Utilização de Resíduos Da Construção e Demolição Na Fabricação de Tijolos de Solo-Cimento
Utilização de Resíduos Da Construção e Demolição Na Fabricação de Tijolos de Solo-Cimento
Utilização de Resíduos Da Construção e Demolição Na Fabricação de Tijolos de Solo-Cimento
CENTRO DE TECNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA DOS
MATERIAIS
Teresina - Piauí
2017
LÍVIA RACQUEL DE MACÊDO REIS
Teresina-Piauí
2017
“Se a gente acreditar que as coisas
fé!”
(Anna L. Ramos)
DEDICATÓRIA
e guiar meu caminho e por permitir a realização de mais um sonho em minha vida.
alguma forma contribuíram para a realização deste meu objetivo. Alguns contribuíram com
indispensáveis, conhecimento técnico e até mesmo com a força e suor nos trabalhos pesados.
Aos meus amados pais, George e Laura, pelo carinho e amor compartilhado, por
incentivarem sempre o caminho dos estudos e do trabalho e por terem paciência com minhas
Aos meus irmãos Liana e Lucas pelo apoio e à minha querida sobrinha Ilana, por
iluminar a minha vida de alegria e por estar muitas vezes sentada ao meu colo nos momentos
Ciência dos Materiais e à CAPES que me concederam esta oportunidade. Aos professores
Edson Cavalcanti, Rômulo Ribeiro, Maria Rita, José Milton e Marcelo Furtini por me
coordenação Kelson e Kilson pelo auxílio prestado e por tornar o ambiente mais amigável.
Agradecer ao Centro de Análise de Solos, no campus Cinobelina Elvas, em Bom Jesus, por
desde o processo de seleção e me orientar com tanta presteza, simpatia e acima de tudo, por
tornar-se um amigo.
Felipe, que no início da pesquisa esclareceu todas as dúvidas e forneceu o espaço da fábrica
Senhor Paulo, que prontamente auxiliou na fabricação dos tijolos até nos dias mais
improváveis, forneceu todo o solo utilizado na pesquisa e preservou todos os tijolos durante o
período de cura.
laboratório de solos, no qual foram depositados os solos e RCD e realizados alguns ensaios de
Silva, ao Técnico Moisés, ao Sargento André e a todos os soldados que ajudaram a carregar
Aos colegas de mestrado Antônio Bruno, Felippe Fabrício, Janete Martins, Joana
Medeiros, José Welinton, Patrício da Silva, Ricardo de Araújo e Weslley Sampaio, pelo
auxiliar nos ensaios mais pesados nos quais, muitas vezes, eu estava sozinha.
Aos amigos Luzana Brasileiro, Pablo Vieira, Maurício Marinho, Nayra Sousa,
Elizete Batista, Jocélia Resende, Teresinha Luz, Laise Danuce, Aline Chaves e demais amigos
LISTA DE FIGURAS............................................................................................................ IV
LISTA DE TABELAS............................................................................................................VI
RESUMO................................................................................................................................ IX
ABSTRACT............................................................................................................................. X
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 1
Geral ..................................................................................................................................... 3
Específicos ............................................................................................................................ 3
Referências ................................................................................................................................. 6
Resumo ..................................................................................................................................... 10
Abstract ..................................................................................................................................... 11
i
Referências ............................................................................................................................... 27
Resumo ..................................................................................................................................... 40
Abstract ..................................................................................................................................... 41
Referências ............................................................................................................................... 68
iii
LISTA DE FIGURAS
Figura 2.9 – a: Secagem dos tijolos em estufa; b: Tijolos imersos em tanque com água.........60
iv
Figura 2.12 – b: Comparativo das resistências com o mesmo percentual de cimento..............65
v
LISTA DE TABELAS
vi
LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS
A Absorção de Água
C Cimento
cm Centímetro
CP Cimento Portland
IP Índice de Plasticidade
kg Quilograma
vii
LL Limite de Liquidez
LP Limite de Plasticidade
m³ Metro Cúbico
mm Milimetro
NL Não Líquido
NP Não Plástico
R RCD
RS Resistente a Sulfatos
S Solo
t Tonelada
µm Micrômetro
viii
RESUMO
A construção civil é uma das atividades mais antigas e que mais cresce no mundo,
aplicação em tijolos de solo-cimento surge como alternativa sustentável, pois reduz a retirada
de solo natural do meio ambiente e gera um produto ecologicamente correto, que não passa
pelo processo de queima. Diante do exposto, este trabalho teve como objetivo utilizar RCD na
de solo, enquanto o cimento foi aplicado em percentuais de 8%, 10% e 12% em relação à
massa total. Os materiais utilizados, assim como as composições em que foram modelados os
ix
ABSTRACT
Civil construction is one of the oldest and fastest growing activities in the world, providing
investment, labor employability and, at the same time, consuming many natural resources and
alternative applied in the construction sector is the use of products that reduce the use of
natural resources, improve the destination of disposable materials in construction sites that
aims sustainability. The recycling of CDW and its application in soil-cement bricks emerges
as a sustainable alternative, as it reduces the removal of natural soil from the environment and
generates an ecologically correct product that does not go through the burning process.
According to the above, this research had the objective of using CDW in the manufacture of
soil-cement bricks, in percentages of 25% and 50% soil mass replacement, while cement was
applied in percentages of 8%, 10% and 12% in relation to the total mass. The materials used,
as well as the compositions in which the bricks were modeled, were characterized by
granulometry, soil texture, liquidity limit, plasticity limit, compaction, x-ray diffraction and x-
ray fluorescence. The bricks were submitted to water absorption tests and simple compression
strength. The results indicated the potential of CDW as alternative material in substitution for
natural material, in particular the ternary soil composition, 25% CDW and 12% cement.
x
INTRODUÇÃO
importância nas economias regional e global é a construção civil (Magdaleno & Nóbrega,
2016). Desde as primícias da humanidade até os dias atuais, essas atividades são realizadas de
maneira artesanal, criando como subproduto uma enorme quantidade de resíduos de natureza
diversificada, além de ser responsável pelo demasiado consumo de recursos naturais oriundos
colocando em perigo a sua sustentabilidade (Silva, de Brito & Dhir, 2014). A etapa de
construção responde por uma porção expressiva dos impactos ocasionados pela construção
civil no meio ambiente (Martínez, Nuñez & Sobaberas, 2013). A indústria da construção civil
é responsável pela extração de 14% a 50% dos recursos naturais do planeta (Silva & Silva
2015) e pela geração de resíduos que são descartados em aterros sem nenhum tratamento,
recursos naturais. Assim, existe uma vasta gama de investigação sobre o custo social e
economicamente viáveis (Coelho & de Brito, 2013a; Coelho & de Brito, 2013b), bem como
ter um impacto ambiental positivo (Coelho & de Brito, 2013c; Coelho & de Brito, 2013d).
gerados na União Europeia em 2014 foi superior a 2,5 milhões de toneladas, dos quais cerca
milhões de toneladas por ano, o que representa a maior quantidade de resíduos sólidos
1
urbanos – RSU (Contreras et al., 2016). A porção de entulho gerada nas cidades brasileiras é
2012).
para a gestão dos resíduos da construção civil, visando proporcionar benefícios de ordem
classes: Classe A (RCD recicláveis como os agregados); B (RCD recicláveis para outras
destinações como plásticos, papel/papelão, metais, entre outros); C (RCD sem tecnologia
disponível para reciclagem e aproveitamento como o gesso) e D (RCD perigosos como tintas,
solventes, óleos, fibrocimentos com amianto, entre outros) (Ângulo et al., 2011).
destacou-se neste trabalho os resíduos produzidos pela classe A, dentre eles os resíduos de
geração de RSU no Brasil chegou a 45,1 milhões de toneladas, o que significa um aumento de
presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras em satisfazer as suas próprias
necessidades (Kumbhar, Gupta & Desai, 2013). Dentre as soluções construtivas estão a
2
que agridam pouco o meio ambiente, reciclagem de resíduos, entre outros (de Oliveira, do
resistência. Além dessas vantagens, é possível construir sem que a natureza sofra os impactos
produzidos pela poluição dos resíduos da construção civil, como entulho de obra e poluição
fornecer ao solo adotado características apropriadas ao uso (Silva & Lafayette, 2016). A
maior quantidade de material empregado na fabricação desses tijolos é o solo, logo, sua
substituição por RCD reduz a progressiva exploração das jazidas para retirada de solos, além
Objetivo da Pesquisa
Geral
Específicos
solo-RCD-cimento.
