Os Edifícios Inteligentes

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ESCOLA DE ENGENHARIA DE SÃO CARLOS

Espaços Arquitetônicos de Alta Tecnologia:


Os Edifícios Inteligentes

Raïssa Pereira Alves de Azevêdo Neves

Dissertação apresentada à Escola de


Engenharia de São Carlos da
Universidade de São Paulo, como
parte dos requisitos necessários à
obtenção do título de Mestre em
Arquitetura e Urbanismo

Orientador:
Prof. Dr. Azael Rangel Camargo

São Carlos
2002
Aos meus pais Juca, Helena e Rosamaria e a meu
esposo Rodrigo
Agradecimentos

Ao Prof. Dr. Azael Rangel Camargo, pela dedicação,


interesse e compreensão, amizade e paciência...

Ao Prof. Dr. Ricardo Martucci e ao Prof. Dr. José Mário


Nogueira de Carvalho Júnior, membros da banca, pelas importantes
contribuições que ajudaram na conclusão desta dissertação.

Ao Prof. Dr. Admir Basso pela colaboração no empréstimo


de equipamento.

A minha família, sempre presente em todos os momentos


de minha vida.

Aos amigos dos Departamentos de Arquitetura e


Urbanismo, Estruturas e membros do E-Urb, pela amizade.

Aos funcionários do Departamento de Arquitetura e


Urbanismo, em especial a Marcelo Celestini, Paulo Ceneviva, Oswaldo
de Andrade, Eduardo Zanardi, Sérgio Celestini, Fátima Mininel, João
Tessarin Lucinda Torres, pela atenção e presteza

Aos Eng Manoel Marques e Amadeu Fábio Júnior,


funcionários da Tishman Speyer Método, por permitirem a visita ao
Centro Empresarial Nações Unidas e por fornecerem informações
essenciais para esta pesquisa.

À CAPES, pelo apoio financeiro.


Sumário
1 CONTEXTUALIZAÇÃO DA PESQUISA ..........................................................................1
1.1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................................2
1.2 OBJETIVOS ........................................................................................................................................4
1.3 METODOLOGIA ....................................................................................................................................4
1.4 ESTRUTURA E SÍNTESE DO CONTEÚDO DA DISSERTAÇÃO ............................................................................... 6
2 ESTUDOS INICIAIS .................................................................................................. 7
2.1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA ..........................................................................................................................8
2.2 ROTA DOS PIONEIROS .........................................................................................................................14
2.3 OS PIONEIROS NO BRASIL ................................................................................................................... 18
2.4 CONCEITOS UTILIZADOS ......................................................................................................................35
3 PROJETOS DOS EDIFÍCIOS INTELIGENTES..............................................................40
3.1 PROJETO ARQUITETÔNICO .....................................................................................................................41
3.2 PROJETO DOS POSTOS DE TRABALHO .....................................................................................................45
3.3 PROJETO URBANÍSTICO........................................................................................................................51
4 ASPECTOS PROJETUAIS E CONSTRUTIVOS PARA ABRIGAR A ALTA TECNOLOGIA -
CASOS ................................................................................................................... 58
4.1 WORLD TRADE CENTER - SP............................................................................................................... 60
4.2 PLAZA CENTENÁRIO .......................................................................................................................... 66
4.3 BIRMANN 21 .....................................................................................................................................71
4.4 CENTRO EMPRESARIAL NAÇÕES UNIDAS - CENU .....................................................................................76
5 ORGANIZAÇÃO DOS SISTEMAS E SERVIÇOS E A INTEGRAÇÃO ENTRE ELES ...........88
5.1 SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO PREDIAL .......................................................................................................92
5.1.1 Elétrico / Iluminação ..........................................................................................................................................92
5.1.2 Hidráulico .......................................................................................................................................................95
5.1.3 Detecção e Alarme de Incêndio .......................................................................................................................... 96
5.1.4 Condicionamento Ambiental ............................................................................................................................... 98
5.2 TELECOMUNICAÇÕES / REDES ............................................................................................................. 101
5.3 SEGURANÇA.................................................................................................................................. 105
5.4 OUTROS SISTEMAS .......................................................................................................................... 113
5.4.1 Transporte Vertical ......................................................................................................................................... 113
5.4.2 Conforto Acústico / Sonorização de Ambientes..................................................................................................... 118
5.5 PRINCIPAIS FUNÇÕES DE GESTÃO DESEMPENHADAS PELOS SISTEMAS E SERVIÇOS DE AUTOMAÇÃO PREDIAL .......... 120
5.5.1 Gestão dos Sistemas e Serviços........................................................................................................................ 121
5.5.2 Gerenciamento da Energia................................................................................................................................122
5.5.3 Gestão da Segurança dos Sistemas...................................................................................................................123
6 A GESTÃO EMPRESARIAL E OS INVESTIMENTOS NOS EDIFÍCIOS INTELIGENTES..... 124
6.1 GESTÃO DA PRODUÇÃO .....................................................................................................................125
6.2 GESTÃO ADMINISTRATIVA PREDIAL ....................................................................................................... 131
iv
Sumário

6.3 INVESTIMENTOS EM EDIFÍCIOS INTELIGENTES ...........................................................................................135


7 CONCLUSÃO .......................................................................................................139
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................................144

v
Lista de Figuras
Fig. 1 As maiores torres do planeta...........................................................................................................10

Fig. 2 Edifício Larkin – Búfalo ................................................................................................................... 14

Fig. 3 Edifício Empire State Building - NY ................................................................................................. 15

Fig. 4 Trabalhadores do ESB – almoço....................................................................................................... 15

Fig. 5 World Trade Center – NY .............................................................................................................. 16

Fig. 6 Detalhe da fachada das torres do WTC – NY..................................................................................... 16

Fig. 7 Planta do complexo WTC – NY ........................................................................................................ 16

Fig. 8 Edifício da AT&T – NY ....................................................................................................................17

Fig. 9 Edifício da Lloyd’s – Londres.............................................................................................................17

Fig. 10 Planta do edifício Fonte: ...............................................................................................................17

Fig. 11 Sede do Citibank - SP.................................................................................................................. 18

Fig. 12 Corte lateral .............................................................................................................................. 18

Fig. 13 Planta do pavimento térreo............................................................................................................ 18

Fig. 14 Detalhe dos volumes .................................................................................................................... 18

Fig. 15 Detalhe das grelhas de concreto..................................................................................................... 18

Fig. 16 Detalhe do acesso ao prédio.......................................................................................................... 18

Fig. 17 Detalhe do pé direito (interior do edifício).......................................................................................... 18

Fig. 18 Edifício Centro Empresarial Itaú ..................................................................................................... 19

Fig. 19 Planta do 1o pav. (auditório)........................................................................................................... 19

Fig. 20 Auditório .................................................................................................................................. 19

Fig. 21 Postos de Consulta Informatizados.................................................................................................. 19

Fig. 22 Corte longitudinal........................................................................................................................ 19

Fig. 23 Edifício Alfacon Steel Tower – SP.................................................................................................. 20

Fig. 24 World Trade Center - SP .............................................................................................................21

vi
Lista de Figuras

Fig. 25 WTC – SP Corte Transversal pela torre do Hotel..............................................................................22

Fig. 26 Plaza Centenário – SP.................................................................................................................23

Fig. 27 Edifício Bolsa de Imóveis de SP......................................................................................................24

Fig. 28 Detalhe da entrada do Edifício.......................................................................................................25

Fig. 29 Maquete eletrônica do Edifício.......................................................................................................25

Fig. 30 Planta do 2o mesanino.................................................................................................................25

Fig. 31 Edifícios Birmann 11 e 12 – SP ....................................................................................................... 26

Fig. 32 Corte Lateral do Complexo.......................................................................................................... 26

Fig. 33 Hall de entrada de uma das torres ................................................................................................ 26

Fig. 34 Planta baixa do Complexo............................................................................................................ 26

Fig. 35 Edifício Birmann 21 – SP............................................................................................................... 27

Fig. 36 Hotel Renaissance – SP...............................................................................................................28

Fig. 37 Mapa de Localização ...................................................................................................................28

Fig. 38 Antes – Quarto ..........................................................................................................................29

Fig. 39 Depois... - local de trabalho .........................................................................................................29

Fig. 40 Grand Hotel Mercure – SP...........................................................................................................29

Fig. 41 Centro Empresarial Nações Unidas – SP maquete eletrônica ............................................................... 30

Fig. 42 CENU – SP Torre Norte............................................................................................................. 30

Fig. 43 CENU – SP Fundação Torre Leste................................................................................................. 31

Fig. 44 Caesar Park e Caesar Business – SP ............................................................................................. 31

Fig. 45 Bank Boston – SP .......................................................................................................................32

Fig. 46 Câmara de Ensaios.....................................................................................................................32

Fig. 47 Painéis das fachadas– SP..............................................................................................................33

Fig. 48 Bank Boston – SP .......................................................................................................................34

Fig. 49 Paisagismo – espelho d`água e árvores brasileiras .............................................................................34

vii
Lista de Figuras

Fig. 50 Gráfico de convergência das tecnologias de Telemática, Telecomunicações e mídias ..................................35

Fig. 51 Edifício com insuflamento de ar pelo piso.......................................................................................... 36

Fig. 52 Edifício com sistema de teleconferência........................................................................................... 36

Fig. 53 Casa High Tech......................................................................................................................... 36

Fig. 54 Cozinha inteligente..................................................................................................................... 36

Fig. 55 Central de sucção...................................................................................................................... 36

Fig. 56 Acesso a e-mails virtuais............................................................................................................ 36

Fig. 57 Exemplo de Shaft....................................................................................................................... 39

Fig. 58 Exemplo de Piso elevado............................................................................................................. 39

Fig. 59 Exemplo de Gesso Acartonado..................................................................................................... 39

Fig. 60 Exemplo de Fachadas Ventiladas ................................................................................................. 39

Fig. 61 Exemplo de Escritório Antigo.........................................................................................................42

Fig. 62 Escritório moderno - tendência......................................................................................................45

Fig. 63 Sistema K fabricado pela Giroflex ................................................................................................. 50

Fig. 64 Maquete eletrônica dos Edifícios da Marginal Pinheiros - SP ...............................................................52

Fig. 65 Destaque para o CENU, na marginal Pinheiros - SP .........................................................................53

Fig. 66 Terrenos incorporáveis na Berrini ................................................................................................. 56

Fig. 67 Área externa do Hotel ................................................................................................................60

Fig. 68 Planta do pavimento tipo do hotel................................................................................................... 61

Fig. 69 Planta da Torre de Escritórios...................................................................................................... 61

Fig. 70 Detalhe da treliça espacial metálica............................................................................................... 62

Fig. 71 Grelhas da fachada da torre de escritórios....................................................................................... 63

Fig. 72 Shopping D&D - WTC-SP .......................................................................................................... 64

Fig. 73 Interior do Shopping 1 ................................................................................................................. 64

Fig. 74 Interior do Shopping 2 ................................................................................................................ 64

viii
Lista de Figuras

Fig. 75 Torre do Hotel- WTC-SP ........................................................................................................... 64

Fig. 76 Área externa entre o complexo..................................................................................................... 65

Fig. 77 Torre do Hotel- WTC-SP............................................................................................................ 65

Fig. 78 Vista da torre........................................................................................................................... 66

Fig. 79 Detalhe da torre – revestimento de alumínio..................................................................................... 66

Fig. 80 Planta do pavimento tipo..............................................................................................................67

Fig. 81 Sala de controles....................................................................................................................... 69

Fig. 82 Sala de controles ...................................................................................................................... 69

Fig. 83 Planta do térreo.........................................................................................................................70

Fig. 84 Planta do Mezanino.....................................................................................................................70

Fig. 85 Implantação ................................................................................................................................71

Fig. 86 Detalhe da fachada..................................................................................................................... 72

Fig. 87 Detalhe da fachada sul................................................................................................................. 72

Fig. 88 Fachadas Diferenciadas ...............................................................................................................73

Fig. 89 Marquise da entrada...................................................................................................................73

Fig. 90 Planta do pavimento tipo da torre.................................................................................................. 74

Fig. 91 Esquema da fachada ventilada, piso elevado e forro removível ............................................................... 75

Fig. 92 Planta de localização das torres .................................................................................................... 77

Fig. 93 Paisagismo da torre Oeste...........................................................................................................78

Fig. 94 Torre Oeste..............................................................................................................................79

Fig. 95 Fundação da torre Norte .............................................................................................................79

Fig. 96 Fachada Pré-moldada da torre Norte ............................................................................................ 80

Fig. 97 Saguão da torre Norte ................................................................................................................ 81

Fig. 98 Layout totalmente flexível............................................................................................................. 81

Fig. 99 Exemplo de Mobiliário .................................................................................................................82

ix
Lista de Figuras

Fig. 100 Detalhe do encaixe da esquadria..................................................................................................82

Fig. 101 Detalhe do vidro duplo ............................................................................................................... 83

Fig. 102 Detalhe do gesso acartonado...................................................................................................... 83

Fig. 103 Detalhe do piso elevado..............................................................................................................84

Fig. 104 Torre Leste .............................................................................................................................85

Fig. 105 Detalhe de interligação dos banheiros pré-fabricados com as prumadas ................................................85

Fig. 106 Instalações de um apartamento padrão antes do fechamento do Dry wall.............................................. 86

Fig. 107 Maquete Eletrônica do Complexo CENU e prédios vizinhos ................................................................87

Fig. 108 Sistemas e Serviços oferecidos nos Edifícios Inteligentes .................................................................. 91

Fig. 109 Consumo por uso final em Edifícios Comerciais ............................................................................... 93

Fig. 110 Gerador da Compaq - CENU...................................................................................................... 93

Fig. 111 Projeto Elétrico/iluminação instalado na sala de força facilita a visualização dos pontos de controle - CENU.. 94

Fig. 112 Sala de força controle total dos 3500 pontos de energia da torre Norte - CENU ................................. 94

Fig. 113 Sala de instalações hidráulicas e de incêndio - CENU ....................................................................... 95

Fig. 114 Instalações hidráulicas do Hilton sob o forro removível - CENU ........................................................... 96

Fig. 115 Identificação dos extintores de incêndio e chave de acionamento de alarme - CENU..................................97

Fig. 116 Funcionamento do Sistema de ar-condicionado ................................................................................ 98

Fig. 117 Caixa de VAV.......................................................................................................................... 98

Fig. 118 Torres de Resfriamento - CENU .................................................................................................100

Fig. 119 Central de controle de condicionamento - CENU ............................................................................100

Fig. 120 Esquema de passagem do cabeamento estruturado......................................................................... 104

Fig. 121 Microcâmera ...........................................................................................................................106

Fig. 122 Sala de controle das Câmeras – CENU SP ................................................................................... 107

Fig. 123 Fechadura High Tech com sistema de códigos .................................................................................110

Fig. 124 Planta da área de elevadores ...................................................................................................... 114

x
Lista de Figuras

Fig. 125 Esquema das paradas dos elevadores - CENU-SP.......................................................................... 114

Fig. 126 Planilha das paradas dos elevadores............................................................................................. 114

Fig. 127 Elevador de Carga .................................................................................................................... 115

Fig. 128 Sala de controle dos elevadores .................................................................................................. 115

Fig. 129 Interior de um dos elevadores CENU-SP, uso de materiais como granito e aço inox para acabamento........ 115

Fig. 130 Remodelação da cabine do elevador.............................................................................................. 116

Fig. 131 Sistema de triagem – o usuário escolhe o andar de visita antes de acessar o elevador. De imediato o terminal
calcula qual carro está mais preparado para atender a chamada e indica ao usuário o número do elevador
disponível, eliminando a botoeira interna e reduzindo o tempo das operações. ..............................................117

xi
RESUMO

Neves, R. P. A. A. (2002). Espaços Arquitetônicos de Alta Tecnologia: Os


Edifícios Inteligentes, São Carlos, 2002. Dissertação de Mestrado – Escola de
Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo.

O presente trabalho destinou-se a fazer o estado da arte dos Edifícios


Inteligentes, estudando os casos mais recentes e significativos e enfatizando
as tecnologias utilizadas, sejam os sistemas com os novos materiais,
equipamentos, o hardware e software; sejam os serviços que tais sistemas
permitem, ou ainda as ferramentas de gestão tecnológica dos sistemas,
elementos estes que só podem ser viáveis em função da utilização das novas
tecnologias da Telemática.
Para entendimento do assunto, faz-se um levantamento cronológico dos
casos existentes internacional e nacionalmente até os dias atuais e uma
breve definição conceitual que visa clareza na comunicação com os
leitores.
No estudo de casos foram pesquisados quatro edifícios localizados na
grande São Paulo. Aspectos como: projetos arquitetônico, urbanístico e dos
postos de trabalho (com enfoque na produção direcionada aos edifícios de
escritórios); características dos sistemas e serviços de automação predial e
de gestão tecnológica e empresarial foram estudados profundamente.
Os Edifícios Inteligentes são observados como suportes de serviços altamente
tecnológicos, que estabelecem contato entre o “mundo virtual” dos
controles automatizados e os cidadãos, e como indutores de modificações
da vida cotidiana, o que produz reflexos no espaço físico da cidade.

Palavras-chave: alta tecnologia, Edifícios Inteligentes, automação predial,


Telemática.

xii
ABSTRACT

Neves, R. P. A. A. (2002) Architetonics spaces of high technologie: The


inteligent buildings, São Carlos, 2002. Masters Dissertation - São Carlos's
Engineering School, University of São Paulo.

The present assignement is intended to produce a state of art of inteligent


buildings, studying the most recent and significant cases and also
emphatising the technologie utilized, systems with new materials, equipments,
hardwares and softwares; or even the services allowed by such systems, yet,
the tools of systems technologic management. Such elements can only be
feasibles by the utilisation of new telemathic's technologies.
For a good understanding of this subject, we did a chronologic survey based
on nattional and international existing cases till nowadays and a brief
concept definition intended to make a clear communication with the
readers.
On this study of cases, four buildings located at São Paulo were researched.
Aspects such as architetonics, urbanistics and work stations projects(with
emphasis on production directed to offices buildings), systems and service's
characteristics from building automation, technologic management and
entrepeneurial aspects were deeply studied.
Inteligent buildings are observed as highly technological service supports with
establish contact between the "virtual world" from automatized controls and
citizens, and as inductores of daily life modifications, producing reflexes on
the city's physical spaces.

Key words: high technologie, inteligent buildings, building automation,


telemathic.

xiii
1 Contextualização da Pesquisa
Contextualização da Pesquisa

1.1 Introdução
A evolução da computação e dos sistemas digitais tem viabilizado
aplicações que a princípio causam impactos, mas logo estão presentes no
cotidiano das pessoas e passam a ser condicionantes de conforto e da
praticidade.

Assim, novos produtos e serviços estão sendo exigidos nos escritórios e


residências. Observam-se mudanças na Arquitetura, tanto na organização e
utilização do espaço, quanto no projeto das instalações e nos ambientes das
edificações.

Tais mudanças estão sendo pensadas e/ou projetadas na forma dos Edifícios
de Alta Tecnologia ou Edifícios Inteligentes. CASTRO NETO (1994), sugere a
definição, seguindo o IBI (Intelligent Buildings Institute dos EUA), de que os
EI/EAT são aqueles edifícios “que oferecem um ambiente produtivo e
econômico através da otimização de quatro elementos básicos: Estrutura
(componentes estruturais do edifício, elementos de Arquitetura,
acabamentos de interiores e móveis), Sistemas (controle de ambiente,
calefação, ventilação, ar-condicionado, luz, segurança e energia elétrica),
Serviços (comunicação de voz, dados, imagens, limpeza) e Gerenciamento
(ferramentas para controlar o edifício), bem como das inter-relações entre
eles”.

Os motivos que impulsionaram a expansão da automação nas edificações


foram principalmente à procura de fórmulas para economia de energia,
juntamente com a administração eficaz do seu consumo além da grande
redução nos custos dos equipamentos de informática.

Além destes fatos originais, atualmente se acresce a necessidade de


transmissão de voz, dados, textos e imagens, uma conseqüência da
generalização e extensão da informática na vida cotidiana da produção, e
ainda o controle sobre o movimento de pessoas e objetos no edifício,
necessário devido aos problemas de segurança nas grandes cidades.

A conseqüência destes novos processos sociais impõe uma análise profunda


dos serviços que devem fazer parte da infra-estrutura básica do edifício e
que devem ser oferecidos aos usuários.

Hoje em dia, a maioria dos edifícios possui uma quantidade de instalações e


serviços como instalações elétricas, iluminação, linhas telefônicas e
elevadores. Em muitos casos, acrescentam-se sistemas mais sofisticados, tais
como rede de computadores, acondicionamento ambiental, controle de
acessos, detecção e prevenção de incêndios, proteção patrimonial e
outros.

Entretanto, observamos que na maioria dos casos, tais instalações e serviços


funcionam de maneira totalmente independente umas das outras, sendo
geralmente instaladas em etapas distintas da vida do edifício, adaptando-se
Raïssa Pereira Alves de Azevêdo Neves 2
Contextualização da Pesquisa

deste modo à situação existente sem influenciar na sua concepção


arquitetônica ou construtiva.

A partir desta realidade e graças às novas tecnologias da informação e das


comunicações - Telemática, surge uma nova forma de construir, adotada
nos modernos edifícios, nos quais se observa uma nova Arquitetura. Agora, a
Arquitetura deve se adaptar ao desenvolvimento destas tecnologias,
integrando às instalações tradicionais as novas potencialidades de
aplicações.

O incremento qualitativo nas condições ambientais poderá ser conseguido


através da distribuição do controle aos próprios usuários, isto é, se o indivíduo
tiver autonomia para escolher no ambiente de trabalho ou doméstico, a sua
temperatura ou a sua iluminação, por exemplo, ele certamente as
configurará da maneira que mais lhe agradar.

Além dos benefícios apontados pode ser citada a taxa condominial dos
modernos edifícios do novo centro financeiro da cidade de São Paulo, na
Marginal Pinheiros, que é menor que a taxa condominial dos antigos prédios
do centro velho da cidade, que não dispõem de sistemas avançados de
controle.

A preocupação atual dos projetistas é no sentido de que se faça a previsão


de espaços na concepção do projeto, para a utilização de equipamentos
inteligentes.

A identificação e caracterização de tais equipamentos, revelando sua


importância no contexto de uma residência ou edifício, nos permitem
conhecer o processo de estruturação dos novos espaços, gerados no
âmbito dos chamados edifícios de alta tecnologia.

Concluindo, pode-se afirmar que qualquer edificação que queira competir


no mercado imobiliário dos grandes centros urbanos, deverá contar com
algum nível de automação, isto é, a automação predial deverá ser
realidade em grande parte das edificações dentro de um tempo
relativamente curto.

Neste trabalho, os Edifícios Inteligentes (em especial os de escritórios), serão


observados como suporte de serviços altamente tecnológicos, que
estabelecem contato entre o ‘mundo virtual’ dos controles automatizados e
os cidadãos, e também indutores de modificações da vida cotidiana, o que
produz reflexos no espaço físico da cidade.

Como pudemos observar, o tema em questão torna-se bastante complexo


quando estudado em profundidade, e por isso necessariamente teremos
que estabelecer diretrizes a fim de pontuar o real objetivo deste trabalho.

Raïssa Pereira Alves de Azevêdo Neves 3


Contextualização da Pesquisa

1.2 Objetivos
Estudo dos Espaços Arquitetônicos de Alta Tecnologia, visando chegar a
uma tipologia das necessidades espaciais e tecnológicas, de
gerenciamento e de serviços suportados pela Telemática, fazendo um
quadro dos principais conceitos teóricos necessários para o entendimento
do assunto, além de uma análise de alguns casos nacionais significativos.

É dentro desta linha geral que se situa a nossa proposta. Destacamos a


ocorrência das interfaces entre tais temáticas arquitetônicas e tecnológicas,
explicitando o caso dos chamados Edifícios Inteligentes: Hotéis de
Convenções (que utilizam tecnologias como teleconferência ou tradução
simultânea), Flats (apartamentos de grupos sociais que estão fazendo o tele-
trabalho (executivos, consultores técnicos, professores, entre outros)), e mais
recentemente, os Edifícios Multifuncionais. Estes últimos agregam habitação,
espaços para negócios, convenções, entretenimento, lazer, constituindo
verdadeiros complexos de espaços arquitetônicos multifuncionais, com
exigências de serviços sofisticados e precisos, os quais demandam um
gerenciamento específico e de conjunto que só pode ser viável com a
utilização das novas tecnologias da Telemática.

Referente ao estudo dos conceitos, faremos um roteiro dos pontos que


devem ser considerados desde o projeto até a finalização da obra, de
acordo com a função do edifício, para que ele se torne realmente
inteligente.

1.3 Metodologia
A estratégia metodológica utilizou os seguintes meios para obtenção das
informações necessárias à pesquisa:

ƒ Participação nas discussões desenvolvidas junto ao grupo de pesquisa E-


urb, sob a coordenação do Prof. Dr. Azael Rangel Camargo, sediado no
Departamento de Arquitetura e Urbanismo da EESC/USP;
ƒ Participação em vários seminários sobre assuntos relacionados à
Telemática,
ƒ Pesquisa bibliográfica teórica e empírica;
ƒ Pesquisas na Internet,
ƒ Leitura de projetos, de mapas e fotografias;
ƒ Entrevistas com profissionais do ramo, como: arquitetos, construtores,
engenheiros, realizadas pessoalmente, por telefone ou via e-mail;
ƒ Visitas aos Edifícios Inteligentes da cidade de São Paulo.
ƒ Mapeamento da localização dos Edifícios Inteligentes em São Paulo.
ƒ Visita aos sites da Web de alguns dos Edifícios pesquisados.

Raïssa Pereira Alves de Azevêdo Neves 4


Contextualização da Pesquisa

É oportuno ressaltar que recentemente foram publicados vários trabalhos


dedicados ao estudo de Edifícios Inteligentes com a incorporação de
modelos particulares sugeridos para escritórios ou residências. Mesmo assim,
há escassez de referências bibliográficas.

Critérios para Seleção


Destacamos também os seguintes critérios para a escolha dos edifícios a
serem pesquisados no campo, objeto do nosso estudo de casos:

ƒ Localização
ƒ Utilização - ESCRITÓRIOS
ƒ Emprego de Alta Tecnologia em:
9 Concepção do Projeto
9 Métodos Construtivos
9 Materiais
9 Equipamentos
9 Mão de obra
As informações específicas sobre Arquitetura destes Edifícios, foram obtidas
através de:

‰ Pesquisa em revistas Técnicas e de Arquitetura;

‰ Preparação de material iconográfico atualizado;

‰ Entrevistas com arquitetos e engenheiros que trabalham com edifícios


Inteligentes.

Para desenvolvimento deste trabalho foi feita uma seleção entre alguns dos
edifícios da cidade de São Paulo, que se enquadram dentro das
características já citadas. São eles:

ƒ World Trade Center - SP


ƒ Plaza Centenário
ƒ Birmann 21
ƒ Edifício Centro Empresarial Nações Unidas

Raïssa Pereira Alves de Azevêdo Neves 5


Contextualização da Pesquisa

1.4 Estrutura e Síntese do Conteúdo da Dissertação


A seqüência dos capítulos foi organizada da seguinte maneira:

Iniciaremos nossa análise propriamente dita no segundo capítulo que trata


dos Estudos Iniciais onde se faz um relato sobre a evolução histórica do
Edifício Inteligente, destacando-se as obras que contribuíram para a
disseminação do Edifício Inteligente no mundo e no Brasil. Apresentam-se
também alguns dos conceitos utilizados na área de alta tecnologia.

No terceiro capítulo tratam-se diretamente das questões da espacialidade


do Edifício Inteligente, enfoca-se a “nova forma de pensar e projetar” dos
arquitetos e calculistas, analisando os diversos projetos (arquitetônico, postos
de trabalho, urbanístico e paisagístico) que fazem parte de um Edifício
Inteligente. É feito também um breve histórico sobre a evolução dos
escritórios.

Os aspectos projetuais e construtivos necessários para dar abrigo às novas


tecnologias são tratados no quarto capítulo.

A organização dos serviços tais como segurança, iluminação,


condicionamento ambiental e outros, bem como a integração entre eles
são observadas no quinto capítulo.

No sexto capítulo são tratados aspectos como gestão da produção, gestão


administrativa no âmbito predial e investimentos na área de alta tecnologia.
No sétimo e último capítulo são observadas as conclusões do trabalho e
também são feitas algumas observações sobre o assunto.

Raïssa Pereira Alves de Azevêdo Neves 6


2 Estudos Iniciais
Estudos Iniciais

2.1 Evolução Histórica


O edifício constitui o produto mais característico da Arquitetura. É através
dele que a Arquitetura se relaciona com a vida dos homens em suas diversas
manifestações. Do nascimento à morte, da maternidade ao túmulo, o
homem atravessa o tempo da sua existência trabalhando, repousando,
cultivando divindades e memórias, brincando e sofrendo no abrigo dos
edifícios construídos para proteger e favorecer o exercício das atividades
que a vida requer.

A rigor, o edifício é apenas uma construção de alvenaria ou outro material


resistente, mas não são as paredes, pisos, tetos e elementos construtivos que
definem suas qualidades específicas e essenciais. Tais elementos só são
realmente importantes na medida em que geram, delimitam, organizam,
ordenam e animam o espaço arquitetônico. Assim, ao falarmos dos edifícios,
temos em vista principalmente os espaços que eles definem. O espaço
arquitetônico apresenta duas modalidades: espaço edificado e espaço
urbano. Entre um e outro não há diferenças essenciais, mas a distinção é útil
para efeitos de estudo e melhor conhecimento do espaço arquitetônico.

Entende-se por espaço edificado aquele que está contido no edifício. Esta
modalidade do espaço arquitetônico identifica-se, em certa medida, com a
noção de espaço interno, de largo uso entre teóricos e historiadores da
Arquitetura.

o edifício ao ser erguido, além de envolver uma certa porção de espaço,


exerce influência sobre as adjacências. Ele constitui uma presença, um
objeto ocupando um lugar e se relaciona com outros objetos como o solo,
as árvores, a paisagem e outros edifícios. Ele projeta sombras, apara o vento,
modifica a "atmosfera" local.

Nessa presença dos edifícios, nesse relacionamento entre eles e deles com
acidentes naturais, lança raízes à idéia de espaço urbano, que se identifica,
em certa medida, com a noção de espaço externo.

Verifica-se, então, que, embora nem sempre seja o aspecto mais importante
do espaço arquitetônico, o edifício constitui condição necessária e
indispensável à sua existência, quer sob a forma de espaço edificado, quer
sob a forma de espaço urbano.

Edifício Alto ou Arranha-Céu


Designa todo edifício, seja de apartamentos, seja de escritórios ou de
finalidade mista, que se eleve muito acima do nível do chão. Via de regra,
não se considera incluído na categoria de arranha-céu o edifício de menos
de dez andares. Da mesma forma, não se enquadra nessa designação a
construção, por mais alta que seja, e que não se destine a proporcionar
residências ou escritório. Um obelisco altíssimo, como, por exemplo, o
monumento a Washington, em Washington, não é propriamente um
Raïssa Pereira Alves de Azevêdo Neves 8
Estudos Iniciais

arranha-céu, como também não é a Torre Eiffel, de Paris, nem a pirâmide de


Quéops, no Egito.

A conveniência da construção de edifícios residenciais e de escritórios muito


altos, resultou da necessidade de se aproveitar melhor a área dos terrenos
das zonas citadinas mais centrais. Sendo objeto de intensa competição no
capítulo da compra e venda, esses terrenos sobem tanto de preço, que a
única forma de se extrair deles um rendimento que compense o custo, é
aproveitá-los em altura. Porém, está claro, , que só se verifica o fenômeno da
competição intensa nas cidades em fase de crescimento muito rápido,
pouco importando que sejam novas ou velhas. Isso explica o motivo pelo
qual o arranha-céu é construção típica da América.

Antes da construção do arranha-céu, três problemas tiveram de ser


solucionados:

Em primeiro lugar, foi preciso resolver-se o caso do transporte vertical, porque


os usuários se recusavam a subir longos e numerosos lances de escadaria e a
solução foi o elevador;

Em segundo lugar, o emprego de fundações suficientemente robustas, o que


se solucionou com a ciência da exploração do subsolo e com a técnica do
estaqueamento do terreno;

Por último, solucionar a utilização das paredes muito grossas, que ocupavam
muito espaço, o que se solucionou com o aparecimento do concreto
armado e das estruturas metálicas.

Um dos primeiros arranha-céus que se construíram, ainda com a antiga


técnica dos edifícios de alvenaria, mas já dotado de elevadores, foi o
Montauk, de dez andares, de Chicago, inaugurado em 1882.

O primeiro arranha-céu de estrutura metálica sem paredes portantes foi a


sede da Home Insurance Company, construído em 1884, em Chicago,
demolido em 1931. Outro arranha-céu de notáveis proporções foi o Tacoma,
também de Chicago, concluído em 1889 com treze andares.

Em 1891, projetou-se em Nova York o Fraternity Temple, com 35 andares,


com recuos dos andares superiores em relação ao prumo da fachada, a fim
de permitir maior iluminação natural. O projeto nunca foi levado ao término,
mas foi ele, na verdade, que estabeleceu o princípio dos recuos dos andares
superiores dos edifícios muito altos, atualmente obrigatório por lei.

Deve-se notar que, no começo, a Arquitetura do arranha-céu não progrediu


com a mesma rapidez da sua engenharia. Os primeiros edifícios desta
categoria apresentaram fachadas do tipo dos palácios da Renascença
Italiana - como se fossem casas superpostas umas às outras. Esta fase se
caracterizou pelo Edifício Flatiron, de Nova York. A seguir, os arquitetos se
inclinaram para o tipo de torre, à maneira da Renascença Francesa. A
característica desta fase foi o edifício Singer, de Nova York, com 47 andares.
Mais ou menos ao mesmo tempo, surgiu o edifício da Metropolitan Life
Raïssa Pereira Alves de Azevêdo Neves 9
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Insurance, que, embora sendo obra de arquitetos de mentalidade francesa,


se aproximou das linhas do Campanário de S. Marcos, de Veneza.
Posteriormente revelou-se a tendência dos arranha-céus para o estilo gótico,
de que são exemplos o edifício Woolworth, com 58 andares, de Nova York,
que data de 1912, e o edifício de Chicago Tribune, de Chicago, que data
de 1923.

De 1920 para diante, com as conquistas da arte moderna de um lado, e das


técnicas da construção de outro, consolidou-se o conceito do arranha-céu,
que passou a ser altíssimo, de linhas simples e elegantes, praticamente
destituído de qualquer ornamentação propriamente dita, e ganhou o efeito
decorativo do acerto da funcionalidade de sua conformação. Surgiram
assim os autênticos arranha-céus norte-americanos, como o Empire State, o
Chrysler, o Rockefeller Center, seguidos por infinito número de outros, de
menor estatura (mas sempre de grande importância), em outros países,
como por exemplo o edifício do Ministério da Educação e Cultura, no Rio de
Janeiro, Brasil.

Fig. 1 As maiores torres do planeta


Fonte: http://images.google.com

Raïssa Pereira Alves de Azevêdo Neves 10


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Os Edifícios Inteligentes
Nos finais dos anos 70, os sistemas HVAC (Sistema de Aquecimento,
Ventilação e Ar Condicionado) foram os primeiros sistemas de edifícios a
serem eletronicamente controlados. Os chips de computadores permitiram o
controle destes sistemas, através de sensores localizados, permitindo
respostas e alterações rápidas e mais precisas das condições climáticas. Esta
tecnologia fomentou o início do desenvolvimento da idéia de tornar os
edifícios dotados de inteligência, podendo assim responder aos requisitos do
ambiente natural, mas não existia integração alguma.

O conceito de “smart building” apareceu nos EUA por volta da década de


80. Por definição, um Edifício Inteligente é aquele que utiliza a tecnologia
para diminuir os custos operacionais, eliminar os desperdícios e criar uma
infra-estrutura adequada para aumentar a produtividade dos usuários.
Também nos anos 80, apareceram os sistemas de automação de segurança
e iluminação, mostrando coordenação entre componentes do mesmo
sistema.

Com a crise energética, várias alternativas foram utilizadas para reduzir o


consumo. Após constatação de que 1/3 da energia utilizada no mundo era
consumida pela construção civil, mais precisamente pelo setor de
edificações (Landero, 1989), surgiu a necessidade de uma administração
mais eficaz desta energia através da utilização dos recursos tecnológicos
que estavam em plena ascensão. Surgem os primeiros edifícios com sistemas
automatizados.

O interesse em contabilizar os edifícios que possuíam algum sistema de


controle automatizado surgiu em 1968, pelo American Institute of Architects
(Castro Neto, 1994), que neste mesmo ano chegou a um significativo número
de 550 edifícios. Em 1976 foi realizada uma nova pesquisa na qual foram
contabilizados 2.132 edifícios com diferentes níveis de automação no
mundo.

Marte,(1995) afirma que atualmente não se concebe um edifício (até


mesmo os residenciais, onde os requisitos de economia energética,
segurança e comunicações, são menores), que não possua sistemas
automatizados quer seja para seu gerenciamento quer para a segurança,
levando-se em conta que o desenvolvimento das comunicações e dos
sistemas de automação de escritórios praticamente obriga a utilizar recursos
tecnológicos de ponta.

A Realidade dos Edifícios Inteligentes


Alguns anos depois da fase de aparecimento no mercado dos ditos “Edifícios
Inteligentes”, quando surgiram “kits” para novos edifícios, a tecnologia de
controle foi se desenvolvendo até a ponto de ser possível promover
estruturas que realmente merecessem o nome que lhes foi atribuído.
Entretanto, o uso e abuso deste título produziram reações nos proprietários

Raïssa Pereira Alves de Azevêdo Neves 11


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dos edifícios, patrocinadores e grupos financeiros, os quais concluíram que


aquilo que lhes foi proposto não seria adequado as funções por eles
pretendidas. Como resultado, alguns dos grandes grupos de
desenvolvimento tecnológico neste campo, emigraram para outros tipos de
infra-estruturas e sistemas tecnológicos. Como exemplo, pode-se citar que
algumas empresas estão fornecendo sistemas integrados para edifícios, com
o objetivo de oferecer um sistema de controle em que, para serviços
diferentes num edifício, a sua organização e integração têm como
fundamento a obtenção de operações comuns.

Um exemplo específico pode ser um circuito fechado de televisão. Quando


é acionado um alarme pelo sistema detector de incêndios, pode-se
visualizar se existe realmente um incêndio ou só um falso alarme. Neste caso,
teríamos integração de sistemas entre a detecção de incêndios, alarmes e o
circuito de vídeo interno. Mesmo sendo o hardware fornecido por empresas
diferentes, isso não diminui a integração, já que é feita através do software.

Devemos ter muito cuidado com o termo “Edifício Inteligente”, por ter sido
um termo de marketing sem muita substância desde que foi introduzido no
mercado. O problema foi o número excessivo de empresas que comercializa
os sistemas para Edifícios Inteligentes. O mercado saturou rapidamente e a
realidade não estava lá. Um Edifício Inteligente é aquele que promove a
transferência de dados de um sistema para outro.

