A Alfabetização Matemática Na Perspectiva Do Pacto Nacional Pela Alfabetização Na Idade Certa
A Alfabetização Matemática Na Perspectiva Do Pacto Nacional Pela Alfabetização Na Idade Certa
A Alfabetização Matemática Na Perspectiva Do Pacto Nacional Pela Alfabetização Na Idade Certa
RESUMO
O presente trabalho tem como objetivo apresentar um relato de experiência sobre o que consiste a
Alfabetização Matemática na perspectiva do programa denominado Pacto Nacional pela
Alfabetização na Idade Certa – PNAIC/MEC, bem como algumas implicações que esse curso de
formação continuada, oferecido por este programa, trouxe efetivamente à formação matemática dos
professores alfabetizadores. Esse curso ocorreu no ano de 2014 de forma presencial para
professores alfabetizadores e seus orientadores de estudo. Essa estrutura foi composta, inicialmente,
por dois grupos de professores: Formador e Orientadores de Estudo. A ação destes incidiu sobre um
terceiro grupo, o dos Professores Alfabetizadores, que trabalha diretamente com as crianças. Com o
propósito de relatar nossa experiência, ao atuar como formadores desse curso, optamos em fazer
alguns recortes para melhor analisar e descrever o que percebemos sobre algumas implicações do
processo de alfabetização matemática na perspectiva do letramento proposta pelo PNAIC. O
trabalho desenvolvido nesse programa de formação teve como base os estudos do campo teórico da
Educação Matemática, uma vez que esta é uma área de pesquisa cujas raízes se encontram nas
práticas que se efetivam nas salas de aula. Consideramos também como base as orientações dos
Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN - para o Ensino da Matemática ao propor a organização
dos conteúdos em eixos: Números e Operações; Espaço e Forma; Grandezas e Medidas e
Tratamento da Informação, tendo sido acrescentado nos cadernos do PNAIC um quinto eixo que
trata do Pensamento Algébrico. Durante os cursos de formação trabalhamos os conteúdos de
matemática propostos nos referidos eixos do PCN a partir de caminhos metodológicos, nos quais foi
feito o uso de diversos materiais didáticos de matemática, bem como situações-problema
contextualizados e/ou de investigação, sendo possível realizar reflexões teóricas e metodológicas
sobre as possibilidades e limitações relacionadas ao uso de cada recurso/caminho. Portanto,
pretendemos socializar algumas dificuldades e ideias construídas pelo grupo de professores que
permitiram ampliar suas compreensões no que diz respeito às contribuições do uso de caminhos
metodológicos que podem facilitar no processo de ensino aprendizagem de matemática.
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INTRODUÇÃO
Assim, o professor deve ser tratado como um profissional em constante formação, pois,
nesse momento ele protagoniza sua própria autonomia docente, redimensiona sua própria
prática pedagógica e constrói seu conhecimento de acordo com as exigências da sua
atividade docente. (ASSIS, 2016, p. 4)
Para que seja garantindo o direito a alfabetização, para que todas as crianças que estejam ao
final do 3º ano do Ensino Fundamental compreendam o mundo com clareza e objetividade e que
não sejam apenas reprodutoras de métodos, é preciso que todos os entes envolvidos nesse processo
estejam engajados por meio de ações integradas que favoreçam o principal objetivo do Pacto
Nacional pela Alfabetização na Idade Certa. Assim, o PNAIC está estruturado em quatro eixos de
atuação:
A Formação Continuada dos professores alfabetizadores;
Materiais Didáticos;
Avaliações Sistemáticas e
Gestão
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primeiro e principal eixo que norteia as ações do PNAIC, onde a ideia é que estes discutam
metodologias e desenvolvam atividades práticas que contribuam para o processo de alfabetização
das crianças com até 8 anos de idade.
Nesta perspectiva, este relato de experiência tem como objetivo apresentar o que é
Alfabetização Matemática na perspectiva do PNAIC e as contribuições que esse processo de
Formação Continuada, oferecida por este programa, trouxe efetivamente à formação matemática
dos professores alfabetizadores.
