09 - 2001, ARRETCHE - Uma Contribuição para Fazermos Avaliações Menos Ingênuas PDF
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09 - 2001, ARRETCHE - Uma Contribuição para Fazermos Avaliações Menos Ingênuas PDF
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o recente reco n h ecim en to da im p o rtâ n c ia e a
conseqüente valo rização da avaliação de políticas e
prog ram as sociais esconde alg u m as a rm a d ilh a s .
A m a is p reocupante delas é pen sar a avaliação sob
os efeitos da sedução tecnológica, u m a vez que, à
sua eficiência e eficácia im e d ia ta s , não corresponde
n ece ss a ria m en te u m com prom isso efetivo com a
re a l m e lh o ria da q u a lid a d e de v id a dos cidadãos
beneficiário s de program as e serviços públicos.
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Maria Cecília Roxo Nobre Barreira e
Maria do Carmo Brant de Carvalho (Orgs.)
Maria Cecília Roxo Nobre Barreira, Maria do Carmo Brant de Carvalho (Orgs.)
ISBN: 85-86894-18-4
CDD
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A presentação
Maria do Carmo Brant de Carualho e M aria Cecília Roxo Nobre Barreira
Avaliação de im p le m e n ta çã o: esboço de u m a
m e tod o lo gia de tra b a lh o em política s p úb licas
Sônia M iriam Draibe
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MARIA DO CARMO BRANT DE CARVALHO é doutora em Serviço Social pela
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e pós-doutorada em Serviço Social
Aplicado pela École des Hautes Études en Sciences Sociales de Paris. Atua como
professora no Programa de Pós-Graduação em Serviço Social da Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo. Membro do Conselho Nacional da Comunidade
Solidária da Casa Civil da Presidência da República do Brasil, é autora de vários tra
balhos publicados.
MARIA CECÍLIA ROXO NOBRE BARREIRA é doutora em Serviço Social pela Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo, com aperfeiçoamento em Avaliação de Políti
cas e Programas Sociais no University Center for Social and Urban Research da Uni
versity of Pittsburgh na Pensilvânia — Estados Unidos. Consultora de organizações
sociais na elaboração de sistemas de monitoramento e avaliação, é autora de vários
trabalhos publicados.
o In s titu to de Estudos Especiais — lEE vem buscando, em sua h is tó ria
recente, executar, re fle tir e p u b lic iz a r pesquisas, estudos e debates sobre
a gestão de p o lític a s p ú b lic a s e, p a rtic u la rm e n te , sobre a q ue stão da
avaliação de p olítica s e program as sociais.
O
G raduação em Serviço Social da P o n tifícia U n iv e rs id a d e C a tó lica de São
Paulo e c o o rd e n a d o ra -g e ra l do C en tro de Estudos e Pesquisas em E du
cação C u ltu ra e Ação C o m u n itá ria — Cenpec, e Denise Blanes, p e s q u is a
dora do In s titu to de Estudos Especiais — lEE da PUC-SP, a p re s e n ta m a
co n stru çã o de u m “siste m a de m o n ito ra m e n to e avaliaçã o im p le m e n
ta d o p o r u m a o rg an izaçã o do te rce iro setor: o caso da A ção C o m u n itá
ria do B ra sil — ACB” . As a u to ra s d estacam a “in ic ia tiv a in o v a d o ra e c o
ra jo sa ” da ACB na im p la n ta ç ã o de a valiação de re s u lta d o s e im p a c to s .
“A ACB, ao se p ro p o r a a v a lia r suas ações, está in tro d u z in d o n a agenda
do T erceiro Setor u m novo m o d o de gestão da ação p riv a d a c o m fin s p ú
b lico s.” C o n trib u i p ara o que h o je se d e n o m in a accountability, ou seja, a
necessária p re staçã o de co nta s à sociedade, aos s u je ito s e n v o lv id o s e
ao b e n e fic iá rio sobre as p rio rid a d e s p o lític a s e re s u lta d o s a tin g id o s.
im p le m e n t a ç ã o ;
esboço de u m a
m e to d o lo g ia d e
tr a b a lh o e m
p o lít ic a s p ú b lic a s
SÔNIA MIRIAM DRAIBE é livre-docente em Ciência Política, professora-adjunta e
pesquisadora do Instituto de Economia da Universidade de Campinas — Unicamp e
do Núcleo de Estudos de Políticas Públicas — NEPP, da Unicamp; seus campos princi
pais de investigação têm sido as Políticas Públicas e as Políticas Sociais. É autora de
vários trabalhos publicados.
IN T R O D U Ç Ã O
O
o objetivo do trabalho é também modesto. Visa auxiliar todos aqueles
que. como eu. têm enfrentado as recorrentes dificuldades de formulação
e elaboração dos projetos de avaliação de políticas e programas sociais.
Como se sabe. no campo da análise de políticas públicas há pouco con
senso acerca de conceitos básicos, o que obriga o analista a declarar, de
início, suas preferências e escolhas, até mesmo para ser entendido. Ora,
esse entendimento inicial é decisivo em qualquer pesquisa, seja para de
fin ir o terreno comum sobre o qual trabalhará a equipe, seja para garan
tir uma boa compreensão quando os resultados são divulgados.
O
Políticas, P rogram as, Projetos; Recortes P rogram áticos "P rá tic o s "
O bjetíu os d a A v a lia ç ã o
• Melhora do nível de
• % de cumprimento das metas jvariação da ,
informação em saúde
Vadnação • N? vadnas aplicadas ftaxa de ^
da população
antipólio • Cobertura (% da população- knddênda dei
• Graus de satisfação dos ]
alvo vacinada) [poliomielite
_pais j
• Variação da taxa de 1
• Quantidade de litros de leite; Variação da mortalidade infantil
Leite para
distribuída / mês taxa de • Melhora da capaddade
crianças
• Cobertura (% crianças que \ desnutrição institudonal em tecno
desnutridas
receberam o leite) | infantil logia de distribuição dei
1 alimentos
1
•Cobertura (% de alunos que
recebem a merenda) Melhora do '
Merenda • Valores calóricos e protéicos i perfil n utri • Melhora do desem--
penho escolar dos
escolar ingeridos por aluno cional dos alunos
• Quantidade de refeições/ alunos !
dia distribuídas
. _4 j
Três programas, na primeira coluna, foram tomados como exemplo. A l
guns de seus “resultados” estão exemplificados na segunda coluna. Muito
sumariamente, pode-se dizer que os resultados (no sentido estrito) são
os “produtos" do programa, previstos em suas metas e derivados do seu
processo particular de “produção". Costuma-se também utilizar o termo
desempenho para indicar resultados em sentido estrito (outcomes). No caso
da merenda escolar, sâo exemplos de seus resultados a quantidade de
refeições distribuídas, os valores calóricos e protéicos adicionados à dieta
diária dos alunos ou. enfim, a quantidade de alunos que a receberam.
Cada tipo ou grupo de resultados (no sentido amplo) será m elhor ava
liado sempre que para tanto forem utilizados os indicadores adequa
dos e os instrum entos corretos.
O
In d ic a d o re s de R esultados ou Desem penho
In d ic a d o re s de Im p a c to e, a p ro p ó s ito , m a is u m a Classificação
d a s P esq uisa s de A v a lia ç ã o
O
Outros vieses. se não controlados, podem afetar a comparação com o
grupo de controle, mesmo quando esse tenha sido selecionado por
critérios adequados. Por exemplo, no caso de um programa de leite para
crianças desnutridas, pode ocorrer que o grupo de controle esteja sendo
afetado, ou por um outro programa similar, ou mesmo por variações não
controladas na dieta alim entar doméstica. Em certos programas —
tomemos como exemplo um programa de capacitação para jovens — a
própria decisão de dele participar pode introduzir viés nos resultados. Ou
seja. na comparação entre os dois grupos, certas diferenças supostas
como impactos — por exemplo, estar empregado ou ter melhores rendi
mentos — podem decorrer menos do treinamento obtido, antes do fator
motivação, em geral associado a outras caracteristicas dos sujeitos.
In d ic a d o re s de £ /e íto s
AS AVALIAÇÕES DE PROCESSOS:
EM BUSCA DE MODELOS ANALÍTICOS
AS ESTRATÉGIAS DA IMPLEMENTAÇÃO
Sem pretender abarcar todas as dimensões que uma análise desse tipo
pode abranger, refiro-me resumidamente às que julgo principais e que,
a meu ver, devem estar na ordem de preocupações do avaliador da im
plementação, mesmo quando ele não vá trabalhar exaustivamente com a
questão estratégica.
O
A D im e n s ã o T e m p oral
P arcerias e Redes de A p o io
Se. nas considerações anteriores, a referência foi sobretudo aos atores in-
temos, aqui quero referir-me aos diferentes grupos de interesse, aos par
ceiros e às redes de apoio que, mais amplamente, relacionam-se com o
programa avaliado. Sâo eles muitos e bastante diferenciados: sem nenhu
ma elegância, poder-se-ia considerá-los “produtores" e “consumidores" da
política em questão. Podemos localizá-los desde os beneficiários mais
diretos até atores, institucionais ou não, relacionados, por exemplo,
com seu financiamento, passando mesmo pelos concorrentes, ou seja,
pelos atores vinculados a programas similares e competitivos.“
A análise política das políticas públicas nào é matéria fácil, nem sem
pre possível de ser realizada e. m u ito freqüentemente, desagrada a
muitos. Ainda assim, a consideração das questões mais estratégicas da
implementação é ú til para a correta identificação dos fatores de pro
cesso que operam ou como facilitadores ou como obstáculos à conse
cução do programa.
