Cartilha Galinha Caipira Atualizado 03-07-23

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MANUAL DE BOAS PRÁTICAS

DE PRODUÇÃO DE OVOS E
FRANGOS CAIPIRAS
MANUAL DE BOAS PRÁTICAS DE
PRODUÇÃO DE OVOS E FRANGOS
CAIPIRAS

BELO HORIZONTE
EMATER-MG
ATUALIZADO EM JUNHO DE 2023
FICHA TÉCNICA
AUTORES:
Márcia Portugal Santana
Coordenadora Estadual de Pequenos
Animais – Emater–MG
Dirceu Alves Ferreira
Coordenador Estadual de Pequenos
Animais – Emater–MG
Luiz Fernando Chaves Mendes
Coordenador Regional de Pequenos
Animais – Emater–MG

REVISÃO:
Lizete Dias
Ruth Navarro

PROJETO GRÁFICO:
Cezar Hemetrio
DIAGRAMAÇÃO:
Igor Bottaro
FOTO DA CAPA:
Arquivo Emater–MG
EMATER MINAS GERAIS
Av. Raja Gabáglia, 1626. Gutierrez
Belo Horizonte, MG.
www.emater.mg.gov.br

Série Ciências Agrárias


Tema Zootecnia
Área Avicultura
SUMÁRIO
1 – INTRODUÇÃO...................................................................................................................... 6

2 – SELEÇÃO DAS AVES........................................................................................................... 6

3 – INSTALAÇÕES – GALINHEIROS OU GALPÕES...............................................................7

4 – QUANTIDADE DE AVES......................................................................................................9

5 – PIQUETES.............................................................................................................................9

6 – EQUIPAMENTOS..................................................................................................................9

7 – MANEJO DE PINTINHOS.................................................................................................. 11

8 – MANEJO DAS GALINHAS POEDEIRAS...........................................................................13

9 – MANEJO DE FRANGOS PARA ENGORDA......................................................................14

10 – ALIMENTAÇÃO E ÁGUA..................................................................................................15

11 – LIMPEZA E DESINFECÇÃO DAS INSTALAÇÕES E DOS EQUIPAMENTOS...............16

12 – VACINAÇÃO, VERMIFUGAÇÃO E DEFICIÊNCIAS........................................................18

13 – BEM-ESTAR ANIMAL...................................................................................................... 20

14 – OVO E CARNE................................................................................................................. 20

15 – SUGESTÃO DE RAÇÕES PARA GALINHAS CAIPIRAS DE POSTURA.......................21

16 – SUGESTÃO DE RAÇÃO PARA FRANGOS DE CORTE CAIPIRA..................................22

17 – MEDIDAS PREVENTIVAS DE DOENÇAS COM A UTILIZAÇÃO DE PRODUTOS


NATURAIS..................................................................................................................................22

18 – BIBLIOGRAFIA ................................................................................................................24
1 – INTRODUÇÃO
Na criação de aves no sistema
caipira, pode-se ter a criação de ciclo
completo, só engorda ou só postura, e
A criação de galinhas e frangos para cada sistema de criação existem
caipiras sempre foi para os pequenos particularidades que serão disponibi-
produtores uma importante fonte de lizadas aqui.
produção de alimentos proteicos (car- Por que o nome caipira? As aves
ne e ovos), o que melhorou substan- são criadas em um sistema semi-in-
cialmente sua alimentação. Todavia tensivo, no qual possuem livre acesso
a criação das aves domésticas, ditas a piquetes, liberdade para expressar
caipiras, nos terreiros das pequenas seus instintos naturais, escolher seus
propriedades, não acompanhou a alimentos, sempre pensando no bem-
evolução tecnológica e, por isso, apre- -estar animal.
senta baixa produtividade e alta mor-

2 – SELEÇÃO DAS
talidade, em função da pouca quali-
dade genética, da falta de cuidados

