A Consciência
A Consciência
A Consciência
“Sabes qual é a única obrigação que temos nesta vida?”. Esta questão inicia o
capítulo, sendo a resposta, não sermos imbecis. Mas o que é isto de ser imbecil?
Segundo Fernando Savater, um imbecil é uma pessoa que precisa de um bastão
ou de uma bengala para andar, não por coxear dos pés como um idoso, mas sim por
coxear do espírito: um imbecil é alguém que é fraco de espirítico.
Fernando Savater diz que há vários tipos de imbecis:
● o que acredita que não quer nada, e que para ele é tudo igual;
● o que acredita que quer tudo, que quer a primeira coisa que lhe aparece e ao
mesmo tempo quer o contrário dessa mesma coisa (ex: quer dormir mas
também quer ficar acordado, quer dançar e quer ficar sentado, etc);
● o que não sabe o que quer e que nem se dá ao trabalho de averiguar, ou seja,
faz porque fazer, não faz porque sim…;
● o que sabe que quer e sabe o que quer, mas quer pouco, com medo ou sem
força. Acaba por fazer o que não quer e deixar o que quer para amanhã;
● e por fim, o que quer com força e ferocidade, mas que se enganou a si próprio
sobre o que é a realidade.
O autor avisa-nos que todos nós temos sinais de imbecilidade. No entanto, ele não
se refere à imbecilidade de ser imbecil (ser tonto, saber poucas coisas, etc), mas sim à
imbecilidade moral. “Uma pessoa pode ser imbecil para as matemáticas e não o ser
para a moral”.
O oposto de ser-se moralmente imbecil é ter-se consciência. Mas o que é a
consciência?
A consciência é a capacidade que temos de julgar os nossos atos, o que é certo e
errado do ponto de vista moral.
Na minha opinião, ter consciência é saber que se é livre e consequentemente que
somos responsáveis. É, em vez de fugirmos, aceitarmos e tomarmos responsabilidade
pelas consequências das nossas ações, das nossas decisões. Pois se não queremos
ser imbecis morais temos que optar pela consciência.
Fernando Savater relaciona a imbecilidade moral com o egoísmo. Coloca-nos a
questão se é possível ser egoísta sem se ser imbecil. A resposta é: sim. Aquele que é
egoísta sem ser imbecil é aquele que quer a melhor parte para si.
Deveríamos chamar egoísta apenas àquele que sabe o que é melhor para ele e se
esforça para adquiri-lo, ao contrário daquele que se entrega a tudo o que lhe causa
mal e que pensa ser egoísta mas não o é. Esse sim, é imbecil.
Chamamos egoísta a quem só pensa em si próprio e não se preocupa com os
outros e com o que lhes acontece. Apesar do egoísmo ter este significado negativo,
penso que o egoísmo pode ter outro significado, um significado positivo, que podemos
atribuir quando somos egoístas com nós próprios. Exemplo: eu sou egoísta comigo
mesma quando me esforço ao máximo para conseguir o que quero, como quando
quero ter uma vida boa e para isso tenho que me esforçar para tirar boas notas.
Com o egoísmo pode vir a culpa, o arrependimento e os remorsos.
Temos remorsos quando agimos mal e estamos conscientes disso, e por isso
sentimos arrependimento e sentimo-nos mal com nós próprios.
A meu ver, só um “egoísta positivo” ou um egoísta com consciência pode sentir
remorsos. Por vezes não pensamos antes de agirmos e temos certas atitudes que
podem magoar os outros, mas depois de refletirmos sobre como agimos, temos
remorsos, pois não era nossa intenção magoar os outros.
Os remorsos são uma consequência da nossa liberdade, pois se somos livres,
somos nós que decidimos como agimos e por isso, somos responsáveis. Por sua vez,
se somos responsáveis, temos que acartar com as consequências dos nossos atos e,
consequentemente sentir remorsos.
Exemplo: sou livre de roubar e de não roubar, mas se roubar irei ser presa. E
quando estiver presa irei ter remorsos e perguntarei a mim mesma: Era mesmo
necessário? Poderia ter evitado ir para a prisão? O que trouxe de bom? Sou uma
pessoa mais feliz? Porque é que o fiz? Porquê?
Sendo assim, o remorso é o descontentamento que sentimos connosco quando
não utilizamos a nossa liberdade de forma correta. Devemos levar a sério a liberdade
e a responsabilidade.
A responsabilidade é algo muito importante que todos nós devemos possuir, mas
algumas pessoas tentam fugir à responsabilidade.
“Todos os que querem demitir-se das suas responsabilidades acreditam no
irresistível…”. Quando o irresistível aparece, deixamos de ser livres, pois as nossas
decisões, escolhas, opções, etc, irão ser condicionadas, manipuladas pelo irresistível,
e serão em função deste. Para dar realçar esta ideia, o autor compara-nos a
fantoches. Os fantoches são manipulados por pessoas tal como nós somos
manipulados pelo irresistível.
Conclusão
Com este ensaio filosófico concluímos que devemos guiar-nos pela consciência e
pela responsabilidade, e não pela imbecilidade e pelo egoísmo que nos causam
remorsos e que são exemplos de o uso incorreto da nossa liberdade.
Ter consciência é fundamental para sabermos que a nossa liberdade tem limites e
que nem todas as nossas decisões são mais corretas, e sendo elas certas ou erradas
devemos sempre ser responsáveis e assumirmos as consequências dos nossos atos,
sejam elas positivas ou negativas.
Nós não nascemos com os valores morais, são-nos transmitidos através da
educação que recebemos, das nossas experiências e vivências, são algo que vamos
construindo ao longo do tempo, e que também dependem da nossa cultura.
A meu juízo, Fernando Savater explicou, de uma forma interessante e clara, todos
os assuntos referidos anteriormente, fazendo com que nós possamos compreender e
aprender um pouco mais sobre a Ética e a Moral.