O
ferentes grupos de atores; os processos de filtragens e de apropria
ção/domesticação da policy por parte dos agentes, segundo o legado
ou as tradições e culturas organizacionais: a formulação e decisão; as
definições de estratégias de implementação.®
• ímpiementação: in clu i tanto as atividades-meio, que viabilizam o de
senvolvimento do programa, quanto a atividade-fim, ou a execução
propriam ente dita. antes que se tom e rotineiro.
Veremos logo mais quais são esse subprocessos nos quais se desdobra
0 processo mais geral da implementação.
0 cum prim ento das m etas e objetivos. Tais/atores podem ser en
tendidos como condições institucionais e sociais dos resultados.
O
CICLO DE VIDA DOS PROGRAMAS: UM A METODOLOGIA DE
AVALIAÇÂO DE PROCESSOS
S is te m a G erencial e D e cisório
Processos de D iv u lg a ç ã o e In fo rm a ç ã o
S iste m a s de Seleção
S is te m a s de C a p acita çã o
S is te m a s In te rn o s de M o n ito ra m e n to e A u a lia ç ã o
Já no que tange aos recursos materiais, vale lem brar que, em m uitos
programas, a base m aterial específica na qual se apóiam — equipa
mentos coletivos, equipamentos de comunicação, serviços de trans
portes etc. — é crucial para o seu êxito. Medidas de suficiência e de
qualidade parecem ser as mais adequadas.
O
IN D IC A D O R E S A G R E G A D O S : A V A L IA Ç Õ E S D E E F IC Á C IA ,
E F IC IÊ N C IA E E F E T IV ID A D E D O S P R O G R A M A S
EFICÁCIA
e
E F IC IÊ N C IA E E F E T IV ID A D E ”
m a is aprop ria da ?
• Esta condição opera com os menores custos para a produção m áxi
ma dos resultados esperados?
• Esta condição opera no menor tempo possível?
O
devemos distinguir a avaliação da efetividade sodol e da efetividade ins
titucional, uma vez que sâo também m u ito distintos os indicadores que
se referem a uma e outra dimensão.
Dimensões Indicadores
1Indicadores de E tiaen aa 1
[ Recuisos/líãzõr 1Custo 11 Relação custoÁ>enefido ou custo/efetividade }
Indicadores de Ehcacia — 1
Sistema gerencial e ! Competênda dos gerentes; capaddade de implementar |
decisório > dedsões; graus centralização/descentralização ' |
]
Efeitos • Graus de satisfação dos benefidários; graus de
(Capital sodal; opinião e
■satisfação dos'atores) i adesão / satisfação dos agentes e benefidários
• Indução/reforço a assodações/iedes/parceiias
O
O B S E R V A Ç Õ E S F IN A IS
Quero com isso dizer que, além de possível, é recomendável que variá
veis qualitativas, tais como aquelas que habitualmente descrevem os
atributos de processos, recebam tratam ento quantitativo. É esta uma
das alternativas para se proceder à efetiva avaliação do nível de eficácia
(ou de qualidade) de dado subprocesso ou sistema da implementação.
O
definições, valores e escolhas do avaliador, mas, em geral, pode-se esperar
de um bom processo seletivo que ele esteja apoiado em ampla divulgação
(de modo que todos os potenciais candidatos estejam informados), que
seja claro acerca de critérios e procedimentos de escolha (ou dos seus cri
térios de justiça), que apure mérito e que, portanto, apóie-se em processos
competitivos, em instrumentos adequados etc.
O
Fecho este texto insistindo na tese de que, em avaliações de implementa
ção, não basta tão somente descrever processos e sistemas. Mesmo quan
do se trata de variáveis qualitativas, é preciso — e é possível — ir além,
caso se queira efetivamente avaliar o processo de implementação de um
programa e relacioná-lo com os resultados, buscando explicar, então, tam
bém por fatores internos à própria política, os seus êxitos ou fracassos.
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N O T A S
1Preparado p ara apoiar a exposição do Sem iná 7 Ao longo da im plem entação, tendem a variar
rio Avaliaçâo d e Políticas e Program as Sociais, os tipos predom inantes de interação e n tre ato
este tex to resu m e p artes de trabalho m ais a m res — interações cooperativas, conflitantes ou
plo. q u e tra ta d e m etodologja de avaliaçâo de de aduocQcy — seja n o interior da coalizão de
políticas públicas, e m fase d e elaboração. apoio, seja na relação com outros grupos de
2 Por tais características, a s avaliações ex ante atores.
sà o tam b ém ch am ad as, em inglês, de '/oirnoti- 8 Há vários esforços de classificação dos difer
ue" eualuation. en q u a n to as do tipo ex post são entes grupos interessados ou stakcholders, co
d enom inadas ''summQtive” eualuorion (BlU 1995. m o prefere o jargão da m oda. Os m an u ais do
p.4-6), expressões cu ja tradução n âo faz n e Banco Interam ericano de Desenvolvimento dis
n h u m sen tid o em português, não se recom en tinguem . por exemplo, e n tre os stabeholders. os
d an d o em n en h u m caso o seu uso. prim ários, os secundários e os patrocinadores
3 Apóio-me. n esse item . sobretudo em Friedlan- (IDB. 1995).
der. G reenbeig & Robins (1999); SiEMPRO (1999); 9 É am pla e conhecida a bibliografia de teoria
E zem enari. Rudqvist & Subbarao (1999). organizacional e análise de pxjlíticas públicas
4 Entre a s altern ativ as m ais conhecidas de defi em q u e se apóia esta conceituação. Por isso,
nição d o grupo d e controle, estão as seguintes: dispenso-m e de referi-la, com exceção de al
can d id ato s inscritos, m a s n â o selecionados guns títulos da corrente neo-institucionalista.
para o program a; p articipantes q u e d eserta m ais à frente indicados.
ram do program a; in teg ran tes da m esm a área 10 Esta definição difere totalm en te d a s q u e co n
geográfica e o u do m esm o grupo-alvo que. e n sideram apenas a relação m etas-tem po, com o
tretan to . nâo se can d id ataram ao program a: a seguinte: ”... (entende-se a eficácia] com o o
indivíduos sim ilares, m as de fora da área geo grau em q u e se alcançam a s m e ta s de pro
gráfica coberta pelo program a; finalm ente, dução d e u m projeto em um dado periodo de
não-p articip an tes selecionados em bases n a tem po, independentem ente de seus custos
cionais o u regionais de dados (censos etc.). (CEPAL, 1998a. p.l8).
5 R ecentem ente, em pesquisa qu e avaliou o im 11 Os conceitos aqui usados n ã o se identificam
p acto d e u m program a de capacitação de jo plenam ente com a s definições d a tradição da
vens. n a au sên cia d e fontes censuais de in teoria econôm ica neoclássica, e m especial do
form ação. com b ase nas quais pudessem ser welfare economics. Nesta, a eficiência refere-se
sorteadas am ostras, utilizei a técnica da amos- à relação en tre insum os e produtos, m ais a m
tra-so m b ra p ara co m por o gm po de controle, plam ente en tre custos e benefícios. TVaduzida
que replicava todas a s características da am os na linguagem da curva de Pareito, é eficiente
tra d e egressos, salvo o te r feito aquele exato a produção que. realizada n u m d ad o nível, se
cu rso d e capacitação. Embora freqüente, esta faz ao m enor custo e com m áxim o beneficio
n ão é a m elh o r alternativa: no caso citado, líquido. Já a efetividade, ta m b é m c h a m a d a
infelizm ente, era a única possível. eficiência técnica, refere-se ao m áxim o da
6 Na p esq u isa Auaiiaçdo da descentralização dos produção ou realização possível (dos objeti
prograrnos do FNDE e da Merenda Escolar, que vos). segundo a m elhor alternativa tecnológi
coordenei n o N úcleo d e Estudos de Políticas ca. 0 conceito de eficiência, entâo, é m ais a m
Públicas— NEPP. Unicam p. obtive sucesso com plo e envolve m esm o o de efetividade. Se a
a aplicação d e regressão logística para d eter relação custo-efeüvidade re m e te à re aliza
m in a r a s ch an ce s (os níveis d e risco) de d eter ção dos objetivos específicos com m en o res
m inados tifws d e escola im plem entarem bem custos, a eficiência significa a extensão em
o s p ro g ram as, iso lan d o v ariáveis tais com o o qu e a razão custo-beneflcio é m axim izada (cf.
ta m a n h o d a escola, o tipo m unicipal ou e s ta Propper. 1998; Palfrey e t al., 1992).
d u al e 0 nível d e escolaridade do diretor. Ver 12 Na análise de processo, são tam b ém d e g ran
Draibe, 1998. N a avaliação d e im pacto d e p ro de utilidade os conceitos de legado e princi
g ra m a s n o rte -a m e ric a n o s de capacitação, palm en te o de poth dependency. Ver Sckocpol 8<
Bamow. Cain & Goldberger (1980) tiveram êxi Orloff.1984; Skocpo! & Ikenberry, 1983; Pier-
to e m iso lar o efeito p articipação por m eio de son, 1994.1996. Para um bom e stu d o da bi
an álise d e regressão q u e incluiu, com o variá bliografia sobre aprendizagem organizacional,
veis d e controle, todos o s critérios usados na ver Calmon, 1999.
seleção d os can d id atos ao program a.