DESENVOLVIMENTO E IMPLICAÇÕES
Iniciado no ano de 2013 e com foco na área de Linguagem, o Pacto Nacional pela
Alfabetização na Idade Certa consistia alfabetizar todas as crianças na perspectiva do Letramento, a
fim de que elas compreendessem o funcionamento do sistema de escrita alfabética (SEA),
dominassem as correspondências grafo fônicas e suas convenções ortográficas, bem como, tivessem
fluência na leitura, compreensão e produção textual.
Para alguns autores, é um desafio garantir a alfabetização de todas as crianças. Assim,
corroborando com essa ideia, Azerêdo afirma que:
Ainda, segundo Azerêdo (2014), no que se refere ao uso do sistema de escrita alfabética,
“um ensino estruturado do sistema de escrita, não restrito a uma disciplina apenas, mas de maneira
articulada às práticas de leitura ∕ escrita ∕ oralidade presentes nas diferentes áreas” (p. 11).
Logo, para que o indivíduo tenha uma visão ampla e compreenda o mundo letrado que o
cerca, leia e escreva em diferentes situações sociais, faz-se necessário o domínio de outras
disciplinas, como aponta a autora acima, a exemplo do conhecimento matemático, já que este
apresenta-se nas diversas práticas cotidianas, onde a ideia de número e o uso do sistema de
numeração decimal (SND) aparecem fortemente.
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Com a perspectiva de superar a decodificação dos números, a resolução das quatro
operações de forma descontextualizada e sem nenhuma integração com as práticas sociais e afim de
evitar a aprendizagem mecânica, em 2014, a ênfase do trabalho desenvolvido pelo Pacto Nacional
pela Alfabetização na Idade Certa – PNAIC - foi a Educação Matemática. A ideia defendida durante
este ano era alfabetizar matematicamente na perspectiva do Letramento, ou seja, além dos discentes
se apropriarem da linguagem matemática formal, seus símbolos e sinais gráficos e suas diversas
representações, faz-se necessário o seu uso nas diversas práticas sociais, decorrentes das situações
cotidianas. Assim, para garantir a alfabetização de todas as crianças com até 8 anos de idade, o foco
não podia estar desvinculado ao trabalho que estava sendo enraizado e que trouxe reflexões acerca
das práticas pedagógicas dos profissionais docentes que passaram a ser estruturadas por meio de
estratégias metodológicas mais eficazes e que visam uma aprendizagem significativa. Seguindo esse
pressuposto, a Alfabetização Matemática traz para a discussão os conceitos e habilidades
matemáticas necessárias para que a criança seja considerada alfabetizada matematicamente.
“Entender a Alfabetização Matemática na perspectiva do letramento impõe o constante diálogo com
outras áreas do conhecimento e, principalmente, com as práticas sociais [...]”. (BRASIL, 2014, p.
14)
Ainda de acordo com Brasil (2014), o trabalho pedagógico pautado na Alfabetização
Matemática deve contemplar
[...] as relações com o espaço e as formas, processos de medição, registro e uso de medidas,
bem como estratégias de produção, reunião, organização, registro, divulgação, leitura e
análise de informações, mobilizando procedimentos de identificação e isolamento e
atributos, comparação, classificação e ordenação. (BRASIL, 2014, p.31)
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Caderno 3: Construção do Sistema de Numeração Decimal;
Caderno 4: Operações na Resolução de Problemas;
Caderno 5: Geometria;
Caderno 6: Grandezas e Medidas;
Caderno 7: Educação Estatística;
Caderno 8: Saberes Matemáticos e Outros Campos do Saber.
Além dos 8 (oito) cadernos de formação, o acervo do PNAIC trouxe também outros
4(quatro) cadernos suplementares, chamados de Cadernos de Referência e Caderno de Jogos, que
abordam os temas de Educação no Campo, Educação Inclusiva, Jogos na Alfabetização Matemática
e um caderno de encartes para recortes de diversos jogos sugeridos nas atividades de alfabetização
propostas ao longo dos oito Cadernos de Formação.