AVES
higiênico-sanitários e da deficiência
alimentar. Este quadro impossibilita
produtores ou agricultores familia-
res de terem uma produção unifor- É muito importante a definição de
me e constante, durante o ano todo. qual sistema criar e com que finalida-
Com o passar dos anos, essa situação de, para se ter sucesso na escolha e
tem mudado, devido a mudanças de seleção de aves a serem criadas.
hábitos alimentares das pessoas, ao Temos as raças puras, os cruza-
público diferenciado que paga pelo mentos (linhagens) e as sem raças de-
produto e à valorização do alimen- finidas (SRD). O produtor tem a opção
to, levando a atividade a um cresci- de escolha de acordo com a atividade
mento significativo e tornando-a uma que deseja. O importante aqui é o ma-
atividade lucrativa, quando bem ma- nejo que ele dará às aves.
nejada. Para isso, vários pontos que As aves adultas, frangas ou fran-
serão considerados aqui devem ser gos devem ser selecionados, consi-
observados e seguidos para o suces- derando principalmente os seguintes
so da atividade. Um fator importante aspectos:
a ser observado e bem conduzido é a
estrutura para a criação, que deve ser
proporcional à quantidade de aves,
funcional e bem manejada dentro das
Boas Práticas.
6 Manual de Boas Práticas de Produção de Ovos e Frangos Caipiras
• saudáveis, sem defeitos físicos, de Uma instalação funcional deve ter:
aplumo;
• boa conformação corporal, boa • Duas paredes de alvenaria
cobertura muscular; (ideal), mas essas paredes podem
ser construídas com material
• sexualmente ativos;
disponível na propriedade, como:
• galinhas e frangas devem ter bambu ou madeira, e duas paredes
posturas frequentes e produção de teladas com fio 22 0,17 mm/ malha
ovos uniformes e sem defeitos; 2,5; uso de cortinas.
• frangos e galos devem ser • Telhado: telha de barro (2,66 a
vigorosos, musculosos e pesados. 2,80 m/altura); zinco (3,50 m/
altura); amianto (3 m/altura).
Quando adquirir pintinhos ou Pintar a parte externa da telha de
pintainhas, observar se apresentam amianto de branco, para diminuir
características como bico e canela a absorção de calor e melhorar o
brilhantes e encerados, olhos brilhan- conforto térmico.
tes e ativos. • Passeio ou varanda ao redor da
instalação.

3 – INSTALAÇÕES • Mureta: ideal que tenha entorno


de alvenaria, com 50 cm de altura.
– GALINHEIROS • Piso: firme, de preferência de

OU GALPÕES cimento, com caimento de 1 a 1,5%.


• Construído no sentido leste/oeste.
São os locais onde as aves dor-
mem, botam, chocam, alimentam-se, O galinheiro é a instalação, quan-
bebem água e descansam. do a produção é por meio do ciclo
Devem ser simples, mas funcio- completo, ou seja: galinhas, galos,
nais, estar em um ambiente limpo, em frangas, frangos e pintinhos. Todas as
terreno seco, ensolarado, bem venti- aves devem ser separadas pela fase
lado e protegido dos ventos fortes e de vida, receber os cuidados sanitá-
de animais. rios e o manejo adequado.

Manual de Boas Práticas de Produção de Ovos e Frangos Caipiras 7


Foto 1: Modelo de divisão interna usando bambu – Fonte: produtor Márcio Antônio Santana

Os galpões são instalações para criações de frangas para postura ou fran-


gos para a engorda.

Foto 2: Modelo de galpão e piquetes

Esse galpão podem ser um único, pões, cada um com um piquete.


com 4 piquetes rotacionados, ou divi- Essa variação vai depender do
dido em 2, cada um com dois piquetes produtor, do objetivo de criação e do
rotacionados, ou divididos em 4 gal- manejo que será adotado.

8 Manual de Boas Práticas de Produção de Ovos e Frangos Caipiras


4 – QUANTIDADE
de 10 a 20 cm. Algumas forrações são
mais sensíveis, necessitando de irri-

DE AVES gação, adubação e rotatividade (mé-


dia de 7 dias), para a densidade de de
2 a 4 aves/m². Essa área indicada é a
O número de aves dependerá das área total dos piquetes.
possibilidades do produtor e do local
de criação.
6 – EQUIPAMENTOS
• Cria (pintinhos com até 30 dias de
vida) = 20 a 30 pintinhos/m². Dependendo da quantidade de
aves, da idade delas, da mão de obra
• Uso do círculo de proteção = 60 a
disponível e do poder aquisitivo do
80 pintinhos/1,20 m².
produtor, haverá ajustes quanto ao
• Recria: aves de 31 a 60 dias de manejo, ao material usado, à quanti-
vida: 15 a 20 aves/m². dade e ao tamanho.
• Galinhas, frangas e frangos: aves
com mais de 61dias = 5 a 7 aves/ 6.1 – BEBEDOUROS