O
U m a c o n t r ib u iç ã o
o a ra fa z e rm o s
a v a lia ç õ e s m e n o s
in s e n u a s
MARTA TEREZA DA SILVA ARRETCHE é doutora em Ciências Sociais, na área de Políticas
Públicas pela Universidade de Campinas — Unicamp. Professora de Ciência Política na
Universidade do Estado de São Paulo — Campus Araraquara, é autora de vários traba
lhos publicados.
Os m anuais de avaliaçâo de políticas públicas nos ensinaram que a
avaliação da eficácia, da eficiência ou da efetividade de programas
públicos deve sistem aticam ente levar em consideração os objetivos e a
estratégia de implementação definidas por seus próprios formuladores,'
pois seria inteiram ente fora de propósito que o avaliador tom asse em
consideração objetivos e/ou m etodologias externos àqueles estabeleci
dos pelos próprios programas. Avaliar segundo critérios alheios aos es
tabelecidos pelos formuladores implica necessariamente uma avaliação
negativa, pois não é plausível esperar que um programa realize o que
não estava em seu próprio horizonte de im plem entação.
Qualquer programa tem duas dimensões, que podem ser analiticam en
te desagregadas: objetivos e uma m etodologia ou estratégia pela qual
se pretende que estes objetivos sejam atingidos. A definição da estraté
gia é uma escolha entre outras alternativas possíveis, o que significa que
um m esm o objetivo pode ser atingido por diversas modalidades de ação.
O
A implementação, por sua vez, corresponde a uma outra fase da “vida" de
um programa, na quai sâo desenvolvidas as atividades pelas quais se pre
O
A despeito dos esforços de regulamentação da atividade dos im plem en
tadores, estes têm razoável margem de autonomia para determinar a
natureza, a quantidade e a qualidade dos bens e serviços a serem o fere
cidos. Neste sentido, eles têm, com efeito, a prerrogativa d e fa z e r a política.
É esta autonom ia que, por sua vez, lhes perm ite atuar segundo seus
próprios referenciais.
O
programa por razões inteiramente pragmáticas, mas não partilhem dos
mesmos objetivos e concepções dos formuladores e financiadores. É
razoável supor que tais agências desempenhem suas funções de acordo
com suas próprias referências e até mesmo de acordo com seus próprios
Assim , m ais que uma fase (técnica e obediente) que sucede à form u
lação (política) de programas, a im plem entação pode ser encarada
com o um jogo em que uma autoridade central procura induzir agentes
(im plem entadores) a colocarem em prática objetivos e estratégias que
lhe sào alheios (Mitnick & Backoff, 1984). Nessas circunstâncias, para
obter adesão e “obediência” aos objetivos e ao desenho do programa, a
autoridade central deve ser capaz de desenvolver uma bem-sucedida
estratégia de incentivos. É por isto que
O
ções nas formas de desembolso de recursos em prazos bastante curtos de
tempo. Mais ainda: é perfeitamente possível que, por diversas razões não
previstas no m om ento da formulação, a importância relativa das agências
encarregadas de funções diferentes seja alterada ao longo de um curto
período de tempo.
A TÍTU LO DE CONCLUSÃO
O
os objetivos e o desenho de um programa — e agentes encarregados de
executá-lo, traduzindo suas concepções em medidas concretas de inter
venção. Na prática, são estes últimos q u e/azem a política.
O
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N O TAS
à im p a c to d e
p r o je to s e m
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d e s e n v o lv im e n to
v o lta d o s à
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« „ . é d c a l a t i n a e C a rib e T la b a l h a n c B a n c o ,
CONCEITOS
• Supervisão:
• Avaliação do processo:
• Avaliação do custo-benefício ou efetividade do custo:
• Avaliaçâo do impacto.
O
A aualiação de impacto é diferente. Esta determina se o programa teve os
efeitos projetados em indivíduos, lares e instituições, assim com o se
tais efeitos podem ser atribuídos, de fato, à intervenção do projeto. Para
isso é preciso controlar o elem ento contrafactual ou a contrapartida: o
que aconteceria se o projeto nâo existisse?
Este trabalho visa. especificam ente, determ inar o im pacto dos projetos
no que se refere aos pobres, m as os conceitos e m étodos são os m esm os
para a avaliaçâo de im pacto de qualquer outro tipo de pesquisa.
MÉTODOS
D e s e n h o s E x p e r im e n ta is
D e s e n h o s Q u a s e -E x p e rim e n ta is
Pode-se usar este método quando não é possível constituir grupos de tra
tamento e grupos de controle por m eio de um desenho experimental.
Essas técnicas geram grupos de controle similares ao grupo de tratamen
to, mediante métodos econométricos como combinações, dupla diferença,
comparações reflexivas etc. Em geral, os grupos são selecionados depois da
intervenção, utilizando-se controles estatísticos. This métodos estão cada
vez mais populares, pois podem ser baseados em pesquisas já existentes.
M é to d o s Q u a lita tiv o s
©
que os dados possam ser utilizados no aprim oram ento de seu desenho,
se necessário: assegurará, também, que os dados possam ser coletados
durante os passos mais im portantes do projeto.
3. EX A M IN A N D O A DISPONIBILIDADE DE DADOS
O
quantitativos, qualitativos e com experiência com o tipo de projeto que
está sob investigação.
6. ELABORANDO OS DADOS
N o caso de avaliações que geram suas próprias inform ações, são requ e
ridos passos decisivos para o desenho dos instrumentos de coleta de
dados, amostra, trabalho de campo, m anejo e acesso de dados.
8. A N A LIS A N D O OS DADOS
Este ponto pode ser óbvio, mas é m uito im portante que os produtos e
as inform ações sejam fáceis de 1er e tenham relevância política. 0 ad
m inistrador da avaliação deve planejar a geração de diversos produtos
para políticos, administradores do programa, doadores e ao público em
geral, jornalistas e acadêmicos. Se possível, é bom tom ar a inform ação
acessível a todos.
©
pios de diferentes setores e regiões. Ainda que cada avaliaçâo de
im pacto tenha seus pontos fortes e fracos, as lições aprendidas dessas
experiências deveriam ajudar ao administrador de projetos ou ao analis
ta político, que buscavam desenhar e implementar um futuro trabalho.
Muitos exem plos vieram da Am érica Latina, já que nessa região sào fe i
tas mais avaliações do que em outras.
O
aproveitar esta oportunidade para tirar amostras dos participantes do
Projeto Trabalhar. 0 fato das m esmas equipes de entrevistadores terem
sido utilizadas para as entrevistas nacionais e as do projeto perm itiu
obter vantagens na coleta de dados.
Três exem plos ilustram com o m anejar uma situação na qual o estudo
aleatório não era exeqüível relativam ente à política ou a outro aspecto.
O
dentro de um desenho de projeto. IVês casos ilustram com o se com bi
naram diversas técnicas em avaliação: o Fundo Social, da Bolívia, a Ava
liação TVabalhar, da Argentina, e a Reforma Escolar, da Nicarágua.
O custo m édio estim ado para a avaliação de im pacto foi de 433 mil
dólares. Isto reflete uma flutuação entre 263 mil dólares — com o a
avaliação de um programa de capacitação de habilidades vocacionais
para jovens desempregados de 'IVinidad e Tobago — e 878 mil dólares —
com o a avaliação do Fundo de Investimento Social da Bolívia.
A s avaliações tam bém são sensíveis à mudança política. Três dos oito
estudos de efeitos indicados pelo Banco, m encionados no livro, foram
cancelados por problem as de econom ia política. As alternações dos
regimes ou nos postos-chave dentro de uma adm inistração governa
m ental e as mudanças de estratégia política podem afetar não só o
esforço de avaliação, mas fundam entalm ente a execução do programa
que se está avaliando.
O
Tais incidentes aconteceram durante um periodo de mudança política,
caracterizado por várias reorganizações de gabinete, que term inaram
com o fracasso do govem o eleito, o qual servia de contrapartida do pro
jeto. de m odo que a avaliação dificilm ente era a única que se via afeta
da pelas repercussões da instabilidade política.
N O TA
e
A v a lia ç ã o d o s
s is te m a s
e d u c a tiv o s e
a v a lia ç ã o d o s
re s u lta d o s
e s c o la re s d o s
a lu n o s *
JEA N HÉBRARD é inspetor-geral da educação nacionai do M inistério da Educação
N acionai da França. Desenvolve programas educativos em diversos países, m ais
particularm ente na Am érica Latina. Coordenou, durante m uitos anos, a cooperação
educativa bilateral entre o Brasil e a França. É professor associado ao Centro de
Pesquisas sobre o Brasil Contem porâneo da École des Hautes Études en Sciences
Sociales de Paris.
