Transmissaoe Distribuicaode Energia

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Transmissão e Distribuição de

Energia

Bruno Leandro Galvão Costa


© 2016 by Universidade de Uberaba

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser


reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio,
eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de
sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização,
por escrito, da Universidade de Uberaba.

Universidade de Uberaba

Reitor
Marcelo Palmério

Pró-Reitor de Educação a Distância


Fernando César Marra e Silva

Editoração
Produção de Materiais Didáticos

Capa
Toninho Cartoon

Edição
Universidade de Uberaba
Av. Nenê Sabino, 1801 – Bairro Universitário

Catalogação elaborada pelo Setor de Referência da Biblioteca Central UNIUBE


Sobre os autores
Bruno Leandro Galvão Costa

Possuo graduação em Engenharia Elétrica, com ênfase em Ele-


trotécnica, pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná
(UTFPR) – Câmpus Cornélio Procópio (2013) e mestrado no Pro-
grama de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica também pela
UTFPR – Câmpus Cornélio Procópio (2015). Possuo curso técnico
em computação pelo Centro de Ensino Profissionalizante CEDAS-
PY (2005). Tenho experiência na área de Engenharia Elétrica, com
destaque para Automação Eletrônica de Processos Industriais,
atuando principalmente nos seguintes conceitos: sistemas de con-
trole (mono e multivariável), otimização de sistemas, inteligência
artificial (redes neurais e metaheurísticas de otimização), máquinas
elétricas, acionamento e controle de máquinas elétricas.
Apresentação
Olá Querido aluno. Seja muito Bem-vindo aos estudos da nossa
disciplina de Transmissão e Distribuição de Energia Elétrica. No
decorrer dos próximos capítulos, veremos diversos conceitos que
caracterizam estas importantes áreas do conhecimento em Enge-
nharia Elétrica.

Particularmente, nossa disciplina será divida em duas grandes par-


tes: a primeira delas que compreende os capítulos I, II, III e IV, será
focado a análise de aspectos relacionados à Transmissão de ener-
gia elétrica; por sua vez a segunda parte, composta dos capítulos
V, VI, VII e VIII, o enfoque será para os aspectos de Distribuição de
energia elétrica.

Vejamos a seguir, de maneira bem resumida, os principais tópicos


característicos de cada um dos capítulos que estaremos estudando
no decorrer desta disciplina:

PARTE I - TRANSMISSÃO DE ENERGIA ELÉTRICA

CAPÍTULO I - Transporte de Energia e Sistemas Elétricos:

Inicialmente são colocados alguns conceitos iniciais sobre o tema:


fatores para a análise do grau de desenvolvimento de um país,
fontes de energia (não renováveis e renováveis), custo de produ-
ção e transporte de energia. Em seguida é comentado rapidamente
alguns aspectos sobre os Sistemas Elétricos de Potência (SEPs):
estrutura básica, categorias para os elementos de transporte de um
SEP. Ao fim, são abordadas informações sobre a evolução histórica
da energia elétrica, sob uma visão i) geral: principais pesquisado-
res que contribuíram com pesquisas na área de energia; ii) a nível
de Brasil: com os principais acontecimentos históricos em nosso
país, relacionados à energia elétrica.

CAPÍTULO II - Estrutura, Padronização de Tensões e Tipos de


Transmissão em Sistemas Elétricos de Potência:

Primeiramente, são discutidos alguns aspectos específicos sobre a


estrutura básica de um sistema elétrico: geração, subestação ele-
vadora, linhas de transmissão, subestação abaixadora e linhas de
distribuição. Em seguida, é discorrido rapidamente sobre conceitos
gerais sobre sistemas de geração, de transmissão e distribuição.
Por sua vez, na seção seguinte são comentados aspectos sobre
a padronização de tensões de transmissão. E por fim, são desta-
cados conceitos sobre transmissão em corrente alternada (CA) e
corrente contínua (CC).

CAPÍTULO III - Subestações:

Neste capítulo serão focados conceitos específicos sobre Subesta-


ções: i) classificação das subestações (quanto ao nível de tensão,
à relação entre os níveis de tensão de entrada e saída, função ao
sistema elétrico, tipo de instalação, tipo construtivo de equipamen-
tos, e modalidade de comando); ii) arranjos de subestações (barra
simples, barra principal e transferência, barra dupla com disjuntor
simples, barra dupla com disjuntor duplo, anéis simples, e anéis
múltiplos); e equipamentos usados em subestações (transformador
de potência, de corrente e potencial, seccionadores, disjuntores,
pára-raios e buchas).

CAPÍTULO IV - Conceitos sobre Sistemas de Transmissão de


Energia Elétrica:
Na primeira seção deste capítulo, veremos detalhes sobre Linhas de
Transmissão (LTs) aéreas e subterrâneas. Em seguida, alguns dos
principais componentes de uma linha de transmissão aérea (a mais
encontrada dos tipos de LTs): estruturas (autoportantes, estaiadas,
de suspensão, ancoragem, transposição), isoladores, cabos condu-
tores, pára-raios (denominados também de condutores neutro ou
cabos guarda), espaçadores e sinalizadores. Por fim, analisaremos
alguns aspectos sobre o projeto e o planejamento de LTs.

PARTE II - DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA

CAPÍTULO V - Configurações dos Sistemas de Distribuição e Clas-


sificações de Carga:

Inicialmente, iremos ver algumas informações sobre o sistema de


distribuição brasileiro. Na seção seguinte, são apresentados de-
talhes sobre a representação esquemática de SEPs, na qual são
comentadas simbologias básicas utilizadas, assim como detalhes
sobre diagramas unifilares. Logo em seguida, veremos vários con-
ceitos sobre componentes e configurações de um sistema de dis-
tribuição (sistemas de subtransmissão, distribuição primário e dis-
tribuição secundário). Ao fim do capítulo, iremos verificar detalhes
sobre classificação de cargas (quanto a localização geográfica, a
finalidade de utilização da energia elétrica, a dependência da ener-
gia elétrica, efeito sobre o sistema de distribuição, tarifação e ten-
são de fornecimento).

CAPÍTULO VI - Fatores Típicos Utilizados em Sistemas de Distribuição:

Particularmente, o foco deste capítulo é apresentar as principais


definições sobre fatores tipicamente considerados em sistemas
elétricos, sendo eles: demanda, demanda máxima, diversidade de
carga (demanda diversificada, demanda máxima diversificada, fa-
tor de diversidade e fator de coincidência, fator de contribuição),
fator de demanda, fator de utilização, fator de carga fator de perdas
e correlação entre fator de carga e fator de perdas.

CAPÍTULO VII - Modelamento de Carga em Sistemas de Distribuição:

Este capítulo dedica-se, inicialmente, à descrição da importância


do modelamento correto de elementos de um sistema elétrica,
com destaque para a modelagem de carga. Na seção seguinte,
detalhes são dados sobre o modelamento de carga em função da
tensão de fornecimento: cargas com i) potência, ii) corrente e iii)
impedância, constantes com a tensão. Na sequência, informações
sobre a representação de carga no sistema são apresentados, par-
ticularmente sobre os modelos: i) carga concentrada, ii) carga uni-
formemente distribuída e iii) representação por demanda máxima.

CAPÍTULO VIII - Mapeamento e Medição de Curvas de Carga:

No último capítulo, iremos verificar a importância do mapeamento e


medição de curvas de carga em um sistema de distribuição. Vere-
mos particularmente, em um primeiro momento, detalhes sobre as
curvas de carga: i) residencial, ii) industrial e iii) comercial. Em um
segundo momento, serão destacados aspectos sobre medição de
curvas de carga, principalmente, sobre os medidores i) eletromecâ-
nicos e ii) eletrônicos.

Espero que você possa aproveitar bem os conhecimentos que aqui


lhe serão passados, e que esta disciplina possa contribuir de ma-
neira ativa em sua formação como Engenheiro.

Vamos iniciá-la?
Transporte de energia e
Capítulo
1
sistemas elétricos

Bruno Leandro Galvão Costa

Introdução
Neste capítulo, iremos discutir sobre “Transporte de Energia
e Sistemas Elétricos”. Veremos alguns conceitos iniciais
relacionados ao tema, tais como: alguns fatores a serem
considerados para análise do grau de desenvolvimento de um
país, fontes para a geração de energia elétrica (nesse caso,
energias não renováveis e renováveis) e algumas considerações
sobre o transporte de energia elétrica (quais as principais
particularidades, como se dá este transporte, entre outros).
Em seguida, daremos um enfoque geral sobre os Sistemas
Elétricos de Potência (também denominados de SEPs),
apresentando rapidamente os níveis, assim como os
subsistemas presentes em um sistema elétrico.
Por fim, estaremos vendo o contexto de evolução histórica
da energia elétrica, inicialmente sob uma ótica geral, na
qual serão descritas informações sobre as personalidades
que foram fundamentais para a disseminação da energia
no mundo e, posteriormente, trazendo uma abordagem no
âmbito nacional, no qual serão destacados os principais
acontecimentos históricos no Brasil, desde o início da
implantação da energia elétrica no país.
No decorrer do capítulo, serão indicados alguns conteúdos
(links de vídeos e artigos de internet) complementares ao
12 UNIUBE

tema que gostaria que você considerasse em seus estudos,


para que você possa assimilar melhor os conceitos expostos.
Iniciemos então os nossos estudos!

Objetivos
• Compreender alguns conceitos iniciais relacionados ao
tema deste capítulo, dentre eles:
• Fatores de análise do grau de desenvolvimento de um
país.
• Relação de consumo de energia em países
desenvolvidos.
• Necessidades de aumento da potência disponível em
sistemas elétricos.
• Conceitos sobre as fontes de geração de energia: não
renováveis e renováveis.
• Relação de custos de produção x custos de transporte.
• Transporte por eletrodutos: em linhas de transmissão.

• Entender alguns aspectos gerais sobre sistemas elétricos


de potência:
• Função de um SEP.
• Estrutura básica: organização vertical e organização
horizontal.
• Vantagens de interligação entre sistemas.
• Designações de elementos de transporte de energia.

• Assimilar o contexto histórico da evolução da energia


elétrica, sob duas perspectivas:
• Contexto Geral: personalidades envolvidas.
• Contexto Nacional: principais acontecimentos
históricos.
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Esquema
1.1. Conceitos iniciais
1.1.1. Fontes de energia
1.1.2. Considerações sobre o transporte de energia elétrica
1.2. Sistemas elétricos de potência
1.3. Evolução histórica da energia elétrica
1.3.1. Evolução geral
1.3.2. Evolução no Brasil

1.1 Conceitos iniciais

Atualmente, para se analisar o grau de desenvolvimento de um


dado país, além de consultar o índice de desenvolvimento humano
(IDH), economistas costumam utilizar outros fatores, dentre eles: i)
o consumo per capita de eletricidade e ii) o índice de crescimento
desse consumo; visto que esses dois aspectos estão intimamente
relacionados com a produção industrial e o poder aquisitivo de uma
população (FUCHS, 1977).

Países desenvolvidos, justamente por possuírem um elevado grau


de desenvolvimento, são grandes consumidores de energia elé-
trica. Para você tenha uma ideia, de acordo com Mariz (2013), o
menor consumo per capita de eletricidade em quilowatt-hora por
habitante por ano (kWh/hab/ano) desses países é de 6.000 kWh/
hab/ano. No último levantamento de 2014, o consumo per capita
brasileiro foi de 2.335 kWh/hab/ano (EPE, 2015). Logo, podemos
concluir que o Brasil tem um longo caminho a percorrer.

Além disso, o desenvolvimento tecnológico, o crescimento indus-


trial, assim como a melhoria no padrão de vida em uma determinada
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sociedade ou país, segundo Simabukulo et al. (2016, p.3), são re-


flexos da evolução do consumo de energia, intimamente relaciona-
do ao aumento dos recursos energéticos disponíveis.

Diante disso, podemos dizer que o aumento das potências dispo-


níveis em sistemas elétricos, ou seja, o investimento em produção,
transmissão e distribuição de energia, é imprescindível, uma vez
que contribui diretamente para o desenvolvimento de uma deter-
minada nação (FUCHS, 1977), simples assim: sem investimentos,
sem desenvolvimentos!

Logo, torna-se necessário produzir energia! Hoje em dia, é conhe-


cida a existência de diversas fontes para a produção de energia
elétrica. Algumas delas são comentadas na seção a seguir.

1.1.1. Fontes de Energia

Como comentado anteriormente, nos dias atuais, existe a neces-


sidade de aumentar a produção de energia elétrica, visando, entre
outros aspectos, o desenvolvimento de um país e a superação da
demanda exigida.

Atualmente, a matriz energética mundial é composta por diversas


fontes de energia, que podem ser classificadas em dois grandes
grupos (FONTES, 2016; PENA, 2016):
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Figura 1 - Tipos de fontes renováveis (à esquerda) e fontes não renováveis (à direita).

Fonte: Energia... (s./d.)

• Fontes não renováveis (Figura 1): caracterizadas por serem


geradas a partir de recursos naturais que não se renovam e
podem se esgotar em curto ou em longo prazo. Seus maiores
expoentes são:

• os combustíveis fósseis (o petróleo, o carvão, o gás na-


tural, além de outros como o nafta e o xisto betuminoso),
são alvos de diversas discussões ambientais, pois con-
tribuem para a degradação do ambiente devido à quei-
ma e eliminação de gases poluentes para a atmosfera.

• a energia nuclear (ou também atômica), que também é


alvo de várias polêmicas ambientais.

• Fontes renováveis (Figura 1): caracterizadas por serem recur-


sos que podem ser repostos naturalmente, o que não significa
que sejam inesgotáveis. Se enquadram nesse grupo:
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• a energia eólica, que utiliza como recurso energético o


vento;

• a energia solar, que neste caso apropria-se dos raios


solares;

• a energia hídrica, que utiliza a água de rios, por exem-


plo, como fonte de energia; dentre outros.

Saiba mais

Caso queira se informar um pouco mais sobre fontes de energia,


acesse o link a seguir, que traz informações detalhadas sobre algu-
mas fontes de energia que vimos anteriormente:

Disponível em: <http://brasilescola.uol.com.br/geografia/fontes-e-


nergia.htm>. Acesso em: 22 jul. 2016.

