TCC - Leonardo Reginaldo Pereira
TCC - Leonardo Reginaldo Pereira
TCC - Leonardo Reginaldo Pereira
Rio Verde, GO
2021
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA
GOIANO – CAMPUS RIO VERDE
ENGENHARIA CIVIL
Rio Verde - GO
Janeiro, 2021
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus por me acompanhar a cada dia, abençoando-me durante todo esse
processo. Agradeço ao meu pai Edmar e minha mãe Aleandra, pois foram meus maiores
incentivadores, agradeço a eles por todo suporte que me foi dado, por toda a luta e esforço que
fizeram para que eu pudesse atingir o meu objetivo e realizar esse sonho, que não é só meu,
mas deles também.
Agradeço aos meus familiares por todo apoio e incentivo que me deram durante minha
graduação. Agradeço aos meus amigos que me auxiliaram, incentivaram e socorreram durante
essa trajetória. Agradeço aos meus orientadores, o professor Dr. Marconi Batista Teixeira e a
professora Me. Bruna Elói do Amaral, por todo apoio, por estarem sempre dispostos a
esclarecer minhas dúvidas, e por terem sido muito prestativos comigo durante a execução desse
trabalho. Agradeço aos meus professores por cada conhecimento que foi transmitido durante a
graduação.
RESUMO
A drenagem das águas pluviais nas cidades é diretamente afetada pelo processo de urbanização.
Quando esse processo acontece de forma não planejada ou não é dada atenção devida para as
suas possíveis consequências, surgem problemas como alagamentos, enchentes, desabrigo dos
habitantes com a destruição de edificações, drenagem ineficiente por partes dos dispositivos
existentes, entre outros. Para realizar essa drenagem, existem as redes tradicionais, com sarjetas,
boca de lobo, galerias e poços de visita. Mas também, existem alternativas sustentáveis que
podem trabalhar conjuntamente com a rede convencional ou de forma isolada, para que haja
uma amenização da vazão de pico, que é o caso do reservatório de detenção. O objetivo desse
trabalho foi fazer uma comparação entre a alternativa sustentável e a convencional, para obter
qual entre as duas possui maior aplicabilidade, utilizando como área de estudo uma instituição
de ensino. Para isso a metodologia aplicada baseou-se no traçado da rede, no dimensionamento
e desenho dos dispositivos, com auxílio de softwares, a fim de que fosse obtido o orçamento.
Além disso, realizou-se a análise das áreas de implantação disponíveis para que se tornasse
possível essa analogia. Ao final, verificou-se que com base nos aspectos analisados, o
reservatório de detenção, é a medida mais adequada para implantação na instituição, pois
apresenta menor custo, ocupa uma área específica para sua execução, armazena quantidade
relevante de água e torna mais acessível o reaproveitamento da água pluvial.
1 INTRODUÇÃO
Comumente, é noticiado nos meios de comunicação, como jornais, revistas e sites, que
grandes cidades ou centros urbanos, após um período de precipitação, têm uma grande parte de
seus bairros alagados culminando na destruição de casas, ocorrência de veículos submersos e
desabrigo de cidadãos. Além disso, a presença de resíduos sólidos de forma inadequada nas
vias e calçadas, possibilita que quando a água entrar em contato com a superfície, pode causar
a contaminação dos habitantes por patógenos.
Isso se deve, principalmente a uma simultânea necessidade de um grande
desenvolvimento das cidades, ou seja, sua expansão, com a falta de preparo ou cuidado, quanto
aos possíveis efeitos de tal fato. Essa expansão pode ser realçada pelo que diz o Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística, IBGE, o qual em 2015 por meio de um estudo relatou que
no município de Rio Verde-GO, por exemplo, 97,71% da área urbanizada existente é
classificada como densa, apresentando então uma maior aglomeração de construções, com
pouco espaço livre entre cada uma.
O processo urbanístico sem um estudo adequado, permite que áreas impróprias para
moradia ou ocupação sejam habitadas, vegetações que são importantes no processo de
evapotranspiração e no ciclo hidrológico sejam retiradas, também incentiva a
impermeabilização da superfície, dificultando que a água penetre no solo, e favorecendo o
aumento do escoamento superficial. Além disso, prejudica a rede de drenagem já existente, a
qual pode não suportar o excedente de água que é gerado devido a esse processo, e não
apresentar a eficiência adequada.
Para solucionar essa problemática, além das redes tradicionais de drenagem que são
mais utilizadas, apresentam-se novas medidas ou alternativas que fomentam a sustentabilidade,
e buscam amenizar, por exemplo, que se atinja uma alta vazão de pico. Essas alternativas são
chamadas também de medidas compensatórias, e são representadas principalmente pelas
trincheiras de infiltração, poços de infiltração, telhado verde, pavimento permeável e
reservatórios de retenção e detenção. Destaca-se ainda que essas medidas, podem ser
implementadas em conjunto com o modelo tradicional, o mais adotado na maioria das cidades.
Os reservatórios de detenção, também chamados de ‘piscinões’, fazem o amortecimento
da vazão da água da chuva, e podem prevenir que materiais sólidos entrem no sistema de
drenagem. Ademais, dependendo da área necessária para instalação do mesmo, e da falta de
10
área disponível nos grandes centros urbanos, esses podem funcionar como um espaço de
recreação, de lazer, para prática de esportes e de valorização paisagística.
Perante o que foi exposto, o Instituto Federal Goiano - Campus Rio Verde, acompanhou
esse desenvolvimento no decorrer do tempo, e devido a isso, novas construções surgiram dentro
do campus e vias foram pavimentadas para dar acesso a essas. Dessa forma, a área permeável
que existia antes dessas obras de engenharia, foi suprimida, e juntamente com a ausência de
uma rede de drenagem, com bocas de lobo, galerias, por exemplo, provocou, uma dificuldade
maior na drenagem das águas pluviais do instituto, resultando em formação de zonas alagadas,
que prejudicam a mobilidade dentro do campus, principalmente, para pedestres. Com isso, é
necessário um estudo que faça a comparação entre a solução convencional e a sustentável,
quanto à área disponível para implantação e o custo. Dessa forma, busca-se que uma dessas
alternativas, seja implantada na instituição, e amenize, ou se possível, solucione, esses
problemas existentes.