Os diferentes dispositivos de avaliação dos sistemas educativos avan
çados podem ser remetidos a três grandes modelos. 0 primeiro, o mais
tradicional, verifica a adequação do trabalho dos atores à regulam enta
ção e aos objetivos definidos pelo organismo de tutela (trata-se, em ge
ral, de um sistema público). 0 segundo, bastante difundido atualmente,
tenta m edir a pertinência das escolhas feitas por um operador que in
tervém , de m aneira excepcional, em um dado m om ento da história do
sistema educativo, na perspectiva de seu desenvolvim ento. O terceiro,
que só se desenvolveu durante a explosão escolar da m etade do século
XX (aumento da duração e do nível de escolaridade do ensino de massa),
interessa-se, sobretudo, pelos resultados obtidos pelas diferentes uni
dades de ensino, que conservam um forte grau de liberdade na organi
zação de seu trabalho.
e
rizados, m as dos projetos de cada unidade e dos resultados obtidos no
fim do contrato. Na maioria dos países, as universidades (públicas ou as
que recebem subsídios públicos) foram as primeiras a se engajar nesse
tipo de relação com suas tutelas. Há cerca de uma década, os ensinos de
1? e 2? graus passam a fazer o m esm o com seus organismos de tutela,
não sem novos problemas. Estes dispositivos tendem a substituir tanto
os de prim eiro tipo (verificação da adequação às regras) quanto os do
segundo (expertise de escolhas operacionais).
Para tentar com preender como se dá essa evolução, vam os nos deter
aqui na avaliação dos sistemas de ensino básico (escolas primárias) que
se dedicam à alfabetização. Em grande parte dos países, tais sistemas
parecem ser os m enos aptos a entrar em uma outra lógica de avaliação
que não aquela da conform idade à regulamentação pública (é caso dos
sistemas públicos centralizados) ou da pertinência das escolhas opera
cionais (caso dos pedidos de financiamentos internacionais).
©
trabalho dos diretores ministeriais (direção de avaliação). Ela envolve
todos os níveis de uma administração — nível central e nível descen
tralizado — e diferentes atores do sistema, com o professores, diretores,
conselheiros pedagógicos, inspetores.
O Projeto Escola que Vale foi elaborado pelo Centro de Estudos e Do
cum entação para Ação Comunitária — Cedac, criado, há alguns anos,
por Beatriz Cardoso. Dentre suas diferentes ações, a equipe do Cedac já
havia tido a oportunidade de desenvolver uma ação de formação, par
ticularm ente original, de professores rurais no Estado de São Paulo,
baseada em uma rede de troca de correspondências que permitia ultra
passar 0 isolam ento dos professores de escolas muito distantes umas
das outras. Nesta ação, foram elaborados instrumentos didáticos de
grande qualidade e uma filosofia de form ação centrada mais na troca
de experiências concretas do que em um metadiscurso pedagógico.
O Projeto Escola que Vale’ é mais ambicioso, uma vez que visa definir
um m odelo de intervenção no sistema educativo público, leve o bastan
te para não parecer intem pestivo às autoridade de tutela e suficiente
m ente eficaz para que sua ação ultrapasse rapidamente as poucas
escolas envolvidas (25 no total). Trata-se de um projeto que tenta se au-
tomultiplicar. Baseia-se, portanto, menos em m odelos clássicos de ensi
no e de form ação — encontrados nas faculdades de educação ou em
institutos de form ação pedagógica — do que na criação de com petên
cias de autoform ação dos próprios atores (“construir um m odelo de in
tervenção cooperativo num sistema público de ensino, que ofereça con
dições de trabalho e permita a apropriação do processo por parte de
todos os im plicados”*). Esta característica conduziu os responsáveis a
im aginar um dispositivo no qual a form ação pessoal não apenas é inse
parável da form ação profissional; mais que isso, a orienta.
Lançado em 1999, o Projeto Escola que Vale* desenvolveu, até o m om en
to, um cronograma de trabalho no qual todas as etapas encadeiam-se
com precisão:
Pode-se considerar que este projeto funciona com três lógicas de ava
liação bem distintas. A prim eira se refere a um dispositivo de expertise
extema, que intervém, a posteriori, no momento da concepção do projeto.
Ela visa, portanto, os atores situados na origem do projeto (essencial
m ente o Cedac, mas tam bém os organismos de apoio) e se baseia em
suas produções escritas — o projeto propriamente dito, instrumentos
de análise, resultados das análises, instrumentos de form ação ou ins
trum entos didáticos etc. 0 pedido dos operadores que solicitaram esta
expertise form ula-se com o controle e conselho: controle da coerência
das diferentes propostas (de sua pertinência em relação aos dados dis
poníveis etc., e conselho para a melhoria da concepção.
@
chama a atenção da equipe do Cedac sobre o que parece ser um dos
problem as da im plem entação: no Projeto Escola que Vale, faltaria (no
nível m anifesto) uma série de proposições precisas e explícitas sobre o
acesso aos três instrumentos de base das ações pedagógicas previstas
— a palavra, a escrita, a im agem. Isto se traduz, na transcrição das falas
dos professores durante as reuniões de trabalho, pela seleção de propo
sições referentes às dificuldades dos alunos neste aspecto, apresenta
do-as com o contraditórias em relação ao projeto.
Assim , parece que uma prática fortem ente centrada na form ação con
tínua de professores e no acom panham ento da preparação didática de
seu trabalho (supondo ademais que esta form ação e este acom panha
m ento serão suficientes para prom over uma dinâmica de m udança das
práticas profissionais) vem se chocar com as representações das supos
tas capacidades dos alunos, construídas por todos os atores envolvidos.
O
N o m om ento em que a lei foi votada, mais de 20% dos alunos de cada
faixa etária não atingiam o nível V e saíam do sistema educativo sem
qualificação. No contexto do mercado de trabalho, extraordinaria
m ente reduzido nos anos 1980-1990, esta situação conduzia, de m odo
inexorável, ao desemprego de longa duração e a situações escolares
extrem am ente precárias? No que tange à pré-escola (crianças de dois a
seis anos — mais de 95% das crianças escolarizadas desde os três anos e
100% com quatro anos) e à escola elem entar (escolarização obrigatória
de seis a onze anos), a lei prevê três dispositivos:
M ais de dez anos depois da lei entrar em vigor, pode-se afirm ar que a
organização da grade escolar em ciclos de três anos e a pedagogia d ife
renciada que ela im plica são encontradas apenas excepcionalm ente
quando se visita as escolas francesas. Apesar de todos os esforços de
form ação e dos reiterados incentivos dos poderes públicos, os professo
res parecem não conseguir sair de uma pedagogia frontal“ e conceber
velocidades variáveis de percurso do ciclo, para cada um de seus alunos.
Na verdade, eles não dispõem ainda de instrumentos didáticos que fa
cilitariam seu trabalho ou, quando existem, eles não sabem (ou não
querem ) deles se utilizar.
O
tom o de um objetivo comum. É verdade que eles foram estimulados a
cam inhar nesta direção pela ação do Ministério da Cultura que, nos
anos 80, disponibilizou créditos im portantes para que os jovens artis
tas, trabalhando nas escolas, pudessem tanto beneficiá-las, por m eio de
suas competências, com o encontrar com plem entos salariais em um
período difícil para as profissões artísticas. O m esm o ocorreu com o
Ministério da Juventude e dos Esportes em relação aos jovens atletas.
Daí em diante, quando uma escola renova seu projeto, ela com eça por
fazer um retrato da população com a qual trabalha. Ela avalia os indi
cadores socioeconômicos: divisão de categorias socioprofissionais das
famílias, número de fam ílias que se beneficiam de recursos sociais,
ajuda para o pagam ento da alim entação escolar, núm ero de fam ílias
m onoparentais etc. Em um segundo m om ento, a escola tenta avaliar a
eficácia até então demonstrada, graças aos indicadores de sucesso es
colar: índices de repetência, resultados nas avaliações nacionais, locais,
núm ero de crianças que precisam de um acom panham ento especial
oferecido pelas redes de ajuda*® etc. Em um terceiro m om ento, faz-se o
balanço dos recursos humanos e m ateriais disponíveis para os próxi
mos três anos do projeto, assim com o dos recursos suplem entares de
que a escola poderia se beneficiar.
Considerando essas três dimensões, a escola tenta otim izar sua ação de
maneira a aum entar sua eficácia, respondendo, o mais diretam ente
possível, às necessidades de seus alunos. Assim, os elem entos que até
então ocupavam o essencial do projeto — instalação de equipamentos,
organização de eventos etc. — , longe de desaparecer, tom am -se in stm
m entos a serviço do projeto e continuam a dar sentido à ação da esco
la no seu entorno. Os inspetores que im pulsionaram esta política vêem
reforçado seu papel de formadores, na medida em que intervêm , de
m aneira bastante ativa, na elaboração do projeto, objeto de uma série
de idas e vindas entre a escola e a inspeção.
Foi a própria avaliação nacional dos resultados dos alunos que se re
velou, no entanto, a mais fácil de ser im plem entada e, ao m esm o
tempo, a mais rica em conseqüências (positivas e negativas). Seu fun
cionam ento relativam ente centralizado pode explicar seu sucesso, mas
tam bém alguns de seus defeitos.
