TCC Thalles - A Política Nacional de Resíduos Sólidos e o Encerramento Do Lixão de Jardim Gramacho Desafios Sociais
TCC Thalles - A Política Nacional de Resíduos Sólidos e o Encerramento Do Lixão de Jardim Gramacho Desafios Sociais
TCC Thalles - A Política Nacional de Resíduos Sólidos e o Encerramento Do Lixão de Jardim Gramacho Desafios Sociais
Rio de Janeiro
2019
THALLES HENRIQUE MAIA DA SILVA PASSOS
RIO DE JANEIRO
2019
RESUMO
The emergence of dumps in cities, resulting from the growing generation of Municipal
Solid Waste (MSW) and its inadequate management, reflects a large public problem
that has caused many impacts on the environment. It is known that in these places,
recyclable waste pickers have agglomerated and through the activity of picking, they
survive, exposed to several risks the dump presents. In this context, the National
Solid Waste Policy has been playing an important role, guiding a better performance
of the public authorities in the closure of the dumps, besides allowing the socio-
productive inclusion of waste pickers in the selective collection and reverse logistics
systems, promoting greater appreciation and recognition of these actors. This final
paper presents and analyzes the public policies adopted at the closure of the Aterro
Metropolitano de Jardim Gramacho (AMJG), in favor of the waste pickers who carried
out their activities in this place. Initially, the main points of the National Solid Waste
Policy and its current implementation stage are presented, also exposing a brief
overview of Solid Waste Management in the country. In addition, the social issue of
waste pickers and the necessary eradication of inadequate forms of final disposal of
solid waste are discussed. From the study carried out, it was possible to conclude
that the country presents difficulties for the effective implementation of the National
Solid Waste Policy, and so, it is still far from a desirable solid waste management,
despite the advances obtained. Regarding the case study, it was found that the
Jardim Gramacho region remains in a precariousness and abandonment state, and
public policies aimed at local waste pickers were inefficient, not bringing a real
solution for this group, and reinforcing the already existing of socioeconomic
inequality.
LISTA DE QUADRO
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................... 11
2 OBJETIVOS ............................................................................................... 14
2.1 OBJETIVO GERAL..................................................................................... 14
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ...................................................................... 14
3 GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS.......................................................... 15
3.1 POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS (PNRS) ........................ 16
3.1.1 Política Nacional de Resíduos Sólidos: Desafios para implantação ... 23
3.2 PANORAMA DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS NO BRASIL ........... 25
3.2.1 Geração ..................................................................................................... 26
3.2.2 Gerenciamento de Resíduos Sólidos Urbanos ...................................... 28
3.2.2.1 Caracterização, segregação e coleta dos resíduos sólidos ....................... 29
3.2.2.2 Destinação dos Resíduos Sólidos Urbanos ............................................... 32
3.2.2.2.1 Compostagem, reciclagem e aproveitamento energético........................... 36
3.2.2.3 Alternativas para Disposição Final de RSU ................................................ 43
3.2.2.3.1 Aterro Sanitário .......................................................................................... 43
3.2.2.3.2 Lixão ........................................................................................................... 44
3.2.2.3.3 Aterro Controlado ....................................................................................... 47
4 CATADORES DE MATERIAL RECICLÁVEL ........................................... 49
4.1 ASSOCIAÇÕES E COOPERATIVAS DE CATADORES............................ 51
5 METODOLOGIA ........................................................................................ 54
6 ESTUDO DE CASO: ATERRO CONTROLADO DE JARDIM GRAMACHO
– DUQUE DE CAXIAS .............................................................................................. 55
6.1 CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO ........................................................ 55
6.2 ATERRO METROPOLITANO JARDIM GRAMACHO (AMJG) ................... 56
6.3 ENCERRAMENTO DO AMJG .................................................................... 59
6.4 CATADORES DE MATERIAL RECICLÁVEL DO AMJG ............................ 61
6.4.1 Caracterização dos catadores ................................................................. 61
6.4.2 Impacto do encerramento do AMJG para os catadores – dificuldades e
desafios ................................................................................................................... 62
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................... 69
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 72
11
1 INTRODUÇÃO
1
Principalmente metano e dióxido de carbono com menos de um por cento de gás sulfídrico e
mercaptanos (REAL, 2005).
2
Efluente líquido gerado a partir da decomposição da matéria orgânica.
