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UNIVERSIDADE LICUNGO

FACULDADE DE EDUCAÇÃO

CURSO DE LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO VISUAL-LABORAL

Educação Estética e Artística

1º Ano

EVÂNIA SÉRGIO JAIME

HORÁCIO FERNANDO ALEIXO

MAEL SALVADOR VICENTE SUPELO

TAJÚ ACÁCIO ROSÁRIO

PROBLEMA DA DEFINIÇÃO DE OBRAS DE ARTE

Beira

2024
2

EVÂNIA SÉRGIO JAIME

HORÁCIO FERNANDO ALEIXO

MAEL SALVADOR VICENTE SUPELO

TAJÚ ACÁCIO ROSÁRIO

PROBLEMA DA DEFINIÇÃO DE OBRAS DE ARTE

Trabalho a ser apresentado no


Departamento de Ciências e
Tecnologia-Faculdade de Educação
para fins avaliativos na cadeira de
Educação Estética e Artística.

Docente:

Lázaro Félix Manuel

Beira

2024
3

Índice
Introdução.................................................................................................................................4

1. Contextualização..................................................................................................................5

1.1 Evolução do conceito de arte..........................................................................................6

1.2 História da arte................................................................................................................6

1.2.1 Arte Pré-histórica (40000-3000 a.C.)......................................................................7

1.2.2 Arte Antiga (3000-300 a.C.)....................................................................................8

1.2.3 Arte Clássica (1000 a.C.-300 d.C.)..........................................................................8

1.2.4 Arte Medieval (300-1350).......................................................................................9

1.2.5 Arte na Idade Moderna (1350-1850).......................................................................9

1.2.6 Arte Contemporânea (1850-atualidade)................................................................10

2. Interpretações filosóficas....................................................................................................10

2.1 Arte como Representação (mimética ou mimesis).......................................................10

2.2 Arte como expressão....................................................................................................11

2.3 O formalismo................................................................................................................12

3. Problema da definição de obras de arte..............................................................................12

3.1 O problema: linguagem ou realidade?..........................................................................12

4. Algumas definições tradicionais de arte.............................................................................13

4.1 Supostas definições de arte na ótica de alguns autores................................................14

4.2 A proposta Wittgensteiniana de “definir” arte.............................................................15

4.3 Algumas teorias não tradicionais de definir arte..........................................................16

4.4 A interpretação da arte na atualidade...........................................................................18

4.5 Pontos reflexivo a considerar a cerca do problema da definição da arte......................18

Conclusão...............................................................................................................................19

Bibliografia.............................................................................................................................20
4

Introdução
Um dos problemas clássicos em filosofia analítica da arte é estabelecer uma
definição do que seja arte.

O presente trabalho intitulado “Problema da definição de obras de arte”, objectiva


explorar introdutoriamente o problema relativo à definição da arte ou das obras de arte. Pode
parecer superficial ao historiador da arte ou da filosofia a abordagem dos filósofos que
procuram uma definição explícita de arte.

Contudo, existindo apenas um contraexemplo no mundo da arte a definição não é


considerada uma boa candidata a definir arte explicitamente.

Ao mesmo tempo, o trabalho objectiva também identificar problemas encarrados por


certos filósofos na tentativa de definir obra de arte.

Para a exequibilidade do trabalho ou alcance dos objectivos, buscar-se-á o auxílio de


alguns autores para a resolução da problemática da definição de arte.
5

1. Contextualização
Arte é a expressão de um ideal estético através de uma atividade criadora. É um tipo
de manifestação humana universal (existe em todas as culturas) que se comunica de forma
simbólica e criativa com a sociedade.

Uma obra de arte transmite ideias, sentimentos, crenças ou emoções. Essa


linguagem pode ter também finalidade transgressora, expondo ao mundo uma visão crítica,
de denúncia e nem sempre agradável da realidade.

Obra de arte pode ser definida como uma criação humana com objetivo simbólico,
belo ou de representação de um conceito determinado.

Exemplos de obras de arte

Como exemplos de obras de arte, podemos citar: esculturas, pinturas, poemas,


arquitetura, filme, música, artefacto decorativo, instalações artísticas, etc.