Paralelam ente, cerca de três mil alunos são sorteados para com por
uma amostra representativa das escolas francesas; suas provas são
agrupadas na Direção de Avaliação, analisadas e inform atizadas de
m odo a dispor dos m esm os escores em escala nacional. Este duplo ca
m inho perm ite rem ediar a ausência de escalonam ento das provas e
obter, em nível local — mas não em nível nacional — com parações lo n
gitudinais. Com efeito, com o as provas da avaliação m udam todo ano,
não é possível com parar diretam ente os resultados obtidos por am os
tras nacionais sucessivas. Além disso, é possível seguir, ano após ano, a
evolução de uma dada classe (isto é, um professor), de um ciclo (isto é,
os professores de um ciclo), de uma escola (ou seja, os professores desta
escola), de uma cidade, de uma circunscrição, de um departam ento ou
de uma academia em relação à amostra nacional.
Para que a situação avançasse um pouco mais, foi necessária uma in
tervenção do próprio ministro. Ela ocorreu sob a form a de uma circular
publicada em 28 de novem bro de 1998 (quase dez anos após a prom ul
gação da lei)?* solicitando que toda criança, cujas graves dificuldades
foram detectadas pelas avaliações nacionais de fim de ciclo II (ou seja,
depois da entrada na escrita), fosse foco de um projeto pedagógico de
ajuda personalizada, controlado pelo inspetor da circunscrição, até que
ela tivesse conseguido, pelo menos, o nível de base do fim do ciclo III.
Três anos após a entrada em vigor desta circular, é claro que a m aioria
das escolas continua envolvida neste problema. Quando os inspetores
foram particularm ente atentos em prom over ações, parece que a elabo
ração de novas avaliações (anuais, às vezes trimestrais) foi mais fre
qüentem ente privilegiada do que a elaboração de estratégias de respos
tas às dificuidades.
DISCUSSÃO
Vem os, assim, como as políticas públicas de educação não podem deixar
de lado dispositivos de avaliação da eficácia das escolas (e, portanto,
dos professores que nela trabalham). Em todo lugar, esses dispositivos
tendem a substituir aqueles que, até então, objetivavam ou estabelecer
a conform idade às regras em vigor ou julgar a pertinência dos m eios
im plem entados. Isto resulta em uma quebra dos consensos e em certo
afastam ento dos especialistas de avaliação no que se refere ao controle
das didáticas. Evidentemente, isto reforça a autonom ia das escolas e a
dos professores.
g A v a lia ç ã o d e
5 ‘Sd
(3 S p r o g r a m a s
e d u c a c io n a is :
in d a g a ç õ e s
m e to d o ló g ic a s
e d is s e m in a ç ã o
d e re s u lta d o s *
ELBA SIQ UEIRA DE SÁ BARRETTO é licenciada em Pedagogia e doutora em Sociolo
gia pela Universidade de São Paulo. Professora da Faculdade de Educação da USP,
atua tam bém como pesquisadora da Fundação Carlos Chagas e como editora res
ponsável da revista Cadernos de Pesquisa.
Um dos aspectos das políticas públicas ainda muito pouco explorado nas
pesquisas é o que se refere à avaliação da agenda e das propostas de go
vemo. No caso da agenda, costumam contar, na sua formulação, as mobi
lizações sociais de diferente natureza, as negociações político-partidárias,
as demandas de organismos internacionais, as negociações internas dos
segmentos que pleiteiam o poder. À agenda, segue-se a formulação de po
líticas: são delineados os planos, programas e projetos que lhe darão m a
terialidade, estabelecidas as prioridades e prevista a alocação de recursos.
Dentre os textos selecionados, a rigor não foram encontradas propria
mente pesquisas de avaliação da agenda ou das propostas de govemo,
no sentido que permite uma apreensão mais profunda do processo pelo
qual algumas questões postas no âmbito da sociedade se convertem
em temas a serem tratados pelas políticas públicas, ou na acepção que
possibilita identificar os segmentos que colocam certas questões e
aqueles cujas demandas são incorporadas. Essa abordagem possibili
taria detectar conflitos, graus relativos de autonomia e de poder de
atores sociais, dentro ou fora do Estado.
©
Já o segundo estudo publicado sobre o ciclo básico retrata bem o tipo
de abordagem mais freqüente que a universidade costuma utilizar para
análise de medidas de govemo que levam a alterações no funciona
mento das redes escolares. 0 artigo tece considerações sobre o progra
ma, com base em pesquisa realizada em quatro escolas da rede esta
dual paulista, com o objetivo de avaliar o êxito da medida e o nível de
adesão a ela e, nesse sentido, apontar aspectos a serem apoiados ou
reformulados. Recorre a estudos de caso que procuram investigar em
que medida o clima e a organização das escolas favorecem a efetivação
das mudanças introduzidas, a aprendizagem básica da leitura e escrita
pelos alunos e a alteração dos índices de retenção. Procura investigar a
postura dos professores quanto à adesão ao programa, com base nas
mudanças da prática pedagógica e na sua opinião sobre as inovações, e
veriflcar o desempenho dos alunos em relação ao currículo, procuran
do detectar a presença ou não dos fatores que garantiriam o sucesso da
implantação das medidas propostas (Silva, 1991).
Dentro da perspectiva de curto prazo que parece mover cada vez mais
as decisões na área das políticas de educação, e que privilegia as infor
©
mações que possam ser mais facilmente utilizadas pelos dirigentes
governamentais, a tendência tem sido a de preferir dados da natureza
dos produzidos pelo primeiro tipo de pesquisa, ou seja, os que dão idéia
da extensão, abrangência e impacto dos fenômenos. É também usual,
no afã de inform ar os “tomadores” de decisão, que a literatura que cir
cula sobre as políticas públicas recorra a exemplos de estudos realiza
dos em outros países, invariavelmente descontextualizados, para apoiar
iniciativas de govemo, ao mesmo tempo que se desconsideram, como
não relevantes, as informações relativas aos processos de implem en
tação de mudanças, o que leva, por tabela, a desqualificar a produção
acadêmica das universidades na área da educação.
©
o programa teve grande repercussão política porque, de certo modo, pro
punha-se a dar uma resposta ao mal-estar disseminado na sociedade pela
situação de precariedade e desamparo de grande contingente de crianças
pobres no país, amplamente divulgada pela grande imprensa no Brasil e no
exterior, denunciada por organismos internacionais e particularmente as
sociada à violência relacionada ao trato com os meninos de ma.
©
alunos praticamente não se alteraram. 0 dimensionamento inadequado
da realidade por parte dos proponentes do Programa, como no caso do
Profic, é atribuído à mera transposição de modelos do exterior.
©
Um dos textos faz um contraponto entre o Programa de Capacitação para
Educadores de Apoio da Secretaria Estadual de Educação de Pernambuco
(1987 a 1991) e o Projeto de Capacitação dos Coordenadores Pedagógicos
da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo (1995 a 1996), desta
cando as orientações básicas que lhes deram suporte (Silva, 1996). As con
siderações sobre o Programa de Formação de Capacitação de Recursos
Humanos da rede estadual paulista (1984 e 1994) referem-se à atuação
das universidades públicas na oferta dos cursos e evocam dados da apre
ciação feita pelos professores (Martins, 1996).
©
ao Programa Aceleração de Aprendizagem, destinado a corrigir o fiuxo
escolar das quatro primeiras séries do ensino fundamental das redes
públicas de ensino, mediante a formação de classes de aceleração para
atender alunos com defasagem idade-série.
Além desse texto, vale a pena registrar, entre as reflexões de Gatti sobre
a experiência de avaliação de desempenho do sistema educacional no
nível de primeiro grau adquirida na Fundação Carlos Chagas, aquela
realizada no âmbito do Programa Edurural como uma das m ais abran
gentes na década de 1980 (Gatti, 1994).
©
recursos de vários projetos, que se sobrepunham e eram distribuídos
pelo conjunto dos municípios segundo critérios variados e sob influência
clientelista, fato que inviabilizou a escolha dos grupos de controle.
CONCLUSOES
Por sua vez, observa-se que a maior parte das avaliações de programas
divulgadas nos periódicos compõe-se de ações cuja implementação ocor
reu ou pelo menos foi iniciada durante as gestões da década de 1980.
Ainda que se considere necessária a decorrência de um tempo razoável
desde o começo de um programa até que os seus resultados tenham
condição de ser avaliados, chama atenção o fato de que, sobre as pro
fundas alterações pelas quais vem passando o sistema educacional
brasileiro, especialmente nos anos 90, haja volume excessivamente
pequeno de dados trabalhados circulando nos principais meios difuso
res ao final da década.
©
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F E R R E T T I, C e ls o J o ã o , V I A N N A . C lá u d ia P e r e ir a , S O U S IL V A , Z o r a id e In ê s F a u s t i n o n i. U m e s t u d o a v a lia t i v o
Z A . D e n is e T r e n t o d e . E s c o la p ú b l i c a e m t e m p o i n s o b r e o c ic lo b á s ic o d e a lf a b e t iz a ç ã o e m q u a t r o e s
F C C , fe v . 1 9 9 1 . (São P a u lo ), n .3 , p .4 9 - 7 0 , F C C . j a n . / j u n . 1 9 9 1 .
e x p e r iê n c ia s , p r o b le m a s , r e c o m e n d a ç õ e s . E stu d o s em p e r s p e c t iv a h i s t ó r ic a . E s tu d o s em A u a lia ç ã o E d u c a c io
A u a lia ç ã o E d u c a c io n a l (Sâo P a u lo ), n . lO , p .6 7 - 8 0 , FC C , n a l (Soo P a u lo ), n . l 2 , p .7 - 2 4 , FC C , j u l . / d e z . 1 9 9 5 .
f m a n c i á v e i s e m e d u c a ç ã o . C a d e rn o s de P e s q u isa (Sâo n . l 6 , p .5 - 3 6 , FC C . ju l . / d e z . 1 9 9 7 .
