Acessando o Hemisferio Direito - Lidia Peychaux
Acessando o Hemisferio Direito - Lidia Peychaux
Acessando o Hemisferio Direito - Lidia Peychaux
Peychaux
Acessando o Hemisfério
Direito do Cérebro
A Arte Como Ferramenta Para Desenvolver a
Criatividade
Rio de Janeiro
2003
Editor-Chefe
Tomaz Adour
Editoração Eletrônica
Luciana Figueiredo
Copidesque
Karine Fajardo
Desenhos
Luna Belo
P APEL VIRTUAL EDITORA
Avenida das Américas, 3.120 sala 201 - Bloco 5
Barra da Tijuca - Rio de Janeiro - RJ - CEP: 22.640-102
Telefone: (21) 3329-2886
E-mail: [email protected]
Endereço Eletrônico: www.papelvirtual.com.br
Agradecimentos
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Introdução
O método apresentado neste livro, pela facilidade de aplicação, tem
permitido a um grande número de pessoas ingressar num estado de
maior confiança, constatando um notável aumento de seu potencial
criativo. Há casos, em que algumas delas chegaram a se destacar como
desenhistas ou artistas premiados.
A aplicação dos exercícios oferece possibilidade a um vasto
público, que abrange desde crianças da faixa etária dos nove ou dez
anos até indivíduos da terceira idade mais avançada.
Se você gosta de desenhar e “pensa que não sabe” ou acha seu dese
nho de nível primário, esta é sua oportunidade de provar a si mesmo que
tem capacidade para desenvolver habilidades que estão relacionadas aos
processos visual e perceptivo.
Agora, se você é um profissional do desenho, a utilização dessa
metodologia lhe propiciará a chance de aumentar ainda mais a sua
confiança e criatividade, baseada na adequação das técnicas e nos
descobrimentos que a ciência tem realizado sobre as funções
diferenciadas dos hemisférios cerebrais. Essas técnicas foram
desenvolvidas com base no método Desenhando com o lado direito do
cérebro , de autoria da Dra. Betty Edwards; método este aplicado por
nós ao longo de 10 anos e que nos capacitou a transmitir nossa
experiência.
Vale salientar que a habilidade de desenhar requer apenas quatro
requisitos básicos:
7
Kandynski , extraída de sua obra ” Do espiritual na arte ”. E,
aproveitando a menção do tema cor, farei aqui uma importante ressalva:
muitas pessoas chegam a nossa oficina manifestando sua intenção de
querer apenas pintar, sem querer passar pela experiência do desenho.
Sobre isso, me vejo obrigada a fazer duas ponderações da maior
importância: 1) o exemplo nos remete a uma analogia, a de que seria
normal aprender a ler e escrever sem conhecer as letras e 2) a ordenação
das cores se orienta em função dos claros -escuros ou nuanças que são
percebidas, entre os extremos que vão do preto ao branco. O iniciante
que prescinde desta experiência essencial que só acontece durante a
exercitação do desenho, não chega a sentir a cor na sua verdadeira
experiência, tornando o aprendizado da pintura mais difícil e incompleto
por carecer do ensinamento básico.
Os temas: Mandalas e Eneagrama tem merecido um destaque
especial por sua importância como ferramentas para o desenvolvimento
humano , motivo pelo qual são aprofundados nos capítulos 11 e 12.
Damos também um destaque à experiência realizada com pessoas
da terceira idade. A aplicação do método tem contribuído para a
ativação da saúde cerebral, com melhorias comprovadas em termos de
memória e concentração . Através dos resultados obtidos com a prática
de exercícios, percebemos ótimos resultados, inclusive em indivíduos
que foram acometidos por acidentes vasculares cerebrais, como é
apresentado no capítulo catorze.
E, para finalizar, faço minha a reflexão da Dra. Betty Edwards,
quando ela chama a atenção para o fato de que o cérebro participa
ativamente na percepção visual dos objetos mediante a observação do
entorno. No entanto , essa informação é deformada pelo ponto de vista
do observador, em razão das experiências por ele vivenciadas. Ao que
tudo indica, parece haver uma tendência a ver o que se quer ver, isto é, o
próprio cérebro altera essa informação sem uma participação consciente
do observador. Por isso, aprender a ver ou perceber mediante o desenho
muda esse processo e permite uma visão mais direta e objetiva. Pode-se
dizer que, durante o tempo que uma pessoa dedica a desenhar, seu
cérebro permanece suspenso, em termos de julgamento, permitindo ao
observador ver de um modo mais integral e completo, o que leva
algumas pessoas a expressarem esse sentimento por meio de frases do
tipo: “Estou vendo o que antes não via!”.
Aprender a desenhar para experimentar essa sensação, até o
momento inédita, é apenas uma das razões para justificar o porquê deste
velho e ancestral hábito de desenhar ter sido sempre, um ato de magia.
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Capítulo 1
9
• Centro Intelectual
• Centro Emocional
• Centro Físico
• Centro Energético
Os diferentes centros que formam o “eu” inferior estão conectados
à nossa máquina mais importante: o cérebro. Conhecer e identificar os
diferentes “eus” permite observá-los com o objetivo de atingir
harmonia, e controle sobre si mesmo. Porém, conhecer-se integralmente
não é uma tarefa fácil e a dificuldade existe porque, desde crianças, nos
é ensinado a usar e respeitar um programa mental de costumes e
influências adquirido e dirigido pelo centro intelectual. Este programa
despreza a participação consciente dos outros centros como, por
exemplo, o centro emocional, que tem grande importância para nossa
vida, como será visto mais adiante. A inteligência proveniente apenas do
centro intelectual em detrimento do conhecimento inteligente dos outros
centros traz como resultado um comportamento parcial e inadequado
para enfrentar as necessidades diárias do ser humano. Para ser
inteligente, no sentido mais completo da palavra, não é suficiente apenas
pensar , você deve aprender a sentir e não a pensar que sente .
Aprender a sentir nos permite olhar o mundo de uma forma
diferente! E essa mudança é necessária para romper com velhos
hábitos, deixando-os de lado, e incorporar novos direcionamentos para a
vida. Assim, o ser humano pode se tornar capaz de atingir metas
insuspeitas escondidas em seu interior, as quais, se dependessem do
intelecto, nunca poderiam ser conquistadas.
Sobre esse assunto parece haver também um consenso generalizado
que garante que, para o ser humano se tornar mais criativo, sensível
intuitivo e ampliar-se mentalmente , é necessário transpor as
barreiras que o bloqueiam e, para isso, precisa conhecer suas reais
potencialidades. O acesso a tais capacidades permite ao ser humano se
autoconhecer em todos os sentidos , oferecendo, assim, a possibilidade
de exercer pleno controle sobre a sua própria vida, o que, normalmente
não ocorre com a maioria das pessoas.
Desenvolver a criatividade para evoluir e crescer não acontece
apenas porque se usa o raciocínio ou se pratica a leitura. Isso não basta!
A realidade deve ser sentida , isto é compreendida e não apenas
entendida intelectual mente. Compreensão exige emoção, coração, em
definitivo; enxergar a vida sob uma ótica diferente.
Acredita-se que os artistas, por exemplo, desenvolvem mais esses
potenciais , pois tais pessoas trabalham com a linguagem da imagem,
linguagem esta que está ligada ao mundo da emoção. Por esse motivo,
eles são capazes de gerar “ um ponto de vista diferente ”, um ponto de
vista criativo, fora dos padrões lineares e repetitivos comandados pelo
velho programa mecânico e racional.