Imaginemos a leitura de um cartão de acesso a um Edifício Inteligente por


um usuário qualquer. Depois de dar permissão de entrar no edifício, o leitor
de cartões magnéticos envia um comando ao sistema de climatização do
escritório ou compartimento desse usuário, acionando-o e ativando ao
mesmo tempo o sistema de elevadores relacionados com o local de entrada
e o compartimento utilizado pelo usuário com o objetivo de poupar energia
e realizar uma gestão racional de energia elétrica. Usuários individuais
poderão estar providos com um cartão ativo, o qual pode ser lido por
sensores localizados em locais estratégicos e espaçados do edifício. Desta
maneira pode-se, além de outras funções, encaminhar às chamadas
telefônicas para o compartimento onde o indivíduo se encontra, ou
encaminhando-as para um sistema de mensagens caso esse cartão não seja
detectado.

Estes sistemas terão de ter suporte técnico 24 horas por dia, no caso de
surgirem problemas. Não há razão em ter todos estes sistemas e facilidades
se o não pudermos suportar tecnicamente. Quando temos uma falha no
controle no sistema, pode ser ao nível do software ou eletrônico. Qualquer
um deles pode, na maioria dos casos, ser remotamente resolvido. No caso
de ser um problema mecânico, pode-se detectá-lo da mesma forma. Pode-
se dizer que 90 ou 95% dos problemas detectados em horas fora do
expediente podem ser resolvidos através de um modem.

Um dos aspectos mais importantes para compreender os sistemas dos


Edifícios Inteligentes, no que diz respeito aos seus proprietários e utilizadores, é
a facilidade do controle de manutenção. Os edifícios podem ser

Raïssa Pereira Alves de Azevêdo Neves 12


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eventualmente capazes de promover relatórios detalhados do seu estado


de conservação e reparação. "Uma das funções mais importantes dos
Edifícios Inteligentes é a capacidade de nos poderem fornecer o seu estado"
afirma o presidente da Jim Service. "A tecnologia é mais avançada quando
disponibiliza ou monitora o seu próprio estado". Se nós vamos avançar para
um regime de manutenção planejada, haverá maiores benefícios para o
proprietário, benefícios esses que nos irão ajudar a desenvolver novas
tecnologias graças à credibilidade fundamentada pelas anteriores.

No Brasil, o software mais utilizado em edifícios desse tipo é o da Building


Management System (BMS) que comanda todas as funções prediais.

Desenvolvimentos Atuais
Nos dias de hoje, surge a segunda geração de Edifícios Inteligentes, os quais
possibilitam integração e separação dos sistemas com o auxílio das
avançadas tecnologias computacionais e de telecomunicações. O ponto
mais forte destes tipos de sistemas é atingido quando são suportados por
uma grande base de dados, custos reduzidos, capacidade de processar
rapidamente uma quantidade vasta de informação, com a ajuda de um
software capaz disso e de ambiente agradável para o usuário, com
possibilidade de ser adaptado às novas tecnologias que vão surgindo. Já
não se usa a tecnologia, incorpora-se.

A tecnologia é cada vez menos sobre coisas, e cada vez mais sobre
relacionamentos. Claro que o relacionamento e interligação inteligente,
certamente em escala urbana, é também uma manifestação espacial da
economia e das inovações tecnológicas.

Embora estejam fisicamente isolados, os controles de sistemas individuais


podem ser regulados por um computador central para otimizar os
desempenhos individuais e em conjunto. Por exemplo, ao integrarmos o
sistema de detecção de incêndios com o de segurança, podemos
destrancar todas as portas de forma a fornecer o caminho mais rápido para
as pessoas evacuarem o edifício em caso de emergência. Em conjunto com
o sistema HVAC, poderá ser controlado o fluxo de ar e chamas de forma a
impedir a sua propagação.

Ao nível dos sistemas de gestão de energia, pode ser regulada a iluminação


artificial de acordo com a natural, gestão de energia solar e utilização de
sistemas mecânicos para limitar o consumo de energia. Esta nova geração
de edifícios está concentrada na sensibilização econômica, ou seja, na
gestão de energia, flexibilidade e integração dos sistemas, para além da
utilização de coletores solares e turbinas eólicas que permitam um potencial
auto-suficiente.

Está demonstrado que com a ajuda destes conceitos o desenvolvimento


tecnológico aumentará, abrindo perspectivas para um mundo novo.

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2.2 Rota dos Pioneiros


Enumeramos alguns fatos significativos, que evidenciam as primeiras
manifestações de concepção dos edifícios de alta tecnologia:

1904 ÖO arquiteto norte-


americano Frank Loyd Wright
considera que o edifício é uma
“expressão” diretamente
aplicada a seu propósito, igual
ao transatlântico, avião ou
automóvel”. E, de fato, com
seu Edifício Larkin, ao isolar os
elementos de comunicação e
serviços, expressou claramente
os aspectos funcionais.

Fig. 2 Edifício Larkin – Búfalo


Fonte: http://images.google.
Fig. 3 Átrio central do Edifício Larkin

O átrio central com pé-direito


elevado iluminado por clarabóia
(destinado aos empregados de
escalão inferior) é circundado por
quatro pavimentos de galerias
onde se localizam as salas
privativas dos funcionários mais
graduados. Quatro torres maciças
em cada canto do edifício
resolvem, na época de forma
inteiramente inédita, as
circulações verticais além de
outros serviços e facilidades. Pela
primeira vez se adota um sistema
central de renovação e
climatização do ar com dutos
embutidos na alvenaria e grelhas
de insuflação e retorno. Pela
primeira vez também se projeta
um mobiliário específico em aço,
condizente com a clareza e
racionalidade do desenho geral do edifício.

1914 ÖEm seu manifesto de “Arquitetura futurista”, Antonio San’t Elia pedia
ao arquiteto que evitasse os materiais pesados, em favor dos flexíveis que
permitissem a mobilidade e o dinamismo. A Arquitetura, dizia, não deveria
ser permanente, mas efêmera.

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1931 Ö Concluído o Empire State


Building, com um custo de
US$41milhões. Foi projetado pela
firma Shreve, Lamb, e Harmon. Com
381 metros de altura, este edifício de
escritórios ficou sendo o prédio mais
alto do mundo até 1971, quando foi
terminada a primeira torre do World
Trade Center, também em Nova York.
Fig. 3 Edifício Empire State Building - NY
Fonte: Revista AU no 100 fev/mar 2002

Como o Empire State Building foi


concluído durante a época mais
difícil da Depressão de 1929, a
maioria dos seus escritórios
permaneceu vazia durante anos e
para poder pagar os impostos sobre o
edifício, os proprietários abriram a
plataforma de observação ao
público.

Utilizou técnicas construtivas bem avançadas para a época,o prédio foi


construído em 14 meses. Cinco meses antes do previsto. Iniciou a obra com
3.400 operários.

Possui ainda 73 elevadores, de alta tecnologia para a época, que vão do 1o


ao 800 andar em apenas um minuto.

Dentre as curiosidades sobre o


Empire State Building, conta-se
que desde sua inauguração até
hoje, centenas de pessoas
tentaram se jogar do terraço do
860. andar, o único vão aberto
do edifício. O vento é tão forte
que joga os suicidas de volta
para uma marquise. Ninguém
morreu até hoje.

Fig. 4 Trabalhadores do ESB – almoço


Fonte: http://images.google.com

1950 ÖA Flexibilidade que anunciava Siegfred Giedion, ao falar da


necessidade do arquiteto de prever modificações nas edificações, a fim de
prestar os serviços que pudessem responder às necessidades dos usuários a
cada momento.

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Anos 60 ÖO grupo dos arquitetos ingleses Archigram previa que a excessiva


duração dos edifícios não se acomodava às mudanças tecnológicas e
culturais, desenvolvidas em ciclos cada vez mais curtos. Os arquitetos
“metabolistas” japoneses propunham isolar os componentes duráveis dos
edifícios suscetíveis de sofrer as pressões de mudança.

1966 Ö Construído o World Trade Center – New York, projeto do Arquiteto


Minoro Yamasaki. Considerado um marco não só pela sua Arquitetura com
fachadas suntuosas e pilares de estrutura metálica que formando um
paliteiro seriam capazes de suportar o impacto de avião de pequeno porte,
mas também pelos sistemas automatizados que utilizavam tecnologia de
ponta, como por exemplo os elevadores, que eram divididos por baterias a
fim de evitar a viagem do primeiro ao último andar, economizando tempo e
energia. Não havia no entanto a integração desses sistemas.

Fig. 5 World Trade Center – NY


Fig. 6 Detalhe da fachada das torres do WTC –
NY
Fonte: http://images.google.com

O WTC destruído em setembro de 2001,


era o símbolo do poder econômico dos
EUA. Era composto por duas torres
principais com 417m de altura e mais
cinco edificios menores.

Fig. 7 Planta do complexo WTC – NY


Fonte: http://images.google.com

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1973 ÖCom a primeira “crise” do petróleo e a comercialização dos


microcomputadores, o mercado estava necessitado: era necessário
economizar energia, e os Edifícios Inteligentes se apresentavam como
solução economicamente viável.

1978 ÖO Mass United Technologies, em Cambridge – UK, realizou a primeira


integração de vários edifícios (134) num só sistema, que controlava 2.400
pontos e custou 5.5 milhões de dólares. Esta quantia ficou amortizada ao
cabo de dois anos, contabilizando tão somente a economia energética.

1982 ÖRealização do primeiro sistema com inteligência distribuída – Painéis


Remotos Autônomos -, por U.T.Buildings Services no Epcot – Walt Disneyworld,
na Flórida, EUA.

1984 ÖFoi construído o edifício que


é considerado a cabeça dos
Edifícios Inteligentes, o edifício da
Companhia Telefônica AT&T, em
Nova York, EUA, projetado por
Philip Johnson & John Burgees, que
pode ser considerado altamente
flexível em sua estrutura.
Fig. 8 Edifício da AT&T – NY
Fonte:
http://www.pritzkerprize.com/pjohn.htm

1986 ÖConstruído em Londres o edifício da Companhia de Seguros Lloyd’s,


considerado um modelo de Edifício Inteligente. A intenção deste edifício,
flexível como um mecano, conforme seu arquiteto Richard Rogers, é que sua
estrutura dure cinqüenta anos; o sistema de ar-condicionado, quinze e as
comunicações, cinco. Por isso os equipamentos mecânicos foram colocados
nas torres periféricas, a fim de
facilitar o acesso para manutenção
e substituição em caso de
obsolência.
Fig. 9 Edifício da Lloyd’s – Londres
Fig. 10 Planta do edifício Fonte:
http://cs.clark.edu

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2.3 Os Pioneiros no Brasil


No item anterior fez-se uma primeira incursão nas ocorrências dos Edifícios
Inteligentes nos casos internacionais até 1986. Após esta data já começamos
a encontrar experiências brasileiras.

1986 Ö Inaugurado o edifício


Citicorp/Citibank, com 93m de altura e
20 andares. Projeto do Escritório Aflalo e
Gasperini, destacou-se no perfil da
Paulista não só pela utilização das cores
contrastantes dos materiais utilizados no
revestimento da fachada (pedra
granítica rosa e o vidro azul), como
também pelo tratamento arquitetônico
de seus volumes e pelo sofisticado
tratamento dos interiores. A estrutura é
formada por duas grelhas estruturais
paralelas suspensas acima do amplo
saguão do pavimento terreo através de
uma transição estrutural.
Fig. 11 Sede do Citibank - SP
Fonte: arquivo pessoal

Fig. 12 Corte lateral


Fig. 13 Planta do pavimento térreo
Fig. 14 Detalhe dos volumes
Fig. 15 Detalhe das grelhas de
concreto
Fig. 16 Detalhe do acesso ao prédio
Fig. 17 Detalhe do pé direito (interior do edifício)
Fonte: http://www.aflaloegasperini.com.br/f_comerc.htm

Ele é um dos marcos arquitetônicos da avenida, caracterizando o pós-


modernismo dos anos 80. O edifício abriga, além da sede administrativa do
Banco Sudameris e sua superintendência, uma agência bancária num
anexo com acesso pela Alameda Campinas. Pioneiro também na área das
novas tecnologias, com seus 2.500 pontos de supervisão que fazem o
gerenciamento de todas as instalações.

Raïssa Pereira Alves de Azevêdo Neves 18


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1986 ÖConstrução do Centro Cultural Itaú que, da mesma forma que o


exemplo anterior, utiliza em grande parte de seus sistemas, uma tecnologia
totalmente nacional. Projeto de Ernest Mange.

A necessidade do edifício de dispor de


pavimentos-tipo em planta livre, de
modo a flexibilizar diferentes layouts e
ainda a necessidade de vários subsolos
para garagem foi solucionada com a
utilização de pórticos periféricos
contraventados com perfis em “x”
interrompidos por barra, o que dava
evidência ao embasamento da
edificação como transição estrutural.

Foi utilizada uma tinta especial contra


fogo recém-lançada que além de
proteger a estrutura metálica deu um
aspecto mais esbelto.

Privilegia ainda as tecnologias de ponta


como recursos de veiculação de
imagens e informações. Emprega
tecnologias construtivas e materiais
contemporâneos como aço e vidro.
Fig. 18 Edifício Centro Empresarial Itaú
Fonte: http://www.feixe.com.br/clientes.htm

Mantém como uma de suas principais atividades um banco de dados


culturais informatizado aberto à consulta de pesquisadores e do grande
público; promove exposições e palestras e cursos, edita publicações, lança
filmes e vídeos, um verdadeiro museu virtual.

Fig. 19 Planta do 1o pav. (auditório)


Fig. 20 Auditório
Fig. 21 Postos de Consulta Informatizados
Fig. 22 Corte longitudinal
Fonte: Revista Projeto Design no 193 jan/fev 96

Raïssa Pereira Alves de Azevêdo Neves 19


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1987 ÖProjeto do edifício – sede do Grupo Gomes de Almeida Fernandez na


avenida Faria Lima, em São Paulo.

1989 ÖLançamento do Manhatann Tower, no Rio de Janeiro, do arquiteto


Edison Musa. Inaugurando a fase de projetos de alta tecnologia fora de São
Paulo.

1989 ÖLançamento do Camp Tower, em Campinas, interior de São Paulo.

1991ÖImplantação do Sistema de Supervisão, Automação e Gerenciamento


do edifício – Sede da Philips em São Paulo, aproveitando toda experiência
administrativa acumulada para desenvolver os sistemas, já que o edifício foi
construído na década de 80.

1992ÖCom o fim da reserva de mercado para produtos informáticos, inicia-


se a importação de novos produtos e tecnologias, aumentando a oferta,
tornando o mercado mais competitivo e, por conseguinte, melhorando a
resposta à demanda dos usuários dos edifícios de alta tecnologia.

1993ÖNos anos 90, a tecnologia da construção se desenvolveu sobretudo


em fechamentos.

Na estrutura, a grande promessa, o aço, teve poucos adeptos. Exemplo


isolado foi o Alfacon Steel Tower, de Luiz Fernando Rocco e Carlos Bratke,
cuja montagem estrutural estendeu-se por apenas três meses.

Fig. 23 Edifício Alfacon Steel Tower – SP


Fonte: http://arcoweb.com.br/arquitetura/arquitetura54a.asp

Raïssa Pereira Alves de Azevêdo Neves 20


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1994Ö Concluído o complexo World Trade Center, dos arquitetos Aflalo &
Gasperini; o complexo WTC é composto de uma torre de escritórios de 26
andares que abriga um clube
internacional de negócios,
áreas de exposição de produtos
e escritórios para locação. Os 3
primeiros andares são
dedicados a business club que é
um núcleo aberto para todos os
associados, com salas de
trabalho para executivos em
trânsito, biblioteca, restaurante
e espaços para treinamentos e
conferências. O complexe
conta ainda com um hotel
cinco estrelas com 13 andares,
um centro de convenções para
2.000 pessoas, um shopping
temático de decoração e uma
garagem para 2.250 veículos.
Fica localizado na marginal
Pinheiros, São Paulo e com uma
área de 177mil m2.
Fig. 24 World Trade Center - SP
Fonte: Revista AU no 60 jun/jul 95

Todas estas funções foram articuladas numa única solução integrada pela
grande área do shopping, no entanto possuem acessos separados.

A área de convenções localizada na área superior do shopping, com


ligação direta com o hotel e os escritórios do WTC, permite a realização de
vários eventos simultâneos com capacidade para 1.500 pessoas. Um
auditório/teatro com 540 lugares completa o conjunto. A área de lazer e de
esporte do hotel foi também localizada na cobertura do shopping, à qual se
integra através de uma ampla estrutura de vidro.

Mesmo com diferenças claras no programa, que respondem basicamente a


adaptações à demanda local, a concepção do empreendimento é a
mesma nas suas 259 unidades atuais: centros empresariais ambiciosos, com
características multiuso, aproveitando a sinergia entre as áreas diversas para
apoiar a realização de negócios internacionais. Para promover o acesso dos
seus associados ao mercado internacional, todas as unidades do WTC são
dotadas de sistemas de comunicação e recursos de automação de ponta.

No interior, existem painéis de gesso com revestimento acústico, elevadores


que operam pelo sistema de zoneamento, canaletas de piso para abrigar as
instalações elétricas e de telefonia, sistema de ar-condicionado com
controle individual, locais para acesso a portadores de deficiência física, sala

Raïssa Pereira Alves de Azevêdo Neves 21


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para videoconferência, 3 elevadores panorâmicos e um capaz de


transportar veículos e geradores.

Em termos de infra-estrutura de apoio, o complexo reúne requintes de alta


tecnologia e oferece os serviços mais avançados de automação predial. O
centro de convenções e a torre de escritórios são dotados de uma espinha
dorsal de fibra ótica (backbone) para transmissão de dados e imagens em
altíssima velocidade.

O sistema de rede comercial exclusiva, interligada à internet veicula em


tempo real catálogos e informações sobre compra e venda de produtos a
bancos de dados de 160 países e mais de 500 mil empresas.

Outro serviço disponível é a videoconferência, que permite a apresentação


simultânea de produtos a todos os WTC, via satélite.

O circuito fechado de tv também possibilita o acompanhamento de eventos


realizados no centro de convenções pelos hóspedes do hotel.

O heliponto possui capacidade para receber helicópteros de grande porte.

Fig. 25 WTC – SP Corte Transversal pela torre do Hotel


Fonte: Revista AU no 60 jun/jul 95

Raïssa Pereira Alves de Azevêdo Neves 22


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1995Ö Carlos Bratke entrega à Marginal Pinheiros, São Paulo, o edifício Plaza
Centenário, que por suas formas arredondadas e por sua fachada
totalmente em aluminio, recebe o apelido de “Robocop”.

A torre possui 140m de altura, 36 andares e segundo informações da


empresa que montou os painéis da fachada, é o maior edifício do mundo
com este tipo revestimento.

Ressaltando a funcionalidade da estrutura, os equipamentos são colocados


em torres periféricas, para que o edifício possa contar com grandes vãos
livres.

“A criação de um bloco único, organizado como corpo central,


interceptado pelo cilindro da torre de serviços, onde estão concentrados os
elevadores sociais, elevador de segurança para bombeiro, escada
pressurizada”. Em torno dessa torre foram dispostas outras quatro torres,
circulares e menores, com sanitários e ar-condicionado.

O sistema operacional, que inclui automação e segurança integrada, está


centralizado na sala de comando. Além de catracas para triagem de
pessoal, o sistema dispõe de automação predial que inclui combate e
prevenção de incêndio, como detectores de fumaça e alarmes. O edifício
por ser todo revestido com placas de alumínio funciona como um
gigantesco pára raios. Para isso as placas foram aterradas na ferragem da
estrutura.

Fig. 26 Plaza Centenário – SP


Fonte: Revista AU no 61 ago/set 95

Raïssa Pereira Alves de Azevêdo Neves 23


Estudos Iniciais

1996Ö Edifício Bolsa de Imóveis do Estado de


São Paulo, conhecido como Robocop II,
projeto dos escritórios de Carlos Bratke e
Renato Bianconi Arquitetos. Sua planta reflete
certo refinamento das soluções
desenvolvidas em outras obras por este
escritório. Com salões livres de estruturas
verticais, oferecendo grande flexibilidade
para diversos tipos de layouts.

Neste caso, os pavimentos apóiam-se em


torres periféricas, utilizadas para circulações
verticais, tais como escadas de segurança,
elevadores, monta-cargas e outros
equipamentos sanitários, copas, depósitos,
shafts para ar-condicionado e dutos em
geral.
Fig. 27 Edifício Bolsa de Imóveis de SP
Fonte: Revista AU no 64 out/nov 96

Os treze pavimentos-tipo são coroados por uma forma especial de


terminação onde ficam o 14º, o 15º e o 16º. andares, cobertos por um
pergolado envidraçado, formando uma grande curva. Essa curva procura
encaixar-se sob as outras curvas, formando meias abóbodas. São caixas-
d'água colocadas no topo das torres periféricas, encimando esses volumes,
como se uma gerasse a outra. O acabamento do edifício foi executado
com chapas autoportantes de alumínio, nas cores prata e branco. As
chapas são facilmente moldáveis e dobráveis, podendo dessa maneira,
adquirir características estruturais e se adaptar à volumetria da obra,
acompanhando suas curvas, saliências e reentrâncias."

No que diz respeito a Edifício Inteligente pode-se dizer que este tem um dos
Q.I. mais altos do país, pois foi bem projetado e executado, possui estrutura
metálica, sistema automatizado, segurança 24H, etc. Isto o deixa dentro dos
padrões brasileiros de Edifícios Inteligentes (o padrão internacional é
superior). São 19 andares, 4 subsolos completamente automatizados
principalmente no quesito segurança, em relação a sinistros e à entrada de
pessoas não autorizadas. Um carro tem acesso direto e coberto à recepção
pela passagem de veículos, ou pode descer pela rampa (são duas de
subida e uma de descida), para a garagem num dos quatro subsolos.

Na recepção o visitante é fotografado e recebe um crachá magnético. A


catraca eletrônica só permite passagem até os setores onde ele foi liberado.
O sistema de segurança possui câmeras de segurança em todos os locais
estratégicos. O prédio é todo automatizado. Por exemplo, se alguém tentar
fechar um registro hidráulico sem autorização, um sensor no registro acusa
na central de segurança, que ele está sendo manuseado. Estes sensores
estão espalhados por todo o prédio: no teto existem detectores de calor e
de fumaça (sprinklers), as portas de emergência acusam se forem abertas,

Raïssa Pereira Alves de Azevêdo Neves 24


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etc. A central de segurança fica


no térreo e também cuida da
parte de incêndio.
Fig. 28 Detalhe da entrada do Edifício
Fonte: Revista AU no 64 out/nov 96

A circulação do edifício
funciona do seguinte modo:
possui duas escadas de
emergências exclusivas por
andar que atende a cada sala.
Quem descer nessa escada só consegue sair no térreo. A porta somente
abre por dentro e possui um sensor que acusa quando é aberta. E ainda
existe a escada para uso geral com porta e paredes anti-chama e túnel de
fumaça. São 6 elevadores para uso comum, um de carga e outro para uso
exclusivo de pessoas vips.

No subsolo ficam: dois grandes geradores de emergência (que na falta de


energia, entram em funcionamento tão rápido que esta transição nem é
percebida, eles atendem ao prédio todo e possuem isolamento acústico), a
central de distribuição de energia, o poço artesiano (que é ligado à rede de
água comum e possui reservatório no topo do prédio e no subsolo), as vagas
de carro com manobristas, a central de telefone e a central de ar
condicionado.

O teto (forro) possui aproximadamente meio metro, para circulação elétrica


e hidráulica(na área comum). O piso não é elevado mas possui pontos de
energia. Na cobertura ficam a casa de máquinas do elevador, o reservatório
d’água, os pára raios e as antenas.

Fig. 29 Maquete eletrônica do Edifício


Fig. 30 Planta do 2o mesanino
Fonte: Revista AU no 64 out/nov 96

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1996Ö Edifícios Birmann 11 e 12 -


Localizados na cidade de São Paulo,
compõem um complexo comercial do
tipo multiusuário com duas torres de doze
e treze pavimentos. Projeto do Arquiteto
Edson Musa.

Uma rotunda monumental dá acesso aos


dois prédios e se interliga, através de
elevadores com o estacionamento nos
subsolos. Os edifícios foram projetados
com volumes bem definidos, marcando a
base, o corpo e cobertura com desenho
especial.
Fig. 31 Edifícios Birmann 11 e 12 – SP
Fonte: Revista Projeto Design no 205 fev 97

Fig. 32 Corte Lateral do Complexo


Fig. 33 Hall de entrada de uma das torres
Fig. 34 Planta baixa do Complexo

Toda a estrutura das fachadas é revestida de granito e mármore com linhas


verticais de perfis metálicos e vidro, que marcam o centro de cada fachada,
dando profundidade e acentuando a verticalidade dos edifícios.

Um edifício de escritórios, embora a planta indique amplos salões


aparentemente simples, é, na verdade, um projeto bastante complexo.
Deve atender especificações técnicas que garantirão a flexibilidade de uso
atual e futuro.

Alguns dos parâmetros presentes nos edifícios são: pisos com capaciade de
carga alta que variam de 500 a 1000kg/m2, pé direito duplo, malha de piso
com sistema de canaletas triplas para ligações de energia, telefone e lógica
de fácil acesso em qualquer um dos andares, ar-condicionado com sistema
de termoacumulação e elevadores de alta tecnologia.

O Sistema de automação predial é responsável pelo controle dos


subsistemas de utilidades, totalizando aproximadamente 3200 pontos de
controle e supervisão, entre os quais estão relacionados: ar condicionado,
energia, hidráulica, iluminação e segurança patrimonial (Circuito Fechado
de TV), detecção e alarme de incêndio e controles de acesso.

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1997Ö O Birmann 21 do escritório SOM - Skidmore, Owings & Merrill e Kogan


Arquitetos Associados, representa uma melhoria no padrão de qualidade de
vida no escritório em um ambiente altamente motivacional e produtivo.

Seus 61.779m2, dispõem de centro de conferência, restaurantes e cafeteria,


health club, atendimento médico, loja de conveniências, sala central de
correspondências e encomendas e praça de eventos.

O edifício de 26 pavimentos agrega múltiplas funções tais como: locais para


conferências, cursos, espetáculos, escritórios, além de garagens.

O sistema estrutural foi concebido com a interação entre engenheiros e


arquitetos, proporcionando assim a integração de sistemas mecânicos e
elétricos, que regularmente precisam ser vistoriados e atualizados.

As tubulações de sprinklers passam por perfurações previstas nas vigas e a


integração de pisos, forros, iluminação e ar-condicionado é feita entre
vedos.

A central de controle do edifício tem a capacidade de monitorar pontos


estratégicos e até corrigir pequenas falhas no sistema.

Em determinados andares praticamente só existe parede para contornar o


edifício, o que traz grande a flexibilidade de layout.

Fig. 35 Edifício Birmann 21 – SP


Fonte: Revista AU no 73 ago/set 97

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1997Ö O setor hoteleiro sofreu grandes transformações durante a década.


Ativado pelo turismo, convenções e viagens a negócios, ele gerou uma série
de empreendimentos: hotéis temáticos, hotéis de negócios, hotéis design,
resorts ou pequenas pousadas. Um dado significativo foi o aumento, na
década de 90, da participação das redes internacionais no país.

1997Ö O Hotel Renaissance, que


ocupa meia quadra na região da
avenida Paulista em São Paulo, é
um claro exemplo desse interesse
estrangeiro.

Com 450 apartamentos,


investimento de 100 milhões de
dólares e projeto de Ruy Ohtake, o
empreendimento é dividido em
dois volumes. A torre de 27
andares, revestida de alumínio
vinho e prata, destaca-se com sua
elegância no desordenado
entorno; o embasamento recebeu
o concreto característico do
trabalho do arquiteto.

Fig. 36 Hotel Renaissance – SP


Fonte: Revista AU no 72 jun/jul 97

O Renaissance é um catálogo de novidades em computação. Logo no hall


de entrada, as cortinas que cobrem as paredes envidraçadas sobem e
descem sob comando de um controle remoto. Ao lado da recepção, um
painel eletrônico de 2 metros de altura mostra horário e descrição dos
eventos programados para o dia. No bar, os garçons fazem os pedidos
diretamente numa tela de computador sensível ao toque. Basta encostar o
dedo sobre o item determinado e pronto, está feito o pedido. A despesa é
enviada eletronicamente para a conta do
hóspede, junto com seu consumo de
frigobar, ligações telefônicas, e serviços de
quarto.

No bar-dançante, hóspedes e visitantes


fazem seus pedidos a garçons equipados
com computadores de mão conectados à
cozinha e ao sistema de contabilidade.
Fig. 37 Mapa de Localização
Fonte: Revista AU no 72 jun/jul 97

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Em cada quarto, há sensores de temperatura e de movimento. Assim que o


hóspede encaixa o cartão com tarja magnética na fechadura eletrônica de
seu quarto, a central computadorizada ordena que se acendam as luzes da
cabeceira, do banheiro e o ar-condicionado.

Conta ainda com pontos de transmissão de voz e dados nos quartos,


conectados à Internet.

Toda as informações e preferências


dos hóspedes são armazenadas numa
rede central projetada para não ter
paradas.

Fig. 38 Antes – Quarto

Fonte: Arquivo Pessoal

Fig. 39 Depois... - local de trabalho

1998Ö Outro exemplo de unidade de


redes internacionais implantadas em São
Paulo é o Grand Hotel Mercure de
Ricardo Julião, com 353 apartamentos.

Totalmente inteligente, o Mercure tem


uma rede computadorizada que faz todo
o controle do sistema de ar
condicionado, ventilação mecânica,
energia, iluminação dimerizada, sistemas
hidrosanitários, de detecção de fumaça
de incêndio, som ambiente e segurança
através de circuito fechado de TV.
Fig. 40 Grand Hotel Mercure – SP
Fonte:images.google.com

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1998ÖProjeto dos arquitetos Marc Rubin e Alberto Botti, o Centro Empresarial


Nações Unidas, inaugura a torre Oeste, a primeira de três torres que fazem
parte do complexo.

O conjunto insere-se em uma lista de 39


edifícios com classificação AA (alta
tecnologia), de acordo com um
levantamento da Bolsa de Imóveis de
São Paulo.

Três torres de escritórios somando 83


andares, 2 Centros de Convenções e o
Shopping Nações Unidas, compõem
um conjunto harmonioso de 304.534m2,
rigorosamente planejados dentro dos
mais avançados conceitos
tecnológicos de Arquitetura,
engenharia e administração predial.
Fig. 41 Centro Empresarial Nações Unidas – SP
maquete eletrônica
Fonte:http://www.imovelweb.com.br

No subsolo do CENU, interligando as três torres, está o Shopping Center


Nações Unidas que possui aproximadamente 3.048m², contendo diversos
restaurantes, cafés, papelaria, farmácia, bancos entre outros serviços. O
Shopping está ligado ao Complexo World Trade Center através de um amplo
corredor subterrâneo para pedestres. Este complexo abriga o Hotel Gran
Meliá, o Shopping D&D, um centro de convenções e uma torre de escritórios.

O CENU é hoje considerado um


empreendimento de referência na região
por causa do seu porte, localização e
visibilidade.

1999Ö Inaugurada em novembro de 1999, a


Torre Norte do Centro Empresarial Nações
Unidas (CENU), construída pela Tishman
Speyer-Método.

A Torre Norte é um dos maiores e mais


modernos edifícios de escritórios da
América do Sul. É a torre central do Centro
Empresarial Nações Unidas (CENU), que é
composto por três torres e um shopping
center.

Fig. 42 CENU – SP Torre Norte


Fonte: Revista AU no 37 ago/set 91

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A Torre Norte é composta por 34 andares de escritórios, 2 andares


mecânicos, térreo com pé-direito duplo, 2 mezaninos e 5 subsolos, além de
um heliponto. A altura da torre é de 158 metros e a área construída total,
acima do nível térreo, é de 68.096m².

Das 3.734 vagas de garagem do CENU, 1.954 vagas estão alocadas à Torre
Norte, resultando em 1 vaga para cada 28.6m² de área privativa. Além da
área de escritórios, o imóvel possui um "Business Center" com capacidade
para eventos de até 300 pessoas.
2000Ö Começam as obras de construção da terceira torre do Centro
Empresarial Nações Unidas, a torre Leste. Da mesma altura da torre Oeste
com 138m, foi inicialmente projetada para ser uma torre de escritórios, mas
agora está sendo desenvolvida para comportar o Hotel Hilton, com 506
apartamentos.

Fig. 43 CENU – SP Fundação Torre Leste


Fonte: Revista Téchne maio/jun 1999 no 40

2001ÖA solução arquitetônica para esse complexo hoteleiro, foi encontrada


pelo arquiteto Roberto Candusso na forma da letra "Y", dividindo o conjunto
em três asas. Isto possibilitou encurtar corredores, reduzir a circulação e
dispor as unidades de forma que uma não devassasse a outra. Reúne em um
mesmo espaço um hotel cinco estrelas Caesar ParK, um quatro estrelas
Caesar Business, um centro de convenção para mil pessoas, restaurantes,
salas de reunião, lojas, dois business centers e ampla área de lazer,
distribuídos em 13 pisos
que ocupam área
total de 33 mil m2.

Fig. 44 Caesar Park e Caesar Business – SP


Fonte: http://www.qualyconstrutora.com.br/inf2.html

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2002Ö Localizado entre as avenidas Chucri Zaidan e Nações Unidas, o novo


edifício do Bank Boston, foi concebido pelos escritórios norte-americanos
Som e ETJN e adaptado por projetistas brasileiros.

A obra, iniciada em meados de 1999,


precisou de muito planejamento e
logística para garantir equipes,
materiais e equipamentos em todas as
frentes. Para atender ao padrão de
qualidade e às exigências do Bank
Boston, a construtora providenciou
ferramentas especiais, conformou no
próprio canteiro os perfis de alumínio
da fachada, superdimensionou os
geradores de energia e adotou
diversas outras medidas estratégicas.
Foram obedecidas normas bastante
rígidas de segurança do trabalho e de
contratação de subempreiteiros, de
forma que cada engenheiro fosse
responsável por uma etapa de serviço.
Fig. 45 Bank Boston – SP
Fonte: Revista Téchne fev 2002 no 59

O Bank Boston investiu na aquisição de uma câmara de ensaios de


protótipos de fachadas-cortina, que
permitiu realizar ensaios de pressão,
positiva ou negativa, para cargas
uniformemente distribuídas, de até 5.000 Pa
(cerca de 506 kg/m2 - o equivalente a
ventos com velocidade de 324 km/h).
Fig. 46 Câmara de Ensaios
Fonte: Revista Téchne fev 2002 no 59

Como a estrutura possui um vão atípico de


21m, o projeto concebeu vigas protendidas
de 80cm de largura com 75cm de altura e
lajes armadas. Para compor a fachada, a
distância entre os pilares é sempre a
mesma. Os pórticos periféricos, compostos
por pilares e vigas, pouco contribuem para
o contraventamento da estrutura, em
função dos grandes vãos. O enrijecimento
da obra é garantido por um núcleo central, dividido em duas asas em ‘L’ até
o 19o andar, que a partir daí fica mais esbelto. Por causa do núcleo de
rigidez, a movimentação horizontal no topo do edifício, nas piores
ocorrências de vento, fica reduzida para apenas 10cm.

O condicionamento central, com reservatório de água gelada, atende ao


prédio no horário normal de funcionamento. São 14 condicionadores

Raïssa Pereira Alves de Azevêdo Neves 32


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distribuídos em pavimentos técnicos que conduzem o ar por três grandes


prumadas. A distribuição de ar com sistema VAV (volume de ar variável), na
temperatura de 8ºC, reduz a vazão necessária para o condicionamento. Nos
pavimentos o ar é distribuído por dutos horizontais localizados no plenum
sobre o forro rebaixado. Somente na cozinha o ar é exaurido pelas coifas. O
retorno do ar é centralizado em dois shafts verticais que interligam as casas
de máquinas.

A concentração das máquinas em pavimentos técnicos assegurou uma


manutenção mais rápida e menos onerosa. O sistema de filtragem do ar
passa por três estágios: filtro grosso G3, fino F1 e de carvão ativado. Este
último elimina o odor de gases atmosféricos provenientes do Rio Pinheiros.Os
três geradores a diesel existentes são capazes de suprir toda a energia
consumida no edifício, inclusive pelo sistema de ar-condicionado e são
acionados no horário de pico, quando a energia da concessionária fica
mais cara – das 17:30h às 20:30h.

O sistema da fachada, que se estende


por 22 mil m², é unitizado. Dessa
maneira, os painéis de fachada são
içados por um guindaste já com os
vidros, e o isolamento térmico e
acústico colocados. Os painéis vão de
laje a laje, possuem altura de 4,30 m e
foram dimensionados para suportar os
tufões americanos. As placas de vidro
que compõem os painéis unitizados
possuem a tecnologia low-e (baixa
emissividade), que barra a entrada de
uma considerável carga térmica sem
reduzir a transmissão luminosa. Porém,
como a insolação excessiva poderia
prejudicar o conforto visual dos
ocupantes, foi colocada uma tela de
sombreamento que permite entrar
somente a claridade necessária.
Fig. 47 Painéis das fachadas– SP
Fonte: Revista Téchne fev 2002 no 59

O cliente optou por materiais nacionais, já que o Brasil possui mais de 300
tipos de rochas. O granito “Branco Ceará” e o “Preto São Marcos”,
provenientes respectivamente do Ceará e da Paraíba, foram escolhidos
para a fachada. O sistema metálico de fixação utilizado é o mais moderno
em termos de segurança, desempenho e durabilidade, além de formar um
colchão de ar atrás das placas, o que contribuiu para o conforto ambiental
do edifício.Para combater o ruído médio de 65dB na cidade de São Paulo,
utilizou-se lã de rocha, que evita a passagem de som entre os andares,
isolando-se acusticamente a estrutura e os elementos das fachadas. Na
caixilharia foram empregados vidros duplos, com câmara de vácuo interna.

Raïssa Pereira Alves de Azevêdo Neves 33


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As três máquinas de ar-condicionado, de 1,6 MW (454,5 TR), receberam


tratamento acústico. A colocação de alto-falantes nos forros proporciona
uma sonorização mais uniforme nos andares.

Fig. 48 Bank Boston – SP


Fonte: Revista Téchne fev 2002 no 59

No restaurante, para causar a


sensação de se estar fora do prédio, foi
explorada a fachada de vidro. O
layout estará em constante mudança.
Em uma das paredes, está sendo
montado um painel de azulejos
pintados pelos filhos dos funcionários do
banco. O restaurante também poderá
ser usado como um segundo auditório,
com instalações elétricas projetadas
para esse fim e mesas empilháveis.

