MODELO Roteiro 09 - Ação Penal - Gabriele Pinheiro Da Silveira de Freitas e Vera Rafaella Rodrigues Gomes
MODELO Roteiro 09 - Ação Penal - Gabriele Pinheiro Da Silveira de Freitas e Vera Rafaella Rodrigues Gomes
MODELO Roteiro 09 - Ação Penal - Gabriele Pinheiro Da Silveira de Freitas e Vera Rafaella Rodrigues Gomes
Ação Penal
ORIENTAÇÕES:
1. Preencha os tópicos abaixo, utilizando ao menos TRÊS autores diferentes, fazendo as
devidas citações deles em notas de rodapé, e referindo exemplos esclarecedores. EX.: FRASE DO
AUTOR #1 (entre aspas e com a referência completa em nota de rodapé); FRASE DO AUTOR #2 (entre
aspas e com a referência completa em nota de rodapé); FRASE DO AUTOR #3 (entre aspas e com a
referência completa em nota de rodapé); FRASE TUA (com as tuas palavras) sobre o ponto
trabalhado; EXEMPLO CRIADO POR TI sobre o ponto trabalhado; QUESTÃO OBJETIVA (e
interessante) CRIADA POR TI sobre o ponto trabalhado, com destaque na resposta correta, seguida
de uma breve explicação com as tuas palavras (e fundamentação legal, se for o caso. ATENÇÃO: não
serão consideradas questões copiadas de sites especializados; e o critério para avaliação deste item
será a ORIGINALIDADE, o não envolvimento do nome do Professor, e a utilização de aspectos
interessantes).
2. O trabalho deverá ser entregue em formato PDF, com o corpo do texto em fonte Calibri,
tamanho 12, em parágrafos com o alinhamento justificado, 6 pontos “antes” e 0 pontos “depois”, e
recuo de 1,25cm na primeira linha. As notas de rodapé em fonte Calibri, tamanho 9, em parágrafos
com o alinhamento justificado, 6 pontos “antes” e 0 pontos “depois”, e Hanging de 0,5cm; contendo
as referências completas dos autores utilizados, nos moldes descritos no item Bibliografia. As
citações diretas devem ter a seguinte formatação: a fonte deve ser Calibri, tamanho 10, o parágrafo
justificado com recuo à direita de 3,5cm, e 18 pontos “antes” e “depois”. O documento deverá ter
margens de 2,0 cm em todos os lados.
#DICA_DO_DINDO: Utilize o Código Penal para auxiliá-lo na compreensão do tema, e serão
aceitas apenas referências aos artigos de lei (e não cópias).
Bom trabalho!!
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1 CONCEITO
A ação penal consiste no direito em provocar jurisdição do Estado para resolução do litigio
aplicando a Lei perante um caso concreto.
“O Estado, sintetizando uma luta secular em que se resume a própria história da civilização,
suprimiu a autodefesa e avocou a si o direito de dirimir os litígios existentes entre os indivíduos.
Assumiu o dever de distribuir justiça, criando, com essa finalidade, tribunais e juízos para tornarem
efetiva a proteção dos direitos e interesses individuais garantidos pela ordem jurídica. Nasceu,
como consequência direta, o direito do cidadão de invocar a atividade jurisdicional do Estado para
solucionar os seus litígios e reconhecer os seus direitos, que, na esfera criminal, chama-se direito
de ação penal”. (BITENCOURT, Cezar Roberto. Coleção Tratado de direito penal. 26.ed. Vol. 1 - São
Paulo: Saraiva Educação, 2020, p.2109.)
“Dissertando sobre o direito de ação, Tornaghi preleciona que “o conceito de ação pode ser
facilmente entendido. Quem contempla a atividade processual vê o exercício: de um direito do
autor: direito de exigir a proteção do Estado ou direito de ação; de um poder jurídico do Estado
sobre o autor e réu: poder de jurisdição; de um direito do réu: direito de defesa”. (GRECO, Rogério.
Curso de Direito Penal: parte geral. 19.ed. Vol.1 - Niterói: Impetus, 2017, p. 849)
“É o procedimento judicial iniciado pelo titular da ação quando há indícios de autoria e de
materialidade, a fim de que o juiz declare procedente a pretensão punitiva estatal e condene o
autor da infração penal. Durante o transcorrer da ação penal, será assegurado ao acusado amplo
direito de defesa, além de outras garantias, como a estrita observância do procedimento previsto
em lei, de só ser julgado pelo juiz competente, de ter assegurado o contraditório e o duplo grau de
jurisdição etc”. (ESTEFAM, André; GONÇALVES, Victor Eduardo Rios. Direito penal esquematizado.
9.ed. - São Paulo: Saraiva Educação,2020, p. 1030.)
Existem alguns tipos de ação penal. Dentre eles encontram-se Ação Penal Pública
Incondicionada; Ação Penal Pública Condicionada a Representação; Ação Penal Pública Condicionada
a Requisição; Ação Penal Privada Exclusiva; Ação Penal Privada Subsidiaria da Publica; Ação Penal
Privada Personalíssima.
“A ação penal, quanto à legitimidade para a sua propositura, classifica-se em: ação penal pública
e ação penal privada. Ambas comportam, no entanto, uma subdivisão: a ação penal pública pode
ser incondicionada e condicionada, e a ação privada pode ser exclusivamente privada e privada
subsidiária da pública”. (BITENCOURT, Cezar Roberto. Coleção Tratado de direito penal. 26.ed. Vol.
1 - São Paulo: Saraiva Educação, 2020, p.2113.)
“O Código Penal e a legislação processual penal preveem duas espécies de ação penal, a saber:
ação penal pública e ação penal privada. A regra prevista no art. 100 do Código Penal diz que toda
ação penal é pública, salvo quando a lei expressamente a declara privativa do ofendido. Na
verdade, todas as ações penais, sejam elas quais forem, têm natureza pública, pois, conforme vimos
anteriormente pela definição de Carnelutti, ela é um direito subjetivo público que, nas lições de
Afrânio Silva Jardim, é “dirigido contra o Estado, de invocar a prestação jurisdicional, prometida a
nível constitucional. Contudo, na área penal, especificamente, a sua iniciativa é que se biparte em
pública e privada. Assim, teremos ações penais de iniciativa pública e ações penais de iniciativa
privada. As ações penais de iniciativa pública são promovidas pelo órgão oficial, ou seja, pelo
Ministério Público, sendo que as de iniciativa privada são, ab initio, levadas a efeito mediante
queixa pelo ofendido ou por quem tenha qualidade para representá-lo”. (GRECO, Rogério. Curso de
Direito Penal: parte geral. 19.ed. Vol.1 - Niterói: Impetus, 2017, p. 854)
“A ação pública apresenta as seguintes modalidades:
a) Incondicionada — o exercício da ação independe de qualquer condição
especial.
b) Condicionada — a propositura da ação penal depende da prévia existência de uma condição
especial (representação da vítima ou requisição do Ministro da Justiça). É o que estabelece o art.
100, § 1º, do Código Penal.