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Olhar de um “ponto de vista diferente” significa fazer emergir uma
visão que está oculta à simples maneira de olhar, tal qual estamos
acostumados a fazer. Para ser capaz de visualizar elementos que se
encontram ocultos em uma imagem, basta “aprender a ver” de outra
forma. Isso nos é ensinado a partir dos treinamentos que visam
estimular o desenvolvimento pleno das potencialidades cerebrais. Ao
longo deste livro, você terá outros exemplos interessantes que ilustram
esse apaixonante assunto. Por meio deles, procure ir além do que vê.
Um mundo novo poderá se abrir para sua mais plena realização.
Desenvolver essas potencialidades nos oferece a possibilidade de
conhecer conscientemente a parte do cérebro que menos utilizamos.
Parte esta que é conhecida pelo nome de hemisfério direito do cérebro
. É ela que detém a chave que nos conduz para desvendar grandes
mistérios. Entre os meios mais eficientes destinados a estimular o
desenvolvimento do lado direito pode ser mencionada a prática do
desenho , uma vez que para desenhar bem, é necessário, antes de tudo,
que a pessoa seja capaz de “ver de um ponto de vista diferente”. Em
resumo, o que tem de mudar nas pessoas é nada mais do que “ a
maneira como elas vêem as coisas ”.
Para isso, é preciso ter a mesma atitude e desenvolver a mesma
percepção que os artistas utilizam ao olhar o mundo que os rodeia. Se as
pessoas aprenderem essa “nova maneira de ver”, certamente poderão
atingir os potenciais e capacidades que ainda se encontram ocultos a
seus olhos.
Para conhecer um pouco mais o nosso cérebro, esse grande e
enigmático computador humano, é fundamental saber como ele se
compõe e quais são as suas funções.
12
O nosso cérebro
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Como é possível verificar essa assimetria? A forma mais simples é
observar a predominância do uso da mão direita na maioria das pessoas.
Os pesquisadores são unânimes ao declarar que a maioria das culturas
incentiva às pessoas a usar exclusivamente a mão direita para realizar
atividades que exigem alguma habilidade manual.
A bilateralidade cerebral
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Por considerar essas atividades superiores, os cientistas do século
pas sado batizaram o hemisfério esquerdo de dominante ou primário .
Ao passo que o hemisfério direito, cujas funções eram desconhecidas,
foi chamado de hemisfério secundário . Os hemisférios cerebrais estão
unidos por um feixe composto de milhões de fibras. Essa conexão é
tecnicamente conhecida como corpo caloso. Nos anos 1950, uma
pesquisa realizada com animais pelo Instituto Tecnológico da Califórnia,
dirigida pelo Dr. Roger Sperry e seus discípulos, mostrou que essa
conexão tem como principal função comunicar os hemisférios cerebrais,
permitindo, assim, a transmissão dos conhecimentos . Sua investigação
baseia-se na observação de pacientes nos quais se praticou o corte do
corpo caloso. Esta operação foi chamada de comisurotomia (nome dado
à operação que consiste no corte do corpo caloso separando os
hemisférios cerebrais), em outras palavras, cérebro dividido. Ficou
compro vado, ainda, que ao praticar esta divisão, os hemisférios seriam
ainda assim, capazes de funcionar independentemente, com uma
aparente falta de efeito do corte sobre a conduta do paciente. A partir
dessa descoberta, os cientistas se viram obrigados a revisar os conceitos
ligados aos hemisférios cerebrais, já que ambos os lados intervêm nos
processos do conhecimento humano, porém cada uma das metades do
cérebro é especializada numa modalidade diferenciada . Na década de
1960, estudos semelhantes realizados pelo Dr. Sperry e sua equipe
proporcionaram valiosas informações sobre este assunto. Pacientes que
foram submetidos a vários testes permitiram constatar que cada
hemisfério percebe a realidade à sua maneira. A metade esquerda do
cérebro apresenta-se dominante a maior parte do tempo, seja em pessoas
de cérebro “bipartido” ou em pessoas de cérebro normal. Ainda
comprovou-se que o hemisfério direito, que é não verbal, experimenta
sensações e reações emocionais , processando a informação por sua
própria conta; como se atuassem duas pessoas numa só. E o que isso
tudo tem a ver com o mundo da imagem? A resposta é muito simples. O
lado direito se especializa na percepção da imagem da forma global e
sua função consiste, principalmente, em sintetizar a informação que
recebe através da modalidade visual. Você deve estar se perguntando
onde está a relação entre isso tudo e o desenho especificamente? Pois
bem, como foi dito no início deste capítulo, para desenhar é preciso que
passemos a “ver” a realidade de uma outra maneira, totalmente diferente
da maneira convencional. Essa nova maneira é a maneira como o
hemisfério direito percebe a informação visual, fazendo uma observação
longa e profunda semelhante a que é feita quando se desenha.
Compreende agora a ligação?
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As pessoas em geral, para resolver assuntos relativos às suas vidas,
usam, fundamentalmente, a inteligência racional, lógica, fria e
seqüencial. Mas existem pessoas que agem de forma diferente e que,
junto com a inteligência racional usam a inteligência emocional, ou
seja, recorrem também às capacidades do lado direito de seu cérebro.
Vale a pena ressaltar que as pessoas se esquecem ou nem mesmo
têm consciência de como utilizar essa parte do cérebro. Se elas
percebessem a necessidade do uso consciente das potencialidades do
hemisfério direito, grande parte dos problemas de suas vidas seria mais
facilmente resolvida e, com isso, elas teriam acesso a uma vida mais
feliz.
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E mais: ainda demonstraram que, até para chorar, o cérebro das
mulheres age de maneira diferente. Um hormônio abundante no
organismo femini no, a prolactina, responsável pela produção do leite,
também age sobre os centros nervosos que comandam a ação de chorar.
Nos homens, essa substância é encontrada em menor quantidade. No
período pós-parto, esse hormônio é mais intenso, sendo comum ocorrer,
paralelamente, o estado de depressão, o que revela a relação existente
entre a prolactina e a exteriorização das emoções.
Algumas diferenças notórias entre os cérebros masculino e feminino.
Cérebro masculino
Cérebro feminino
17
Essas diferenças percebidas entre os cérebros dos dois sexos
também podem ser notadas se considerarmos diferentes culturas, como a
japonesa e povos orientais em geral. Os comentários a respeito do
assunto podem ser encontrados ainda neste capítulo sob o título A
necessidade do equilíbrio entre a razão e a emoção ).
Portanto, estando a par dessas diferenças entre os representantes
dos sexos feminino e masculino, não adianta se desesperar quando seu
parceiro ou parceira revelarem não pensar da mesma forma que você.
Não perca tempo invocando os progressos do mundo moderno e nem
mesmo a pseudo-igualdade sexual. A ciência está contribuindo para
desvendar certos mistérios que, certamente, vão ser bastante úteis para
nosso autoconhecimento. Dessa forma, estaremos aptos a viver mais
adequadamente de acordo com nossas reais capacidades e daremos um
grande passo em prol do desenvolvimento evolutivo da raça humana.
Vale a pena lembrar que essas diferenças existem e que, uma vez que
elas dizem respeito a nós mesmos, elas se tornam um assunto de
extremo interesse para o ser humano, pois não há maior preocupação do
que descobrir os mistérios que fazem parte da nossa existência, isto é,
conhecer a natureza humana em sua totalidade e estar apto para explorar
todas as suas potencialidades.
As sutis diferenças entre as capacidades feminina e masculina nos
demonstram a necessidade da interação equilibrada entre: o homem e a
mulher possibilitando, na união, o crescimento evolutivo da espécie
humana.
