Comusa - Comitê Multi de Saúde Auditiva

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Braz J Otorhinolaryngol.

2010;76(1):121-8. ARTIGO ORIGINAL


ORIGINAL ARTICLE

Comitê multiprofissional em Multiprofessional committee on


saúde auditiva auditory health – COMUSA
COMUSA

Doris Ruthy Lewis 1, Silvio Antonio Monteiro


Marone 2, Beatriz C. A. Mendes 3, Oswaldo Laercio Palavras-chave: perda auditiva, testes auditivos, triagem
auditiva neonatal.
Mendonça Cruz 4, Manoel de Nóbrega 5
Keywords: hearing loss, hearing tests, newborn
hearing screening.

Resumo / Summary

C riado em 2007, o COMUSA é um comitê multiprofissional


que agrega áreas de estudo da Fonoaudiologia, Otologia,
C reated in 2007, COMUSA is a multiprofessional committee
comprising speech therapy, otology, otorhinolaryngology and
Otorrinolaringologia e Pediatria e tem como objetivo discutir pediatrics with the aim of debating and countersigning auditory
e referendar ações voltadas à saúde auditiva de neonatos, health actions for neonatal, lactating, preschool and school
lactentes, pré-escolares e escolares, adolescentes, adultos e children, adolescents, adults and elderly persons. COMUSA
idosos. Fazem parte do COMUSA representantes da Academia includes representatives of the Brazilian Audiology Academy
Brasileira de Audiologia (ABA), Associação Brasileira de Otor- (Academia Brasileira de Audiologia or ABA), the Brazilian
rinolaringologia e Cirurgia Cérvico Facial (ABORL), Sociedade Otorhinolaryngology and Cervicofacial Surgery Association
Brasileira de Fonoaudiologia (SBFa), Sociedade Brasileira de (Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia
Otologia (SBO) e Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). Cérvico Facial or ABORL), the Brazilian Phonoaudiology
Society (Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia or SBFa), the
Brazilian Otology Society (Sociedade Brasileira de Otologia
or SBO), and the Brazilian Pediatrics Society (Sociedade
Brasileira de Pediatria or SBP).

1
Profa. Titular da Pós Graduação e Faculdade de Fonoaudiologia da PUCSP, Fonoaudióloga do Centro Audição na Criança – DERDIC/PUCSP
2
Prof. Doutor de Otorrinolaringologia da FM USP, Prof. Titular de Otorrinolaringologia da FM da PUC de Campinas
3
Profa. Doutora da Faculdade de Fonoaudiologia da PUCSP, Fonoaudióloga do Centro Audição n Criança – DERDIC/PUCSP
4
Livre Docente em Otorrinolaringologia pela FM USP, Professor Afiliado de Otorrinolaringologia da FM da UNIFESP
5
Doutor em Otorrinolaringologia pela Unifesp

