Aula - Direito Na Grécia Clássica

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AULA - DIREITO NA GRÉCIA CLÁSSICA

O direito ateniense clássico foi a principal fonte teórica do direito romano, sendo sua base
filosófica e instrumental. Os sistemas jurídicos europeus posteriores se espelharam na
cultura jurídica ateniense para modelar a organização do poder democrático.
As profissões jurídicas - digam-se, magistratura, promotoria e advocacia, mas não
somente - possuem embrião teórico no direito ateniense clássico, que sedimentaram suas
bases doutrinárias.
PROCESSO HISTÓRICO E A INSTITUIÇÃO DA DEMOCRACIA
No fim do século VI a.C, Clístenes, o “Pai da Democracia”, ascendeu ao poder, através
da liderança de uma revolta, pondo fim à ditadura e inaugurando a Democracia
Ateniense. Adotou várias medidas democratizantes, a população passou a ser dividida em
10 tribos, sendo que cada tribo teria seu representante político no governo central,
fazendo com que a proximidade do governo com a população crescesse e as influências
dos eupátridas começassem a ser neutralizadas.
Eram cidadãos em Atenas aqueles que fossem filhos de pai e mãe atenienses. O jovem
servia como membro da milícia e, somente aos vinte anos é que tomava posse dos seus
direitos como cidadão, possuindo assim, a plenitude dos direitos civis e políticos, podendo
ter assento na assembleia, opinar, votar, ter um cargo na magistratura e nas demais funções
que competiam aos cidadãos.
As mulheres estavam totalmente excluídas da participação política. Elas eram
discriminadas e tratadas com desigualdade formal e material. Não lhes era permitido o
direito à palavra nas reuniões políticas nem a posse de propriedade, em geral, não
possuíam direitos civis.
Já os escravos, mesmo com inferioridade na escala social. Sustentavam, parte do modelo
econômico da polis, preenchiam cargos públicos impopulares (carcereiros, serventes de
obras públicas), eram alugados e subalugados, organizavam os papéis oficiais, 2
representavam seus senhores em negociações comerciais. Aos poucos se tornaram coisas
públicas, por isso a lei passou a protegê-los, reconhecia sua humanidade apesar da
condição social inferior. (GODOY, 2003, p. 197).
Atenas praticava o que se chama de democracia direta (participativa), pois os próprios
cidadãos eram responsáveis pelos destinos da cidade."
Na democracia representativa, o dever de fazer leis não cabe a todo o povo, mas a um
grupo restrito de representantes eleitos (vereadores, deputados, senadores) pelo próprio
povo, do qual recebem os direitos políticos para defender e governar a sociedade"
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DIREITO
Com a positivação do direito os gregos fazem uma primeira reflexão clássica sobre a
natureza da lei e da justiça.
• Aristóteles:
• Diferencia regras de justiça corretiva (comutativa)
• E a justiça distributiva, que é os deveres para com a polis e para com todos
Os gregos promoveram o debate e a reflexão sobre o justo e sobre a justiça, o que foi além
do debate sobre as normas.
As instituições atenienses eram subdivididas em jurídicas (os tribunais) e políticas (órgãos
da administração pública). Assim, o governo estava representado pela polis e a justiça
representada pela magistratura criminal ou civil.
• Elemento fundamental da tradição jurídica grega:
• a laicização do direito
• a ideia de que as leis podem ser revogadas pelos mesmos homens que as
fizeram.
LEIS
Em 621 a.C., Drácon postulou as primeiras leis escritas do governo, substituindo assim
às leis orais, que eram controladas apenas pelos “bem-nascidos”.
“As leis de Drácon” – chegou a afirmar, segundo reza lenda, o orador e diplomata grego
Dêmades (380-319a.C., aproximadamente) – “foram escritas não com tinta, mas com
sangue”. De fato, como registra o grande historiador e biógrafo grego Plutarco (45-120),
na legislação de Drácon a pena morte era atribuída para a maioria das ofensas/crimes ali
previstos. Assim se dava, por exemplo, tanto com um homicídio como com um “simples”
furto. E, nesse ponto, também reza a lenda que o próprio Drácon, quando questionado
sobre a imposição da pena de morte para ofensas/crimes de pequena monta, haveria dito
algo como: “as ofensas/crimes menores merecem a pena de morte; e, infelizmente, não há
pena maior que eu possa atribuir aos crimes mais graves”.