P a u lo ), n . 8 5 , p .1 1 - 2 5 , F C C , m a i o 1 9 9 3 . Z A L U A R ., A lb a . L E A L . M a r i a C r is t i n a . C u l t u r a , e d u c a
L E O N A R D O S , A n a C r is tin a , M A C E D O , S a n d ra . A a b o r ç ã o p o p u l a r e e s c o la p ú b l ic a . E n s a io : A v a lia ç ã o e
c a ç ã o (R io de janeiro), v .4 . n . l l . p .1 0 9 - 2 0 , F u n d a ç ã o 1996.
C E S G R A N R IO , a b r . / j u n . 1 9 9 6 .
NOTAS
1 E m b o r a o c i c l o b á s ic o n ã o p o s s a , a r ig o r , s e r r o t u la d o 2 É n e le s q u e s e e f e t u a a m a i o r p a r t e d a s p e s q u is a s
com o u m p r o g r a m a , p o r s e t r a t a r d e in i c i a t i v a q u e s o b re e d u c a ç ã o n a s u n iv e r s id a d e s b r a s ile ir a s .
a n u n c i a a p e n a s o i n i c i o d a r e e s t r u t u r a ç ã o d o e n s in o
d e p r i m e i r o g r a u c o m o u m to d o , d e c id iu - s e c o n s id e r á -
5 i S is t e m a d e
-§« . .
tc w- ^ o n ito r Q n iG n to
11 V
^ Q fí a v a . , i a ç a o
im p le m e n ta d o p o r
u m a o r g a n iz a ç ã o
d o te r c e ir o s e to r;
o caso da A ção
C o m u n it á r ia
d o B r a s ii
MARIA DO CARMO BRANT DE CARVALHO é doutora em Serviço Social pela Pon
tifícia Universidade Católica de São Paulo e pós-doutorada em Serviço Social
Aplicado pela École des Hautes Études en Sciences Sociales de Paris. Atua como
professora no Programa de Pós-Graduação em Serviço Social da Pontifícia Univer
sidade Católica de São Paulo. Membro do Conselho Nacional da Comunidade Soli
dária da Casa Civil da Presidência da República do Brasil, é autora de vários traba
lhos publicados.
A CONSTRUÇÃO DO SISTEM A
• Primeiras Letras
• Crê-Ser
• Iniciação para o Trabalho.
Primeiras
Cultura e Lazer: Letras
formas privilegiadas
Crianças de energizar e Crê-Ser
Adolescentes facilitar a inclusão
Jovens social dos grupos PPP. inclusão
envolvidos nos social e
programas empregabilidade
N?de
atendi
mentos
400
300
200
100 141
P m
SI ■
Heliópolis Santo Capela do Campo
Amaro Socorro Limpo
Capela do Socorro
Santo Amaro
y Campo Limpo
Heliópolis
Não evadidos ‘
O fato de a turma ser grande e a faixa etária ser extensa (de 7 a 14 anos)
determina maior evasão, pois não permite ao agente comunitário ofere
cer uma relação interpessoal densa, combinada com atividades que
atendam a interesses muito diversos. As turmas grandes têm uma eva
são acima de 32% , havendo exceções, como, por exemplo, uma turma
no Paulo VI, com 41 matriculados e 5% de evasão. Assim, pode-se dizer
que outro fator é a própria competência do agente/educador.
Masculino 4 ► Feminino
53% 47%
N ?de
pessoas
1.000
750
500
250
7 a 11 12 a 14
anos anos
100%
80%
60%
40%
20 %
Meninas Meninos
©
das crianças é em tomo de 7 a 11 anos, é preciso repensar até mesmo os
aprendizados, de forma a prevenir ou corrigir precocemente tais distorções.
É sabido que essa distorção entre crianças provenientes de famílias de baixa
renda tem menos a ver com reforço escolar stritu senso e mais com ações
incisivas de ampliação de seu universo informacional e cultural.
O que fize m o s?
Ótimo 19%
Regular 21% ^
Conhecer ( 2 )
Insuficiente 13%
►
Ótimo 23%
Regular 31% 4
Bom 33%
Conviver e Ser
Insuficiente 5%
A
Regular 20%
Ótimo 38%
Bom 37%
©
Neste caso, vemos um certo equilíbrio entre os três eixos: Conviver, Co
nhecer e Ser. Estamos considerando como aprendizado relativo à vida
pública ações com a comunidade, seja na forma de relação com seus
moradores, seja na forma de ações na comunidade ou pesquisa para
conhecimento desta.
A lg u m a s co nsiderações gerais
Apesar do eixo mais presente nas observações das educadoras ter sido
0 Conhecer, não são destacadas considerações sobre a curiosidade e a
pesquisa das crianças e adolescentes, questões imprescindíveis quan
do se trata desse eixo.
Ficará clara esta despreocupação na leitura dos gráficos abaixo, que re
tratam 0 não-preenchimento das informações solicitadas ou, por exem
plo, a distorção dos dados da composição familiar. De qualquer forma,
as informações existentes apontam tendências.
Três filhos
0 Sem informação
ou filho único
Dois filhos ^
©
Há concentração de pais na faixa etária de 31 a 40 anos, o que signifi
ca fam ílias jovens.
N? de
pessoas
300
2 0 0
100
Menos de 24 a 30
23 anos anos
N?de
pessoas
500
400
300
200
100 - ^
Anal- EF EF EM EMT ES
fabeto If a 4? 5f a 8? 2? grau 2?g. téc. 3? grau
©
O c u p a çã o d o s p a is
N °d e
pessoas
400
300
20 0
100
L
Ocup. Ocup. Ocup. Autô- Aposen- Dona
A B C nomo tado de casa
São 1.186 meninos e 1.081 meninas, havendo, portanto, uma pequena predo
minância de meninos. O índice de evasão é bastante baixo (167 crianças), me
nos de 10% , observando-se, porém, em algumas turmas, a ausência de infor
mações sobre crianças, o que pode indicar uma evasão um pouco superior.
N?de
atendi
mentos
500
400
300
200
.1
100 /
1 » 65
Heliópolis Santo Amaro Capela do Socorro Campo Limpo
Crianças que
desistiram
do Programa;
Capela do
Socorro
Santo Amaro — Crianças que
Campo Limpo — ^ permaneceram
no Programa
Heliópolis —
Distribuição de crianças por sexo
N? de
Conhecer:
Comunica-se de forma a compreender e ser compreendido;
Utiliza e opera com símbolos, idéias, imagens e representações;
Enriquece seu repertório de palavras.
Fazer:
Explora o ambiente e o universo de relações;
Sabe m anipular os objetos do cotidiano.«2
Conviver:
Demonstra interesse para ouvir, perguntar, pedir ajuda, colaborar com
0 outro;
Utiliza 0 diálogo como forma de lidar com os conflitos;
Utiliza alguns princípios elementares de convívio social.
Ser:
Demonstra cuidados com sua higiene e aparência pessoal;
Tem consciência de sua identidade (nome, características físicas e
pessoais);
Demonstra iniciativa e interesse para envolver-se em situações de
brincadeiras dirigidas ou livres, coletivas ou individuais.
O que fize m o s?
©
Conhecer
Insuficiente 10%
A Ótimo 17%
Regular 26%-i
Bom 47%
Insuficiente 5%
A
Ótimo 25%
Regular 22%
Bom 48%
©
atividades lúdicas que permitissem a alguns alunos exercitar essas ha
bilidades, dando um sentido a essas tarefas que não só o da necessidade.
Apresentam certo equilíbrio com relação aos quatro eixos que nor
teiam a educação, porém, necessita-se dar maior ênfase ao Fazer, consi
derando a faixa-etária. Essa consideração é reforçada pela avaliação
das habilidades, na qual alguns alunos mostram precisar de mais situa
ções de aprendizado no que se refere aos fazeres.
1
1 Conviver Conhecer Ser Fazer
5 anos 19% 65% 11% 5%
©
N ú m e ro d e filh o s
Sem informação
, ou filho único
39%
Três filhos 17% ^
N ?de
pessoas
400
Menos de 24 a 30
23 anos anos
©
E s c o la rid a d e d o s p a is
N ?de
pessoas
400
Anal- EF EF EM EMT ES
fabeto If a 4? 5? a 8? 2?grau 2?g. téc. 3? grau
N?de
pessoas
800
lá'
700
600
500
400
300
2 0 0
100
t e
RECOMENDAÇÕES
A ACB tem como missão, desde o seu início, “Promover de forma con
tínua a qualidade de vida e o autodesenvolvimento de pessoas e de l i
deranças em comunidades urbanas e carentes". Com o tempo, foi se
afirmando no mercado social como prestadora de serviços à população
infanto-juvenil. A mobilização de lideranças e agentes comunitários foi
sendo canalizada para essas ações. Nesse sentido, foi deslocando seu
foco de atuação: não mais o desenvolvimento de comunidades com ba
se no fortalecimento de suas lideranças e agentes, mas sim o engaja
mento de tais lideranças e agentes na implementação e desenvolvi
mento de serviços para o grupo infanto-juvenil.
