Escola de Educação Básica Educar-Se
Escola de Educação Básica Educar-Se
Escola de Educação Básica Educar-Se
PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO
2019
SUMÁRIO
1 APRESENTAÇÃO .............................................................................................................. 3
2 ESCOLA EDUCAR-SE: PERSPECTIVA HISTÓRICA ....................................................... 3
3 CONTEXTO ESCOLAR E OS SUJEITOS DO PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM .. 5
3.1 GRÊMIO ESTUDANTIL JOÃO CARLOS DE MELLO – GEJOCAM ............................. 5
3.2 FÓRUM DE ESTUDANTES ......................................................................................... 6
3.3 REPRESENTANTES DE TURMA ................................................................................ 6
3.4 ASSOCIAÇÃO DOS PROFESSORES E FUNCIONÁRIOS - APEF ............................. 7
3.5 ASSOCIAÇÃO DE PAIS E MESTRES - APM .............................................................. 7
3.6 CONSELHO ADMINISTRATIVO-PEDAGÓGICO DA ESCOLA – CAP ........................ 7
4 FUNDAMENTOS NORTEADORES ................................................................................... 8
4.1 OBJETIVO GERAL DA ESCOLA ................................................................................. 8
4.2 EIXOS NORTEADORES DA INTENCIONALIDADE DA ESCOLA ............................... 8
4.3 OBJETIVOS DA EDUCAÇÃO INFANTIL...................................................................... 9
4.5 OBJETIVOS DO ENSINO MÉDIO .............................................................................. 11
5 CONCEPÇÕES TEÓRICAS QUE FUNDAMENTAM A ESCOLA EDUCAR-SE .............. 12
5.1 EDUCAÇÃO ............................................................................................................... 13
5.3 ENSINO ..................................................................................................................... 15
5.4 APRENDIZAGEM....................................................................................................... 16
5.5 CURRÍCULO .............................................................................................................. 17
5.6 PLANO ORIENTADOR DE PRÁTICAS PEDAGÓGICAS – POPP ............................. 19
5.7 PLANOS DE ESTUDOS PARA O ENSINO FUNDAMENTAL E O ENSINO MÉDIO .. 19
5.8 MATRIZ CURRICULAR .............................................................................................. 20
5.9 AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM ............................................................................ 20
5.10 DESENVOLVIMENTO INFANTOJUVENIL............................................................... 22
5.11 A EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS ............................................................... 24
5.12 ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO - AEE...................................... 24
6 ORGANIZAÇÃO DOS ESPAÇOS-TEMPOS DO CURRÍCULO ....................................... 26
6.1 FUNCIONAMENTO DA ESCOLA............................................................................... 26
6.2 ORGANIZAÇÃO CURRICULAR ................................................................................. 26
6.3 ATIVIDADES DA ESCOLA QUE CONTAM NA CARGA HORÁRIA LETIVA .............. 26
6.4 CALENDÁRIO LETIVO .............................................................................................. 26
7 PROJETOS CURRICULARES E EXTRACURRICULARES ............................................ 27
7.1 PROJETOS QUE INTEGRAM O CURRÍCULO REGULAR ........................................ 27
1
7.2 PROJETOS QUE INTEGRAM ATIVIDADES EXTRACURRICULARES ..................... 30
8 ESPAÇOS FÍSICOS DA ESCOLA EDUCAR-SE ............................................................. 32
9 ATUAÇÃO DOCENTE NA ESCOLA EDUCAR-SE .......................................................... 35
9.1 TRANSIÇÃO ENTRE ETAPAS: ................................................................................. 37
9.2 PLANO DE ENSINO - PROFESSORES..................................................................... 38
9.3 ABORDAGEM DIDÁTICO-PEDAGÓGICA NA SALA DE AULA ................................. 39
9.4 DIRETRIZES DE ATUAÇÃO DA ESCOLA ................................................................. 39
10.1 CONSELHO DE CLASSE PARTICIPATIVO ............................................................ 45
10.2 RECUPERAÇÃO PARALELA .................................................................................. 45
11 FORMAÇÃO CONTINUADA .......................................................................................... 46
12 AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL ...................................................................................... 47
13 AÇÕES PARA ALCANÇAR OS OBJETIVOS DEFINIDOS NO PPP ............................. 47
2
1 APRESENTAÇÃO
O Projeto Político-Pedagógico (PPP) é um documento que revela o sentido e a
idealização da Escola. Este documento é o condutor para os estudos, as ações e o
desenvolvimento da Instituição. É construído coletivamente, tendo a participação de
professores, setores, técnicos administrativos, famílias e estudantes.
3
Por ser intencional e sistemática na vida do sujeito, a função social da escola
se diferencia de outras práticas educativas desempenhadas pela família e por outras
instituições sociais, sendo assim organizadora dos conhecimentos. Inspirada em
princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, a Instituição tem por
finalidade o pleno desenvolvimento do estudante, seu preparo para o exercício da
cidadania e construção do seu projeto de vida. O universo escolar favorece o
aprendizado, o diálogo e o entendimento do mundo, o respeito ao próximo e às
diferenças e o direito de participação na vida social.
Como todos os sonhos que se sonham juntos, a Escola iniciou sua trajetória
com profissionais da FISC e alguns professores cedidos pelo governo do Estado,
cedência que equivalia a 50% das vagas para estudantes oriundos de escolas
públicas do Município. A manutenção da Educar-se ficou sob a responsabilidade da
Associação Pró-Ensino em Santa Cruz do Sul (APESC), atualmente situada no
Campus da Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC).
Foi solicitado ao Conselho Estadual de Educação que aprovasse o seguinte
nome: Escola de 1º e 2º Graus Educar-se, que precisou de fundamentação teórica,
insistência e persistência para ser aceito, pois na época os nomes eram mais
atrelados a “santos”, “questão geográfica”, “referência a alguma pessoa”.
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Ao longo do tempo, novos grupos são constituídos, com novos pensares e
olhares, mas os sonhos e os desejos continuam movendo os profissionais. Cada um,
na sua singularidade, pode constituir-se, constituindo também esse espaço (escola),
com uma riqueza de diversidades.
