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7 October, 2022 | created using PDF Newspaper from FiveFilters.org

Governo Bolsonaro reduz promoveu um corte linear de 60% nas despesas da Saúde.

verba para tratamento de Toma lá, dá cá

aids e protégé orçamento Continua após a publicidade

A prática do orçamento secreto foi revelada pelo Estadão em uma


secreto em 2023 — Estadão série de reportagens. Com verbas distribuídas a redutos eleitorais
de parlamentares, Bolsonaro espera agora o apoio de deputados e
Oct 7, 2022 08:00AM senadores na disputa do segundo turno contra o ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva (PT).
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O “Atendimento à População para Prevenção, Controle e
BRASÍLIA – O corte de verbas do Ministério da Saúde, promovido
Tratamento de HIV/AIDS, outras Infecções Sexualmente
pelo governo Jair Bolsonaro (PL) para reservar dinheiro ao
Transmissíveis e Hepatites Virais Total” faz parte da assistência
orçamento secreto, em 2023, atingiu 12 programas da pasta, entre
farmacêutica no SUS. O dinheiro banca a compra, a produção e
eles o que distribui medicamentos para tratamento de aids,
distribuição de medicamentos voltados para o tratamento de
infecções sexualmente transmissíveis e hepatites virais. Somente
pessoas com HIV, como antirretrovirais, e demais doenças.
nesta frente o ministério perdeu R$ 407 milhões, quando
comparados os orçamentos propostos para 2022 e o ano que vem. Desde os anos 1980, o País nunca conseguiu acabar com a
Se somadas, as perdas de recursos nos 12 programas chegam a R$ epidemia causada pelo HIV. Houve registro de 1.045.355 casos de
3,3 bilhões (veja lista abaixo). aids, sendo 13.501 no ano passado. Em 2020, 10.417 pessoas
morreram da doença e o número total de vítimas chegou a
O tamanho da tesourada varia, como indica o Boletim de
291.695. Os dados são do Boletim Epidemiológico Especial
Monitoramento do Orçamento da Saúde. O documento é
HIV/Aids de 2021, do governo federal.
preparado pela equipe do Instituto de Estudos para Políticas de
Saúde (IEPS) e da associação filantrópica Umane. No custeio de Segundo o documento, especialistas do ministério afirmam que há
bolsas para residentes em medicina “Pró-Residência Médica e em uma diminuição de casos nos últimos anos. Suspeitam, porém, que
Área Multiprofissional”, por exemplo, o impacto foi de R$ 922 exista subnotificação, ligada ao direcionamento de profissionais da
milhões. saúde para atuar no combate à pandemia de covid-19.

O “Pró-Residência” é um programa de financiamento de bolsas de


residência médica, etapa em que profissionais recém-formados
passam por especialização. Os recursos auxiliam a interiorizar a
formação de especialistas e a atuação destes profissionais em
áreas remotas ou com baixo provimento de médicos. A verba
permite o custeio e a abertura de novas vagas, em parceria com
secretarias de Saúde municipais, estaduais e entidades
filantrópicas. A redução orçamentária, portanto, implica na
diminuição de bolsas e da formação de médicos e profissionais de
saúde especialistas.

Farmácia Popular

O estudo incluiu alguns cortes já revelados pelo Estadão, como as


verbas do Médicos Pelo Brasil, sucessor do Mais Médicos; da
Laço vermelho é o símbolo da campanha que alerta para a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) e da Atenção à
prevenção da aids, cujo tratamento pode ficar sem R$ 407 milhões Saúde de Populações Ribeirinhas e de Áreas Remotas na
em 2023 Foto: Navesh Chitrakar/Reuters Amazônia, uma parceria com o Exército e a Marinha. A
reportagem também identificou cortes no Farmácia Popular e nas
Os pesquisadores analisaram essas 12 rubricas, comparando os verbas para equipar e reformar hospitais especializados no
projetos de Lei Orçamentária Anual enviados pelo governo para o tratamento de câncer, entre outros.
corrente ano de 2022 e para 2023, com correção da inflação por
meio do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), Continua após a publicidade
acumulado até julho. Para Victor Nobre, responsável pelo levantamento no Instituto de
Por não ter vetado um dispositivo na Lei de Diretrizes Estudos para Políticas de Saúde, a tesourada nas verbas
Orçamentárias, que obrigava a reserva de R$ 19,4 bilhões a destinadas a indígenas e ribeirinhos na região amazônica “pode
emendas do orçamento secreto – usadas pelo governo em deteriorar ainda mais a situação dessas populações, que já se
negociação política com deputados e senadores –, o governo encontram fragilizadas”.

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O pesquisador também criticou a retirada de dinheiro público para Implementação de Políticas para a Rede Cegonha e
pesquisa e desenvolvimento de tecnologia. “Tendo em vista o Implementação de Políticas para Rede de Atenção Materno
aumento da incidência de doenças crônicas não-transmissíveis e o Infantil - R$ 28 milhões
envelhecimento da população brasileira, desenvolvimento
Fonte: Boletim de Monitoramento do Orçamento da Saúde,
tecnológico e inovação em saúde são condicionantes
produzido pela equipe do Instituto de Estudos para Políticas de
imprescindíveis para gerarmos eficiência e equidade no SUS”,
Saúde (IEPS) e da associação filantrópica Umane
argumentou Nobre. “O corte, somado a uma conjuntura em que
cada vez menos recursos são investidos em pesquisa e
desenvolvimento, torna o cenário cada vez mais desafiador e de
maiores dificuldades na resolutividade dos indicadores
epidemiológicos do País, especialmente em um contexto
pós-pandemia.”

O boletim afirma que, se os cortes não forem revertidos, “poderão


gerar agravos a ações fundamentais do Sistema Único de Saúde
(SUS)”. De acordo com as entidades, houve cortes em outras áreas
do ministério, mas o foco da pesquisa foi naqueles que
apresentaram as maiores reduções, com impacto nas políticas
públicas de saúde.

Questionado pelo Estadão sobre as rubricas prejudicadas, o


Ministério da Saúde informou que está “atento às necessidades
orçamentárias e buscará, em diálogo com o Congresso Nacional,
as adequações necessárias na proposta orçamentária para 2023″.
A votação da Lei Orçamentária Anual de 2023 deve ocorrer até
dezembro, quando o próximo presidente da República já estará
eleito.

Veja a lista de perdas motivada pelo corte:

Implementação de Políticas de Promoção à Saúde e Atenção


a Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) - R$ 3,8
milhões

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Programa Médicos pelo Brasil - R$ 366 milhões

Pesquisa, Desenvolvimento Tecnológico e Inovação em


Saúde - R$ 297 milhões

Alimentação e Nutrição para a Saúde - R$ 43 milhões

Educação e Formação em Saúde - R$ 76 milhões

Pró-Residência Médica e em Área Multiprofissional - R$ 922


milhões

Sistemas de Tecnologia de Informação e Comunicação para


a Saúde (e-Saúde) - R$ 206 milhões

Implantação e Funcionamento da Saúde Digital e


Telessaúde no SUS - R$ 26 milhões

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Promoção, Proteção e Recuperação da Saúde Indígena e


Estruturação de Unidades de Saúde e Distritos Sanitários
Especiais Indígenas (DSEI) para Atendimento à População
Indígena - R$ 910 milhões

Atenção à Saúde de Populações Ribeirinhas e de Áreas


Remotas da Região Amazônica - R$ 10 milhões

Atendimento à População para Prevenção, Controle e


Tratamento de HIV/AIDS, outras Infecções Sexualmente
Transmissíveis e Hepatites Virais Total - R$ 407 milhões

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