1º – 3º dia de vida: (água 2 h antes da
ração)
5 – PIQUETES 
Colocar água + açúcar + sal
Os piquetes são áreas onde as (25 l – 1 kg – 100 g)
aves vão escolher alimentos diversifi- HIDRATAR/COMBATER ESTRESSE
cados, exercitar, brincar, tomar banho
de sol, de terra, exercer seus instintos • Até 10 dias de vida – bebedouro de
naturais. pressão.
Podem ser rotacionados ou não,
• Após 10 dias de vida – bebedouros
ter cobertura vegetal ou ser de terra.
pendulares ou nipple.
Podem ser em áreas de pomar ou de
pós-colheita
Para forração dos piquetes, é re- Os bebedouros devem ser regula-
comendado o uso de tifton, capim qui- dos sempre na altura de acordo com a
cuio, coastcross, estilosantes, como a idade das aves. No pendular, a regu-
grama-seda, estrela, e o capim-napier. lagem e a borda superior 5 cm acima
A altura da pastagem recomendada é do dorso das aves, no nipple, a regu-

Manual de Boas Práticas de Produção de Ovos e Frangos Caipiras 9


lagem de 35 a 45 graus de inclinação 6.4 – NINHOS
é para pintinhos, e para aves adultas,
de 75 a 85 graus de inclinação. • Ideal41:4 galinhas
• Local4calmo/reservado para
6.2 – COMEDOUROS
reprodução

• Até 4 dias de vida – Comedouros • Altura440 – 60 cm do piso/pouco


tipo bandeja 30X40X50 (50 aves) inclinado
- Fornecer menor quantidade • Dimensão430 cm L x 35 cm A x 30
de ração mais X ao dia = evitar cm C
desperdício
• Material4diversos – recomendado
• Após 4 dias de vida – Comedouros plástico
Tubular. Devem ser regulados
• Cama4capim seco/serragem
sendo a borda do comedouro na
grossa (fundo: folhas de fumo/
altura do dorso da ave.
repelente)

Devem ser regulados, sendo a


6.5 – CAMA DE AVIÁRIO – forração do
borda do comedouro na altura do
piso do galinheiro ou galpão
dorso da ave.

6.3 – POLEIROS • Diminui o atrito das aves com o


piso.
• Vertical (escada). • Aumenta o conforto das aves.
• Fixados440 – 60 cm do piso • Ter altura de 5-8 cm (verão) ou
8-10 cm (inverno)
• Espaço420 – 25 cm entre as
aves/50 cm entre os poleiros • Adquirir produto idôneo, livre de
cheiro forte, de resíduos de outros
• Comprimento4calculado com
produtos
base no número de aves
• Não deixar acumular placas (fezes,
• Material 4áspero/roliço
água)
• Diâmetro 4proporcional ao pé da
• Podem-se usar maravalha, bagaço
ave (idade)
de cana seca, capim seco, restos
• Pintinhos4poleiros baixos para culturais de café, palha de arroz,
aprendizagem etc.

10 Manual de Boas Práticas de Produção de Ovos e Frangos Caipiras


7 – MANEJO DE
te; e o desempenho melhorará subs-
tancialmente.

PINTINHOS Uma área de 1 metro quadrado


será suficiente para 20 a 30 pintinhos.
Os pinteiros podem ser construídos
A alta mortalidade de pintinhos na própria propriedade ou comprados
na criação caipira ou no sistema caipi- no comércio (criadeiras teladas).
ra de criação está relacionada com o As instalações devem ser sim-
manejo e a alimentação inadequados ples. Os pinteiros suspensos são in-
e com a não observância dos aspectos teressantes do ponto de vista sanitá-
de higiene e sanidade. rio, para se evitarem doenças, como a
É preciso que os pintinhos adqui- coccidiose, por exemplo.
ridos com um dia de vida de incubató- É essencial que nos primeiros 10
rios idôneos recebam cuidados, para dias de criação, os pintinhos possam
que se desenvolvam saudavelmente, contar com uma fonte de calor, forne-
aumentando, assim, a produtividade cida por uma lâmpada, colocada em
da criação. uma campânula. A campânula será
Os pintinhos devem ser criados regulada, podendo ser suspensa ou
em pinteiros pelo menos até 4 sema- abaixada, conforme comportamento
nas de idade. No pinteiro, eles recebe- dos pintinhos.
rão mais cuidados, como: água, aque- É muito comum o uso do círculo
cimento, ração de melhor qualidade, de proteção em galpões para receber
vacinas e medicamentos. Além disto, os pintinhos com até 15 dias de vida,
estarão afastados das aves adultas onde receberão todos os cuidados
que podem transmitir doenças. Assim, necessários. Pode ser feito de euca-
a mortalidade diminuirá sensivelmen- tex, papelão, zinco.