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O CAP tem por objetivo validar decisões relacionadas ao funcionamento da
Escola Educar-se. Segue normas próprias aprovadas pelo CONSUN (CONSELHO
UNIVERSITÁRIO da UNISC).
4 FUNDAMENTOS NORTEADORES
4.1 OBJETIVO GERAL DA ESCOLA
A Escola de Educação Básica Educar-se, com base na educação nacional e
inspirada nos princípios de liberdade e solidariedade humana, tem por objetivo
contribuir para a aprendizagem e para o desenvolvimento do estudante, para que
exerça sua cidadania com ética, autonomia, criatividade, protagonismo, empatia,
consciência, respeitando as singularidades no e para o coletivo.
Intencionalidade Política
A Escola Educar-se tem a intenção de potencializar o conhecimento e a cultura,
por meio de práticas e vivências que transcendam o senso comum e aqueles
historicamente pensados. Tais práticas contribuem para a formação de um sujeito
autônomo, criativo, reflexivo, sensível, cooperativo, comprometido e responsável por
suas ações. Nesse sentido, a escola proporciona momentos de diálogo, convivência,
experiências, para que o estudante seja protagonista do seu projeto de vida coerente
com valores morais e éticos. A afetividade é fundamental nessa construção, pois os
vínculos estabelecidos na diversidade possibilitam uma aprendizagem significativa e
uma convivência empática.
Epistemologia
O pressuposto epistemológico da Escola Educar-se baseia-se na concepção
de que a aprendizagem é um processo de construção de relações, em que o
estudante, como ser ativo, na interação com o outro, é o responsável pela direção e
pelo significado do aprendido. O processo de aprendizagem se dá em virtude do fazer
e do refletir sobre o fazer, num processo vivo e inacabado, em constante movimento,
em que o sujeito transforma o meio, transformando a si próprio.
Metodologia
8
A metodologia no espaço escolar entende o sujeito como ser ativo e de
relações. O conhecimento é dinâmico, socialmente construído em múltiplos lugares,
múltiplas referências e vivências.
Minayo (2007, p. 33) define metodologia como:
9
brinca, imagina, fantasia, deseja, aprende, observa, experimenta, narra, questiona e
constrói sentidos sobre a natureza e a sociedade, produzindo cultura (DCNEI);
- Proporcionar, através de espaços e tempos próprios, a interação com as
diferentes linguagens, priorizando a dimensão lúdica como fator de aprendizagem e
convivência;
- Propor situações de aprendizagens que busquem articular as experiências e
os saberes das crianças com os conhecimentos que fazem parte do patrimônio
cultural, artístico, ambiental, científico e tecnológico, favorecendo a investigação, a
autoria e a participação;
- Efetivar a avaliação da aprendizagem mediante acompanhamento e registro
do desenvolvimento das crianças, sem o objetivo de promoção, mesmo para o acesso
ao ensino fundamental;
- Assegurar a continuidade dos processos de aprendizagens por meio da
criação de estratégias adequadas aos diferentes momentos de transição vividos pela
criança.
10
uma postura investigativa e reflexiva, possibilitando a construção da autonomia de
pensamento e de ação;
- Propiciar o estabelecimento de vínculos através do diálogo, da confiança e do
respeito às singularidades, articulando-os às mais diversas experiências de
aprendizagem;
- Assegurar a continuidade dos processos de aprendizagens por meio da
criação de estratégias adequadas aos diferentes momentos de transição vividos pelas
crianças e pelos jovens;
- Proporcionar situações de aprendizagem, tendo em vista o desenvolvimento
do estudante como pessoa humana, incluindo a formação ética, estética e o
desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico;
- Criar situações de aprendizagens, visando à formação de estudantes críticos
e autônomos, entendendo a crítica como a compreensão informada dos fenômenos
naturais e culturais, e a autonomia como a capacidade de tomar decisões
fundamentadas;
- Desenvolver experiências e processos intencionais que lhes garantam as
aprendizagens necessárias e promover situações nas quais o respeito à pessoa
humana e aos seus direitos sejam permanentes;
- Oportunizar a educação dos estudantes no que concerne aos aspectos
físicos, cognitivos e socioemocionais;
- Legitimar práticas de construção de aprendizagens sintonizadas com as
necessidades, as possibilidades e os interesses dos estudantes e, também, com os
desafios da sociedade contemporânea;
- Atribuir sentido às aprendizagens, vinculando-as à realidade,
priorizando o protagonismo dos estudantes em sua aprendizagem e na construção de
seus projetos de vida.
educar para a cidadania exige educar para a ação político-social e esta, para
ser eficaz, não pode ser reduzida ao âmbito individual. Educar para a
cidadania é educar para a democracia que dê provas de sua credibilidade de
intervenção na questão social e cultural. É incorporar a preocupação ética em
todas as dimensões da vida pessoal e social.
5.1 EDUCAÇÃO
Educação é uma prática social e cultural, construída historicamente que vem
evoluindo ao longo do tempo. Nesse processo, todas as instâncias são essenciais.
Bourdieu (2007) cita a família como um dos elementos importantes, não determinante,
mas de grande impacto. Segundo o autor:
na realidade, cada família transmite a seus filhos, mais por vias indiretas que
diretas, um certo capital cultural e um certo ethos, sistema de valores
implícitos e profundamente interiorizados, que contribui para definir, entre
coisas, as atitudes face ao capital cultural e à instituição escolar. A herança
cultural, que difere, sob os dois aspectos, segundo as classes sociais, é a
responsável pela diferença inicial das crianças diante da experiência escolar
e, consequentemente, pelas taxas de êxito. (p. 41-42)
13
com as concepções teóricas e metodológicas. O conjunto e a união das três instâncias
constituiem o cidadão. Consciente disso, a Escola Educar-se acredita nos valores
humanísticos que a originaram, proporcionando um ambiente favorável ao surgimento
e ao desenvolvimento do cidadão em simbiose com o meio, visto que tal desejo de
cidadão torna-se imprescindível no horizonte que se aproxima.