Ação penal privada é aquela em que a iniciativa da propositura é conferida à vítima. A peça inicial
se chama queixa-crime. Subdivide-se em:
a) Exclusiva — a iniciativa da ação penal é da vítima, mas, se esta for menor ou incapaz, a lei prevê
que possa ser proposta pelo representante legal. Ademais, em caso de morte da vítima, a ação
poderá ser iniciada por seus sucessores (cônjuge, companheiro, ascendente, descendente ou irmão)
e, se já estiver em andamento por ocasião do falecimento, poderão eles prosseguir no feito.
b) Personalíssima — a ação só pode ser proposta pela vítima. Se ela for menor, deve-se esperar que
complete 18 anos. Se for doente mental, deve-se aguardar eventual restabelecimento. Em caso de
morte, a ação não pode ser proposta pelos sucessores. Se já tiver sido proposta na data do
falecimento, a ação se extingue pela impossibilidade de sucessão no polo ativo.
c) Subsidiária da pública — é a ação proposta pela vítima em crime de ação pública, possibilidade
que só existe quando o Ministério Público, dentro do prazo que a lei lhe confere, não apresenta
qualquer manifestação”. (ESTEFAM, André; GONÇALVES, Victor Eduardo Rios. Direito penal
esquematizado. 9.ed. - São Paulo: Saraiva Educação,2020, p. 1031.)
Texto da Questão #1: Sobre Ação Penal Pública preencha conforme sua modalidade:
(a) Incondicionada;
(b) Condicionada;
Texto da Questão #2: Sobre Ação Penal Privada preencha conforme sua modalidade:
(a) Exclusiva;
(b) Personalíssima;
2.1 PÚBLICA
2.1.1 Conceito
A Ação Penal Pública é a forma de provocar o Estado perante um crime com reflexos na
sociedade, cabe ao Ministério Público promover a ação independe da vontade de outrem. Visa à
interesses sociais e a manutenção da ordem pública.
“O Ministério Público é o dominus littis da ação penal pública (art. 129, I, da CF), que se inicia com
o oferecimento da denúncia em juízo e deverá conter a narração do fato criminoso,
circunstanciadamente, a qualificação do acusado, a classificação do crime e o rol de testemunhas
(art. 41 do CPP")”. (BITENCOURT, Cezar Roberto. Coleção Tratado de direito penal. 26.ed. Vol. 1 -
São Paulo: Saraiva Educação, 2020, p.2114.)
“A ação penal de iniciativa pública pode ser: a) incondicionada ou b) condicionada à representação
do ofendido ou à requisição do Ministro da Justiça”. (GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal: parte
geral. 19.ed. Vol.1 - Niterói: Impetus, 2017, p. 854)
“É aquela cuja titularidade é exclusiva do Ministério Público, nos termos do art. 129, I, da
Constituição Federal, para os delitos que a lei defina como de ação pública”. (ESTEFAM, André;
GONÇALVES, Victor Eduardo Rios. Direito penal esquematizado. 9.ed. - São Paulo: Saraiva
Educação, 2020, p. 1031.)
2.1.2 Fundamento
Se preenchidos os requisitos para a ação penal, então poderá ser exercido o Direito.
Possibilidade jurídica do pedido; Interesse de agir; Legitimação para agir, entre os fundamentos estão
presentes a obrigatoriedade; indisponibilidade; oficialidade.
“Além dos princípios gerais da ação (contraditório, ampla defesa, devido processo legal etc.)
que se aplicam a todo e qualquer tipo de ação penal, a ação pública rege-se ainda por três
princípios que lhe são específicos: a) obrigatoriedade; b) indisponibilidade; c) oficialidade.
Princípio da obrigatoriedade De acordo com esse princípio, o promotor não pode transigir ou
perdoar o autor do crime de ação pública. Caso entenda, de acordo com sua própria apreciação
dos elementos de prova — pois a ele cabe formar a opinio delicti —, que há indícios suficientes
de autoria e materialidade de crime que se apura mediante ação pública, estará obrigado a
oferecer denúncia, salvo se houver causa impeditiva, como, por exemplo, a prescrição, hipótese
em que deverá requerer a declaração judicial de extinção da punibilidade e, por consequência,
o arquivamento do inquérito. Apenas nas infrações de menor potencial ofensivo (contravenções
e crimes com pena máxima de até 2 anos), o Ministério Público pode deixar de promover a ação
penal, não obstante existam provas cabais de delito de ação pública, pois, para tais crimes, é
cabível a transação penal, instituto reconhecido constitucionalmente (art. 98, I, da CF). Princípio
da indisponibilidade Nos termos do art. 42 do Código de Processo Penal, o Ministério Públiconão
pode desistir da ação por ele proposta. Tampouco pode desistir de recurso que tenha interposto
(art. 576 do CPP). Princípio da oficialidade O titular exclusivo da ação pública é um órgão oficial,
que integra os quadros do Estado: o Ministério Público. Esse princípio é atenuado pela própria
Constituição Federal que, em seu art. 5º, LIX, permite que, subsidiariamente, seja oferecida
queixa em crime de ação pública, desde que o Ministério Público não apresente qualquer
manifestação dentro do prazo que a lei lhe confere. Dentro do prazo legal, contudo, o princípio
é absoluto”. (ESTEFAM, André; GONÇALVES, Victor Eduardo Rios. Direito penal esquematizado.
9.ed. - São Paulo: Saraiva Educação, 2020, p. 1035.)
“Os princípios que envolvem a ação penal de iniciativa pública, seja ela incondicionada ou
condicionada à representação do ofendido ou à requisição do Ministro da Justiça, são: a)
obrigatoriedade ou legalidade; b) oficialidade; c) indisponibilidade; d) indivisibilidade; e
e)intranscendência. O princípio da obrigatoriedade ou da legalidade traduz-se no fato de que o
Ministério Público tem o dever de dar início à ação penal desde que o fato praticado pelo agente
seja, pelo menos em tese, típico, ilícito e culpável, bem como que, além das condições genéricas
do regular exercício do direito de ação, exista, ainda, justa causa para a sua propositura, ou
seja, aquele lastro probatório mínimo que dê sustento aos fatos alegados na peça inicial de
acusação. O princípio da oficialidade nas ações penais de iniciativa pública significa que a
persecutio criminis in judicio será procedida por órgão oficial, qual seja, o Ministério Público,
pois, segundo o inciso I do art. 129 da Constituição Federal, compete-lhe, no rol de suas funções
institucionais, promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei. Pelo princípio
da indisponibilidade fica vedado ao órgão oficial encarregado de promover a ação penal – ou
seja, ao Ministério Público – desistir da ação penal por ele iniciada. Desistir da ação penal não
significa o mesmo que pugnar, ao seu final, pela improcedência do pedido levado a efeito na
denúncia. O Ministério Público não só pode como deve pedir a absolvição dos acusados nas
hipóteses em que não restar evidentemente demonstrada a prática da infração penal. Isso não
quer dizer disponibilidade da ação penal. Nesse caso, a ação penal cumpriu o seu propósito, que
é o de levar ao conhecimento do Estado-Juiz a prática, em tese, de determinada infração penal.
