Relações Étnico Raciais 1
Relações Étnico Raciais 1
Relações Étnico Raciais 1
● Graduada em História
● Mestre em História]
Sobre o Autor
Prezado(a) acadêmico(a),
Bons estudos!
UNIDADE I
Caro(a) aluno(a),
Iniciemos a nossa discussão destacando que o processo de formação e
desenvolvimento da sociedade brasileira está intimamente ligado com a história da
África, uma vez que muito dos elementos que são inerentes ao povo brasileiro, hoje são
herança do nosso passado colonial, período no qual a presença do africano foi
fundamental para a formação da nossa sociedade.
O contato entre os africanos, europeus e indígenas permitiu a formação de uma
sociedade com elementos diferentes do que era possível observar nas sociedades
europeias e que atribuíram o caráter único do povo brasileiro. Por esta razão, nesta
unidade, conheceremos um pouco sobre a história de formação e desenvolvimento do
Brasil e da África, com o objetivo de entender os elementos e conjunturas que
embasaram as relações entre os dois países.
Bons estudos!
1. A EXPANSÃO MARÍTIMA PORTUGUESA: PORTUGAL, ÁFRICA E
AMÉRICA PORTUGUESA
SAIBA MAIS
A dinastia portuguesa de Avis iniciou-se com o governo de D. João, filho
ilegítimo do rei D. Pedro (1357-1367). D. João assumiu o trono português após a morte
de D. Fernando (1367-1383), que não deixou herdeiros do sexo masculino. A única
filha de D. Fernando casou-se com o rei de Castela e para evitar que Portugal fosse
governado por Castela, D. João buscou apoio em setores da sociedade portuguesa para
conseguir assumir o trono português. O contexto que marcou a briga de D. João para
ascender ao trono de Portugal ficou conhecido como Revolução de Avis.
Para saber mais sobre a Revolução de Avis e suas consequências, acesse:
<http://www.uesc.br/revistas/especiarias/ed18/13_miriam_coser.pdf>.
Fonte: Adaptada pela autora.
A região do norte da África foi a primeira a ser conquistada por se tratar de uma
região estratégica, próxima a centros comerciais importantes. Segundo Godinho,
PENSE NISSO
Durante muito tempo a historiografia tratou a chegada da frota portuguesa
liderada por Pedro Álvares Cabral ao Brasil como o “descobrimento do Brasil”. Debates
mais atuais confrontam essa ideia – que esteve presente nos livros didáticos durante
décadas – na medida em que desconsideram a história e os indivíduos que viviam neste
território desde muito antes da chegada dos portugueses.
Figura 1.2 - Paisagem com plantação (O Engenho), por Frans Post (1668).
Fonte: Luiz Geraldo Silva / Repositório digital da UFPR.
A primeira opção para resolver o problema da mão de obra foi a escravização
indígena, que não teve o sucesso almejado pelos portugueses. Assim, os portugueses
optaram pela utilização da mão de obra escrava dos negros africanos, que acabaram por
constituir-se como a base da economia brasileira naquele período (BOXER, 1969).
É a partir desse ponto, prezado(a) acadêmico(a), que a história do Brasil se
entrelaça com a história da África, visto que podemos perceber a importância e
influências do negro africano para o desenvolvimento do Brasil.
SAIBA MAIS
Entre o final do século XIX e início do século XX, com o aumento da imigração
europeia para o Brasil, houve um processo de “branqueamento” da sociedade brasileira,
que trouxe ao centro das discussões sociais naquele momento, a questão racial.
Para saber mais sobre os debates em torno da questão racial no Brasil e a teoria do
braqueamento entre final do século XIX e início do século XX, acesse:
<http://www.scielo.br/pdf/er/v34n68/0104-4060-er-34-68-253.pdf>.
Fonte: Adaptada pela autora.
A partir da leitura das obras de Gilberto Freyre, é possível observar sua
preocupação com as relações étnicas e culturais dos indivíduos do período colonial
brasileiro e com o significado e peso que essas relações tiveram no processo de
mestiçagem da sociedade do período.
