5439 Panificacao Artesanal Sem Gluten
5439 Panificacao Artesanal Sem Gluten
5439 Panificacao Artesanal Sem Gluten
Mas como ele virou o novo vilão da alimentação? Como explicar a explosão de casos de
alergia ou hipersensibilidade ao glúten nos últimos anos? Nosso DNA não mudou muito
nesse período. Mas a comida que comemos, sim. Segundo o Centro Internacional de
Pesquisas para o Desenvolvimento (IDRC), com sede no Canadá, metade de todas as
calorias consumidas no planeta vem de apenas três alimentos: arroz, milho e trigo.
Resultado: nunca comemos tanto trigo quanto hoje. Desde a década de 1950, o número
de pessoas com alergia a glúten quadruplicou no mundo.
No entanto, temos que concordar que o glúten faz mágicas em uma massa fazendo
com que o um pão cresça, tenha um excelente volume e maciez, quase impossível de
replicar (era até agora!). Um dos segredos da panificação sem glúten, sem lácteos e
sem ovos é saber como criar esta malha elástica que possa reter o CO 2 , dar maciez e
flexibilidade à massa.
Isto é o que proponho aqui, neste curso de Panificação Artesanal Sem Glúten e Sem
Lácteos. Não só aprenderá a criar este “glúten” do bem, mas saberá quais farinhas
utilizar, quais as proporções, quais as gomas, as interações, os truques, dicas e todos
os pulos do gato que ninguém conta em outros cursos por aí.
FARINHAS
Uma das perguntas que me fazem é: Se não utilizo farinha de trigo, que farinhas eu
uso? Pois bem. Utilizo: farinha de arroz branca, farinha de arroz integral, fécula de
batata, fécula de mandioca (polvilho doce), polvilho azedo (amido modificado pela
fermentação), farinha de araruta, farinha de trigo sarraceno (mesmo tendo o mesmo
nome “trigo” não tem nada a ver com o trigo), farinha de painço, farinha de aveia,
farinha de quinoa, farinha de amaranto, farinha de milho, farinha de leguminosas como
a farinha de grão-de-bico, farinha de fava, farinha de feijão, farinha de ervilha, farinha de
lentilha, etc., as farinhas de oleaginosas como as farinhas de: amêndoas, farinha de
macadâmia, farinha de castanha de caju, farinha de castanha do Pará, farinha de avelã,
farinha de nozes, etc.
O mesmo se dá com a família das leguminosas, tubérculos, cereais, e assim por diante.
Logo, uma pergunta como: “Posso substituir a fécula de mandioca (tubérculo) por
farinha de amêndoas (oleaginosa)?”, não teria qualquer base.
Seguindo esta mesma regra, um vinagre só poderia ser substituído por outro tipo de
vinagre, um óleo por outro óleo, uma gordura vegetal por outro tipo de gordura
vegetal, um leite vegetal por outro leite vegetal, um sal por outro sal, um açúcar por
outro tipo de açúcar e assim por diante.
No entanto, os ovos, só poderiam ser substituídos por outros ovos (codorna, pata,
etc.). Isto porque a linhaça, chia e psyllium não são da família dos ovos. O que
conseguimos fazer é a substituição de uma parte do efeito do ovo, por exemplo, da
“liga” que o ovo dá, da proteína que o ovo confere, da emulsão do ovo propicia e do
volume do ovo.
Assim precisa se perguntar: O que quero substituir do ovo nesta receita? É a proteína?
É o volume? É a liga ou é a emulsão? Ilustrando: se for a liga pode usar o gel de chia,
linhaça, psyllium, purê de maçã, banana, polvilho, etc. Se for a proteína: proteína de
arroz, proteína de ervilha, proteína de hemp (cânhamo), proteína de soja, etc. Quando
falamos da emulsão utilizamos as lecitinas: girassol ou de soja.
Sempre temos que lembrar que a cada substituição que fizermos estaremos mudando
a receita, ou seja, o resultado nunca será o mesmo que da receita original.
O PONTO DA MASSA
Um dos problemas mais comuns que tenho encontrado é a falta de conhecimento
sobre os pontos de massa. Quando falo ponto de massa de bolo, é a massa do bolo
tradicional, que parece um mingau, que consegue derramar em uma forma. Para
muitos, isto não faz sentido, pois nunca fizeram um bolo na vida ou nunca viram um
bolo ser feito, resultando assim na insatisfação no resultado do pão.
