ATerapiaDoAfeto - Volume Escrito - Sousa - 2019
ATerapiaDoAfeto - Volume Escrito - Sousa - 2019
ATerapiaDoAfeto - Volume Escrito - Sousa - 2019
A TERAPIA DO AFETO
Uma proposta de anteprojeto para centro de reabilitação infantil
Natal, RN
2019
1
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Sistema de Bibliotecas - SISBI
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial Prof. Dr. Marcelo Bezerra de Melo Tinôco - DARQ - -CT
A TERAPIA DO AFETO
Uma proposta de anteprojeto para centro de reabilitação infantil
Junho de 2019
Banca Examinadora
__________________________________________________________________________
Orientadora
__________________________________________________________________________
Co-orientadora
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
2
RESUMO
O estado de calamidade pública na saúde do Estado do Rio Grande do
Norte, incluindo a escassez de equipamentos de saúde voltados à reabilitação
infantil, evidencia a necessidade de propostas que dê alternativas para este
quadro. A Terapia Assistida por Animais (TAA) aparece como um tratamento
considerado menos custoso e de grande eficácia para o público infantil,
principalmente para crianças com transtorno do espectro autista (TEA) e
crianças com síndrome de Down. Este tipo de terapia tem, ainda, grande
potencial de absorção no mercado devido ao crescente aumento de ênfase e
faturamento da indústria voltada aos animais de estimação. Um projeto de
centro de TAA para o público infantil contribui com uma abordagem
arquitetônica que trabalhe a vivência humana e animal em um espaço
considerando ambos como usuários, tornando-se, assim, um desafio, visto a
pouca quantidade de estudos de referência na área. Como um diferencial de
projeto o espaço precisará ser pensado não só para humanos como também
para o bem-estar animal, o que envolveria abordar áreas da psicologia
aplicada à arquitetura, bem como conhecimentos da área de conforto
ambiental e arquitetura hospitalar de reabilitação e acessibilidade. Por esse
motivo, o trabalho tem como objetivos conhecer as especificidades deste
equipamento de saúde que permite a interação humano-animal; empregar
estratégias do âmbito da Psicologia Ambiental que propiciem a qualidade do
espaço de interação entre humanos e animais; adotar estratégias do âmbito
do Conforto Ambiental que propiciem a qualidade de vivência do espaço de
interação entre humanos e animais bem como uma relação não conflituosa
com seu entorno e, por fim, elaborar um projeto de um centro de reabilitação
para Terapia Assistida utilizando as estratégias resultantes das análises de
psicologia ambiental e conforto ambiental.
3
ABSTRACT
The calamity on public health of the Rio Grande do Norte state,
including a shortage of health equipment aimed to children's rehabilitation,
shows the need to present alternatives to this situation. Animal Assisted
Therapy (AAT) emerges as a low-cost treatment with great efficiency with
children, especially for children with Autism Spectrum Disorder (ASD) and
children with Down Syndrome. This type of therapy also has great potential
for market absorption due to its increasing relevance in the pet industry. A
AAT children’s center project may have an architectural approach that drive
humans’ and animals’ experience in a space considering both users, therefore
becoming a challenge due to the small amount of reference studies in the
area. As a distinct study project, the design has to consider not only human
but also animal welfare, which addressed areas of psychology applied to
architecture, as well as knowledge about the area of environmental health
and the architecture of rehabilitation and accessibility. For this reason, this
work aims to know the specificities of this health equipment that allows
human-animal interaction; acquire strategies of environmental psychology
that enhance the quality of the interaction space between humans and
animals; to adopt environmental comfort strategies and promote quality of
space and interaction between humans and animals, as well as not conflicting
with its surroundings and; finally, to elaborate a project of a rehabilitation
center for assisted therapy using the strategies resulting from analyzes of
environmental psychology and environmental comfort.
4
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiro aos meus pais, por terem me dado todos os
recursos necessários e vitais para minha formação, incluindo sua presença,
seu amor e seu apoio. Sem eles absolutamente nada seria possível e graças a
eles tive privilégios que espero ter honrado e sobre os quais serei
eternamente grata. Aos meus irmãos, Alisson e Alesi, que me deram todo o
apoio que precisei durante o curso.
A UFRN, que me proporcionou a estrutura do conhecimento e o
contato com mestres cujos ensinamentos levarei para a vida, em especial às
minhas orientadoras Luciana de Medeiros e Bianca de Araújo.
A Jo, Anitta e Peter, que não sabem o quão transformadoras foram suas
presenças na minha vida.
A João Felipe, por ser meu sinônimo de afeto, incentivo e amor.
A Maria, porque hoje cada segundo vivido ao seu lado, que muitas vezes
precisaram ser divididos com a arquitetura, se tornaram lembranças
preciosas.
Aos meus amigos Marcela e Clodoaldo, por tornarem cada dia um
aprendizado, por me segurarem na mão e me mostrarem os caminhos mais
incríveis das ciladas arquitetônicas. À Cris Matsunaga, por ser minha irmã de
alma e coração, e por ter enriquecido meu crescimento, meus aprendizados
e minhas vivências arquitetônicas longe de casa. Às minhas amigas Andressa
e Ariel, por criarem junto comigo as perspectivas mais apaixonantes de
futuro que alguém poderia desejar. A Clidenor, Nathália, Priscilla Bessa e
Priscilla Magna, por juntos formarem o círculo de afeto que sempre sonhei
na faculdade.
A Tianisa, pelos insights, pela simbiose de mentes, por procurar junto
comigo como fechar pontas.
A Anne Magaly, a extensão da minha mente, por me enxergar por
completo e ainda assim acreditar fervorosamente em mim e neste trabalho,
pelos sorrisos, abraços e energia incrível.
A todos que contribuíram para o primeiro passo na profissão dos
meus sonhos, obrigada.
5
LISTA DE SIGLAS
A.A.A. - Atividade Assistida por Animais
A.N.V.I.S.A. - Agência Nacional de Vigilância Sanitária
A.S.P.E.C.T.S.S - Acoustics SPatial sequencing, Escape Space,
Compartmentalization, Transition zones, Sensory Zoning, Safety.
C.E.R. – Centro Especializado em Reabilitação
C.R.I. – Centro de Reabilitação Infantil
E.A.A. – Educação Assistida por Animais
E.S.A.A.T. - European Society for Animal Assisted Therapy
O.M.S. – Organização Mundial da Saúde
O.N.G. – Organização Não Governamental
S.O.M.A.S.U.S. – Sistema de Apoio à Elaboração de Projetos de Investimentos
em Saúde
T.A.A. - Terapia Assistida por Animais
U.n.P – Universidade Potiguar
6
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Atendimeno de Terapia Assistida por Animais ........................ 27
Figura 2. Zoneamento sensorial proposto por Mostafa para uma escola
desenvolvida especialmente para crianças do espectro autista ..................... 35
Figura 3. Atividades chave do design thinking ......................................... 38
Figura 4. Gráfico de processo de projeto de Lawson .............................. 41
Figura 5. Gráfico de etapas ........................................................................... 45
Figura 6. Material gráfico desenvolvido para distribuição pós
entrevistas. ................................................................................................................... 46
Figura 7. Logo do grupo de TAA da UnP .................................................... 47
Figura 8. Questionário desenvolvido e distribuído em primeira
entrevista...................................................................................................................... 48
Figura 9. Grupo de TAA da UnP .................................................................. 50
Figura 10. Área exclusiva para felinos ......................................................... 51
Figura 11. Planta esquemática de programa da clínica Harmony Vet . 52
Figura 12. Planta de subsolo ......................................................................... 53
Figura 13. Área de internação ....................................................................... 54
Figura 14. Entrada do centro de cuidados Pet LoverS2. Em frente a
placa, Love, o cão terapeuta do centro. ................................................................ 56
Figura 15. À esquerda, área de banho e tosa. À direita, área de pet shop
........................................................................................................................................ 57
Figura 16. Lago utilizado para experiências de enriquecimento
ambiental ...................................................................................................................... 57
Figura 17. À esquerda: área de socialização e recreação. À direita:
espaço transformado, através de instrumentos, em área de treinamento. .. 57
Figura 18. Planta baixa esquemática do centro de cuidados Pet LoverS2
........................................................................................................................................ 58
Figura 19. Espaço destinado a Day Care, com destaque a estratégias de
enriquecimento ambiental (terra para cavar, piscina utilizada de modos
alternados para imprevisibilidade do uso) ............................................................. 61
Figura 20. Planta de levantamento das áreas sobre uso e programa da
acomodação My Best Nanny .................................................................................... 62
7
Figura 21. Mapa figura fundo da localização de inserção do projeto, e
visualização de Berea Park. ...................................................................................... 65
Figura 22. Programa de projeto ................................................................... 66
Figura 23. Esquema de membrana envolvendo espaços de convivência
........................................................................................................................................ 67
Figura 24. Diagrama de partido ................................................................... 67
Figura 25. Inserção de volume no contexto e aspecto de volumetria
final ................................................................................................................................ 68
Figura 26. Secção de elemento vertical ..................................................... 68
Figura 27. Representação de espaço de interação humano-animal.... 69
Figura 28. Representação de espaço de interação humano-animal ... 69
Figura 29. Sistema de evaporação............................................................... 70
Figura 30. Ficha do projeto............................................................................ 71
Figura 31. Relação com o terreno e o entorno .......................................... 71
Figura 32. Detalhes da estrutura ................................................................. 72
Figura 33. Sombreamento e entrada de luz natural no espaço interno
(abertura zenital) ........................................................................................................ 73
Figura 34. Planta baixa da edificação ......................................................... 74
Figura 35. Pátio interno que interliga os blocos ...................................... 74
Figura 36. Corte e elevação da edificação (volume do aviário) ............ 74
Figura 37. Ficha do projeto ........................................................................... 75
Figura 38. Acesso a edificação e fachada frontal ..................................... 76
Figura 39. Forma de acordo com o fluxo desejado ................................. 76
Figura 40. Relação da circulação externa com o interior das salas ..... 77
Figura 41. Planta baixa da edificação .......................................................... 78
Figura 42. Esquema de interação das crianças com o espaço
dinamizado para as brincadeiras no interior da edificação .............................. 79
Figura 43. Mapa de localização do CRI (à esq.) e fachada reformad (à
direita) ........................................................................................................................... 80
Figura 44. Circulações sombreadas por vegetação e áreas verdes ...... 81
Figura 45. Planta de zoneamento de setores produzido por Valverde
(2014) ............................................................................................................................. 82
8
Figura 46. Áreas de reabilitação com mobiliário lúdico de apoio ........ 83
Figura 47. Diagrama de contexto ................................................................ 84
Figura 48. Ambientes internos da edificação. a) dormitórios e b) sala de
aula................................................................................................................................. 84
Figura 49. Foto de fachadas ressaltando a materialidade e o contexto
do projeto ..................................................................................................................... 85
Figura 50. Sistema estrutural em grid ....................................................... 86
Figura 51. Detalhes estruturais .................................................................... 86
Figura 52. Ilustração da leveza do sistema construtivo (a) e aspectos de
materialidade (b) ......................................................................................................... 87
Figura 53. Localização da área de intervenção ......................................... 91
Figura 54. Localização do terreno............................................................... 92
Figura 55. Vegetação de grande porte e dimensão de sombreamento
no terreno .................................................................................................................... 93
Figura 56. Definições de recuos pelo código de obras........................... 93
Figura 57. Tabela de classificação da RDC50 ............................................ 95
Figura 58. Tabela de programação de espaços de reabilitação ............ 95
Figura 59. Continuação da tabela para espaços de reabilitação .......... 96
Figura 60. Caracterização da zona bioclimática 08 ................................ 97
Figura 61. Carta Psicrométrica da cidade de Natal, Rio Grande do Norte
........................................................................................................................................ 98
Figura 62. Rosa dos Ventos de Natal, indicando direção dos ventos
predominantes anual ................................................................................................. 99
Figura 63. Mapa de pontos de medição ................................................... 100
Figura 64. Influência da materialidade da rua Milião Chaves .............. 101
Figura 65. Materiais presentes no ponto 3, localizado na Raimundo
Chaves .......................................................................................................................... 101
Figura 66. a) Ponto de medição 1 b) Ponto de medição 2 c) Ponto central
do terreno d) ponto 3, localizado na Raimundo Chaves .................................. 103
Figura 67. Condições de sombreamento na estação da primavera ... 104
Figura 68. Condições de sombreamento no Inverno ........................... 104
Figura 69. Condições de sombreamento no verão ............................... 105
9
Figura 70. Ilustração de sombra de vento causada por edificações do
entorno ....................................................................................................................... 106
Figura 71. Influência do entorno para as condições de ventilação de
ventos predominantes sudeste, enfatizando sombra de vento gerada por
edificação de alto gabarito ..................................................................................... 106
Figura 72. Avaliação de condições de ventos predominantes de sudeste
em alturas mais elevadas, ocorrendo o alívio das sombras de vento presentes
a nível de solo. ........................................................................................................... 106
Figura 73. Mapa Sonoro Diurno na Região Administrativa Sul ........... 108
Figura 74. Mapa Sonoro Diurno na Região Administrativa Sul com
ênfase em área de terreno escolhido em Candelária ....................................... 108
Figura 75. Tabela de nível de critério de avaliação NCA para ambientes
externos, em dB ......................................................................................................... 110
Figura 76. Passeio criado pelo contorno da praça na rua Militão Chaves
........................................................................................................................................ 111
Figura 77. Visuais da Rua Raimundo Chaves, com destaque para
identificação do estádio Arena das Dunas ........................................................... 112
Figura 78. Fluxograma e zoneamento desenvolvidos a partir dos
estudos de Mostafa e de informações adquiridas em entrevistas ................. 119
Figura 79. Divisão de áreas por níveis (pavimentos) desenvolvidos a
partir dos estudos de Mostafa e de informações adquiridas em entrevistas.
