Larissa Ferreira

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS

ESCOLA DE DIREITO E RELAÇÕES INTERNACIONAIS


NÚCLEO DE PRÁTICA JURÍDICA
COORDENAÇÃO ADJUNTA DE TRABALHO DE CURSO
TRABALHO DE CURSO II

A ORIGEM DA PSICOPATIA:
IDENTIFICADA EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES

ORIENTANDA: LARISSA FERREIRA AMARAL


ORIENTADORA: Ma KENIA CRISTINA FERREIRA DE DEUS LUCENA

GOIÂNIA
2021
LARISSA FERREIRA AMARAL

A ORIGEM DA PSICOPATIA
IDENTIFICADA EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES

A Monografia Jurídica apresentada à disciplina


Trabalho de Curso II, da Escola de Direito e
Relações Internacionais, Curso de Direito, da
Pontifícia Universidade Católica de Goiás
(PUCGOIÁS).
Prof. Orientadora – Kênia Cristina Ferreira de
Deus Lucena

GOIÂNIA
2021
LARISSA FERREIRA AMARAL

A ORIGEM DA PSICOPATIA:
IDENTIFICADA EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES

Data da Defesa:

BANCA EXAMINADORA

________________________________________________________
Orientador: Prof. Ma Kênia Cristina Ferreira de Deus Lucena Nota

_________________________________________________________
Examinador Convidado: Goiacymar Campos dos Santos
Este trabalho de pesquisa é dedicado à
Deus que desde o início encaminhou
para que todas as coisas cooperassem
para o bem.
Agradeço toda a minha família que
alguma forma contribuiu para o
desenvolvimento deste trabalho, e
também a Professora Kênia e a
Professora Goiacymar juntamente com a
Instituição PUC-GO, que contribuíram de
forma satisfatória a conclusão da
pesquisa e que puderam agregar
conhecimentos e puderam fazer parte
deste momento.
SUMÁRIO

RESUMO .................................................................................................. 7

INTRODUÇÃO ......................................................................................... 8

1 O SURGIMENTO DA PSICOPATIA ................................................... 10

1.1 CARACTERÍSTICAS DO PSICOPATA ............................................ 12

1.3 BIÓTIPO DO PSICOPATA ............................................................... 15

1.4 FATORES SOCIAIS QUE ORIGINAM A PSICOPATIA ................... 16

2. MEDIDAS PARA O CONTROLE DO TRANSTORNO DE CONDUTA19

2.1. FARMACOS ULTILIZADOS NO TRATAMENTO DO TRANSTORNO


DE CONDUTA......................................................................................................... 20

3 MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS E PROTETIVAS APLICADAS A


ATOS INFRACIONAIS ........................................................................................... 21

3.1 CASOS CONCRETOS DE PSICOPATAS FAMOSOS .................... 25

3.1.1 Francisco das Chagas Rodrigues de Brito .................................... 25

3.1.2 Eric Smith ...................................................................................... 26

3.1.3 Elizabeth Thomas .......................................................................... 26

CONCLUSÃO ........................................................................................ 29

REFERÊNCIAS ...................................................................................... 30
A ORIGEM DA PSICOPATIA:
IDENTIFICADA EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES

Larissa Ferreira Amaral1

RESUMO

Este trabalho foi realizado com o intuito de demonstrar a diferença existente entre
transtorno de conduta e transtorno de personalidade antissocial, demonstrando
também as semelhanças existentes entre eles e como um poderá vir a se tornar o
outro. Além disso, tem como objetivo estudar o meio social do infanto-juvenil, sendo
demonstrado que este poderá influenciar diretamente os comportamentos
transgressores e posteriormente desencadear o transtorno. Foram elencadas as
medidas aplicadas à pratica de atos infracionais cometidas por crianças e
adolescentes, que possuem o transtorno de conduta, e os tratamentos existentes
para prevenir o transtorno de conduta que possa vir a se tornar um transtorno de
personalidade antissocial.

Palavras-chave: Psicopatia; Transtorno de Conduta; Crianças e Adolescentes; Atos


Infracionais; e Tratamentos.

1
Acadêmica do Curso de Direito da Pontifícia Universidade Católica de Goiás, e-mail:
[email protected]
INTRODUÇÃO

A personalidade de cada indivíduo é formada principalmente pela cultura


e crença onde vive, pois, ao nascer, a criança é submetida ao meio familiar e social,
e por muitas vezes, não são oferecidas a essas crianças o necessário para sua
sobrevivência, sendo abandonadas, agredidas, abusadas sexualmente, sofrendo
bullying, crescendo assim sem afeto, ou até mesmo submetidas à ambientes
promíscuos. Por conta disso, é criado bloqueio e não conseguem demonstrar
sentimentos ao próximo.
A Constituição Federal, juntamente com o Estatuto da Criança e
Adolescente, estabeleceu que é dever da família, juntamente com a sociedade e o
Estado proporcionar o melhor aos infanto-juvenis, devendo todos cooperarem para
que essa criança cresça de forma sadia, oferecendo o mínimo para sobreviver.
Porém, nem todos que sofreram traumas na infância, significa que irá se
tornar um psicopata, é necessário ter um gene que o faz torná-lo assim.
Normalmente, os primeiros sintomas surgem na infância, levando-as a
comportamento repetitivo e persistente em violar os direitos básicos, as normas e as
regras sociais importantes e adequadas à idade. Esse tipo de transtorno poderá ser
tratado, fazendo com que seja amenizado o comportamento infringente, e possam
retomar à sociedade sem causar danos a ela. Quando estes menores chegam a
praticar atos infracionais, são aplicadas medidas protetivas em crianças e
adolescentes, e medidas socioeducativas aos adolescentes, visando
ressocialização, fazendo com que não volta a reincidir.
Contudo, os tratamentos aplicados, as medidas protetivas e
socioeducativas, não são aplicadas de forma a preservar o problema, obedecendo o
que estabelecido em lei, desrespeitando assim a própria Constituição Federal que
prevê no melhor interesse da criança e dos adolescentes, com tratamento adequado
aos sintomas agressivos não forem controlados na infância, poderão vir a se tornar
o psicopata do futuro.
O texto tem como objetivo apresentar as diversas vertentes de
comportamento social que desenvolve a psicopatia infanto-juvenil.
A pesquisa fará uso de métodos científicos para melhor compreensão do
tema. Sempre nos limites dos objetivos propostos, a pesquisa se desenvolverá da
seguinte forma: será utilizado o método indutivo, na medida em que serão
observadas o comportamento das crianças e adolescentes, no sentido de gerar
enunciados sobre as causas do aumento dos crimes decorrentes da psicopatia.
O presente trabalho tem como estrutura a divisão a partir da pesquisa
bibliográfica, a saber: levantamento bibliográfico referente a cada um dos objetivos,
a fim de apresentar-se o contexto histórico da origem da psicopatia, as
características, o biotipo, e os fatores sociais que originam os psicopatas, medidas
para o controle do transtorno de conduta e as medidas socioeducativas e protetivas
aplicados a atos infracionais, e por fim, exemplificando com casos concretos da
realidade.
1 O SURGIMENTO DA PSICOPATIA

