Utilização de Resíduos Da Construção e Demolição Na Fabricação de Tijolos de Solo-Cimento

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUI

CENTRO DE TECNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA DOS
MATERIAIS

UTILIZAÇÃO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO E DEMOLIÇÃO NA


FABRICAÇÃO DE TIJOLOS DE SOLO-CIMENTO

Lívia Racquel de Macêdo Reis


José Milton Elias de Matos

Teresina - Piauí
2017
LÍVIA RACQUEL DE MACÊDO REIS

UTILIZAÇÃO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO E DEMOLIÇÃO NA


FABRICAÇÃO DE TIJOLOS DE SOLO-CIMENTO

Dissertação submetida ao Programa de Pós-


Graduação em Ciência dos Materiais da
Universidade Federal do Piauí – UFPI, como
requisito complementar à obtenção do título de
Mestre em Ciência dos Materiais.

ORIENTADOR: JOSÉ MILTON ELIAS DE MATOS

Teresina-Piauí
2017
“Se a gente acreditar que as coisas

darão certo, elas darão...Isso se chama

fé!”

(Anna L. Ramos)
DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos meus pais, George e

Laura, pelo amor, incentivo e inspiração. Exemplos

de luta e vitória que eu quero sempre seguir.


AGRADECIMENTOS

O primeiro e maior agradecimento é a Deus, fonte de toda inspiração, por iluminar

e guiar meu caminho e por permitir a realização de mais um sonho em minha vida.

Dedico os mais sinceros e profundos agradecimentos a todos aqueles que de

alguma forma contribuíram para a realização deste meu objetivo. Alguns contribuíram com

um simples gesto de amor, paciência, força e incentivo, outros com informações

indispensáveis, conhecimento técnico e até mesmo com a força e suor nos trabalhos pesados.

Aos meus amados pais, George e Laura, pelo carinho e amor compartilhado, por

incentivarem sempre o caminho dos estudos e do trabalho e por terem paciência com minhas

incansáveis noites em claro.

Aos meus irmãos Liana e Lucas pelo apoio e à minha querida sobrinha Ilana, por

iluminar a minha vida de alegria e por estar muitas vezes sentada ao meu colo nos momentos

de inspiração ao escrever este trabalho.

À Universidade Federal do Piauí (UFPI), ao Programa de Pós-Graduação em

Ciência dos Materiais e à CAPES que me concederam esta oportunidade. Aos professores

Edson Cavalcanti, Rômulo Ribeiro, Maria Rita, José Milton e Marcelo Furtini por me

proporcionar o conhecimento e maior interesse na área de pesquisa. Aos funcionários da

coordenação Kelson e Kilson pelo auxílio prestado e por tornar o ambiente mais amigável.

Agradecer ao Centro de Análise de Solos, no campus Cinobelina Elvas, em Bom Jesus, por

realizar o ensaio de textura. Agradecer também à Prefeitura Universitária, em nome de

Gabriela Celso, por fornecer um caminhão para o transporte do RCD, ao Laboratório

Multidisciplinar de Materiais Avançados (LIMAV) por realizar ensaios químicos, ao

Laboratório de Materiais de Construção do Centro de Tecnologia por armazenar o RCD

britado nas suas dependências e ao Laboratório de Metrologia e Ensaios Mecânicos, em

especial aos técnicos Miqueias e Jean, por conduzirem os ensaio de resistência.


Ao querido orientador Prof. Dr. José Milton Elias de Matos por acreditar em mim

desde o processo de seleção e me orientar com tanta presteza, simpatia e acima de tudo, por

tornar-se um amigo.

À empresa JAS Tirentulho por fornecer uma caçamba de resíduos da construção e

demolição e transportar até o britador.

À Remanso Mineradora e Construtora, por permitir que todos os resíduos

presentes no entulho fossem britados.

À Associação de Moradores do Bairro Poti Velho, presidida pelo Senhor Luís

Felipe, que no início da pesquisa esclareceu todas as dúvidas e forneceu o espaço da fábrica

de tijolos ecológicos para a fabricação das composições estudadas. Agradeço, em especial, ao

Senhor Paulo, que prontamente auxiliou na fabricação dos tijolos até nos dias mais

improváveis, forneceu todo o solo utilizado na pesquisa e preservou todos os tijolos durante o

período de cura.

Ao 2º Batalhão de Engenharia e Construção, pela disponibilidade do seu

laboratório de solos, no qual foram depositados os solos e RCD e realizados alguns ensaios de

caracterização dos materiais deste trabalho. Agradecer ao Tenente-Coronel Alessandro da

Silva, ao Técnico Moisés, ao Sargento André e a todos os soldados que ajudaram a carregar

material e contribuíram para a colheita dos resultados.

Ao Instituto Camilo Filho, em especial ao Técnico Marcelo por permitir utilizar o

laboratório de materiais para realização de alguns ensaios nos tijolos.

Ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí por realizar os

ensaios químicos no laboratório de materiais.

Aos colegas de mestrado Antônio Bruno, Felippe Fabrício, Janete Martins, Joana

Medeiros, José Welinton, Patrício da Silva, Ricardo de Araújo e Weslley Sampaio, pelo

apoio, incentivo, auxílio e convívio ao longo desta jornada.


Aos meus ex-alunos Ian Gustavo e Silvio Romero pela gentileza e presteza em

auxiliar nos ensaios mais pesados nos quais, muitas vezes, eu estava sozinha.

Aos amigos Luzana Brasileiro, Pablo Vieira, Maurício Marinho, Nayra Sousa,

Elizete Batista, Jocélia Resende, Teresinha Luz, Laise Danuce, Aline Chaves e demais amigos

por todo o carinho, ajuda, preocupação e compreensão.


SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS............................................................................................................ IV

LISTA DE TABELAS............................................................................................................VI

LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS....................................................................VII

RESUMO................................................................................................................................ IX

ABSTRACT............................................................................................................................. X

INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 1

Objetivo da pesquisa ................................................................................................................... 3

Geral ..................................................................................................................................... 3

Específicos ............................................................................................................................ 3

Procedimentos para alcançar os objetivos .................................................................................. 4

Organização da pesquisa ............................................................................................................ 5

Referências ................................................................................................................................. 6

CAPÍTULO 1 – TIJOLOS DE SOLO-CIMENTO E RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO E

DEMOLIÇÃO: UMA QUESTÃO AMBIENTAL ................................................................9

Resumo ..................................................................................................................................... 10

Abstract ..................................................................................................................................... 11

1.1 Tijolo .................................................................................................................................. 12

1.2 Tijolo solo-cimento ............................................................................................................ 14

1.3 Resíduos da construção e demolição – RCD ...................................................................... 18

1.3.1 Geração de RCD .......................................................................................................... 18

1.3.2 Reciclagem de RCD .................................................................................................... 21

1.3.3 Aplicabilidade do RCD ............................................................................................... 23

1.4 Conclusão ........................................................................................................................... 26

i
Referências ............................................................................................................................... 27

CAPÍTULO 2 – UTILIZAÇÃO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO E DEMOLIÇÃO

NA FABRICAÇÃO DE TIJOLOS DE SOLO-CIMENTO ...............................................39

Resumo ..................................................................................................................................... 40

Abstract ..................................................................................................................................... 41

2.1 Introdução ........................................................................................................................... 42

2.2 Parte experimental .............................................................................................................. 44

2.2.1 Materiais ...................................................................................................................... 44

2.2.2 Composições aplicadas na pesquisa ............................................................................ 46

2.2.3 Produção dos tijolos .................................................................................................... 47

2.2.4 Caracterização dos materiais....................................................................................... 48

2.2.4.1 Análise granulométrica ...................................................................................... 48

2.2.4.2 Ensaio de textura ............................................................................................... 48

2.2.4.3 Ensaio de compactação ...................................................................................... 48

2.2.4.4 Limite de liquidez e limite de plasticidade ........................................................ 49

2.2.4.5 Análise mineralógia por difração de raios x ...................................................... 49

2.2.4.6 Análise química por fluorescência de raios x .................................................... 50

2.2.5 Caracterização dos tijolos ............................................................................................ 50

2.2.5.1 Ensaio de absorção de água ............................................................................... 50

2.2.5.2 Ensaio de resistência à compressão simples ...................................................... 51

2.3 Resultados e discussão ....................................................................................................... 52

2.3.1 Caracterização dos materiais ....................................................................................... 52

2.3.1.1 Análise granulométrica ...................................................................................... 52

2.3.1.2 Ensaio de textura do solo ................................................................................... 53

2.3.1.3 Compactação ..................................................................................................... 55


ii
2.3.1.4 Limite de liquidez e limite de plasticidade ........................................................ 57

2.3.1.5 Análise mineralógica e química dos materiais .................................................. 58

2.3.2 Caracterizaçao dos tijolos ............................................................................................ 60

2.3.2.1 Absorção de água dos tijolos ............................................................................. 60

2.3.2.2 Resistência à compressão simples dos tijolos.................................................... 62

2.4 Conclusão ........................................................................................................................... 67

Referências ............................................................................................................................... 68

CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................. 74

PERSPECTIVAS FUTURAS ................................................................................................ 75

iii
LISTA DE FIGURAS

CAPÍTULO 1 – TIJOLOS DE SOLO-CIMENTO E RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO E


DEMOLIÇÃO: UMA QUESTÃO AMBIENTAL

Figura 1.1 – Etapas de fabricação dos tijolos de solo-cimento.................................................14

Figura 1.2 – Casa construída com tijolo ecológico...................................................................17

Figura 1.3 – Resíduos da construção e demolição....................................................................19

Figura 1.4 – Total de RCD coletado no Brasil e por região no Brasil......................................21

CAPÍTULO 2 – UTILIZAÇÃO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO E DEMOLIÇÃO


NA FABRICAÇÃO DE TIJOLOS DE SOLO-CIMENTO

Figura 2.1 – Amostra do solo coletado para pesquisa...............................................................44

Figura 2.2 – a: Caçamba contendo resíduos classe A; b: Amostra de RCD.............................45

Figura 2.3 – Britador de mandíbulas.........................................................................................45

Figura 2.4 – Produção de tijolo solo-cimento...........................................................................47

Figura 2.5 – Curvas granulométricas do solo e solo-RCD.......................................................53

Figura 2.6 – Gráfico de compactação das composições...........................................................56

Figura 2.7 – Difração de raios x do solo, RCD e solo-RCD.....................................................58

Figura 2.8 – Fluorescência de raios x do solo, RCD e solo-RCD.............................................59

Figura 2.9 – a: Secagem dos tijolos em estufa; b: Tijolos imersos em tanque com água.........60

Figura 2.10 – Absorção de água dos tijolos..............................................................................61

Figura 2.11 – a, b, c: Resistência dos tijolos solo-cimento e solo-RCD-cimento.....................63

Figura 2.12 – a: Comparativo das resistências com o mesmo percentual de cimento..............64

iv
Figura 2.12 – b: Comparativo das resistências com o mesmo percentual de cimento..............65

Figura 2.12 – c: Comparativo das resistências com o mesmo percentual de cimento..............66

v
LISTA DE TABELAS

CAPÍTULO 1 – TIJOLOS DE SOLO-CIMENTO E RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO E


DEMOLIÇÃO: UMA QUESTÃO AMBIENTAL

Tabela 1.1 – Tipos de tijolos de solo-cimento fabricados no Brasil........................................ 15

CAPÍTULO 2 – UTILIZAÇÃO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO E DEMOLIÇÃO


NA FABRICAÇÃO DE TIJOLOS DE SOLO-CIMENTO

Tabela 2.1 – Nomenclatura das composições de solo-cimento e RCD ................................... 46

Tabela 2.2 – Ensaio de textura do solo .................................................................................... 54

Tabela 2.3 – Umidade ótima e massa específica aparente seca máxima................................. 56

Tabela 2.4 – Absorção de água dos tijolos .............................................................................. 61