A concepção paisagística visou criar


um bosque integrado com a
Arquitetura, com visão para o hotel
Hyatt, que está sendo construído nas
adjacências. Da cafeteria localizada
no térreo poderão ser observados
chafarizes no espelho d’água, peixes,
pássaros, flores e frutas durante todo o
ano, além da imagem do edifício
refletida na água. Dentre as árvores
escolhidas, serão plantados Jatobá,
Jequitibá, Sapucaia, Ipê, Jacarandá e
Pau-Brasil. Foi prevista iluminação para
o uso do parque durante a noite,
quando vários eventos e atividades
culturais serão realizados. Uma
estação de tratamento reaproveitará
a água do subsolo na alimentação
dos espelhos d’água e irrigação do
jardim.
Fig. 49 Paisagismo – espelho d`água e árvores brasileiras
Fonte: Revista Téchne fev 2002 no 59

Raïssa Pereira Alves de Azevêdo Neves 34


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2.4 Conceitos Utilizados


Nossa apresentação conceitual expõe algumas definições, objetivando criar
uma forma mais clara e sistematizada de comunicação com os leitores
desta dissertação. Evitamos assim um texto excessivamente abstrato e
mesmo literário, pois julgamos ainda não ser o caso da elaboração de uma
teoria do Edifício Inteligente e também por ser inevitável para compreensão
da terminologia empregada.

Iniciaremos esta breve síntese através do entendimento de que os conceitos


de Telemática, automação, birótica, entre outros termos, estão relacionados
diretamente com a área de edifícios de alta tecnologia.

1. EDIFÍCIO INTELIGENTE ou SMART BUILDING relacionamos alguns dos


conceitos utilizados para definir estas expressões:

ƒ IBI - Intelligent Buildings Institute, define como: “aqueles que oferecem um


ambiente produtivo e econômico através da otimização de quatro
elementos básicos: Estrutura, Sistemas, Serviços e Gerenciamento; bem como
das inter-relações entre eles”.

ƒ “Edifício Inteligente é aquele que incorpora dispositivos de controle


automático aos seus sistemas técnicos e administrativos”. (FRAZATTO, 2000)

ƒ “O Edifício Inteligente é aquele que conjuga, de forma racional e


econômica, os recursos técnicos e tecnológicos disponíveis de forma a
proporcionar um meio ideal ao desenvolvimento de uma atividade
humana”.

ƒ “Edifício é aquele que responde às necessidades de seus usuários, quão


variadas sejam, e que conserva a capacidade de evoluir, incorporando a
qualquer tempo, os recursos tecnológicos que venham a ser convenientes”.

2. TELEMÁTICA é a convergência das tecnologias de telecomunicações,


informática e mídias que dará suporte às funções de automação do edifício.
Fig. 50 Gráfico de convergência das
tecnologias de Telemática,
Telecomunicações e mídias

Fonte: Arquivo pessoal

De acordo com a função


desempenhada pela edificação
que abriga as novas tecnologias
da Telemática, podemos subdividir
em duas:

Raïssa Pereira Alves de Azevêdo Neves 35


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Birótica: é o emprego da automação dentro do escritório, onde os usuários


poderão ter acesso a qualquer tipo de informação, criando um modelo de
trabalho corporativo.

Fig. 51 Edifício com insuflamento de ar pelo piso


Fig. 52 Edifício com sistema de teleconferência
Fonte: http://images.google.com

Domótica: a palavra domótica se refere à ciência e aos elementos


desenvolvidos por ela, que proporcionam algum nível de automação dentro
da casa, desde um simples temporizador (timer) para acender e apagar
uma lâmpada em uma determinada hora, até os mais completos sistemas
capazes de controlar qualquer elemento elétrico dentro da residência.

Fig. 53 Casa High Tech


Fig. 54 Cozinha inteligente
Fig. 55 Central de sucção
Fig. 56 Acesso a e-mails virtuais

Fonte: http://images.google.com

Raïssa Pereira Alves de Azevêdo Neves 36


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3. REDES ELETRÔNICAS - CARACTERIZAÇÃO

As redes podem caracterizar-se quanto à sua dispersão geográfica em três


tipos principais. São eles: LAN, MAN e WAN.

LAN: local area network. É o nome que se dá a uma rede de caráter local, e
onde estão ligados alguns sistemas numa área geográfica pequena.
Normalmente uma LAN está enquadrada num escritório ou numa empresa
não dispersa geograficamente. As tecnologias principais que uma LAN pode
utilizar são a Ethernet, o Token Ring, o ARCNET e o FDDI ("Fiber Distributed
Data Interface").

MAN: Metropolitan area network. Esta rede de carácter metropolitano liga


computadores e utilizadores numa área geográfica maior que a abrangida
pela LAN, mas menor que a área abrangida pela WAN. Uma MAN
normalmente resulta da interligação de várias LAN numa cidade, formando
assim uma rede de maior porte, podendo inclusive estar ligada a uma rede
WAN. O termo MAN é também usado para referir a ligação de várias redes
locais por bridges (este procedimento pode ser denominado de bridging).
Por vezes este tipo de MAN é referida por campus network. Existem várias
cidades que possuem redes metropolitanas de vários tamanhos como
Londres, Lodz, Genebra, etc. CRESPO (1999).

WAN: Wide area network. Como o nome indica é uma rede de


telecomunicações que está dispersa por uma grande área geográfica. A
WAN distingue-se de uma LAN pelo seu porte e estrutura de
telecomunicações. As WAN normalmente são de caráter público, devido à
sua dimensão, mas podem eventualmente ser privadas e
conseqüentemente alugadas. Duas ou mais redes separadas por uma
grande distância e interligadas, são consideradas uma WAN. GREGO (1998)

RDSI: rede digital de serviços. Destina-se a ser uma rede pública mundial de
telecomunicações, substituindo as redes existentes e oferecendo uma
grande variedade de serviços. Os serviços RDSI são separados em categorias
baseadas no escopo e na fonte do serviço. Serviços Básicos (Bearer Services)
são aqueles que permitem ao usuário transmitir informações a partir de um
aparelho da rede para outro. Esta transferência de informação envolve
somente funções das camadas baixas do protocolo de comunicação.
Fonte: (http: //penta.ufrgs.br/tp951/rdsi/tele_pri.html )

Internet: é a rede mundial de computadores (servidores) que ligam o usuário


com comércio, agências governamentais, universidades e pessoas.

Intranet: tecnologia baseada na Internet para prover usuário em uma rede


interna com a utilização de um navegador para rede.

Ethernet: Um protocolo LAN usando uma estrutura de barramento lógica


com detecção de portadora de acesso múltiplo com detecção de colisão.

Raïssa Pereira Alves de Azevêdo Neves 37


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Fast Ethernet: Um protocolo LAN com uma taxa de transmissão 10 vezes


maior do que a rede Ethernet (100 MB/s). Ver Ethernet.

Gigabit Ethernet: Uma LAN que utiliza o padrão desenvolvido pelo grupo de
trabalho IEEE 802, operando em GB/s e utilizando o método de detecção de
colisões (CSMA/CD)

4. SERVIÇOS POSSÍVEIS COM A UTILIZAÇÃO DAS REDES

Tele-Serviços: são serviços providos pela rede, sobre as camadas de


transporte de bits, possibilitando comunicação fim-a-fim (usuário-a-usuário) e
combinando funções de transporte (serviços básicos) com funções de
processamento de informação. Um teleserviço pode ser oferecido por um
usuário a outro usuário da rede, ou pela própria rede. No primeiro caso, a
rede de serviços meramente transporta bits; no último caso, a rede é provida
de serviços adicionais.

e-commerce: é o processo de conduzir transações comerciais usando


tecnologias baseadas em Internet. Estas transações podem ser entre o
negócio e o consumidor ou entre um negócio e outro.

ATM: Asynchronous Transfer Mode. O Modo de Transmissão Assíncrono é uma


forma de tecnologia baseada na transmissão de pequenos pacotes de
tamanho fixo e estrutura definida denominados células. Estas células são
transmitidas através de conexões de circuitos virtuais estabelecidos, sendo
sua entrega e comutação feitas pela rede com base na informação de seu
cabeçalho. Esta tecnologia se adapta facilmente às exigências de uma
grande gama de tráfegos, suportando com isto diferente tipos de serviços.
Assim, a tecnologia ATM foi escolhida de forma a dar suporte à implantação
da Rede Digital de Serviços Integrados - Faixa Larga RDSI-FL (Broadband
Integrated Services Network - BISDN).
Fonte:(http://penta.ufrgs.br/rc952/trab2/atm.html)

Banda Larga: é a técnica de transmissão de alta freqüência de dados, voz e


vídeo com cabos coaxiais ou fibras ópticas para grandes distâncias.

Fibra óptica: filamento de material dielétrico transparente, comumente de


vidro ou de plástico, circular em sua seção transversal, que guia a luz.

Interface: limite compartilhado. O ponto físico de demarcação entre dois


dispositivos ou sistemas onde os sinais elétricos, conectores e a temporização
são definidos. Define também os procedimentos, protocolos e códigos que
permitem dois dispositivos de interagir com o propósito de troca de
informação.

Protocolo: conjunto de leis e procedimentos que regem a formatação de


mensagens e momento de troca entre dispositivos de uma rede cobrindo o
endereço de transmissão, recepção e verificação.

Raïssa Pereira Alves de Azevêdo Neves 38


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Wireless: tecnologia que dispensa a utilização de fios. Os dados são


transmitidos por antenas, que emitem ondas eletromagnéticas para um
aparelho receptor. O telefone celular é um exemplo desta tecnologia.

5. NOVOS CONCEITOS ARQUITETÔNICOS / CONSTRUTIVOS UTILIZADOS NOS


EDIFÍCIOS INTELIGENTES

Shaft: poço por onde passam as tubulações e


fiações no edifício. Deve ser ventilado e de
fácil acesso para manutenções.
Fig. 57 Exemplo de Shaft
Fonte: http://images.google.com

Piso elevado: a função básica desse


componente é comportar o cabeamento,
proporcionando rápidas mudanças de layout e
fácil acesso às instalações; têm entre 10 cm e 15
cm de vão entre o piso e a laje.
Fig. 58 Exemplo de Piso elevado
Fonte: http://images.google.com
Fig. 59 Exemplo de Gesso Acartonado

Gesso acartonado ou Drywall: É um tipo de


vedação vertical, utilizada na compartimentação
e separação de ambientes internos em
edificações. É leve, estruturada, fixa ou
desmontável, geralmente monolítica, de
montagem por acoplamento mecânico e
constituída por uma estrutura de perfis metálicos ou de madeira. O
fechamento é feito com chapas de gesso acartonado.

Cabeamento Estruturado: Sistema baseado na padronização das interfaces


e meios de transmissão, de modo a tornar o cabeamento independente da
aplicação e do layout.

Fachadas Ventiladas: possuem uma câmara entre a


estrutura e o paramento externo que varia em geral
de 5 a 15 cm. O sol incide na face externa e o ar
dessa camada é aquecido e sobe. Existem aberturas
tanto no topo quanto na base da fachada. Há
transferência de calor por convecção,
desenvolvendo-se um fluxo contínuo de substituição
do ar quente por ar frio, aspirado pelas aberturas
inferiores.
Fig. 60 Exemplo de Fachadas Ventiladas
Fonte: http://www.ceusa.com.br/noticias/cortina_frente.htm

Raïssa Pereira Alves de Azevêdo Neves 39


3 Projetos dos Edifícios Inteligentes
Projetos dos Edifícios Inteligentes

3.1 Projeto Arquitetônico


Com o surgimento de novas tecnologias e novos equipamentos, observa-se
uma mudança nos espaços dos edifícios. Flexibilidade é a palavra de ordem
para garantir vida longa às instalações fixas, seja na manutenção ou em sua
manipulação, decorrentes dos avanços contínuos das tecnologias de
Comunicação, Informática e Automação.

“Um bom projeto é a única forma segura de garantir economia”, afirma o


prof. Juan Luís Mascaró (Téchne, no12, 1994). Previsões de possíveis
alterações estão sendo feitas já na fase de desenho do projeto, onde a
preocupação com itens como localização, orientação, materiais,
modulação, estrutura, espaços especiais, segurança, instalações, mobiliário
e possíveis ampliações(antes eram esquecidas ou deixadas para depois),
agora é de fundamental importância.

A evolução da concepção espacial dos edifícios nas últimas três décadas


vem acompanhando as intensas transformações nos conceitos gerenciais
das empresas, ditadas pela necessária adaptação das mentalidades
herdadas da segunda revolução industrial aos novos parâmetros
tecnológicos e concorrenciais. Três aspectos em particular parecem estar
repercutindo na evolução dos edifícios. São eles: a busca da qualidade total
dos bens e serviços oferecidos, o esforço constante para a redução do seu
custo final ao consumidor e a tentativa para consolidar imagens corporativas
fortes num mercado inundado de propaganda e marketing. Os três fatores
implicam respectivamente: num maior apuro com as áreas de trabalho
administrativo, já que se passam a valorizar todas as etapas do ciclo
produtivo (desenvolvimento de produto, marketing, venda, controle
financeiro, atendimento ao consumidor, etc.) e não só a qualidade do
produto final: na otimização do uso do espaço visando o enxugamento de
gastos; e na adoção de padrões estéticos coerentes com a imagem que a
organização quer transmitir a seus próprios funcionários e a seus clientes.

Os novos parâmetros da economia globalizada e os novos métodos de


trabalho introduzidos com o desenvolvimento da informática e da
telemática vêm proporcionando, apesar da tônica recessiva que domina o
período atual, um redesenho geral dos edifícios tanto dentro quanto fora do
Brasil. Mesmo com a eficiência global como principal referência, o edifício
moderno não pode mais ignorar as exigências "organizacionalmente
corretas" do conforto ambiental, da ergonomia e da humanização dos
espaços.(Vasco Caldeira, 2000).

Escritório: Um Século de Conceitos


Dos diferentes tipos de espaços construídos pelo homem para abrigar suas
atividades cotidianas, os escritórios se destacam como os mais
eminentemente contemporâneos. Essa característica se manifesta não
apenas nas radicais transformações por que passam durante este último

Raïssa Pereira Alves de Azevêdo Neves 41


Projetos dos Edifícios Inteligentes

século (de fato, transformações muito mais fundamentais do que aquelas


sofridas pelos espaços da habitação ou da fábrica), mas também por serem
os escritórios os espaços onde um número cada vez maior de pessoas passa
uma parcela cada vez maior do seu tempo.

Abordaremos de forma resumida a evolução histórica desse conceito de


escritório e os diferentes modelos de organização espacial que lhe
corresponderam. Posteriormente serão abordadas as questões tecnológicas
relacionadas com o projeto de escritórios na atualidade, no Brasil e no resto
do mundo.

Data de 1890 a primeira teoria administrativa


científica – taylorismo (Frederick W. Taylor,
1856-1915 - que preconiza a segregação
espacial como meio de reafirmar a
hierarquia e defende a padronização do
mobiliário e a rigidez dos lay-outs como
forma de assegurar a disciplina e a
linearidade do processo de trabalho, como
numa linha de montagem).
Fig. 61 Exemplo de Escritório Antigo
Fonte: http://www.luxalon.com.br/

Em 1913, J. Willian Schulze (The American Office) inicia o estudo dos fluxos de
trabalho, a medida de sua duração e o desenho do espaço e das
ferramentas necessárias à sua execução. É quando se institui a noção de
módulo espacial, ainda dentro de uma concepção puramente mecânica
que ignora os modernos conceitos ergonômicos, desenvolvidos só anos mais
tarde.

A primeira crítica do taylorismo, após a Primeira Guerra, é feita por Elton


Mayo, com o movimento chamado Escola das Relações Humanas. Este
substitui o método coercitivo pelo emprego da psico-sociologia e da
comunicação interna, fazendo com que os funcionários se sintam
participantes das decisões da empresa. Os principais desdobramentos
dessas idéias são, por um lado, o trabalho que vê na auto-satisfação e na
participação criativa, o mais eficaz estímulo ao trabalho e à
responsabilidade e, por outro lado, a proposta apresentada em 1958 pela
empresa alemã de consultaria Quickborner Team, do revolucionário sistema
de planejamento de escritórios conhecido como Escritório Panorâmico.

Com base nessas contribuições e percebendo rapidamente os novos rumos


que a organização espacial dos escritórios estava tomando, a moveleira
norte-americana Herman Miller cria um centro de pesquisas em Michigan
comandado por Robert Propst, cujo trabalho resulta em 1964 no lançamento
comercial do primeiro sistema de escritório panorâmico, o Action Office. Esse
sistema é mais do que uma simples linha de mobiliário para escritórios. Ele
supõe toda uma concepção sobre a funcionalidade do trabalho,
introduzindo diferenciais de privacidade através de divisórias móveis e

Raïssa Pereira Alves de Azevêdo Neves 42


Projetos dos Edifícios Inteligentes

moduláveis que não apenas delimitam sub-ambientes individuais (ou para


pequenas equipes), como também servem de suporte para os planos de
trabalho, prateleiras, armários, arquivos, cabeamento e iluminação, de
modo que cada funcionário tenha ao alcance da mão todas as ferramentas
de trabalho necessárias. Por ser modulável, o sistema permite a agregação
de componentes diferenciados consoante as necessidades de cada
atividade, bem como a justaposição de vários postos de trabalho no caso
de atividades inter-relacionadas. O Action Office foi concebido de forma a
atender as especificidades de cada funcionário e de cada departamento,
sem, contudo criar uma compartimentação excessiva e definitiva da planta
aberta original.

Diferentemente da proposta americana, que hoje é adotada por inúmeros


fabricantes com algumas variações, o modelo alemão de escritório
panorâmico propõe a abolição radical das divisórias e da separação física
entre os postos de trabalho além dos dispositivos de armazenagem (estantes,
arquivos, armários) que são centralizados em áreas acessíveis a todos. Sem o
aproveitamento vertical do espaço (armários e prateleiras sobre os próprios
planos de trabalho) o aproveitamento global do espaço pelo sistema
alemão acaba sendo inferior ao do modelo Action. Entretanto, ele
apresenta ganhos, em termos de flexibilidade na disposição do mobiliário
(Design & interiores, set/out 1987).

A partir desses dois modelos, que ainda hoje são referência, os anos 70 foram
os da disseminação e desenvolvimento dos sistemas de mobiliário, inclusive
no Brasil, enquanto os anos 80 foram os da retomada da estetização não só
no mobiliário, como também dos equipamentos eletro-eletrônicos.

A padronização um tanto monótona, característica dos primeiros tempos da


indústria de componentes para escritórios, aliada às novas exigências em
termos de identidade visual, ditadas pela importância crescente da
comunicação, justificam a excessiva semantização do design ocorrida na
década passada. Nesse mesmo período, padrões ergonômicos e de
conforto ambiental cada vez mais exigentes, típicos de um momento de
facilidades econômicas, passaram a reclamar o aperfeiçoamento de novos
materiais e tecnologias, o que resultou no surgimento de uma variedade
maior de opções e melhor performance funcional dos componentes.

Uma das últimas revisões das teorias organizacionais com repercussão sobre
o planejamento dos espaços para escritórios ocorre com a Teoria dos
Sistemas (Robert Simon, Victor Thompson). Esta critica no behaviorismo a
manutenção de uma estrutura hierárquica considerada burocratizante e
inibidora da criatividade e de iniciativas individuais.

Baseada nessas novas Idéias a Herman Miller lança em 1985 o sistema


Ethospace, no qual são minimizadas as diferenças de acabamento entre
peças de mobiliário destinadas a diferentes níveis hierárquicos e onde todos
os componentes procuram metaforicamente evocar elementos
arquitetônicos (paredes, janelas, tijolos, etc.). Introduz-se uma escala
reconhecível de forma a humanizar os “open space” convencionais,

Raïssa Pereira Alves de Azevêdo Neves 43


Projetos dos Edifícios Inteligentes

considerados como excessivamente artificiais e impessoais, subtraídos de


qualquer relação com a Arquitetura do edifício em si e com a paisagem
exterior. Seu sistema de divisórias permite combinar diferentes alturas, graus
de transparência e tipos de acabamento, possibilitando a criação tanto de
salas completamente privativas com paredes de altura total, até arranjos do
tipo panorâmico.

Os anos 90 nascem sob o signo da contenção econômica e termos mundiais


que justifica a tendência atual para maior simplicidade formal, para uma
flexibilidade mais real e menos retórica e para sucesso do produto industrial
sob medida. Isto é uma tendência para sistemas, sejam eles de móveis, de
forros ou de divisórias que, com um mínimo de limitações métricas ou de
padronagens, permitam oferecer uma grande variedade de soluções em
prazos curtos e com pequena variedade de itens em estoque.

Em termos de tipologia de layout a tendência atual é para os sistemas


combinados, que resgatam as salas individuais ou para pequenos grupos,
situadas junto às faces ensoladas, deixando o miolo do pavimento livre para
ser organizado segundo uma das múltiplas variantes dos sistema do tipo
Action Office ou panorâmico disponíveis hoje em dia no mercado.

Nota-se forte tendência para que as divisórias fixas incorporem grandes


painéis de vidro complementados por persianas verticais e horizontais,
cortinas sanfonadas ou de enrolar, dando ao conjunto um aspecto de maior
leveza e integração, ao mesmo tempo em que permite criar uma maior
privacidade quando desejada.

Outra marca contemporânea é a versatilização do uso dos espaços imposta


pela flexibilização das relações de trabalho-consultoria, trabalho temporário
ou em tempo parcial - que determina o uso alternado de um mesmo posto
de trabalho por diferentes pessoas. Essa tendência acaba sendo facilitada
pela presença do computador que, a despeito do nome (Personnal
Computer), é um instrumento de trabalho relativamente impessoal servindo a
diferentes usuários.

Situação Brasileira
Mais recentemente, a abertura do mercado tem facilitado a importação de
móveis, carpetes, forros, persianas e outros componentes industrializados,
bem como de insumos antes inacessíveis, tornando possível o
aprimoramento tecnológico dos produtos finais aqui fabricados.

A nova realidade tem permitido que empresas estabelecidas no Brasil há


muitos anos, possam atualmente oferecer ao público local, artigos
produzidos por Filiais de outros países ou por outras empresas que passam a
representar no Brasil ou ainda com as quais aqui se associam de forma mais
global.

Raïssa Pereira Alves de Azevêdo Neves 44


Projetos dos Edifícios Inteligentes

Com as novas possibilidades de comércio internacional e com a


estabilização da economia brasileira, a Arquitetura de interiores no ramo
específico dos escritórios entra definitivamente numa nova fase.

A cultura empresarial está mudando de forma consistente, abrindo


perspectivas favoráveis para os profissionais e as indústrias comprometidas
com a qualidade funcional e estética de suas criações.

3.2 Projeto dos Postos de Trabalho


O ideal é dividir o espaço em estações de trabalho.

A percepção, tanto das empresas usuárias quanto dos fornecedores de


produtos, de que só oferecer tecnologia não é suficiente para criar um
ambiente saudável e produtivo no escritório, fez emergir no Brasil, nos últimos
anos, um conceito aplicado há mais tempo em países desenvolvidos: o do
escritório inteligente. "Ele não é apenas um amontoado de máquinas que só
falta falarem, mas, acima de tudo, uma combinação de ergonomia e
tecnologia em benefício da saúde e do conforto físico e mental das
pessoas", define Ricardo Aronovit, da Flex Editora e Eventos(promotora da
Office Solution, uma mostra anual do que há de mais moderno em
Arquitetura, instalações e planejamento para escritórios inteligentes).

Ao contrário dos anos 80, quando as máquinas, o mobiliário e os sistemas de


iluminação e climatização eram o centro das atenções, no escritório dos
anos 90 o que mais interessa são as pessoas. Por uma razão muito simples:
para manter um escritório funcionando, uma empresa gasta entre 6% e 7%
em instalação física e mais de 90% com mão-de-obra. Isso justifica o esforço
das companhias em investir em projetos inteligentes. O ambiente de
trabalho favorável reflete dentro e fora da organização e possibilita um
relacionamento mais dinâmico com clientes e fornecedores. "Vivemos a era
da velocidade, e quem não responder rápido às solicitações dos clientes e
dos fornecedores estará morto em breve", prevê Aronovit.

No Brasil, já é possível detectar a tendência até mesmo em pequenas firmas.


Layout aberto com divisórias baixas (1,10 m de altura), células de trabalho,
cadeiras reguláveis e o piso elevado que serve para embutir o cabeamento
da rede de computadores e dos telefones com sistema reconfigurável de
ramal.
Fig. 62 Escritório moderno -
tendência
Fonte: Design & interiores set/out
1987.

Completam o projeto
luminárias anti-reflexivas,
sistema de ar condicionado
com controle automático
da temperatura ambiente e
Raïssa Pereira Alves de Azevêdo Neves 45
Projetos dos Edifícios Inteligentes

forro acústico para minimizar a propagação de ruídos. Luminárias com


difusor de luz, acessórios para embutir fios e cabos e apoio retrátil para
teclado de computador são alguns itens usados nos escritórios inteligentes.

Tanto em empresas pequenas quanto em multinacionais, são visíveis as


mudanças que as novas tecnologias e layouts estão provocando na cultura
administrativa das empresas. A principal delas, a queda das paredes, deixa
claro que o território demarcado das salas fechadas, salvo algumas
exceções, é coisa do passado nos escritórios modernos. Agora, divididos
apenas por biombos de 1,10 a 1,60 m de altura, os ambientes são abertos.
Neles, as pessoas têm a "privacidade" de sua estação de trabalho, mas ao
mesmo tempo operam em grupos (células), agilizando a troca de
informações e a tomada de decisões na empresa. Isso exige uma completa
reestruturação dos conceitos de gerenciamento e fluxo de trabalho.

Nos “open offices” apenas a alta diretoria ainda mantém suas salas
privativas, mas não fechadas como antes. Em vez das paredes, os vidros
transparentes cuidam da integração dessas áreas com o restante do
escritório e permitem a comunicação mais eficaz entre os executivos e os
demais empregados. A privacidade eventual pode ser obtida com
micropersianas internas e até cristal líquido, uma das últimas novidades no
exterior para tornar uma divisória opaca ou transparente ao simples toque
de um botão.

Hoje, os escritórios dividem-se em territoriais e não-territoriais, segundo


Eduardo Gyurkovitz, gerente de marketing da L'atellier Móveis.

Os territoriais são os mais utilizados. Partem do princípio de que cada


funcionário tem seu posto de trabalho e podem ser montados nos estilos
“High Performance Team” e “Combi Office”. O High Performance possui uma
configuração para estimular o trabalho em equipe, como as redações de
jornal e os escritórios de planejamento, entre outros. Já o Combi Office é
aplicado em setores que exigem alta concentração de seus funcionários e
caracteriza-se por pequenas salas fechadas, geralmente na periferia do
edifício. A parte central é reservada para o pool de equipamentos de uso
comum (fax, impressoras, etc.), estações de trabalho para pessoal de apoio
(secretárias, assistentes, etc.) e áreas de estar e de convívio social.

Os escritórios não-territoriais, conforme Gyurkovitz, ainda são pouco


utilizados, porque mexem drasticamente com a maneira de trabalhar da
empresa e com o comportamento de seus colaboradores. Neles, não existe
um posto de trabalho para cada funcionário. Dentro desse conceito, os
modelos mais conhecidos são o “Free Address” e o “Hoteling”. O Free
Address é usado principalmente para média gerência e demais funcionários.
As mesas ficam completamente vazias: nenhum sinal de computador ou
papel. Sobre elas, vêem-se apenas um telefone e algumas tomadas. O
funcionário chega com seu notebook, pega seus gaveteiros volantes, pluga
a máquina na rede, programa o ramal telefônico para seu número pessoal e
torna-se dono daquele posto. É indicado para atividades cujos profissionais

Raïssa Pereira Alves de Azevêdo Neves 46


Projetos dos Edifícios Inteligentes

permaneçam pouco tempo no escritório, como vendedores e prestadores


de serviço.

Já o Hoteling, como o próprio nome sugere, funciona como o sistema de


reservas de hotel. Sua configuração arquitetônica é parecida com a do
Combi Office, mas as salas não possuem "donos". O funcionário entra em
contato com o pessoal de apoio da empresa e faz a reserva de uma das
salas por um número de horas previamente acertado.

“Estudos recentes realizados nos Estados Unidos apontam a utilização desses


conceitos como responsável pela redução de 30% a 40% do uso de espaço
nos escritórios", afirma Gyurkovitz. Segundo ele, no caso do Free Address é
possível otimizar a ocupação de tal forma que até cinco funcionários
usufruam uma mesma estação de trabalho.

Local de Implantação do Escritório


Além da definição do layout do escritório, o ponto comercial é outro item a
ser pesado. Os consultores aconselham o empresário a fazer uma previsão
de gastos com a compra ou aluguel do imóvel.

Nesse quesito, as transformações pós-computador ocorridas no espaço físico


dos escritórios joga a favor das empresas. O uso de equipamentos de
informática não só eliminou papéis e muitos armários de arquivo, como
diminuiu em um terço as áreas dos escritórios. O próprio parâmetro de área
adequada para cada funcionário baixou de 16m2 para 10m2 na construção
de novos edifícios administrativos. Com a possibilidade da transmissão
remota de dados, via rede Ethernet ou Internet, muitas empresas também
acabaram deslocando seus escritórios para regiões mais nobres e visíveis,
enquanto a fábrica ou o depósito ficam em áreas mais baratas.

Custo do espaço
Preços médios de aluguéis de escritórios*
Preço médio
Região
R$/m2
SÃO PAULO
Centro (Rua Barão de Itapetininga, Praça do Patriarca, Rua Direita, Rua
5a7
São Bento)
Av. Paulista (Próximo à Rua Augusta) 25 a 40

Pinheiros (Av. Faria Lima, próximo ao shopping Iguatemi) 25 a 50

Brooklin (Av. (Luís Carlos Berrini) 25 a 40

Vila Mariana (Rua Domingos de Morais) 20 a 30

Paraíso (Ruas Cincinato Braga, Coronel Oscar Porto e Cubatão) 20 a 30

RIO DE JANEIRO

Raïssa Pereira Alves de Azevêdo Neves 47


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Centro (Av. Rio Branco e Av. Getúlio Vargas) 8 a 35

Praia do Flamengo 15 a 30

Praia de Botafogo 20 a 45

RECIFE

Praia de Boa Viagem 20 a 25

Bairro da Boa Vista 18 a 20

CURITIBA

Centro e bairro do Batel 6 a 16

Tabela 1 -(*) Valores para prédios em bom estado.


Fontes: http://www.luxalon.com.br

A observação de alguns detalhes sobre as características do ponto pode


evitar problemas futuros para a empresa. Em São Paulo, por exemplo, o
centro da cidade oferece aluguéis baratos, boa infra-estrutura de transporte
público, mas o empresário precisa estar preparado para conviver com as
dificuldades de acesso de carro e com prédios antigos, na maioria dos quais
as redes elétrica e de telecomunicações estão mal estruturadas. Já a
avenida Paulista tem bom transporte público, fácil acesso, grande
adensamento de pessoas, prédios modernos, mas os custos do aluguel são
altos. Como visto na tabela 1.

O preço do conforto
O custo médio de projetos e instalações de escritórios*
Preço em
Padrão Características
R$/m2
Inclui o projeto do arquiteto, mobiliário ergonômico,
acabamento acústico, sistemas de iluminação e de ar
A 960 a 1.100
condicionado inteligentes, carpete importado
antibactericida, redes estruturadas, tudo em padrão luxo.

Inclui o projeto arquitetônico, iluminação, ar condicionado,


B 750 a 950
mobiliário, divisórias, acabamentos e instalações do tipo B.
Inclui o projeto do arquiteto, mobiliário, acabamentos e
C 500 a 749
instalações do tipo C.
Inclui projeto arquitetônico, mobiliário, acabamentos e
D 350 a 500
instalações do tipo D.

Tabela 2 - (*) Graus de simplificação das instalações: o tipo B, por exemplo, é praticamente
igual ao A, mas com materiais menos nobres e sem tratamento acústico. Os tipos C e D
incluem mobiliário simples e têm menos flexibilidade nos pontos de fixação das divisórias e
das estações de trabalho.
Fonte: http://www.luxalon.com.br.

Seja qual for a localização escolhida, para equipar o escritório de forma


inteligente é necessário começar cuidando das instalações básicas, como o
cabeamento das redes de telefones, computadores e luz.

Raïssa Pereira Alves de Azevêdo Neves 48


Projetos dos Edifícios Inteligentes

O mercado atual também exige das empresas agilidade para operar


mudanças de ritmo, crescimento ou encolhimento rápido e mudança no
perfil das atividades.

Em função disso a flexibilidade dos componentes arquitetônicos para


escritórios e a possibilidade de que ao menos parte das modificações possa
ser operada pelos próprios utilizadores, passam a ser quesitos básicos na
avaliação dos mesmos.

Sistemas de mobiliário que permitam a fácil substituição ou acréscimo de um


componente, pisos falsos que permitam acesso a instalações técnicas sem
prejuízo do funcionamento e do aspecto visual do revestimento, sistemas de
cabeamento estruturado que permitam a alteração na distribuição dos
pontos de telefonia, transmissão de dados ou de energia sem necessidade
de reforma da fiação ou da tubulação, são algumas das conquistas da
evolução recente do escritório.

Outro aspecto da flexibilização diz respeito ao conforto ambiental. O uso


racional da energia tornou-se uma obsessão planetária. Por isso "a
inteligência" e a flexibilização dos sistemas de iluminação e de climatização
são fundamentais, permitindo-lhes ajustar seu desempenho às alterações
climáticas e ao ciclo de trabalho, segundo o modo de funcionamento do
"mínimo consumo ideal".

Um ambiente confortável não pode prescindir ainda de um bom sistema de


climatização. O ideal é que a refrigeração do ar propicie temperatura
ambiente entre 20oC e 23oC, conforme determina a norma Brasileira sobre
ergonomia. Os sistemas mais sofisticados permitem o controle automático e
remoto de velocidade, temperatura e direcionamento do ar.

As modernas tecnologias disponíveis em iluminação, como os sistemas Trios,


da Philips, chegam ao requinte de operar com sensores capazes de
dimensionar a luz artificial de acordo com a luz natural que entra pelas
janelas.

A intensidade da luz é regulada por controle remoto e os reatores eletrônicos


propiciam uma economia de 70% em relação aos modelos comuns.
Luminárias inteligentes, como a T5 Super 80, da Lustres Projeto, possuem
refletores de alumínio anodizado de alto brilho, que difundem a luz no
ambiente de trabalho quase como um espelho, sem refletir na tela dos
computadores. Segundo informações da empresa, com duas lâmpadas, ela
tem a mesma eficiência de outra luminária comum com quatro lâmpadas.

(http://www.creare.com.br)

A flexibilização das plantas passou a exigir dos forros igual versatilidade, de


modo a permitir sem grandes transtornos, o deslocamento de paredes
divisórias, de grelhas de ar-condicionado e de refletores de luz.

Os forros suspensos modulados cumprem esse papel, constituindo


verdadeiros painéis técnicos, facilitando o acesso e a manutenção do
Raïssa Pereira Alves de Azevêdo Neves 49
Projetos dos Edifícios Inteligentes

emaranhado de cabos, dutos e canalizações situados no vão que confinam


sob cada laje de cobertura.

Além dessa finalidade estão as funções acústica e estética, sendo a primeira


decisiva para o conforto físico de espaços ocupados por muitas pessoas e
equipamentos e a segunda fundamental para o conforto visual e para a
imagem de marca da empresa.

Nos primórdios dos escritórios não havia distinção tão radical entre os seus
espaços e aqueles destinados à habitação, exceto pelo mobiliário. Hoje em
dia pode-se dizer que os sistemas de forro, sobretudo metálicos, são
componentes fundamentais para a caracterização do escritório moderno.

A configuração aberta dos escritórios também exige tratamento acústico


para evitar que os ruídos dificultem a comunicação e a concentração dos
trabalhadores. Piso frio, como mármore e granito, e gesso e vidro nas
paredes e teto fazem o som reverberar pelo ambiente. Os forros de lãs de
vidro e de rocha e os painéis verticais portáteis são algumas opções para
absorção de ruídos. O carpete também pode funcionar como isolante
acústico.

Com a infra-estrutura definida, deve-se pensar com cuidado no mobiliário, a


alma da flexibilidade e da integração dos escritórios modernos. "Os móveis
inteligentes têm de estar preparados para receber cabeamento,
eletrificações, periféricos, posições específicas para teclado e mouse, além
de arquivos e prateleiras suspensas em painéis, visando a racionalização e a
fácil integração dos planos de trabalho", afirma Eduardo Gyurkovitz, da
L'atellier. Os móveis ganharam formas orgânicas, com características
funcionais que colocam o ser humano no "centro nervoso" da estação de
trabalho. “Essas inovações dão ao usuário total controle sobre o ambiente,
possibilitando o desempenho de suas funções com mais conforto, segurança
e eficiência”.

As principais inovações no segmento


são as peças modulares com rodinhas
(mesas, armários, etc.), para facilitar a
reconfiguração rápida das estações
de trabalho, e a presença cada vez
maior de recursos ergonômicos, como
a superfície anti-reflexiva, para impedir
a fadiga visual.

Fig. 63 Sistema K fabricado pela Giroflex


Fonte: http://www.asbea.org.br/jornal/j63/artigo2_63.htm

Raïssa Pereira Alves de Azevêdo Neves 50


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3.3 Projeto Urbanístico


À medida que o mundo está ficando cada vez mais urbanizado,
computadores de última geração e sistemas telemáticos digitais vão
penetrando em todas as áreas da vida urbana.

As duas características que definem a civilização contemporânea, embora


questionáveis, são os saltos paralelos rumo a um planeta mais urbanizado e a
uma sociedade cada vez mais baseada na rapidez dos fluxos eletrônicos de
informação.

A maioria das mudanças contemporâneas nas economias, na cultura e na


vida social das cidades parece estar relacionada à aplicação de novas
infra-estruturas de telecomunicações e serviços, ligadas a computadores ou
a equipamentos computadorizados, visando a formação de redes
“telemáticas”. Tudo isso transcende, quase que instantaneamente, as
barreiras espaciais, de forma a reordenar as limitações de tempo e espaço
entre cidades.

Pequenos pontos e lugares, totalmente separados, estão sendo interligados


mundo urbano afora, com um mínimo de tempo diferido - ou seja, quase
que se aproximando do ‘tempo real’. Fluxos globais de voz, e-mail, dados,
vídeo, fax e sons estão aumentando exponencialmente, fazendo com que
as cidades fiquem cada vez mais atadas a extensas redes de comunicação
humana, a fluxos de serviços e mídia, aos fluxos de força de trabalho
baseados no ‘teletrabalho’, e aos fluxos de dinheiro eletrônico.

Os corredores que interligam as cidades, sejam eles terrestres, por oceano ou


aéreos, estão agora se configurando como uma imensa cobertura de
"treliças" ou “teias”, fazendo as ligações dos fluxos de telecomunicação
avançada. Tudo isso conecta os sistemas urbanos a uma grade eletrônica –
a world wide web – www, coloquialmente Web.