3
Realizar ensaio de textura no solo, para determinar a descrição, identificação e
(FRX).
de Teresina;
mistura solo-RCD;
4
Avaliação do comportamento das composições através dos ensaios de absorção e
Conclusão.
Organização da Pesquisa
forma:
sob a forma de agregados reciclados. O artigo explana à cerca das disparidades da indústria da
reciclagem do RCD e sua aplicabilidade nos mais diversos ramos da construção civil,
Tecnologia do Piauí e da Associação de Moradores do Bairro Poti Velho, sendo que este
resultados e conclusão.
5
REFERÊNCIAS
ABRELPE (2015). Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2015. Disponível em:
Angulo, S. C., Teixeira, C. E., Castro, A. L. D., & Nogueira, T. P. (2011). Resíduos de
Boldrin, A. J., Machado, R. L., Campos, M. A., Lintz, R. C. C. (2006). Estudo das
Coelho A., de Brito J. (2013a). Economic viability analysis of a construction and demolition
waste plant in Portugal – Part I: location, materials, technology and economic analysis, J.
Coelho A., de Brito J. (2013b). Economic viability analysis of a construction and demolition
waste plant in Portugal – Part II: economic sensitivity analysis, J. Cleaner Prod. 39 (1), 329–
337.
Coelho A., de Brito J. (2013c). Environmental analysis of a construction and demolition waste
plant in Portugal – Part I: energy consumption and CO2 emissions. Waste Manage. 33 (5),
1258–1267.
waste plant in Portugal – Part II: environmental sensitivity analysis. Waste Manage. 33 (1),
147–161.
6
Contreras, M., Teixeira, S. R., Lucas, M. C., Lima, L. C. N., Cardoso, D. S. L., da Silva, G.
A. C., ... & dos Santos, A. (2016). Recycling of construction and demolition waste for
Kumbhar, S. A., Gupta, A., & Desai, D. B. (2013). Recycling and reuse of construction and
Development, 83-91.
Martínez, E., Nuñez, Y., & Sobaberas, E. (2013). End of life of buildings: Three alternatives,
two scenarios. A case study. The International Journal of Life Cycle Assessment, 18(5), 1082.
7
Sampaio, G. S., & Nunes, I. E. S. (2017). Estudo interdisciplinar da viabilidade de aplicação
Silva, L., & Lafayatte, K. P. V. (2016). Avaliação das propriedades do Resíduo da Construção
Civil RCC como subsídio para confecção de tijolos de solo-cimento. Revista de Engenharia e
Silva, R. V., De Brito, J., & Dhir, R. K. (2014). Properties and composition of recycled
aggregates from construction and demolition waste suitable for concrete production.
Silva, V. G. & Silva, M. G., Seleção de materiais e edifícios de alto desempenho ambiental.
In: Gonçalves, J. C. S.; Bode, K. N. Edifício ambiental. São Paulo: Oficina de Textos, 2015.
p. 129-151.
Oliveira, Y. L., Linhares Júnior, Z., Ancelmo L., Soares R. A. L. (2016). Estudo da
Velasco, P. M., Ortíz, M. M., Giró, M. M., & Velasco, L. M. (2014). Fired clay bricks
8
CAPÍTULO 1 – TIJOLOS DE SOLO-CIMENTO E RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO E
DEMOLIÇÃO: UMA QUESTÃO AMBIENTAL
9
TIJOLOS DE SOLO-CIMENTO E RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO E DEMOLIÇÃO:
UMA QUESTÃO AMBIENTAL
RESUMO
Uma parcela expressiva da economia de um país está relacionada a construção civil, com
degradar o meio ambiente, ao retirar uma vultosa quantidade de recursos naturais e por gerar
solo-cimento e suas vantagens ao ser utilizado em relação ao demais. Também são abordados
10
SOIL-CEMENT BRICKS AND WASTE FROM CONSTRUCTION AND
DEMOLITION: AN ENVIRONMENTAL ISSUE
Science Center of Nature – CCN, Campus University Minister Petrônio Portela, Ininga,
ABSTRACT
great employability of labor, but also through the environment, by removing a large amount
of natural resources and generating construction and demolition waste (CDW). The use of
products that reduce the use of natural resources, aiming at sustainability and improvements
manufacture of bricks. This paper presents researches that describe the origin and types of
bricks, highlighting the soil-cement brick and its advantages when used in relation to the
others. The generation, recycling and application of CDW in the manufacture of soil-cement
11
1.1 TIJOLO
A alvenaria é um dos processos construtivos mais antigos e o tijolo faz parte desse
processo (Mendes, Carvalho & Borges, 2012). Na construção civil, artesanal ou industrial, o
antiguidade, onde a cultura bizantina iniciou por meio de uma renovação do mundo
ter construções duradouras e resistentes, os tijolos surgiram como uma novidade tecnológica
de extrema importância, pelo fato de proporcionar que edificações fossem construídas com
Por ser um elemento fundamental de qualquer edificação, o tijolo necessita ser de excelente
Resistência ao fogo;
Pouca porosidade;
12
Pedra – bastante utilizada na antiguidade. Atualmente utilizada em fundações, muros
de arrimo e com propósito estético em muros aparentes. Pode ser aplicada tanto na alvenaria
cozido. A produção é feita com barro, água, palha e fibras naturais e a secagem é realizada ao
Tijolo de barro cozido – evolução do tijolo de barro cru, podendo ser chamado de
Tijolo refratário – tijolo cozido fabricado com argila engrandecida de materiais que,
ao serem colocados à forte exposição de calor, reduzem a retração mecânica. Trabalham como
isolantes térmicos.
de barro cozido, cujo modelo mais conhecido possui 21 furos cilíndricos e mede
Tijolo furado – também conhecido como “Tijolo baiano”, possui nas faces externas
Os tijolos mais comuns são fabricados com 6 e 8 furos. As vantagens são baixo peso, preço
devido ao alto preço. Assegura um excelente isolamento acústico, efeitos estéticos e entrada
de luminosidade no ambiente.
Bloco de concreto – o tipo comum, fabricado com cimento e pedrisco, é utilizado para
vedação. O outro tipo é utilizado como alvenaria estrutural e produzido com maior resistência,
para suportar cargas. Existe uma extensa variedade de tipos, formatos, dimensões e materiais.
13
Concreto celular – também chamado de “Pumex”, é fabricado através da mistura de
cimento com silicato de cálcio e utilizado para enchimento de lajes e fechamento de vãos.
chamado “Tijolo ecológico” é uma alternativa sustentável, pois não passa pelo processo de
técnico “bloco de terra comprimida – BTC” e em inglês é conhecido como “compressed earth
block – CEB” e “soil-cement brick” (Tijolo Eco, 2016). As etapas de fabricação e os tipos de
tijolos fabricados no Brasil estão descritos, respectivamente, na Figura 1.1 e na Tabela 1.1.
Transporte do solo
Dosagem
Amassamento
Moldagem
Cura e estocagem
Transporte do tijolo
Execução da obra
14
Tabela 1.1 – Tipos de tijolos de solo-cimento fabricados no Brasil.