Manual de Boas Práticas de Produção de Ovos e Frangos Caipiras 11


Foto 3: Disposição dos equipamentos dentro do círculo e comportamento das aves ao
calor Fonte: produtor Márcio Antônio Santana

É importante que no piso dos de cortinas no pinteiro, que poderão


pinteiros tenha uma cama, que pode ser feitas de sacos de ração (plásti-
ser de diversos materiais, como: cepi- co ou de papel) ou outro de material
lho de madeira, sabugo de milho tri- apropriado.
turado, capim-elefante desintegrado
e seco, casca de arroz, etc. Nos dois
primeiros dias, a cama deve ser reco-
berta por papel ou jornal, para evitar
que os pintinhos se alimentem dela.
Nos períodos de frio intenso, é
conveniente ou recomendado o uso

12 Manual de Boas Práticas de Produção de Ovos e Frangos Caipiras


8 – MANEJO
de acordo com cada fase de vida, po-
leiros e ninhos. Comedouros com cal-

DAS GALINHAS cário calcítico também poderão estar


disponíveis para as aves. Os animais

POEDEIRAS encontrados mortos deverão ser reti-


rados diariamente, pois podem pro-
vocar o aparecimento do botulismo,
Neste sistema de semiconfina-
doença que acarreta alta mortalidade.
mento recomendado, as aves serão
A colheita dos ovos deverá ser
recolhidas ao galinheiro ou galpões
feita duas a três vezes por dia, para
ao anoitecer e, na manhã seguinte,
evitar contaminações, quebras e su-
soltas em torno de 11 horas, período
jeira.
em que receberão a alimentação ba-
A criação conjunta de perus, pa-
lanceada e botarão os ovos. Para isso,
tos e outras espécies de galinhas não
há necessidade da instalação fecha-
pode ser feita em um mesmo ambien-
da. Quando a criação envolve frangos
te, pois apresenta problemas sanitá-
e galinhas poedeiras, sugere-se que
rios, além de causar prejuízos com a
todas as aves sejam presas à tardinha
alimentação. Essas aves devem ser
e, na manhã seguinte, após recebe-
criadas separadamente.
rem a ração balanceada, sejam soltos
Para se ter uma produção cons-
as frangas e frangos, deixando as ga-
tante de ovos, recomendam-se, pelo
linhas poedeiras e as prestes a entra-
menos, 2 lotes de aves: no 1º lote gali-
rem em postura presas até 11 horas.
nhas botando e no 2º lote frangas ini-
Este manejo permitirá mais cuidado
ciando a postura, fornecer ração ba-
com as aves, quando serão ofertados
lanceada de postura, acesso livre aos
melhor alimentação, tratamento com
ninhos, aves selecionadas, calmas,
vermífugos, vacinas e outros medi-
sem defeitos. A maturidade sexual é
camentos, se necessários, e melhor
em média com 18 semanas, e o início
observação da postura das aves. É
da postura é com 20 a 21 semanas du-
também na parte da manhã que as
rante 1 a 2 anos.
galinhas botam mais ovos.
A ave quando está botando apre-
Na área do galinheiro ou galpão,
senta cristas maiores, mais verme-
as aves deverão ter à disposição água
lhas, canela clara e são mais magras.
de boa qualidade e ração balanceada

Manual de Boas Práticas de Produção de Ovos e Frangos Caipiras 13


O QUE OBSERVAR E A troca de pena ou queda de pena
entre a 10ª e 14ª semana de produção
ATENTAR QUANDO AS é natural, assim como o período de
GALINHAS PARAM DE descanso. Elas depois voltam a pro-
BOTAR duzir. Geralmente dura de 3 a 4 meses.