Se depois da regular instrução do processo as provas evidenciarem não ter sido o réu o seu
autor, por exemplo, deverá ele ser absolvido. Tal absolvição se imporá, até mesmo, nas
hipóteses de dúvida, pois tal dúvida deve ser considerada em benefício do acusado segundo o
inafastável brocardo que determina o in dubio pro reo. O princípio da indivisibilidade determina
que se a infração penal foi praticada em concurso de pessoas, todos aqueles que para ela
concorreram devem receber o mesmo tratamento, não podendo o Ministério Público escolher
a quem acionar. Como bem observado por Tourinho Filho, “a indivisibilidade da ação penal é
uma consequência lógica do princípio da obrigatoriedade ou legalidade”. (GRECO, Rogério.
Curso de Direito Penal: parte geral. 19.ed. Vol.1 - Niterói: Impetus, 2017, p. 855)
“Ação pública incondicionada A regra geral é de que a ação penal seja pública incondicionada.
Assim, de regra, os crimes previstos na Parte Especial do Código Penal, bem como na legislação
especial, são de ação pública incondicionada ou absoluta. b) Ação pública condicionada
Continua sendo iniciada pelo Ministério Público, mas dependerá, para a sua propositura, da
satisfação de uma condição de procedibilidade, sem a qual a ação penal não poderá ser
instaurada: representação do ofendido ou de quem tenha qualidade para representá-lo, ou,
ainda, de requisição do Ministro da Justiça”. (BITENCOURT, Cezar Roberto. Coleção Tratado de
direito penal. 26.ed. Vol. 1 - São Paulo: Saraiva Educação, 2020, p.2115.)
Gabarito da Questão #1: Além dos princípios gerais da ação (contraditório, ampla defesa, devido processo
legal etc.) que se aplicam a todo e qualquer tipo de ação penal, a ação pública rege-se ainda por três princípios que lhe são
específicos: a) obrigatoriedade; b) indisponibilidade; c) oficialidade.
Texto da Questão #2: Sobre fundamentos da Ação Penal Pública preencha conforme sua
modalidade:
(a) obrigatoriedade;
(b) indisponibilidade;
(c) oficialidade.
( ) De acordo com esse princípio, o promotor não pode transigir ou perdoar o autor do crime de ação
pública. Caso entenda, de acordo com sua própria apreciação dos elementos de prova — pois a ele
cabe formar a opinio delicti —, que há indícios suficientes de autoria e materialidade de crime que se
apura mediante ação pública, estará obrigado a oferecer denúncia, salvo se houver causa impeditiva,
como, por exemplo, a prescrição, hipótese em que deverá requerer a declaração judicial de extinção
da punibilidade e, por consequência, o arquivamento do inquérito. Apenas nas infrações de menor
potencial ofensivo (contravenções e crimes com pena máxima de até 2 anos), o Ministério Público pode
deixar de promover a ação penal, não obstante existam provas cabais de delito de ação pública, pois,
para tais crimes, é cabível a transação penal, instituto reconhecido constitucionalmente (art. 98, I, da
CF).
( ) Nos termos do art. 42 do Código de Processo Penal, o Ministério Público não pode desistir da ação
por ele proposta. Tampouco pode desistir de recurso que tenha interposto (art. 576 do CPP).
( ) Princípio da oficialidade O titular exclusivo da ação pública é um órgão oficial, que integra os
quadros do Estado: o Ministério Público. Esse princípio é atenuado pela própria Constituição Federal
que, em seu art. 5º, LIX, permite que, subsidiariamente, seja oferecida queixa em crime de ação
pública, desde que o Ministério Público não apresente qualquer manifestação dentro do prazo que a
lei lhe confere. Dentro do prazo legal, contudo, o princípio é absoluto
Gabarito da Questão #2: Princípio da obrigatoriedade De acordo com esse princípio, o promotor
não pode transigir ou perdoar o autor do crime de ação pública. Caso entenda, de acordo com sua
própria apreciação dos elementos de prova — pois a ele cabe formar a opinio delicti —, que há indícios
suficientes de autoria e materialidade de crime que se apura mediante ação pública, estará obrigado a
oferecer denúncia, salvo se houver causa impeditiva, como, por exemplo, a prescrição, hipótese em
que deverá requerer a declaração judicial de extinção da punibilidade e, por consequência, o
arquivamento do inquérito. Apenas nas infrações de menor potencial ofensivo (contravenções e crimes
com pena máxima de até 2 anos), o Ministério Público pode deixar de promover a ação penal, não
obstante existam provas cabais de delito de ação pública, pois, para tais crimes, é cabível a transação
penal, instituto reconhecido constitucionalmente (art. 98, I, da CF). Princípio da indisponibilidade nos
termos do art. 42 do Código de Processo Penal, o Ministério Público não pode desistir da ação por ele
proposta. Tampouco pode desistir de recurso que tenha interposto (art. 576 do CPP). Princípio da
oficialidade O titular exclusivo da ação pública é um órgão oficial, que integra os quadros do Estado: o
Ministério Público. Esse princípio é atenuado pela própria Constituição Federal que, em seu art. 5º, LIX,
permite que, subsidiariamente, seja oferecida queixa em crime de ação pública, desde que o Ministério
Público não apresente qualquer manifestação dentro do prazo que a lei lhe confere. Dentro do prazo
legal, contudo, o princípio é absoluto
2.1.3 Espécies
2.2 PRIVADA
2.2.1 Conceito
A Ação Penal Privada cabe ao titular do direito a escolha de oferecer queixa crime, o Estado
abre mão de punir o agente e transfere iniciativa ao ofendido.
“Essa forma de ação penal é de iniciativa do ofendido ou, quando este for menor ou incapaz, de
seu representante legal. O direito de punir continua sendo estatal, mas a iniciativa da ação é
transferida para o ofendido ou seu representante legal, uma vez que os delitos dessa natureza
atingem a intimidade da vítima ou interesses estritamente particulares, de modo que ela pode
preferir não discutir o assunto em juízo”. (ESTEFAM, André; GONÇALVES, Victor Eduardo Rios.
Direito penal esquematizado. 9.ed. - São Paulo: Saraiva Educação, 2020, p. 1042.)
“As ações de iniciativa privada propriamente ditas são aquelas promovidas mediante queixa do
ofendido ou de quem tenha qualidade para representá-lo. Em determinadas infrações penais,
a lei penal preferiu que o início da persecutio criminis ficasse a cargo do particular. Embora o
Estado sempre sofra com a prática de uma infração penal, pois o seu cometimento abala a
ordem jurídica e coloca em risco a paz social, existem situações que interessam mais
intimamente ao particular do que propriamente ao Estado. Dessa forma, como veremos mais
adiante, os princípios que regem as ações penais de iniciativa privada se diferenciam daqueles
que são reitores das ações penais de iniciativa pública, uma vez que o interesse do particular se
sobrepujará ao interesse do Estado”. (GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal: parte geral.
