Mecanica Dos Solos
Mecanica Dos Solos
Mecanica Dos Solos
9 de julho de 2019
Universidade Federal da Bahia - Escola Politécnica
Departamento de Ciência e Tecnologia dos Materiais
Setor de Geotecnia
Sumário
2
Universidade Federal da Bahia - Escola Politécnica
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Setor de Geotecnia
Lista de Figuras
4
9.10 Placa retangular de comprimento infinito (sapata corrida). . . . . . . . . . 92
9.11 Placa retangular uniformemente carregada. . . . . . . . . . . . . . . . . . 93
9.12 Fatores de influência para a placa retangular uniformemente carregada. . . 94
9.13 Esquema para cálculo das tensões em qualquer ponto - Placa retangular
uniformemente carregada. a) Ponto com vertical passando pelo centro da
área carregada e b) ponto com vertical externa à área carregada. . . . . . 94
9.14 Fatores de influência, expresso em %, para a placa circular uniformemente
carregada. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95
9.15 Carregamento triangular de comprimento infinito. . . . . . . . . . . . . . . 96
9.16 Obtenção dos fatores de influência para carregamento em forma de um
trapézio de comprimento infinito. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97
9.17 Fatores de influência para carregamento em forma de um trapézio retan-
gular de comprimento infinito (aterro rodoviário, em que o comprimento
c é bem maior que a e b). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 98
9.18 Esquema para cálculo das tensões induzidas em um ponto cuja vertical
passa na região central do aterro. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99
9.19 Ábaco de setores proposto por Newmark. Exemplo de cálculo do acréscimo
carga no ponto P1 localizado no centro da área carregada, na profundidade
z indicada graficamente na figura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100
9.20 Acréscimos de tensão em camadas estratificadas (duas camadas) provoca-
dos por uma área carregada circular de raio a. . . . . . . . . . . . . . . . . 101
9.21 Distribuição de pressões de contato placa - solo. . . . . . . . . . . . . . . . 102
10.1 Ensaio de Compactação (Proctor Normal). Modificado de Vargas (1977). . 107
10.2 Curva de Compactação típica. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 108
10.3 Vídeo Ensaio de compactação UFBA. Clique na figura para assistir no pdf
ou no link para o vídeo original.Link . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 109
10.4 Efeito da Energia de Compactação nas Curvas de Compactação obtidas
para um mesmo solo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 110
10.5 Influência da compactação na estrutura dos solos. . . . . . . . . . . . . . . 110
10.6 Foto ilustrativa de solo compactado com estrutura bastante orientada,
fruto do uso de altas energias e valores de umidade de compactação acima
da ótima. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 111
10.7 Influência do tipo de solo na curva de compactação. . . . . . . . . . . . . . 112
10.8 Ilustração de porque a umidade ótima conduz ao maior valor de resistência
estável. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 113
10.9 Exemplo de compactadores manuais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 114
10.10Exemplo de equipamento do tipo rolo pé-de-carneiro. . . . . . . . . . . . . 115
10.11Aspecto da superfície de solo após o uso do rolo pé de carneiro. . . . . . . 115
10.12Exemplos de equipamentos do tipo rolo liso. . . . . . . . . . . . . . . . . . 116
10.13a) Aspecto da superfície deixada pelo rolo liso b) Foto ilustrativa do as-
pecto da superfície compactada após escarificação. . . . . . . . . . . . . . 116
10.14Exemplos de equipamentos do tipo rolo pneumático . . . . . . . . . . . . . 117
10.15a) Equipamento de rolo liso com vibração e b) Rolo Vibratório. Modificado
de Vargas (1977) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 117
5
10.16a) Processo de aeração (redução da umidade de camada de solo a ser
compactada) e b) processo de umedecimento (aumento da umidade de
camada de solo a ser compactada) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 119
10.17Equipamento p/ medidas de umidade Speedy . . . . . . . . . . . . . . . . 119
10.18Fotos ilustrativas de passos para a cravação de um cilindro de parede rígida
em uma camada de solo compactada. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 120
10.19Molde utilizado para a realização do ensaio de CBR. (AASHTO, 2003). . 121
10.20Equipamento utilizado na determinação do ISC ou CBR. . . . . . . . . . . 123
11.1 Tipos de trados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 126
11.2 Equipamento de sondagem à percussão - SPT. . . . . . . . . . . . . . . . . 127
11.3 Fotos ilustrativas do avanço da perfuração por lavagem . . . . . . . . . . . 128
11.4 Fotos ilustrativas do amostrador padrão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 128
11.5 Esquema de realização do ensaio de SPT. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 129
11.6 Processo de cravação do amostrador . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 131
11.7 Perfil individual de sondagem. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 134
11.8 Perfil associado de sondagem. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 135
11.9 Vídeo demonstrativo de execução de sondagem de simples reconhecimento,
SPT - UFSC. <https://www.youtube.com/watch?v=6vOBm0mETJE&
t=4s> . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 136
11.10Procedimentos adotados para a retirada de amostras indeformadas. . . . . 140
11.11Elementos de um amostrador de parede fina. . . . . . . . . . . . . . . . . . 140
11.12Amostrador de parede fina tipo Shelby. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 142
11.13Amostrador de parede fina tipo pistão. Modificado de (TOBERGTE;
CURTIS, 2013). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 142
11.14Equipamento para cravação do cone e piezocone. (VELLOSO; LOPES,
1996) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 144
11.15Exemplo ilustrativo da evolução das sondas para o ensaio de CPT. a)
cone de Begeman. (b) CPT automatizado e c) CPT-U com medida de
velocidade da onda mecânica e de eletrorresistividade e d) Foto ilustrativa
de sondas CPT-U. (DANIEL et al., 1999) . . . . . . . . . . . . . . . . . . 145
11.16Resultado de um ensaio de penetração contínua – CPT. Modificado de
Velloso e Lopes (1996). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 146
11.17Carta de classificação segundo Sherthamamn . . . . . . . . . . . . . . . . 147
11.18Figura equipamento para cravação do cone e piezocones com sísmica e
eletrorresistividade. (DANIEL et al., 1999) . . . . . . . . . . . . . . . . . . 147
11.19Perfis de CPT associados com resultados de eletrorresistividade. (DANIEL
et al., 1999) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 148
11.20Foto ilustrativa de equipamento de vane test e b)formação da superfície
de ruptura. (VELLOSO; LOPES, 1996) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 148
11.21Desenho esquemático de equipamento para ensaio de palheta. . . . . . . . 149
11.22Equipamento para realização do ensaio pressiométrico. (BRIAUD, 2013) . 151
11.23Curva obtida a partir da realização do enaio pressiométrico. . . . . . . . . 152
11.24Arranjo para a realização de uma Sondagem Elétrica Vertical (SEV - Sch-
lumberger).(BRAGA, 2007) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 154
6
11.25SEV em terreno heterogêneo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 155
11.26Arranjo para a realização de caminhamento Elétrico. (BRAGA, 2007) . . 156
11.27Figura ilustrativa de resultados de caminhamento elétrico. (FOTI, 2013) . 156
11.28Equipamento de GPR. (a) Antena de 1 Ghz e (b) CPU para aquisição dos
dados. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 158
11.29Resultados obtidos a partir da técnica de GPR aplicada a uma laje de
concreto. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 158
11.30Ilustração da técnica de afastamento constante . . . . . . . . . . . . . . . 158
11.31Radargramas obtidos com antenas de a) 200 MHz e b)1GHz. . . . . . . . 159
11.32Vídeo demonstrativo GPR . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 159
7
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Lista de Tabelas
2 INTRODUÇÃO AO CURSO
Quase todas as obras de engenharia têm, de alguma forma, de transmitir as cargas sobre
elas impostas ao solo. Mesmo as embarcações, ainda durante o seu período de constru-
ção, transmitem ao solo as cargas devidas ao seu peso próprio. Além disto, em algumas
obras, o solo é utilizado como o próprio material de construção, assim como o concreto
e o aço são utilizados na construção de pontes e edifícios. São exemplos de obras que
utilizam o solo como material de construção os aterros rodoviários, as bases para pavi-
mentos de aeroportos e as barragens de terra, estas últimas podendo ser citadas como
pertencentes a uma categoria de obra de engenharia a qual é capaz de concentrar, em
um só local, uma enorme quantidade de recursos, exigindo para a sua boa construção
uma gigantesca equipe de trabalho, calcada principalmente na interdisciplinariedade de
seus componentes. O estudo do comportamento do solo frente às solicitações a ele im-
postas por estas obras é portanto de fundamental importância. Pode-se dizer que, de
todas as obras de engenharia, aquelas relacionadas ao ramo do conhecimento humano
definido como geotecnia (do qual a mecânica do solos faz parte), são responsáveis pela
maior parte dos prejuízos causados à humanidade, sejam eles de natureza econômica ou
mesmo a perda de vidas humanas. No Brasil, por exemplo, devido ao seu clima tropi-
cal e ao crescimento desordenado das metrópoles, um sem número de eventos como os
deslizamentos de encostas ocorrem, provocando enormes prejuízos e ceifando a vida de
centenas de pessoas a cada ano. Vê-se daqui a grande importância do engenheiro geo-
técnico no acompanhamento destas obras de engenharia, evitando por vezes a ocorrência
de desastres catastróficos.
Por ser o solo um material natural, cujo processo de formação não depende de forma
direta da intervenção humana, o seu estudo e o entendimento de seu comportamento
depende de uma série de conceitos desenvolvidos em ramos afins de conhecimento. A
mecânica dos solos é o estudo do comportamento de engenharia do solo quando este é
usado ou como material de construção ou como material de fundação. Ela é uma dis-
ciplina relativamente jovem da engenharia civil, somente sistematizada e aceita como
ciência em 1925, após trabalho publicado por Terzaghi (Terzaghi, 1925), que é conhe-
cido, com todos os méritos, como o pai da mecânica dos solos. Um entendimento dos
princípios da mecânica dos sólidos é essencial para o estudo da mecânica dos solos. O
conhecimento e aplicação de princípios de outras matérias básicas como física e química
são também úteis no entendimento desta disciplina. Por ser um material de origem na-
tural, o processo de formação do solo, o qual é estudado pela geologia, irá influenciar
em muito no seu comportamento. O solo, como veremos adiante, é um material trifá-
sico, composto basicamente de ar, água e partículas sólidas. A parte fluida do solo (ar e
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água) pode se apresentar em repouso ou pode se movimentar pelos seus vazios mediante
a existência de determinadas forças. O movimento da fase fluida do solo é estudado com
base em conceitos desenvolvidos pela mecânica dos fluidos. Pode-se citar ainda algumas
disciplinas, como a física dos solos, ministrada em cursos de agronomia, como de grande
importância no estudo de uma mecânica dos solos mais avançada, denominada de mecâ-
nica dos solos não saturados. Além disto, o estudo e o desenvolvimento da mecânica dos
solos são fortemente amparados em bases experimentais, a partir de ensaios de campo e
laboratório. A aplicação dos princípios da mecânica dos solos para o projeto e construção
de fundações é denominada de "engenharia de fundações". A engenharia geotécnica (ou
geotecnia) pode ser considerada como a junção da mecânica dos solos, da engenharia
de fundações, da mecânica das rochas, da geologia de engenharia e mais recentemente
da geotecnia ambiental, que trata de problemas como transporte de contaminantes pelo
solo, avaliação de locais impactados, proposição de medidas de remediação para áreas
impactadas, projetos de sistemas de proteção em aterros sanitários, etc.
Este curso de mecânica dos solos pode ter sua parte teórica dividida em duas partes:
uma parte envolvendo os tópicos origem e formação dos solos, textura e estrutura dos
solos, análise granulométrica, estudo das fases ar-água-partículas sólidas, limites de con-
sistência, índices físicos e classificação dos solos, onde uma primeira aproximação é feita
com o tema solos, focando-se nas suas propriedades índices, e uma segunda parte, en-
volvendo os tópicos tensões geostáticas e induzidas, compactação, permeabilidade dos
solos, compressibilidade dos solos, resistência ao cisalhamento, estabilidade de taludes e
empuxos de terra e estruturas de contenção, onde um tratamento mais fundamentado na
ótica da engenharia civil é dado aos solos e onde o tripé resistência, compressibilidade e
permeabilidade dos solos é analisado de forma mais minuciosa.
Quando mencionamos a palavra solo já nos vem a mente uma ideia intuitiva do que se
trata. No linguajar popular a palavra solo está intimamente relacionada com a palavra
terra, a qual poderia ser definida como material solto, natural da crosta terrestre onde
habitamos, utilizado como material de construção e de fundação das obras do homem.
Uma definição precisa e teoricamente sustentada do significado da palavra solo é contudo
bastante difícil, de modo que o termo solo adquire diferentes conotações a depender do
ramo do conhecimento humano que o emprega. Para a agronomia, o termo solo significa
o material relativamente fofo da crosta terrestre, consistindo de rochas decompostas e
matéria orgânica, o qual é capaz de sustentar a vida. Desta forma, os horizontes de solo
para agricultura possuem em geral pequena espessura. Para a geologia, o termo solo
significa o material inorgânico não consolidado proveniente da decomposição das rochas,
o qual não foi transportado do seu local de formação. Na engenharia, é conveniente defi-
nir como rocha aquilo que é impossível escavar manualmente, que necessite de explosivo
para seu desmonte. Chamamos de solo, em engenharia, a rocha já decomposta ao ponto
granular e passível de ser escavada de forma manual ou mecânica, apenas com o auxílio
de ferramentas como pás picaretas ou escavadeiras. A crosta terrestre é composta de
vários elementos químicos que se interligam e formam minerais. Esses minerais poderão
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estar agregados como rochas ou solo. Todo solo tem origem na desintegração e decompo-
sição das rochas pela ação de agentes intempéricos ou antrópicos (ação do homem). As
partículas resultantes deste processo de intemperismo irão depender fundamentalmente
da composição da rocha matriz e do clima da região. Por ser o produto da decomposição
das rochas, o solo invariavelmente apresenta um maior índice de vazios do que a rocha de
origem (ou rocha mãe), vazios estes ocupados por ar, água ou outro fluido de natureza
diversa. Devido ao seu pequeno índice de vazios e as fortes ligações existentes entre os
minerais, as rochas são coesas, enquanto que os solos são granulares. Os grãos de solo
podem ainda estar impregnados de matéria orgânica. Desta forma, podemos dizer que
para a engenharia, solo é um material granular composto de rocha decomposta, água, ar
(ou outro fluido) e eventualmente matéria orgânica, que pode ser escavado sem o auxílio
de explosivos.
3.2 Intemperismo
que por sua vez, irá contribuir no fraturamento, estricções e formação de juntas na
rocha. Estes processos, isolados ou combinados (caso mais comum) "fraturam"as
rochas continuamente, o que permite a entrada de agentes químicos e biológicos,
cujos efeitos aumentam a fraturação e tende a reduzir a rocha a blocos cada vez
menores.
• Repuxo coloidal - O repuxo coloidal é caracterizado pela retração/expansão da
argila devido à sua variação de umidade, o que em contato com a rocha pode gerar
tensões capazes de fraturá-la.
• Ciclos gelo/degelo- As fraturas existentes nas rochas podem se encontrar parcial-
mente ou totalmente preenchidas com água. Esta água, em função das condições
locais, pode vir a congelar, expandindo-se e exercendo esforços no sentido de abrir
ainda mais as fraturas preexistentes na rocha, auxiliando no processo de intempe-
rismo (a água aumenta em cerca de 8% o seu volume devido à nova arrumação das
suas moléculas durante a cristalização). Vale ressaltar também que a água trans-
porta substâncias ativas quimicamente, incluindo sais que ao reagirem com ácidos
provocam cristalização com aumento de volume.
minerais que têm uma estabilidade química e física tal que normalmente não são decom-
postos. O quartzo, por exemplo, por possuir uma enorme estabilidade física e química é
parte predominante dos solos grossos, como as areias e os pedregulhos.
Como vimos, todo solo provem de uma rocha preexistente, mas dada a riqueza da sua
formação não é de se esperar do solo uma estagnação a partir de um certo ponto. Como
em tudo na natureza, o solo continua suas transformações, podendo inclusive voltar a
ser rocha. De forma simplificada, definiremos a seguir um esquema de transformações
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que vai do magma ao solo sedimentar e volta ao magma Fig. 3.1. No interior do Globo
Terrestre, graças às elevadas pressões e temperaturas, os elementos químicos que compõe
as rochas se encontram em estado líquido, formando o magma. A camada sólida da Terra
pode romper-se em pontos localizados e deixar escapar o magma. Desta forma, haverá
um resfriamento brusco do magma, que se transformará em rochas ígneas ou magmáticas,
nas quais não haverá tempo suficiente para o desenvolvimento de estruturas cristalinas
mais estáveis.
O processo de extrusão vulcânica (Fig. 3.2) ou derrame é responsável pela formação da
rocha ígnea basalto. A depender do tempo de resfriamento, o basalto pode mesmo vir a
apresentar uma estrutura vítrea. Quando o magma não chega à superfície terrestre, mas
ascende a pontos mais próximos à superfície, com menor temperatura e pressão, ocorre
um resfriamento mais lento, o que permite a formação de estruturas cristalinas mais
estáveis, e, portanto, de rochas mais resistentes, denominadas de intrusivas ou plutônicas
(diabásio, gabro e granito). Denominam-se normalmente de batólitos os grandes blocos
de rocha intrusiva formados em subsuperfície. Por ocasião da ocorrência de processos
erosivos, esses blocos podem vir a aflorar, resultando em belas paisagens.
Podemos avaliar comparativamente as rochas vulcânicas e plutônicas pelo tamanho dos
cristais, o que pode ser feito facilmente a olho nu ou com o auxílio de lupas. Cristais
maiores indicam uma formação mais lenta, característica das rochas plutônicas, e vice-
versa.