As formações para a alfabetização Matemática aconteciam, inicialmente, voltadas aos
orientadores de estudo que seriam agentes multiplicadores, em uma formação de 32h/semanais, com
um intervalo de aproximadamente 60 dias entre uma formação e outra, onde eram estudadas as
propostas de 1 até 2 Cadernos a cada formação, num total de 5 encontros distribuídos ao longo do
ano. Os estudos realizados durante a semana eram aplicados aos professores alfabetizadores através
desses orientadores de estudo, em suas cidades de origem, onde eram compartilhadas as sugestões e
propostas de atividades apresentadas em cada caderno estudado e que posteriormente, no encontro
seguinte com os formadores de matemática, eram trazidas as colaborações feitas pelos
alfabetizadores e os relatos das atividades realizadas efetivamente em sala de aula.
Nas formações eram trabalhados os temas trazidos em cada Caderno, com leituras de textos
que subsidiavam às temáticas apresentadas, contendo relatos de experiências de professores
atuantes no ciclo de alfabetização o que proporcionava uma ampliação nas discussões feitas com os
orientadores. Além dos textos, cada Caderno, dentro da temática, trazia propostas de atividades
diferenciadas a serem trabalhadas para a efetiva alfabetização matemática, o que caracterizava uma
metodologia voltada para a Educação Matemática.
Essas propostas metodológicas eram discutidas, aplicadas e até ampliadas pelos orientadores
de estudo e também pelos professores alfabetizadores, processo esse demonstrado nos relatos de
sala de aula que cada alfabetizador apresentava nos encontros subsequentes, mostrando a
repercussão da nova prática nas salas de aula, consolidando as técnicas utilizadas no programa de
formação continuada.
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Tais propostas ofereciam aos professores ideias que, inicialmente, trazem contribuições para
a Organização do Trabalho Pedagógico (Caderno 1) na escola, apontando possibilidades para a
realização do mesmo em relatos que permitem o compartilhamento de vivências entre professores
que buscam garantir os direitos de aprendizagem matemática de todos os alunos, com ideias para a
organização de um espaço físico e de um ambiente propício à aprendizagem.
Em sequência a essas contribuições, os Cadernos que abordam o ensino da aritmética
(Cadernos 2 e 3) vivenciada neste ciclo, proporcionam ao professor uma ampla visão do conceito de
número, da identificação destes em diferentes contextos e funções em atividades que permitem a
utilização da linguagem oral e do uso de materiais sugeridos pela coleção, como a calculadora, por
exemplo, além da capacidade de elaborar, confrontar e validar hipóteses sobre as diversas formas de
escrita e leitura numérica.
No Caderno que aborda Operações na Resolução de Problemas (Caderno 4), a visão do
conhecimento das quatro operações básicas é ampliada com a apresentação de seus campos de
atuação, trazendo ao professor situações-problemas em um mesmo contexto mas que se diferenciam
pela sua forma de apresentação (composição), permitindo assim, ao se explorar essa abordagem de
ensino, que é a resolução de problemas, que o professor possa nivelar e classificar os problemas de
forma a induzir a compreensão do aluno. Além dos textos explicativos, sugestões de atividades com
jogos são sugeridas ao longo de cada abordagem temática estudada, enriquecendo ainda mais o
conteúdo.
Já o conteúdo de Geometria (Caderno 5), enfatiza as representações das figuras geométricas
mais presentes no cotidiano do aluno, ressaltando as diversas formas de como a geometria se faz
presente no dia a dia, estabelecendo relações e analogias com objetos comuns que se apresentam em
formas geométricas conhecidas e de que maneira devem ser apresentadas aos alunos, a fim de evitar
concepções errôneas a respeito de suas propriedades e características mais comuns. Ainda neste
caderno, também é explorado os conceitos de orientação, lateralidade e localização, onde se
identificam várias deficiências e até mesmo a falta do ensino deste conteúdo neste ciclo. A
apresentação desses conceitos é abordada em atividades lúdicas que facilitam a compreensão do
aluno de modo a fazê-lo vivenciar em experimentos simples e utilizados em seu dia a dia, fazendo-o
compreender alguns dos momentos cotidianos em que a matemática é utilizada. Atividades assim,
remetem ao professor verificar e rever às práticas até aqui utilizadas para o ensino da geometria.
Seguindo ainda os estudos da geometria, o tema Grandezas e Medidas (Caderno 6) é
apresentado em sua íntegra, desde as grandezas mais utilizadas no cotidiano, como massa,
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comprimento, área, volume, capacidade e tempo, como o estudo de suas respectivas unidades, em
atividades experienciais, onde nas formações eram exploradas em sua totalidade, capacitando e
proporcionando ao professor vivências usuais e desmistificando conceitos errôneos sobre conceitos
nessa área de ensino.