No entanto, quando mais líquida a massa for também menos controle terá sobre o
formato final e consequentemente poderá ter pães que murcharão após crescerem.
Então o equilíbrio entre os líquidos de uma massa também é importante no resultado
final. Na receita do pão de hambúrguer poderá ver este ponto ideal.
Por outro lado, quanto mais firme for a massa de um pão for (pães modelados), mais
indicado será o uso de água com gás (temperatura ambiente) e também água morna ao
invés de água natural ou gelada. Isto auxiliará no crescimento, miolo e areação da
massa. Assim, aqui novamente a quantidade e tipo de água em um pão será essencial
para a maciez e elasticidade da massa.
AS GOMAS E FIBRAS
As gomas têm um papel essencial na panificação sem glúten. Elas também ajudam a
criar um “substituto” parcial do que seria o glúten (cola) para que o CO 2 produzido fique
preso dentro dos pães. Elas farão seu pão crescer mais e os manterá mais macios por
muito mais tempo.
Assim, estas gomas utilizadas na panificação são essenciais para o resultado final dos
pães. Falando das gomas, a goma xantana é a que chamamos de “coringa”. Cada goma
tem seu uso específico e nesta apostila coloquei uma lista das gomas e seus usos.
Porém, o que aprendemos com a literatura é que a goma xantana atende a maioria das
receitas. No entanto, uma mistura de igual proporção de goma xantana (50%) e goma
guar (50%), tem uma sinergia química e o resultado dos seus pães será melhor do que
se usar a goma xantana sozinha.
Para criar o ambiente de fermentação, que é um passo obrigatório para todos os pães
(ou seja, sempre terá que deixar seu pão fermentar, dobrar de volume antes de
assá-lo), utilizo um forno desligado (ou com temperatura de 27ºC (caso seu forno
chegue nesta temperatura) com uma forma no fundo do forno com água quente. Este
ambiente quente e úmido fará com que seu pão cresça mais rapidamente sem a perda
rápida da umidade.
Estes passos acima são extremamente vitais pois uma das maiores diferenças que
encontrará no resultado dos pães está relacionada com a umidade do ambiente, ou
umidade do ar. Geralmente para quase todos os tipos de pães, a umidade
recomendada é de 95% a 27 °C (fermentadora profissional).
Assim, quanto mais baixa a umidade do ar estiver, mais seco e com rachaduras o pão
ficará. Vejam por exemplo se a umidade do ar estivesse neste momento a: 45% - Isto
significa que logo que a massa do seu pão estiver pronta, em questão de minutos a
massa irá ressecar gradativamente uns 50% para se igualar à umidade do ar.
E esta é uma das dicas que ensino quando assamos os pães tipo francês, baguete ou
italiano. Estes pães precisarão do choque térmico para criar a crosta crocante assim
como o uso do vapor. Sempre serão assados já em forno pré-aquecido a uma alta
temperatura (acima de 220ºC), sempre borrifados com água fria e com vapor nos
primeiros segundos. Este efeito do vapor pode ser conseguido deixando uma forma
vazia no fundo do seu forno quando ele é pré-aquecido.
Ao colocar o seu pão para assar, basta jogar meia xícara de chá de água fria nesta forma
quente no fundo do forno e fechar imediatamente o seu forno. Este procedimento
criará um vapor nos primeiros minutos de assamento do seu pão replicando o que um
forno profissional faria.
Obviamente não terá a mesma intensidade e quantidade de vapor requerido nos pães
profissionais, porém, tenho notado que este método funciona muito bem em fornos
convencionais conferindo um ótimo resultado nos pães.
Rachaduras na casca
Cada forno é diferente, e você precisa conhecer o seu forno. Talvez ele esteja
desregulado e demore mais para assar ou esteja quente demais e possa
queimar. Uma indicação de temperatura e tempo e uma receita é apenas um
guia. Você sabe como seu forno funciona, não é lógico desligar o forno de um
pão que está ainda muito branco e mole só porquê seguiu uma receita e nesta o
tempo indicado já tenha passado.
Ou seu pão já está todo moreno (pois seu forno está desregulado e quente demais)
porém cru por dentro. Então, sabendo como funciona seu forno você deverá reduzir a
temperatura e deixar mais tempo da outra vez que ficar aquela mesma receita.