• IDADE
CICLO DE PRODUÇÃO DE
Galinhas possuem vida útil pro-
dutiva para botar ovos até 2,5 anos.
OVOS
Depois diminuem e param. 20 – 21 semanas4Iniciam a produção
• ALIMENTAÇÃO 26 a 28 semanas4Pico postura
30 semanas487 a 88% botando
O balanço nutricional é muito
Por 15 semanas4permanecem com a
importante, principalmente proteína
produção
e cálcio. Galinhas gordas não botam.
Formam o ovo e acumulam. Muita 
ração ou ração balanceada mistura- 1,5 – 2 anos
da com milho engorda as galinhas. A
ração já é balanceada. Não pode dar
milho, pois é um alimento energético. 9 – MANEJO DE
O ideal são galinhas com peso 1,5
a 2 kg/PV = fornecer 100 g/ração/dia/
FRANGOS PARA
galinha divididos em 2 a 3 vezes ao
dia. No intervalo entre a ração, forne-
ENGORDA
cer alimentação verde para diminuir o
• Lotes: pelo menos 2 lotes.
estresse.
• DOENÇA • Fornecer ração de engorda ou
terminação.
Manter o ambiente sempre hi-
gienizado e desinfetado. Aves sempre • Não apresentar defeitos/
vacinadas. selecionados.
• ESTRESSE • Abate – Após 70 dias até 120 dias –
O estresse faz com que as gali- caipira.
nhas parem de botar. O ambiente tem
• Peso médio – 2,5 kg/PV.
que ser calmo, quieto, sem trânsito de
pessoas e animais.
• MUDA

14 Manual de Boas Práticas de Produção de Ovos e Frangos Caipiras


10 – ALIMENTAÇÃO girassol, de amendoim, feijão-
comum, folha de mandioca, ora-

E ÁGUA pro-nóbis, grãos de leguminosas


(guandu, mucuna, feijão-de-porco,
leucena, fava).
• Uso de ração balanceada
específica a cada fase de vida • Fontes minerais: calcário calcítico,
(inicial, crescimento, postura e fosfato bicálcico, sal comum.
engorda). • Micronutrientes: premix e núcleos
• Complementar a alimentação à – vitaminas e micronutrientes.
base de capins, restos culturais,
frutas, minhocas e insetos. ALIMENTOS ALTERNATIVOS

Abóbora, couve, repolho, alface


QUANTIDADE DE RAÇÃO (com restrições), chicória, mostarda,
BALANCEADA/AVE/DIA inhame, taioba, frutas diversas, pau-
POSTURA -ferro, algaroba, capins, raiz de man-
dioca, cana, batata-doce, folha de
Inicial: 1ª a 8ª semana440 g/dia/ave mandioca, ora-pro-nóbis, grãos de
Recria: 9ª a 18ª semana470 g/dia/ave leguminosas (guandu, mucuna, feijão-
Postura: 18ª semana ao fim da -de-porco, leucena, fava), folha de ba-
vida4≈110 g/dia/ave naneira, pseudocaule da bananeira e
restos culturais como capins.
CORTE Ofertar os alimentos alternativos
diariamente e, no final do dia ou dia
Inicial: 1ª a 4ª semana440 g/dia/ave seguinte, retirar o excedente, o que
Recria: 4ª a 5ª semana 70g/dia/ave não foi comido, para evitar contami-
Engorda: 6ª semana ao abate4110 a nação, principalmente as frutas.
200 g/dia/ave Recomendam-se comedouros com
calcário calcítico como suplementação,
RAÇÃO BALANCEADA principalmente para as poedeiras, e
pigmentantes, como: urucum, açafrão,
abóbora, para melhorar a pigmentação
• Energéticos: milho, sorgo, milheto,
dos ovos e carne.
raiz de mandioca, cana, batata-
Além dos alimentos, são impor-
doce, banana.
• Proteicos: farelo de soja, de

Manual de Boas Práticas de Produção de Ovos e Frangos Caipiras 15


tantes na dieta das aves caipiras: in- mentos, animais mortos ou doentes,
setos, pequenos animais e pedriscos restos de alimentos e cama molhada.
(importante para digestão – moela). Esses procedimentos são necessários
para que não haja contaminações,
ÁGUA problemas sanitários.