12
2 OBJETIVOS
pobres (JACOBI e BESEN, 2011). Assim, novas prioridades foram aderidas à gestão
sustentável de resíduos sólidos, o que norteou a atuação dos governos, sociedade e
indústria nessa evolução, como ocorreu no Brasil, que passou a incorporar na sua
gestão as decisões tomadas na conferência.
De acordo com Figueiredo (2013), no Brasil são identificadas três principais
características relacionadas aos problemas causados pelos resíduos sólidos. Essas
são: os aspectos socioeconômicos relacionados às condições precárias dos
catadores de material reciclável e de seu meio de trabalho; Contaminação ambiental
devido ao descarte de resíduos em lixões e outros meios inadequados, e;
Deficiência quanto a atuação dos serviços para os resíduos sólidos, tais como a
limpeza, coleta, transporte, tratamento e disposição final.
Sabe-se que por muito tempo poucas foram as ações por parte das
administrações públicas para uma eficiente gestão, que segundo Figueiredo (2013),
limitavam-se à coleta, transporte e despejo dos resíduos em áreas da periferia
urbana. Além disso, durante o século XX, havia um limitado envolvimento do
cidadão com o manejo de resíduos sólidos urbanos.
Tendo em vista essas questões, era evidente a necessidade e urgência de
políticas públicas eficientes para a resolução dos principais problemas e de um
ordenamento normativo que pudesse regular as ações do setor de resíduos sólidos.
Assim, foi instituída a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), que começou a
ser discutida, inicialmente, no ano de 1991 e foi sancionada pela presidência da
república em agosto de 2010 através da lei 12.305, após quase duas décadas de
tramitação. Sob a premissa do desenvolvimento sustentável, essa nova política
abrange um conjunto de ações que visam soluções para o setor de resíduos sólidos
no país (BRASIL, 2010).
prima em outros processos, tendo como finalidade obter um novo produto (ECYCLE,
201-).
Nesse contexto, a implementação da coleta seletiva confere essencial
participação para a eficiência de todo o processo. A Coleta Seletiva é definida como
a coleta diferenciada de resíduos que foram previamente selecionados de acordo
com a sua constituição ou composição. Logo, são selecionados os resíduos com
características similares e adequadas para o seu aproveitamento e então são
separados dos demais resíduos, para a posterior coleta, sendo de obrigatoriedade a
todos os municípios a sua implantação.
Outro ponto que merece destaque diz respeito à inclusão socioprodutiva de
organizações de catadores de materiais recicláveis nesse processo.
A PNRS prioriza o trabalho das cooperativas ou associações de catadores
nos sistemas municipais de coleta seletiva e de logística reversa, incentivando a sua
criação e desenvolvimento, bem como a integração e capacitação profissional dos
mesmos (BRASIL, 2010).
Seguindo a ordem de prioridades, no processo de tratamento são utilizadas
tecnologias adequadas as quais objetivam principalmente a redução dos impactos
ambientais causados por esses resíduos, tornando-se possível até a sua reutilização
e reciclagem. Por fim, após esgotadas todas as possibilidades viáveis de tratamento
dentro do universo da Hierarquia da Gestão, a disposição final ambientalmente
adequada dos rejeitos é vista como a alternativa mais apropriada. Portanto, os
rejeitos são dispostos de forma ordenada em aterros sanitários com o devido
monitoramento e proteção ambiental, e desse modo, evita-se os impactos negativos
que esses poderiam causar ao meio ambiente e à saúde pública se fossem levados
a lixões. Tendo em vista que um dos grandes desafios da gestão de resíduos é
minimizar a ampla quantidade de resíduos sólidos encaminhada aos aterros
sanitários, encaminhar apenas os rejeitos para que sejam dispostos nesses locais
seria um grande avanço na gestão dos resíduos urbanos.
Sendo assim, em suma, é importante que haja o envolvimento e compromisso
de todos com o que é proposto pela hierarquia de prioridades para que então se
torne possível o máximo aproveitamento dos resíduos e uma melhor gestão de
resíduos de modo geral.