Intuição
Falar sobre intuição é falar sobre algo que não pode ser totalmente
esclarecido, uma vez que o que se vivencia dificilmente pode ser
expresso em palavras. Talvez a definição mais próxima de intuição seja
aquela que diz que “a intuição é capacidade de ouvir a voz do coração”.
A intuição é a antecâmara da criatividade, pois é ela que nos dá a
sensação de que uma idéia nunca antes experimentada pode funcionar,
mesmo que pareça uma loucura. Às vezes, sem fundamentos lógicos,
algo nos diz que: “devemos ir em frente, que o caminho a seguir é esse”.
A intuição é que desvenda as possibilidades ocultas, favorecendo a
inspiração. Pesquisadores da área têm mostrado que ante um evento
comportamental, o ser humano tem, no mínimo, dois meios de dar uma
resposta; uma delas provém da voz do “eu” (ego) e que vem de fora, é a
chamada “ extuição ”; e a outra é reconhecida como a voz interior, a que
chamamos de “intuição” (ou voz da sabedoria). Para ouvir essa voz
interior, é preciso silenciar a voz do ego. É ela que nos permite antever
um problema ou mesmo ter uma sensação em relação a um projeto ou
processo e confiar em nossas sensações mais profundas . Sobre a
intuição, é comum dizer-se ainda: “a soma total das experiências ou a
sabedoria de vida não se apresentam como uma lista organizada de fatos
importantes, mas sim como sentimentos instantâneos,verdadeiros ecos
de uma voz interna”.
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A intuição se manifesta como uma impressão sentida como fruto da
percepção emocional. Ela se apresenta de forma instantânea e quase
global, sem detalhes e quase obscura, revelando-se com força total e
capaz de acionar o alarme sobre um fato, criando a certeza da escolha.
Uma certeza de um fato ainda futuro, que ajuda o indivíduo a se
proteger contra conseqü ências negativas. Essa escolha permite a
tomada de decisões mais esclarecidas frente a um número determinado
de possibilidades; e a colaboração do raciocínio, nesse momento, vem a
ser de muita valia para fortalecer as bases da escolha feita a partir da
intuição, operando ambas em forma de equilíbrio . Além dessas
conseqüências imediatas do fator intuição, outras considerações são
percebidas, fundamentalmente, no nível da influência que ela exerce em
relação aos outros. A intuição atua como uma grande conselheira e nos
convida a nos importar com o próximo, fazendo valer na prática um
sentimento de imenso valor interpessoal, como a empatia , nome dado a
esse sentimento que implica “um solidarizar-se com o outro”.
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do cérebro que, como já foi explicado, é cruzada – a parte direita do
corpo é regida pelo hemisfério esquerdo; e a parte esquerda, pelo
hemisfério direito . Por isso, treinar conscientemente uma atividade
psicomotora (como o desenho, por exemplo) especialmente com a mão
esquerda contribui para o desenvolvimento do hemisfério cerebral
direito. Essa teoria explica porque grandes nomes da História como
Leonardo da Vinci, por exemplo, foram conscientemente ambidestros,
destacando-se este como um dos casos mais notáveis, tendo em vista a
sua capacidade, criatividade, visão holística, imaginação e senso
prático.
“Durante toda a sua vida, Leonardo da Vinci usara com igual
maestria, tanto a mão direita como a esquerda, e necessitava de
ambas para o seu trabalho: com a mão esquerda desenhava; com a
direita pintava. Nessa união de duas forças opostas consistia,
segundo afirmava ele próprio, a sua superioridade sobre os outros
artistas”. 1
Da Vinci também escrevia normalmente com ambas as mãos. Ele
ainda era capaz de redigir ao inverso, isto é, da direita para esquerda. E
foi assim que Da Vinci escreveu 13 volumes de sua obra, com caligrafia
boa e clara, que só podiam ser lidos com a ajuda de um espelho.
Exemplos como esse nos mostram, na prática, os benefícios obtidos com
essa experimentação.
A prática do desenho com a mão esquerda, realizada de forma
consciente , modifica o estado de consciência de quem o executa, pois o
indivíduo se sente “transladado”, ou seja, transportado para outra
dimensão, fora de seu tempo. Essa é a maneira por meio da qual as
pessoas são capazes de expressar estados alterados de consciência.
Mesmo aquelas que jamais estudaram ou praticaram desenho
conseguem chegar a um estado agradável de profunda paz e
relaxamento. Aprendendo a controlar conscientemente o cérebro,
estamos aptos a abrir uma porta dimensional que nos propiciará
experiências inéditas para o desenvolvimento real do ser humano.
_____________________________________________
1. DA VINCI, Leonardo. Pensamento Vivo . São Paulo: Editora Martin Claret, 1995.
27
que trabalham o autoconhecimento têm feito descobertas muito valiosas
sobre o poder que se encontra na mão esquerda, ou seja, na “outra mão”.
Por isso, a utilização das duas mãos em exercícios de escrita por meio
de diálogos tem revelado segredos ocultos do mundo inconsciente.
Os exercícios estão fundamentados nos conceitos da análise
transacional: o pai interior, a criança interior e o adulto .
O pai interno ou pai crítico representa o agente bloqueador da auto
estima, um grande sabotador da criança interior , que é representada por
toda nossa capacidade emocional criativa e intuitiva, reprimida na
maioria das pessoas adultas. Para vivenciar o pai interior , por meio de
exercícios, devemos usar a mão direita cujo comando pertence ao lado
esquerdo do cérebro, tradicionalmente conhecido por ser frio e racional.
Aprofundamentos teóricos sobre esses assuntos não são objeto da
exposição deste livro, por isso nos limitaremos a mostrar apenas os
exercícios para que eles possam ser experimentados.
Os exercícios são desenvolvidos na forma de diálogo. A mão
direita representando o hemisfério esquerdo por meio da voz do pai
interior; e a mão esquerda expressando, por meio dos sentimentos, a
capacidade criativa da criança interior, dando direção à parte adulta
para que esta possa voltar a ter iniciativa, fazer planos e tomar novas
decisões. Esse é um exercício de recuperação e reintegração entre uma
parte vítima atratora de todas as culpas – a criança e seu vilão autoritário
e controlador.
A parte que atua como vítima é a parte íntima do mundo psíquico
que, geralmente, fica soterrada por anos e anos, gerando um vazio
existencial responsável pela angústia que muitas pessoas sofrem
normalmente na meia-idade. Informar à mão direita o que faz a esquerda
e vice-versa cura, traz claridade e faz sentir uma agradável sensação de
bem-estar.
Promover esses treinamentos, sob a forma de diálogos, proporciona
ao ser humano uma injeção de energia criativa. Isso faz com que a
prática desses exercícios se transforme numa poderosa ferramenta no
combate à crítica e à dúvida, tornando-se um método infalível na hora
de enfrentar qualquer classe de conflitos.
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Diálogo entre a Mão Esquerda e a Mão Direita
29
OBSERVAÇÕES:
Para realizar esse exercício com sucesso, é importante, antes de
tudo, escolher um lugar sem ruídos, distrações ou exigências
provenientes do exterior . Esse trabalho requer concentração máxima e
uma atmosfera que favoreça a auto-reflexão. Ainda se faz necessário
dispor de tempo suficiente para executá-lo, sem pressa nem pressão. O
ideal é dispor de, pelo menos, trinta minutos. A tarefa é confidencial e
não deve ser revelada a ninguém; muito menos a pessoas que tenham
olhos críticos e mentes incompreensivas .
Materiais empregados:
Conclusão:
OUTROS EXERCÍCIOS
Utilizando ambas as mãos no desenho, estamos aptos a realizar
uma experiência inusitada e quase sempre reveladora. Repare no
desenho a con tinuação, e utilizando as duas mãos tente reproduzi-lo.