Hoje em dia, por conta das discussões sobre o aquecimento global


no Brasil e no mundo, muitos debates se intensificaram visando, en-
tre outros aspectos, à obtenção de informações sobre quais fontes
de energia devem ser adotadas. Devido a isso, houve um aumento
expressivo de pesquisas científicas com foco na utilização de fontes
renováveis de energia, visto que são possíveis soluções para a dimi-
nuição da degradação ambiental mundial. Com isso, aos poucos são
realizadas algumas mudanças nas matrizes energéticas, tanto em
âmbito mundial, quanto em âmbito nacional, visando à implantação
de fontes alternativas de energia (FONTES, 2016).
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Saiba mais

No vídeo a seguir, você irá ver o quanto o Brasil tem se destacado


no tema “Implantação de energias renováveis”:

Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=BKk-4b-


j4awc>. Acesso em: 22 jul. 2016.

Com isso, podemos perceber que atualmente existem inúmeras


formas utilizadas para a geração de energia elétrica. Uma vez ge-
rada a energia elétrica, torna-se necessário “transmiti-la” para os
consumidores (nesse caso, industriais, comerciais e residenciais).
Esse é assunto da próxima seção.

1.1.2. Considerações sobre o Transporte de Energia Elétrica

Seja qual for a fonte de energia adotada para a geração, o custo


de produção de energia elétrica diminui consideravelmente com o
aumento da potência das centrais de geração (FUCHS, 1977).

Como exemplo, vamos considerar aqui a geração de energia elé-


trica advinda de usinas hidrelétricas. Geralmente, as centrais de
geração são localizadas em locais distantes dos grandes centros
de consumo. Devido a isso, existe a necessidade de transporte
de toda a energia produzida para os centros de consumo. Com
isso, o custo de transporte aumenta consideravelmente com essa
distância, mas diminui conforme a quantidade de energia que será
transportada. Dessa forma, é extremamente necessário que seja
realizado um estudo de viabilidade econômica, em que devem ser
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equacionados tanto os custos de produção quanto os custos de


transporte de energia (FUCHS, 1977).

Uma vez que os grandes centros de produção estão a uma enor-


me distância dos centros de consumo, existe a necessidade de
utilização de um elemento que possibilite o transporte da energia
demandada.

Figura 2 - Torres de linhas de transmissão.

Fonte: Linhas… (s./d.)

Na maioria dos sistemas elétricos de potência modernos, esse


transporte de energia é feito através dos eletrodutos, que podem
ser genericamente denominados de linhas de transmissão (Figura
2) (contudo, adiante, veremos que existem elementos de transpor-
te com nomenclaturas específicas para cada nível de um sistema
elétrico). Na seção a seguir, veremos alguns conceitos sobre os
sistemas elétricos.
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1.2 Sistemas elétricos de potência

Os Sistemas Elétricos de Potência (SEP) apresentam como princi-


pal função o fornecimento de energia elétrica aos usuários, sejam
eles grandes ou pequenos, com uma qualidade adequada. Dessa
forma, o SEP tem função de: i) produtor, visando à transformação
de energia de alguma natureza (hidráulica, mecânica, térmica, por
exemplo) em energia elétrica; ii) distribuidor, de modo a fornecer
aos consumidores a quantidade de energia demandada (KAGAN;
OLIVEIRA; ROBBA, 2005).

Os sistemas elétricos de energia possuem uma estrutura conforme


ilustrado na Figura 3.

Figura 3 - Estrutura básica de um sistema elétrico de energia interligado

Fonte: adaptada de Fuchs (1977, p.4).

Basicamente, essa estrutura apresenta uma organização vertical e


outra horizontal. Na organização vertical, o sistema é dividido em
cinco níveis:
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• Nível de geração (também denominada de produção).

• Linhas de interligação entre sistemas.

• Nível de transmissão.

• Nível de subtransmissão.

• Nível de distribuição.

Na orientação horizontal, cada nível se divide em subsistemas, iso-


lados eletricamente e geograficamente dos subsistemas vizinhos
de mesmo nível, sendo interconectados entre si por meio de siste-
mas de nível mais elevado (FUCHS, 1977, p.5).

Perceba ainda que os sistemas de transmissão costumam ser os


mais extensos de todo o sistema, seguidos pelos sistemas de sub-
transmissão, pelos sistemas de distribuição primários e pelos se-
cundários, nessa ordem.

Atualmente, é indispensável a interligação entre os sistemas tanto re-


gionais quanto nacionais, pois ela proporciona (FUCHS, 1977, p.5):

• Possibilidade de intercâmbio de energia entre sistemas.

• Possibilidade de construção de centrais maiores e mais


eficientes.

• Aumento da capacidade de reserva global das instalações de


geração.
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• Aumento da confiabilidade de abastecimento em situações


anormais ou de emergência.

• Possibilidade de um despacho de carga único e mais eficiente


com alto grau de automatização e otimização.

Nesse caso, o transporte de energia se dá em todos os níveis do


sistema, dentro das limitações de tensão e quantidade máxima
de energia de cada nível. Como comentado anteriormente, para o
transporte de energia, utilizam-se linhas aéreas ou cabos, subterrâ-
neos ou submarinos, que genericamente podem ser denominados
como eletrodutos. Contudo, existem designações particulares dos
elementos de transporte para cada nível de um sistema elétrico,
sobre os quais comentaremos a seguir (FUCHS, 1977, p.5):

• Linhas de transmissão: particularmente, essas linhas aéreas


operam com as tensões mais elevadas do sistema e, nesse
caso, transportam energia entre os centros de produção e os
centros de consumo. Em um sistema elétrico, podem existir
linhas de transmissão em dois ou mais níveis de tensão.

• Linhas de subtransmissão: possuem como principal função a


distribuição a granel de energia transportada pelas linhas de
transmissão. Surgem, particularmente, nos barramentos das
subestações regionais e terminam em subestações abaixado-
ras locais. Essas linhas operam, normalmente, com tensões in-
feriores àquelas dos sistemas de transmissão, todavia podem
operar com o mesmo nível de tensão destes. Existe também a
possibilidade de haver dois ou mais níveis de tensões de sub-
transmissão, assim como um subnível de subtransmissão.

• Linhas de distribuição primárias: são linhas que operam com


tensões baixas para a ocupação de vias públicas e elevadas
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para assegurarem um boa regulação. Desempenham às ve-


zes o papel de linhas de subtransmissão.

• Linhas de distribuição secundárias: tais linhas operam com as


tensões mais baixas de um sistema, sendo que seu compri-
mento, geralmente, não excede 200 a 300 m. Nesse caso, es-
sas tensões são apropriadas para o uso direto em máquinas,
aparelhos e lâmpadas. Particularmente, o Brasil conta com
sistemas: 220/127 V (fase-fase e fase-neutro, respectivamen-
te), 380/220 V (derivável de sistemas trifásicos com neutro) e
220/110 V (derivável de sistemas monofásicos).

Mais detalhes sobre os principais componentes de um sistema elé-


trico de potência são dados no capítulo seguinte.

Saiba mais

Para que você tenha um melhor entendimento sobre sistemas elé-


tricos de potência, recomendo que assista aos seguintes vídeos,
que irão fortalecer o conceito de tais sistemas.

1) Organização de um sistema elétrico de potência:

<https://www.youtube.com/watch?v=-e8e6UfJCRw>.

2) Sistema elétrico de potência:

<https://www.youtube.com/watch?v=FNZMqdoLpbs>.

3) SEP – da geração ao consumo (Prof. Jadson Caetano):

<https://www.youtube.com/watch?v=MJNBn2_N-M0>.

Acesso em: 25 jul. 2016.


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1.3. Evolução histórica da energia elétrica

Muito do que se sabe sobre energia elétrica atualmente é fruto


de ideias dos grandes idealizadores da eletricidade. A seguir, é
apresentada uma breve revisão histórica de alguns desses inven-
tores, que sem dúvida alguma contribuíram para o progresso da
eletricidade.

Inicialmente, será comentado a respeito da evolução geral em nível


mundial e, em seguida, sobre a evolução no Brasil.

1.3.1. Evolução Geral

Figura 4 - Retrato de Michael Faraday

Fonte: Michael… (s./d.)

Michael Faraday (1791-1867): em 1831, foi descoberto por


Faraday (Figura 4) o princípio da indução eletromagnética, que im-
pulsionou o funcionamento do gerador e do transformador elétrico
(MICHAEL..., s./d.).
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Figura 5 - Retrato de Ernst Werner Von Siemens

Fonte: Ernst… (s./d.)

Ernst Werner Von Siemens (1816-1892): no ano de 1866, Ernst


(Figura 5) desenvolveu o primeiro gerador elétrico, com base no
princípio dínamo-elétrico, abrindo espaço para pesquisas da eletri-
cidade como fonte de energia (WER..., s./d.).

Figura 6 - Retrato de Thomas Alva Edison

Fonte: Marshall (2015)

Thomas Alva Edison (1847-1931): impulsionou maiores pesqui-


sas em energia elétrica após a invenção da lâmpada incandescen-
te, entre 1879-1880. Em 1882, foi inaugurada por Edison (Figura
6) a central elétrica de Pearl, que possibilitou o fornecimento de
iluminação pública e energia para motores em parte da cidade de
Nova Iorque, além de fomentar o desenvolvimento dos primeiros
UNIUBE 25

sistemas comerciais de eletricidade em vários países. Devido a


isso, começaram a surgir os primeiros problemas com o transporte
de energia elétrica, a qual era gerada e consumida em corrente
contínua (FUCHS, 1977).

Figura 7 - Retrato de William Stanley Jr.

Fonte: William… (s./d.)

William Stanley Jr. (1858-1916): Stanley (Figura 7) construiu, em


1885, o primeiro transformador de corrente alternada (que possibili-
tava o elevamento e abaixamento de tensão, assim como um gran-
de rendimento), o qual foi difundido para o comércio. Dessa forma,
o problema de transmissão de energia em tensões mais elevadas,
com baixas perdas, estava solucionado (WILLIAM..., s./d.).

Ampliando o conhecimento

Duas grandes e notáveis realizações deram-se no período de 1885


a 1888 (FUCHS, 1977):

• 1886: foi desenvolvida uma linha monofásica com 29,5 km de


extensão na Itália, que conduzia 2.700 HP (aproximadamente
2,013 GW) para a cidade de Roma;

• 1888: uma linha de 11 kV, trifásica, de 180 km foi desenvolvi-


da na Alemanha.
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Figura 8 - Retrato de Nikola Tesla

Fonte: Influencer… (2014)

Nikola Tesla (1856-1943): em 1882, ele descobriu o princípio do


campo magnético rotativo, utilizado em dispositivos (motores, ge-
radores) que usam corrente alternada, construindo assim o motor
de indução trifásico e desenvolvendo um sistema polifásico para
a geração, transmissão, distribuição e utilização de energia elétri-
ca. Além disso, duelou com Thomas Edison a denominada “Guerra
das Correntes”, na qual ambos brigaram pela discussão de qual
corrente possuía maiores vantagens de utilização: Tesla (Figura 8)
a favor da corrente alternada (CA) e Edison a favor da corrente
contínua (CC) (PAULA, s./d.).

Ampliando o conhecimento

Nesse caso, durante o conflito de Tesla e Edison, foi constatado


que a corrente alternada possuía maiores vantagens, em relação
à corrente contínua, principalmente quando associada à geração,
transporte, distribuição e utilização de energia. Devido a isso, os até
então sistemas que trabalhavam com corrente CC começaram a ser
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substituídos, aos poucos, por sistemas CA. Em 1896, entrou em fun-


cionamento o sistema hidrelétrico de geração de energia em corren-
te alternada a partir das cataratas do Niágara (FUCHS, 1977).

Com isso, cada vez mais, a energia elétrica foi sendo utilizada,
crescendo as potências das centrais elétricas, assim como a exten-
sões de linhas aéreas de transmissão.

Saiba mais

Para que você compreenda melhor o contexto histórico de evolu-


ção da energia elétrica, recomendo que veja os seguintes vídeos:

1) Vídeo que comenta sobre Thomas Edison: <https://www.youtu-


be.com/watch?v=x6969cNHVLQ>.

2) Vídeos que comentam sobre Nikola Tesla:

Parte 1: <https://www.youtube.com/watch?v=KCYgCU6eJHM>.

Parte 2: <https://www.youtube.com/watch?v=bpOdW4bSvbg>.

Na parte 2, assista somente até o instante 6:41 (contudo, se tiver


interesse continue assistindo ao restante do vídeo).

3) Sobre a história da eletricidade (comenta sobre a disputa entre


Edison e Tesla):

<https://www.youtube.com/watch?v=Oe1FyK4TrE4>.

Acesso em: 25 jul. 2016.


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1.3.2. Evolução no Brasil

A seguir, são listados alguns dos principais acontecimentos históricos


relacionados à evolução da energia elétrica no Brasil (CEMIG, 2016).

1879 – Dom Pedro II concede a Thomaz Edison


o privilégio de introduzir no país aparelhos e pro-
cessos de sua invenção destinados à utilização
da eletricidade na iluminação pública. Além dis-
so, foi inaugurada na Estação Central da Estrada
de Ferro Dom Pedro II, atual Central do Brasil,
a primeira instalação de iluminação elétrica
permanente.

1883 – Entrou em operação a primeira usina


hidrelétrica no país, localizada no Ribeirão do
Inferno, afluente do rio Jequitinhonha, na cidade
de Diamantina.

D. Pedro II inaugurou na cidade de Campos, o


primeiro serviço público municipal de iluminação
elétrica do Brasil e da América do Sul.

1889 – Entrou em operação a primeira hidrelé-


trica de maior porte do Brasil, Marmelos-Zero da
Companhia Mineira de Eletricidade, em Juiz de
Fora – MG.

1901 – Entrada em operação da usina hidrelétrica


Parnaíba (atual Edgard de Souza) pertencente a
São Paulo Light, primeira a utilizar barragem com
mais de 15 metros de altura.

1903 – Aprovado pelo Congresso Nacional o pri-


meiro texto de lei disciplinando o uso de energia
elétrica no país.

1908 – Entrou em operação a Usina Hidrelétrica


Fontes Velha, na época a maior usina do Brasil e
uma das maiores do mundo.
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1913 – Entrou em operação a Usina Hidrelétrica


Delmiro Gouveia, primeira do Nordeste, constru-
ída para aproveitar o potencial da Cachoeira de
Paulo Afonso no rio São Francisco.