Uma vez exposta, a rocha sofre a ação das intempéries e forma os solos residuais, os
quais podem ser transportados e depositados sobre outro solo de qualquer espécie ou
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Gabro Granito
Fenocristais
Rochas intrusivas
Pórfiro
sobre uma rocha, vindo a se tornar um solo sedimentar. A contínua deposição de solos
faz aumentar a pressão e a temperatura nas camadas mais profundas, que terminam por
ligarem seus grãos e formar as rochas sedimentares. Este processo chama-se litificação
ou diagênese.
As rochas sedimentares podem, da mesma maneira que as rochas ígneas, aflorarem à
superfície e reiniciar o processo de formação de solo, ou de forma inversa, as deposições
podem continuar e consequentemente prosseguir o aumento de pressão e temperatura, o
que irá levar a rocha sedimentar a mudar suas características texturais e mineralógicas
(reações químicas no estado sólido), a achatar os seus cristais de forma orientada trans-
versalmente à pressão e a aumentar a ligação entre os cristais. O material que surge daí
tem características tão diversas da rocha original, que muda a sua designação e passa a
se chamar rocha metamórfica.
Naturalmente, a rocha metamórfica está sujeita a ser exposta, decomposta e formar solo.
Se persistir o aumento de pressão e temperatura graças à deposição de novas camadas
de solo, a rocha fundirá e voltará à forma de magma. Cabe ressaltar que todos esses
processos, com exceção do vulcanismo e de alguns transportes mais rápidos, ocorrem
numa escala de tempo geológica, isto é, de milhares ou milhões de anos.
As rochas metamórficas podem se originar também da transformação de rochas ígneas por
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a b
Figura 3.3: a) Achatamento e alinhamento dos grãos minerais provocados pelo
processo de metamorfismo e b) Aspecto típico de grãos de granito.
Há diferentes maneiras de se classificar os solos, como pela origem, pela sua evolução,
pela presença ou não de matéria orgânica, pela estrutura, pelo preenchimento dos vazios,
etc. Neste item apresentar-se-á uma classificação genética para os solos, ou seja, iremos
classificá-los conforme o seu processo geológico de formação. Na classificação genética,
os solos são divididos em dois grandes grupos, sedimentares e residuais, a depender
da existência ou não de um agente de transporte na sua formação, respectivamente.
Os principais agentes de transporte atuando na formação dos solos sedimentares são a
água, o vento e a gravidade. Estes agentes de transporte influenciam fortemente nas
propriedades dos solos sedimentares, a depender do seu grau de seletividade.
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a b
Figura 3.4: a) Colunas hexagonais de basalto expostas na ilha de Staffa, na Irlanda.
(b) Caverna com teto de calcário e colunas de basalto, no mesmo local. (Despertai,
08/11/2005)
São solos que permanecem no local de decomposição da rocha. Para que eles ocorram
é necessário que a velocidade de decomposição da rocha seja maior do que a velocidade
de remoção do solo por agentes externos. A velocidade de decomposição depende de
vários fatores, entre os quais a temperatura, o regime de chuvas e a vegetação. As
condições existentes nas regiões tropicais são favoráveis à degradação mais rápida da
rocha, razão pela qual há uma predominância de solos residuais nestas regiões. Como
a ação das intempéries se dá, em geral, de cima para baixo, as camadas superiores são,
via de regra, mais trabalhadas (sofreram por mais tempo os processos de intemperismo)
que as inferiores. Este fato nos permite visualizar todo o processo evolutivo do solo, de
modo que passamos de uma condição de rocha sã, para profundidades maiores, até uma
condição de solo residual maduro, em superfície. A Fig. 3.4 ilustra um perfil típico de
solo residual.
Conforme se pode observar da Fig. 3.4, a rocha sã passa paulatinamente à rocha fra-
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Solo maduro
Solo jovem
Deformabilidade
Resistência
Saprolito
Rocha alterada
Rocha sã
muito cuidado, haja vista que a presença de material pedregulhoso pode vir a danificar
os amostradores utilizados, vindo a mascarar os resultados obtidos.
Os solos maduros, mais próximos à superfície, são mais homogêneos e não apresentam
semelhanças com a rocha original. De uma forma geral, há um aumento da resistência ao
cisalhamento, da textura (granulometria) e da heterogeneidade do solo com a profundi-
dade, razão pela qual a realização de ensaios de laboratório em amostras de solo residual
jovem ou do horizonte saprolítico é bastante trabalhosa, requerendo o uso de amostras
de grandes dimensões.
No Recôncavo Baiano é comum a ocorrência de solos residuais oriundos de rochas se-
dimentares. Um perfil típico de solo do recôncavo Baiano é apresentado na Fig. 3.6,
sendo constituído de camadas sucessivas de argila e areia, coerente com o material que
foi depositado no local (rocha mãe sedimentar). Merece uma atenção especial o solo
formado pela decomposição da rocha sedimentar denominada de folhelho, muito comum
no Recôncavo Baiano. Esta rocha, quando decomposta, produz uma argila conhecida
popularmente como "massapê", que tem em sua composição química em abundância
minerais do grupo da montmorilonita, apresentando grande potencial de expansão na
presença de água. As constantes mudanças de umidade a que o solo está submetido
provocam variações de volume que geram sérios problemas nas construções (aterros ou
edificações) sobre ele assentes. Fig. 3.7 apresenta fotos que ilustram alguns dos aspectos
de um Folhelho/Massapê comumente encontrado em Pojuca, Região Metropolitana de
Salvador. Na Fig. 3.7(a) pode-se notar o aspecto extremamente fraturado do folhelho
alterado enquanto na Fig. 3.7(b) nota-se a existência de uma grande quantidade de trin-
cas de tração originadas pela secagem do solo ao ser exposto à atmosfera. A Fig. 3.8
ilustra um lindo exemplo de como a disposição de camadas sedimentares inclinadas de
diferentes cores pode ser agradável aos olhos.
Os solos sedimentares ou transportados são aqueles que foram levados ao seu local atual
por algum agente de transporte e lá depositados. As características dos solos sedimentares
são função do agente de transporte. Cada agente de transporte seleciona os grãos que
transporta com maior ou menor facilidade, além disto, durante o transporte, as partículas
de solo se desgastam e/ou quebram. Resulta daí um tipo diferente de solo para cada tipo
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a b
Figura 3.7: Características do Folhelho/Massapê, encontrado em Pojuca-BA. (a) -
Folhelho alterado e (b) - Retração típica do solo ao sofrer secagem.
de transporte. Esta influência é tão marcante que a denominação dos solos sedimentares
é feita em função do agente de transporte predominante. Pode-se listar os agentes de
transporte, por ordem decrescente de seletividade, da seguinte forma:
• Ventos (Solos Eólicos)
• Águas (Solos Aluvionares)
– Água dos Oceanos e Mares (Solos Marinhos)
– Água dos Rios (Solos Fluviais)
– Água de Chuvas (Solos Pluviais)
• Geleiras (Solos Glaciais)
• Gravidade (Solos Coluvionares)
Os agentes naturais citados acima não devem ser encarados apenas como agentes de
transporte, pois eles têm uma participação ativa no intemperismo e portanto na formação
do próprio solo, o que ocorre naturalmente antes do seu transporte.
Solos eólicos
O transporte pelo vento dá origem aos depósitos eólicos de solo. Em virtude do atrito
constante entre as partículas, os grãos de solo transportados pelo vento geralmente pos-
suem forma arredondada. A capacidade do vento de transportar e erodir é muito maior
do que possa parecer à primeira vista. Vários são os exemplos de construções e até
cidades soterradas parcial ou totalmente pelo vento, como foram os casos de Itaúnas -
ES e Tutóia - MA; os grãos mais finos do deserto do Saara atingem em grande escala
a Inglaterra, percorrendo uma distância de mais de 3000km!. Como a capacidade de
transporte do vento depende de sua velocidade, o solo é geralmente depositado em zonas
de calmaria.
O transporte eólico é o mais seletivo tipo de transporte das partículas do solo. Se por
um lado grãos maiores e mais pesados não podem ser transportados, os solos finos, como
as argilas, têm seus grãos unidos pela coesão, formando torrões dificilmente levados pelo
vento. Esse efeito também ocorre em areias e siltes saturados (falsa coesão) o que faz
da linha de lençol freático (definida por um valor de pressão da água intersticial igual à
atmosférica) um limite para a atuação dos ventos.
Pode-se dizer portanto que a ação do transporte do vento se restringe ao caso das areias
finas ou silte. Por conta destas características, os solos eólicos possuem grãos de apro-
ximadamente mesmo diâmetro, apresentando uma curva granulométrica denominada de
uniforme. São exemplos de solos eólicos:
- As dunas
As dunas são exemplos comuns de solos eólicos do Nordeste do Brasil. A formação de uma
duna se dá inicialmente pela existência de um obstáculo ao caminho natural do vento, o
que diminui a sua velocidade e resulta na deposição de partículas de solo (Fig. 3.9).
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Vento
Mar
A deposição continuada de solo neste local acaba por gerar mais deposição de solo, já
que o obstáculo ao caminho do vento se torna cada vez maior. Durante o período de
existência da duna, partículas de areia são levadas até o seu topo, rolando então para
o outro lado. Este movimento faz com que as dunas se desloquem a uma velocidade de
poucos metros por ano, o que para os padrões geológico é muito rápido.
- Os solos Loéssicos
Formado por deposições de silte sobre vegetais que ao se decomporem deixam seu molde
no maciço, o Loess é um solo bastante problemático para a engenharia, pois a despeito
de uma capacidade de formar paredões de altura fora do comum e inicialmente supor-
tar grandes esforços mecânicos, podem se romper completa e abruptamente devido ao
umedecimento. O Loess, comum na Europa oriental, geralmente contem grandes quanti-
dades de cal, responsável por sua grande resistência inicial. Quando umedecido, contudo,
o cimento calcário existente no solo pode ser dissolvido e solo entra em colapso.
Solos aluvionares
São solos resultantes do transporte pela água e sua textura depende da velocidade da
água no momento da deposição, sendo frequente a ocorrência de camadas de granulo-
metrias distintas, devidas às diversas épocas de deposição. O transporte pela água é
bastante semelhante ao transporte realizado pelo vento, porém algumas características
importantes os distinguem:
• Viscosidade - por ser mais viscosa a água tem uma capacidade de transporte maior,
transportando grãos de tamanhos diversos.
• Velocidade e Direção - ao contrário do vento que em um minuto pode soprar com
forças e direções bastante diferenciadas, a água têm seu roteiro mais estável; suas
variações de velocidade tem em geral um ciclo anual e as mudanças de direção estão
condicionadas ao próprio processo de desmonte e desgaste do relevo.
• Dimensão das Partículas - os solos aluvionares fluviais são, via de regra, mais grossos
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- Solos marinhos
As ondas atingem as praias com um pequeno ângulo em relação ao continente. Isso faz
com que a areia, além do movimento de vai e vem das ondas, desloquem-se também ao
longo da praia. Obras que impeçam esse fluxo tendem a ser pontos de deposição de areia,
o que pode acarretar sérios problemas. O mar também se constitui no receptáculo final
das partículas argilosas, de tamanho bastante reduzido, que permanecem em suspensão ao
longo de todo o rio, vindo a se depositar somente em águas salinas, após a sua floculação.
Solos glaciais
De pequena importância para nós, os solos formados pelas geleiras, ao se deslocarem
pela ação da gravidade, são comuns nas regiões temperadas. São formados de maneira
análoga aos solos fluviais. A corrente de gelo que escorre de pontos elevados onde o gelo
é formado para as zonas mais baixas, leva consigo partículas de solo e rocha, as quais,
por sua vez, aumentam o desgaste do terreno. Os detritos são depositados nas áreas
de degelo. Uma ampla gama de tamanho de partículas é transportada, levando assim a
formação de solos bastante heterogêneos que possuem desde grandes blocos de rocha até
materiais de granulometria fina.
Solos coluvionares
São solos formados pela ação da gravidade. Os solos coluvionares são dentre os solos
transportados os mais heterogêneos granulometricamente, pois a gravidade transporta
indiscriminadamente desde grandes blocos de rocha até as partículas mais finas de ar-
gila. Entre os solos coluvionares estão os escorregamentos das escarpas da Serra do Mar
formando os tálus nos pés do talude, massas de materiais muito diversas e sujeitas a movi-
mentações de rastejo. Têm sido também classificados como coluviões os solos superficiais
do Planalto Brasileiro depositados sobre solos residuais.
- Tálus
Os tálus são solos coluvionares formados pelo deslizamento de solo do topo das encostas.
No sul da Bahia existem solos formados pela deposição de colúvios em áreas mais baixas,
os quais se apresentam geralmente com altos teores de umidade e são propícios à lavoura
cacaueira. Encontram-se solos coluvionares (tálus) também na Cidade Baixa, em Salva-
dor, ao pé da encosta paralela à falha geológica que atravessa a Baia de Todos os Santos.
De extrema beleza são os tálus encontrados na Chapada Diamantina, Bahia. A Fig. 3.10
lustra formações típicas da região. A parte mais inclinada dos morros corresponde à for-
mação original, enquanto que a parte menos inclinada é composta basicamente de solo
coluvionar (tálus).
Solos orgânicos
Formados pela impregnação do solo por sedimentos orgânicos preexistentes, em geral
misturados a restos de vegetais e animais. Podem ser identificados pela cor escura e por
possuir forte cheiro característico. Têm granulometria fina, pois os solos grossos tem uma
permeabilidade que permite a "lavagem"dos grãos, eximindo-os da matéria impregnada.
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- Turfas
Solos que incorporam florestas soterradas em estado avançado de decomposição. Têm
estrutura fibrilar composta de restos de fibras vegetais e não se aplicam aí as teorias da
Mecânica dos Solos, sendo necessários estudos especiais. Têm ocorrência registrada na
Bahia, Sergipe, Rio Grande do Sul e outros estados do Brasil.
Solos de evolução pedogênica
Alguns solos sofrem, em seu local de formação (ou de deposição) uma série de transforma-
ções físico-químicas que os levam a ser classificados como solos de evolução pedogênica.
Os solos lateríticos são um tipo de solo de evolução pedogênica. O processo de lateri-
zação é típico de regiões onde há uma nítida separação entre períodos chuvosos e secos
e é caracterizado pela lavagem da sílica coloidal dos horizontes superiores do solo, com
posterior deposição desta em horizontes mais profundos, resultando em solos superficiais
com altas concentrações de óxidos de ferro e alumínio. A importância do processo de
laterização no comportamento dos solos tropicais é discutida no item classificação dos
solos.
Aspectos da geologia e pedologia locais
A Fig. 3.11 ilustram, de maneira esquemática, o mergulho que o embasamento cristalino
de granulito/gnaisse, originário do solo residual que cobre boa parte da cidade, faz, até
a uma profundidade de cerca de 8 km, em seus pontos mais profundos, em um corte
transversal à bacia do recôncavo. Esta enorme depressão foi preenchida com material
sedimentar, que abriga as nossas maiores reservas próximas de água subterrânea. A
Fig. 3.12 ilustra a distribuição do solo de cobertura na área de salvador, conforme dados
fornecidos pelo PDDU da cidade.
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Entende-se por textura o tamanho relativo e a distribuição das partículas sólidas que
formam os solos. O estudo da textura dos solos é realizado por intermédio do ensaio de
granulometria, do qual falaremos adiante. Pela sua textura os solos podem ser classifi-
cados em dois grandes grupos: solos grossos (areia, pedregulho, matacão) e solos finos
(silte e argila).
Esta divisão é fundamental no entendimento do comportamento dos solos, pois a depen-
der do tamanho predominante das suas partículas, as forças de campo influenciando em
seu comportamento serão gravitacionais (solos grossos) ou elétricas (solos finos). De uma
forma geral, pode-se dizer que quanto maior for a relação área/volume ou área/massa das
partículas sólidas, maior será a predominância das forças elétricas ou de superfície. Estas
relações são inversamente proporcionais ao tamanho das partículas, de modo que os solos
finos apresentam uma predominância das forças de superfície (elétricas) na influência do
seu comportamento. Conforme relatado anteriormente, o tipo de intemperismo influen-
cia na textura e estrutura do solo. Pode-se dizer que partículas com dimensões até cerca
de 0,001mm são obtidas através do intemperismo físico, já as partículas menores que
0,001mm provém do intemperismo químico.
Solos Grossos
Nos solos grossos, por ser predominante a atuação de forças gravitacionais, resultando em
arranjos estruturais bastante simplificados, o comportamento mecânico e hidráulico está
principalmente condicionado a sua compacidade, que é uma medida de quão próximas
estão as partículas sólidas umas das outras, resultando em arranjos com maiores ou
menores quantidades de vazios. Os solos grossos possuem uma maior percentagem de
partículas visíveis a olho nu (φ ≤ 0, 074mm) e suas partículas têm formas arredondadas,
poliédricas e angulosas.
Pedregulhos:
São classificados como pedregulho as partículas de solo com dimensões maiores que 2,0mm
(DNER, MIT, ABNT). Os pedregulhos são encontrados em geral nas margens dos rios,
em depressões preenchidas por materiais transportados pelos rios ou até mesmo em uma
massa de solo residual (horizontes correspondentes ao solo residual jovem e ao saprolito).
Areias:
As areias se distinguem pelo formato dos grãos que pode ser angular, sub angular e
arredondado, sendo este último uma característica das areias transportadas por rios
ou pelo vento. A forma dos grãos das areias está relacionada com a quantidade de
transporte sofrido pelos mesmos até o local de deposição. O transporte das partículas
dos solos tende a arredondar as suas arestas, de modo que quanto maior a distância de
transporte, mais esféricas serão as partículas resultantes. Classificamos como areia as
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partículas com dimensões entre 2,0mm e 0,074mm (DNER), 2,0mm e 0,05mm (MIT) ou
ainda 2,0mm e 0,06mm (ABNT). O formato dos grãos de areia tem muita importância
no seu comportamento mecânico, pois determina como eles se encaixam e se entrosam,
e, em contrapartida, como eles deslizam entre si quando solicitados por forças externas.