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SAÚDE AUDITIVA NEONATAL comuns da deficiência auditiva congênita relacionam-se
ao muito baixo peso no nascimento (abaixo de 1500g), à
ocorrência da hiperbilirrubinemia, às infecções congênitas
Triagem Auditiva Neonatal Universal - TANU como a rubéola, à toxoplasmose, ao citomegalovírus, à
Devido ao aumento de unidades hospitalares que sífilis e ao uso de drogas ototóxicas no período neonatal.
vêm implantando a TANU, de aprovações de projetos de Também podem ser encontradas crianças com má forma-
leis municipais e estaduais, de questionamentos enviados ção de cabeça e pescoço e/ou síndromes que podem ter
às entidades pelos seus associados e de pesquisas com a deficiência auditiva como uma de suas características.
fomento de agências federais e estaduais na área da SAÚDE É comum que os neonatos apresentem a associação de
AUDITIVA NEONATAL, as entidades acima mencionadas alguns desses indicadores de risco para a deficiência au-
decidiram elaborar um parecer sobre a TANU, de forma ditiva (IRDA), principalmente se permaneceram na UTI
a nortear as ações dos profissionais envolvidos. neonatal por mais de cinco dias
No entanto, não é raro que não se possa definir
INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVAS a causa da deficiência auditiva. Em aproximadamente
metade dos neonatos a deficiência auditiva é idiopática.
O desenvolvimento auditivo segue etapas graduais
Por essa razão, a Triagem Auditiva Neonatal Seletiva
de complexidade, tendo início já na vida intra-uterina.
(TANS), realizada somente nas crianças selecionadas por
Assim, para que uma criança adquira a linguagem e desen-
apresentarem IRDA, identifica apenas 50% dos deficientes
volva sua fala, deve ser capaz de detectar sons, localizá-los,
auditivos 7,11,35. Assim, a realização da triagem de forma
discriminá-los, memorizá-los, reconhecê-los e finalmente
universal constitui-se como forma ideal, sendo preconizada
compreendê-los 1,2,3,4. Quaisquer dessas etapas, especial-
por todos os profissionais da área. Por triagem auditiva
mente as iniciais, são de grande importância para que
neonatal universal (TANU) entendemos a realização dos
todo o processo se complete 5,6, e sua interrupção levará,
testes auditivos em mais de 95% dos neonatos, preferen-
consequentemente, a prejuízos funcionais importantes
cialmente antes da alta hospitalar 7.
no desenvolvimento da criança. Sendo assim, medidas
Nos países desenvolvidos, a deficiência auditiva
devem ser tomadas o mais rapidamente possível, para
neurossensorial (DANS) acomete um em cada 1000 recém
que as dificuldades decorrentes de uma privação sensorial
nascidos, sendo que 40 % dos casos podem ser atribuídos
possam se minimizadas. Para tanto, é necessário que se
a fatores hereditários, 30% às diversas etiologias adquiridas
identifique um neonato com deficiência auditiva ainda no