5.2 CONHECIMENTO
O conhecimento para a Escola Educar-se é processual e vai sendo estruturado
por meio de estímulos que respeitam cada uma das etapas do desenvolvimento
humano. Segundo Piaget (1983), para que o conhecimento aconteça deve haver uma
construção contínua, estruturada de forma sequencial e embora o desenvolvimento
seja o mesmo para todas as pessoas, a cronologia é variável de pessoa para pessoa.
Para esse autor é na estruturação cognitiva e no equilíbrio desses processos que se
desenvolve o conhecimento; portanto, o conhecimento não está preestabelecido
geneticamente. Assim, a influência do meio e a integração de saberes torna-se de
extrema importância.
Para Morin (2015, p. 26), "o ato de conhecimento, ao mesmo tempo biológico,
cerebral, espiritual, lógico, linguístico, cultural, social, histórico, faz com que o
conhecimento não possa ser dissociado da vida humana e da relação social”.
Considerando esses aspectos, os sujeitos estão inseridos no que se denomina
Sociedade e esta transmite cultura, valores e conhecimentos, tornando-nos, assim,
produto e produtores de conhecimento. A possibilidade de conhecer e adquirir
conhecimento, considerando a capacidade de conhecer do humano, permite a Morin
complementar: "A descoberta dos limites do conhecimento é muito mais do que uma
descoberta dos limites. Constitui uma aquisição capital para o conhecimento” (2015,
p. 245) Dessa forma, Morin “indica que o conhecimento dos limites do conhecimento
faz parte das possibilidades do conhecimento e realiza essa possibilidade” (2015, p.
245).
A aula é um acontecimento, um espaço de compartilhamento, em que o
conhecimento vai sendo reinterpretado e incorporado ao pensamento experiencial
prévio, num processo de transição contínua, num universo heterogêneo em que o
aprender está relacionado ao diálogo, entendido como intercâmbio e reflexão. Para
Freire (2003), o conhecimento é emergente da invenção e reinvenção, por meio de
um questionamento inquieto, impaciente, continuado e esperançoso para e com o
14
entorno do sujeito. O conhecimento é um processo de transformação, uma relação
dialógica que articula o conhecimento, o professor e o estudante.
Cada etapa do desenvolvimento humano tem suas características particulares,
devendo a construção do conhecimento respeitar essas particularidades. Bruner
(1976) destaca que cada indivíduo assimila informação em tempos e ritmos diferentes,
de acordo com seus respectivos potenciais e suas capacidades. O autor convida para
uma vivência reflexiva sobre aprendizagem. O conceito de aprendizagem em espiral
pode enunciar-se da seguinte forma: qualquer ciência pode ser ensinada, pelo menos
nas suas formas mais simples, a estudantes de todas as idades, uma vez que os
mesmos tópicos serão, posteriormente, retomados e aprofundados mais tarde.
5.3 ENSINO
Falar de ensino é falar das concepções que se carrega, pois “é muito difícil
ensinar diferente de como fomos ensinados”. Sabemos que “ensinar não é transferir
conhecimento” (FREIRE, 2003, n.p), mas mobilizar o desejo de aprender, sendo
necessário gostar de aprender, estar aberto ao novo, através de situações que
contribuam para o protagonismo, para a escuta sensível e coletiva.
Em relação a isso, Gadotti (2011, p. 53, grifos do autor) afirma que, para
ensinar, é importante que o professor tenha “capacidade de criar espaços de
aprendizagem, vale dizer fazer aprender, e de seu projeto de vida de continuar
aprendendo”. Diante disso, em um tempo em que somos convidados a nos questionar
sobre nosso papel de educadores e sobre os sentidos da educação, o ato de ensinar
e aprender não é neutro. Além disso, somos diariamente desafiados a buscar
estratégias de ensinagem a uma geração que tem acesso à informação em tempo
real, em que influenciadores digitais encantam, muitas vezes, mais que a escola.
Nesse contexto, a Escola Educar-se nos desafia, nos provoca, nos convoca
para transpor nossas dificuldades, mobilizando os estudantes para participarem
ativamente desse processo de ensino que a cada momento precisa ser reinventado,
ou seja, ensinar e aprender com sentido e em contexto é essencial. Ser um professor
provocador, nesse processo de ensino, é buscar o encantamento, é se colocar em
contato, em convivência, fazer-se e refazer-se pela práxis porque “quem ensina
aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender” (FREIRE, 2003, n.p).
15
Por isso, é importante ensinar para pensar a realidade de modo multifacetado,
ético e compreensivo, valorizando as singularidades, mas entendendo que a vida se
faz na pluralidade pela convivência entre diferentes.
Para Vasconcellos (2001, p. 51),
5.4 APRENDIZAGEM
Em tempos em que a velocidade da informação é exponencial, a nossa escola
busca repensar-se e comunicar uma aprendizagem que valoriza a experiência e a
crítica desta. Assim, “significa orientar criticamente, sobretudo as crianças e os jovens,
na busca de uma informação que os faça crescer e não embrutecer. (GADOTTI, 2000,
p. 149).
Acreditamos que a concepção epistemológica de aprendizagem exposta no
PPP vem ao encontro do que o grupo vivencia. Acrescenta-se ainda que “já agora
ninguém educa ninguém, como tampouco ninguém se educa a si mesmo: os homens
se educam em comunhão mediatizados pelo mundo” (FREIRE, 1970, p. 69). Assim, o
“educador já não é o que apenas educa, mas o que, enquanto educa, é educado, em
diálogo com o educando que, ao ser educado, também educa. Ambos, assim, se
tornam sujeitos do processo em que crescem juntos e em que os ‘argumentos de
autoridade’ já não valem. Em que, para ser-se, funcionalmente, autoridade, se
necessita de estar sendo com as liberdades e não contra elas” (FREIRE, 1970, p. 68).
Todos são agentes importantes no processo de aprendizagem e precisam estar
constantemente em reflexão, se percebendo e compreendendo as suas
potencialidades e/ou fragilidades. A metacognição é muito importante neste momento,
pois permite esse olhar para si, conhecer-se sobre os seus processos cognitivos e
como convive, age com a sua aprendizagem.
