Lei 6.880
Lei 6.880
Lei 6.880
O PREFEITO DO MUNICÍPIO DO NATAL, Faço saber que a Câmara Municipal do Natal aprovou e eu
sanciono a seguinte Lei:
CAPÍTULO I
DA POLÍTICA MUNICIPAL DE SANEAMENTO BÁSICO
Seção I
Das Disposições Preliminares
Art. 1º A Política Municipal de Saneamento Básico reger-se-á pelas disposições desta lei, de seus
regulamentos e das normas administrativas deles decorrentes e tem por finalidade assegurar a
proteção da saúde da população e a salubridade do meio ambiente urbano da cidade do Natal, além
de disciplinar o planejamento e a execução das ações, obras e serviços de saneamento básico do
Município.
Art. 4º Não constitui serviço público a ação de saneamento executada por meio de soluções
individuais, desde que o usuário não dependa de terceiros para operar os serviços, bem como as
ações e serviços de saneamento básico de responsabilidade privada, incluindo o manejo de resíduos
de responsabilidade do gerador.
§ 2º A prestação de serviços públicos de saneamento básico no município poderá ser realizada por:
a) órgão ou pessoa jurídica pertencente à Administração Pública municipal, na forma da
legislação;
b) por delegação à pessoa jurídica de direito público ou privado, desde que atendidos os
requisitos da Constituição Federal e da Lei nº 11.445, de 5 de janeiro de 2007.
Seção II
Dos Princípios
I - universalização do acesso;
III - abastecimento de água, esgotamento sanitário, limpeza urbana e manejo dos resíduos sólidos
realizados de formas adequadas à saúde pública e à proteção do meio ambiente;
X - controle social;
XII - integração das infraestruturas e serviços com a gestão eficiente dos recursos hídricos;
Seção III
Dos Objetivos
II - priorizar planos, programas e projetos que visem à implantação e ampliação dos serviços e
ações de saneamento básico nas áreas ocupadas por populações de baixa renda;
IV - assegurar que a aplicação dos recursos financeiros administrados pelo poder público se dê
segundo critérios de promoção da salubridade sanitária, de maximização da relação benefício-custo
e de maior retorno social;
VI - promover alternativas de gestão que viabilizem a auto sustentação econômica e financeira dos
serviços de saneamento básico, com ênfase na cooperação com as esferas estadual e federal, bem
como com entidades municipais;
VII - promover o desenvolvimento institucional do saneamento básico, estabelecendo meios para a
unidade e articulação das ações dos diferentes agentes, bem como do desenvolvimento de sua
organização, capacidade técnica, gerencial, financeira e de recursos humanos, contempladas as
especificidades locais;
Seção IV
Das Diretrizes Gerais
Art. 8º Fica criado o Comitê Gestor em Saneamento Básico, com a competência de executar a
Política Municipal de Saneamento Básico sob a presidência da Secretaria Municipal de Planejamento
– SEMPLA, que distribuirá as ações, obras e serviços de forma transdisciplinar a todas as
Secretarias e órgãos da Administração Municipal, respeitadas as suas competências.
§ 1º O Comitê Gestor em Saneamento Básico será instalado após a publicação desta lei, inserido
nos quadros da Secretaria Municipal de Planejamento do Município do Natal – SEMPLA.
§ 2º O Comitê Gestor em Saneamento Básico será responsável pela coordenação do Plano Municipal de
Saneamento Básico – PMSB de Natal.