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O mistério do canhoto
31
Os canhotos são freqüentemente chamados de “sinistros”, o que se
traduz como sinônimo de falta de habilidade. Em quase todas as línguas,
os termos “esquerdo” ou “canhoto” possuem significados depreciativos,
que acabam por gerar uma série de outros nomes que carregam em si
essa conotação negativa como, por exemplo, desajeitado, inapto,
pernicioso, etc. Mas um ponto está claro: a associação do lado esquerdo
com o que é considerado “mau” já vem de longa data.
E onde estaria a origem desse preconceito? Ainda não é possível
dar uma resposta definitiva para essa questão. Somente especulações e
teorias surgem na tentativa de explicar o mistério que envolve os
assuntos relacionados à predominância da habilidade manual direita.
A seguir, apresentam-se três teorias que fundamentam a
predominância manual direita.
33
Reflexões à parte, seja qual for a razão desse interesse, não
podemos deixar de considerar, conscientemente, a importância da
existência da mão esquerda como o primeiro passo para obter sucesso
num posterior e eficaz contato com o cérebro direito, isto é, o cérebro da
emoção. Praticando alguns exercícios físicos também podemos ajudar a
desenvolver esse potencial. Podemos, por exemplo, começar com bolas
macias, apertando -as com a mão esquerda várias vezes por dia durante
alguns minu tos. Quando você já estiver bem treinado nesses exercícios
mais simples, tente executar tarefas mais complexas durante um período
de tempo maior , alternando entre uma complexa e uma simples. Um
bom exercício é copiar uma pequena poesia ou fazer um desenho, fruto
de sua imaginação , sempre usando a mão esquerda.
Nossa experiência com o desenho tem apresentado alguns casos
interessantes . Quando algumas pessoas desenham “normalmente”,
usando a mão direita, os bloqueios emocionais interferem, inibindo a
expressão natural do desenho. Quando isso acontece, elas são
convidadas a usar a mão esquerda. Como resultado, percebe-se,
claramente, uma desinibição evidente, maior harmonia na composição,
detalhes em tamanhos maiores , o que vem revelar senso de unidade.
mão esquerda
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36
A concentração se manifesta tanto em relação à visão quanto aos
detalhes . O detalhe é um elemento que está ligado ao lado esquerdo.
No entanto, compreende um paradoxo, pois quando o detalhe participa
num certo contexto – motivo de alta concentração – a pessoa é levada a
experimentar uma sensação de desapego ampliando, assim, a sua
percepção e provocando estados alterados de consciência que algumas
pessoas têm classificado como sendo equivalentes a uma grande
sensação de felicidade . Alta concentração é o começo, o meio e o fim
desse processo.
E o que é concentração?
_____________________________________________
37
vivenciando um estado de harmonia interior. E, é claro, que essas
sensações experimentadas durante os exercícios nada trarão, em termos
de benefícios duradouros, se os esforços não se fazem, além da
curiosidade inicial.
É bom salientar que esse processo também pode ser atingido por
meio da transição mental de modalidade do lado esquerdo do cérebro
para a modalidade do hemisfério direito, utilizando a mão direita.
Porém, existem algumas diferenças.
Ao utilizar a mão esquerda, as pessoas conseguem mudanças mais
profundas , em menos tempo, no entanto têm de estar dispostas a uma
entrega total. É necessária uma grande dose de desapego, pois a pessoa
tem que assumir o traço “feio”, produto de uma mão não treinada
convenientemente. Os diferentes tipos de personalidades constituem um
grande empecilho para realizar profundamente essa experiência, uma
vez que a vaidade, o orgulho, o perfeccionismo, entre outros , não
deixam a pessoa livre para tentar esse aprofundamento e, com isso, ela
acaba desistindo de desenhar com a mão esquerda; não por não
conseguir atingir o objetivo, mas por não suportar o atrito. Por essa
razão, nos cursos são usadas ambas as mãos e, no início, os profissionais
dão preferência momentânea ao uso da mão direita, mas deixando bem
evidente a necessidade da transição cerebral para que o objetivo seja
atingido. O apego aos resultados é um outro obstáculo sério no
desenvolvimento cerebral direito. O praticante inicia o processo com a
finalidade de aperfeiçoar seu desenvolvimento cerebral, porém quando
começa a ver os resultados positivos desse trabalho, desvia o foco do
objetivo principal e começa a exigir de cada exercício o resultado de um
quadro para ser exibido numa galeria de arte, confundindo treino e
aprendizado com exercício profissional, não tolerando erros e trazendo
ao processo todos os vícios do trabalho desenvolvido em forma
competitiva que pertencem à outra área do cérebro.
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Exercício
feito com a mão esquerda
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Desenhos com a Mão Esquerda
40
41
42
Capítulo 2
43
detalhadamente, mais adiante, pois existem muitos tipos de observação
e, nesse caso específico, estou me referindo a uma observação muito
especial.
Prosseguindo com nossa análise, é possível notar que o lado
esquerdo de nosso cérebro rejeita todo tipo de tarefa que requer muito
tempo para sua execução. Isso acontece porque a atividade é detalhada
ou lenta, ou, simplesmente, pelo fato de ele não poder realizá-la. Esta é a
chave de todo o processo: “para desenvolver o lado direito do cérebro,
precisamos de tarefas que o lado esquerdo do cérebro rejeite”. Um bom
exemplo é a atividade artística em suas diferentes formas de
manifestação, seja o desenho , a música, a meditação e toda e qualquer
atividade que exija lentidão e uma visão global da realidade. Esse é o
principal aspecto a se considerar e, de acordo com a minha experiência,
ao longo de todos esses anos, é o que mais confunde as pessoas, pois é
comum ouvir comentários do tipo: “Ah! Não me interessa desenhar!” E
a minha resposta é: “Não se trata de aprender a desenhar para se tornar
um artista ou algo parecido. Trata-se de experimentar um estado de
relaxamento mental, num processo de desligamento do lado esquerdo.
Logo, não importa qual seja a atividade a ser realizada, desde que sejam
levados em consideração os requisitos necessários para estar apto a
acessar o lado direito do cérebro. Quem procura desenvolver as
faculdades do lado direito do cérebro, utiliza as ferramentas
anteriormente descritas como testemunhas, verificando, na prática, as
mudanças que ocorrem em seu cérebro”.
Ciente da importância deste trabalho, procurarei mostrar a você,
estimado leitor, como aplicar esse método para “acessar” as
potencialidades do lado direito do cérebro. O primeiro ponto para o
desenvolvimento do hemisfério direito (ou lado direito) consiste em
“gerar um ponto de vista diferente. Mas diferente de quê? Da nossa
maneira habitual de enxergar a realidade.
Com base nesse conceito, para executarmos a primeira lição
prática, sugiro também colocarmos em funcionamento “ uma idéia
diferente ”, uma vez que precisamos entreter o hemisfério esquerdo, ou
seja, afastá-lo dessa atividade. E como as coisas podem ficar diferentes?
Vamos tentar, por exemplo , mudá-las de posição. Como?
Simplesmente, invertendo-as.
Por exemplo, se você ler um texto na forma invertida,
primeiramente serão percebidas as formas das letras, o seu desenho, e só
depois é percebido o conteúdo do texto. Comprove você mesmo,
observando a ilustração apresentada a seguir:
44
Ao contrário, estaria correto?
45
to parece ser como já a experiência o tem demonstrado um grande
aliado para acessar esta parte do cérebro.
A questão da inversão das imagens tem sido tratada também pela
Dra Betty Edwards no seu conhecido método de ensino.