Toda a noção geralmente aceita sobre a natureza do espaço, do tempo,


da distância e dos processos da vida urbana são, igualmente, questionáveis.
A vida urbana parece mais volátil e acelerada, mais incerta, mais
fragmentada e mais difícil de entender hoje do que em qualquer outro
momento desde o final do século passado. Então, fica claro que as cidades
contemporâneas não são apenas densas aglomerações físicas de edifícios,
de entroncamentos de redes de transporte, ou os principais centros da vida
econômica, social e cultural. Deve-se considerar, também, o papel das
cidades como sistemas eletrônicos que compõem as redes de
telecomunicação e telemática. As áreas urbanas são os centros dominantes
de demanda das telecomunicações e os centros nervosos de irradiação das
grades eletrônicas. De fato, parece existir uma conexão forte e sinérgica
entre as cidades e essa nova infra-estrutura de redes. Tais implicações nos
remetem a problemática tratada pelo conceito de Urbanização Virtual que
é o objeto de pesquisa do grupo e-urb Urbanização Virtual e Serviços
Telemáticos.(Camargo, 96, 98,2000)

Raïssa Pereira Alves de Azevêdo Neves 51


Projetos dos Edifícios Inteligentes

São Paulo e as Transformações Urbanísticas


A abertura política e econômica que teve início nos anos 80 inserem São
Paulo na rede de internacionalização, atraindo capital, empresas e serviços,
que estabelecem novos referenciais e dá início a um novo processo de
transformação, baseado no domínio de uma cultura universal.

A Marginal Pinheiros e seus arredores, a partir daí, passa a ser pólo dos
grandes edifícios de escritórios e centros administrativos, como o Birmann 21,
o Terra Brasilis, o World Trade Center, o Plaza Centenário, o Centro
Empresarial Nações Unidas entre outros.

Fig. 64 Maquete eletrônica dos Edifícios da Marginal Pinheiros - SP


Fonte: http://www.bolsaimoveis.com.br/

Ao mesmo tempo, ocorrem mudanças na “dinâmica da cidade”, onde o


conceito de pólo tradicional no sentido de um conglomerado de escritórios
num determinado lugar está evoluindo para um “conceito mais longitudinal",
condicionado pela perspectiva urbanística decorrente do espaço visual que
o Rio Pinheiros proporciona nesse local, conforme relata o arquiteto Marc
Rubin.

O centro de negócios antigamente, com seus prédios repletos de pequenas


salas e corredores situava-se nas imediações da Sé. Depois passou para o
outro lado do Anhangabaú, até que se transferiu para a Av. Paulista e, em
seguida, para a Faria Lima. A Paulista já está saturada e a Faria Lima
também. Esse pólo está passando agora para a Marginal Pinheiros (impondo
novas determinantes aos projetos Urbanístico, Paisagístico e Arquitetônico),
onde existe essa abertura visual a que nos referimos o que só aconteceu no
Vale do Anhangabaú, em outro tempo.

A Berrini e seu desenvolvimento


A região da Avenida Engenheiro Luís Carlos Berrini, situada no trecho da
Marginal Pinheiros, entre as pontes Engenheiro Ary Torres (Avenida dos
Bandeirantes) e do Morumbi, mudou a paisagem da cidade com a
concentração de grandes empreendimentos ocorrida nos últimos anos.

Raïssa Pereira Alves de Azevêdo Neves 52


Projetos dos Edifícios Inteligentes

Um conjunto de fatores como o surgimento de novos edifícios com


tecnologia avançada, a intervenção do poder público suprindo as
carências de infra-estrutura, a saída das indústrias e a expansão da cidade
em direção à Zona Sul influenciaram decisivamente no crescimento da
Berrini. O resultado de tudo isso é a atração contínua de empresas de
primeira linha para a região.

A Região da Berrini veio crescendo ao longo da década de 90, ganhando


aceleração na segunda metade da década com o lançamento de grandes
empreendimentos como o World Trade Center em outubro de 1995, um
complexo misto de escritórios, hotel e shopping temático, que se situa
exatamente ao lado da Torre Norte. O World Trade Center e o Centro
Empresarial Nações Unidas (CENU), formam um centro
comercial/empresarial de alto padrão, tornando-se referência em São Paulo.

Atualmente a Região da Berrini concentra alguns dos edifícios de escritórios


mais avançados da cidade. Muito bem localizada, a região vem sofrendo
um constante crescimento imobiliário, com projetos de empreendimentos
hoteleiros e comerciais de alto padrão. Recentemente, por exemplo, houve
a inauguração dos escritórios da TV Globo. Alguns dos projetos em
andamento são:

- Hotel Hilton, ao lado do mesmo complexo da Torre Norte, o CENU;


- Hotel Hyatt, próximo à Ponte do Morumbi;
- Edifício sede do Bank Boston, junto ao Hotel Hyatt.
Além disso, é uma região já estabelecida com sedes regionais de grandes
multinacionais como do Bank Boston, Hewlett Packard, Nestlé, Philips, Banco
Sudameris, TV Globo, Andersen Consulting, Daimler Chrysler, Banco Chase
Manhattan, Computer Associates, Monsanto, Nokia, Mastercard, Walt Disney,
BCP, SAP, Deutsche Bank Alex Brown, American Express e Microsoft.

Fig. 65 Destaque para o CENU, na marginal Pinheiros - SP


Fonte: http://www.bolsaimoveis.com.br/cenu_convencoes/Convencoes3.htm

Raïssa Pereira Alves de Azevêdo Neves 53


Projetos dos Edifícios Inteligentes

A ocupação empresarial dessa zona é imbatível. São mais de 900 empresas


instaladas na região. Muitas delas pertencentes ao seleto grupo das maiores
e melhores empresas nacionais e multinacionais que atuam no Brasil. A
tecnologia empregada na construção de vários edifícios da Berrini pode ser
colocada entre as mais modernas da América latina.

Quase 75% dos edifícios da região possuem sistema de ACC (Ar


Condicionado Central) e a grande maioria dos edifícios incorpora os mais
modernos processos construtivos e equipamentos que são a última palavra
em tecnologia.

E sua grande maioria os edifícios possuem lajes superiores a 500m² de área


útil, um irresistível convite às grandes organizações que querem se fixar na
região.

O segmento de escritórios foi o maior responsável pelo desenvolvimento da


região. A Berrini é hoje a terceira maior concentração de escritórios da
cidade – perdendo apenas para o Centro e a Paulista, regiões que se
consolidaram há muito mais tempo – e a primeira em volume de m² úteis de
escritórios de alto padrão.

É também a região mais cara da cidade, onde são praticados os preços


mais altos por metro quadrado útil de locação de escritórios, comprovando
a tendência de que os valores estão mais relacionados ao padrão dos
edifícios do que à sua localização.

Em decorrência do desenvolvimento do mercado de escritórios, várias redes


internacionais de hotelaria demonstraram interesse em instalar-se na região,
a fim de atender à crescente demanda gerada pelo “turismo de negócios”.

O Gran Meliá foi o primeiro hotel de categoria 5 estrelas a instalar-se,


fazendo parte do complexo World Trade Center (WTC), inaugurado em 1995.
Pouco tempo depois a rede Marriot adquiriu um terreno localizado na
esquina da Rua Guararapes com a Avenida das Nações Unidas, onde
deseja construir um hotel de alto padrão.

Atualmente encontra-se em construção o primeiro hotel da rede Hyatt de


São Paulo, ao lado da futura sede do Bank Boston e da Rede Globo, com
previsão de entrega para o final deste ano. Próximo ao Hyatt está sendo
construído o Hilton Morumbi São Paulo, que ocupará a Torre Leste do
complexo Centro Empresarial Nações Unidas (CENU), com conclusão
prevista para meados de 2002.

Além disso, estão instalados na região inúmeros flats administrados por


conhecidas bandeiras como Blue Tree, Sol Meliá, Parthenon, entre outras.

Raïssa Pereira Alves de Azevêdo Neves 54


Projetos dos Edifícios Inteligentes

Principais Atrativos da Região


Zoneamento A diversidade de zoneamentos na região permitiu o
desenvolvimento dos mais diversos tipos de empreendimentos imobiliários
nos segmentos de escritórios, comercial (de serviços) e residencial.

Intervenções Urbanas Destacam-se a execução de obras tais como: a


abertura da Avenida Água Espraiada; a facilidade de acesso entre as
avenidas Engenheiro Luís Carlos Berrini e Nova Faria Lima através da
extensão da Rua Funchal; a construção da alça de acesso entre a Ponte
Engenheiro Ary Torres e a Avenida Engenheiro Luís Carlos Berrini; a
semaforização da avenida; e a implantação das novas estações da Linha
Osasco-Jurubatuba da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM),
linha esta que será futuramente integrada à rede metropolitana.

Infra-estrutura de Serviços A implantação de cabeamento de fibra ótica


veio atender à demanda do setor de telecomunicações da região.

A região possui ainda uma infra-estrutura que agiliza os negócios e abre


espaços para o lazer.

Poder deslocar-se com facilidade para aeroportos ou para qualquer ponto


da cidade ou fora dela é, sem dúvida, um fator de grande importância.
Além de contar com excelentes vias de acesso, em breve estarão em
operação na região da Berrini, o Heliporto Municipal de São Paulo, além da
continuação da linha Celeste do metrô.

Além de apresentar variado comércio de rua (lojas, restaurantes e agências


bancárias que vieram suprir a demanda gerada pelos escritórios), a região
conta também com centros comerciais de grandes dimensões.

O Shopping Morumbi, inaugurado em 1982, foi pioneiro na região. Em 1995


foram concluídos os shoppings temáticos D&D (voltado para o ramo de
decoração e design, faz parte do complexo WTC) e Market Place (lazer). Em
2000 a região inovou com um novo conceito de centro comercial, com a
inauguração do Shopping Nações Unidas. Este shopping tem um mix
exclusivamente de serviços, voltado para atender à demanda dos escritórios
dos complexos CENU (onde está situado) e WTC, bem como dos escritórios
situados na sua área de influência.

Tendências
Mantido o mesmo ritmo de crescimento experimentado na última década e
com um estoque de terrenos superior a 350.000m2, é possível prever que esta
ocupação tenha potencial para adicionar cerca de 600.000m² úteis de
escritórios ao estoque existente. O que, certamente, continuará mantendo o
interesse de incorporadores e investidores, com vistas a novos lançamentos
para empresas em busca de produtos de alto valor agregado.

Raïssa Pereira Alves de Azevêdo Neves 55


Projetos dos Edifícios Inteligentes

O mapa abaixo dá uma noção estimativa das áreas onde é possível o


desenvolvimento imobiliário de edifícios de escritórios. As cores sinalizam os
diferentes zoneamentos das quadras, lembrando que terrenos em Zona 2
permitem um coeficiente de aproveitamento equivalente a 1; em Zona 3 e
Zona 4, este coeficiente pode chegar a até 4 vezes; e em Zona 6, a 1,5 vez.

Fig. 66 Terrenos incorporáveis na Berrini


Fonte: http://www.bolsaimoveis.com.br

Necessidade do Projeto Paisagístico


O Projeto Urbanístico contemporâneo também deve levar em conta as
características da Paisagem e do Meio Ambiente e existe a tendência do
paisagismo se constituir em um projeto separado.

Tal prática tem encontrado forte aceitação no panorama Urbanístico


brasileiro, que possui na figura de Burle Marx, o grande mestre do paisagismo
no Brasil, pioneiro no desenvolvimento explorando cores e texturas de
plantas tropicais desconhecidas e pouco usadas na época.

As pessoas vivem dentro de espaços cada vez menores e por isso há a


necessidade de se criar mais áreas de lazer. O ser humano necessita de
natureza para viver.

O mercado do paisagismo atualmente está em expansão. A criação de


grandes áreas de lazer é um exemplo disso. Há dez anos, ninguém ia aos
parques, enquanto que hoje inúmeros cidadãos utilizam os espaços ao ar
livre para o seu lazer, fazer caminhadas e relaxar.

Há ainda o paisagismo direcionado ao entorno dos prédios, às residências e


aos condomínios horizontais. Intensifica-se também a construção de terraços,
hoje muito utilizados. No Brasil, como em outros países, existe a necessidade
de áreas para a absorção de água, porque o solo está cada vez mais
impermeável. Os terraços servem também para embelezamento e lazer das

Raïssa Pereira Alves de Azevêdo Neves 56


Projetos dos Edifícios Inteligentes

pessoas que ali moram e também para a qualidade de vida das grandes
cidades. Há outro campo aberto que é do micro paisagismo em interiores,
que trabalha em micro escalas. Este trabalho representa um campo maior
de atuação, já que os projetos de grandes espaços não surgem todo o dia.

As incorporadoras e construtoras estão inserindo cada vez mais Arquitetura


paisagista em seus projetos. Paisagismo virou sinônimo de vendas. Hoje,
todos os empreendimentos lançados têm área de lazer, com churrasqueira,
piscina, campos de esporte como formas de atrair os compradores. A
importância do profissional paisagista cresceu tanto que atualmente as
incorporadoras o procuram antes para estudar a colocação dos prédios.
Dependendo da área do conjunto, o paisagista faz com que sobrem mais
espaços, ambientes mais ensolarados, resultando na valorização do produto.

O arquiteto tende a usar a vegetação como um elemento decorativo,


principalmente quando é uma Arquitetura ligada à decoração. Em relação
aos modismos, já vivemos a época das samambaias e das palmeiras. Agora
é a vez dos cactus, lança de ogum, procurando sempre o exotismo.

A conservação é essencial num projeto. Se não houver uma boa


conservação, a vegetação morre. Nas fábricas, a vegetação é mais rústica,
e o volume é maior porque geralmente são áreas maiores para terem
sucesso e durabilidade. Cada programa é diferenciado.

A iluminação qualificou-se e otimiza o segmento de paisagismo. É um fator


essencial e transforma muitos projetos em verdadeiras obras de arte. O
sistema de irrigação também está bastante desenvolvido para áreas maiores
como em condomínios.

A vizinhança é outro fator levado em consideração pelos paisagistas na hora


de desenvolver um projeto. Preservar as árvores locais e plantar algumas nas
calçadas minimiza o impacto ambiental da construção, além de
proporcionar uma área agradável e prazerosa aos moradores.

Raïssa Pereira Alves de Azevêdo Neves 57


4 Aspectos Projetuais e Construtivos
para abrigar a Alta Tecnologia - Casos
Aspectos Projetuais e Construtivos para abrigar a Alta Tecnologia - Casos

Neste capítulo daremos um enfoque especial à produção recente de obras


de grande porte. Assim foi necessário definir o que consideramos um grande
escritório, para poder então enfrentar a dificuldade de conceituar o que
seria uma obra de grande porte.

Não se trata de selecionar apenas pela região onde estes prédios estão
inseridos, nem somente pelo tamanho da obra. Foram também considerados
aspectos como a complexidade do programa, a atualidade dos materiais e
tecnologias utilizadas, a eficiência, a rapidez e competência com que estes
grandes (e também médios e pequenos) escritórios de Arquitetura utilizaram.
Uma ousadia diante do conservadorismo que ainda paira sobre este
mercado, que visa um retorno financeiro seguro e não aceita mudanças
radicais na questão arquitetônica e urbana.

Do acervo da produção recente, daremos enfoque especial a quatro


escritórios, onde foram escolhidos basicamente edifícios de escritórios,
embora se observe a existência desta tecnologia em edifícios
multifuncionais, direcionados a habitação, entretenimento lazer, etc. Alguns
são conjuntos complexos enquanto projeto e construção. Outros são torres
isoladas. Todos são significativos na paisagem urbana onde estão inseridos –
a marginal Pinheiros.

A dimensão destas obras não é a mais comum desenvolvida por estes


escritórios que atualmente estão atentos e empenhados em atendimentos
mais pontuais e limitados. Obras de grande porte são exceções num
mercado relativamente restrito, embora potencialmente amplo.

Sobre a metodologia da pesquisa de dados e da redação dos resultados e


as dificuldades encontradas podemos citar:

1. Fontes documentais – documentação fornecida pelas construtoras,


revistas técnicas (material mais rico), fotos (quando não tive acesso,
apenas registrado o exterior);
2. Visita in loco – WTC-SP e CENU, nos outros edifícios foram encontradas
dificuldades na realização de contatos, pois as empresas não
responderam às cartas de solicitação de visitas;
3. Entrevistas – foram entrevistados os arquitetos do escritório Botti e Rubin,
profissionais da área de mobiliário de escritórios, engenheiros responsáveis
pela administração predial e alguns consultores da área de investimentos
imobiliários;
4. Para cada edifício são apresentados dados básicos, o partido
arquitetônico e uma primeira síntese das principais tecnologias utilizadas;
5. No último edifício apresentado, o CENU, são relatados maiores detalhes
dos sistemas tecnológicos, devido a sua complexidade (três torres, centro
de convenções, centro comercial, e estacionamento), por apresentar
tecnologias evolutivas diferenciadas em cada momento da execução e
também por facilidade de acesso ao edifício.

Raïssa Pereira Alves de Azevêdo Neves 59


Aspectos Projetuais e Construtivos para abrigar a Alta Tecnologia - Casos

4.1 World Trade Center - SP


Situado na região da avenida Luís Carlos Berrini, o conjunto World Trade
Center São Paulo (WTC), por suas dimensões e complexidade, é uma obra
notável. Embora não se destaque como um marco de qualidade
arquitetônica atingida em outras obras do escritório Aflalo & Gasperini, como
o edifício Citibank, na avenida Paulista. O WTC finaliza um longo processo de
quase duas décadas de elaboração de projetos e programas para aquele
local, e cujo estudo pormenorizado permitiria uma compreensão mais clara
da produção recente de edifícios empresariais em São Paulo.

A ausência de um maior diálogo


urbano, característica muito
presente nas grandes cidades
latino-americanas, pode ser
computada em grande parte ao
estado de inacabamento de toda
a região da Berrini, cuja
transformação em centro de
negócios continua a ser feita lote
a lote, sem a necessária visão de
conjunto que poderia qualificar o
espaço urbano de maneira mais
digna. No caso do WTC, isso se
deu parcialmente a revelia das
intenções iniciais do
empreendimento, pensado a
partir de meados dos anos 70
como a urbanização de uma
gleba bem maior, hoje
desmembrada, englobando a
área do edifício Nestlé e do
Centro Empresarial Nações Unidas.
Fig. 67 Área externa do Hotel
Fonte: Revista Projeto Design no 193 jan/fev 96

O conjunto do WTC pode ser visto como uma solução arquitetônica em


sinergia: não é apenas uma torre de escritórios, um shopping, um hotel, um
centro de convenções e exposições, uma garagem para mais de 2 mil
vagas, nem é a simples agregação de tudo isso, mas transcende seu
somatório numa resultante “sinergética”. O projeto realizado nasceu da
interpretação arquitetônica desse amplo programa, novo no Brasil, embora
testado em outros pontos do planeta com variações.

O desenho externo da torre dá prosseguimento aos exercícios formais dos


autores com o tema das grelhas, com um grau de abstração plástica que já
se anunciava no edifício Nestlé e que aqui se intensifica. Embora a solução
ainda se filie à tradição paulista de protagonização da estrutura na
Raïssa Pereira Alves de Azevêdo Neves 60
Aspectos Projetuais e Construtivos para abrigar a Alta Tecnologia - Casos

resolução formal do edifício, esta obra se aproxima, sem subordinação, da


solução formal de contraposição entre a estrutura interna e a pele externa.

A volumetria em “L” e o gabarito mais


baixo do hotel, visam diferenciá-lo da
torre de escritórios, enfatizando um
caráter residencial que, junto com o
relativo afastamento entre ambos,
cria a sensação urbana de se tratar
de outro empreendimento. Embora se
desejasse certo grau de diferença,
essa resultou em alguma dissonância,
sobretudo devido ao tratamento
dado às fachadas do hotel - cuja
execução difere da proposta dos
autores.
Fig. 68 Planta do pavimento tipo do hotel
Fonte: Revista Projeto Design no 193 jan/fev 96

O shopping acompanha as pautas comuns a esse tipo de programa,


apresentando-se externamente muito fechado, usando o vidro nas fachadas
por suas qualidades como revestimento e para sugerir leveza. O WTC, em
sua Arquitetura, define uma solução eficiente e de alta complexidade,
resultado decantado de uma longa experiência profissional genuinamente
brasileira.

O projeto do WTC teve uma longa e variada gestação, acompanhando as


alterações de terreno e de conceito de seus promotores, ao longo de mais
de uma década. A última e definitiva versão, entretanto, foi projetada e
realizada em tempo relativamente rápido, se considerado o porte da obra.
Isso implicou a simultaneidade entre certas fases do projeto e da obra, a
dispersão parcial das atribuições de complementação e detalhamento e
certo grau de adaptações, basicamente nos detalhes e no uso de materiais
de acabamento. A concepção geral, no entanto, se manteve íntegra.

Partido Arquitetônico
Fig. 69 Planta da Torre de Escritórios
Fonte: Revista Projeto Design no 193 jan/fev
96

0 projeto nasceu de baixo para


cima, ou ainda, da modulação para
a modelagem dos espaços. Partiu-se
de uma malha de 10 x 10m,
varrendo todo o terreno, criando
eixos imaginários dispostos no
sentido dos pontos cardeais, mas em 45o em relação às divisas do lote
retangular quase regular. Na faixa junto á marginal do Rio Pinheiros os
volumes se dispõem segundo essa rotação, enquanto na metade oposta,

Raïssa Pereira Alves de Azevêdo Neves 61


Aspectos Projetuais e Construtivos para abrigar a Alta Tecnologia - Casos

paralela e mais próxima da avenida Luís Carlos Berrini, os volumes sofrem


rotação de 45o, resultando em paralelos aos alinhamentos. Esse jogo dá as
regras para a apropriação do amplo lote disponível.

Atendendo os recuos legais, é seguida uma lógica própria de projeto que


serve de apoio racional para a disposição das edificações que compõem o
conjunto, além de simplificar a disposição das vagas de autos nos subsolos
destinados a garagens. A essas vantagens construtivas iniciais soma-se a
possibilidade de potencializar um diálogo com a vizinha torre da Nestlé, dos
mesmos autores, de garantir afastamento da via de tráfego rápido e de
proximidade do pólo de atração de pessoas e veículos em baixa velocidade
vindos da Berrini.

Os volumes resultantes se
justapõem, ocupando a área
legalmente disponível, que varia
em função da cota. A solução
resultante é ainda a de
placa/torre: torres de diferentes
alturas (26 pisos para os
escritórios, 16 para o hotel e 3
pisos para o
shopping/convenções) sobre um
grande embasamento.
Fig. 70 Detalhe da treliça espacial metálica
Fonte: Revista Projeto Design no 193 jan/fev 96

A disposição das funções nos volumes não é estanque, tanto em planta


como em elevação, havendo razoável grau de interpenetração entre
ambientes de características e usos distintos. Apesar da fluidez de circulação
entre as várias atividades, sua relativa autonomia fica garantida tanto pela
existência de acessos independentes como pela possibilidade de eventual
isolamento, quando necessário, de determinadas porções do conjunto, além
da presença de alguns elementos invariáveis que balizam e definem as
áreas alocadas aos diferentes usos.

Fundada nos Estados Unidos em 1970 para promover o comércio


internacional, a World Trade Centers Association se espalha hoje por mais de
89 países e reúne cerca de 500 mil empresas filiadas no mundo inteiro.
Afirmativas e onipotentes chamadas, pelo guia nova-iorquino AIA - American
Institute of Architects de “monolitos banais”, as “Twin Towers” de M.
Yamasaki, dominaram até pouco tempo com seus 11O pavimentos o perfil
de Manhattan.

Mesmo com diferenças claras no programa, que respondem basicamente a


adaptações a demanda local, a concepção do empreendimento é a
mesma nas suas 259 unidades atuais: centros empresariais ambiciosos, com
características multiuso, aproveitando a sinergia entre áreas diversas para
apoiar a realização de negócios internacionais. Para promover o acesso dos
seus associados — em grande parte pequenas e médias empresas — ao

Raïssa Pereira Alves de Azevêdo Neves 62


Aspectos Projetuais e Construtivos para abrigar a Alta Tecnologia - Casos

mercado internacional, todas as unidades do WTC são também dotadas de


sistemas de comunicação e recursos de automação predial de ponta. Neste
caso, a operação envolve como principais atores 33 fundos de pensão, que
se organizaram em cotas na expectativa de que o investimento inicial seja
amortizado em menos de uma década.

A robusta torre com 26 andares e 29 mil m2 de área útil abriga um clube


internacional de negócios, áreas de exposição de produtos e escritórios para
locação. Os três primeiros andares são dedicados ao chamado “Business
Club”, um núcleo aberto a todos os associados, com salas de trabalho para
executivos em trânsito, biblioteca, restaurante e espaços para treinamento e
conferências. Do 4o ao 14o pavimento foram instalados show-rooms e vitrines
para exposição permanente e temporária de produtos e serviços relativos ao
comércio exterior. Os pavimentos superiores, destinados a escritórios para
locação, têm espaços moduláveis entre 46 m2 e 1.218 m2, divididos por
painéis de gesso com revestimento acústico.

O pavimento-tipo tem serviços e equipamentos concentrados na fachada


posterior, com duas baterias de sanitários e dois halls com dez elevadores,
que operam pelo sistema de zoneamento. Às escadas só se tem acesso em
caso de incêndio.

Para facilitar o arranjo dos espaços


internos, as instalações elétricas e
de telefonia correm em canaletas
de piso, também obedecendo ao
módulo básico de 1,25m x 1,25m,
que regula todo o edifício.

A estrutura é basicamente definida


pelo grande pilar de concreto do
corpo central associado às lajes
executadas com sistema de “mesas
voadoras”, o que possibilitou a
concretagem de cada laje de 1,7
mil m2 em sete dias.
Fig. 71 Grelhas da fachada da torre de
escritórios
Fonte: Rev. Projeto Design no 193 jan/fev 96

Nas fachadas, a idéia das grelhas estruturais, revestidas com placas de


granito e fixadas com grampos de aço inox e valorizada como linguagem
arquitetônica, se repete, mas desta vez a solução faz pensar num apego a
forma, que reduz o vigor do conceito original. Examinando ainda as
fachadas, percebe-se que o ritmo dos pilares que as configura escapa do
conceito estrutural, havendo intenção de “compatibilizar a Arquitetura” com
o edifício vizinho, projetado anteriormente pelo escritório para a Philips.

Raïssa Pereira Alves de Azevêdo Neves 63


Aspectos Projetuais e Construtivos para abrigar a Alta Tecnologia - Casos

Anunciado como “o mais moderno e sofisticado centro de consultas,


compras e tendências do segmento de decoração e design da América
Latina”, o shopping D&D - Decoração & Design, pretende atrair
consumidores e profissionais de cidades e regiões vizinhas, com interesse
especial pelos países que compõem o Mercosul. São 120 lojas especializadas
e 40 no setor de alimentação e serviços voltados ao consumidor direto e aos
profissionais da área. O shopping, com área locável de 12 mil m2, tem três
níveis de lojas e é coroado por um terraço (com duas quadras de tênis, uma
de “paddle” e pista de Cooper), ligado à torre do hotel anexo.

Fig. 72 Shopping D&D - WTC-SP


Fig. 73 Interior do Shopping 1
Fig. 74 Interior do Shopping 2
Fonte: Arquivo Pessoal

O complexo conta ainda com hotel


cinco estrelas de 300 suítes e um centro
de convenções administrado pelo
grupo Sol, empresa espanhola
reconhecida no setor hoteleiro pela
bandeira Meliá. O hotel é dirigido ao
segmento de negócios e procura
privilegiar os espaços destinados aos
hóspedes, condensando as áreas de
serviço. Cada suíte padrão tem
aproximadamente 40 m2, dentro dos
princípios e especificações
estabelecidos pela Meliá. Todas têm
sistema de ar-condicionado com
controle individual, duas linhas de
telefone, fax, microcomputador e TV.
Fig. 75 Torre do Hotel- WTC-SP
Fonte: Revista Projeto Design no 193 jan/fev 96

No primeiro pavimento foram instaladas seis suítes especialmente projetadas


para atender aos hóspedes com deficiência física. Nos três últimos níveis, o
serviço real, 40 suítes VIP’s, mais 2 presidenciais e 4 duplas, com recepção,
área social e serviços exclusivos.

Raïssa Pereira Alves de Azevêdo Neves 64


Aspectos Projetuais e Construtivos para abrigar a Alta Tecnologia - Casos

O centro de convenções, com cerca de 5 mil


m2, tem como atração um auditório de 545
lugares e uma área de eventos de 928 m2, que
pode ser dividida em quatro espaços, por meio
de divisórias recolhidas nos pilares, ou
comportar a montagem de um anfiteatro para
1200 pessoas. Além disso, conta com duas salas
de videoconferência e áreas de apoio. Embora
integrado ao hotel e ao shopping, o centro tem
acesso privativo por três elevadores
panorâmicos. É servido também por um
elevador de grande potência, capaz de
transportar veículos.
Fig. 76 Área externa entre o complexo
Fonte: Revista Projeto Design no 193 jan/fev 96

Tecnologias Utilizadas
Em termos de infra-estrutura de apoio, o complexo reúne requintes de alta
tecnologia e oferece os serviços mais avançados de automação predial.

O centro de convenções e a torre de escritórios são dotados de uma


espinha dorsal de fibras ópticas — conhecida como backbone — para
transmissão de dados e imagens entre computadores geograficamente
distantes, de acordo com o nível mais veloz de tráfico de dados (nível 5).

Pelo sistema de rede comercial exclusiva, interligada à Internet, veicula em


tempo real catálogos e informações sobre compra e venda de produtos a
banco de dados de 160 países e mais de 500 mil empresas. Outro serviço
disponível é a videoconferência, que permite a apresentação simultânea de
produtos a todos os WTC’s, via satélite.

Através de circuito fechado de TV, também é possível aos hóspedes do hotel


acompanharem os eventos realizados no centro de convenções.

O estacionamento, comum a
todo o conjunto, acomoda
2.100 vagas em cinco subsolos,
com folga de cerca de 600
vagas em relação aos limites
estabelecidos pela legislação.
Na cobertura do hotel, um
heliponto tem capacidade para
atender a helicópteros de
grande porte, com até 14
passageiros.
Fig. 77 Torre do Hotel- WTC-SP
Fonte: Revista Projeto Design no 193 jan/fev 96

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Aspectos Projetuais e Construtivos para abrigar a Alta Tecnologia - Casos

4.2 Plaza Centenário


Com ampla experiência no projeto de escritórios, Carlos Bratke é o autor da
maioria dos edifícios na área da avenida Luiz Carlos Berrini, onde também se
localiza sua obra mais recente e de
maior porte que até hoje realizou: o
edifício Plaza Centenário. Nela o autor
inicia uma nova abordagem,
marcada pela ampla utilização de
placas de alumínio, cujas
características estruturais permitem
grande liberdade na criação de
formas. Mas seu emprego não se limita
a exploração do aspecto plástico e
estético, mas influencia diretamente
no processo construtivo, substituindo
materiais mais tradicionais e tornando
a construção mais limpa e seca, como
uma montagem.
Com isso, ganha-
se em eficiência,
embora seja
necessário investir
na mudança de
mentalidade dos
executores.
Fig. 78 Vista da torre
Fig. 79 Detalhe da torre – revestimento de alumínio
Fonte: Revista Projeto Design no 193 jan/fev 96

O Plaza Centenário demonstra a simpatia do autor pelo caminho de maior


arrojo tecnológico, que considera adequado ao projeto de edifícios de
grande altura, soltos no terreno e marcantes na paisagem urbana,
aproximando-se da chamada Arquitetura high-tech.

Embora a maioria dos autores de edifícios altos opte por plantas que tendem
ao quadrado, com core central de circulação e serviços, Bratke tem
preferido soluções mais longitudinais. De qualquer maneira, ele afirma que o
mais importante é que as soluções de circulação vertical aconteçam de
maneira mais compacta, permitindo menor perda de espaço em área
comum e conseqüentemente aumentando a área útil. Verificou também
que os halls, que costumam ser pequenos, precisam de mais espaço, por
receberem um grande fluxo de pessoas, constituindo-se ainda em um local
de espera. As novas exigências que vem sendo feita são os locais para lojas
no térreo. Na região da Berrini, anteriormente esse pavimento destinava-se a
estacionamento, evitando a existência de vários subsolos, pois a tecnologia
para realizá-los era muito onerosa.

Raïssa Pereira Alves de Azevêdo Neves 66


Aspectos Projetuais e Construtivos para abrigar a Alta Tecnologia - Casos

A localização do Plaza Centenário, junto à avenida marginal do rio Pinheiros,


uma via de alta velocidade, lhe dá uma situação urbana diferenciada dos
edifícios da avenida Berrini, que estão para ele como um pano de fundo. A
ampla várzea do rio cria um vazio na sua frente, acentuando seu caráter
monumental, que os reflexos prateados e a aparência de imenso
maquinismo estático só fazem reforçar.

Partido Arquitetônico
O terreno onde se localiza o Plaza Centenário já possuía um edifício de baixa
altura e com grande ocupação do terreno. Isso colocou problemas quanto
à melhor forma de aproveitamento do lote restante. Havia duas soluções
possíveis: ou se faziam dois prédios baixos - um atrás da edificação existente
e outro no local em que foi erguido o Plaza Centenário - ou apenas um
muito alto. Os empreendedores optaram pela segunda, embora fosse a mais
cara, seria a mais imponente.

O edifício está apoiado em quatro torres e oito pilares. Em geral, a estrutura


dos edifícios muito altos é metálica. Nela não se emprega concreto porque
este exige pilares de grandes dimensões nos andares mais baixos. Para evitar
esse problema, a solução proposta para a seção dos apoios foi manter sua
largura constante, enquanto o comprimento, maior nos subsolos, vai
diminuindo nos andares superiores. As quatro torres funcionam como pilares
externos ocos, abrigando instalações e sanitários, conformando pórticos que
ajudam na resistência aos esforços produzidos pela ação do vento.

Fig. 80 Planta do pavimento tipo


Fonte: Revista Projeto Design no 193 jan/fev 96

O Plaza Centenário apresenta as mesmas características de distribuição de


espaços em planta dos demais edifícios realizados pelo autor na região da
Berrini: elevadores como volumes externos, sombreando parcialmente as
fachadas e salão sem colunas intermediárias, com comprimento maior que

Raïssa Pereira Alves de Azevêdo Neves 67


Aspectos Projetuais e Construtivos para abrigar a Alta Tecnologia - Casos

a largura, facilitando a disposição do mobiliário e proporcionando melhor


iluminação natural.

Para economizar na altura dos pés-direitos dos andares-tipo, as instalações


elétricas, de ar-condicionado e sprinklers foram encaixadas nos espaços
entre as vigas. A viga de bordo ficou externa à área útil do pavimento, de
maneira a localizar o duto principal de ar-condicionado na periferia e os
secundários (ramais) entre as vigas. No projeto original, o forro também era
colocado apenas entre as vigas, deixando algumas faixas em concreto
aparente, para economizar pé-direito por motivos estéticos. Entretanto
acabou sendo executado um forro, comum, encostado. Também para
diminuir as alturas não foram empregados pisos elevados, e sim um sistema
de canaletas, apesar do custo mais alto. Para a proteção contra a
incidência solar foram utilizados vidros reflexivos, recuados da fachada para
garantir certo grau de sombreamento, proporcionando economia no ar-
condicionado.

Tecnologias Utilizadas
Buscou-se utilizar a experiência de alta tecnologia de construção,
adaptando-a ao orçamento e ao clima brasileiro. O sistema de segurança
contra incêndio, segurança patrimonial e automação é bastante sofisticado,
seguindo os mais recentes padrões em edifícios desse tipo.

A Construtora Cetenco Engenharia dedicou atenção especial à execução


dos seis subsolos de estacionamento, já que as sondagens do terreno
identificaram a presença de lençol freático e de rocha a pouca
profundidade. Uma parede diafragma moldada in loco, ao longo de todo o
perímetro do terreno com espessura nominal de 40cm, fez a contenção
lateral da área escavada. As fundações da torre foram resolvidas através de
seis sapatas (duas delas de grandes dimensões) apoiadas diretamente sobre
a rocha. Para agilizar a obra, optou-se pela concretagem independente e
simultânea dos pilares e lajes.

Há dois elevadores para bombeiros, com antecâmara pressurizada, e que


podem ser usados para carga. Esse tipo de elevador é exigido em prédios
com mais de 80 m de altura, superiores, portanto, ao alcance da escada. Ele
possui um gerador próprio e funciona independentemente da energia do
edifício. Há um sistema de alarme automático, que avisa onde está
ocorrendo o incêndio e indica, em cada andar, a rota de saída.

Os custos foram elevados não apenas pelo emprego de placas metálicas e


pelos cuidados com segurança (acentuados por se tratar de um edifício
muito alto), mas também pelo uso de elevadores sociais sofisticados, pelos
grandes vãos e pelos seis subsolos em terreno com grandes matacões, que
exigiram emprego de dinamite.

Raïssa Pereira Alves de Azevêdo Neves 68


Aspectos Projetuais e Construtivos para abrigar a Alta Tecnologia - Casos

No primeiro subsolo ficam equipamentos sofisticados, e os outros se destinam


a estacionamento. Há ainda elevador para manobristas e um elevador
externo para um futuro restaurante no mezanino do prédio.

A sala de segurança está


suspensa sobre a entrada
principal. Há ainda um
centro de convenções
com auditório para 309
lugares e outros auditórios
menores, além de salas de
apoio, que ainda não
estão totalmente prontas.

Fig. 81 Sala de controles


Fig. 82 Sala de controles
Fonte: Arquivo Pessoal

O sistema operacional, que inclui


automação e segurança
integrada, está centralizado na
sala de comando, no térreo,
junto ao acesso principal. Além de catracas para triagem de pessoal no hall
principal e no subsolo, funcionando por cartão de proximidade, o sistema
dispõe de 6 mil pontos de automação predial e 3 mil pontos de combate e
prevenção de incêndio, como detectores de fumaça e alarmes. Através do
sistema hot line, é também possível a comunicação direta entre quaisquer
pontos do prédio, por interfone.

Para a circulação vertical, a torre conta com 12 elevadores de alta


velocidade, programáveis. A novidade do sistema importado pela Vilares é
um dispositivo que armazena dados semanais sobre as operações desses
equipamentos em uma memória eletrônica de forma que seu
funcionamento obedece a rotina dos usuários. Além disso, foram instalados
um elevador panorâmico para acesso ao restaurante, dois de segurança
que servem a todos os pavimentos e mais dois especiais para manobristas
que operam o estacionamento (com 872 vagas rotativas em cada subsolo).
A cobertura é coroada por heliponto, dimensionado para receber
helicópteros de grande porte.