e 20% ainda apresentam etiologia desconhecida 15. No
primeiro mês de vida, mesmo que em sua história não
Brasil, ainda são poucos os estudos de base populacional
sejam encontrados indicadores de risco que potencializem
com a participação de neonatos. Em estudo realizado em
a probabilidade desse agravo ter ocorrido 2,3,6,7,35.
um hospital privado de São Paulo, no período entre 1996
O Sistema Nervoso Central apresenta grande plasti-
e 1999, foram triados 4631 neonatos (90,6% dos nascidos
cidade quando precocemente estimulado, principalmente
vivos), sendo encontradas 10 crianças com deficiência
até os 12 meses de idade, permitindo o aumento de co-
auditiva permanente (0,24%), equivalendo a uma preva-
nexões nervosas e possibilitando melhores resultados na
lência de 2.4/1000 16.
reabilitação auditiva e desenvolvimento de linguagem de
Em estudo realizado com 200 crianças e adoles-
crianças acometidas pela deficiência auditiva 6,8,9,10. Os seis
centes na Universidade Federal de São Paulo, em 1998,
primeiros meses de vida são decisivos para o seu desenvol-
a confirmação diagnóstica da deficiência auditiva na fase
vimento futuro, e é por essas razões que fonoaudiólogos,
ótima da plasticidade neuronal da via auditiva, ou seja,
otorrinolaringologistas e pediatras têm se preocupado com
até os dois anos de idade, ocorreu em apenas 13 % dos
a promoção de campanhas de conscientização da popu-
casos estudados, embora 56 % tenham sido suspeitados
lação e dos profissionais da saúde sobre a importância da
pelos pais nesta faixa etária. O tempo perdido de mais de
identificação e diagnóstico precoce da deficiência auditiva,
dois anos entre a suspeita e a confirmação da deficiência
seguido imediatamente de medidas de intervenção médica
auditiva que ocorreu em 42 % dos indivíduos, mostra a
e fonoaudiológica 6,9,10,11,12,13,14.
necessidade de se refletir sobre o modelo do nosso sistema
Várias são as causas de uma deficiência auditiva
de saúde 17. Outro estudo realizado pelo mesmo serviço
congênita, ou seja, quando adquirida no período pré-
da mesma Instituição, com 519 crianças e adolescentes,
natal, ou nos primeiros dias após o nascimento. O dano
em 2005, mostrou que as principais causas de deficiência
ao sistema auditivo de origem genética por herança re-
auditiva encontradas foram: idiopática (36,6%); genética
cessiva, gerando uma deficiência auditiva não associada a
(13,6%), incluindo 4,0% de casos com ocorrência de con-
nenhum quadro sindrômico, é a mais frequente causa de
sangüinidade; rubéola congênita (12,9%); causas perinatais
perda auditiva relatada nos países desenvolvidos, e usual-
(11,4%); meningite (10,6%); outras causas (14,9%) 18.
mente tem expressão precoce, antes do desenvolvimento
A precocidade do diagnóstico da perda auditiva,
da linguagem. Além da hereditariedade, as causas mais