A atual opção não está equivocada, já que crianças e adolescentes das co
munidades carentes continuam sendo prioridade social. Nessa opção, a
ACB já ganhou competência e visibilidade. E, ainda, sua estrutura orga
nizacional vigente é coerente a tais propósitos.
u m p ro g ra m a
s o c ia '.
MARIANGELA BELFIORE WANDERLEY é doutora em Serviço Social pela Pontifícia
Universidade Católica de Sâo Paulo e pós-doutorada em Sociologia pela École des
Hautes Études en Sciences Sociales de Paris. Diretora do Instituto de Estudos Es
peciais, Vice-coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Serviço Social e pro
fessora associada do Departamento de Metodologia do Serviço Social da Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo, é autora de vários trabalhos publicados.
O QUE É O PROGRAMA?
a) Objetivo geral:
• Ampliar os níveis de inclusão social dos membros das fa
mílias, no contexto local e da cidade.
b) Objetivos específicos:
• Apoiar economicamente as famílias, num período entre 6 e
18 meses;
• Garantir a permanência das crianças e dos adolescentes na
escola e o progressivo sucesso em seus resultados escolares;
• Incluir os jovens e adultos das famüias nos programas de
alfabetização e na qualificação e requalificação profissional;
• Incluir os adultos das famílias em programas de geração de
emprego, de renda, de proteção e de fomento a formas coope
rativadas de trabalho;
• Ampliar os vínculos relacionais da família, aumentando
suas trocas culturais e seu acesso a novas informações;
• Fortalecer o grupo familiar, de modo a gerir seu processo de
desenvolvimento e inclusão social de forma autônoma.
A população-alvo do Programa é constituída de famílias
com renda per capita inferior a 1/2 salário mínimo por mês;
com filhos e dependentes (0 — 14 anos) em situação de risco
pessoal e social; que residam em Santo André há três anos —
moradoras, no momento da implantação do Programa, das
microrregiões definidas para a intervenção.
0 Programa prevê a mobilização, articulação e integração
de um conjunto de serviços públicos e da comunidade, aos
quais as fam ílias serão conectadas, de acordo com suas
necessidades, visando ao seu fortalecimento e permitindo
sua inclusão social.
O gerenciamento é feito pela Secretaria de Cidadania e
Ação Social, à qual cabe apontar as diretrizes, normas, cri
térios e procedimentos operacionais de acordo com o es
copo do Programa.
BREVE HISTORICO
F o n te : G a b in e te d a S e c r e ta r ia d e C id a d a n ia e A ç ã o S o c ia l — P M S A .
A meta de atendimento para 1998 era de 360 famílias, tendo sido efeti
vamente inseridas 335 no Programa, Para 1999, a meta era de 600 fam í
lias, tendo sido atendidas efetivamente 466. Até junho de 2000, o Pro
grama atendeu 863 famílias.
• a renda dom iciliar per capita na região do ABC é alta, com um dos me
nores graus de indigência na região metropolitana de São Paulo?
©
se consolidando. Sua construção é um processo que exige familiaridade
com a realidade a ser avaliada, maturação e sucessivas aproximações
ao longo do trabalho.
In d icad o re s
• renda;
• qualificação profissional;
©
formas de inserção no mercado de trabalho (formal, informal etc.);
valor do benefício;
D ados q ualitativo s
• acessibilidade
grau de conhecimento dos recursos disponíveis
grau de inclusão em outros programas
• condições de auto-sustentabilidade
inserção no mercado/renda/outras estratégias
empregabilidade (cursos profissionais e escolares, qualificação, auto-
estima)
A lg u m a s co n sid era çõ es
©
o PRMSA propicia uma alavancagem para a inserção das famílias em
outros serviços e programas da rede de proteção social, mediante le
vantamento de necessidades e encaminhamento aos recursos exis
tentes. Pelo fato de trabalhar com a noção do direito, cria também
novas demandas por parte da população, sobretudo no que se refere
aos serviços e, mais remotamente, à participação social.
' As conquistas por parte das famílias desligadas são reais, mas não há
elementos para afiançar sua persistência no tempo; um_ acompanha
mento longitudinal permitirá observar a consistência dessas aquisi
ções e a pertinência do desenho do Programa.
• As repercussões sobre a qualidade dos vínculos sociais são claramente
expressas nas avaliações dos técnicos e dos beneficiados, com reflexo
na vida cotidiana. A melhoria das relações conjugais e familiares se
deve, em parte, pelo acesso das mulheres (a maioria dos titulares do
Programa) aos recursos financeiros, atribuindo-lhes uma nova quali
dade em sua posição na configuração familiar. A novidade está, tam
bém, na possibilidade das mulheres freqüentarem novos espaços,
adquirirem novos relacionamentos e participarem de novas atividades.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
1 C o m d e s ta q u e p a r a o P r o g r a m a In te g ra d o n a s ta x a s d e in d ig ê n c ia n o A B C p a u lis t a de
d e In c lu s ã o S o c ia l — P IIS . 0 P IIS . n o q u a l se 1 3 .3 4 % p a ra 6 .4 9 % . e n q u a n to a re n d a d o m i
in s e r e o P ro g r a m a d e R e n d a M ín im a F a m ília c ilia r per capita so b e de R $ 276.00 p a r a R$
C id a d ã , é um a e s t r a t é g ia da P r e f e it u r a 378,00. D a d o s e x tr a íd o s de A n d ré U r a n i,
M u n ic ip a l d e S a n to A n d r é , p e la q u a l a s p o M apa da Pobreza no A B C Paulista: d ia g n ó s tic o
lít ic a s s e to ria is s ã o c o n c e n tr a d a s e s p a c ia l e a lg u m a s re c o m e n d a ç õ e s de p o líticas. A b ril,
m e n te . v is a n d o à r e d u ç ã o d a p o b re z a e à 2000. (M im e o g r.)
a m p lia ç ã o d a in c lu s ã o s o c ia l d a s p o p u la
ç õ e s a b ra n g id a s . 4 S e to m a r m o s os v a lo r e s per ca p ita /m ê s no
P R M S A — R$ 43,00 a p r o x im a d o s — e, p o r
2 P ro g r a m a d e R e n d a M ín im a — F a m ília C id a
u m s im p le s e x e r c íc io c o m p a r a tiv o , c o t e j a r
d ã . d o m u n ic íp io d e S a n to A n d ré - S P. p e río d o
m o s c o m a q u e le d e u m a c r e c h e n o m u n i c i
1997-2000. g e s tã o C e ls o D a n ie l.
p io d e S ã o P a u lo (R $ 64,00) o u d e u m P r o
é c e r c a d e 1 2 % s u p e r io r d o s n ív e is e n c o n t r a n o p a ís (R$ 50,00), o P R M S A te m u m m e n o r
d o s n o B r a s il m e tr o p o lita n o , e a p ro p o rç ã o in v e s tim e n to .
d e p o b re s é c e rc a d e 3 8 % m e n o r d a q u e la
5 N a área geog ráfica a te n d id a p elo PIIS, o P R M S A
e n c o n tr a d a n o B r a s il m e tr o p o lita n o . O m u
a tin g e à t o ta lid a d e d a d e m a n d a .
n ic íp io d e S a n to A n d r é é c o n s id e r a d o de
B a ix a In d ig ê n c ia R e la t iv a (4 .7 8 % ). Q u a n d o 6 U m e s tu d o p r e lim in a r d e m o n s tra q u e o c u s
c o m p a r a d o s os p e río d o s 1995-1997 e 1992- to a d m in is t r a t iv o é d e a p r o x im a d a m e n t e
1993. o b se rva - s e u m a v a r ia ç ã o s ig n ific a tiv a R $ 84,50 fa m ília / m ê s .
©
!g U m a m e to d o lo g ia
^ p a r a a v a lia r
p r o g r a m a s d e
h a b ita ç ã o
NABIL BONDUKI, é arquiteto e urbanista, é doutor pela Faculdade de Arquitetura e
Urbanismo da Universidade de São Paulo — USP. Professor do Departamento de
Arquitetura e Planejamento da Escola de Engenharia de São Carlos — USP, é autor
de vários trabalbos publicados. É coordenador-geral do presente projeto.
APRESENTAÇÃO
©
ao contrário dos programas sociais (saúde, educação e assistência), não
têm sido objeto de avaliações globais, que ficam restritas, se tanto, a
aspectos específicos ou a estudos de caso.
A IM PORTÂNCIA DE AVALIAR
Como afirmam Cohen & Franco (1998), “não é possível que os progra
mas e projetos sociais sejam eficazes e eficientes se não forem avalia
dos os resultados de sua aplicação. Por isto, dispor de avaliações ex post
de projetos em curso ou já realizados é fundamental para melhorar os
modelos”. Apesar da obviedade desta afirmação, não só no Brasil, como
em toda a América Latina, a avaliaçâo dos programas sociais não é fre
qüente, sendo mesmo excepcional; em geral, os atores sociais envolvi
dos são refratários a avaliar o que realizam. Não cabe aqui discutir as
razões dessa resistência, mas sobretudo destacar, neste quadro, a im
portância da iniciativa do Conselho Curador do Fundo de Garantia por
Tempo de Serviço — FGTS em propor a montagem de uma metodologia
de avaliação dos seus programas, que este relatório consolida.