Principais características de uma obra de arte:

 Desperta algum tipo de sentimento e experiência sensorial no espectador;


 É marcada por informações estéticas ou conceituais;
 Pinturas, esculturas, colagens são realizadas manualmente;
 Apresenta características da época ou do movimento artístico do qual o artista faz
parte;
 As obras de arte muitas vezes têm um ponto focal que atrai a atenção do espectador e
pode ser reforçado por várias técnicas de composição;
 A disposição dos elementos dentro de uma obra de arte pode criar um ritmo ou
ênfase, guiando o olhar e a interpretação do espectador;
6

 A obra de arte depende de princípios estruturais que se combinam para dar voz à
expressão artística, como unidade, variedade, equilíbrio e ênfase.

1.1 Evolução do conceito de arte

Etimologicamente o termo “arte” está relacionado com a palavra latina “ars” que
significa habilidade ou ofício. O primeiro uso conhecido da palavra vem de manuscritos do
século XIII, no entanto, a palavra e suas muitas variantes provavelmente existiam desde a
fundação de Roma (27 a.C).

Atualmente, a palavra arte é usada para designar a atividade artística ou o produto da


atividade artística. Enquanto atividade, a arte é uma criação humana que busca aliar forma e
conteúdo para se comunicar a partir de um conjunto de técnicas.

Para o filósofo grego Aristóteles (384-322 a.C.), a arte imita a natureza (mímesis),
mas também, por vezes, a completa. Segundo Aristóteles, está na origem da actividade
artística a propensão natural do homem a imitar.

Para o filósofo alemão Immanuel Kant (1724-1804), a arte diferencia-se da


natureza por ser uma actividade racional e livre. Assim, uma teia de aranha, embora possa
parecer bela, não é uma obra de arte, já que se trata de uma tarefa mecânica e natural.

Para Kant, a arte também se diferencia da ciência. Para ele, para se produzir uma
obra de arte não basta ter conhecimento sobre um determinado assunto - é preciso ter
habilidade para fazer. Kant define a arte estética como aquela cuja finalidade imediata é o
sentimento do prazer, não apenas o prazer ligado às sensações, mas também o prazer da
reflexão.

A dificuldade de definir arte está na sua direta relação e dependência com a


conjuntura histórica e cultural que a fazem surgir. Isso acontece porque quando um estilo é
criado e estabilizado, ele quebra com os sistemas e códigos estabelecidos.

Para os povos primitivos, a arte, a religião e a ciência andavam juntas.


Originalmente, arte poderia ser entendida como o produto ou processo em que o
conhecimento é usado para realizar determinadas habilidades.

1.2 História da arte

A história da arte consiste em uma ciência que estuda os movimentos artísticos, as


modificações na valorização estética, as obras de arte e os artistas.
7

Esta análise é feita segundo a vertente social, política e religiosa da época que é
estudada. Várias outras ciências servem de auxílio para a história da arte, como a
numismática, paleografia, história, arqueologia, etc.

Através da história da arte é possível aprender um pouco sobre o ser humano ao


investigar a evolução das diversas expressões e manifestações artísticas.

1.2.1 Arte Pré-histórica (40000-3000 a.C.)

A arte pré-histórica surgiu há milhões de anos e se estende até o início da escrita.


Caracterizada pelo uso de materiais naturais e representações de animais, humanos e
símbolos abstratos, ela manifesta-se em pinturas rupestres, esculturas e construções
megalíticas.

Seu propósito ainda é debatido, sendo interpretado como comunicação, expressão


religiosa ou arte pura. Apesar do mistério, a arte pré-histórica revela a criatividade e
complexidade dos primeiros seres humanos.

A arte pré-histórica surgiu há milhões de anos e se estende até o início da escrita.

Caracterizada pelo uso de materiais naturais e representações de animais, humanos e


símbolos abstratos, ela manifesta-se em pinturas rupestres, esculturas e construções
megalíticas.

Seu propósito ainda é debatido, sendo interpretado como comunicação, expressão


religiosa ou arte pura. Apesar do mistério, a arte pré-histórica revela a criatividade e
complexidade dos primeiros seres humanos.
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1.2.2 Arte Antiga (3000-300 a.C.)

No Egito e na Mesopotâmia, as primeiras civilizações altamente organizadas


floresceram, e seus artistas e artesãos produziram obras complexas, marcando o surgimento
de uma especialização profissional.

A arte egípcia se destacou pela sua natureza religiosa e política, com ênfase na
arquitetura, pintura e escultura. Na escultura e pintura egípcias, é notável a representação
hierática e esquemática da figura humana, reflexo dos rígidos cânones simbólicos e
religiosos.