Tabela 2.5 – Resistência dos tijolos ........ ............................................................................... 62

vi
LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS

A Absorção de Água

ABCP Associação Brasileira de Cimento Portland

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

ABRELPE Associação Brasileira de Limpeza Pública e Resíduos Especiais

APA Agência Portuguesa do Ambiente

BEC Batalhão de Engenharia e Construção

BTC Bloco de Terra Comprimida

C Cimento

CEB Compressed Earth Block

CNI Confederação Nacional da Indústria

CONAMA Conselho Nacional de Meio Ambiente

cm Centímetro

CP Cimento Portland

DRX Difração por Raios X

EPD Environmental Protection Department

FRX Fluorescência por Raios X

Hot Umidade Ótima

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IP Índice de Plasticidade

ISSS Sistema Internacional

kg Quilograma

LABMAT Laboratório de Materiais

LIMAV Laboratório Multidisciplinar de Materiais Avançados

vii
LL Limite de Liquidez

LP Limite de Plasticidade

M1 Massa do Corpo de Prova Seco

M2 Massa do Corpo de Prova Saturado

MPa Mega Pascal

m³ Metro Cúbico

mm Milimetro

NBR Norma Brasileira

NL Não Líquido

NP Não Plástico

PNSB Pesquisa Nacional de Saneamento Básico

R RCD

RCD Resíduos da Construção e Demolição

RCS Resistência à Compressão Simples

RS Resistente a Sulfatos

RSU Resíduos Sólidos Urbanos

S Solo

SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

t Tonelada

USDA Sistema Norte-Americano

smax Massa Específica Aparente Seca Máxima

µm Micrômetro

viii
RESUMO

A construção civil é uma das atividades mais antigas e que mais cresce no mundo,

proporcionando investimentos, empregabilidade de mão-de-obra e, ao mesmo tempo,

consumindo muitos recursos naturais e gerando resíduos da construção e demolição (RCD),

que levam a impactos ambientais. Uma alternativa aplicada no setor da construção é o

emprego de produtos que reduzam o consumo de recursos naturais, melhorem o destino de

materiais descartáveis em obras e visem a sustentabilidade. A reciclagem do RCD e sua

aplicação em tijolos de solo-cimento surge como alternativa sustentável, pois reduz a retirada

de solo natural do meio ambiente e gera um produto ecologicamente correto, que não passa

pelo processo de queima. Diante do exposto, este trabalho teve como objetivo utilizar RCD na

fabricação de tijolos de solo-cimento, em percentuais de 25% e 50% em substituição à massa

de solo, enquanto o cimento foi aplicado em percentuais de 8%, 10% e 12% em relação à

massa total. Os materiais utilizados, assim como as composições em que foram modelados os

tijolos, passaram por processo de caracterização, através de ensaios de granulometria, textura

do solo, limite de liquidez, limite de plasticidade, compactação, difração de raios x e

fluorescência de raios x. Os tijolos foram submetidos aos ensaios de absorção de água e

resistência à compressão simples. Os resultados indicaram o potencial do RCD como material

alternativo em substituição ao material natural, em destaque a composição ternária de solo,

25% de RCD e 12% de cimento.

Palavras-Chave: construção civil, RCD, sustentabilidade, tijolo solo-cimento.

ix
ABSTRACT

Civil construction is one of the oldest and fastest growing activities in the world, providing

investment, labor employability and, at the same time, consuming many natural resources and

generating construction and demolition wastes (CDW), leading to environmental impacts. An

alternative applied in the construction sector is the use of products that reduce the use of

natural resources, improve the destination of disposable materials in construction sites that

aims sustainability. The recycling of CDW and its application in soil-cement bricks emerges

as a sustainable alternative, as it reduces the removal of natural soil from the environment and

generates an ecologically correct product that does not go through the burning process.

According to the above, this research had the objective of using CDW in the manufacture of

soil-cement bricks, in percentages of 25% and 50% soil mass replacement, while cement was

applied in percentages of 8%, 10% and 12% in relation to the total mass. The materials used,

as well as the compositions in which the bricks were modeled, were characterized by

granulometry, soil texture, liquidity limit, plasticity limit, compaction, x-ray diffraction and x-

ray fluorescence. The bricks were submitted to water absorption tests and simple compression

strength. The results indicated the potential of CDW as alternative material in substitution for

natural material, in particular the ternary soil composition, 25% CDW and 12% cement.

Keywords: construction, CDW, sustainability, soil-cement brick.

x
INTRODUÇÃO

Uma das atividades mais antigas que se tem conhecimento e de extrema

importância nas economias regional e global é a construção civil (Magdaleno & Nóbrega,

2016). Desde as primícias da humanidade até os dias atuais, essas atividades são realizadas de

maneira artesanal, criando como subproduto uma enorme quantidade de resíduos de natureza

diversificada, além de ser responsável pelo demasiado consumo de recursos naturais oriundos

de fontes não-renováveis (Boldrin et al., 2006; Lintz et al., 2012).

O desenvolvimento tem proporcionado graves danos ao meio ambiente e

colocando em perigo a sua sustentabilidade (Silva, de Brito & Dhir, 2014). A etapa de

construção responde por uma porção expressiva dos impactos ocasionados pela construção

civil no meio ambiente (Martínez, Nuñez & Sobaberas, 2013). A indústria da construção civil

é responsável pela extração de 14% a 50% dos recursos naturais do planeta (Silva & Silva

2015) e pela geração de resíduos que são descartados em aterros sem nenhum tratamento,

levando a prejuízos ambientais (Oliveira et al., 2016).

A reciclagem tem vantagens ambientais e econômicas, já que reduz o consumo de

recursos naturais. Assim, existe uma vasta gama de investigação sobre o custo social e

financeiro, produção, caracterização e reciclagem destes resíduos (Contreras et al., 2016). As

fábricas de reciclagem de resíduos da construção e demolição (RCD) provaram ser

economicamente viáveis (Coelho & de Brito, 2013a; Coelho & de Brito, 2013b), bem como

ter um impacto ambiental positivo (Coelho & de Brito, 2013c; Coelho & de Brito, 2013d).

De acordo com os dados da Eurostat (2017), a quantidade total de resíduos

gerados na União Europeia em 2014 foi superior a 2,5 milhões de toneladas, dos quais cerca

de 35% (860 milhões de toneladas) foram oriundas de atividades de construção e demolição.

A produção de resíduos da construção e demolição, no Brasil, é superior a 70

milhões de toneladas por ano, o que representa a maior quantidade de resíduos sólidos
1
urbanos – RSU (Contreras et al., 2016). A porção de entulho gerada nas cidades brasileiras é

bastante significativa e pode servir como um indicador do desperdício de materiais (Mesquita,

2012).

Em 05 de julho de 2002 entrou em vigor a Resolução nº 307 do Conselho

Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) que institui diretrizes, critérios e procedimentos

para a gestão dos resíduos da construção civil, visando proporcionar benefícios de ordem

social, econômica e ambiental. Segundo a resolução, os RCD são classificados em quatro

classes: Classe A (RCD recicláveis como os agregados); B (RCD recicláveis para outras

destinações como plásticos, papel/papelão, metais, entre outros); C (RCD sem tecnologia

disponível para reciclagem e aproveitamento como o gesso) e D (RCD perigosos como tintas,

solventes, óleos, fibrocimentos com amianto, entre outros) (Ângulo et al., 2011).

Em meio a classificação determinada pela Resolução nº 307 do CONAMA,

destacou-se neste trabalho os resíduos produzidos pela classe A, dentre eles os resíduos de

concreto, argamassa, reboco e cerâmicas.

Com o passar do tempo, os resíduos sólidos fabricados nos centros urbanos no

Brasil têm se tornado um grave problema para as administrações municipais. Segundo a

Associação Brasileira das Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais – ABRELPE, a

geração de RSU no Brasil chegou a 45,1 milhões de toneladas, o que significa um aumento de

1,2% no ano de 2015, quando comparado a 2014 (ABRELPE, 2015).

Uma das soluções consideradas para resolver os problemas dos resíduos da

construção e demolição é o desenvolvimento sustentável, o qual satisfaz as necessidades do

presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras em satisfazer as suas próprias

necessidades (Kumbhar, Gupta & Desai, 2013). Dentre as soluções construtivas estão a

redução do desperdício, a utilização de novas ferramentas tecnológicas, emprego de materiais

2
que agridam pouco o meio ambiente, reciclagem de resíduos, entre outros (de Oliveira, do

Amaral & Schneider, 2014).

Quando se pensa em construção, o tijolo de solo-cimento se torna a melhor opção.

Os tijolos ecológicos têm variadas vantagens, como economia, agilidade, facilidade e

resistência. Além dessas vantagens, é possível construir sem que a natureza sofra os impactos

produzidos pela poluição dos resíduos da construção civil, como entulho de obra e poluição

do solo e da água pelo cimento (Sampaio & Nunes, 2017).

A utilização de RCD na fabricação de tijolos de solo-cimento pode ser ideal para

fornecer ao solo adotado características apropriadas ao uso (Silva & Lafayette, 2016). A

maior quantidade de material empregado na fabricação desses tijolos é o solo, logo, sua

substituição por RCD reduz a progressiva exploração das jazidas para retirada de solos, além

de reduzir os locais destinados a aterros e beneficiar a extensão dos processos de reciclagem

dos resíduos da construção civil (Velasco et al., 2014).

Objetivo da Pesquisa

 Geral

Utilizar parcialmente resíduos da construção e demolição, em diferentes

proporções, na fabricação de tijolos de solo-cimento.

 Específicos

 Analisar fisicamente o solo e o RCD, quanto à composição granulométrica, limite

de liquidez e limite de plasticidade e determinar a umidade ótima das misturas de

solo-RCD-cimento.

3
 Realizar ensaio de textura no solo, para determinar a descrição, identificação e

classificação do solo utilizado para a produção dos tijolos de solo-cimento.

 Caracterizar os materiais solo, RCD e solo-RCD, através da análise mineralógica

por difração de raios x (DRX) e da análise química por fluorescência de raios x

(FRX).

 Dosar as composições utilizadas na pesquisa, com teores de 8%, 10% e 12% de

cimento em relação à massa total, além de 25% e 50% de RCD em substituição à

massa do solo, confeccionar tijolos de solo-cimento e solo-RCD-cimento e

realizar ensaios de absorção e resistência à compressão simples.

 Comparar os resultados com as normas vigentes brasileiras empregadas para a

produção de tijolo de solo-cimento, de forma a verificar se os RCD podem ou não

substituir o solo no processo de produção.

Procedimentos para alcançar os objetivos

Os procedimentos para se alcançar os objetivos são:

 Coleta de resíduos da construção e demolição gerado em diversas obras da cidade

de Teresina;

 Britagem dos resíduos coletados de forma a produzir o reciclado de RCD, visto

que a cidade de Teresina não dispõe de usina de reciclagem de entulho;

 Caracterização física, química e mineralógica do solo, do RCD reciclado e da

mistura solo-RCD;

 Elaboração das composições de solo-cimento e solo-RCD-cimento;

 Produção dos tijolos de solo-cimento e solo-RCD-cimento;

4
 Avaliação do comportamento das composições através dos ensaios de absorção e

resistência à compressão simples;

 Análise dos resultados.

 Conclusão.

Organização da Pesquisa

Esta dissertação foi estruturada conforme estabelecido no programa de pós-

graduação em Ciências dos Materiais, de forma que os capítulos se desenvolvem da seguinte

forma:

Introdução: Apresenta a justificativa para a realização do estudo, seus objetivos,

procedimentos para alcançar os objetivos e a organização do trabalho;

Capítulo 1 – Revisão bibliográfica: Artigo de revisão bibliográfica sobre a

reutilização de resíduos da construção e demolição na própria indústria da construção civil

sob a forma de agregados reciclados. O artigo explana à cerca das disparidades da indústria da

construção com os conceitos de sustentabilidade, da quantidade de RCD gerado no mundo, da

reciclagem do RCD e sua aplicabilidade nos mais diversos ramos da construção civil,

inclusive nos tijolos de solo-cimento.