De acordo com o Psiquiatra Hervey Cleckley e da Associação Americana


de Psiquiatria, a palavra psicopatia é originaria do grego, onde ‘’psyche’’ significa
mente, e ‘’patho’’ é doença, traduzindo para o português, é a doença da mente, que
é causada por um distúrbio mental, a pessoa apresenta comportamentos e
personalidades distintos do considerado normal pela sociedade, principalmente, os
aspectos interpessoais e afetivos, remetendo por exemplo a ausência de afeto,
emoção, remorso, arrependimento e até mesmo a incapacidade de se relacionar com
outros indivíduos.
A psicopatia é também denominada como transtorno de personalidade
antissocial, sendo uma anomalia causada por fatores biológicos, genéticos e
socioambiental, podendo ser caracterizada apenas na fase adulta, pelo simples fato
de que, após atingir a maior idade, tornam-se responsáveis pelos seus atos, sabendo
distinguir o certo do errado. Contudo, a gênese da psicopatia pode estar presente na
infância quando se apresenta os primeiros sintomas, o demonstrando
comportamentos agressivos e desrespeitosos de forma continua violando os diretos
considerados básicos para o convívio social.
Com isso, não se pode falar que crianças ou adolescentes possuem
transtorno de conduta. Neste sentido, menores de 18 anos, não possuem transtorno
de conduta, na qual, apresentam comportamentos semelhantes à psicopatia, sendo
a principal diferença entre o transtorno de conduta e o transtorno de personalidade
antissocial é quanto à capacidade de fato2.
Desde a antiguidade estuda-se o que vem a ser o transtorno de conduta,
com a primeira teoria adotada, a “teoria humoral” de Hipócrates3 defendendo que o
corpo humano necessita de um equilíbrio, sendo este estabelecido por quatro
substâncias, sendo elas sanguíneos, fleumáticos, melancólicos ou coléricos,
formando assim os humores, quando elas entram em desordem surgem as doenças.
Essa teoria posteriormente foi aperfeiçoada por Galeno4 que concluiu que os

2 A capacidade de fato, está relacionada com os exercícios dos atos vida civil.
3 Hipócrates, (460 a.C -377 a.C) é considerado o pai da medicina, o mais célebre médico da Antiguidade e o
iniciador da observação clínica.
4 Claudio Galeno (c.a. 129 - c.a. 199 ou 217) foi um proeminente médico e filósofo romano de origem grega, e

provavelmente o mais talentoso médico investigativo do período romano. Suas teorias dominaram e
influenciaram a ciência médica ocidental
indivíduos apresentavam esse desequilíbrio, afetava diretamente nas disposições de
seus humores corporais como o como de ser, agir, sentir e pensar. (JURUENA,
2017).
Na Era Moderna, em 1952, surge o primeiro Manual de Diagnóstico e
Tratamentos Mentais, o chamado DSM, criada pela Associação Americana de
Psiquiatria, no entanto, fora por diversas discriminações sendo inclusos diversos
diagnósticos, o que foi modificado com as atualizações no decorrer do tempo.
Somente na década de 80 (oitenta), com atualização do DSM-3 adota-se o sistema
que utiliza diagnósticos realizados por médicos, juntamente com provas científicas,
epidemiologia e etiopatogenia5, adotando o modelo multiaxial, sendo posteriormente
modificada pelo DSM-4, que deu um destaque maior ao Transtorno de Conduta, a
conclusão de que há um diagnóstico ideal por meio de uma avaliação completa e
detalhada. Na atualidade é utilizada a versão DSM-5, que é considerado um modelo
hibrido dimensional-categórico, onde foi compreendido uma uniformização dos
métodos a serem adotados, acreditam-se que os principais fatores geradores são os
psicossociais e o ambiental (JURUENA, 2017).
Ao analisar os infanto-juvenis que possuem o transtorno de conduta, é
possível notar algumas características semelhantes, como a anomalia cerebral, que
impossibilita o sentimento de culpa e remorso. Ao estimular área do cérebro como o
córtex pré-frontal ventromedial, que é a região responsável pela emoção, não é
ativada, por conta da modificação cerebral. Do ponto de vista anatômico, há uma
aparente atrofia da substância cinza, que é responsável pela emoção, já na região
do lobo temporal e frontal, aumentando a substância branca, local afetado pela
supermaturação da área. Essa supermaturação é causada, principalmente pelo
estresse emocional ou traumas causados durante a infância, gerando assim o
amadurecimento precoce como forma de proteção à dor que está sentindo
Todavia, é necessário levar em consideração que além dos fatores
biológicos, existem os fatores genéticos e também o ambiental, na qual, fatores
traumáticos podem ajudar a desenvolver o transtorno de conduta. Tornando possível
concluir o grau de importância do meio social e familiar onde o menor é submetido.
A Constituição Federal de 1988 garanti os diretos e deveres ao determinar que as
crianças e os adolescentes deveram ser protegidos de qualquer dano causado,

5 Estudo das causas das doenças e dos mecanismos patogénicos que atuam sobre o organismo para
provocarem essas doenças
sendo respalda, por um Estatuto próprio que disciplina essa matéria. Com isso, é de
responsabilidade dos pais ou responsáveis, primeiramente, logo após a sociedade e
por último, o Estado de cuidar para que seja cumprida de forma exímia todas
determinações previstas em lei, conforme disciplinado no artigo 227 da Constituição
Federal:

Art. 227 É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança,


ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à
saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura,
à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária,
além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação,
exploração, violência, crueldade e opressão.