A fim de auxiliar a superar os principais problemas sociais e ambientais que
cercam a temática dos resíduos sólidos no país, são realizados investimentos e
21
Pouca prioridade para a questão dos resíduos Municípios devem traçar um plano para gerenciar os
sólidos resíduos sólidos da melhor maneira possível,
buscando a inclusão dos catadores
A maioria dos municípios destinava os
dejetos para lixões a céu aberto Lixões passam a ser proibidos e devem ser
Poder Público
Separação inexpressiva de lixo reciclável nas População deve separar o lixo reciclável na
residências residência
População
Manejo do lixo feito por atravessadores, com Catadores deverão se filiar a cooperativas de forma
riscos à saúde a melhorar o ambiente de trabalho, reduzir os riscos
à saúde e aumentar a renda
Catadores
Como dito anteriormente, a lei está em vigor desde 2010, porém observa-se,
analisando o Quadro 1, que a PNRS ainda apresenta certas dificuldades para a sua
implantação efetiva e desse modo, ainda há um certo distanciamento do cenário
desejado. Mediante a atual situação, é fundamental corrigir as principais deficiências
e entraves enfrentados de modo que as ações para um gerenciamento
ambientalmente adequado de resíduos sólidos sejam eficientes.
Conforme relatado por Heber e Silva (2014), destacam-se como principais
problemas para a efetiva aplicação da política, a baixa disponibilidade orçamentária
e a fraca capacidade institucional e de gerenciamento de muitos municípios,
sobretudo os de pequeno porte.
Nesse sentido, é válido ressaltar que o Plano Municipal de Gestão Integrada
de Resíduos Sólidos é de suma importância para o município, pois além de ser um
meio para promover melhorias para o manejo dos resíduos, sua aprovação implica
no acesso a mais recursos da União, o que contribuiria para uma melhora no cenário
atual. Contudo, conforme apontado por Bezerra e Bezerra (2015), devido as várias
limitações, entre elas, orçamentárias e técnicas, os pequenos municípios não
conseguem elaborar seus planos de gestão de resíduos e assim, não são
contemplados com os recursos da União.
No que se refere ao setor privado, as empresas, para se adequarem a lei,
também enfrentam alguns desafios. Conforme o princípio de responsabilidade
compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos, essas são obrigadas a elaborar um
plano de gerenciamento de resíduos, adotar a coleta seletiva e implementar um
sistema de logística reversa, e para isso, necessitam de novas tecnologias e
internalizar os custos de responsabilidade pelo ciclo de vida do produto, incluindo
embalagens.
Já a população, como consumidora, tem por desafio o acesso a informação,
de modo que se tenha conhecimento das exigências da lei e possa cumpri-la
juntamente ao poder público. É preciso, para tanto, promover uma conscientização
acerca das necessidades relacionadas ao meio ambiente e assim, ter uma maior
participação e cooperação popular.
Com base no Relatório de Avaliação por Área de Gestão (nº 9) de Resíduos
Sólidos do Ministério da Transparência e Controladoria-Geral da União (CGU),
publicado em 2017, é ainda possível observar alguns pontos que evidenciam a
ineficiência dos resultados pós PNRS.
25
Assim, foi possível constatar que o Plano Nacional de Resíduos Sólidos, cuja
elaboração está em cargo da coordenação do MMA, não está formalizado e ainda
passa por um processo de revisão (CGU, 2017). Desse modo, não há um
instrumento legítimo que possa orientar e exigir que os entes federativos elaborem
seus próprios planos. Além disso, houve uma descontinuidade do aporte financeiro
para a elaboração dos planos locais de resíduos sólidos aos entes federados e
consórcios de manejo de resíduos sólidos.
Além disso, o Sistema Nacional de Informações Sobre a Gestão de Resíduos
Sólidos - SINIR, um dos instrumentos da PNRS, que é caracterizado como um dos
principais bancos de dados sobre a gestão de resíduos sólidos do país e que, em
sua versão atual, entretanto, não está em conformidade com as exigências de
informações previstas no Decreto nº 7.404/2010 bem como está aquém da finalidade
a qual foi criado.
Outro ponto levantado pelo relatório da CGU diz respeito a uma das maiores
dificuldades enfrentadas pelo poder público quanto a questão social que envolve o
processo de encerramento dos lixões. A CGU ressalta a importância de ações
sociais e de capacitação assistida para que os catadores consigam ser
redirecionados à outras atividades, tais como operacionalização de máquinas de
triagens ou trabalho em futuras cooperativas.
Conclui-se, mediante o exposto, que o país se encontra atrasado quanto ao
desenvolvimento de sua gestão de resíduos sólidos, uma vez que ainda são muitos
os problemas e desafios que precisam ser enfrentados. Logo, é imprescindível a
correção das falhas apontadas e a adequação do país ao estabelecido na PNRS,
sabendo-se que a falta ou ineficiência da gestão dos resíduos sólidos bem como o
seu manejo inadequado são aspectos que possuem influência nos impactos
ambientais causados pelas atividades humanas (BARROS et al., 2017).