...................................................................................................................................... 120
Figura 80. Imagem de zoneamento por níveis de estímulo ................. 121
Figura 81. Imagens chave para desenvolvimento do conceito, com
ênfase em cores, textura e atmosfera. .................................................................123
Figura 82. Monasterio Panaghia Hozoviotissa, ilha de Amorgos, Grécia,
exemplo de arquitetura simbiótica ....................................................................... 124
Figura 83. Painel de imagens compiladas através do site pinterest para
criação de moodboard ............................................................................................. 124
Figura 84. Rebatimento do conceito em propostas de mobiliários .... 125
Figura 85. Maquete física de projeto inserido na topografia ...............126
10
Figura 86. Esquema de diretrizes de concepção de circulações
desenvolvidas através do conceito ........................................................................ 127
Figura 87. Esquema de diretrizes de concepção de espaços
desenvolvidas através do conceito ........................................................................ 127
Figura 88. .........................................................................................................128
Figura 89. Ilustração dos dois eixos de direcionamento dos volumes da
edificação e a indicação de seus espaços positivos resultantes .....................129
Figura 90. Imagens ilustrativas de sistema porticado de madeira .... 130
Figura 91. Estudos de desenho para jardins............................................. 131
Figura 92. Primeira planta baixa .................................................................132
Figura 93. Proposta 1 .....................................................................................133
Figura 94. Exemplo de forro acústico para dinamização de alturas ..134
Figura 95. Avaliação de ventilação da proposta 1 em superfícies
considerando os ventos predominantes sudeste ..............................................135
Figura 96. Avaliação de ventilação da proposta 1 em superfícies
considerando os ventos predominantes sudeste ..............................................135
Figura 97. Mapa de fontes de ruído. a) influência na edificação de fontes
de ruído externas b) influência da edificação no entorno .............................. 136
Figura 98. Perspectivas da proposta 02 .................................................... 141
Figura 99. Planta de subsolo e zoneamento de proposta 2 .................. 142
Figura 100. Planta baixa e zoneamento de proposta 2 .......................... 142
Figura 108. Representação de proposta de jardim ................................. 147
Figura 101. Zoneamento de planta baixa da proposta final por usos .149
Figura 102. Zoneamento por níveis de estímulo obedecendo os
princípios de ASPECTSS ......................................................................................... 150
Figura 103. Esquema e carta solar de elemento de sombreamento na
abertura de sala de espera ...................................................................................... 154
Figura 104. Esquema de insolação de janela da área de café sem
elementos de sombreamento ................................................................................. 155
Figura 105. Efeito de sombreamento de brises em abertura do café. 155
Figura 106. Esquema de especificação de materiais para isolamento
acústico........................................................................................................................ 157
11
Figura 107. Esquema de materiais para isolamento acústico............... 157
Figura 109. Perspectivas da proposta final...............................................164
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Quadro comparativo de referencial direto e indireto ........... 88
Tabela 2. Nível de conforto por frequência e usos dos ambiente ..... 109
Tabela 3. Tabela de pontos de medição de ruído ................................... 110
Tabela 4. Programa de necessidades e pré-dimensionamento .......... 116
Tabela 5. Tabela de isolamento bruto dos ruídos internos para a
vizinhança ...................................................................................................................138
Tabela 6. Tabela de isolamento bruto dos ruídos externos para os
ambientes internos.....................................................................................................138
Tabela 7. Cáclulo de reservatório de água por demanda de público . 151
Tabela 8. Pré dimensionamento de estruturas em Madeira Laminada
Colada (ou microlaminada) ..................................................................................... 152
Tabela 9. Valores de Perda de Transmissão sonora e níveis de ruído
interno obtido ........................................................................................................... 156
Tabela 10. Valores de Perda de Transmissão sonora e níveis de ruído
interno obtido ............................................................................................................158
12
SUMÁRIO
1. APRESENTAÇÃO ...............................................................................................................15
2. REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................................................ 23
2.1.1 Terapia assistida e seus benefícios: o bem-estar humano e o bem-estar
animal 24
1. ALIMENTAR: ............................................................................................................................. 28
2. SENSORIAL: ............................................................................................................................. 28
3. FÍSICO:..................................................................................................................................... 29
4. COGNITIVO: ............................................................................................................................ 29
5. SOCIAL:.................................................................................................................................... 29
2.1.2 O espaço terapêutico: suas demandas e a influência da psicologia
ambiental 29
2.1.3 Design thinking e as discussões de Lawson 37
3. REFERENCIAL EMPÍRICO .............................................................................................. 42
3.1 ESTUDOS DE REFERÊNCIA DIRETOS .................................................................................. 44
3.1.1 Grupo de Terapia Assistida: UNP 47
3.1.2 Harmony Vet 51
3.1.3 Pet LoverS2 55
3.1.4 My Best Nanny 60
3.2 ESTUDOS DE REFERÊNCIA INDIRETOS ............................................................................... 64
3.2.1 Estudo 1: Tangible Space: Centre for Animal Assisted Therapy:
Referência Programática 65
3.2.2 Estudo 2: Kres Oehr Petting Zoo (Espaço de interação humano-animal
e ambiente restaurador) 70
3.2.3 Estudo 3: Early Education Center Near the Horse Farm - L&M Design
Lab (Espaços para crianças) 75
3.2.4 Estudo 4: Centro de Reabilitação Infantil/ Centro Especializado em
Reabilitação (CRI/CER) 80
3.2.5 Estudo 5: Moradias infantis – Rosenbaum (Adequação ao clima,
estrutura e materialidade) 84
3.3 QUADRO COMPARATIVO.................................................................................................... 88
4. ÁREA DE INTERVENÇÃO ............................................................................................... 90
4.1 ESCOLHA DO TERRENO ..................................................................................................... 91
4.2 CONDICIONANTES LEGAIS ................................................................................................ 93
4.3 CONDICIONANTES AMBIENTAIS ........................................................................................ 97
13
4.3.1 Aspectos de conforto térmico 100
4.3.2 Aspectos de conforto acústico 107
4.3.3 Aspectos de paisagem 111
4.4 ANÁLISE SÍNTESE .......................................................... ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.
5. PROCESSO PROJETUAL ................................................................................................ 114
5.1 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA E PROGRAMA DE NECESSIDADES ........................................... 115
5.2 IDEAÇÃO: CONCEITO E PARTIDO ARQUITETÔNICO ......................................................... 122
5.3 INSPIRAÇÃO E IMPLEMENTAÇÃO: DA EVOLUÇÃO DA IDEIA AO ESTUDO PRELIMINAR ...... 127
6. PROPOSTA ARQUITETÔNICA FINAL......................................................................... 144
6.1 ASPECTOS GERAIS ........................................................................................................... 145
6.1.1 Aspectos formais 146
6.1.2 Aspectos funcionais 147
6.2 MATERIAIS E SISTEMAS CONSTRUTIVOS ......................................................................... 152
6.2.1 Estrutura, envoltória e acabamento 152
6.3 CONFORTO AMBIENTAL................................................................................................... 153
6.3.1 Térmico 153
6.3.2 Acústico 156
6.3.3 PERSPECTIVAS 159
7. CONCLUSÕES ................................................................................................................ 166
8. REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 168
Bibliografia 168
Normativos 170
Acervo eletrônico 171
Softwares 173
9. APÊNDICES ...................................................................................................................... 173
Apêndice A – Material de apresentação distribuído pós entrevista 174
APÊDICE B – MATERIAL GUIA PARA ENTREVISTAS 175
APÊDICE C – MATERIAL EXPLICATIVO SOBRE PROJETO 176
14
1
Apresentação
O governo do Rio Grande do Norte revogou pela segunda vez em
agosto do ano de 2018 o estado de calamidade pública na saúde, quando, em
dezembro de 2017, já se havia prorrogado por mais seis meses. A situação
encontra-se há dois anos estabilizada em calamidade, com problemas de
infraestrutura, pagamento de funcionários e disponibilidade de pessoal,
segundo reportagens lançadas pela Tribuna do Norte (2016; 2017; 2018). Os
problemas resultantes deste quadro se agravam quando as camadas mais
sensíveis da população, como crianças em condições crônicas físicas e
psicossomáticas, dependem desse tipo de infraestrutura. Segundo material
de planejamento da saúde estadual (PES, 2016), 25% da população do Estado
está em idade escolar, que compreende crianças de 4 a 14 anos, e, no entanto,
contrastando com esta demanda, há apenas dois equipamentos públicos na
área de reabilitação infantil no Estado: a Associação Beneficente N. Sra. da
Conceição, em Pau dos Ferros/RN, e o antigo Centro de Reabilitação Infantil
(CRI), hoje Centro Especializado em Reabilitação (CER III), a única unidade de
reabilitação em Natal/RN. Este último vem passando por reformas no ano de
2018 e ainda assim não atende a grande demanda, ocorrendo longas filas de
espera e falta de capacidade de atendimento de pacientes que se deslocam
de vários municípios e do interior do Estado, como relatado em reportagem
do portal G1 Rio Grande do Norte (2018). Há a necessidade de mais um
equipamento na área, bem como de atendimentos de menor custo que
mantenham a humanização do serviço para atender as especificidades do
público infantil da cidade e do Estado.
Neste contexto, atendimentos alternativos como a Terapia Assistida
por Animais (TAA), um tratamento para pessoas com distúrbios e/ou
condições crônicas ou agudas, psicológicas ou físicas, utilizando o auxílio de
animais como cães, gatos, equinos, coelhos e porquinhos da índia, começam
a se tornar uma opção. Na TAA o animal serve de agente auxiliador do
trabalho de profissionais da saúde, sejam eles enfermeiros, psiquiatras,
psicólogos, fonoaudiólogos ou fisioterapeutas. Este tipo de terapia, ainda que
se tratando de uma abordagem relativamente nova, teve sua eficácia
comprovada em diferentes aplicações clínicas, como tratamentos em
16
pacientes com Alzheimer (MOSSELLO, E. et al, 2011) e Autismo (O’HAIRE, M.
E. et al, 2014), na reabilitação física e no auxílio psicológico de público
principalmente idoso e infantil (FERREIRA, A. O. et al., 2016; BRENNER, M. B.
et al., 2016; ICHITANI, T., 2016). A Terapia Assistida tem possibilidade de
aplicação em todas as idades e gêneros, além de não causar danos ao animal
terapeuta (YAMAMOTO, K. C. M. et al., 2012), sendo vantajosa, portanto, pelo
seu caráter universal.
Esse tipo de terapia tem grande potencial de absorção no mercado,
uma vez que o ramo pet é um dos que mais cresce no Brasil, sendo este o
terceiro mercado pet do mundo (ABINPET, 2018). Este setor se mantém
promissor mesmo em tempos de crise econômica: em 2014 a indústria
voltada aos animais de estimação faturou 16,7 bilhões de reais no Brasil,
segundo a Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de
Estimação (ABINPET, 2018). Um reflexo deste quadro consiste na maior
quantidade de cães no Brasil do que crianças: em 2015 os números eram de
52,2 milhões de cães e 22 milhões de gatos de estimação levantados pelo
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2015), para 44,9 milhões
de crianças segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD,
2013). Além disso, movimentos pela causa animal e referente ao mercado pet
cresce com os eventos de ocupação dos espaços públicos partilhados com
animais de estimação. Em Natal, as primeiras “Cãominhadas” – passeatas de
donos e seus animais de estimação organizadas por iniciativa de ONGs como
a ONG Animais (hoje ONG Amigos dos Animais) e ONG Patamada - ocorreram
em 2008.
Estes eventos seguiram reivindicando políticas públicas de prevenção
e tratamento de doenças para animais de estimação, pedidos de unidades
móveis de castração animal (Sandro Pimentel, 2017) e protestos como a
manifestação contra o projeto de lei 4548/98 que tramitava no congresso
nacional em 2009, que ao modificar termos da lei de proteção animal
9605/98 poderia descriminalizar maus tratos a animais domésticos (Correio
Braziliense, 2009). Hoje os eventos organizados compreendem blocos de
17
carnaval pet friendly1 (Bloco Pulo do Gato, em Parnamirim/RN), eventos de
adoção, “Encãotros” mensais com feiras de produtos pet, além dos diversos
espaços comerciais que abrem portas para donos acompanhados de seus
bichinhos de estimação, em sua maioria cães, como o café Bocaditos e o Natal
Shopping, localizados nas regiões Sul e Leste de Natal/RN, respectivamente.
