Estudo Da Influência Da Finura Do Cimento Portland em Diferentes Niveis de Moagem Nas Propriedades Dos Estados Fresco e Endurecido em Argamassas
Estudo Da Influência Da Finura Do Cimento Portland em Diferentes Niveis de Moagem Nas Propriedades Dos Estados Fresco e Endurecido em Argamassas
Estudo Da Influência Da Finura Do Cimento Portland em Diferentes Niveis de Moagem Nas Propriedades Dos Estados Fresco e Endurecido em Argamassas
CENTRO TECNOLÓGICO
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CÍVIL
VITÓRIA
2022
AMANDA CASSIOLI DUTRA
VITÓRIA
2022
ATA DE DEFESA DO PROJETO DE GRADUAÇÃO
Título: Estudo da influência da finura do cimento Portland em diferentes
níveis de moagem nas propriedades dos estados fresco e endurecido em
argamassas.
Média Final =
Observações:
___________________________________
Prof. Dr. Ronaldo Pilar
Presidente da sessão
“Sou só mais alguém querendo encontrar
A minha própria estrada pra trilhar.”
- Sandy e Junior 2002
AGRADECIMENTOS
Gostaria de dedicar esse espaço aqueles que tornam essa caminhada mais
tranquila.
A Deus porque sem ele nada seria possível. Ele que me deu forças e capacidade
de enfrentar os desafios dessa caminhada e é o responsável por colocar todos
vocês em minha vida. A Nossa Senhora por interceder ao seu lado por minha
vida e por minha segurança.
Agradeço ao Prof. Dr. Ronaldo Pilar que com paciência e dedicação me orientou
ao longo deste trabalho. Agradeço também à Prof.ª Dr.ª Rudiele Aparecida
Schankoski e ao Eng. Otávio Gaigher Simões por aceitarem prontamente ao
convite para compor a banca deste trabalho.
Minha Gratidão ao meu colega Luís Ernesto da Silva Lampert, por ter
desenvolvido comigo o início desse trabalho, em meio a uma pandemia e tantas
incertezas. Por se disponibilizar a reuniões para sanar minhas dúvidas e me
tranquilizar, independente de horário e dia.
CC – Cimento Convencional.
CM – Cimento Moído.
CP – Cimento Portland.
MF – Módulo de Finura.
NM – Norma Mercosul.
RS – Resistente a Sulfato.
2.3.2 Na resistência.................................................................................. 27
1. INTRODUÇÃO
1.1 OBJETIVOS
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Os Cimentos Portland são designados por seu tipo que correspondem a adições
e propriedades especiais. São identificados por suas siglas, seguidas de sua
classe de resistência (25, 32, 40 ou ARI), acrescidas dos sufixos RS e BC,
quando aplicáveis. O sufixo RS é designado aos cimentos resistentes à sulfatos
e se aplica também a qualquer tipo de cimento que apresentar expansão menor
ou igual a 0,03%, aos 56 dias quando ensaiado pelo método estabelecido pela
ABNT NBR 16697 (2018), além de atender os requisitos para o seu tipo e classe.
Para os cimentos com baixo calor de hidratação se utiliza o sufixo BC, para
atender esse requisito o cimento deverá manter o valor máximo de calor de
hidratação, após 41h, de 270 joules por grama (J.g‒1) além de atender os
21
requisitos do seu tipo e classe (ABNT NBR 16697, 2018). As classes 25, 32 e 40
representam os valores mínimos de resistência à compressão aos 28 dias de
idade, em Megapascal (MPa), conforme método de ensaio estabelecido pela
ABNT NBR 7215 (2019). Cimento Portland de alta resistência inicial, CP V-ARI,
apresenta ao primeiro dia de idade resistência igual ou maior que 14 MPa,
quando ensaiado de acordo com a ABNT NBR 7215 (2019) e atende aos demais
requisitos estabelecidos em norma para esse tipo de cimento, conforme descrito
na Tabela 1.