IV - atuação integrada dos órgãos públicos municipais, estaduais e federais de saneamento básico;
VI - prestação dos serviços públicos de saneamento básico orientada pela busca permanente da
universalidade e qualidade;
VII - ações, obras e serviços de saneamento básico planejados e executados de acordo com as
normas relativas à proteção ao meio ambiente e à saúde pública, cabendo aos órgãos e entidades
por elas responsáveis o licenciamento, a fiscalização e o controle dessas ações, obras e
serviços, nos termos de sua competência legal;
VIII – os bairros deverão ser consideradas como unidade de planejamento para fins de execução do
Plano Municipal de Saneamento Básico, que deverá compatibilizar-se com: o Plano Diretor
Municipal, com os Planos Diretores de Saneamento e de Recursos Hídricos, com os Planos de Bacias
Hidrográficas, com os Códigos Sanitário e de Meio Ambiente e demais normas e regulamentos
aplicáveis;
IX - incentivo ao desenvolvimento científico na área de saneamento básico, a capacitação
tecnológica da área, a formação de recursos humanos e a busca de alternativas adaptadas às
condições de cada local;
XIII - garantia de meios adequados para o atendimento da população de todo o município, inclusive
mediante a utilização de soluções compatíveis com suas características econômicas e sociais
peculiares.
CAPÍTULO II
DO SISTEMA MUNICIPAL DE SANEAMENTO BÁSICO
Seção I
Da Composição
Art. 10. A Política Municipal de Saneamento Básico contará, para execução das ações dela
decorrentes, com o Sistema Municipal de Saneamento Básico.
Art. 11. O Sistema Municipal de Saneamento Básico fica definido como o conjunto de agentes
institucionais que no âmbito das respectivas competências, atribuições, prerrogativas e funções,
integram-se, de modo articulado e cooperativo, para a formulação das políticas, definição de
estratégias e execução das ações de saneamento básico, sendo dividido da seguinte forma:
III - órgão de controle social: órgãos responsáveis pelas ações de controle social, definidos no
art. 20 desta Lei;
Parágrafo único. Para os fins do inciso IV, do Caput deste artigo, consideram-se também
prestadores de serviço público de manejo dos resíduos sólidos as cooperativas, formadas por
pessoas físicas de baixa renda reconhecidos pelo Poder Público Municipal como catadores de
materiais recicláveis, que executam coleta, processamento e comercialização de resíduos sólidos
urbanos recicláveis ou reutilizáveis.
Art. 12. O Comitê Gestor de que trata o inciso I do art. 7º será composto pelos titulares das
pastas e/ou seus substitutos legais das Secretarias Municipais e órgãos da administração indireta
a seguir:
VII - Companhia de Serviços Urbanos de Natal – URBANA; VIII- Secretaria Municipal de Habitação,
Regularização Fundiária e Projetos Estruturantes – SEHARPE;
§ 3º Fica criada a Comissão Técnica com o objetivo de assessorar o Comitê Gestor, integrada por
um representante técnico de cada uma das Secretarias Municipais e órgãos da administração
indireta, conforme disposto no caput deste artigo.
VII – garantir a integração das ações das Políticas de Saneamento Básico entre as áreas da saúde,
educação, e meio ambiente;
VIII – acompanhar os relatórios periódicos e balanço anual sobre a implementação das ações e os
resultados obtidos.
Art. 14. O Sistema Municipal de Saneamento Básico é composto dos seguintes instrumentos:
Seção II
Do Plano Municipal de Saneamento Básico
Art. 15. Fica instituído o Plano Municipal de Saneamento Básico, anexo único, documento destinado
a articular, integrar e coordenar recursos tecnológicos, humanos, econômicos e financeiros, com
vistas ao alcance de níveis crescentes de salubridade ambiental para a execução dos serviços
públicos de saneamento básico, em conformidade com o estabelecido na Lei Federal nº 11.445/2007.
Art. 16. O Plano Municipal de Saneamento Básico será executado em um horizonte de 20 (vinte) anos
a partir da publicação desta lei e contém, como principais elementos:
I - diagnóstico da situação atual e seus impactos nas condições da população, com base em sistema
de indicadores sanitários, epidemiológicos, ambientais, socioeconômicos e apontando as principais
causas das deficiências detectadas;
Art. 17. O Plano Municipal de Saneamento Básico, instituído por esta lei, será avaliado
anualmente e revisado a cada 4 (quatro) anos.