Assim o conteúdo de Educação Estatística (Caderno 7), muitíssimo esperado pelos
professores, trazem a leitura e interpretação de gráficos e tabelas, consolidando os estudos na área
do Tratamento da Informação, conteúdo este bastante explorado nas avaliações externas feitas pelo
Ministério da Educação, bem representados na PROVINHA BRASIL, aplicada no 2.º ano do
Ensino fundamental. A proposta neste Caderno de Formação é de inserir a criança no universo da
investigação, em situações de seu interesse e com isso fazer com que ela aprenda a coletar dados e a
(re)apresentá-los em gráficos e tabelas. Dessa forma, as propostas apresentadas permitem ao
professor alfabetizador auxiliar o aluno a reconhecer e produzir informações em diversas situações,
definindo o que se quer investigar, levantando hipóteses, determinando os sujeitos da pesquisa
realizada, os métodos na coleta dos dados, a apresentação dos mesmos e a sua classificação e
categorização.
E por fim, no Caderno 8 são estudados os Saberes Matemáticos e Outros Campos do Saber,
que faz um apanhado de diversos contextos onde podem ser inseridos o uso da Matemática,
ressaltando realidades vividas em situações do dia a dia, além das conexões entre campos
conceituais da própria Matemática, que muitas vezes são ensinadas separadamente.
Assim, todas essas temáticas discutidas durante a formação dos alfabetizadores, no que diz
respeito às ações do PACTO, estão voltadas para efetivação dos objetivos do ensino da Matemática
apontados nos Parâmetros Curriculares Nacionais para os primeiros anos do Ensino Fundamental,
apresentados por Moretti e Souza (2015, apud BRASIL, 1997) onde explanam o foco do trabalho
pedagógico nessa etapa
Como dito anteriormente, as diversas situações cotidianas são repletas de ações que
necessitam do conhecimento matemático. Pois, as observarmos ao nosso redor, podemos perceber
que, todo momento, as pessoas estão contando, comparando, fazendo uso de instrumentos de
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medições, muitos deles sendo informais e não padronizados, utilizando o senso numérico que existe
em cada um de nós e que vive em constante ampliação. Assim, compreende-se que a produção do
conhecimento matemático é a construção de respostas para as necessidades humanas.
Diante desse contexto, observa-se que, o conhecimento matemático torna-se cada vez mais
importante. No entanto, é preciso que desde os anos iniciais do Ensino Fundamental o professor
alfabetizador associe o ensino à aprendizagem, para que de modo significativo sejam garantidos os
direitos e objetivos da aprendizagem matemática e que todas as crianças que pertencem ao Ciclo de
Alfabetização, com até 8 anos de idade, sejam alfabetizadas e letradas matematicamente ainda nessa
etapa de escolarização.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Reconhecemos que o PNAIC é um meio que possibilita professores que atuam nos anos
iniciais do Ensino Fundamental da Rede Pública de Ensino estarem inseridos no processo de
formação continuada constantemente, bem como se tornarem protagonistas da sua própria
autonomia docente, redimensionar sua prática pedagógica e construir seu conhecimento de acordo
com as necessidades da realidade docente.
Tomando como base a participação, desempenho e depoimentos dos orientadores de estudo
durante os cursos de formação continuada no quais atuamos como seus formadores, como também
os relatos descritos nos seus relatórios mensais sobre os momento de formação, planejamento e
acompanhamento no municípios com os professores alfabetizadores, podemos avaliar que o PNAIC
trouxe contribuições significativas em vários aspectos, tais como: participação continua e ativa em
cursos de formação continuada; oportunidade de estudar e tirar dúvidas de conteúdos matemáticos;
conhecimento de novas metodologias de ensino e de materiais didáticos possíveis de serem
explorados no ensino da matemática; e, principalmente, ter compreensão de como se dar o processo
de alfabetização matemática numa perspectiva do letramento, pois além dos alunos se apropriarem
da linguagem matemática formal se faz necessário o seu uso nas diversas práticas sociais.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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