Capítulo 2 – Parte experimental: Artigo descrevendo a parte prática da pesquisa

realizada com o apoio laboratorial do 2º Batalhão de Engenharia de Construção, do Instituto

Camilo Filho, da Universidade Federal do Piauí, do Instituto Federal de Educação, Ciência e

Tecnologia do Piauí e da Associação de Moradores do Bairro Poti Velho, sendo que este

descreve materiais utilizados, métodos e caracterização dos materiais, procedimentos de

dosagem, verificação do comportamento das misturas em laboratório, resultados, análise dos

resultados e conclusão.

5
REFERÊNCIAS

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Silva, V. G. & Silva, M. G., Seleção de materiais e edifícios de alto desempenho ambiental.

In: Gonçalves, J. C. S.; Bode, K. N. Edifício ambiental. São Paulo: Oficina de Textos, 2015.

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manufactured by adding wastes as sustainable construction material–A review. Construction

and Building materials, 63, 97-107.

8
CAPÍTULO 1 – TIJOLOS DE SOLO-CIMENTO E RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO E
DEMOLIÇÃO: UMA QUESTÃO AMBIENTAL

9
TIJOLOS DE SOLO-CIMENTO E RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO E DEMOLIÇÃO:
UMA QUESTÃO AMBIENTAL

Lívia Racquel de Macêdo Reis1*, José Milton Elias de Matos1


1
Universidade Federal do Piauí – UFPI, Centro de Ciências da Natureza – CCN, Programa

de Pós-graduação em Ciência dos Materiais – PPGCM, Campus Ministro Petrônio Portela,

Ininga, Teresina-PI, 64049-550, Brasil, telefone (+550XX86) 3221 5710.

*[email protected]

RESUMO

Uma parcela expressiva da economia de um país está relacionada a construção civil, com

importantes investimentos e grande empregabilidade de mão-de-obra, mas também por

degradar o meio ambiente, ao retirar uma vultosa quantidade de recursos naturais e por gerar

resíduos da construção e demolição (RCD). A utilização de produtos que reduzam o consumo

de recursos naturais, visem a sustentabilidade e melhorem o destino de resíduos, vem sendo

uma alternativa aplicada na construção, em destaque, na fabricação de tijolos. Este artigo

apresenta pesquisas que descrevem a origem e os tipos de tijolos, em destaque o tijolo de

solo-cimento e suas vantagens ao ser utilizado em relação ao demais. Também são abordados

a geração, reciclagem e aplicação do RCD em diversos materiais, em destaque, na fabricação

dos tijolos de solo-cimento.

Palavras-Chave: RCD, meio ambiente, tijolo de solo-cimento.

10
SOIL-CEMENT BRICKS AND WASTE FROM CONSTRUCTION AND
DEMOLITION: AN ENVIRONMENTAL ISSUE

Lívia Racquel de Macêdo Reis1*, José Milton Elias de Matos1


1
Federal University of Piaui – UFPI, Postgraduate Program in Materials Science – PPGCM,

Science Center of Nature – CCN, Campus University Minister Petrônio Portela, Ininga,

Teresina – PI, 64049-550, Brazil, phone (+550XX86) 3221 5710.

*[email protected]

ABSTRACT

An expressive part of a country's economy is related to construction, major investments and

great employability of labor, but also through the environment, by removing a large amount

of natural resources and generating construction and demolition waste (CDW). The use of

products that reduce the use of natural resources, aiming at sustainability and improvements

of destination, being an alternative applied in the construction, in particular, in the

manufacture of bricks. This paper presents researches that describe the origin and types of

bricks, highlighting the soil-cement brick and its advantages when used in relation to the

others. The generation, recycling and application of CDW in the manufacture of soil-cement

bricks are also addressed.

Keywords: CDW, environment, soil-cement brick.

11
1.1 TIJOLO

A alvenaria é um dos processos construtivos mais antigos e o tijolo faz parte desse

processo (Mendes, Carvalho & Borges, 2012). Na construção civil, artesanal ou industrial, o

tijolo é um material amplamente utilizado. A palavra tijolo origina-se do espanhol tejuelo,

diminutivo de tejo – caco de telha (Costa, 2010). O surgimento do tijolo refere-se à

antiguidade, onde a cultura bizantina iniciou por meio de uma renovação do mundo

helenístico e de velhas culturas orientais (Mendes et al., 2010).

À medida que o homem deixou de ser nômade e começou a dispor da necessidade de

ter construções duradouras e resistentes, os tijolos surgiram como uma novidade tecnológica

de extrema importância, pelo fato de proporcionar que edificações fossem construídas com

resistências à humidade e à temperatura (Costa, 2010).

Existe uma diversidade de tijolos ofertados pelo mercado, variando de matéria-prima,

de tamanho, de forma e de preço, influenciados pelo rendimento do material e pela qualidade.

Por ser um elemento fundamental de qualquer edificação, o tijolo necessita ser de excelente

qualidade, a fim de assegurar que a obra tenha êxito.

Segundo Papini (2013), as propriedades almejadas pelos tijolos são:

 Resistência à compressão apropriada;

 Regularidade na forma e dimensões;

 Durabilidade em relação aos agentes agressivos: diversidade de temperatura,

umidade e ataque por agentes químicos;

 Resistência ao fogo;

 Pouca porosidade;

 Habilidade de aderir à argamassa e tornar a parede homogênea.

Campos (2012) determina os tipos de tijolos e seus usos mais comuns:

12
Pedra – bastante utilizada na antiguidade. Atualmente utilizada em fundações, muros

de arrimo e com propósito estético em muros aparentes. Pode ser aplicada tanto na alvenaria

propriamente dita, como pode ser usada somente como revestimento.

Tijolo de barro cru – também denominado de “Adobe”, precede o processo do tijolo

cozido. A produção é feita com barro, água, palha e fibras naturais e a secagem é realizada ao

sol. Tem como vantagens custo barato e isolante térmico excelente.

Tijolo de barro cozido – evolução do tijolo de barro cru, podendo ser chamado de

“Tijolinho” ou “Tijolo comum”.

Tijolo refratário – tijolo cozido fabricado com argila engrandecida de materiais que,

ao serem colocados à forte exposição de calor, reduzem a retração mecânica. Trabalham como

isolantes térmicos.

Tijolo laminado – utilizado para alvenaria aparente, é um desenvolvimento do tijolo

de barro cozido, cujo modelo mais conhecido possui 21 furos cilíndricos e mede

aproximadamente 24 x 11,5 x 5 cm. As vantagens são maior resistência mecânica, menor

absorção de água e, consequentemente, inferior porosidade.

Tijolo furado – também conhecido como “Tijolo baiano”, possui nas faces externas

rachaduras que auxiliam na adesão da argamassa de revestimento e internamente possui furos.

Os tijolos mais comuns são fabricados com 6 e 8 furos. As vantagens são baixo peso, preço

mais barato e maior velocidade na execução.

Tijolo de vidro – mais utilizado em locais específicos, como decoração na construção,

devido ao alto preço. Assegura um excelente isolamento acústico, efeitos estéticos e entrada

de luminosidade no ambiente.

Bloco de concreto – o tipo comum, fabricado com cimento e pedrisco, é utilizado para

vedação. O outro tipo é utilizado como alvenaria estrutural e produzido com maior resistência,

para suportar cargas. Existe uma extensa variedade de tipos, formatos, dimensões e materiais.

13
Concreto celular – também chamado de “Pumex”, é fabricado através da mistura de

cimento com silicato de cálcio e utilizado para enchimento de lajes e fechamento de vãos.

Tijolo de solo-cimento – produzido pela mistura de solo, cimento e água prensados, o

chamado “Tijolo ecológico” é uma alternativa sustentável, pois não passa pelo processo de

queima. Pode substituir o bloco de concreto e ser utilizado em habitações populares.

1.2 TIJOLO SOLO-CIMENTO

O tijolo de solo-cimento, também chamado de “tijolo ecológico”, possui o nome

técnico “bloco de terra comprimida – BTC” e em inglês é conhecido como “compressed earth

block – CEB” e “soil-cement brick” (Tijolo Eco, 2016). As etapas de fabricação e os tipos de

tijolos fabricados no Brasil estão descritos, respectivamente, na Figura 1.1 e na Tabela 1.1.

Figura 1.1 – Etapas de fabricação dos tijolos de solo-cimento.


Escolha do solo

Retirada do solo da jazida

Transporte do solo

Preparo dos componentes

Dosagem

Amassamento

Moldagem

Cura e estocagem

Transporte do tijolo

Execução da obra

Fonte: Autor (2017).

14
Tabela 1.1 – Tipos de tijolos de solo-cimento fabricados no Brasil.

Tipo Imagem do tijolo

Maciço comum

Maciço com encaixes

Tijolo com dois furos e encaixes

Meio tijolo com furo e encaixe

Canaletas

Fonte: Eco máquinas (2016), Eco produção (2016), Tijolo eco (2016).

15
Pisani (2006), estabelece os tipos de tijolos de solo-cimento e suas características

específicas:

Maciço comum – Assentamento com utilização de argamassa equivalente ao tijolo

cerâmico maciço comum.

Maciço com encaixes – Assentamento com encaixes com reduzido consumo de

argamassa.

Tijolo com dois furos e encaixes – Assentamento feito a seco, através do uso de cola

branca ou argamassa bem plástica. Pelos furos passam as tubulações, na vertical.

Meio tijolo com furo e encaixe – Parte de um tijolo que não necessita de quebras,

fabricado para acertar aparelhos.

Canaletas – Elemento produzido para reforço de paredes, execução de vergas,

passagem de tubulações horizontais e cintas de amarração.

O clássico tijolo cerâmico de 6 ou 8 furos pode ser substituído pelo tijolo ecológico,

que constitui custos inferiores ao término da obra, em torno de 30% (Verdesaine, 2014 apud

Silva, 2015). O processo produtivo do tijolo de solo-cimento é executado de maneira bastante

simples e proporciona uma alternativa de emprego e renda para cooperativas e

microempresários (Soares, Soares & Lima, 2016).

Segundo Motta et al. (2014), o solo é a matéria-prima básica para a produção do tijolo

de solo-cimento e traz privilégios ao procedimento de fabricação, pelo fato de ser encontrado

de maneira abundante em todo o planeta. De Oliveira, do Amaral & Schneider (2014) ainda

reportam que o solo é um material de baixo custo, por entrar em maior quantidade na mistura

para a fabricação do tijolo e pelo fato de poder utilizar o solo do próprio local da construção

da obra.

A olaria ecológica surgiu a partir desse método de fabricação do tijolo que não

promove destruição e não arremessa detritos de queima no meio ambiente, como acontece nas

16
olarias tradicionais (Souza & Polli, 2014). Outra vantagem da aplicação do tijolo de solo-

cimento é o fato de ser um material que economiza no processo de revestimento de uma

construção, devido ao acabamento liso das paredes monolíticas fornecido pela alvenaria

(Silva, 2013). A Figura 1.2 é um exemplo de construção que utilizou tijolos de solo-cimento

sem a necessidade de revestimento.

Figura 1.2 – Casa construída com tijolo ecológico.

Fonte: Autor, 2016.

Como alternativa satisfatória ao processo de preservação ambiental, o tijolo solo-

cimento não contribui com o desmatamento e não lança resíduos de combustão para o ar,

como costuma acontecer na cerâmica, além de reduzir a necessidade de transporte, pelo fato

dos tijolos poderem ser produzidos com o solo do próprio local da obra. A produção deste

material também mostra outras contribuições ambientais, como a adição de resíduos à mistura

solo-cimento, que permite melhorias no desempenho e propriedades físico-químicas do

material adquirido (Araújo, 2016).


17
De acordo com dados do SEBRAE (2010, apud Fraga et al., 2016), comparados a

construção convencional, os tijolo ecológicos trazem para a obra uma economia de 20% até

40%, redução de 30% do tempo de construção, economia em torno de 70% em concreto e

argamassa e 50% em ferro.