1.1 Objetivos
O objetivo geral desse trabalho, consiste em verificar, entre duas soluções propostas
para a drenagem urbana, nas instalações do Instituto Federal Goiano - Campus Rio Verde, qual
traria maior aplicabilidade, analisando a capacidade de drenagem de cada uma, além dos
aspectos orçamentários, e a área de implantação disponível. Uma dessas soluções é o método
convencional utilizado para o escoamento da água, com sarjetas, boca de lobo, galerias, e a
outra, é o reservatório de detenção.
Os objetivos específicos são:
Abordar a situação da drenagem urbana, do IF Goiano Campus Rio Verde ao
longo do tempo;
Analisar as áreas disponíveis para implantação tanto da rede de drenagem
convencional quanto do reservatório de detenção;
Quantificar a execução das sarjetas, bocas de lobo, poços de visita, galerias e do
reservatório de detenção;
Elaborar um layout tanto da rede de drenagem quanto do reservatório de
detenção.
11
2 REVISÃO DE LITERATURA
deficitária. Além disso, essa questão poderia ser evitada com a implantação de um Plano Diretor
de Drenagem Urbana, pois o mesmo faria o zoneamento de áreas adequadas e inadequadas para
loteamento e, consequentemente, habitação (CARDOSO NETO, 2020).
O período de retorno, segundo Azevedo Netto (1998, p.537), “é um período em que uma
dada chuva pode ser igualada ou superada”. Esse parâmetro influencia diretamente na execução
de obras de drenagem, pois quando o projetista estipula um tempo maior, são necessárias obras
de grandezas maiores, consequentemente, de um custo mais elevado. Contudo, normalmente, a
escolha desse período é limitada somente com a preocupação econômica e, devido a isso, prazos
menores são estabelecidos, ocultando a realidade, já que problemas como as inundações
surgirão, e serão prejudiciais principalmente para locais comerciais (CARDOSO NETO, 2020).
Na tabela 1, são propostos valores de período de retorno para obras de micro e
macrodrenagem, e diferentes tipos de ocupação.
Tabela 1: Valores para o período de retorno
Tipo de obra Tipo de ocupação Período de retorno (anos)
Microdrenagem Residencial 2
Microdrenagem Comercial 5
Microdrenagem Edifícios de serviços 5
públicos
Microdrenagem Aeroportos 2-5
Microdrenagem Áreas comerciais e artérias 5-10
de tráfego
Macrodrenagem Áreas comerciais e 50-100
residenciais
Macrodrenagem Áreas de importância 500
específica
Fonte: Cardoso Neto (2020)
A figura 1 elucida a ligação da vazão com a questão da urbanização, em que nas áreas
urbanizadas, atinge-se uma vazão de pico mais alta e em um tempo menor, enquanto em áreas
não urbanizadas, essa vazão é mais baixa, e é amenizada num maior intervalo de tempo:
13
impede que haja tratamento distinto para diferentes áreas atingidas, ou seja, uma não pode ser
mais beneficiada do que a outra, logo não se trata de forma isolada. Ademais, devem ser
garantidas que áreas destinadas para possíveis alagamentos não sejam ocupadas (CARDOSO
NETO, 2020).
A sociedade deve ser ativa quanto à elaboração do plano, pois deve ser esclarecida
acerca da causa dos problemas, as possíveis consequências, e soluções para a drenagem urbana.
As autoridades também devem garantir que a escolha dessas soluções respeite uma hierarquia,
a qual é fundamentada em dois vieses, o capital e o conhecimento existente (CARDOSO NETO,
2020).
Na Figura 3, tem-se a sequência recomendada para elaboração do plano.
definição foi atualizada pelo Art. 7º A da Lei nº 14.026 de 15 de julho de 2020, e pode ser vista
a seguir:
Constituídos pelas atividades, pela infraestrutura e pelas instalações operacionais de
drenagem de águas pluviais, transporte, detenção ou retenção para o amortecimento
de vazões de cheias, tratamento e disposição final das águas pluviais drenadas,
contempladas a limpeza e a fiscalização preventiva das redes (BRASIL, 2020).
A Lei nº 14.026 de 15 de julho de 2020 traz a garantia de acesso a esse serviço por toda
população, assim como ao de esgotamento sanitário, abastecimento de água e na questão dos
resíduos sólidos. De acordo com essa legislação, deve ser feita também, uma administração
integrada entre diferentes esferas para realização desses serviços (BRASIL, 2020).
Outra diferenciação importante, é entre a microdrenagem e a macrodrenagem, pois
como seus prefixos sugerem, a primeira se caracteriza por ser constituída por dispositivos, como
meio-fio, sarjetas, bocas de lobo, canalizações, poços de visita, galerias, instalados em vias, e
que formam toda uma rede para fazer a drenagem da água pluvial proveniente da área urbana
propriamente dita, como de lotes e condomínios. Enquanto a segunda, além de receber a água
vindoura da primeira, diz respeito tanto a elementos naturais, como rios e córregos, quanto a
artificiais, como as barragens, que possuem áreas maiores que a do sistema de microdrenagem,
e promovem a convergência de todo o escoamento da bacia para a destinação final (MIGUEZ;
VERÓL; REZENDE, 2016).
É importante fazer a conceituação desses dispositivos de microdrenagem já citados
anteriormente. Segundo DNIT (2004), as sarjetas são dispositivos que por serem colocados
junto as vias de rolamento nas suas extremidades laterais, e devido ao seu formato triangular
ou retangular, possibilitam uma trafegabilidade com maior segurança, pois não permitem que
a água escoe para locais que poderiam ser danificados, como o próprio pavimento e taludes por
exemplo. Na figura 4, tem-se a representação de uma sarjeta.
através das grelhas que lhe compõe. Devem ser instaladas em cruzamentos, locais mais baixos
de uma via, onde ocorre mudança de direção e em pontos que ultrapassam o quanto a sarjeta
foi dimensionada para suportar (MIGUEZ; VERÓL; REZENDE, 2016).