1921 – inaugurada pela General Eletric, na cida-


de do Rio de Janeiro, a primeira fábrica de lâm-
padas do país.

1952 – Criação da Centrais Elétricas de Minas


Gerais – Cemig, atualmente denominada
Companhia Energética de Minas Gerais. Além
disso, foi criado também o Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico – BNDE para atuar
nas áreas de energia e transporte.

1954 – Entrou em operação a primeira grande


hidrelétrica construída no rio São Francisco, a
Usina Hidrelétrica Paulo Afonso I, pertencente à
Chesf.

Entrou em operação a Usina Termelétrica


Piratininga, a óleo combustível, primeira termelé-
trica de grande porte do Brasil.

1957 – Criada a Central Elétrica de Furnas S.A.,


com o objetivo expresso de aproveitar o potencial
hidrelétrico do rio Grande para solucionar a crise
de energia na Região Sudeste.

1961 – Durante a presidência de Jânio Quadros,


foi criada a Eletrobrás, constituída em 1962 pelo
presidente João Goulart para coordenar o setor
de energia elétrica brasileiro.

1963 – Entrada em operação da maior usina do


Brasil na época de sua construção, a usina hi-
drelétrica de Furnas.

1965 – Adoção do plano nacional de unifica-


ção de frequência em 60 Hz, de acordo com a
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recomendação do CNAEE.

1982 – O Ministério das Minas e Energia criou


o Grupo Coordenador de Planejamento dos
Sistemas Elétricos – GCPS.

1984 – Entrou em operação a Usina Hidrelétrica


Tucuruí, da Eletronorte, primeira hidrelétrica de
grande porte construída na Amazônia.

Concluída a primeira parte do sistema de trans-


missão Norte-Nordeste, permitindo a transfe-
rência de energia da bacia amazônica para a
região Nordeste. Entrou em operação a Usina
Hidrelétrica Itaipu, maior hidrelétrica do mundo
com 12.600 MW de capacidade instalada.

1985 – Constituído o Programa Nacional de


Conservação de Energia Elétrica – PROCEL, com
o objetivo de incentivar a racionalização do uso
da energia elétrica. Entrou em operação a Usina
Termonuclear Angra I, primeira usina nuclear do
Brasil.

1986 – entrou em operação o sistema de trans-


missão Sul-Sudeste, o mais extenso da América
do Sul, transportando energia elétrica da Usina
Hidrelétrica Itaipu até a região Sudeste.

1990 – Foi criado o Sistema Nacional de


Transmissão de Energia Elétrica – SINTREL para
viabilizar a competição na geração, distribuição e
comercialização de energia.

1997 – Constituído o novo órgão regulador do


setor de energia elétrica sob a denominação de
Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL.

1998 – O Mercado Atacadista de Energia Elétrica


– MAE foi regulamentado, consolidando a distin-
ção entre as atividades de geração, transmissão,
UNIUBE 31

distribuição e comercialização de energia elétri-


ca. Foram estabelecidas as regras de organiza-
ção do Operador Nacional do Sistema Elétrico –
ONS, para substituir o Grupo Coordenador para
Operação Interligada – GCOI.

1999 – A primeira etapa da Interligação Norte-Sul


entrou em operação, representando um passo
fundamental para a integração elétrica do país.

2000 – O presidente Fernando Henrique Cardoso


lançou o Programa Prioritário de Termelétricas vi-
sando à implantação no país de diversas usinas
a gás natural.

2001 – Nesse ano, o Brasil vivenciou sua maior


crise de energia elétrica, acentuada pelas condi-
ções hidrológicas extremamente desfavoráveis
nas regiões Sudeste e Nordeste.

2003 – O Governo Federal lançou em novembro


o programa Luz para todos, objetivando levar,
até 2008, energia aos 12 milhões de brasileiros
que não têm acesso ao serviço. Deste total, 10
milhões estão na área rural. A gestão do progra-
ma será compartilhada entre estados, municípios,
agentes do setor elétrico e comunidades.

2004 – O novo modelo do setor elétrico foi apro-


vado com a promulgação, em março, das Leis nº
10.847 e nº 10.848, que definiram as regras de
comercialização de energia elétrica e criaram a
Empresa de Pesquisa Energética (EPE), com a
função de subsidiar o planejamento técnico, eco-
nômico e sócio ambiental dos empreendimentos
de energia elétrica, petróleo e gás natural e seus
derivados e fontes energéticas renováveis.

2005 – Foram assinados os contratos de conces-


são para a implantação de 2.747 quilômetros de
10 novas linhas de transmissão. As concessões
têm duração de 30 anos e a construção dos no-
vos empreendimentos beneficiará 140 municípios
32 UNIUBE

de 11 estados: Ceará, Goiás, Mato Grosso, Mato


Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraíba,
Paraná, Rio de Janeiro, Santa Catarina e São
Paulo. Em abril foi inaugurada em Belém (PA)
uma usina de produção de biodiesel do Grupo
Agropalma. A unidade tem capacidade para pro-
duzir 8 milhões de litros de biodiesel por ano e
a empresa utilizará como matéria-prima resídu-
os do processamento de palma. A primeira usina
brasileira de produção do biodiesel foi inaugurada
em março, em Cássia (MG), e o combustível já
está sendo comercializado em Belo Horizonte.

2009 – Os governos do Brasil e Paraguai assina-


ram, em 1º de setembro de 2009, em Assunção,
acordo sobre a venda da energia gerada por
Itaipu.

Saiba mais

Caso tenha interesse de saber mais a respeito do histórico brasi-


leiro de energia elétrica, recomendo que visite o web site “Memória
da Eletricidade”, produzido pela Eletrobrás, no seguinte endereço:

<http://memoriadaeletricidade.com.br/>. Acesso em: 25 jul 2016.

No link a seguir, você terá acesso à “Resenha Energética do Brasil”


realizada em junho de 2015, na qual estão presentes informações so-
bre indicadores de desempenho do setor energético brasileiro atual.

< h t t p : / / w w w. m m e . g o v. b r / d o c u m e n t s / 11 3 8 7 8 7 / 1 7 3 2 8 4 0 /
Resenha+Energ%C3%A9tica+-+Brasil+2015.pdf/4e6b9a34-6b2e-
48fa-9ef8-dc7008470bf2>. Acesso em: 25 jul. 2016.
UNIUBE 33

Considerações finais

Neste capítulo, foram discutidos alguns aspectos introdutórios re-


lacionados à disciplina. Inicialmente, foram vistos alguns conceitos
iniciais: i) fatores que influenciam no desenvolvimento de um país;
ii) fontes não renováveis e renováveis de energia elétrica; iii) parti-
cularidades sobre o transporte de energia.

Na sequência, foi comentado a respeito dos SEPs, Sistemas


Elétricos de Potência. Nesse caso, foram apresentados de maneira
resumida, visto que maiores detalhes sobre SEPs serão dados no
capítulo seguinte, no qual trataremos sobre os níveis e subsiste-
mas de um sistema elétrico.

Ao fim do capítulo, vimos sobre a evolução histórica da energia


elétrica, considerando i) um contexto geral, sendo comentado a
respeito de alguns dos principais cientistas que contribuíram para
o desenvolvimento da energia elétrica, na sequência, ii) uma abor-
dagem dessa evolução no Brasil, sendo descritos alguns dos prin-
cipais acontecimentos históricos nacionais.

Dessa forma, finalizamos aqui os primeiros conteúdos da discipli-


na. No próximo capítulo, veremos com mais detalhes a respeito: i)
dos SEPs, tais como os principais sistemas envolvidos: geração,
transmissão e distribuição; ii) padronização de tensões em siste-
mas elétricos; iii) aspectos sobre transmissão em corrente alterna-
da (CA) e corrente contínua (CC).
Estrutura, padronização
Capítulo
2
de tensões e tipos de
transmissão em sistemas
elétricos de potência
Bruno Leandro Galvão Costa

Introdução
Bem-vindo(a) novamente a mais um capítulo de nossa disciplina.
Veremos aqui “Estrutura, Padronização de Tensões e Tipos de
Transmissão em Sistemas Elétricos de Potência”.
Daremos continuidade aos conteúdos iniciados no capítulo
anterior. Inicialmente, serão analisados alguns aspectos
particulares acerca da estrutura básica de um sistema elétrico
de potência, uma continuidade aos conceitos expostos na seção
2. Particularmente, serão analisados resumidamente seus
principais sistemas: Geração, Transmissão e Distribuição.
Posteriormente, iremos ver algumas informações sobre a padronização
de níveis de tensão de transmissão, segundo o regulamento vigente
no Brasil. Será visto também um mapa contendo as principais linhas
de transmissão distribuídas pelo país.
Já o último tópico deste capítulo irá trazer várias informações sobre
sistemas de transmissão que operam tanto com corrente-alternada
(sendo comumente adotada a sigla CA) quanto com corrente-
contínua (sendo comumente adotada a sigla CC). Veremos as
principais particularidades desses dois sistemas, suas vantagens
e desvantagens, assim como as condições de aplicação.
Assim como foi feito anteriormente, no decorrer do capítulo
serão indicados vários conteúdos complementares aos temas
abordados, que visam auxiliar o seu aprendizado. Diante do
exposto, vamos iniciar nossos estudos?
Objetivos
• Entender a respeito das principais etapas envolvidas na
estrutura de um sistema elétrico de potência:
• Usinas de geração -> subestações elevadoras ->
linhas de transmissão -> subestações abaixadoras
-> linhas de distribuição.
• Sistemas de Geração (hidrelétrica, termoelétrica,
nuclear, eólica e fotovoltaica).
• Sistemas de Transmissão.
• Sistemas de Distribuição.
• Obter informações a respeito da padronização de níveis
de tensão do SEP brasileiro:
• Níveis de geração, transmissão e distribuição.
• Analisar um mapa de linhas de transmissão
instaladas na extensão territorial do Brasil.
• Compreender a importância e saber caracterizar tipos
de sistemas de transmissão:
• Em corrente-alternada (CA).
• Em corrente-contínua (CC).

Esquema
2.1. Estrutura básica de um sistema elétrico
2.1.1. Sistemas de Geração
2.1.2. Sistemas de Transmissão
2.1.3. Sistemas de Distribuição
2.2. Tensões de transmissão – padronização
2.3. Tipos de transmissão em sistemas elétricos
2.3.1. Transmissão em CA
2.3.2. Transmissão em CC
UNIUBE 37

2.1 Estrutura básica de um sistema elétrico

No Brasil, devido ao seu grande potencial hídrico, predomina a pro-


dução de energia por meio das usinas hidrelétricas, que transfor-
mam energia hidráulica em elétrica. A Figura 9 ilustra um exemplo
de sistema elétrico de potência (SEP) o qual se apropria de uma
usina hidrelétrica.

Figura 9 - Exemplo de um sistema elétrico de potência

Fonte: Mattede (s./d.)

Em um sistema elétrico de potência, a energia elétrica alcança diver-


sos níveis de tensão ao longo do caminho, desde a sua geração (de
milhares a centenas de volts) até o momento em que chega às nos-
sas casas. Inicialmente, no sistema, as grandes Usinas de Geração
(tome como exemplo as usinas hidrelétricas, tais como a de Itaipu -
PR - Figura 10) geram uma dada quantidade de energia (usualmente
em torno de 13,8 kV, como será comentado na seção 2) e, dessa
forma, com altas potências (MW) assim como altas correntes.
38 UNIUBE

Figura 10 - Usina de geração hidrelétrica de Itaipu

Fonte: Wikipédia

Ampliando o conhecimento

Para que você tenha uma noção, tome como exemplo a usina
Hidrelétrica de Itaipu, que comporta hoje 20 geradores, sendo que
cada um opera com uma potência de 700 MW. Logo, juntos somam
uma potência de 14 GW. Além disso, a usina trabalha com a gera-
ção de uma tensão nominal no valor de 18 kV (ITAIPU, 2016).

Em seguida, essa energia gerada é conduzida para uma


Subestação Elevadora (tome como exemplo a subestação ele-
vadora de Itaipu - PR - Figura 11), geralmente construída o mais
próximo possível da unidade de geração, a qual, como o próprio
nome sugere, fará a elevação da tensão de geração para valores
como: 69 kV, 138 kV e 230 kV. Isso se faz necessário para que toda
a energia possa ser transmitida por longas distâncias pelas torres
de transmissão e, principalmente, para que o sistema tenha menos
perdas de potência nessa transmissão, visto que menores corren-
tes serão geradas.
UNIUBE 39

Figura 11 - Subestação elevadora de Itaipu

Fonte: Barros (2008)

Figura 12 - Subestação abaixadora de Nova Serrana - MG

Fonte: CEMIG (s./d.)

Com o auxílio das torres de transmissão, toda a energia é trans-


portada até os grandes centros de consumo, os quais comportam
Subestações Abaixadoras (tome como exemplo a subestação
abaixadora de Nova Serrana - MG - Figura 12) que, com o auxílio
40 UNIUBE

de transformadores abaixadores, irão reduzir a tensão de transmis-


são para níveis de distribuição (valores em torno de 13,8 a 34,5 kV,
como veremos na seção 2).

Na sequência, a energia transformada segue para uma subestação


de distribuição, que se encarrega de enviar a energia que será uti-
lizada em centros urbanos, industriais ou rurais, geralmente trans-
mitida em 13,8 kV.

Por fim, toda essa energia chega até os trechos do percurso nos
quais estão instalados transformadores em postes das concessio-
nárias (Figura 13), que farão a conversão de tensão em um nível
mais adequado para o consumo (geralmente 127 V fase-neutro e
220 V fase-fase).

Figura 13 - Exemplo de um poste de concessionária com transformador

Fonte: Famílias… (2014)


UNIUBE 41

SINTETIZANDO...

Como visto anteriormente na Figura 9, basicamente, em um siste-


ma elétrico de potência, as grandes usinas de geração enviam toda
a energia produzida para uma subestação que eleva a tensão da
geração, em seguida, encaminha toda essa energia transformada
para os centros de transmissão, por meio das linhas de transmis-
são. Logo depois, a energia chega a uma subestação abaixadora
que tem a tarefa de abaixar a tensão de geração, encaminhando-a
para as linhas de distribuição de média e baixa tensão.