Por outro lado, como estas forças se transmitem dentro do solo pelos pequenos contatos
existentes entre as partículas, as de formato mais angulares, por possuírem em geral uma
menor área de contato, são mais suscetíveis a se quebrarem.
Solos Finos
Quando as partículas que constituem o solo possuem dimensões menores que 0,074mm
(DNER), ou 0,06mm (ABNT), o solo é considerado fino e, neste caso, será classificado
como argila ou como silte. Nos solos formados por partículas muito pequenas, as forças
que intervêm no processo de estruturação do solo são de caráter muito mais complexo e
serão estudadas no item composição mineralógica dos solos. Os solos finos possuem par-
tículas com formas lamelares, fibrilares e tubulares e é o mineral que determina a forma
da partícula. As partículas de argila normalmente apresentam uma ou duas direções em
que o tamanho da partícula é bem superior àquele apresentado em uma terceira dire-
ção. O comportamento dos solos finos é definido pelas forças de superfície (moleculares,
elétricas) e pela presença de água, a qual influi de maneira marcante nos fenômenos de
superfície dos argilo minerais.
Argilas
A fração granulométrica do solo classificada como argila (diâmetro inferior a 0,002mm)
se caracteriza pela sua plasticidade marcante (capacidade de se deformar sem apresentar
variações volumétricas) e elevada resistência quando seca. É a fração mais ativa dos
solos.
Siltes
Apesar de serem classificados como solos finos, o comportamento dos siltes é governado
pelas mesmas forças dos solos grossos (forças gravitacionais), embora sofram também a
influência de forças elétricas. Estes possuem granulação fina, pouca ou nenhuma plas-
ticidade e baixa resistência quando seco. A Fig. 4.1 apresenta a escala granulométrica
adotada pela (ABNT-NBR-6502, 1995):
Muitas vezes em campo temos a necessidade de uma identificação prévia do solo, sem que
o uso do aparato de laboratório esteja disponível. Esta classificação primária é extrema-
mente importante na definição (ou escolha) de ensaios de laboratório mais elaborados e
pode ser obtida a partir de alguns testes feitos rapidamente em uma amostra de solo. No
processo de identificação táctil visual de um solo utilizam-se frequentemente os seguintes
procedimentos (ABNT-NBR-7250, 1982):
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Areia
Pedra de
Argila Silte Fina Média Grossa Pedregulho mão
mm
0,002 0,06 0,20 0,60 2,0 60,0
• Tato: Esfrega-se uma porção do solo na mão. As areias são ásperas; as argilas
parecem com um pó quando secas e com sabão quando úmidas; siltes dão lisos,
aveludados.
• Plasticidade: Moldar bolinhas ou cilindros de solo úmido. As argilas são moldáveis,
os siltes quebram com facilidade enquanto as areias não são moldáveis.
• Resistência do solo seco: As argilas são resistentes a pressão dos dedos enquanto
os siltes quebram com facilidade e as areias formam torrões.
• Dispersão em água: Misturar uma porção de solo seco com água em uma proveta,
agitando-a. As areias depositam-se rapidamente, enquanto que as argilas turvam
a suspensão e demoram para sedimentar.
• Impregnação: Esfregar uma pequena quantidade de solo úmido na palma de uma
das mãos. Colocar a mão embaixo de uma torneira aberta e observar a facilidade
com que a palma da mão fica limpa. Solos finos se impregnam e não saem da mão
com facilidade.
• Dilatância: O teste de dilatância permite obter uma informação sobre a veloci-
dade de movimentação da água dentro do solo. Para a realização do teste deve-se
preparar uma amostra de solo com cerca de 15mm de diâmetro e com teor de umi-
dade que lhe garanta uma consistência mole. O solo deve ser colocado sobre a
palma de uma das mãos e distribuído uniformemente sobre ela, de modo que não
apareça uma lâmina d’água. O teste se inicia com um movimento horizontal da
mão, batendo vigorosamente a sua lateral contra a lateral da outra mão, diversas
vezes. Deve-se observar o aparecimento de uma lâmina d’água na superfície do
solo e o tempo para a ocorrência. Em seguida, a palma da mão deve ser curvada,
de forma a exercer uma leve compressão na amostra, observando-se o que poderá
ocorrer à lâmina d’ água, se existir, à superfície da amostra. O aparecimento da
lâmina d água durante a fase de vibração, bem como o seu desaparecimento durante
a compressão e o tempo necessário para que isto aconteça deve ser comparado aos
dados da Tabela 4.1, para a classificação do solo.
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Após realizados estes testes, classifica-se o solo de modo apropriado, de acordo com os
resultados obtidos (areia siltosa, argila arenosa, etc.). Os solos orgânicos são identificados
em separado, em função de sua cor e odor característicos.
Além da identificação táctil visual do solo, todas as informações pertinentes à identifi-
cação do mesmo, disponíveis em campo, devem ser anotadas. Deve-se informar, sempre
que possível, a eventual presença de material cimentante ou matéria orgânica, a cor do
solo, o local da coleta do solo, sua origem geológica, sua classificação genética, etc.
A distinção entre solos argilosos e siltosos, na prática da engenharia geotécnica, possui
certas dificuldades, já que ambos os solos são finos. Porém, após a identificação tátil
visual ter sido realizada, algumas diferenças básicas entre eles, já citadas nos parágrafos
anteriores, podem ser utilizadas para distingui-los.
1. O solo é classificado como argiloso quando se apresenta bastante plástico em pre-
sença de água, formando torrões resistentes ao secar. Já os solos siltosos quando
secos, se esfarelam com facilidade.
2. Os solos argilosos se desmancham na água mais lentamente que os solos siltosos.
Os solos siltosos, por sua vez, apresentam dilatância, o que não ocorre com os solos
argilosos.
γs − γw
V = · D2 (4.1)
18 · µ
Onde:
V = Velocidade de queda da partícula
γs - Peso específico das partículas sólidas
γw - Peso específico da água
µ - Viscosidade do fluido
D - Diâmetro equivalente da partícula
Deve-se notar que o diâmetro equivalente calculado empregando-se a Eq. 4.1 corresponde
a apenas uma aproximação, à medida em que durante a realização do ensaio de sedimen-
tação, as seguintes ocorrências tendem a afastá-lo das condições ideais para as quais a
lei de Stokes foi formulada.
• As partículas de solo não são esféricas (muito menos as partículas dos argilo mine-
rais que têm forma placóide).
• A coluna líquida possui tamanho definido.
• O movimento de uma partícula interfere no movimento de outra.
• As paredes do recipiente influenciam no movimento de queda das partículas.
• O peso específico das partículas do solo é um valor médio.
• O processo de leitura (inserção e retirada do densímetro) influencia no processo de
queda das partículas.
A Fig. 4.2 ilustra os procedimentos adotados para a execução do ensaio de granulometria
dos solos.
Figura 4.2: Vídeo Ensaio de granulometria. Clique na figura para assistir no pdf
ou no link para o vídeo original.Link
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100
90
80
70 (granulação contínua)
60
50
40
D60
Cu = (4.2)
D10
D302
Cc = (4.3)
D60 · D10
De acordo como valor do Cu obtido, o solo pode ser classificado conforme apresentado
abaixo:
Cu < 5 =⇒ muito uniforme
5 < Cu < 15 =⇒ uniformidade média
Cu > 15 =⇒ não uniforme
Para o caso de pedregulho com frações superiores a 10% adjetiva-se o solo do seguinte
modo:
10 a 29% =⇒ com pedregulho
> 30% =⇒ com muito pedregulho
Areia compacta
Estrutura dispersa
Areia fofa
+
+
Placas individuais, Estrutura Floculada
Estrutura foculada
Figura 4.4: Alguns arranjos estruturais presentes em solos grossos e finos e foto-
grafias obtidas a partir da técnica de Microscopia Eletrônica de Varredura.
Denomina-se estrutura dos solos a maneira pela qual as partículas minerais de diferentes
tamanhos se arrumam para formá-lo. A estrutura de um solo possui um papel fundamen-
tal em seu comportamento, seja em termos de resistência ao cisalhamento, compressibi-
lidade ou permeabilidade. Como os solos finos possuem o seu comportamento governado
por forças elétricas, enquanto os solos grossos têm na gravidade o seu principal fator de
influência, a estrutura dos solos finos ocorre em uma diversificação e complexidade muito
maior do que a estrutura dos solos grossos. De fato, sendo a gravidade o fator principal
agindo na formação da estrutura dos solos grossos, a estrutura destes solos difere, de solo
para solo, somente no que se refere ao seu grau de compacidade. No caso dos solos finos,
devido a presença das forças de superfície, arranjos estruturais bem mais elaborados são
possíveis. Fig. 4.4 ilustra algumas estruturas típicas de solos grossos e finos.
Quando duas partículas de argila estão muito próximas, entre elas ocorrem forças de
atração e de repulsão. As forças de repulsão são devidas às cargas líquidas negativas
que elas possuem e que ocorrem desde que as camadas duplas estejam em contato. As
forças de atração decorrem de forças de Van der Waals e de ligações secundárias que
atraem materiais adjacentes. Da combinação das forças de atração e de repulsão entre as
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partículas resulta a estrutura dos solos, que se refere à disposição das partículas na massa
de solo e as forças entre elas. Lambe e Whitman (1969) identificou dois tipos básicos de
estrutura do solo, denominando-os de estrutura floculada, quando os contatos se fazem
entre faces e arestas das partículas sólidas, ainda que através da água adsorvida, e de
estrutura dispersa quando as partículas se posicionam paralelamente, face a face.
Os solos são formados a partir da desagregação de rochas por ações físicas e químicas
do intemperismo. As propriedades química e mineralógica das partículas dos solos assim
formados irão depender fundamentalmente da composição da rocha matriz e do clima da
região. Estas propriedades, por sua vez, irão influenciar de forma marcante o comporta-
mento mecânico do solo. Os minerais são partículas sólidas inorgânicas que constituem
as rochas e os solos, e que possuem forma geométrica, composição química e estrutura
própria e definidas. Eles podem ser divididos em dois grandes grupos, a saber:
• Primários =⇒ Aqueles encontrados nos solos e que sobrevivem a transformação da
rocha (advêm portanto do intemperismo físico)
• Secundários =⇒ Os que foram formados durante a transformação da rocha em solo
(ação do intemperismo químico)
As partículas dos solos grossos, dentre as quais apresentam-se os pedregulhos, são consti-
tuídas algumas vezes de agregações de minerais distintos, sendo mais comum, entretanto,
que as partículas sejam constituídas de um único mineral. Estes solos são formados, na
sua maior parte, por silicatos (90%) e apresentam também na sua composição óxidos,
carbonatos e sulfatos.
• Grupos Minerais
– Silicatos - feldspato, quartzo, mica, serpentina
– Óxidos - hematita, magnetita, limonita
– Carbonatos - calcita, dolomita
– Sulfatos - gesso, anidrita
O quartzo, presente na maioria das rochas, é bastante estável, e em geral resiste bem
ao processo de transformação rocha solo. Sua composição química é simples, SiO2 , as
partículas são equidimensionais, como cubos ou esferas e ele apresenta baixa atividade
superficial (devido ao tamanho de seus grãos). Por conta disto, o quartzo é o componente
principal na maioria dos solos grossos (areias e pedregulhos).
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Os solos finos possuem uma estrutura mais complexa e alguns fatores, como forças de
superfície, concentração de íons, ambiente de sedimentação, etc., podem intervir no seu
comportamento. As argilas possuem uma complexa constituição química e mineralógica,
sendo formadas por sílica no estado coloidal (SiO2 ) e sesquióxidos metálicos (R2 O3 ),
onde R = Al; Fe, etc.
Os feldspatos são os minerais mais atacados pela natureza, dando origem aos argilo
minerais, que constituem a fração mais fina dos solos, geralmente com diâmetro inferior
a 2 µm. Não só o reduzido tamanho, mas, principalmente, a constituição mineralógica
faz com que estas partículas tenham um comportamento extremamente diferenciado em
relação ao dos grãos de silte e areia.
O estudo da estrutura dos argilo minerais pode ser facilitado "construindo-se"o argilo
mineral a partir de unidades estruturais básicas. Este enfoque é puramente didático e não
representa necessariamente o método pelo qual o argilo mineral é realmente formado na
natureza. Assim, as estruturas apresentadas neste capítulo são apenas idealizações. Um
cristal típico de um argilo mineral é uma estrutura complexa similar ao arranjo estrutural
aqui idealizado, mas contendo usualmente substituições de íons e outras modificações
estruturais que acabam por formar novos tipos de argilo minerais. As duas unidades
estruturais básicas dos argilo minerais são os tetraedros de silício e os octaedros de
alumínio (Fig. 4.5). Os tetraedros de silício são formados por quatro átomos de oxigênio
equidistantes de um átomo de silício enquanto que os octaedros de alumínio são formados
por um átomo de alumínio no centro, envolvido por seis átomos de oxigênio ou grupos
de hidroxilas, OH − . A depender do modo como estas unidades estruturais estão unidas
entre si, podemos dividir os argilo minerais em três grandes grupos.
• GRUPO DA CAULINITA: A caulinita é formada por uma lâmina silícica e
outra de alumínio, que se superpõem indefinidamente. A união entre todas as
camadas é suficientemente firme (pontes de hidrogênio) para não permitir a pene-
tração de moléculas de água entre elas. Assim, as argilas cauliníticas são as mais
estáveis em presença d’água, apresentando baixa atividade e baixo potencial de
expansão.
• GRUPO DA MONTMORILONITA: Grupo formado por uma unidade de
alumínio entre duas sílicas, superpondo-se indefinidamente (Ex: montmorilonita,
esmectita, muscovita, bentonita, etc). Neste caso a união entre as camadas de
silício é fraca (forças de Van der Walls), permitindo a penetração de moléculas de
água na estrutura com relativa facilidade. Os solos com grandes quantidades de
montmorilonita tendem a ser instáveis em presença de água. Apresentam em geral
grande resistência quando secos, perdendo quase que totalmente a sua capacidade
de suporte por saturação. Sob variações de umidade apresentam grandes variações
volumétricas, retraindo-se em processos de secagem e expandindo-se sob processos
de umedecimento.
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Unidades cristalográficas
Al
Si Si o Si
Al Al o
Si Si o
Si K Al
Al Si Si
Al Al o
Si
Si Si Si
Al
Al
Si Si
Si Al o
Si Al
Si o
Al Si o
o Al
Montmorilonita Ilita Caulinita
Figura 4.5: Arranjos estruturais típicos dos três principais grupos de argilo mine-
rais.
Como a união entre as camadas adjacentes dos argilo minerais do tipo 1:1 (grupo da
caulinita) é bem mais forte do que aquela encontrada para os outros grupos, é de se
esperar que estes argilo minerais resultem por alcançar tamanhos maiores do que aqueles
alcançados pelos argilo minerais do grupo 2:1, o que ocorre na realidade: Enquanto um
mineral típico de caulinita possui dimensões em torno de 500 (espessura) x 1000 x 1000
(nm), um mineral de montmorilonita possui dimensões em torno de 3x 500 x 500 (nm).
A presença de um determinado tipo de argilo mineral no solo pode ser identificada
utilizando-se diferentes métodos, dentre eles a análise térmica diferencial, a técnica de
difração de raios X, a microscopia eletrônica de varredura, etc. A Fig. 4.6 apresenta
resultados de imagens de microscopia eletrônica de varredura obtidas para diferentes
minerais.
Superfície específica - Denomina-se de superfície específica de um solo a soma da
área de todas as partículas contidas em uma unidade de volume ou peso. A superfície
específica dos argilo minerais é geralmente expressa em unidades como m2 /m3 ou m2 /g.
Quanto maior o tamanho do mineral menor a superfície específica do mesmo. Deste modo,
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pode-se esperar que os argilo minerais do grupo 2:1 possuam maior superfície específica
do que os argilo minerais do grupo 1:1. A montmorilonita, por exemplo, possui uma
superfície específica de aproximadamente 800 m2 /g, enquanto que a ilita e a caulinita
possuem superfícies específicas de aproximadamente 80 e 10 m2 /g, respectivamente. A
superfície específica é uma importante propriedade dos argilo minerais, na medida em
que quanto maior a superfície específica, maior vai ser o predomínio das forças elétricas
(em detrimento das forças gravitacionais), na influência sobre as propriedades do solo
(estrutura, plasticidade, coesão, etc.)
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O solo é constituído de uma fase fluida (água e/ ou ar) e se uma fase sólida. A fase fluida
ocupa os vazios deixados pelas partículas sólidas.
Fase composta geralmente pelo ar do solo em contato com a atmosfera, podendo também
se apresentar na forma oclusa (bolhas de ar no interior da fase água). A fase gasosa é
importante em problemas de deformação de solos e é bem mais compressível que as fases
sólida e líquida.
Fase fluida composta em sua maior parte pela água, podendo conter solutos e outros
fluidos imiscíveis. Pode-se dizer que a água se apresenta de diferentes formas no solo,
sendo contudo extremamente difícil se isolar os estados em que a água se apresenta em seu
interior. A seguir são expressados os termos mais comumente utilizados para descrever
os estados da água no solo.
Preenche os vazios dos solos. Pode estar em equilíbrio hidrostático ou fluir sob a ação da
gravidade ou de outros gradientes de energia.
É a água que se encontra presa às partículas do solo por meio de forças capilares. Esta
se eleva pelos interstícios capilares formados pelas partículas sólidas, devido a ação das
tensões superficiais nos contatos ar-água-sólidos, oriundas a partir da superfície livre da
água.