1.2.3 Arte Clássica (1000 a.C.-300 d.C.)

A Idade Moderna, iniciada no Renascimento, foi um período de profunda


transformação cultural na Europa. A ciência despontou como força rival à religião,
impulsionando novos saberes e cosmovisões. As descobertas geográficas expandiram o
horizonte europeu, enquanto a prensa de Gutenberg democratizou o acesso à informação e à
cultura.
9

1.2.4 Arte Medieval (300-1350)

A arte medieval, presente na Europa entre o século V e XV, era dominada pela fé
cristã. Obras repletas de simbolismo religioso e hierarquia serviam para transmitir
mensagens e valores cristãos, refletindo a estrutura hierárquica da sociedade feudal.

Cores vibrantes e figuras planas em duas dimensões caracterizam esse estilo. A arte
medieval foi fundamental para a difusão da fé e identidade cultural europeia.

1.2.5 Arte na Idade Moderna (1350-1850)

A Idade Moderna, iniciada no Renascimento, foi um período de profunda


transformação cultural na Europa. A ciência despontou como força rival à religião,
impulsionando novos saberes e cosmovisões. As descobertas geográficas expandiram o
horizonte europeu, enquanto a prensa de Gutenberg democratizou o acesso à informação e à
cultura.

Inspirado na arte greco-romana e na observação científica da natureza, o


Renascimento (séculos XIV-XVI) representou um "renascimento" da cultura clássica.
10

Nomes como Leonardo da Vinci, Michelangelo e Rafael se destacaram por sua maestria
técnica e pela busca pela perfeição formal.

1.2.6 Arte Contemporânea (1850-atualidade)

A sociedade contemporânea emergiu entre meados do século XIX e o início do XX,


com a queda do absolutismo e a ascensão da democracia. A Revolução Industrial remodelou
os modos de vida, dando impulso à luta de classes e a movimentos como o marxismo.

Na arte, esse período foi de grande efervescência cultural. O final do século XIX viu
surgir correntes como realismo, impressionismo, simbolismo e pós-impressionismo.

2. Interpretações filosóficas
A definição de arte tem sido debatida por séculos entre os filósofos. Trata-se da
questão mais básica presente no campo da Estética (ramo da filosofia que tem por objetivo o
estudo da natureza, da beleza e dos fundamentos da arte).

De maneira geral, a definição está centrada nas categorias: representação, expressão


e forma. Além destas, acrescentamos mais duas que correspondem a debates mais
contemporâneos.

Segundo o autor em epígrafe, existem três clássicas definições de arte que pretendem
satisfazer os critérios de definição acima citados. São igualmente as mais antigas:

 A arte definida como imitação (mimética);


 Expressão (expressionismo) e
 Forma (formalismo).

2.1 Arte como Representação (mimética ou mimesis)


11

Platão (428-347 a.C) foi o primeiro a desenvolver a ideia de arte como “mimese”,
que, em grego, significa cópia ou imitação.

É a partir desse filósofo que, durante séculos, tivemos a definição do conceito


artístico como a representação de algo tal qual nos é mostrado pela natureza.

Na Grécia Antiga, o teatro tinha um importante papel de educador da vida. As peças


encenadas refletiam sobre os acontecimentos, pessoas e lugares. Logo, a verossimilhança era
necessária.

É daí que entendemos a Arte como Representação.

Até aproximadamente o final do século XVIII, uma obra de arte era avaliada com
base na fidelidade com que reproduzia seu tema.

Esse tipo de definição (que ainda existe porém não de maneira hegemônica) leva as
pessoas a darem um grande valor a obras muito realistas, como as de Michelangelo, Peter
Paul Rubens, Velásquez, etc.

2.2 Arte como expressão

Com o surgimento do Romantismo (Século XVIII–XIX), a arte se voltou cada vez


mais para as esferas da emoção, sentimento e subjetividade.

O movimento surgiu como forma de reação ao Cientificismo e Iluminismo


predominante na Europa naquele momento. O centro dessa teoria está no filósofo R.G.
Collingwood. Para ele, antes do artista produzir a sua obra ele não sabe a emoção estética
que a obra produzirá no espectador e em si mesmo.