1.3 RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO E DEMOLIÇÃO – RCD

1.3.1 Geração de RCD

A indústria da construção civil é uma das maiores atividades realizadas desde o início

da humanidade, com bastante variedade e, embora ainda apresente expressivos traços

artesanais, fabrica como subproduto uma imensa quantidade de resíduos de natureza

diversificada (Lintz et al., 2012; Pereira & Vieira, 2013). O consumo desses recursos naturais

disponibilizados pelo planeta acontece de maneira indiscriminada em todo o mundo. De

acordo com Pereira (2015), o setor da construção civil anualmente requisita de 14% a 50%

desses recursos e em todos os procedimentos fabrica resíduos.

Da escavação até a demolição da construção, os resíduos são produzidos em diferentes

etapas do processo construtivo e determinam uma representativa parcela do total do “lixo”

fabricado nas cidades (Silva e Fernandes, 2012). Como exemplo, a indústria do concreto

explora 50% das matérias-primas, 40% do total de energia e gera cerca de 50% do total dos

resíduos (Behera et al., 2014). O RCD pode ser proveniente de limpeza de terreno, de obras

de arte, de material de escavação ou construção, demolição e manutenção de edifícios (Cabral

& Moreira, 2011 apud Brasileiro, 2015), além de tragédias naturais, como furacões,

terremotos, inundações, avalanches e tornados e tragédias artificiais, como explosões,

poluição e desabamentos (Levy & Helene, 1997 apud Brasileiro 2013).

18
Ulsen et al. (2010) determinou que em torno de 90% da massa total dos RCD

fabricados no Brasil, na Europa e em alguns países asiáticos era constituída por materiais de

origem mineral, entre eles solos, gessos, argamassas, materiais cerâmicos e concretos (Figura

1.3). Uma intensa quantidade de resíduos é produzida pela indústria da cerâmica vermelha,

que acumula restos de materiais desde o armazenamento pela má manipulação dos produtos

quebradiços (Silva et al., 2015).

Figura 1.3 – Resíduos da construção e demolição.

Fonte: Autor, 2016.

Um assunto que expressa a importância dos resíduos da construção e demolição

corresponde a sua progressiva participação no total dos resíduos sólidos urbanos (RSU)

produzidos diariamente, que possuem grande volume de resíduos provenientes de atividades

relacionadas à construção civil (Oliveira et al., 2011; Paschoalin Filho et al., 2013).

Na Austrália, aproximadamente 14 milhões de toneladas de resíduos são despejados

anualmente em aterros e 44% desses resíduos são provenientes da indústria da construção.


19
Nos Estados Unidos, em torno de 29% dos resíduos sólidos são oriundos do setor da

construção. No Reino Unido, mais de 50% do volume de resíduos depositados em aterros é

resultante de resíduos da construção, enquanto em Hong Kong, chega a 25% dos resíduos

produzidos (Poon et al, 2013).

Na Malásia, os RCD juntamente com os resíduos industriais, correspondem a 28,34%

do total dos RSU. Já os resíduos domésticos atingem 36,73% do valor total (Begun et al.,

2006). No Canadá, estima-se que, anualmente, a indústria da construção gere cerca de 9

milhões de toneladas de RCD, o que representa um terço dos RSU do país (Yeheyis et al.,

2013). Em Israel é gerado 7,5 mihões de toneladas de RCD por ano, o que representam em

torno de 60% do total de RSU (Katz & Baum, 2011). Portugal gerou em torno de 7,8 milhões

de toneladas de RCD por ano, porém apenas 2,2 milhões de toneladas foram conduzidos para

local adequadamente licenciado para reciclagem (APA, 2013).

A quantidade total de resíduos gerados na União Europeia em 2014 foi superior a 2,5

milhões de toneladas, dos quais cerca de 35% (860 milhões de toneladas) foram oriundas de

atividades de construção e demolição (Eurostat, 2017).

No Brasil, a produção de resíduos da construção e demolição é superior a 70 milhões

de toneladas por ano, representando a maior quantidade de RSU (Contreras et al., 2016;

Cabral et al., 2009).

A Associação Brasileira de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (ABRELPE)

publicou em seu Panorama de Resíduos Sólidos 2015, as informações apresentadas na Figura

1.4. Os dados referem-se a uma estimativa feita entre os anos de 2014 e 2015 a respeito da

coleta de RCD executada pelo serviço público, excluindo os resíduos de construção e

demolição provenientes da coleta realizada por serviços privados, os quais estabelecem a

maior parte da totalidade de RCD produzido. O Brasil gerou no ano de 2014 cerca de 44,6

milhões de toneladas de RCD. Já em 2015, gerou em torno de 45,1 milhões de toneladas, o

20
que significa um aumento de 1,2% em relação a 2014. Entre as regiões do Brasil, a que

produziu a maior quantidade de RCD, em 2015, foi a Sudeste com 23,3 milhões de toneladas

por ano, seguida pelo Nordeste, com 8,7 milhões de toneladas por ano. A menor foi da região

Centro-Oeste, com apenas 1,7 milhões de toneladas por ano. Fazendo um comparativo em

relação a 2014, a região Norte foi a que teve o maior aumentando, 1,04%, porém, as demais

regiões atingiram um resultado aproximado de 1,01%.

Figura 1.4 – Total de RCD coletado no Brasil e por região no Brasil.

Total de RCD / mil t/ano

BRASIL NORTE NORDESTE CENTRO- SUDESTE SUL


OESTE
2014 44625,63 1656,73 8784,09 4991,37 23166,18 6027,24
2015 45158,16 1728,64 8873,15 5079,34 23395,28 6081,63

Fonte: Autor, 2017.

1.3.2 Reciclagem de RCD

Nas últimas décadas, os assuntos relacionados à redução de resíduos, à preservação

ambiental e à reciclagem, conquistaram uma posição de destaque nas discussões realizadas

pela sociedade buscando alcançar um modelo de desenvolvimento sustentável para o planeta

(Silva et al., 2014).

21
Segantini & Wada (2011) destacam que as atividades da construção civil fabricam

imensos volumes de resíduos e propiciam grandes desperdícios de materiais, como cimento,

areia, madeira, cerâmica e pedra, entre outros materiais que possam ser reciclados. No Brasil,

em relação a quantidade total de RCD, são contabilizados somente os resíduos coletados pelo

setor público que são despejados em ambiente público (Confederação Nacional da Indústria –

CNI, 2014).

O crescimento acelerado do setor e a falta de qualificação da mão de obra, aliados a

utilização de métodos arcaicos, a limitação de recursos naturais existentes e a falta de locais

adequados para o disposição final dos resíduos, levam a avaliar medidas para a implantação

de um sistema eficiente de manejo e disposição final desses recursos, além de um sistema de

reciclagem (Cabral 2007; Evangelista, 2010; Silva & Fernandes, 2012; Martins, 2012).

Como opções de sustentabilidade que visam valorizar os resíduos, a reciclagem e a

reutilização de RCD na construção civil surgem como matéria-prima alternativa (Souza,

Segantini & Pereira, 2008). Contribuem para a ampliação da vida útil dos aterros e

diminuição da exploração desenfreada de jazidas minerais (Brasileiro & Matos, 2015). A

reciclagem também beneficia a geração de empregos, de acordo com a pesquisa do grupo

Friends of the Earth Europe (2010 apud Pereira & Vieira, 2013), em que afirmou que o setor

poderia gerar em torno de 563.000 postos de trabalho se 70% dos resíduos da União Europeia

fossem reciclados.

Notáveis e diversificados produtos podem ser produzidos com a reciclagem e o

tratamento do RCD e designados a diferentes usos, entre eles a pedra reciclada pode ser

utilizada para aterros, terraplanagens e drenagens, enquanto a brita reciclada é recomendada

para drenagens e fabricação de concretos sem fins estruturais (da Silva & da Silva, 2016).

Em Portugal, cerca de 76% do RCD são colocados em aterro, 11% são reutilizados,

4% são incinerados e apenas 9% realmente são reciclados (Pereira, 2002 apud Coelho & de

22
Brito, 2013). Em outros países, a quantidade de RCD reciclados ou reutilizados é bem maior

em comparação a Portugal, como a Holanda (98%), Alemanha (86%), Lituânia (60%), Irlanda

(80%), Estônia (92%), Reino Unido (75%), Dinamarca (94%) e Áustria (60%) (European

Commission DG ENV 2011). Na Tanzânia o RCD não é reciclado (Sabai et al., 2013),

enquanto na Bélgica (Flandres) a reciclagem chega a mais de 90% (Torgal, 2013).

Evangelista et al. (2010 apud Silva & Fernandes, 2012) afirma que a atividades

relacionadas à reciclagem de RCD no Brasil são reduzidas e encontram-se atrasadas em

comparação a outros países, em destaque os europeus. De acordo com os dados publicados

pela Pesquisa Nacional de Saneamento Básico (PNSB), 4.031 municípios brasileiros

(72,45%) apresentam serviços de controle de RCD e em 392 municípios (7,05%) existe

alguma espécie de tratamento dos resíduos, os quais estão distribuídos conforme o nível de

tratamento dado aos RCD (IBGE, 2010).

As informações expostas afirmam que diversos países estão mais avançados com

relação a reciclagem de resíduos da construção e demolição (Silva, de Brito & Dhir, 2014).

Alguns países com taxa de reciclagem acima de 80% e outros com um índice pouco

significativo, como é o caso do Brasil, que não chega a 5% da reciclagem dos Estados Unidos,

que gira em torno de 140 milhões de toneladas (Bartoli, 2015). Espera-se que todos entendam

que a reciclagem e a reutilização de RCD são formas de aliviar o meio ambiente da pressão

que vem sofrendo com a deposição de resíduos em locais inadequados.

1.3.3 Aplicabilidade do RCD

Diversos autores utilizam o RCD como um material de grande potencial no setor da

construção civil (Levy & Helene, 1997; Brasileiro, 2013; Cabral et al., 2007; Carneiro et al.,

2001; Pinto, 1999; Lima, 1999; Segantini & Wada, 2011). A reciclagem de RCD pode ser

23
empregada para vários fins, dentre as numerosas possibilidades existentes, tais como:

coberturas primárias de vias, camadas de sub-base e base para pavimentação, fabricação de

concretos, argamassas de revestimento e assentamento, blocos e meio-fio pré-moldados,

tijolos de solo-cimento e blocos de solo-cimento.

Estudos realizados com utilização de RCD na produção de concreto para ao mais

diversos fins apresentaram bons resultados técnicos e de custo (Araújo et al., 2016; Cabral et

al., 2007; Vieira et al., 2004; Tenório et al., 2012; Richardson, 2010; Tam, 2008; Kou, 2004;

Buyle-Bodin, Skoczylas & Wirquin, 2003).

Para a produção de mistura asfáltica a quente, como substituto parcial do agregado

natural foram utilizados resíduos de cerâmica vermelha (Silvestre, 2013), agregados

reciclados de tijolos (Khalaf, 2004), agregados reciclados de concreto (Mills-Beale & You,

2010; Wong, Sun & Lai, 2007; Paranavithana & Mohajerani, 2006), agregados de resíduos da

construção e demolição (Pérez, Pasandín & Medina, 2011; Aljassar, Al-Fadala & Ali, 2005) e

agregados de materiais de construção recuperados (Shen & Du, 2004; Shen & Du, 2005), com

resultados satisfatórios.

O agregado de cerâmica vermelha foi utilizado para fabricação de argamassa (Silva,

Brito & Veiga, 2007; Silva, 2006) e para produção de novos tijolos (Reis, 2007). Enquanto

Sousa, Bauer & Sposto (2002) confeccionaram, em sua pesquisa, componentes pré-moldados

de concreto com agregado reciclado de RCD.

Simieli et al. (2007) recomendaram o emprego de agregados reciclados para a

produção do concreto a ser utilizado na confecção de peças para pavimentos intertravados.

Bastos et al. (2004) destacam o emprego do RCD em pavimentação de novas vias e a

reciclagem de misturas betuminosas oriundas da demolição de estradas, que tem sido

laboriosamente estudada (Baptista, 2006; Ainchil & Burgueño, 2004).