Aliado aos benefícios da interação humano/animal, como a diminuição
da pressão arterial e ansiedade, maior sociabilização dos pacientes e
aumento da sensação de bem-estar, a necessidade de um novo equipamento
voltado a reabilitação de crianças para desafogar a demanda do Estado torna,
portanto, conveniente a proposta deste trabalho para um centro de
reabilitação infantil utilizando terapia assistida. Para este trabalho, o
equipamento seria de atendimento privado, uma vez que o sistema de saúde
pública ainda não absorveu terapias alternativas como a TAA, mas a proposta
de equipamento pode manter ações filantrópicas de atendimento público
periodicamente, bem como parceria com ONGs para possíveis atendimentos
de daycare2 aos cães a espera de adoção, proporcionando retorno social
através da arquitetura. Para manter a rentabilidade do local proposto,
serviços de treinamento de animais domésticos, avaliação e
condicionamento comportamental, áreas de interação humano-animal para
visitantes e daycare periódico de cães seriam oferecidos a um público
pagante.
Como um diferencial de projeto o espaço precisará ser pensado não só
para humanos como também para o bem-estar animal, o que envolveria
abordar áreas da psicologia aplicada à arquitetura, bem como conhecimentos
1
Segundo o Dicionário de Cambridge, o termo pet friendly se refere a lugares que são
adequados para animais de estimação ou que permitem a sua permanência. (disponível em:
<https://dictionary.cambridge.org/pt/dicionario/ingles/pet-friendly>. Acessado em: 20
abril 2019)
2
Segundo o Dicionário de Cambridge, o termo day care se refere a um atendimento
de saúde ou de educação que ocorra pelo período diurno, mais comumente oferecido para
crianças. Para o contexto deste trabalho, o serviço de day care se refere ao atendimento
recreativo e educativo para cães.
18
da área de conforto ambiental e arquitetura hospitalar de reabilitação e
acessibilidade.
Devido ao contexto abordado, soluções que envolvam o quadro de
saúde pública do Estado tornam-se ainda mais relevantes, e, por isso,
tratamentos alternativos que envolvam a interação humano-animal na área
da saúde são cada vez mais possíveis e permitidos. Para a população de Natal,
um Centro de Terapia Assistida traria um novo equipamento de saúde e uma
nova abordagem mais humanizada de tratamentos. Para o poder público, uma
possível redução de despesas e um alívio para as unidades de reabilitação.
Em atenção à capacidade do espaço arquitetônico de influenciar
aspectos psicológicos do indivíduo, a aplicação prática da abordagem da
psicologia ambiental a nível arquitetônico faz-se necessária para trazer
caráter humanizado ao centro. Os estudos na área da Biofilia e Espaços
restauradores (KAPLAN, 1989) trazem possibilidades para esse projeto
considerando usuários que já possuam um quadro de maior sensibilidade a
esses estímulos, como crianças em reabilitação física e crianças com quadros
de Síndrome de Down e Autismo, gerando efeitos de relaxamento através de
elementos naturais no projeto, seja através de materiais naturais, paisagens,
vegetação ou a presença do animal terapeuta. Da mesma forma e conectada
à influência do espaço no usuário, a aplicação em projeto e o estudo do
conforto ambiental tanto térmico quanto acústico se mostra relevante, além
de grande ênfase em questões sanitárias e exigências de órgãos reguladores
como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), uma vez que será
um espaço não só de uso periódicos de pacientes como de manuseio de
animais. Por questões de exigências urbanas o campo acústico do conforto
ambiental terá mais destaque, principalmente considerando o entorno do
local de projeto com maior uso residencial, além dos cuidados em relação ao
bem-estar dos animais.
O projeto contribui, ainda, para uma abordagem arquitetônica que
trabalhe a vivência humano-animal em um espaço considerando ambos como
usuários, tornando-se assim um desafio, devido à pouca quantidade de
estudos de referência na área, contribuindo também para futuros projetos de
19
uso específico para a terapia assistida. Desta forma o presente trabalho tem
como objetivo geral elaborar um anteprojeto de um centro voltado ao
20
Para adotar estratégias do âmbito do Conforto Ambiental que
humanos e animais bem como uma relação não conflituosa com seu
21
Lawson (2006). A segunda parte do trabalho consiste na exposição do
referencial empírico, incluindo os estudos de referência diretos e indiretos.
Em seguida, a terceira parte conta com as características da área de
intervenção e os seus condicionantes projetuais, cujas informações obtidas
constroem a base do processo projetual, no qual foram explicitados a
definição do problema, conceito, partido arquitetônico e a evolução da ideia
até o estudo preliminar. Por fim, a última parte deste trabalho reúne os
produtos relacionados à proposta arquitetônica, como os aspectos gerais,
formais, funcionais, de materiais, sistemas construtivos e análises de
conforto ambiental.
22
Referencial Teórico
2
Neste capítulo encontra-se o levantamento dos autores e conceitos para o
embasamento de possíveis soluções às problemáticas levantadas. Esse levan-
tamento ajudou a abordar o tema, direcionando como desenvolver o projeto,
através de artigos acadêmicos, livros, revistas técnicas e outras fontes.
2.1.1 TERAPIA ASSISTIDA E SEUS BENEFÍCIOS: O BEM-ESTAR
HUMANO E O BEM-ESTAR ANIMAL
24
animal e profissional terapeuta, levando em consideração princípios da ética
animal. Os objetivos da terapia assistida por animais, segundo a ESAAT,
seriam:
“A restauração e a manutenção das funções físicas,
cognitivas e emocionais; o suporte das capacidades e
habilidades através das atividades e tratamentos; o
suporte à inclusão e, por fim, o melhoramento na
sensação subjetiva de bem-estar”. (en.esaat.org,
tradução livre pela autora)
As principais diferenças entre os serviços de assistências com animais
se mostram no objetivo, na estruturação das atividades e nos equipamentos
a serem utilizados, onde a EAA tem o enfoque educativo que envolve a
melhoria do aprendizado e o auxílio no ensino de valores. Dependendo dos
profissionais envolvidos, a EAA pode envolver intervenções nas escolas e
outros espaços de educação, interação com estudantes relacionados aos
exercícios de empatia, socialização, respeito aos animais, bem como no
auxílio de aprendizados de leitura (FERREIRA, A. O. et al., 2016). Já a AAA são
atividades recreativas e motivacionais, não relacionadas especificamente à
saúde ou à educação, mas que podem trazer benefícios para ambos de acordo
com a atividade proposta (MARQUES, M.; MENDES, A.; GAMITO, A.; SOUSA,
L. 2015). A Atividade Assistida por Animais comumente envolve interações
grupais ou individuais, brincadeiras entre cães e crianças ou adultos, com o
objetivo de entreter e diminuir estresse, podendo utilizar de brinquedos e
outros instrumentos lúdicos. A TAA, por sua vez, direciona-se para a saúde
humana, buscando melhorias nos estados físicos e psicológicos de pacientes,
além de envolver profissionais da saúde. Na terapia assistida podem ocorrer
exercícios motores e fisioterápicos (incluindo, por exemplo, auxílio de
caminhada utilizando o cão como apoio e agente incentivador), como
também a utilização de cães de companhia e situações de demonstração de
afeto e para a prevenção de atitudes violentas por pacientes psiquiátricos
(MARQUES, M.; MENDES, A.; GAMITO, A.; SOUSA, L. 2015). Para o enfoque
desta proposta projetual serão tratados apenas as atividades de TAA e AAA,
25
bem como se restringirá o animal terapeuta apenas ao uso dos cães, com o
objetivo de reduzir o escopo de trabalho e trazer soluções mais
especializadas.
Para as definições de bem-estar humano, adotou-se os conceitos do
campo da psicologia, onde os estudos de Rosa Ferreira Novo (2005)
esclarecem existir os chamado bem-estar subjetivo e o bem-estar
psicológico, sendo esse último o mais utilizado para este trabalho. O bem-
estar subjetivo trata da felicidade auto-declarada baseada no nível de
satisfação do indivíduo, associando suas condições sociais, demográficas,
políticas e culturais. Já para alcançar um estado de bem-estar psicológico,
também no âmbito individual, assume-se seis dimensões a serem
trabalhadas: a aceitação de si, relações positivas com os outros, domínio do
meio, crescimento pessoal, objetivos na vida e autonomia (NOVO, F. 2005).
Quando se relaciona o tratamento terapêutico assistido com animais
ao estado de bem-estar dos pacientes, os resultados permeiam as seis
dimensões de bem-estar, mas principalmente aos benefícios que a TAA traz
às relações positivas, a aceitação de si, crescimento pessoal e autonomia uma
vez que essa terapia tem grande potencial de contribuição por seus aspectos
sociais e de melhoramento de condições de saúde. Segundo os estudos de
Levine (2013), a simples companhia ou posse de cães tem relação com a
redução nos riscos cardiovasculares, relacionados às consequentes criações
de vínculos emocionais e da manutenção de rotinas básicas comumente
dedicadas aos pets, como caminhadas regulares que reduzem o
sedentarismo.
Em ambientes hospitalares e clínicos, os benefícios são observados
através da melhoria das interações sociais entre funcionários e pacientes,
gerando redução de estresse (MARIA, A.; VACCARI, H.; ALMEIDA, F. D. A.,
2007), além da menor resistência aos tratamentos fisioterápicos (MINOZZO,
M.; MENEGAZZO, A.; SOUZA, V. 2013). Há também contribuição para a
diminuição da agressividade de pacientes psiquiátricos (ISABEL, M. et al.,
2015), além de melhora na inteligibilidade da fala e melhor comunicação
corporal por parte dos pacientes nos atendimentos fonoaudiológicos
26
(DOMINGUES, C.; CUNHA, M. 2008). As práticas e benefícios se estendem a
casas de apoio ao idoso (BRENNER, M. B. et al, 2016), e a clínicas de psicologia
(VIEIRA, F. R., 2013).
Nos hospitais foi constatado que a presença dos cães nos tratamentos
de crianças a partir de 7 anos de idade reduziu as sensações de dor auto-
referidas, numa escala estabelecida pelo estudo realizado de Ichitani (2016).
O tratamento é ainda mais praticado com crianças do espectro autista
(Becker, 2003. Oliveira 2007), uma vez que cães geram melhores resultados
de interação social para crianças com autismo em terapias do que, por
exemplo, brinquedos utilizados em tratamento, além de aumentar as
habilidades sociais dessas crianças (O’HAIRE, M. E. et al. 2014).
Fonte: facebook.com/taaunp
27
stress no animal e que, portanto, não há malefícios à integridade física e
psicológica dos cães. Ainda assim, foi ressaltado que se o cão apresentar
sinais de estresse, latidos e imprevisibilidade no comportamento, atende-se
ao protocolo de retirar o cão do atendimento imediatamente.
Atentando-se ao estado físico e psicológico dos cães no momento das
sessões de TAA e AAA, procurou-se entender que cuidados se fazem
necessários para a manutenção do bem-estar do cão terapeuta. Para essa
compreensão, buscou-se as definições de bem-estar animal, encontradas
nos estudos de Broom (2011), Hughes (1982) e Campos (2010). Para Broom,
bem-estar animal compreende conceitos mensuráveis da qualidade de vida
do animal em um intervalo de tempo de sua vida (BROOM, 2011). Já para
Hughes (1982), o bem-estar animal se define com a relação harmoniosa do
animal com a natureza ou com seu ambiente. Campos et al (2010) afirma que
o bem-estar animal “[...] visa a redução do estresse e a diminuição de
distúrbios comportamentais para que os animais alcancem o seu bem-estar
físico e psíquico”.
Desta forma, adotou-se estratégias para promover o bem-estar nos
ambientes propostos deste anteprojeto para os cães, incluindo o
atendimento de suas necessidades biológicas e a promoção da harmonia do
animal com o ambiente. O conjunto dessas estratégias se define como
enriquecimento ambiental, que consiste na “[...] criação de um ambiente
dinâmico, complexo e interativo que proporcione desafios físicos e mentais
similares aos da natureza.” (PETGAMES, 2019).
Para adquirir qualidades de um ambiente enriquecido, deve-se atender
aos cinco tipos de enriquecimento: alimentar, sensorial, físico, cognitivo e
social, que se referem, respectivamente:
1. Alimentar: fornecer oportunidade de procura e caça
de alimentos de diferentes maneiras, evitando a
previsibilidade na hora da alimentação;
2. Sensorial: oferece recursos e situações que atice os
cinco sentidos dos animais: sonoro, olfativo, visual, tátil
e gustativo;
28
3. Físico: simular o habitat mais natural e adequado para
cada espécie como esconderijos, obstáculos, lugares
para subir, descer, esconder, pendurar, etc;
4. Cognitivo: estimular a capacidade intelectual
(concentração, coordenação motora, memória e
raciocínio) por meio de "quebra-cabeças" que escondem
alimentos;
5. Social: interagir com animais da mesma ou de outras
espécies, da mesma forma como acontece na natureza.