Na medida em que ele utiliza a sua imaginação para produzir a obra, ele consegue
reconhecer melhor a natureza de suas emoções, determiná-las e fazer a articulação com o
objeto.
12

2.3 O formalismo

Ela traz de volta a solidez que o impressionismo diluíra em luz, no entanto, a


forma é, sobretudo no movimento expressionista, agressiva, violenta, impactante,
enigmática. Há uma intenção de mesclar ideias metafísicas com imagens mitológicas.
Há um estímulo à experimentação.

Também a arte africana exerce uma forte influência nos artistas da época,
sobretudo na obra de Pablo Picasso. As esculturas tribais que fascinaram Picasso
traziam a primazia dos traços simples e eram facilmente adquiridas, como o eram as
gravuras japonesas, por um preço relativamente baixo em lojas de antiguidades.

3. Problema da definição de obras de arte


Um dos problemas clássicos em filosofia analítica da arte é estabelecer uma
definição do que seja arte. Verificando o Adler’s philosophical dictionary (1995), no verbete
arte, Adler começa a distinguir os vários usos da palavra arte. Devemos distinguir a arte
como uma habilidade ou saber fazer produtos (a chamada virtude intelectual prática) e as
obras de arte, o produto dessa habilidade. (Koslowski, 2013).

Uma segunda distinção a se fazer, é arte enquanto obra de arte útil e obra de arte
fina. As primeiras obras são dirigidas a um fim, enquanto as segundas são dirigidas somente
à apreciação, ao deleite e à experiência estética.

3.1 O problema: linguagem ou realidade?

Aparentemente, definir arte é dar resposta adequada a uma pergunta muito clara: o
que é arte? Todavia, nem a pergunta é clara nem há consenso sobre o tipo de definição
adequada.

A pergunta ‘o que é arte?’ começa por ser ambígua, pois tanto podemos estar
interessados em identificar as coisas que são arte, distinguindo-as das que não o são, como
podemos estar interessados em saber se a arte constitui – e o que faz dela – uma categoria
geral e unificada de coisas.

No primeiro caso, o que está em causa é a identificação da arte, ou seja, o critério –


ou critérios – que nos permite decidir a que objectos o termo ‘arte’ se aplica correctamente
ou, mais precisamente, apurar se um dado objecto faz parte da extensão do termo ‘arte’. Esta
é uma questão primariamente semântica.
13

No segundo caso, o que se procura é a própria compreensão da natureza da arte qua


arte, caso isso exista e a arte seja efectivamente uma categoria unificada de coisas. Esta é
uma questão primariamente metafísica.

4. Algumas definições tradicionais de arte


Segundo Koslowski (2013), tradicionalmente os filósofos analíticos da arte procuram
defini-la usando para isso certos critérios. Existem vários tipos de definições e critérios,
porém é comum os filósofos procurarem uma boa definição de arte utilizando os seguintes
critérios ou pelo menos vários deles: acuidade extensional, não valorativa, fenomenológica,
positiva, não ad hoc, dada em condições necessárias e suficientes (explícita), que seja dada
em termos de propriedades (intrínsecas) da obra de arte, clara e não circular.

As teorias da representação ou da imitação são as mais antigas. Filósofos como


Platão e Aristóteles foram referidos por modernos como Abbé Charles Batteux, no seu
tratado de 1746, The fine arts reduced to the same principle (CARROLL, 2006), como
defensores de versões desse tipo de teorias.

Mas, de facto, Platão e Aristóteles não procuraram definir a arte explicitamente,


pretendiam defini-la funcionalmente. Assim, para Aristóteles, a tragédia tinha como
finalidade educar as emoções, induzindo a catarse ou a clarificação da piedade e do medo.

De um modo simplificado, a teoria da imitação sustenta que a arte é feita pelo


homem, isto é, é um artefato e representa algo. Essa teoria dá conta de muitas obras de arte,
contudo outras representam algo mais, nem sempre real, por exemplo, deuses, demônios.
Uma forma de enfraquecer a exigência da definição é a teoria representacional.

Ela sustenta que a arte é algo feito pelo homem e precisa apenas simbolizar alguma
coisa. As obras de arte não precisam representar ou ser uma imitação, mas podem sê-lo
convencionalmente.