46
Vire o livro. No momento em que você virar este livro e colocar a
imagem no sentido correto, o personagem surgirá imediatamente em sua
mente e você será capaz de reconhecê-lo.
A imagem é do célebre ........
47
48
... pintor Pablo Picasso, um artista consagrado da Arte Moderna e um
dos iniciadores do inquietante Movimento Cubista. No momento em que
se dá o reconhecimento da pessoa, novamente fazemos a conexão por
meio do nome, ou seja, por meio do lado esquerdo do nosso cérebro.
Percebeu a diferença?
Com base nos exemplos utilizados, não é difícil concluir que, para
que os adultos desenhem corretamente, devemos recorrer a alguns
truques como inverter o desenho, por exemplo, pois dessa maneira nos
esquecemos do nome daquilo que nos está sendo apresentado no
momento. Como foi dito anteriormente, o nome está vinculado à
linguagem oral, ou seja, ao lado esquerdo do cérebro, que é
incompetente para realizar tarefas emocio nais como o desenho.
A seguir, apresentam-se as duas formas do desenho: nas posições
invertida e normal.
50
Outro dos motivos de o resultado ser tão óbvio baseia-se na
linguagem simbólica armazenada no lado esquerdo do cérebro durante
o período de desenvolvimento da personalidade. Uma vez que ela não
muda, se utilizamos o lado cerebral esquerdo, nada de novo teremos, ou
seja, portanto não veremos nada de uma maneira diferente.
A respeito das características inerentes ao lado esquerdo do
cérebro, ainda podemos mencionar o fato de ele não gostar de realizar
tarefas lentas. Por isso, se desejamos desenhar corretamente (o que é, na
verdade, uma tarefa lenta), devemos driblar a intervenção do lado
esquerdo para deixar o campo livre para o lado direito, já que este tem
prazer em desempenhar tarefas lentas. Essa é a primeira condição para
acessar o lado direito do cérebro. Porém, nesse processo, devemos ficar
atentos, pois o lado esquerdo do cérebro é muito perspicaz e como ele
exerce controle sobre a fala, tenta nos convencer com sua “tagarelice
mental” a desistir de executar tal tarefa, antes mesmo de iniciá-la.
O outro lado do cérebro, o lado direito, atrelado aos sentimentos, é
mais lento para reagir; logo, acaba sendo abafado em suas pretensões.
Dessa maneira, o poder do lado esquerdo se alicerça a cada dia que
passa. Ele é responsável por manter uma programação mecânica de
hábitos, na qual se misturam a imagi nação (geralmente negativa), os
preconceitos, os medos, as limitações. Enfim, o hemisfério esquerdo é
responsável por manter uma rede, desenvolvida pela própria mente, tão
densa que a verdadeira realidade se mostra oculta e inacessível. E,
assim, à medida que o ser humano vai limitando o seu campo de ação
aos hábitos corriqueiros do dia-a-dia, vai enquadrando sua vida a
extremos, conduzindo -o à insensibilidade e à falta de criatividade. Daí o
fato de que truques e mudanças de rotina manterão mais ativo o cérebro,
aproximando-nos assim do tão desejado equilíbrio humano.
Assim, se explica como tarefas próprias de serem executadas pelo
lado emocional, como desenhar, por exemplo, são também atrofiadas
pela incompetência do hemisfério esquerdo, que invade o território
pertencente ao hemisfério direito, causando nas pessoas frustração e
gerando a culpa por uma inabilidade aparente. Com isso, é comum
observar pessoas expressarem com desagrado a “suposta” condição de
não ter dom para desenhar.
Ao se estudar o funcionamento dos hemisférios direito e esquerdo
do cérebro, o que se percebe é que não se trata de “dom”, e sim de
utilizar o cérebro de forma adequada para realizar com sucesso as
tarefas que lhe são afins.
51
Passaremos à segunda parte do exercício.
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quebra-cabeça, e que esta atividade exige coordenação de táticas e um
treinamento diferente, isto é, um esforço novo; e, como toda prática
desconhecida , ela traz um momento de instabilidade, até que se instale
um mecanismo reconhecido pelo cérebro. Assim sendo, seus caminhos
neuroniais terão criado novas trilhas e seu cérebro as receberá como
ordens já conhecidas, ordens relativamente novas, mas que oferecem
grandes vantagens em razão dos benefícios que você obterá por meio do
treinamento.
A seguir, apresento o resultado do trabalho de uma aluna que, como
você, nunca havia desenhado antes. Se você, caro leitor, seguir as
instruções aqui sugeridas, certamente obterá os mesmos resultados ou,
quem sabe, resultados ainda melhores.
Desenho de um palhaço feito com o lado direito do cérebro.
O desenho é um dom ou uma habilidade a ser desenvolvida?
53
centro de nosso interesse; e sim aquelas pessoas que acreditam,
erroneamente , não poder desenvolver o desenho como qualquer outra
habilidade semelhante a cantar, dançar ou representar. Ousar “ ver
diferente” para ultrapassar a barreira de nossos preconceitos parece
ainda ser o nosso maior desafio. Nos exercícios anteriores, treinamos
opções diferentes para mudar o ângulo de visão no desenho, porém
existem diversas outras formas de praticar uma nova maneira de
enxergar as coisas.
Aprofundando a questão: “como podemos aprender outras maneiras
de ver as coisas de forma diferente? Tomando como base o exercício
anteri or, um desenho em posição invertida – uma das chaves –
perceberemos que enxergamos linhas, formas no espaço e, dessa
maneira, nos libertamos do domínio verbal e simbólico que o lado
esquerdo exerce sobre nós, tornando a atividade livre da escravidão
mental do homem e transformando-a numa expressão emocional que,
como todo ato genuíno, proporciona um grande prazer. Dessa maneira, o
ato de desenhar nos induz a um estado de satisfa ção, que se perdurar, é
capaz de nos levar a estados modificados de consci ência, tal como os
experimentados por muitos seres privilegiados pelas suas escolhas como
artistas, cientistas, músicos, etc.re
Ver de forma diferente é “ver sem foco”, é enxergar os espaços na
sua plenitude, configurados por linhas que, ao estarem vazias, nos
oferecem a possibilidade de criar inúmeras outras formas. É este
processo de abstração que nos põe em contato com a criatividade e a
liberdade, contrariando as qualificações que atribuímos mecanicamente
a uma determinada coisa ou objeto observado. Para compreender melhor
esse assunto, proponho que façamos o seguinte exercício: observe os
atributos de um objeto , faça algumas afirmações de qualificações
indiscutíveis e, em seguida, tente contrariá-las.
Por exemplo: uma lâmpada é transparente, luminosa, frágil e
pequena .
Agora reflita: em relação a esse objeto, a lâmpada, é possível fazer
qualificações diferentes ou opostas? Por exemplo: nem sempre as
lâmpadas são transparentes, existem lâmpadas pintadas ou de material
fosco; nem sempre são luminosas, quando estão apagadas, por exemplo,
não são. Existem também lâmpadas grandes, não são todas pequenas
como a nossa fixação mental nos indica. Dessa forma, você poderia
continuar propondo qualificações para, em seguida, contrariá-las.
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O exercício de “ver diferente” pode ser praticado também por meio
da observação de uma obra de arte. Se você olhar um quadro de arte
figurativa , uma pintura de Manet, por exemplo, você poderá ver
claramente os detalhes; sua visão percorre até os últimos vestígios da
imagem. Nesse caso, dizemos que “vemos com foco”. Mas, se você
observar um quadro abstrato, é possível encontrar várias imagens que
podem ser analisadas independentemente umas das outras, e a
multiplicação delas depende mais da capacidade imaginativa do
observador do que da obra em si. E é essa capacidade imaginativa do
observador que nos interessa, quando nos referimos a uma forma de
“ver diferente”.