3.2.1 Geração
Para a região sudeste, o estudo da Abrelpe (2017) mostra que nesse mesmo
intervalo, o crescimento de RSU gerados foi de 0,96 %, alcançando em 2017 um
total de 105.794 toneladas/dia de RSU, enquanto para a geração de RSU per capita
observou-se um crescimento de 0,33 %, resultando na geração de 1,217 kg dia-1 em
2017 (Figura 3).
hab dia-1, sendo que a média para o Brasil é de 1,035 kg hab dia-1. Isso coloca a
região Sudeste no centro do debate. Mas pode refletir uma maior precarização da
coleta e quantificação dos RSU nas demais regiões dadas as suas características de
menor concentração urbana, informalidade e precariedade na gestão do “lixo”.
Participação Quantidade
% t/d t/d
Com base nos dados apresentados pela tabela, é nítida a grande variedade
dos resíduos sólidos coletados no país, dando maior enfoque ao material
potencialmente reciclável e à matéria orgânica, correspondendo a maior parte
coletada.
Em 2017, segundo o relatório da ABRELPE (2017), a coleta regular de
resíduos sólidos apresentou um crescimento expressivo em todas as regiões do
país, dos quais 71,6 milhões de toneladas foram coletados, correspondendo a um
índice de cobertura de coleta de 91,2 % para todo o território nacional. O que indica,
entretanto, que cerca de 6,9 milhões de toneladas de resíduos tiveram destino
impróprio.
Esses valores, por outro lado, se diferem de acordo com cada região
brasileira. Conforme a Figura 4, há diferenças entre as taxas de cobertura nas várias
regiões do país, sendo as regiões Norte e Centro-Oeste aquelas com menor taxa.
Tem destaque também o Sudeste que responde por cerca de 53 % do total de
31
resíduos coletados, e logo é a região que possui maior percentual de cobertura dos
serviços de coleta do país.
Estrato populacional
Macrorregião
Até o ano de 2008, o Brasil possuía por volta de 2.906 lixões, localizados
entre 2.810 municípios. É valido apontar que dentre esses, 98% estão concentrados
em municípios de pequeno porte e 57 % se encontram no nordeste, região que
apresenta as maiores deficiências quanto a gestão de resíduos sólidos (IPEA,
2012c).
Após 2 anos, conforme o levantamento realizado pela Abrelpe (2010), houve
uma redução de 40 % na quantidade de municípios com lixões, e dessa forma, esse
número caiu para 1.641 municípios com lixões, totalizando 1.169 vazadouros
encerrados. Nesse mesmo estudo também foi possível notar que a região Centro-
Oeste obteve 50 % da redução no número de lixões, a região Nordeste 46 %, a
região Norte 32 %, a região Sul 30 % e a região Sudeste 26 %, apresentando a
menor taxa.
Os dados citados refletem um cenário de desafios que o país ainda precisa
enfrentar, apesar dos avanços obtidos. Ao longo dos últimos anos, ações e projetos
que visam a melhoria da destinação adequada dos RSU e disposição final têm sido
36
Vantagem Desvantagem
Compostagem
Estrato populacional
Macrorregião
Reciclagem
Aproveitamento Energético
3.2.2.3.2 Lixão
Conforme mencionado, além dos lixões, o aterro controlado que também está
presente nos municípios brasileiros, configura-se como meio inadequado de
disposição final de resíduos sólidos. Em comparação aos lixões, esses se diferem
apenas pela aparência, uma vez que nesses locais o resíduo é enterrado sem
qualquer tratamento ou controle ambiental. Logo, ambos não são rotas ideais a
serem seguidas.
Nos aterros controlados, os resíduos são cobertos apenas com uma camada
de solo, visando reduzir os danos à saúde pública e minimizar os impactos
ambientais (IBGE, 2010). No entanto, não há medidas para a coleta ou tratamento
do chorume e biogás nesses locais (GOUVEIA, 2010). Desse modo, é possível que
haja a poluição de águas superficiais e subterrâneas, e portanto, a situação de um
aterro controlado deve ser vista como temporária (MENDONÇA; ZANG; ZANG,
2017). O aterro controlado é caracterizado por ser uma fase intermediária entre o
lixão e o aterro sanitário, o qual costumava ser utilizado para a remediação do lixão,
em uma célula próxima a esses locais.