Com base no exposto até aqui, podemos perceber que a estrutura


básica de um SEP compreende sistemas de geração, transmissão
e distribuição de energia elétrica, o que está ilustrado de forma
compacta no diagrama unifilar da Figura 14 (KAGAN; OLIVEIRA;
ROBBA, 2005):

Figura 14 - Diagrama unifilar de um sistema elétrico de potência

Fonte: Kagan, Oliveira e Robba (2005, p.3)


42 UNIUBE

• Geração: tem a função principal de converter alguma forma


de energia (geralmente mecânica) em energia elétrica.

• Transmissão: responsável pelo transporte da energia elétrica


dos centros de produção aos de consumo.

• Distribuição: distribui a energia elétrica recebida do sistema de


transmissão aos grandes, médios e pequenos consumidores.

Perceba que esse diagrama da Figura 14 complementa a estrutura


apresentada na Figura 3, no capítulo anterior. Além disso, a simbo-
logia ilustrada na Figura 14 é convencionalmente adotada para a
representação de SEPs.

Nas seções a seguir, será descrito em detalhes cada um dos siste-


mas comentados anteriormente.

2.1.1 Sistemas de Geração

O principal objetivo associado ao sistema de geração é a obtenção


de energia elétrica a partir da conversão de alguma forma de ener-
gia, utilizando máquinas elétricas rotativas, geradores síncronos
ou alternadores, sendo o conjugado mecânico dessas máquinas
obtido por meio de um processo que geralmente utiliza turbinas
hidráulicas ou a vapor (KAGAN; OLIVEIRA; ROBBA, 2005, p.4).
UNIUBE 43

Saiba mais
A seguir, são indicados alguns vídeos que relacionam alguns dos
diversos sistemas de geração de energia conhecidos atualmente.
Assista-os pois são vídeos rápidos que ilustram, de maneira sim-
ples, o funcionamento de cada uma das fontes de energia: hidrelé-
trica, termoelétrica, nuclear, eólica e fotovoltaica.

Como funciona uma usina hidrelétrica

<https://www.youtube.com/watch?v=iYPMZamqSH4>.

<https://www.youtube.com/watch?v=1QDosHWmRcM>.

Exemplo de uma usina termoelétrica

<https://www.youtube.com/watch?v=BhwV24lmhTA>.

Funcionamento de uma Usina Nuclear

<https://www.youtube.com/watch?v=OzxiQdmTD58>.

Funcionamento da Energia Eólica

<https://www.youtube.com/watch?v=6Fc3V0-ZA7k>.

Como funciona a Energia Fotovoltaica

<https://www.youtube.com/watch?v=S7XuLW1QZew>.

Acesso em: 25 jul. 2016.

Observação: usinas hidrelétricas apresentam um tempo longo de


construção além de um custo elevado de investimento. Todavia,
seu custo operacional é extremamente baixo. Já as usinas térmi-
cas apresentam um tempo de construção e custo de investimento
menores, mas seu custo operacional é elevado, por conta do custo
com combustíveis (KAGAN; OLIVEIRA; ROBBA, 2005, p.4-5).
44 UNIUBE

Ampliando o conhecimento

A Usina Hidrelétrica de Itaipu é a líder mundial em produção de


energia limpa e renovável e, desde o início de sua operação (em
1984), já produziu mais de 2,3 bilhões de MWh. Além disso, possui
atualmente 20 unidades geradores e 14 GW de potência instalada
(como comentado anteriormente), que fornecem 15% da energia
consumida no Brasil e 75% da energia consumida no Paraguai. Em
2015, a usina produziu certa de 89,2 MWh, sendo sua maior produ-
ção estabelecida em 2013 com 98,6 milhões de MWh.

Gráfico 1 - Produção anual de energia - Gwh

Fonte: Itaipu (2016)

No link indicado, o vídeo descreve a construção da Usina Hidrelétrica


de Itaipu:

<https://www.youtube.com/watch?v=t868kON5lYA>. Acesso em:


25 jul. 2016.
UNIUBE 45

2.1.2 Sistemas de Transmissão

O sistema de transmissão apresenta como principal função o trans-


porte da energia elétrica dos centros de produção para os centros
de consumo. Além disso, deve operar de maneira interligada por
questões de confiabilidade e de possibilidade de intercâmbio entre
áreas (KAGAN; OLIVEIRA; ROBBA, 2005, p.6).

Devido ao esgotamento de reservas hídricas, geralmente localiza-


das próximas aos grandes centros de consumo, iniciou-se explo-
rações de fontes mais afastadas desses centros e, dessa forma,
foi necessário desenvolver sistemas de transmissão com um porte
melhor e maior, visto que maiores montantes de energia tiveram
que ser transmitidos por grandes distâncias (KAGAN; OLIVEIRA;
ROBBA, 2005, p.6).

Saiba mais

A seguir, é indicado o link de um vídeo que ilustra a construção de


um sistema de transmissão, particularmente a construção da linha
de transmissão Tucuruí-Manaus, um dos sistemas de transmissão
mais complexos já construídos no Brasil. Vale a pena conferir!

<https://www.youtube.com/watch?v=zxfHdS6Klqg>. Acesso em:


25 jul. 2016.
46 UNIUBE

2.1.3 Sistemas de distribuição

A seguir são apresentados cinco subsistemas relacionados aos sis-


temas de distribuição, segundo Kagan, Oliveira e Robba (2005):

• Sistema de subtransmissão: possui como principal função


a captação de energia das subestações de transmissão e a
transferência para os centros de distribuição e consumidores:
grandes instalações industriais, estações de tratamento e
bombeamento de água.

• Subestações de distribuição: são alimentadas pela rede de


substransmissão e são responsáveis pela transformação da
tensão de subtransmissão para a de distribuição primária.

• Sistemas de distribuição primária: também denominados de


redes de média tensão, atendem aos consumidores primários
e aos transformadores de distribuição, estações transformado-
ras, que suprem a rede secundária. Os consumidores primários
podem ser as indústrias de porte médio, conjuntos comerciais
(shopping centers), instalações de iluminação pública.

• Estações transformadoras: constituídas por transformadores


que reduzem a tensão primária (média tensão) para a distri-
buição secundária (ou baixa tensão). Contam com para-raios
para a proteção contra sobretensões, assim como fusíveis
para proteções contra sobrecorrentes instalados no lado pri-
mário. No secundário, deriva-se, sem nenhuma proteção, a
rede secundária.

• Redes de distribuição secundária: das estações transforma-


doras deriva a rede de baixa tensão, que irá suprir os consu-
midores residenciais, pequenos comércios e indústrias.
UNIUBE 47

Saiba mais

A fim de fortalecer seu entendimento sobre a estrutura de um SEP


- sistemas de geração, transmissão e distribuição, comentados an-
teriormente, recomendo que você faça a leitura do Capítulo 1 do
Livro de Kagan, Oliveira e Robba (2005). Acesse o link indicado,
clique em “baixe uma amostra” e você poderá baixar o referido
capítulo.

Disponível em: <https://www.blucher.com.br/livro/detalhes/intro-


ducao-aos-sistemas-de-distribuicao-de-energia-eletrica-814>.
Acesso em: 25 jul. 2016.

2.2 Tensões de transmissão – padronização

Em 1957, foi redigido um decreto no Brasil que regulamenta os ser-


viços de energia elétrica (BRASIL, 1957), no qual as concessioná-
rias de energia deveriam adotar os padrões de tensões nominais,
em 60 Hz, destacados na Tabela 1 (vale a pena destacar que os
valores contidos na tabela são valores atualizados segundo Brasil
(1973)). Percebe-se também que a tabela apresenta alguns valo-
res de tensão existentes atualmente (KAGAN; OLIVEIRA; ROBBA,
2005, p.3).
48 UNIUBE

Tabela 1 - Tensões usuais em sistemas de potência no Brasil

Área do Sistema Campo de Tensão (kV)


de Potência Aplicação Padronizada Existente
Transmissão Transmissão 750 750
500
230 440
138
Distribuição Subtransmissão 138 88
(AT) 69
34,5
Distribuição 34,5 22,5
Primária (MT) 13,8 11,9
Distribuição 0,380/0,220 0,230/0,115
Secundária (BT) 0,220/0,127 0,110

Fonte: adaptada de Kagan, Oliveira e Robba (2005, p.4)

Com relação ao sistema de geração (o qual não foi descrito na


Tabela 1), a tensão nominal usual é de 13,8 kV, contudo, tensão
de 2,2 kV até 22 kV pode ser encontrada (KAGAN; OLIVEIRA;
ROBBA, 2005, p.3).

Na Figura 15, é apresentado um mapa do sistema elétrico de trans-


missão nacional no ano de 2015 (ANEEL, 2016). No mapa, pode-
mos verificar todas as linhas de transmissão, com seus respectivos
níveis de tensão CA existentes, espalhadas pelo Brasil afora. Vale
destacar que no mapa estão contidas as linhas de transmissão que
transportam tanto tensões alternadas, quanto tensões contínuas,
assuntos da nossa próxima seção.
UNIUBE 49

Figura 15 - Mapa do sistema elétrico de transmissão brasileiro no ano de 2015

Fonte: Aneel (2016)

2.3 Tipos de transmissão em sistemas elétricos

Como comentado no capítulo anterior, os primeiros estudos relacio-


nados à transmissão de energia revelaram maiores vantagens de
transferência de energia quando considerada a corrente alternada
(CA), em comparação à corrente contínua (CC). Sendo assim, nos
dias atuais, a transmissão CA tem sido universalmente utilizada.

Contudo, a transmissão em CC tem se revelado como um alternativa


em questões de desempenho assim como de flexibilidade, principal-
mente em transmissões de longas distâncias (SATO, 2013, p.67).
50 UNIUBE

A seguir, serão descritas algumas características dos sistemas de


transmissão em CA e dos sistemas de transmissão em CC.

2.3.1 Transmissão em CA

Atualmente, muitos estudos e discussões têm sido realizados para


a escolha do melhor nível de tensão para a transmissão de energia
elétrica em CA, geralmente, em função da potência que será trans-
portada e da distância que ela percorrerá (REIS; SANTOS, 2014).

Outros aspectos também considerados para a escolha do nível são


(REIS; SANTOS, 2014):

• Particularidade dos sistemas elétricos aos quais será interli-


gada a nova linha de transmissão.

• O grau de interconexões em torno da nova linha.

• Requisitos de operação em condições normais ou emergentes.

• Confiabilidade, referente à disponibilidade e segurança.

A Figura 16 apresenta um gráfico que relaciona o custo total da


transmissão em CA em função da potência a ser transmitida, con-
siderando três níveis de tensão específicos: 500 kV, 750 kV e 1000
kV, e distâncias superiores a 1 km (REIS; SANTOS, 2014).
UNIUBE 51

Figura 16 - Relação de custo x potência x tensão

Fonte: Reis e Santos (2014)

Com base nessa figura, podemos notar que, para potências até
1.500 MW, a tensão mais econômica para a transmissão CA seria
de 500 kV; já para potências entre 1.500 a 3.500 MW, a tensão
mais econômica seria de 750 kV e, por fim, para potências acima
de 3.500 MW, a tensão mais econômica seria de 1.000 kV.

Compensação de reativos (indutivos ou capacitivos), estabilidade


entre os geradores do sistema, níveis de curto-circuito e confiabili-
dade são alguns dos problemas encontrados para o planejamento
de sistemas de transmissão em CA, bem como para a definição do
nível de tensão e do número de circuitos necessários à rede (REIS;
SANTOS, 2014).

2.3.2 Transmissão em CC

Mesmo com a enorme utilização da transmissão CA em SEPs, exis-


tem casos em que esta transmissão apresenta limitações (técnicas
ou econômicas). Com relação às limitações técnicas, podemos
52 UNIUBE

citar o caso da interconexão de redes com frequências diferencia-


das. Com relação ao aspecto econômico, para a transmissão de
energia a longas distâncias, é mais vantajosa a transmissão via CC
(REIS; SANTOS, 2014).

Dentre as principais aplicações da transmissão CC em SEPs, des-


tacam-se (REIS; SANTOS, 2014):

• Interconexão de sistemas que possuam diferentes frequên-


cias entre si ou interligação de redes com mesma frequência
para as quais é desejada uma operação assíncrona ou haja a
necessidade de uma.

• Transmissão de potência a longas ou muito longas distâncias


por meio de linhas aéreas.

• Transmissão por cabos subterrâneos ou subaquáticos.

• Controle do fluxo de potência em interligações regionais (en-


tre sistemas distintos, concessionárias etc.) com o controle
das frequências correspondentes.

• Combinações entre as aplicações anteriores em um mesmo


projeto.

Comparando linhas de transmissão em CC com as de transmissão


em CA, considerando um mesmo nível de energia transportada, do
ponto de vista das linhas em si (custo por quilometragem), a trans-
missão em CC é mais barata, pois possui menos condutores, além
de torres mais leves. Contudo, avaliando os equipamentos e siste-
mas adicionais, por exemplo, subestações, compensação reativa,
filtros, o sistema de transmissão CC se torna mais caro.
UNIUBE 53

Considere a Figura 17, que relaciona o tipo de linha de transmissão


mais econômica em função da distância da linha.

Figura 17 - Relação de custo da linha de transmissão em função da distância da linha

Fonte: Reis e Santos (2014)

Com base nessa última Figura, podemos perceber que acima de


uma dada distância, em torno de 700 ou 800 km, torna-se menos
custosa a transmissão via CC. Abaixo dessa quilometragem, as
linhas CA são menos custosas (REIS; SANTOS, 2014).

Saiba mais

A seguir gostaria que você fizesse a leitura de uma matéria que


fala a respeito da adoção de corrente contínua na transmissão de
energia elétrica no Brasil, feita pela Faculdade de Engenharia da
Universidade de São Paulo (Escola Politécnica).

Disponível em: <http://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/


noticia.php?artigo=brasil-corrente-continua-transmissao-energia#.
V2afAPkrLIU>. Acesso em: 25 jul. 2016.
54 UNIUBE

Também gostaria de indicar um Trabalho de Conclusão de Curso


que realizou um estudo comparativo entre transmissões CA e CC.
Vale a pena conferir!

Disponível em: <http://repositorio.unesp.br/bitstream/hand-


le/11449/121076/000734882.pdf?sequence=1>. Acesso em: 25 jul.
2016.