24
Na fabricação de tijolos de solo-cimento, a maior quantidade de material corresponde

ao solo. Como maneira de reduzir a progressiva exploração das jazidas para retirada de solos

aliada à redução de locais destinados a aterros e a extensão dos processos de reciclagem dos

resíduos da construção civil, pesquisadores têm empregado RCD nos tijolos de solo-cimento,

com o intuito de impulsionar o seu regresso à cadeia da construção civil (Velasco et al.,

2014).

Souza, Segantini & Pereira (2008) estudou a composição do solo-cimento com solo

natural e com adição de resíduos de concreto. Em relação à massa do solo, utilizou solo mais

20% de resíduos de concreto, solo mais 40% de resíduos de concreto e solo mais 60% de

resíduos de concreto. Em cada uma dessas constituições foram utilizados os três teores de

cimento de 6%, 8% e 10% em relação à massa da composição solo-resíduo. Os autores

concluíram que é possível utilizar até 60% de resíduos de concreto e menos de 6% de cimento

para a confecção de tijolos, melhorando o destino de resíduos e reduzindo a quantidade de

consumo de cimento.

Ferraz & Segantini (2004), empregaram as dosagens de solo natural, solo mais 20% de

resíduo de argamassa de cimento, solo mais 40% de resíduo de argamassa de cimento e, em

cada caso, três teores de cimento (6%, 8% e 10%). Os resultados se mostraram favoráveis a

adição de resíduos, reduzindo custos e melhorando as propriedades mecânicas, pelo fato das

composições de solo natural com 6% e 8% de cimento não atingirem a resistência

determinada em norma.

Na primeira etapa da pesquisa de Segantini & Wada (2011) foram analisados o solo

natural, solo mais 20% de RCD, solo mais 40% de RCD (em relação à massa de solo), com

três percentuais de cimento (6%, 8% e 10%) em cada composição. Na segunda etapa foram

estudadas misturas de 60%, 80% e 100% de RCD (em relação à massa de solo), para os quais

foram utilizados 2% e 4% de cimento. Os pesquisadores chegaram à conclusão de que os

25
tijolos com boas qualidades podem ser fabricados com o percentual de 4% de cimento e

adição de 20% ou mais de RCD.

1.4 CONCLUSÃO

O uso dos tijolos é uma prática antiga na construção civil que, ao longo dos anos,

tende a buscar novas tecnologias para facilitar tanto a produção quanto a execução.

Especificamente o tijolo de solo-cimento ainda tem a fabricação mais simples que os tijolos

convencionais, mas ao mesmo tempo é necessário a busca por novas alternativas para reduzir

o uso de matéria prima natural, através de materiais reciclados.

A reciclagem de resíduos da construção e demolição fornece vantagens ambientais e

econômicas para as cidades em que é introduzida. Além da redução dos custos de

administração dos resíduos, o custo do material reciclado é bem menor do que o agregado

natural. A reciclagem demonstra ser uma das principais maneiras de destinação adequada dos

RCD, atenuando os impactos sobre o meio ambiente e propiciando a fabricação de novos

produtos.

Embora os percentuais de reaproveitamento de RCD sejam bem diferentes em

diversos países do mundo, pesquisadores, governos e até mesmo a sociedade estão se

voltando cada vez mais para esta realidade de reciclagem/ reutilização, procurando reduzir a

geração de resíduos e elevar o reaproveitamento, através de legislações e das mais diversas

utilidades, em destaque, na construção civil, na forma de agregados reciclados, com o intuito

de estimular o seu regresso à cadeia da construção.

Os tijolos de solo-cimento fabricados com RCD em substituição à massa de solo,

surgem como uma alternativa sustentável para a destinação dos resíduos, já que não há

produção de entulhos, além de melhorar as propriedades mecânicas dos tijolos. Uma

26
arquitetura direcionada para o meio ambiente torna-se uma opção mais consciente para

sobreviver no futuro, ao utilizar tijolos ecológicos com adição de RCD para fornecer materiais

alternativos para a construção, que podem ser encontrados na localidade mais próxima, além

de optar por materiais que demonstrem um generoso conforto térmico e acústico.

Os problemas tocantes ao meio ambiente são essenciais desafios relacionados à

natureza e aos limites do conhecimento científico recente, por isso é necessário que haja uma

integração maior da ciência com o social, na expectativa de que se desenvolvam novas

tecnologias para um benefício mais socioambiental.

REFERÊNCIAS

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<http://www.abrelpe.org.br/Panorama/panorama2015.pdf>. Acesso em 10 de maio de 2017.

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38
CAPÍTULO 2: UTILIZAÇÃO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO E DEMOLIÇÃO

NA FABRICAÇÃO DE TIJOLOS DE SOLO-CIMENTO

39
UTILIZAÇÃO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO E DEMOLIÇÃO NA

FABRICAÇÃO DE TIJOLOS DE SOLO-CIMENTO

Lívia Racquel de Macêdo Reis1*, José Milton Elias de Matos1


1
Universidade Federal do Piauí – UFPI, Centro de Ciências da Natureza – CCN, Programa

de Pós-graduação em Ciência dos Materiais – PPGCM, Campus Ministro Petrônio Portela,

Ininga, Teresina-PI, 64049-550, Brasil, telefone (+550XX86) 3221 5710.

*[email protected]

RESUMO

A produção de tijolos de solo-cimento, com uso de resíduos da construção e demolição (RCD)

destaca-se como alternativa para valorizar os materiais descartados nas obras. Este trabalho

teve por objetivo utilizar 8%, 10% e 12% de cimento na fabricação de tijolos de solo-cimento

e utilizar parcialmente RCD, em percentuais de 25% e 50% em substituição à massa de solo.

Após a cura, os tijolos foram submetidos aos ensaios de absorção de água e resistência à

compressão simples. Os materiais utilizados, assim como as composições em que foram

modelados os tijolos, passaram por processo de caracterização por ensaios de granulometria,

limite de liquidez, limite de plasticidade, compactação, difração de raios x e fluorescência de

raios x. Os resultados alcançados na pesquisa apontaram que das composições estudadas, a

que indicou melhores resultados, foi a composição ternária de solo, 25% de RCD e 12% de

cimento. Ainda, as composições em que foi utilizado 50% de RCD apresentaram resistências

próximas ou melhores que as de apenas solo e cimento, apontando os materiais alternativos

como uma boa opção para a substituição do material natural, proporcionando sustentabilidade

com produtos ecologicamente corretos.

Palavras-chave: resíduos de construção e demolição, tijolo de solo-cimento, sustentabilidade.

40
USE OF CONSTRUCTION AND DEMOLITION WASTES IN THE MANUFACTURE

OF SOIL-CEMENT BRICKS

Lívia Racquel de Macêdo Reis1*, José Milton Elias de Matos1


1
Federal University of Piaui – UFPI, Postgraduate Program in Materials Science – PPGCM,

Science Center of Nature – CCN, Campus University Minister Petrônio Portela, Ininga,

Teresina – PI, 64049-550, Brazil, phone (+550XX86) 3221 5710.

*[email protected]

ABSTRACT

The manufacture of soil-cement bricks with the use of construction and demolition wastes

(CDW) stands out as an alternative to valorize the materials discarded in construction sites.

The objective of this research was to use 8%, 10% and 12% of cement in the manufacture of

soil-cement bricks and to partially use CDW, in 25% and 50% percentages, as soil mass

replacement. After curing, the bricks were subjected to water absorption tests and simple

compression strength. The materials used, as well as the compositions in which the bricks

were modeled, were characterized by granulometry, liquidity limit, plasticity limit,

compaction, x-ray diffraction and x-ray fluorescence tests. The results obtained in the

research indicated, of the compositions studied which indicated better results, was the ternary

soil composition, 25% CDW and 12% cement. Moreover, the compositions in which 50% of

CDW were used showed resistance close to or better than those of only soil and cement,

pointing to alternative materials as a good option for the replacement of natural resources,

providing sustainability with ecologically correct products.

Keywords: construction and demolition waste, soil-cement brick, sustainability.

41
2.1 INTRODUÇÃO

Atualmente, os problemas ambientais têm surgido como um desafio para a

humanidade e, especificamente, para o ramo da construção civil, que é uma das atividades de

extrema importância nas economias regionais e global. A construção civil contribui para: a

geração de empregos, o comércio de materiais, o desenvolvimento de novas tecnologias e

infraestruturas e a melhoria da qualidade de vida (Magdaleno & Nóbrega, 2016).

Segundo Paschoalin Filho, Duarte & Faria (2016), a utilização de práticas gerenciais

que objetivem a sintonia entre a sustentabilidade e a construção civil baseia-se em um

essencial paradigma a ser discutido pelo meio técnico, uma vez que propicia a limitação da

utilização de recursos ambientais como matéria-prima, reduz a deposição de resíduos e

contribui para a solidificação de uma boa imagem das empresas envolvidas junto ao mercado

consumidor.

O Brasil, no decorrer dos últimos anos, tem passado por um grande desenvolvimento

no ramo da construção civil. Com esse desenvolvimento, o consumo de recursos não

renováveis de origem mineral, entre eles a argila e o concreto, tem expandido

significativamente, bem como a produção dos resíduos de construção e demolição (RCD)

(Perpétuo, Lima & Alvarado, 2015).

De acordo com Silva & Fernandes (2012), os resíduos da construção representam uma

parcela expressiva dos Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) podendo chegar a 60% dos resíduos

gerados pelas cidades, enquanto que, para Pinto (2003 apud BRASILEIRO 2013) varia de 41

a 70%. A produção de resíduos da construção e demolição, no Brasil, é superior a 70 milhões

de toneladas por ano (Contreras et al., 2016).

Os assuntos relacionados à sustentabilidade têm sido o pedestal para o

desenvolvimento de muitas pesquisas científicas, em que a preocupação com a falta de

recursos naturais estimulou pesquisas sobre técnicas de materiais e construção (Eko et al.,
42
2012; Ashour, Korjenic & Korjenic, 2015; Araújo et al., 2016). As ideias de sustentabilidade

são de relevante preocupação atualmente, devido ao uso de ampla quantidade de recursos

naturais para a produção de materiais relacionados à construção civil, como o concreto. O

esgotamento dos recursos naturais é uma dessas questões de sustentabilidade que é preciso

abordar de forma eficiente (Siqueira & Holanda, 2013). A tendência atual na indústria da

construção é usar a fonte alternativa de materiais de construção que pode substituir o uso de

matérias-primas virgens, a fim de reduzir o impacto ambiental em termos de consumo de

energia, poluição, eliminação de resíduos e aquecimento global. Com isso, a reciclagem e

reutilização destes resíduos podem reduzir o uso de recursos naturais (Behera, Minocha &

Deoliya, 2014).

Em muitas áreas do mundo, já existe uma escassez de material de fonte natural para a

produção de tijolos convencionais (Zhang, 2013). Nessa perspectiva, o uso de tijolos de solo-

cimento, segundo Motta et al. (2014) produz uma menor quantidade de resíduos e a matéria-

prima para a fabricação desse tipo de tijolo é abundante, pois utiliza apenas solo, cimento e

água. O tijolo solo-cimento, ou tijolo ecológico, pode ser montado através de encaixe,

colocando-se um sobre o outro, simplificando o assentamento e o tempo de execução e

diminuindo a quantidade de argamassa ou cola empregada.

Para Góis (2012), os tijolos ecológicos apresentam inúmeras vantagens em relação aos

tijolos cerâmicos, entre elas, maior conforto térmico e acústico, redução dos desperdícios e

geração de menor quantidade de entulho. Em relação ao fator econômico, os tijolos de solo-

cimento apresentam um menor custo de produção com alvenaria e transporte, uma vez que

podem ser produzidos no próprio canteiro de obras (Segantini & Wada, 2011).

Com base no exposto, esta pesquisa objetiva incorporar RCD, em diferentes

proporções, na fabricação de tijolos de solo-cimento.

43
2.2 PARTE EXPERIMENTAL

2.2.1 Materiais

O solo utilizado neste trabalho (Figura 2.1) foi extraído de jazida situada no bairro

Monte Verde, na cidade de Teresina-PI. Após ser coletado, o solo foi encaminhado para o

laboratório de solos do 2º Batalhão de Engenharia de Construção, onde foi disposto para secar

em ambiente coberto, protegido da ação do intemperismo.