Raïssa Pereira Alves de Azevêdo Neves 69


Aspectos Projetuais e Construtivos para abrigar a Alta Tecnologia - Casos

1- triagem

2- hall
3- foyer
4- acesso ao restaurante
5- elevador
6- exposições
7- cabine de proteção
8-auditório/convenções
9- palco
10- auditório 2 e 3
11- reunião
12- tradução
13- sala de apoio
14- slide desk
15- administração
16- sala de computação
17- diretoria do centro conv.
18- sanitários
19- serviço médico
20- telefone/xerox
21- serviço de imprensa
22- lanchonete
23- copa
24- sala de comando
25- monta-cargas

Fig. 83 Planta do térreo


Fig. 84 Planta do Mezanino
Fonte: Revista Projeto Design no 193 jan/fev 96

Raïssa Pereira Alves de Azevêdo Neves 70


Aspectos Projetuais e Construtivos para abrigar a Alta Tecnologia - Casos

4.3 Birmann 21
Empreendimento pioneiro em uma região da cidade de São Paulo que,
graças às facilidades de acesso, tem acentuada vocação para acolher
grandes escritórios, o edifício Birmann 21 foi concebido pelo escritório norte-
americano SOM - Skidmore, Owings & Merril e desenvolvido e adaptado às
normas e realidade brasileiras pelo escritório Kogan - Villar.

Uma torre com 26 pavimentos é naturalmente um elemento de destaque na


paisagem urbana, mesmo numa cidade onde são comuns os edifícios altos,
como São Paulo. Essa qualidade fica potencializada quando é pioneira
numa região já bastante consolidada, mas cuja vocação comercial ainda
não foi totalmente desenvolvida. Atuando há mais de uma década na
região sul da cidade de São Paulo, a incorporadora Birmann decidiu apostar
na vocação comercial e de serviços de toda a extensão da avenida das
Nações Unidas, marginal ao Rio Pinheiros, que é uma das mais importantes
artérias estruturadoras da circulação viária da cidade.

Ao definir-se a estratégia de criação desse novo empreendimento, decidiu-


se não apenas pela construção de mais um edifício de escritórios, mas pela
criação de um marco urbano vertical, com desenho diferenciado e as mais
inovadoras e completas tecnologias disponíveis.

A escolha dos arquitetos para definir esse novo marco buscou também
inovar o mercado imobiliário, unindo experiência e ousadia. Com sua
trajetória de mais de 35 anos no mercado brasileiro, caracterizados por um
trabalho sério e voltado ao emprego e desenvolvimento de novas técnicas
construtivas, a Kogan - Villar foi selecionada para trabalhar em equipe com
o experiente e tecnicamente capacitado Skidmore, Owings & Merrill, de
Nova York, um dos maiores escritórios do mundo. Os resultados são linhas
arquitetônicas arrojadas abrigando avançados recursos tecnológicos.

Partido Arquitetônico
A concepção inicial idealizada pelo
SOM foi sendo aperfeiçoada,
melhorada e alterada na medida das
necessidades, com a ampla
participação dos parceiros brasileiros.
Trata-se, de fato, de uma co-autoria.
Fig. 85 Implantação
Fonte: Revista Projeto Design no 193 jan/fev 96

Além disso, ambos os escritórios têm em


comum sua visão da Arquitetura como
um serviço a prestar a um cliente, onde
o arquiteto nunca é unicriador absoluto
que impõe suas idéias, mas um
Raïssa Pereira Alves de Azevêdo Neves 71
Aspectos Projetuais e Construtivos para abrigar a Alta Tecnologia - Casos

profissional que interpreta os desejos do cliente, para realizar sua criação e


definir os rumos estéticos da obra.

Na torre há um jogo com três tipos de grelhas, dispostas de maneira a sugerir


o encaixe superposto. Duas são revestidas com granito e a outra formada
por perfis de alumínio e cortina de vidro. A oeste, um volume envidraçado se
destaca da fachada.

O Birmann 21 é um conjunto composto por três edifícios: a torre, com 26


pavimentos de escritórios, gozando de amplos visuais para todos os pontos
cardeais, mais próximas do alinhamento; o espaço de uso múltiplo, com
estrutura metálica em balanço, abrigando um grande salão e salas de
conferência; e o edifício-garagem com 6 pavimentos.

A concepção volumétrica da
torre realiza um interessante
jogo com três tipos de grelhas,
dispostas de maneira a sugerir
o encaixe superposto: uma
grelha estrutural com vãos mais
fechados, revestidos com
granito vermelho, voltado
basicamente para as fachadas
norte e oeste, mais ensoladas,
mas que revela sua presença
“fechando” o volume na altura
do coroamento da torre; outra grelha de vãos mais abertos, revestidos com
granito rosado, voltado basicamente para as fachadas leste e sul, menos
ensoladas; e a grelha formada pelos perfis de alumínio, situada no lado
externo e sustentam a cortina de vidro
que se superpõe parcialmente sobre a
fachada sul, destacada do solo pelos
seus pilares cilíndricos.
Fig. 86 Detalhe da fachada
Fonte: Arquivo Pessoal

Fig. 87 Detalhe da fachada sul

Na fachada sul é possível observar o


movimento sucessivo das grelhas graças
à diferenciação das áreas das lajes. A
fachada norte se mostra mais discreta,
embora em ambas sejam utilizados
vários recursos plásticos para assegurar
certo grau de variação e movimento.
No lado oeste criou-se pequeno volume
vertical envidraçado que descortina
uma vista espetacular da cidade, e
serve de apoio a um mastro
relembrando o perfil “arranha céu”

Raïssa Pereira Alves de Azevêdo Neves 72


Aspectos Projetuais e Construtivos para abrigar a Alta Tecnologia - Casos

característico das torres urbanas.

Fig. 88 Fachadas Diferenciadas

Fonte: Revista Projeto Design no 193 jan/fev 96

Os vidros empregados, do tipo reflexivo prata, têm grau de reflexão


diferenciado de acordo com a fachada e as necessidades de controle da
insolação.

Testes de túnel de ventos feitos nos laboratórios da Universidade Federal do


Rio Grande do Sul, forneceram os parâmetros para o dimensionamento da
estrutura, perfis e vidros da fachada.

Uma marquise junto ao passeio


externo protege veículos e pessoas
que se dirigem ao pavimento térreo
da torre, onde ficam a recepção e
identificação dos visitantes, além de
uma área reservada para usos
especiais como agência bancária,
showroom e etc.
Fig. 89 Marquise da entrada
Fonte: Revista Projeto Design no 193 jan/fev 96

O conjunto de escadas, sanitários e elevadores foi situado no core central,


possibilitando a entrada de luz natural em todo o perímetro do edifício. Os
elevadores foram situados em dois núcleos, que servem à primeira e à
segunda metade vertical do edifício, otimizando sua utilização.

No topo da torre ficam o ático, com área de instalações e o heliponto.

Com áreas variadas de laje, o andar-tipo possui grandes vãos livres, já que a
maior parte dos pilares foi localizada na periferia do andar. A sua
concepção, com lajes de até 1 460m2 de área total e até 1 250m2 de área
útil, permite um elevado índice de aproveitamento.

Raïssa Pereira Alves de Azevêdo Neves 73


Aspectos Projetuais e Construtivos para abrigar a Alta Tecnologia - Casos

Fig. 90 Planta do pavimento tipo da torre


Fonte: Revista Projeto Design no 193 jan/fev 96

Tecnologias Utilizadas
A altura de 4m de piso a piso garante um pé-direito livre de 2,75m, contando
com piso elevado em toda a área reservada para escritórios e forro
modulado e removível, facilitando a paginação de luminárias de difusores e
conferindo flexibilidade para os diferentes tipos de escritórios.

A utilização nas áreas internas da edificação de painéis de gesso tipo “dry-


walI” para revestimento das alvenarias eliminou a aplicação de chapisco,
emboço e massa, racionalizando os acabamentos.

O desenvolvimento do sistema estrutural do Birmann 21 resultou de uma


contínua interação entre engenheiros e arquitetos, o que permitiu a solução
das questões de Arquitetura e assegurou uma necessária e freqüentemente
difícil integração com os sistemas mecânico e elétrico.

A estrutura da torre foi totalmente moldada in loco. Para racionalizar o


sistema construtivo, o núcleo da torre, que concentra circulação vertical,
banheiros e áreas técnicas, foi moldado com concreto bombeado e estava
sempre quatro pisos acima da laje nervurada que o contorna. Os vãos dessa
laje variam de 10 m a 13,50 m e a altura de viga é limitada a 60 cm, o que
permitiu deixar espaço para dutos e tubulações.

As tubulações de sprinkler, no entanto, passam por pequenas perfurações


previstas nas vigas. A laje nervurada foi moldada pelo sistema de fôrmas
voadoras, que permitiu a conclusão de um pavimento por semana.

A integração entre estrutura e Arquitetura foi particularmente importante na


definição do heliponto. A plataforma quadrada de 18m x 18m tem um
sistema de nervuras de 3m x 3m e balanço de -8,50m. A estrutura é
suportada por uma grande caixa-d’água semicircular, integrada a uma
Raïssa Pereira Alves de Azevêdo Neves 74
Aspectos Projetuais e Construtivos para abrigar a Alta Tecnologia - Casos

densa viga circular, cuja função é uniformizar deflexões e momentos nas


nervuras.

No térreo, a estrutura de aço do salão multiuso consiste em duas colunas


principais com diâmetro de 600mm x 12,50mm que suspendem a cobertura
por meio de oito cabos de aço com diâmetros de 3 mm. Quatro amarrações
verticais foram colocadas na extremidade da cobertura, para evitar sua
elevação pelo ação do vento. Uma estrutura mais baixa fornece rigidez
lateral.

A concepção da torre e de suas áreas técnicas permite uma constante


atualização dos equipamentos de telefonia, informática, transmissão de
dados, automação e controle de sistemas prediais, gerenciamento
energético, ar-condicionado, transporte vertical, iluminação e ainda
segurança patrimonial e contra incêndio, impedindo a obsolescência
precoce.

Complementando o programa da torre de escritórios e do edifício-garagem,


criou-se entre ambos um edifício de uso múltiplo com 9 m de altura,
concebido em estrutura metálica com apenas dois apoios e amplos
balanços. Ele abriga um grande salão, de utilização flexível, além de salas de
conferência. Está voltado para uma grande praça interna para a qual
também se volta o térreo do edifício-garagem, que nesse setor tem uma
área destinada a um, além de um espaço para fitness.

A extensão do terreno, que ocupa toda uma quadra, permitiu um amplo


espaço para tratamento paisagístico, com emprego de vegetação e água.

Fig. 91 Esquema da fachada ventilada, piso elevado e forro removível


Fonte: Revista Projeto Design no 193 jan/fev 96

Raïssa Pereira Alves de Azevêdo Neves 75


Aspectos Projetuais e Construtivos para abrigar a Alta Tecnologia - Casos

4.4 Centro Empresarial Nações Unidas - CENU


Conceber um conjunto de edifícios de escritórios e serviços nas dimensões
do CENU implicaram redefinições a nível urbano e um partido arquitetônico
muito particular. O “Nações Unidas”, desenvolvido pelos arquitetos Marc
Rubin e Alberto Botti, além de incorporar um ‘‘conceito avançado de
escritório”, se propõe a marcar o novo skyline do grande eixo da Marginal,
em São Paulo.

Segundo seus autores, a proposta arquitetônica incorporou um conceito


avançado de escritório, de uso e organização de espaços, seja ao nível de
linguagem, seja em função de novos sistemas construtivos e processos
tecnológicos, e fundamentalmente em termos de escala e programa,
devendo configurar o “marco” diferenciador na emergente paisagem
arquitetônica do grande eixo da Marginal, na Grande São Paulo.

A dimensão de conceito avançado se justifica, na própria performance das


tecnologias de ponta e, conseqüentemente, de suas possibilidades e
mutações, viabilizando novas soluções projetuais. Ou seja, em plena ‘idade
da informatização”, o perfil de escritório moderno não é logicamente o
mesmo de dez anos atrás. Trata-se, portanto — na opinião dos arquitetos —,
de uma mudança de escala no sentido pleno, a nível do urbano ou na
dimensão de espaços internos.

Os novos recursos tecnológicos, com suas redes de comunicação, “micros,


vídeos, áudios e fax”, impõem novos espaços, mais dinâmicos e flexíveis —
argumenta Marc Rubin. Redes para informática, correntes estabilizadas,
fibras ópticas, além de ar-condicionado que hoje se reconhece como
indispensável em São Paulo e ainda os problemas de segurança que, são
objetos de uma atenção redobrada pelas dimensões do empreendimento,
tudo isso, enfim, passou a ser essencial na definição do projeto. Inclusive o
controle geral do que acontece nos edifícios supõe sistemas de supervisão
centralizados, também previstos.

A dimensão das lajes assume, papel fundamental. A organização dos


espaços internos garante maior flexibilidade e liberdade através de plantas
livres. Os andares-tipo têm de 1.253 a 2.071m2, e altura de 4m ente pisos. Foi
previsto um piso falso, tornando eficiente a distribuição dos condutores. Os
forros contêm dutos para distribuição de ar-condicionado, além de redes de
iluminação e sprinklers dentro da modulação geral do projeto. Com opções
polivalentes, cada pavimento poderá ser ocupado integralmente ou em
parcial, dependendo das necessidades do usuário.

Ao todo, são três torres que compõem o partido principal — a torre Oeste, a
Norte e a Leste, destacando-se a Norte como a mais alta delas, com 36
pavimentos, 164 m de altura, e quatro subsolos. As outras deverão ter 23
pavimentos, 135m de altura, e o mesmo número de subsolos. O projeto inclui
ainda um Centro de Convenções e um Conjunto Comercial de Apoio, além

Raïssa Pereira Alves de Azevêdo Neves 76


Aspectos Projetuais e Construtivos para abrigar a Alta Tecnologia - Casos

de três helipontos, totalizando cerca de 250 mil m2 de área construída


coberta.
Fig. 92 Planta de localização das torres
Fonte: Revista Projeto Design no 193
jan/fev 96

Apesar de interligadas, cada


torre se revelará através de
silhueta própria, com sua
personalidade e seu toque de
fantasia e sedução particular. O
projeto em estrutura de
concreto ficou sob a
responsabilidade dos
engenheiros Mário Franco e Júlio
Kassoy.

Partido Arquitetônico
Segundo Rubin — “havia esse terreno com um ponto de interrogação, onde
caberiam x m2 de escritórios. Nós poderíamos dividí-lo e construir ali prédios
diversificados. Poderíamos também, de acordo com o projeto original,
construir quatro edifícios iguais colocados em cruz ou em outra forma, mas
curiosamente desde os primeiros esboços feitos a mão livre, havíamos
pensado em projetar três torres, sendo uma dominante e duas menores. Às
vezes, o primeiro impulso conduz a uma solução, mas é necessário submetê-
la a uma série de checagens de alternativas, até se chegar à proposta
final”. Houve também, durante o desenvolvimento do projeto, um processo
de evolução na percepção da verdadeira demanda de mercado.

O programa em síntese previa um centro empresarial que reunisse em seu


bojo uma gama de edifícios, serviços e equipamentos dirigidos a seus
usuários, como restaurantes, shoppings, agências bancárias, pontos de
encontro, além de um centro de convenções, criando, com isso, um
organismo que transcendesse a um simples conjunto de prédios de
escritórios.

O item circulação mereceu atenção especial. O sistema de circulação


vertical, com elevadores de última geração, prevê para cada prédio, além
de maior eficiência na distribuição do fluxo de usuários, elevadores
executivos e de serviço maiores que os demais. Naturalmente, também foi
previsto sistema de baldeação para isolar o tráfego dos subsolos e dos
estacionamentos. Ao todo são 52 elevadores.

Cada torre terá acesso exclusivo, elevadores, além de escadas rolantes que
farão a conexão entre o subsolo e o térreo, cujas garagens possuem
capacidade para mais de 3.500 vagas.

Raïssa Pereira Alves de Azevêdo Neves 77


Aspectos Projetuais e Construtivos para abrigar a Alta Tecnologia - Casos

Na torre maior (Norte) existe um andar mecânico numa altura intermediária


e parte dos elevadores servirá apenas aos andares inferiores e, em
conseqüência, os superiores ganharão o espaço correspondente aos poços
dos elevadores eliminados, sistema comum nas torres norte-americanas, mas
pouco usado nos edifícios paulistas, cuja escala normalmente não justifica
esse recurso.

Com a colaboração de Burle Marx


no desenho das áreas de circulação
e jardins, o projeto - comenta Rubin –
“se cristaliza” como uma obra
incomum. Pela sua dimensão e
condições. o Nações unidas deverá
surgir, enfim, como a nova marca na
paisagem do grande eixo da
Marginal, ao longo do qual começa
a se desenhar a cidade mutante.
Fig. 93 Paisagismo da torre Oeste
Fonte: Arquivo Pessoal

O Cenu (Centro Empresarial Nações Unidas) é um dos projetos mais ousados


do mercado imobiliário de São Paulo. O insere-se em uma lista de 39 edifícios
com classificação AA (alta tecnologia), de acordo com um levantamento
da Bolsa de imóveis de São Paulo. Para se ter uma idéia da atualização do
empreendimento, 15 dos edifícios com a mesma classificação estão ainda
em projeto ou construção. A área total construída do Cenu ultrapassa
300.000 m2.

Tecnologias Utilizadas
Torre Oeste
A primeira torre a ser concluída foi a torre Oeste, em 1998, pela construtora
HOCHTIEF do Brasil S/A. Sua área construída é de 76.655,75m2 com 138m de
altura. Ela foi concebida para ser um edifício de escritórios tendo seu andar
tipo com uma área de 1.110,00m2. Podemos destacar como característica
técnica desta torre a concepção arquitetônica da planta do andar tipo,
onde há um deslocamento do core (elevadores e equipamentos), do centro
de gravidade do andar, para o centro ao fundo permitindo assim um
espaço ideal para instalações em landscape.

Setores de serviços, copas, sanitários foram simetricamente deslocados para


as laterais do edifício, assim como as escadas de segurança, estas em
especial formando um desenho na fachada.

Foram previstos shafts verticais, forros removíveis e pisos elevados, garantindo


assim uma total flexibilidade para as instalações necessárias. O sistema
estrutural foi feito em grelhas de vigas protendidas de 3.75m x 3.75m com
caixões perdidos nas lajes produzidas por formas metálicas.

Raïssa Pereira Alves de Azevêdo Neves 78


Aspectos Projetuais e Construtivos para abrigar a Alta Tecnologia - Casos

A fachada é formada por uma grelha em granito polido cinza feita por uma
paginação em placas de 2.60m x 1.40m colocadas com grampos metálicas
sobre o pré-moldado. Destaca-se também outro novo sistema tecnológico
que foi o uso do gesso acartonado, usado como vedação para
acabamento interno na periferia das fachadas.
Fig. 94 Torre Oeste
Fonte: Arquivo Pessoal

O térreo foi projetado inicialmente para ser


um espaço comercial, tendo sido restringido
o seu uso somente para recepção e
circulação, onde se situam os balcões de
recepção que controlam as entradas e
saídas dos elevadores.

Da Torre Oeste para a Torre Norte, o


empreendimento passou por algumas
atualizações em função das novas
necessidades do mercado de escritórios
com a vinda de empresas estrangeiras ao
País. De acordo com o projeto original dos
arquitetos Alberto Botti e Marc Rubin, as
torres, embora diferissem nas dimensões,
teriam conformações estruturais
semelhantes, como o posicionamento da
área de serviços, elevadores e shafts
deslocado do centro.

Torre Norte
A reformulação do projeto da Torre Norte trouxe o core do edifício para o
centro, como forma de valorizar a área de carpete dos pavimentos. Com a
mudança, a região do entorno do core ganhou lajes planas e os vãos entre
os pilares saltaram de 3,75m para 7,5m. No core central, porém, foram
mantidas as lajes e vigas convencionais.

As escavações do terreno atingiram 20 m de profundidade e o radier


octogonal, com 4m de altura, consumiu 2.624 m3 de concreto. A sua
concretagem durou 72 horas
ininterruptas, e através de ensaios
para controle de temperatura da
concretagem do bloco central de
fundações foi possível atingir as
resistências definidas em projeto.
Fig. 95 Fundação da torre Norte
Fonte: Revista Téchne mai/jun 1999 no 40

A obra utilizou concretos de alto


desempenho entre 35 Mpa (lajes e

Raïssa Pereira Alves de Azevêdo Neves 79


Aspectos Projetuais e Construtivos para abrigar a Alta Tecnologia - Casos

vigas) e 50 Mpa (pilares) valores bastante superiores aos utilizados na torres


oeste (25 MPa). Grande parte das cargas da torre norte, cerca de 62.000T,
está concentrada no centro do edifício, que coincide com um grande bloco
de fundação, enquanto as cargas sobre os pilares periféricos da torre não
ultrapassam 4.000T. Porém a adoção de lajes planas com 21cm de espessura
demandou uma análise apurada do comportamento estrutural. Para reduzir
a possibilidade de deformações, o engaste das lajes utiliza armaduras
negativas junto aos pilares.

Além disso, um rigoroso controle tecnológico de


lançamento de concreto das fundações foi feito
pela consultora Maria Noronha e, no restante da
estrutura, foi feito pelo professor Paulo Helene, da
Poli-USP.

Fôrmas do tipo mesa-voadora foram fundamentais à


Concretagem de uma laje por semana.

Outra característica arquitetônica que demandou


cuidado foi o próprio formato do edifício. A estrutura
segue regular até o 24º pavimento, como um
paralelepípedo. Daí para cima o edifício é
chanfrado.

Nas fachadas, painéis pré-moldados de concreto,


cuja fôrma era o próprio granito de revestimento,
fecham a estrutura. Internamente, placas de gesso
acartonado fazem o acabamento.
Fig. 96 Fachada Pré-moldada da torre Norte
Fonte:Revista Téchne mai/jun 1999 no 40

O fechamento das fachadas é completado por esquadrias com vidros


duplos, totalizando 27 mm de espessura. O sistema garante uma eficiência
acústica mínima de 35 db. A isolação acústica é melhorada com a
existência de ar entre os vidros, vedados com silicone. A produção dos
caixilhos foi feita no próprio subsolo do edifício, com equipamentos enviados
da Itália.

Ensaios no Túnel de Vento permitiram redução de cerca de 1,5 T de


armadura por pavimento além de verificar os índices de conforto para os
usuários nas áreas de circulação comum entre as torres, de acordo com os
critérios de uso.

O sistema de ar condicionado da Torre Norte conta com uma central de


água gelada. O sistema permite estabelecer temperaturas entre 20ºC e
24ºC, conforme as necessidades dos diferentes ambientes ou zonas.

O nível de ruído do sistema de ar-condicionado nas salas é de NC40. Este


índice é praticamente igual ao de um teatro.

Raïssa Pereira Alves de Azevêdo Neves 80


Aspectos Projetuais e Construtivos para abrigar a Alta Tecnologia - Casos

Para abastecimento de energia em emergências, existem geradores de


energia de comando digital que podem abastecer com folga todos os
circuitos de segurança, como pressurização de escadas, iluminação do hall,
alguns elevadores, ventiladores de exaustão de emergência, parte da
iluminação dos escritórios e equipamentos de detecção e combate a
incêndio.

A distribuição vertical emprega, em vez de cabos, barramentos blindados


isolados térmica e eletricamente. A distribuição horizontal é feita por cabos
convencionais a partir dos “plugins” de derivação fixados às barras na região
dos shafts.

O sistema de proteção e combate ao fogo é dotado de detectores de


fumaça ópticos não voláteis e de sprinklers. A automação predial inclui
sistemas de acesso, circuitos fechados de TV, hidráulica, elétrica e controle
de incêndio.

Outros pontos que merecem destaque são:

Saguão - O saguão, com pé-direito de 7,2 m de altura, assume um tom de


solenidade. O mesmo tipo de granito da fachada se faz presente no piso,
com uma diferença: a paginação utiliza placas inteiriças de 1,20 m. O forro,
acústico, tem acabamento de
tecido cenotécnico utilizado no
planejamento de teatros. Além da
função estética, apresenta
características técnicas de
absorção acústica, já que os
materiais utilizados são
extremamente reverberativos.
Fig. 97 Saguão da torre Norte
Fonte: Arquivo Pessoal

Área de Circulação - A praça, onde acontece o cruzamento dos acessos às


baterias dos elevadores, é valorizada por uma cúpula em forma octogonal
formada por vidros craquelados, com luminárias importadas dos Estados
Unidos. As paredes são revestidas com vidros arquitetônicos decorativos. O
balcão principal de recepção se encontra próximo às portas giratórias da
entrada. O saguão também está equipado com sistema de catracas
controlado por seguranças.

Layout (andar-tipo e ambiente interno) -


A flexibilização do layout constitui outro
diferencial do projeto.
Fig. 98 Layout totalmente flexível
Fonte: Arquivo Pessoal

Raïssa Pereira Alves de Azevêdo Neves 81


Aspectos Projetuais e Construtivos para abrigar a Alta Tecnologia - Casos

Seguindo o conceito de “estação de trabalho”, cada pavimento-tipo


incorpora quatro salas de 800 m2 a 1.680 m2 de área útil total, com pé-direito
padrão de 2,80 m. A altura facilita a presença de forros suspensos, com
luminárias integradas, difusores de ar e sprinklers. O forro, importado dos EUA,
é acústico e antichama.

Mobiliário - O inquilino tem toda a


liberdade quanto à definição e
execução do design do imobiliário e do
projeto de interiores. Mas qualquer
interferência estrutural (obra) deve ser
aprovada pelo condomínio para não
fugir das guide-lines do projeto como
um todo.
Fig. 99 Exemplo de Mobiliário
Fonte: Arquivo Pessoal

Fachadas - A fachada externa foi revestida com materiais que permitissem


fácil manutenção, custo reduzido e vida útil maior. A opção foi pelo granito
Kashmir Bahia polido granulado branco acinzentado, que foi aplicado sobre
painéis pré-fabricados ou placas de concreto. A pré-fabricação industrial
garantiu a precisão na montagem feita em forma de “L”s sucessivos,
seguindo o sentido de uma espiral.

Projetados pela Stamp, os painéis utilizaram as próprias placas de granito


como fôrma. Colocadas sobre elas, às armaduras já formam as alças de
içamento dos painéis. Nessa etapa ficam também incorporadas ao
concreto às ancoragens de aço inoxidável do granito. O peso dos painéis
varia de 2,5 T a 4 T. Os elementos pré-moldados não se limitaram à fachada.
As escadas de incêndio e serviços também são pré-moldadas, mas com um
detalhe: diferentemente dos painéis, as escadas foram produzidas no
Paraná.

A vedação das juntas e dos


vidros dos painéis recebeu
dupla camada de silicone
produzido pela Dow Corning do
Brasil. A caixilharia de alumínio, e
todos seus componentes foram
desenvolvidos pela Shuco,
empresa italiana, que trabalhou.
Com um nível de tolerância em
torno de 0,01 mm nos serviços
de encaixe e vedação.

Fig. 100 Detalhe do encaixe da esquadria


Fonte: Revista Téchne mai/jun 1999 no 40

Raïssa Pereira Alves de Azevêdo Neves 82


Aspectos Projetuais e Construtivos para abrigar a Alta Tecnologia - Casos

Vidros - Atendendo às necessidades térmicas e acústicas do projeto, foi


utilizado o vidro insulado termoacústico (sanduíche composto de vidro
laminado, câmara de ar e vidro monolítico), na cor verde-azulada de baixa
reflexão que retém cerca de 77%
do calor externo e cuja
laminação foi feita no Canadá. A
Falco Tradin Comercial participou
da montagem da vedação das
fachadas. As dimensões das
janelas tipo são de 2,48 m de
altura e 2,28 m de largura. O
processo de montagem, quatro
vezes mais rápido que o
convencional de alvenaria,
atingiu a velocidade de dois
pavimentos por semana.

Fig. 101 Detalhe do vidro duplo


Fonte: Revista Téchne mai/jun 1999 no 40

Gesso Acartonado - A divisão interna, por outro lado, alternou o uso de


placas de gesso acartonado para a periferia da fachada e alvenaria, para
área de elevadores. O fechamento interno das paredes e fachadas utilizou o
sistema Drywall, ou seja,
estruturas de perfis metálicos
sobre os quais foram
parafusadas as chapas de
gesso acartonado. O sistema
garantiu, durante a obra,
maior agilidade e limpeza,
uma vez que as instalações
elétricas e hidráulicas eram
feitas antes do revestimento,
evitando os tradicionais
“rasgos” na alvenaria.
Fig. 102 Detalhe do gesso acartonado
Fonte: Revista Téchne mai/jun 1999 no 40

O sistema utilizado é o Placostil F 530, da Placo, um perfil mais esbelto. As


paredes de periferia de fachada não utilizam lã mineral nas vedações. “Essa
vedação é apenas de acabamento, não tem nenhuma função corta-fogo”,
diz Fábio Miceli, da Dry Tech.

A empresa executou cerca de 13,5 mil m2 de vedação de fachada, além de


outros 5,2 mil m2 de fechamento de banheiros. “A Método nos deu algumas
condições de estanqueidade na obra e pudemos assim executar as paredes
dos banheiros ainda com as fachadas abertas”, diz Miceli.

Raïssa Pereira Alves de Azevêdo Neves 83


Aspectos Projetuais e Construtivos para abrigar a Alta Tecnologia - Casos

Os banheiros utilizam placas verdes (resistentes à umidade) com uma ou


duas chapas estruturadas em perfis de 90 mm e miolo de lã de vidro de 50
mm de espessura (16 kg/m3). O fechamento das fachadas é completado
por esquadrias fabricadas pela italiana Shuco, com vidros duplos que
totalizam 27 mm de espessura.

Piso Elevado - oferece, entre a cota da


laje do concreto e o piso acabado, uma
área vazia de 15cm para a instalação de
infra-estrutura de dados, informática e
telefonia, além de cabeamento elétrico.
O sistema facilita futuras adaptações ou
mudanças de layout e proporciona fácil
acesso às instalações. Prumadas
hidráulicas nos quatro ângulos do edifício
permitem a instalação de sanitários
individuais especiais, caso sejam
requeridos pelo inquilino.
Fig. 103 Detalhe do piso elevado
Fonte: Revista Téchne mai/jun 1999 no 40

O núcleo central de cada pavimento abriga um lavabo feminino e outro


masculino, sanitários coletivos e um lavabo exclusivo para portadores de
deficiência física.

A Torre Norte pertence ao Funcef (Fundo de Pensão dos Funcionários da


Caixa Econômica Federal), que detém também 50% das áreas comuns do
Cenu. A entrada da Funcef foi decisiva para a viabilização do
empreendimento, mobilizando cerca de R$ 160 milhões. O conjunto irá
contar com 3,7 mil vagas de garagem em seus cinco subsolos.

A administração predial das torres e áreas comuns do Cenu está sendo feita
pela Tishman Speyer-Método. A administração se estende também a área
de varejo em construção entre as torres, que terá acesso ao Shopping D&D e
World Trade Center. Além de parceira na administração predial com a
construtora Método, a Tishman Speyer responde pelo desenvolvimento e
gerenciamento da obra.

Torre Leste
A terceira torre, a torre Leste, da mesma altura da torre Oeste com 138m,
inicialmente foi projetada para ser uma torre de escritórios, agora está sendo
desenvolvida para comportar o Hotel Hilton, com 506 apartamentos.

Com a finalização da torre Norte e a conclusão dos cinco subsolos, algumas


adaptações estão sendo feitas, tanto nos subsolos como no térreo a fim de
permitir a inclusão dos espaços necessários para as salas de convenções.

Raïssa Pereira Alves de Azevêdo Neves 84


Aspectos Projetuais e Construtivos para abrigar a Alta Tecnologia - Casos

No andar tipo, uma estrutura totalmente diferente foi idealizada, não


havendo mais a necessidade de espaços livres de pilares, foi feita uma
adaptação às fundações, sendo também reduzida à distância piso a piso
das lajes.

A paginação dos caixilhos foi alterada em


resultado da modulação nova, mas esta
não afetará a unidade do conjunto, pois a
geometria original será repetida.

O Hilton terá 26 andares, onde estarão os


apartamentos que compreendem os do
tipo padrão, suítes especiais, suítes lounge
e suíte presidencial, que ficará no 24º
pavimento. Além disso, haverá três
mezaninos, onde ficarão o restaurante e o
business center (salas de reunião), e um
health club, com vista panorâmica da
cidade nos 25º e 26º andares. No térreo
haverá um ball room (centro de
convenções).
Fig. 104 Torre Leste
Fonte: Arquivo Pessoal

Os banheiros são um dos principais diferenciais da obra, pois são pré-


fabricados e entregues já com todos os equipamentos e acabamentos
previstos nos projetos de Arquitetura e instalações, inclusive o quadro
elétrico.

As paredes são de gesso acartonado


e merece destaque o sistema de
hidráulica, que utiliza uma das
tecnologias mais modernas no
mercado: o Sistema PEX, que consiste
em tubos de polietileno reticulado que
distribuem a água diretamente do
manifold (quadro) aos pontos de
consumo. Este conjunto oferece
inúmeras vantagens quando
comparado ao sistema convencional,
que além de permitir maior rapidez na
execução e menor mão de obra, a
manutenção dos equipamentos e os
rearranjos arquitetônicos também são
mais fáceis.
Fig. 105 Detalhe de interligação dos banheiros
pré-fabricados com as prumadas
Fonte: Arquivo Pessoal

Raïssa Pereira Alves de Azevêdo Neves 85


Aspectos Projetuais e Construtivos para abrigar a Alta Tecnologia - Casos

Os quartos receberam tratamento acústico com lã de vidro, material que


atenuará o nível de ruídos em até 50 Db. Além disso, houve a preocupação
de projetar cada caixa de passagem das instalações distanciadas em dez
centímetros para garantir o nível de atenuação.

Fig. 106 Instalações de um


apartamento padrão antes do
fechamento do Dry wall
Fonte: Arquivo Pessoal

Quanto ao sistema de Prevenção e Combate a Incêndio, foram previstos


sprinklers convencionais e do tipo side wall (fixados na parede), além de
detectores de fumaça.

Como o Hilton visa hospedar exclusivamente executivos, todos os quartos


possuem um escritório com tomadas para notebooks, como puderam ser
observados em dois apartamentos protótipos. Uma curiosidade: há a
previsão para instalação futura de um sistema eletrônico que registra a
abertura do frigobar.

No primeiro e segundo subsolos serão instalados a cozinha central, refeitório


dos funcionários, vestiários e lavanderia. No terceiro, além do Júnior Ball
Room, ficarão as equipes de manutenção do hotel (engenharia e supervisão
predial).

As centrais de água gelada e de água quente e mais a subestação de


energia estão localizadas no quarto subsolo e, devida à altura destes
equipamentos, foi necessário especificar um pé-direito duplo.

No último subsolo, estão a caixa d’água, com 500 mil litros e os reservatórios
de esgoto, águas pluviais e águas servidas, equipados com bombas
submersíveis.

O Hilton terá uma reserva de 1 milhão de litros de água, o que eqüivale a um


consumo diário de 1.500 litros de água por apartamento.

Prevista para ser concluída em junho de 2002, totalizando uma área de


61.402.15m2, esta torre então virá a se somar com as outras duas (Oeste e
Norte), para concluir este mega empreendimento.

Raïssa Pereira Alves de Azevêdo Neves 86


Aspectos Projetuais e Construtivos para abrigar a Alta Tecnologia - Casos

Centro Comercial
Interligando as três torres foi erguido um centro comercial, prevendo uma
população máxima flutuante de 9.000 pessoas, oferecendo equipamentos,
serviços e comércio.

A fim de preservar os espaços públicos de circulação e as áreas verdes do


térreo, esta área foi edificada num nível inferior, 6m abaixo do térreo, onde o
acesso é feito por escadas rolantes e elevadores de baldeação dos edifícios
de escritórios e do hotel.

Para evitar um efeito de confinamento, a cobertura da área central foi feita


com iluminação zenital estando no nível do primeiro andar das torres, com
uma altura de 17m, permitindo a vista do exterior através de grandes panos
de vidro laterais.

O projeto deste centro foi concluído em 1999, com uma área de 4.222,45m2,
interligado em prolongamento ao mini-shopping e a praça de alimentação
do World Trade Center, completando um grande complexo de
equipamentos a disposição de um público que abrange um perímetro
maior, servindo a todo bairro.

Estacionamento
Finalizando este complexo temos a área de estacionamento com um total
de 132.700.00m2, cinco subsolos com 3.600 vagas. Possui dois sistemas de
rampas duplas em tesoura, (uma em cada canto do terreno), uma rampa
com sentido reversível e uma rampa especial de serviço para abastecimento
do centro comercial e acesso de caminhões para mudanças, totalizando
seis rampas.
Fig. 107 Maquete Eletrônica do
Complexo CENU e prédios vizinhos
Fonte: bolsa de imoveis
Legenda:
1 - Torre Oeste - Prédio de Escritórios e
Centro de Convenções
2 - Torre Norte - Prédio de Escritórios
3 - Torre Leste - Hotel Hilton - em
construção
4 - Shopping Nações Unidas
5 - Hotel Meliá
6 - WTC - Prédio de Escritórios
7 - Shopping D&D
8 - Corredor subterrâneo que faz a
ligação dos complexos WTC e CENU
9 - Acesso pela rua Arizona
10 - Acesso pela Marginal Pinheiros

Raïssa Pereira Alves de Azevêdo Neves 87


5 Organização dos Sistemas e Serviços
e a Integração entre eles
Organização dos Sistemas e Serviços e a Integração entre eles

As capacidades dos sistemas presentes num edifício avaliam-se pelas


funções que executam. Essas funções, que podem ser bastante
diversificadas, possuem, características que as permitem agrupar em
conjuntos (tais como a sua natureza, o seu âmbito, ou os seus objetivos).

É nesta perspectiva que se introduz a noção de serviço, a qual corresponde


a um conjunto de funções que, justificam o seu agrupamento numa
entidade individualizada, por várias razões, como a sua natureza, a sua
íntima inter-relação e/ou dependência, a sua partilha ou intervenção sobre
informação comum ou a sua associação a um mesmo tipo de equipamento
físico.

Deve-se salientar que as funções desempenhadas por um serviço não


precisam estar forçosamente associadas a dispositivos físicos (envolvendo
interações com sensores e atuadores). Um serviço pode ser constituído
apenas por funções de natureza software.

Deste modo, uma base de dados ou um determinado programa específico


podem também ser considerados serviços. Ou seja, a noção de serviço é
bastante genérica, podendo ser aplicada aos mais diversos domínios e não
se restringindo apenas à área da automação e gestão de edifícios.

Como definição de um sistema de supervisão e controle predial, ou


simplesmente automação predial, pode-se dizer que ele é uma ferramenta
eficiente e efetiva para a boa operação e controle das instalações de infra-
estrutura e dos usos finais de energia de um edifício.(Marte, 1995)

O que caracteriza um edifício automatizado é o fato dele ser dotado de um


sistema de controle central que pretende otimizar certas funções inerentes à
sua operação e administração. É algo como um edifício com vida própria,
com cérebro, sentidos, músculos e nervos. As características fundamentais
que devemos encontrar num sistema inteligente são:

• Capacidade para integrar todos os sistemas;

• Atuar em condições variadas, ligadas entre si;

• Ter memória suficiente;

• Ter noção temporal;

• Fácil interligação com o utilizador;

• Ser facilmente reprogramável;

• Dispor de capacidade de autocorreção;

Em todo o caso, a principal virtude destes controles, está na nova


concepção da gestão de sistemas, deixando o modelo eletromecânico
convencional e adotando um modelo puramente informático e
computadorizado.