A partir de 594 a.C., Sólon, outro legislador, instituiu reformas políticas mais ambiciosas
em Atenas. Algumas de suas medidas sócio-jurídicas foram:
• a eliminação da escravidão por dívidas;
• a divisão da população por meio do poderio econômico de cada indivíduo, fazendo
com que, agora, membros não eupátridas, mas possuidores de certa quantidade de
riqueza tivessem o direito à participação política;
• a criação do Helieu, tribunal de justiça aberto a todos os cidadãos.
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O JUDICIÁRIO ATENIENSE

A Assembleia do Povo, ou Eclésia, possuía funções legislativas, onde os cidadãos


decidiam, elegiam e julgavam matérias de competência pública, exercendo funções
legislativas, executivas e judiciárias.
Ela designava, por eleição ou sorteio, os magistrados e fiscalizava a sua atuação; decidia
sobre a guerra ou a paz; negociava e ratificava tratados; controlava as finanças e as obras
públicas; julgava crimes políticos. Todos os cidadãos com mais de 20 anos e de posse dos
direitos políticos poderiam compô-la. As suas decisões eram tomadas por maioria de
votação, e os cidadãos se reuniam de três a quatro vezes por mês.
As magistraturas eletivas concentravam maior prestígio. Aos Magistrados competia a
instrução dos processos, dos rituais religiosos, das funções municipais. Havia inúmeros
tipos de magistraturas, agrupadas em colegiados.
A diferença entre as magistraturas escolhidas por sorteio das determinadas por voto
é de que as primeiras não podiam ser reeleitas. Seu desempenho era fiscalizado pela
Bulé e pela Eclésia, a quem tinham de apresentar contas no final dos seus mandatos,
apresentando, inclusive, relatório dos bens pessoais tidos no início e no fim da função
exercida.
Em justiça civil, existiam os juízes dos demos, escolhidos por sorteio, que percorriam
as zonas rurais resolvendo de maneira rápida e serena os litígios de baixo potencial
econômico. Estes ainda realizavam investigações preliminares e, caso necessário, as
endereçava para tribunal competente. Assim a justiça ateniense conseguia atender, ainda
que minimamente, a camada campesina da população.
Em matéria jurídica, é o júri popular, antepassado do moderno Tribunal do Júri, a grande
invenção de Atenas. Não havia intermediário entre a soberania popular e os que são
passíveis de punição. Era a liberdade política que os atenienses tanto apreciavam: o poder
de modelar a justiça positiva conforme a equidade do senso comum e deliberar apoiados
nas circunstâncias concretas. A legislação e a fiscalização do dinheiro público também
sobressaia, se referindo, muitas vezes, como o primórdio dos atuais Tribunais de Contas.
Cada magistrado ou funcionário responsável por receitas públicas era submetido à
prestação ao final da gestão. Devendo apresentar termo escrito comprometendo-se com
sua administração.
Não havia Ministério Público na Atenas clássica. Isso reflete a não obrigatoriedade da
jurisdição estatal na maioria dos litígios. Na ausência de promotoria pública, a denúncia
podia ser proposta por qualquer cidadão.
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Para vigiar o abuso, a acusação infundada ou difamatória era punida com multas, perda
dos direitos políticos, censuras ou flagelos (GLOTZ, 1980, p. 206.).
Acusação e defesa pública também possuem raiz teórica no direito ateniense. A princípio,
cabia a cada cidadão o direito e o dever de conhecer as formas e os ritos forenses, bem
como, manifestar contraditório e ampla defesa.
Os incapazes de autodefesa - mulheres, menores, escravos, libertos e metecos - o faziam
por tutela ou curatela. Tanto autor quanto réu com dificuldade na argumentação podia
pedir auxílio ao tribunal, que indicava representante.

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