Art. 18. Na avaliação e revisão do Plano Municipal de Saneamento Básico, tomar-se-á por base o
cumprimento das metas estabelecidas para cada eixo do saneamento básico.
Art. 19. O processo de revisão do Plano Municipal de Saneamento Básico dar-se-á com a
participação da população nos termos previstos nesta lei e legislações aplicáveis.
Seção III
Do Controle Social de Saneamento Básico
Art. 20. O controle social será exercido pelos seguintes órgãos e ações:
a) Conselho Municipal de Saneamento Básico – COMSAB;
b) Pré-Conferências e Conferências de Saneamento Básico;
c) Conselho da Cidade do Natal – CONCIDADE;
d) Secretaria Municipal de Urbanismo e Meio Ambiente - SEMURB (Ouvidoria);
e) Prestadores de Serviços (Ouvidoria);
f) Agência Reguladora de Saneamento Básico de Natal – ARSBAN (Ouvidoria);
g) PROCON Estadual e Municipal;
h) Ouvidoria-Geral do Município.
Parágrafo único. Para efeito deste PMSB podem atuar como colaboradores as organizações da
sociedade civil, incluindo as organizações não governamentais, que desenvolvam ou possam
desenvolver ações de apoio ao saneamento básico, a critério do COMSAB.
Seção IV
Do Fundo Municipal de Saneamento Básico – FMSB
Art. 21. Fica criado o Fundo Municipal de Saneamento Básico - FMSB, como instrumento da
Administração Municipal, vinculado à Secretaria Municipal de Planejamento.
V - doações e legados;
VII – outras fontes já previstas ou que vierem a ser criadas por lei.
Art. 23. O resultado dos recolhimentos financeiros será depositado em conta bancária exclusiva e
poderão ser aplicados no mercado financeiro de maior rentabilidade, sendo que tanto o capital
como os rendimentos somente poderão ser usados para as finalidades específicas descritas nesta
Lei.
Art. 24. O Orçamento e a Contabilidade do FMSB obedecerão às normas estabelecidas pela Lei
Federal n° 4.320/64 e Lei Complementar Federal nº 101/2000, bem como as instruções normativas do
Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Norte e as estabelecidas no Orçamento Geral do
Município e de acordo com o princípio da unidade e universalidade.
Parágrafo único. Os procedimentos contábeis relativos ao FMSB serão executados pela Controladoria
Geral do Município.
Art. 26. O Chefe do Poder Executivo Municipal, por meio da Controladoria Geral do Município,
enviará o Balanço Contábil do FMSB ao Tribunal de Contas do Estado, na periodicidade e nos
parâmetros da legislação aplicável.
Seção V
Sistema de Informações Integradas em Saneamento Básico de Natal – SISBN
Art. 27. Fica instituído o Sistema de Informações Integradas em Saneamento Básico de Natal -
SISBN, que possui como objetivos:
§ 1º As informações do SISBN são públicas e acessíveis a todos, devendo ser publicadas por meio
da internet.
Seção VI
Da Conferência Municipal de Saneamento Básico
Art. 28. A Conferência Municipal de Saneamento Básico, parte do processo de elaboração e revisão
do Plano Municipal de Saneamento Básico, contará com a representação dos vários segmentos sociais
e será convocada pelo Chefe do Poder Executivo a cada 03 (três) anos ou pelo Conselho Municipal
de Saneamento Básico, quando não convocada pelo Poder Público, antecedendo a Conferência Nacional
das Cidades.