Uma forma bem maleável de teoria da imitação é a teoria neorrepresentacionista, a


saber, a arte é algo feito pelo homem e que possui um nome. Tal definição realmente é
poderosa. Seu problema é que ela nos oferece uma condição necessária, mas não suficiente,
visto que muita coisa que tem nome não é arte. Por exemplo, “garfo” é um artefato, a
maioria dos garfos não é arte (AIRES, 2000).
14

4.1 Supostas definições de arte na ótica de alguns autores

Segundo a definição de Arthur Danto a arte pode ser resumida de seguinte modo:

 Obras de arte diferem de coisas reais porque são representações.

 Isso implica que são sempre sobre alguma coisa, ou seja, têm significado, conteúdo
semântico.

 O significado é incorporado na parte material da obra, isto é, ele é combinado com


seu “modo de apresentação” material.

 Há sempre uma dimensão retórica, metafórica e estilística nas obras de arte, situadas
na relação entre o significado e seu modo de apresentação.

 Obras de arte exigem uma interpretação historicamente contextualizada, que é


constitutiva da sua identidade artística.

De acordo com o autor, essa definição oferece uma lista de condições necessárias e
suficientes para que algo seja considerado e reconhecido como arte.

Segundo Michel Dufrenne para que uma obra seja considerada obra de arte terá de
ser analisada segundo os seguintes pontos de vista:

 Material qualquer obra de arte é construída de um material próprio;

 Sensível o suporte físico para construir a obra de arte o artista determina para
comunicar oque pretende, para criar o efeito desejado.

 Representativo a obra de arte ganha dinamismo, comunica algo, adquir significado


para quem produz e para quem o recebe.

 Expressiva criação do artista, após estar realizada, ganha uma pluralidade de


significado de interpretações possíveis.

Segundo Amie Thomasson em sua filosofia da arte é:

 Condições necessárias de existência e identidade de uma obra de arte:

 Possuir algum registro ou suporte espaço temporal;

 Ser criado por estados mentais.


15

 Possuir uma autoria específica.

 Ser acessado através de seu registro ou suporte por alguma comunidade.

 Ser compreendido publicamente.

 “Toda arte é apenas uma imitação da natureza”, Sêneca.


 “A arte evoca o mistério sem o qual o mundo não existiria”, Rene Magritte.
 “A arte permite que nos encontremos e nos percamos ao mesmo tempo”, Thomas
Merton.
 “A arte é essencialmente a afirmação, a bênção e a divinização da existência”,
Nietzsche
 “Arte é a disposição humana de matéria sensível ou inteligível para um fim estético”,
James Joyce.
 “A arte é a fuga da personalidade”, T. S. Elliot.
 “A arte é uma experiência, não um objeto”, Robert Motherwell.
 “A arte não é um espelho erguido para a realidade, mas um martelo para moldá-lo”,
Vladimir Maiakóvski.
 “O propósito da arte é tirar a poeira da vida diária de nossas almas”, Picasso.
 “A arte é um esforço para fazer você andar meio centímetro acima do solo”, Yoko
Ono.
 “A arte é uma busca louca pelo individualismo”, Paul Gauguin
 “A arte é uma linha em torno de seus pensamentos”, Gustav Klimt
 “Arte não é o que você vê, mas o que você faz os outros verem”, Edgar Degas.
 A arte é a assinatura das civilizações, Jean Sibelius.
 “A arte é a descoberta e o desenvolvimento de princípios elementares da natureza em
belas formas adequadas ao uso humano”, Frank Lloyd Wright.

4.2 A proposta Wittgensteiniana de “definir” arte

As definições tradicionais de arte, como são as de imitação, expressão e a formalista,


pressupõem uma concepção essencialista dos conceitos. A saber, que um conceito
necessariamente possui certas propriedades e que podemos isolá-las em condições
necessárias e suficientes.

Em 1956, Morris Weitz publicou seu famoso artigo The role of theory in aesthetics,
que é um verdadeiro divisor de águas nas tentativas de definir o que é uma obra de arte.
16

Influenciado pela obra do II Wittgenstein, as Investigações filosóficas (1953), em que


Wittgenstein defende que nem todos os conceitos podem ser definidos explicitamente, como
o conceito de jogo, número e religião. Assim, Weitz defende que o conceito de arte é um
conceito aberto que corresponde ao que Wittgenstein define pelo conceito de semelhança de
família.

Portanto, para Wittgenstein, nós não podemos, apenas vendo, definir os membros de
uma família por uma característica que seja comum, mas apenas por semelhanças entre eles.
Certos conceitos não teriam uma natureza ou essência. Tentar definir arte buscando sua
natureza ou essência é, para Weitz, não entender a gramática do conceito de arte.