19.ed. Vol.1 - Niterói: Impetus, 2017, p. 857)
“É exceção ao princípio publicístico da ação penal e, por isso, vem sempre expressa no texto
legal, como, por exemplo, no art. 145, o Código determina que “somente se procede mediante
queixa”. A ação privada, em qualquer de suas formas, é iniciada sempre através da queixa, que
não se confunde com a notitia criminis realizada na polícia e vulgarmente denominada
“queixa”. (BITENCOURT, Cezar Roberto. Coleção Tratado de direito penal. 26.ed. Vol. 1 - São
Paulo: Saraiva Educação, 2020, p.2116.)
2.2.2 Espécies
“A iniciativa da ação cabe ao ofendido (ou seu representante legal), mas, em caso de morte ou
declaração de ausência antes da propositura da ação, esta poderá ser intentada, dentro do prazo
decadencial de 6 meses, pelo cônjuge, ascendente, descendente ou irmão (art. 31 do CPP).
Atualmente, tal direito é reconhecido também ao companheiro em caso de união estável. Por sua
vez, se o querelante falecer após o início da ação, poderá haver substituição no polo ativo, no prazo
de 60 dias a contar da morte. Nos crimes de ação privada exclusiva, o legislador, na própria parte
especial do Código Penal, expressamente declara que para a apuração daquele delito “somente se
procede mediante queixa”. Esta, portanto, é a frase que identifica os crimes de ação privada
exclusiva. O autor da ação penal privada é chamado de querelante, ao passo que o acusado é
denominado querelado. A peça processual que dá início à ação privada se chama queixa-crime e
deve ser endereçada ao juízo competente, e não ao delegado de polícia. Quando a vítima de um
crime de ação privada quer que a autoridade policial inicie uma investigação, deve a ela endereçar
requerimento para a instauração de inquérito, e não uma queixacrime. Quando o ofendido tiver
em suas mãos elementos de prova que indiquem que determinada pessoa foi a autora do delito
contra ele cometido, deve apresentar queixa-crime ao juízo, no prazo de 6 meses a contar da data
em que a autoria foi descoberta. Esse prazo é decadencial e, portanto, peremptório, não se
interrompendo em razão da instauração de inquérito ou por outro motivo qualquer. Por gerar
extinção da punibilidade, o prazo decadencial tem natureza penal, de modo que se inclui na
contagem o primeiro dia (aquele em que o ofendido tomou ciência da autoria). Se a vítima for maior
de 18 anos, somente ela poderá exercer o direito. Se, entretanto, for doente mental, o direito passa
ao seu representante legal. Se a vítima não tiver representante legal, ou caso haja conflito de
interesses entre ela e o representante, o juiz criminal deverá nomear curador especial, pessoa da
sua confiança, para avaliar a conveniência de oferecer a queixa (art. 33 do CPP). Se a vítima morrer
ou for declarada ausente, o direito passa ao cônjuge (ou companheiro), ascendente, descendente
ou irmão (art. 31 do CPP); se a vítima for menor de 18 anos, o direito é do representante legal. Se
a vítima, entretanto, não tiver representante, ou se houver colidência de interesses, o juízo da
Infância e da Juventude deverá nomear curador especial para apreciar a conveniência em
apresentar a queixa. Existe colidência de interesses, por exemplo, quando o autor do delito é o
próprio representante legal.”. (ESTEFAM, André; GONÇALVES, Victor Eduardo Rios. Direito penal
esquematizado. 9.ed. - São Paulo: Saraiva Educação, 2020, p. 1044-1047.).
Gabarito da Questão #2: “A iniciativa da ação cabe ao ofendido (ou seu representante legal),
mas, em caso de morte ou declaração de ausência antes da propositura da ação, esta poderá ser
intentada, dentro do prazo decadencial de 6 meses, pelo cônjuge, ascendente, descendente ou irmão.”
“De acordo com o art. 5º, LIX, da Constituição Federal, “será admitida ação privada nos crimes de
ação pública, se esta não for intentada no prazo legal”. Nota-se, pois, que o constituinte, apesar de
ter conferido ao Ministério Público a titularidade exclusiva da ação penal nos crimes de ação
pública (art. 129, I, da CF), não reconheceu caráter absoluto a tal prerrogativa, já que, se o órgão
ministerial mostrar-se desidioso e não se manifestar dentro do prazo previsto em lei, poderá o
ofendido oferecer queixa subsidiária. De acordo com o art. 46 do Código de Processo Penal, o prazo
para o oferecimento de denúncia é de 5 dias, se o indiciado estiver preso, e de 15 dias, se estiver
solto, a contar da data em que for recebido o inquérito policial. Findo esse prazo sem que o
Ministério Público tenha apresentado manifestação, surge o direito para a vítima de oferecer a
queixa em substituição à denúncia não apresentada tempestivamente. Tal possibilidade inicia-se
com o término do prazo do Ministério Público e se estende por 6 meses. Como o prazo para o
promotor se manifestar não é peremptório, sua inércia gera a possibilidade da queixa subsidiária,
mas não impede que ele próprio ofereça denúncia, se a vítima ainda não tomou aquela providência
(oferecimento da queixa supletiva). Além disso, a inércia do ofendido dentro dos 6 meses não gera
a extinção da punibilidade porque o crime, em sua natureza, é de ação pública. Em suma,
transcorridos os 6 meses, a vítima não mais poderá oferecer queixa subsidiária, mas o Ministério
Público ainda poderá oferecer a denúncia. O que se conclui, portanto, é que, findo o prazo inicial
do Ministério Público (5 dias para o indiciado preso e 15 para o solto), passa a haver legitimidade
concorrente para o desencadeamento da ação penal pelo período de 6 meses. Dentro desse prazo,
quem desencadear primeiro a ação penal terá sua titularidade (Ministério Público ou vítima). Após
os 6 meses, sem que a ação tenha se iniciado, volta o Ministério Público a ter a titularidade exclusiva
para promover a ação penal. De ver-se que a possibilidade de ação privada subsidiária só existe
quando o Ministério Público não se manifesta no prazo legal. Por isso, se o promotor requer o
arquivamento do inquérito ou requer o retorno do inquérito ao Distrito Policial para a realização
de novas diligências, não cabe a queixa subsidiária. Se, apesar disso, ela for oferecida, o juiz deve
rejeitá-la por ilegitimidade de parte (falta de pressuposto para a ação penal — art. 395, II, do CPP).