• Fresca/pura/temperatura 20º C 11.1 – LIMPEZA DAS INSTALAÇÕES

• Regula temperatura corporal/


1 – Uso de EPIs (calça/bota/lu-
auxilia a digestão
vas/máscara/blusa de manga com-
prida).
AVE NÃO PRODUZ SALIVA – UMEDECER 2 – Retirada das aves do local.
ALIMENTO 3 – Retirada de equipamentos/ni-
nhos/poleiros.
• Consumo: 2 a 3 l/kg de ração 4 - Vassoura de fogo em toda a
cama/poleiros/ninho/telado/frestas/
• Captada de caixa-d’água, livre
mureta/cortina.
de microrganismo patogênicos/
5 – Cama: retirar toda a cama –
tratada
compostagem.
6 – Varrer/lavar com água e sabão

11 – LIMPEZA E neutro toda a instalação (paredes,


teto, tela, cortinas).
DESINFECÇÃO 7 – Deixar secar e realizar a desin-
fecção para não ocorrer pragas, não
DAS ocorrer doenças e não haver contami-

INSTALAÇÕES
nações
8 – Área externa e piquetes: lim-

E DOS
par/varrer/rastelar.

EQUIPAMENTOS Vazio sanitário de no minimo 15


dias

É importantíssimo proceder à
higienização de toda a instalação e
dos equipamentos diariamente, nos
alojamentos. Devem ser feitas limpe-
zas diarias como o excesso de excre-

16 Manual de Boas Práticas de Produção de Ovos e Frangos Caipiras


11.2– DESINFECÇÃO DAS INSTALAÇÕES tada e reutilizada. Para isso a reutili-
1 – Depois de varrer e lavar. zação só pode ser feita por lotes que
2 – Pulverizar toda a instalação/ não tiveram problemas sanitários.
poleiros/ninho com produto registra-
do ou autorizado afim. 1 – Retirar partes da cama molha-
3 – Deixar secar. da, com muitos excrementos e passar
4 – Caiar usando: cal hidratada a vassoura de fogo, para queimar o ex-
25% ou cal virgem a 50% – deixar se- cesso de penas, e jogar cal.
car. 2 – Umedecer a cama e fazer uma
5 – Colocar a cama, os equipa- leira em local seco e protegido (pode
mentos e as aves. ser no galpão vazio). Cobrir com lona.
3 – Deixar por um período mínimo
É feita sempre que trocar o lote, an- de 8 dias, sendo o ideal 21 dias (vazio
tes do vazio sanitário de no minimo sanitário).
15 dias 4 – Após o tratamento, revolver a
cama até que atinja umidade de 20 a
11.3 – LIMPEZA E DESINFECÇÃO DOS 25%.
EQUIPAMENTOS
11.5 – DESTINO DAS CARCAÇAS
Diariamente, os equipamentos
devem ser limpos e, periodicamente, Diariamente, quando realizar a hi-
desinfetados. gienização das instalações e dos equi-
pamentos, é fundamental proceder à
1 – Retirar crostas de fezes/comi- remoção das carcaças (aves descarta-
da velha/mofada e molhada. das e mortas), para o controle da mul-
2 – Lavar água corrente/sabão tiplicação e disseminação de micro-
neutro – SECAR. -organismos patogênicos dentro da
criação. O descarte pode ser feito em
1 vez por semana4desinfetar com fossas sépticas no caso de menor nú-
produtos registrados ou autorizados mero de aves, porém é importante que
IMERSÃO. sejam construídas em locais secos,
longe de lençóis freáticos e a 200 m do
11.4 – DESINFECÇÃO DA CAMA AVIÁRIA galinheiro ou galpão. O ideal é que se
faça a compostagem das carcaças.
Após a retirada da instalação, a
cama deve ser ensacada. Ela pode ser
usada como compostagem ou ser tra-

Manual de Boas Práticas de Produção de Ovos e Frangos Caipiras 17


12 – VACINAÇÃO,
bananeira, limão, semente de abóbo-
ra, semente de mamão, etc.