16
Beber e Col. (2014) salientam:
5.5 CURRÍCULO
O currículo tem seu processo de identidade traduzido no cotidiano escolar,
através do entrelaçamento de saberes, práticas e subjetividades, considerando a
individualidade dos sujeitos envolvidos na comunidade escolar, tendo como base os
conhecimentos, que são construídos e reinventados, num movimento vivo e complexo
de transformação.
A educação é um processo contínuo que dura toda a vida, e que faz da
comunidade onde vivemos um mundo espontaneamente conservador, ao
qual o educar se refere. Isso não significa, é claro, que o mundo do educar
não mude, mas sim que a educação, como sistema de formação da criança
e do adulto, tem efeitos de longa duração que não mudam facilmente.
(MATURANA, 2002, n.p)
18
A escolha do modelo curricular possibilita a formação de pessoas com uma
postura reflexiva e analítica da dimensão social, pautando-se pela ética que envolve
os aspectos de diversidade étnico-racial, cultural, gêneros, classes sociais, inclusão,
direitos e garantias fundamentais, entre outros.
A organização curricular deve ser pensada como uma rede de competências,
habilidades e objetos de conhecimento, que se relacionam de modo transversal,
estabelecendo eixos formativos e possibilitando o desenho de trilhas de
aprendizagem, vivências significativas em percursos formativos que requerem,
necessariamente, o diálogo entre as múltiplas áreas do conhecimento.
O currículo se manifesta de diferentes maneiras, dentre estas considerando a
organização curricular, espacial e temporal do cotidiano escolar. Dessa forma,
reconhecemos que algumas práticas se tornam fundamentais, tais como: ações
pedagógicas conectadas entre os diferentes eixos norteadores, projetos
interdisciplinares, o pleno incentivo ao agir científico e a valorização do que emerge
da convivência entre todos na contemporaneidade.
19
inter-relação com a vida, são desenvolvidas, atribuindo-lhes tempos, abrangência e
intensidade.
Nós somos diferentes, vivemos de jeitos diferentes, nos vestimos com roupas
diferentes, gostamos de pessoas e coisas diferentes, falamos, caminhamos,
dormimos de jeitos diferentes. É o que nos torna únicos, singulares, homens.
(...). Temos nossos sentimentos e jeitos especiais de ver a vida, momentos
especiais, pessoas especiais para nós, necessidades de cuidados
especiais... E a escola, principalmente em termos de avaliação, busca
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uniformizar, padronizar, ritmar, programar, comparar, classificar. Deu certo
até agora? Não deu. (HOFFMANN, 2010, n.p)
Assumir esse olhar que a autora aborda não é tarefa fácil, pois muitos de nós
aprendemos e nos constituímos em um “formato” engessado, predeterminado, único.
Esteban (2005, p. 140) traz como fundamental “nos reconhecermos com limites,
incompletos e não saberes. À medida que nos assumimos dessa forma, supomos ter
mais condições de pensar nossas práticas de avaliação [...]”. Para tornar essa ideia
concreta, precisamos de um movimento interno e externo de todos os envolvidos no
processo.
Avaliar, como tarefa docente, mobiliza corações e mentes, afeto e razão,
desejos e possibilidades. É uma tarefa que dá identidade à professora,
normatiza sua ação, define etapas e procedimentos escolares, media
relações, determina continuidades e rupturas, orienta a prática pedagógica.
(ESTEBAN, 2005, p. 14)
·Os direitos humanos são fundados sobre o respeito pela dignidade e o valor
de cada pessoa;
·Os direitos humanos são universais, o que quer dizer que são aplicados de
forma igual e sem discriminação a todas as pessoas;
· Os direitos humanos são inalienáveis, e ninguém pode ser privado de seus
direitos humanos; eles podem ser limitados em situações específicas. Por
exemplo, o direito à liberdade pode ser restringido se uma pessoa é
considerada culpada de um crime diante de um tribunal e com o devido
processo legal;
·Os direitos humanos são indivisíveis, inter-relacionados e interdependentes,
já que é insuficiente respeitar alguns direitos humanos e outros não. Na
prática, a violação de um direito vai afetar o respeito por muitos outros;
·Todos os direitos humanos devem, portanto, ser vistos como de igual
importância, sendo igualmente essencial respeitar a dignidade e o valor de
cada pessoa.
24
Princípios do AEE
O AEE é pautado em princípios éticos, políticos e estéticos, de modo a
assegurar:
I - a dignidade humana e a observância do direito de cada
estudante de realizar seus projetos de estudo, de trabalho e
de inserção na vida social;
II - a busca da identidade própria de cada estudante, o
reconhecimento e a valorização das suas diferenças e
potencialidades, bem como de suas necessidades
educacionais especiais no processo de ensino e
aprendizagem, como base para a constituição e a ampliação
de valores, atitudes, conhecimentos, habilidades e
competências;
III - o desenvolvimento para o exercício da cidadania, da
capacidade de participação social, política e econômica e
sua ampliação, mediante o cumprimento de seus deveres e
o usufruto de seus direitos.
Público-alvo do AEE
Conforme a Resolução CNE/CEB nº 04/2009, o AEE tem como público-alvo:
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Na elaboração do PDI, o professor da sala de recursos multifuncionais busca
levar em consideração as características de aprendizagem dos estudantes com os
objetivos estabelecidos neste PPP, em articulação com os demais professores da sala
de aula regular.
A construção desse plano enriquece o planejamento das atividades e propostas
e contribui para garantir a acessibilidade do estudante na escola.
Os diálogos com a família, com os professores da turma e com os setores
envolvidos são fundamentais para a efetivação do plano de desenvolvimento
individual e a qualidade do desenvolvimento e da aprendizagem do estudante na
escola.
A avaliação da aprendizagem dos estudantes, público-alvo do AEE, é realizada
tendo por base normas como o Parecer CEEd nº 251/2010, que assim se refere ao
assunto:
[...] os resultados da aprendizagem dos alunos com deficiência, transtornos
globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação serão
apresentados em Pareceres Descritivos, com a indicação da sustentação
legal, quando as necessidades do aluno assim o exigirem [...].