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É uma película de água que adere às partículas dos solos finos devido a ação de forças
elétricas desbalanceadas na superfície dos argilo minerais. Está submetida a grande
pressões, comportando-se como sólido na vizinhança da partícula de solo.
É a água presente na própria composição química das partículas sólidas. Ex: montmori-
lonita (OH)4 Si2 Al4 O20 nH2 O
Água que o solo possui quando em equilíbrio com a umidade atmosférica e a temperatura
ambiente.
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Quando tratamos com solos grossos (areias e pedregulhos com pequena quantidade ou
sem a presença de finos), o efeito da umidade nestes solos é frequentemente negligenciado,
na medida em que a quantidade de água presente nos mesmos tem um efeito secundário
em seu comportamento. Pode se dizer, conforme aliás será visto no capítulo de clas-
sificação dos solos, que podemos classificar os solos grossos utilizando-se somente a sua
curva granulométrica, o seu grau de compacidade e a forma de suas partículas. Por outro
lado, o comportamento dos solos finos ou coesivos irá depender de sua composição mi-
neralógica, da sua umidade, de sua estrutura e do seu grau de saturação. Em particular,
a umidade dos solos finos tem sido considerada como uma importante indicação do seu
comportamento desde o início da mecânica dos solos.
Um solo argiloso pode se apresentar em um estado líquido, plástico, semi-sólido ou sólido,
a depender de sua umidade. A este estado físico do solo dá-se o nome de consistência.
Os limites inferiores e superiores de valor de umidade para cada estado do solo são
denominados de limites de consistência.
No estado plástico, o solo apresenta uma propriedade denominada de plasticidade, ca-
racterizada pela capacidade do solo se deformar sem apresentar ruptura ou trincas e sem
variação de volume. A manifestação desta propriedade em um solo dependerá fundamen-
talmente dos seguintes fatores:
Umidade: Existe uma faixa de umidade dentro da qual o solo se comporta de maneira
plástica. Valores de umidade inferiores aos valores contidos nesta faixa farão o solo se
comportar como semi-sólido ou sólido, enquanto que para maiores valores de umidade o
solo se comportará preferencialmente como líquido.
Tipo de argilo mineral: O tipo de argilo mineral (sua forma, constituição mineraló-
gica, tamanho, superfície específica, etc.) influi na capacidade do solo de se comportar
de maneira plástica. Quanto menor o argilo mineral (ou quanto maior sua superfície
específica), maior a plasticidade do solo. É importante salientar que o conhecimento da
plasticidade na caracterização dos solos finos é de fundamental importância.
Aumento de umidade
É o valor de umidade para o qual o solo passa do estado plástico para o estado fluido.
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É o valor de umidade para o qual o solo passa do estado semissólido para o estado
plástico.
Determinação do limite de plasticidade (wp ). A determinação do limite de plasti-
cidade do solo é realizada seguindo-se o seguinte procedimento: 1) prepara-se uma pasta
com o solo que passa na #40, fazendo-a rolar com a palma da mão sobre uma placa de
vidro esmerilhado, formando um pequeno cilindro. 2) quando o cilindro de solo apresen-
tar fissuras ao atingir o diâmetro de 3mm, mede-se a umidade do solo. 3) esta operação
é repetida pelo menos 5 vezes, definido assim como limite de plasticidade o valor médio
dos teores de umidade determinados. A Fig. 6.5 ilustra a realização do ensaio para de-
terminação do limite de plasticidade (vide (ABNT-NBR-7180, 1984)). A Fig. 6.4 exibe
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90
N w (%)
82 53 70,11
35 75,20
78,7
28 75,91
78 22 81,07
18 83,26
12 86,32
74 25 78,70
70
10 100
Número de golpes (N)
video ilustrando a execução dos ensaios para a determinação dos limites de liquidez e
plasticidade.
Figura 6.4: Vídeo Limites de Consistência. UFBA. Clique na figura para assistir
no pdf ou no link para o vídeo original.Link
É o valor de umidade para o qual o solo passa do estado sólido para o estado semissólido.
Determinação do limite de contração (ws ). A determinação do limite de contração
do solo é realizada seguindo-se o seguinte procedimento: 1) molda-se uma amostra de solo
passando na #40, na forma de pastilha, em uma cápsula metálica com teor de umidade
entre 10 e 25 golpes no aparelho de Casagrande. 2) seca-se a amostra à sombra e depois
em estufa, pesando-a em seguida. 3) utiliza-se um recipiente adequado (cápsula de vidro)
para medir o volume do solo seco, através do deslocamento de mercúrio provocado pelo
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Onde:
V = Volume da amostra seca
P = Peso da amostra seca
γw = Peso específico da água
γs = Peso específico das partículas sólidas
Rolo de solo
Uma vez conhecidos os limites de consistência de um solo, vários índices podem ser
definidos. A seguir, apresentaremos os mais utilizados.
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IP = wL − wp (6.2)
wL − w
Ic = (6.3)
IP
• Ic < 0 =⇒ Muito mole
• 0 < Ic < 0,5 =⇒ Mole
• 0,5 < Ic < 0,75 =⇒ Média
• 0,75 < Ic < 1 =⇒ Rija
• Ic > 1 =⇒ Dura
Rc
St = (6.4)
Rc0
IP
A= (6.5)
% < 0.002mm
800
700
Índice de plasticidade (%)
600
500
400
M ontmorilonita
300 4<A<8
200
100
0 Ilita
0,5 < A < 1,5
Figura 6.6: Variação do IP em função da fração argila para solos com diferentes
argilo minerais.
para classificar solos de países de clima temperado, não apresentando resultados satis-
fatórios quando utilizados na classificação de solos tropicais (principalmente aqueles de
natureza laterítica), cuja gênese é bastante diferenciada daquela dos solos para os quais
estas classificações foram elaboradas. Por conta disto, e devido a grande ocorrência de
solos lateríticos nas regiões Sul e Sudeste do país, recentemente foi elaborada uma clas-
sificação especialmente destinada a classificação de solos tropicais. Esta classificação,
brasileira, denominada de Classificação MCT, começou a se desenvolver na década de
70, sendo apresentada oficialmente em 1980 (NOGAMI; VILLIBOR, 1995). No item 7.3
é feita uma introdução à classificação MCT.
menclaturas duplas, como GW-GM, SP-SC, etc., atribuídas de acordo com o especificado
anteriormente. De uma forma geral, sempre que um material não se encontra claramente
dentro de um grupo, devemos utilizar símbolos duplos, correspondentes a casos de fron-
teira. Ex: GM-GC (solos grossos com mais do que 12% de finos cuja representação na
carta de plasticidade de Casagrande se situa muito próxima da linha A ou na área hachu-
rada). A Fig. 7.1 apresenta um fluxograma exibindo os passos básicos a serem seguidos
na classificação de solos grossos pelo Sistema Unificado.
Solos Finos
Os solos finos são classificados como argila e silte. A classificação dos solos finos é reali-
zada tomando-se como base apenas os limites de plasticidade e liquidez do solo, plotados
na forma da carta de plasticidade de Casagrande. Em outras palavras, o conhecimento
da curva granulométrica de solos possuindo mais do que 50% de material passando na
peneira 200 pouco ou muito pouco acrescenta acerca das expectativas sobre suas propri-
edades de engenharia.
A Carta de plasticidade dos solos foi desenvolvida por A. Casagrande de modo a agrupar
os solos finos em diversos subgrupos, a depender de suas características de plasticidade.
Conforme é apresentado na Fig. 7.2, a carta de plasticidade possui três divisores princi-
pais: A linha A (de eq. IP = 0, 73(wL − 20)) separa argilas (acima da linha) de siltes
(abaixo da linha), a linha B (wL = 50%) separa solos de baixa plasticidade (à esquerda da
linha) dos de alta plasticidade (à direita da linha) e a linha U (de eq. IP = 0, 9(wL − 8)
que é o limite superior da classificação. Deste modo, os solos finos, que são divididos em
quatro subgrupos (CL, CH, ML e MH), são classificados de acordo com a sua posição
em relação às linhas A e B, conforme apresentado nos subitens seguintes.
Grupos CL e CH
Os solos classificados como CL (argilas inorgânicas de baixa plasticidade) são aqueles os
quais têm a sua representação na carta de plasticidade acima da linha A e à esquerda
da linha B (conforme pode-se observar na Fig. 7.2, deve-se ter também um IP > 7%).
O grupo CH (argilas inorgânicas de alta plasticidade), possuem a sua representação na
carta de plasticidade acima da linha A e à direita da linha B (wL > 50%). São exemplos
deste grupo as argilas formadas por decomposição química de cinzas vulcânicas, tais
como a argila do vale do México, com wL de até 500%, ou os solos de decomposição de
folhelhos encontrados no Nordeste brasileiro sob a denominação popular de Massapê.
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SOLOS GROSSOS
Pedregulho (G). Mais que 50% da Areia (S). Menos que 50% da fração
fração grossa retido na # 4 (4.75mm) grossa retido na # 4 (4.75mm)
Menos que 5% Entre 5 e 12% Mais que Menos que 5% Entre 5 e 12% Mais que 12%
passam na # passam na # 12% passam passam na # passam na # passam na #
200 200 na # 200 200 200 200
GW GP GM GC SW SP SM SC
Nomes Nomes
duplos: duplos:
GW-GM SW-SM
Grupos ML e MH
Os solos classificados como ML (siltes inorgânicos de baixa plasticidade) são aqueles os quais
têm a sua representação na carta de plasticidade abaixo da linha A e à esquerda da linha B
(conforme pode-se observar na Fig. 7.2, estes podem se localizar também acima da linha A,
desde que com IP < 4%). O grupo MH (siltes inorgânicos de alta plasticidade), possuem a
sua representação na carta de plasticidade abaixo da linha A e à direita da linha B (wL >
50%).
Grupos CL - ML
Os solos classificados como CL-ML são aqueles com representação na carta de plasticidade
acima da linha A e que tenham índice de plasticidade entre 4 e 7
Grupos OL e OH
São classificados utilizando-se os mesmos critérios definidos para os subgrupos ML e MH.
A presença de matéria orgânica é geralmente identificada visualmente e pelo seu odor ca-
racterístico. Em caso de dúvida a escolha entre os símbolos OL/ML ou OH/MH pode ser
feita utilizando-se o seguinte critério: Se wLs / wLn < 0,75 então o solo é orgânico senão
é inorgânico. Os símbolos wLs e wLn correspondem a limites de liquidez determinados em
amostras que foram secas em estufa e ao ar livre, respectivamente. Neste caso, a diferença
entre os valores de wL se deve ao fato de que a amostra seca em estufa a 105o C terá a sua
matéria orgânica queimada, tendo em consequência o seu valor de wL reduzido.
Solos Pantanosos e Turfas
São solos altamente orgânicos, geralmente fibrilares e extremamente compressíveis. As turfas
são solos que incorporam florestas soterradas em estágio avançado de decomposição. Estes
solos formam um grupo independente de símbolo (Pt). Na maioria dos solos turfosos os limi-
tes de consistência podem ser determinados após completo amolgamento do solo. O limite
de liquidez destes solos varia entre 300 e 500% permanecendo a sua posição na carta de plas-
ticidade notavelmente acima da linha A. O Índice de plasticidade destes solos normalmente
se situa entre 100 e 200.
d) A linha U da carta de plasticidade
A linha U apresentada na carta de plasticidade representa o limite superior das coordenadas
(wL;IP) encontrado para a grande maioria dos solos (mesmo solos possuindo argilo minerais
de alta atividade). Deste modo, sempre que em um processo de classificação o ponto repre-
sentante do solo se situar acima da linha U, os dados de laboratório devem ser checados e
os ensaios refeitos.
A carta de plasticidade de Casagrande pode ainda nos dar uma ideia acerca do tipo de
argilo mineral predominante na fração fina do solo. Solos possuindo argilo minerais do tipo
1:1 (como a caulinita) tem seus pontos de representação na carta de plasticidade próximo
à linha A (parte superior à linha A), enquanto que solos possuindo argilo minerais de alta
atividade (como a montmorilonita) tendem a ter seus pontos de representação na carta de
plasticidade próximos à linha U (parte imediatamente inferior à linha U).
e) Observações complementares
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Apesar dos símbolos utilizados no SUCS serem de grande valia, eles não descrevem comple-
tamente um depósito de solo. Em todos os solos deve-se acrescentar informações como odor,
cor e homogeneidade do material à classificação. Para o caso de solos grossos, informações
como a forma dos grãos, tipo de mineral predominante, graus de intemperismo ou compaci-
dade, presença ou não de finos são pertinentes. Para o caso dos solos finos, informações como
a umidade natural e consistência (natural e amolgada) devem ser sempre que possível ser
fornecidas. A Tabela 7.1 apresenta algumas informações sobre o comportamento esperado
para os diferentes grupos da classificação SUCS.
SOLOS GROSSOS
35% ou menos passando na # 200
Menos que 15% Menos que 25% Menos que 10% LL 40% LL 41% LL 40% LL 41%
passa na # 200. passa na # 200. passa na # 200.
Menos que 30% Menos que 50% Não plástico
passa na # 40. passa na # 40.
Menos que 50% IP < 6%
passa na # 10
IP < 6%
SOLOS SILTO-ARGILOSOS
35% ou mais passando na # 200
Silte Argila
IP 10% IP 11%
a b
Figura 7.5: Perfis de solo em Jambeiro -SP: a) Laterítico; b) Saprolítico. (MARSON,
2004).
Base do Soquete
Corpo de Prova
Molde Metálico
Solo
Base do Compactador (pistão)
Golpes
1 2 3 4 6 8 12 16 24 32 48 64 96
18
16
14
12
10
∆ An
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
Min i- MCV
golpes que correspondem à série de Parsons (1976): 1, 2, 3, 4, 6, 8, 16, 24, 32, 48, 64, 96,
128, 192, 256.
Interrompe-se a aplicação de golpes quando a diferença entre as alturas sucessivas for in-
ferior a 0,1mm, atingir 256 golpes ou ocorrer nítida expulsão de água do corpo de prova
(exsudação). Esse procedimento deverá ser repetido para corpos de prova com umidades
diferentes, o que permitirá traçar as curvas de deformabilidade ou de Mini-MCV, que ex-
pressam a redução de altura do corpo de prova [∆A(n) = h(n)-h(4n)], em escala natural em
função do número de golpes (n), em escala logarítmica (Fig. 7.7). O Mini-MCV de cada
curva é calculado pela Eq. 7.2, onde, Bi é o número de golpes que resulta da intersecção da
curva de deformabilidade com a reta ∆An=2,0mm:
Da Fig. 7.7 obtém-se também o coeficiente c‘ utilizado na classificação MCT, que é dado
pela inclinação da linha de variação de altura do corpo de prova x log do número de golpes.
Esse coeficiente se relaciona com a granulometria do material, sendo que para as argilas e
solos argilosos c‘ é maior que 1,5, areias e siltes não plásticos apresentam c‘ menor que 1,0 e
misturas de solos (areias siltosas, areais argilosas, argilas arenosas) apresentam c‘ entre 1,0
e 1,5.
Como se pode observar, no ensaio de compactação Mini-MCV, o aumento do número de
golpes produz a aplicação de energias crescentes no corpo de prova, até conseguir um aumento
sensível de densidade. Para um mesmo número de golpe, plotando os dados de teor de
umidade no eixo das abscissas e de massa específica seca no eixo das ordenadas, obtém-se
uma família de curvas de compactação, como exemplifica a Fig. 7.8.
Tomando-se a curva de compactação correspondente a 12 golpes do soquete (energia próxima
daquela obtida com o Proctor Normal), determina-se outro coeficiente utilizado na classi-
ficação MCT, o coeficiente d0 , que é a inclinação do ramo seco da curva de compactação
correspondente a 12 golpes. Em geral, as argilas lateríticas possuem d0 > 20kg/% · m3 e
argilas não lateríticas possuem d0 < 10kg/% · m3 .
2,0
1,9
ρ seco (g/cm 3 )
1,8 12 Golpes
1,7
1,6
8 9 10 11 12 13 14 15 16 17
Fator de
0,00 0,25 0,50 0,50 0,75 1,00
Correção
Descrição do
Massa
Bloco S em queda Maciço Fissurado Parcial Fragmentado
dispersa
Desprendido
Formato do
Bloco
Desprendido
120
90
Pi (%)
60
30
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
Mini-MCV
r
0 20 Pi
(7.3)
3
e = +
d 100
NS'
NA N G'
1,5
NA'
1,0
LA
LA ' LG '
0,5
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5
c'
tracejada da Fig. 7.11). Para solos com poucos finos a transição ocorre para valores mais
altos de Pi e portanto a classificação adota e‘=1,4.
Plotanto os valores de c‘ e e‘ no gráfico obtém-se o grupo a que o solo pertence na classificação
MCT, podendo ser:
1. Solos de comportamento laterítico, designado pela letra L, sendo sub-divididos em 3
grupos: LA – Areia laterítica quartzosa; LA‘ - Solo Arenoso laterítico; LG‘ - Solo
argiloso laterítico.
2. Solos de comportamento não laterítico (saprolítico), designados pela letra N, sendo
sub divididos em 4 grupos: NA – areias siltes e misturas de areias e siltes com pre-
dominância de grão de quartzo e/ou mica, não laterítico; NA‘ - misturas de areias
quartzosas com finos de comportamento não laterítico (solo arenoso); NS‘ - solo siltoso
não laterítico; NG‘ - Solo argiloso não laterítico.
Desde a elaboração da classificação MCT, esta vem passando por modificações nos equipa-
mentos utilizados, nos procedimentos de obtenção de seus parâmetros e na quantidade de
amostra utilizada. Todas as modificações são para torná-la mais simples e rápida, de modo
que seja usada com mais facilidade no meio rodoviário.