ESCÓRIA
CLÍNQUER +
CLASSE DE GRANULADA MATERIAL MATERIAL
TIPO SIGLA SUFIXO SUFATOS DE
RESISTÊNCIA DE ALTO- POZOLÂNICO CABONÁTICO
CÁLCIO
FORNO
CP I 95 - 100 0-5
COMUM
CP I-S 90 - 94 0 0 6 - 10
25, 32 OU 40
COMPOSTO COM MATERIAL
CP II-F 75 - 89 0 0 11 - 25
CARBONÁTICO RS OU
BC
POZOLÂNICO CP IV 45 - 85 0 15 - 50 0 - 10
2.1.2.1 Clínquer
2.1.2.2 Adições
Está cada vez mais comum a utilização de adições minerais para a produção do
concreto, seja substituindo parcialmente o clínquer ou o cimento. A maior parte
desses materiais são resíduos provenientes de indústrias e que, muitas vezes,
apresentam dificuldades para uma destinação eficiente. Dessa forma, o
reaproveitamento desses materiais não só reduz o impacto ambiental, mas
também reduz o volume de extração de matérias-primas pela indústria da
construção civil (DAL MOLIN, 2011).
Para Mehta e Monteiro (2006), a finura do cimento afeta a sua reatividade com
a água. Pode-se dizer que quanto mais fino o cimento, mais rapidamente ele
reagirá. Para uma determinada composição, a taxa de reatividade e, portanto, o
desenvolvimento de resistência pode ser aumentado por uma moagem mais fina
27
do cimento, porém existem alguns limites para a finura determinados pelo custo
de moagem e o calor desenvolvido na hidratação.
2.3.2 Na resistência
A substituição parcial de cimento com finura convencional por cimento mais fino,
em teores de 20%, apresenta ganhos na resistência à compressão, segundo
Sajedi e Razak (2011). Resultados semelhantes foram reportados por Zhang et
al (2017), conforme apontado no gráfico da Figura 1. Observa-se que a mistura
28
Figura 1 – Resistência a compressão, após substituição do cimento convencional pelo moído (CM).
2.3.3 Na hidratação
2.3.4 Na porosidade
Com isso em vista, para tentar minimizar tais impactos, uma das estratégias é a
adição de uma maior quantidade de material cimentício, já que uma maior
quantidade de finos costuma ter um melhor preenchimento dos vazios, gerando
produtos mais resistentes, devido ao melhor empacotamento das misturas
cimentícias (LI; YANG; XIE, 2015).
Segundo Chen e Kwan (2012), os cimentos mais finos são capazes de atuar
como fílers no preenchimento dos vazios, além de garantir uma melhor
performance na hidratação.
2.3.5 Na fluidez
Tabela 2 – Densidade de empacotamento e índices de vazios para diferentes taxas de substituição por
cimentos superfinos.
Cimento A B C
Viscosidade do plástico (Mpa*s) 1120 909 795
Método do espalhamento do tronco de cone (s) 65,3 39,7 28,6
Inicialmente foi feita uma análise dos principais conceitos e tecnologias acerca
do tema. Em seguida é abordado a seleção dos materiais que foram utilizados e
a determinação dos processos como: moagem, ensaio de finura Blaine, ensaio
de calorimetria e ensaio de resistência à compressão em argamassas. Por fim,
foi feita a interpretação dos dados e das influências das variáveis definidas,
desenvolvendo a elaboração do projeto final para a conclusão do curso,
conforme apresentado na Figura 4.
3.1 MATERIAIS
Os materiais utilizados nessa pesquisa serão descritos nos itens a seguir.
Foi utilizado o cimento Portland de alta resistência inicial (CP V-ARI), este é um
dos cimentos que possui menor teor de adições de minerais na sua composição.
Como foi mostrado na Tabela 1 este cimento apresenta um limite de 90% - 100%
de utilização de sulfatos de cálcio + clínquer, por tanto esse cimento se
caracteriza por ter uma menor influência quanto aos estudos de cimento. Na
33
Especificação
Parâmetro Alcançado
normativa
Massa específica (g/cm³) 3,16
Área específica Blaine (cm²/g) 5046
Expansibilidade a quente 0 ≤ 5 mm
Finura - Resíduos #200 (%) 0,09 ≤ 6,0 %
Caracterização Física
Figura 5 – Areia Normal Brasileira - Grossa (#16). Figura 6 – Areia Normal Brasileira - Média Grossa
(#30).