Atuação do Ministério Público na ação privada subsidiária: Tal como ocorre nas demais hipóteses
de ação privada, o Ministério Público atua como fiscal da lei (custos legis) no sentido de resguardar
o correto tramitar da ação, a regularidade dos atos processuais e os direitos das partes. Todavia,
como o crime cometido é de ação pública, o art. 29 do Código de Processo Penal confere poderes
diferenciados ao promotor que atua no feito, podendo ele: 1) Repudiar a queixa e oferecer denúncia
substitutiva — esta possibilidade só existe se a queixa oferecida não preencher os requisitos
previstos no art. 41 do Código de Processo, sendo, portanto, considerada inviável. 2) Aditar a queixa
— se entender que a queixa é viável, mas que apresenta falhas, o Ministério Público poderá aditá-
la, quer para corrigir imperfeições, incluir corréu ou crime conexo não mencionado na queixa, ou,
ainda, para inserir qualificadora ou causa de aumento de pena omitidas pelo querelante etc. 3)
Interpor recursos — o Ministério Público poderá recorrer qualquer que tenha sido a natureza da
decisão (absolvição, condenação, desclassificação, extinção da punibilidade) e também em relação
ao montante da pena aplicada. Lembre-se de que, na ação privada exclusiva ou personalíssima, o
Ministério Público só pode recorrer em favor do querelado. 4) Fornecer elementos de prova — o
promotor poderá também requerer e participar da produção de qualquer prova. 5) Retomar a
titularidade da ação em caso de negligência do querelante — não existe perempção nesse tipo de
ação penal. A perempção é causa extintiva da punibilidade cabível somente nos crimes de ação
privada exclusiva ou personalíssima. Decorrem de negligência do querelante após o início da ação
penal, nas hipóteses elencadas no art. 60 do Código de Processo penal.”. (ESTEFAM, André;
GONÇALVES, Victor Eduardo Rios. Direito penal esquematizado. 9.ed. - São Paulo: Saraiva
Educação, 2020, p. 1044-1047.).
“A ação penal privada subsidiária da pública, regulada no art. 100, § 3º, do CP, bem como no art.
5º, LIX, da CF/1988, surge na hipótese do Ministério Público não oferecer a denúncia no prazo legal.
O prazo para oferecimento da denúncia, estando o réu preso, será de 5 (cinco) dias, contado da
data em que o órgão do MP receber os autos do 4.11.4.3 4.11.5 inquérito policial, e de 15 (quinze)
dias, se o réu estiver solto ou afiançado (art. 46, do CPP). Se este lapso temporal é ultrapassado,
quedando-se, como dito, inerte o órgão acusador, há a possibilidade de o ofendido, no prazo de 6
(seis) meses, tomar o seu lugar, intentando a chamada ação penal privada subsidiária da pública,
por intermédio da queixa substitutiva (arts. 29 e 38, do CPP). Esta modalidade de ação penal
objetiva evitar que, por conta da inércia, desinteresse ou mesmo por injunções políticas ou ilícitas
se dê a impunidade do infrator. Se o Ministério Público tem prerrogativas constitucionais para o
exercício de seu mister (art. 127, da CF/1988), tem, também, responsabilidades para com a
Sociedade, justificandose, plenamente, a previsão de ação privada subsidiária da pública que, de
resto, é garantia constitucional do cidadão (art. 5º, LIX, da CF/1988). Observe-se, porém, que
inércia não se confunde com adoção de medidas diversas do oferecimento de denúncia, como, por
exemplo, a requisição de diligências complementares ou a propositura do arquivamento do
inquérito policial. Em suma, inércia é a inação que denota a reprovável desídia ou desinteresse do
órgão acusador.”. (GUEIROS, Artur; JAPIASSÚ, Carlos Eduardo. Direito Penal Volume Único. São
Paulo: Atlas, 2018, p. 497-498).
“A inércia ministerial possibilita ao ofendido, ou a quem tenha qualidade para representá-lo, iniciar
a ação penal através de queixa, substituindo ao Ministério Público e à denúncia que iniciaria a ação
penal. Contudo, o pedido de arquivamento, de diligências, de baixa dos autos, a suscitação de
conflito de atribuições etc. não configuram inércia e, consequentemente, não legitimam a
propositura subsidiária de ação privada. Somente se o prazo de cinco dias para réus presos e de
quinze para réus soltos escoar sem qualquer atividade ministerial, aí sim haverá a possibilidade
legal, hoje constitucional (art. 5º, LIX, da CF), de o ofendido propor ação penal. Porém, a ação penal
não se transforma em privada, mantendo a sua natureza de pública, e, por essa razão, o querelante
não pode dela desistir, renunciar, perdoar ou ensejar a perempção. O Ministério Público poderá
aditar a queixa, oferecer denúncia substitutiva, requerer diligências, produzir provas, recorrer e, a
qualquer momento, se houver negligência do querelante, retomar o prosseguimento da ação (art.
29 do CPP). Por isso que na ação penal privada subsidiária, mesmo após esgotado o prazo
decadencial do ofendido, o Ministério Público poderá intentar a ação penal, desde que ainda não
se tenha operado a prescrição. Percebe-se que na ação privada subsidiária a decadência do direito
de queixa não extingue a punibilidade, permanecendo o ius puniendi estatal, cuja titularidade
pertence ao Ministério Público. Finalmente, alguns autores relacionam ainda como uma terceira
modalidade a ação penal privada personalíssima, para o crime de induzimento a erro essencial (art.
236), pela simples impossibilidade sucessória da legitimação ativa, por tratar-se de crime
personalíssimo.”. (BITENCOURT, Cezar Roberto. Coleção Tratado de direito penal. 26.ed. Vol. 1 -
São Paulo: Saraiva Educação, 2020, p.2118-2119.).
Texto da Questão #1: “A inércia ministerial possibilita ao ofendido, ou a quem tenha qualidade
para representá-lo, iniciar a ação penal através de queixa, substituindo ao Ministério Público e à
denúncia que iniciaria a ação penal.”. O conceito acima é uma afirmativa de:
a) Guilherme de Souza Nucci;
b) Cezar Roberto Bitencourt;
c) Rogério Greco;
d) Artur Gueiros;
Gabarito da Questão #2: Alternativa correta, letra a) Quando o Ministério Público não oferecer
a denúncia no prazo legal;
“A ação só pode ser intentada pela vítima. Se esta for menor de idade deve-se aguardar que
complete 18 anos para que tenha legitimidade ativa. Se for incapaz em razão de doença mental,
deve-se aguardar sua eventual melhora. Em tais hipóteses, o prazo decadencial de 6 meses só
correrá a partir da maioridade ou da volta à capacidade mental. Nesse tipo de ação privada, caso
haja morte do ofendido, antes ou depois do início da ação, não poderá haver substituição para a
sua propositura ou seu prosseguimento. A morte, portanto, gera a extinção da punibilidade do
autor da infração. Atualmente, o único crime de ação privada personalíssima previsto no Código
Penal é o de induzimento a erro essencial ou ocultação de impedimento para casamento, em que
o art. 236, parágrafo único, do Código Penal, estabelece que a ação penal só pode ser iniciada por
queixa do contraente enganado.” (ESTEFAM, André; GONÇALVES, Victor Eduardo Rios. Direito
penal esquematizado. 9.ed. - São Paulo: Saraiva Educação, 2020, p. 1047.).