Existem vários problemas com essa tentativa de “definição”, além de não cumprir
com os critérios tradicionais. Mesmo aceitando que certos conceitos não têm essência, o
problema é que, se nossos conceitos são aglutinados a partir de semelhanças comuns, tudo a
princípio pode ser assemelhado com tudo, portanto, tudo é arte e, assim, deixa de ser claro
como essa estratégia poderá ser esclarecedora do que seja arte. A teoria necessita de outros
recursos. Uma maneira de ultrapassar esse problema é desenvolver as ideias de Wittgenstein
dentro da teoria prototípica.

Assim, coisas mais semelhantes estão conceitualmente mais próximas. Contudo, não
é nosso objetivo desenvolver essa possibilidade aqui. Mas, existem outros problemas para
serem resolvidos com essa proposta de Weitz (Cf. REICHER 2009, p. 188-9).

Vários filósofos concordaram com as objeções de Weitz quanto à impossibilidade de


não podermos definir a arte apelando para as propriedades essenciais ou intrínsecas das
obras de arte. Mas, seguiram as recomendações de Mandelbaum (1995) na procura de um
conjunto de propriedades necessárias e suficientes para definir arte, só que agora essas
propriedades seriam não essencialistas ou extrínsecas às próprias obras de arte.

4.3 Algumas teorias não tradicionais de definir arte

Uma das teorias mais populares da arte é a institucional. Ela foi sustentada em Art
and the aesthetic (1974) pelo filósofo americano George Dickie. Essa teoria foi influenciada
pelo filósofo Arthur Danto em seu artigo “The artworld” (1964). Como diz Warburton
(2007, p. 104): “Danto sugeriu que é a teoria que faz de algo uma obra de arte e não um
elemento visível desta: ‘Ver uma coisa como arte requer algo que o olhar não pode divisar –
uma atmosfera de teoria artística, um conhecimento da história da arte’”. Para a teoria
17

institucional de Dickie (1984, p. 92), em sua primeira versão, “Uma obra de arte no sentido
classificativo é 1) um artefato 2) tendo sido conferido a um conjunto dos seus aspectos o
estatuto de candidato à apreciação por uma ou várias pessoas que atuam em nome de uma
determinada instituição social (o mundo da arte)”.

A primeira condição de artefato deve ser entendida numa acepção ampla do que seja
um artefato. Por exemplo, um artista pode levar uma pedra para um museu para ser
contemplada, a pedra pode ser dita como um artefato nessa concepção e depois, jogada
novamente de onde foi tomada, deixa de ser arte.

A segunda condição se assemelha a um batismo, alguém do mundo da arte apresenta


o artefato como “candidato à apreciação”. Como num batismo, isso só faz sentido num
contexto de convenções que evoluíram ao longo da história e que são mutuamente aceitas.
Parece que temos aí uma definição que dá conta de artes realmente muito bizarras, como os
objetos ansiosos de Duchamp, a “Caixa de Brillo” (1964) de Andy Warhol e a
“Impossibilidade física da morte na mente dos vivos” (1989) de Damien Hisrt ou o
“Concerto para quatro helicópteros”. Mas será que essa definição dá conta de todos os
casos? Infelizmente, não.

Um contraexemplo à teoria institucional da arte pode ser dado pelo caso de Arthur
Bispo do Rosário, que nasceu em Japaratuba, Sergipe, em 1909 ou 1911 e faleceu em 1989.
É qualificado como um Duchamp made in Brazil. Bispo do Rosário foi diagnosticado com
sendo esquizofrênico e passou 50 anos de sua vida num hospital psiquiátrico.

Rosário se achava encarregado por Deus para fazer um inventário das coisas
existentes no mundo e então ele ia ao lixo e coletava vários tipos de objetos e fazia deles
listas. Rosário confeccionou um manto chamado de Manto da apresentação que usaria para
o juízo final. Esses objetos foram considerados arte (a chamada arte adventícia) e hoje
existe o Museu Bispo do Rosário, onde estão expostas as 802 obras de Rosário.

Nesse caso, não havia por parte do artista o desejo de que seus objetos fossem
contemplados como obras de arte, pois eram trabalhos para Deus. Ele se considerava um
funcionário divino.