Considerações finais

Este capítulo objetivou a descrição de conceitos dos seguintes as-


pectos: i) a estrutura geral de um sistema elétrico; ii) o padrões de
tensão de SEPs; iii) características dos tipos de sistemas de trans-
missão adotados em SEPs.

No que diz respeito à estrutura de um SEP, foi apresentado um


exemplo de geração de energia por uma hidrelétrica. Nesse siste-
ma, existe uma usina de produção de energia interconectada com
uma subestação elevadora de tensão, que por sua vez encami-
nha a energia, por meio de linhas de transmissão, para centros de
transmissão. Logo após, a energia alcança uma subestação abai-
xadora de tensão, que encaminha a energia para linhas de distri-
buição. Em seguida, foi comentado de forma resumida a respeito
dos sistemas de geração, transmissão e distribuição, integrantes
de um SEP.

Na segunda seção do capítulo, foram apresentados detalhes sobre


um padrão de níveis de tensão adotados aqui no Brasil para cada
uma das partes de um SEP, sendo também exposto um mapa com
as principais linhas de transmissão, com seus respectivos níveis de
tensão adotados .
UNIUBE 55

No final, comentamos sobre as principais características dos sis-


temas de transmissão em CA e também em CC, destacando suas
principais vantagens e desvantagens.

No capítulo seguinte, veremos os aspectos relacionados aos tipos


e arranjos de subestações, além dos principais equipamentos ado-
tados nessas estruturas.
Subestações
Capítulo
3

Bruno Leandro Galvão Costa

Introdução
Particularmente, neste capítulo, iremos estudar a respeito
das “Subestações Elétricas”. A ideia central é lhe fornecer
informações sobre os principais conceitos relacionados a
subestações, visto que é um tema de grande importância no
cenário de sistemas elétricos.
Primeiramente, alguns conceitos iniciais sobre subestações serão
considerados, destacando sua importância perante o sistema
elétrico, componentes utilizados e definição.
Na sequência, iremos analisar a classificação de subestações,
no que se refere ao nível de tensão, à relação entre níveis de
tensão de entrada e saída, bem como quanto à função do sistema
elétrico, tipo de instalação, tipo construtivo de equipamentos e, por
fim, quanto à modalidade de comando.
Estudaremos também a respeito de alguns arranjos físicos
de subestações comumente adotadas para o projeto de uma
subestação, tais como em barras simples, em barra principal e
transferência, em barra dupla com disjuntor simples, em barra
dupla com disjuntor duplo, em anéis simples e em anéis múltiplos.
E, por fim, veremos alguns dos principais equipamentos adotados
em subestações, sendo eles: transformadores (de potência, de
corrente e de potencial), seccionadores, disjuntores, para-raios
e buchas.
Você também encontrará no decorrer do capítulo várias
sugestões de materiais complementares ao tema, que podem ser
considerados em seus estudos para melhor assimilar os diversos
conteúdos aqui expostos.

Objetivos
• Entender aspectos gerais sobre subestações:
• Definição de subestações.

• Analisar a classificação de subestações de acordo com:


• Níveis de tensão.
• Relação entre níveis de tensão de entrada e saída.
• Função no SEP.
• Tipo de instalação.
• Tipo construtivo de equipamentos.
• Modalidade de comando.

• Verificar alguns dos principais arranjos físicos de


subestações:
• Barra simples.
• Barra principal e transferência.
• Barra dupla com disjuntor simples.
• Barra dupla com disjuntor duplo.
• Anéis simples.
• Anéis múltiplos.

• Analisar alguns dos principais equipamentos adotados


em subestações:
• Transformadores (de potência, de corrente e de
potencial).
UNIUBE 59

• Seccionadores.
• Disjuntores.
• Para-raios.
• Buchas.

Esquema
3.1 Conceitos iniciais sobre subestações
3.2 Classificação das subestações
3.2.1 Quanto ao nível de tensão
3.2.2 Quanto à relação entre os níveis de tensão de
entrada e saída
3.2.3 Quanto à função em relação ao sistema elétrico
global
3.2.4 Quanto ao tipo de instalação
3.2.5 Quanto ao tipo construtivo de equipamentos
3.2.6 Quanto à modalidade de comando
3.3 Arranjos de subestações
3.3.1 Barra simples (BS)
3.3.2 Barra principal e transferência (BP+T)
3.3.3 Barra dupla com disjuntor simples (BD-Ds)
3.3.4 Barra dupla com disjuntor duplo (BD-Dd)
3.3.5 Anéis simples (AN)
3.3.6 Anéis múltiplos (ANM)
3.4 Equipamentos usados em subestações
3.4.1 Transformadores
3.4.1.1 Transformadores de potência
3.4.1.2 Transformadores de corrente (TC) e de potencial
(TP)
3.4.2 Seccionadores
3.4.3 Disjuntores
3.4.4 Para-raios
3.4.5 Buchas
60 UNIUBE

3.1 Conceitos iniciais sobre subestações

Subestações são consideradas um dos componentes principais


de sistemas de energia, em conjunto com usinas de geração.
Compõem transformadores de potência, transformadores de cor-
rente e potencial, sistemas de proteção e controle, e equipamen-
tos de comutação (tais como disjuntores e seccionadores). Diante
disso, a operação correta de todos esses componentes deve ser
garantida durante o período de vida da instalação (OMICRON
ENERGY, 2012).

Durante esse período de vida da estação, as medições constituem-


se como parte de atividades de manutenção periódicas. Logo, tes-
tes são realizados constantemente nos componentes fundamen-
tais da instalação (OMICRON ENERGY, 2012).

Uma subestação pode ser definida, de forma genérica, como


(FRONTIN, 2013, p.80): “Um conjunto de sistemas específicos e
interdependentes concebidos para a atender a um objetivo comum:
servir ao sistema elétrico da melhor maneira possível, atendendo
aos seus requisitos no limite dos custos”.

O projeto de uma subestação é uma tarefa não trivial e multidisci-


plinar que envolve conhecimento técnico especializado de diver-
sos profissionais das áreas: civil, elétrica, mecânica, comunicação,
entre outros (FRONTIN, 2013). Logo, por em funcionamento uma
subestação é uma tarefa fundamental, a qual exige que todos os
componentes sejam testados e que haja uma interação garantida
entre eles (OMICRON ENERGY, 2012).
UNIUBE 61

Saiba mais

Gostaria de indicar a você um vídeo que ilustra alguns aspectos


sobre subestações de energia. Particularmente neste vídeo, são
abordados conceitos sobre testes de TCs e TPs de medição e pro-
teção, além de outros detalhes: interligamento entre disjuntores e
sistemas de proteção e controle de subestações.

Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=S5-


9-vTLKBc>. (5:57)

Observação: o vídeo se inicia em 1:00

3.2 Classificação das subestações

No que se refere à classificação de subestações, existem basica-


mente seis formas de caracterização, de acordo com Muzy (2012):
i) quanto ao nível de tensão; ii) quanto à relação entre os níveis de
tensão de entrada e saída; iii) quanto à função em relação ao sis-
tema elétrico global; iv) quanto ao tipo de instalação; v) quanto ao
tipo construtivo de equipamentos; vi) quanto à modalidade de co-
mando. Cada uma dessas classificações será comentada a seguir.

3.2.1 Quanto ao Nível de Tensão

Subestações podem ser classificadas de acordo com seus níveis


de tensão de operação (MUZY, 2012, pp.6-8):

• Baixa tensão: com nível de tensão até 1 kV.


62 UNIUBE

• Média tensão: com nível de tensão de 1 kV a 34,5 kV (tipica-


mente com 6,6 kV; 13,8 kV; 23 kV e 34,5 kV).

• Alta tensão: com nível de tensão de 34,5 kV a 230 kV (tipica-


mente com 69 kV, 138 kV e 230 kV).

• Extra-alta tensão: com níveis superiores a 230 kV (tipicamen-


te com 345 kV, 440 kV, 500 kV e 750 kV).

3.2.2 Quanto à Relação Entre os Níveis


de Tensão de Entrada e Saída

As subestações também podem ser classificadas com base na re-


lação entre os níveis de tensão de entrada e saída, podendo ser
(MUZY, 2012, pp.8-9):

• Subestações de manobra: interligam circuitos de suprimen-


to sob o mesmo nível de tensão, possibilitando sua multipli-
cação. Utilizadas também para seccionar circuitos, possibi-
litando sua energização em trechos sucessivos de menores
comprimentos.

• Subestações elevadoras: localizadas próximas às usinas de


geração de energia, possuem como principal função a ele-
vação das tensões de geração para níveis de transmissão e
subtransmissão.

• Subestações abaixadoras: localizadas nas periferias dos cen-


tros consumidores, possuem como principal função a diminui-
ção dos níveis de tensão de subtransmissão.
UNIUBE 63

3.2.3 Quanto à Função em Relação ao Sistema Elétrico Global

Existe outra classificação que relaciona subestações com suas res-


pectivas funções no sistema elétrico global (MUZY, 2012, pp.10-11).

• Subestações de transmissão: aquelas que recebem a energia


da geração e encaminham para a transmissão. Nesse caso,
utiliza grandes transformadores para a elevação de tensão.

• Subestações de subtransmissão: conectadas às linhas de


substransmissão, nas quais flui energia elétrica das subesta-
ções de transmissão, e estas encaminham para a distribuição.

• Subestações de distribuição: aquelas que enviam energia elé-


trica diretamente ao consumidor (ou cargas). Possuem como
função o abaixamento da tensão.

3.2.4 Quanto ao Tipo de Instalação

Essa categoria diz respeito aos locais onde as subestações são


instaladas (MUZY, 2012, p.11-12).

• Externas ou a céu aberto (Figura 18): construídas em locais


amplos ao ar livre. Seus equipamentos são dedicados para
o funcionamento em condições atmosféricas adversas (tais
como chuva, vento, poluição etc.), que degradam os mate-
riais. Geralmente, necessitam de manutenções constantes.

• Internas: construídas em localidades abrigadas (cabines me-


tálicas, isoladas a gás), nas quais são instalados os equi-
pamentos, dessa forma, não estão sujeitos a quaisquer
64 UNIUBE

condições climáticas. Tais localidades abrigadas podem ser


edificações ou câmaras subterrâneas. Tais subestações po-
dem ser de cabines metálicas ou isoladas a gás.

Figura 18 – Exemplo de uma subestação a céu aberto: SUAPE III (Ipojuca-PE)

Fonte: Subestação… (s./d.)

Ampliando o conhecimento

Para que você tenha uma ideia de como é uma subestação elétrica
a céu aberta, veja os vídeos a seguir, que apresentam principal-
mente a subestação SUAPE III em Ipojuca-PE.

Subestações SUAPE II e III - CHESF

Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=tQo70eID-


Qow>. Acesso em: 25 jul. 2016.

Subestação SUAPE III

Disponível em: <https://vimeo.com/105965981>. Acesso em: 25 jul. 2016.


UNIUBE 65

3.2.5 Quanto ao Tipo Construtivo de Equipamentos

Como o nome sugere, essa classificação refere-se aos equipa-


mentos instalados, diferenciados de acordo com a potência, confi-
guração construtiva e função. Para esse caso, existem duas clas-
sificações de subestações: convencionais e em cabine metálica
(denominada também de blindada) (MUZY, 2012, p.12-14):

• Convencionais: são as mais consideradas, instaladas a céu


aberto, possuindo o ar como meio isolante entre os equipa-
mentos. Geralmente, ocupam um grande espaço físico.
• Cabine blindada: diferentemente do ar como meio isolante,
foram criadas subestações blindadas que consistiam de um
meio isolante a gás (geralmente o hexafluoreto de enxofre
– SF6), fechado e blindado, permitindo a compactação das
instalações.

3.2.6 Quanto à Modalidade de Comando

Nesse aspecto, as subestações podem ser classificadas como: com


operador, semiautomatizadas e automatizadas (MUZY, 2012, p.14):

• Subestações com operador: exigem alto nível de treinamento


de pessoal, além de utilizarem computadores na supervisão
e operação.
• Semiautomatizadas: possuem computadores ou intertrava-
mentos eletromecânicos que impedem operações indevidas
por parte do operador local.
• Automatizadas: supervisionadas à distância por intermédio
de computadores.
66 UNIUBE

Ampliando o conhecimento
Para que você assimile melhor os conhecimentos sobre classifi-
cações de subestações, gostaria que você pudesse ler o artigo
“Tópicos de sistemas de transmissão e de distribuição de energia
elétrica” (particularmente a página 56), o qual pode ser encontrado
no seguinte link:
<http://www.osetoreletrico.com.br/web/documentos/fasciculos/
Ed74_fasc_distribuicao_cap2.pdf>. Acesso em: 25 jul. 2016.
Você irá perceber que ele apresenta uma classificação de subesta-
ções levemente diferenciada daquela considerada neste capítulo.
Se você fizer buscas em outras referências, irá perceber que vários
autores apresentam outras estruturas de classificação, mas que na
realidade apresentam aspectos similares entre si.

3.3 Arranjos de subestações

Uma vez realizados os estudos específicos para o desenvolvimento


de uma dada subestação, é necessário que seja definida também
a configuração de barra dessa subestação, além de seus equipa-
mentos específicos (FRONTIN, 2013, p.80).

Dessa forma, neste momento, é definido o arranjo físico da subes-


tação, que inclui (FRONTIN, 2013, p.80):

• sistema de comando, controle e proteção;


• a malha de terra;
• serviços auxiliares;
• estruturas de alvenaria;
• instalações secundárias;
• infraestrutura em geral;
UNIUBE 67

O termo “configuração de barra” é associado à forma com que os equi-


pamentos estão conectados aos pátios de manobra, em outras pala-
vras, a conectividade elétrica da subestação (FRONTIN, 2013, p.81).

Por sua vez, o termo “arranjo físico” refere-se à forma com que os
equipamentos estão dispostos fisicamente nos pátios de mano-
bra, conforme a configuração de barra definida de uma subestação
(FRONTIN, 2013, p.82). Contudo, pode ser que você encontre várias
referências que definem arranjo físico como sendo ambas, tanto co-
nectividade elétrica quanto disposição física de equipamentos, ok?!

As configurações de barra de subestações são divididas em dois


grandes grupos (FRONTIN, 2013, p.85):

1. Configurações com conectividade concentrada: contingên-


cias simples externas, no geral, são menos severas do que
as contingências simples internas, em que normalmente ocor-
re grande perda de circuitos. Exemplos de configurações de
barras: barra simples e barra dupla disjuntor simples.