CAPÍTULO III
DOS DIREITOS E DEVERES DOS USUÁRIOS
Art. 29. São direitos dos usuários dos serviços de saneamento básico:
I - a gradativa universalização dos serviços de saneamento básico e sua prestação de acordo com
os padrões de qualidade estabelecidos pelo órgão de regulação e fiscalização;
III - a cobrança de taxas, tarifas e preços públicos compatíveis com a qualidade e quantidade do
serviço prestado;
V - ao ambiente salubre;
VI - o prévio conhecimento dos seus direitos e deveres e das penalidades a que podem estar
sujeitos;
Art. 30. São deveres dos usuários dos serviços de saneamento básico:
I - o pagamento das taxas, tarifas e preços públicos cobrados pela Administração Pública ou pelo
prestador de serviços;
III - a ligação de toda edificação permanente urbana às redes públicas de abastecimento de água e
esgotamento sanitário disponíveis;
IV - o correto manuseio, separação, armazenamento e disposição para coleta dos resíduos sólidos,
de acordo com as normas estabelecidas pelo poder público;
V - primar pela retenção das águas pluviais no imóvel, visando a sua infiltração no solo ou seu
reuso;
VI - colaborar com a limpeza pública, zelando pela salubridade dos bens públicos e dos imóveis
sob sua responsabilidade.
Parágrafo único. Nos locais não atendidos por rede coletora de esgotos, é dever do usuário a
construção, implantação e manutenção de sistema individual de tratamento e disposição final de
esgotos, atendendo ao disposto na legislação pertinente e conforme regulamentação do poder
público municipal, devendo promover seu reuso sempre que possível.
CAPÍTULO IV
PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS
Art. 31. A prestação dos serviços de saneamento básico atenderá a requisitos mínimos de
qualidade, incluindo a regularidade, a continuidade, o atendimento dos usuários e às condições
operacionais e de manutenção dos sistemas, de acordo com as normas regulamentares e contratuais.
Art. 32. Toda edificação permanente urbana será conectada às redes públicas de abastecimento de
água e de esgotamento sanitário disponíveis e estará sujeita ao pagamento das tarifas e de outros
preços públicos decorrentes da conexão e do uso desses serviços.
Parágrafo único. Na ausência de redes públicas de água e esgotos, serão admitidas soluções
individuais de abastecimento de água e de tratamento e disposição final dos esgotos sanitários,
observadas as normas editadas pela entidade reguladora e pelos órgãos responsáveis pelas
políticas ambiental, sanitária e de recursos hídricos.
Art. 33. Todo imóvel urbano deverá dispor os seus resíduos sólidos domiciliares para a coleta
pelo poder público municipal de acordo com o Plano de Coleta estabelecido pelo prestador de
serviço, respeitando as diretrizes do Plano Municipal de Saneamento Básico.
Art. 34. Todo imóvel urbano deverá dispor as águas pluviais de acordo com as diretrizes
estabelecidas no Plano Municipal de Saneamento Básico e no Plano Diretor de Drenagem de Águas
Pluviais de Natal.
Art. 35. Desde que declarada pela autoridade gestora de recursos hídricos, especialmente em
situação crítica de escassez ou contaminação de recursos hídricos, que obrigue à adoção de
racionamento, o ente regulador poderá adotar mecanismos tarifários de contingência, com objetivo
de cobrir custos adicionais decorrentes, garantindo o equilíbrio financeiro da prestação do
serviço e a gestão da demanda.
Art. 36. Os prestadores de serviços de saneamento básico deverão elaborar manual de prestação de
serviço e assegurar acesso amplo e gratuito ao mesmo.
CAPÍTULO V
ASPECTOS ECONÔMICOS E SOCIAIS
II - de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos urbanos: taxas ou tarifas e outros preços
públicos, em conformidade com o regime de prestação do serviço ou de suas atividades;
III - de manejo de águas pluviais urbanas: na forma de tributos, inclusive taxas, em conformidade
com o regime de prestação do serviço ou de suas atividades;
IV – a lei poderá instituir outras fontes destinadas a garantir a manutenção ou expansão das
atividades direta ou indiretamente ligada ao saneamento básico.
§ 1º Observado o disposto nos incisos I a III do caput deste artigo, a instituição das tarifas e
taxas para os serviços de saneamento básico observará os princípios instituídos pelo artigo 6º e
as diretrizes contidas nos artigos 8º e 9º da presente lei:
III - geração dos recursos necessários para realização dos investimentos, objetivando o
cumprimento das metas e objetivos do serviço;
Art. 38. Os serviços de saneamento básico poderão ser interrompidos pelo prestador nas seguintes
hipóteses:
§ 2º A suspensão dos serviços prevista nos incisos III e V do caput deste artigo será precedida
de prévio aviso ao usuário, não inferior a 30 (trinta) dias da data prevista para a suspensão.