Observe, aguarde assar mais, teste com um palito, e sempre deixe mais um pouco no
forno, é algo que é empírico, não é ensinado, não é técnica e sim pura observação.
Assar um pão em forma de bolo inglês, terá o resultado de um pão baixo e às vezes
côncavo, pois usou uma forma de bolo e não a forma de pão de forma. As formas para
pães são específicas e o resultado será muito diferente caso as utilize.
Pães de forma devem ser assados em formas retangulares médias e bem fundas e
altas, as indicadas para fazer os pães de forma, assim como pães tipo francês e
baguetes devem ser assados nas formas específicas (canaletas furadinhas). Estas
formas foram feitas especificamente para dar as características destes pães. No caso
de pão francês e baguetes, o ar quente circulará por todo o pão dando a textura,
crocância e as canaletas darão o formato apropriado.
No final da apostila coloco um link para o site onde acharão todas as formas para os
tipos de pães e bolos que faço e utilizo e indico.
VALIDADE
A validade é apenas testada em ambiente industrial sob todas as circunstâncias de
temperatura, umidade, etc. Não tenho como saber a validade dos seus produtos, uma
vez que você pode ter utilizado uma farinha já próxima de vencer ou algum outro
ingrediente diferente, pode ter estocado diferente, pode ter deixado ao ar livre por
mais tempo que deveria, etc.
Você deverá testar cada um dos seus produtos caso seu objetivo seja a venda. Faça
uma receita, separe vários pães e vá marcando os dias que se passam. Deixe alguns
fora da geladeira, outros dentro da geladeira, uns em sacos plásticos, outros em
ambiente a vácuo, etc. É pura observação mesmo. Este é seu trabalho e não existe
regra, não tem como alguém dizer o que acontece com o seu pão em seu ambiente de
trabalho (condições de temperatura, ingredientes, etc.).
Alguns ingredientes naturais podem ser utilizados para aumentar a validade dos seus pães:
Um pão com adoçante não é um pão sem açúcar. Isto porquê todas as farinhas brancas
se tornarão eventualmente “açúcar”, ou seja, colocar adoçante em um pão com
farinhas brancas ou mesmo integrais, não significa nada. Um pão para diabéticos é um
pão integral, cheio de fibras e com oleaginosas e sementes.
Quando um pão não cresce, pode ser por alguma das razões seguintes:
• Uma outra possibilidade de o pão não crescer, pode ser que tenha colocado ÁGUA
MUITO QUENTE NA MASSA. Se colocar água acima de 42° graus, matará seu
fermento.
MEDIDAS
Salvo exceção todas as receitas aqui usam a medida do copo ou xícara com 200 g/ml.
TABELA DE GOMAS E EMULSIFICANTES
Estabilizam e auxiliam na
aeração de massas,melhoram
o volume e retém muito líquido
na massa. Melhoram a aeração
HPMC Solúvel em de sorbets, chatilly e queijos,
(Hidroxipropilmetil- E464 0,5% a 2% água fria dando estrutura cremosa, porém
celulose ou insolúvel em firme. Impedem a migração
hipromelose) água quente de umidade em crostas de tortas
e produtos recheados durante
o aquecimento.
Aumenta a vida do produto.
Capacidade de absorção
e retenção de água, tanto
na massa assada quanto na massa
LBG,
crua, dando melhor textura e
CMC E466 0,5% a 1% Guar,
Elevada volume. Atrasa o envelhecimento
(Carboximetilcelulose) Xantana
do produto, dando maior
estabilização ao miolo do pão. Dá
cremosidade aos molhos e
recheios.
Sempre em
LBG conjunto com
Utilizada em sorvetes para dar
Farinha de Semente um das outras
a aparência de puxa.
de Alfarroba E410 0,05% a 0,25% Água a 90º gomas:
Na panificação dará
(Locust Bean Gun Xantana, guar,
maciez à massa.
ou Carob Bean Gun ) CMC,
carregenana
TABELA DE GOMAS E EMULSIFICANTES
500 mg
Ácido Ascórbico
E300 a 2 g por cada Solúvel Deixa a massa mais flexível. --
(ou Vitamina C)
100 Kg de farinhas
Deixa a massa
Biomassa de
5% do total da receita Solúvel mais macia e flexível. --
Banana Verde
UTENSÍLIOS
A utillização de utensílios, equipamentos e ingredientes de qualidade fará toda a diferença
no resultado dos seus pães.
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