Em 1988, Vertamatti modificou o ábaco de classificação da MCT para levar em consideração
os solos sedimentares da região amazônica, ditos transicionais. Dessa forma, o novo ábaco
(Fig. 7.12) passou a ser denominado MCT-M (modificado), dividindo o solos em onze grupos,
a saber: NA (areia não laterítica), NG‘ (solo argiloso não laterítico), NS‘(solos siltoso não
laterítico), NS‘(solo silto-argiloso não-laterítico), NS’G‘ (solo siltoso-argiloso não laterítico),
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NS'
NA
N S 'G' N G'
1,5
TA '
TA 'G'
TG '
1,0
LA
LA '
LA ' G '
LG '
0,5
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 c'
TA‘(solo arenoso transicional), TA‘G‘ (solo areno-argiloso transicional), TG‘ (solo argiloso
transcional), LA (areia laterítica), LA’ (solo arenoso laterítico), LA‘G‘(solo areno-argiloso
laterítico), LG‘(solo argiloso laterítico).
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8 ÍNDICES FÍSICOS
8.1 Introdução
O comportamento de um solo depende da quantidade relativa de cada uma de suas três fases
(sólidos, água e ar). Diversas relações são empregadas para expressar as proporções entre
elas. Na Fig. 8.1 mostrada a seguir estão representadas, de modo esquemático, as três fases
que normalmente ocorrem nos solos, ainda que, em alguns casos, todos os vazios possam
estar ocupados pela água e a água possa conter substâncias dissolvidas.
Pesos Volumes
Zero Pa Ar Va
Vv
Pt Pw Água Vw Vt
Ps Sólido Vs
Massas Volumes
Zero Ma Ar Va
Vv
Mt Mw Água Vw Vt
Ms Sólido Vs
Onde: Va, Vw, Vs, Vv e Vt representam os volumes de ar, água, sólidos, de vazios e total do
solo, respectivamente. Ps, Pw, Pa e Pt São os pesos de sólidos, água, ar e total e Ms, Mw,
Ma e Mt são as respectivas massas de sólidos, água, ar e total.
Umidade, w
Mw
w= (8.1)
Ms
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Porosidade. n
A porosidade é definida como a relação entre o volume de vazios e o volume total. O intervalo
de variação da porosidade está compreendido entre 0 e 1.
Vv
n= (8.2)
Vt
Grau de Saturação, Sr
Os vazios do solo podem estar apenas parcialmente ocupados por água. A relação entre o
volume de água e o volume dos vazios é definida como o grau de saturação, expresso em
percentagem e com variação de 0 a 100% (solo saturado).
Vw
Sr = (8.3)
Vv
Índice de Vazios, e
Vv
e= (8.4)
Vs
Pt
γ= (8.5)
Vt
Mt
ρ= (8.6)
Vt
γ =ρ·g (8.7)
que um solo pode ter, já que as outras duas fases que compõe o solo são menos densas que
as partículas sólidas.
Ps
γs = (8.8)
Vs
Peso Específico do Solo Seco
Corresponde a um caso particular do peso específico do solo, obtido para Sr = 0. É nu-
mericamente dado pelo peso das partículas sólidas dividido pelo volume total do solo. Vale
ressaltar que o peso específico seco do solo pode ser estimado para um solo com um teor de
umidade qualquer, o que se faz normalmente desprezando-se as suas variações volumétricas
por secagem.
Ps
γd = (8.9)
Vt
Peso Específico do Solo Saturado
É o peso específico do solo quando todos os seus vazios estão ocupados pela água.
Pt
γsat = , p/Sr = 1 (8.10)
Vt
Peso Específico do Solo Submerso
Neste caso, considera-se a existência do empuxo de água no solo. Logo, o peso específico do
solo submerso será equivalente ao o peso específico do solo menos o peso específico da água.
As relações entre pesos ou entre volumes, por serem adimensionais, não serão modificadas
caso no lado direito da Fig. 8.2, os volumes de água, ar e sólidos sejam divididos por um de-
terminado fator, conservado constante para todas as fases. Este fator pode ser escolhido, por
exemplo, para que o volume de sólidos se torne unitário (ou, em outras palavras, dividindo-se
todos os termos por Vs). Deste modo, utilizando-se as relações entre volumes e entre pesos
e volumes, definidas anteriormente, temos:
Uma outra forma de organizar as relações entre volumes e entre pesos e volumes em um
diagrama de fases seria adotando um volume total igual a 1. Neste caso teríamos o resultado
apresentado na Fig. 8.3.
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Pesos Volumes
γw Sr e e
Sr e
1+e
γs
1
Figura 8.2: Relações entre volumes e entre pesos e volumes adotando-se um volume
de sólidos unitário.
Das Fig. 8.2 e Fig. 8.3 e utilizando-se as definições dadas para o índice de vazios e a porosidade
tem-se:
e
n= (8.12)
1+e
n
e= (8.13)
1−n
Com o uso das Fig. 8.2 e Fig. 8.3, diversas relações podem ser facilmente definidas entre os
índices físicos. As Equações a seguir expressam algumas destas relações:
γw · Sr · e + γs
γ= (8.14)
1+e
γs
γd = (8.15)
1+e
γw · e + γs
γsat = (8.16)
1+e
A umidade é definida como a relação entre o peso da água e o peso dos sólidos em uma
porção do solo, sendo expressa em percentagem. Pela análise da Fig. 8.2 temos que:
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Pesos Volumes
0
n
γw Sr n Sr n 1
γs (1-n)
1-n
Figura 8.3: Relações entre volumes e entre pesos e volumes adotando-se um volume
total de solo unitário.
γw · Sr · e
w= (8.17)
γs
Vw Sr · e
θ= = = Sr · n (8.18)
Vt 1+e
OBS: Apesar de alguns índices físicos serem apresentados em percentagem, o cálculo das
relações entre eles deve ser feito utilizando-os na forma decimal. Todos os outros índices
devem estar em unidades compatíveis.
Dr (%) Designação
0 a 20 Fofa
20 a 40 Pouco compacta
Medianamente
40 a 60
compacta
60 a 80 compacta
80 a 100 Muito compacta
NÃO COESIVOS. A Tabela 8.1 apresenta a classificação da compacidade dos solos grossos
em função de sua densidade relativa.
Onde:
emax =índices de vazios do solo no estado mais solto (fofo)
Notas importantes:
• A densidade relativa é o fator preponderante, tanto na deformabilidade quanto na
resistência ao cisalhamento de solos grossos, influindo também na sua permeabilidade.
• A densidade relativa pode ser utilizada na estimativa preliminar de regiões sujeitas à
liquefação e no controle de compactação de solos não coesivos.
peso da amostra de solo se devem a evaporação da água existente no seu interior. Após o
período de secagem em estufa, o peso da amostra é novamente determinado. Deste modo,
o peso da água existente no solo é igual a diferença entre os pesos da amostra antes e após
esta ser levada à estufa, sendo a umidade do solo a razão entre esta diferença e o peso da
amostra determinado após secagem (peso de água sobre peso seco ou peso das partículas
sólidas). A seguir são listados alguns métodos utilizados na determinação da umidade do
solo em campo e em laboratório.
• Estufa a 105o - 110o C (laboratório)
• Fogareiro à Álcool (campo)
• Sonda de nêutrons (campo)
• TDR, GRP (campo)
Sobre o peso específico das partículas, algumas observações necessitam ser mencionadas:
Segundo dados de Lambe e Whitman (1969), γs geralmente se encontra no intervalo de 22
a 29 kN/m3 e é em função dos minerais constituintes do solo. Solos orgânicos tendem a
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apresentar valores de γs menores que o convencional, enquanto que solos ricos em minerais
ferrosos tendem a apresentar γs > kN/m3 .
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9.1 Introdução
Como em todo material utilizado na engenharia, o solo, ao sofrer solicitações, irá se deformar,
modificando o seu volume e forma iniciais. A magnitude das deformações apresentadas pelo
solo irá depender não só de suas propriedades intrínsecas de deformabilidade (elásticas e
plásticas), mas também do valor do carregamento a ele imposto. O conhecimento das tensões
atuantes em um maciço de terra, sejam elas advindas do peso próprio ou em decorrência de
carregamentos em superfície (ou até mesmo do alívio de cargas provocado por escavações)
é de vital importância no entendimento do comportamento de praticamente todas as obras
da engenharia geotécnica.
Neste capítulo tratar-se-á da determinação ou previsão das tensões, aplicadas ou desenvol-
vidas em pontos do terreno, como resultado de um carregamento imposto, bem como as
tensões existentes no maciço devido ao seu peso próprio, isto é, as tensões geostáticas.
Nos solos ocorrem tensões devidas ao seu peso próprio e às cargas externas aplicadas. Assim,
o estado de tensões em cada ponto do maciço depende do peso próprio do terreno, da inten-
sidade da força aplicada e da geometria da área carregada e a obtenção de sua distribuição
espacial é normalmente feita a partir das hipóteses formuladas pela teoria da elasticidade,
conforme será visto mais adiante. No caso de tensões induzidas pelo peso próprio das cama-
das de solo (tensões geostáticas) e superfície do terreno horizontal, a distribuição das tensões
total, neutra e efetiva a uma dada profundidade é imediata, considerando-se, em cada ponto,
apenas o peso das camadas de solo sobrejacentes.
→
−
∆F
σ = lim →
− (9.1)
∆A→0 ∆ A
→
−
Onde, F é o módulo da força que atua no elemento de área de módulo A.
Mostra-se que o estado de tensão em qualquer plano passando por um ponto em um meio
contínuo é totalmente especificado pelas tensões atuantes em três planos mutuamente ortogo-
nais, passando no mesmo ponto. As componentes de tensão em cada plano formam o tensor
de tensões naquele ponto. Desta forma, o tensor de tensões é composto de nove componen-
tes, formando uma matriz simétrica. O produto do tensor de tensões pelo versor da normal
do plano passando pelo ponto considerado (versor n̂ = (nx ; ny ; nz ) apresentado na Fig. 9.1)
fornece as componentes da tensão atuando sobre o plano (componentes px , py e pz do vetor
p~ apresentado na Fig. 9.1). A Eq. 9.2 apresenta o cálculo das componentes de tensão em
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um plano na forma matricial. Pode-se demonstrar também que n̂ = (cos(α); cos(β); cos(γ)),
onde α, β e γ são os ângulos que n̂ faz com os eixos da base ortogonal x, y e z.
px σx τxy τxz nx
py = τyx σy τyz · ny (9.2)
pz τzx τzy σz nz
n^ ⃗p
Apesar do solo constituir um sistema particulado, composto de três fases distintas, (água, ar
e partículas sólidas) e o conceito de tensão em um ponto advir da mecânica do contínuo, este
tem sido utilizado com sucesso na prática geotécnica. Além disso, boa parte dos problemas
em mecânica dos solos podem ser encarados como problemas de tensão ou deformação planos,
de modo que para estes casos o tensor de tensões apresentado na Fig. 9.1 se torna mais
simplificado, podendo o estado de tensões em um ponto ser melhor representado utilizando-
se da construção gráfica do círculo de Mohr.
Deve-se salientar contudo, que devido ao fato de o solo constituir um sistema particulado,
em cada ponto do maciço podem existir estados de tensões diferentes para cada uma de suas
fases componentes.
Por serem fluidos, não suportando tensões cisalhantes, as tensões existentes nas fases água
e ar do solo são sempre ortogonais ao plano passando pelo ponto considerado. Pode-se dizer
ainda, que na maioria dos casos, a pressão nos vazios de solo preenchidos por ar é igual à
pressão atmosférica (adotada geralmente como pressão de referência ou zero).
O princípio das tensões efetivas - Postulado por Terzaghi, para o caso dos solos saturados,
o princípio das tensões efetivas é uma função da tensão total (soma das tensões nas fases
água e partículas sólidas) e da tensão neutra (denominada também de pressão neutra, é a
pressão existente na fase água do solo), que governa o comportamento do solo em termos de
deformação e resistência ao cisalhamento.
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Mostra-se experimentalmente que, para o caso dos solos saturados, o que governa o com-
portamento do solo em termos de resistência e deformabilidade é a diferença entre a tensão
total e a pressão neutra, denominada de tensão efetiva As tensões normais desenvolvidas
em qualquer plano num maciço terroso, serão suportadas, parte pelas partículas sólidas e
parte pela água (ver Fig. 9.2). As tensões cisalhantes somente poderão ser suportadas pe-
las partículas sólidas, já que os fluidos, por definição, não são capazes de suportar tensões
cisalhantes de forma estática.
Nível do terreno, NT
Nível de água, NA
z (z- u)
z zw
x u (x -u)
Uma parcela da tensão normal age nos contatos inter partículas e a outra parcela atua na
água existente nos vazios do solo. Assim, a tensão total num plano será a soma da tensão
efetiva, resultante das forças transmitidas pelas partículas, e da pressão neutra, dando origem
a uma das relações mais importantes da Mecânica dos Solos, proposta por Terzaghi:
σ0 = σ − u (9.3)
Onde,σ 0 é uma das componentes de tensão normal efetiva do solo, σ é a mesma componente
de tensão em termos totais e u é a pressão neutra no ponto considerado.
Para visualizar um pouco melhor o efeito da água no solo imagine uma esponja colocada
dentro de um recipiente com água suficiente para encobri-la (a esponja se encontra totalmente
submersa). Se o nível de água for elevado no recipiente, a pressão total sobre a esponja
aumenta, mas a esponja não se deforma. Isto ocorre porque os acréscimos de tensão total
são contrabalançados por iguais acréscimos na tensão neutra, de modo que a tensão efetiva
permanece inalterada (vide Eq. 9.3).
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σ =γ·z (9.4)
u = γ w · zw (9.5)
Onde:
u é a pressão neutra atuando na água no ponto considerado. γw é o peso específico da
água (adotado normalmente como γw = 10kN/m3 ). zw equivale a profundidade do ponto
considerado até a superfície do lençol freático.
Quando o terreno é constituído de camadas estratificadas, o que é comum em grande parte
dos casos, ocorre uma variação dos pesos específicos ao longo da profundidade e a tensão
normal resulta do somatório do efeito das diversas camadas. A tensão vertical efetiva é então
calculada utilizando-se a Eq. 9.6.
n
X
σz0 = γi · ∆zi − γw · zw (9.6)
i=1
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Solo 2. z
3 'z u
n
Uso do peso específico submerso - Caso o nível de água, apresentado na Fig. 9.2, estivesse
localizado na superfície do terreno, o cálculo das tensões efetivas poderia ser simplificado
pelo uso do conceito de peso específico submerso, discutido no capítulo de índices físicos.
Neste caso, a tensão vertical total será dada por σz = γsat · z, enquanto que a pressão neutra
no mesmo ponto será u = γw ·z. A tensão efetiva, correspondente à diferença entre estes dois
valores, será: σz0 = γsat · z − γw · z, o que faz com que tenhamos: σz0 = (γsat − γw ) · z = γsub · z,
onde γsub é o peso específico submerso do solo.
Cálculo da componente de tensão geostática horizontal - As tensões geostáticas horizontais
existentes em um maciço de solo são muito importantes no cálculo dos esforços de solo sobre
estruturas de contenção, como os muros de arrimo, cortinas atirantadas etc. Estes esforços
dependem em muito dos movimentos relativos do solo, ocasionados em função da instalação
da estrutura de contenção. Para o caso do solo em repouso (sem movimentação horizontal),
as tensões geostáticas horizontais são calculadas empregando-se o coeficiente de empuxo em
repouso do solo, conforme apresentado pela Eq. 9.7.
Segundo Jacky (1944), o coeficiente de empuxo em repouso do solo pode ser estimado com o
uso da Eq. 9.8, onde φ0 é o ângulo de atrito interno efetivo do solo, apresentado em detalhes
no capítulo de resistência ao cisalhamento (volume II).
ko = 1 − sin(φ) (9.8)
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a)
b) c)
Pode-se dizer que embora as perturbações no estado de tensão inicial de um maciço de solo,
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Q
∆σz (z = 0) = (9.9)
bo · lo
Na profundidade (z), a área da sapata aumenta de z/2 (para o método 2:1) ou z · tan(ϕo )
(espraiamento), para cada lado. Assim, a tensão nesta profundidade será estimada pela
Eq. 9.10:
Q
∆σz (z) = (9.10)
bz · lz
Notar que:
a
tan(ϕo ) = =⇒ a = z · tan(ϕo ) (9.11)
z
O ângulo de espraiamento (ϕo ) é função do tipo de solo, com valores típicos de:
• solos muito moles: ϕo < 40o
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Q
q = Q
bo x lo
lo z
bo bo
Z φo
Q Dz(z) = Q 2
lo + z
bz x lz 1
bo a) bo + z
a a b)
As tensões dentro de uma massa de solo são melhor estimadas empregando as soluções obti-
das a partir da teoria da elasticidade. Apesar das hipóteses adotadas nestas formulações, seu
emprego aos casos práticos é bastante frequente, dada a sua simplicidade e ao fato de pro-
duzirem resultados bem mais próximos do real do que aqueles obtidos com o uso da solução
simplificada, apresentada no item anterior. Existem formulações para uma grande variedade
de tipos de carregamento.Fatores de influência para tensões verticais devido a uma carga
concentrada (NB: Solução de Boussinesq e NW: Solução de Westergaard). Serão apresen-
tados aqui, apenas os casos mais frequentes, sem nos preocuparmos com o desenvolvimento
matemático das equações resultantes.