Figura 7 – Areia Normal Brasileira - Média Fina Figura 8 – Areia Normal Brasileira - Fina (#100).
(#50).
3.1.3 Aditivos
3.1.3.1 Aditivos promotores de moagem
𝑚1 = (1 − 𝜀) ∗ 𝜌 ∗ 𝑉 (1)
Onde,
𝑚1 é a massa do material, em g;
𝐾∗√𝜀3 ∗√𝑡
𝑆= (2)
𝜌∗(1−𝜀)∗√0,1𝜂
Onde,
𝐾 é a constante do aparelho;
Peso (g)
Areia Areia
Areia Areia
Água Cimento média média
grossa fina
grossa fina
187,49 390,61 292,96 292,96 292,96 292,96
Tabela 7 – Quantidade de insumos das argamassas para um teor de 0,08% de aditivo promotor de
moagem.
Para a moldagem dos corpos de prova foi utilizada a norma ABNT NBR 7215
(2019). Na produção da argamassa, primeiro foi adicionado toda a água e assim
iniciou-se a mistura a baixa velocidade adicionando o cimento, não paralisando
o misturador (durante o intervalo de 30s), após isso deve-se adicionar a areia,
misturada previamente, durante os 30s seguintes.
Após a moldagem, os corpos de prova foram levados a câmara úmida, ainda nos
moldes, por 24 horas, protegendo a face superior, conforme mostra a Figura 20.
3.2.2 Etapa II
moído 2h com o aditivo escolhido após a análise que será feita na Etapa I do
capítulo 4. Nota-se, portanto, que o programa experimental se propôs a
comparar o efeito da finura do cimento com ou sem aditivo auxiliador de
moagem.
Peso (g)
CC M1 M2 MD
Cimento (g) 720,57 720,50 720,48 720,50
Areia Grossa (g) 2161,58 2161,55 2161,57 2161,57
Água (g) 345,85 345,85 345,84 345,86
Aditivo plastificante (g) 2,88 2,88 2,88 2,88
CC M1 M2 MD
Cimento (g) 720,40 720,60 720,58 720,56
Areia Grossa (g) 2161,56 2161,57 2161,56 2161,64
Água (g) 345,85 345,86 345,85 345,86
Aditivo plastificante (g) 2,88 2,88 2,88 2,88
Figura 23 – Argamassadeira.
Figura 24 – Recipiente.
𝑚𝑐 − 𝑚𝑣
𝑑= ∗ 1000 (3)
𝑉𝑟
Onde,
𝑑
𝐴 = 100 ∗ (1 − ) (4)
𝑑𝑡
53
Onde,
𝐴 é o teor de ar incorporado, em %;
Para que a força aplicada seja igualmente distribuída é utilizado uma retificadora,
como visto nas Figuras 33 e 34, com as bases dos corpos de prova ficando
niveladas conforme Figuras 35 e 36.
59
Figura 33 – Retificadora.
seja a soma e divisão destes. Também é feito a medida da altura como mostra
a Figura 38.
O corpo de prova deve ser inserido diretamente sobre o prato inferior da prensa,
de maneira que fique rigorosamente centrado em relação ao eixo de
carregamento conforme Figura 40.
63
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
4.1 ETAPA I
Após isso foi utilizada a norma ABNT NBR 7215 (2019) para a moldagem de 12
corpos de provas, estes foram elaborados com argamassa composta de uma
parte de cimento (moído conforme citado anteriormente) e três de areia
normalizada (utilizada areia IPT), em massa, e com relação água cimento de
0,48, sendo 3 corpos de prova para um dos aditivos bem como o cimento
convencional moído, que serviu de parâmetro para a escolha do aditivo.
Com isso os moldes para os corpos de prova foram limpos e untados com
desmoldantes em toda a sua superfície interna, utilizando a metodologia
explicada na Etapa I do capítulo 3. Após sua compactação foram separados e
identificados como é possível observá-los na Figura 41.
