O Que Ensinar em Ciências
O Que Ensinar em Ciências
O Que Ensinar em Ciências
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Por: Beatriz Santomauro
Por quê? Essa é uma das perguntas que as crianças fazem com bastante frequência.
Elas têm curiosidade em saber a origem das coisas e as causas dos fenômenos da
natureza e em explorar aquilo que lhes parece diferente, intrigante. A disciplina de
Ciências, quando bem trabalhada na escola, ajuda os alunos a encontrar respostas para
muitas questões e faz com que eles estejam em permanente exercício de raciocínio.
Mitos pedagógicos
Aula deve ser experimental
Uma atividade prática não carrega em si todos os conteúdos que se quer ensinar,
assim como não é necessariamente o procedimento principal ou obrigatório no ensino
de Ciências. As aulas em laboratório devem fazer parte de uma sequência didática que
envolva exposições teóricas, registros dos alunos e confrontações de ideias.
Experiência, só em laboratório
Aula prática não depende de equipamentos de alta tecnologia. Com material
alternativo também é possível produzir experimentos que levam à construção de
conceitos pelos alunos. Observações de fenômenos podem ser feitas no pátio da escola
ou na vizinhança.
Somente nos anos 1970, em estudos feitos com base em descobertas sobre como a
criança aprende, se percebeu a necessidade de o aluno fazer seu próprio percurso,
respeitando as ideias que ele já tinha sobre o conteúdo. Diferentemente da abordagem
tecnicista, o fundamental passou a ser se apoiar em questões que fizessem sentido
para o aluno e assim despertassem a curiosidade e o interesse pelo conhecimento. A
chamada perspectiva investigativa começou a tomar corpo e hoje é apontada como a
mais adequada para o ensino da disciplina.
Para encontrar a solução, o aluno se vale de ideias e conhecimentos que já tem antes
de procurar explicações nos livros. Ele agora participa ativamente da aula, planejada
para propiciar e valorizar sua iniciativa. O professor, além de ser fonte de informação,
passa a ter a função de orientar as ações. O livro didático tornase apenas um dos
materiais de consulta. Para Antonio Carlos Pavão, docente da Universidade Federal de
Pernambuco e diretor do Espaço Ciência, tanto o estudante como o docente assumem
o papel de pesquisador, ficando esse último com a função também de conduzir a
investigação e instrumentalizar a criança para que ela aprenda com autonomia.
Internet, museus, revistas, livros científicos e paradidáticos e programas de televisão
fazem parte do material de pesquisa. "Cabe ao educador ensinar a turma a usar essas
ferramentas, filtrar os dados, contrapor informações e auxiliar a criança a elaborar
uma versão adequada para o que acabou de aprender", afirma Pavão.
1930 A Escola Nova propõe que o ensino seja amparado nos conhecimentos da
Sociologia, Psicologia e Pedagogia modernas. A influência desses pensamentos não
modifica a maneira tradicional de ensinar.
1961 Com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), passou a ser
obrigatório o ensino de Ciências para todas as séries do Ginásio (hoje do 6º ao 9º ano).
1971 A LDB torna obrigatório o ensino de Ciências para todas as séries do 1º Grau
(hoje Ensino Fundamental). O Ministério da Educação (MEC) elabora um currículo
único e estimula a abertura de cursos de formação.
1980 As Ciências são vistas como uma construção humana e não como uma verdade
natural. São incluídos nas aulas temas como tecnologia, meio ambiente e saúde.
1982 Surge o modelo de mudança conceitual, que teve vida curta. Ele se baseia no
princípio de que basta ensinar de maneira lógica e com demonstrações para que o
aprendiz modifique ideias anteriores sobre os conteúdos.
TRADICIONAL
Também chamada de conteudista ou convencional. Predominou desde o século 19 até
1950 e, embora não seja considerada a mais adequada para as práticas atuais, ainda é
adotada.
Foco: Tomar contato com os conhecimentos existentes sobre determinado tema.
Estratégia de ensino: Aulas expositivas, sendo o professor e o livro didático as únicas
fontes de informação. Incentivo à memorização de definições. A experimentação em
laboratório serve para comprovar a teoria.
TECNICISTA
Surgiu na década de 1950 para se contrapor à concepção tradicional.
Foco: Reproduzir o método científico.
Estratégia de ensino: Aulas experimentais, em laboratório, com ênfase na reprodução
dos passos feitos pelos cientistas.
INVESTIGATIVA
Criada por volta de 1970, mesclou algumas características das concepções anteriores e
colocou o aluno no centro do aprendizado.
Foco: Resolução de problemas que exigem levantamento de hipóteses, observação,
investigação, pesquisa em diversas fontes e registros ao longo de todo o processo de
aprendizagem.
Estratégia de ensino: Apresentação de situação-problema para que o aluno mobilize
seus conhecimentos e vá em busca de novos para resolvê-la. Disponibilização de várias
fontes de pesquisa.