Art. 39. Os valores investidos em bens reversíveis pelos prestadores constituirão créditos
perante o Município, a serem recuperados mediante a exploração dos serviços, nos termos das
normas regulamentares e contratuais.
§ 1º Não gerarão crédito perante o Município os investimentos feitos sem ônus para o prestador,
tais como os decorrentes de exigência legal aplicável à implantação de empreendimentos
imobiliários e os provenientes de subvenções ou transferências fiscais voluntárias.
CAPÍTULO VI
REGULAÇÃO E FISCALIZAÇÃO
§ 2º A título de cota regulatória, será devido à Agência Reguladora o montante de 2% (dois por
cento) sobre o valor do faturamento efetivamente arrecadado pelo prestador de serviço regulado
por contrato de concessão ou programa, sem prejuízo de que tal percentual seja alterado quando da
revisão do PMSB.
§ 3º A título de cota regulatória, será devido à Agência Reguladora o montante de 2% (dois por
cento) sobre o valor das taxas e preços públicos recolhidos pelo titular dos serviços, quando
prestados diretamente por ele, sem prejuízo de que tal percentual seja alterado quando da revisão
do PMSB.
III - definir tarifas que assegurem tanto o equilíbrio econômico e financeiro dos contratos como
a modicidade tarifária, mediante mecanismos que induzam a eficiência e eficácia dos serviços e
que permitam a apropriação social dos ganhos de produtividade.
Art. 42. A Agência Reguladora editará normas relativas às dimensões técnica, econômica e social
de prestação dos serviços, que abrangerão, pelo menos, os seguintes aspectos:
IV - regime, estrutura e níveis tarifários, bem como os procedimentos e prazos de sua fixação,
reajuste e revisão;
§ 1º As normas a que se refere o caput deste artigo fixarão prazo para os prestadores de serviços
comunicarem aos usuários as providências adotadas em face de queixas ou de reclamações relativas
aos serviços.
§ 3º O descumprimento das normas editadas pela agência reguladora em suas Resoluções constituem
infrações sujeitas a processo administrativo e, acaso comprovadas, submeterão os infratores às
penalidades definidas nesta Lei.
Art. 43. Os prestadores dos serviços de saneamento básico deverão fornecer à entidade reguladora
todos os dados e informações necessárias para o desempenho de suas atividades, na forma das
normas legais, regulamentares e contratuais, atendendo também as determinações previamente
estabelecidas no Plano Diretor de Natal (Lei Complementar nº 82/2007) quanto à tendência de
saturação dos serviços.
§ 1º Incluem-se entre os dados e informações a que se refere o caput deste artigo aquelas
produzidas por empresas ou profissionais contratados para executar serviços ou fornecer materiais
e equipamentos específicos.
§ 3º A falta do envio das informações, bem como o seu envio incompleto ou deliberadamente
incorreto, constituem infrações, que impõe a instauração do devido processo administrativo e a
aplicação de penalidades, nos moldes definidos nesta Lei.
CAPÍTULO VII
DAS INFRAÇÕES E PENALIDADES DOS USUÁRIOS
Seção I
Das infrações dos usuários
Art. 44. Sem prejuízo das demais disposições desta Lei e das normas pertinentes, constituem-se
infrações, por parte dos usuários efetivos ou potenciais dos serviços, as seguintes ações:
I - intervenção de qualquer modo nas instalações dos sistemas públicos de saneamento básico sem
autorização do órgão competente;
III - utilização da ligação predial de esgoto e de água para esgotamento conjunto de outro imóvel
sem autorização e cadastramento junto ao prestador do serviço;
VI - lançamento de água servida ou esgoto nas vias públicas ou na rede de drenagem de águas
pluviais urbana;
XII – Contratar pessoa ou empresa para realizar o recolhimento de resíduos sólidos de qualquer
espécie, acondicionados ou não, que não esteja devidamente licenciada pelos órgãos da
administração pública municipal.
