Resumo 2718045 Lorena Alves Ocampos 108420390 Direito Processual Penal Oab 2020 1 Fase 1606332731

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DIREITO PROCESSUAL PENAL

Sistemas do Processo Penal


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SISTEMAS DO PROCESSO PENAL

A doutrina costuma trazer uma conceituação e características relacionadas ao sistema


inquisitivo e ao sistema acusatório. Alguns doutrinadores defendem que o sistema processual
adotado no Brasil é do tipo misto, ou seja, em uma parte pré-processual é adotado o sistema
inquisitivo e em uma parte processual é adotado um sistema acusatório. No entanto, essa
posição da doutrina é minoritária, pois a doutrina majoritária dispõe que o Brasil adota o sis-
tema acusatório. Para fins de prova, é importante saber como comparar esses dois sistemas.
Na atividade de persecução criminal (investigação, processamento e julgamento) o
Estado pode atuar de três formas – três sistemas diferentes.
• Sistema inquisitivo;
• Sistema acusatório;
• Sistema misto.

SISTEMA INQUISITIVO – CARACTERÍSTICAS

Concentração de poderes – acusar e julgar nas mãos de um único órgão do Estado:


Hoje, no Brasil, cada uma das funções do Judiciário está concentrada nas mãos de
uma pessoa ou órgão. Nesse sentido, existe uma pessoa própria para investigar, outra para
acusar, outra para promover a defesa técnica e outra para julgar. Ou seja, existe uma sepa-
ração dessas funções.
Já no sistema inquisitivo isso é diferente, pois há uma concentração desses poderes
em uma só pessoa. Assim, por exemplo, um Juiz poderia, ao mesmo tempo, dar início a
uma investigação, acusar uma pessoa, produzir provas de ofício e julgar essa pessoa.
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A confissão do réu é tida como a rainha das provas (inclusive se for mediante tortura):
No chamado sistema tarifário de peso paras as provas, a confissão do réu era tida como
a principal das provas, mesmo que essa prova fosse obtida, por exemplo, mediante a tortura
desse indivíduo.
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Hoje, a prova obtida mediante tortura é considerada ilícita. Além disso, mesmo que o réu
confesse, o Juiz precisa analisar todo o conjunto probatório no momento em que for julgar
esse indivíduo. Assim, se a confissão aponta para um viés, mas todos os demais elementos
como vítima, testemunhas e perícia apontam em outro sentido, o Juiz irá julgar nesse sentido.

Predominância de procedimentos escritos:


No sistema inquisitivo, tudo deve estar escrito e devidamente registrado. No entanto, no
sistema acusatório, como há uma busca pela celeridade, nem tudo precisa ser documentado.
Após uma grande alteração do CPP em 2008, o princípio da oralidade teve um grande
destaque. Hoje, o depoimento da vítima e das testemunhas são tomados de forma oral e,
além disso, a regra é que as alegações finais e a sentença do Juiz sejam feitas de forma oral.

Os julgadores não estão sujeitos à recusa (não há impedimento/suspeição):


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Por conta do princípio do Juiz natural, quando acontece uma infração penal já se sabe
quem é o Juiz que irá julgar o réu. Isso porque existem regras predeterminadas e não pode
existir um Juiz de exceção.
No entanto, no processo penal, não basta o Juiz natural, pois esse Juiz também deve ser
imparcial. Logo, não pode incorrer sobre esse Juiz nenhuma causa de suspeição ou impedi-
mento. É por isso que o CPP prevê, em seus arts. 252 e 254, causas de suspeição e impedi-
mento da autoridade julgadora.
Assim, se o Juiz é amigo ou inimigo do réu, ou se algum parente atuou naquela causa,
esse julgador não poderá atuar, pois existe uma causa de suspeição ou impedimento naquele
caso concreto.
Já no sistema inquisitivo isso era diferente, pois, mesmo que o Juiz fosse amigo do réu,
poderia julgá-lo normalmente, sem se falar em recusa do Juiz, mesmo que ele seja total-
mente parcial nesse processo.

Procedimento sigiloso:
No sistema inquisitivo, o procedimento, em regra, é sigiloso. Isso contraria o que se prega
atualmente no Brasil, pois a publicidade é um princípio constitucional aplicável ao processo
penal. Assim, a regra é a publicidade dos processos, já o sigilo é a exceção e será utilizado
em situações específicas quando envolver a preservação da intimidade e da privacidade
da vítima.
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Sem contraditório e ampla defesa:


O contraditório é algo de suma importância no processo penal. Por meio dele, as partes
têm o direito de serem informadas de tudo o que acontece no processo, de participar do pro-
cesso penal de modo efetivo e, também, o de reagir ao que for feito pela parte contrária.
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A ampla defesa, por sua vez, possui um peso maior ainda no âmbito do processo penal,
pois, conforme o disposto no art. 261 e 263 do CPP, a defesa técnica no processo penal é
irrenunciável. Assim, não há como alguém ser condenado sem que tenha sido assistido por
um advogado.
No entanto, no âmbito do sistema inquisitivo, esse contraditório e essa ampla defesa
não existiam.