Na figura 5, podem ser vistos alguns tipos desse dispositivo.
As galerias têm como função realizar a condução da água pluvial desde o local de
captação, onde normalmente são feitas pelas bocas de lobo, até o local de deságue, ou seja, um
corpo receptor (MIGUEZ; VERÓL; REZENDE, 2016).
Na figura 7, tem-se a representação da construção de uma galeria.
colmatação, e custo de implantação alto, quando são necessárias adaptações a sistemas pré-
existentes”.
Segundo Reis e Ilha (2014, p.80), “o poço de infiltração consiste em uma escavação no
solo revestida por tubos de concreto perfurados ou tijolo assentado em crivo; sua lateral e fundo
são preenchidos com brita envolta em geotêxtil”.
Nesses poços podem acontecer três processos diferentes: a infiltração da água no solo,
o armazenamento da mesma pelo poço e a necessidade de encaminhar o excesso de água para
a rede convencional. O limite entre a primeira e a segunda situação depende do máximo que o
solo consegue absorver no processo de infiltração, já o limite da segunda com a terceira, vem
do alcance da capacidade máxima do poço (REIS; ILHA, 2014).
Os telhados verdes consistem em vegetações instaladas sobre superfícies com baixa
absortividade de água, visando melhorias com relação ao aspecto hidrológico, térmico e
acústico para as áreas urbanas. Esses telhados subdividem-se em três tipos: extensivos,
intensivos e semiextensivo, e tem por característica apresentar flexibilidade em sua construção,
pois oferecem várias alternativas quanto aos materiais empregados, nas diferentes etapas de sua
composição (COSTA et al., 2012).
Já com relação ao pavimento permeável, esse é composto basicamente por um
revestimento, podendo ser concreto ou asfalto, uma camada que tem a função de
permeabilidade, e uma camada de obstrução dos finos, composta por geotêxtis (CANHOLI,
2005).
2.8 Precipitação
As precipitações representam a forma como a água entra em contato com o solo depois
de estar na forma de vapor na atmosfera, sofrendo assim, a condensação. Isso pode resultar em
chuva, granizo, neblina, entre outros (CARVALHO; SILVA, 2006a).
Para que ocorra a precipitação, é essencial que as massas de ar úmido passem pelo
processo de resfriamento, o qual permite a condensação do vapor. Esse resfriamento está
diretamente ligado com os diferentes tipos de precipitações, pois esses tipos representam a
maneira como é feita a ascensão da massa de ar, e para ocorrer a precipitação, é imprescindível
essa elevação para a atmosfera da massa de ar (CARVALHO; SILVA, 2006a).
Outras etapas do processo de formação de uma precipitação são umidade do ar,
coalescência e difusão por vapor, sendo que a umidade é a primeira etapa e os outros dois
24
termos, os quais representam exatamente maneiras de origem das gotas, compõe a última etapa
de todo processo de precipitação (CARVALHO; SILVA, 2006a).
Para entender os tipos de precipitações, é necessário primeiro ressaltar que a
temperatura e o relevo, são os dois parâmetros responsáveis pela diferenciação entre os
conceitos, pois as precipitações convectivas e ciclônicas são caracterizadas com base no
primeiro parâmetro e quando for orográfica, depende do segundo parâmetro (TUCCI, 2001).
Com relação às orográficas, segundo Tucci (2001), a própria montanha ou morro
provoca a subida da massa de ar e sofre com a atuação da chuva. Já precipitações ciclônicas e
convectivas, embora sejam dependentes da temperatura, apresentam diferenças, as quais podem
ser vistas no quadro 2.
Quadro 2: Diferenças entre precipitação ciclônica e convectiva
Precipitação Ciclônica Precipitação Convectiva
Variação da pressão, massas de ar vão da alta Variação de densidade, com elevação abrupta
para baixa pressão das massas com menos densidade
Ocorrem por um período prolongado Ocorrem por um pequeno período
Intensidade fraca a branda Intensidade forte
Atuam em grandes bacias Atuam em pequenas bacias
Fonte: Tucci (2001)
Para aferir a intensidade pluviométrica, a qual é dada normalmente em mm/h ou
mm/min, necessita-se estimar a altura de lâmina de água em mm, por meio de um pluviômetro,
além de anotar o período de acontecimento da chuva, em horas. Para o caso de
dimensionamento de dispositivos de drenagem urbana convencional, usa-se o pluviógrafo, pois
esse medidor constituído por um receptor de 200 cm² possibilita elaborar a IDF, a curva de
intensidade, duração e frequência, necessária para esse caso (CARVALHO; SILVA, 2006a). A
figura 9 traz um exemplo de um pluviômetro.
Figura 9: Pluviômetro
Fonte: Carvalho; Silva (2006)
25
Modelo exponencial:
𝑥 +𝐸.(𝑙𝑛𝑡𝑑)²
Equação 2: 𝐼 = 𝑒 𝐵+𝐷.𝑇𝑟
Modelo linear:
Equação 3: 𝐼 = 𝐴1. ln(𝑇𝑟) + 𝐵1. ln(𝑡𝑑) + 𝐶1. [ln(𝑡𝑑)]2 + 𝐷1. ln(𝑇𝑟) . ln(𝑡𝑑) + 𝜀
Com relação a essas equações, Tr e Td são respectivamente o tempo de retorno e tempo
de duração, I é a intensidade de chuva, o restante representam parâmetros de ajuste.
Outros dois estudos a serem destacados são o de Coelho Filho, Melo e Araújo (2017),
que fez a estimativa das precipitações máximas para a cidade de Goiânia usando a distribuição
de probabilidade de Gumbel e a Generalizada de Valores Extremos, aplicando o método do
momento e método do momento-L. E também o trabalho de Oliveira, Antonini e Griebeler
(2008), que fizeram o estudo das chuvas intensas para algumas cidades goianas, utilizando o
método de Bell e a distribuição de Gumbel.
devido ao excesso de água pluvial, e posteriormente, seja alcançado o máximo que esse pode
manter de água superficialmente (UFBA, 2020a).