Figura 2.1 – Amostra do solo coletado para pesquisa.

Fonte: Autor (2016).

De acordo com a NBR 10833:2012, o solo deve atender as seguintes características,

para serem destinados à fabricação dos tijolos de solo-cimento:

- Percentual de material que passa na peneira com abertura de malha de 4,8 mm (ABNT Nº

4) – 100%

- Percentual de material que passa na peneira com abertura de malha de 0,075 mm (ABNT

Nº 200) – 10 a 50%;

- Limite de Liquidez – menor ou igual a 45%;

- Limite de Plasticidade – menor ou igual a 18%.

44
O RCD empregado foi gerado em diversas obras da cidade de Teresina-PI. A

princípio, houve a escolha do material a ser reciclado, a partir de inspeção visual dos resíduos

que se encontravam em caçamba estacionária de remoção de entulho. Na caçamba continha,

em sua maioria, resíduos Classe A (classificação de acordo com Resolução nº 307/2002

CONAMA), restos de tijolos, argamassas, cerâmicas, concreto, e etc., em volume por volta de

4,00 m³, conforme capacidade da caçamba (Figura 2.2a). Devido a cidade de Teresina não

possuir usina de reciclagem de resíduos da construção e demolição, o material reciclado foi

britado em um britador de mandíbulas (Figura 2.3) de propriedade particular. Na Figura 2.2b,

segue uma amostra de RCD coletado para os estudos, após ser triturado e peneirado.

Figura 2.2 – a) Caçamba contendo resíduos Classe A; b) Amostra de RCD.

a b

Fonte: Autor (2016).

Figura 2.3 – Britador de mandíbulas.

Fonte: Autor (2016).


45
O cimento aplicado na produção dos tijolos foi adquirido no comércio local da cidade

de Teresina-PI. Por ser o utilizado nas construções locais e por indicar propriedades

adequadas à fabricação do tijolo solo-cimento, foi empregado o cimento Portland do tipo CP

IV-32-RS, da marca Apodi.

2.2.2 Composições aplicadas na pesquisa

Por recomendações de Sherwood (1993), o valor mínimo de aglomerante para

estabilização química dos solos deve ser de 4%. Na literatura mais recente, Góis (2012) utiliza

o mínimo de 6%. Porém, em sua pesquisa, o tijolo que apresentou melhores resultados

utilizou 10% de cimento. Para esta pesquisa, optou-se em adotar os percentuais de cimento de

8%, 10% e 12% em relação à massa total. As composições de solo e RCD foram

confeccionadas em proporções de 25% e 50% de RCD em substituição à massa de solo. A

nomenclatura das misturas de solo (S), cimento (C) e RCD (R) empregadas na moldagem dos

tijolos de solo-cimento, encontra-se na Tabela 2.1.

Tabela 2.1. Nomenclatura das composições solo-cimento e RCD.


Nomenclatura Determinação das misturas
S Solo
S8C Solo + 8% Cimento
S10C Solo + 10% Cimento
S12C Solo + 12% Cimento
S25R8C Solo + 25% RCD + 8% Cimento
S25R10C Solo + 25% RCD + 10% Cimento
S25R12C Solo + 25% RCD + 12% Cimento
S50R8C Solo + 50% RCD + 8% Cimento
S50R10C Solo + 50% RCD + 10% Cimento
S50R12C Solo + 50% RCD + 12% Cimento
Fonte: Autor (2016).
46
2.2.3 Produção dos tijolos

Os tijolos de solo-cimento e solo-RCD-cimento foram produzidos na Associação de

Moradores do Bairro Poti Velho, localizada na Avenida Boa Esperança nº 4267, Teresina-PI.

Para a fabricação, utilizou-se os requisitos da NBR 8491:2012 e as recomendações da ABCP

(1986). Para os tijolos produzidos pela Associação, para fins comerciais, adota-se o percentual

de 8% de cimento em relação ao solo e foram utilizados como comparativo às composições

determinadas pela pesquisa.

Figura 2.4 – Produção de tijolo solo-cimento.

Fonte: Autor (2016).


(2016).

As misturas dos materiais foram realizadas manualmente com o auxílio de uma pá, e

os tijolos foram produzidos em uma prensa hidráulica semiautomática, obtendo-se tijolos com

altura de 8,0 cm, largura de 12,5 cm e comprimento de 25,0 cm, conforme Figura 2.4. Os

tijolos foram armazenados em ambiente fechado e protegido de vento e umidade e passaram

por um processo de cura mínima de 07 (sete) dias, sendo regados com água, durante todos os

dias de cura. Para cada mistura determinada, foram fabricados 10 (dez) tijolos, sendo 07 (sete)

para o ensaio de resistência à compressão simples e 03 (três) para o ensaio de absorção de

água.

47
2.2.4 Caracterização dos materiais

Os materiais utilizados neste trabalho foram caracterizados por análise granulométrica,

ensaio de textura do solo, ensaio de compactação, limite de liquidez (LL), limite de

plasticidade (LP), análise mineralógica por difração de raios X (DRX) e análise química por

fluorescência de raios X (FRX).

2.2.4.1 Análise granulométrica

Uma parte do solo e do RCD foi separada para a análise granulométrica. A

distribuição do tamanho relativo dos grãos que formam a fase sólida dos solos é chamada de

granulometria. Nesta avaliação foi utilizado o método de ensaio da NBR 7181:2016, realizada

no Laboratório de Solos do 2º BEC.

2.2.4.2 Ensaio de textura

Uma amostra de solo foi coletada para a realização do ensaio de textura do solo,

executado no Centro de Análises de Solos do campus da UFPI Professora Cinobelina Elvas,

em Bom Jesus.

2.2.4.3 Ensaio de compactação

Ao encerrar a secagem natural, o solo passou pelo processo de desagregação manual

dos torrões sendo, logo em seguida, passado pela peneira de malha 4,8 mm (Nº 4) e reservado

em recipientes de plástico com capacidade para 60 litros. Em seguida, no Laboratório de


48
Solos do 2º BEC, as amostras de solo foram preparadas para o ensaio de compactação e

caracterização, conforme NBR 6457:2016. Os ensaios de compactação do solo foram

realizados de acordo com a NBR 7182:2016 e da mistura de solo-cimento de acordo com a

NBR 12023:2012 onde foram obtidos o teor de umidade ótima (Hot) e a massa específica

aparente seca máxima (smax).

2.2.4.4 Limite de liquidez e limite de plasticidade

Em relação aos índices básicos que representam a plasticidade, os dois ensaios que

caracterizam o solo quanto a esse critério, são chamados de Limite de Liquidez (LL) e Limite

de Plasticidade (LP). O índice de plasticidade (IP) do solo é estabelecido conforme equação:

IP = LL – LP

A Associação Brasileira de Cimento Portland - ABCP (2000) determina, para solo-

cimento, que o limite de liquidez seja menor ou igual a 45% e que o limite de plasticidade seja

menor ou igual a 18%. Os ensaios foram realizados no Laboratório de Solos do 2º BEC, de

acordo com as NBR 6459:2016, NBR 7180:2016 e seguindo os parâmetros da NBR

10833:2012.

2.2.4.5 Análise mineralógica por difração de raios x

As amostras das composições de solo, RCD e solo-RCD (25% e 50% de RCD) foram

levadas ao Laboratório Multidisciplinar de Materiais Avançados (LIMAV), na UFPI e

submetidas a ensaios de difração de raios x. A análise DRX foi realizada pelo método do pó,

utilizando um difratômetro da marca Shimadzu, modelo XRD 6000, operando com tubo de
49
cobre (Cu K𝛼 1 = 015406 nm), realizando medidas no intervalo 2 entre 5 a 75° (graus), com

passe de 0,02° min-1.

2.2.4.6 Análise química por fluorescência de raios x

O solo, o RCD e a mistura solo-RCD (25% e 50% de RCD) foram encaminhados ao

Laboratório de Materiais (LABMAT), no IFPI e submetidos a ensaios de espectroscopia de

fluorescência de raios x (FRX), preparadas como pó solto. Aproximadamente 1,0 (um) grama

do material foi empacotado num copo de polietileno de 20 mm de diâmetro interno e coberto

com película de polipropileno de 6 µm de espessura (Mylar®). Utilizou-se o espectrômetro de

fluorescência de raios X de Epsilon 3x (PANalytical, Brasil) para analisar a amostra (Hap),

utilizando filtro de Si no ranger de sódio (Na) para amerício (Am) e tubo de raios X operado

sob 15 a 50 Kv e 1 mA.

2.2.5 Caracterização dos tijolos

Os tijolos fabricados foram submetidos a ensaios de absorção de água e resistência à

compressão simples (RCS).

2.2.5.1 Ensaio de absorção de água

Para a determinação da absorção da água dos tijolos obedeceu-se a NBR 8492:2012.

Para a realização do ensaio foi utilizada a estufa de secagem da marca De Leo equipamentos

laboratoriais, com controle de temperatura de 50 ºC a 250 ºC. Utilizou-se o Laboratório de

50
Materiais do Instituto Camilo Filho. Conforme a norma, os valores individuais de absorção de

água são expressos em porcentagem e obtidos por meio da expressão seguinte:

M2−M1
𝐴= 𝑥 100
M1

Em que:

A = absorção de água, expressa em porcentagem (%);

M1 = massa do corpo de prova seco em estufa, expressa em gramas (g);

M2 = massa do corpo de prova saturado, expressa em gramas (g).

Após a cura de 07 (sete) dias, três tijolos de cada composição foram colocados em

estufa para secar, entre 105 ºC a 110 ºC, até atingir a constância da massa, obtendo-se o tijolo

seco, M1, em gramas (g). Após atingirem a temperatura ambiente, os tijolos foram imersos

em um tanque com água por 24 horas. Ao serem retirados da água, foram enxutos

superficialmente com um pano levemente umedecido e, antes de encerrar 3 minutos, pesados,

para obter a massa do tijolo saturado, M2, em gramas (g).

2.2.5.2 Ensaio de resistência à compressão simples

Os ensaios de resistência à compressão simples, dos tijolos, foram realizados no

Laboratório de Metrologia e Ensaios Mecânicos da UFPI, por meio da máquina universal

Emic DL20000, com capacidade de 20.000 kgf, aos 14, 28 e 56 dias, respeitando as regras da

NBR 8492:2012.

Conforme essa norma, sete tijolos de cada mistura foram utilizados para os ensaios,

sendo, cada um, partido ao meio, perpendicularmente à sua maior dimensão. Criou-se uma

51
pasta de cimento Portland que foi colocada em repouso por aproximadamente 30 minutos,

para que ocorresse a expansão. Em seguida, as superfícies cortadas dos tijolos foram

superpostas por suas faces maiores de forma invertida e ligadas por uma fina camada da pasta

de cimento, com 3 mm de espessura e aguardou-se o endurecimento da pasta por 12 horas.

Para que ocorresse preciso contato entre as superfícies de trabalho, as faces dos corpos de

prova precisavam estar planas e paralelas, então foi necessário fazer uma regularização das

faces, através de capeamento de espessura de 3 mm, com a pasta de cimento Portland,

retirando as rebarbas existentes. Após o endurecimento, os corpos de prova moldados foram

imersos em água por 6 horas, o mínimo recomendado pela norma. Por fim, foram retirados da

água e colocados na máquina de ensaio à compressão, com aplicação de carga uniforme e à

razão de 500 N/s (50 kgf/s).

2.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

2.3.1 Caracterização dos materiais

2.3.1.1 Análise granulométrica

A granulometria é a distribuição percentual, dos variados tamanhos de grãos, sendo

estabelecida através de peneiras com determinada abertura, constituindo uma série padrão.

Após secagem e destorroamento, o solo foi submetido ao ensaio de análise granulométrica, de

acordo com a NBR 7181:2016, manipulando o seguinte conjunto de peneiras: 50,8; 38,1;

25,4; 19,1; 12,7; 9,5; 4,8; 2,0; 0,42 e 0,075 mm. As composições de solo-RCD fabricadas em

proporções de 25% e 50% de RCD em substituição à massa de solo, também foram

analisadas. Para cada ensaio, utilizou-se amostras de 1,5 Kg. O gráfico com as curvas

granulométricas obtidas pelo ensaio, encontra-se na Figura 2.5.