2. Configurações com conectividade distribuída: contingências


simples externas ou internas, normalmente não provocam
grande perda de circuitos, porém as contingências duplas po-
dem provocar grandes perdas de circuitos, bem como a forma-
ção de ilhas elétricas no sistema. Exemplos de configurações
de barras: anel simples e barra dupla com disjuntor e meio.

Observação: as contingências são eventos em equipamentos do


sistema que deixam de operar por atuação de proteções devido
a algum problema, que pode acontecer a qualquer momento em
SEPs (BATISTA, 2008).

A seguir, veremos as principais configurações de barras de subes-


tações para sistemas de média, alta e extra-alta tensão.
68 UNIUBE

3.3.1 Barra Simples (BS)

Esse arranjo, ilustrado na Figura 19(a), é uma das mais simples


configurações de barra em subestações (de pequeno porte, média
e alta tensão), geralmente aplicado em subestações de distribuição
ou subestações industriais para atendimento de cargas específicas
(FRONTIN, 2013, p.85).

Na Figura 19(a), são mostradas duas linhas de transmissão, LT-1


e LT-2, alimentando dois transformadores (comumente denomi-
nados de trafos) TR-1 e TR-2, respectivamente, que se conectam
a uma mesma barra, sendo essa uma característica do esquema
BS. Note também que existem quatro disjuntores D1, D2, D3 e D4.
Caso haja alguma falta ou quando for efetuada uma manutenção
de um dado disjuntor, os circuitos são desligados do sistema e,
dessa forma, a subestação fica indisponível.

Devido a isso, alguns recursos podem ser adicionados para a me-


lhoria da flexibilidade operativa. Tais soluções estão indicadas na
Figura 19(b), sendo elas:

• A introdução de um seccionamento de barra, por meio da cha-


ve seccionadora S1. Nesse caso, na presença de falha na
barra, parte da subestação pode ser recuperada.

• Instalação de chaves by-pass nos disjuntores, chave secciona-


dora S2, para possibilitar manutenções e reparos nos disjun-
tores, sem o desligamento dos elementos de transmissão.

• Instalação de uma chave transversal entre os trafos, chave


seccionadora S3, possibilitando que um disjuntor proteja os
trafos temporariamente.
UNIUBE 69

Figura 19 – Configuração em: (a) barra simples e (b) barra simples com melhorias

Fonte: adaptada de Frontin (2013, p. 85-86)

Algumas características do arranjo BS são:

• Uma menor área é necessária para a implantação da


subestação.

• Possui instalações simples, consequentemente, custos


reduzidos.

• Manobras simples (ligar e desligar circuitos alimentadores,


geralmente).

• Falha no barramento ou disjuntor ocasiona o desligamento da


subestação.

• A ampliação do barramento não pode ser realizada sem a


desenergização total da subestação.
70 UNIUBE

3.3.2 Barra Principal e Transferência (BP+T)

A Figura 20 ilustra o arranjo BP+T, geralmente utilizado em subes-


tações de média e alta tensão, mas que pode ser encontrado em
algumas subestações brasileiras (FRONTIN, 2013, p.86).

Analisando rapidamente o arranjo BP+T com o visto anteriormente


(BS), podemos perceber que o arranjo BP+T é um pouco mais sofisti-
cado, uma vez que agora uma nova barra foi acrescentada. O arranjo
BP+T possibilita que sejam feitas manutenções nos disjuntores, mas
apenas um por vez. O procedimento acontece da seguinte forma: i)
é escolhido o disjuntor em que será feita a manutenção; ii) a chave
“by-pass” do respectivo disjuntor é liberada e, em seguida, iii) ocorre a
liberação do disjuntor de transferência (nesse caso representado por
D5). Como exemplo, vamos supor que se deseja realizar a manuten-
ção do disjuntor D2. Neste caso, a chave by-pass S2 irá ser acionada
(ligada) e, além disso, o disjuntor de transferência D5 será habilitado,
para que o ocorra o fluxo de energia para o trafo TR-1.

Figura 21 – Configuração em barra principal e barra de transferência

Fonte: adaptada de Frontin (2013, p. 87)


UNIUBE 71

Algumas características do arranjo BP+T são:

• Flexibilidade para manutenção e reparos (dos disjuntores).

• Flexibilidade operativa limitada.

• Para a expansão da subestação, é necessário impor desliga-


mentos do sistema.

• Para trocar disjuntores, manobras mais sofisticadas são


necessárias.

• Falhas no barramento ou disjuntor resultam no desligamento


da subestação.

3.3.3 Barra Dupla com Disjuntor Simples (BD-Ds)

Esse arranjo, ilustrado na Figura 22, é comumente adotado em usi-


nas geradoras e na indústria. Permite uma flexibilidade com ambas
as barras (B1 e B2) em operação, possibilitando a manutenção iso-
lada de qualquer uma delas. Uma vantagem da estrutura é a facili-
dade em transferência de circuitos da barra B1 para a barra B2, por
exemplo, neste caso manobrando o disjuntor de transferência (D5)
e as chaves (MUZY, 2012, p.56).
72 UNIUBE

Figura 22 - Configuração em barra dupla com disjuntor simples

Fonte: adaptada de Muzy (2012, p. 57)

No que se refere à manutenção de disjuntores, necessariamente o


circuito deve ser desenergizado. Já com relação à manutenção das
barras, como comentado anteriormente, com a estrutura BD-Ds,
não é necessário desligar a subestação.

Como exemplo, considere que é desejado realizar a manutenção


na barra B1. Dessa forma, é necessário transferir os circuitos de B1
para B2, um de cada vez. Considere primeiro o circuito de LT-1 até
TR-1. Inicialmente, verifica-se o sincronismo entre as barras; em
seguida, o disjuntor D5 é fechado juntamente com o seccionador
S12 (que está interligado à barra B2); por sua vez, o seccionador
acoplado à barra B1 será aberto S11; logo após, D5 e S21 serão
abertos (visando desacoplar o circuito da barra B1), e S22 será
fechado; assim esse circuito já está ligado à barra B2. Um procedi-
mento similar é realizado também para o circuito de LT-2 até TR-2.
Quando os dois circuitos estiverem transferidos para a barra B2, B1
será levado para manutenção.
UNIUBE 73

3.3.4 Barra Dupla com Disjuntor Duplo (BD-Dd)

O arranjo BD-Dd (Figura 23) possui como principal vantagem ser


um arranjo completo e muito mais flexível e confiável do que os an-
teriores. Contudo, é a alternativa mais cara, sendo encontrado em
aplicações de grandes potências, nas quais torna-se necessária a
continuidade de fornecimento (MUZY, 2012, p.61).

Diferentemente, dos arranjos anteriores, essa estrutura não neces-


sita de um disjuntor de transferência (que interliga as duas barras).
No caso de manutenção de um dado disjuntor do circuito, basta
abri-lo do circuito e, dessa forma, toda a energia será enviada para
o ramo ao lado.

Caso seja necessário realizar a manutenção de uma barra, basta


que os disjuntores ligados a determinada barra sejam desligados.

Figura 23 - Configuração em barra dupla com disjuntor duplo

Fonte: adaptada de Muzy (2012, p. 62)


74 UNIUBE

3.3.5 Anéis Simples (AN)

Essa configuração (Figura 24) possui vários circuitos e vários sec-


cionadores, sendo composta por um pequeno número de circuitos,
além de ser de baixo custo. Nessa estrutura, qualquer disjuntor
pode ser removido para manutenção, sem que a energia na carga
seja interrompida. Possui a vantagem de não necessitar de uma
barra principal (MUZY, 2012, p.65).

Para a manutenção de disjuntores, sem que seja necessário


desligar todo o circuito, basta que um deles seja retirado do circuito
e, neste caso, que este seja ligado ao ramo do anel. Perceba que
existem alguns seccionadores de isolamento em todas as saídas,
que permitem a recomposição do anel caso seja necessário deixar
uma saída desligada provisoriamente (MUZY, 2012, p.66).

Figura 24 - Configuração em anéis simples

Fonte: adaptada de Muzy (2012, p. 66)


UNIUBE 75

3.3.6 Anéis Múltiplos (ANM)

Basicamente, possui uma estrutura similar ao esquema AN, sendo


ilustrado na Figura 25, com uma diferença em termos de operação,
pois permite uma maior variedade de operações entre anéis, sem
que seja necessário desenergizar o sistema. Com uma das carac-
terísticas, o arranjo ANM facilita a expansão de uma subestação
(MUZY, 2012, p.67).

No tocante à manutenção dos disjuntores, o processo é similar ao


comentado anteriormente para o arranjo AN. Caso seja necessário
fazer a manutenção de um disjuntor, basta retirá-lo, e dessa forma
a energia encontrará outros caminhos para se locomover.

Figura 25 - Configuração em anéis múltiplos

Fonte: adaptado de Muzy (2012, p. 67)


76 UNIUBE

3.3.4 Equipamentos usados em subestações

Como sabemos, uma subestação é dotada de diversos equipa-


mentos necessários para a sua operação. A seguir, serão descritas
informações a respeito de alguns dos principais equipamentos co-
mumente utilizados em subestações, tais como: transformadores
(de potência, de corrente e de potencial), seccionadores, disjunto-
res, para-raios e buchas.

3.4.1 Transformadores

3.4.1.1 Transformadores de potência

Como temos visto, nos SEPs existem algumas etapas em que é


primordial que se realize transformação de tensões (elevação ou
diminuição). Para esse propósito, são considerados os transforma-
dores de potência, dispositivos que possibilitam a conversão de
energia elétrica.

De acordo com Fitzgerald, Kingsley Jr. e Umans (2003, p.69-70),


um transformador (Figura 26) é constituído por dois ou mais circui-
tos (ou enrolamentos) que são acoplados em um circuito magné-
tico comum. Se um dos enrolamentos, nesse caso o primário, for
conectado com fonte de tensão alternada, será produzido um fluxo
alternado (sendo a amplitude dependente da tensão, da frequência
e do número de espiras do lado primário), que consequentemente
irá influenciar o fluxo do enrolamento secundário, induzindo nesse
circuito uma tensão (cujo valor depende do número de espiras do
lado secundário, da magnitude do fluxo comum e da frequência).

Como é conhecido, transformadores de potência são importantes


UNIUBE 77

para a segurança assim como para o funcionamento correto de


aparelhos, sendo fundamental também para sistemas de forneci-
mento energético (TECNOGERA, 2016).

Figura 26 - Exemplo de transformador de potência

Fonte: Transformadores… (s./d.)

3.4.1.2 Transformadores de corrente (TC) e de potencial (TP)

Tais transformadores são utilizados frequentemente para aplicações


de instrumentação, visando compatibilizar os valores de tensão e
corrente em valores apropriados de medição ou proteção, de forma
exata e precisa (FITZGERALD; KINGSLEY JR.; UMANS, 2003).

Particularmente, transformadores de corrente (Figura 27) operam


com o secundário sobre cargas com impedância interna bem redu-
zida, como bobinas de amperímetros, bobinas de corrente de relés
etc. (SIMONE, 1998). Possuem poucas espiras do lado primário,
sendo a bitola compatível com a corrente do circuito principal. O TC
sempre será conectado em série com esse circuito. Por sua vez,
78 UNIUBE

o enrolamento secundário possui diversas espiras (de um fio fino).


A impedância interna do equipamento acoplado ao secundário é
bem pequena (dessa forma, o secundário está praticamente em
curto-circuito).

Figura 27 - Exemplo de transformador de corrente

Fonte: Current… (s./d.)

Já os transformadores de potencial (Figura 28) operam com o se-


cundário sobre cargas de elevadas impedâncias, como bobinas de
voltímetros, bobinas voltimétricas dos relés etc. (SIMONE, 1998).
Diferentemente dos TCs, os TPs possuem um elevado número de
espiras do lado primário adequado à tensão de operação da rede a
qual ele estará acoplado. Do lado secundário, existem menos espiras,
adequados conforme a tensão do equipamento que será acoplado.
UNIUBE 79

Figura 28 - Exemplo de transformador de potencial – Indutivo

Fonte: Inductive… (s./d.)

Saiba mais

Caso queira saber um pouco mais sobre transformadores de cor-


rente e potencial, sugiro que acesse o seguinte link com as notas
de aulas do Prof. Carlos:

<http://www.joinville.udesc.br/portal/professores/carlos_roberto/
materiais/Transformadores_Para_Instrumentos2.pdf>. Acesso em:
26 jul. 2016.

3.4.2 Seccionadores

Caracterizados por serem dispositivos responsáveis por operações


de fechamento, abertura ou transferência de ligações de um circui-
to, sendo que estas acontecem mediante a abertura do circuito por
meio de um dispositivo, nesse caso, o disjuntor (MUZY, 2012, p.30).
80 UNIUBE

De acordo com a norma NBR 6935 (1985, p.2-3), um seccionador


pode ser definido como sendo um dispositivo mecânico de manobra
capaz de abrir e fechar circuitos quando uma corrente é interrom-
pida ou reestabelecida ou quando não ocorre variação de tensão
significativa através dos terminais de cada polo do seccionador.
Além disso, possibilita a condução de correntes sob condições nor-
mais do circuitos e correntes sob condições anormais (como as de
curto-circuito).

Existem diversas funções de uma chave seccionadora (Figura 29)


dentro de uma subestação, sendo uma das principais o secciona-
mento de circuitos por necessidade operativa (manutenção, por
exemplo) ou de isolamento de componentes do sistema (MUZY,
2012, p.31).

Figura 29 - Exemplo de chave seccionadora tripolar.

Fonte: Chave… (s./d.)


UNIUBE 81

3.4.3 Disjuntores

Os disjuntores (Figura 30) podem ser vistos como os principais


equipamentos de segurança de uma subestação e também como
os mais eficientes dispositivos de manobra em sistemas elétricos.
Possibilitam a condução e o interrompimento de energia elétrica,
sendo utilizados para controlar circuitos (ligando e desligando em
diversas condições) (MUZY, 2012, p.42).

Além disso, geralmente são instalados com o acompanhamento


dos relés, componentes que detectam correntes elétricas de um
circuito e acionam ou não o disjuntor. Caso o relé não seja insta-
lado com o seu respectivo disjuntor, este fará a função apenas de
chave de manobra, e não possuirá proteção (MUZY, 2012, p.42).