4.2 ETAPA II
Para a produção dos 48 corpos de prova, foi utilizado o traço descrito no item
3.2.2.2 conforme as Tabelas 13 e 14. Por meio de análise do ar incorporado na
mistura e massa específica é possível avaliar o material. Utilizando a
67
Densidade de massa
da argamassa g/cm³
CC 2,03
M1 1,96
M2 1,94
MD 1,83
Fonte: Autora 2022
Figura 43 – Correlação entre massa específica dos cimentos utilizados e teor de ar incorporado
Índice de Consistência
Além disso, nas amostras com cimento moído 2h, com e sem aditivo, a diferença
obtida é ainda menos significativa.
70
Peso (g)
O tempo desde o contato inicial do cimento com a água até o início do ensaio de
calor foi entre 10 e 20 minutos. Sendo assim, o ensaio não possibilitou a
determinação do primeiro e maior pico de calor de hidratação (calor de
dissolução) que ocorre por volta de 10 minutos (TAYLOR, 1997).
É possível verificar, através da análise gráfica da Figura 50, que os traços que
continham mais finos em sua composição, tiveram sua reação química com a
água mais acelerada. Tal cenário já era esperado, afinal, quanto maior a
quantidade de finos, maior sua superfície específica e, consequentemente, maior
a velocidade das reações com a água.
Segundo Andrade (2008) a capacidade térmica pode ser calculada por meio do
procedimento estabelecido pelo RILEM TC 119-TCE1, que relaciona a massa
total da argamassa com seus materiais utilizados, pela Equação 5.
𝐶𝑠 = 𝑚𝑠 ∑(𝑔𝑖 ∗ 𝑐𝑖 ) (5)
Onde,
𝐶𝑠 ∗ ∆𝑇𝑖
𝑄𝑖 = (6)
𝑚𝑐
Em que,
TEMPO DO
PICO DE TAXA DE TEMPO DE
PICO DE
AMOSTRA HIDRATAÇÃO ACELERAÇÃO INÍCIO DE
HIDRATAÇÃO
(J/g) (tg α) PEGA
(h)
CC 36,40 13,2 9,1 09h03min
M1 56,40 9,6 13,6 05h37min
M2 61,50 8,6 14,6 04h42min
MD 65,50 8,0 17,1 04h18min
A partir da análise dos dados obtidos, podemos observar que o teor de finos tem
grande influência no comportamento das curvas de hidratação, tendo em vista
que houve uma antecipação considerável nas reações de hidratação, e
consequentemente no tempo de início de pega. De fato, e conforme Mehta e
Monteiro (2006) e Li, Yang e Xie (2015), nota-se que há uma aceleração no
processo de hidratação, quando se tem mais finos, e consequentemente há uma
maior liberação de calor nas idades iniciais. Além disso, quando compara-se o
CC com o MD, tem-se uma redução de 4 horas e 45 minutos no início do tempo
de pega.
Nessa etapa será feita a análise dos corpos de prova em relação a sua
resistência a compressão.
Traço CC M1 M2 MD
Resistencia aos 7 dias (Mpa) 31,11 33,32 34,17 36,48
Desvio padrão 1,15 0,58 0,63 1,46
Resistencia aos 28 dias (Mpa) 37,65 42,04 42,46 42,91
Desvio padrão 0,98 1,55 1,13 1,60
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
5.1 CONCLUSÃO
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AGOSTINHO, L.B.; BORGES, J. G.; SILVA, E.F.; et al. Revista Matéria, v.25,
n.4, 2020.
ANSARI, Wajahat Sammer; CHANG, Jun. Influence of fine cement sand paste
in preparation of cementitious materials. Construction and Building Materials,
v. 230, p.1-13, 2020.
LI, H. J.; YANG, L.; XIE, Y. J. Effect of fineness on the properties of cement
paste. Key Engineering Materials, v. 629–630, p. 366–370, 2015.
LIAN, C.; ZHUGE, Y.; BEECHAM, S. The relationship between porosity and
strength for porous concrete. Construction and Building Materials, v. 25, n. 11,
p. 4294–4298, 2011.
Shi, Y.; Wang, T.; Li, H.; Wu, S. Explorando os Fatores de Influência da
Hidratação Precoce do Cimento Ultrafino. Materiais 2021, 14, 5657.
SO Ehikhuenmen et al 2019 IOP Conf. Ser.: Mater. Sci. Eng. 640 012043.
TAYLOR H.F.W. Cement Chemistry. 2ª edition. Thomas Telford Ltd, 1997. 480
p.