Embora o aterro controlado se apresente num primeiro momento como um
meio menos impactante, por minimizar os impactos ambientais associados
ao acúmulo de lixo, é importante destacar que a forma mais adequada de disposição
dos resíduos sólidos de acordo com a PNRS é o aterro sanitário. Em razão da
semelhança entre os nomes, os termos aterro sanitário e aterro controlado podem
ser confundidos. Ao contrário de aterros controlados, os aterros sanitários são áreas
licenciadas por órgãos ambientais onde são utilizadas técnicas de engenharia para o
acondicionamento ambientalmente seguro dos resíduos sólidos no solo
(FIGUEIREDO, 2007).
48
5 METODOLOGIA
realizados por políticos locais e autorização do poder paralelo, traduzido pelo tráfico
de drogas fortemente presente na localidade (COEP, 2005).
Sérios problemas socioambientais podem ser observados na região, que é
marcada pelo intenso tráfico de drogas, falta de segurança, poluição sonora devido o
intenso volume de caminhões circulando pelo local, poluição do ar, chorume pelas
ruas, ausência de limpeza, quantidade elevada de vazadouros clandestinos de lixo
no entorno do aterro, depósitos clandestinos, entre outros (MEIRELLES e GOMES,
2016).
Localizado no sub-bairro, o Aterro Metropolitano de Jardim Gramacho se
configura em uma possível alternativa financeira onde através da atividade de
catação, muitas pessoas veem uma oportunidade de obtenção de renda. Entretanto,
é importante ressaltar que o aterro apresenta sérios riscos tanto para o meio
ambiente quanto para a saúde, para a segurança e bem estar da população local
(OLIVEIRA, 2007a). Segundo Oliveira (2007a), a ocorrência de impactos na região
se dá principalmente pela própria instalação do aterro, que se encontra em área de
manguezal, às margens da Baía de Guanabara; devido a circulação de lixo por meio
de caminhões pela via principal de acesso ao sub-bairro e; pelo contato direto por
parte da população com o lixo.
De acordo com Bastos (2005), cerca de 60 % dos moradores da região
dependiam das atividades associadas à comercialização dos recicláveis no aterro.
Além da catação, alguns moradores da região tiram seu sustento de outras
atividades associadas ao comércio e indústria locais.
3
Cooperativa de Catadores do Aterro Metropolitano de Jardim Gramacho.
4
Cooperativa de Trabalho dos Catadores de Material Reciclável de Jardim Gramacho.
5
Cooperativa dos Catadores de Materiais Recicláveis do Aterro Metropolitano de Jardim Gramacho.
6
Cooperativa de Catadores de Caxias.
7
Associação de Catadores do Aterro Metropolitano de Jardim Gramacho.
64
Através de uma pesquisa realizada no ano de 2016, foi possível verificar uma
situação de perda de rendimento dos catadores, a partir do encerramento das
atividades no AMJG. Conforme dados da Figura 11, até 2012, a renda familiar média
desses trabalhadores era de R$ 1.343,00, podendo ultrapassar os R$ 4.000,00,
enquanto a renda média dos trabalhadores do polo de reciclagem no ano de 2016
era de R$300,00, podendo chegar a apenas R$ 767,00.
assim, tornou-se inviável o acesso à melhor qualidade de vida, que mesmo antes já
se mostrava com muitas dificuldades.
Com base nas informações citadas, também foi possível concluir que os
catadores permanecem excluídos da cadeia produtiva da indústria da reciclagem e
logo, distantes dos direitos sociais garantidos pela PNRS, sem acesso aos
rendimentos auferidos com a atividade e, consequentemente, ainda dependentes da
atividade de catação para a sobrevivência.
69
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
estudo para que haja um acompanhamento dessa situação e para a atualização dos
principais pontos envolvidos nessa questão.
72
REFERÊNCIAS
GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2007.
JACOBI, P.R.; BESEN, G.R. Gestão de resíduos sólidos em São Paulo: desafios da
sustentabilidade. Estudos avançados, São Paulo, v. 25, n. 71, p. 135-158, fev.
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2019.
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<https://www.scielosp.org/scielo.php?pid=S0102-
311X2004000600007&script=sci_arttext&tlng=es>. Acesso em 16 ago. 2019.