Figura 30 - Exemplo de disjuntor de alta tensão

Fonte: Manutenção… (s/d)


82 UNIUBE

3.4.4 Para-raios

Os para-raios (Figura 31), denominados também de supressores


de surtos de tensão, são os componentes responsáveis pelo con-
trole de parte das sobretensões existentes nos sistemas elétricos,
sendo instalados para impedir que os equipamentos de uma su-
bestação sejam danificados, e atuam como limitadores de tensão,
impossibilitando que tensões acima de um dado valor possam al-
cançar os equipamentos (FRONTIN, 2013, p. 414).

Particularmente, durante sua operação normal, o para-raios é se-


melhante a um circuito aberto. Contudo, quando ocorre uma sobre-
tensão, circula pelo seu circuito uma corrente de descarga, impe-
dindo dessa forma que a tensão nos terminais desse equipamento
ultrapasse um dado valor (FRONTIN, 2013, p.415).

Figura 31 - Exemplo de um para-raio

Fonte: Projetos... (s/d)


UNIUBE 83

3.4.5 Buchas

De acordo com Fronte (2013, p.330), as buchas (Figura 32) podem


ser vistas como equipamentos utilizados para a condução de ten-
são e corrente através de uma parede aterrada, ou seja, dispositi-
vos isolados que permitem a passagem segura de energia elétrica
através de uma parede aterrada (por exemplo, de edifícios, tanque
de transformador etc.).

Devem ser capazes também de conduzir correntes dos dispositivos


em plena operação, assim como em sobrecarga, mantendo isola-
ção, tanto para tensões nominais quanto para sobretensões e, por
fim, resistindo a esforços mecânicos (FRONTI, 2013, p.330)

Buchas de paredes são geralmente conectadas em série, enquan-


to que as de equipamentos (transformadores, por exemplo) podem
ser acopladas tanto em série quanto em paralelo.

Figura 32 - Exemplo de buchas de subestações

Fonte: Frontin (2013, p.329)


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Saiba mais

Recomendo que você leia a monografia de Gustavo Muzy, apre-


sentada no curso de Engenharia Elétrica da UFRJ, a qual apresen-
ta muitos conceitos que foram abordados neste capítulo.

No capítulo 3 você irá encontrar mais descrições sobre classi-


ficação de subestações. Já no capítulo 4, são detalhados vários
equipamentos de subestações (neste capítulo o autor comenta a
respeito de um equipamento que não foi visto aqui: o resistor de
aterramento. Peço que dê uma olhada nele). No capítulo 5, são
dadas informações a respeito dos tipos de arranjo de subestações.
Vale ressaltar que neste trabalho foi feito um estudo bem detalhado
sobre o tema “Subestações Elétricas”.

Disponível em: <http://monografias.poli.ufrj.br/monografias/mono-


poli10005233.pdf>. Acesso em: 26 jul. 2016.

Também gostaria que você pudesse ler algumas partes do livro de


Sérgio Frontin, disponível no link a seguir:

<http://institucional.taesa.com.br/site/wp-content/uploads/livro/
INOVAEQ_Livro_Completo.pdf>. Acesso em: 26 jul. 2016.

Particularmente no capítulo 2, você encontrará informações bem


completas sobre os tipos de arranjo utilizados em subestações,
principalmente alguns que não foram comentados neste capítulo.

Além disso, do capítulo 5 ao 15, o livro descreve diversos aspec-


tos de equipamentos utilizados em subestações, novamente de
uma maneira bem completa, trazendo informações sobre alguns
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equipamentos que não foram descritos no decorrer deste capítulo,


tais como: reatores em derivação, capacitores em derivação e sé-
rie, dispositivos FACTS.

No link a seguir, você poderá encontrar mais informações a respei-


to de Subestações:

<http://www.joinville.ifsc.edu.br/~edsonh/Repositorio/PIP-
Projeto_e_Instalacoes_Eletricas_Prediais/Material%20de%20
Aula/Parte_I_GTD/Complemento/IVDistribuicao.pdf>. Acesso em:
26 jul. 2016.

E, por fim, gostaria de indicar alguns vídeos que apresentam as


subestações de energia elétrica, para que você possa assimilar de
forma mais concreta os principais componentes, assim como as-
pectos de funcionamento:

1) Subestação da Escola Politécnica - UFBA

<https://www.youtube.com/watch?v=0aOk2tV35oM>.

2) Subestação abaixadora (13,8KV para 220V)

<https://www.youtube.com/watch?v=VW1Qz3tlkKU>.

3) Explicação sobre uma Subestação

<https://www.youtube.com/watch?v=b-WtqD6M538>.

4) Experiência chaves fusíveis

<https://www.youtube.com/watch?v=8f5aM4jXYCw>.
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5) Cabines primárias

<https://www.youtube.com/watch?v=rzu_rTPscHM>.

Acesso em: 26 jul. 2016.

Considerações finais

Neste capítulo, foram analisados diversos aspectos relacionados


às Subestações Elétricas. Inicialmente, comentamos sobre alguns
conceitos gerais, tais como importância das subestações para um
SEP e definição.

Em seguida, foi dado enfoque para a classificação de subestações:


i) quanto ao nível de tensão; ii) relação entre níveis de tensão de
entrada e saída; iii) quanto à função em relação ao sistema elétrico;
iv) quanto ao tipo de instalação; v) tipo construtivo de equipamen-
tos; vi) quanto à modalidade de comando.

Na seção seguinte, foram apresentados alguns dos principais ar-


ranjos físicos de subestações, importante aspecto a ser considera-
do para o projeto de subestações: i) barras simples; ii) barra princi-
pal e transferência; iii) barra dupla com disjuntor simples; iv) barra
dupla com disjuntor duplo; v) anéis simples; vi) anéis múltiplos.

Na última seção do capítulo, objetivou-se a descrição geral de al-


guns dos principais componentes de uma subestação: i) transfor-
madores (de potência, de corrente e de potencial); ii) seccionado-
res; iii) disjuntores; iv) para-raios; v) buchas.
Conceitos sobre sistemas
Capítulo
4
de transmissão de energia
elétrica

Bruno Leandro Galvão Costa

Introdução
No presente capítulo, serão abordados de forma detalhada
alguns dos principais conceitos relacionados aos “Sistemas de
Transmissão de Energia Elétrica”.
Inicialmente, veremos uma introdução geral sobre o tema em
interesse. Serão destacados nesta seção os principais expoentes
dos sistemas de transmissão: as famosas Linhas de Transmissão.
Na sequência, serão abordados também alguns aspectos sobre
as Linhas Aéreas e Subterrâneas, os dois tipos de linhas de
transmissão mais difundidos atualmente.
Posteriormente, analisaremos alguns dos mais importantes
equipamentos utilizados em linhas de transmissão de energia
aéreas, tais como: i) estruturas (conhecidas também como torres
de transmissão); ii) isoladores; iii) cabos condutores; iv) para-raios
(conhecidos também como condutor neutro ou cabo guarda); v)
os espaçadores; vi) os sinalizadores.
Por fim, na última seção, serão feitas algumas considerações
sobre o projeto e o planejamento para linhas de transmissão,
destacando as principais especificações necessárias para o
projeto, tais como: distância a ser percorrida pela linha, potência
que será transportada, perdas que podem ocorrer nessas linhas,
entre outras. Além disso, aspectos gerais de como deve ser o
planejamento dos sistemas de transmissão também serão
abordados: estudo de impactos ambientais, relatórios de impacto
do meio ambiente, entre outros.
Novamente, no decorrer do capítulo, você irá encontrar várias
sugestões de materiais complementares relacionados ao tema
que estaremos vendo, para que você possa entender melhor sobre
cada um dos conceitos que estarão sendo explanados.

Objetivos
• Compreender aspectos gerais sobre os Sistemas de
Transmissão de Energia Elétrica, principalmente:
• Sobre as Linhas de Transmissão (LTs), sendo elas
Aéreas e Subterrâneas.
• Analisar alguns dos principais componentes
(equipamentos) adotados em linhas de transmissão de
energia aérea, sendo eles:
• Estruturas (torres) de transmissão.
• Isoladores.
• Cabos condutores.
• Para-raios.
• Espaçadores.
• Sinalizadores.
• Compreender algumas questões relacionadas ao projeto
de linhas de transmissão, assim como o planejamento
necessário para a implantação das LTs.

Esquema
4.1. Introdução
4.2. Componentes básicos de uma linha de transmissão aérea
4.2.1. Estruturas
4.2.2. Isoladores
4.2.3. Cabos Condutores
4.2.4. Para-raios (condutores neutros ou cabos guarda)
4.2.5. Espaçadores
4.2.6. Sinalizadores
4.3. Considerações de projeto e planejamento para linhas
de transmissão
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4.1 Introdução

Conforme comentado nos capítulos anteriores, para que a energia


elétrica chegue em nossas casas, empreendimentos, indústrias e
demais consumidores, é necessário que ela seja transportada.

Sabemos que o transporte de energia entre o sistema de geração


e o sistema de distribuição se dá por meio de eletrodutos, denomi-
nados comumente como Linhas de Transmissão (LT). Nesse caso,
podemos também caracterizar as LTs como elementos fundamen-
tais de sistemas de transmissão de energia, que compreendem a
rede de interligação entre os sistemas geradores com os sistemas
de distribuição. Devido a isso, neste capítulo estaremos focados no
estudo geral sobre linhas de transmissão.

As LTs nada mais são do que condutores que transportam energia


elétrica de um ponto transmissor (denominado comumente como
terminal) para um ponto receptor (LEÃO, 2009).

Dois tipos de linhas de transmissão são comumente utilizadas


(LEÃO, 2009):

• Linhas Aéreas (Figura 33): podem transportar tanto corrente


alternada (CA) quanto corrente contínua (CC), como vimos
no capítulo 2, com condutores separados por um dielétrico.
Possuem como principal função o transporte de eletricidade
em longas distâncias.
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Figura 33 - Exemplo de linha de transmissão aérea.

Fonte: Pixabay (s/d)

• Linhas Subterrâneas (Figura 34): transportam energia com


cabos coaxiais, os quais incluem um fio condutor central, iso-
lado de um condutor externo coaxial de retorno. Geralmente,
são usadas em áreas densamente povoadas, devido ao seu
alto custo de instalação e manutenção. Além disso, esse tipo
de LT produz altas potências reativas que geram elevadas cor-
rentes de carga, e dificuldades no gerenciamento da tensão.

Figura 34 - Exemplo de linha de transmissão subterrânea

Fonte: Martins (2012)


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Saiba mais

No vídeo a seguir, é mostrada uma reportagem sobre Redes


Subterrâneas.

<https://www.youtube.com/watch?v=v92Q2R-ARVc>. Acesso em:


26 jul. 2016.

Veja no seguinte vídeo detalhes de construção de redes


subterrâneas.

<https://www.youtube.com/watch?v=DjMlGwFIcCE>. Acesso em:


26 jul. 2016.

As LTs variam em comprimento, de centímetros até milhares de qui-


lômetros. As LTs com centímetros de comprimento são geralmente
adotadas em circuitos de alta frequência, transportando frequências
de dezenas de GHz. Já as LTs de milhares de quilômetros, são apli-
cadas para o transporte de blocos imensos de energia, geralmente
com baixas freqüências (como 60 Hz, por exemplo) (LEÃO, 2009).

Outra consideração sobre LTs é que as características das linhas


variam conforme o tipo de linha, sendo elas (LEÃO, 2009):
• A frequência.
• O nível de tensão.
• A quantidade de potência que será transmitida.
• O modo de transmissão.
• Distância entre os terminais transmissor e receptor.
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4.2. Componentes básicos de uma linha de transmissão aérea

Existem vários tipos de componentes que são instalados em sis-


temas de transmissão, particularmente, nas linhas de transmissão
aéreas. Contudo, a seguir, serão comentados aspectos de alguns
dos principais equipamentos de uma linha de transmissão, sendo
eles: i) Estruturas de LTs; ii) Isoladores; iii) cabos condutores; iv)
para-raios; v) espaçadores; vi) sinalizadores.

4.2.1. Estruturas

As estruturas (Figura 35) são um dos principais componentes de re-


des de transmissão, fabricados em materiais metálicos (tais como
o aço ou o alumínio), madeira ou concreto armado (mais aplicados
em sistemas de distribuição), e que apresentam, juntamente com
os cabos e fundações, os maiores custos em uma LT. Suas prin-
cipais funções no sistema de transmissão são (MENEZES, 2015,
p.51):

• Sustentar o circuito elétrico.

• Manter um espaçamento ideal entre cabos condutores e


para-raios.
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Figura 35 - Exemplo de estruturas metálicas de linhas de transmissão aéreas

Fonte: Wikimedia Commons (s/d)

Para a construção de estruturas de LTs (principalmente as de extra


-alta tensão), geralmente utiliza-se o tipo de estrutura denominada
de Aço Treliçada, devido a sua grande flexibilidade, podendo variar
em altura e peso, conforme o projeto definido. Outra característica
é que esse tipo de estrutura possibilita a organização de conduto-
res em disposição vertical, horizontal ou até mesmo triangular, em
circuitos simples ou duplos (MENEZES, 2015, p.52).

De acordo com Menezes (2015, p.52), diversas classificações po-


dem ser dadas para as estruturas de LTs. Contudo, o autor destaca
duas principais:

• Quanto ao esforço, sendo que as estruturas podem ser clas-


sificadas como:
• Autoportantes (Figura 36a): estruturas que transferem esfor-
ços para o solo através de fundações de pé da torre.
• Estaiadas (Figura 36b): estruturas nas quais os esforços são
divididos entre cargas de tração e de compressão, sendo
transmitidos ao terreno através das fundações dos cabos de
estais e mastros.
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Figura 36 - Exemplos de estruturas de transmissão: a) autoportante e b) estaiada

• Quanto ao tipo de sustentação, sendo a classificação das es-


truturas as seguintes:

• Suspensão: sua função é dar apoio aos cabos condutores,


suportando esforços de tração basicamente no sentido verti-
cal e mantendo-os afastados do solo e entre si.

• Ancoragem: são estruturas que resistem a esforços maiores


de tração no sentido horizontal, suportam maiores deflexões
e evitam indesejáveis quedas sucessivas dos suportes em
efeito cascata.