Diante do exposto, é possível concluir que a psicopatia é originada na


infância como um transtorno de conduta, podendo futuramente tornar um transtorno
de personalidade antissocial. Causada principalmente, por fatores alheios à sua
vontade do mesmo durante a fase de desenvolvimento, o que desenvolver
mecanismos defesa em relação traumas sofridos, tentando amenizar a dor sofrida.
Com isso é afetado diretamente o emocional, criando mecanismos de bloqueios em
relação ao sentimento de afeto e a facilidade em lidar com o próprio sofrimento e o
outros.

1.1 CARACTERÍSTICAS DO PSICOPATA

Pode-se notar, que os psicopatas possuem como principais


características a ausência de empatia, afeto, compaixão e sentimentos; a
impulsividade; o egocentrismo; as mentiras; a busca de novas experiências; o prazer
no sofrimento alheio; a falta culpa e arrependimento dos atos praticados; facilidade
em manipular; a intolerância ao sofrimento; a incapacidade de aprender com as
punições; são extremamente inteligentes; possuem comportamento antissocial; há
alto grau de libido sexual; possuem problemas com o sono e não há quaisquer
indícios de delírio.
É notório também que possuem um elevado grau de inteligência e
esperteza, além da frieza demonstrada por atos calculistas, como a falta de pena
com o próximo, além de ter sentimentos efêmeros. No entanto, a principal estratégia
usada para conquistar a empatia dos outros, é demonstração de fragilidade, sempre
demonstrando ser a vítima da relação para atingir sua finalidade. Por conta disso,
pode-se observar o egocentrismo existente, pensando apenas no próprio bem-estar,
sendo sempre o centro das atenções e sem preocupação com o outro.
Ao contrário do que muitos pensam, a psicopatia não é como as demais
doenças mentais que causam alucinações e perturbações, por conta disso, não pode
ser considerada uma doença, e sim comportamento divergente da normalidade,
além da pessoa ter controle total dos seus atos, aparentando normalidade, com alto
poder de seduz e encantamento e principalmente uma grande capacidade de
convencer quem quer se seja. Tendo em vista essas características, há uma grande
facilidade de conquistar o que almeja sem demostrar qualquer arrependimento.
No entanto, não basta apresentar apenas essas características para ser
considerado um psicopata. Hare6 (2010), desenvolveu um método para identificar
quem possui transtorno de personalidade antissocial, chamando de Escala de Hare,
denominado de Psychopathy Checklist-Revised (PCL-R) em adultos, já em crianças
e adolescentes ser usado o Psychopathy thy Checklist: Youth Version (PCL:YV) que
visa demostrar de forma clara e verdadeira face do psicopata, revelando coisas
estritamente pessoais, fazendo com que demonstrem a falta de remorso, culpa,
manipulação, a falta de planejamentos futuros, cometendo delitos quando ainda
jovens a tendência em permanecer cometendo crimes.
Esse método é composto um questionário com por vinte perguntas que
detecta o transtorno de conduta e o transtorno de personalidade antissocial, através
das respostas que deverão ser respondidas com os seguintes números, “0”, “1” e
“2”, sendo que o primeiro significa que não possui sintomas, o segundo há indícios
de sintomas e o terceiro os claros sintomas, sendo considerado psicopata acima de
trinta pontos. Além disso, demostra uma estrutura fatorial nos aspectos
interpessoais, na impulsividade e na personalidade antissocial (acessado às 21:39).
Silva (2008) conta em seu livro uma história sobre uma criança que
apresentava comportamentos diferentes da normalidade, como por exemplo,
agressividade, delinquências e que ao longo do tempo essas atitudes foram se
agravando, e ao completar a maioridade penal foi preso pelo crime de tráfico de
drogas, conforme demonstrado a seguir:

6 Robert Hare – Nasceu em 1934 é professor e psicólogo do Canadá, especialista em psicologia criminal e
psicopatia
Otávio sempre foi um menino difícil e diferente das outras crianças. Desde
os 6 anos de idade, seus pais achavam que ele não era uma criança normal.
Não foram poucas as travessuras na infância do menino. Ele era uma
verdadeira "peste" e parecia não se importar com os sentimentos de
ninguém: parecia se divertir quando machucava o seu irmãozinho mais
novo ou quando torturava o gatinho de sua avó. Quando repreendido pelos
pais por seu comportamento cruel contra o seu irmão, ele simplesmente
dizia-. "Eu só estava treinando boxe." Quanto ao gato, Otávio por inúmeras
vezes o colocou no congelador para testar se realmente ele tinha sete vidas.
Na escola as dificuldades não eram menores: ele era briguento, irrequieto,
indisciplinado e displicente. Embora fosse um menino inteligente, detestava
fazer as tarefas escolares e só estudava como manobra para receber
recompensas de seus pais.
Na adolescência Otávio abandonou os estudos, e seus pais não tiveram
mais nenhum controle sobre ele. Envolvia-se em brigas, usava drogas,
roubava o carro do pai para participar de "pegas" e deu vários golpes em
parentes e amigos, utilizando cheques com assinaturas falsas e cartões de
crédito deles. Desde a infância, seus pais procuraram diversos profissionais
como psicólogos, neurologistas e psiquiatras, até receberem a triste notícia
de que Otávio é um psicopata. Hoje, com 25 anos, ele cumpre pena por
tráfico de drogas e nunca demonstrou qualquer arrependimento pelos seus
atos. (SILVA 2008, p. 82 e 83)

Com isso, pode-se concluir que as características psicopáticas são


demonstradas desde a tenra infância. Vale ressaltar que o transtorno de
personalidade antissocial surge por conta da alteração celebrais, que normalmente
são causadas por traumas sofridos, por predisposição genética, e até mesmo pelo
convívio social causando um amadurecimento precoce, podendo assim concluir que
já nasce com a tendência com tendência psicopática. No entanto não se pode
simplesmente concluir que pessoas que contém uma dessas características sejam
consideradas psicopatas, deverá ser feita uma análise com essa técnica sendo
realizada por especialistas.