Esse escoamento divide-se em três vertentes, as quais estão relacionadas diretamente
com o local de ocorrência, o que pode ser visto no quadro 3:
Quadro 3: Tipos de escoamento e local de atuação
Escoamento superficial Escoamento subsuperficial Escoamento subterrâneo
Local: superfície do solo Local: raízes das vegetações Local: aquíferos
Fonte: UFBA (2020)
São três, as fases citadas anteriormente, cujas características estão apresentadas no
quadro 4:
Quadro 4: Fases do escoamento
1º Fase 2º Fase 3º Fase
Baixa umidade no solo A vegetação não consegue Interrupção da precipitação
reter mais a água pluvial
Precipitação retida pela Armazenamento de água em Fim do escoamento
vegetação ou infiltrada no superfícies de depressão rasa superficial
solo
Não há escoamento Formação do escoamento Processo de infiltração e
superficial superficial, à medida que a evaporação diminuem a água
precipitação continua superficial restante no solo
acontecendo, seguindo rumo
ao corpo hídrico
Fonte: UFBA (2020)
Diferentes fatores influenciam no escoamento superficial, alguns à medida que crescem,
provocam o aumento do escoamento, dentre esses pode-se citar, a duração e a intensidade da
precipitação. Já outros parâmetros, à medida que crescem, provocam a diminuição do
escoamento, como a permeabilidade e capacidade de infiltração do solo (CARVALHO;
SILVA, 2006b).
Conforme Carvalho e Silva (2006b, p. 97), “o coeficiente de escoamento superficial ou
runoff, possibilita estabelecer a relação entre o volume de água escoado e o volume de água
precipitado”, a equação 4 traz essa razão.
𝑉𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑒𝑠𝑐𝑜𝑎𝑑𝑜
Equação 4: 𝐶 = 𝑉𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑝𝑟𝑒𝑐𝑖𝑝𝑖𝑡𝑎𝑑𝑜
2.10 Infiltração
O processo de infiltração da água pluvial no solo, apresenta diferentes fases, assim como
o escoamento superficial, pois deve-se avaliar por exemplo, o que acontece quando ocorre a
superação da capacidade de infiltração do solo devido à precipitação, o comportamento da
infiltração durante e após as chuvas. Salienta-se ainda que essa infiltração é beneficiada por
uma permeabilidade e umidade inicial baixa do solo, além de sofrer influência da temperatura
do solo também (UFBA, 2020b).
Com relação ao umedecimento do solo através da infiltração, dissocia-se em duas
situações: durante e depois da precipitação, mas ressaltando que acontece em fluxo
descendente. Durante a precipitação, a face externa do solo fica mais umedecida que seu
interior, podendo atingir até mesmo a saturação, no segundo momento, após a chuva, o interior
do maciço de solo, apresenta-se mais umedecido que a face externa (UFBA, 2020b).
Duas grandezas são importantes para esse processo de infiltração, pois uma representa
uma característica inerente ao solo, e acontece antes de uma precipitação, já a segunda ocorre
por consequência do mesmo, essas são respectivamente, capacidade de infiltração do solo e
taxa de infiltração do solo (UFBA, 2020b).
Para entender a capacidade de infiltração do solo, a qual representa o quanto o maciço
consegue incorporar de água pluvial, é importante destacar que assim como foi citado
anteriormente, o comportamento dessa é ditado pela precipitação. Pois enquanto ocorre o
28
evento climático, e o mesmo não supera a capacidade de infiltração, acontece o fluxo da água
pelo solo normalmente. No entanto, o prosseguimento da chuva, culmina numa diminuição
gradativa dessa capacidade, até conseguir superá-la, provocando um possível escoamento na
superfície. Por fim, após o evento climático, essa grandeza começa a recuperar e aumentar
novamente (UFBA, 2020b).
“O ensaio de infiltrômetro utiliza cilindros concêntricos e medidor de volume de água,
com objetivo de anotar o tempo, o volume lido, variação de volume, e calcular a altura da
lâmina e a capacidade de infiltração do solo, e por fim gerar a curva de infiltração” (UFBA,
2020b, p.48).
As figuras 10 e 11, trazem respectivamente, a representação do infiltrômetro e da curva
de infiltração.
Equação 8: 𝑣 = 𝑘. 𝑖
As variáveis q, k, i, A e 𝑣 representam respectivamente, a vazão, coeficiente de
permeabilidade, gradiente hidráulico, área do permeâmetro, e velocidade de percolação solos
(PINTO, 2006).
Conforme Das (2007), os dois principais ensaios de laboratório para determinação do
coeficiente de permeabilidade se diferem quanto ao valor da carga (h) aplicada, pois um é
constante, e o outro é variável. Além disso quando o experimento é constante, a vazão também
30
fica constante, possibilitando calcular o volume de água anotado (Q) durante um período (t), e
por meio desse volume, do comprimento (L) e da seção do corpo de prova (A), é encontrado o
coeficiente de permeabilidade (k) com a equação 9.
𝑄.𝐿
Equação 9: 𝑘 = 𝐴.ℎ.𝑡
Outras duas formas da determinação desses coeficientes são: por meio de ensaios em
campos, e métodos indiretos. Quanto ao primeiro, apresenta o ponto positivo de representar a
situação real do solo, já como aspecto negativo, exige muitos parâmetros para o cálculo do
coeficiente. Já o segundo, fundamenta-se nos conceitos de recalque e adensamento de solos
para estimar esse coeficiente (PINTO, 2006).
Segundo Marangon (2015), o coeficiente de permeabilidade (k) pode ser determinado
também por meio de equações que relacionam os fatores que o influenciam, como índice de
vazios, temperatura e estratificação.
Para os índices de vazios (e), é utilizada a equação 11.
(𝑒1 )³
𝑘1 1+𝑒1
Equação 11: 𝑘 = (𝑒2 )³
2
1+𝑒2
Para a temperatura (T), deve ser considerada ainda a viscosidade da água com uma
temperatura de 20° (𝜂20 ), a viscosidade da água na temperatura do ensaio (𝜂𝑇 ) ou a relação
entre viscosidades (C𝑣), e o valor de K na temperatura do ensaio (𝐾𝑇 ). São utilizadas as
equações 12 e 13.