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tanto funcional quanto etiológico, e a pronta interven- esfera dos serviços públicos e privados, e visando à pro-
ção clínica, fonoaudiológica ou cirúrgica, minimizarão moção e proteção da saúde auditiva. Nesse documento,
sobremaneira os efeitos dessa deficiência nas crianças 10. as ações de identificação, diagnóstico e reabilitação em
Com o avanço da tecnologia disponível, principalmente idade precoce seguem os princípios da atenção integral
no que se refere aos métodos de identificação e triagem à saúde da criança 25.
auditiva neonatal, a partir da década de 1990, aumentam Em 1998, foi criado no Brasil o Grupo de Apoio
os esforços para que se alcance o diagnóstico e o início à Triagem Auditiva Neonatal Universal (GATANU), com
da reabilitação antes dos seis meses de idade. o objetivo de divulgar e sensibilizar a sociedade para a
Nos Estados Unidos (EUA), em 1993, com as reco- necessidade do diagnóstico precoce da surdez 26.
mendações publicadas pelo National Institutes of Health Em 1999, o Comitê Brasileiro Sobre Perdas Audi-
19 e, posteriormente, pelo Joint Committee on infant He- tivas na Infância (CBPAI), formado por profissionais da
aring 20, iniciou-se a implantação gradativa e contínua da Fonoaudiologia, da Otorrinolaringologia e da Pediatria,
triagem auditiva neonatal universal (TANU), nos diferentes publicou recomendação referindo-se à necessidade da
estados americanos. Em 2006, 95,7% dos recém-nascidos identificação de perdas auditivas em neonatos e ressal-
de 50 estados americanos foram avaliados antes da alta tando a implantação da TANU, preferencialmente antes
hospitalar 21. da alta hospitalar. Para aqueles nascidos em domicílio,
Ainda nos EUA, em 1999, a Academia Americana foi recomendada a realização da triagem auditiva até os
de Pediatria recomendou a triagem auditiva neonatal três meses de idade 27.
universal, com indicadores de qualidade a serem alcan- Em 2000, o Conselho Federal de Fonoaudiologia
çados. Estes indicadores referem-se à realização da TAN emitiu o Parecer CFFa. nº 05/00, indicando a necessidade
em pelo menos 95% dos nascidos vivos, e com identifi- da implementação de triagens auditivas em neonatos,
cação de perdas auditivas de no mínimo 35dB na melhor com a utilização de metodologias objetivas já descritas
orelha, sugerindo que os índices de falso-positivos não na literatura, como o registro das Emissões Otoacústicas
ultrapasse 4%; sugere-se que os índices de falso-negativos Evocadas (EOAE) e o Potencial Evocado Auditivo do
deveriam ser nulos 22. Tais recomendações também foram Tronco Encefálico (PEATE). O parecer também indica as
referendadas posteriormente pelo Joint Comitee on Infant etapas necessárias em caso de necessidade de processo
Hearing, em 2000 23. diagnóstico, e com equipe multiprofissional 28.
Na Europa, a TANU foi recomendada em 1998, Desta forma, pode-se afirmar que, há mais de 10
por meio de um consenso assinado por diversos países anos o Brasil já apresenta ações no sentido de ressaltar
participantes de um evento científico realizado com esse a importância da identificação e tratamento precoce da
fim. Algumas justificativas foram apresentadas no que se deficiência auditiva.
refere à implantação da TANU 24 : Várias leis municipais e estaduais foram aprovadas
• A perda auditiva permanente é um grave proble- no país, tornando obrigatória a realização da TANU em
ma de saúde pública, que apresenta resultados satisfatórios maternidades. No entanto, sabe-se que apenas poucas
em seu tratamento se a intervenção ocorrer nos primeiros maternidades públicas desenvolvem um programa de
meses de vida; triagem auditiva neonatal universal sistemático 29.
• Há disponibilidade de métodos efetivos na prática Por triagem entende-se um processo simples, rápido
clínica para a identificação de perdas auditivas, tais como e barato, que identifique aqueles com maior probabilidade
o registro das Emissões Otoacústicas Evocadas (EOAE) ou de uma alteração na função testada. Aqueles com falha
Potencial Evocado Auditivo de Tronco Encefálico (PEATE); na triagem devem ser encaminhados para procedimentos
• A triagem auditiva neonatal realizada apenas em de diagnóstico, de maior complexidade 30.
neonatos com IRDA foi apontada como uma estratégia Para que a triagem possa ser realizada, preconiza-se
de menor custo; entretanto, pode não identificar cerca de que princípios sejam seguidos: a prevalência do distúrbio
40-50% de crianças com perdas auditivas permanentes; testado deve justificar a triagem universal; os procedi-
• A TANU é apenas a primeira etapa de um pro- mentos de triagem necessitam ser sensíveis e específicos;
grama de saúde auditiva neonatal, devendo ser seguida recursos para diagnóstico e tratamento devem estar dis-
de medidas de diagnóstico e reabilitação. poníveis; o custo precisa ser compatível com a efetividade
Em 1995, no Brasil, foi publicada a primeira reco- almejada; essa ação necessita de aceitação por parte de
mendação multiprofissional sobre aspectos relacionados profissionais da área e da própria população 31.
à saúde auditiva na criança, como resultado de um grupo A mais recente publicação internacional com reco-
de trabalho surgido no X Encontro Internacional de Au- mendações que se referem à TANU é do Joint Committee
diologia. O Fórum de Debates “Audição na Criança” fez On Infant Hearing, em 2007 32, que enumera oito princípios
recomendações para a atenção à saúde auditiva da criança fornecendo uma base efetiva para sistemas de diagnóstico
referindo-se às ações conjuntas e multiprofissionais, na e intervenção precoces:

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1. Todos os neonatos deveriam ter acesso à TANU que permaneceram em UTI Neonatais, devido à maior
prioritariamente até o primeiro mês de vida, com utilização ocorrência do espectro da neuropatia auditiva, o Joint
de medidas fisiológicas; Committee on Infant Hearing32 recomenda a triagem uti-
2. Todas as crianças com resultados insatisfatórios lizando o PEATE, e considera esta a única metodologia
na TANU, e no reteste subsequente, deveriam ter acesso apropriada a essa população. Para crianças com IRDA,
às medidas de diagnóstico para confirmação da perda em caso de falha na triagem auditiva, é recomendado o
auditiva até, no máximo, três meses de vida; encaminhamento imediato para equipe de diagnóstico,
3. Todas as crianças com confirmação de perda com experiência na população infantil, para reteste e
auditiva permanente deveriam iniciar as medidas de trata- procedimentos de diagnóstico 32 .
mento e intervenção o mais rapidamente possível após o Sugere-se a leitura completa das recomendações do
diagnóstico e, preferencialmente, no máximo até o sexto Joint Commitee on Infant Hearing (2007) 32 para profissio-
mês de vida; nais que implantam, coordenam, ou têm a TANU como
4. A intervenção deve ter a participação da família área de atuação, ensino e pesquisa.
e cuidadores, respeitando-se os direitos da criança e da Recomendações similares são descritas pelo U.S.
família, com sigilo profissional e seguindo os preceitos Preventive Services Task Force, publicado em Julho de
éticos e legais vigentes; 2008. As recomendações referem-se à realização da TANU
5. A criança e a família devem ter o direito ao acesso com medidas tais como as EOAE ou o PEATE-A, para iden-
imediato às tecnologias de alta qualidade e alta complexi- tificação de perdas auditivas entre 30-40 dB, mencionando
dade, como aparelhos de amplificação sonora e Implante que o processo pode incluir duas etapas (EOAE seguido
Coclear, além de outros equipamentos de assistência, de PEATE-A, para melhorar a sensibilidade (0,92) e a es-
sempre que necessário; pecificidade (0,98) dos resultados da TANU. A realização
6. Todas as crianças ouvintes deveriam ser monito- da triagem auditiva em neonatos deve ser realizada no
radas no que se refere à sua audição, ao desenvolvimento primeiro mês de vida, e preferencialmente antes da alta
de linguagem e da comunicação, mesmo sem IRDA, por hospitalar. A publicação americana descreve estudos que
profissionais devidamente treinados: mostram evidências fortes da contribuição da TANU para
7. As crianças com perdas auditivas permanentes o diagnóstico e intervenção precoce, além da alta fidedig-
e suas famílias deveriam ser acompanhadas por equipe nidade dos testes objetivos utilizados. restando ainda um
interdisciplinar, com experiência comprovada no atendi- avanço nas publicações de investigações que demonstrem
mento às crianças com deficiência auditiva: os resultados na linguagem das crianças identificadas por
8. Sistemas informatizados de banco de dados meio da TANU35,42.
devem ser criados para que se possa acompanhar os No entanto, estudos recentes vêm sendo publica-
resultados e a efetividade dos serviços de identificação, dos na tentativa de responder à questão que se refere ao
diagnóstico e intervenção precoce de perdas auditivas desenvolvimento da linguagem das crianças identificadas,
em neonatos. diagnosticadas e que iniciaram a intervenção nos primei-
O Joint Committee on Infant Hearing (2007) 32 reco- ros meses de vida. Há indícios de que essas evidências
menda a utilização de procedimentos fisiológicos (EOAE começam a ser demonstradas 41.
e PEATE), sendo que para neonatos sem IRDA qualquer A utilização do PEATE-A na TANU em crianças de
um dos métodos é considerado apropriado. Nesta popu- maior risco é sugerida por autores que demonstram que
lação, se o PEATE for utilizado, além das perdas auditivas esta população apresenta uma maior ocorrência de perdas
cocleares, é possível a identificação de distúrbios auditivos auditivas retrococleares, que não podem ser identificadas
neurais, como o espectro da neuropatia auditiva 33. quando se utiliza o registro das EOAE. O espectro da
O Joint Committee on Infant Hearing (2007) 32 co- neuropatia auditiva insere-se nesta situação Desta forma,
menta o fato de alguns serviços utilizarem o registro das tanto as crianças com muito baixo peso, que geralmente
EOAE para a triagem inicial e, no caso de falha, o PEATE é apresentam outros indicadores de risco associados, e
utilizado no segundo estágio, o que diminui os índices de aquelas que permaneceram em UTI Neonatal, podem
falso-positivos, e a necessidade de acompanhamento futu- necessitar de uma abordagem com esta tecnologia na
ro. Algumas ressalvas nessa publicação merecem atenção: TANU, dada a maior sinergia dos múltiplos indicadores
1. Eventualmente, crianças que não passem no teste de risco apresentados. Estudos mostram evidências da
com EOAE e tenham repostas adequadas no PAETE podem necessidade de monitoramento da audição destas crianças,
apresentar perdas leves, entre 25 e 40 dB. dada a possibilidade do início tardio das perdas auditivas,
2. Deve-se tomar cuidado com o resultado adequa- ou da progressão das perdas auditivas diagnosticadas
do no registro das EOAE, porém com falha no PEATE, pois inicialmente36,40.
essa ocorrência sugere o espectro da neuropatia auditiva. As técnicas e protocolos utilizados vêm sendo
Para neonatos com IRDA, e principalmente aqueles descritos com o objetivo de diminuir o número de falso-