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7 PROJETOS CURRICULARES E EXTRACURRICULARES
A escola oportuniza a composição de possibilidades de singularização, desde
a infância até a fase adolescente. Através do encontro com conhecimentos, com
outros sujeitos, com vivências e conflitos, impulsiona-se a elaboração e construção de
identidade. Na adolescência, essa transformação acontece de forma mais significativa
por meio da produção de sentido desse novo ser que se constitui, agregando o eu que
deseja ser.
Os projetos fazem parte de nossas vidas em todas as suas etapas, mas é na
juventude que esse tema se torna mais evidente, por haver uma exigência social de
que os jovens tomem decisões. Historicamente, se veem “obrigados” a responder às
cobranças da sociedade ao nível afetivo, cultural e social, a fim de adentrar na vida
adulta.
Projetar é planejar o futuro, não de modo estático ou determinado, mas um
esboço que precisa de ações para implantar-se o projeto e, por isso, exige
certa organização que conduza à realização o mais próximo possível das
ideias iniciais. Durante a trajetória de um projeto, muitas são as metas e estas
são pensadas e repensadas após cada passo, rumo à sua concretização.
(PEREIRA E STENGEL, 2015, p. 2)
27
a) Projeto de Orientação Profissional
O Setor de Orientação Educacional (SOE) desenvolve o projeto de Orientação
Profissional, de acordo com as particularidades de cada turma do Ensino Médio, a
partir de uma visão sistêmica sobre a sociedade e as escolhas profissionais. A
orientação é realizada considerando os seguintes enfoques: o autoconhecimento, a
Informação Profissional e a Orientação para a Escolha Profissional. As etapas desse
trabalho acontecem ao longo do Ensino Médio, indo ao encontro do desejo do
estudante que nesse período, apresenta um perfil mais maduro.
O Projeto de Orientação para a Escolha Profissional inclui a Informação
Profissional, o conhecimento de si mesmo, características pessoais, familiares e
sociais, para buscar uma identidade profissional. A orientação é realizada através de
entrevistas, questionários, técnicas de dinâmicas de grupo e testes. A testagem pode
tornar-se um instrumento válido e importante; por isso, a Escola faz uso de variados
tipos: levantamento de interesses pessoais; teste de interesse visual; autobiografia,
entre outros.
O objetivo do projeto é informar e orientar os estudantes a respeito das
profissões e do mercado de trabalho, através de visitas, entrevistas, painéis e material
informativo. O contato direto com as profissões, seu ambiente de trabalho, sua
atuação profissional ou, ainda, a entrevista com profissionais de diversas áreas
permite ao estudante ter uma noção mais elaborada do mundo ocupacional.
Escolher implica deixar coisas para trás; ter ganhos e perdas; sair da fase
adolescente para entrar no mundo adulto com outros referenciais de compromisso.
Pensar e vivenciar a liberdade como responsabilidade é uma educação para a
construção da autonomia, que contribui para escolhas de vida mais conscientes. A
busca de uma profissão requer vivenciar um processo de escolha e não de
“descoberta” da profissão “certa”. (LEVENFUS E SOARES, 2002)
O processo de Orientação Profissional envolve também a família do estudante.
A troca de experiências entre os pais serve como espaço catalisador da ansiedade e
de possível pressão direcionada aos filhos.
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Para os estudantes do Ensino Médio, a Escola oferece oficinas de estudos,
oficina de redação, simulados, que são fornecidos por uma empresa especializada,
que se utiliza de correção conforme o método da Teoria de Resposta ao Item (TRI) ,
e que oferece um amplo acompanhamento pós-avaliação. O ENEM é uma prova
densa, cansativa, que exige muito esforço. Para que se sintam seguros, aprendam a
gerenciar o tempo e tenham mais controle sobre o desgaste físico e mental
oportunizamos os Simulados. Outras ações direcionadas ao ingresso na Educação
Superior são organizadas pela Coordenação Pedagógica, pelo Setor de Orientação
Educacional e pelos Professores do Ensino Médio, realizadas no decorrer do ano
letivo.
Essas atividades complementares são oportunidades para o aperfeiçoamento
do conhecimento, através de orientação de estudo, dicas e revisão das temáticas que
compõem as áreas do conhecimento: Linguagem, Códigos e suas Tecnologias,
Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias, Ciências Humanas e suas
Tecnologias.
a) Turno Educar-se
O Turno Educar-se iniciou no ano de 1998, sendo um projeto pioneiro na
cidade. Atualmente, atende estudantes da Educação Infantil ao 8º ano do Ensino
Fundamental. O estudante pode se matricular-se em quantas tardes desejar. Esse
espaço valoriza o brincar, a autonomia e a convivência coletiva entre diferentes idades
e turmas.
As diversas propostas são pensadas e planejadas de acordo com as
necessidades e intenções da escola, assim como os interesses e desejos dos
estudantes. Algumas atividades e vivências que compõem o planejamento são:
brincadeiras livres e orientadas, realização dos temas, exploração da praça escolar e
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de quadras, ações entre as turmas, desenvolvimento de projetos, rodas literárias,
jogos, passeios, atividades culturais, oficinas de culinária, piqueniques, trilhas
ecológicas e gincanas.
A equipe que trabalha no Turno Educar-se é formada por um coordenador e
por técnicos administrativos e monitores dos cursos de licenciatura da UNISC. O
contato permanente com os professores titulares possibilita diagnosticar e intervir nos
acompanhamentos pedagógicos.
O funcionamento do Turno Educar-se ocorre no turno inverso ao regular (tarde).
As refeições (almoço e lanche) têm cardápio elaborado por uma nutricionista. O
almoço é oferecido na Escola para os participantes até o 4º ano do Ensino
Fundamental e o lanche, para todos os inscritos.
b) Currículo Complementar
Essa proposta, que oportuniza múltiplas aprendizagens para o estudante que
deseja intensificar e qualificar suas experiências e vivências curriculares, tem como
objetivo contribuir para a formação integral do ser, qualificando sua história curricular,
atendendo a suas expectativas e buscando aproximar seus interesses, compondo seu
projeto de vida. As atividades oferecidas em diferentes áreas como esporte, saúde,
cultura, tecnologia e ciência.