“Segundo alguns doutrinadores, existiria, ainda, uma hipótese particular de ação penal privada
cuja titularidade é única e exclusiva do ofendido, não podendo substituí-lo nem mesmo o seu
representante legal. Em outros termos, falecendo o querelante, extinguir-se-á a punibilidade do
querelado, ante a impossibilidade de se prosseguir na ação penal, por não ser possível a “sucessão
do direito de queixa”, nos moldes regulados no art. 31, do CPP. O exemplo clássico dessa
modalidade particular de ação penal privada era o crime de adultério, que dispunha que a “ação
penal somente pode ser intentada pelo cônjuge ofendido” (art. 240, § 2º, do CP). Com a revogação
desse crime, por força da Lei nº 11.106/2005, o único exemplo remanescente seria do delito de
induzimento a erro essencial e a ocultação de impedimento, tendo em vista dispor que a ação penal
depende de queixa do contraente enganado (art. 236, parágrafo único, do CP).” (GUEIROS, Artur;
JAPIASSÚ, Carlos Eduardo. Direito Penal Volume Único. São Paulo: Atlas, 2018, p. 498).
“As ações penais de iniciativa privada tidas como personalíssimas são aquelas em que somente o
ofendido, e mais ninguém, pode propô-las. Em virtude da natureza da infração penal praticada,
entendeu por bem a lei penal que tal infração atinge a vítima de forma tão pessoal, tão íntima, que
somente a ela caberá emitir o seu juízo de pertinência a respeito da propositura ou não dessa ação
penal. Como exemplo de ação penal de iniciativa privada personalíssima podemos citar aquela
correspondente ao delito previsto no art. 236, que cuida do induzimento a erro essencial e
ocultação de impedimento. O parágrafo único do mencionado artigo assevera que a ação penal
depende de queixa do contraente enganado e não pode ser intentada senão depois de transitar em
julgado a sentença que, por motivo de erro ou impedimento, anule o casamento, afastando-se,
com essa redação, qualquer possibilidade de ser transferida às pessoas elencadas no art. 100, § 4º,
do Código Penal, haja vista que, em virtude de sua natureza personalíssima, como bem destacou
Mirabete, “só podem ser intentadas única e exclusivamente pelo ofendido, não havendo, portanto,
sucessão por morte ou ausência.”. (GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal: parte geral. 19.ed.
Vol.1 - Niterói: Impetus, 2017, p. 859)
Gabarito da Questão #1: Alternativa correta, letra b) Falso. Segundo GRECO: “As ações penais
de iniciativa privada tidas como personalíssimas são aquelas em que somente o ofendido, e mais
ninguém, pode propô-las. Em virtude da natureza da infração penal praticada, entendeu por bem a lei
penal que tal infração atinge a vítima de forma tão pessoal, tão íntima, que somente a ela caberá emitir
o seu juízo de pertinência a respeito da propositura ou não dessa ação penal.”
Gabarito da Questão #2: “A ação só pode ser intentada pela vítima. Se esta for menor de idade
deve-se aguardar que complete 18 anos para que tenha legitimidade ativa. Se for incapaz em razão de
doença mental, deve-se aguardar sua eventual melhora. Em tais hipóteses, o prazo decadencial de 6
meses só correrá a partir da maioridade ou da volta à capacidade mental.”
“Em alguns casos, embora pública, a ação penal dependerá de representação do ofendido ou de
requisição do Ministro da Justiça (art. 100, § 1º, do CP). Representação significa a manifestação de
vontade do ofendido ou seu representante legal, no sentido de ser movida a acusação pública.
Trata-se de uma condição de procedibilidade, sem a qual a ação penal não poderá ser instaurada.
Sequer o inquérito policial poderá ser aberto sem a concordância do lesado, nos casos em que a lei
assim determina. A requisição do Ministro da Justiça – hipótese cada vez mais rara –, é, igualmente,
uma manifestação de vontade, pautada, no caso, por razões de conveniência política. Pode-se
encontrar no Código Penal os seguintes crimes que exigem representação do ofendido ou requisição
do Ministro da Justiça: art. 7º, § 3º; art. 129,caput e § 6º (cf. art. 88, da Lei nº 9.099/1995); art.
130, § 2º; art. 145, parágrafo único (cf. redação da Lei nº 12.033/2009) etc. Com relação a este
último dispositivo, assinala a Súmula 714, do STF, ser concorrente a legitimidade do ofendido,
mediante queixa, e do MP, condicionada à representação do ofendido, “para a ação penal contra
a honra de servidor público no exercício de suas funções”. (GUEIROS, Artur; JAPIASSÚ, Carlos
Eduardo. Direito Penal Volume Único. São Paulo: Atlas, 2018, p. 493-494).
4 IRRETRATABILIDADE DA REPRESENTAÇÃO
A vítima ou o seu representante legal não pode impedir a eficácia da manifestação de vontade
do Ministério Público de promover a ação penal condicional ou a instauração do inquérito policial, uma
vez que, a representação é irretratável depois do oferecimento da denúncia.
“Prevê o art. 102 do Código Penal que a representação éretratável até o oferecimento da denúncia.
A vítima, portanto, pode retirar a representação, de forma a impossibilitar o oferecimento de
denúncia pelo Ministério Público. Deve ser salientado, ainda, que, dentro do prazo decadencial, a
representação pode ser novamente oferecida tornando a ser viável a apresentação de denúncia
pelo Ministério Público. É o que se chama de retratação da retratação.”. (ESTEFAM, André;
GONÇALVES, Victor Eduardo Rios. Direito penal esquematizado. 9.ed. - São Paulo: Saraiva
Educação, 2020, p. 1040.).
Texto da Questão #1: Preencha as lacunas, de acordo com o conceito dos autores acima citados:
a) “Prevê o art. ___ do Código Penal que a representação __ _________ até o _________ __
________. A vítima, portanto, pode retirar a representação, de forma a impossibilitar o oferecimento
de denúncia pelo Ministério Público.”
b) “A representação, como condição de procedibilidade, é _________ _________ o
oferecimento da _________.”
c) “A rigor, tem-se que a propalada retratação da retratação é, na verdade, __ _________ __
_________ _________, em tese perfeitamente possível, desde que não tenha se operado o respectivo
lapso decadencial.”
Gabarito da Questão #1:
a) “Prevê o art. 102 do Código Penal que a representação é retratável até o oferecimento da
denúncia. A vítima, portanto, pode retirar a representação, de forma a impossibilitar o oferecimento
de denúncia pelo Ministério Público.
b) “A representação, como condição de procedibilidade, é irretratável após o oferecimento da
denúncia.”
c) “A rigor, tem-se que a propalada retratação da retratação é, na verdade, a formulação de
nova representação, em tese perfeitamente possível, desde que não tenha se operado o respectivo
lapso decadencial.”
Gabarito da Questão #2: Alternativa correta, letra a) A representação será irretratável antes de
oferecida a denúncia; tem em vista que o artigo 102 do Código Penal prevê que: “A representação será
irretratável depois de oferecida a denúncia.”
Decadência é a perda do direito de ação a ser exercido, ou seja, o ofendido perde o direito de
queixa ou de representação, se não exercer dentro do prazo de seis meses.