1.2 MENORES PERIGOSOS

São diagnosticados com transtorno de conduta, menores de dezoito anos


que apresentam comportamentos transgressores de forma continua e rotineira,
fugindo dos padrões da normalidade, semelhando ao transtorno de personalidade
social.
Contudo, esses comportamentos poderão vir a ser disciplinados, e
moldadas com o tempo com tratamento e acompanhamento certo. Como as crianças
até os 7 (sete) anos, não possuem total consciência dos seus comportamentos, e
ainda estão em fase de formação, é possível notar melhorias significantes em seus
atos.
Entretanto, durante a adolescência, é passível de melhorias, contudo fica
cada vez mais difícil, pois nesta fase, possuem boa parte da sua personalidade
formada, além de que, sua noção de certo e errado já está sendo formada. Caso o
transtorno de conduta passe desapercebidas duramente essa fase, quando tornar-
se adulto e continua a cometer atos ilícitos, deixa de ser considerado transtorno de
conduta, passando a ser transtorno antissocial, e neste caso, as chances de
melhorias são bem menores, quase nulas.
Diante de tais fatos, são considerados inimputáveis penalmente, tanto as
crianças, quanto os adolescentes e adultos, pelo fato de que são incapazes de
discernir os seus atos, apesar de ter noção do que está fazendo. Devendo estes
serem submetidos a tratamentos voltados a ressocialização, haja que, possam voltar
a sociedade sem apresentar risco a esta, conseguindo controlar o seu
comportamento transgressivo.

1.3 BIÓTIPO DO PSICOPATA

Um dos primeiros estudiosos a aprofundar nas características


apresentadas por quem possui a psicopatia e transtorno de conduta foi Lombroso7,
que observou a existência de um biótico dos criminosos, alegando que haviam traços
em comum, como os físicos e psicológicos, as principais semelhanças eram a testa
fugidia, osso salientes, mais alto que a média, com orelhas e queixos protuberantes,
lábios carnudos, arcada dentária imperfeita, pouca barba, nariz curvo, os cabelos e
olhos escuros (acessado, 12 de dezembro de 2019 às 21:39). A princípio, eram
comparados a animais ou os homens selvagens, pelo fato de achavam que essas
pessoas com o transtorno, não havia acompanhando a evolução da espécie,
permanecendo rudes.
Com o passar dos anos, essa teoria deixou de ser utilizada na atualidade,
pelo ordenamento jurídico brasileiro, o infrator só poderá ser culpado pelo animus,

7Ezechia Marco Lombroso (06.11.1835-19.10.1909) foi um cirurgião, criminologista, antropólogo, cientista e


hienista.
ou seja, a vontade de cometer tais delitos, e não apenas pelo seu biótipo, sendo
necessário análise do caso concreto.
Ernst Kretschmer8 (1931), em seus estudos, concluiu que há quatro tipos
de psicopatas, o pícnico/picnomorfo-ciclotímico, leptossomático/lepctomor-fo-
esquizotímo, atlético/atleromorfo-epileptóide e displáscos. O primeiro, aparenta alta
densidade de massa, são fortes, pouco atrativo, com calvície e estrutura mediando.
Já o segundo possui uma estrutura óssea longínqua, magro e com os ossos
aparentes. O terceiro, tem uma grande quantidade de músculos, o rosto grande e
vigoroso, queixo sobressaído, com pescoço grande e tórax avantajado. E por último,
o quarto, é uma forma anômala, pelo fato de que, há alteração na glândula endócrina.
Tendo eles como características em comum, a doença mental, temperamento forte
e personalidade anormal (ALBERGARIA, 1999).
Alguns estudiosos suspeitavam de que o instinto criminoso é decorrente
de heranças hereditárias, que é transmitida por meio dos genes contidos no DNA.
No entanto, essa ideia já foi descartada, sendo considerada que é uma herança
biológica, onde o indivíduo adquire ou torna-se predisposto a adquirir características
semelhantes à dos genitores.
Contudo, existem estudos que demonstram predisposição existente
transmitida por herança genética, podendo ela ser passada dos pais aos filhos, como
por exemplo o transtorno mental, o alcoolismo e a delinquência. Mas vale ressaltar,
que o ambiente onde o menor está inserido contribui de forma significativa para
desencadear o transtorno de conduta.

1.4 FATORES SOCIAIS QUE ORIGINAM A PSICOPATIA

Tanto a psicopatia como o transtorno de conduta, possuem uma


característica em comum, a anomalia cerebral, que o impossibilita o sentimento de
culpa e pudor. Não obstante, é comprovado por especialistas nesse campo, que
juntamente com a modificação do cérebro, os problemas sociais sofridos na fase de
formação poderão influenciar de forma significativa para desencadear os
transtornos.

8 Ernst Kretschmer (08.10.1888 - 08.02,1964) foi um psiquiatra a que pesquisou a constituição humana e
estabeleceu a tipologia.
Neste sentido, FARIAS JUNIOR (1996) traz as principais causas que
influenciam no desenvolvimento do transtorno de conduta. O primeiro a ser debatido,
são os fatores sócio-familiar que são considerados como o mais importante
causador, por conta da desestruturação do meio familiar e o abandono, pois a
criança ou a adolescente crescem desamparadas, prejudicando o seu
desenvolvimento mental, crescendo sem uma boa base familiar, que poderia ser
essencial para tornar-se um adulto exemplar. Em seguida, traz os fatores sócios-
econômicos, que é causada na maioria das vezes, pela extrema necessidade
financeira e até mesmo em busca da sobrevivência. Já fatores sócio-ético-
pedagógico, abarca a educação precária, incluindo a ausência de formação e de
conhecimento por parte dos pais em não saber lidar com os problemas enfrentados
em casa, não tendo conhecimento adequado para criação do filho e sem a política
de atendimento como estabelecida pelo Estatuto da Criança e do Adolescente. E por
último, os fatores socioambientais, que interfere na formação do caráter do menor,
pelo fato de estarem inseridas em locais promíscuos, envolvida com agressões e
coisas ilícitas, podendo causar danos ao seu desenvolvimento mental.
Em estudos recentes, descobriram que o uso de entorpecentes poderá
também influenciar no desenvolvimento do transtorno de conduta ou aumentar os
sintomas, como o comportamento agressivo, as delinquências e a modificação no
humor. Neste sentido é notório que a grande problemática está instaurada no
ambiente, onde a criança e o adolescente estão inseridos na maior parte do tempo,
lidando, diretamente com a perda ou ausência dos pais, negligencias perante os
responsáveis, abusos, violência e abandono. Por conta disso, em 1927 foi criado o
Decreto 17.942-A, o Código Mello Mattos, que estabelece as primeiras leis a
proteção as crianças e aos adolescentes que independentemente da situação
financeira, os pais ou responsáveis deverão prover as necessidades básicas dos
menores. Posteriormente em 1959, veio a Declaração dos Direitos da Criança, que
pregava a proteção integral as crianças e aos adolescentes, conforme se segue:

PREÂMBULO
VISTO que a criança, em decorrência de sua imaturidade física e mental,
precisa de proteção e cuidados especiais, inclusive proteção e cuidados
especiais, inclusive proteção legal apropriada, antes e depois do
nascimento;
PRINCÍPIO 2º
A criança gozará proteção social e ser-lhe-ão proporcionados
oportunidades e facilidade, por lei e por outros meios, a fim de lhe facultar
o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, de forma sadia
e normal em condições de liberdade e dignidade. Na instituição das leis
visando este objetivo levar-se-ão em conta sobretudo, os melhores
interesses da criança. (Assembleia das Nações Unidas, 1959)

Diante disso, inspirado nessas declarações, decretos e convenções é


criado o Estatuto da Criança e do Adolescente, que visa garantir os direitos
fundamentais dos menores, fazendo com que os infanto-juvenis que são submetidos
a ambientes degradantes a sua saúde física em mental, sem qualquer demonstração
de amor e carinho, pelos seus responsáveis sejam responsabilizados pelos seus
atos, afim de que sejam supridos os danos causados.
Por conta dessa proteção especial dada aos infanto-juvenis, os
responsáveis que causarem danos graves, abusos ou desrespeito aos seus direitos
poderão vir a perder ou suspender o poder familiar, pois a função dos pais é criar,
zelar, educar, guardar, consentir ou negar aquilo que é melhor aos interesses do
menor, proporcionando, o essencial o seu desenvolvimento e crescimentos de forma
saudável, conforme artigo 1637 do Código Civil de 2002, que diz:

Art. 1637. Se o pai, ou a mãe, abusar de sua autoridade, faltando aos


deveres a eles inerentes ou arruinando os bens dos filhos, cabe ao juiz,
requerendo algum parente, ou o Ministério Público, adotar à medida que lhe
pareça reclamada pela segurança do menor e seus haveres, até
suspendendo o poder familiar, quando convenha.
Parágrafo único. Suspende-se igualmente o exercício do poder familiar ao
pai ou à mãe condenados por sentença irrecorrível, em virtude de crime cuja
pena exceda a dois anos de prisão.

Existe uma diferenciação entre a suspensão e a perda do poder familiar,


sendo a primeira apenas restrições as funções dos responsáveis, não tendo um
tempo determinado para que sesse, no entanto ela poderá ser revisada e modificada
pensando no bem-estar do infanto-juvenil. Já a segunda, é a interrupção de forma
definitiva dos laços familiares entre o pais e/ou a mãe com os filhos, sendo a criança
ou adolescente submetido a guarda.
Destarte, a perda ou suspensão do poder familiar, não visa beneficiar os
pais, mais sim proteger o melhor interesse da criança e do adolescente,
resguardando os seus direitos, fazendo com que sejam cumpridos sem qualquer
discriminação ou desrespeito.
2. MEDIDAS PARA O CONTROLE DO TRANSTORNO DE CONDUTA

Atualmente não existem testes laboratoriais ou patologias neurológicas


que identificam o transtorno de conduta, contudo, pode-se identificar a baixa
quantidade de neurotransmissores, embora ainda não se sabe o grau de relação
com o transtorno de conduta.
Os comportamentos transgressores, poderão ser revertidos por meio de
tratamentos que visam a ressocialização da criança ou do adolescente, gerando
melhorias significativas no seu modo de agir, todavia, não são considerados 100%
(cem por cento) eficazes, ou seja, não há cura para o transtorno, mas sim formas de
conter os sintomas agressivos, proporcionando comportamentos adequados.
Existem vários fatores que poderão vir a intervir na eficácia do tratamento,
como por exemplo, o principal fator é a idade, pois as crianças de 7 (sete) anos de
idade, por ainda não terem total capacidade dos seus atos e nem a mentalidade
totalmente formada, são passíveis de melhorias mais significativas, sendo notório as
mudanças comportamentais, todavia, a família quanto mais tardar procurar por
ajuda, os resultados deixam de ser tão visíveis. Como pode-se notar, existem vários
meios para que seja realiza o tratamento, como se segue:

O tratamento primário do transtorno desafiador de oposição é a intervenção


familiar por meio do treinamento direto dos pais em habilidades de manejo
e avaliação cuidadosa das interações familiares. Terapeutas
comportamentais enfatizam que se ensine aos pais a alterar suas atitudes
para desestimular o comportamento opositivo da criança e incentivar o
comportamento adequado. A terapia comportamental focaliza-se em
reforçar e elogiar o comportamento adequado e ignorar ou não reforçar
aquele indesejado.

Estes tratamentos são oferecidos por órgão ou público particular. Como


por exemplo, na comarca de Goiânia existem os Centros de Atenção Psicossocial,
os chamados CAPS, que são serviços disponibilizados polo Sistema Único de Saúde
(SUS) que prestam apoio as pessoas que contêm transtornos mentais graves ou
persistentes, e oferecem tratamentos integrais à saúde mental dos indivíduos. Sendo
dois deles especializados em crianças e adolescentes, como o CAPS Água Viva que
é Municipal e Centro Estadual de Atendimento Psicossocial e Infanto-Juvenil (PASI).
Para a realização do tratamento em um dos CAPS é necessário passar
pelos trâmites exigidos pelo SUS, devendo haver primeiramente o pedido de
encaminhamento que poderá ser feito pelo Conselho Tutelar, pela escola, ou pelos
responsáveis. Em seguida, passam por uma junta médica, que irá realizar um laudo
atestando do transtorno de conduta e posteriormente o encaminhamento para um
desses centros para que seja realizado o tratamento adequado.
Os tratamentos são realizados em crianças e adolescentes entre 03 (três)
e 18 (dezoito) anos, e também com os familiares, podendo esse atendimento ser
realizado de forma individual ou em grupo, a chamada psicoeducação, onde serão
acompanhados por uma equipe multiprofissional, de médicos, psicólogos,
neuropsicologos, assistente social e terapeuta ocupacional, que irão realizar o
tratamento adequado. Contudo, não existe um tratamento específico nessa área,
devendo ser analisado o caso, e aplicando as medidas necessárias e pertinentes
para o infanto-juvenil (acessado dia 04/02/2020, às 18:32).
Os profissionais da saúde utilizam técnicas de terapia cognitiva
comportamental9, trabalhando as relações interpessoais, os limites, a autoestima,
os comportamentos, as linguagens, a concentração e a atenção, fazendo com que
aprendam a expressar sentimentos e buscando uma reestrutura interior modificando
assim o modo de agir, de pensar e de demonstrar emoções.