Raïssa Pereira Alves de Azevêdo Neves 89


Organização dos Sistemas e Serviços e a Integração entre eles

Infelizmente, muitos dos ditos Edifícios Inteligentes não o são na realidade ou


não realizam com fluidez as funções para que foram projetados. Eles falham
nos objetivos fundamentais tendo em vista as necessidades dos seus
utilizadores. Muitos são super dimensionados, oferecendo sistemas que na
maioria dos casos não são utilizados.

Como exemplo podemos citar um sistema de comunicação integral em fibra


óptica, talvez nunca seja necessária essa tecnologia. Por outro lado, aquilo
que hoje poderá parecer inteligente, será obsoleto no Futuro. Não podemos
esquecer que a tecnologia é simplesmente uma ferramenta de trabalho
moderna, e como todas as ferramentas, deve ser utilizada de acordo a sua
utilidade final.

Os Edifícios Inteligentes ajudam os seus proprietários. Se administrados


corretamente ajudam os seus utilizadores e apresentam benefícios nas áreas
de custo, conforto, conveniência, segurança, concorrência, flexibilidade de
utilização e melhoramento. Não há inteligência no limiar do ‘ótimo’ e do
‘fracasso’. O Edifício Inteligente ideal é aquele que interliga as soluções de
acordo com as necessidades dos usuários".

O simples emprego de computadores para o controle dos processos em


uma edificação não garantem por si só alcançar parte dos objetivos a que
se propõe um edifício automatizado.(Marte, 1995).

É necessário fazer-se uma administração de complexidades, que envolve


desde o conhecimento do processo até a influência da automação no
desempenho global, para que se faça a melhor escolha entre as inúmeras
técnicas digitais de controle e otimização disponíveis.

Devido aos vários problemas atuais em relação à geração e distribuição de


energia elétrica torna-se necessário racionalizar e gerenciar o seu uso final.
Como uma das principais ferramentas para racionalização e gerenciamento
do uso da energia elétrica em uma edificação, temos os sistemas de
supervisão e controle predial.

Abaixo apresentamos um organograma que articula a gestão aos sistemas,


serviços e estrutura e demonstra o papel vital da integração,
conseqüentemente, da importância das questões de gerenciamento.
Edifício Inteligente

GESTÃO SISTEMAS SERVIÇOS ESTRUTURAS

FACILIDADE DE SISTEMA DE SISTEMA DE VÍDEO ARQ. ESTRUTURAL


GESTÃO HVAC INCÊNDIO CONFERÊNCIA FLEXÍVEL

GESTÃO DE SISTEMA DE SISTEMA DE SISTEMA ESTRUTURA DE ACESSO


SEGURANÇA ILUMINAÇÃO ELEVADORES CABD EXTERIOR

GESTÃO DE SISTEMA DE SISTEMA DE PABX SISTEMA INTELIGENTE


CABLAGEM ENERGIA SEGURANÇA POR PISO

GESTÃO DE SISTEMA DE SISTEMA DE COMUNICAÇÃO POR ESTRUTURAÇÕES POR


ENERGIA TELECOMUNICAÇÕES DDC SATÉLITE DIVISÕES

Raïssa Pereira Alves de Azevêdo Neves 90


Organização dos Sistemas e Serviços e a Integração entre eles

Na figura abaixo, caracterizamos e localizamos os principais sistemas e


serviços oferecidos nos Edifícios Inteligentes:

Fig. 108 Sistemas e Serviços oferecidos nos Edifícios Inteligentes


Fonte: Revista Téchne out 2001 no 55

Raïssa Pereira Alves de Azevêdo Neves 91


Organização dos Sistemas e Serviços e a Integração entre eles

5.1 Sistemas de Automação Predial


5.1.1 Elétrico / Iluminação
Segundo Marte (1995), devem ser levadas em conta as preocupações com:

9 Controle de Demanda
9 Controle do Fator de Potência
9 Automatismo de partida de geradores e transferência de cargas
9 Controle de Iluminação
9 Otimização do Consumo – por exemplo, Programação Horária.
As preocupações acima listadas levaram os sistemas de automação predial
ou sistemas específicos de controle de grandezas elétricas a se interligarem
para supervisionar e controlar:

9 Transformadores;
9 Disjuntores de alta e baixa – tensão;
9 Quadros de alimentação de equipamentos;
9 Centrais de medição de grandezas elétricas;
9 Controladores de demanda:
‰ Registradores Digitais de Tarifação Diferenciada (RDTD),
‰ Registradores Digitais de Média Tensão (RDMT),
‰ Registradores Digitais Eletrônicos (REP), que possuem canal serial de
comunicação;
9 Controladores do fator de potência,
9 No-break’s: alguns tendo microprocessadores em seu controle e
comunicação serial;
9 Grupos geradores: geradores de energia autônomos, geralmente a óleo
ou gás, que fornecem energia quando há queda no fornecimento.
Para permitir diminuir o consumo de energia junto à concessionária nos
horários de ponta são utilizados nos edifícios com alta tecnologia diversos
mecanismos, sendo os comumente encontrados: tanques de gelo ou
piscinas de água gelada no condicionamento ambiental (termo –
acumulação).

Os circuitos dos quadros de iluminação podem ser comandados em blocos


para ligar/desligar através de Programação Horária – instantes pré-definidos
para ligamento/desligamento – ou Controle de Demanda.

Em especial sobre a Iluminação, responsável em média por 30 a 50% do


consumo de energia nas edificações, existe a possibilidade de associar-se

Raïssa Pereira Alves de Azevêdo Neves 92


Organização dos Sistemas e Serviços e a Integração entre eles

controles individualizados com sensores de presença. Outra melhor


possibilidade é o melhor aproveitamento da iluminação natural através da
associação com sensores de luminosidade.

Fig. 109 Consumo por uso final em Edifícios Comerciais


Fonte: Eficiência Energética na Arquitetura Lamberts, 1997

Caso CENU - SP
Para abastecimento de energia, o Cenu possui uma estação de média
tensão de 34,5KV, com dois circuitos redundantes (chaveamento eletrônico
em caso de falha). A potência instalada apenas da Torre Norte é de 7,5
MVA. A subestação emprega disjuntores a gás SF6 e transformadores a seco,
que fazem a conversão de 34,5 KV para 380V. Para abastecimento de
energia em emergências, o edifício conta com geradores de energia
Caterpillar de comando digital com capacidade total de 1000 KVA.

O sistema de emergência pode abastecer com folga todos os circuitos de


segurança, como pressurização de escadas iluminação do hall, alguns
elevadores, ventiladores de exaustão de emergência, parte da iluminação
dos escritórios e equipamentos de detecção e combate a incêndio.

A distribuição vertical emprega, em vez de cabos, barramentos blindados.


São ao todo três barramentos com capacidade máxima de 4 mil ampères
isolados térmica e eletricamente. A
distribuição horizontal é feita por
cabos convencionais a partir dos
“plugins” de derivação fixados às
barras na região dos shafts. Toda a
automação predial, como sistemas
de acesso, circuitos de tevê,
hidráulica, elétrica e controle de
incêndio, é feita pela Landis & Gyr.
Fig. 110 Gerador da Compaq - CENU
Fonte: Arquivo Pessoal

Raïssa Pereira Alves de Azevêdo Neves 93


Organização dos Sistemas e Serviços e a Integração entre eles

Fig. 111 Projeto Elétrico/iluminação instalado na sala de força facilita a visualização dos
pontos de controle - CENU
Fonte: Arquivo Pessoal

Fig. 112 Sala de força controle total dos 3500 pontos de energia da torre Norte - CENU
Fonte: Arquivo Pessoal

Raïssa Pereira Alves de Azevêdo Neves 94


Organização dos Sistemas e Serviços e a Integração entre eles

5.1.2 Hidráulico
O principal motivo para modernizar as instalações hidráulicas é operacional,
como eliminar vazamentos ou modificar a distribuição das tubulações nos
ambientes.

Com a aplicação de sistemas de automação predial, pode-se monitorar os


níveis dos reservatórios e em função destes providenciar ou não o
acionamento de bombas.

Poderá também ser feito o gerenciamento do consumo de água,


identificando vazamentos e controlando a acumulação e o despejo de
efluentes nas redes públicas, programando-o conforme horários pré-
definidos.

O sistema de bombeamento poderá ser monitorado e até as características


físico-químicas da água para abastecimento já contam com sistemas de
controle (controladores locais de qualidade de água).

Embora os automatismos existentes nas instalações hidráulicas das


edificações estejam muito atrás dos equipamentos industriais, a necessidade
de acompanhar-se o consumo de água levou à introdução de:

‰ Medidores microprocessados de consumo de água;

‰ Controladores microprocessados de bombas;

‰ Controladores locais de qualidade de água.

Um sistema de automação, quando interligado a esses equipamentos ou


mesmo a bóias, pode exercer uma monitoração de níveis de reservatórios e
do consumo de água.

Caso - CENU
Num exemplo típico de
aplicação de sistemas de
automação predial, este
pode monitorar os níveis
dos reservatórios e em
função destes providenciar
ou não o acionamento de
bombas.
Fig. 113 Sala de instalações
hidráulicas e de incêndio - CENU
Fonte: Arquivo Pessoal

Raïssa Pereira Alves de Azevêdo Neves 95


Organização dos Sistemas e Serviços e a Integração entre eles

Fig. 114 Instalações hidráulicas do Hilton sob o forro removível - CENU


Fonte: Arquivo Pessoal

As instalações do CENU são geridas por um programa que identifica


vazamentos, aciona as bombas dos reservatórios para o caso de baixa nos
níveis, identifica entupimentos, avisa a necessidade de manutenção
preventiva entre outros.

5.1.3 Detecção e Alarme de Incêndio


A automação também se faz presente na prevenção do fogo de sistemas
completamente independentes por força da norma (NBR9441/1993), com
centrais e repetidoras microprocessadas, às quais se interligam detectores e
acionadores manuais, automáticos ou endereçáveis e com possibilidade de
ajuste do grau de sensibilidade de detector remotamente.(Marte 1995)

Entre os principais detectores automáticos de incêndio podem ser citados os


de fumaça (ópticos ou iônicos) – detectam a presença de particulado ou
fuligem no ar -, os termovelocimétricos – detectam o gradiente de
temperatura – e os de chama. Os sistemas convencionais prevêem
supervisão de circuitos ou laços de incêndio (grupo com até 20 detectores).

Através da monitoração de chaves de fluxo na rede de Splinkers é possível


detectar-se o consumo de água nesta rede. Outras formas são a supervisão
e controle sobre as bombas jockey (bomba secundária de incêndio) e
bomba de hidrantes (bomba principal).

Em substituição aos tradicionais painéis indicadores de incêndio, muitos


sistemas com monitores coloridos exibem, além da identificação do alarme,

Raïssa Pereira Alves de Azevêdo Neves 96


Organização dos Sistemas e Serviços e a Integração entre eles

plantas de localização deste e procedimentos aplicáveis, tais como o ramal


do brigadista de incêndio daquele andar.

Num exemplo de aplicação de sistemas de automação interligados aos


sistemas de detecção e alarme de incêndio é possível:

‰ Proceder a desenergização destes setores, impedindo que o ar-


condicionado ou curtos circuitos na rede elétrica alimentem ainda mais o
fogo;

‰ Posicionar os elevadores inicialmente no térreo ou andar mais


recomendado para fuga de eventuais ocupantes, posteriormente
posicioná-los num possível andar imediatamente acima dos setores
atingidos, evitando que o fogo se propague pelo fosso do elevador;

‰ Através de luminosos e indicadores, estabelecer-se rotas preferenciais de


fuga – plano de abandono do local de trabalho;

‰ Proceder ao insuflamento de ar nas escadas de emergência, impedindo


que estas sejam invadidas pela fumaça.

Caso - CENU
A Torre Norte, incluindo seus subsolos dispõe de um sistema de proteção
contra incêndio, tendo sprinklers distribuídos por todo o imóvel. Existem
detectores de fumaça espalhados por todas as áreas comuns, sete pull
stations por andar e alarmes. Além dos sistemas de detecção, cada andar
possui quatro hidrantes e extintores.

A propriedade possui seis tanques


de água com capacidade para
750m³ cada, localizados no quinto
subsolo e dois tanques localizados
no 36º andar, um de 740m³ e outro
de 240m³, reservado para o uso de
sprinklers e hidrantes.

O edifício possui quatro escadas de


emergência pressurizadas para
evacuação em caso de incêndio.

Fig. 115 Identificação dos extintores de


incêndio e chave de acionamento de
alarme - CENU
Fonte: Arquivo Pessoal

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Organização dos Sistemas e Serviços e a Integração entre eles

5.1.4 Condicionamento Ambiental


Os sistemas de condicionamento de ar representam um item importante nos
custos de uma edificação, quer pelos investimentos iniciais necessários, quer
pelo dispêndio que provocam ao longo do tempo com consumo de energia
e com manutenção das instalações.

O condicionamento do ar consiste no controle simultâneo da temperatura,


da umidade, da movimentação e da pureza do ar de recintos fechados. O
ar condicionado é geralmente utilizado para proporcionar sensação de
conforto às pessoas, mas pode, também, ser necessário para climatizar
ambientes cujas atividades requerem controle rígido de uma ou mais
características do ar, como ocorre, por exemplo, em certas indústrias, em
hospitais, em centros de computação, etc.

Os sistemas de ar condicionado variam desde simples aparelhos de janela


até grandes centrais. Os aparelhos de janela são pequenas unidades
indicadas para ambientes de pequenas dimensões, funcionando com
condensação a ar, estando, pois, aptos a refrigerar o ambiente no verão e a
aquecê-lo no inverno pela simples reversão do ciclo de refrigeração.

As pequenas centrais funcionam com condensação a ar ou a água e


possuem capacidades variando de 3 a 20 T.R. São unidades compactas que
podem aquecer o ar no inverno, tanto pela reversão do ciclo de
refrigeração quanto através de resistências elétricas ou com a utilização de
água quente ou vapor.

As grandes centrais de ar condicionado


localizam-se numa casa de máquinas de
onde distribuem o ar para grandes
ambientes como teatros, cinemas,
restaurantes, etc. As centrais de água
gelada são utilizadas em grandes instalações
que servem a vários ambientes
simultaneamente, mantendo numa casa de
máquinas os equipamentos comuns a todos
eles, como a torre de resfriamento, o sistema
de aquecimento e o sistema de frio, que será
distribuído na forma de água quente ou
água gelada para "FANCOIL"
(Climatizadores) de ambiente.

Fig. 116 Funcionamento


do Sistema de ar-
condicionado
Fig. 117 Caixa de VAV
Fonte: BORGES 1996

Raïssa Pereira Alves de Azevêdo Neves 98


Organização dos Sistemas e Serviços e a Integração entre eles

Os aparelhos de ar condicionado são sistemas que consomem, grandes


quantidades de energia, quer pelas próprias características dos processos
físicos envolvidos, quer pelo uso continuo a que são submetidos durante
longos períodos. Por isso, as instalações de condicionamento de ar
constituem-se num capítulo importante do programa de uso racional de
energia.

Dentre as ações que podem ser implementadas para melhorar o rendimento


energético do sistema de ar-condicionado podemos destacar as seguintes:

• Controlar as fontes externas de calor (ou de frio), como insolação e


ventilação natural, tirando proveito das mesmas para aumentar ou diminuir a
temperatura do ambiente, conforme a época do ano ou os objetivos
desejados;
• Regular as fontes internas de calor (ou de frio), otimizando o
funcionamento de equipamentos e instalações como motores elétricos,
fornos, iluminação e outros, e procedendo ao isolamento térmico de
tubulações e depósitos de substâncias aquecidas (ou geladas);
• Regular o sistema para que ele opere em torno da maior temperatura da
zona de conforto indicada pelo projetista ou instalador ou dos índices
indicados pela ABNT;
• Desligar o sistema sempre que o ambiente estiver desocupado; estudando
a possibilidade de desligar o ar condicionado uma hora antes do
encerramento do expediente;
• Substituir o ar ambiente pelo ar frio da madrugada para diminuir a carga
térmica da edificação;
• Operar somente as torres de refrigeração, bombas e outros equipamentos
que forem essenciais à operação do sistema;
• Reduzir o fluxo de ar ao mínimo aceitável em cada área;
• Proceder à manutenção periódica de todo o sistema, eliminando
vazamentos e limpando aparelhos de janela, torres de refrigeração, etc...
• Instalar recuperadores de calor, resfriando o ar externo através do ar de
exaustão, quando o processo exigir a troca de todo o ar interno por ar
externo;
• Utilizar sistema de termo acumulação, com água gelada ou com gelo,
para diminuir o consumo de energia com condicionamento de ar nos
horários de ponta e reduzir a demanda do equipamento;
• Utilizar 100% do ar externo quando sua entalpia for menor do que a do ar
de retorno, instalando um sistema de controle entálpico;
• Instalar equipamentos de controle de rotação dos motores das bombas de
sistemas que usam água gelada para adaptar a vazão às necessidades
momentâneas do sistema, reduzindo assim, o consumo de energia de
bombeamento.

Raïssa Pereira Alves de Azevêdo Neves 99


Organização dos Sistemas e Serviços e a Integração entre eles

Caso - CENU
O sistema de ar condicionado da
Torre Norte conta com uma central
de água gelada com capacidade
para 2.100 TR, produzida por três
torres York de 700TR. Cada um dos
pavimentos é dotado de dois
faincoils e 18 caixas de volume de
ar variável (VAV), correspondentes
a 18 zonas de temperatura
diferentes por andar.

O sistema permite estabelecer


temperaturas entre 20ºC e 24ºC,
conforme as necessidades dos
diferentes ambientes ou zonas. Esse
cuidado, junto com a automação
de todo o sistema, dá ao sistema
uma grande flexibilidade e
desempenho econômico.
Fig. 118 Torres de Resfriamento - CENU
Fonte: Arquivo Pessoal

Fig. 119 Central de controle de


condicionamento - CENU
Fonte: Arquivo Pessoal

As torres de resfriamento funcionam 24h/dia por dia, o que permite aos


condôminos instalarem equipamentos do tipo “self” à água para atender
necessidades especiais de consumo.

O nível de ruído do sistema de ar-condicionado nas salas é de NC40. Este


índice é praticamente igual ao de um teatro”, diz Marcos Matteis, gerente
de Engenharia da Tishman Speyer, empresa que responsável pelo do projeto.

Raïssa Pereira Alves de Azevêdo Neves 100


Organização dos Sistemas e Serviços e a Integração entre eles

5.2 Telecomunicações / Redes


Ainda hoje é comum a concepção de edifícios com modernas tecnologias
de Arquitetura, de aparência marcante, mas sem uma infra-estrutura de
recursos e espaços necessária para fazer com que eles sejam funcionais e
inteligentes.

Para atender a todas as necessidades de telecomunicações de um edifício,


o ponto mais importante é o correto dimensionamento dos espaços e
percursos destinados a utilização da cabeação estruturada.

A infra-estrutura de telecomunicações sempre deve ser concebida


juntamente com o projeto arquitetônico, realizando a alocação dos espaços
de maneira eficiente e adequada. Na maioria dos casos os edifícios
convivem com eternas deficiências em seu funcionamento, devidas à falta
de preocupação dos profissionais da construção civil com os sistemas de
telecomunicações.

Um edifício moderno e funcional não precisa ser automatizado desde o


início de seu funcionamento, mas ele deve obrigatoriamente ter sido
projetado com toda a infra-estrutura de espaços de maneira a permitir que
todo e qualquer sistema de telecomunicações seja implantado no seu
interior de maneira adequada.

Portanto, independente dos sistemas que serão implantados desde a sua


inauguração, o dimensionamento dos espaços e percursos da infra-estrutura
de telecomunicações deverá ser feito de maneira abrangente, com
soluções dinâmicas e não específicas.

Os edifícios “inteligentes”, imóveis que agregam recursos de alta tecnologia


na gestão predial, formaram um conceito segundo o qual é possível à
edificação incorporar inovações com certa facilidade a qualquer tempo.
Mas para prover os usuários dessa versatilidade, o projeto deve servir-se hoje
da pré-cablagem, também conhecida como cabeamento estruturado ou
cables systems. A pré-cablagem é utilizada para interligação de sinais
elétricos de baixa intensidade, tais como transmissões de voz (telefonia),
imagens (videoconferência), dados (comunicação entre
microcomputadores) e gestão técnica dos empreendimentos (automação
de sistemas de segurança patrimonial, incêndio etc.)

Podemos dizer que existem duas formas básicas de distribuir os cabos para
alimentação dos sistemas de dados, voz, vídeo e automação de uma
edificação. A primeira, pelo método convencional, adota sistemas rígidos e
fixos. Esses sistemas, bastante conhecidos, não permitem flexibilidade nas
conexões – caso dos cabos de telefonia, desaconselhados para a
comunicação de dados – e não admitem mobilidade no momento de
alterar o layout do ambiente, podendo exigir a presença de técnicos
externos de manutenção, além da interrupção da rotina de trabalho e dos
custos a cada alteração de projeto. A esses inconvenientes acrescente-se a

Raïssa Pereira Alves de Azevêdo Neves 101


Organização dos Sistemas e Serviços e a Integração entre eles

deterioração das instalações pela manipulação inadequada. No caso dos


cabos de comunicação, por exemplo, é grande o risco de aumento de
ruídos pela mudança de suas características elétricas. A segunda opção, o
cabeamento por sistemas flexíveis, permite realizar a mudança de um posto
de trabalho (com microcomputador, telefone e até sinal de vídeo) em uma
dezena de minutos, tornando o layout variável conforme a necessidade dos
usuários.

As instalações de cabeamento estruturado apresentam custo de


implantação superior ao de sistemas convencionais. Apesar disso, trazem as
vantagens da flexibilidade e da modularidade, evitando-se assim os
inconvenientes de uma reforma no ambiente de trabalho. Trata-se de um
sistema de “Arquitetura aberta”, capaz de suportar topologia de redes
estruturadas dos tipos anel (ring), estrela (star) e barramento (bus), e, embora
seja uma tecnologia nova, já dispõe de normas e padrões internacionais,
que exigem níveis de desempenho do sistema e das características elétricas
dos aparelhos conectados.

Podemos conceituar o cabeamento estruturado como uma estrutura


composta por um conjunto de conectores e cabos dispostos, interligados e
testados segundo normas técnicas de um projeto de engenharia. As fiações,
prumadas e redes de distribuição são reunidas em um único sistema,
construído de forma modular, com a utilização de componentes universais,
permitindo a reconfiguração de qualquer um deles, sem a instalação de um
fio sequer, apenas com a reconexão de alguns cabos.

No interior de uma edificação, cada área ou ambiente possui características


individuais de layout, situações definidas por vários fatores, tais como
divisórias, equipamentos utilizados, concepção do projeto arquitetônico de
interiores, número de postos de trabalho, tipos de paredes e pisos etc. A
função do cabeamento estruturado é facilitar – por meio de topologias
lógicas e múltiplas – as modificações do layout dos postos de trabalho,
dando-lhes o máximo de flexibilidade. Além da rapidez nas alterações e do
baixíssimo custo, outro fator importante é que este é um meio confiável, que
comporta qualquer rede de computadores (microcomputadores), qualquer
topologia (sistema de hardware, software, protocolos e conexões
necessárias para a comunicação) e elevada velocidade de transmissão.

Basicamente, são três os atributos do sistema de cabeamento estruturado:

‰ Universalidade – capacidade de atender a qualquer sistema ou


equipamento

‰ Perenidade – possibilidade de atender às necessidades atuais e futuras


com garantias de até 15 anos para equipamento e cinco para evolução
do sistema

‰ Flexibilidade – atendimento a qualquer layout proposto

Raïssa Pereira Alves de Azevêdo Neves 102


Organização dos Sistemas e Serviços e a Integração entre eles

Os sistemas convencionais predominaram até meados dos anos 80. Em 1985,


começaram a surgir sistemas para atender a necessidades específicas de
comunicação de dados (desenvolvido pela IBM) e de telefonia (pela AT&T).
A integração de ambos iniciou-se em 1987, com a parceria entre as
empresas francesas Infra e BCS, resultando na IBCS. A partir de 1990 tem
início o conceito de modularidade das conexões com a AMP, norte-
americana, e a Infra (nova razão social da IBCS).

Atualmente, os sistemas trabalham com cabos metálicos capazes de levar a


informação a uma velocidade de até 155 Mbps (milhões de bits por segundo
– UTP/FTP nível 5), embora na média atuem a 100 Mbps. Eles podem ser
utilizados na distribuição horizontal e vertical dos sistemas. Mas há também a
fibra ótica, recomendada para interligações entre prédios e, de acordo com
a aplicação, na distribuição vertical. A principal restrição ao uso dessa
tecnologia é o alto custo de ligação das interfaces óptica e elétrica, que
exige um transdutor capaz de transformar a luz em impulsos elétricos e vice-
versa.

Em fase de homologação há cabos elétricos para atuar a 622 Mbps em


aplicações para TV a cabo, por exemplo. Para os próximos cinco anos
teremos o conceito FTD (Fiber To Desk), isto é, fibra até a mesa, com as
interfaces óptica e elétrica de baixo custo, tecnologia já utilizada, por
exemplo, nos CD players que temos nos equipamentos de som. Quer dizer, o
mercado brasileiro já dispõe de acessórios que facilitam a manipulação e
alteração de sistemas. Por isso, a reforma (retrofit) de uma instalação e a
adoção de cabeamento estruturada é hoje plenamente viável,
apresentando ótima relação custo/benefício. Basicamente, o cabeamento
estruturado contribui para a redução das reformas nos edifícios, possibilidade
de uso de várias tecnologias, facilidade de alterações dos cabos de
interligações (path-cords nos bastidores), adoção de uma sistemática de
mudanças baseada em ordens de serviços que são geradas com dados da
documentação (mantendo-se assim a documentação atualizada) e
identificação de todos os elementos que permitem um melhor controle.

Caso – WTC - SP
O World Trade Center de São Paulo é um bom exemplo de empreendimento
que adotou o cabeamento estruturado. Para atender a demanda, o
complexo dispõe de salas exclusivas de equipamentos para as
concessionárias Telesp e Embratel (rádio e dados), entroncamento com rede
pública em fibra ótica, central de PABX CPA do tipo DDR (processo de
estabelecimento de chamadas pelo qual o usuário da rede pública tem
acesso direto aos ramais sem auxílio da telefonista), sistemas de
videoconferência e de Pager privado.

Basicamente, a instalação completa-se com 2,5 mil tomadas de nível 5 e


mais de mil tomadas de nível 3 (telefonia), totalizando cerca de 3,6 mil
módulos. Os cabos metálicos de nível 5 (com 25 pares no cabeamento
vertical e 4 no horizontal) percorrem 97 km, e os de nível 3 perfazem 21 km,

Raïssa Pereira Alves de Azevêdo Neves 103


Organização dos Sistemas e Serviços e a Integração entre eles

além de 5,5 km de fibra ótica. Todo esse cabeamento chega a um único


distribuidor interno (DI) por andar, capaz de atender a 100 postos de
trabalho.

O estudo de viabilidade de um projeto desse porte recomenda, primeiro,


uma previsão dos sistemas de voz, dados, imagens e outros. desejados pelo
cliente e depois o desenvolvimento do projeto. A definição de cada sistema
segue um roteiro que parte da análise do negócio, definição das funções
desejadas, elaboração do anteprojeto executivo (com especificações de
equipamentos, instalações
e procedimentos para
testes funcionais) e
padronização de planilhas
(para que todas as
empresas utilizem a mesma
terminologia). O WTC
também foi didático neste
aspecto. As dificuldades
residiram exatamente na
documentação (antes e
durante a implementação),
inexperiência dos
instaladores, falta de
material complementar
(importado), falta de
normalização de referência
na fase de projeto
arquitetônico e ausência
de sintonia entre
incorporadores,
construtores, arquitetos e
operadores.
Fig. 120 Esquema de passagem do cabeamento estruturado
Fonte: Revista Téchne out 2001 no 55

Superados esses problemas, vieram os benefícios: agilidade na operação,


simplicidade no controle, flexibilidade para a entrada de novas tecnologias,
qualidade e confiabilidade das instalações. Para isso, foi importante o
trabalho de gerenciamento na fase de implantação e a determinação da
sistemática de testes funcionais. Esta etapa contou com controle de testes
por meio de “fichas de verificações”, com tópicos como aceitação visual,
documentação de identificação para cabos e componentes, verificação
de amarras, curvas, terminações e conexões, além da aprovação definitiva
com testes elétricos, óticos e de desempenho.

Raïssa Pereira Alves de Azevêdo Neves 104


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5.3 Segurança
Os sistemas de segurança foram inicialmente introduzidos com a finalidade
de proteger as pessoas e propriedades dos intrusos. Desenvolvimentos
posteriores permitiram a estes sistemas a realização de outras tarefas de
segurança tais como detecção de incêndio, monóxido de carbono,
radiações e outros perigos.

Os sistemas de segurança de hoje em dia podem fazer mais do que proteger


edifícios e pedir ajuda. Numa rede de comunicações de dados utilizada
para este fim, os mesmos sensores que detectam movimento, fogo, ou
líquidos, podem ser utilizados para ativarem um número variado de ações.
Utilizando a interface do sistema de segurança, podemos controlar a
iluminação, portas, janelas, grades, e outros sistemas no edifício.

O sistema de segurança pode enviar sinais para ligar e desligar a iluminação


de acordo com os estado dos detectores de movimento e toda a
programação de integração do sistema.

Vejamos agora algumas das possibilidades do sistema de segurança:

Verificação dos Sistemas de Controle


Todos os sensores de acesso e atuadores estão ligados a microcontroladores,
os quais por sua vez estão ligados ao controlador geral de gestão do
edifício. Para além das redes digitais de computadores, podem ser
introduzidos sistemas de circuito fechado de vídeo, os quais necessitam de
sistemas de comunicações tais como par trançado coaxial ou fibra óptica
para transportar a informação.

Monitoração Remota de Alarme e Imagem


O serviço de monitoração consiste no controle do local protegido durante 24
horas por dia pela Central de Monitoramento. O controle é feito
remotamente através de comunicação telefônica.

No exato instante da chegada do sinal telefônico, o computador da Central


de Monitoramento prioriza na tela todos os procedimentos, previamente
determinados pelo sistema cliente, que farão com que o operador tome as
providências necessárias para cada situação.

A Central de Monitoramento controla o "status" do sistema durante 24 horas


por dia. Todos os sinais vitais do sistema são controlados: possível falta de
energia elétrica, bateria de backup com carga baixa, falta de sinal de teste
diário, etc. Para qualquer problema técnico no sistema é automaticamente
aberta uma ordem de serviço para verificação. Esse controle é muito
importante, pois de nada adianta ter um excelente sistema de alarme, se ele
não estiver operando normalmente quando se precisar dele.

Raïssa Pereira Alves de Azevêdo Neves 105


Organização dos Sistemas e Serviços e a Integração entre eles

Além disso, a Central controla a proteção do local em si. A qualquer


momento do dia é possível saber, por exemplo, se o alarme está armado ou
desarmado. O tempo entre o disparo do alarme e a visualização do evento
na tela do supervisor remoto varia em média 20 segundos.

O supervisor pode dispor ainda de uma pequena planta do local protegido,


o que permite o acompanhamento da área onde está ocorrendo um
alarme. Qualquer violação nos equipamentos e na fiação é classificada
como emergência policial.

É possível também, periodicamente, a obtenção de um relatório


computadorizado contendo todos os eventos do período, como horário de
abertura e fechamento (informando nome do usuário), eventuais
emergências, disparos, violações, possíveis falhas na comunicação, bateria
fraca, etc.

Os sistemas de CFTV são compostos por câmeras ou microcâmeras ligados a


um monitor ("televisão"). Em sistemas a partir de 2 câmeras é necessário
utilizar um equipamento especial para que seja possível visualizar mais de
uma imagem no mesmo monitor. Existem várias opções para colocar as
imagens de até 16 câmeras em um mesmo monitor. O sistema pode ter
imagem em P&B ou colorida, dependendo do objetivo.
Fig. 121 Microcâmera
Fonte: http://images.google.com

Também é possível utilizar lentes especiais


que fazem o efeito de zoom, ou ainda
colocar um "motor", que faz com que uma
câmera possa girar a procura de um alvo.

Além de imagem, o sistema pode


eventualmente incluir áudio embutido nas câmeras, porém, vale lembrar
que ao contrário das imagens, só é possível gravar ou monitorar um sinal de
áudio de cada vez.

Existe a possibilidade de utilização de câmeras sem fio, com alcance


aproximado de 40m em área aberta. Porém esse é um sistema pouco flexível
e recomendado somente para casos especiais ou projetos de pequeno
porte.

As imagens geradas pelo Circuito Interno podem ser gravadas com um


videocassete comum ou profissional (que permite gravar até 960 horas em
uma mesma fita VHS T120). Também podem ser transmitidas via telefone
para uma central de monitoração ou para um computador cliente.

Na maioria dos casos, o sistema de CFTV é utilizado em conjunto com um


sistema de alarme, para que se possa ter um controle eficaz do local
protegido. Hoje, 95% dos sistemas de CFTV comercialmente disponíveis são
analógicos e se conectam em padrões de Vídeo composto PALM ou NTSC
PB ou ainda Color 1Vpp 75ohms. O sistema mais simples de CFTV é composto

Raïssa Pereira Alves de Azevêdo Neves 106


Organização dos Sistemas e Serviços e a Integração entre eles

por uma câmera conectada diretamente a um monitor. Como exemplo


pode-se citar o Vídeo Porteiro onde alguns ainda oferecem a função de
campainha e destravamento de Porta.

O segundo sistema é composto por um monitor que visualiza “n” câmeras,


uma de cada vez, através de um equipamento seqüenciador, onde
podemos programar o tempo de varredura entre as câmeras.

A terceira configuração emprega um equipamento MUX que permite dividir


a tela do monitor de 4 até 16 partes, sendo que cada parte corresponde à
imagem de uma câmera em tempo real. Algumas MUX podem selecionar
uma câmera para monitorar toda a tela. Porém é recomendado o uso de
um monitor maior ou projetor para salas de monitoramento. Também existe
opção de MUX dual Quad, que alternam 8 câmeras apresentando 4
câmeras por vez no monitor e são mais econômicas.

A monitoração remota de um sistema de CFTV pode ser feita em várias


modalidades. No modo mais econômico (e talvez o mais eficaz), são
enviados para a central alguns "quadros" de imagens capturadas ao longo
do dia em um horário pré-definido ou após o disparo de um alarme. Outra
opção é o controle contínuo do local através da recepção de "quadros" de
imagens a cada 15min (ou um tempo definido no sistema cliente). E por
último existe a monitoração em "real time" (tempo real) que mantém a
imagem do local disponível continuamente na Central. Apesar de parecer
ser a mais eficiente, o custo x benefício desta última opção não é muito
interessante.

Fig. 122 Sala de controle das Câmeras – CENU SP


fonte: Arquivo Pessoal

Raïssa Pereira Alves de Azevêdo Neves 107


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Existe também a possibilidade da monitoração ser feita pelo cliente, através


do envio das imagens para um computador PC. Também é possível
armazenar as imagens digitalizadas no disco rígido. Pode-se consultar um
banco de imagens gravadas e controlar horários. Em sistemas mais
sofisticados é possível ao operador, remotamente, executar comandos no
local que está sendo monitorado, como rotacionar uma câmera, executar
um zoom, acionar uma luz, etc. Falar em circuito fechado de televisão até
bem pouco tempo parecia uma estória de ficção. Hoje, entretanto,
qualquer pessoa pode ter um ótimo sistema de CFTV (Circuito Fechado de
TV) em sua casa, loja ou empresa, a um custo mais acessível do que se
imagina. Muitas pessoas já aderiram ao CFTV e descobriram as vantagens de
trabalharem mais tranqüilos com a vigilância eletrônica. Vários
estabelecimentos de pequeno e médio porte estão utilizando o CFTV,
principalmente, para se proteger de furtos e até para gerar provas para
demissão por justa causa.

Muito utilizado também em condomínios residenciais, o sistema de CFTV


permite ainda a gravação das imagens durante 24 horas por dia em fita de
vídeo comum (T120). Os equipamentos recomendados para o
armazenamento das imagens são VCR especiais chamados LAP SED TIME
que armazenam até 960 horas de imagens colhidas entre 2 a 5 frames por
segundo. Podem ser empregados VCR’S comuns, todavia em função da
aplicação, podem ser antieconômicos.

Existem também CFTV com monitoramento de longa distância (maior ou


igual a 500m). Podem ser feitos através de linhas privativas usando cabos
coaxiais de 75ohms, com repetidores telealimentados para imagens em
tempo real ou via rádio com banda de 4 Mhz desde VHF até microondas.

O Monitoramento de longa distância, através de linhas telefônicas privativas


ou comutadas, exige equipamentos que fazem a digitalização,
compactação e modulação das imagens para envio sobre estas linhas.

Em linhas privativas até 6Km de distância, dependendo da qualidade do


equipamento e usando modernas ADSL, pode-se obter imagens full size em
tempo real. Já em linhas comutadas, a máxima velocidade é 56 Kbps e
pode se obter imagens com razoável definição a 5 FPS utilizando um ótimo
sistema de digitalização.

Vale lembrar que a partir do momento que empregamos imagens


digitalizadas, podemos empregar câmeras digitais que apresentam custo
menor, mas tem a obrigação de ficar próximas do equipamento (poucos
metros). Uma vez digitalizadas e compactadas as imagens podem ser
conduzidas em qualquer protocolo operante em uma intranet ou sobre
protocolo IP na Internet.

Do ponto de vista de armazenamento, as imagens digitalizadas e


compactadas podem ser gravadas em fita magnética (Stream), em discos
rígidos ou discos ópticos regraváveis, que representam um custo bem menor.

Raïssa Pereira Alves de Azevêdo Neves 108


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A automação dos processos de CFTV atualmente emprega detectores de


movimento, para então fazer a gravação (economiza armazenamento). E
num futuro bem próximo, a automação dar-se-á através do reconhecimento
de imagens por softwares especializados que determinarão as ações a
serem tomadas.

Estes softwares podem reconhecer pessoas através de silhueta, identificar


através de íris, impressão digital e padrão vocal, além de tomar decisões
como vedar o local, disparar alarmes, acionar dispositivos de defesa
(fumaça, gases, etc).

Controle de Janelas ou Portas


O controle de janelas e/ou portas poderá ser feito pelo PC (Master). A sua
elevação ou fecho poderão ser programados de acordo com alguns
critérios tais como:

• Quantidade de luz necessária

• Estação do ano

• Horário de funcionamento

• Temperatura ambiente desejada.