Maciço comum
Canaletas
Fonte: Eco máquinas (2016), Eco produção (2016), Tijolo eco (2016).
15
Pisani (2006), estabelece os tipos de tijolos de solo-cimento e suas características
específicas:
argamassa.
Tijolo com dois furos e encaixes – Assentamento feito a seco, através do uso de cola
Meio tijolo com furo e encaixe – Parte de um tijolo que não necessita de quebras,
O clássico tijolo cerâmico de 6 ou 8 furos pode ser substituído pelo tijolo ecológico,
que constitui custos inferiores ao término da obra, em torno de 30% (Verdesaine, 2014 apud
Segundo Motta et al. (2014), o solo é a matéria-prima básica para a produção do tijolo
de maneira abundante em todo o planeta. De Oliveira, do Amaral & Schneider (2014) ainda
reportam que o solo é um material de baixo custo, por entrar em maior quantidade na mistura
para a fabricação do tijolo e pelo fato de poder utilizar o solo do próprio local da construção
da obra.
A olaria ecológica surgiu a partir desse método de fabricação do tijolo que não
promove destruição e não arremessa detritos de queima no meio ambiente, como acontece nas
16
olarias tradicionais (Souza & Polli, 2014). Outra vantagem da aplicação do tijolo de solo-
construção, devido ao acabamento liso das paredes monolíticas fornecido pela alvenaria
(Silva, 2013). A Figura 1.2 é um exemplo de construção que utilizou tijolos de solo-cimento
cimento não contribui com o desmatamento e não lança resíduos de combustão para o ar,
como costuma acontecer na cerâmica, além de reduzir a necessidade de transporte, pelo fato
dos tijolos poderem ser produzidos com o solo do próprio local da obra. A produção deste
material também mostra outras contribuições ambientais, como a adição de resíduos à mistura
construção convencional, os tijolo ecológicos trazem para a obra uma economia de 20% até
A indústria da construção civil é uma das maiores atividades realizadas desde o início
diversificada (Lintz et al., 2012; Pereira & Vieira, 2013). O consumo desses recursos naturais
acordo com Pereira (2015), o setor da construção civil anualmente requisita de 14% a 50%
fabricado nas cidades (Silva e Fernandes, 2012). Como exemplo, a indústria do concreto
explora 50% das matérias-primas, 40% do total de energia e gera cerca de 50% do total dos
resíduos (Behera et al., 2014). O RCD pode ser proveniente de limpeza de terreno, de obras
& Moreira, 2011 apud Brasileiro, 2015), além de tragédias naturais, como furacões,
18
Ulsen et al. (2010) determinou que em torno de 90% da massa total dos RCD
fabricados no Brasil, na Europa e em alguns países asiáticos era constituída por materiais de
origem mineral, entre eles solos, gessos, argamassas, materiais cerâmicos e concretos (Figura
1.3). Uma intensa quantidade de resíduos é produzida pela indústria da cerâmica vermelha,
que acumula restos de materiais desde o armazenamento pela má manipulação dos produtos
corresponde a sua progressiva participação no total dos resíduos sólidos urbanos (RSU)
relacionadas à construção civil (Oliveira et al., 2011; Paschoalin Filho et al., 2013).
resultante de resíduos da construção, enquanto em Hong Kong, chega a 25% dos resíduos
do total dos RSU. Já os resíduos domésticos atingem 36,73% do valor total (Begun et al.,
milhões de toneladas de RCD, o que representa um terço dos RSU do país (Yeheyis et al.,
2013). Em Israel é gerado 7,5 mihões de toneladas de RCD por ano, o que representam em
torno de 60% do total de RSU (Katz & Baum, 2011). Portugal gerou em torno de 7,8 milhões
de toneladas de RCD por ano, porém apenas 2,2 milhões de toneladas foram conduzidos para
A quantidade total de resíduos gerados na União Europeia em 2014 foi superior a 2,5
milhões de toneladas, dos quais cerca de 35% (860 milhões de toneladas) foram oriundas de
de toneladas por ano, representando a maior quantidade de RSU (Contreras et al., 2016;
1.4. Os dados referem-se a uma estimativa feita entre os anos de 2014 e 2015 a respeito da
maior parte da totalidade de RCD produzido. O Brasil gerou no ano de 2014 cerca de 44,6
20
que significa um aumento de 1,2% em relação a 2014. Entre as regiões do Brasil, a que
produziu a maior quantidade de RCD, em 2015, foi a Sudeste com 23,3 milhões de toneladas
por ano, seguida pelo Nordeste, com 8,7 milhões de toneladas por ano. A menor foi da região
Centro-Oeste, com apenas 1,7 milhões de toneladas por ano. Fazendo um comparativo em
relação a 2014, a região Norte foi a que teve o maior aumentando, 1,04%, porém, as demais
21
Segantini & Wada (2011) destacam que as atividades da construção civil fabricam
areia, madeira, cerâmica e pedra, entre outros materiais que possam ser reciclados. No Brasil,
em relação a quantidade total de RCD, são contabilizados somente os resíduos coletados pelo
setor público que são despejados em ambiente público (Confederação Nacional da Indústria –
CNI, 2014).
adequados para o disposição final dos resíduos, levam a avaliar medidas para a implantação
reciclagem (Cabral 2007; Evangelista, 2010; Silva & Fernandes, 2012; Martins, 2012).
Segantini & Pereira, 2008). Contribuem para a ampliação da vida útil dos aterros e
Friends of the Earth Europe (2010 apud Pereira & Vieira, 2013), em que afirmou que o setor
poderia gerar em torno de 563.000 postos de trabalho se 70% dos resíduos da União Europeia
fossem reciclados.
tratamento do RCD e designados a diferentes usos, entre eles a pedra reciclada pode ser
para drenagens e fabricação de concretos sem fins estruturais (da Silva & da Silva, 2016).
Em Portugal, cerca de 76% do RCD são colocados em aterro, 11% são reutilizados,
4% são incinerados e apenas 9% realmente são reciclados (Pereira, 2002 apud Coelho & de
22
Brito, 2013). Em outros países, a quantidade de RCD reciclados ou reutilizados é bem maior
em comparação a Portugal, como a Holanda (98%), Alemanha (86%), Lituânia (60%), Irlanda
(80%), Estônia (92%), Reino Unido (75%), Dinamarca (94%) e Áustria (60%) (European
Commission DG ENV 2011). Na Tanzânia o RCD não é reciclado (Sabai et al., 2013),
Evangelista et al. (2010 apud Silva & Fernandes, 2012) afirma que a atividades
alguma espécie de tratamento dos resíduos, os quais estão distribuídos conforme o nível de
As informações expostas afirmam que diversos países estão mais avançados com
relação a reciclagem de resíduos da construção e demolição (Silva, de Brito & Dhir, 2014).
Alguns países com taxa de reciclagem acima de 80% e outros com um índice pouco
significativo, como é o caso do Brasil, que não chega a 5% da reciclagem dos Estados Unidos,
que gira em torno de 140 milhões de toneladas (Bartoli, 2015). Espera-se que todos entendam
que a reciclagem e a reutilização de RCD são formas de aliviar o meio ambiente da pressão
construção civil (Levy & Helene, 1997; Brasileiro, 2013; Cabral et al., 2007; Carneiro et al.,
2001; Pinto, 1999; Lima, 1999; Segantini & Wada, 2011). A reciclagem de RCD pode ser
23
empregada para vários fins, dentre as numerosas possibilidades existentes, tais como:
diversos fins apresentaram bons resultados técnicos e de custo (Araújo et al., 2016; Cabral et
al., 2007; Vieira et al., 2004; Tenório et al., 2012; Richardson, 2010; Tam, 2008; Kou, 2004;
reciclados de tijolos (Khalaf, 2004), agregados reciclados de concreto (Mills-Beale & You,
2010; Wong, Sun & Lai, 2007; Paranavithana & Mohajerani, 2006), agregados de resíduos da
construção e demolição (Pérez, Pasandín & Medina, 2011; Aljassar, Al-Fadala & Ali, 2005) e
agregados de materiais de construção recuperados (Shen & Du, 2004; Shen & Du, 2005), com
resultados satisfatórios.