(PET GAMES, 2019)
Utilizar dessas estratégias, portanto, torna possível evitar
desconfortos aos cães terapeutas ao mesmo tempo que torna possível um
equipamento voltado a TAA, cujos benefícios foram enumerados nesse
capítulo. Esses estudos mostram a importância da absorção desse tipo de
tratamento nos ambientes de saúde, ainda que sejam práticas inéditas que
comumente não possuem adequação espacial que inclua os cães como
usuários. Por isso, a ideia de um centro que agregue possíveis aplicações da
terapia assistida por animais faz-se relevante tanto por sua eficácia quanto
pela contribuição ao estudo arquitetônico e espacial da acomodação dessas
atividades, tornando-se um equipamento de saúde abrangente, e o primeiro
na região a concentrar as especificidades das modalidades de tratamento
envolvendo animais.
29
Como o centro de reabilitação infantil proposto não pretende possuir
áreas de laboratório nem internação, encaixa-se nas definições da Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) como Unidade de Ambulatório
pertencente à atribuição 1, que inclui “prestação de atendimento eletivo de
promoção e assistência à saúde em regime ambulatorial e de hospital dia”. As
atividades principais desse tipo de atribuição são listadas na RDC n° 50/2002
“[...] 1.1 Realizar ações individuais ou coletivas de
prevenção à saúde, tais como: imunizações, primeiro
atendimento, controle de doenças, visita domiciliar,
coleta de material para exame, etc.;[...]
1.6 Recepcionar, registrar e fazer marcação de
consultas;
1.7 Proceder à consulta médica, odontológica,
psicológica, de assistência social, de nutrição, de
farmácia, de fisioterapia, de terapia ocupacional, de
fonoaudiologia e de enfermagem;
1.8 Realizar procedimentos médicos e odontológicos de
pequeno porte, sob anestesia local (punções, biópsia,
etc.) (ANVISA, 2004, p.38-9).
30
reabilitação. Encontrou-se nos estudos de Souza e Faro (2011) a definição de
que:
“[...] Reabilitação é um processo educativo e
assistencial, multiprofissional, que prima pela busca
compartilhada do desenvolvimento das capacidades
remanescentes, prevenção do agravamento de
incapacidades e do aparecimento de complicações. É
compartilhada porque envolve o paciente, o cuidador
familiar e o profissional especialista em reabilitação[...].”
(SOUZA, L.; FARO, A.C. 2011)
31
exposição a condições térmicas, como também às respostas sensoriais a
estímulos. Considerando os conceitos de conforto estabelecido por
Lamberts, utilizou-se de áreas do conforto térmico e acústico, como também
da psicologia ambiental, para que se alcançasse relações positivas entre os
pacientes e os espaços de reabilitação.
Para o atendimento dos critérios de conforto térmico, adotou-se as
estratégias de Holanda (1976), que incluem criar uma sombra; recuar paredes;
vazar os muros; proteger as janelas; abrir as portas; continuar os espaços;
construir com pouco; conviver com a natureza e construir frondoso. Essas
estratégias buscam a adequação ao clima do nordeste e seus aspectos de
paisagem, como a presença da natureza e elevados índices de incidência
solar, que resultam em um grande potencial de iluminação natural e
temperaturas elevadas. Desta forma, sombrear, recuar paredes e proteger as
janelas se referem a amenização das temperaturas através da proteção à
incidência solar direta, enquanto vazar muros, abrir as portas, continuar os
espaços e construir com pouco atribuem leveza e ventilação à edificação.
Para um maior entendimento das adequações estratégicas em relação
ao clima do nordeste, utilizou-se dos conceitos de estado de conforto
térmico a partir do modelo adaptativo (DE DEAR; BRAGER, 2002), levando em
consideração as atribuições das estratégias de projeto de acordo com a
identificação do tipo de desconforto a ser evitado. Esse processo,
desenvolvido por Pedrini (2018) buscando atualização dos modelos de
avaliação que se utilizavam da NBR 15220, constitui-se em identificar quando
o clima proporciona desconforto, seja ao frio ou ao calor, para em seguida
relacionar cada situação com uma resposta: se confortável, trazer o clima
para o ambiente construído; se pouco desconfortável ao calor ou ao frio,
recomenda-se a utilização de recursos passivos para compensar o
desconforto aquecendo ou resfriando o ambiente; se muito desconfortável
ao calor ou ao frio, recomenda-se isolar o ambiente construído. Por fim, após
identificar quais estratégias a serem adotadas, procura-se relacioná-las com
os recursos arquitetônicos disponíveis na região. Dessa forma as soluções a
serem trabalhadas se relacionam com observações reais do local onde será
32
proposta uma edificação, e não mais partem de pré-definições que
uniformizam grandes regiões bioclimáticas.
Ainda tratando-se da humanização dos espaços de reabilitação para o
público infantil, levou-se em consideração a necessidade de adequação
desses espaços para crianças com autismo. Para isso, obteve-se informações
através dos estudos de Mostafa (2014) sobre a importância de se obedecer
uma sequência de fluxo e programa que considere a intensidade e o tipo de
estímulos dos sentidos, com cuidado especial aos efeitos sonoros de
reverberação de possíveis cantos, uma vez que crianças do espectro autista
apresentam muita sensibilidade aos sons (MOSTAFA, M. 2014). Por esse
motivo há a necessidade de tratamento de condicionamento acústico
adequado, como também de isolamento dos ambientes. O zoneamento
proposto por Mostafa, portanto, se dá pela sequência de fluxos através de
suas classificações como espaços de alto estímulo, baixo estímulo e de
transição.
Os estudos de Mostafa (2016), cuja produção envolve as
particularidades de fluxo, zoneamento e aspectos de design, sugerem
diretrizes de projeto baseados nos princípios do ASPECTSS, sigla em que se
define em Acoustics, SPatial sequencing, Escape Space, Compartmentalization,
Transition zones, Sensory Zoning e Safety3.
A acústica, segundo Mostafa (2016), é o aspecto sensorial que mais
influencia o comportamento de crianças com autismo. Desta forma, reduzir
níveis de ruído, reverberação e ecos em áreas educacionais (ou como no caso
deste projeto, de reabilitação e tratamento), influencia positivamente na
atenção, nos tempos de resposta e nos comportamentos de auto estímulo. A
recomendação para os níveis de controle de ruído varia de acordo com o nível
de foco requerido pelas atividades de um espaço, bem como dos níveis de
habilidade ou do quão severo é o espectro de autismo do paciente. Há, ainda,
3
Em tradução livre, Acústica, Sequenciamento Espacial, Espaço de escape,
compartimentalização, zonas de transição, zoneamento sensorial e segurança.
33
a recomendação de se fazer isolamentos graduais conforme o acesso a esses
espaços, para evitar um contraste muito grande de uma área para outra.
O sequenciamento espacial é um critério de projeto que busca garantir
rotina e previsibilidade às crianças com espectro autista. Esse critério
determina que as áreas possuam uma sequência lógica baseada nas agendas
típicas destes espaços. Os espaços devem fluir de maneira semelhante de
uma atividade para outra e através de uma circulação única sempre que
possível, com o mínimo de interrupções ou distrações, utilizando “Zonas de
Transição”, uma outra diretriz projetual do ASPECTSS.
Para Mostafa (2016) também se faz necessário a criação do que ela
chama de “Espaços de escape”, que teriam o objetivo de prover áreas de
estímulo reduzido ou mínimo, com controle destes estímulos pelo usuário,
para evitar situações de estresse e super-estimulação do paciente. Esses
espaços se configuram a partir de uma pequena partição da área.
Em sequência, compartimentalização seria o princípio que define e
limita o ambiente sensorial de cada atividade, organizando uma sala ou
mesmo a edificação inteira em compartimentos. Essa compartimentalização
pode ocorrer através de configurações de layout, diferença de piso, diferença
de níveis ou mesmo variações de iluminação. As qualidades sensoriais de cada
espaço são definidas a partir de sua função.
A presença de Zonas de transição, por sua vez, funciona como
facilitadora do sequenciamento espacial e para o zoneamento sensorial,
ajudando os pacientes a recalibrarem seus sentidos de um nível de estímulo
para outro, podendo ser uma zona neutra de uma área de alto estímulo para
uma área de baixo estímulo e vice-versa. Já o zoneamento sensorial consiste
justamente nesta organização de espaços considerando os níveis de
estímulo. O quesito de segurança foca principalmente em evitar quinas e
outras situações de potencial perigo para crianças que podem ter uma noção
alterada de seu ambiente.
34
Figura 2. Zoneamento sensorial proposto por Mostafa para uma escola desenvolvida especialmente
para crianças do espectro autista
35
escape se refere ao distanciamento físico ou mental de lugares vividos
diariamente; escopo é o ambiente que dá margem a futura exploração, rico
de informações, que possuem emergências visuais ou configurações
espaciais que não permitam visibilidades óbvias. Já fascinação se refere ao
despertar involuntário da atenção, ou seja, áreas que possuem estímulos que
não requerem muito esforço para captar informação. Compatibilidade, por
sua vez, se relaciona com o que o ambiente tem a oferecer associado ao que
a pessoa deseja para o ambiente, vinculando-se o ambiente à capacidade de
resposta positiva aos recursos e às vontades dos usuários.
Desta forma, segundo princípios de ambientes restauradores, o centro
deverá possuir muita paisagem natural e não parecer com lugares vividos
diariamente (escritórios, clínicas). Todas essas características podem ser
trazidas com vegetações, integrações com áreas externas trabalhadas
paisagísticamente, comunicação visual com ambientes naturais, dentre
outros. Essa característica espacial pode ser adquirida, também, pela
presença dos próprios cães terapeutas, uma vez que se atrela à fascinação
natural do ser-humano à presença de animais, trazendo aspectos de biofilia
para os espaços. Desse modo, biofilia é um conceito que envolve a tendência
do ser humano a prestar atenção, preocupar-se ou responder positivamente
à natureza, como por um “fundamento genético para o ser humano se
relacionar com a natureza” (CAVALCANTI, S.; ELALI, G. 2011. p.99)
Os conceitos se entrelaçam no momento em que utilizar cães para o
tratamento se torna uma estratégia para tornar a área clínica em um espaço
fascinante utilizando da provocação da biofilia, o que, por sua vez,
aproximaria o espaço do centro de terapia assistida a um ambiente
restaurador.
Como um projeto para unidade ambulatorial, mas com a incorporação
de tratamentos não usuais, as buscas por definições e conhecimentos
referentes às unidades de saúde, as necessidades específicas de uso como a
humanização, a adequação climática e espacial ao público infantil do
espectro autista, foram de grande utilidade para definições de programa,
zoneamento, fluxo, materialidade e condicionamentos ambientais. Essas
36
informações foram essenciais para alimentar o processo criativo de projeto
e a busca pelas soluções adequadas.
37
Figura 3. Atividades chave do design thinking
Fonte: designthinking.ideo.com
38
experiências/jornada do usuário4, criação de moodboards, além de métodos
de auto-reflexão, e, por fim, para a fase de implementação, o
desenvolvimento de protótipos.
Segundo a Interaction Design Foundation, personas se definem como
personagens ficcionais criados a partir de potenciais usuários reais com o
objetivo de entender suas necessidades, comportamentos, objetivos e
experiências. A descrição de personas, portanto, inclui o levantamento de
possíveis traços de personalidade, características físicas, idade, cultura e
interesses, que pode ser feito através de entrevistas a usuários reais, criando
personas distintas, como da síntese das características desses usuários com
dados geográficos e estatísticos. A definição de uma persona no universo da
arquitetura pode atuar na busca por compreensão das necessidades
detalhadas de uso do espaço e as definições de fluxo de possíveis usuários.
Essas definições de fluxo podem ser feitas direcionando a persona criada a
um “mapeamento da experiência” ou uma “jornada de usuário”, que seriam,
segundo Kelley (2013), a descrição de utilização dos espaços em sequência
propostos para o projeto, representados graficamente como um mapa, como
também a partir de uma narrativa textual.
A utilização de dynamic input, ou seja, “entrada dinâmica” de
informações, consiste em uma busca de frases, imagens, sons, ou palavras,
para que sirvam de provocações criativas a serem relacionadas com as
questões de projeto. Desta forma cria-se fluidez no processo e
oportunidades de soluções inesperadas, além de possuir utilidade para a
definição de conceitos que evoluam ao desenvolvimento de diretrizes que,
dentre outras, podem ser estéticas, de materialidade ou estruturais. Já a
criação de moodboards seria uma coleção de imagens selecionadas a partir
das qualidades e problemáticas de projeto que foram levantadas,
potencializando a criação de referências imagéticas e expressando aspectos
visuais do projeto, como materialidade e escala. A criação de protótipos
4
Do original “experience mapping/user journey”
39
ocorre através do desenvolvimento de maquetes 3D e de repetidas
remodelagens, uma vez que, voltando-se para as necessidades e para o
objetivo do projeto, reavalia-se a cada protótipo se esses requisitos estão
sendo atendidos. As metodologias de auto-reflexão, portanto, permeia todas
as fases de criação, através da relação dos produtos desenvolvidos à
problemática chave que define o projeto desenvolvido.