𝜂
Equação 12: 𝐾20 = 𝐾𝑇 . 𝜂 𝑇 = 𝐾𝑇 . 𝐶𝑣
20
0,0178
Equação 13: 𝜂 =
1+0,033𝑇+0,0002𝑇²
Sobre esses aspectos ainda, temperatura, índice de vazios e grau de saturação são
diretamente proporcionais ao coeficiente de permeabilidade, logo ou ambos crescem ou ambos
diminuem. Já a viscosidade é inversamente proporcional, quando essa cresce, a condutividade
hidráulica diminui, e quanto a estrutura do solo, se essa for floculada, é mais favorável para a
condutividade hidráulica, do que se for dispersa (MARANGON, 2015).
32
3 MATERIAIS E MÉTODOS
Nesse trabalho foi realizado um tipo de pesquisa denominado estudo de caso, pois
verificou-se a problemática que a instituição apresenta, fez-se uma busca em literaturas
existentes, como livros, artigos, dissertações, para fundamentar os fatores que contribuíram para
essa situação. Agora, nesse tópico, foram detalhados os materiais e procedimentos adotados
para dimensionamento, orçamentação e verificação de área de implantação para as soluções
propostas para o problema.
A vazão de projeto (q) em m³/s foi calculada pelo método racional, o qual de acordo
com Carvalho e Silva (2006b) depende basicamente de três variáveis: área de contribuição da
bacia (A), intensidade pluviométrica (I), e o coeficiente de escoamento superficial (C). A área
de contribuição da bacia admite valores de até 80 ha, a intensidade, em mm/h, provém dos
dados hidrológicos, e o coeficiente dependerá da superfície de análise. Esse método apresenta
limitações quanto a não consideração de diferentes superfícies que formam a bacia para escolha
do coeficiente, além da supressão da quantidade de água gerada nos períodos de cheia. Para
esse cálculo utiliza-se a equação 16.
37
𝐶.𝐼.𝐴
Equação 16: 𝑞 = 360
Foi feita a estimativa da precipitação máxima que abrange a área de estudo. Nesse caso
os dados hidrológicos utilizados são referentes a cidade de Rio Verde/GO, ou para o caso de
não existir os dados hidrológicos para Rio Verde/GO, utiliza-se dados referentes às cidades
vizinhas. Para isso, segundo Azevedo Netto (1998), uma das fórmulas usada para o cálculo
dessa precipitação, em mm/h, é apresentada na equação 17.
𝑎∗𝑇 𝑛
Equação 17: 𝐼 = (𝑡+𝑏)𝑚
Em que:
L é o comprimento do rio principal da bacia em Km.
H é o desnível entre o ponto mais alto da bacia e o exutório, em m.
3.3.1 Sarjeta
O dimensionamento desse dispositivo referiu-se à verificação de que se há uma
superioridade da vazão que o mesmo suporta, com relação a vazão de projeto. Para determinar
essa capacidade hidráulica, Miguez, Verol e Rezende (2016) descreve a equação 19.
2 1
1
Equação 19: 𝑄 = . (𝑅)3 .A. 𝑆 2
𝑛
Em que:
Q é a capacidade hidráulica da sarjeta em m³/s.
A é a seção transversal da sarjeta em m².
S é a declividade da via em m/m.
R é o raio hidráulico em m.
n é o coeficiente de Manning.
“No caso de vias com menos de 10 metros de largura, a declividade é fixada em 3%, e
normalmente, devido à dimensão mais comum de guias de 15 cm, o nível de água máximo na
sarjeta pode ser adotado de 0,13 m” (AZEVEDO NETTO, 1998, p.546).
O coeficiente de Manning para concreto rústico segundo Azevedo Netto (1998) é de
0,016. Já para vias públicas, Cardoso Neto (2020) diz que é de 0,0167.
Para que o resultado encontrado possa se assemelhar ainda mais com o que acontece
com a realidade, é recomendável aplicar um fator de redução para o escoamento que a sarjeta
suporta, que pode ser visto na tabela 4.
Tabela 4: Fator de redução do escoamento da sarjeta
Fator de redução do escoamento na sarjeta
Declividade da sarjeta (%) Fator de redução
0,4 0,5
1-3 0,5
5,0 0,5
6,0 0,4
8,0 0,27
10 0,2
Fonte: DAEE/CETESB (1980)
adotado foi o que apresenta uma abertura na guia, logo o tipo boca de lobo de guia. Para esse
caso a altura da lâmina d’água que se concentra no dispositivo foi um diferencial para
determinar qual equação utilizar no cálculo da capacidade de engolimento. Pois caso a altura
da lâmina de água seja menor que a abertura na guia, Tucci (2001) diz que deve-se usar a
equação 20:
3
Equação 20: Q = 1,7.L.𝑦 2
Em que:
Q é a vazão em m³/s.
L é o comprimento da soleira em m.
y é a altura da água próxima a abertura da guia em m.
Já para o caso de que se a altura da lâmina d’água for o dobro da abertura na guia, Tucci
(2001) recomenda o uso da equação 21:
3
𝑦1 1
Equação 21: Q = 3,01.L.ℎ2 . ( ℎ )2
Em que:
Q é a vazão em m³/s.
L é o comprimento da abertura em m.
h é a altura da guia em m.
y1 é a carga de abertura da guia em m (y1= y – h/2).
Acontece com as bocas de lobo a mesma situação que as sarjetas, recomenda-se aplicar
um fator de redução do escoamento, no entanto para esse dispositivo, o uso desse fator segundo
Cardoso Neto (2020, p.18), justifica-se pela “obstrução causada por detritos, irregularidades
nos pavimentos das ruas junto às sarjetas”. Na tabela 5 tem-se os fatores para serem aplicados.
40
Em que:
D é o diâmetro em m.
n é o coeficiente de Manning.
Q é a vazão em m³/s.
I é a declividade da galeria em m/m.
A declividade pode ser calculada para o trecho, de acordo com Toledo/PR (2017) por
meio da equação 23. Já a declividade mínima, conforme a NBR 9649 (1986), pode ser calculada
pela equação 24.