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positivos encontrados na TANU. A utilização do registro recomendando-se a utilização de medidas eletrofisioló-
das EOAE e do PEATE-A, em diferentes etapas, tem gicas (Potenciais Evocados Auditivos de Tronco Encefá-
demonstrado este efeito. Os estudos evidenciam que a lico - PEATE) e/ou eletroacústicas (registro das Emissões
utilização da EOAE na primeira etapa, seguido do PEATE-A Otoacústicas Evocadas - EOAE - por Estímulo Transiente
na segunda etapa, quando ocorre uma falha inicial, pode ou Produto de Distorção);
reduzir significativamente o número de neonatos encami- • Disponibilidade de encaminhamentos para
nhados para diagnóstico38,39. diagnóstico médico e audiológico, além de exames com-
Apesar da importância das perdas auditivas congê- plementares, sempre que necessário; os exames comple-
nitas de origem genética, principalmente no que se refere mentares podem envolver imagens e avaliação genética;
a Conexina 26, várias questões de origem técnica e ética • Disponibilidade de tratamento médico e inter-
ainda não resolvidas fazem com que não se mostrem ainda venção fonoaudiológica, com seleção e indicação de
as evidências necessárias, para que se inclua a triagem aparelhos de amplificação sonora individuais, terapia
neonatal para as mutações do GJB2. Os testes genéticos fonoaudiológica, suporte às famílias e implante coclear,
e seu respectivo aconselhamento é recomendado após a quando necessário;
confirmação das perdas auditivas. Assim sendo, estudos • Disponibilidade de tecnologias da mais alta qua-
ainda são necessários para a implantação da triagem ne- lidade garantindo-se medidas terapêuticas adequadas e
onatal para as mutações do GJB237. necessárias a um bom desenvolvimento das habilidades
Ainda existe a necessidade de se conhecer mais a auditivas, de linguagem e, consequentemente, do desem-
epidemiologia das perdas auditivas na população infantil penho acadêmico e social das crianças com deficiência
brasileira, para que medidas preventivas possam ser toma- auditiva;
das. São poucos os dados disponíveis sobre os determinan- • As medidas de tratamento médico e interven-
tes da deficiência auditiva em neonatos, assim como a sua ção fonoaudiológica devem respeitar as necessidades e
prevalência. A triagem auditiva neonatal universal (TANU) opções dos pais ou responsáveis pelos neonatos, com a
pode contribuir tanto para uma intervenção em tempo possibilidade de se oferecer diferentes abordagens e mé-
adequado junto à criança deficiente auditiva, como para todos disponíveis, desde que tenham respaldo científico
construir políticas públicas apropriadas a essa faixa etária. e tecnológico.
A Política Nacional de Atenção à Saúde Auditiva 2. Implantação de um programa de Triagem Audi-
está disponível em quase todo território nacional, com tiva Neonatal Universal (TANU), ou seja, para todos os
127 serviços de referência em saúde auditiva, sendo 80 de neonatos, preferencialmente antes da alta hospitalar.
alta complexidade, com condições de atender à população 3. No caso de nascimentos que ocorram em domi-
de neonatos com necessidades de diagnóstico, seleção/ cílio, fora do ambiente hospitalar, ou em maternidades em
fornecimento de aparelhos de amplificação sonora e tera- processo de implantação da triagem auditiva universal,
pia fonoaudiológica. Assim, as maternidades que tenham a realização do teste deverá ocorrer, no máximo, até o
referências de serviços de saúde auditiva para diagnóstico primeiro mês de vida.
e intervenção médica e fonoaudiológica, já podem iniciar 4. Sugere-se a elaboração de estratégias que visem
a implantação da triagem auditiva neonatal 34. à implementação da TANU em todas as maternidades.
Enquanto isto não ocorre, devem ser definidos locais
RECOMENDAÇÕES COMUSA para a realização dessa triagem no primeiro mês de vida.
5. A implantação do programa de TANU pode
Após a análise da literatura, com dados mostrando ocorrer de forma gradativa, para melhor organização das
as evidências no que se refere à identificação, ao diagnós- ações necessárias. Entretanto, deve-se ter como meta a
tico e à intervenção precoce em neonatos e lactentes com implementação da universalidade dessa triagem em um
deficiência auditiva, o COMUSA recomenda: período de três anos.
1. A implantação de um programa de saúde auditi- 6. Durante o processo de implantação da triagem
va neonatal que contemple todas as ações de prevenção, auditiva neonatal é recomendável que se elabore um plano
diagnóstico e reabilitação da perda auditiva, conforme os de divulgação/informação sobre essa ação em neonatos,
itens descritos abaixo: tanto para profissionais da saúde, como para a população,
• Promoção à saúde da gestante, dos neonatos e até que se considere que a importância e o método de
lactentes; realização da TANU sejam de conhecimento de grande
• Prevenção de perdas auditivas por meio de parte da comunidade.
medidas específicas a serem aplicadas após estudos epi- 7. Recomenda-se que todo hospital com um progra-
demiológicos de prevalência e determinantes de perdas ma de triagem auditiva neonatal designe um coordenador
auditivas em neonatos; para essa ação que esteja envolvido com a maternidade,
• Identificação de perdas auditivas por meio de podendo ser um médico neonatologista, um médico otor-
triagem auditiva com métodos sensíveis e específicos,

