin Kronka1*
1
.Departamento de Defesa Fitossanitária, Universidade Estadual Paulista, Botucatu,
São Paulo, Brazil. *([email protected])
RESUMO
A utilização de produtos químicos, em doses excessivas ou de forma inadequada,
no controle de doenças, pragas e plantas daninhas, têm promovido grandes danos
ambientais, contaminação de animais, intoxicação de agricultores, entre outros.
Esses fatores fazem com que possa ocorrer desenvolvimento de resistência das
plantas invasoras, patógenos e pragas, surgimento de doenças iatrogênicas,
desequilíbrio biológico e redução da biodiversidade. Buscando alternativas de
controle menos agressivas, extratos de plantas têm sido utilizados com sucesso.
Comparados aos produtos sintéticos, oferecem grandes vantagens como gerar
novos compostos, os quais os patógenos não são capazes de inativar, além de
serem menos tóxicos, de rápida degradação no ambiente, terem amplo modo de
ação e serem derivados de recursos renováveis. Os extratos podem apresentar
potencial inseticida, fungicida, herbicida e nematicida, sendo considerados de boa
eficiência. A obtenção dos extratos pode ser realizada através de extração a frio, a
quente em sistema aberto e fechado. A utilização de extratos vegetais ressurge
como uma opção diferenciada e promissora para o manejo integrado em proteção
de plantas. Estes produtos são considerados uma alternativa de controle de
fitopatógenos, demonstrando ótimos resultados, não causando malefícios ao meio
ambiente e aos seres vivos.
PALAVRAS-CHAVE: componentes orgânicos, controle alternativo, moléstias,
patógenos.
ABSTRACT
Usage of pesticies in excessive doses or in an inadequate way to control diseases,
pests and weeds, has promoted significant environmental damage, contamination of
animals, intoxication of farmers, among others. These factors lead to occur the
resistance of weeds, pests and pathogens, the appearance of iatrogenic diseases,
biological imbalance and reduction in biodiversity. Seeking less aggressive
alternatives, plant extracts have been used successfully. Compared to synthetic
products, they offer great advantages as generating new compounds, which
pathogens are unable to inactivate, and are less toxic, of rapid degradation in the
environment, they have broad modes of action, and are derived from renewable
resources. It should be emphasized that there are some limitations on its use. The
extracts have potencial as insecticide, fungicide, herbicide and nematicide and are
ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.9, n.17; p.2562 2013
considered of good efficiency. The methodologies for obtaining can be achieved
through cold extraction, open and closed hot system. The use of plant extracts
reappears as a promising and unique option for integrated management in plant
protection, being considered as an alternative to control plant pathogens,
demonstrating excellent results without causing harm to the environment and living
beings.
KEYWORDS: organic components, alternative control, diseases, pathogens
INTRODUÇÃO
O alto custo para registro é considerado uma das maiores dificuldades para a
evolução do mercado de bioprodutos no Brasil. Uma parte considerável das
empresas nacionais é de pequeno porte e possui recursos financeiros limitados,
sendo assim, os custos do registro acabam restringindo o desenvolvimento dos
mesmos (BETTIOL & MORANDI, 2009).
A possibilidade de flexibilização ou a interpretação diferenciada das normas
de registro pode reduzir as necessidades de altos investimentos das empresas além
de diminuir a dependência de investimentos externos. O Brasil e outros países
latino-americanos, por meio do Comité de Sanidad Vegetal del Cone Sur (Cosave),
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buscaram formas de padronização do registro de bioprodutos. Porém, a discussão
dos pontos positivos, negativos e flexibilização no processo de registros levaram,
nos últimos anos, à busca de regras próprias. Em março de 2006, a norma de
registro de produtos microbianos (Instrução Normativa Conjunta nº 3, regulada pela
Lei 7.802 de 1989 e Decreto 4.074 de 2002) foi aprovada no Brasil. A criação de
novas normas teve suporte no documento proposto pela Embrapa Meio Ambiente, o
qual resgatou os esforços anteriores de diferentes instituições nacionais, na forma
de uma portaria publicada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis (Ibama – Portaria 131 de 3 de novembro de 1997) (CAPALBO
et al., 1999).
Entretanto, a flexibilização sem critério ou a simples liberação do
compromisso de registro, por se considerar que os biopesticidas são produtos
naturais, pode trazer consequências negativas ao setor. Acaba-se criando condições
para a inundação do mercado por produtos de baixa qualidade e com baixa
eficiência em campo. O agricultor, desencorajado pela ineficiência do produto, não
mais utiliza os produtos biológicos, prejudicando, de uma forma geral, todo o
segmento. É necessário que, em discussão com o meio científico e com as
empresas privadas, as agências reguladoras encontrem um equilíbrio no sistema de
registro (BETTIOL & MORANDI, 2009).