𝐶𝑜𝑡𝑎 𝐴−𝐶𝑜𝑡𝑎 𝐵
Equação 23: 𝐼 = 𝐶𝑜𝑚𝑝𝑟𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑑𝑜 𝑡𝑟𝑒𝑐ℎ𝑜
Em que:
I é a declividade do trecho em m/m.
Imín é a declividade mínima, em m/m.
Qi é a vazão inicial, em l/s.
Após isso, com o diâmetro determinado, foram encontradas a vazão e velocidade a seção
plena, com as equações 25 e 26 respectivamente:
2
1
π⋅D2 D 3
Equação 25: Qp = ⋅ (4) ⋅ I2
4⋅n
2
1
1 D 3
Equação 26: ϑp = ⋅ ( ) ⋅ 𝐼2
n 4
Em que:
Qp é a vazão a seção plena em m³/s.
vp é a velocidade a seção plena em m/s
n é o coeficiente de Manning.
D é o diâmetro em m.
I é a declividade da galeria em m/m.
O coeficiente de Manning pode ser determinado por meio da tabela 6.
Tabela 6: Coeficiente de rugosidade de Manning
Características n
Canais retilíneos com gramas de até 15 cm 0,3-0,4
de altura
Canais retilíneos com gramas de até 30 cm 0,3-0,06
de altura
Galerias de concreto pré-moldado com bom 0,011-0,014
acabamento
Galerias de concreto moldadas em loco com 0,012-0,014
formas metálicas simples
Galerias de concreto moldadas em loco com 0,015-0,020
formas de madeira
Fonte: Adaptado Toledo/PR (2017)
Com o valor da vazão de projeto e da vazão de seção plena, determinou-se então uma
razão, pela qual encontrou-se na figura 18, a relação entre a velocidade real e a velocidade a
seção plena, e a relação de três parâmetros com diâmetro, esses parâmetros são: raio hidráulico,
área molhada e altura da lâmina d’água. Com esses dados pode-se fazer por exemplo a
43
verificação quanto às velocidades máxima e mínima. Caso essa verificação não atenda aos
critérios, recomenda-se alterar o diâmetro ou a declividade.
Figura 19: Condutos circulares parcialmente cheios, relações baseadas na equação de Manning.
Fonte: Azevedo Netto (1998)
Para sintetizar esse processo de dimensionamento das galerias foi elaborada uma
planilha no software Microsoft Excel, para que sejam transcritos os trechos, e suas respectivas
áreas obtidos no Google Earth Pro, e também a vazão calculada. Essa planilha contém também
as cotas do terreno, as quais foram obtidas por meio do mesmo software, as cotas a montante,
a jusante e a profundidade da galeria, além da declividade, diâmetro, raio hidráulico e área
44
coeficiente de 0,8, pois esse valor encontra-se tanto no intervalo para quando for telhados
quanto para o intervalo referente às superfícies pavimentadas e paralelepípedos.
Equação 27: Vs = 0,5 x (Qpós – Qpré) x tb x 60
Em que:
Vs é o volume do reservatório em m³.
Qpós é a vazão de pico no pós-desenvolvimento em m³/s.
Qpré é a vazão de pico no pós-desenvolvimento em m³/s.
tb é 3xtc em min.
tc é o tempo de concentração (min).
Como dispositivo de saída do reservatório foi adotado o vertedor retangular de parede
espessa, o qual segundo Tomaz (2010), pode ser calculado pela equação 28:
1
Equação 28: Q = 1,55 x L x 𝐻 2
Nesse caso:
Q é a vazão em m³/s.
L é a largura do vertedor retangular em metros.
H é a altura do vertedor a contar da soleira, também em metros.
Para calcular o diâmetro da tubulação de saída, será utilizada a equação 29,
considerando a seção plena:
3
𝑄.𝑛
Equação 29: D =( 0,310∗𝑆0,5 )8
Sendo que:
D é o diâmetro da tubulação em m.
Q é a vazão total específica em m³/s.
S é a declividade da tubulação em m/m.
n é o coeficiente de rugosidade, que será de 0,015, considerando como material o
concreto.
Outro fator que foi calculado é qual a quantidade de sedimentos que se encontra no
reservatório por ano. Para isso deve ser multiplicada uma taxa de 10 m³/ha, sugerida por Tomaz
(2010), pela área de drenagem em ha. Com isso a quantidade de sedimentos produzida
anualmente em m³ foi encontrada.
Em sequência, foi calculado o tempo de esvaziamento desse reservatório. Para isso,
Tomaz (2010) traz algumas orientações, como a delimitação de um intervalo de tempo
recomendável, entre 24 e 72 horas para o esvaziamento desse dispositivo. Pois obedecendo esse
período evita-se surgimento de animais indesejados, além de proporcionar uma água pluvial
46
com condições melhores. Outro ponto é que Tomaz (2010, p. 85) diz que “o diâmetro mínimo
do orifício de esvaziamento é de 75 mm para evitar entupimentos, com garantia de proteção
para o mesmo”. Como o reservatório apresentará seção transversal constante, a equação 30
permite calcular o tempo de esvaziamento para essa situação:
Equação 30: t = [2. As. (𝑦10,5 − 𝑦20,5 )]/[Cd.Ao.(2𝑔0,5 )]
Em que:
Ao é área da seção transversal do orifício, em m².
Cd é o coeficiente de descarga, cujo valor é 0,62.
As é a área da seção transversal do reservatório na profundidade y, em m².
t é o tempo de esvaziamento em segundos.
y1 é a altura da água no início, em m.
y2 é a altura do nível de água no fim, em m.
g é a aceleração da gravidade, em m/s².
Depois de dimensionado o dispositivo, fez-se o desenho do perfil do mesmo com o
auxílio do software Autodesk Revit Versão de Estudante, indicando inclusive a tubulação de
saída.
para atividades que não requerem uma potabilidade alta. Além disso, o próprio reservatório, em
período de seca, ficaria inutilizado. Para essa situação, sugeriu-se outras funcionalidades para
o mesmo, a fim de que esse não permaneça em ociosidade por um longo período de tempo.