2.1. FARMACOS ULTILIZADOS NO TRATAMENTO DO TRANSTORNO DE


CONDUTA

Conjuntamente com as terapias, é de suma importância a inclusão dos


fármacos no tratamento do transtorno de conduta.
Em pesquisas, foi comprovado que os tratamentos farmacológicos podem
auxiliam de forma significativa para moldar o comportamento das crianças e dos
adolescentes que possui o transtorno de conduta, muito embora, não existe uma
medicação específica para esse tratamento, por conta disso, são utilizados
antipsicóticos e antidepressivos para amenizar os sintomas apresentados pelo
paciente.

9 Terapia Cognitiva Comportamental (TCC) é uma forma de psicoterapia que se baseia nos
conhecimentos empíricos da psicologia
Os antipsicóticos, como por exemplo o Haloperidol, ajuda na
estabilização do humor, além de auxiliar redução do comportamento agressivo e
violento. Contudo, os mais utilizados atualmente são antipsicóticos atípicos, como a
Risperidona, Olanzapina, Quetiapina, Ziprasidona e Aripiprazol substituíram os
antipsicóticos mais antigos, por conta das suas benfeitorias, os efeitos colaterais são
mais benéficos do que dos utilizado anteriormente. Com o uso continuo pode gerar
aumento na sedação, acréscimo dos níveis de prolactina (com uso de Risperidona)
e sintomas extrapiramidais, incluindo acatisia. (KAPLAN E SADOCK, 2011, p.111)
Além desses medicamentos, em estudos, notaram que a Clozapina,
usada principalmente no tratamento de esquizofrenia refratária, relatou redução do
comportamento agressivo em uma amostra de crianças e adolescentes refratários
ao tratamento com esquizofrenia e comportamento agressivo. Há relatos de que o
lítio tem eficácia para algumas crianças agressivas com ou sem comorbidade com
transtorno bipolar. Embora alguns ensaios anteriores sugerissem que a
Carbamazepina podia ajudar a controlar a agressividade, um estudo duplo-cego,
controlado por placebo, não mostrou superioridade sobre o placebo. Um estudo-
piloto recente revelou que a clonidina pode diminuir a agressividade. Os inibidores
seletivos da recaptação de serotonina (ISRSs), como a fluoxetina, a Sertralina, a
Paroxetina e o Citalopram foram usados em uma tentativa de diminuir a
impulsividade, a irritabilidade e a labilidade de humor, que costumam ocorrer com
transtorno da conduta. (KAPLAN E SADOCK, 2011, p.111)

3 MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS E PROTETIVAS APLICADAS A ATOS


INFRACIONAIS

As medidas socioeducativas e protetivas são aplicadas quando há o


cometimento de atos infracionais, ou seja, ações praticadas previstas em lei como
crime, e que contém o fato típico da conduta, que gerará um resultado, tendo nexo
causal todos fatos ocorridos, além de conter tipicidade, antijurídico e ser punível ou
culpável. No entanto, é estabelecido pela Constituição Federal e também pelo
Estatuto da Criança e do Adolescente que as ilicitudes cometidas por menores de 18
(dezoito) anos e quem possuem doença mental ou desenvolvimento mental
incompleto são consideradas inimputáveis, ou seja, não poderão ser penalizados
pelos atos cometidos, por não ter total capacidade de discernir os seus atos, devendo
ser submetidas a um tribunal especial.
Quando à pratica do delito por um infanto-juvenil, poderá haver a
apreensão em flagrante ou a realização do auto de apreensão que poderá ser
substituído por boletim de ocorrência. Devendo estes serem aferido junto ao cartório
do Juízo da Infância e da Juventude, o auto de investigação ou o relatório policial,
onde será apurado o fato criminoso, e posteriormente enviando para o Ministério
Público que irá receber e apurar, realizando a oitiva com o infrator, familiares e quem
achar pertinente para esclarecer as dúvidas, logo após, o Promotor de Justiça,
decidirá se deverá realizar ou não a denúncia. Durante esta fase, caso seja
detectado o transtorno de conduta será solicitado exames que comprovem se
realmente há ou não o transtorno. Caso não haja laudos que comprovem ou haja
suspeitas, é determinado judicialmente, que passe por uma junta médica que
realizará um laudo médico informando a existência do transtorno de conduta,
podendo o juiz aceitar ou não. Recebida a denúncia, o Ministério Público ajuizará a
ação cabendo à justiça da Infância e da Juventude analisar o caso e decidir,
aplicando a medida necessária. (MACIEL, 2009)
O Estatuto da Criança e do Adolescente considera criança, para efeitos
legais, quem possui até 12 (doze) anos incompletos e adolescentes quem possui
entre 12 (doze) anos completos e 18 (dezoito) anos incompletos (art. 2º, Lei 8.069,
ECA). Essa diferenciação é de suma importância pois interfere na aplicação da
sanção, podendo as medidas protetivas, serem aplicadas as crianças e adolescentes
e as medidas socioeducativas deverá aplicada somente aos adolescentes, conforme
o Estatuto da Criança e do Adolescente, artigos 112 e 101 e incisos:

Art. 112. Verificada a prática de atos infracional, a autoridade competente


poderá aplicar ao adolescente as seguintes medidas:
I – advertência;
II – obrigação de reparar o dano;
III – prestação de serviços à comunidade;
IV – liberdade assistida;
V – intervenção em regime de semiliberdade;
VI - inserção em estabelecimento educacional;
VII – qualquer um das previstas no art. 101, I a VI.
Art. 101. Verificada qualquer das hipóteses previstas no art. 98 do ECA, a
autoridade competente poderá determinar, dentre outras, as seguintes
medidas:
I – encaminhamento aos pais ou responsável, mediante termo de
responsabilidade;
II- -orientação, apoio e acompanhamento temporários;
III – matricula e frequência obrigatória em estabelecimento oficial de ensino
fundamental;
VI – inclusão em serviços e programas oficiais ou comunitários de proteção,
apoio da família, da criança e do adolescente;
V – requisição de tratamento médico, psicológico, em regime hospitalar ou
ambulatorial;
VI – inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e
tratamento a alcoólatras e toxocônicos;
VII – acolhimento institucional;
VIII – inclusão em programa de acolhimento familiar;
IX – colocação em família substituta.
(Lei 8.069, Estatuto da Criança e do Adolescente)