No Brasil, como fruto da ausência sistemática de preocupação em
avaliar, existe um atraso no desenvolvimento de metodologias adequa
das para analisar políticas, programas e projetos sociais, ao contrário
do que ocorre em relação à avaliação de custos e benefícios correspon
dentes a projetos de investimentos, em que predominam critérios eco-
nomicistas, em geral requeridos pelos órgãos de financiamento. “Ao
contrário do que ocorre nos projetos de investimentos, as decisões
nesta área [programas sociais] costumam ser tomadas com as melho
res intenções de atender às necessidades de uma determinada popula
ção, mas geralmente carecem de análise técnica das alternativas que
permita selecionar a mais eficaz para a consecução dos objetivos pro
curados e a m ais eficiente na utilização dos recursos que serão destina
dos a tal programa" (Iglesias, in Cohen, 1998).
Por razões semelhantes, no aspecto Impacto nas condições de vida dos mo
radores, a avaliação do Projeto Sodal desenvolvido nos empreendimen
tos dos programas Pró-Moradia e Pró-Saneamento, modalidade Pró-
Sanear, ficou prejudicada, uma vez que sua observação dependeria de
entrevistas em profundidade e de análises qualitativas, métodos que
não poderiam ser aplicados em um grande número de empreendimen
tos, representativos do universo dos contratos desses Programas.
Diante dessa impossibilidade, vários indicadores foram sendo alterados
ou eliminados ao longo da elaboração da metodologia, toda vez que não
era possível encontrar alternativas generalizáveis e indicadores, que só
poderiam ser construídos por meio de estudos qualitativos.
©
entrevistadores, além de permitir uma completa revisão dos instrumentos
a fim de adequá-los à caracterização e diversidade dos empreendimentos;
e para superar dificuldades de aplicação, como linguagem, fluxo etc.
Para alcançar tal fim, estabeleceram-se, para cada um dos sete progra
mas/modalidades habitacionais, os aspectos e indicadores a serem ava
liados e o processo de construção dos indicadores, tomando-se por base
os indicadores simples e as variáveis obtidas por instrumentos de cole
ta dos dados aplicados para empreendimentos selecionados numa
amostra representativa dos programas/modalidades.
• Economicidade;
• Procedimento de gestão;
• Produto;
• Impacto nas condições de vida dos moradores;
• Impacto na cidade e no ambiente;
• Atendimentos às necessidades;
• Impacto macroeconômico.
©
Cada programa teria, a princípio, sete notas, cada uma expressando o
resultado relativo a um aspecto. A avaliação de cada um deles, que re
sulta numa nota final, é resultado das notas ponderadas obtidas em
cada um dos indicadores que os compõe. 0 quadro, que será apresen
tado mais adiante, mostra os indicadores relacionados com cada aspec
to, por programa, e a ponderação proposta.
Aspecto Valores
Economicidade Sustentabiiidade econômico-financeira.
Eficiência. Melboria da relação
custo/benefício.
Procedimento de gestão Agilidade. Eficácia. Satisfação do
usuário. Participação. Descentralização.
Transparência.
Produto Qualidade. Conforto. Racionalidade.
Sustentabiiidade. Satisfação do usuário.
Impacto nas condições Melboria na qualidade de vida, respeito
de vida dos moradores aos direitos sociais e à cidadania e
participação.
Impacto na cidade e no ambiente Integração e compatibilidade com
diretrizes urbanas. Sustentabiiidade.
Melboria do entorno.
Atendimento às necessidades Abrangência. Distributivismo. Eficácia.
Desempenho.
Impacto macroeconômico Geração de emprego e renda.
A s definições de cada um destes aspectos, assim como dos indicadores
e indicadores simples que os compõem, serão apresentados a seguir. O
quadro também procura sintetizar a estrutura geral de avaliação.
E c o n o m ic id a d e
P ro c e d im e n to s d e g e s tã o
Nos programas em que a participação não faz parte dos objetivos, essa
questão não será avaliada, por mais que esse conceito goze hoje de um
certo consenso quanto à sua importância. Inclui-se, nesse caso, por
exemplo, os programas Carta de Crédito Individual, cujo objetivo é abrir
uma linha de crédito para aquisição de um imóvel produzido pelo m er
cado ou então adquirir materiais de construção a serem utilizados pelo
próprio morador. É também o caso do programa Apoio à Produção, des
tinado à empresa construtora. Nesses casos, não é possível avaliar a
participação, pois os próprios programas não propõem tal prática. O
mesmo se coloca em relação à avaliação do trabalho social, que somen
te é requerido no Pró-Moradia e na modalidade Pró-Sanear.
Produto
Im p a c to n a s co n d içõ es d e v id a d o s m o r a d o r e s
©
o indicador mudanças nas condições de moradia parte da compreensão de
que 0 ato de morar não se encerra na casa utilizada, mas abrange o estar
na cidade, usufruindo os serviços que ela propicia na sua diversidade,
conformando no morador um sentimento de pertencimento, segurança
e cidadania. Neste sentido, o conceito envolve os aspectos que dizem
respeito diretamente à unidade habitacional e também os aspectos re
lativos ao acesso à cidade.
Im p a c to n a c id a d e e n o a m b ie n te
Os indicadores que foram utilizados para avaliar este aspecto são: atendi
mento à legislação; geração de inuestimento; mudança na dinâmica imobiliária no
entorno; interferência nas condições ambientais do entorno; potencial de impacto.
A te n d im e n to à s n e c e s s id a d e s h a b ita c io n a is
©
priamente impacto no déficit — constitui o horizonte mais palpável a
ser perseguido pela Política de Habitação e de Saneamento. Ademais, o
déficit é um a das variáveis que compõem a equação para a distribuição
dos recursos entre as Unidades da Federação, devendo servir ainda como
baliza importante para avaliar os programas.
I m p a c to m a c r o e c o n ô m ic o
©
dia e saneamento provoca. 0 segundo critério, a importância para as
decisões alocativas dos gestores dos recursos, foi contemplado ao se de
senhar uma metodologia de quantificação do emprego gerado que
identificasse esse resultado por programa e por modalidade das aplica
ções do FGTS.
©
dirigidas aos membros das instâncias colegiadas e objetivam a avalia
ção deste indicador, que compõe o aspecto procedimentos de gestão.
CONCLUSÃO
lEE/PUC-SP — I n s titu to d e E s tu d o s E s p e c ia is d a
P o n tifíc ia U n iv e rs id a d e C a tó lic a d e S ã o P a u lo
R u a M in is tro Godoy, 1.213 — P e rd iz e s
0 5 0 1 5 -0 0 1 — S ão P a u lo — SP
T elefax : (11) 3871 4 4 2 9
E -m ail: ie e @ p u c sp .b r
D iretora: M a ria n g ela Belfiore W anderley
C enpec C e n tro d e E s tu d o s e P e s q u is a s e m
E d u c a ç ã o , C u ltu ra e A ç ã o C o m u n itá ria
R u a D a n te C a rra ro , 68 — P in h e iro s
0 5 4 2 2 -0 6 0 — S ão P a u lo — SP
T elefax : (11) 3816 0666
Site: w w w .c e n p e c .o rg .b r
E -m ail: in fo @ c e n p e c.o rg .b r
D iretora-Presidente; M aria Alice Setubal
C oordenadora Geral: M a ria do C arm o B ra n t de C arualho
O s te x to s a q u i a p re s e n ta d o s s ã o f r u t o d o
e P r o g r a m a s S o c i a is , r e a l i z a d o e m 2 0 0 0 ,
e m S ã o P a u lo , p r o m o v i d o c o n j u n t a m e n t e p e l o
lE E /P U C - S P — I n s t i t u t o d e E s t u d o s E s p e c ia is d a
P o n t i f í c i a U n i v e r s i d a d e C a t ó l ic a d e S ã o P a u lo , p e l o
C e n p e c — C e n t r o d e E s t u d o s e P e s q u is a s e m
E d u c a ç ã o , C u lt u r a e A ç ã o C o m u n it á r ia e p e lo
C e d a c — C e n tr o d e E s tu d o s e D o c u m e n ta ç ã o
p a r a a A ç ã o C o m u n itá r ia .
P e s q u is a d o r e s d e d ic a d o s à i n v e s t i g a ç ã o e à
in t e r v e n ç ã o a v a lia t iv a n a á r e a s o c ia l e x a m in a m ,
p o r d if e r e n te s p o n to s d e v is ta , o r e fe r e n c ia l
t e ó r ic o - m e t o d o ló g ic o r e la c io n a d o à a v a lia ç ã o d e
p o lí t ic a s p ú b lic a s . O r e s u lt a d o c o n s t it u i u m m o s a ic o
d e r e f le x õ e s q u e c e r ta m e n te c o n t r ib u ir á p a r a o
a p r o f u n d a m e n t o d o d e b a te e m t o r n o d a g e s tã o d e
p o l í t i c a s p ú b l i c a s n a á r e a s o c ia l.
M a r ia n g e la B elfiore W a n d e rle y
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CENPEC ced o c