52
A NBR 10833:2012 que trata do procedimento para fabricação do tijolo de solo-

cimento especifica que o percentual de solo passante na peneira nº 4 deve ser de 100% e na

peneira nº 200 entre 10% e 50%. Conforme disposto na Figura 2.5, o material que passa na

peneira nº 4 corresponde a 89,5% do solo. Isso ocorre devido ao material ter uma pequena

quantidade de pedras que ficaram retidas. As misturas de solo-RCD com 75% de solo e solo-

RCD com 50% de solo, apresentaram percentuais que passaram na peneira nº 4 próximos a

100%. Todos os materiais que passaram pela peneira nº 200 estiveram dentro do limite entre

10% e 50%.

Figura 2.5 – Curvas granulométricas do solo e solo-RCD.

100

90

80
Solo 100%
Solo 75% + RCD 25%
Percentual que passa (%)

70
Solo 50% + RCD 50%
60

50

40

30

20

10

0
200 100 50 40 10 4 3/8" 1' 1"1/2 2"
Peneiras

Fonte: Autor (2016).

2.3.1.2 Ensaio de textura do solo

A textura do solo retrata a distribuição quantitativa das partículas primárias do solo

em relação ao tamanho e determina que uma grande estabilidade leve à descrição,

identificação e classificação do solo (Medina, 1975).

53
Segundo Silva (2017) e Prado (2017), no Sistema Internacional – ISSS (escala de

Atterberg) e Sistema Norte-Americano – USDA, o diâmetro das partículas corresponde a:

- Argila: menor que 0,002 mm;

- Silte: de 0,002 a 0,02 mm (ISSS), de 0,002 a 0,05mm (USDA);

- Areia: de 0,02 a 2 mm (ISSS), de 0,05 a 2mm (USDA).

De acordo com Motta et al. (2014) e Fraga et al. (2016), para a fabricação de tijolos de

solo-cimento é desejável que o solo contenha:

- Argila: de 10% a 20%;

- Silte: de 10% a 20%;

- Areia: de 50% a 70%.

O solo foi identificado com 22% de argila, 4,6% de silte e 73,4% de areia. Com base

nos resultados da Tabela 2.2, o solo foi classificado de acordo com o diagrama textural

adotado pela Sociedade Brasileira de Ciência do Solo (Medina, 1975) na classe textural como

franco-arenoso.

Tabela 2.2 – Ensaio de textura do solo.

Identificação da Argila Silte Areia


amostra

Solo 22% 4,6% 73,4%

Fonte: Autor (2017).

54
Os resultados indicaram um solo semelhante ao utilizado pela literatura e próximo aos

resultados determinados por Motta et al. (2014) e Fraga et al. (2016). Ferrari et al. (2014)

apresentou um solo considerado arenoso, com 78% de areia e 19% de argila e 3% de silte. O

solo arenoso de da Silva Milani & Barboza (2016) indicou composição granulométrica de

77% de areia e 23% de finos (argila + silte).

Na construção civil, a utilização do solo pode ser tanto da maneira natural, como ele é

encontrado, quanto posteriormente à correção de algumas características e propriedades, por

meio da correção granulométrica ou pela adição de compostos químicos (Ferraz et al., 2000

apud Lima, 2006). Dos Reis, Negreiros & Canetomi (2016) empregam, para correção

granulométrica, resíduos da construção e demolição triturados que vão garantir melhores

propriedades ao material.

2.3.1.3 Compactação

Segundo Kormann (1996) o ensaio de compactação tem essencialmente como objetivo

determinar a umidade ótima do solo, para uma dada energia de compactação e determinar a

massa específica aparente máxima associada a umidade ótima. É uma técnica de estabilização

de solos realizada por emprego de energia, seja por vibração ou por impacto. A consequência

dessa energia atribui ao solo um acréscimo de seu peso específico e resistência ao

cisalhamento, e uma redução do índice de vazios, permeabilidade e compressibilidade.

Os resultados da umidade ótima e da massa específica aparente seca máxima das

composições de solo, solo-cimento e solo-RCD-cimento moldadas, estabelecidas pelos

ensaios de compactação, encontram-se dispostas na Tabela 2.3 e o gráfico dos resultados na

Figura 2.6.

55
Em comparação à composição de compactação apenas de solo, os demais

apresentaram maior umidade ótima e menor massa específica aparente seca máxima pois,

conforme Ay & Ünal (2000), o resíduo cerâmico, proveniente das olarias e da construção

civil, pode ser utilizado como estabilizante do solo.

Tabela 2.3 – Umidade ótima e massa específica aparente seca máxima.

Composições Hot (%) ɣsmáx (g/cm³)

S 6,2 2,00
S8C 6,3 1,99
S10C 6,8 1,98
S12C 6,3 1,96
S25R8C 8,2 1,95
S25R10C 8,8 1,96
S25R12C 8,5 1,96
S50R8C 7,4 1,98
S50R10C 7,7 1,96
S50R12C 6,9 1,91

Fonte: Autor (2016).

Figura 2.6 – Gráfico de compactação das composições.

2,0
Massa específica aparente seca máxima (g/cm³)

S8C

S10C

S50R8C

S50R10C
S25R12C
S12C

S25R8C

S25R10C

1,9
S50R12C

1,8

1,7

1,6

6,2 6,3 6,8 6,3 8,2 8,8 8,5 7,4 7,7 6,9

Umidade ótima (%)

Fonte: Autor (2016).

56
De acordo com Souza, Segantini & Pereira (2008), a adição de cimento ao solo, pela

maior quantidade de finos, normalmente tende a aumentar o valor da umidade ótima. Apesar

disso, os resultados foram não lineares entre as composições que utilizaram 12% de cimento,

apresentando valores menores do que as composições com 10% de cimento.

2.3.1.4 Limite de liquidez e limite de plasticidade

Ao realizar-se o ensaio de limite de liquidez, seguindo os preceitos da NBR

6459:2016, o fechamento da ranhura ocorreu com apenas 8 golpes, logo, a amostra não

apresentou limite de liquidez (NL – Não Líquido). A norma especifica que é preciso ocorrer o

fechamento da ranhura com mais de 25 golpes.

Em relação ao limite de plasticidade, a NBR 7180:2016 determina que se obtenha um

cilindro com 3 mm de diâmetro, porém, a amostra de solo não permitiu a formação desse

cilindro. Considera-se, então, que a amostra não apresentou limite de plasticidade (NP – Não

Plástico).

Com base nos resultados, em que não foi possível determinar os limites de liquidez e

plasticidade, chamados de NL e NP, obteve-se que o índice de plasticidade (IP), foi

considerado não plástico (NP). O fato do solo não apresentar características plásticas é

corroborado pelo resultado do ensaio de textura, que apresentou menor quantidade de silte e

maior quantidade de areia, conforme ocorreu com o solo utilizado por Ferrari et al. (2014),

Castro et al. (2016), da Silva Milani & Barboza (2016) e Faria, Battistelle & Neves (2016).

57
2.3.1.5 Análise mineralógica e química dos materiais

O solo, o RCD e as misturas de solo-RCD utilizados no trabalho foram submetidos a

ensaios de difração de raios x e fluorescência de raios x. Os resultados encontra-se nas

Figuras 2.7 e 2.8.

Figura 2.7 – Difração de raios x do solo, RCD e solo-RCD.

2 RCD
2 Solo
1 RCD/25% Solo
3 RCD/50% Solo
1
1 1 2
2 2 1 - Caulinita: Al2Si2O5(OH)4
1 2 1 2
Intensidade /a.u.

1 2 1 2 - Quartzo: SiO2
5
3 - Silicato de Cálcio Hidratado:
1 3CaO·2SiO2·3H2O
3
4
4 - Goetita: FeO(OH)
5 - Dolomita: Ca(Mg)(CO3)2

5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75
2 /°

Fonte: Autor (2016).

Conforme a Figura 2.7, é possível observar que o solo é composto de caulinita (2 

12,5º, 20º, 25º, 35º, 36º, 50º, 55º, 62º) e quartzo (2  21º, 26º, 38º, 41º, 42,5º, 45º, 60º, 67,5º),

enquanto o RCD é composto majoritariamente por caulinita (2  12,5°, 21°), quartzo (2 

21°, 26° e 60°), silicato de cálcio hidratado (2  26°, 50°), goetita (2  29º) e uma pequena

intensidade de dolomita. As misturas de solo-RCD têm a presença de caulinita, quartzo,

silicato de cálcio hidratado, goetita e dolomita (2  33º), corroborado pela análise de

elementos feita por FRX (Figura 2.8).

58
Figura 2.8 – Fluorescência de raios x do solo, RCD e solo-RCD.

60
Solo
RCD
50 Solo/25% RCD
Percentagem de elementos (%) Solo/50% RCD

40

30

20

10

0
Mg Al Si S K Ca Ti Mn Fe
Elementos

Fonte: Autor (2016).

Analisando os resultados obtidos na Figura 2.8, verifica-se que o solo apresenta

elevados teores de silício (58,30%) e alumínio (32,21%), o que indica uma forte presença dos

minerais quartzo e caulinita.

No RCD, tem a maior presença de silício (38,23%), cálcio (27,93%), alumínio

(15,04%), ferro (9,50%) e magnésio (4,09%), determinando a presença dos minerais calcita,

quartzo, silicato de cálcio hidratado e goetita.

A mistura de solo e 25% de RCD contém silício (54,35%), alumínio (25,38%), cálcio

(7,92%), ferro (7,61%) e magnésio (1,22%), enquanto a mistura de solo e 50% de RCD

contém silício (47,54%), alumínio (22,02%), cálcio (15,61%), ferro (8,28%) e magnésio

(2,35%).

59
2.3.2 Caracterização dos tijolos

2.3.2.1 Absorção de água dos tijolos

A realização dos ensaios de absorção de água nos tijolos fabricados ocorreu de acordo

com a NBR 8492:2012 e é demonstrado na Figura 2.9 (a e b). Os resultados alcançados pelas

composições estão relatados na Tabela 2.4 e na Figura 2.10.

Figura 2.9 – a) Secagem dos tijolos em estufa; b) Tijolos imersos em tanque com água.

a b

Fonte: Autor (2016).

Durante a moldagem dos tijolos, não é aplicada tanta energia quanto na compactação,

provocando um aumento na porosidade das misturas solo-cimento usadas na confecção dos

tijolos e aumento no teor de absorção de água dos mesmos. Como previsto pela norma, todos

os tijolos ensaiados foram aprovados, pois os resultados indicaram índices individuais abaixo

do valor máximo permitido de 22%, bem como índices médios abaixo de 20%.

60
Tabela 2.4 – Absorção de água dos tijolos.

Composições Absorção (%)


S8C 13,35 ± 0,36
S10C 11,69 ± 0,65
S12C 11,15 ± 0,77
S25R8C 12,55 ± 0,19
S25R10C 12,58 ± 0,54
S25R12C 12,09 ± 0,20
S50R8C 15,88 ± 1,09
S50R10C 14,32 ± 0,36
S50R12C 14,44 ± 0,76

Fonte: Autor (2017).

Figura 2.10 – Absorção de água de tijolos

18

17

16

15
Absorção (%)

14

13

12

11

10

9
S25R10C

S25R12C

S50R10C

S50R12C
S25R8C

S50R8C
S8C

S10C

S12C

Fonte: Autor (2017).

Teoricamente, ao aumentar o teor de cimento, como os grãos são mais finos,

diminuem os poros vazios e diminui a absorção. Nos tijolos das composições S8C, S10C e

S12C a absorção reduziu com o aumento do teor de cimento, fato semelhante ocorreu nas

composições com 25% e 50% de RCD. Os tijolos com RCD, S25R8C e S25R10C têm

praticamente o mesmo valor de absorção. Em S50R12C, a absorção é um pouco maior do que

S50R10C.