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rinolaringologista ou um fonoaudiólogo, que apresentem se a falha na triagem, recomenda-se o encaminhamento
especialização ou experiência comprovada em Audiologia. imediato para diagnóstico médico otorrinolaringológico
Em municípios ou hospitais de pequeno porte, com a e avaliação fonoaudiológica completa. A equipe de diag-
impossibilidade da participação de um coordenador com nóstico composta por médicos otorrinolaringologistas
essas características, recomenda-se que a implantação da e fonoaudiólogos deve ser experiente na avaliação de
triagem auditiva neonatal seja realizada por um profissio- neonatos e lactentes.
nal que obtenha supervisão e auxílio de um coordenador 13. Para os neonatos com exames considerados nor-
de outro hospital, com especialização ou experiência no mais pelos critérios adotados, recomenda-se a orientação
desenvolvimento e implantação da TANU. As sociedades sobre cuidados com a saúde auditiva, além de tabela de
científicas que subscrevem este documento se propõem a acompanhamento do desenvolvimento das habilidades
subsidiar maiores informações para seus associados sobre a auditivas e de linguagem, para observação desses aspectos
implantação de um programa de triagem auditiva neonatal pela família.
universal, e contribuir para a supervisão e legitimação dos 14. Cópia do exame e, anotações pertinentes de-
programas estabelecidos. vem ser anexadas ao prontuário da criança, com data e
8. Recomenda-se que seja oferecida aos pais/res- assinatura do profissional responsável pelo processo de
ponsáveis uma explicação sobre a importância da TANU, TANU, no caso de exames normais ou alterados, além de
e que eles sejam solicitados a assinar um termo de con- seus devidos encaminhamentos.
sentimento para realização do exame, ou um termo de 15. Para os neonatos com indicadores de risco para
responsabilidade pela recusa da realização do mesmo; a deficiência auditiva, recomenda-se como método inicial
além disso, recomenda-se a assinatura do termo de rece- de triagem o registro dos PEATE-A na intensidade de 35
bimento da entrega de resultados de exames e orientações dBNA. Trata-se de um método que possibilita a identifica-
antes da alta hospitalar, tanto no caso de exames altera- ção de perdas auditivas cocleares, retrococleares, sensoriais
dos, quanto normais. Todos os exames realizados (teste e neurais, incluindo o espectro da neuropatia auditiva, mais
e reteste) devem ser fornecidos aos pais/responsáveis de prevalente na população de maior risco. Pode-se associar
forma impressa. o método de EOAE, porém com o risco de maior índice
9. No caso de neonatos sem indicadores de risco de resultados insatisfatórios devido às alterações de orelha
para a deficiência auditiva, o método recomendado para média, e não necessariamente devido às perdas auditivas
a TANU é o registro das Emissões Otoacústicas Evocadas sensoriais permanentes.
(EOAE), por estímulo transiente ou produto de distorção. 16. No caso de ausência de registro de PEATE-A no
O objetivo é a identificação de perdas auditivas cocleares teste inicial dos neonatos com indicadores de risco para
de até 35 dBNA. Trata-se de um método de fácil aplica- a deficiência auditiva, recomenda-se o encaminhamento
ção, rápido e de baixo custo; além disso, essa população imediato, sem reteste, para os serviços de diagnóstico,
de neonatos apresenta baixa prevalência de neuropatias da mesma forma como descrito para os outros neonatos.
auditivas. 17. Todos os resultados devem ser entregues aos
10. Devido à ocorrência de falso-positivos pela pais/responsáveis, com anotação na Caderneta de Saúde
presença de vérnix na orelha externa nos primeiros dias da Criança e no prontuário hospitalar, com assinatura de
de vida, recomenda-se um retorno no período de até 30 termo de recebimento de encaminhamentos, resultados
dias após a alta hospitalar, em todos os casos de registros e orientações.
ausentes (alterados) de EOAE, mesmo que apenas em 18. Para os neonatos com indicadores de risco
uma orelha. No retorno, para reteste, ambas as orelhas para a deficiência auditiva com resultado satisfatório do
devem ser testadas novamente, mesmo que a falha tenha PEATE-A, no momento da triagem, recomenda-se moni-
ocorrido de forma unilateral. toramento da função auditiva até o terceiro ano de idade,
11. Nos casos de falha com a utilização do método por profissional capacitado.
das EOAE, recomenda-se a utilização do PEATE automá- 19. Os principais indicadores de risco para a defici-
tico (PEATE-A) antes da alta hospitalar, e/ou no retorno ência auditiva (IRDA) descritos na literatura especializada
para reteste. Essa medida pode diminuir o número de incluem a ocorrência de qualquer um dos fatores abaixo e,
encaminhamentos desnecessários para diagnóstico. Res- portanto, serão utilizados nesta recomendação 6,10,17,18,23,32:
postas normais no PEATE-A em ambas as orelhas devem • Preocupação dos pais com o desenvolvimento da
ser consideradas como triagem satisfatória. Entretanto, criança, da audição, fala ou linguagem;
recomenda-se orientação aos pais/responsáveis enfatizan- • História de casos de surdez permanente na famí-
do que, no caso de suspeita de dificuldades no desenvolvi- lia, com início desde a infância, sendo assim considerado
mento das habilidades auditivas, um serviço de referência como risco de hereditariedade. Os casos de consanguini-
em saúde auditiva deve ser procurado imediatamente. dade devem ser incluídos neste item;
12. Se dentro deste período de até 30 dias manter- • Permanência na UTI por mais de cinco dias, ou