Brito & Veiga, 2007; Silva, 2006) e para produção de novos tijolos (Reis, 2007). Enquanto
Sousa, Bauer & Sposto (2002) confeccionaram, em sua pesquisa, componentes pré-moldados
24
Na fabricação de tijolos de solo-cimento, a maior quantidade de material corresponde
ao solo. Como maneira de reduzir a progressiva exploração das jazidas para retirada de solos
aliada à redução de locais destinados a aterros e a extensão dos processos de reciclagem dos
resíduos da construção civil, pesquisadores têm empregado RCD nos tijolos de solo-cimento,
com o intuito de impulsionar o seu regresso à cadeia da construção civil (Velasco et al.,
2014).
Souza, Segantini & Pereira (2008) estudou a composição do solo-cimento com solo
natural e com adição de resíduos de concreto. Em relação à massa do solo, utilizou solo mais
20% de resíduos de concreto, solo mais 40% de resíduos de concreto e solo mais 60% de
resíduos de concreto. Em cada uma dessas constituições foram utilizados os três teores de
concluíram que é possível utilizar até 60% de resíduos de concreto e menos de 6% de cimento
consumo de cimento.
Ferraz & Segantini (2004), empregaram as dosagens de solo natural, solo mais 20% de
cada caso, três teores de cimento (6%, 8% e 10%). Os resultados se mostraram favoráveis a
adição de resíduos, reduzindo custos e melhorando as propriedades mecânicas, pelo fato das
determinada em norma.
Na primeira etapa da pesquisa de Segantini & Wada (2011) foram analisados o solo
natural, solo mais 20% de RCD, solo mais 40% de RCD (em relação à massa de solo), com
três percentuais de cimento (6%, 8% e 10%) em cada composição. Na segunda etapa foram
estudadas misturas de 60%, 80% e 100% de RCD (em relação à massa de solo), para os quais
25
tijolos com boas qualidades podem ser fabricados com o percentual de 4% de cimento e
1.4 CONCLUSÃO
O uso dos tijolos é uma prática antiga na construção civil que, ao longo dos anos,
tende a buscar novas tecnologias para facilitar tanto a produção quanto a execução.
Especificamente o tijolo de solo-cimento ainda tem a fabricação mais simples que os tijolos
convencionais, mas ao mesmo tempo é necessário a busca por novas alternativas para reduzir
administração dos resíduos, o custo do material reciclado é bem menor do que o agregado
natural. A reciclagem demonstra ser uma das principais maneiras de destinação adequada dos
produtos.
voltando cada vez mais para esta realidade de reciclagem/ reutilização, procurando reduzir a
surgem como uma alternativa sustentável para a destinação dos resíduos, já que não há
26
arquitetura direcionada para o meio ambiente torna-se uma opção mais consciente para
sobreviver no futuro, ao utilizar tijolos ecológicos com adição de RCD para fornecer materiais
alternativos para a construção, que podem ser encontrados na localidade mais próxima, além
natureza e aos limites do conhecimento científico recente, por isso é necessário que haja uma
REFERÊNCIAS
ABRELPE (2015). Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2015. Disponível em:
Ainchil, J., Burgueño, A. (2004). State of the art of practical applications for the use of the
recycled materials through real cases in Catalonia. In: Proceedings of RILEM International
Aljassar, A. H., Al-Fadala, K. B., Ali, M. A. (2005). Recycling building demolition waste in
hot-mix asphalt concrete: a case study in Kuwait. Journal of Material Cycles and Waste
Management, 7, 112-115.
Araujo, F. P., Almeida, L. R., Silva Filho, E. C., Souza, J. S. N., Osajima, J. A. e Furtini, M.
B. (2016). A Study of the Chemical and Physical Characteristics of the Soils from the South
of Piauí for Soil-Cement Brick Production". Materials Science Forum, 869, 112-115.
27
Baptista, A. (2006). Bituminous Mixtures Recycled by Heat in a Plant e Contribution to Its
Study and Application (in Portuguese). PhD thesis on Civil Engineering, Science and
Bartoli, H. (2015). Brasil recicla cerca de 20% dos resíduos de construção. Disponível em:
<http://www.brasilengenharia.com/portal/noticias/noticias-da-engenharia/14151-brasilrecicla-
Bastos, G. D. A., Bastos, I. D. A., Fior, L., Hildebrand, L., Cerri, J. A., Araújo M. S. (2004).
fração cerâmica de entulho da construção civil – Um estudo de caso. In: I Conferência Latino-
Begun, R. A., Siwar, C., Pereira, J. J., Jaafar, A. H. (2006). A benefit-cost analysis on the
Behera, M., Bhattacharyya, S. K., Minocha, A. K., Deoliya, R., and Maiti, S. (2014).
Recycled aggregate from C&D waste & its use in concrete–A breakthrough towards
sustainability in construction sector: A review. Construction and building materials, 68, 501-
516.
properties of recycled aggregate concrete. Cement and Concrete Composites, 25 (2), 223-232.
Cabral A. E. B., Schalch V., Dal Molin D. C. C., Ribeiro J. L. D., Ravindrarajah R. S. (2007).
Ultimate shrinkage modeling of recycled aggregate concrete, Int. Conf. Eng. Environment,
Phuket.
<http://www.forumdaconstrucao.com.br/conteudo.php?a=7&Cod=93>. Acesso em 20 de
março de 2017.
agregado reciclado. In: Projeto Entulho Bom. Reciclagem de Entulho para a produção de
Coelho, A.; de Brito, J. (2013). Economic viability analysis of a construction and demolition
waste recycling plant in Portugal e part I: location, materials, technology and economic
29
Confederação Nacional da Indústria – CNI. (2014). Visão da Indústria Brasileira sobre a
Contreras, M., Teixeira, S. R., Lucas, M. C., Lima, L. C. N., Cardoso, D. S. L., da Silva, G.
A. C., ... & dos Santos, A. (2016). Recycling of construction and demolition waste for
<http://www.ebah.com.br/content/ABAAAfKjQAF/seminario-sobre-tijolos>. Acesso em 20
de março de 2017.
da Silva, A. L., Chaves, A. C., Neves, G. D. A., Oliveira, D. D. N. S., Luna, C. B. B. &
Páginas-90.
da Silva, L. F. F. & da Silva, M. A. (2016). Resíduos sólidos na construção civil: qual o custo
30
Eurostat (2017). Estatística de resíduos. Disponível em:
European Commission DG ENV (2011) Final Report Task 2 – Management of C&D waste.
Fraga, Y. S. B., Barbosa, A. Q., Santos, L. H. P., Mota, W. V., & Dortas, I. S. (2016).
Katz, A., & Baum, H. (2011). A novel methodology to estimate the evolution of construction
Khalaf, F. M. (2004). Recycling of clay bricks as aggregate in asphalt concrete. In: Vázquez,
E., Hendriks, Ch. F., Janssen G. M. T., editors. The use of recycled materials in buildings and
31
Kou, S. C., Poon, C. S., Chan, D. (2004). Properties of steam cured recycled aggregate fly ash
São Paulo.
Mendes, L. C., Lourenço, L. da C., Alves, V. R., Jordy, J. C., Lourenço, M. V. da C. (2010).
Disponível em <www.edutecne.utn.edu.ar/cinpar_2010/Topico%205/CINPAR%20072.pdf>.