61
2.3.2.2 Resistência à compressão simples dos tijolos

Os ensaios para determinação da resistência à compressão simples dos tijolos solo-

cimento e solo-RCD-cimento foram executados de acordo com a NBR 8492:2012, aos 14, 28

e 56 dias. Os resultados alcançados estão dispostos na Tabela 2.5 e na Figuras 2.11.

Tabela 2.5 – Resistência dos tijolos.

Resistência à compressão simples (MPa)


Composições
14 dias 28 dias 56 dias

S8C 0,35 ± 0,14 0,61 ± 0,31 0,72 ± 0,13


S10C 0,41 ± 0,20 1,16 ± 0,27 1,40 ± 0,19
S12C 0,54 ± 0,19 1,17 ± 0,23 1,46 ± 0,26
S25R8C 0,59 ± 0,18 0,92 ± 0,19 1,16 ± 0,23
S25R10C 0,62 ± 0,10 1,45 ± 0,12 1,78 ± 0,30
S25R12C 0,90 ± 0,37 1,85 ± 0,13 2,18 ± 0,15
S50R8C 0,33 ± 0,09 0,67 ± 0,08 0,81 ± 0,28
S50R10C 0,51 ± 0,13 0,95 ± 0,14 1,17 ± 0,24
S50R12C 0,52 ± 0,26 1,08 ± 0,26 1,29 ± 0,36

Fonte: Autor (2017).

Conforme apresentado na Tabela 2.5, observa-se que ao aumentar o teor de cimento,

as resistências aumentaram, para cada percentual de RCD (0%, 25% e 50%). As composições

que utilizaram 25% de RCD apontaram os melhores resultados, até em relação às

composições que utilizaram apenas solo e cimento. Os resultados obtidos nos ensaios aos 14 e

28 dias não alcançaram a resistência média determinada pela Norma 8491:2012, que é de 2,0

62
MPa aos 07 dias. A composição S25R12C foi a que atingiu a melhor média de resistência aos

28 dias, de 1,85 Mpa (Figura 2.11b), porém, apenas aos 56 dias, essa composição atendeu

integralmente aos parâmetros estabelecidos pela norma, com resistências na média de 2,18

Mpa (Figura 2.11b). Esse valor está de acordo com os resultados de Góis (2012), nos quais os

tijolos atingiram resistência especificada pela norma apenas aos 56 dias.

Figura 2.11 – Resistência dos tijolos solo-cimento e solo-RCD-cimento.


2,4 2,4

S8C a S25R8C b
2,2 2,2

Resistencia a compressao simples (MPa)


S10C S25R10C
Resistência à compressão simples (MPa)

2,0 S12C 2,0 S25R12C


1,8 1,8
1,6
1,6
1,4
1,4
1,2
1,2
1,0
1,0
0,8
0,8
0,6

0,4 0,6

0,2 0,4

14 28 56 14 28 56
Dias Dias
2,4
S50R8C
2,2
S50R10C c
S50R12C
Resistência à compressão simples (MPa)

2,0

1,8

1,6

1,4

1,2

1,0

0,8

0,6

0,4

0,2

14 28 56

Dias

Fonte: Autor (2017).

63
Para que ocorra elevação da resistência à compressão dos tijolos aos níveis exigidos

pela norma, faz-se necessário ter um maior período de tempo para que ocorra a reação

pozolânica, o que foi demonstrado pelos dados obtidos aos 56 dias, ou se aumentar o teor de

cimento em relação à quantidade de solo, pois com 12% de cimento não se alcança a

resistência necessária com 14 dias (Figura 2.11).

Os gráficos da resistência à compressão dos tijolos que utilizaram 8% de cimento

estão na Figura 2.12a. Aos 14 dias, S8C atingiu resistência média de 0,35 MPa, enquanto

S50R8C chegou a 0,33 MPa. Aos 28 dias, S8C chegou a 0,61 Mpa e S50R8C a 0,67 MPa e

aos 56 dias S8C obteve 0,72 MPa e S50R8C 0,81 MPa, demonstrando que a substituição de

solo por RCD alcança resistência aproximada ou até melhor que a amostra de solo-cimento.

Todos os ensaios da composição com 25% de RCD apresentaram resultados mais satisfatórios

que as demais.

Figura 2.12a – Comparativo das resistências com o mesmo percentual de cimento.


1,50
S8C
S25R8C a
Resistencia à compressão simples (MPa)

1,25 S50R8C

1,00

0,75

0,50

0,25

0,00
14 dias 28 dias 56 dias

Fonte: Autor (2017).

Na Figura 2.12b estão os resultados das resistências que utilizaram 10% de cimento na

composição dos tijolos. Aos 14 dias, S10C adquiriu resistência média de 0,41 MPa, S25R10C

64
0,62 Mpa e S50R10C 0,51MPa. Nos resultados aos 28 dias, S10C atingiu 1,16 MPa,

S25R10C 1,45 MPa, S50R10C 0,95 MPa e aos 56 dias, S10C chegou a 1,40 MPa, S25R10C a

1,78 MPa e S50R10C 1,17MPa, comprovando que todos os ensaios da mistura com 25% de

RCD e apenas o ensaio aos 14 dias da mistura com 50% de RCD alcançaram resultados

melhores do que as de solo-cimento.

Figura 2.12b – Comparativo das resistências com o mesmo percentual de cimento.


2,25
S10C
2,00 S25R10C b
Resistencia à compressão simples (MPa)

S50R10C
1,75

1,50

1,25

1,00

0,75

0,50

0,25

0,00
14 dias 28 dias 56 dias

Fonte: Autor (2017).

As composições que utilizaram 12% de cimento (Figura 2.12c) obtiveram

comparações de resultados semelhantes aos feitos na Figura 2.12b. S12C, aos 14 dias, chegou

a resistência média de 0,54 MPa, enquanto S25R12C a 0,90 MPa e S50R12C a 0,52 MPa.

Nos ensaios aos 28 dias, S12C alcançou 1,17 MPa, S25R12C a 1,85 MPa e S50R12C a 1,08

MPa. Por fim, aos 56 dias, S12C chegou a 1,46 MPa, S25R12C a 2,18 MPa e S50R12C a

1,29 MPa.

Conforme comparativo feito entre os mesmos percentuais de cimento (Figura 2.12), as

resistências das composições que adotaram apenas solo-cimento foram bem aproximados das

composições que utilizaram 50% de RCD e foram menores do que os resultados das

65
composições com 25% de RCD, comprovando que o resíduo pode substituir o solo nas

misturas, proporcionando benefícios na resistência e na sustentabilidade do meio ambiente.

Figura 2.12c – Comparativo das resistências com o mesmo percentual de cimento.


2,50
S12C
2,25 S25R12C c
Resistencia à compressão simples (MPa)

S50R12C
2,00

1,75

1,50

1,25

1,00

0,75

0,50

0,25

0,00
14 dias 28 dias 56 dias

Fonte: Autor (2017).

O RCD contém material proveniente de concreto, reboco, entre outros que possui

cimento na composição que, ao longo do tempo, adquire maior reação pozolânica e melhora a

resistência dos tijolos. O RCD reduz a quantidade de solo utilizada nos tijolos, além de

possuir granulometria semelhante à do solo.

As misturas S8C, S10C e S12C são parâmetros de referência para comparar com os

resultados das misturas que contêm RCD. A composição S8C é o mesmo percentual de

mistura utilizado pela fábrica de tijolos de solo-cimento da Associação de Moradores do

Bairro Poti Velho, na cidade de Teresina-PI. Pegou-se uma amostra de sete tijolos fabricados

pela Associação que estavam com 56 dias e realizou-se o ensaio de resistência à compressão

simples. O resultado médio foi de 0,73 MPa, enquanto a composição S8C da pesquisa que

possui o mesmo traço utilizado pela fábrica da Associação atingiu 0,72 MPa. Ambos os

66
resultados não atingiram o mínimo normatizado. Essa baixa resistência dos tijolos de solo-

cimento é corroborada pelo ensaio de FRX, que determinou alta presença de Silício nas

amostras de solo (58,30%).

2.4 CONCLUSÃO

Com base nas informações obtidas a partir das caracterizações dos materiais e dos

tijolos, pode-se concluir que a inclusão de RCD nas misturas das composições dos tijolos

proporciona benefícios, tanto na redução do excessivo volume de material descartado em

obra, quanto na melhora da resistência do material produzido e na questão ambiental de

sustentabilidade.

O solo utilizado na pesquisa, apesar de existir em abundância no meio ambiente, faz-

se necessário reduzir sua utilização na produção de materiais construtivos. Classificado como

franco-arenoso, o solo necessita de correções granulométricas que podem ser realizadas com a

utilização de resíduos da construção, dentre eles, o cerâmico. Com base nos resultados

verificados nos ensaios de resistência, verificou-se que a substituição do solo por RCD traz

bons resultados comparativos.

Todos os tijolos fabricados com 25% de RCD atingiram resultados de resistência à

compressão simples mais satisfatórios do que os tijolos produzidos apenas com solo-cimento.

Como a resistência aumenta ao longo do tempo, os valores obtidos nos ensaios aos 56 dias

apresentaram as melhores médias de resultado, dentre eles, a composição S25R12C, alcançou

as exigências das normas técnicas vigentes para uso em alvenaria sem fins estruturais, com

resistência à compressão de 2,18 MPa.

Apesar das composições com 50% de RCD não atingirem a resistência determinada

em norma, foi possível comprovar que seus resultados foram semelhantes às resistências das

67
misturas que possuem apenas solo e cimento. Aos 14 dias, as composições de solo-cimento

com 8%, 10% e 12% de cimento obtiveram as resistências de 0,35 MPa, 0,41 MPa e 0,54

MPa respectivamente. Nessa mesma data de rompimento e com os mesmos percentuais de

cimento, as composições de solo-RCD-cimento com 50% de RCD obtiveram as resistências

de 0,33 MPa, 0,51 MPa e 0,52 MPa respectivamente.

Por fim, pela caracterização dos tijolos a partir dos ensaios de resistência realizados

pode-se concluir que os tijolos de solo-RCD-cimento fabricados possuem maior qualidade

que o tijolo fabricado pela Associação dos Moradores do Bairro Poti Velho, pois as

resistências apresentaram maiores valores ao longo dos dias.

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73
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Por meio do artigo de revisão bibliográfica comprovou-se a necessidade da

reutilização dos resíduos da construção e demolição, reduzindo o seu acúmulo em áreas

regularizadas de aterro sanitário e em áreas clandestinas de bota-fora. Os maiores geradores

de resíduos necessitam implementar um eficiente gerenciamento baseado nos princípios da

redução, reciclagem e reutilização. É preciso que o mundo exerça atividades sociais e

econômicas considerando a sustentabilidade.

Nos países desenvolvidos, o elevados índices relacionados a reciclagem e reutilização

dos RCD na construção civil proporcionam pesquisas e estudos com o intuito de garantir a

qualidade dos produtos e serviços que empregam matéria-prima reciclada, além de incentivar

o mercado brasileiro e os governos para esta realidade. As atividades do setor da construção

civil, no Brasil, necessitam conhecer com premência a destinação dos seus resíduos, para que

possam investir em programas mais sustentáveis.

A pesquisa comprovou a viabilidade técnica da utilização parcial do RCD para a

fabricação de tijolos de solo-cimento, bem como a inestimável viabilidade do ponto de vista

ambiental.

74
PERSPECTIVAS FUTURAS

 Confeccionar e submeter artigo;

 Utilizar a mesma metodologia deste trabalho para novas composições de solo, RCD e

cimento;

 Fabricar tijolos de solo-cimento utilizando outro tipo de material, além do RCD;

 Pelo fato de Teresina não possuir usina de reciclagem de resíduos da construção e

demolição, surge a necessidade de uma parceria entre as construtoras e as fábricas de

tijolos de solo-cimento, de modo a destinar adequadamente os RCD das obras para

britagem e que as construtoras fiquem responsáveis pelos custos dos serviços e

transportes, como forma de beneficiar o meio ambiente.

75

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