Observação: as estruturas de torres de ancoragens possuem pe-


sos maiores que às de suspensão, considerando uma mesma altu-
ra. As estruturas autoportantes são observadas em estruturas tanto
de suspensão quanto de ancoragem. Já as estaiadas são exclusi-
vamente observadas em estruturas de suspensão.

Além das duas classificações anteriores, devem ser considera-


das em projetos de LTs as estruturas de transposição, que são
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estruturas autoportantes utilizadas quando existe a necessidade


de inversão das posições das fases de um circuito. Isso decorre da
configuração assimétrica das fases da LT, originando indutâncias
diferentes em cada fase e gerando quedas de tensão desequilibra-
das entre as três fases. Logo, tal problema pode ser amenizado
alternado as posições entre os condutores em intervalos regulares
no decorrer da LT (MENEZES, 2015, p.53-54).

Saiba mais

No vídeo indicado, é mostrado um procedimento de montagem de


uma torre de transmissão. Nesse caso, você irá verificar que heli-
cópteros, muitas vezes, são utilizados para conduzir estruturas de
torres de transmissão para terrenos.

<https://www.youtube.com/watch?v=9xZMmC4HGzo>. Acesso
em: 26 jul. 2016.

Já no próximo vídeo, são mostradas as etapas de montagem de


uma torre de transmissão.

<https://www.youtube.com/watch?v=tSk-Y26uynQ>. Acesso em:


26 jul. 2016.

Assista também a esta reportagem que traz alguns aspectos sobre


a profissão dos técnicos de linha viva em LTs.

<https://www.youtube.com/watch?v=a7LAU9MpMQU>. Acesso
em: 26 jul. 2016.
96 UNIUBE

4.2.2 Isoladores

Os isoladores são equipamentos (cerâmicos, de porcelana vitrifica-


da ou vidro temperado; ou poliméricos, núcleo de fibra de vidro en-
volto com borracha de silicone; sendo ambos materiais dielétricos)
que possuem como principais funcionalidades a sustentação dos
cabos e a isolação elétrica entre eles e as estruturas (MENEZES,
2015, p.57).

Figura 37 - Exemplo de isolador polimérico de fibra de vidro

Fonte: Os Requistos… (2013)

Nas linhas aéreas, os cabos são suspensos e isolados da torrente


por cadeias de isoladores, sendo que a quantidade de isoladores
é determinada em função da tensão da linha. Além disso, o iso-
lamento deve suportar tensões maiores que a tensão normal de
operação, devendo ainda resistir a surtos atmosféricos assim como
surtos de manobras (MENEZES, 2015, p.57).

Esses equipamentos são frágeis, sendo que danos físicos neles


podem ocasionar fuga de energia ou rompimento da isolação.
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Saiba mais

Assista ao vídeo a seguir que descreve alguns aspectos sobre os


Isoladores de uma LT. Um ponto interessante desse vídeo é que
o Prof. Luciano faz uma análise de temperatura de isoladores por
meio da técnica de Termografia:

<https://www.youtube.com/watch?v=SOp3H8kdMK8>. Acesso em:


26 jul. 2016.

Assista também ao seguinte vídeo que ilustra um procedimento tí-


pico de manutenção de uma cadeia de isoladores:

<https://www.youtube.com/watch?v=riYmszM9a8g>. Acesso em:


26 jul. 2016.

4.2.3 Cabos Condutores

São os elementos que transportam energia elétrica. Segundo Leão


(2009), as características principais dos condutores de LTs são:

• Alta condutibilidade elétrica (dependente da natureza e pure-


za de um condutor, do seu comprimento, da secção transver-
sal útil, da temperatura e da frequência).
• Baixo custo.
• Boa resistência mecânica.
• Baixo peso específico.
• Alta resistência à oxidação e corrosão.
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Dentre os materiais utilizados para os condutores de eletricidade,


destacam se (LEÃO, 2009):

• Cobre - enormemente utilizado em indústrias. Possui como


características principais: i) a cor avermelhada; ii) é o segun-
do melhor condutor de corrente elétrica e calor; iii) muito dúctil
e maleável; iv) baixa oxidação; v) alta resistência à corrosão;
vi) facilidade para soldagens.

• Alumínio - possui certas propriedades mecânicas e elétricas


de grande relevância para aplicações de engenharia. Possui
como características principais: i) cor branca prateada; ii)
grande ductibilidade e maleabilidade; iii) não é tão fácil de
soldar.

No Brasil, os Condutores de Alumínio Nu com Alma de Aço (denomi-


nado de CAA ou ACSR – Aluminium Conductor Steel Reinforced),
ilustrado na Figura 38, neste caso, um grupo de fios de alumínio
dispostos concentricamente em torno de um fio de aço, são os
mais utilizados em LTs devido a sua elevada condutividade e boa
resistência mecânica. Já em linhas de transmissão subterrâneas,
utilizam-se cabos de cobre como material condutor (MENEZES,
2015, p.60).
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Figura 38 - Exemplo de condutor ACSR para linhas de transmissão

Fonte: ACSR (s/d)

Saiba mais

Confira o seguinte vídeo que irá descrever detalhes sobre a produ-


ção de cabos de aço que são utilizados em LTs:

<https://www.youtube.com/watch?v=hO6Y3AEqBYc>. Acesso em:


26 jul. 2016.

No vídeo a seguir (que está em inglês, mas você pode colocar le-
gendas em português para a compreensão parcial), você verá um
procedimento de manutenção de um cabo de uma LT:

<https://www.youtube.com/watch?v=-IFPYb-ViqQ>. Acesso em: 26


jul. 2016.
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4.2.4. Para-raios (condutores neutros ou cabos guarda)

Esses componentes, ilustrados na Figura 39, ocupam a parte su-


perior das estruturas, geralmente acima dos condutores das fases,
com diâmetros muito menores. São utilizados como escudos de
proteção da linha, interceptando descargas atmosféricas que inci-
diriam diretamente sobre a linha caso eles não estivessem instala-
dos (LEÃO, 2009), evitando danos e interrupções ao sistema.

Os cabos para-raios podem ser solidamente aterrados (sendo essa


a sua forma mais comum) ou estar isolados através de isoladores
de baixa capacidade ruptura (LEÃO, 2009).
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Figura 39 - Exemplo de linha de transmissão com cabos para-raios

Fonte: adaptado de Redes… (s/d)

4.2.5 Espaçadores

A fim de garantir um distanciamento seguro entre os condutores de


uma linha de transmissão, evitando choques, por exemplo, são insta-
lados os espaçadores (Figura 40). Eles limitam efeitos mecânicos da
ação do vento sobre os condutores e para-raios. Costuma-se também
instalar amortecedores em conjunto com os espaçadores, visando à
absorção de vibração nos cabos (MENEZES, 2015, p.66-67).

Figura 40 - Exemplo de espaçadores para linhas de transmissão

Fonte: Espaçador… (s/d)


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Saiba mais

Gostaria que você pudesse assistir ao próximo vídeo, que demons-


tra alguns aspectos de troca de espaçadores em uma LT:

<https://www.youtube.com/watch?v=_xmvIwG6Wfk> Acesso em:


26 jul. 2016.

4.2.6. Sinalizadores

Os itens de sinalização, tais como esferas e placas, são dispositivos


acoplados em linhas de transmissão após a instalação dos cabos de
energia. Tais itens são colocados para garantir segurança, sendo as
instalações conduzidas conforme especificações de projeto, deven-
do seguir critérios estabelecidos (MENEZES, 2015, p.67).

As esferas de sinalização (ilustradas na Figura 41), por exemplo,


são instaladas nos cabos para-raios de acordo com definições de
projeto, sendo necessárias em áreas de travessias ou em regiões
próximas de aeroportos, auxiliando pilotos de aeronaves e indican-
do advertência ou obstáculo. Geralmente, possuem um diâmetro de
600 mm e espaçamento máximo de 30 metros entre elas. Possuem
cor laranja ou vermelha (MENEZES, 2015, p.67).
UNIUBE 103

Figura 41 - Exemplo de linha de transmissão com esferas de sinalização

Fonte: Chiareli (2016)

Saiba mais

No vídeo a seguir, é mostrado rapidamente alguns detalhes do pro-


cedimento de instalação de uma esfera de sinalização em uma LT.

<https://www.youtube.com/watch?v=zYxBn05tr8Y>. Acesso em:


26 jul. 2016.

Ampliando o conhecimento

Como sugestão de leitura complementar, gostaria de lhe indicar a


leitura do capítulo 4 do trabalho de conclusão de curso do Victor
Menezes, apresentado na UFRJ. Nesse capítulo, entre outros as-
pectos, o autor comenta de forma detalhada os principais equipa-
mentos adotados em LTs, vale a pena se informar sobre eles. O
trabalho está disponível em:

<http://monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10015383.
pdf>. Acesso em: 26 jul. 2016.
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Também gostaria que você pudesse ler particularmente a seção


“3.3 Componentes de uma LT” da Apostila da Prof.ª Ruth Leão, que
traz mais informações a respeito dos componentes de LTs. O link
para o capítulo 3 de sua apostila é o seguinte:

http://www.joinville.ifsc.edu.br/~edsonh/Repositorio/PIP-
Projeto_e_Instalacoes_Eletricas_Prediais/Material%20de%20
Aula/Parte_I_GTD/Complemento/IIITransmissao.pdf>. Acesso em:
26 jul. 2016.

4.3. Considerações de projeto e planejamento


para linhas de transmissão

Nesta seção, são apresentados rapidamente alguns conceitos rela-


cionados ao projeto e ao planejamento de LTs.

Primeiramente, as duas principais considerações básicas de proje-


to de uma linha de transmissão são (LEÃO, 2009):

• A potência que deve ser transmitida pela LT.

• A distância entre os pontos emissor e receptor.

Com base nisso, várias especificações devem ser fornecidas para


a concepção do projeto de uma LT (considerando transmissão em
CA), seguem algumas delas (LEÃO, 2009):

• Frequência do sinal transportado.

• Potência que será transportada (em kW ou MW).


UNIUBE 105

• Fator de potência no terminal receptor.

• Distância da linha (em km).

• Queda de tensão permitida sob condição de plena carga em


relação à tensão no receptor.

• Possíveis perdas na linha de transmissão.

• Limitações de perda por efeito corona por km.

• Eficiência que a linha deve ter.

• Variação de temperatura à qual a linha estará sujeita.

• Força do vento.

Após o projeto da linha de transmissão, alguns dados são consi-


derados para a construção propriamente dita da LT, sendo alguns
deles (LEÃO, 2009):

• Bitola dos condutores.

• Espaçamento de condutores.

• Número de isoladores por cadeia.

• Bitola do condutor neutro.

• Localização do condutor neutro na torre.

• Tração permitida nos condutores.

• Resistências de aterramento.
106 UNIUBE

No que se refere ao planejamento de um sistema de transmissão


de energia, existe uma necessidade de análise ampla de vários
aspectos, tais como (LEÃO, 2009):

• Cenários do mercado e geração.

• Quantidade de potência ativa a ser transmitida.

• Desenvolvimento tecnológico e industrial (novas tecnologias).

• Engenharia (pessoas e máquinas necessárias para a implan-


tação das alternativas).

• Custo da LT.

• Meio ambiente (estética, interação com o meio ambiente, fa-


cilidade de instalação e manutenção).

No tocante ao meio ambiente, as LTs causam distúrbios ao longo


de suas rotas e nas áreas onde são instaladas. Sendo assim, é
necessário que sejam feitos Estudos de Impacto Ambiental (EIA)
e Relatórios de Impacto do Meio Ambiente (RIMA) (LEÃO, 2009).

Dentre os impactos ambientais causados pelas LTs, destacam-se:

• Impactos devidos à ocupação do solo.

• Impactos devidos aos efeitos elétricos (campos elétricos e


magnéticos, efeito corona, transferência de potencial).

• Impacto visual.
UNIUBE 107

Saiba mais

Na apostila da Prof.ª Ruth Leão (cujo link foi disponibilizado anterior-


mente), você encontrará mais informações a respeito de cada um
dos impactos ambientais comentados anteriormente. Recomendo
que faça a leitura para complementar seus conhecimentos.

Gostaria que você pudesse assistir também a mais um vídeo, que


ilustra de forma geral os aspectos que vimos ao longo dos últimos
capítulos sobre Geração, Transmissão e Distribuição de Energia
Elétrica. Quero chamar a sua atenção para um intervalo do vídeo:
entre os instantes de 7:14 até 14:14, no qual é falado particular-
mente a respeito dos sistemas de transmissão de energia:

<https://www.youtube.com/watch?v=Fep9EZk02wc>. (26:40).
Acesso em: 26 jul. 2016.

Considerações finais

No decorrer do capítulo, analisamos diversos conceitos dos siste-


mas de transmissão de energia elétrica.

Primeiramente, estudamos os principais aspectos relacionados às


Linhas de Transmissão, divididas basicamente em: i) linhas aéreas,
que possuem como principal função o transporte de energia em
longas distâncias; ii) linhas subterrâneas, linhas comumente ado-
tadas em áreas densamente povoadas (utilizadas geralmente em
sistemas de distribuição).
108 UNIUBE

Em seguida, vimos alguns dos principais equipamentos utilizados


de LTs aéreas: i) estruturas, sendo comentado a respeito de sua
classificação (autoportante e estaiada); ii) isoladores, os quais pos-
suem como principal função a sustentação e a isolação elétrica
entre cabos; iii) cabos condutores, componentes necessários para
o transporte de energia (podendo ser de cobre ou alumínio); iv)
para-raios, os escudos de proteção da LT; v) espaçadores, que ga-
rantem um distanciamento seguro entre os cabos condutores; vi)
os sinalizadores, itens necessários para a garantia de segurança
das LTs.

Já na última seção, foram detalhadas rapidamente questões sobre


i) projeto, em que algumas especificações são frequência do sinal,
potência de transporte, distância da LT, perdas na linha e força do
vento; ii) planejamento de LTs, que envolve o EIA e o RIMA, sendo
alguns dos principais impactos: ocupação no solo, por efeitos elé-
tricos e visual.

Com isso, encerramos uma parte do estudo da disciplina, ou seja,


os Sistemas de Transmissão de Energia Elétrica. Nos capítulos
posteriores, você irá estudar mais a fundo sobre os Sistemas de
Distribuição de Energia Elétrica.

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