Para que se obtivesse mais robustez no processo criativo, voltando-se
mais à realidade da área de arquitetura, consultou-se a obra de Bryan Lawson
(2006), que em sua narrativa faz uma compilação de processos criativos e as
dificuldades relacionadas aos problemas de projeto. Lawson (2006) define o
processo criativo como interminável, uma vez que declara haver um número
inesgotável de soluções diferentes. O autor também foca no encontro do
problema de projeto como parte essencial do processo, através de três etapas
para alcançar a definição do problema, sendo essas: análise, síntese e
avaliação, quando análise se refere à investigação na busca por padrões nas
informações e classificação dos objetivos; síntese trata-se das respostas ao
problema e geração de soluções; e avaliação seria o processo de crítica das
soluções relacionadas aos objetivos de projeto.
Ainda que existam as etapas bem estabelecidas de resumo do
problema, entendimento das exigências, produção de soluções, testar
através de critérios e apresentar ou transmitir o projeto a clientes e
colaboradores, o autor demonstra que o processo, na prática, não é
apresentado como linear, uma vez que tais etapas não ocorrem de forma
sequencial, uma vez que tanto o problema como a solução são desenvolvidos
conjuntamente, e as capacidades de compreensão do projeto podem estar
atrelada a primeiros testes e primeiras ideias já desenvolvidas. Lawson,
portanto, representou o mapeamento de seu processo de forma gráfica
enfatizando a relação entre as definições de solução e de problemática com
os processos de análise, síntese e avaliação, sem o estabelecimento de um
ponto de partida ou de sentidos de fluxo entre as etapas, como ilustrado
abaixo.
40
Figura 4. Gráfico de processo de projeto de Lawson
41
3
Referencial empírico
Para o estudo de referencial direto, o presente trabalho buscou
adquirir informações através de entrevistas, visitas in loco e registro
fotográfico dos espaços voltados para cuidado animal. As entrevistas se
deram principalmente com profissionais relacionados à terapia assistida,
sejam os veterinários, os treinadores ou os profissionais de saúde que
utilizam desse serviço, como fisioterapeutas e psicólogos.
Como observado em entrevistas a profissionais das áreas de atuação
que envolvem a TAA, não há na cidade de Natal locais de treinamento ou de
centros de atendimento especializados nesse tipo de tratamento. O que
normalmente encontram-se são espaços de saúde e reabilitação
especializados, que recebem a TAA a partir da contratação de grupos de cães
terapeutas treinados e seus respectivos profissionais acompanhantes. O
Centro de Reabilitação Infantil (CRI) e a Associação de Pais e Amigos dos
Excepcionais (APAE), bem como hospitais e casas de repouso para idosos são
exemplos de tipos de estabelecimentos que recebe a TAA.
Pelo mesmo motivo, o presente trabalho buscou referências indiretas
em escalas nacionais e internacionais, escolhidas principalmente para
servirem de exemplos de boas práticas voltados para a saúde e/ou bem-estar
animal, saúde e bem-estar humano ou ambos, o que incluem creches com
configurações espaciais positivamente estimulantes para o público infantil.
Os exemplares, construídos ou não, são baseados em revistas técnicas,
websites e trabalhos acadêmicos de projetos de arquitetura, escolhidos a
partir de critérios de conforto, forma, estrutura, materialidade e
adaptabilidade ao estudo local.
As referências, tanto diretas quanto indiretas, serviram para as
definições de programa e linguagem arquitetônica, como também soluções
de fluxo para os usos específicos deste projeto.
43
3.1 ESTUDOS DE REFERÊNCIA DIRETOS
5
A organização de treinamento One Mind Dogs define Agility como um esporte
canino onde o cão é guiado por um percurso de obstáculos.
44
Figura 5. Gráfico de etapas
45
Figura 6. Material gráfico desenvolvido para distribuição pós
entrevistas.
46
negativa ou positiva. Por fim, questionava-se as afirmações que pareciam ter
grande potencial, com perguntas semelhantes as utilizadas para provocar
histórias.
Devido às características personalizadas e espontâneas da entrevista
empática, as perguntas e informações adquiridas dependiam mais do
desempenho e decorrer das respostas do que de uma sequência pré-definida
de perguntas, por isso os roteiros para cada entrevista se diferenciaram pelas
intenções de resposta buscadas pela autora. A sequência das entrevistas
também foi um fator relevante, uma vez que se buscou referência de contatos
a serem entrevistados nos próprios grupos de entrevista, o que facilitava a
fase de “conexão”.
47
Assistida; entender a relevância e alcance desse atendimento para a
população; buscar recomendações de novas referências sobre o tema e
agregar sugestões para a localização de um equipamento voltado para a TAA.
Como primeira entrevista ainda se buscava restringir o tema e
abordagem do projeto, além de restringir qual público a ser atendido e qual
a área necessária para o estabelecimento.
48
A segunda parte da entrevista envolveu recomendações para os
ambientes, onde enfatizou-se a necessidade de uma área de encontro entre
cães terapeutas e seus acompanhantes em um momento de pré-
atendimento. Esta área, localizada no próprio equipamento destinado à TAA,
seria voltada para um gasto de energia inicial e concentração dos cães
terapeutas, como também para apresentação da equipe, incluindo os
veterinários e os profissionais da saúde. Ao mesmo tempo, condiciona os cães
ao entendimento de um início de sessão de terapia assistida, e não apenas
um momento recreativo.
Os entrevistados enfatizaram também a apresentação da equipe para
os pacientes, para possibilitar a observação dos cães com certa distância. Por
isso, recomendou-se a criação de uma “área de transição”, com visibilidade
para as atividades, com a finalidade de facilitar a aproximação gradual de
crianças que não estiverem acostumadas com esse tipo de atendimento.
Pensando no bem-estar dos cães terapeutas, recomendou-se a
existência de uma área de recreação destes animais, incluindo espaços de
armazenamento de brinquedos e guloseimas. Este espaço serviria de
recompensa pelo trabalho executado ou mesmo para um afastamento do
atendimento em caso de fadiga do cão ou de observação de uma adversidade
no atendimento. Uma outra área necessária seria destinada às necessidades
fisiológicas dos cães, para que pudessem utilizar antes ou depois de
atendimentos, seguida de uma área de pré-higienização. Nessa área de
necessidades fisiológicas, conforme sugestão do grupo, seria interessante
possuir uma espécie de filtro ou drenagem de odores e resíduos. O grupo
ressaltou que grama sintética, por experiência de outros locais que já
utilizaram, não é adequada devido a difícil higienização e o acúmulo de
odores. Sobre esse quesito, recomendou-se que todos os materiais expostos
ao atendimento e aos demais usos dos cães fossem de preferência materiais
laváveis. A luz natural foi bastante ressaltada para o bem-estar do cão, por
garantir um aspecto mais natural ao local.
A necessidade de mobiliário é mínima segundo o grupo, uma vez que
busca-se ter flexibilidade de atividades e conforto nos deslocamentos dos
49
animais e dos pacientes. Os mobiliários a serem utilizados dependeriam do
tipo de atividade, uma vez que os cães são treinados para se adaptar a cada
situação de atendimento, sejam pacientes acamados, com baixa mobilidade
ou pacientes com mobilidade ativa e não comprometida.
Foi esclarecido que, para cada cão, é possível atender até três crianças
simultaneamente, e de cinco a seis idosos. O atendimento teria de 1h a até 2h
de duração, e a equipe seria composta de cinco integrantes, sendo um
veterinário e/ou treinador acompanhando o cão terapeuta, dois auxiliares de
veterinário, um cão terapeuta e um profissional da saúde. Essas informações
foram essenciais para os estudos de pré-dimensionamento.
Recomendou-se para o escopo do trabalho retirar possíveis áreas de
saúde veterinária, uma vez que geram estresse aos cães, que as reconhecem
pelo cheiro e possuem associações negativas com esses espaços de
tratamento.
O grupo não possuía um espaço específico para treinamento e para
sessões de terapia assistida além da sala de aula cedida ao grupo pela UnP. A
entrevista foi útil, portanto, para o entendimento das experiências empíricas,
necessidades espaciais do grupo, informações e demandas específicas da
TAA, seja em relação às dinâmicas de equipes, seja sobre adequação de
materiais.
50
3.1.2 HARMONY VET
51
Figura 11. Planta esquemática de programa da clínica Harmony Vet
52
Figura 12. Planta de subsolo
53
em recuperação que teriam suas necessidades naturais respeitadas, como
farejar, explorar e estimular os sentidos, o que cria, segundo o veterinário
entrevistado e proprietário da clínica, uma experiência muito positiva.
Outra especificidade do Harmony Vet é que, na internação (Figura 13),
os locais de repouso evitam que o animal tenha contato visual com outro
animal, direcionando as entradas da cabine de internação para locais
opostos. Isso também tem a funcionalidade de diminuir o estresse do animal,
podendo ser uma boa recomendação para locais de repouso, não
necessariamente clínico, mas em possíveis espaços de day care.
54
crianças do espectro autista no público alvo deste projeto, uma vez que, de
acordo com sua experiência e devido aos estudos publicados na área, são as
que possuem melhor resposta ao tratamento de terapia assistida por animais.
O entrevistado sugeriu, ainda, haver uma área destinada a seleção dos
animais por seus potenciais, sendo não necessariamente para a terapia
assistida, mas para atividades esportivas, de exposições, cães de companhia,
etc. A entrevista, portanto, serviu para entender mais as necessidades físicas
e psicológicas dos cães e como o espaço pode influenciar positivamente suas
experiências em relação ao bem-estar.
6
Day use refere-se ao serviço de hospedagem e recreação canina apenas no período
diurno, não incluindo pernoite.
55
Figura 14. Entrada do centro de cuidados Pet LoverS2. Em frente a placa, Love, o cão terapeuta do
centro.
Fonte: www.facebook.com/PetLovers2/
56
Figura 15. À esquerda, área de banho e tosa. À direita, área de pet shop
Fonte: www.facebook.com/PetLovers2/
Figura 16. Lago utilizado para experiências de enriquecimento ambiental
Fonte: www.facebook.com/PetLovers2/
Figura 17. À esquerda: área de socialização e recreação. À direita: espaço transformado, através de
instrumentos, em área de treinamento.
Fonte: www.facebook.com/PetLovers2/
57
Ao descrever o funcionamento do centro, o entrevistado explica que o
primeiro passo é a avaliação do cão através do que chama de “nível
energético” e “sinais de apaziguamento” (calm signals). O cão é, em seguida,
encaminhado para uma avaliação de saúde e, uma vez aprovado, é separado
dos demais por seu nível de energia e nível de socialização. O funcionamento
do day care envolve turmas de cães agrupados pelos níveis citados
anteriormente. O serviço ocorre duas vezes por semana para cada turma de
day care.
Para reduzir os níveis de estresse dos cães em momentos de banho e
tosa ou checkups de saúde, o centro Pet LoverS2 possui sala de espera com
luz, cheiro e sons para acalmar os cães. Também pelo mesmo motivo, os
ruídos externos da rua e estacionamentos devem ser distanciados das áreas
de treinamento, repouso e day care. A seguir, na Figura 18, tem-se a planta
baixa esquemática do centro.
58
Fonte: desenvolvido pela autora
59
é treinado para os ambientes e situações adversas a ele. Parte importante do
atendimento é uma área de higienização, que antecederia o atendimento,
para garantir a segurança principalmente de pacientes imunossuprimidos.
Os atendimentos não ocorrem sem o profissional condutor dos cães.
Ao ser questionado sobre melhorias desejadas para o centro, foram
enumeradas como modificações relevantes o reabastecimento de comida e
bebida automático para os cães. Também há uma necessidade de demonstrar
o trabalho de cuidado animal para clientes, mas que atualmente é inviável,
uma vez que prioriza o bem-estar dos animais e a presença de visitantes
poderia estressar e desconcentrar os cães hospedados no centro. Uma
adaptação desejável para que isso ocorresse seria um café mirante em outro
nível de pavimento para observar os espaços de day care e treinamento sem
influenciar nas atividades dos cães. Esse segundo nível também seria ideal
para as áreas administrativas, com a função de manter uma observação e um
controle de qualidade dos serviços prestados.
Por fim, como esse espaço foi desenvolvido para acomodar o uso de
centro de cuidados caninos, pôde-se observar e capturar informações
principalmente em relação a fluxos, necessidades de armazenamento,
zoneamento, pré-dimensionamento.
60
Figura 19. Espaço destinado a Day Care, com destaque a estratégias de enriquecimento ambiental
(terra para cavar, piscina utilizada de modos alternados para imprevisibilidade do uso)
61
Figura 20. Planta de levantamento das áreas sobre uso e programa da acomodação My Best Nanny
62
encaminha para as atividades destinadas a ele, sendo necessário um
assistente para cada 12 cães de energia baixa7.
Na acomodação My Best Nanny há um momento de descanso, que
inclui um espaço de luz controlada e cromoterapia, bem como a utilização de
músicas relaxantes e implementação de feromônio para o relaxamento.