Por via de regra, é assegurado a todos, como princípio fundamental a


liberdade, no entanto, no artigo 112, inciso VI do Estatuto da Criança e do
Adolescente, traz como medida socioeducativa, a internação em estabelecimento
educacional, que é considerada uma medida privativa de liberdade, sendo utilizada
apenas em casos excepcionais, por ser a mais rígida. Essa internação pode ser
provisória, por prazo indeterminado e com prazo determinado, a primeira, ocorre em
processo de conhecimento que será solicitada por determinação judicial,
obedecendo o prazo de até 45 dias; já a segunda é determinada em sentença tendo
prazo limite de 3 anos; e a terceira, é realizada quando a descumprimento da medida
anterior, tendo como prazo máximo 3 meses (Silva, 2008).
Esses prazos estabelecidos pelo Estatuto da Criança e do Adolescente
são considerados insuficientes para o tratamento adequado de seus pacientes. Não
obstante, um adolescente com transtorno de conduta, que veio a cometer atos
infracionais graves, gera perigo à sociedade, por conta disso, deveria permanecer
internado até haver melhorias significativas em seu comportamento, para que possa
voltar a viver em sociedade, devendo ser observada a necessidade do indivíduo e
comprovada por meio de laudos médicos.
Diante disso, a teoria aplicável seria a Teoria Relativa da Pena, na qual,
deverá haver uma reeducação sendo aplicada com a intenção de inibir novos fatos
criminosos, caso seja necessário prorrogar, deve ser feita em benefício da criança e
do adolescente, para que possa haver a ressocialização, e conforme o grau de
complexidade da causa, deverá ser responsabilizado por seus atos, uma vez que
tenha ciência do que estava fazendo.
Em vários países, as crianças e adolescentes que possuem a gênese da
psicopatia, são apreendidos e a depender do caso concreto, podendo ser até
condenado a pena de morte, independentemente se já atingiram a maioridade penal
ou não, simplesmente pela gravidade do ato infracional cometido. Com isso, pode-
se ter como referência o caso de Jordan Phillips, que foi considerado a criança mais
nova nos Estados Unidos a ser condenada à prisão perpetua, ele tinha apenas 11
anos de idade quando matou a madrasta que estava grávida. Além disso, o caso do
George Stinney que foi condenado à pena de morte aos 14 anos de idade pelo
assassinato de duas meninas menores de idade. Ana Beatriz Barbosa Silva (2008),
traz em seu livro alguns países que utilizam o critério de menoridade penal diferentes
do adotado pelo Brasil, como:

• Austrália e Suíça - 7 anos;


• Equador-12 anos;
• Dinamarca, Finlândia e Noruega - 15 anos;
• Argentina, Chile e Cuba - 16 anos;
• Polónia - 17 anos;
• Colômbia, Luxemburgo e Brasil - 18 anos;
• EUA- em alguns estados, a partir dos 6 anos de idade. Cabe ao juiz decidir
se o jovem infrator deverá ser julgado como adulto ou não;
• Inglaterra - desde 1967 não tem idade mínima preestabelecida. Uma
criança de 10 anos (ou menos) pode ser julgada como adulto, dependendo
da gravidade do crime e de acordo com os costumes do próprio país.
(Silva, 2008, p. 137 e 138)

Esse tema ainda é muito polêmico, pois uma criança ou um adolescente


poderá ser tratado como um adulto sem ao menos ter total capacidade dos seus
atos? Mas se estes cometem atrocidade piores do que muitos adultos deverão ser
tratados como crianças inocentes que não sabem o que está fazendo? Neste caso,
não existe um certo ou um errado, mas sim um depende, devendo ser analisado o
caso concreto.
É de suma importância estabelecer uma maior idade penal, no entanto,
em alguns casos, como por exemplo o transtorno de conduta, não pode criança ou
um adolescente ser tratado como os demais, devendo estes, quando oferecerem
perigo à sociedade, serem responsabilizados pelos seus atos, uma vez que possui
discernimento da conduta. Com isso, pode-se observar que essas medidas, prevista
no Estatuto da Criança e do Adolescente, não visam o tratamento dos infanto-
juvenis, mas sim a obediência da lei em sua integralidade, desobedecendo ao próprio
Estatuto que tem como princípio fundamental o melhor interesse da criança e do
adolescente.

3.1 CASOS CONCRETOS DE PSICOPATAS FAMOSOS

Diante de tais fatos expostos, pode-se lembrar de alguns casos


emblemáticos que comoveram e comovem até hoje quem lê ou relembra tais
acontecimentos, com por exemplo:

3.2.1 FRANCISCO DAS CHAGAS RODRIGUES DE BRITO

De acordo com a fonte da OAB/MA, Francisco das Chagas Rodrigues de


Brito, nascido em 1965, na cidade de Caxias, Estado do Maranhão, teve uma infância
conturbada, sendo abandonado pelo pai e pela mãe ainda criança, sendo criado pela
avó Maria do Carmo Furtado que utilizava da violência para educar os netos que ali
morava. Ele era obrigado à ajudar nas despesas de casa, vendendo bolos nas ruas.
Além disso, aos 6 anos de idade foi estuprado por um homem chamado Carlito que
ajudava a avó nos afazeres domésticos. Isso é o pouco que se sabe sobre a sua
infância até a fase adulta.
Sabe-se que no Pará, se estendendo pelo Maranhão, foi onde iniciou sua
onda de crimes praticados contra meninos entre 4 a 15 anos que tinha seus órgãos
genitais extirpados, sendo a maioria deles de baixa renda, como o argumento de que
via o seu agressor em quem ele matava. Suspeita-se que tenha cometido o
assassinato de mais de 40 crianças e adolescentes do sexo masculino entre 1989 e
2003, sendo conhecido “O caso dos Meninos Emasculados”.
Francisco foi preso em 2004, condenado por homicídio duplamente
qualificado, vilipêndio e ocultação de cadáver, artigos. 121, § 2º, II e IV, do Código
Penal, em concurso com o art. 211 do mesmo diploma, com uma pena de 580 anos
e 10 meses de prisão. Foi traçado um perfil psicológico sendo considerado um
psicopata e homoerotismo10 voltado ao infantil, sendo considerado inimputável
(acessado 06/01/2020 às 18:00 horas).