48
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
reservatório apresenta seção retangular, logo a partir do seu volume, foram descobertas suas
dimensões. Na tabela 11, estão apresentados os valores das vazões, do volume, do tb e das
dimensões do reservatório.
Tabela 11: Propriedades do reservatório de detenção
PROPRIEDADES DO RESERVATÓRIO DE DETENÇÃO
Q pré-urbanização (m³/s) 0,66
Q pós-urbanização (m³/s) 2,65
tb (min) 51
Volume (m³) 3023,05
Volume adotado (m³) 3080
Altura do reservatório (m) 5,00
Largura interna do reservatório (m) 22,00
Comprimento interno do 28,00
reservatório (m)
Espessura da parede (m) 0,20
Largura total do reservatório (m) 22,40
Comprimento total do reservatório 28,40
(m)
Fonte: Autor (2020)
Para definição das dimensões do reservatório, utilizou-se valores inteiros na parte
interna para facilitar uma possível execução, além de obter um volume interno que ficasse o
mais próximo do volume calculado pela equação 27. A altura foi adotada com objetivo de que
não ocorresse uma grande diferença entre o comprimento e a largura do dispositivo.
Com relação ao vertedor de parede espessa, utilizou-se a equação 28. A vazão adotada
foi a do cenário de pós-urbanização, com isso descobriu-se as dimensões do vertedor, como
podem ser vistas na tabela 12.
Tabela 12: Dimensões do vertedor
VERTEDOR RETANGULAR DE PAREDE ESPESSA
Q (m³/s) 2,65
Largura adotada (m) 1,2
Altura (m) 2,0
Altura adotada (m) 2,0
Fonte: Autor (2020)
54
A definição do diâmetro da tubulação de saída foi feita através da equação 29, a vazão
utilizada também foi referente ao cenário de pós-urbanização, a declividade foi adotada
conforme Tomaz (2010). O valor encontrado para o diâmetro pode ser visto na tabela 13.
Tabela 13: Diâmetro da tubulação de saída
DIÂMETRO DA TUBULAÇÃO DE SAÍDA
Q (m³/s) 2,65
n 0,015
S (m/m) 0,03
Diâmetro calculado (m) 0,89
Diâmetro adotado (mm) 900
Fonte: Autor (2020)
Como a tubulação de saída será de concreto, o diâmetro adotado considerou a questão
dos diâmetros comerciais existentes, logo adotou-se 900 mm. Esse diâmetro significativo deve-
se ao reservatório poder armazenar um volume considerável de água pluvial, com cerca de
3080000 litros. Esse mesmo volume requer dimensões relevantes para o dispositivo, como pode
ser visto na largura e comprimento do reservatório. Dito isso, percebeu-se uma expressiva
discrepância entre a largura do vertedor de parede espessa e a largura do reservatório.
Por último, foi descoberta a quantidade de sedimentos gerados anualmente pelo
reservatório (tabela 14), e o tempo de esvaziamento do mesmo (tabela 15), o qual foi calculado
por meio da equação 30. Para definir esse tempo, foi necessário calcular a área da seção
transversal, a área do vertedor, o y1 foi considerado como a altura do próprio reservatório e y2
foi considerado o raio da tubulação, conforme Tomaz (2010).
Tabela 14: Quantidade de sedimentos gerados anualmente
QUANTIDADE DE SEDIMENTOS (m³)
A (ha) 11,6
Volume (m³) 116
Fonte: Autor (2020)
55
lobo. Com as vias existentes, tem-se as sarjetas, além de possibilitar a instalação das galerias,
dos poços de visitas e das caixas de ligação.
Para o reservatório de detenção, com o auxílio do Google Earth Pro, percebe-se que
local indicado pelo retângulo vermelho na figura 21 seria apropriado para a instalação desse,
pois está num ponto mais baixo, favorecendo o escoamento da água pluvial para o dispositivo.
Além disso pensando em um outro uso para esse reservatório, e na destinação da água pluvial
reservada, essa localização será benéfica, pois está próxima às edificações, e apresenta
dimensões suficientes para locar o dispositivo.
5 CONCLUSÃO
Conforme as análises orçamentárias, de área de implantação e de capacidade de
drenagem, inferem-se que o reservatório de detenção, analisado de forma independente,
apresenta-se com maior viabilidade de implantação na instituição, em comparação à medida
tradicional de drenagem, pois apresenta menor custo, principalmente devido à necessidade por
obras feitas em espaço mais concentrado, ao contrário das obras da rede tradicional, que são
realizadas ao longo do traçado da rede. Além disso, o reservatório requer uma área fixa para
sua implantação, diferindo da rede que percorre pelas vias. Essa área do reservatório ainda pode
ser utilizada para outras funcionalidades, além de que o dispositivo pode armazenar um volume
importante de água pluvial.
Ademais, pensando-se no reaproveitamento da água, o reservatório de detenção, torna-
se mais aplicável do que a rede tradicional de drenagem, pelo fato da rede necessitar de um
outro dispositivo que auxilie no reaproveitamento, retendo a água. Como sugestão para futuros
trabalhos, pode-se fazer o estudo dessa viabilidade utilizando esses mesmos aspectos
orçamentários, capacidade de drenagem e área disponível de implantação, para outras
alternativas sustentáveis como trincheiras de infiltração, pavimento permeável e poços de
infiltração. Também, pode-se fazer uma análise de eficiência de drenagem urbana, utilizando o
reservatório de detenção e a rede de drenagem convencional, atuando de forma conjunta.
60
6 REFERÊNCIAS
AZEVEDO NETTO, J. M. de. Manual de Hidráulica. 8. ed. São Paulo: Edgard Blusher
LTDA, 1998.
BRASIL. Lei no 11.445, de 5 de janeiro de 2007. Diário [da] República Federativa do Brasil,
Brasília, DF, 8 jan. 2007. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-
2010/2007/lei/l11445.htm>. Acesso em: 30 abr. 2020.