Para Dickie, esses objetos de fato não seriam arte. Começaram a ser arte quando
alguém do mundo da arte assim os considerou. Mas muitos, não satisfeitos com essa
alegação, podem considerar que Bispo foi artista legítimo sem mesmo o saber ou querer.
18

4.4 A interpretação da arte na atualidade

A multiplicação das teorias estéticas já exige um distanciamento, no tempo, para as


análises e estudos dos problemas que se apresentam sendo que ao longo do século XX em
alguns movimentos de vanguarda, os próprios artistas se empenham em escrever e relatar os
processos de produção numa negação direta às interpretações estéticas que ainda se pautam
em critérios como harmonia, beleza e equilíbrio, outrora usados para interpretar as artes
clássicas. Na segunda metade do século XX e até os dias de hoje a arte, multifacetada,
avança da arte informal, experimental, para a arte conceitual e mais recentemente,
contextual, tecnológica. O elemento espaço temporal é agora sobreposto ao elemento
criador.

Atualmente é possível verificar duas tendências que não sendo análogas, são, no
entanto, complementares. Por um lado, têm surgido inúmeros conceitos alternativos de
beleza incluindo-se o de ausência desta. Nesse sentido, a beleza já não é mais um fim, como
o fora nos séculos anteriores, mas um meio de se atingir o sentido que o artista persegue para
sua obra.

Os novos esquemas conceituais, de caráter aberto e pluralista, priorizam a


diversidade como qualidade estética em seu contexto de apreensão exigindo assim uma
redefinição de conceitos anteriormente tidos como referenciais na estética tradicional. Por
outro lado, a experiência estética tende a ser reduzida à experiência do prazer imediato. O
belo ou tudo próximo a ele que suscite sentimentos hedonistas, é valorado a partir de
critérios de intensidade e persistência.

4.5 Pontos reflexivo a considerar a cerca do problema da definição da arte

Se, contudo, se pretende que a discussão estética se baseie meramente na razão, os


inúmeros elementos advindos de uma análise estética desde o seu surgimento são cada vez
mais diversos e dificilmente se encontrará uma unidade da estética.

Desse modo, permeadas por questões sociopolíticas, por conceitos ideológicos, por
interesses econômicos, conciliando desencantos e utopias, gostos individuais e coletivos, a
arte e a estética seguem seu caminho na busca cada qual de sua autonomia. (Jimenez, 1999).
19

Conclusão
Finda a pesquisa, a pergunta “O que é Arte?” não é simples de ser respondida.
Conforme viu-se na matéria, seu significado foi se transformando ao longo dos séculos. O
principal problema na definição do que é arte é que este conceito varia de acordo com as
transformações históricas.

Constatou-se ainda que o que determinado grupo classifica como arte não
necessariamente servirá para outro. Inclusive, até no mesmo período e numa mesma cultura
podem haver múltiplas acepções do que ela seja. Ainda que uma dada atividade seja
considerada arte de modo geral, há muita inconsistência e subjetividade na aplicação do
termo.

Mesmo que se possa, em tese, estabelecer tais parâmetros gerais válidos


consensualmente, a análise de cada caso pode ser extraordinariamente complexa e
inconsistente.

Entretanto, ao estabelecerem suas respectivas definições, os teóricos entram em um


inevitável conflito quando defendem como únicas e verdadeiras algumas propriedades
necessárias e condições suficientes em detrimento das demais que se encontram presentes
nas definições adversárias.
20

Bibliografia
Adler, M.J. (1995). Adler’s philosophical dictionary. New York: Scribner.

Aires, A. (2000). O que é arte? Três teorias sobre um problema central da estética. In
Crítica na rede.

Almeida, A. (2014). Definição de arte. Edição de 2014. Centro de Filosofia da Universidade


de Lisboa Alameda da Universidade, Campo Grande, 1600-214 Lisboa.

Costa, F. (2012). Teorias da arte. In Crítica na rede. Disponível em:


http://criticanarede.com/est_tarte.html. Acesso ao 18 de Abril de 2024.

Lacoste, J. (1986). A Filosofia da Arte. Tradução: Álvaro Cabral. Rio de Janeiro: Jorge
Zahar Ed.

Townsend, D. (1997). Introdução à estética: história, correntes, teorias. Lisboa: Edições 70.

Warburton, N. (2007). O que é a arte? 1ª edição. Lisboa: Bizâncio.

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