55
expansão. Se trabalharmos o hemisfério direito de nosso cérebro,
poderemos conciliar esse aparente paradoxo, crescer, fazer mudanças
que nos tragam bem-estar e felicidade. Mas não devemos nos esquecer
de que é fundamental nos desligarmos dos nomes dos objetos e coisas,
exercitando a nossa capacidade de abstração, porque assim teremos
possibilidade de descobrir aquilo que está escondido em nós, aquilo que
nos é essencial. A essa nossa porção oculta chamaremos “artista
interior” (ou grande observador).
Antes de concluir essa parte, farei, ainda, algumas recomendações
para melhorar nossas práticas. Diariamente, é aconselhável destinar pelo
menos cinco minutos para mentalizar a presença do “grande
observador” (nosso artista interior), bem como o seu poder e sua força,
pois quando estamos desenhando é o nosso artista interior que
invocamos, acreditando que tudo dará certo. Como fazer isso? É fácil,
pois é ele quem desenha. Nós apenas devemos permitir que ele o faça
através de nós. Dessa maneira, aprendemos a não criar resistências e a
acreditar nessa força interior. Portanto, antes de realizar um exercício, é
fundamental refletir e observar nosso estado interno, nossas emoções e
nos questionarmos fazendo-nos perguntas do tipo:
Qual é meu estado de ânimo hoje?
O que sinto? Medo? A folha em branco me apavora?
Por onde devo começar? Estou perdido? De que e de quem?
É hora de revisar as convicções internas, erradicando posturas
limitadas do tipo “não posso”, não devo”.
“A mentalidade positiva presente o tempo todo é o grande, porém,
simples segredo”.
Três princípios devem guiar você durante todos os exercícios. São eles:
a) Focalizar o desenho (modelo), fitando-o como se o acariciasse
com os olhos e com as mãos. Penetre-o até que ele seja capaz de
enxergar você. É dessa forma que o seu “artista interior” entrará em
ação. Você poderá sentir e constatar a sua presença.
b) Durante o exercício, procure ter um nível de alta vibração para
obter o melhor desempenho possível. A partir desse ponto de vista, pode
surgir um
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novo conceito de beleza, que não se importa somente com os resultados,
e sim com o fato de se fazer bem-feito, assim como a natureza faz.
c) Refletir sobre o porquê da escolha de determinado desenho. Você
deve se perguntar por que se manifestou o desejo de desenhar tal coisa.
Agindo assim , você descobrirá que o seu desenho não se trata de mais
uma cópia mecânica . A partir do momento que você consegue
identificar o porquê de seu interesse em reproduzir uma determinada
coisa, há uma intenção presente, consciente . Uma sabedoria começa a
nascer nesse momento. E uma última recomendação : quando você for
fazer um exercício como esse, é ideal ter ao lado uma folha em branco
para que você possa descrever o que está sentindo, em termos
emocionais , no momento. Assim, você poderá refletir sobre essa
experiência, o que, certamente, vai lhe permitir fazer com que ela se
transforme num ensinamento em outras áreas de sua vida também.
Para finalizar, façamos outro exercício:
Usaremos o mesmo material, respeitando as recomendações
sugeridas anteriormente. Dessa vez, use a mão esquerda e, com o
desenho virado de cabeça para baixo, repita o modelo abaixo. Prepare-se
para fazer, você mesmo , a sua avaliação.
A seguir mostramos um exercício realizado por um dos alunos da
nossa oficina.
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58
Capítulo 3
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também chamadas de positivas ou concretas, são mais facilmente
identificadas pelo hemisfério esquerdo, pois, por meio dele, você as
codifica dando a elas um nome, por exemplo: “arara”. Os nomes dados
às coisas, portanto, estão ligados à linguagem oral. As formas vazias ou
abstratas, também chamadas de negativas, não possuem nomes,
conseqüentemente, o lado esquerdo as rejeita, porque ele interpreta
essas formas como se fos sem “nada”. O lado direito tem, assim, a
chance de se manifestar, já que esse lado é abstrato e considera o vazio
como o todo a partir do qual tudo se cria.A partir da imagem seguinte
podemos observar a síntese: a unidade é o resultado da união de
cheios e vazios .
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Aspectos psicofilosóficos : do conceito cheios e vazios
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uma separação fictícia que nos leva a maior parte das vezes a concluir
erradamente a respeito da existência, pois a percepção da separação é
ilusória.
Quando a unidade não é reprimida, tudo é simultâneo, existe no
momento presente, e o momento é presente porque carece de passado e
de futuro. Carece de passado porque ao falarmos dele, só existe nas
lembranças. E carece do futuro porque quando falamos de futuro, ele
existe apenas nas expectativas. Definitivamente, só há o aqui e o agora;
viver o presente é viver em unidade, ser um com a unidade , portanto,
passado e futuro são ilusões e a única realidade é a realidade presente,
que como sugere o significado da própria palavra trata-se de uma
dádiva.
A vida é o momento . O agora representa a vida que convive com
a morte de outras possibilidades que não estão sendo realizadas. É nesse
sentido que se fala que a vida é a eterna dança da existência, vida e
morte, construção e destruição simultâneas. Esta observação completa e
holística não pode ser feita por nossa mente limitada canalizada pelo
hemisfério esquerdo. É preciso gerar uma nova força que deve surgir do
interior, capaz de observar a realidade tal qual ela é; um observador ,
que objetivamente perceba a unidade no todo. E ele, é o verdadeiro eu
que, como diz Ken Wilber, “ não conhece universo a distancia,
conhece o universo por ser universo, sem o menor vestígio do espaço
interveniente e o que é sem espaço tem que ser o infinito ” Este é o
espírito que deve guiar quem procura realizar esses exercícios. O ideal é
que cada um desses exercícios seja um passinho adiante para tentar
despertar dentro de nós esse eu que detém as chaves de nossa
realização. Quando? Agora .
Não é difícil deduzir, então, a importância de desenvolver em nosso
mundo interior a existência do grande observador, pois só ele, com sua
imensa abstração, num eterno presente simultâneo, está apto a observar
as formas vazias sem nome e sem alteração emocional alguma.
Procurarei, agora, a maneira mais acertada para transferir a você,
caro leitor, na prática os conceitos aos quais nos referimos
anteriormente. E é claro que a maneira mais eficiente para conseguir
êxito na tarefa a que me proponho a realizar se dará por meio do
desenho. Durante um dos encontros realizados no Instituto para o
Desenvolvimento Humano Integral( os quais recebem o nome de
“trabalhos de pátio”, por serem, em sua maior parte, vivências
realizadas ao ar livre), tenho realizado atividades próprias do chamado
“Núcleo da Mão Esquerda”, parte de um conhecimento ensinado pelas
antigas Escolas Iniciáticas do Meio Oriente, conforme já foi
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relatado. Durante os exercícios, fomos orientados a desenhar o que
observá vamos a partir das formas vazias, até chegarmos às formas
cheias. Essa metodologia de observação nos induzia a perceber o
conjunto, a unidade de toda a forma e, inclusive, as sombras, uma vez
que estas também são formas.
Quando conheci o método da Dra. Betty Edwards, já mencionado,
veio a confirmação sobre a percepção do desenho e seu funcionamento.
E, à medida que fui aumentando a minha capacidade de compreensão e
adquirindo mais experiência, fiz a minha própria síntese, que será
apresentada a seguir por meio de um exercício prático.
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essa forma. Use o modelo abaixo, tal como está sendo apresentado.