Sistema de Detecção de Incêndios


O sistema de detecção de incêndios pode ser implementado num
computador com o auxilio de detectores de fumo, gás e sensores de
temperatura. O sistema monitora o estado dos detectores distribuídos por
todo o edifício. O edifício estará dividido por zonas supervisionadas pelos
detectores. Perante uma situação de incêndio, quando um detector passa
ao estado de ativado, o sistema de gestão do edifício tem de identificar
imediatamente de qual se trata e qual a sua localização exata, para poder
informar os Bombeiros.

A ativação do sistema de mecanismos de alarmes convencionais é


realizada, mas adicionalmente, o controle inteligente do edifício ocupar-se-
ia de desligar todos os ventiladores do edifício, emitir uma mensagem
digitalizada de alarme para todos os pisos, informando as pessoas da
situação e estado do incêndio detectado, a localização e monitoração do
mesmo, e ainda quais as saídas de emergência a serem utilizadas.
Hipoteticamente, poderia ser feita a digitalização das imagens do fogo,
captadas pelas câmaras do circuito interno de vídeo, enviando-as por fax
com informação adicional para locais pré-definidos. Também poderia
mandar imprimir nas impressoras, planos detalhados do edifício onde
incêndio esta e por onde possa propagar, para assim facilitar a ação dos
bombeiros. Finalmente poder-se-ia acender a iluminação de todo o edifício
com o mesmo fim.

Raïssa Pereira Alves de Azevêdo Neves 109


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Intrusão
Pode-se compreender o conceito de segurança física de um edifício, como
o controle de acessos e a detecção de intrusão. O sistema utilizado para o
controle de acessos pode ser um cartão de segurança, utilizando um simples
cartão magnético, um Smart Card, um sensor de ocupação, voz, impressões
digitais, ou leitores de retina. Os últimos três ainda são muito dispendiosos e só
são utilizados em instalações especiais. Todo o acesso ao edifício poderá ser
controlado por portas automáticas consecutivas.
Fig. 123 Fechadura High Tech com sistema de códigos
Fonte: http://images.google.com

O automatismo de acesso poderá ser feito utilizando


duas portas consecutivas, com um detector
volumétrico entre elas, que automatiza a abertura ou
fecho das portas. O controle terá de fornecer um tipo
de permissão para abrir a primeira porta, que poderá
ser do tipo de leitura de cartões magnéticos. Este
sistema poderá ser complementado, conforme o grau
de segurança que se queira dar ao prédio, com a
ajuda do circuito interno de vídeo, que no momento da
entrada de um indivíduo digitalizará essa imagem, enviando-a para o PC
(Master), onde ela ficará armazenada juntamente com o código do cartão,
data, hora, etc. Todos estes sistemas podem ser controlados pelo gestor de
segurança através dos sistemas de controle do edifício.

Para um ótimo controle de acessos, poderá ser implementado, em conjunto


com detecção de impressões digitais e código de acesso de quatro
algarismos, uma leitura e certificação de um cartão magnético. Existem dois
tipos de cartões: Cartões Magnéticos, (utilizam uma banda magnética para
armazenar informação) e Cartões de circuito integrado, (utilizam um chip
para realizar a mesma operação).

Smart cards são cartões padronizados tipo cartão de crédito com um chip
microcomputador embutido. Eles podem ir desde os simples cartões com
chip aos sofisticados cartões com microprocessador. Existe tecnologia Smart
Card desde 1987 sendo utilizada em todo o Mundo. São utilizados como
cartões de saúde, cartões de telefone, TV a cabo, decodificadores de
variados sistemas, cartões de crédito e muito mais.

A tecnologia de Smart Cards pode ser dividida em dois tipos: chips de


memória com grande proteção utilizando células de memória não voláteis e
chips com microcontroladores com um pequeno número de características
especiais (hardware e software) necessárias para aplicações Smart Card.

O cartão de memória é utilizado para aplicações simples tais como cartões


telefônicos, onde o chip tem 60 ou 120 células de memória, uma para cada
unidade telefônica. A célula de memória é limpa cada vez que é gasta uma
unidade ‘período’. No fim da utilização do cartão, quando as células de

Raïssa Pereira Alves de Azevêdo Neves 110


Organização dos Sistemas e Serviços e a Integração entre eles

memória estão todas limpas, ele não é reutilizável. Esta tecnologia é utilizada
em aplicativos de baixo valor.

Os cartões com Microprocessador, isto é a alta tecnologia dos Smart Cards,


contêm um chip microprocessador, que controla o acesso à informação
contida no mesmo. O microprocessador verifica a autentificação do
utilizador pelo código PIN (Personal Identification Number), antes de permitir
o acesso aos serviços prestados pelo cartão. O chip tem sensores de
segurança física e usa algoritmos de criptografia para proteger a informação
armazenada ou transmitida de acessos fraudulentos.

A Biometria permite a identificação de uma pessoa (portador do cartão)


pela análise das características físicas tais como voz, impressões digitais, etc.
A Biometria só é utilizada em terminais sofisticados, com o intuito de controlar
acessos a edifícios de alta segurança. Estes sistemas não são utilizados com
freqüência devidos aos grandes requisitos computacionais que nos dias de
hoje ainda são muito caros.

A existência de sistemas de teste que combinam tecnologias Biométricas e


Smart Cards ainda não são satisfatórias, visto o processo de comparação ser
realizado nos terminais, expondo os dados de comparação e referências
pessoais a possíveis cópias ou fugas de informação. Um nível mais alto de
segurança pode ser garantido se o processo de comparação for realizado
num dispositivo seguro, tais como Smart Cards. Domain Dynamics Ltda
desenvolveram algoritmos biométricos que podem ser utilizados no
reconhecimento de sinais periódicos com largura de banda limitada, tais
como a voz. O ponto forte desta tecnologia não é reconhecer o contexto
da mensagem, mas sim diferenciar uma pessoa de outra. Os algoritmos DDL's
são particularmente robustos e permitem a identificação dos utilizadores
mesmo quando a voz parece diferente ao ouvido humano, devido a
constipações ou a um grande ruído de fundo.

A tecnologia de rede Neural é utilizada para processar dados biométricos


gerados por sensores. Por exemplo microfone e processos de codificação. A
combinação das características biométricas e dos Smart Cards irão produzir
novas tecnologias com significativas melhorias para aplicativos existentes,
além de criar novas aplicações com dispositivos de segurança de alto nível.
CARTÕES MAGNÈTICOS CARTÕES COM CHIP
Obtemos informação do cartão apenas Depois do cartão estar conectado
durante o movimento relativo do mesmo podemos transferir toda a informação
em relação ao leitor ou cabeça deste. que quisermos do ou para o cartão.
Pequena informação limitada em cada A quantidade de informação é muito
pista como já foi dito anteriormente. maior do que em cartões magnéticos.

Todas as pessoas, com equipamento Existem vários tipos de cartões no


adequado, mas simples, pode ler, copiar e mercado, cartões esses com capacidade
duplicar esses mesmos cartões. de memória diferentes e vários graus de
segurança.
Diferenças entre cartões magnéticos e Smart Cards
Fonte: http://www.abrapinet.org.br

Raïssa Pereira Alves de Azevêdo Neves 111


Organização dos Sistemas e Serviços e a Integração entre eles

Os sistemas automáticos de controle de acesso baseados em impressões


digitais, permitem um controle de alta confiabilidade através das
características imutáveis e únicas de cada impressão digital.

O controle de acessos de portas com o uso de chave eletrônica de


decodificação de impressões digitais foi desenvolvido pela "Dallas
Semicondutor". Um kit experimental, de funcionamento básico. Este sistema
utiliza um PC para gerir o controle de acessos com a ajuda de uma base de
dados. A comunicação entre o sistema e o PC é feita através de rede.
Sendo de fácil instalação e de baixo custo, permite controlar os acessos a
um edifício quando instalado em uma ou em várias portas. O software
disponível suporta um controle de acessos para várias portas. O PC opera
como hospedeiro e gestor da MicroLan, e lendo da memória, controla e
fornece energia a instrumentos através de um "Switch Endereçável" tais
como contactores e trincos elétricos.

Hoje em dia, todos os sistemas de segurança podem estar ligados a uma


central de vigilância confiável. A um custo relativamente baixo por mês, a
central de vigilância reconhece os diferentes códigos do sistema e toma as
precauções necessárias.

Monitoração e Controle
A utilização de fontes de energia alternativas e de equipamentos de
conversão de energia de elevado rendimento é uma das vias para um
melhor aproveitamento dos recursos disponíveis. A monitoração e o controle
destes equipamentos são essenciais para que a sua utilização seja efetuada
de um modo eficaz. A aplicação de sistemas de controle e gestão de
energia e o desenvolvimento de novas técnicas, dispositivos e algoritmos
para aumentar a potencialidade destes sistemas são também um setor de
atividade de grande importância.

O desenvolvimento dos próprios equipamentos de utilização de energia,


para o setor residencial, deve ser um campo de atividade a merecer
estímulo. Interessa também conhecer as características energéticas dos
equipamentos mais significativos na utilização final da energia. Existem
potencialidades de melhoria de rendimento no funcionamento de um
conjunto de dispositivos que podem e devem ser investigados.

Se o usuário quiser, pode programar determinadas tarefas domésticas para


aproveitar os benefícios da tarifa noturna, tais como lavanderias,
compressores, motores e a ativação de acumuladores de calor para que
estejam em carga durante a noite. Estas possibilidades de aproveitamento
energético são especialmente interessantes em edifícios ou instalações
comerciais e industriais, onde haja um grande nível de atividade durante o
dia e pouca durante a noite.

Raïssa Pereira Alves de Azevêdo Neves 112


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5.4 Outros Sistemas


5.4.1 Transporte Vertical
O transporte vertical em edifícios obedece aos princípios de Arquimedes ou
Pascal. Os elevadores sobem ou descem suspensos por roldanas e
contrapesos ou seguindo as leis de multiplicação das forças hidráulicas por
pistões e cilindros. No Brasil, os elevadores mais comuns funcionam pela física
de Arquimedes. Nos Estados Unidos, antes da eletricidade, existiam
elevadores a vapor. Hoje coexistem quatro sistemas de alimentação de
energia para estas máquinas: corrente alternada com tensão e freqüência
variáveis, corrente contínua e corrente contínua com conversores estáticos.

O sistema movido por corrente alternada com tensão e freqüência variáveis


entrou no Brasil depois da abertura de 1991 e mudou o panorama da área
de projeto de elevadores. Houve uma redução significativa no número de
engrenagens, o que conseqüentemente reduziu o atrito e o nível de ruído
além de minimizar o consumo de energia e exigir pouca manutenção.
Muitos deles também fazem o autodiagnósticos, permitindo que eventuais
defeitos sejam corrigidos antes mesmo de serem percebidos pelos usuários.

Os elevadores podem ser divididos em dois grupos em relação ao tipo de


controle dos sistemas: o de controle de lógica, segurança e sinalização que
funciona como cérebro do elevador e se encarrega de definir e coordenar
a estratégia do elevador; e o de controle de movimento/ acionamento, que
determina a dinâmica do elevador e é responsável por acionar a máquina
de tração.

Hoje todos os controles de lógica, segurança e sinalização são realizados por


microcontroladores de alta performance. Eles são agrupados em um
controlador lógico programável dedicado, localizado na casa de máquinas
do elevador, que pode formar tanto um sistema centralizado como um
sistema modular de Arquitetura distribuída. O sistema fica trabalhando em
rede e executando várias funções de lógica como abrir e fechar de portas;
subir e descer; determinar em que seqüência deve atender as chamadas;
quando deve desabilitar as chamadas; definir em que pavimentos o
elevador deve parar para desembarque de usuários nas operações de
subida ou descida e etc. Esse controlador monitora também todos os
sistemas de segurança e sinalização de interface direta com o usuário,
verificando se as portas da cabine estão travadas mecânica e
eletricamente; checa se a rede de alimentação elétrica está em condições
de movimentar o elevador, verifica se a cabine está no nível do pavimento
(caso contrário manda nivelar e ainda atualiza os sistemas de sinalização de
interface com o usuário, como indicadores de posição, setas direcionais e
comunicação via sistema de voz digitalizada).

Raïssa Pereira Alves de Azevêdo Neves 113


Organização dos Sistemas e Serviços e a Integração entre eles

Ainda com relação à segurança, no caso do elevador ultrapassar certa


velocidade, o sistema de segurança eletromecânico age numa primeira
etapa parando-o suavemente e posicionando-o no pavimento mais próximo
para que os passageiros possam descer. , Em seguida, o sistema desliga o
elevador e trava.

Caso CENU - SP
O tempo de espera de elevadores e as muitas paradas até que se chegue
ao pavimento desejado são algumas das causas de maior irritação de quem
freqüenta grandes edifícios. Os empreendedores da Torre Norte acreditam
ter resolvido o problema.

Ao todo são 24 elevadores, incluindo cinco hidráulicos que atendem aos


subsolos, desenvolvidos pela empresa japonesa Fujitec. Com o objetivo de
agilizar e racionalizar a circulação vertical e o fluxo de pessoas, o edifício
divide-se em três zonas - baixa, média e alta. Cada uma delas é atendida
por seis baterias de elevadores com velocidade de 2,5 m/s a 6 m/s. Um
grupo serve os andares situados entre o
térreo e o 12o andar. Outro, do 13o ao 23o e,
finalmente, um terceiro vai do 24o ao 35o, à
velocidade de 6 m/s. Cinco elevadores
independentes ligam os andares
subterrâneos
ao saguão
principal.

Fig. 124 Planta da área de elevadores


Fig. 125 Esquema das paradas dos elevadores - CENU-SP
Fig. 126 Planilha das paradas dos elevadores
Fonte: Revista Téchne no 40 maio/jun 1999

Raïssa Pereira Alves de Azevêdo Neves 114


Organização dos Sistemas e Serviços e a Integração entre eles

Complementando, um elevador
jumbo, que serve a todos os andares,
ou seja, do 3o subsolo ao 35o
pavimento, se destina exclusivamente
ao transporte de cargas e situações
de emergência.

Fig. 127 Elevador de Carga


Fig. 128 Sala de controle dos elevadores
fonte: Arquivo Pessoal

Todo o sistema de
circulação vertical interliga-
se ao controle de portaria,
impedindo o acesso de
pessoas sem identificação,
Os elevadores fazem
também a memorização de
fluxo e trajeto para
racionalizar as operações de deslocamento.

Para acabamento interno das cabines


foram utilizados materiais como aço
inoxidável e granito, não só pela
estética, como também pela facilidade
na manutenção e limpeza.

Fig. 129 Interior de um dos elevadores CENU-SP,


uso de materiais como granito e aço inox para
acabamento.
Fonte: Arquivo Pessoal

Raïssa Pereira Alves de Azevêdo Neves 115


Organização dos Sistemas e Serviços e a Integração entre eles

Retrofit
A busca de economia, a preocupação com a estética e a necessidade de
aumentar a velocidade de transporte motivam a modernização de antigos
elevadores.

Qualquer elevador pode ter melhor desempenho com uma modernização


parcial. Peças com vida útil esgotada podem ser trocadas, pode-se atualizar
a tecnologia para tornar o equipamento mais ágil, otimizar o gerenciamento
de chamadas, reduzir o consumo energético e remodelar a cabina.

Todas as peças e equipamentos dos elevadores possuem vida útil


determinada e necessitam de manutenção periódica. Em geral, quando
esse prazo chega ao limite, a peça necessita de reparos ou troca. O
problema é que essa exigência nem sempre é cumprida, e são lançados
recursos para contornar a troca dessas peças. A prática põe em risco as
pessoas e compromete o
desempenho do equipamento.
No Brasil, 15% dos elevadores
em uso foram instalados há mais
de 35 anos; 40% têm mais que
15 anos e 20% são mais
recentes, com menos de cinco
anos.

Fig. 130 Remodelação da cabine do


elevador
Fonte: Revista Téchne no 59 Fev 2002

Modernizar
Primeiramente é importante planejar financeiramente a modernização de
forma que os custos se ajustem ao fluxo de caixa do condomínio e não
sejam amortizados de uma única vez. A reforma de um elevador, em geral, é
bastante cara.

Depois parte-se para uma análise das necessidades dos usuários. Há


empresas que oferecem pacotes de modernização que vão desde um
simples redesign da cabina, até mesmo alterações mais complexas, como
mudança do sistema de comando.

Alguns dos pontos levados em consideração:

Raïssa Pereira Alves de Azevêdo Neves 116


Organização dos Sistemas e Serviços e a Integração entre eles

9 Estética – com o tempo, a cabina do elevador apresenta riscos,


descascamentos e manchas, tanto na botoeira quanto nas paredes. O
piso pode ficar desgastado e a iluminação e ou a ventilação deficientes.

9 Deficiências mecânicas – em alguns casos as portas apresentam


problemas de contato, o elevador forma degraus com os pavimentos, a
aceleração e desaceleração são desconfortáveis, a cabina vibra nas
viagens e apresenta ruído.

9 Idade dos componentes – em elevadores com mais de 15 anos as peças


começam a apresentar desgaste.

9 Atualização tecnológica – prevê a substituição de tecnologias


ultrapassadas por atuais.

9 Casa de máquinas – com a modernização, o tamanho da casa pode ser


reduzido.

9 Velocidade – está diretamente ligada às dimensões do poço do elevador


e da cota da laje que sustenta a casa de máquinas, além do próprio
desempenho da máquina.

9 Segurança – item de maior preocupação. O limitador de velocidades e o


dispositivo controlador das portas devem ter uma correta manutenção a
fim de evitar acidentes fatais.

9 Consumo de energia – com a otimização do quadro de comando é


possível reduzir em até 40% o consumo de energia do sistema.

Fig. 131 Sistema de triagem – o usuário escolhe o andar de visita antes de acessar o
elevador. De imediato o terminal calcula qual carro está mais preparado para atender a
chamada e indica ao usuário o número do elevador disponível, eliminando a botoeira
interna e reduzindo o tempo das operações.
Fonte: Revista Téchne no 59 Fev 2002

Raïssa Pereira Alves de Azevêdo Neves 117


Organização dos Sistemas e Serviços e a Integração entre eles

5.4.2 Conforto Acústico / Sonorização de Ambientes


Sabe-se que o barulho excessivo em locais de trabalho pode provocar
estresse, dores de cabeça, impotência, além de surdez. O que pouca gente
sabe é que os ruídos mais perturbadores podem ser gerados dentro dos
próprios locais de trabalho.

Em escritórios, o barulho pode ocorrer de forma mais sutil, mas é igualmente


perturbador: campainhas de telefone, impressoras de computador,
ventiladores, aparelhos de ar condicionado e vozes humanas, que em certas
combinações e freqüências podem se tornar insuportáveis.

Os critérios para avaliar o conforto do homem estão sempre relacionados


com a tipologia do ruído impactante e a atividade que esteja sendo
desempenhada em dado momento. Os níveis limite de pressão sonora são
resultados estatísticos de investigações e representam valores admissíveis
pela maioria dos indivíduos de diferentes classes sociais. As medições são
feitas com o auxílio de aparelhos devidamente aferidos e reconhecidos por
órgãos competentes.

Dos anos 80 para cá, o Brasil vem presenciando uma pequena revolução
arquitetônica. Os prédios ficaram mais modernos, o uso de iluminação e
elevadores inteligentes aumentou, assim como o de materiais
tecnologicamente mais avançados, como o gesso acartonado.

A tecnologia do tratamento acústico também evoluiu. Hoje temos no


mercado materiais muito mais eficientes para proteção acústica do que há
20 ou 30 anos. Entre eles o gesso acartonado, os vidros duplos e os painéis de
concreto para fechamento de fachadas. Mas é preciso deixar claro que o
tratamento acústico depende apenas em parte da tecnologia. O mais
importante é ainda o bom uso dos materiais com relação ao destino do
espaço. É importante também trabalhar o som e o silêncio de maneira a não
desagradar as pessoas. A acústica, afinal de contas, não é uma área da
engenharia ou da Arquitetura, embora se aplique a ambas. É uma área da
física.

O tratamento acústico exige um conhecimento específico, pois se trata de


uma ciência pouco difundida, mesmo com seu grande alcance. Poucos
sabem do que se trata e de como ela está disseminada nas ciências e no
cotidiano.

Em 1919 foi fundada a Sociedade Americana de Acústica que é a maior do


mundo, uma referência universal. Ela tem catalogado mais de dez áreas de
atividades. A Sociedade Brasileira de Acústica, que foi fundada há poucos
anos, é uma fração da americana e tem catalogado bem menos áreas.
Entretanto, as mais importantes estão presentes no Brasil, são elas:

‰ Acústica arquitetônica

Raïssa Pereira Alves de Azevêdo Neves 118


Organização dos Sistemas e Serviços e a Integração entre eles

‰ Ultra-som, muito usado na área médica e também na indústria, para


descobrir falhas de materiais.

‰ Infra-som, as vibrações abaixo do som audível e que anunciam os


terremotos.

‰ Outros campos são acústica oceanográfica, bioacústica animal, acústica


musical, comunicação, acústica subaquática, engenharia acústica.

O desenvolvimento de pesquisas relacionadas à acústica fica restrito a


Europa, Estados Unidos e Japão e quase não é feita no Brasil.

Em relação à Acústica Arquitetônica no Brasil, pode-se notar uma maior


preocupação hoje do que há alguns anos. Esta preocupação foi originada
devido às mudanças nos conceitos de qualidade de vida e do próprio estilo
dos edifícios modernos, que passaram a ser entidades quase autônomas,
isoladas do meio ambiente. Para isso, o tratamento acústico é fundamental.
Mas a verdade é que, se a preocupação existe, a aplicação é ainda muito
pequena. Os empreendedores não investem muito porque se ressentem do
gasto extra representado pelo tratamento acústico – que, na verdade, é
uma pequena fração do custo de um edifício. A maior parte dos
empreendedores contenta-se em colocar forros acústicos ou janelas de
vidros acústicos. O projeto, se é que pode ser chamado assim, é executado
por alguém da construtora, ou por profissional com noções gerais de
acústica. Poucos edifícios comerciais têm de fato tratamento acústico. O
tratamento acústico é ainda mais utilizado em salas de espetáculo, por
motivos óbvios. Nelas, o tratamento tem de ser realmente de boa qualidade.

Dados estatísticos levantados recentemente, mostram que ainda é pequeno


o número de prédios (residenciais e comerciais) tratados do ponto de vista
acústico no Brasil. A grande maioria deles concentrados em São Paulo e no
Rio de Janeiro. Como referências pioneiras no Brasil podemos citar:

Caso Citibank - SP
O prédio do Citibank, na avenida Paulista, construído em 1986, é um
exemplo. O projeto arquitetônico é de Gianfranco Gasperini e o padrão de
excelência acústica é muito alto. O prédio é constituído de escritórios
panorâmicos onde foi preciso buscar uma síntese completa entre o conforto
acústico e a operação do edifício.

Em um escritório muito silencioso pode-se não ouvir o barulho de fora, mas


perde-se a privacidade. Consegue-se escutar uma conversa por telefone a 5
m de distância, por exemplo. Isso foi levado em consideração no prédio do
Citibank e o resultado foi excelente.

Foi usado o barulho do ar-condicionado no projeto acústico. Quando é


muito silencioso, o ar-condicionado não mascara o som ambiente e quando
é muito alto, torna-se irritante. Então, foi feita uma aliança entre o ruído do
ar-condicionado e um sistema de mascaramento eletrônico com alto-

Raïssa Pereira Alves de Azevêdo Neves 119


Organização dos Sistemas e Serviços e a Integração entre eles

falantes sobre o forro, que imita o barulho de chuva. É muito baixinho, quase
imperceptível, mas funde-se com o som do ar-condicionado e mascara as
vozes do ambiente.

Foram utilizados também sistemas de isolamento sonoro. Um desses sistemas


empregados são biombos de aglomerado de madeira com espuma dos dois
lados. O forro de chapas metálicas perfuradas com aplicação de lã de vidro
também cumpre esse papel, assim como os vidros especiais das janelas, que
impedem a entrada dos ruídos de fora. A colocação desses materiais
obedeceu a cálculos rigorosos. Entre as chapas metálicas e o concreto do
teto há um espaço de ar com dimensões corretas. O material absorvente
sobre as chapas perfuradas tem exatamente 37 mm. (Mawakdiye, 2000)

Outro exemplo de edifício tratado acusticamente é o WTC – SP, onde a rede


Meliá tem um extremo cuidado com o projeto acústico dos hotéis porque
esses funcionam, hoje, como centros de convenções empresariais. No Meliá
Comfort WTC há uma central de som ambiente que atua como sistema de
alarme e sinalização do prédio. As salas de convenções (dispostas no
mezanino) possuem pontos para ligação de autofalantes, CD, DVD ou vídeo.
O som, porém, é enviado dessas salas para a central, onde é amplificado e
enviado de volta para o ponto de partida. Existe ainda a opção de remeter
o som para todas as áreas comuns do edifício.

5.5 Principais Funções de Gestão desempenhadas


pelos Sistemas e Serviços de Automação Predial
Este item trata das questões relativas à função e gestão da tecnologia do
Edifício Inteligente. Observamos que ela não se confunde com a gestão do
Edifício Inteligente enquanto empreendimento comercial, o que trataremos
no capítulo 6.

Dentre as mais importantes, destacam-se as de gestão dos sistemas técnicos


e dos serviços que fazem o edifício funcionar, o balanço e planejamento da
otimização energética do edifício, e por último a questão da gestão da
segurança dos sistemas, que embora já tenha sido tratado em parte no item
5.3, aqui ganha um lugar privilegiado.

Salientamos ainda que as questões da gestão devem ter uma interface


híbrida, pois, em parte o sistema é automático e em parte ele deve ser
monitorado por técnicos e engenheiros permanentemente.

Raïssa Pereira Alves de Azevêdo Neves 120


Organização dos Sistemas e Serviços e a Integração entre eles

5.5.1 Gestão dos Sistemas e Serviços


Os sistemas de automação devem ser capazes de decodificar as
mensagens de sensores e exercer sobre atuadores, com ou sem a
participação dos seres humanos, tomar decisões que organizem o uso e as
condições das instalações e dos vários ambientes de um edifício.(Marte,
1995)

Para os Sistemas citados anteriormente, este sistema é capaz de:

1. Monitorar o estado atual dos equipamentos e de outros elementos


associados a um determinado Sistema:

‰ Indicar se o equipamento está ligado/desligado;


‰ Verificar a posição da chave local/remoto, indicando se o equipamento
pode ou não ser remotamente controlado;
‰ Indicar o desligamento/ligamento de algum equipamento por algum
motivo de defeito ou falha deste ou da instalação;
‰ Indicar a leitura de grandezas analógicas, temperatura, pressão e vazão;
‰ Leitura da posição atual de um atuador.
2. Posicionar o estado destes equipamentos:

‰ Ligar/desligar remotamente equipamentos;


‰ Através do ajuste do set-point, dentro dos seus limites de atuação – faixa
de 0 a 100%.
3. Executar algoritmos de controle e/ou otimização específicos por
equipamentos e áreas:

‰ Possibilitar o ligamento/desligamento de equipamentos em horários pré-


programados, calendários, eventos exteriores, e resultado de cálculos
lógicos ou matemáticos, por exemplo, programação horária;
‰ Indicar através de arquivos históricos a totalização de horas de
funcionamento, horas paradas, ou consumo elétrico (kWh) para os
equipamentos a serem monitorados;
‰ Registrar através de arquivos históricos, grandezas analógicas para os
equipamentos ou linhas de energia que se quer monitorar;
‰ Exercer controle sobre atuadores analógicos em função de entradas
analógicas, cálculos matemáticos, eventos, etc;
‰ Registrar através de arquivos históricos os alarmes ou outras indicações
por equipamentos ou por áreas;
‰ Possibilitar funções lógicas e matemáticas
4. Apresentar as informações provenientes dos processos controlados e/ou
supervisionados em quadros sinóticos:

Raïssa Pereira Alves de Azevêdo Neves 121


Organização dos Sistemas e Serviços e a Integração entre eles

‰ Possibilitar associar um evento qualquer nos processos ou totalização


máxima de operação de um determinado equipamento com um alarme
ou um outro indicativo da ocorrência do fato, por exemplo, um diagrama
sinótico.

5. Configurar a Arquitetura do sistema e parâmetros de controle:

‰ Possibilitar através de interfaces gráficas ou outro tipo de interfaces a


configuração de: pontos de controle, parametrizações, elementos de
controle e elementos de sistema – por exemplos gateways (conversores
de protocolos).

5.5.2 Gerenciamento da Energia


Os programas de manutenção podem ser programados diariamente ou
semanalmente segundo períodos de manutenção preventiva, tarefas,
projetos de trabalho, planos de reparações ou planos de reparações de
emergência. O sistema inicializa imediatamente respostas às quebras ou
falhas registrando situações de alarme para quaisquer condições fora do
normal ocorridas no edifício. Assim lidamos e gerimos com maior eficiência
todo o edifício, menos quebras, aumentando o conforto dos utilizadores e
diminuindo os consumos energéticos.

Os programas de gestão de energia podem incluir um sistema capaz de


técnicas de auto-aprendizagem temporal, ou seja, ele pode ir armazenando
dados de ligações de aparelhos tais como climatizadores e iluminação e
com o decorrer do tempo criar bases de dados historiais para calcular o
tempo possível de inicialização de um determinado sistema e obter um
conforto adequado.

Processadores com técnicas de auto-aprendizagem são capazes de prever


a hora de funcionamento de um determinado compartimento. Durante um
período de não utilização de uma divisão, o sistema deverá ser capaz de
alterar a iluminação e climatização para parâmetros definidos como
noturnos ou de não funcionamento, como é o caso do ciclo noturno.
Durante o período de utilização, o sistema deve ser capaz de conservar
energia e otimizar o uso de energia elétrica ligando e desligando o sistema
de climatização, encontrando-se sempre dentro de limites pré-definidos de
conforto.

Em qualquer Edifício Inteligente deve existir um gerador de energia elétrica


de forma a estar sempre presente em qualquer situação de emergência.
Esta energia de emergência terá como função o fornecimento de corrente
elétrica que garanta os sistemas de segurança mínimos, tais como luzes de
emergência, serviços de detecção de incêndio, assim como todo o
equipamento ligado ao PC (Master) da gestão do edifício e equipamentos
de ar condicionado de áreas pré-determinadas.

Raïssa Pereira Alves de Azevêdo Neves 122


Organização dos Sistemas e Serviços e a Integração entre eles

Parte da iluminação poderá ser gerida pelo sistema de gestão de energia. A


automação da iluminação pode ser feita através de programação de
luminosidade com a ajuda de sensores de iluminância, ocupação ou
detecção integradas de maneira a fornecer informação às placas
microcontroladoras e conseqüentemente ao PC (Master). Desta forma, com
o controle e automação da iluminação podemos obter diminuição dos
consumos energéticos nesta área entre os 30 e 50%.

Os sistemas de controle de iluminação por computador utilizam


comunicações em par entrelaçado para ligar o sistema de iluminação a
CPU utilizando painéis transdutores (FPUs). Cada planta está dividida em
várias zonas. A gestão da iluminação é feita a partir do PC (Master). As luzes
acendem-se e apagam-se segundo horários previstos e programáveis,
consoante a estação do ano, o tipo de compartimento, a previsão de horas
de ocupação, etc. Deve existir uma rede de iluminação manual, ou então
ser previsto a comutação do sistema de automático para manual, sempre
que seja necessária permanência de alguém no edifício depois do horário
previsto. Em modo automático, as luzes acendem-se à entrada de um
indivíduo onde a iluminação não é suficiente. As luzes se apagam de forma
temporizada quando não detectam presença, sendo esta temporização
programada a qualquer momento e independente de compartimento para
compartimento.

5.5.3 Gestão da Segurança dos Sistemas


Os sistemas de automação predial devem ser capazes de decodificar as
mensagens dos sensores de presença, detectores de fumaça ou
controladores de acesso, assim como posicionar câmaras de CFTV e acionar
elementos indicativos de situações de alarmes, conforme será detalhado,
com ou sem a participação de seres humanos.

Possibilidades dos sistemas:

1. Através de controle de acesso e telebloqueio, permitir a entrada de


pessoal e determinar a sua rota através dos telebloqueios.
2. Para o sistema de detecção de fogo:
‰ Indicar o estado dos detectores e das linhas (redes de detectores);
‰ Indicar o estado das chaves de fluxo de rede de sprinklers;
‰ Temporizar a ativação de alarmes em função de eventos associados a
este sistema;
‰ Associar eventos com diagramas sinóticos e procedimentos automáticos,
que irão disparar ações pré-programadas de combate a incêndio.
3. Através da segurança perimetral interna e externa, associar alarmes e
câmeras, para formar um registro histórico visual destes.

Raïssa Pereira Alves de Azevêdo Neves 123


6 A Gestão Empresarial e os
Investimentos nos Edifícios Inteligentes
A Gestão Empresarial e os Investimentos nos Edifícios Inteligentes

6.1 Gestão da Produção


A produção dos Edifícios Inteligentes exige que as construtoras passem por
uma série de alterações nos seus hábitos de relações inter-empresariais, de
pessoal, de gerência de recursos, etc. Assim, a construtora do futuro será
uma empresa de multifunções, atuará como integradora de negócios e de
conhecimentos capaz de desempenhar e agregar diversas atividades.
Atuarão no campo de incorporação e desenvolvimento de negócios,
gestão de contratos e administração e manutenção de empreendimentos.
Será empreendedora de negócios ou gestora de negócios de terceiros. Para
chegar lá, as construtoras de hoje precisarão aperfeiçoar a capacitação
financeira e a gestão administrativa e executiva da empresa. Este rumo já
está sendo tomado por construtoras como Hochtief, Método, Setin, Inpar e
Gafisa.

De acordo com o consultor Nilton Vargas, a mudança de postura dessas


empresas deve-se a um acirramento da competitividade. “De uns anos para
cá, a concorrência no setor ficou ainda maior. As tecnologias foram, de
certa forma, democratizadas para grandes e médias construtoras. Ficou
evidente a necessidade de um diferencial de mercado”, analisa Vargas. Os
primeiros passos dessa trajetória começaram a ser dados há alguns anos
com o avanço da terceirização sobre as atividades do canteiro e o
conseqüente enxugamento dos quadros operacionais. A Método
Engenharia, por exemplo, de quatro mil funcionários passou para 400,
mesmo caminho trilhado pela Gafisa.

Esse processo foi acompanhado por um aperfeiçoamento nos sistemas de


gestão, tecnologia e qualidade. Ou seja, na “inteligência” das empresas. A
Método, por exemplo, vem desenvolvendo um sistema de parceria fixa com
seus fornecedores e prestadores de serviço que é a base de sua estrutura
atual. Essa formatação passa por um sistema de seleção e fiscalização
rígidos, a fim de garantir a manutenção da qualidade dentro dos padrões
exigidos. No caso da Método, os diretores fazem questão de afirmar que não
se trata de uma metodologia simplesmente, mas de um sistema baseado em
um código de princípios. “Nosso sistema está fundamentado na confiança
mútua e em uma relação confiável entre a empresa e seus fornecedores”,
afirma Hugo Marques da Rosa. Na prática, a empresa trabalha com
fornecedores fixos e evita o desgaste de lançar-se em concorrências ou
excesso de fiscalizações.

Neste ano, a empresa deverá investir mais tempo no treinamento do seu


quadro técnico sob um enfoque mais humanista, conforme revela Roberto
Tadeu Mingrone, gerente de desenvolvimento organizacional da Método.
“O engenheiro no Brasil não é preparado para lidar com pessoas ou
coordenar grupos. E esta é a função que ele acaba realizando como
engenheiro de produção”, diz Hugo Marques da Rosa, presidente do
conselho de administração da Método. Para ele, esta é uma lacuna
atualmente mais relevante do que a questão do analfabetismo na

Raïssa Pereira Alves de Azevêdo Neves 125


A Gestão Empresarial e os Investimentos nos Edifícios Inteligentes

construção civil. A seu ver, os novos tempos pedem uma postura


diferenciada dos engenheiros, mais receptiva ao aprendizado, para que
permita o fluxo do conhecimento entre todos os elos da cadeia, do mestre-
de-obras aos projetistas. “Nossa estratégia é oferecer produtos de maior
qualidade e valor agregado”, afirma Marques da Rosa. Ele explica que a
meta exige treinamentos e investimentos, mas também “passa pela
organização da empresa, novos relacionamentos com os parceiros e uma
gestão do conhecimento visando uma rede de competências integradas”.

Para o consultor Nilton Vargas, um novo modelo de relações pessoais e de


negócios deverá ser a base do upgrade das empresas do setor nesta
década. “A construção é o setor mais atrasado em termos de gestão
empresarial com relação a outros segmentos produtivos”, diz Vargas.
Segundo ele, as empresas modernas estão percebendo o valor do know-
how do conhecimento que é acumulado por seus funcionários, mas que em
geral se perde ou fica dissipado entre as diversas áreas da empresa. É
comum, por exemplo, em uma mesma empresa, duas equipes se
empenharem para solucionar problemas similares. “O conhecimento é da
empresa, mas está no funcionário. É preciso criar técnicas para registrar e
documentar esse aprendizado, que pode acelerar e aperfeiçoar os projetos
futuros”, diz Nilton Vargas.

Giorgio Vanossi, diretor de engenharia da Setin (empresa voltada para a


introdução de novas tecnologias), compartilha da mesma opinião. “Na
construção tem muito disso. Cada obra é uma nova história”. Segundo
Vanossi é possível pegar atalhos e diminuir o custo do retrabalho do
raciocínio, que se evidencia em projetos mais ajustados e definidos. No caso
da Setin, esse processo tem fundamento na inserção cada vez maior da
informatização nos processos de gestão, na visão da construtora como uma
empresa de montagem e gerenciamento. “Haverá uma divisão natural no
mercado, com empresas especializadas na execução de serviços, de um
lado e construtoras dedicadas a coordenar todo o processo construtivo e de
desenvolvimento do negócio de outro.”

Acostumadas à atividade de construir, o desafio para essas empresas passou


a ser o de mudar de perfil sem perder suas características originais. Por isso,
uma preocupação comum a elas é a qualidade do fluxo de informação e
do processo de acúmulo de conhecimento – ao deixar de executar
diretamente os serviços, o sigilo industrial de cada empresa passou a se
concentrar em seu know-how técnico e empresarial. Para o consultor Nilton
Vargas, essa busca acabou se direcionando a um modelo de gestão
caracterizado por redução da hierarquia, em que a informação flui com
maior facilidade e que requer maior democratização das relações de
trabalho, com compartilhamento das responsabilidades e descentralização
do poder.

Parte de uma holding internacional, a construtora Hochtief desencadeou o


seu processo nesse sentido há cerca de cinco anos. O diretor presidente
André Glogowsky explica que os níveis hierárquicos na empresa foram
reduzidos ao máximo e resumiram-se à presidência, diretoria e gerentes de
Raïssa Pereira Alves de Azevêdo Neves 126
A Gestão Empresarial e os Investimentos nos Edifícios Inteligentes

contrato. “Estes são os responsáveis por levar as informações aos outros


setores”. Cada empreendimento a ser desenvolvido gera um fórum técnico
e comercial (project team), formado por gerentes e funcionários de todos os
setores envolvidos na execução. Os participantes contribuem com o seu
expertise para aperfeiçoar o orçamento e o planejamento da obra. “Temos
plena consciência que o nosso corpo técnico é essencial para o
aperfeiçoamento do nosso trabalho”, diz Glogowsky.