Empresas do setor se mobilizaram e foi criada durante a IX Reunião Brasileira
sobre Controle Biológico de Doenças de Plantas, em Campinas, SP, a Associação
Brasileira das Empresas de Controle Biológico (ABCBIO). Esta foi criada com o
objetivo principal de viabilizar as discussões com os órgãos reguladores de
produção e comercialização de microrganismos com o meio científico. Certamente,
aliada a toda e qualquer interpretação diferenciada das normas, um sistema rígido
da fiscalização dos produtos em comercialização é de extrema importância, sistema
esse ineficaz ou praticamente inexistente no mercado nacional. Assim, novos
produtos são lançados no mercado todo o ano, sem o interesse das empresas em
investirem no registro. Esse fato ocorre até hoje no Brasil, onde existem dezenas de
formulações disponíveis no mercado, mas poucas registradas e em conformidade
com a legislação vigente. Porém, é indiscutível e vital para a evolução do controle
biológico que existam normas claras e a necessidade do registro dos produtos, e
que todas as empresas do setor sigam essas normas (BETTIOL & MORANDI,
2009).
EXTRAÇÕES A FRIO
Maceração
É a extração da matéria prima vegetal, usualmente realizada em recipiente
fechado, temperatura ambiente, por período prolongado (horas ou até mesmo dias),
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sob agitação ocasional e sem a renovação do líquido extrator. Não conduz ao
esgotamento da matéria prima vegetal, devido à saturação do líquido extrator ou ao
estabelecimento de um equilíbrio difusional entre o meio extrator e interior da célula.
O líquido extrator utilizado pode ser etanol, metanol ou soluções hidroalcoolicas.
Diferentes variações de tal operação objetivam a otimização, aumento e eficiência
da extração, entre elas pode-se citar a digestão, que consiste na maceração sob
sistema aquecido de 40-60ºC; a maceração dinâmica, na qual a maceração é
realizada sob agitação mecânica constante; e a remaceração, onde a operação é
realizada de maneira repetitiva, utilizando o mesmo material vegetal, renovando
apenas o líquido extrator (NAVARRO, 2005).
Percolação
Tal método é o oposto da maceração, sendo então um processo dinâmico,
onde é feito o arraste dos princípios ativos pela passagem contínua do líquido
extrator, levando ao esgotamento da planta através do lento gotejamento do
material. Permite também a obtenção de soluções extrativas mais concentradas,
com gradientes de polaridade, economia de líquido extrator e um curto período de
tempo de extração. A extração do material vegetal ocorre pela permanência, durante
certo tempo, do material em contato com água fervente em um recipiente tampado.
A infusão é aplicável a partes vegetais moles, as quais devem ser contundidas,
cortadas ou pulverizadas, a fim de que possam ser mais facilmente penetradas e
extraídas pela água (NAVARRO, 2005). É o processo que, pela dinâmica e artifícios,
torna possível uma maior extração de material vegetal, tornando-o, assim, mais
eficiente quando comparado aos demais (EXTRATOS VEGETAIS, 2010).
Infusão
Decocção
Aparelho de Soxhlet
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Figura 2: Processo de destilação por arraste de vapor.
Fonte:
http://web.ccead.pucrio.br/condigital/mvsl/museu%20virtual/
curiosidades%20e%20descobertas/A%20Quimica%20e%20
os%20aromas/destilacao1.html.
Extrações diferenciadas
Outros processos como ESAM (extração por solvente assistida por micro-
ondas), VMHD (Vacuum Microwave HydroDistillation), extração por CO2 supercrítico
e a extração biotecnológica (fermentação e bioconversão) são considerados mais
sofisticados, permitindo a obtenção de extratos com qualidade superior quando
comparados às extrações citadas anteriormente. Na extração por solvente assistida
por micro-ondas, a água contida em um produto natural absorve as micro-ondas e
as converte em energia térmica; tal descarga de calor ocorre na massa da matéria
prima e provoca um gradiente de temperatura do interior em direção ao exterior do
produto. Assim, ao contrário da extração tradicional sólido-líquido, o gradiente de
concentração do soluto entre a matéria-prima e o solvente não é mais considerado o
fator limitante na extração. Consequentemente, a quantidade de solvente necessária
para o processo extrator é reduzida ao mínimo (EXTRATOS VEGETAIS, 2010).
Na extração pelo processo de VMHD (Vacuum Microwave HydroDistillation),
sob o efeito conjunto do aquecimento seletivo das micro-ondas e do vácuo, a água
que constitui a matéria-prima entra em ebulição de forma bruta. Os compostos
voláteis então são carregados na mistura azeotrópica formada com o vapor d’água.
O processo com CO2 supercrítico, tem a preferência das indústrias. No estado
crítico, o CO2, nem líquido, nem gasoso, possui uma ótima função de extração,
atuando sobra a pressão e temperatura de trabalho. As vantagens deste tipo de
extração, é que o CO2 é quimicamente inerte, natural e não tóxico, as temperaturas
de trabalho são consideradas baixas, dispondo de pouca energia, e os extratos e
refinados obtidos não possuem solvente residual em sua composição final
(EXTRATOS VEGETAIS, 2010).
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
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ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.9, n.17; p.2576 2013