Feito isso, escureça os espaços vazios a fim de reforçá-los como forma,
logo fitei com os olhos cada uma dessas formas, uma de cada vez até
percebê-las.
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de executar quando desenhamos por meio das formas dos espaços
vazios? Porque o hemisfério esquerdo não reconhece nenhum nome ou
codificação para o espaço a que chamamos de “vazio” e, quando isso
acontece, ele se desliga automaticamente, dando oportunidade ao
hemisfério direito para atuar. Este, por sua vez, sabe e entende de
espaços vazios já que é o hemisfério do abstrato, enquanto o hemisfério
esquerdo é o hemisfério do concreto.
Percebe, agora, mais claramente a diferença?
Faça o seguinte exercício:
EXERCÍCIO 2
Para realizar esse exercício, siga as instruções anteriores e as que se
seguem abaixo:
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3. Engrosse as linhas com lápis 6B, fazendo sombra nos lugares
apresentados pelo modelo.
4. Finalize o exercício quando o seu desenho estiver no mesmo
estágio que o modelo exibido completando todos os detalhes.
Percebendo os vazios abstratos, somos capazes de desenhar os
contornos dos espaços cheios que são concretos e ricos em detalhes
EXERCÍCIO 5
Desenho de uma estrela-do-mar
No desenho da estrela-do-mar, uma aluna nos revela sua
capacidade criativa nos espaços vazios que circundam o objeto
principal.
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para finalizar o desenho que, nesse ponto, tem se convertido em um
desenho de natureza figurativa. Note que, ao final desse processo,
temos percorrido duas etapas: uma abstrata e outra concreta. Nesse
ponto, vale a pena refletir sobre a estrutura, ou seja, a essência do
desenho, e sua relação por analogia com a dupla estrutura da natureza
humana.
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visuais que não necessitam ser percebidos para que o essencial venha à
tona. Curiosamente, refletir sobre uma determinada coisa já implica
mudança, porque o que mais gostamos de fazer através de nosso centro
intelectual é pensar, porém, existe uma grande distância entre “pensar” e
“refletir” e, por isso mesmo, por ser esta uma tarefa pouco comum, se
fazem necessários
alguns esforços. E esforço não é uma palavra muito democrática. Se
observarmos a trajetória de sucesso dos homens bem-sucedidos,
percebemos com nitidez que o esforço é uma constante em suas vidas.
Eles vivem essa necessidade , por isso, estabelecem objetivos
aparentemente impossíveis e se esforçam para atingi-los com sucesso.
Porém, homens bem-sucedidos são poucos . E onde estará o segredo?
O segredo está em nos convencermos a fazer esse esforço . Porque
ele faz a grande diferença. Dizem os sábios que a reflexão é o caminho.
Mas, como já foi dito, refletir já implica um esforço que não faz parte de
nossos hábitos, portanto, geralmente essa saída está provavelmente
ligada ao fracasso.
Então, o que fazer?
Os neurologistas mencionam um poder, uma força sem limites que
controla nossas vidas a cada momento. Pode-se traduzir essa força em
duas palavras: dor e prazer. Tudo o que fazemos se deve a essa
constante necessidade de evitar dor ou obtenção de prazer.
Se a maior parte das mudanças que fazemos em nossas vidas,
acreditamos , são para o nosso bem, por que algumas delas acabam não
sendo bem-sucedidas ou duradouras como gostaríamos que fossem? A
resposta é muito simples. Isso não ocorre porque acreditamos que agir
em um determinado momento, mesmo que seja em nosso benefício ,
será mais doloroso do que adiar. Assim, acabamos protelando essa ação
e, com isso, experimentamos um certo prazer, mas um prazer tolo, pois
o verdadeiro prazer é sentido quando fazemos o que era preciso ser
feito, evitando assim uma dor maior. Então, como despertar desse
sofrimento, a que o filósofo russo George Ivanovich Gurdjieff (1872-
1949) – criador do sistema de desenvolvimento humano conhecido
internacionalmente como “Quarto Caminho” – convencionou chamar de
“sofrimento inconsciente”. Da mesma forma como mudamos a nossa
velha convicção do “não posso” para a nova e vital “eu posso”. O meio
mais eficaz é fazer o seu cérebro associar uma dor antiga a uma velha
convicção e, ao contrário, associar um grande prazer à mudança
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para uma nova convicção, convicção esta que nos levará ao sucesso de
uma proposta predefinida .
Muitas vezes tentamos realizar essas mudanças, mas fracassamos
porque atribuímos a uma mesma situação, dor e prazer,
simultaneamente. É o que os neurologistas chamam de neuro sensações
mistas. Essas neuro sensações mistas demonstram que os aspectos
positivos influem, porém os negativos exercem maior peso, já que estão
presentes em um maior número de itens. A conseqüência desse
movimento contraditório será a paralisação dos eventos . Para exercitar
e compreender melhor nossas convicções ocultas, faça uma lista de
crenças positivas e uma outra sobre as crenças negativas, separadamente
. Depois compare os resultados para ter um panorama mais claro sobre
quais são as crenças predominantes ou se ambas têm o mesmo peso.
Esse exercício elucidará a questão.
E como funciona esse princípio em nossas práticas? Mais ou menos
assim: ao desenhar as pessoas são induzidas a observar e perceber
que, além dos espaços cheios formados pelos desenhos, existem
também os chamados espaços vazios, e que ambos formam parte da
unidade . Perceber os espaços vazios não faz parte do hábito das
pessoas, muito pelo contrário . Eles gostam de observar o desenho
apenas com o foco que lhe proporciona prazer. No entanto, como já foi
dito, trata-se de um prazer tolo, já que esta observação está atrelada ao
hemisfério esquerdo do cérebro, instigando à observação automática
das coisas e objetos, o que resulta num desenho idealista e simbólico,
classificado como “feio”, já que foge ao realismo . O realismo é
justamente o que uma pessoa deseja atingir ao desenhar , isto é,
reproduzir o objeto de maneira muito semelhante ao que vê. Para ilustrar
estes conceitos, apresento a você, leitor, uma situação vivida por uma
aluna iniciante em sala de aula, que ainda não reconhece as
manifestações de seus hemisférios cerebrais e suas diferentes funções e,
exatamente por isso, vivencia um estado de conflito. Veja a seguir, o
que uma de nossas alunas, Paula, uma aluna de meia idade, expressa ao
realizar um dos exercícios propostos em nossa oficina.
Vamos acompanhá-la desde o início. Ao começar os contornos de
um desenho, a percebo afoita, apressada, aumentando cada vez mais o
ritmo , e errando em forma proporcional. Apaga uma e outra vez,
reclamando de sua falta de controle e revelando, assim, a sua ansiedade
diz: “Descobri que não tenho paciência! Quero terminar logo!” Chamo -
a para reflexão e
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digo: “Alguém sabiamente já disse que, para se ter êxito, é necessário
focalizar um objetivo a longo prazo. Traduzido ao desenho: “Devemos
ter calma e observar adequadamente”.
Pergunto-lhe, ainda, como ela quer acessar seu hemisfério direito,
se ao conseguirmos acioná-lo ou ao iniciar o desenho já queremos
finalizá-lo! ... Após essa advertência, ela segue adiante e move a cabeça
incrédula sobre o resultado... Está desconfiada... “Será que desse mato
sai coelho? “... Enfim, vou continuar.”, comentar . Move a cabeça de
novo. Não está gostando. Falo que ela deve continuar o exercício e
acreditar nela mesma e em sua capacidade e que de outra maneira nunca
saberá o que procura conhecer. Ela continua. Pouco depois, vejo o seu
rosto sereno. Algo aconteceu, está tranqüila e desenha; desenha
prazerosamente . Pergunto como se sente nesse momento e ela me
responde: “Agora estou melhor, estou gostando!”. Incrível! Falamos
sobre o esforço que devia ser feito como preço para ascender a esse
novo estado e, de repente, abre-se uma porta para um lugar em que ela
aprenderá a se encontrar para refletir, para ser ela mesma e,
simplesmente , poder se dar uma oportunidade de ser mais feliz.