Motta, J. C. S. S., Morais, P. W. P., Rocha, G. N., da Costa Tavares, J., Gonçalves, G. C.,
de 2017.
Paschoalin Filho, J. A.; Dias, A. J. G.; Cortes, P. L.; Duarte, E. B. L. (2013). Manejo de
resíduos de demolição gerados durante obras da arena de futebol Palestra Itália (Allianz
33
projeto “Aplicação sustentável de Resíduos de Construção e Demolição (RCD) em estruturas
Pérez, I., Pasandín, A. R., Medina, L.(2012) Hot mix asphalt using C & D waste as coarse
Paulo.
publication/271829933_Um_material_de_construcao_de_baixo_impacto_ambiental_o_tijolo_
Poon. C. S.; Yu, A. T. W.; Wong, A.; Yip, R. (2013). Quantifying the impact of construction
Richardson, A. (2010). Concrete with crushed, graded and washed recycled construction
Sabai, M. M., Cox, M. G. D. M., Mato, R. R., Egmond, E. L. C., Lichtenberg, J. J. N. (2013).
Concrete block production from construction and demolition waste in Tanzania. Resources,
34
Segantini, A. A. S.; Wada, P. H. (2011). Estudo de dosagem de tijolos de solo-cimento com
(2), 179-183.
Shen, D., Du, J. (2004). Evaluation of building materials recycling on HMA permanente
Shen, D., Du, J. (2005). Application of gray rational analysis to evaluate HMA with reclaimed
Silva, J., Brito, J. de, Veiga, R.(2007). Avaliação do Comportamento à Água de Argamassas
Silva, R. V., De Brito, J., & Dhir, R. K. (2014). Properties and composition of recycled
aggregates from construction and demolition waste suitable for concrete production.
of ceramic waste into binary and ternary soil-cement formulations for the production of solid
Silvestre, R.; Medel, E.; García, A.; Navas, J. (2013). Using Ceramic Wastes from Tile
Industry as a Partial Substitute of Natural Agregates in hot Mix Asphalt Binder Courses.
Simieli, D.; Mizumoto, C.; Segantini, A. A. S.; Salles, F. M. (2007). Utilização de agregados
Sousa, J.G.G.; Bauer, E.; Sposto, R.M. (2002). Blocos de concreto produzidos com agregados
16-21.
36
Tenório, J. J. L.; Gomes, P. C. C.; Rodrigues, C. C.; Alencar, T. F. F. Concrete produced with
2012.
considerações sobre a localização óptima das estações de reciclagem. Maquinaria, 229, 56-62.
Ulsen, C.; Kahn, H.; Ângulo, S. C.; John, V. M. (2010). Chemical composition of mixed
construction and demolition recycled aggregates from the State of São Paulo. Revista de
Velasco, P. M., Ortíz, M. M., Giró, M. M., & Velasco, L. M. (2014). Fired clay bricks
Wong, Y. D., Sun, D. D., Lai, D. (2007). Value-added utilization of recycled concrete in
37
Yeheyis, M.; Hewage, K.; Alam, M. S.; Eskicioglu, C.; Sadiq, R. (2013). An overview of
38
CAPÍTULO 2: UTILIZAÇÃO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO E DEMOLIÇÃO
39
UTILIZAÇÃO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO E DEMOLIÇÃO NA
RESUMO
destaca-se como alternativa para valorizar os materiais descartados nas obras. Este trabalho
teve por objetivo utilizar 8%, 10% e 12% de cimento na fabricação de tijolos de solo-cimento
Após a cura, os tijolos foram submetidos aos ensaios de absorção de água e resistência à
que indicou melhores resultados, foi a composição ternária de solo, 25% de RCD e 12% de
cimento. Ainda, as composições em que foi utilizado 50% de RCD apresentaram resistências
como uma boa opção para a substituição do material natural, proporcionando sustentabilidade
40
USE OF CONSTRUCTION AND DEMOLITION WASTES IN THE MANUFACTURE
OF SOIL-CEMENT BRICKS
Science Center of Nature – CCN, Campus University Minister Petrônio Portela, Ininga,
ABSTRACT
The manufacture of soil-cement bricks with the use of construction and demolition wastes
(CDW) stands out as an alternative to valorize the materials discarded in construction sites.
The objective of this research was to use 8%, 10% and 12% of cement in the manufacture of
soil-cement bricks and to partially use CDW, in 25% and 50% percentages, as soil mass
replacement. After curing, the bricks were subjected to water absorption tests and simple
compression strength. The materials used, as well as the compositions in which the bricks
compaction, x-ray diffraction and x-ray fluorescence tests. The results obtained in the
research indicated, of the compositions studied which indicated better results, was the ternary
soil composition, 25% CDW and 12% cement. Moreover, the compositions in which 50% of
CDW were used showed resistance close to or better than those of only soil and cement,
pointing to alternative materials as a good option for the replacement of natural resources,
41
2.1 INTRODUÇÃO
humanidade e, especificamente, para o ramo da construção civil, que é uma das atividades de
extrema importância nas economias regionais e global. A construção civil contribui para: a
Segundo Paschoalin Filho, Duarte & Faria (2016), a utilização de práticas gerenciais
essencial paradigma a ser discutido pelo meio técnico, uma vez que propicia a limitação da
contribui para a solidificação de uma boa imagem das empresas envolvidas junto ao mercado
consumidor.
O Brasil, no decorrer dos últimos anos, tem passado por um grande desenvolvimento
De acordo com Silva & Fernandes (2012), os resíduos da construção representam uma
parcela expressiva dos Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) podendo chegar a 60% dos resíduos
gerados pelas cidades, enquanto que, para Pinto (2003 apud BRASILEIRO 2013) varia de 41
recursos naturais estimulou pesquisas sobre técnicas de materiais e construção (Eko et al.,
42
2012; Ashour, Korjenic & Korjenic, 2015; Araújo et al., 2016). As ideias de sustentabilidade
esgotamento dos recursos naturais é uma dessas questões de sustentabilidade que é preciso
abordar de forma eficiente (Siqueira & Holanda, 2013). A tendência atual na indústria da
construção é usar a fonte alternativa de materiais de construção que pode substituir o uso de
reutilização destes resíduos podem reduzir o uso de recursos naturais (Behera, Minocha &
Deoliya, 2014).
Em muitas áreas do mundo, já existe uma escassez de material de fonte natural para a
produção de tijolos convencionais (Zhang, 2013). Nessa perspectiva, o uso de tijolos de solo-
cimento, segundo Motta et al. (2014) produz uma menor quantidade de resíduos e a matéria-
prima para a fabricação desse tipo de tijolo é abundante, pois utiliza apenas solo, cimento e
água. O tijolo solo-cimento, ou tijolo ecológico, pode ser montado através de encaixe,
Para Góis (2012), os tijolos ecológicos apresentam inúmeras vantagens em relação aos
tijolos cerâmicos, entre elas, maior conforto térmico e acústico, redução dos desperdícios e
cimento apresentam um menor custo de produção com alvenaria e transporte, uma vez que
podem ser produzidos no próprio canteiro de obras (Segantini & Wada, 2011).