Impulso oficial e liberdade processual


Esse impulso oficial significa que o Juiz pode dar início ao processo de ofício. Hoje, isso
é algo que não se admite no sistema processual brasileiro, pois o Juiz é inerte, ou seja, para
que haja o início do processo, o Juiz deve ser provocado por uma das partes, seja por meio
de uma ação penal pública ou de uma ação penal privada.
Regra geral, é o Ministério Público quem irá propor a ação penal quando o crime for de
ação penal pública incondicionada. Nos demais casos, o próprio tipo penal irá trazer qual é
a espécie da ação penal.
Assim, o Ministério Público ou o ofendido irão provocar a ação do Juiz, que tomará
conhecimento da denúncia ou a queixa-crime e precisará decidir se recebe ou não aquela
inicial acusatória. No entanto, não é o próprio Juiz, de ofício, que propõe a denúncia ou a
queixa-crime. Após receber a inicial acusatória, o Juiz deve seguir o procedimento estabele-
cido pela lei.

 Obs.: O sistema inquisitivo era utilizado durante o período da inquisição, há muitos anos.
Logo, não é o sistema que se utiliza no Brasil atualmente. Contudo, como a OAB cos-
tuma cobrar o conhecimento desses sistemas em suas provas, é importante conhe-
cê-lo.
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SISTEMA ACUSATÓRIO – CARACTERÍSTICAS

Nítida separação entre o órgão de acusação e o julgador, sendo este imparcial:


Nesse sentido, a autoridade policial é responsável por promover a investigação na fase
do inquérito policial. Durante a fase da ação penal, os órgãos de acusação (Ministério Público
ou o ofendido) poderão atuar. Já na fase do julgamento, o Juiz (natural e imparcial) é quem
proferirá a decisão.

Liberdade de acusação:
Os órgãos analisam a propositura da denúncia ou da queixa. Nesse sentido, no caso da
queixa-crime, o ofendido pode se utilizar do prazo decadencial para verificar se tem interesse
ou não em propor a queixa. Já na denúncia, em função do princípio da obrigatoriedade, deve
oferecer a denúncia se estiverem presentes os elementos.

Oralidade nos procedimentos:


O art. 400 do CPP, por exemplo, traz algumas informações importantes sobre a aplicação
do princípio da oralidade no processo penal.

Liberdade de defesa e isonomia entre as partes:


Existe uma “paridade de armas”, que é prevista, inclusive, na Constituição Federal de 1988.
Nesse sentido, há uma isonomia (igualdade) entre as partes. Logo, se a acusação pode
fazer algo ou tem algum direito no curso do processo, a defesa também poderá e terá esse
mesmo direito.
Ou seja, todas as previsões existentes no CPP acerca de prazos, quantidades, provas e
testemunhas é utilizado para ambas as partes no processo penal.

Publicidade no procedimento:
Os arts. 5º e 93 da Constituição Federal de 1988 trazem o princípio da publicidade, que
é aplicável no processo penal. Além disso, o art. 792 do CPP também traz a regra da publi-
cidade geral.
Essa publicidade pode ser restringida em alguns casos, contudo o sigilo é empregado a
título de exceção.
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Contraditório presente:
Tanto o contraditório quanto a ampla defesa estão presentes no sistema acusatório.

Possibilidade de recusa do julgador:


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De acordo com os arts. 252 e 254 do CPP, é possível que as partes promovam uma exce-
ção de impedimento ou suspeição do Juiz (vide art. 95 do CPP).

Livre sistema de produção de provas:


É possível, no processo penal, produzir diversos tipos de prova, cabendo ao Juiz analisar,
em seu livre convencimento (motivado), se a prova possui relevância ao processo.

Maior participação popular na justiça penal:


A publicidade traz transparência para a população, que pode visualizar o ato processual
e, inclusive, assistir às audiências. Também pode qualquer um do povo (desde que assine)
impetrar um habeas corpus em favor de um réu.

Liberdade do réu é a regra:


A Constituição Federal de 1988 adota a presunção de inocência, logo a regra é que o réu
fique solto durante o processo. A prisão é a última possibilidade que existe e, portanto, é a
exceção dentro do processo penal.

SISTEMA MISTO
Mescla os dois anteriores. Existe uma fase de instrução preliminar (com as característi-
cas do sistema inquisitivo) e a fase de julgamento com a predominância das características
do sistema acusatório.

OPÇÃO DO SISTEMA BRASILEIRO

Sistema acusatório.

�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula
ANOTAÇÕES

preparada e ministrada pela professora Lorena Alves Ocampos.


A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu-
siva deste material.

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