O Currículo Complementar ocorre no turno inverso da aula e o estudante pode
matricular-se nas atividades que desejar. Estas são oferecidas para todos os
estudantes da Escola, desde a Educação Infantil até o Ensino Médio. As atividades
que contemplam o Currículo Complementar acontecem em horário específico,
semanalmente, e com profissionais habilitados, sendo orientados e acompanhados
por um coordenador. Utilizamos a infraestrutura da UNISC para desenvolver as
atividades.
O estudante, ao sair da Escola, terá em seu histórico escolar as Atividades do
Currículo Complementar que frequentou, desde que tenha frequência equivalente a
75% da carga horária da atividade.
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A programação do projeto é planejada e desenvolvida em conjunto com o
coordenador, com os técnicos administrativos, com os monitores e com a Equipe
Diretiva. O Projeto atende estudantes da Escola, de 3 a 12 anos, e estudantes da
comunidade, de 5 a 12 anos.
Tem o objetivo de oportunizar à comunidade um ambiente amigável para o
período das férias de verão. Os inscritos nesse projeto vivem momentos de
aprendizado, de diversão e de convivência. Outro propósito é divulgar a concepção
educacional e a infraestrutura da Escola.
O projeto é oferecido no mês de janeiro, de segunda a sexta-feira, com tempo
de participação (semanal, quinzenal ou mensal) a critério dos estudantes. Ocorre nas
dependências da Escola e da UNISC (piscina, ginásio pedagógico, quadras externas,
campos de futebol, biblioteca, laboratórios, brinquedoteca e salas especiais).
d) Intercâmbio Estudantil
A Escola Educar-se oferece aos estudantes, com idade a partir de 14 anos, a
possibilidade de realizar intercâmbio cultural para países nativos da Língua Inglesa.
Ele objetiva que o estudante conviva com uma nova cultura, costumes e língua,
interagindo com diferentes realidades que culminam em novos aprendizados, trocas
de experiências e expansão da sua visão de mundo.
Durante o intercâmbio, o estudante é desafiado a aprimorar seus
conhecimentos linguísticos através de cursos em escolas internacionais. Além desse
aperfeiçoamento, ele estará em contato com a diversidade linguística e cultural
daquele país, como, por exemplo, a acomodação em casa de famílias locais.
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É importante dizer que o Ensino Fundamental está organizado em cinco áreas
do conhecimento. Essas áreas, como aponta o Parecer CNE/CEB nº 11/2010,
“favorecem a comunicação entre os conhecimentos e saberes dos diferentes
componentes curriculares” (BRASIL, 2010). Elas se intersectam na formação dos
estudantes, embora se preservem as especificidades e os saberes próprios
construídos e sistematizados nos diversos componentes.
É da natureza do início que se comece algo novo, algo que não poderia
esperar de coisa alguma que tenha ocorrido antes. Esse caráter de
surpreendente impresciência é inerente a todo início e a toda a origem (...) o
novo sempre aparece na forma de um milagre.
(ARENDT, 2016, p. 220)
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equilíbrio entre as mudanças introduzidas, a continuidade das aprendizagens
e o acolhimento afetivo, de modo que a nova etapa se construa com base no
que os educandos sabem e são capazes de fazer, evitando a fragmentação
e a descontinuidade do trabalho pedagógico. Nessa direção, considerando os
direitos e os objetivos de aprendizagem e desenvolvimento, apresenta-se a
síntese das aprendizagens esperadas em cada campo de experiências.
(BRASIL, 2017, p. 49)
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critérios e instrumentos de avaliação, criando-se, assim, uma atmosfera de
sinceridade e transparência.
Anualmente, visando organizar as situações de aprendizagem dos estudantes,
o professor elabora o seu Plano de Ensino e disponibiliza para os estudantes, a partir
de orientações e roteiro encaminhado a cada ano, tendo como referências o Projeto
Político-Pedagógico, o Plano Anual, o POPP e os Planos de Estudos.
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estudantes de um vasto mundo da leitura. Leitura significa conhecimento, de uma
forma transversal, nas diferentes áreas.
Há um compromisso social com a pluralidade cultural, com a diversidade de
gêneros, preconceitos, questões indígenas, religiosas, bem como, para desconstruir
estereótipos, sendo a leitura fundamental na constituição de um sujeito consciente e
humano.
A pesquisa é um eixo que é entendido como uma variável de ser e estar no
mundo; trata-se da investigação cotidiana que ultrapassa a ideia de fragmentação de
componentes curriculares e objetos do conhecimento, pois se constitui no
entrelaçamento das áreas e dos diversos saberes deste/neste viver. A intenção é
provocar os envolvidos pelo gosto da investigação por diferentes temas e assuntos
que consideram instigantes, curiosos e significativos para si e para a sociedade como
um todo. Pedro Demo (1996) afirma que o educar pela pesquisa acontece através do
“questionamento reconstrutivo”, do fazer-se e refazer-se pela pesquisa, na qual o
estudante e o professor são parceiros de trabalho, cada um construindo as suas
próprias interpretações, tornando-se através desse estímulo, um investigador,
passando e o hábito de pesquisar a fazer parte do seu cotidiano, uma prática
consciente. O estudante deixa de ser um objeto para ser um sujeito, ele não vai mais
na aula para assistir à aula, deixa de ser um ouvinte passivo e passa a ter autonomia
intelectual.
Segundo Demo (1996, p. 46), “a pesquisa é condição de consciência crítica e
cabe como componente necessário de toda proposta emancipatória”, a fim de que não
se copie a realidade, mas se reconstrua-a “conforme nossos interesses e esperanças”
(id.).
A prática da pesquisa no ambiente escolar é alicerçada no tripé
CURIOSIDADE, INVESTIGAÇÃO e DESCOBERTA, caracterizando-se pela
constante busca por saberes, para a elaboração e reconstrução de conhecimento.
Desse modo, o estudante tende a se tornar sujeito participativo e operante na
construção de sua aprendizagem. Esse papel aguça o seu senso crítico, modificando
suas concepções sobre os fatos, estabelecendo o equilíbrio entre o pensamento
científico e o desenvolvimento humano (MARTINS, 2001).