§ 2º Responderá pelas infrações quem por qualquer modo as cometer, concorrer para sua prática, ou
delas se beneficiar, direta ou indiretamente, seja pessoa física ou jurídica.
Art. 45. As infrações previstas no Art. 44 desta Lei, disciplinadas nos regulamentos e atos
normativos dela decorrentes, serão classificadas em leves, graves e gravíssimas, levando-se em
conta:
III - ser o infrator primário e a falta cometida não provocar consequências graves para a
prestação do serviço ou suas infraestruturas ou para a saúde pública;
III - dificultar ou obstar a ação dos agentes fiscalizadores nos atos de vistoria ou
fiscalização;
V - ter a infração consequências graves para a prestação do serviço ou suas infraestruturas, quer
para o próprio usuário, quer para terceiros;
VIII - praticar qualquer infração prevista no Art. 44 durante a vigência de medidas de emergência
disciplinadas conforme o Art. 47 ambos desta Lei;
Seção II
Das Penalidades aos usuários
Art. 46. A pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, que praticar as ações
previstas no Art. 44 desta Lei, ficará sujeita às seguintes penalidades, nos termos dos
regulamentos e normas administrativas de regulação, independente de outras medidas legais e de
eventual responsabilização civil ou criminal por danos diretos e indiretos causados ao sistema
público e a terceiros:
I - advertência por escrito, sendo o infrator notificado para fazer cessar a irregularidade, sob
pena de imposição das demais sanções previstas neste artigo;
II – multa;
III - suspensão total ou parcial das atividades, até a correção das irregularidades, quando
aplicável;
§ 1º A multa prevista no inciso II do caput deste artigo consiste no pagamento dos valores a
seguir indicados:
§ 5º Para os usuários constantes no Cadastro Único (CADÚNICO) para Programas Sociais do Governo
Federal, as multas descritas no § 1º deste artigo serão reduzidas em 50% (cinquenta por cento) do
valor original.
§ 6º Das penalidades previstas neste artigo caberá recurso junto ao órgão regulador, que deverá
ser protocolado no prazo de 10 (dez) dias a contar da data da notificação.
§ 7º Das penalidades previstas neste artigo caberá recurso junto ao órgão regulador, que deverá
ser protocolado no prazo de 10 (dez) dias a contar da data da notificação.
CAPÍTULO VIII
DAS INFRAÇÕES E PENALIDADES DOS PRESTADORES DE SERVIÇOS
Seção I
Das Penalidades e Sanções Administrativas dos Prestadores de Serviços
Art. 47. O não cumprimento das obrigações estabelecidas na legislação, resoluções e dispositivos
contratuais, bem como das recomendações indicadas nas ações de fiscalização, ensejará a aplicação
das seguintes penalidades aos prestadores de serviço, sem prejuízo de outras penalidades
previstas em lei, sendo elas:
I - advertência escrita;
II – multa;
Art. 48. Competirá à Agência Reguladora, após consulta ao COMSAB, ainda, a recomendação ao Poder
Concedente, nos casos em que couber, a aplicação das seguintes penalidades:
I - intervenção administrativa;
Art. 49. As penalidades serão classificadas e aplicadas com base na abrangência e gravidade da
infração, nos danos dela resultantes para os serviços prestados e para os usuários, na vantagem
auferida pelo infrator e na existência de sanções anteriores.
Parágrafo único. Deve a Agência Reguladora editar Resolução específica para essa finalidade no
prazo de 60 (sessenta) dias, classificando e definindo os grupos de cada penalidade, de acordo
com o art. 31 da Lei Municipal nº 5.346/2001.