Em relação às estratégias espaciais para o bem-estar canino, as
recomendações da entrevista são baseadas no enriquecimento ambiental e
em medidas de segurança:
• Armários individuais para cada cão na entrada do
estabelecimento são necessários, com o objetivo de manter os
objetos pessoais de cada animal separados (como coleiras e
guloseimas, por exemplo)
7
Segundo as entrevistadas o nível de energia dos cães se refere às demandas de
atividades e frequência de movimentação, resposta a estímulos e latidos
63
vez que as atividades naturalmente mancham as paredes, principalmente
quando os cães costumam marcar território. A partir disso, outra
recomendação seria não permitir estruturas expostas às áreas de recreação
canina, uma vez que a urina dos cães pode ser corrosiva à estrutura e, sugere-
se materiais facilmente laváveis com resistência à constante higienização.
Nessa visita foi enfatizada a importância de cabines acústicas para
acomodação em períodos de ano novo, devido aos fogos de artifício, bem
como áreas que se adaptam e se modificam para manter o interesse do cão.
As proprietárias ressaltaram a importância de um local de observação
das atividades que não influenciasse na dinâmica dos cães, ou seja, que não
fosse visível. Entradas distintas para visitantes, funcionários e cães também
se mostram necessárias para que não haja interferência nas dinâmicas dessa
atividades
64
3.2.1 ESTUDO 1: TANGIBLE SPACE: CENTRE FOR ANIMAL
ASSISTED THERAPY: REFERÊNCIA PROGRAMÁTICA
Figura 21. Mapa figura fundo da localização de inserção do projeto, e visualização de Berea Park.
Fonte: Tangible Space: centre for animal assisted therapy. Andri Verwey, 2015
65
• Acomodação animal: estábulos para cavalos, canis, gatis,
acomodação de pequenos mamíferos coelhos
• Restaurantes
• Clínicas veterinárias
Fonte: Tangible Space: centre for animal assisted therapy. Andri Verwey, 2015
66
Figura 23. Esquema de membrana envolvendo espaços de convivência
Fonte: Tangible Space: centre for animal assisted therapy. Andri Verwey, 2015
Fonte: Tangible Space: centre for animal assisted therapy. Andri Verwey, 2015
67
Figura 25. Inserção de volume no contexto e aspecto de volumetria final
Fonte: Tangible Space: centre for animal assisted therapy. Andri Verwey, 2015
Fonte: Tangible Space: centre for animal assisted therapy. Andri Verwey, 2015
68
Figura 27. Representação de espaço de interação humano-animal
Fonte: Tangible Space: centre for animal assisted therapy. Andri Verwey, 2015
Fonte: Tangible Space: centre for animal assisted therapy. Andri Verwey, 2015
69
proteção para as coberturas e espécies de beirais vazados, além da
consequente proteção das fachadas oeste. A orientação dos volumes com as
menores fachadas para oeste e a quebra dos volumes para que os espaços de
convivência captassem a ventilação predominante, que vem principalmente
da direção nordeste, foram outras estratégias adotadas.
Fonte: Tangible Space: centre for animal assisted therapy. Andri Verwey, 2015
70
prestou-se muita atenção para manter esses animais no ambiente mais
natural possível.
O projeto possui relação com o entorno está definido pela sua inserção
dentro de um grande parque em uma zona residencial, em um terreno de
esquina de forma exposta de vários ângulos, com passeios nas proximidades
de uma lagoa, conforme ilustrado na Figura 30. Com baixo impacto no solo e
na paisagem natural, seu design arredondado e dinâmico tem o intuito de
convidar os transeuntes do parque e visitantes do zoológico a adentrarem o
estabelecimento, fornecendo diferentes visuais de interesse durante o
trajeto.
71
O partido arquitetônico se define pela intenção dos arquitetos em criar
dois “ninhos” para abrigar os animais em meio às árvores do bosque, ambos
voltados para a paisagem e com boa permeabilidade visual e espacial. Os
materiais e formas adotados remetem ao método dos próprios pássaros
construírem seus abrigos, utilizando gravetos e arames de fácil acesso e
costurando-os em forma de um cesto acolhedor.
A geometria do projeto utiliza planos seriados em material natural,
para causar o menor impacto possível na natureza, criando formas
curvilíneas para a edificação. A estrutura é composta por pilares de madeira
de lariço, um material sustentável e renovável que não necessita tratamento
em seu acabamento, unidos por meio de uma amarração metálica (Figura 32-
a) e uniões de madeira robustas e substituíveis, cujos apoios metálicos evitam
o contato da madeira com o chão (Figura 32-b) e protegem a integridade dos
montantes. O resultado é uma estrutura leve, de fácil desmontagem e
transporte, para garantir que o terreno possa continuar com a tradição de
receber o show de horticultura no local e ao mesmo tempo ser de baixa
manutenção e nenhum risco de intoxicação dos animais do zoológico.
Fonte: www.archdaily.com.br/br/787672/zoologico-ohringen-kresings-architektur
72
ao clima temperado frio e com baixo albedo, o que significa que diminui os
efeitos de ofuscamento causados pelas reflexões da cor dos materiais.
O design inclui proteções solares verticais através dos pilares seriados,
impedindo a luz solar direta ao sombrear, mas permitindo a entrada de luz
natural e contato com o meio externo, como mostra a Figura 33. Como na
Alemanha a altura solar é menor comparada aos países cortados pela linha do
equador, como Brasil, o sombreamento vertical (de topo) desse projeto está
eficiente, sendo a incidência solar direta solucionada apenas lateralmente
pelos pilares. Por este motivo, todos os recintos são contemplados com
aberturas zenitais para captação de iluminação natural (Figura 33). Além
disso, esse material natural possui bom desempenho na absorção de ruído,
ideal para abrigar os animais em conjunto nos espaços internos
Figura 33. Sombreamento e entrada de luz natural no espaço interno (abertura zenital)
Fonte: archdaily.com.br
73
Figura 34. Planta baixa da edificação
Fonte: archdaily.com
74
Fonte: archdaily.com. modificado pela autora, 2019.
O instituto Early Education Center Near the Horse Farm tem o intuito
de receber crianças durante o dia (Figura 37). Criado pelo escritório L&M
Design Lab no ano de 2018, possui 560 m² de área construída. O edifício está
localizado na periferia de Xangai em um conjunto habitacional de alto padrão,
próximo a hotéis, creches, centros de hipismo e zoológicos.
Fonte: archdaily.com
75
claros com apenas alguns destaques em cores vibrantes, como o amarelo
demarcando entradas como “portais” para o descobrimento de novos
espaços estimulantes. O tijolinho branco como revestimento da fachada traz
a sensação de rugosidade interessante ao tato, oferecendo textura aos planos
retos e brancos.
Fonte: archdaily.com
76
Fonte: archdaily.com
Fonte: archdaily.com
77
Figura 41. Planta baixa da edificação
78
espaço externo natural, como por exemplo esconder-se em pequenas
cavernas (o que os arquitetos chamaram de funny cave), ou brincar de
esconde-esconde e pega-pega atrás de pilares, que remetem as árvores do
bosque (tree house). Em suma, o espaço interno se molda para as brincadeiras
ocorrerem dentro do edifício, ao invés do espaço externo, seja essa interação
entre crianças ou juntamente com adultos que também podem participar
(Figura 42).
Figura 42. Esquema de interação das crianças com o espaço dinamizado para as brincadeiras no
interior da edificação
Fonte: archdaily.com
79
3.2.4 ESTUDO 4: CENTRO DE REABILITAÇÃO INFANTIL/ CENTRO
ESPECIALIZADO EM REABILITAÇÃO (CRI/CER)
80
também, a constante integração dos ambientes e da construção com os
elementos naturais do entorno, incluindo vegetações frondosas de grande
porte.
81
verdes, compreendendo também um pequeno parque com mobiliário de
recreação infantil na entrada.
82
comprimento e 14m de largura, incluindo um pé direito de 4,43 m. Esse
espaço se divide em salas de atendimento coletivo, salas de atendimento
individual e salas de apoio.
83
3.2.5 ESTUDO 5: MORADIAS INFANTIS – ROSENBAUM
(ADEQUAÇÃO AO CLIMA, ESTRUTURA E MATERIALIDADE)
Fonte: www.archdaily.com.br/br/879961/moradias-infantis-rosenbaum-r-plus-aleph-zero
a)
84
b)
Fonte: www.archdaily.com.br/br/879961/moradias-infantis-rosenbaum-r-plus-aleph-zero
Fonte: www.archdaily.com.br/br/879961/moradias-infantis-rosenbaum-r-plus-aleph-zero
85
Figura 50. Sistema estrutural em grid
Fonte: www.archdaily.com.br/br/879961/moradias-infantis-rosenbaum-r-plus-aleph-zero
Fonte: www.archdaily.com.br/br/879961/moradias-infantis-rosenbaum-r-plus-aleph-zero
86
no projeto de Rosenbaum. O uso de alvenaria de solo cimento também se
configura como uma boa prática, devido a sua característica de promover o
atraso térmico, que seria outra diretriz para esta região. No entanto, as
demais envoltórias são caracterizadas como leves por sua reduzida espessura
e por ter sido utilizada a madeira, quando recomendações para esta região
seriam proporcionar vedações externas pesadas, como cobertura e paredes,
para promover massa térmica para resfriamento, bem como criar
resfriamento evaporativo e ventilação seletiva apenas para os períodos
quentes, quando a temperatura interna estiver maior do que a externa. Não
é interessante, portanto, a estratégia de ventilação cruzada permanente,
como é o caso de Natal, uma vez que se traria altas temperaturas do ambiente
externo para o interior da edificação. Sobre esses quesitos o projeto da
Moradias Infantis se faz menos adequado para a região de Tocantins, mas um
bom exemplo de estratégias para Natal, por suas características de
envoltórias e coberturas leves, bem como a manutenção de aberturas em
todos os ambientes através do descolamentos da cobertura, e materiais que
proporcionam atraso térmico (como é o caso do tijolo de solocimento).
Figura 52. Ilustração da leveza do sistema construtivo (a) e aspectos de materialidade (b)
a) b)
Fonte: www.archdaily.com.br/br/879961/moradias-infantis-rosenbaum-r-plus-aleph-zero
87
3.3 QUADRO RESUMO
DIRETO
Local Visitado Harmony Vet Pet Lovers My Best Nanny
Terreno de 800 m², Terreno de 1000m².
Terreno de 1000 m², uma
Casa de dois Antiga casa
antiga casa de praia com
Informações gerais pavimentos. Uso residencial.
mais de 20 anos. Localizado
clínico, localizado em Localizado em Lagoa
em Capim Macio, Natal/RN
Capim Macio Natal/RN Nova, Naral/RN
entorno imediato
majoritariamente
Entorno imediato
residencial, mas
residencial, mas
próximo de avenida
Inserção no próximo de serviços
de grande fluxo
contexto (postos de gasolina, entorno majoritariamente
(Jaguarari) que
urbano/diagrama de restaurantes, prédios residencial
contém
contexto residenciais, hortas-
estabelecimentos
orgânicas e
comerciais de
floricultura)
serviços (padaria,
posto de gasolina)
muro alto e contínuo
acompanha o contrastando com as casas
Escala, geometria e acompanha o gabarito
gabarito das casas de entorno e voltando-se
Aspecto Formal das casas vizinhas
vizinhas para prédios residenciais de
gabarito alto
sistema viga pilar em
viga pilar e cobertura
Estrutura e viga pilar de alvenaria estrutura de madeira,
em telhado de
tectônica e concreto cobertura em telhado de
madeira
madeira
vedações em alvenaria,
porta de madeira
Materiais e painéis perfurados de esquadrias de madeira,
vazada e grades de
ornamento aço cortem expansões da casa em
vidro, alvenaria
alvenaria
no interior do
estabelecimento a casa
possui esquadrias com
bandeirolas que beneficiam
faixa de grama na
a ventilação, bem como
pátio na recepção para entrada, esquadrias
pergolados para luz natural
iluminação natural, de madeira na
Estratégias de e materiais naturais de
proteção solar com fachada em
conforto ambiental pouca reflexão evitando
painel perfurado de venezianas que
ofuscamento, além de
aço corten permitem a
forrações verdes e
ventilação
sombreamento através de
árvores
88
INDIRETO
Referência Early Education Moradias
Tangible Space Petting Zoo
analisada Centre Infantis
Escritório L&M Localizado no
Localizado em Localizado em Design Lab 2018. Formoso do
parque urbano no Öhringen, 560 m² de área Araguaia, em
Informações
centro da cidade de Alemanha. construída. Tocantins.
gerais
Pretória, África do Escritório Kresings localizado na arquitetos Aleph
Sul Architektur, 2016. periferia de Zero e Marcelo
Xangai Rosenbaum.
Inserido em um
conjunto No contexto
Inserido em
Inserido em extensa habitacional de urbano se insere
extensa área verde,
Inserção no área verde, alto padrão, entre
próximo à uma das
contexto circundado de alta próximo a assentamentos e
principais vias da
urbano/diagrama densidade urbana e hotéis, creches, aldeias, com
cidade, circundado
de contexto limitado entre centros de usos de uma
de áreas
trilhos hipismo e escola com
residenciais
zoológicos. dormitórios.