Centrada na pesquisa, “a educação pressupõe o ato de (des)construção
permanente, considera que o espírito perquiridor deve estar presente (e é o mesmo)
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em todas as fases educativas” (DEMO, 1996, p. 1). Esse processo implica habilidade,
competência para pensar e questionar, aprender a aprender e reconstruir saberes.
Nesse contexto, é de suma importância considerar o fato de que a escola não
é mais a única fonte de saberes, pois o conhecimento está disponível em todos os
lugares, dos livros à palma de nossas mãos. E se faz necessário que a escola e o
professor percebam que são imprescindíveis algumas mudanças a fim de afirmar sua
importância na reconstrução do conhecimento, como se dá por meio da pesquisa.
Desse modo, a reflexão permanente a respeito da pesquisa, como criadora de novas
formas de conhecimento, torna-se algo emergente (FREIBERGER E BERBEL, 2009).
A pesquisa é efetivada na Escola Educar-se desde a Educação Infantil ao
Ensino Médio. Cada um dos níveis de ensino busca desenvolver a pesquisa de acordo
com o estágio de aprendizagem em que o estudante se encontra, objetivando que ele
perceba a importância desse ato dentro do seu processo ensino-aprendizagem.
Na prática docente, a pesquisa é o cerne, o eixo. Ancorada a ela, temos a
curiosidade, a busca por respostas, algo que é inerente ao ser humano.
Imperceptivelmente, a pesquisa está em cada encontro escolar, onde se compartilham
informações, reformulam-se saberes e à medida que isso acontece abrem-se
possibilidades para uma aprendizagem recíproca entre aluno e professor.
Como forma de conscientização e reflexão permanente, a Escola prioriza em
seu cotidiano temáticas relacionadas ao eixo da sustentabilidade. São desenvolvidos
projetos que visam qualificar as práticas cotidianas da comunidade escolar de forma
consciente, reflexiva e ativa, tornando essas ações cotidianas uma prática de todos
os envolvidos no processo.
Dentre as ações podemos destacar: a coleta seletiva institucional, a coleta de
óleo saturado, o descarte de pilhas e baterias, a horta escolar, o sucatário (espaço de
reaproveitamento de resíduos secos), entre outras ações pontuais, conforme projetos
pedagógicos desenvolvidos pelas turmas. Essas ações ou projetos são vivenciados
na comunidade escolar, sempre contando com o apoio institucional da UNISC e de
outros parceiros afins, que possam ser vinculados a atividades diversas.
O eixo educação financeira permeia o fazer pedagógico que busca trabalhar
a sustentabilidade financeira. O objetivo é fazer com que os estudantes percebam a
realidade – momento histórico, socioeconômico, político e cultural em que estamos
inseridos – e que, dessa forma, possam entender a diferença entre o que é desejo e
o que é necessidade. É uma forma de envolver toda a comunidade escolar para
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pensar no coletivo e elaborar ações que priorizem a valorização do que temos, através
do cuidado com o material escolar, daquilo que é esquecido na Escola (achados e
perdidos), daquilo que é nosso efetivamente (patrimônio escolar) e da postura do ser
estudante. São realizadas ações como Bric de Uniformes, Bric de livros, estudos sobre
temáticas relacionadas à educação financeira em sala de aula, vinculados a propostas
pedagógicas.
É compromisso da Escola estar atenta às inovações na área da Educação,
além de se alinhar aos interesses das novas gerações. Por isso, adotamos em nosso
projeto educacional o eixo da inovação e da tecnologia . Nesse sentido, faz-se uso
de diferentes recursos tecnológicos digitais, buscando ampliar as experiências, tanto
dos estudantes como dos professores. Um destes recursos têm sido as salas de aula
virtuais (Plataforma GSuite da Google For Education), que é um ambiente coletivo que
possibilita construir relações enriquecedoras e próximas entre estudantes e
professores, a partir do que a turma está experienciando no cotidiano escolar. Os
estudantes têm acesso ao Classroom, uma sala de aula virtual que aproxima
estudantes, professores e famílias, permitindo um compartilhamento de arquivos, e-
books, materiais diversos, links, tarefas, entre outros recursos pedagógicos.
A partir da plataforma GSuit For Education, os estudantes passam a acessar a
rede institucional. Esse acesso possibilita:
- acessar a rede institucional (e-mail, wi-fi, drive pessoal);
- receber uma conta permanente na plataforma da Google;
- acessar uma conta interligada à Instituição, no caso de permanecerem
estudando na instituição APESC (Universidade, cursos técnicos e outros);
- acessar todos os aplicativos da plataforma G-Suite.
Além do acesso às salas virtuais, os professores buscam constantemente
formação e atualização, almejando o encontro com novas tecnologias, aplicativos e
metodologias que visam ampliar as possibilidades metodológicas aliadas a recursos
que qualificam esses encontros com os estudantes. Recursos estes que podem
aproximar ainda mais os processos de aprendizagem com as novas gerações, mas,
principalmente, tensionam os próprios professores a estarem sempre na busca por
aperfeiçoamento e conexão com os novos que chegam ao mundo. Tudo isso porque
educar os novos é um modo de apresentar essa humana abertura à experiência de
um mundo indeterminado que, como afirma Merleau-Ponty (2011, n.p), “(...) a cada
instante se faz em nós”.
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Nessa perspectiva de inovação e tecnologia, investimos na linguagem
computacional, que conquistou espaço na Matriz Curricular dos Anos Finais do Ensino
Fundamental, pois são habilidades essenciais aos novos tempos.
Desejamos que no final dos Anos Finais o estudante da Escola Educar-se
perceba-se como autor da sua história, que tenha aprimorado seu pensamento crítico,
que se sinta apto a assumir o protagonismo como agente de transformação social.
Que seja um sujeito autônomo, curioso, criativo, capaz de buscar respostas,
argumentar, transpor ideias, de modo a aprender por meio de significados e formas
de se comunicar. Os estudantes devem ser capazes de (re)aprender sempre, de
refletir e agir sobre si e sobre o mundo, relacionando as diferentes áreas do
conhecimento por meio da argumentação e da expressão oral, escrita, artística e
corporal.