"Nos termos do art. 107, IV, 2 a figura, a decadência constitui causa de extinção da punibilidade. E
o art. 103 do CP diz que o ofendido (ou seu representante legal) decai do direito de queixa ou de
representação se não o exerce dentro do prazo de seis meses, contados a partir do dia em que veio
a saber quem é o autor do crime, ou, no caso da ação penal privada subsidiária da pública, do dia
em que se esgotou o prazo para o oferecimento da denúncia. Alguns dos problemas que a matéria
oferece já foram estudados na disciplina da ação penal, pelo que vamos nos ater aos efeitos da
decadência. Decadência é a causa extintiva da punibilidade que se dá pela perda do direito de ação
do ofendido em face do decurso do tempo. Atingindo em primeiro lugar o direito de ação, por via
oblíqua incide sobre o jus puniendi do Estado, pelo que é arrolada entre as causas de extinção da
punibilidade. Quando se trata de ação penal privada, a decadência ataca imediatamente o direito
de agir do ofendido ou de seu representante legal, e, em consequência, o Estado perde a pretensão
punitiva. Quando se cuida de ação penal pública condicionada à representação, a decadência
impede em primeiro lugar que o ofendido ou seu representante legal manifeste validamente a
vontade de que o ofensor seja acionado penalmente, em face do que o órgão do Ministério Público,
na ausência da condição de procedibilidade, não pode deduzir em juízo a pretensão punitiva do
Estado, que fica extinta. A decadência não se aplica à requisição do Ministro da Justiça, de modo
que esta pode ser formulada em qualquer tempo, desde que não esteja extinta a punibilidade por
outra causa.”. (JESUS, Damásio de; atualização ESTEFAM, André. Direito Penal Parte Geral. 37.ed.
Vol 1 – São Paulo: Saraiva Jur, 2020. p. 875-876).
“Decadência é a perda do direito de ação a ser exercido pelo ofendido, em razão do decurso de
tempo. A decadência pode atingir tanto a ação de exclusiva iniciativa privada como também a
pública condicionada à representação. Constitui uma limitação temporal ao ius persequendi que
não pode eternizar-se. Qualquer das duas, tanto a queixa quanto a representação, deve ser
realizada dentro do prazo decadencial, isto é, antes que este se esgote. O prazo decadencial é
peremptório, não se interrompe, nem se suspende. O direito de queixa ou de representação, ao
contrário do que afirmava Celso Delmanto, não se interrompe “pelo seu exercício”. Ora, seguindo
a tradição do nosso Direito, após a causa interruptiva, esse prazo deveria reiniciar a sua contagem,
o que, evidentemente, não ocorre na hipótese referida. Na verdade, o direito de queixa ou de
representação exaure-se pelo seu exercício. Esse prazo tampouco se interrompe com o pedido de
explicações em juízo, também conhecido como interpelação judicial, previsto no art. 144 do CP.
Igualmente o pedido de instauração de inquérito policial ou mesmo a popular “queixa”
apresentada na polícia não têm o condão de interromper o curso do prazo decadencial. A própria
queixa inepta ou nula oferecida em juízo não interrompe a decadência, pois é tida como se não
tivesse ocorrido. O prazo decadencial, em regra, é de seis meses, contado da data em que o
ofendido veio a saber quem foi o autor do crime, ou, na ação privada subsidiária da pública, do dia
em que se esgotou o prazo para o oferecimento da denúncia (arts. 38 e 46 do CPP). A Lei n. 9.099/95
criou um novo prazo decadencial, embora de direito transitório, visto que somente se aplica aos
fatos ocorridos antes da vigência de referida lei: trinta dias para os crimes de lesões corporais leves
e culposas, que passaram a ser de ação pública condicionada. Esse prazo começa a correr a partir
da intimação pessoal da vítima. No entanto, essa intimação só é necessária para os fatos ocorridos
antes da vigência da Lei n. 9.099/95. Os fatos ocorridos após 26-11-1995 não necessitam de tal
intimação, como os demais crimes. Também o prazo decadencial para os crimes de lesões leves e
culposas é de seis meses, como dispõe a regra geral (art. 103 do CP). Em relação aos crimes contra
a propriedade industrial discute-se se permanece a regra geral dos seis meses do art. 103 do CP ou
se este é afastado pelo disposto no art. 529 do CPP, que fixa o prazo de trinta dias para o
oferecimento de queixa, a partir da homologação do laudo pericial. Pessoalmente, acreditamos
que o prazo decadencial é o de seis meses, conforme a regra geral, já que os trinta dias referidos
no art. 529 do CPP não constituem prazo decadencial e visam, tão somente, impedir que o ofendido
procrastine a propositura da ação penal indefinidamente. Ademais, esses trinta dias devem ter um
marco inicial, que será aqueles seis meses referidos. Finalmente, o Supremo Tribunal Federal editou
a Súmula 594, com o seguinte verbete: “Os direitos de queixa e de representação podem ser
exercidos, independentemente, pelo ofendido ou por seu representante legal”. Pela orientação do
Supremo, a decadência do direito do ofendido não afeta o direito do representante legal, e vice-
versa, contados da data em que vierem a tomar conhecimento da autoria do crime. Como afirma
Paulo José da Costa Jr. O STF reconhece a existência de dois titulares do direito de representar ou
oferecer queixa, cada qual com o respectivo prazo: um para o ofendido e outro para seu
representante legal.”. (BITENCOURT, Cezar Roberto. Coleção Tratado de direito penal. 26.ed. Vol.
1 - São Paulo: Saraiva Educação, 2020, p. 2122-2125.).
Texto da Questão #2: Segundo Bitencourt: “A decadência pode atingir tanto a ação de exclusiva
iniciativa privada como também a pública condicionada à representação.”
a) Verdadeiro.
b) Falso.
A renúncia é a abdicação de um direito, ou seja, o ofendido abdica do seu direito de ação penal.
Esta abdicação pode ser de forma expressa, formalizada por meio de declaração assinada pelo
ofendido ou por seu representante legal; ou tácita, quando o ofendido pratica ato incompatível com a
vontade de fazê-lo.
“Renunciar é não exercer alguma faculdade legal. A pessoa faz jus a determinado direito, mas não
o exercita. No caso, a renúncia ao direito de queixa significa que o lesado, apesar de poder iniciar
a ação penal privada, não a deflagra. Atente-se que a renúncia só cabe na ação penal privada. E só
pode ocorrer antes dela se iniciar. Oferecida a queixa, poderá o querelante perdoar o querelado
(perdão do ofendido), ou, ainda, abandonar o processo, sofrendo uma sanção por sua desídia
(perempção). Conquanto sejam causas de extinção da punibilidade (art. 107, III, parte final, e VI,
do CP), renúncia não se confunde com perdão e perempção, pois ela somente pode se dar antes de
iniciada a ação penal. Segundo o Código, a renúncia pode ser expressa ou tácita (art. 104, do CP).
Renúncia expressa é aquela feita por escrito. Por seu turno, renúncia tácita significa a prática de
ato incompatível com a vontade de exercer o direito de queixa (art. 104, parágrafo único, do CP).
A renúncia tácita evidencia a preocupação do legislador no sentido de que a dedução da ação penal,
pública ou privada, seja revestida da seriedade que se espera de quem pretenda utilizá-la.”.
(GUEIROS, Artur; JAPIASSÚ, Carlos Eduardo. Direito Penal Volume Único. São Paulo: Atlas, 2018,
p. 499).