43
2.2 PARTE EXPERIMENTAL
2.2.1 Materiais
O solo utilizado neste trabalho (Figura 2.1) foi extraído de jazida situada no bairro
Monte Verde, na cidade de Teresina-PI. Após ser coletado, o solo foi encaminhado para o
laboratório de solos do 2º Batalhão de Engenharia de Construção, onde foi disposto para secar
- Percentual de material que passa na peneira com abertura de malha de 4,8 mm (ABNT Nº
4) – 100%
- Percentual de material que passa na peneira com abertura de malha de 0,075 mm (ABNT
Nº 200) – 10 a 50%;
44
O RCD empregado foi gerado em diversas obras da cidade de Teresina-PI. A
princípio, houve a escolha do material a ser reciclado, a partir de inspeção visual dos resíduos
CONAMA), restos de tijolos, argamassas, cerâmicas, concreto, e etc., em volume por volta de
4,00 m³, conforme capacidade da caçamba (Figura 2.2a). Devido a cidade de Teresina não
segue uma amostra de RCD coletado para os estudos, após ser triturado e peneirado.
a b
de Teresina-PI. Por ser o utilizado nas construções locais e por indicar propriedades
estabilização química dos solos deve ser de 4%. Na literatura mais recente, Góis (2012) utiliza
o mínimo de 6%. Porém, em sua pesquisa, o tijolo que apresentou melhores resultados
utilizou 10% de cimento. Para esta pesquisa, optou-se em adotar os percentuais de cimento de
8%, 10% e 12% em relação à massa total. As composições de solo e RCD foram
nomenclatura das misturas de solo (S), cimento (C) e RCD (R) empregadas na moldagem dos
Moradores do Bairro Poti Velho, localizada na Avenida Boa Esperança nº 4267, Teresina-PI.
(1986). Para os tijolos produzidos pela Associação, para fins comerciais, adota-se o percentual
As misturas dos materiais foram realizadas manualmente com o auxílio de uma pá, e
os tijolos foram produzidos em uma prensa hidráulica semiautomática, obtendo-se tijolos com
altura de 8,0 cm, largura de 12,5 cm e comprimento de 25,0 cm, conforme Figura 2.4. Os
por um processo de cura mínima de 07 (sete) dias, sendo regados com água, durante todos os
dias de cura. Para cada mistura determinada, foram fabricados 10 (dez) tijolos, sendo 07 (sete)
água.
47
2.2.4 Caracterização dos materiais
plasticidade (LP), análise mineralógica por difração de raios X (DRX) e análise química por
distribuição do tamanho relativo dos grãos que formam a fase sólida dos solos é chamada de
granulometria. Nesta avaliação foi utilizado o método de ensaio da NBR 7181:2016, realizada
Uma amostra de solo foi coletada para a realização do ensaio de textura do solo,
em Bom Jesus.
dos torrões sendo, logo em seguida, passado pela peneira de malha 4,8 mm (Nº 4) e reservado
NBR 12023:2012 onde foram obtidos o teor de umidade ótima (Hot) e a massa específica
Em relação aos índices básicos que representam a plasticidade, os dois ensaios que
caracterizam o solo quanto a esse critério, são chamados de Limite de Liquidez (LL) e Limite
IP = LL – LP
cimento, que o limite de liquidez seja menor ou igual a 45% e que o limite de plasticidade seja
10833:2012.
As amostras das composições de solo, RCD e solo-RCD (25% e 50% de RCD) foram
submetidas a ensaios de difração de raios x. A análise DRX foi realizada pelo método do pó,
utilizando um difratômetro da marca Shimadzu, modelo XRD 6000, operando com tubo de
49
cobre (Cu K𝛼 1 = 015406 nm), realizando medidas no intervalo 2 entre 5 a 75° (graus), com
fluorescência de raios x (FRX), preparadas como pó solto. Aproximadamente 1,0 (um) grama
utilizando filtro de Si no ranger de sódio (Na) para amerício (Am) e tubo de raios X operado
sob 15 a 50 Kv e 1 mA.
Para a realização do ensaio foi utilizada a estufa de secagem da marca De Leo equipamentos
50
Materiais do Instituto Camilo Filho. Conforme a norma, os valores individuais de absorção de
M2−M1
𝐴= 𝑥 100
M1
Em que:
Após a cura de 07 (sete) dias, três tijolos de cada composição foram colocados em
estufa para secar, entre 105 ºC a 110 ºC, até atingir a constância da massa, obtendo-se o tijolo
seco, M1, em gramas (g). Após atingirem a temperatura ambiente, os tijolos foram imersos
em um tanque com água por 24 horas. Ao serem retirados da água, foram enxutos
Emic DL20000, com capacidade de 20.000 kgf, aos 14, 28 e 56 dias, respeitando as regras da
NBR 8492:2012.
Conforme essa norma, sete tijolos de cada mistura foram utilizados para os ensaios,
sendo, cada um, partido ao meio, perpendicularmente à sua maior dimensão. Criou-se uma
51
pasta de cimento Portland que foi colocada em repouso por aproximadamente 30 minutos,
para que ocorresse a expansão. Em seguida, as superfícies cortadas dos tijolos foram
superpostas por suas faces maiores de forma invertida e ligadas por uma fina camada da pasta
Para que ocorresse preciso contato entre as superfícies de trabalho, as faces dos corpos de
prova precisavam estar planas e paralelas, então foi necessário fazer uma regularização das
imersos em água por 6 horas, o mínimo recomendado pela norma. Por fim, foram retirados da
estabelecida através de peneiras com determinada abertura, constituindo uma série padrão.
acordo com a NBR 7181:2016, manipulando o seguinte conjunto de peneiras: 50,8; 38,1;
25,4; 19,1; 12,7; 9,5; 4,8; 2,0; 0,42 e 0,075 mm. As composições de solo-RCD fabricadas em
analisadas. Para cada ensaio, utilizou-se amostras de 1,5 Kg. O gráfico com as curvas
52
A NBR 10833:2012 que trata do procedimento para fabricação do tijolo de solo-
cimento especifica que o percentual de solo passante na peneira nº 4 deve ser de 100% e na
peneira nº 200 entre 10% e 50%. Conforme disposto na Figura 2.5, o material que passa na
peneira nº 4 corresponde a 89,5% do solo. Isso ocorre devido ao material ter uma pequena
quantidade de pedras que ficaram retidas. As misturas de solo-RCD com 75% de solo e solo-
RCD com 50% de solo, apresentaram percentuais que passaram na peneira nº 4 próximos a
100%. Todos os materiais que passaram pela peneira nº 200 estiveram dentro do limite entre
10% e 50%.
100
90
80
Solo 100%
Solo 75% + RCD 25%
Percentual que passa (%)
70
Solo 50% + RCD 50%
60
50
40
30
20
10
0
200 100 50 40 10 4 3/8" 1' 1"1/2 2"
Peneiras
53
Segundo Silva (2017) e Prado (2017), no Sistema Internacional – ISSS (escala de
De acordo com Motta et al. (2014) e Fraga et al. (2016), para a fabricação de tijolos de
O solo foi identificado com 22% de argila, 4,6% de silte e 73,4% de areia. Com base
nos resultados da Tabela 2.2, o solo foi classificado de acordo com o diagrama textural
adotado pela Sociedade Brasileira de Ciência do Solo (Medina, 1975) na classe textural como
franco-arenoso.
54
Os resultados indicaram um solo semelhante ao utilizado pela literatura e próximo aos
resultados determinados por Motta et al. (2014) e Fraga et al. (2016). Ferrari et al. (2014)
apresentou um solo considerado arenoso, com 78% de areia e 19% de argila e 3% de silte. O
solo arenoso de da Silva Milani & Barboza (2016) indicou composição granulométrica de
Na construção civil, a utilização do solo pode ser tanto da maneira natural, como ele é
meio da correção granulométrica ou pela adição de compostos químicos (Ferraz et al., 2000
apud Lima, 2006). Dos Reis, Negreiros & Canetomi (2016) empregam, para correção
propriedades ao material.
2.3.1.3 Compactação
determinar a umidade ótima do solo, para uma dada energia de compactação e determinar a
massa específica aparente máxima associada a umidade ótima. É uma técnica de estabilização
de solos realizada por emprego de energia, seja por vibração ou por impacto. A consequência
Figura 2.6.