3.2.2 ERIC SMITH

Eric Smith nasceu em 22 de janeiro de 1980, na cidade de Nova Iorque,


sofria bullying de outras crianças devido às suas orelhas avantajadas, por usar
óculos de lentes grossas, seus cabelos ruivos e sardos, essas características, foram
causadas por um remédio que sua mãe tomou durante sua gestação por conta da
epilepsia. Cansado desses abusos, Eric tentando descontar sua raiva, cometeu um
assassinato.
A vítima de Eric era um garoto de 4 anos de idade, chamado de Derrick
Robie, executando-o em um parque próximo de sua casa, onde costumava brincar.
Contam relatos que Derrick foi estrangulado, teve sua cabeça esmagada por uma
pedra, além de ter sido estuprado com a introdução em seu ânus de um galho de
árvore. Em depoimento, a família de Robie diz na CBS News:

O corpo de Robie foi encontrado em um pequeno pedaço de madeira, a


meio caminho entre o parque onde ele estava indo e sua casa. Segundo o
promotor Tunney, Robie foi atraído da calçada e estrangulado... o
assassino, desconhecido, desenterrou uma grande rocha e outra menor,
com as quais agrediu Robie. Depois, abriu a lancheira de Robie, comeu seu
lanche, encontrou um pequeno galho de árvore com o qual sodomizou
Robie... posteriormente, arrumou o corpo de Robie (acessado 08/01/2020
às 21:23).

Logo após o enterro de Darrick, Eric confessou o crime, sendo preso no


dia 02 de agosto de 1993, com 13 anos de idade e condenado por maioria dos votos
por homicídio, abuso sexual e mutilação e, segundo grau. Cominando uma pena de
no mínimo 9 anos à perpetua (acessado 08/01/2020 às 21:23).

3.2.3 ELIZABETH THOMAS

10 Homoerotismo refere-se à atração erótica entre indivíduos do mesmo sexo.


Elizabeth Thomas, apelidada carinhosamente como Beth e seu irmão
mais novo chamado Jonathan. Eles perderam sua mãe durante o parto de Jonathan,
ficando os dois sob a guarda de seu pai biológico. Beth na época tinha pouco mais
de um ano quando o seu pai começou os abusos sexuais. Após a descoberta da
situação, ambos foram acolhidos por uma assistente social, e mais tarde Beth e
Jonathan adotados por um casal de pastores casados a doze anos que não poderiam
ter filhos.
Dias após as duas crianças estarem morando com os pais adotivos, Beth
começou a demonstrar comportamento estanhos à idade dela, como por exemplo
matar os filhotes de passarinho que estavam em um ninho na árvore da casa, furar
o cachorro com agulha, a agredir o irmão e tinha um lado sexual muito aguçado para
sua idade. Levando o casal a buscar saber mais sobre o que tinha havido com eles,
chegando ao conhecimento dos estupros sofridos na infância.
Em vídeo gravado em uma consulta com o psicólogo Drº Ken Magid, Beth
conta a ele sobre um sonho que ela tinha constantemente, que era um homem
caindo sobre ela quando estava deitada na cama e a machucando. Esse sonho
refletia o que acontecido nos seus primeiros anos de vida, quando o pai biológico
abusava, machucando-a até sangrar, não cuidava dela e nem do irmão, e os agredia.
Além disso, confessa que já tentara matar inúmeras vezes o irmão enforcando-o,
proferindo murros, batendo a cabeça dele contra o chão e molestava-o. Não parando
por aí, ela também falava da vontade de matar os pais, tendo planejado o melhor
horário, que seria na parte da noite e que seria com uma faca.
É perguntado a ela, o motivo pelo qual, ela machuca as pessoas que estão
ao seu redor e ela fala que é pelo fato de que já foi muito machucada e que não quer
que as pessoas fiquem próximas a ela, por medo de que aconteça de novo. Com
isso, ela cresceu sem saber o que é amar, confiar em alguém, criando assim um
bloqueio de empatia para com os outros.
Os pais, tentando proteger Jonathan e até eles mesmo, trancavam Beth
em seu quarto durante a noite, para que ela não os machucasse. No entanto, essas
agressões ficaram constante e cada vez pior, decidindo o psicólogo a afastá-la
temporariamente da família, em uma casa que era especializada em transtorno de
conduta, para que adquirisse autoconfiança, aprendesse a obedecer aos seus
responsáveis. Com o passar o tempo, era notório mudanças significativas em seu
comportamento, definindo que é certo e errado, criando amizades e se comportando
em sociedade com as demais pessoas. Atualmente, Beth é enfermeira, palestrante,
se tomando uma mulher bem-sucedida (acessado 10/01/20202 às 21:54).
Ao analisar os casos concretos, é notório a semelhança entre os
indivíduos que cometeram tais crimes. Observando que todos sofrerem traumas
significativos na infância, seja bullying, abusos, abandono e entre outros fatos
ocorridos que poderão acarretar sentimentos negativos. Além disso, se manifestam
em suas vítimas a raiva existente em si, fazendo com que os atos delinquentes seja
um modo que exteriorizar o que sente. Por conta disso não expressão
arrependimento e nem pudor.
CONCLUSÃO

O presente estudo, analisa a gênese da psicopatia que poderá vir a ser


identificada, ainda quando criança ou adolescente por meio de seus
comportamentos transgressores e a impossibilidade de sentir remorso ao infringir
regras e ser penalizado por isso. A maioria entre os infanto-juvenis é possível
observar que apresenta, também, características semelhantes, como uma anomalia
cerebral causada por uma supermaturação decorrente de um trauma psicológico ou
físico sofrido na infância, e que causou profundo sofrimento, gerando assim o
transtorno de conduta.
Resta claro a importância do meio social onde está inserido o menor, os
cuidados que os familiares e os responsáveis devem ter com o desenvolvimento
deste, pois é ali que é formado o seu caráter, e as primeiras percepções do que é
certo ou errado. Assim, quanto mais cedo seja detectado o transtorno de conduta é
maior as chances de controlar a agressividade e desenvolver afeto ao próximo.
No entanto, quando crianças com transtorno de conduta, chega a cometer
atos infracionais, são aplicados os sansões estabelecidos pelo Estatuto da Criança
e do Adolescente, recebendo os mesmos tratamentos que um infrator comum, sendo
submetidos às medidas socioeducativas e/ou medidas sancionatórias, a depender
da idade e do caso concreto.
Diante de tais fatos, resta claro que no Brasil não há tratamento específico
para quem possui transtorno de conduta, por conta disso, há grandes chances de
reincidência, já que estes infratores infanto-juvenis são tratados como os demais
infratores. Com isso, pode-se observar que ao aplicar essas medidas o aplicador da
justiça, não visa o tratamento da criança ou do adolescente, mas sim a obediência
da lei em sua integralidade. Dessa forma, desobedece ao próprio Estatuto que tem
como princípio fundamental o melhor interesse da criança e do adolescente.
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