Uma das primeiras a terceirizar atividades, a Hochtief, no entanto, define seu


modelo de atuação de acordo com as características de cada contrato. O
perfil da empresa pode variar de gestora do contrato, executante dos
serviços, desenvolvedora de negócios ou co-parceira do empreendimento.
“Hoje, é fundamental a empresa ter flexibilidade para se adequar aos
diferentes tipos de solicitações dos clientes e do mercado”, diz o presidente.
Uma das metas da Hochtief é repassar a terceiros também atividades
administrativas que não sejam diretamente ligadas ao negócio de
engenharia. “Nosso foco é a gestão da engenharia”, diz ele, “e o
fundamental são os setores de planejamento e orçamento”. Sintonizado
com as tendências mundiais, Glogowsky diz que a globalização pede
relações comerciais mais diretas e confiáveis. “As construtoras devem se
posicionar como o agente que vai responder pelo empreendimento todo
junto ao cliente, pois é isso que ele quer. Não interessa a esse cliente saber
quem vai fazer o quê, mas receber da construtora a garantia necessária
para o resultado do empreendimento.”

A comunicação é o elo fundamental desse perfil de empresa moderna e


ocorre ao mesmo tempo em que se ampliam os recursos produzidos pelas
novas ferramentas de comunicação, como as redes de intranet e extranet.
A popularização da Web reduziu distâncias, substituiu a hora do cafezinho e
transformou o bate-papo virtual numa das marcas desse início de século. Por
que não aproveitar isso para melhorar os resultados da empresa? Isso traria
benefícios, mas a inserção dessa mania para o ambiente de trabalho com
fins absolutamente profissionais pode não ser um passo tão fácil assim.

Um dos grupos que se antecipou na modernização do seu sistema de


comunicação interna é o da construtora Norberto Odebrecht. “Desde a
década de 90 percebemos a necessidade de reutilizar o conhecimento do
nosso pessoal, iniciando um movimento para organizar as informações sobre
idéias, métodos e práticas inovadoras disponíveis na empresa”, diz Olindina
Dominguez, responsável pelo Centro de Informações e Apoio ao
Desenvolvimento de Negócios. Logo de início, a Odebrecht adotou um
sistema de comunicação baseado nos protocolos da internet, que se
transformaria mais tarde numa rede de intranet e virou atualmente um portal
corporativo. Nele, ficam disponibilizadas informações aplicáveis a todo o
ciclo do negócio.

“Mas a informação é um bem pessoal que o ser humano retransmite se


quiser”, diz Nilton Vargas. “Colocar um computador na frente de uma pessoa
não garante o bom fluxo das informações”, adverte. De fato, logo a CNO se
depararia com um dos principais problemas desse enredo: a resistência do
Raïssa Pereira Alves de Azevêdo Neves 127
A Gestão Empresarial e os Investimentos nos Edifícios Inteligentes

público interno em empregar a ferramenta. “A nossa intranet, como deve ter


ocorrido na maioria das empresas, começou como um grande repositório de
dados. Embora rica em conteúdo, era pouco utilizada pelo nosso pessoal
dos canteiros que continuava reinventando a roda”, lembra Olindina.

Mas a empresa não desistiu. Alicerçada em um tipo de gestão


descentralizada, em que cada contrato é quase uma nova empresa, o
grupo foi atrás de soluções para vencer as resistências encontradas. Criou o
“Prêmio Destaque” como estratégia inicial para estimular a documentação
e multiplicação das boas idéias surgidas nos canteiros e acabou
desenvolvendo um sistema próprio para estimular a transmissão do
conhecimento dentro da própria empresa. “O futuro exige a utilização cada
vez mais intensa de ferramentas que possibilitem o trabalho cooperativo e
integrado à distância”, diz Olindina. Entre as metas do grupo, traçadas até
2010, inclui-se o incremento do e-business, um portal com foco em compras
e logística.

Para Raul Leite Luna, presidente do conselho de administração da Gafisa, as


construtoras brasileiras devem se preparar para um período em que a
profissionalização será o maior diferencial de mercado. Isso representa, a
mudança de perfil de empresa familiar para uma empresa formada por
acionistas. Segundo ele, a própria Gafisa – uma empresa de sociedade
anônima – se prepara para abrir seu capital nas bolsas daqui a dois anos.
“Esta será uma das mais atrativas formas de captação de recursos”, diz ele,
“mas exige estruturas empresariais transparentes”. Diz ainda que o
consumidor brasileiro vem se tornando mais exigente e que as empresas
devem procurar atender às novas necessidades do seu público. No caso da
Gafisa, que atua basicamente na área residencial, a estratégia passa pelo
incremento da comunicação com o cliente via internet. “Dentro do mundo
globalizado, a informação instantânea será uma das chaves dos negócios”.

Com um perfil receptivo às novas tecnologias, a construtora Setin


(especializada na utilização de sistemas industrializados em todo o processo
construtivo), buscou a melhoria dos processos de comunicação como um
novo desafio competitivo. Entre os passos dados pela empresa, inclui-se a
adoção de sistemas de gerenciamento eletrônico dos projetos e das áreas
administrativas, que deverá facilitar o perfil de construtora empreendedora
de negócios. “O futuro aponta para uma especialização das construtoras
nas áreas de negócios”, diz Antonio Setin, presidente.

Em seus canteiros de obra, a Setin costuma instalar de 14 a 17


microcomputadores sempre novos. “A obra precisa de tecnologia e
agilidade. Depois de dois anos esses equipamentos estão obsoletos e é
praticamente impossível reutilizá-los”, diz o diretor. Para o processo ter êxito,
no entanto, é imprescindível uma disposição dos líderes da empresa, que
empurram as demais áreas a se adequar aos novos tempos, nem que seja
proibindo o uso de outras alternativas. “O desafio principal é fazer com que
os usuários possam selecionar as informações mais relevantes, evitando a
perda de tempo com dados inúteis”, diz Vanossi.

Raïssa Pereira Alves de Azevêdo Neves 128


A Gestão Empresarial e os Investimentos nos Edifícios Inteligentes

Uma nova etapa a ser tocada pela empresa é o aperfeiçoamento dos


sistemas de logística do canteiro, dado o avanço da industrialização das
etapas e, por conseqüência, da presença de terceiros no canteiro de obra.
Hoje a construtora utiliza fachadas prontas, lajes e banheiros pré-fabricados,
estruturas metálicas e gesso acartonado. “Para melhorar a sintonia entre as
diversas peças do jogo, diz Vanossi, é preciso ampliar os gastos com projeto,
que em geral ficam na casa de 5% do custo total do empreendimento, para
um limite de 10%”. O engenheiro destaca ainda a tendência de
fornecedores de produtos tornarem-se fornecedores de serviços no canteiro.
Segundo ele, esse é um processo irreversível e bastante vantajoso, uma vez
que o fornecedor detém maior conhecimento sobre o seu produto e pode
agregar maior qualidade ao sistema.

Para Luis Henrique Ceotto, diretor de engenharia da Inpar, a modernização


do processo construtivo ainda não terminou e há muito que avançar. “O
que deverá ser utilizado nos próximos dez anos ainda não foi concebido”, diz
ele. A seu ver, a construção deverá sair definitivamente da visão de
componentes para uma visão de sistemas construtivos. “À construtora
caberá a coordenação da montagem”. Para tanto, o Brasil deve avançar
no processo de coordenação modular dos produtos. Na sua opinião, essa
falta de visão sistêmica e os usos de processos artesanais são as razões da
baixa produtividade em uma obra. Essa nova relação deverá ser marcada
por um novo tipo de participação dos fornecedores, que passam a agregar
mais valor ao seu produto. Segundo Ceotto, o uso dos sistemas
industrializados reduziu a necessidade de mão-de-obra na Inpar que era de
45 a 60 homens/hora por m2, para cerca de 15 a 22 homens/hora por m2.

Mas, para se adiantar nesse modelo, é fundamental uma preocupação com


o sistema de qualidade. No caso da Inpar, foi criado um comitê responsável
pelo estudo e avaliação dos procedimentos, que se encarrega da
normatização interna. Esse comitê analisa o trabalho dos dez grupos de
desenvolvimento de tecnologia e é formado por quatro engenheiros e um
consultor externo. Os grupos abrangem os seguintes itens: estruturas,
fundações, instalações prediais, segurança, canteiro de obras, vedações
(fachadas e portas), impermeabilização, projetos, sistemas prediais e
informatização. Uma vez analisadas, testadas e aprovadas, essas normas
vão para uma espécie de manual e devem ser seguidas integralmente na
obra. Segundo Ceotto, é comum esse trabalho ser requisitado por comitês
da ABNT. “São vetores responsáveis pela modernização constante dos
sistemas construtivos aplicados dentro do canteiro”. O engenheiro diz que
esse processo caminha em paralelo com a modernização dos demais
processos da empresa, tais como sistemas de contabilidade on-line e sistema
de gerenciamento das obras. Ceotto destaca a tendência das construtoras
de reduzirem o volume de financiamento, buscando parcerias nos negócios.
“Cada vez mais os empreendimentos devem ser vistos como empresas
separadas do corpo da construtora. Para isso, as empresas devem ampliar
sua visão de negócio focando não somente a tecnologia, mas também a
gestão e o gerenciamento do processo”.

Raïssa Pereira Alves de Azevêdo Neves 129


A Gestão Empresarial e os Investimentos nos Edifícios Inteligentes

Para Fábio Martins, diretor técnico da construtora Conceito, a separação


entre execução e coordenação apresenta alguns riscos. “A vocação de
uma construtora é praticar a engenharia”, diz ele. A seu ver, a atuação em
campo é o que permite o acúmulo de conhecimentos que são
reaproveitados a cada novo projeto. “A única maneira de ser mais
competitivo é investir na engenharia na fase de desenvolvimento do projeto
e planejamento”, contrapõe. Hoje a Conceito tem como filosofia o
desenvolvimento do projeto por um prazo de no mínimo seis meses. “Ainda
não é o ideal, mas evoluímos bastante”, diz Martins, referindo-se ao processo
norte-americano. "Por lá, um empreendimento normalmente é planejado e
estruturado durante cerca de um ano, para depois ser rapidamente
construído", pondera ele. Para Martins, a terceirização por pacotes de
serviço, como tem ocorrido, tem outros inconvenientes. “No caso da
engenharia, onde se trabalha com riscos e segurança, é preciso pensar se
esse processo é mais eficiente”. Ele levanta a questão sobre o BDI em
cascata, uma vez que há várias subcontratações, o que em tese pode gerar
custos extras. Fábio aponta ainda a necessidade de maior investimento das
empresas em gestão, fiscalização e controles, em detrimento ao
desenvolvimento das soluções de engenharia.

A Odebrecht montou seu banco de informações via internet, no entanto


não funcionou. O trabalho de diagnóstico da Neolabor concluiria que os
usuários não se mobilizavam a utilizar a tecnologia. “O foco do processo
privilegiava o meio, a tecnologia, e não as pessoas, justamente quem
dominava o conhecimento”, diz Nilton Vargas. Por isso, as pessoas não se
sentiam motivadas a trocar o seu conhecimento. “Para a informação fluir
melhor, era preciso aproximar as pessoas”, diz. A solução foi sair do meio
virtual e criar um ambiente real para que as pessoas pudessem trocar idéias.
Assim surgiram, no ano 2000, as Comunidades (redes de conhecimento,
caracterizadas por grupos que se reúnem motivados por interesses comuns).
Uma das particularidades do trabalho, lembra Vargas, foi levantar qual seria
o tema capaz de motivar a participação espontânea dos funcionários.
Foram estabelecidos dois grupos principais: aqueles ligados ao tipo de obra –
barragens, aeroportos, rodovias – e outro ligado a temas mais abrangentes
como qualidade, meio ambiente e segurança.

A criação de uma Comunidade inicia-se com um evento de instalação e


inclui dinâmicas de grupo, com o objetivo de estimular os participantes a
expor seus conhecimentos sobre o assunto. A partir daí se dá um amplo
processo que inclui conversas, consultas, fórum de dúvidas e apresentação
de soluções. Os próprios ativistas elegem um líder e decidem o que pode ser
disponibilizado na rede. O processo é contínuo e os participantes se tornam
ao mesmo tempo uma espécie de consultores internos da empresa,
podendo ser chamados a contribuir com seu conhecimento em outros
empreendimentos do grupo. A primeira comunidade instalada foi a de
Barragens e Usinas Hidrelétricas. Criou-se também o SOS Engenharia e há
ainda os grupos de colaboração on-line, que opinam e verificam projetos
publicados na rede interna. Por outro lado, esse processo migrou
diretamente para a internet, alimentando o portal corporativo da

Raïssa Pereira Alves de Azevêdo Neves 130


A Gestão Empresarial e os Investimentos nos Edifícios Inteligentes

Odebrecht, que permite uma série de recursos e buscas refinadas. Um


exemplo: quando um gerente de engenharia pesquisa alguma metodologia
executiva, pode acessar informações de obras similares, currículos de
colaboradores que dominam o assunto, lista de consultores internos e índices
de produtividade e de equipamentos empregados naquele tipo de serviço.
“A idéia é reunir todo esse acervo de informações no meio eletrônico
facilitando ao máximo sua utilização por parte dos usuários”, conclui
Olindina.

6.2 Gestão Administrativa Predial


A complexidade de todos os aspectos relacionados em assegurar um bom
funcionamento dos edifícios deu origem ao aparecimento de uma nova
categoria profissional: os Gestores de Edifícios (Facility Managers).

A Gestão Integrada de Edifícios (Facility Management) teve as suas origens


na área da manutenção de edifícios. No entanto, à medida que os edifícios
tornaram-se entidades mais sofisticadas e complexas, e em constante
mutação, o número de tarefas e aspectos a levar em conta aumentaram
significativamente, passando a manutenção a ser apenas um deles.

Refletindo a implantação desta nova classe de trabalhadores, existem por


todo o mundo inúmeras associações de caráter profissional que congregam
os ditos Gestores de Edifícios, ou quem efetivamente desempenha esse tipo
de funções ou ainda quem está associado a elas de algum modo. Essas
associações possuem particular relevância nos EUA, no Japão e na Europa
(onde se destacam a Inglaterra, a Alemanha, a Holanda e a França).

Nos EUA, a International Facility Management Association (IFMA) foi criada


em Outubro de 1980 e congrega hoje mais de 14 000 pessoas. No entanto,
convém notar que em muitos países, essa categoria profissional não está
identificada, nem possui associações que a representem.

Por outro lado, não existem formas “Facility Management”. A tradução


apresentada torna, por um lado, mais explícita a noção de que existem
múltiplas vertentes de atuação e, por outro lado, mostra que todas essas
vertentes necessitam ser coordenadas entre si(oficiais ou não) de adquirir
conhecimentos e qualificações nesta área.

Em contraste, na Inglaterra é hoje possível obter graus de licenciado,


mestrado e até doutorado em Gestão de Edifícios, e é muito diversificada a
oferta de cursos de curta duração sobre diversos temas específicos
relacionados ao assunto.

O gestor de edifícios tem a seu cargo um conjunto de atividades que dão


suporte e potenciam a atividade produtiva das organizações, de forma que
estas utilizem da melhor maneira os recursos disponíveis e que possuam a
melhor produtividade e competitividade possíveis.

Raïssa Pereira Alves de Azevêdo Neves 131


A Gestão Empresarial e os Investimentos nos Edifícios Inteligentes

As áreas de conhecimento envolvidas são a gestão, a administração, as


ciências sociais, a Arquitetura e várias vertentes de engenharia (mecânica
eletrotécnica e informática).

Dentre as funções que normalmente lhe competem, citam-se as seguintes:

9 Previsão financeira e orçamentação associada às instalações;

9 Planejamento da manutenção de longo e curto prazo;

9 Gestão e distribuição de espaço;

9 Planejamento das instalações e locais de trabalho e ainda a antevisão de


novas necessidades;

9 Planejamento e evolução do posto de trabalho;

9 Seleção de equipamento de escritório e mobiliário;

9 Planejamento e gestão de mudanças;

9 Gestão de contratos (aluguéis, arrendamentos, seguros, manutenção de


equipamento, subcontratação, etc.);

9 Gestão de reclamações;

9 Gestão do parque imóvel da organização (incluindo os processos de


venda, aquisição ou construção de novos imóveis);

9 Gestão de projetos de construção;

9 Planejamento e gestão de operações de renovação;

9 Supervisão de serviços associados às instalações técnicas, à segurança,


às telecomunicações, à comunicação de dados, à gestão de cablagem,
etc;

9 Supervisão de serviços administrativos gerais (serviços de alimentação);

9 Limpeza, reprografia, transportes, etc;

9 Planejamento de ações e sua coordenação em situações de


emergência ou catástrofe (Disaster Planning and Recovery);

9 Registro de toda a informação relevante para permitir a análise da


gestão dos edifícios da organização ao longo da sua evolução e
comparação com outras organizações similares;

9 Controle das aplicações de normas legislativas no âmbito do edifício


(sinalização, proteção contra fogo, qualidade do ar, regras para evitar
acidentes no trabalho, aspectos ecológicos, políticas de reciclagem,
etc.);

Raïssa Pereira Alves de Azevêdo Neves 132


A Gestão Empresarial e os Investimentos nos Edifícios Inteligentes

9 Coordenação de aspectos de educação e formação contínuas.

Ainda cabe uma referência particular à evolução explosiva de produtos


informáticos, que visam apoiar o gestor de edifícios nas suas tarefas.

Após uma fase um pouco incipiente e frustrante em que os produtos


disponíveis não eram mais que simples adaptações de sistemas genéricos de
CAD (Computer Aided Design) e/ou de bases de dados, assiste-se hoje à
disponibilização de produtos ditos de CAFM (Computer Aided Facility
Management) ou CIFM (Computer Integrated Facility Management), muito
completos e eficazes.

A título ilustrativo, existem hoje produtos em que facilmente se pode visualizar


o aspecto exterior do edifício, selecionar um piso, visualizar a sua planta,
selecionar uma dada área, saber qual a sua dimensão, quem a usa, que
fichas de telecomunicações e de comunicação de dados dispõem, a que
equipamentos estão ligados, etc.

São também possíveis funcionalidades, tais como simular novas distribuições


de espaço, novos cenários de arrumação do mobiliário e gerar listas de
ações a realizar para se tornar efetiva a mudança ensaiada.

No Brasil
A função de building manager, também chamada de administrador predial
ou gerente de condomínios é relativamente nova no mercado brasileiro.
Surgiu na metade da década de 90 graças ao “boom” dos Edifícios
Inteligentes, localizados principalmente nas regiões das avenidas Paulista,
Faria Lima e Luiz Carlos Berrini.

Os proprietários (basicamente fundos de pensão, construtoras e grandes


companhias) descobriram na hora de contratar as pessoas para o
gerenciamento desses edifícios que o bom e velho zelador não daria conta
do recado. Era preciso partir para uma administração profissional.

Havia, no entanto, um problema: não existia ninguém pronto para encarar


esse desafio. Quem mais se aproximava do perfil eram os administradores de
shopping centers, mas não preenchiam todos os pré-requisitos.

A saída foi buscar executivos que pudessem se adaptar mais facilmente à


função. Ainda assim, não era uma tarefa fácil.

Hoje, a carreira de building manager está ficando mais conhecida, ainda


mais pelos salários que variam entre 5 e 25 mil reais.

Caso – WTC -SP


Quem passa pela Marginal do Rio Pinheiros e observa o complexo do World
Trade Center, no Brooklin, geralmente não tem idéia do que está por trás da
sua portentosa fachada. Composto pelo Shopping D&D, o luxuoso Hotel

Raïssa Pereira Alves de Azevêdo Neves 133


A Gestão Empresarial e os Investimentos nos Edifícios Inteligentes

Meliá e uma torre de 29 andares ocupados por grandes organizações, o


WTC é um modelo de modernidade.

Tudo ali funciona com a precisão de um relógio suíço para atender um


público diário de 8000 pessoas. Seu "prefeito" é o executivo Helmut José
Fladt, um engenheiro agrônomo de 36 anos que tem sob seu comando uma
equipe de 180 pessoas, entre subordinados diretos e profissionais de
empresas terceirizadas.

Fladt, que fala fluentemente inglês e alemão, trabalhou apenas cinco anos
como agrônomo e depois ingressou no setor imobiliário. Aprendeu os
segredos das atividades de avaliação e locação de imóveis, que hoje são
fundamentais no seu dia-a-dia. Depois de ingressar na Jones Lang La Salle,
recebeu, no início do ano passado, o convite para ser o building manager
do WTC.

Quando um banco constrói, por exemplo, um prédio para abrigar seus


escritórios, o objetivo é fazer o imóvel operar com o maior conforto possível e
o menor custo. Já empreendimentos como o World Trade Center, que
pertence a 33 fundos de pensão, são construídos com outra finalidade: dar
lucro aos seus proprietários. Esse é o principal desafio de Helmut Fladt à
frente do WTC. Além de cuidar de toda a manutenção do complexo, ele é o
responsável pela consolidação das contas no final de cada mês, pelo
investimento dos recursos e até pela representação dos donos na hora da
locação de salas e andares vagos. Tem, como qualquer outro executivo,
compromissos de rentabilidade e metas para serem atingidas.

Para dar conta do recado, ele precisa, entre outras coisas, conhecer a
legislação que rege o mercado imobiliário e como funcionam os sistemas de
ar condicionado e de telecomunicações (será dele, por exemplo, a
responsabilidade caso ocorra algum problema de comunicação durante
uma teleconferência).

A lista de tarefas inclui ainda traçar estratégias de segurança para


seminários e convenções, avaliar os custos condominiais, desenvolver
treinamentos para seu pessoal e falar tanto a língua dos donos do negócio
como a dos porteiros e faxineiros.

Raïssa Pereira Alves de Azevêdo Neves 134


A Gestão Empresarial e os Investimentos nos Edifícios Inteligentes

6.3 Investimentos em Edifícios Inteligentes


O fundo imobiliário brasileiro foi oficialmente criado em meados de 1993,
pela Lei 8.668, e regulamentado pela CVM no início de 1994. Inicialmente
utilizado para a viabilização de sociedade em grandes negócios como
Shoppings e Empreendimentos Comerciais, os fundos eram constituídos
principalmente por grandes empresas patrimoniais e fundos de pensão. A
partir de 1999, seguindo o modelo norte-americano, os fundos passaram a
ser oferecidos através de cotas de varejo lastreadas em empreendimentos
de altíssimo padrão.

Três exemplos de sucesso são, respectivamente, o Fundo Shopping Pátio


Higienópolis. Primeiro fundo imobiliário comercializado no varejo, o JK
Financial Center lançado no 2º semestre de 1999 pela Brazil Realty/Cyrela e o
Continental Square Faria Lima, lançado no início de 2001 pela Impar.

Os dois primeiros, totalmente vendidos, apesar de serem produtos distintos,


apresentam sucesso de desempenho. O JK Financial Center é formado por
três lajes de um edifício Triple A, pronto e funcionando, localizado na esquina
da Av. Juscelino Kubitscheck com R. Bandeira Paulista. Atualmente,
encontra-se no mercado secundário com cotas valorizadas para revenda.

Já o Fundo Shopping Pátio Higienópolis apresenta-se hoje como uns dos


melhores e mais rentáveis investimentos imobiliários de São Paulo.

O Continental Square já apresenta 100% de sua primeira emissão


comercializada. Trata-se de um fundo lastreado em cotas através de lajes de
um edifício Triple A e unidades hoteleiras de um hotel 5 estrelas.

Desta forma, os proprietários destas cotas passam a participar dos


rendimentos da locação de tais empreendimentos. Todo este processo é
devidamente regulamentado e auditado por organismos oficiais.

Com isso, os investidores brasileiros passam a contar também com a


oportunidade de participar de um grande negócio com excelente
perspectiva de liquidez e rentabilidade.

O mercado de edifícios "Triple A" começou a ser desenvolvido no início da


década de 90, com os primeiros produtos voltados para a instalação de
sedes de grandes empresas, como Citibank e Banco Safra, já que estas não
encontram prédios com infra-estrutura tecnológica que atendesse às suas
necessidades.

O mercado de edifícios "Triple A" vem aumentando nos últimos anos, pois o
perfil do mercado começou a mudar com a chegada de empresas
multinacionais, que necessitavam de áreas maiores e os mesmos padrões
sofisticados dos mercados europeus e norte-americanos. Esse padrão de
prédio vem sendo desenvolvido principalmente em regiões nobres que

Raïssa Pereira Alves de Azevêdo Neves 135


A Gestão Empresarial e os Investimentos nos Edifícios Inteligentes

possuem áreas incorporáveis, como a Berrini e a Marginal, que juntas


representam mais de 60% do mercado de edifícios "Triple A" na cidade.

O gráfico a seguir mostra a evolução do estoque desse padrão e o da


cidade de São Paulo.

Gráfico 1- Evolução do estoque padrão AAA e o da cidade de São Paulo.


Fonte: http://www.torrenorte.com.br/mercado.htm

A participação de edifícios "Triple A" no novo estoque entregue vem


aumentando gradativamente nos últimos anos, representando em média
25% do total. Mesmo com o aumento desse produto no mercado, a procura
por espaços de qualidade e grandes lajes se intensifica a cada ano, pois a
oferta continua escassa, principalmente em regiões nobres, o que aumenta
a demanda do produto em regiões secundárias.

Além disso, a demanda por edifícios "Triple A" vem aumentando a cada ano
e, em 2000, a absorção líquida foi o equivalente ao volume dos 3 anos
anteriores, cerca de 150.000m² úteis, o que representa 28% do estoque total.

O ano de 2000 foi marcante para o mercado de edifícios de alto-padrão,


pois apresentou um cenário em que foi registrado um recorde de demanda,
de novo estoque entregue, além da taxa de vacância ter sido a mais baixa
de todos os anos. A performance positiva desse produto pode ser verificada
no gráfico a seguir, que compara o novo estoque entregue e o volume
absorvido.

O mercado de edifícios "Triple A" vem apresentando uma excelente


valorização há cinco anos. Os valores de locação desta classe tiveram um
crescimento médio de 15% ao ano desde 1995.

O cenário é bastante favorável aos proprietários, pois os valores praticados


estão proporcionando um melhor retorno de investimento. Até mesmo as
regiões secundárias estão atingindo valores de locação altos, devido à falta
de opções de prédios "Triple A" em regiões nobres da cidade.

Raïssa Pereira Alves de Azevêdo Neves 136


A Gestão Empresarial e os Investimentos nos Edifícios Inteligentes

Gráfico 2- novo estoque entregue e o volume absorvido.


Fonte: http://www.torrenorte.com.br/mercado.htm

Por último, como o cenário atual para edifícios de alto padrão é de


demanda aquecida e pouca oferta, em médio prazo, a expectativa é de
que os valores continuem subindo, pois nos próximos 2 anos a oferta
permanecerá baixa.

Mercado de Escritórios: Perspectivas


O ano de 2001 marcou o início de uma nova era, com perspectivas
altamente otimistas para o mercado imobiliário, ao contrário do que ocorreu
em 2000, ano cujos primeiros meses caracterizaram-se por um baixo volume
de negócios.

Aquele clima de otimismo, que não ocorria no Brasil desde 1998, pôde ser
comprovado pelos números do mercado imobiliário de São Paulo de 2000.
Principalmente quando analisamos o segmento de edifícios de primeira linha
(produto muito procurado por empresas de grande porte, tanto nacionais
como estrangeiras), notou-se que os níveis de demanda estiveram muito
mais altos do que os de oferta, tendência que permaneceu em 2001, já que
a entrega de novo estoque deste padrão para o período representaram um
volume aproximadamente 38% inferior ao entregue em 2000.

Os níveis de preços pedidos por escritórios consolidaram uma tendência de


que o valor de um imóvel esteja relacionado mais ao padrão do prédio do
que à sua localização. A Paulista, que sempre foi a região com os valores
mais altos da cidade, perdeu sua hegemonia para regiões menos centrais
como a Berrini, por exemplo, onde está concentrada a maior parcela de
volume de m² úteis de alto padrão da cidade.

Raïssa Pereira Alves de Azevêdo Neves 137


A Gestão Empresarial e os Investimentos nos Edifícios Inteligentes

Apresentamos a seguir como se comportou este segmento e a sua evolução


durante o ano de 2000, até atingir o nível de "aquecimento" em que se
encontra atualmente.

Gráfico 3- (*) A partir dos números levantados em pesquisa de campo pela Jones Lang
LaSalle, foi feita análise do comportamento do mercado de escritórios de São Paulo e
projetou-se as seguintes tendências.
Fonte: http://www.torrenorte.com.br/mercado.htm

Raïssa Pereira Alves de Azevêdo Neves 138


7 Conclusão
Conclusão

O presente trabalho destinou-se a fazer um estado da arte dos Edifícios


Inteligentes, mostrando o que há de mais atual no assunto, estudando os
casos mais recentes e significativos e enfatizando as tecnologias utilizadas,
sejam os sistemas com os novos materiais, equipamentos, o hardware e
software; sejam os serviços que tais sistemas permitem, ou ainda as
ferramentas de gestão tecnológica dos sistemas.

Todos estes recursos estão colocados como ferramentas à disposição dessa


nova forma de conceber os edifícios multifuncionais, que possuem espaços
articulados para as atividades de escritório, habitação, entretenimento e
lazer.

Durante a execução deste trabalho, vários fatores foram considerados


relevantes ao estudo, entre eles: projeto, ocupação e pós-ocupação,
concepção de espaços arquitetônicos onde serão inseridos o cabeamento,
as máquinas, os equipamentos (tecnologia), a sala de controle, etc... Isto é,
tudo o que tornará o Edifício Inteligente.

A análise de tais fatores durante a pesquisa, relatados nos capítulos


anteriores, nos levam às seguintes conclusões:

Sobre o Estado da Arte dos Edifícios Inteligentes - casos internacionais e nacionais


Observou-se a tendência no mercado de uma ênfase no projeto de edifícios
multifuncionais, articulando espaços para as atividades de negócios,
habitação, entretenimento e lazer. Neste trabalho deu-se um enfoque
especial aos edifícios de escritórios.

Organizou-se cronologicamente o aparecimento desses edifícios. Desde a


época em que a relação com a palavra inteligente ficava somente ligada à
Arquitetura (pois não se tinha a visão de controle conjunto dos sistemas
integrantes de um edifício)e os recursos tecnológicos eram escassos ou com
um custo absurdamente alto, e ainda, não havia nenhuma preocupação
com a economia energética, com o conforto do usuário ou com a
segurança, até os dias atuais, onde temos sistemas extremamente
complexos e recursos da telemática.

Sobre o projeto de Arquitetura pode-se afirmar que houve uma mudança


significativa na forma de conceber um edifício. A forma de pensar mudou
devido a inúmeros fatores, entre eles o racionamento de energia.

A análise do desempenho do edifício está se tornando cada vez mais


imprescindível em um projeto. Estudos sobre os confortos térmico, luminoso e
acústico, não são mais considerados itens de encarecimento e
retardamento de projetos e sim pontos chaves para a economia e para as
estratégias de vendas.

Ainda sobre o projeto arquitetônico pode-se afirmar que a previsão de


espaços tem sido muito discutida nos anteprojetos, onde são feitos
levantamentos das necessidades atuais e futuras (espaços flexíveis) para

Raïssa Pereira Alves de Azevêdo Neves 140


Conclusão

possíveis modificações de layouts ou adequação das novas tecnologias da


Telemática.

Sobre os postos de trabalho pode-se afirmar que o conforto dos usuários foi o
item primordial para que houvesse essa verdadeira revolução nos escritórios.
Não atenta-se somente aos aspectos de ergonomia, dos layouts e da
utilização dos equipamentos de alta tecnologia, mas a todas as mudanças
ocorridas dentro das empresas que aderiram a tais mudanças, colocando
abaixo toda divisão de hierarquia dentro do ambiente de trabalho,
literalmente!

Sobre o projeto Urbanístico pode-se relatar que a localização dos edifícios


com alta tecnologia está intimamente ligada a regiões onde o suporte para
estas tecnologias é garantido. Isso, foi se desenhando em São Paulo, do
centro da cidade para a região da marginal Pinheiros, que no momento
atende às necessidades destes edifícios. Vale salientar ainda que o projeto
Paisagístico além de estar intimamente ligado ao projeto Urbanístico, hoje é
considerado fator de bem estar entre os usuários e comercialmente um
indicativo de preferência dos investidores.

Sobre os Sistemas Tecnológicos utilizados e sobre os Serviços


Entrando mais a fundo na organização do edifício, percebeu-se que os
sistemas devem estar organizados de maneira a maximizar o seu
desempenho. Isto pode ser obtido através de um projeto de “pré
cablagem”, que serve de suporte a todos os sistemas e possíveis upgrades.

Os sistemas e os serviços considerados foram: os de elétrico/iluminação,


hidráulico, detecção e combate a incêndio, condicionamento ambiental,
telecomunicações e rede, segurança, transporte vertical, conforto acústico
e sonorização de ambientes. Para todos eles foram mostradas as
possibilidades tecnológicas mais atuais e mais utilizadas, as necessidades de
suporte e as funções de autogerenciamento.

Pode-se afirmar ainda que a necessidade de uma administração de


complexidades é o ponto chave da automação predial, que envolve desde
o conhecimento do processo até a influência da automação no
desempenho global do edifício, passando pela padronização dos sistemas,
constantes atualizações e estudo das tecnologias disponíveis para um
melhor desempenho.

Ainda sobre a automação predial não se pode deixar de mencionar a


gestão dos recursos tecnológicos. Aqui relacionam-se as três consideradas
mais importantes, são elas;

ƒ Gerenciamento dos sistemas e serviços. Preocupa-se com o


monitoramento do estado dos equipamentos, o posicionamento das chaves
de acionamento e execução da programação específica, dentre outras
funções.

Raïssa Pereira Alves de Azevêdo Neves 141


Conclusão

ƒ Gerenciamento de energia. Cuida da otimização dos recursos disponíveis


e visa redução do consumo. Para isto realiza a manutenção dos programas
de gestão de energia, a fiscalização dos processadores que possuem
técnicas de auto-aprendizagem, a utilização de geradores em horários de
pico, o desligamento da iluminação após o expediente, etc.
ƒ A gestão da segurança dos sistemas. Tem como função básica gerenciar
todos os sistemas integrantes do edifício, visando um perfeito funcionamento
e em caso de falhas tomar providências para possíveis reparos.

Sobre a gestão Empresarial do Edifício


Foram abordados três aspectos neste item. O primeiro relata a Gestão da
Produção que exigiu das construtoras grandes mudanças nos aspectos de
pessoal, de gestão de recursos e outros. A construtora passou a ter um perfil
de multifunções, atuando em áreas de incorporação, gestão de contratos e
manutenção de empreendimentos, por exemplo. Para isso, estão sendo
aperfeiçoados os departamentos executivos, administrativos e a gerência
financeira. A necessidade de se diferenciar em um mercado altamente
concorrido foi o principal motivo que impulsionou esta mudança.

Estas novas características da Gestão da Produção se estenderam aos


próprios canteiros e operários, pois hoje podemos notar que até o próprio
layout dos canteiros de obras passou por uma série de adaptações. Em
algumas construtoras, é possível contar com um banco de dados da obra,
no qual os operários fazem consultas. O treinamento para a utilização de
novos materiais e novas tecnologias construtivas está sendo feito em locais
especializados ou mesmo nos canteiros, visando com isso a familiarização
dos operários e conseqüentemente uma melhor utilização do recurso
disponível.

Sobre a Gestão Administrativa Predial pôde-se notar uma forte mudança.


Antes tínhamos havia o zelador que era o responsável por todo o edifício,
mas não possuía especialização nenhuma para tal cargo. Hoje temos
profissionais formados e especializados em gestão predial, que agregam
diversas funções, dentre as quais estão: previsão financeira, planejamento
de manutenção, gestão de contratos, de reclamações, etc.

No setor de Investimentos em edifícios com alta tecnologia pôde-se notar


nos últimos cinco anos um aumento bastante significativo de entrada de
capital graças aos fundos de pensão que passaram a investir no setor. Hoje,
investir em edifícios Inteligentes significa obter um rendimento mensal de
acordo com a valorização das cotas e da participação nos rendimentos das
locações.

Convergência, Integração e Sintonia entre o Projeto de Arquitetura e os Sistemas


de Alta Tecnologia Utilizados nos edifícios estudados.
O estudo de caso pôde mostrar que a integração das diversas áreas que
fazem parte da criação de um edifício é fundamental. Arquitetos,

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Conclusão

engenheiros, construtores e responsáveis pela implantação dos sistemas,


devem estar em perfeita sintonia para que os diversos projetos do edifício
casem perfeitamente.

Analisando já a fase de conclusão da obra pôde-se notar que a


manutenção preventiva feita também por uma equipe de técnicos em
sintonia é o ponto chave para o perfeito funcionamento do edifício.

Sobre a Metodologia da Pesquisa


Descrição da metodologia da pesquisa:

Fez-se um levantamento profundo e completo das características desses


edifícios, utilizando-se para isso a pesquisa de campo, com entrevistas,
pesquisa bibliográfica, pesquisa na internet, dentre outros meios.

Cabe citar aqui que, como em qualquer trabalho de pesquisa, foram


encontradas dificuldades para se estruturar o assunto. Dentre todas elas,
considerou-se como principal, a obtenção de bibliografia específica sobre o
tema, por se tratar de uma nova vertente da Arquitetura, com abordagem
pioneira.

Acertos e dificuldades da metodologia:

A forma de contato utilizada com as construtoras foi uma carta de


apresentação, que talvez não tenha sido a maneira ideal. Existe atualmente
nas construtoras e administradoras uma grande preocupação com a
segurança em geral, agravada com os acontecimentos que marcaram o
mundo no dia 11 de setembro de 2001. Todavia, algumas ainda abriram suas
portas e contribuíram significativamente com o presente trabalho.

O contato positivo com os administradores prediais pôde dar uma visão


completa e profunda do que realmente é administrar um edifício que possui
um enorme contingente de pessoas que circulam diariamente. O
conhecimento das novas tecnologias visto de perto é algo realmente
indescritível. Só aqueles que convivem neste meio são capazes de imaginar
até onde uma “máquina” pode ir.

Continuidade da Pesquisa
O assunto em questão é muito complexo e nos permite uma vasta gama de
abordagens diferentes.
Como sugestão para pesquisas futuras, pode-se citar o estudo das fachadas
inteligentes, que estão sendo usadas nos Edifícios de alta tecnologia, por ser
um assunto interessante, atual e de grande viabilidade econômica, e que
atualmente vem tendo grande procura no mercado de trabalho por
empresas da área de alta tecnologia. Outra sugestão seria a administração
dos edifícios inteligentes, um novo caminho que abrange uma área
multidisciplinar e que cada vez mais está sendo empregada no Brasil.

Raïssa Pereira Alves de Azevêdo Neves 143


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