VERMIFUGAÇÃO As principais deficiências são:

E DEFICIÊNCIAS • beber ovo4deficiência de


proteína;
A infestação por verminose se dá: • arrancar pena4estresse/
deficiência cálcio;
• De ave para ave. • canibalismo4deficiência proteína/
• Pela ingestão de larvas/ovos/ estresse/manejo.
parasita.
• Por hospedeiros (insetos e A vacinação é um desafio sani-
moluscos). tário e deve estar de acordo com as
normas vigentes, que devem ser se-
• Por meio de água e alimento guidas, de acordo com a probabilida-
contaminados. de de doenças na região.
Os pintinhos adquiridos de in-
Vermífugos naturais podem ser cubatórios idôneos já vêm vacinados
usados, como: pseudocaule e folha de
contra marek e bouba aviária.

18 Manual de Boas Práticas de Produção de Ovos e Frangos Caipiras


CALENDÁRIO DE VACINAÇÃO AVICULTURA
IDADE (dias) DOENÇA VIA DE APLICAÇÃO

1 marek + bouba subcutânea

2 bronquite ocular/nasal

7 gumboro forte ocular/nasal

14 newcastle + bronquite ocular/nasal

newcastle + bronquite +
21 ocular/nasal
gumboro forte

bouba forte
26 membrana da asa intramuscular
coriza

coriza Infecciosa
49 intramuscular
(aquosa)

60 cólera e tifo aviário Intramuscular

newcastle + bronquite +
66 ocular/nasal
gumboro forte

coriza/intramuscular intramuscular
90
newcastle + bronquite ocular/nasal

cólera e tifo (Não


100 vacinar 45 dias antes intramuscular
do abate.)

newcastle + bronquite
130 intramuscular (as duas)
(tríplice oleosa)

Obs.: Outras vacinas devem ser utilizadas somente em regiões onde hou-
ver a presença destas doenças, seguindo a orientação do médico veterinário.

Manual de Boas Práticas de Produção de Ovos e Frangos Caipiras 19


13 – BEM-ESTAR
ANIMAL
• livre de doenças e injúrias;
• livre de desnutrição; ≠ OVO CAIPIRA
• livre para expressar o
comportamento; • Qualidade vida das aves – bem-
• livre para se movimentar; estar animal

• livre do medo e do sofrimento. • Mais saboroso


• ↑ Betacaroteno (convertido Vit. A

14 – OVO E = imunologia)
• ↑ Vit. A, E, ômega-3
CARNE • Os ovos devem ser colhidos 2
a 3 vezes por dia nos ninhos,
Os cuidados com as Boas Práticas armazenados em local fresco,
de Produção e Fabricação devem ser seco, escuro, por menos tempo
seguidos. Podem interferir no sabor, possível e com a ponta mais fina
na cor, na textura e nos nutrientes dos para baixo.
ovos.

TERMO “OVO CAIPIRA”4pela ≠ CARNE CAIPIRA


maneira de criação e não pela cor da
casca e gema • Caipira4sistema semiconfinado
• ↑ Saborosa/menos teor de
gordura/↑firme/pigmentada
• Qualidade da carne4depende
• Genética/sanidade/manejo/
alimentação/abate/
processamento/outros fatores

20 Manual de Boas Práticas de Produção de Ovos e Frangos Caipiras


15 – SUGESTÃO
RECRIA – 9º a 18 semanas de vida –
(70g/ração/dia/ave)

DE RAÇÕES Ingredientes Quantidade em Kg


PARA GALINHAS Farelo de

CAIPIRAS DE
62
Milho

POSTURA
Farelo de
20
Soja

Farelo de
14
INICIAL – 1º a 8º semanas de vida – Trigo
(40g/ração/dia/aves) Calcário
0
Calcítico
Ingredientes Quantidade em Kg Núcleo –
4
Farelo de Recria
63
Milho
POSTURA – 19º semanas até o fim ci-
Farelo de
33 clo - (~ 110g/ração/dia/aves)
Soja

Farelo de
0 Ingredientes Quantidade em Kg
Trigo
Farelo de
Calcário 60
0 Milho
Calcítico
Farelo de
Núcleo - 23
4 Soja
Inicial
Farelo de
5
Trigo

Calcário
8
Calcítico

Núcleo –
4
Postura

Manual de Boas Práticas de Produção de Ovos e Frangos Caipiras 21


16 – SUGESTÃO
ENGORDA – 5ª semana ao abate (~
110 a 200g/ração/dia/aves)