BRASIL. Lei no 14.026, de 15 de julho de 2020. Diário [da] República Federativa do Brasil,
Brasília, DF, 15 jul. 2020. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-
2022/2020/Lei/L14026.htm#art7>. Acesso em: 04 ago. 2020.
GOOGLE EARTH PRO. Estrutura do IF Goiano Campus Rio Verde em 2007. Versão
7.3.3.7699. Google Earth Pro, 2020.
GOOGLE EARTH PRO. Estrutura do IF Goiano Campus Rio Verde em 2020. Versão
7.3.3.7699. Google Earth Pro, 2020.
GOOGLE EARTH PRO. Área de estudo dentro da instituição. Versão 7.3.3.7699. Google
Earth Pro, 2020.
IBGE. Áreas das manchas urbanizadas das concentrações com população de 100 mil a 300
mil habitantes. Disponível em: <https://www.ibge.gov.br/geociencias/cartas-e-mapas/redes-
geograficas/15789-areas-urbanizadas.html?=&t=acesso-ao-produto>. Acesso em: 27 abr.
2020.
INMET. Chuva acumulada mensal x Chuva (Normal Climatológica 61-90) Rio Verde
(GO) – Para o ano: 2019. Disponível em: <http://www.inmet.gov.br/sim/abre_graficos.php>.
Acesso em: 06 jun. 2020.
______NBR 9649: Projetos de rede coletora de esgoto sanitário. Rio de Janeiro, ABNT,
1986.
______NBR 9814: Execução de rede coletora de esgoto sanitário. Rio de Janeiro, ABNT,
1987.
POLETO, C.; TASSI, R. Sustainable Urban Drainage Systems. In: JAVAID, M. S. (Ed.). .
Drainage Systems. [s.l.] InTech, 2012. p. 55–72.
VIEIRA, R. H. S. DOS F. et al. Galerias pluviais como fonte de poluição de origem fecal para
as praias de Fortaleza-Ceará. Labomar, v. 44, n. 2, p. 5–12, 2011.
64
ANEXOS
A – TRAÇADO DA REDE
B – LEVANTAMENTO PLANIALTIMÉTRICO IF GOIANO CAMPUS RIO VERDE
C – DIMENSIONAMENTO DA SARJETA
D – DIMENSIONAMENTO DA BOCA DE LOBO
E – DIMENSIONAMENTO DA GALERIA
F – PROPRIEDADES DA VALA
G – ORÇAMENTO PARA EXECUÇÃO DA REDE TRADICIONAL DE DRENAGEM
H – ORÇAMENTO PARA EXECUÇÃO DO RESERVATÓRIO DE DETENÇÃO
I – PERFIS DOS DISPOSITIVOS
65
A – TRAÇADO DA REDE
C – DIMENSIONAMENTO DA SARJETA
E – DIMENSIONAMENTO DA GALERIA
F – PROPRIEDADES DA VALA
ASSENTAMENTO DE TUBO DE
CONCRETO PARA REDES COLETORAS
DE ÁGUAS PLUVIAIS, DIÂMETRO DE
3.7 M 544,60 32,17 17519,782
300 MM, JUNTA RÍGIDA, INSTALADO
EM LOCAL COM BAIXO NÍVE L DE
INTERFERÊNCIAS
ASSENTAMENTO DE TUBO DE
CONCRETO PARA REDES COLETORAS
DE ÁGUAS PLUVIAIS, DIÂMETRO DE
3.8 M 645,20 41,25 26614,50
400 MM, JUNTA RÍGIDA, INSTALADO
EM LOCAL COM BAIXO NÍVE L DE
INTERFERÊNCIAS
ASSENTAMENTO DE TUBO DE
CONCRETO PARA REDES COLETORAS
DE ÁGUAS PLUVIAIS, DIÂMETRO DE
3.9 M 369,00 50,22 18531,18
500 MM, JUNTA RÍGIDA, INSTALADO
EM LOCAL COM BAIXO NÍVE L DE
INTERFERÊNCIAS
ASSENTAMENTO DE TUBO DE
CONCRETO PARA REDES COLETORAS
DE ÁGUAS PLUVIAIS, DIÂMETRO DE
3.10 M 129,00 59,79 7712,91
600 MM, JUNTA RÍGIDA, INSTALADO
EM LOCAL COM BAIXO NÍVE L DE
INTERFERÊNCIAS
ASSENTAMENTO DE TUBO DE
CONCRETO PARA REDES COLETORAS
DE ÁGUAS PLUVIAIS, DIÂMETRO DE
3.11 M 188,60 80,29 15142,69
800 MM, JUNTA RÍGIDA, INSTALADO
EM LOCAL COM BAIXO NÍVE L DE
INTERFERÊNCIAS
ASSENTAMENTO DE TUBO DE
CONCRETO PARA REDES COLETORAS
DE ÁGUAS PLUVIAIS, DIÂMETRO DE
3.12 M 276,20 105,15 29042,43
1000 MM, JUNTA RÍGIDA, INSTALADO
EM LOCAL COM BAIXO NÍVEL DE
INTERFERÊNCIAS
BOCA DE LOBO EM ALVENARIA
TIJOLO MACICO, REVESTIDA C/
ARGAMASSA DE CIMENTO E AREIA
3.13 UNI 80 844,15 67532,00
1:3, SOBRE LASTRO DE CONCRETO
10CM E TAMPA DE CONCRETO
ARMADO
CAIXA ENTERRADA HIDRÁULICA
RETANGULAR, EM ALVENARIA COM
3.14 BLOCOS DE CONCRETO, DIMENSÕES UNI 26 168,9 4391,40
INTERNAS: 1X1X0,6 M PARA REDE DE
DRENAGEM
POÇO DE VISITA CIRCULAR PARA
ESGOTO, EM ALVENARIA COM
TIJOLOS CERÂMICOS MACIÇOS,
3.15 DIÂMETRO INTERNO = 1,2 M, UNI 27 4587,74 123868,98
PROFUNDIDADE DE 2,00 A 2,50 M,
INCLUINDO TAMPÃO DE FERRO
FUNDIDO, DIÂMETRO DE 60 CM
TOTAL (R$) 702103,35
2. ESTRUTURA 285156,11