55
Em comparação à composição de compactação apenas de solo, os demais
apresentaram maior umidade ótima e menor massa específica aparente seca máxima pois,
conforme Ay & Ünal (2000), o resíduo cerâmico, proveniente das olarias e da construção
S 6,2 2,00
S8C 6,3 1,99
S10C 6,8 1,98
S12C 6,3 1,96
S25R8C 8,2 1,95
S25R10C 8,8 1,96
S25R12C 8,5 1,96
S50R8C 7,4 1,98
S50R10C 7,7 1,96
S50R12C 6,9 1,91
2,0
Massa específica aparente seca máxima (g/cm³)
S8C
S10C
S50R8C
S50R10C
S25R12C
S12C
S25R8C
S25R10C
1,9
S50R12C
1,8
1,7
1,6
6,2 6,3 6,8 6,3 8,2 8,8 8,5 7,4 7,7 6,9
56
De acordo com Souza, Segantini & Pereira (2008), a adição de cimento ao solo, pela
maior quantidade de finos, normalmente tende a aumentar o valor da umidade ótima. Apesar
disso, os resultados foram não lineares entre as composições que utilizaram 12% de cimento,
6459:2016, o fechamento da ranhura ocorreu com apenas 8 golpes, logo, a amostra não
apresentou limite de liquidez (NL – Não Líquido). A norma especifica que é preciso ocorrer o
cilindro com 3 mm de diâmetro, porém, a amostra de solo não permitiu a formação desse
cilindro. Considera-se, então, que a amostra não apresentou limite de plasticidade (NP – Não
Plástico).
Com base nos resultados, em que não foi possível determinar os limites de liquidez e
considerado não plástico (NP). O fato do solo não apresentar características plásticas é
corroborado pelo resultado do ensaio de textura, que apresentou menor quantidade de silte e
maior quantidade de areia, conforme ocorreu com o solo utilizado por Ferrari et al. (2014),
Castro et al. (2016), da Silva Milani & Barboza (2016) e Faria, Battistelle & Neves (2016).
57
2.3.1.5 Análise mineralógica e química dos materiais
2 RCD
2 Solo
1 RCD/25% Solo
3 RCD/50% Solo
1
1 1 2
2 2 1 - Caulinita: Al2Si2O5(OH)4
1 2 1 2
Intensidade /a.u.
1 2 1 2 - Quartzo: SiO2
5
3 - Silicato de Cálcio Hidratado:
1 3CaO·2SiO2·3H2O
3
4
4 - Goetita: FeO(OH)
5 - Dolomita: Ca(Mg)(CO3)2
5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75
2 /°
Conforme a Figura 2.7, é possível observar que o solo é composto de caulinita (2
12,5º, 20º, 25º, 35º, 36º, 50º, 55º, 62º) e quartzo (2 21º, 26º, 38º, 41º, 42,5º, 45º, 60º, 67,5º),
enquanto o RCD é composto majoritariamente por caulinita (2 12,5°, 21°), quartzo (2
21°, 26° e 60°), silicato de cálcio hidratado (2 26°, 50°), goetita (2 29º) e uma pequena
silicato de cálcio hidratado, goetita e dolomita (2 33º), corroborado pela análise de
58
Figura 2.8 – Fluorescência de raios x do solo, RCD e solo-RCD.
60
Solo
RCD
50 Solo/25% RCD
Percentagem de elementos (%) Solo/50% RCD
40
30
20
10
0
Mg Al Si S K Ca Ti Mn Fe
Elementos
elevados teores de silício (58,30%) e alumínio (32,21%), o que indica uma forte presença dos
(15,04%), ferro (9,50%) e magnésio (4,09%), determinando a presença dos minerais calcita,
A mistura de solo e 25% de RCD contém silício (54,35%), alumínio (25,38%), cálcio
(7,92%), ferro (7,61%) e magnésio (1,22%), enquanto a mistura de solo e 50% de RCD
contém silício (47,54%), alumínio (22,02%), cálcio (15,61%), ferro (8,28%) e magnésio
(2,35%).
59
2.3.2 Caracterização dos tijolos
A realização dos ensaios de absorção de água nos tijolos fabricados ocorreu de acordo
com a NBR 8492:2012 e é demonstrado na Figura 2.9 (a e b). Os resultados alcançados pelas
Figura 2.9 – a) Secagem dos tijolos em estufa; b) Tijolos imersos em tanque com água.
a b
Durante a moldagem dos tijolos, não é aplicada tanta energia quanto na compactação,
tijolos e aumento no teor de absorção de água dos mesmos. Como previsto pela norma, todos
os tijolos ensaiados foram aprovados, pois os resultados indicaram índices individuais abaixo
do valor máximo permitido de 22%, bem como índices médios abaixo de 20%.
60
Tabela 2.4 – Absorção de água dos tijolos.
18
17
16
15
Absorção (%)
14
13
12
11
10
9
S25R10C
S25R12C
S50R10C
S50R12C
S25R8C
S50R8C
S8C
S10C
S12C
diminuem os poros vazios e diminui a absorção. Nos tijolos das composições S8C, S10C e
S12C a absorção reduziu com o aumento do teor de cimento, fato semelhante ocorreu nas
composições com 25% e 50% de RCD. Os tijolos com RCD, S25R8C e S25R10C têm
S50R10C.
61
2.3.2.2 Resistência à compressão simples dos tijolos
cimento e solo-RCD-cimento foram executados de acordo com a NBR 8492:2012, aos 14, 28
as resistências aumentaram, para cada percentual de RCD (0%, 25% e 50%). As composições
composições que utilizaram apenas solo e cimento. Os resultados obtidos nos ensaios aos 14 e
28 dias não alcançaram a resistência média determinada pela Norma 8491:2012, que é de 2,0
62
MPa aos 07 dias. A composição S25R12C foi a que atingiu a melhor média de resistência aos
28 dias, de 1,85 Mpa (Figura 2.11b), porém, apenas aos 56 dias, essa composição atendeu
integralmente aos parâmetros estabelecidos pela norma, com resistências na média de 2,18
Mpa (Figura 2.11b). Esse valor está de acordo com os resultados de Góis (2012), nos quais os
S8C a S25R8C b
2,2 2,2
0,4 0,6
0,2 0,4
14 28 56 14 28 56
Dias Dias
2,4
S50R8C
2,2
S50R10C c
S50R12C
Resistência à compressão simples (MPa)
2,0
1,8
1,6
1,4
1,2
1,0
0,8
0,6
0,4
0,2
14 28 56
Dias
63
Para que ocorra elevação da resistência à compressão dos tijolos aos níveis exigidos
pela norma, faz-se necessário ter um maior período de tempo para que ocorra a reação
pozolânica, o que foi demonstrado pelos dados obtidos aos 56 dias, ou se aumentar o teor de
cimento em relação à quantidade de solo, pois com 12% de cimento não se alcança a
estão na Figura 2.12a. Aos 14 dias, S8C atingiu resistência média de 0,35 MPa, enquanto
S50R8C chegou a 0,33 MPa. Aos 28 dias, S8C chegou a 0,61 Mpa e S50R8C a 0,67 MPa e
aos 56 dias S8C obteve 0,72 MPa e S50R8C 0,81 MPa, demonstrando que a substituição de
solo por RCD alcança resistência aproximada ou até melhor que a amostra de solo-cimento.
Todos os ensaios da composição com 25% de RCD apresentaram resultados mais satisfatórios
que as demais.