Boussinesq (1885) desenvolveu as equações para cálculo dos acréscimos de tensões vertical,
radial e tangencial, causados pela aplicação de uma carga pontual agindo perpendicularmente
à superfície de um terreno (Fig. 9.7a). Para obtenção da solução, assumiu as seguintes
hipóteses: maciço homogêneo, isotrópico, semi-infinito e de comportamento linearmente
elástico (validade da lei Hooke), a variação de volume do solo sob aplicação da carga é
negligenciada, dentre outras. A Eq. 9.14 apresenta a solução de Boussinesq, para o cálculo
do acréscimo da tensão vertical em qualquer ponto do maciço, obtida por meio de integração
das equações diferenciais da teoria da elasticidade.
Q
"Carga Pontual"
0,50
0,45 Q
Boussinesq z N
z2
0,40
3
r 0,35
2
N B
0,30
2 5
r
1 2
z
0,25
N
1
0,20
R z 0,15
N W
r
2 3
12 2
z
Dz 0,10
Westergaard
zr 0,05
0,00
Dr 0,00 0,30 0,60 0,90 1,20 1,50 1,80 2,10 2,40 2,70 3,00
D z/r
r/z
a) b)
A estimativa dos acréscimos de tensões verticais é muito mais frequente, em termos práticos,
que de tensões tangenciais, radiais e de cisalhamento. Esta é geralmente realizada por
intermédio de um fator de influência (Nb ), apresentado na Eq. 9.14, utilizando-se de fórmulas
e ábacos específicos para cada tipo de carregamento. Os valores de Nb dependem apenas da
geometria do problema, sendo dado em função de r/z, no gráfico da Fig. 9.7b. Observar que
∆σz é independente do material, já que os parâmetros elásticos não entram na equação final
de Boussinesq.
3
Q 2π
Q
∆σz = 2 · = · Nb (9.14)
z r 2 2,5
z2
1+
z
Onde:
Q = carga pontual
z = profundidade que vai da superfície do terreno (ponto de aplicação da carga) até a cota
onde deseja-se calcular ∆σz
r = distância horizontal do ponto de aplicação da carga até onde atua ∆σz
R = distância do ponto de aplicação da carga até onde atua ∆σz
A Fig. 9.8 ilustra animações com os resultados produzidos da Eq. 9.14 para a) uma horizontal
a diferentes profundidades, indicadas na legenda da figura e b) para uma vertical localizada
a diferentes valores de r do ponto de aplicação da carga. Carga aplicada Q=100 kN.
A solução de Boussinesq, apresentada acima, não conduz a resultados satisfatórios quando
tratamos com alguns solos sedimentares, onde o processo de deposição em camadas conduz
a obtenção de um material de natureza anisotrópica. A análise da influência da anisotropia
do solo nos valores obtidos por Boussinesq foi realizada por Westergaard, simulando uma
condição extrema de anisotropia para uma massa de solo impedida de se deformar lateral-
mente. As tensões são inferiores às da solução proposta por Boussinesq que é, por sua vez,
o procedimento mais intensamente utilizado nas aplicações práticas. A Fig. 9.7b também
apresenta o fator de influência (Nw ) obtido por Westergaard.
Extensão da Solução de Boussinesq
As distribuições de acréscimos de tensões em uma massa de solo, induzidas por outros
tipos de carregamentos mais frequentes na prática da engenharia, puderam ser estabelecidas
a partir da integração da solução de Boussinesq. A seguir são apresentados os casos de
carregamento que julgamos ser de maior interesse prático para o Engenheiro.
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50
45
40
35
Acréscimo de carga (kPa)
30
25
20 z=1m
15
10
5
0
-6 -4 -2 0 2 4 6
Distância do Centro, r (m)
a)
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
0
1
2
3
Profundidade (m)
4
5
r = 0,5 m
6
7
8
9
10
Acréscimo de carga (kPa)
b)
Figura 9.8: Animação dos resultados da Eq. 9.14 para a) uma horizontal a diferentes
profundidades e b) para uma vertical a diferentes distâncias r. Carga aplicada Q=100
kN.
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2q z3
∆σz = · (9.15)
π (z 2 + x2 )2
2q x2 · z
∆σx = · (9.16)
π (z 2 + x2 )2
2q z2 · x
∆τxz = · (9.17)
π (z 2 + x2 )2
q
∆σz = · (α + senα · cos2β) (9.18)
π
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q
∆σx = · (α − senα · cos2β) (9.19)
π
q
∆τxz = · senα · cos2β (9.20)
π
Onde:
q = carga por unidade de área aplicada na placa retangular
m = x/z
n = y/z
x, y = largura e comprimento da área uniformemente carregada.
Os parâmetros m e n são intercambiáveis. Pode-se observar que a Eq. 9.21, depende apenas
da geometria da área carregada (m e n), assim, felizmente, a Eq. 9.21 pode ser reescrita em
função de um fator de influência:
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∆σz = q · Nσ (9.22)
1,0000
0,1
0,2
0,3 95 61 89 91
23 24 24 24
4 0, 0, 0, 0,
4
20
0,
0,4
74
13
0,
0,5
3 4 5 0 5 4 54
11 11 11 11
13 0, 0, 0, 0,
Fator de influência
0,1000 0,6 0,
10
20 0 8 20 0
06 11 61 61 6 62
0, 07 7 0,0 0,0 0,0 0,0
0, 54
0,7 0,0
7
38
1 0,0
16 1 5 6 6
03 31 31 31 31
0, 28 2 79 0,0 0,0 0,0 0,0
03 0,0
0,
5
8
19
9 1 79 0,0
15 0,0
0 ,0 68
01
0,
2 2
09 09
0,0100 0,0 0,0
8 4
64 00
00 0,
0,
6 7
04 04
0,0 0,0
32
00
0, 34
00
0,
0 24
0,0
8
01
0,0
17
00
0,
0,0010
0,01 0,1 1 10
m
Figura 9.12: Fatores de influência para a placa retangular uniformemente carregada.
A M B
A
I III
N P
II IV
D C
a) b)
Figura 9.13: Esquema para cálculo das tensões em qualquer ponto - Placa retangu-
lar uniformemente carregada. a) Ponto com vertical passando pelo centro da área
carregada e b) ponto com vertical externa à área carregada.
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1,5
1
∆σz = q · 1 − (9.23)
r 2
1 +
z
O gráfico da Fig. 9.14 pode ser utilizado para o cálculo do fator de influência (ver Eq. 9.22)
para o caso de um ponto cuja vertical esteja a uma distância x do centro da área circular.
O fator de influência é obtido em função das relações z/r e x/r, onde z é a profundidade, r
é o raio da placa carregada e x é a distância horizontal que vai do centro da placa ao ponto
onde se deseja calcular o acréscimo de tensão vertical. Observar que neste gráfico os fatores
de influência são expressos em porcentagem. Para obtenção dos valores de Nσ , para pontos
quaisquer do terreno, também pode-se utilizar a Tabela 9.2. Vale acrescentar que quando
tem-se x/r = 0, tem-se o acréscimo de tensões induzida na vertical que passa pelo centro da
placa circular carregada, cujo valor deverá ser igual ao calculado com o emprego da Eq. 9.23.
Tabela 9.2: Fatores de influência (Nσ ) para uma placa circular de raio r
x/r
z/r
0 0,25 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4
0,25 0,99 0,98 0,96 0,46 0,02 0 0 0 0 0
0,50 0,91 0,9 0,84 0,42 0,06 0,01 0 0 0 0
0,75 0,78 0,76 0,69 0,37 0,11 0,03 0,01 0 0 0
1,00 0,65 0,63 0,56 0,34 0,13 0,04 0,02 0,01 0 0
1,25 0,52 0,51 0,46 0,3 0,14 0,06 0,02 0,01 0,01 0
1,50 0,42 0,41 0,37 0,26 0,14 0,06 0,03 0,01 0,01 0
1,75 0,35 0,34 0,31 0,22 0,14 0,07 0,04 0,02 0,01 0
2,00 0,28 0,28 0,26 0,19 0,13 0,07 0,04 0,02 0,01 0,01
2,50 0,2 0,2 0,19 0,15 0,11 0,07 0,04 0,03 0,02 0,01
3 0,15 0,14 0,14 0,12 0,09 0,07 0,05 0,03 0,02 0,02
4 0,09 0,09 0,08 0,08 0,06 0,05 0,04 0,03 0,02 0,02
5 0,06 0,06 0,06 0,05 0,05 0,04 0,03 0,03 0,02 0,02
7 0,03 0,03 0,03 0,03 0,03 0,02 0,02 0,02 0,02 0,02
10 0,02 0,02 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01
2b
z
x
z
q x
∆σz = · α − sen2δ (9.24)
2π b
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a b (b/a).q
q q (b/a).q
= -
z
A A b A
a b
a) b) c)
Figura 9.18: Esquema para cálculo das tensões induzidas em um ponto cuja vertical
passa na região central do aterro.
s
∆σz −2/3
r
= 1− −1 (9.25)
z q
Profundidade z
A B
Figura 9.19: Ábaco de setores proposto por Newmark. Exemplo de cálculo do acrés-
cimo carga no ponto P1 localizado no centro da área carregada, na profundidade z
indicada graficamente na figura
∆σz = n · Nσ · q (9.26)
onde: Nσ = Fator de influência de cada setor n = número de setores abrangidos pela área
do carregamento em planta
Acréscimos de tensão vertical em camadas de diferentes rigidez
No caso de camadas estratificadas, com diferentes valores de E, a forma de distribuição dos
acréscimos de tensão no solo é diferente da apresentada anteriormente. Particularmente in-
teressante é o caso de uma camada de maior rigidez sobrejacente a uma camada de maior
deformabilidade. Ela é representativa, por exemplo, do caso de um pavimento rígido (nor-
malmente concreto, com módulo de elasticidade da ordem de 30 GPa) assente sobre uma
camada de solo compactado (que mesmo para a energia do Proctor Modificado tende a apre-
sentar um módulo de elasticidade inferior a 200 MPa). A Fig. 9.20 apresenta a distribuição
de tensões obtidas para o caso de uma área carregada circular de raio a. A camada superior
possui uma espessura H1 igual ao próprio raio da área carregada: a/H1=1. São apresen-
tadas curvas para diferentes relações de E1/E2. Para o caso de um pavimento de concreto
sobrejacente a uma camada de solo compactado têm-se normalmente E1/E2 entre 180 e 500.
Poulos e Davis (1974) apresentam uma coleção de soluções elásticas para carregamentos em
solos e rochas.
r r
Argila Areia
r r
Argila Areia
Como visto acima, a rigidez das placas influi na distribuição de pressões em todo o solo.
Segundo Vargas (1977), só poderemos aplicar a equação de Boussinesq e as outras derivadas
a partir dessa, se tivermos tratando de placa flexível (pressão de contato uniforme), para
que a rigidez da estrutura não possa influir na distribuição das pressões de contato. Fe-
lizmente, para a engenharia, isso ocorre na grande maioria dos casos. Pode-se dizer ainda
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que a influência da forma da distribuição das pressões de contato é maior para profundi-
dades relativas menores (menores valores de z/r), perdendo intensidade à medida em que a
profundidade aumenta.
A aplicação de cargas sobre uma massa de solo resulta em uma variação do seu volume, a
qual poderá ocorrer devido à compressibilidade da fase fluida (ar) ou por drenagem da água
intersticial. Ao deslocamento vertical resultante desta compressão do solo dá-se o nome de
recalque. A drenagem da água intersticial está intimamente associada à permeabilidade do
solo; assim, se uma camada de argila saturada for carregada local e rapidamente, a baixa
permeabilidade do solo retarda o processo da expulsão da água intersticial e, nestas condições
não-drenadas, a deformação do solo devido às cargas aplicadas ocorre a volume constante,
correspondendo a uma distorção elástica do meio. Os recalques associados a esta distorção
são designados recalques imediatos ou elásticos. O recalque imediato (ρi ) sob uma área
transmitindo uma carga uniforme (q) à superfície de um semi-espaço infinito, homogêneo,
isotrópico e elástico linear, será dado por:
1 − ν2
ρi = q · B · Is · (9.27)
E
Onde (E, ν) são os parâmetros elásticos do solo; B: a menor dimensão da área carregada
e Is o fator de influência, função da geometria e rigidez da área carregada e da posição do
ponto considerado em relação à mesma (valores dados na Tabela 9.3).
Flexível
Forma da área
Meio do lado Meio do lado Valor Rígida
carrregada Centro Vértice
maior menor médio
Circular 1,00 0,64 (borda) 0,85 0,79
Quadrada 1,12 0,56 0,76 0,76 0,95 0,82
Retangular L/B:
1,5 1,36 0,68 0,89 0,97 1,15 1,06
2 1,53 0,77 0,98 1,12 1,3 1,2
3 1,78 0,88 1,11 1,35 1,52 1,41
5 2,1 1,05 1,27 1,68 1,83 1,7
10 2,54 1,27 1,49 2,12 2,25 2,1
100 4,01 2 2,2 3,6 3,69 3,4
De acordo com a Eq. 9.27, o recalque imediato é diretamente proporcional à carga aplicada e
à largura da área carregada. No caso de depósitos homogêneos de argila saturada de grande
extensão, a hipótese de E assumir um valor constante é consistente e o uso da Eq. 9.27
é melhor justificado. No caso de areias, entretanto, o valor de E depende da pressão de
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10 COMPACTAÇÃO
10.1 Introdução
Entende-se por compactação o processo manual ou mecânico que visa a reduzir o volume
de vazios do solo, melhorando as suas características de resistência, deformabilidade e per-
meabilidade. Muitas vezes, na prática da engenharia geotécnica, o solo de um determinado
local não apresenta as condições requeridas pela obra. Ele pode ser pouco resistente, muito
compressível ou apresentar características que deixam a desejar de um ponto de vista econô-
mico. Pareceria razoável em tais circunstâncias, simplesmente relocar obra. Deve-se notar
contudo, que considerações outras que não geotécnicas frequentemente impõem a localização
da estrutura e o engenheiro é forçado a realizar o projeto com o solo que ele tem em mãos.
Para resolver este problema, uma possibilidade é adaptar a fundação da obra às condições
geotécnicas do local. Uma outra possibilidade é tentar melhorar as propriedades de enge-
nharia do solo local. Dependendo das circunstâncias, a segunda opção pode ser o melhor
caminho a ser seguido.
Em diversas obras, dentre elas os aterros rodoviários e as barragens de terra, o solo é o próprio
material resistente ou de construção. Em vista disto, alguns métodos de estabilização ou de
melhoria das características de resistência, deformabilidade e permeabilidade dos solos foram
desenvolvidos, e a compactação é um desses métodos. O objetivo principal da compactação
é obter um solo, de tal maneira estruturado, que possua e mantenha um comportamento
mecânico adequado ao longo de toda a vida útil da obra.
Neste capítulo será apresentado um método de estabilização e melhoria do solo por vias
mecânicas, denominado de compactação. Deve-se ressaltar que existem diversos outros mé-
todos de estabilização dos solos, sendo alguns destes realizados pela mistura ou injeção de
substâncias químicas (misturas solo-cimento, jet-grouting, misturas solo-cal), ou pela incor-
poração no solo de elementos estruturais, os quais têm por função conferir ao mesmo as
características necessárias para a execução da obra. Ex: solo reforçado, solo envelopado,
terra armada, etc.
Os fundamentos da compactação de solos são relativamente novos e foram desenvolvidos
por Ralph Proctor, que, na década de 20 (1920), postulou ser a compactação uma função
de quatro variáveis: a) Peso específico seco, b) Umidade, c) Energia de compactação e d)
Tipo de solo (solos grossos, solos finos, etc.). A compactação dos solos tem uma grande
importância para as obras geotécnicas, já que por intermédio do processo de compactação
consegue-se promover no solo um aumento de sua resistência estável e uma diminuição da
sua compressibilidade e permeabilidade, também a longo prazo.
Em 1933, o Eng. Norte americano Ralph Proctor postulou os procedimentos básicos para
a execução do ensaio de compactação. A energia de compactação utilizada na realização
destes ensaios é hoje conhecida como energia de compactação "Proctor Normal". A seguir
são listadas, de modo resumido, as principais fases de execução de um ensaio de compactação
(detalhes do procedimento experimental podem ser obtidos na apostila de aulas práticas e
nas normas pertinentes, como a (ABNT-NBR-6457, 2016) e a ABNT-NBR-7182 (1986)).
• Ao se receber uma amostra de solo (no caso, deformada) para a realização de um
ensaio de compactação, o primeiro passo é colocá-la em bandejas de modo que a
mesma adquira a umidade higroscópica (secagem ao ar). O solo então é destorroado,
quarteado e passado na peneira 4,8mm ou na peneira 19mm, a depender da textura
do solo, após o que adiciona-se água na amostra para a obtenção do primeiro ponto da
curva de compactação do solo. Para que haja uma boa homogeneização de umidade em
toda a massa de solo, é recomendável que a mesma fique em repouso por um período
de aproximadamente 12 hs.
• Após preparada a amostra de solo, a mesma é colocada em um recipiente cilíndrico
com volume igual a 1000ml e compactada com um soquete de 2500g, caindo de uma
altura de aproximadamente 30cm, em três camadas com 26 golpes do soquete por
camada, como demonstra a Fig. 10.1, para o caso da energia do Proctor Normal. Caso
a amostra apresente mais do que 7% retido na perneira 4,8mm, utiliza-se o cilindro
grande (2.080ml), devendo-se ajustar o peso do soquete e a altura de queda conforme
a energia desejada.
• Este processo é repetido para amostras de solo com diferentes valores de umidade,
utilizando-se em média 5 pontos para a obtenção da curva de compactação.
• De cada corpo de prova assim obtido, determinam-se o peso específico do solo seco e
o teor de umidade de compactação.
• Após efetuados os cálculos dos pesos específicos secos e das umidades, lançam-se esses
valores (γd ;w) em um par de eixos cartesianos, tendo nas ordenadas os pesos específicos
do solo seco e nas abcissas os teores de umidade, como se demonstra na Fig. 10.2. O
vídeo apresentado na Fig. 10.3 ilustra os procedimentos experimentais utilizados no
ensaio de compactação.