Art. 50. A pena de advertência poderá ser imposta pela Agência Reguladora relativamente às
infrações de natureza leve e média definidas em Resolução, desde que não exista sanção anterior,
de mesma natureza, nos últimos 2 (dois) anos. Será estabelecido prazo para que o prestador de
serviços proceda à adequação do serviço prestado ou da obra executada aos parâmetros definidos no
contrato de delegação.
Art. 51. A penalidade de Multa será de, no mínimo 0,01% (um centésimo por cento) e, no máximo
3,0% (três por cento), referente à média do valor arrecadado pela prestadora a que se refere o
serviço objeto da multa, nos últimos 6 (seis) meses anteriores à data da notificação, conforme os
grupos a seguir:
I - as multas do Grupo 1 terão valor entre 0,01% (um centésimo por cento) e 0,1% (um décimo por
cento) da média do valor arrecadado;
II - as multas do Grupo 2 terão valor entre 0,101% (cento e um milésimo por cento) e 1,0% (um por
cento) da média do valor arrecadado;
III - as multas do Grupo 3 terão valor entre 1,1% (um e um décimo por cento) por 2,0% (dois por
cento) da média do valor arrecadado;
IV - as multas do Grupo 4 terão valor entre 2,1% (dois e um décimo por cento) e 3,0% (três por
cento) da média do valor arrecadado.
§ 1º Ocorrendo a reincidência na infração penalizada com multa, no prazo de até 6 (seis) meses
após a aplicação da sanção, será aplicada nova multa com acréscimo de 100% (cem por cento) sobre
o valor da multa anterior.
§ 2º O valor acumulado das multas aplicadas, no prazo de 12 (doze) meses consecutivos, não poderá
exceder a 13% (treze por cento) do valor da arrecadação mensal média do mesmo período.
§ 3º Caso o valor acumulado das multas ultrapassar o limite estabelecido no parágrafo anterior, o
contrato de prestação de serviços poderá ser rescindido, ou ter declarado a sua caducidade, a
critério do Poder Concedente, nos termos do artigo 48 desta Lei.
Art. 52. A Agência Reguladora poderá propor às autoridades competentes o embargo de obras e/ou a
interdição de terceiros, sem prejuízo de outras penalidades.
Art. 53. A Agência Reguladora poderá propor ao Poder Concedente a intervenção administrativa, a
extinção da concessão, a rescisão do contrato ou programa, a caducidade da delegação, sempre que
a concessionária agir em desconformidade com o previsto na Lei Federal nº 8.987/95.
CAPÍTULO IX
DO PROCEDIMENTO DE FISCALIZAÇÃO E DO PROCESSO ADMINISTRATIVO INFRACIONAL
Art. 54. A Agência Reguladora procederá com a fiscalização da prestação do serviço de saneamento
básico, através do seu Departamento Técnico, que finalizará a ação por meio da emissão do
Relatório de Fiscalização. Caso a ação de Fiscalização constate algum fato que possa se
consubstanciar irregularidade na prestação dos serviços de saneamento, será emitido Termo de
Notificação.
Art. 56. Devidamente apresentada a defesa, serão realizadas as demais etapas do processo, com
atendimento aos princípios da ampla defesa e do contraditório, cabendo a decisão final à
Presidência da ARSBAN. Acaso seja julgado procedente o Auto de Infração, o Departamento Técnico
da ARSBAN, por remessa postal com Aviso de Recebimento, notificará o infrator para pagamento da
multa ou interposição do recurso ao COMSAB, no prazo de 15 (quinze) dias, que poderá requerer
efeito suspensivo.
Art. 57. O julgamento final do recurso relativo à infração competirá ao COMSAB, que nos casos de
desprovimento notificará o autuado para pagamento da multa aplicada, no prazo de 5 (cinco) dias
após a notificação, sob pena de inscrição em dívida ativa e cobrança judicial por execução
fiscal.
Art. 58. A Agência Reguladora editará Resolução, no prazo de sessenta dias, para disciplinar os
procedimentos gerais a serem adotados nas ações de fiscalização e a aplicação de penalidades por
infrações na prestação dos serviços de saneamento básico, definindo, ainda, as questões relativas
à autuação, apresentação de defesa e recursos, sempre respeitando as individualidades de cada um
dos componentes do saneamento básico.