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a ocorrência de qualquer uma das seguintes condições, O COMUSA NÃO RECOMENDA a inclusão da tria-
independente do tempo de permanência na UTI: ventila- gem genética, para identificação de anormalidades gené-
ção extracorpórea; ventilação assistida; exposição a dro- ticas relacionadas à deficiência auditiva, neste momento,
gas ototóxicas como antibióticos aminoglicosídeos e/ou devido à necessidade de se investigar o custo, a efetivi-
diuréticos de alça; hiperbilirrubinemia; anóxia peri-natal dade, e a viabilidade do estudo genético, na maternidade.
grave; Apgar neonatal de 0 a 4 no primeiro minuto, ou A implantação de um programa de triagem auditiva
0 a 6 no quinto minuto; peso ao nascer inferior a 1.500 neonatal universal só terá sentido se, após a sua conclusão,
gramas; nascimento pré-termo ou pequeno para idade o correto diagnóstico for estabelecido e, na sequência,
gestacional (PIG); sejam iniciados os processos de reabilitação auditiva e
• Infecções congênitas (Toxoplasmose, Rubéola, desenvolvimento de linguagem.
Citomegalo-vírus, Herpes, Sífilis, HIV);
• Anomalias crânio-faciais envolvendo orelha e osso
temporal.
• Síndromes genéticas que usualmente expressam
deficiência auditiva (como Wardenburg, Alport, Pendred,
entre outras);
• Distúrbios neurodegenerativos (ataxia de Friedrei-
ch, síndrome de Charcot-Marie-Tooth);
• Infecções bacterianas ou virais pós-natais como
citomegalo-vírus, herpes, sarampo, varicela e meningite;
• Traumatismo craniano;
• Quimioterapia.
20. Recomenda-se a utilização de um banco de
dados informatizado no processo de triagem auditiva
neonatal, para que o coordenador possa acompanhar os
resultados encontrados mensalmente, e também como um
instrumento de rastreamento dos casos que foram perdi-
dos, ou que não concluíram todas as etapas necessárias de
reteste ou diagnóstico. Existem softwares já disponíveis, e
outros podem ser confeccionados pela equipe de Tecno-
Figura 1. Algoritmo da TANU
logia da Informação dos estados e municípios.
21. Relatórios mensais, trimestrais e anuais devem
ser realizados para avaliação da equipe de triagem auditiva REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
sobre o desenvolvimento do programa, dos indicadores de
1. Silveira JAM. Estudo da deficiência auditiva em crianças submetidas
qualidade, e para informações de rastreamento necessárias.
a exames de potenciais auditivos: etiologia, grau de deficiência e
Recomenda-se a utilização dos mesmos indicadores de precocidade diagnóstica. [tese de doutorado]. São Paulo: Faculdade
qualidade para o programa de triagem auditiva do Joint de Medicina da USP; 1992.
Committee on Infant Hearing (2007): 2. Silveira JAM, Silveira AM, Bento RF, Butugan O, Miniti A, Almeida
ER. Potenciais evocados auditivos (EcoG e/ou BERA) em 2545
• Índices de triagens realizadas superiores a 95%
crianças com suspeita de disacusia e/ou distúrbios de comunicação.
dos nascidos vivos, tentando-se alcançar 100% de recém- (estudo da etiologia, graus da deficiência auditiva e precocidade do
nascidos vivos; diagnóstico). Rev Bras Otorrinolaringol. 1996;62:388-408.
• As triagens devem ser realizadas no máximo no 3. Butugan O, Santoro PP, Almeida ER, Silveira JAM, Grasel SS. Diag-
nóstico precoce da deficiência auditiva no primeiro ano de vida de
primeiro mês de vida;
crianças com alto risco através da audiometria de tronco cerebral. J
• Índice inferior a 4% de neonatos encaminhados Pediatria . (São Paulo) 2000;22(2):115-22.
para diagnóstico; 4. Nóbrega M. Aspectos diagnósticos e etiológicos da deficiência
• Os indicadores de qualidade na etapa de diag- auditiva em crianças e adolescentes. [tese de mestrado]. São Paulo:
Universidade Federal de São Paulo; 1994.
nóstico referem-se aos índices de comparecimento para
5. Knott C. Universal newborn hearing screening coming soon: Hear’s
diagnóstico após o encaminhamento. Devem ser alcan- why. Neonatal Netw.2001;20:25-33.
çados 90% dos neonatos encaminhados, com conclusão 6. Pádua FGM, Marone SAM, Bento RF, Carvallo RM, Durante A, Soares
do diagnóstico até os três meses de vida; JCR, et al. Triagem auditiva neonatal: um desafio para sua implanta-
ção. Arq Int Otorrinolaringol. .2005;9(3):189-94.
• Recomenda-se que 95% dos lactentes confirmados
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com perdas auditivas bilaterais permanentes iniciem o Curr Opin Otolaryngol Head Neck Surg. 2003;11:424-7.
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