“A renúncia ao direito de queixa pode ser expressa ou tácita. Diz-se expressa a renúncia quando
formalizada por meio de declaração assinada pelo ofendido, por seu representante legal ou
procurador com poderes especiais (art. 50 do CPP). Renúncia tácita ao direito de queixa é aquela
na qual, nos termos do parágrafo único do art. 104 do Código Penal, o ofendido pratica atos
incompatíveis com a vontade de exercê-lo, como nas hipóteses daquele que convida o autor do
crime para ser seu padrinho de casamento ou para com ele constituir uma sociedade.”. (GRECO,
Rogério. Curso de Direito Penal: parte geral. 19.ed. Vol.1 - Niterói: Impetus, 2017, p. 875).
Texto da Questão #1: “Renunciar é não exercer alguma faculdade legal. A pessoa faz jus a
determinado direito, mas não o exercita. No caso, a renúncia ao direito de queixa significa que o lesado,
apesar de poder iniciar a ação penal privada, não a deflagra.”. A citação acima é de:
a) Greco;
b) Estefam;
c) Damásio;
d) Gueiros e Japiassú;
e) Bitencourt.
Gabarito da Questão #2: Segundo GRECO, “A renúncia ao direito de queixa pode ser expressa
ou tácita. Diz-se expressa a renúncia quando formalizada por meio de declaração assinada pelo
ofendido, por seu representante legal ou procurador com poderes especiais (art. 50 do CPP). Renúncia
tácita ao direito de queixa é aquela na qual, nos termos do parágrafo único do art. 104 do Código Penal,
o ofendido pratica atos incompatíveis com a vontade de exercê-lo, como nas hipóteses daquele que
convida o autor do crime para ser seu padrinho de casamento ou para com ele constituir uma
sociedade.”
7 PERDÃO DO OFENDIDO.
“Ao lado da renúncia existe a figura do perdão do ofendido que, como adiantado, pode ocorrer
após o exercício do direito de queixa, vale dizer, depois de formalmente iniciada a ação penal
privada. Segundo o art. 105, do CP, o perdão do ofendido, nos crimes em que somente se procede
mediante queixa, obsta o prosseguimento da ação penal. Importa mencionar que o perdão segue
a mesma disciplina da renúncia, ou seja, pode ser expresso ou tácito (art. 106, caput, do CP), sendo
que, no último caso, resulta da prática de ato incompatível com a vontade de prosseguir na ação
(art. 106, § 1º, do CP). Todavia, esse instituto guarda peculiaridades não existentes na renúncia,
visto que, nos termos do art. 106, do CP: (1) o perdão concedido a qualquer dos querelados, a todos
aproveita; (2) se concedido por um dos ofendidos, não prejudica o direito dos demais ofendidos; e
(3) se o querelado recusa, não produz efeito. A razão dessa particularidade reside na constatação
de que, se fosse permitido que o querelante, unilateralmente, perdoasse apenas um, em detrimento
dos demais querelados; ou que a concessão do perdão prejudicasse, indiretamente, os interesses
dos demais querelantes; ou, por fim, que o querelante pudesse interromper uma ação penal
temerariamente deduzida, a jurisdição penal tornar-se-ia local de inúmeros abusos ou de
desvirtuamentos no interesse geral do correto exercício do magistério punitivo. Ademais, na última
hipótese (art. 106, III, do CP), o querelado, após a dedução contra si da ação penal privada, passa
a ter o direito de levar o processo até o seu termo final visando comprovar, judicialmente, a
improcedência da acusação que contra ele pesou. Observa-se, pois, que o perdão do ofendido é um
instituto de natureza bilateral, diferentemente da renúncia, que é unilateral. Cumpre registrar que
o perdão do ofendido somente pode ser admissível até o trânsito em julgado da sentença
condenatória (art. 106, § 2º, do CP).”. (GUEIROS, Artur; JAPIASSÚ, Carlos Eduardo. Direito Penal
Volume Único. São Paulo: Atlas, 2018, p. 500).
“É um ato pelo qual o querelante desiste do prosseguimento da ação penal privada em andamento.
Pressupõe, portanto, que já tenha havido recebimento da queixa e também que não tenha havido
trânsito em julgado da sentença condenatória. Cuida-se de ato bilateral, uma vez que apenas gera
a extinção da punibilidade se for aceito pelo autor da ofensa. O próprio art. 107, V, do Código Penal
diz que se extingue a punibilidade pelo perdão aceito. Trata-se, outrossim, de instituto exclusivo da
ação penal privada. O perdão, se concedido a um dos querelados, a todos se estende, mas somente
extingue a punibilidade daqueles que o aceitarem (art. 51 do CPP). Havendo dois querelantes, o
perdão oferecido por um deles não afeta o andamento da ação penal no que se refere ao outro. O
art. 52 do Código de Processo Penal diz que o perdão não gera efeito se concedido pela vítima com
mais de 18 e menos de 21 anos, se houver discordância do representante legal e vice-versa. Tal
dispositivo, contudo, está tacitamente revogado pela Lei n. 10.406/2001 (Código Civil), que reduziu
a maioridade civil para 18 anos.”. (ESTEFAM, André; GONÇALVES, Victor Eduardo Rios. Direito
penal esquematizado. 9.ed. - São Paulo: Saraiva Educação, 2020, p. 1136-1137.).
Texto da Questão #1: Segundo os conceitos dos autores acima estudados, responda verdadeiro
ou falso:
“O perdão do ofendido consiste na desistência do querelante de prosseguir na ação penal, de
exclusiva iniciativa privada, que iniciou através de “queixacrime”.
a) Verdadeiro.
b) Falso.
Gabarito da Questão #1: Alternativa correta, letra a) Verdadeiro, pois segundo Bitencourt: “O
perdão do ofendido consiste na desistência do querelante de prosseguir na ação penal, de exclusiva
iniciativa privada, que iniciou através de “queixacrime”.
Gabarito da Questão #2: Segundo Greco: “O perdão do ofendido, que poderá ser concedido
somente nas hipóteses em que se procede mediante queixa, pode ser: a) processual; b)
extraprocessual; c) expresso;”
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BITENCOURT, Cezar Roberto. Coleção Tratado de direito penal. 26.ed. Vol. 1 - São Paulo: Saraiva
Educação, 2020.
BRASIL. Decreto-Lei 2.848, de 07 de dezembro de 1940. Código Penal.
ESTEFAM, André; GONÇALVES, Victor Eduardo Rios. Direito penal esquematizado. 9.ed. - São Paulo:
Saraiva Educação, 2020.
GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal: parte geral. 19.ed. Vol.1 - Niterói: Impetus, 2017.
ZAFFARONI, Eugênio Raúl; PIERANGELI, José Henrique. Manual de direito penal brasileiro – Parte
geral.
GUEIROS, Artur; JAPIASSÚ, Carlos Eduardo. Direito Penal Volume Único. São Paulo: Atlas, 2018.
JESUS, Damásio de; atualização ESTEFAM, André. Direito Penal Parte Geral. 37.ed. Vol 1 – São Paulo:
Saraiva Jur, 2020.