A partir dos pontos experimentais obtidos conforme descrito anteriormente, traça-se a curva
de compactação do solo, apresentada na Fig. 10.2. Nota-se que na curva de compactação o
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Compactação em laboratório
Cilindro pequeno
Energia do Proctor Normal
30 cm Peso
2,5 kg
5 cm
10,0 cm
12,7 cm Cilindro de
compactação
peso específico seco aumenta com o teor de umidade até atingir um valor máximo, decres-
cendo com a umidade a partir de então. O teor de umidade para o qual se obtém o maior
valor de γdmax é denominado de teor de umidade ótimo (ou simplesmente umidade ótima).
O ramo da curva de compactação anterior ao valor de umidade ótima é denominado de
"ramo seco"e o trecho posterior de "ramo úmido"da curva de compactação. No ramo seco,
a umidade é baixa, a água contida nos vazios do solo está sob o efeito capilar e exerce uma
função aglutinadora entre as partículas. À medida que se adiciona água ao solo ocorre a
destruição dos benefícios da capilaridade e a água facilita o deslizamento entre as partículas
de solo, tornando-se mais fácil o seu rearranjo estrutural. No ramo úmido, a umidade é
elevada, o grau de saturação do solo é muitas vezes superior a 90% e a água se encontra livre
na estrutura do solo, contendo bolhas de ar oclusas e absorvendo grande parte da energia
de compactação empregada.
Na Fig. 10.2 é apresentada também a curva de saturação do solo. Como no processo de
compactação não conseguimos nunca expulsar todo o ar existente nos vazios do solo, todas
as curvas compactação (mesmo que para diferentes energias) se situam à esquerda da curva
de saturação. Pode-se mostrar que a curva de saturação do solo pode ser representada pela
Eq. 10.1, apresentada adiante.
γw · Sr
γd = (10.1)
γw · Sr
w+
γs
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d
dmax
co
se
Ra
o
m
m
Ra
o
Sr = 100%
úm
id
o
Wot w
M ·g·N ·n·z
E= (10.2)
V
Onde:
g = aceleração da gravidade
M = Massa do soquete
N = Número de golpes por camada
n = Número de camadas
z = Altura de queda
V = Volume de solo compactado (volume interno do cilindro de compactação)
Influência da energia de compactação na curva de compactação do solo - À medida em
que se aumenta a energia de compactação, há uma redução do teor de umidade ótimo e
uma elevação do valor do peso específico seco máximo. A Fig. 10.4 apresenta curvas de
compactação obtidas para diferentes energias.
Tendo em vista o surgimento de novos equipamentos de campo, de grande porte, com possi-
bilidade de elevar a energia de compactação e capazes de implementar uma maior velocidade
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Figura 10.3: Vídeo Ensaio de compactação UFBA. Clique na figura para assistir no
pdf ou no link para o vídeo original.Link
Tabela 10.1: Comparação entre alguns padrões adotados para o ensaio de compacta-
ção.
A Fig. 10.5 apresenta a influência da compactação na estrutura dos solos. Conforme se pode
observar desta figura, as estruturas formadas no lado seco da curva de compactação tendem
a ser do tipo floculada, enquanto que no lado úmido da curva de compactação formam-se
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E4
E3
Sr = 100%
E2
E1
d
o
sec
o
m
R
Ra
am
E2
o
úm
id
o
Sr = 100%
Est. floculada
E1 Est. dispersa
E2 > E1 w
de 2%). Isto é feito de forma a se gerar uma estrutura dispersa do solo, com grãos orientados
na direção perpendicular ao esforço de compactação empregado. Deve-se ressaltar contudo
que a conjugação de altas energias de compactação de campo e elevados valores de umidade
podem conduzir a um processo de orientação excessivo das partículas sólidas, resultando em
um fenômeno indesejável de desplacamento das partículas conhecido como laminação. A
Fig. 10.6 ilustra a aparência de um solo compactado acima da umidade ótima e com grandes
energias de compactação.
Figura 10.6: Foto ilustrativa de solo compactado com estrutura bastante orientada,
fruto do uso de altas energias e valores de umidade de compactação acima da ótima.
d
(1) 1) Areia
2) Areia argilosa
3) Argila
(2)
(3)
Figura 10.8: Ilustração de porque a umidade ótima conduz ao maior valor de resistência
estável.
10.9.1 Soquetes
Pé de carneiro
É um tambor metálico com protuberâncias (patas) solidarizadas, em forma troncocônica e
com altura de aproximadamente de 20cm. Podem ser auto propulsivos ou arrastados por
trator. É indicado na compactação de todos os outros tipos de solo que não a areia e
promove um grande entrosamento entre as camadas compactadas. A camada compactada
possui geralmente 15cm, com número de passadas variando entre 4 e 6 para solos finos e de
6 a 8 para os solos grossos. A Fig. 10.10 ilustra um rolo compactador do tipo pé de carneiro.
A Fig. 10.11 ilustra o aspecto da superfície de solo compactado após o uso do pé de carneiro.
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Rolo Liso
Trata-se de um cilindro oco de aço, podendo ser preenchido por areia úmida ou água, a fim
de que seja aumentada a pressão aplicada. São usados em bases de estradas, em capeamentos
e são indicados para solos arenosos, pedregulhos e pedra britada, lançados em espessuras
inferiores a 15cm.
Este tipo de rolo compacta bem camadas finas de 5 a 15cm com 4 a 5 passadas. Os rolos lisos
possuem pesos de 1 a 20t e frequentemente são utilizados para o acabamento superficial das
camadas compactadas. Para a compactação de solos finos utilizam-se rolos com três rodas
com pesos em torno de 10t, para materiais de baixa plasticidade e 7t, para materiais de alta
plasticidade. A Fig. 10.12 ilustra rolos compactadores do tipo liso. Os rolos lisos possuem
certas desvantagens como: Pequena área de contato. Em solos de pequena capacidade de
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suporte afundam demasiadamente dificultando a tração. No caso de uso do rolo liso existe
a necessidade de melhoria do entrosamento entre camadas por escarificação (ver Fig. 10.13)
a) b)
Figura 10.13: a) Aspecto da superfície deixada pelo rolo liso b) Foto ilustrativa do
aspecto da superfície compactada após escarificação.
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Rolo Pneumático
Os rolos pneumáticos são eficientes na compactação de capas asfálticas, bases e sub-bases de
estradas e indicados para solos de granulação fina a arenosa. Os rolos pneumáticos podem
ser utilizados em camadas de mais espessas e possuem área de contato variável, função
da pressão nos pneus e do peso do equipamento. Pode se usar rolos com cargas elevadas
obtendo-se bons resultados. Nestes casos, muito cuidado deve ser tomado no sentido de se
evitar a ruptura do solo. A Fig. 10.14 ilustra alguns tipos de rolo pneumático existentes.
Rolos Vibratórios
Nos rolos vibratórios, a frequência da vibração influi de maneira extraordinária no processo
de compactação do solo. São utilizados eficientemente na compactação de solos granula-
res (areias), onde os rolos pneumáticos ou Pé de carneiro não atuam com eficiência (ver
Fig. 10.15). A espessura máxima da camada é de 15cm.
Para que se possa efetuar um bom controle da compactação do solo em campo, temos que
atentar para os seguintes aspectos:
a) b)
Figura 10.15: a) Equipamento de rolo liso com vibração e b) Rolo Vibratório. Modi-
ficado de Vargas (1977)
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• tipo de solo
• espessura da camada
• entrosamento entre as camadas
• número de passadas
• tipo de equipamento
• umidade do solo
• grau de compactação alcançado
Assim, alguns cuidado devem ser tomados:
1. A espessura da camada lançada não deve exceder a 30cm, sendo que a espessura da
camada compactada deverá ser menor que 20cm.
2. Deve-se realizar a manutenção da umidade do solo o mais próximo possível da umidade
ótima.
3. Deve-se garantir a homogeneização do solo a ser lançado, tanto no que se refere à
umidade quanto ao material.
Na prática, o procedimento usual de controle da compactação é o seguinte:
• Coletam-se amostras de solo da área de empréstimo e efetua-se em laboratório o ensaio
de compactação. Obtêm-se a curva de compactação e daí os valores de peso específico
seco máximo e o teor de umidade ótimo do solo.
• No campo, à proporção em que o aterro for sendo executado, deve-se verificar, para
cada camada compactada, qual o teor de umidade empregado e compará-lo com a
umidade ótima determinada em laboratório. Este valor deve atender normalmente a
seguinte especificação: wcampo - 2% < wot < wcampo + 2%, podendo variar de projeto a
projeto. Nas Fig. 10.16a e Fig. 10.16b são apresentadas fotos ilustrativas de processos
de aeração e umedecimento da camada de solo a ser compactada, respectivamente. É
importante frisar que o solo a ser compactado deve passar, preferencialmente, por uma
etapa de repouso para equalização de umidade, de pelo menos um dia. No momento
da compactação o valor de umidade do solo deve sofrer somente alguns ajustes.
• Determina-se também o peso específico seco do solo no campo, comparando-o com o
obtido no laboratório. Define-se então o grau de compactação do solo, dado pela razão
entre os pesos específicos secos de campo e de laboratório (GC = γd /γdmax × 100 .
Deve-se obter sempre valores de grau de compactação superiores a 95%.
• Caso estas especificações não sejam atendidas, o solo terá de ser revolvido, e uma nova
compactação deverá ser efetuada.
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a) b)
Existem outros métodos também utilizados para determinar a umidade no campo, tais como
a queima do solo com a utilização de álcool ou de uma frigideira (não recomendados). Quando
possível, deve-se procurar utilizar a estufa. Outros métodos ainda de utilização não muito
difundida, estão ganhando espaço no mercado. Destaca-se aí o uso de equipamento micro-
ondas, onde a umidade do solo pode ser determinada em cerca de meia hora e a sonda
de nêutrons, equipamento bastante utilizado na área agrícola para medidas de teores de
umidade do solo. A sonda de nêutrons pode determinar simultaneamente a densidade e a
umidade do solo. Apesar de uso mais comum em outros países, o seu uso no Brasil é bastante
dificultado pelos procedimentos burocráticos relativos à sua licença para trabalho (uso de
material radioativo).
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Para a determinação do peso específico seco do solo compactado, os métodos mais empre-
gados são o do frasco de areia e a cravação de um cilindro de volume interno conhecido na
camada de solo compactada. No caso do frasco de areia, faz-se um cavidade na camada
do solo compactado, extraindo-se o solo e pesando-o em seguida. Para se medir o volume
da cavidade, coloca-se o frasco de areia com a parte do funil para baixo sobre a mesma e
abre-se a torneira do frasco, deixando-se que a areia contida no frasco encha a cavidade por
completo. O volume de areia que saiu do frasco é igual ao volume de solo escavado, de modo
que o peso específico do solo pode ser determinado. A Fig. 10.18 apresenta uma sequência
de passos adotados na cravação de um cilindro rígido em uma camada de solo compactada.
Após a cravação, o solo é rasado e o peso do cilindro mais o solo é determinado.
preparado é colocado num tanque d’água por um período de quatro dias. Durante este
período, são feitas leituras no extensômetro de 24 em 24 horas.
Algumas especificações adotadas para os solos a serem utilizados na construção de pavimen-
tos flexíveis são:
• Subleitos: Expansão < 2%
• Subbases: Expansão < 1%
• Bases: Expansão < 0,5%
P ressao calculada
CBR = × 100 (10.3)
70
P ressao calculada
CBR = × 100 (10.4)
105
O valor de Índice de Suporte Califórnia assim obtido é utilizado para avaliar as potencia-
lidades do solo para uso na construção de pavimentos flexíveis. A Eq. 10.5, por exemplo,
apresenta uma correlação empírica utilizada para se estimar, a partir do ISC, o módulo de
elasticidade do solo.
11 INVESTIGAÇÃO DO SUBSOLO
11.1 Introdução
Qualquer projeto de engenharia, por mais modesto que seja, requer o conhecimento adequado
das características e propriedades dos solos onde a obra irá ser implantada. As investigações
de campo e laboratório requeridas para obter os dados necessários para responder a essas
questões são chamadas de exploração do subsolo ou investigação do subsolo.
Os principais objetivos de uma exploração do subsolo são:
• determinação da profundidade e espessura de cada camada do solo e sua extensão na
direção horizontal ou em planta;
• determinação da natureza do solo: compacidade dos solos grossos e consistência dos
solos finos;
• profundidade da rocha e suas características (litologia, mergulho e direção das camadas,
espaçamento das juntas, planos de acamamento, estado de decomposição);
• localização do nível d’água (NA);
• obtenção de amostras (deformadas e/ou indeformadas) de solo e rocha para determi-
nação das propriedades de engenharia;
• determinação das propriedades in situ do solo por meio de ensaios de campo.
O programa de investigação do subsolo deve levar em conta o tipo e a importância da obra a
ser executada. Isso quer dizer que, determinadas estruturas como túneis, barragens e gran-
des edificações exigem um conhecimento mais minucioso do subsolo do que aquele necessário
à construção de uma pequena residência térrea, por exemplo. É importante ressaltar, que
mesmo para estruturas de pequeno porte é extremamente importante o conhecimento ade-
quando do subsolo sobre qual está se trabalhando, pois a negligência na obtenção dessas
informações podem conduzir a problemas na obra com prejuízos de tempo e recursos para
recuperação. Usualmente, a estimativa de custo de um programa de investigação do subsolo
está entre 0,5 a 1% do custo da construção da estrutura, sendo a percentagem mais baixa
referente aos grandes projetos e projetos sem condições críticas de fundação e a percentagem
mais alta ligada a projetos menores e com condições desfavoráveis.
Um programa de investigações deve ser executado em etapas, quais sejam:
1. Reconhecimento: nesta etapa procura-se obter todo o tipo de informação necessária
ao desenvolvimento do projeto, através de documentos existentes (mapas geológicos,
fotos aéreas, literatura especializada) e visita ao local.
2. Prospecção: obtém-se, nesta etapa, as características e propriedades do subsolo, de
acordo com as necessidades do projeto ou do estágio em que a obra se encontra. Assim,
a prospecção pode ser divida em fase preliminar, complementar e localizada. A fase
de prospecção preliminar deve fornecer os dados suficientes para a localização das
estruturas principais e estimativas de custos. Nesta fase serão executados os ensaios
in situ e retirada de amostras para investigação por meio de ensaios de laboratório,
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etc. Na fase complementar, como o próprio nome já indica, são feitas investigações
adicionais com o objetivo de solucionar problemas específicos. Finalmente, a fase de
prospecção localizada, deverá ser realizada quando as informações obtidas nas fases
anteriores são insuficientes para um bom desenvolvimento do projeto. Usualmente, os
métodos de prospecção do subsolo para fins geotécnicos usados na etapa de prospecção
se classificam em métodos diretos (poços, trincheiras, sondagens a trado, sondagens de
simples reconhecimento, rotativas e mistas), métodos semidiretos (vane test, CPT e
ensaio pressiométrico) e métodos indiretos ou geofísicos. Além desses, temos a coleta de
amostras indeformadas por meio de blocos indeformados ou por meio de amostradores
de parede fina. A seguir esses métodos serão apresentados.
3. Acompanhamento: Esta etapa tem a finalidade de avaliar o comportamento previsto e
o desempenhado pelo solo, sendo geralmente feita através de instrumentos instalados
antes e durante a construção da obra para a medida da posição do nível d’água, da
pressão neutra, tensão total, recalque, deslocamento, vazão e outros.
para circulação de água no avanço da perfuração por lavagem, bem como amostrador de pa-
rede grossa, trados cavadeira e espiral e trépanos. A Fig. 11.3 apresenta fotos ilustrativas do
avanço da perfuração por lavagem.
O amostrador padrão ou amostrador Terzaghi-Peck, o único que deve ser usado no ensaio,
possui três partes: engate, corpo e sapata cortante. É constituído de tubos metálicos de
parede grossa com corpo bipartido e ponta em forma de bisel (Fig. 11.4). O engate tem dois
orifícios laterais para saída da água e ar e contém, interiormente, uma válvula constituída
por esfera de aço inoxidável, para impedir que a amostra de solo saia do amostrador quando
de seu içamento.
Em linhas gerais, o procedimento de execução de sondagens de simples reconhecimento é
um processo repetitivo, de modo que em cada metro de solo, são realizadas três operações,
abertura do furo (perfuração), ensaio de penetração e amostragem, as quais serão comentadas
a seguir. Em cada metro, faz-se, inicialmente, a realização do ensaio de penetração dinâmica
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Tabela 11.1: Classificação do solo segundo o NSP T , para solos arenosos (ABNT-NBR-
6484, 2001)
<= 4 Fofa
Tabela 11.2: Classificação do solo segundo o NSP T , para solos argilosos (ABNT-NBR-
6484, 2001)
3-5 Mole
Argilas e siltes argilosos 6 - 10 Média
11 - 19 Rija
>19 Dura
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Sondagem rotativa
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Colocação do Acondicionamento
Escavação
fundo
Coleta de amostras indeformadas
di
dp
de
di − dp
Fi = < 1 a 3% (11.1)
dp
Relação de áreas: para minimizar a perturbação estrutural do solo, a parede do tubo não
deve ser grossa, não devendo também ser muito fina, para que, não ocorra flambagem ou
amassamento do tubo durante a cravação. Para satisfazer essas exigências deve se ter uma
relação de áreas, dado pela Eq. 11.2, com valor inferior a 10%. Nesta equação, de corresponde
ao diâmetro externo do amostrador.
d2e − d2i
Ra = < 10% (11.2)
d2i
L
R= × 100 (11.3)
H
Existem diversos tipos de amostradores de parede fina (shelby, pistão, sueco, Deninson,
etc), sendo cada um deles indicado para uma determinada condição e tipo de solo. Os
amostradores mais usuais são descritos a seguir:
1. Amostrador Shelby: é composto de um tubo de latão ou aço inoxidável de espessura
reduzida, com diâmetro de 50mm para permitir a utilização nos furos de sondagem de
simples reconhecimento. O tubo é ligado a um engate provido de uma janela e uma
válvula de alívio com esfera de aço, que tem a função de permitir a saída de água
de dentro do tubo durante a cravação e aplicar vácuo no topo da amostra, durante
a retirada do amostrador (Fig. 11.12), evitando a sua perda e diminuindo o risco de
danos. O amostrador tipo Shelby é usado para obtenção de amostras indeformadas de
solos coesivos com consistência mole a média. Esse amostrador é o mais antigo e o
mais largamente utilizado, tendo servido como base para desenvolvimento dos outros
tipos de amostradores.