Art. 59. As importâncias pecuniárias resultantes da aplicação das multas serão recolhidas pela
Agência Reguladora, em favor do FMSB, que aplicará obrigatoriamente as quantias na Regulação
desempenhada pela Agência Reguladora, priorizando as Ações de Educação Ambiental e Sanitária e
universalização dos serviços, sendo tais multas passíveis de inscrição e cobrança na dívida ativa
do município.
CAPÍTULO X
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
Art. 60. O artigo 4º da Lei Municipal n.º 5.346, de 25.07.2001, que criou a Agência Reguladora de
Serviços de Saneamento Básico do Município do Natal - ARSBAN, passa a vigorar com as seguinte
redação, sendo revogado o seu parágrafo único:
“Art. 4º Para os efeitos desta Lei, considera-se saneamento básico o conjunto de serviços,
infraestruturas e instalações operacionais de:
IV - drenagem e manejo das águas pluviais, limpeza e fiscalização preventiva das respectivas
redes urbanas: conjunto de atividades, infraestruturas e instalações operacionais de drenagem
urbana de águas pluviais, de transporte, detenção ou retenção para o amortecimento de vazões de
cheias, tratamento e disposição final das águas pluviais drenadas nas áreas urbanas;
Parágrafo único. A regulação dos serviços relativos aos resíduos sólidos será disciplinada em lei
própria.”
Art. 61. Fica criado o § 5º do art. 2º da Lei Municipal n° 5.285, de 25 de julho de 2001 com a
seguinte redação:
“Art. 2º O Conselho Municipal de Saneamento Básico consiste em um órgão colegiado, previsto pela
Lei nº 5.285/2001, com composição paritária, representativa dos Poderes Executivo e Legislativo
Municipal, bem como das empresas concessionárias, operadoras de serviços e diversos setores da
sociedade civil.
(...)
§ 5º Aqueles que possuírem qualquer vínculo de emprego com quaisquer empresas concessionárias de
um dos serviços de saneamento básico ou com o poder público municipal, apenas poderão atuar como
representantes de tais órgãos, sendo impedidos de atuar como membros do COMSAB na qualidade de
representante de outras instituições, ainda que com elas também possuam relação empregatícia, com
exceção dos representantes dos sindicatos representativos da classe.”
Art. 62. Fica criado o inciso IX no artigo 4º da Lei Municipal n° 5.285, de 25 de julho de 2001
com a seguinte redação:
Art. 63. Os órgãos e entidades municipais da área de saneamento básico serão reorganizadas para
atender o disposto nesta lei, no prazo de 60 (sessenta) dias.
Art. 66. No prazo de até 04 (quatro) anos o Plano de Saneamento Básico deverá ser revisado e
compatibilizando-se o Plano Diretor Municipal, com os Planos Diretores de Saneamento e de
Recursos Hídricos, com os Planos de Bacias Hidrográficas, com os Códigos Sanitários e de Meio
Ambiente e demais normas e regulamentos aplicáveis.
Art. 67. O sistema de saneamento do município de Natal em função dos instrumentos de formulação,
implantação e funcionamento, e sendo consideradas as 4 (quatro) regiões administrativas como
unidades de planejamento para fins de sua execução deverá ter, sempre que possível, um único
prestador ou concessionário em todo o município para cada eixo do sistema.
Art. 68. O sistema de saneamento deve prever o estabelecimento de subsídio interno como forma de
garantir a universalização do acesso ao saneamento básico, especialmente para populações e
localidades de baixa renda.
Art. 69. Em qualquer hipótese de extinção dos contratos de prestação de serviços de saneamento
básico, os bens, direitos e privilégios constituídos pelo Município e transferidos às prestadoras
de serviços por força dos contratos, reverterão ao titular do serviço municipal de saneamento
básico.
Art. 70. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em
contrário.