Perceber a unidade ou visão holística se traduz para o mundo do
dese nho, tecnicamente, com o nome de composição e, sobre essa
questão, vale a pena relembrar alguns conselhos que facilitam a
percepção da unidade.
A composição
Os estudiosos de arte têm definido que “a composição é a maneira
como os artistas constroem ou dispõem os elementos que formam parte
da imagem“, tentando, assim, definir algo que parece não ter definição.
Todos sabemos que, numa imagem de referência realista, haverá forma e
fundo,
cheios ou vazios, certo? Vamos chamar as formas reconhecidas pela
mente de formas positivas; e as vazias e sem nome, de formas negativas.
As duas formam parte da unidade da imagem, a qual chamamos de:
composição . Ainda há um aspecto importante a salientar: a relação
entre o comprimento e a largura das margens que determinam a
superfície, ou seja, aquilo a que chamamos de formato. O formato, pois,
determina o tipo da composição .
A seguir, vamos realizar um exercício para comprovar o que foi
dito anteriormente. Folha de papel em branco, tipo sulfite, lápis e
borracha em mãos. Observe a fotografia do objeto que está sendo
mostrado nesta página para ser capaz de reproduzi-lo.
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relação ao modelo. No entanto, se optássemos pelo retângulo mais fino
– em que o comprimento é bem maior do que a largura – este obrigaria o
desenhista a estreitar ainda mais a disposição dos elementos do plano
da base. Observe , então, como o formato ou a superfície adequada
condiciona a uma correta composição. Uma dica: são as formas
positivas e negativas da composição, isto é, ambas, que nos orientam na
seleção da superfície adequada.
Por que, então, na maioria das vezes, cometemos erros na escolha
da superfície adequada? Os iniciantes têm, geralmente, uma certa
inconsciência dos limites da superfície do formato (representado pela
folha de papel) e sua atenção não está voltada para as formas
distribuídas como um todo. Isso para quem é iniciante não existe.
A seguir, observe os diferentes desenhos que lhe são apresentados.
Você está convidado a fazer a escolha do formato adequado, a fim de
verificar se o assunto exposto anteriormente foi compreendido. Observe
os enquadramentos e analise-os em relação à categoria do desenho
(paisagem, rostos ou marinhas), para ver se as mesmas correspondem ao
padrão escolhido .
Veja, a seguir, os enquadramentos ou composições adequadas para
os diferentes temas sugeridos e perceba os erros de enquadramento
mostrados antes. Reflita sobre o que levou isso a acontecer.
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73
Mas todos nós fomos um dia crianças e nos lembramos desta
como uma bela época, na qual tudo estava no lugar certo, na
hora certa. É só olhar para os desenhos infantis para enxergar
essa harmonia. Comprove você mesmo observando o desenho a
seguir.
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precisem estar em harmonia. Um pouco de orientação teórica pode
ajudar a executar essa tarefa mais corretamente. Em composição, pouco
se pode explicar, porém alguns conselhos podem ser bastante úteis
nessas horas. Suponhamos que você deseje fazer o desenho de uma
paisagem marinha ou ainda uma imagem que contenha um lago,
árvores, céu e, um pouco mais longe da natureza apareçam alguns
morros baixos. O melhor formato para abrigar esses elementos será um
retângulo na posição horizontal. No entanto , se a escolha de seu motivo
foram árvores elevadas em primeiro plano, talvez seja melhor inverter e
dispor sua composição num formato vertical.
Isso nos permite constatar que, é preciso estudar e refletir muito antes de
fazer a escolha definitiva do formato de um desenho.
Um exemplo:
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elementos e apenas um deles terá maior destaque; os outros completarão
a cena, promovendo o seu equilíbrio.
Se a mesma cena é preenchida por elementos que criem contrastes
fortes demais, perde-se o equilíbrio em relação ao resto do quadro,
tornando -o desinteressante justamente por esse motivo: o que era
contraste se transformou em interferência. Veja o exemplo:
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No exemplo ao lado, a árvore à esquerda é o elemento de destaque
e está no plano de base, próximo ao espectador. A seguir, temos o plano
intermediário que representa uma conexão entre os planos de terra
(base) e de céu (superior) formado pelo lago. Repare a neutralidade da
sua intensidade tonal em relação aos outros planos.
Outra questão que deve ser levada em consideração: nunca escolha
motivos carentes de elementos visuais dominantes, isto é, de
“contrastes”. Eles representam as tensões espaciais que devem existir
num quadro para que este atraia o interesse do espectador. Os contrastes
são os elementos estáticos que fazem deter o tempo criado pela fluidez
do resto do quadro. Essa fluidez, a artista e gravurista Faiga Ostrower
chama de “semelhanças ou seqüências rítmicas”.
Exercícios :
a) Aprenda a ver os contrastes espaciais e as seqüências rítmicas nos
exercí cios que utilizar como modelo para praticar.
b) Quando usar fotografias para desenhar, não esqueça de observar os
elementos visuais da composição.
Abordagem psico-filosófica
A proporção através das relações espaciais
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sentir, no íntimo, que a maior das proporções de “um em todos e todos
em um”, não está presente. Porém, já houve um tempo em que essa
ordem natural era observada e aplicada, seja por motivos religiosos ou
simbólicos. Os tratados, as ordens das cidades, templos e pirâmides não
foram um resultado casual de um absurdo geométrico ou, simplesmente,
de um ato abstrato. Mas, já fora o tempo em que esses homens do
passado se preocuparam , num exercício de consciência, em transformar
positivamente a natureza e, nesse mesmo ato, transformar a si mesmos.
Processos dinâmicos carregados de significados dos quais hoje só
restam algumas lembranças. Nosso tempo testemunha um homem que
só visualiza o mundo exterior e, paradoxalmente, pela falta de contato
com o mundo interior, não lhe é permitido entender esse mundo exterior
ao qual tanto cultua.
Se observarmos atentamente a existência humana, vemos que nela
se cumpre uma lei em forma constante: ela é constituída de ciclos, assim
temos períodos de alegria e outros de sofrimentos, tempos de paz e de
guerra e assim por diante. Os ciclos parecem contraditórios, porém as
aparentes diferenças são absorvidas pela unidade. E assim também
funciona a lei de proporção. Nós, os seres humanos somos a única
espécie deste planeta que nos “ desproporcionamos ,”adotando posições
extremas e desequilibradas com base na frieza da razão,movida apenas
por uma das duas dimensões humanas: o tempo; nos esquecendo da
emoção ligada ao espaço: Mas devemos lembrar que são duas as
dimensões que preservam a unidade e é nessa unidade do espaço com o
tempo q ue nossa consciência cresce e o amor se realiza, amor no
verdadeiro sentido do termo; entende -se por amor a reta ação, ou o agir
consciente. Essa síntese do tempo–espaço que se dá no aqui e agora
representa a medida exata do homem e de toda a sua manifestação, a
medida justa a que chamamos proporção . Na verdade, a proporção
nada mais é do que os dois aspectos( tempo - espaço) participando de
uma mesma realidade, ou seja, a utilização do cérebro como canal de
realização em forma integral, o lado esquerdo e o lado direito do cérebro
humano convivendo harmonicamente.
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