2. Amostrador de Pistão: é indicado para solos coesivos muito moles, siltes argilosos e
areias. O amostrador é constituído de um pistão ou êmbolo que corre dentro do tubo de
parede fina melhorando bastante as condições de amostragem, atingindo com facilidade
100% de recuperação da amostra (comprimento da amostra igual ao comprimento
cravado do amostrador), mesmo em solos de difícil amostragem. A Fig. 11.13 apresenta
o amostrador de pistão. O amostrador é inicialmente posicionado no fundo do furo
de sondagem e então o tubo de paredes finas é empurrado hidraulicamente no solo.
A presença do pistão evita distorções na amostra sem permitir que a amostra seja
comprimida dentro do tubo.
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Os métodos semidiretos de prospecção são aqueles que não permitem coleta de amostras e
visualização do tipo de solo, sendo as características de comportamento mecânico, obtidas
diretamente ou por meio de correlações com as grandezas medidas na execução do ensaio.
Foram desenvolvidos com o intuito de contornar as dificuldades de obtenção de amostras de
boa qualidade em certos tipos de solos, como areias puras ou submersas e argilas sensíveis de
consistência muito mole. Os métodos semidiretos são conhecidos como ensaios in situ, que
tem por vantagem minimizar as perturbações causadas pela variação do estado de tensões
e distorções devidas ao processo de amostragem, bem como evitar os choques e vibrações
decorrentes do transporte e subsequente manuseio das amostras. Além disso, o efeito da
configuração geológica do terreno está presente nesses ensaios in situ permitindo uma medida
mais realista das propriedades físicas do solo.
Dentre os ensaios in situ mais empregados no Brasil destacam-se o ensaio de penetração
estática (CPT), o ensaio de vane test ou palheta e o ensaio pressiométrico. O ensaio de
CPT (Cone Penetration Test) e vane test têm por objetivo a determinação da resistência
ao cisalhamento do solo, enquanto o ensaio pressiométrico visa a estabelecer uma espécie de
curva tensão deformação para o solo investigado. A seguir são apresentados alguns detalhes
destes métodos.
Ensaio de penetração estática - CPT
O ensaio de penetração contínua ou estática do cone, também conhecido como deep-sounding,
foi desenvolvido na Holanda com o propósito de simular a cravação de estacas e está norma-
lizado pela ABNT-NBR-12069 (1991).
O ensaio de CPT permite medidas contínuas da resistência de ponta e lateral devido à cra-
vação de um penetrômetro no solo, as quais, por correlações, permitem identificar o tipo de
solo, destacando a uniformidade e continuidade das camadas. Permite, também, determinar
os parâmetros de resistência ao cisalhamento e a capacidade de carga dos materiais investi-
gados. É um ensaio de custo relativamente baixo, rápido de ser executado, sendo portanto,
indicado para a prospecção de grandes áreas. Apresenta como desvantagens a não obtenção
de amostras para inspeção visual, a não penetração em camadas de alta resistência e com
presença de pedregulhos e pedras de mão, as quais podem tornar os resultados extremamente
variáveis e causar problemas operacionais como deflexão das hastes e estragos na ponteira.
O equipamento para execução do ensaio de CPT consta de um cone de aço, móvel, com um
ângulo no vértice de 60o e área transversal de 10cm2 . O cone é acionado por hastes metáli-
cas, as quais transmitem o esforço estático de cravação produzido por macacos hidráulicos.
A cravação é feita a uma velocidade padrão de 2 cm/s. É medida a resistência a penetração
oferecida pelo solo na ponta e na lateral do cone. Os equipamentos utilizados para a realiza-
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ção do ensaio de CPT têm se modernizado bastante e hoje são realizados tendo as medidas
de resistência lateral e de ponta feitas de forma automatizada. Isto permite, além de uma
maior facilidade no armazenamento e tratamento dos dados, uma execução mais contínua
do ensaio.
As sondas modernas são capazes de medir não somente a resistência de ponta qc e o atrito
lateral fs desenvolvido entre o equipamento e o solo mas também as pressões neutras geradas
durante a cravação (CPT-U). As medidas de pressão neutra são normalmente empregadas
para a obtenção do coeficiente de adensamento do solo, Cv , dentre outras finalidades.
Além disso, uma série de dispositivos de leitura têm sido incorporados à sonda do CPT
permitindo que leituras de eletrorresistividade e de velocidade de propagação de ondas me-
cânicas sejam obtidas durante o processo de cravação. As medidas de eletrorresistividade
auxiliam na identificação das camadas de solo e possibilitam a execução de diagnósticos am-
bientais, enquanto que as medidas de velocidade de propagação de ondas mecânicas servem
para a obtenção de parâmetros elásticos do material. A Fig. 11.14 ilustra um equipamento
para a realização de ensaios CPT. A Fig. 11.15 ilustra a evolução das sondas CPT ao longo
dos anos.
A Fig. 11.16 ilustra resultados típicos de ensaios CPT. Os resultados do ensaio de cone,
isto é as relações entre resistência de ponta (qc ) e razão de atrito (fs /qc ) permitem obter
a classificação dos tipos de solos encontrados, através do gráfico da Fig. 11.17, apresentado
por Schermertmann.
Os dados permitem obter, ainda, boas indicações das propriedades do solo, ângulo de atrito
interno de areias, e coesão e consistência das argilas. Foi (MEYERHOF, 1956) quem inici-
almente propôs uma correlação do tipo qc = n × NSP T . O autor sugeriu para as areias um
n = 4 (qc em kgf /cm2 ). Entre as experiências brasileiras menciona-se a desenvolvida por
engenheiros do grupo “estaca Franki”, que com base em grande número de ensaios, chegaram
aos valores de qc /NSP T , apresentados na Tabela 11.5.
As Fig. 11.18 e Fig. 11.19 apresentam figuras de execução de ensaios de CPT com medida
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a) b) c) d)
Figura 11.15: Exemplo ilustrativo da evolução das sondas para o ensaio de CPT. a)
cone de Begeman. (b) CPT automatizado e c) CPT-U com medida de velocidade
da onda mecânica e de eletrorresistividade e d) Foto ilustrativa de sondas CPT-U.
(DANIEL et al., 1999)
2 cm/sec 0.45
Non-Isolated
Resistivity Module
UBC In- Situ 0.40
(Contours in mV)
Te s t i n g
0.35
cone
rods
Position Along Module (m)
resistivit
350 mm y 0.25
module
electrode
s
0.20
0.15
650 mm piezocone
Fs
pore pressure 0.10
transducer
Cone Tip
Qc locations
0.05 Edge of Small
Calibration
Cylinder
0.00
0.00 0.05 0.10 0.15 0.20 0.25
Figura 11.18: Figura equipamento para cravação do cone e piezocones com sísmica e
eletrorresistividade. (DANIEL et al., 1999)
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Isolado
1
(1400 ohm-m)
Profundidade (m)
Sr = 11%
3
50 20 15 10
Sr (%, s = 1.75)
a) b)
T = ML + 2 · MB (11.4)
onde:
T = torque máximo aplicado à palheta ML = momento resistente desenvolvido ao longo da
superfície lateral de ruptura MB = momento resistente desenvolvido no topo e na base do
cilindro de ruptura, dados por:
π · D2 · H · cu
ML = (11.5)
2
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π · D3 · cu
MB = (11.6)
12
onde:
D = diâmetro do cilindro de ruptura H = altura do cilindro de ruptura Cu = resistência não
drenada da argila.
Substituindo as equações Eq. 11.5 e Eq. 11.6 em Eq. 11.4 e fazendo-se H = 2D (fator
geométrico normalmente adotado no vane), tem-se o valor da coesão não drenada da argila,
expresso pela fórmula Eq. 11.7.
6·T
cu = (11.7)
7 · π · D3
Diversos fatores podem afetar os resultados obtidos com o vane test, dentre eles destacam-se
a velocidade de rotação diferente da estipulada, não homogeneidade da camada de argila, as
hipóteses de superfície cilíndrica de ruptura e distribuição de tensões uniforme se afastando
das condições reais. Na realidade, a superfície de ruptura obtida em um ensaio de palheta
não é cilíndrica, pois acredita-se que as zonas próximas à palheta podem estar sujeitas a
tensões mais altas, com concentração nas extremidades das aletas, provocando, portanto,
uma ruptura progressiva. A presença de pedregulhos, conchas ou areias, podem afetar
fortemente os resultados, acarretando valores mais elevados da resistência ou danificando a
palheta. Valores mais baixos que os reais são possíveis em argilas moles amolgadas devido
ao processo de cravação.
Ensaio pressiométrico
Este ensaio é usado para determinação in situ do módulo de elasticidade e da resistência ao
cisalhamento de solos e rochas, sendo originalmente desenvolvido na França pelo engenheiro
Menard. O ensaio pressiométrico consiste em efetuar uma prova de carga horizontal no
terreno, graças a uma sonda que se introduz por um furo de sondagem de mesmo diâmetro e
realizado previamente com grande cuidado para não modificar-se as características do solo.
O equipamento destinado a execução do ensaio, chamado pressiômetro, é constituído por
três partes: sonda, unidade de controle de medida pressão/volume e tubulações de conexão
(Fig. 11.22). A sonda pressiométrica é constituída por uma célula central ou de medida e
duas células extremas, chamadas de células guardas, cuja finalidade é estabelecer um campo
de tensões radiais em torno da célula de medida. O comprimento total da sonda é da ordem
de 60 a 70cm e o da célula central de medida é cerca de 20cm. A unidade de controle é
a parte do sistema que fica à superfície e contém, um depósito de CO2 , manômetros para
medir a pressão e dispositivo de controle.
O ensaio é iniciado com a perfuração para instalação as sonda na profundidade desejada.
Deve-se tomar cuidado para não amolgar as paredes do furo, por isso, não se pode realizar
um ensaio pressiométrico aproveitando um furo de amostragem obtido por amostrador de
parede fina. Após a instalação da sonda na posição de ensaio, as células guardas são infladas
com gás carbônico, a uma pressão igual à da célula central. Na célula central é injetada água
sob pressão, com o objetivo de produzir uma pressão radial nas paredes do furo. Em seguida,
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Macaco hidráulico
Contador
volume
Manivela
Ar
Manômetro
Água
Volume
Pressão
p2 − p1
Ep = 2, 66 · (vo + vm ) · (11.8)
v2 − v1
onde:
vo = volume da célula de medida no repouso vm = volume médio do ensaio dado por
(v1 + v2 )/2 v1 e v2 = volumes de água injetados, correspondentes aos pontos iniciais e finais
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Os métodos de investigação indiretos são aqueles em que o estudo da disposição das cama-
das de solo em subsuperfície é feito indiretamente pela medida de um parâmetro geofísico,
geralmente resistividade elétrica ou velocidade de propagação das ondas no meio. Os índices
medidos mantêm correlações com a natureza geológica dos diversos horizontes, podendo-se
ainda conhecer as suas respectivas profundidades e espessuras. Dentre os vários processos
geofísicos de prospecção podemos citar a resistividade elétrica e o método do radar de pene-
tração do solo, GPR, como sendo os de uso mais frequentes na engenharia civil. Além destes
métodos, estudos recentes têm empregado a sísmica de refração para baixas profundidades,
adaptando assim o uso desta importante ferramenta para o meio geotécnico. Os métodos
indiretos apresentam como grande vantagem, em relação aos anteriormente descritos (di-
retos e semi-diretos), o fato de serem rápidos e econômicos, não necessitando da coleta de
amostras, podendo ser utilizados na prospecção preliminar de grandes áreas.
A sísmica de refração (emprego de ondas mecânicas) e o GPR (emprego de ondas eletromag-
néticas), podem ser encarados como métodos complementares, já que onde o GPR apresenta
bons resultados (areias e solos de caráter arenoso em geral, de alta resistividade elétrica),
a sísmica apresenta dificuldades e vice-versa, sendo esta mais indicada para o caso de solos
argilosos estruturados.
Ensaio de resistividade elétrica, ER
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A
V
unesp
superfície do A M N B Braga, A.C.O.
terreno
linhas linhas de
equipotenciais corrente
Figura 11.24: Arranjo para a realização de uma Sondagem Elétrica Vertical (SEV -
Schlumberger).(BRAGA, 2007)
Iρ 1 1 1 1
∆VM N = · − − + (11.9)
2π AM BM AN BN
A resistividade ρ do meio investigado pode então ser obtida com o uso da mediante as
equações Eq. 11.10 e Eq. 11.11:
∆VM N
ρ = K· = (11.10)
I
−1
1 1 1 1
K = 2π · − − + (11.11)
AM BM AN BN
Onde:
I é a intensidade de corrente
ρ é a resistividade do terreno
∆M N é a diferença de potencial entre os eletrodos M e N
As técnicas de ensaios geofísicos dos métodos geoelétricos podem ser de três tipos principais:
caminhamentos, perfilagens e sondagens. A diferença básica entre essas técnicas está no
procedimento de campo para se obter o parâmetro físico a ser estudado, ou seja, na disposição
dos eletrodos na superfície do terreno ou interior de furos de sondagens e a maneira de
desenvolvimento dos trabalhos para se obter os dados de campo, ligada aos objetivos da
pesquisa e geologia da área.
A Sondagem Elétrica Vertical, SEV, é empregada em situações cujos objetivos sejam in-
vestigar, em profundidade, os diferentes tipos e situações geológicas, determinando suas
espessuras e resistividades e /ou cargabilidades, a partir de um ponto fixo na superfície de
terreno. A Fig. 11.25 ilustra a realização de uma SEV, em um terreno heterogêneo. Neste
caso é tentada uma sucessão de camadas, cada uma com a sua resistividade, de forma que
seja obtida a mesma variação de V com a profundidade. O cálculo da resistividade aparente
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é realizado com o uso da Eq. 11.12, a qual é derivada da Eq. 11.9, considerando a simetria
em relação ao eixo da sondagem.
π · ∆VM N AM · AN
ρa = · (11.12)
I MN
R
Sentido do
x nx x caminhamento
I
V V V V V
A B M1 N1 M2 N2 M3 N3 M4 N4 M5 N5
45o 45o
n1
n2
Linha de
Equipotencial
n3
Tabela 11.7: Valores típicos de resistividade para diferentes materiais da crosta terr-
restre. (BRAGA, 2007)
Cargabilidade Resistividade, ρ
TIPO LITOLÓGICO
(mV/V) (ohm · m)
Zona não saturada 0,4 a 23,4 100 a 30.000
Argiloso ≤ 20
1,5 a 1,9
Argilo-Arenoso 20 a 40
Areno-Argiloso 40 a 60
7,1 a 45,0
Siltito Argiloso
10 a 60
Siltito Arenoso
0,1 a 5,8
Arenoso ≥ 60
Argilito 1,5 a 1,9 10 a 20
Arenito 0,1 a 5,8 80 a 200
Basalto/Diabásio 200 a 500
20,0 a 30,0
Calcário 500 a 1.000
Granito/Gnaisse 10,0 a 20,0 3.000 a 5.000
a) b)
Figura 11.28: Equipamento de GPR. (a) Antena de 1 Ghz e (b) CPU para aquisição
dos dados.
Figura 11.29: Resultados obtidos a partir da técnica de GPR aplicada a uma laje de
concreto.
Deslocamento (x)
Posição 1 Posição 2 Posição 3
d d d
T R T R T R
Objeto Solo
Pontual
Rocha
Hipérbole
Antena de 200MHz
Antena de 1GHz
Figura 11.31: Radargramas obtidos com antenas de a) 200 MHz e b)1GHz.
As correlações empíricas são obtidas comparando-se os valores das varáveis medidas nos
ensaios de campo, como por exemplo o NSP T e qc , com os valores de propriedades mecânicas
do solo como seu ângulo de atrito interno, φ0 coesão não drenada, cu módulo de elasticidade,
E e tensão admissível de fundações rasas, σadm . É importante salientar contudo que estas
correlações não possuem uma base teórica de sustentação, sendo a grande maioria derivada
de ajustes entre os valores medidos pelo método dos mínimos quadrados, para um tipo
específico de solo, às vezes com baixos valores de R2 . Desta forma, é razoável supor que
a utilização de uma correlação empírica obtida para uma formação geológica particular em
outra formação, com características de granulometria, plasticidade e estrutura diversas da
primeira, pode resultar em valores não condizentes com a realidade.
As Tabela 11.8 e Tabela 11.9 apresentam algumas correlações empíricas obtidas na literatura
geotécnica para φ0 , cu , E e σadm .
Tabela 11.8: Algumas correlações empíricas para φ0 e cu encontradas na literatura
SOBHAN, 2014)
Areias recentes: α = 2, 5 − 3, 5 Areias antigas:
E = α · qc α = 3 − 6 e Areias pré-adensadas: α > 6.
(SCHMERTMANN, 1970)
σadm = 20 · NSP T + σz 5 ≤ NSP T ≤ 20 Argilas saturadas (DECOURT, 1989)
SPT √
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Referências Bibliográficas