Monumental em
Monumental em Relação Relação
Escala, geometria relação ao seu
relação ao seu harmoniosa com o harmoniosa com
e Aspecto Formal entorno, porém
entorno entorno o entorno
não conflituosa
Grid estrutural
Elementos verticais para sistema
Sistema porticado Alvenaria e
centrais em viga-pilar
Estrutura e de madeira com concreto em
estrutura metálica e metálicos,
tectônica amarração sistema viga-
estrutura geral em vedações em
metálica pilar
modulação metálica madeira e tijolos
solocimento
Alvenaria,
Madeira, metal,
cortinas de
Materiais e Metal, venezianas tijolo
Madeira vidro,
ornamento de madeira solocimento,
revestimento
cobogós
em madeira
resfriamento por Luz natural
evaporação, proporcionado Elementos
elementos verticais através de vazados para
para sombreamento, cortina de vidro ventilação,
proteção de na fachada e cobertura
Estratégias de Aberturas zenitais
coberturas e recuo de independente
conforto para iluminação
proteção das divisórias permitindo
ambiental natural
fachadas oeste. internas, criando circulação de
Dinamização de um corredor de vento ao longo
volumes para captar captura de luz de toda a
ventilação. natural para as edificação
salas
Fonte: Produzido pela autora
89
Área de intervenção
4
Este capítulo aborda as limitações e potencialidades do local de intervenção
referente aos condicionantes legais, índices urbanísticos, zoneamento da área
de inserção do terreno e as delimitações de gabarito. Também aborda uma
avaliação dos aspectos de conforto térmico e acústico, bem como as diretrizes
resultantes das limitações e avaliações direcionadas ao projeto.
O capítulo inicia com os aspectos de escolha do terreno, sua localização, condi-
ções físicas e de infraestrutura, acessos e proximidades, além da caracterização
do bairro. Segue-se então para a verificação das condições urbanísticas e coe-
ficientes urbanísticos, especialmente relacionados ao uso de espaço de reabili-
tação. Em seguida, aborda as recomendações do plano diretor e do código de
obras, como também do código de segurança e pânico contra incêndio.
4.1 ESCOLHA DO TERRENO
91
duas partes planas com uma diferença de três metros da testada Sul para a
testada Norte, gerando dois platôs de formato irregular.
92
Figura 55. Vegetação de grande porte e dimensão de sombreamento no terreno
93
Raimundo Chaves, incluindo a exigência de possuir uma casa do lixo.
Pretende-se, no entanto, limitar o acesso à edificação pela Militão Chaves,
uma vez que reduz-se o volume de veículos nas vias e as dificuldades de
acesso, considerando os cuidados com o público infantil e com a segurança
dos cães. Deste modo, considera-se a Militão Chaves uma via local e, por isso,
determina-se 1 vaga para cada 45 m² de área construída.
O plano diretor de natal estabelece da mesma forma a quantidade de
vagas pelo uso da edificação, em seu anexo III de Relação das Edificações que
Geram Tráfego, determinando-o como Edifício de Prestação de Serviço
Geral, e estabelecendo como necessária 1 vaga para cada 45 m² de área
construída, com a exigência também de um espaço para casa do lixo.
O terreno, ainda, não se encontra em zonas de proteção ambiental,
sendo portando o limite de gabarito de 65 m de altura. A taxa de ocupação
máxima deverá ser de 80%, para subsolo, térreo e segundo pavimento,
enquanto a taxa de impermeabilização máxima do lote também será de 80%.
Em relação às determinações de segurança e higiene pela ANVISA, os
revestimentos de piso, teto e parede deverão ser de tipo laváveis e resistentes
a desinfetantes, sem presença de trincas, mofo e infiltrações. Em relação às
instalações elétricas e hidrossanitárias, devem ser embutidas ou protegidas
por calhas ou em canaletas externas. Todos os ambientes deverão ter
ventilação e exaustão em todos os compartimentos, e será exigido um local
para guarda de resíduos contaminados.
Em relação à classificação do uso de Centro de Terapia Assistida pela
norma RDC 50, a edificação se encaixa com o tipo de uso de clínica de
reabilitação, incluindo o apoio logístico, conforme Figura 57. Ainda segundo
a RDC 50, para esse tipo de edificação devem existir lavatórios exclusivos
para uso da equipe de assistência.
94
Figura 57. Tabela de classificação da RDC50
Fonte: RDC50
Fonte: RDC 50
95
Figura 59. Continuação da tabela para espaços de reabilitação
Fonte: RDC 50
96
reunião de pessoas. Em relação ao número de extintores, deverão ser
obtidos, para cada 150 m² ou pavimento, um jogo de extintores para classes
A, B e/ou C, instalados preferencialmente juntos e localizados na entrada
principal, outro no acesso à escada, e outros distribuídos ao longo da
edificação uniformemente, com a distância máxima a ser percorrida pelo
operador de 10 m.
97
passivo (como ar condicionados), por serem consideradas insuficientes nas
horas mais quentes.
Outra fonte para análise das condições climáticas da cidade e
diretrizes para o projeto seria a carta psicrométrica de Natal, que contém as
indicações do que seria uma área de conforto através de dados de
temperatura e umidade, além das diretrizes de como trazer as condições
específicas da cidade para uma situação de conforto.
A atualização desse processo de classificação das condições climáticas
se dá através da utilização do método adaptativo de ASHARE, onde identifica-
se que 63% dos dados climáticos de natal estão considerados pertencentes a
uma área de conforto para o usuário e os restantes 37% não confortáveis se
devem a altas temperaturas e alta umidade em alguns períodos, e
temperaturas abaixo de 22°C em outros períodos.
98
imprescindível e forrações verdes permitiriam a redução das temperaturas a
partir do resfriamento das superfícies.
Entendendo as classificações por normas e suas respectivas diretrizes,
buscou-se uma análise das condições de forma mais local para o projeto,
através de medições, observações in loco e registros fotográficos, bem como
simulações através de softwares utilizando dos dados adquiridos in loco para
uma maior compreensão das demandas do terreno.
Em relação à ventilação, os ventos predominantes de Natal se
encontram à sudeste, conforme dados do INPE-CRN para o ano de 2009.
Figura 62. Rosa dos Ventos de Natal, indicando direção dos ventos predominantes anual
99
aplicadas determina-se como adequados 200 lux, com valores maiores para
as mesas de diagnóstico, que se definem como adequadas a 500 lux.
100
conforto visual causado pela praça triangular que se encontra na rua Militão
Chaves (Figura 64), os materiais de calçada e de pavimentação das vias geram
ofuscamento pela claridade do ambiente e escassez de sombreamento. Nos
períodos da tarde em pontos mais próximos à rua Militão Chaves (como os
pontos 1 e 2) são bastante desconfortáveis, uma vez que não há nenhuma
proteção contra a incidência solar e os materiais geram ofuscamento.
101
Detalhando-se os demais dados levantados nas medições, tem-se:
• Ponto 1 e 2 8h30: ventilação branda em todos os pontos,
alternada (não constante). Dia nublado ocorria ofuscamento
pela calçada lisa e branca. Suor intenso pela incidência solar,
claridade, materiais como asfalto e concreto e pouca ventilação.
A movimentação de ar ocorria também vinculada a passagem de
carros. Baixo trânsito de pedestres, entorno calmo e silencioso,
predominantemente residencial e com pontos de serviços
102
Figura 66. a) Ponto de medição 1 b) Ponto de medição 2 c) Ponto central do terreno d) ponto 3,
localizado na Raimundo Chaves
a) b)
c) d)
103
principalmente o horário matutino, como também as áreas próximas à Rua
Militão Chaves, regiões menos favorecidas do terreno. Justifica-se, portanto,
as observações in loco em relação às questões de ofuscamento e de
desconforto, e, por isso, as soluções apresentadas buscaram a redução da
incidência solar direta e o uso de materiais que tenham baixo albedo, ou seja,
que possuem baixa reflexão à radiação solar, principalmente para espaços
externos de convivência e permanência.
104
Figura 69. Condições de sombreamento no verão
105
Figura 70. Ilustração de sombra de vento causada por edificações do entorno
106
Levando em consideração as medições in loco, a caracterização do
clima pelo método de ASHARE, as recomendações estabelecidas por normas
e as análises dos resultados de simulações, buscou-se atender a estratégias
de captação da ventilação a partir das extremidades para o centro; não
obstruir a ventilação, com a possibilidade de utilização de elementos vazados;
proteção da incidência solar direta principalmente no período matutino,
tanto para coberturas quanto fachadas e utilização de materiais de baixo
albedo para evitar ofuscamento.
107
Figura 73. Mapa Sonoro Diurno na Região Administrativa Sul
Fonte: Mapa acústico desenvolvido por Débora Nogueira Pinto Florêncio (2018)
Figura 74. Mapa Sonoro Diurno na Região Administrativa Sul com ênfase em área de terreno escolhido em
Candelária
Fonte: Mapa acústico desenvolvido por Débora Nogueira Pinto Florêncio em tese de doutorado
108
equivalentes a 45 dB a 50 dB em áreas de espera, 40 dB a 45 dB em
enfermarias e 35dB a 40dB em consultórios, conforme a tabela de valores de
referência (Erro! Fonte de referência não encontrada.).
Nível de conforto em
Finalidade de Uso RLNC Frequência
dB
125 48
250 41
Consultórios 30 500 35
1000 32
2000 29
125 52
2000 34
125 56
250 50
1000 41
2000 39
109
de tempo de um minuto, para a padronização dos dados. Abaixo os valores
de medição estabelecidos por ponto:
HORÁRIO NV DE
DE PRESSÃO PONTO 1 PONTO 2 PONTO 3
MEDIÇÃO SONORA
NÍVEL DE dB médio 55 55 71
PRESSÃO 8h30
dB MÁX 71 88 83
SONORA
dB médio 65 75 75
(dB) 13h30
dB MÁX 70 80 81
dB médio 55 60 70
17h30
dB MÁX 70 72 84
Fonte: produzido pela autora
Figura 75. Tabela de nível de critério de avaliação NCA para ambientes externos, em dB
110
4.3.3 ASPECTOS DE PAISAGEM
Figura 76. Passeio criado pelo contorno da praça na rua Militão Chaves
111
Figura 77. Visuais da Rua Raimundo Chaves, com destaque para identificação do estádio Arena das
Dunas
112
encontra próxima aos acessos da rua ao terreno. O centro do terreno
também foi considerado uma área de desconforto, uma vez que encontra-se
na sombra de vento causada pelo desnível de três metros do terreno. Para
essa área torna-se eficiente promover resfriamento da cobertura, combinado
com captação de vento e sombreamento das fachadas propostas para esse
local. As áreas próximas à Raimundo Chaves possuem grande potencial para
espaços de permanência por estarem favorecidas por sombreamentos das
edificações vizinhas e pela ventilação proveniente da via coletora, com
ressalvas apenas para a necessidade de isolamento dos ruídos da via e do uso
da edificação para as residências vizinhas.
Uma das problemáticas de desenvolvimento de projeto foi equilibrar
as condições de ventilação natural do espaço com seu uso clínico de
reabilitação, devido a suas necessidades de controles de temperatura e,
portanto, a necessidade de climatização dos espaços. A estratégia adotada
seria, portanto, reduzir a absorção de calor pelas coberturas e envoltórias,
utilizando-se de telhas eficientes ou de estratégias de cobertura ventilada
citada anteriormente, além de permitir aberturas protegidas direcionadas
para proporcionar ventilação cruzada em casos de necessidade ou
impossibilidade dos usos dos equipamentos de climatização.
113
5
Proposta projetual
5.1 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA E PROGRAMA DE
NECESSIDADES
115
recomendações através das experiências e demandas de uso, quantificação
de público, bem como os ambientes propostos pela norma RDC 50 para
espaços de reabilitação. Para o pré-dimensionamento, portanto, foi
necessário quantificar quantos pacientes, funcionários e cães estariam
presentes nas dinâmicas de uso da edificação proposta.