Como dito em outro momento, a presença do negro africano no Brasil
possibilitou o contato e o desenvolvimento de relações entre os europeus e indígenas
que caracterizaram a sociedade brasileira e atribuíram a ela o seu sentido. Por isso, de
acordo com Freyre (1998), as relações sociais desenvolvidas no Brasil colonial podem
ser entendidas como o ponto principal da sociedade do período e como um elemento
positivo no processo de formação de nossa identidade. O processo de mestiçagem do
brasileiro no período colonial permitiu que a sociedade que se formava não sofresse os
mesmos problemas encontrados em sociedades europeias resultantes dos conflitos entre
etnias distintas.
PENSE NISSO
“Em tudo que é expressão sincera de vida, trazemos quase todos a marca da
influência negra”.
Fonte: Freyre (1998. p. 283).
Olhando para a nossa história a partir do olhar de Gilberto Freyre (1998),
entende-se que a presença de culturas diferentes contribuiu para que as contradições
oriundas dessas culturas diversas fossem mais facilmente equilibradas, o que refletiu até
mesmo nas questões econômicas do país.
Diante das análises empreendidas pelo autor, evidencia-se o protagonismo do
negro como elemento essencial para a formação da identidade brasileira, destacando
suas influências no desenvolvimento da economia e da cultura de nossa sociedade. Esse
esforço do autor deveu-se ao entendimento de que o Brasil, na década de 1930, não
deveria fechar os olhos para seu passado e negar ou encarar como algo negativo a
participação dos negros no seu processo de formação. Pelo contrário, era necessário
compreender que a força do Brasil diante das sociedades europeias residia justamente
no fato de que poder contar com as contribuições dos africanos ao longo de sua história,
tornando-o mais avançado e culturalmente superior às demais, tornando sem sentido a
política do branqueamento levada adiante no período em que escreve.
SAIBA MAIS
Podemos concluir que o conceito de “brecha camponesa” retrata o papel
fundamental do escravo para o desenvolvimento da sociedade brasileira, uma vez que
seu trabalho era essencial para a manutenção da produção exportadora ao mesmo tempo
em que possibilitava a organização de uma estrutura interna que garantia a formação e
desenvolvimento da sociedade.
Sobre a escravidão no Brasil, acesse:
<https://www.youtube.com/watch?v=yjNRnvijlQU>.
Portanto, caro(a) aluno(a), a partir das análises dos autores e obras apresentadas
nessa unidade, entendemos que o desenvolvimento social do Brasil no período colonial
ocorreu de maneira complexa, sendo que pessoas e instituições do âmbito político,
econômico e sociocultural constituíram-se e entrelaçaram-se em relações cujas
influências externas e internas transformaram o Brasil em um país com características
próprias e diferentes das sociedades europeias.
4. FORMAÇÃO DA SOCIEDADE AFRICANA: OS PRIMEIROS POVOS
SAIBA MAIS
Por etnocentrismo podemos entender uma compreensão da realidade na qual
nossos princípios, valores, modelos e definições são o centro de tudo. A partir dessa
compreensão da realidade, torna-se difícil perceber e analisar as diferenças entre
sociedades e indivíduos. Para se aprofundar na discussão sobre etnocentrismo, acesse:
<http://www.fucamp.edu.br/editora/index.php/cadernos/article/view/414>.
Fonte: Adaptada pela autora.
Segundo o historiador José Nunes Pereira (2006), o continente africano é
dividido em África do Norte (África Setentrional), África Ocidental, África Central,
África Oriental, África Austral (África Meridional) e África do Oceano Índico.
DICA DE LEITURA
Nome do Livro: Casa Grande e Senzala: formação da família brasileira sob o regime
da economia patriarcal
Editora: Global Editora
Autor: Gilberto Freyre
ISBN: 8526008692
Comentário: A obra apresenta uma discussão acerca da constituição do Brasil sob a
ótica sociocultural de seus indivíduos.
37 ANOS de luta contra o preconceito racial. CUT - Central Única dos Trabalhadores.
Disponível em: <https://www.cut.org.br/noticias/37-anos-de-luta-contra-o-preconceito-racial-
d02a>. Acesso em: 26 nov. 2018.