DE RAÇÃO PARA Ingredientes Quantidade em Kg


FRANGOS DE Farelo de

CORTE CAIPIRA
82
Milho

Farelo de
14
INICIAL – 1ª a 4ª semana de vida ( ~ Soja
40g/ração/dia/aves)
Núcleo -
4
Engorda
Ingredientes Quantidade em Kg

Farelo de

17 – MEDIDAS
63
Milho

PREVENTIVAS DE
Farelo de
33
Soja

Núcleo -
4 DOENÇAS COM
A UTILIZAÇÃO
Inicial

RECRIA – 4ª a 5 ª semana de vida (~


70g/ração/dia/aves) DE PRODUTOS
Ingredientes Quantidade em Kg
NATURAIS
Farelo de Além de manter o calendário de
68 vacinação das aves em dia, também
Milho
podem-se usar alguns produtos na-
Farelo de turais como preventivos, conforme
28
Soja experiências de alguns agricultores
Núcleo - familiares, como as sugestões abaixo
4 para aves caipiras, acima de 30 dias
Recria
de idade.

22 Manual de Boas Práticas de Produção de Ovos e Frangos Caipiras


ALHO (Allium sativum) BANANEIRA (Musa
No tratamento de aves, pode ser paradisiaca)
usado para combater verminoses e
doenças respiratórias. Eficiente por O uso da folha da bananeira e do
ser um excelente antibiótico natural. pseudocaule demonstrou eficácia no
Amasse sete dentes de alho e po- combate a verminoses.
nha em uma garrafa (tipo PET) de dois Oferecer às aves folhas da bana-
litros, com água limpa e deixe por 24 neira (inteiras ou picadas), de forma
horas. Colocar no bebedouro das aves que todas elas possam ficar bicando
durante sete dias consecutivos. Após pelo piquete, por um período de cinco
esse período, voltar ao fornecimento dias consecutivos. (Repetir a cada 15
normal de água. Repita o tratamento dias.)
a cada 15 dias. O pseudocaule deve ser ofereci-
LIMÃO (Citrus limonium) do às aves da mesma forma.
Utilizado em função de suas pro-
priedades medicinais, como: anti-in-
flamatória, antisséptica, bactericida,
expectorante, vermífugo natural e vi-
tamina C.
Esprema o suco nos bebedouros
das aves durante três dias consecuti-
vos. (Repita a cada 15 dias.)

MAMÃO VERDE (Carica


papaya)
Usado como anti-helmíntico, an-
tioxidante, anti-inflamatório, digesti-
vo, vermífugo, cicatrizante e expecto-
rante.
Colocar pedaços nos piquetes
após o fornecimento da ração balan-
ceada. Oferecer no máximo duas ve-
zes por semana.

Manual de Boas Práticas de Produção de Ovos e Frangos Caipiras 23


18 – BIBLIOGRAFIA
SOBREIRA, (RS) R.S. Criação de
galinhas caipiras. Embrapa Meio
Norte, Brasília, DF. 73 p. 2007. : il.
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caipiras; sistema extensivo. Belo
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Horizonte,Emater–MG. Informações
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técnicas, 1. 1986. 20p.
Alternativo de Criação de Galinhas
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Orgânico. 2 ed. rev. ampl. Embrapa Brasília, DF. 2p
Suínos e Aves, Concórdia, SC:
• SANTANA FILHO, E.P. de.;
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LIMA, D.J. de; 2012. Criação de
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• BARBOSA, F.J.V. Sistema alternativo Ceplac/Cenex. 48 p
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CARVALHO, L.S. Criação de galinha
PI.69 p. 2007
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AVILA,V,S.; MAZZUCO,H. Alimentos e Programa Rio Rural, 2009. 32 p
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Piracicaba. (Fealq) FEALQ.1986.
• PRADO, G.A.F.; PRADO, G.F. Criação e
Manejo de Aves Poedeiras. (Uniube)
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Coleção Emater, nº 27, 2019.50p
• SAGRILO, E.; VIEIRA, F.J.; NETO, R.B.;

24 Manual de Boas Práticas de Produção de Ovos e Frangos Caipiras


CIÊNCIAS AGRÁRIAS

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