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A avaliação na Educação Infantil busca valorizar o processo de aprendizagem
construído através do percurso vivido pela criança. Ela é comunicada através de
diálogos com a família e da entrega de uma COLETÂNEA semestral, construída pelos
professores da turma, assistidos pelos Setores de Coordenação Pedagógica e
Orientação Educacional.
Mas por que chamar de COLETÂNEA? Denominamos COLETÂNEA porque
possibilita unirmos muitas coisas distintas que acontecem no cotidiano da Educação
Infantil. É um documento que busca contemplar algumas experiências vividas pela
criança e pelo grupo, através de imagens, poesias, músicas, vivências, falas,
desenhos, pinturas, relatos, documentações pedagógicas e registros escritos. A sua
organização possibilita que muitas vozes sejam contempladas, como: crianças,
professores e famílias. Através da COLETÂNEA podem apreciar, conversar, registrar,
narrar, reviver e compartilhar experiências e acontecimentos que marcaram
significativamente suas histórias na Educação Infantil.
Nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental, a avaliação da aprendizagem não
se dá num momento único, mas sim através de toda a caminhada da criança,
considerando o seu processo. Todos os momentos vividos pelo estudante são
contemplados pelo processo avaliativo.
A avaliação é comunicada através de diálogos trimestrais com a família e de
RELATÓRIO DE APRENDIZAGEM semestral, construído pelos professores da turma,
assistidos pelos Setores de Coordenação Pedagógica e Orientação Educacional.
Mas por que chamar de RELATÓRIO DE APRENDIZAGEM? Relatório porque
acreditamos na ideia de que não estamos apenas registrando algo, mas sim,
acompanhando e refletindo sobre o processo de aprendizagem de cada criança. A
aprendizagem envolve pensamento, afeto, linguagem e ação, e esses processos
precisam estar em harmonia para que a aprendizagem ocorra.
Para os estudantes que frequentam os Anos Finais do Ensino Fundamental e
o Ensino Médio, o instrumento de comunicação dos resultados usado é o Registro de
Aproveitamento do Estudante - Boletim. Esse resultado expresso no Boletim é o
reflexo da caminhada do estudante. A avaliação, como processo que acompanha,
analisa e efetua leituras do cotidiano, apresenta-se como produção constante, sendo
individual e coletiva, uma vez que a aprendizagem acontece na interação com o outro.
Para isso, considera procedimentos e instrumentos variados e ricos em possibilidades
e qualidade, sempre adequados à realidade que se apresenta.
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Os professores fazem uso de diferentes recursos e instrumentos avaliativos, na
perspectiva de buscar sentido na construção da aprendizagem, da autocrítica, do
autoconhecimento, na autonomia, na autoria e no protagonismo dos sujeitos. Acredita-
se na avaliação formativa, pois é aquela que “(...) auxilia o aluno a aprender e a se
desenvolver, ou seja, que colabora para a regulação das aprendizagens e do
desenvolvimento no sentido de um projeto educativo” (Philippe Perrenoud, 1991, p.
50; citado por HADJI, 2001, n.p).
12 AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL
A Avaliação Institucional da Escola Educar-se é pautada em estudos, diálogos
e pesquisas com seus profissionais, estudantes e suas famílias, a partir de temas
como: Formação Continuada, Práticas Pedagógicas, Cultura/Clima Organizacional
escolar, Fortalecimento e Integração da comunidade escolar, Infraestrutura, Gestão e
Processos.
Para que a avaliação institucional ocorra, a Direção da Escola elabora,
juntamente com os setores de Coordenação Pedagógica e Orientação Educacional,
projetos específicos com indicadores que pautam a coleta de dados para serem
analisados posteriormente, visando ao replanejamento qualitativo do processo de
ensinar e de aprender.
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Na gestão escolar, otimizaremos o fortalecimento e a integração com a
comunidade. Para facilitarmos essa questão, contamos com a participação dos pais
na Escola, intensificando o encontro por turmas; o envolvimento dos pais no processo
de ensinar e aprender; a realização de intervenções com a comunidade escolar.
Também buscaremos trabalhar em parceria com instituições, educadores, líderes
comunitários, municipais e regionais.
Quanto ao aspecto da infraestrutura, daremos enfoque maior à otimização das
melhorias em relação à funcionalidade e à estética da estrutura já existente.
Para a gestão de processos, contamos com a readequação do sistema de
informatização para melhor atender às famílias e aos fluxos das demandas escolares.
As melhorias também abrangem a dinamização da comunicação interpessoal e
setorial.
Quanto ao clima escolar, estaremos intensificando o trabalho em equipe de
forma cooperativa, colaborativa e harmoniosa entre todos os profissionais da Escola.
REFERÊNCIAS
ABERASTURY, A. e KNOBEL, M. Adolescência normal. Porto Alegre: Artes
Médicas, 1984.
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BRASIL. CNE. CEB. Resolução n. 4, de 2 de outubro de 2009. Institui diretrizes
operacionais para o atendimento educacional especializado na educação básica,
modalidade educação especial. Brasília: 2009.
DEMO, Pedro. A nova LDB: ranços e avanços. 6. ed. Campinas: Papirus, 1994.
ESTEBAN, Maria Teresa. Escola, currículo e avaliação. 2. ed. São Paulo: Cortez,
2005.
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EYNG, Ana Maria. Currículo escolar. 2 ed. Curitiba: Ibpex, 2010.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 18 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1970.
HOFFMANN, Jussara. Avaliar: respeitar primeiro, educar depois. 2 ed. Porto Alegre:
Mediação, 2010.
KIPPER, Maria Hoppe; RIZZATO, Elizabeth Pires; VOGT, Olgário Paulo. UNISC: a
construção de uma universidade comunitária. Santa Cruz do Sul: EDUNISC, 2003.
50
MARTINS, Jorge Santos. O trabalho com projetos de pesquisa: do ensino
fundamental ao ensino médio. Campinas: Papirus, 2001.
51
PIAGET, J. Para onde vai a educação? Rio de Janeiro: Livraria José Olympo
Editora/Unesco, 1973.
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