1,25 S50R8C
1,00
0,75
0,50
0,25
0,00
14 dias 28 dias 56 dias
Na Figura 2.12b estão os resultados das resistências que utilizaram 10% de cimento na
composição dos tijolos. Aos 14 dias, S10C adquiriu resistência média de 0,41 MPa, S25R10C
64
0,62 Mpa e S50R10C 0,51MPa. Nos resultados aos 28 dias, S10C atingiu 1,16 MPa,
S25R10C 1,45 MPa, S50R10C 0,95 MPa e aos 56 dias, S10C chegou a 1,40 MPa, S25R10C a
1,78 MPa e S50R10C 1,17MPa, comprovando que todos os ensaios da mistura com 25% de
RCD e apenas o ensaio aos 14 dias da mistura com 50% de RCD alcançaram resultados
S50R10C
1,75
1,50
1,25
1,00
0,75
0,50
0,25
0,00
14 dias 28 dias 56 dias
comparações de resultados semelhantes aos feitos na Figura 2.12b. S12C, aos 14 dias, chegou
a resistência média de 0,54 MPa, enquanto S25R12C a 0,90 MPa e S50R12C a 0,52 MPa.
Nos ensaios aos 28 dias, S12C alcançou 1,17 MPa, S25R12C a 1,85 MPa e S50R12C a 1,08
MPa. Por fim, aos 56 dias, S12C chegou a 1,46 MPa, S25R12C a 2,18 MPa e S50R12C a
1,29 MPa.
resistências das composições que adotaram apenas solo-cimento foram bem aproximados das
composições que utilizaram 50% de RCD e foram menores do que os resultados das
65
composições com 25% de RCD, comprovando que o resíduo pode substituir o solo nas
S50R12C
2,00
1,75
1,50
1,25
1,00
0,75
0,50
0,25
0,00
14 dias 28 dias 56 dias
O RCD contém material proveniente de concreto, reboco, entre outros que possui
cimento na composição que, ao longo do tempo, adquire maior reação pozolânica e melhora a
resistência dos tijolos. O RCD reduz a quantidade de solo utilizada nos tijolos, além de
As misturas S8C, S10C e S12C são parâmetros de referência para comparar com os
resultados das misturas que contêm RCD. A composição S8C é o mesmo percentual de
Bairro Poti Velho, na cidade de Teresina-PI. Pegou-se uma amostra de sete tijolos fabricados
pela Associação que estavam com 56 dias e realizou-se o ensaio de resistência à compressão
simples. O resultado médio foi de 0,73 MPa, enquanto a composição S8C da pesquisa que
possui o mesmo traço utilizado pela fábrica da Associação atingiu 0,72 MPa. Ambos os
66
resultados não atingiram o mínimo normatizado. Essa baixa resistência dos tijolos de solo-
cimento é corroborada pelo ensaio de FRX, que determinou alta presença de Silício nas
2.4 CONCLUSÃO
Com base nas informações obtidas a partir das caracterizações dos materiais e dos
tijolos, pode-se concluir que a inclusão de RCD nas misturas das composições dos tijolos
sustentabilidade.
franco-arenoso, o solo necessita de correções granulométricas que podem ser realizadas com a
utilização de resíduos da construção, dentre eles, o cerâmico. Com base nos resultados
verificados nos ensaios de resistência, verificou-se que a substituição do solo por RCD traz
compressão simples mais satisfatórios do que os tijolos produzidos apenas com solo-cimento.
Como a resistência aumenta ao longo do tempo, os valores obtidos nos ensaios aos 56 dias
as exigências das normas técnicas vigentes para uso em alvenaria sem fins estruturais, com
Apesar das composições com 50% de RCD não atingirem a resistência determinada
em norma, foi possível comprovar que seus resultados foram semelhantes às resistências das
67
misturas que possuem apenas solo e cimento. Aos 14 dias, as composições de solo-cimento
com 8%, 10% e 12% de cimento obtiveram as resistências de 0,35 MPa, 0,41 MPa e 0,54
Por fim, pela caracterização dos tijolos a partir dos ensaios de resistência realizados
que o tijolo fabricado pela Associação dos Moradores do Bairro Poti Velho, pois as
REFERÊNCIAS
de tijolos de solo-cimento com a utilização de prensas manuais. 3. ed. Rev. atual. São Paulo,
cimento; Normas de dosagem e métodos de ensaios. 3.ed. Revisada pelo Eng. Márcio Rocha
8p.
68
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7180: Solo - Determinação
de Janeiro, 2012. 3 p.
Araujo, F. P., Almeida, L. R., Silva Filho, E. C., Souza, J. S. N., Osajima, J. A. e Furtini, M.
B. (2016). A Study of the Chemical and Physical Characteristics of the Soils from the South
of Piauí for Soil-Cement Brick Production". Materials Science Forum, 869, 112-115.
Ashour, T., Korjenic, A., & Korjenic, S. (2015). Equilibrium moisture content of earth bricks
biocomposites stabilized with cement and gypsum. Cement and Concrete Composites, 59, 18-
25.
69
Ay, N.; Ünal, M. (2000). The use of waste ceramic tile in cement production. Cement and
Behera, M., Bhattacharyya, S. K., Minocha, A. K., Deoliya, R., and Maiti, S. (2014).
Recycled aggregate from C&D waste & its use in concrete–A breakthrough towards
sustainability in construction sector: A review. Construction and building materials, 68, 501-
516.
Castro, M. A. M., da Costa, F. G., Borba, S. C., Neto, E. F., & Rabelo, A. A. (2016).
de 2002. Dispõe sobre a gestão dos resíduos da construção civil. Ministério das Cidades,
Contreras, M., Teixeira, S. R., Lucas, M. C., Lima, L. C. N., Cardoso, D. S. L., da Silva, G.
A. C., dos Santos, A. (2016). Recycling of construction and demolition waste for producing
new construction material (Brazil case-study). Construction and Building Materials, 123, 594-
600.
civil na fabricação de tijolos solo-cimento. Revista Científica ANAP Brasil, 9(16), 45-56.
Eko, R. M., Offa, E. D., Ngatcha, T. Y., & Minsili, L. S. (2012). Potential of salvaged steel
fibers for reinforcement of unfired earth blocks. Construction and Building Materials, 35,
340-346.
Faria, O. B., Battistelle, R. A. G., & Neves, C. (2016). Influence of the addition of" synthetic
termite saliva" in the compressive strength and water absorption of compacted soil-
Ferrari, V. J., Souza, A. H. C., Baltazar, H. P., Dotto, W., & Vieira Neto, J. G. (2014). Tijolos
Fraga, Y. S. B., Barbosa, A. Q., Santos, L. H. P., Mota, W. V., & Dortas, I. S. (2016).
28p.
71
Lima, T. V. (2006). Estudo da produção de blocos de solo-cimento com matérias-primas do
Medina, H.P. (1975). Constituição física. ln: MONIZ, A.C. (coord) Elementos de Pedologia.
Motta, J. C. S. S., Morais, P. W. P., Rocha, G. N., da Costa Tavares, J., Gonçalves, G. C.,
Paschoalin Filho, J. A., de Lima Duarte, E. B., e de Faria, A. C. (2016). Geração e manejo dos
resíduos de construção civil nas obras de edifício comercial na cidade de São Paulo. Revista
(2), 179-183.
72
Silva, A. P. (2017). Textura do solo. Disponível em:
de maio de 2017.
344, 2012.
Siqueira, F. B., & Holanda, J. N. F. (2013). Reuse of grits waste for the production of soil–
Sherwood, P.T. Soil stabilization with cement and lime: state of the art review. London:
Ambiental, 205-212.
Zhang, L. (2013). Production of bricks from waste materials–A review. Construction and
73
CONSIDERAÇÕES FINAIS
dos RCD na construção civil proporcionam pesquisas e estudos com o intuito de garantir a
qualidade dos produtos e serviços que empregam matéria-prima reciclada, além de incentivar
civil, no Brasil, necessitam conhecer com premência a destinação dos seus resíduos, para que
ambiental.
74
PERSPECTIVAS FUTURAS
Utilizar a mesma metodologia deste trabalho para novas composições de solo, RCD e
cimento;
75