área
Quant. área
por
SETOR AMBIENTE (pessoas ou parcial
setor
amb.) m²
m²
posto de informações 3
registro de
5
pacientes/marcação
Impressão e arquivamento 2 6
PACIENTES 83,1
WC 1,6
WC infantil 1,6
WC pessoas com deficiência 3,2
café 24 24
sala de transição 5 7,5
armário pacientes/público
8 2,4
(guarda volume)
Direção 1 12
ADMINISTRAÇÃO Sala Administrativa + arquivo 20
1 8
e tesouraria
área de ponto 4
estar funcionários 1,3
Vestiário funcionário
15 5,625
Feminino
Vestiário funcionário
1,875
Masculino
FUNCIONÁRIOS sala de reuniões/aula 15 30 175,8
Entrevista 2 12
116
armazenamento de material
4
de enfermaria
armazenamento limpeza área
de funcionários DML + Área
2 10
para recepção lavagem e
guarda de carrinhos
Copa funcionários 23 20
Depósito 40
Jardim sensorial e interação
100
livre
terapia ocupacional 2 15
INTERAÇÃO fisioterapia 2 4,8
HUMANO- 178,8
terapia linguagem e fala 2 15
ANIMAL
área de terapia coletiva 8 20
Sala de psicomotricidade e
8 24
ludo-terapia
posto de informações 1 3
registro de
1 5
pacientes/marcação
Impressão e arquivamento 1 3
Sala de espera 15 18
15 19,5
WC
1,6
WC pessoas com deficiência 3,2
pátio primeiras necessidades 12
estar cães e treinadores 20
armário cães e donos (guarda
15 4,5
volume)
Mesa de
ÁREA CANINA trabalho e 514,8
atendimento,
consultório de checkup
mesa de 25
(triagem) + área de pesagem
procedimento
s, armário e
lavatório
área de avaliação
30
comportamental
despensa alimentos cães 4
armazenamento utensílios
14
day care
Day Care e jardim 15 150
Agility 150
Área para necessidades 20
117
descanso animal 30
armazenamento limpeza area
2
de funcionarios DML
Ala de treinamento prático 1 150
sala de aula teórica
10 8
treinadores
TREINAMENTO 170
sala de preparação
atendimento (higienização pré 12
atendimento)
2,6 26,1
5,5
ESTACIONAMENT
Lixo 373,23
O
Vaga para van de transporte
de equipe Terapia Assistida
ÁREA FINAL
1174,5
Fonte: Produzido pela autora
118
Figura 78. Fluxograma e zoneamento desenvolvidos a partir dos estudos de Mostafa e de informações
adquiridas em entrevistas
119
Figura 79. Divisão de áreas por níveis (pavimentos) desenvolvidos a partir dos estudos de Mostafa e de
informações adquiridas em entrevistas.
120
Figura 80. Imagem de zoneamento por níveis de estímulo
121
5.2 IDEAÇÃO: CONCEITO E PARTIDO
ARQUITETÔNICO
122
Figura 81. Imagens chave para desenvolvimento do conceito, com ênfase em cores, textura e
atmosfera.
Fonte: http://theceramicsstudio.co.uk/category/inspirations/
Fonte: pinterest.com
123
Figura 82. Monasterio Panaghia Hozoviotissa, ilha de Amorgos, Grécia, exemplo de arquitetura
simbiótica
Fonte: pinterest.com
Figura 83. Painel de imagens compiladas através do site pinterest para criação de moodboard
Fonte: pinterest.com
124
e as diferentes texturas presentes em líquens, inspirando soluções de
paisagismo, paleta de cores e materiais a serem utilizados. O conceito se
relaciona, ainda, com os aspectos de integração da edificação construída com
elementos naturais externos, trazendo qualidade de espaços restauradores
ao projeto.
Desta forma, o conceito precede o partido e o desenvolve quando
inspira cores, texturas, mobiliário, organização da forma no terreno,
implantação da edificação no terreno, materiais a serem utilizados,
elementos de ambientação, atmosfera e os elementos a serem utilizados
tanto no ambiente construído quanto nas áreas externas de jardins.
125
Fonte: Pinterest.com
126
sugerir, respectivamente, eixos de circulação e criação de espaços positivos
de permanência.
127
terreno, até que se desenvolvesse um resultado em planta e volumétrico
(Figura 88).
128
O resultado da evolução destes estudos deu-se na utilização de dois
eixos de crescimento orientados de Sul a Norte, e na distribuição de espaços
ao longo desse eixo, representado como duas curvas opostas, similares aos
veios de cogumelos que permitem a ramificação de circulações entre si,
criando um volume em “zigue-zague”. Esse volume promove a criação de
espaços positivos ao longo do terreno, uma vez que o volume se retrai e
cresce novamente, e que, por sua vez, resultam em circulações orgânicas
dentre esses espaços através de ramificações desses fluxos que se conectam
internamente.
Figura 89. Ilustração dos dois eixos de direcionamento dos volumes da edificação e a indicação de
seus espaços positivos resultantes
129
Figura 90. Imagens ilustrativas de sistema porticado de madeira
a) b)
Fonte: Pinterest.com
130
Figura 91. Estudos de desenho para jardins
131
Figura 92. Primeira planta baixa
132
Figura 93. Proposta 1
133
isolamento térmico. O pé direito elevado proporcionaria, também, uma
sensação de maior amplitude dos espaços, que poderia ser controlado
conforme a necessidade de criar atmosferas intimistas ou de maiores escalas
através da utilização de forros acústicos em pendentes ou nuvens acústicas,
alternando de forma dinâmica e orgânica as alturas de cada ambiente.
Fonte: Pinterest.com
134
principalmente nos horários matutinos e vespertinos, a direção dos ventos
predominantes considerada será sempre a sudeste (uma vez que ao longo do
dia as direções de vento mudam, como à noite ocorrem ventos
predominantes de sul).
135
Para a sistematização dos cálculos de ruído bruto e da compreensão
das condições acústicas a serem trabalhadas, produziu-se um mapa de fontes
sonoras considerando a influência do entorno para o edifício e do edifício
para o entorno.
São consideradas as principais fontes de ruído, do entorno para a
edificação os veículos nas ruas Raimundo Chaves e Militão Chaves; os cães
em atividades de day care e agility; os veículos nos estacionamentos e as
atividades de interação humano-animal. As fontes de ruídos consideradas
relativas à influência do Centro de Terapia Assistida no entorno são: as
dinâmicas de interação humano-animal proveniente da TAA; cães em
atividades de day care e agility; o café para visitantes e o estacionamento.
Figura 97. Mapa de fontes de ruído. a) influência na edificação de fontes de ruído externas b)
influência da edificação no entorno
a) b)
136
Desta forma, pôde-se perceber que os ambientes críticos a serem
condicionados ou isolados, considerando seu uso, consistiam na área de
terapia assistida e no descanso canino, estacionamento e nas áreas de day
care e agility (Figura 97). No caso das áreas de terapia se faz necessário o
cuidado em relação ao isolamento de ruídos externos, como também o
condicionamento interno para que não ocorram reverberações que causem
desconforto nas crianças, em especial ao público do espectro autista. Para o
descanso canino o principal seria a preocupação com o isolamento, com o
diferencial da capacidade auditiva dos cães, que alcança frequências muito
maiores que os humanos, alcançando frequências de 10Hz a 40000Hz,
enquanto a audição humana encontra-se no espectro de 16Hz a 20000Hz
(ROSSI, A. 2002), sendo o condicionamento por absorção dos ruídos internos
também necessário para o conforto dos cães em descanso. As áreas de
estacionamento, day care, agility e o jardim de interação humano-animal
precisarão ter seus ruídos dissipados, absorvidos ou bloqueados de forma a
não ultrapassar os níveis de ruído limite para a vizinhança.
As necessidades de isolamento e condicionamento acústicos
contribuíram para a definição dos materiais a serem utilizados nas
envoltórias, a partir dos primeiros cálculos de isolamento bruto (D= N1-N2,
onde D é o isolamento acústico bruto; N1 é o nível sonoro gerado pela fonte
e N2 é o nível sonoro de conforto). Esse cálculo depende, portanto, da
natureza e superfície das paredes, das características acústicas, construtivas
e do mobiliário do ambiente a ser avaliado. Desta forma, através das
características de possíveis materiais propostos, pôde-se escolher os
melhores resultados de cálculo e aplicá-los em projeto.
Para os cálculos em relação aos níveis de ruído, considera-se em dB o
latido de um cão em canis entre 80 dB a 95 dB (MILLIGAN et al, 1993 apud
TAYLOR, K. D.; MILLS, D.S. 2007), no entanto, como evidenciado através de
entrevistas, para as atividades de Day Care os ruídos emitidos pelos cães são
consideravelmente reduzidos em comparação à situação de canis, uma vez
que não se encontram encarcerados e apresentam comportamento
137
comumente mais relaxado. Dessa forma, considerou-se níveis de ruído
intermediários de 90 dB. Já quando ocorrem atividades humanas próximas e
nos períodos diurnos os níveis de ruído emitidos pelos cães podem chegar a
100 dB (SALES, et al, 1997 apud TAYLOR, K. D.; MILLS, D.S. 2007). Para
crianças em atividades nos jardins, considerou os níveis de ruído
semelhantes a crianças em pátios escolares, que podem chegar a intervalos
de 98 dB a 100 dB (KLOCK, M. et al. 2016). Dessa forma, obteve-se os seguintes
isolamentos brutos (Tabela 5 e Tabela 6):
Nível de ruído da
Áreas de fontes Nv de ruído emitido
vizinhança Isolamento bruto
de ruído pelas áreas
(medição)
Day care 90 75 20
Agility 90 75 20
Jardim de
interação
100 75 50
humano-
animal
Tabela 6. Tabela de isolamento bruto dos ruídos externos para os ambientes internos
área de terapia
30 100 70
assistida
descanso
35 95 60
canino
Sala de aula 40 75 35
138
Para atingir os valores estabelecidos por norma, a memória de cálculo
demonstra a necessidade de isolar, dos ruídos externos para a edificação,
valores de 70, 60 e 35 dB. Já da edificação para a vizinhança deverão ser
isolados 50 dB nas áreas de interação humano-animal. Para atingir os níveis
de conforto acústico estabelecidos propõe-se a criação de barreiras
acústicas nos muros para a proteção da vizinhança, bem como o uso de
materiais com maiores densidades e proteção de frestas das aberturas dos
ambientes mais críticos.
Por fim, em relação à proposta 1, percebeu-se a necessidade das
seguintes modificações:
• Dar mais robustez ao sistema estrutural
139
sistema estrutural. Nessa orientação foi esclarecido que o sistema estrutural
em madeira microlaminada colada seria ideal para o formato e os vãos
presentes neste projeto. Esse tipo de sistema permite seções bastante
esguias e vãos extensos, sendo as secções da madeira de mínimos 5 cm por
10 cm, e espaçamento de até 5 metros entre um pórtico e outro. Para esse
tipo de estrutura seria necessário contraventamentos nas rotações dos
pórticos, que podem ser feitos a partir de cabos no formato de X, Y ou K,
permitindo configurações que livrem as esquadrias para a passagem dos
visitantes e pacientes da edificação. Para o encontro entre os dois níveis,
onde se teria a circulação vertical acessível, foi sugerido a adoção de um
sistema de núcleo rígido convencional, viga pilar, para garantir os esforços
do primeiro pavimento (ou pavimento térreo), já que os pilares provenientes
desse pavimento estariam com inclinações desfavoráveis ao espaço no
pavimento de subsolo. Para um melhoramento formal da edificação proposta,
escolheu-se simplificar os elementos de fachada envolvido, tirando proveito
desse novo sistema estrutural que permite maiores espaçamentos entre um
pilar e outro. Desta forma, adotou-se o processo de unificar pilares para dar
mais robustez, e trazer elementos de sombreamento de fachada alternados
ao invés de ao longo de toda a fachada oeste. Deste modo criou-se uma
dinâmica visual de elementos que trouxeram sensações de aberturas e
fechamentos, como também livrando os principais acessos de obstáculos. Em
relação aos acessos, escolheu-se distanciar de forma mais evidente a
estrutura da envoltória externa, para que se formassem caminhos cobertos
de acesso até o interior do edifício. Essa estratégia possibilitou o
sombreamento das fachadas, a criação de caminho acessível e coberto de
entrada, além de aspectos de leveza pelo descolamento da estrutura.
Após tais modificações e com a evolução para as soluções de
fechamento do terreno, posicionamento de guaritas para controle de acesso
e a adição de uma vaga de ambulância próxima a área de funcionários,
obteve-se a proposta 2
140
Figura 98. Perspectivas da proposta 02
Essa última proposta foi a escolhida para ser desenvolvida por sua
qualidade estética, melhor adaptação e posicionamento dos elementos de
proteção solar para as fachadas, maior simetria e aumento das áreas de
atendimento. Sua configuração interna dos ambientes também criou maior
fluidez de circulação, maior adequação à acessibilidade, fechamento de maior
141
segurança para evitar a fuga de cães em treinamento ou em atividades de
lazer.
142
Para o melhoramento desta proposta buscou-se reduzir a quantidade
de quinas e cantos, devido às recomendações por norma em relação à
facilidade de higienização dos espaços, considerando que cães podem sofrer
de parasitas que se depositariam nesses locais de difícil acesso. Outra
necessidade seria de melhor definição dos jardins, incluindo propostas de
interação entre pacientes e jardim para experiências sensoriais benéficas ao
tratamento de crianças em reabilitação, o posicionamento de plantas de
grande porte para sombreamento, bem como definição de plantas
aromáticas afim de proporcionar maior enriquecimento ambiental para os
cães, além da possibilidade de utilização da vegetação como jardins verticais
para o tratamento acústico de muros voltados ao day care canino, com o
objetivo de reduzir os possíveis ruídos gerados pelos cães aos apartamentos
e casas vizinhas. Faz-se necessário, também, a definição de layout e
ambientação lúdicos para a contribuição à qualidade ambiental e de
tratamento do público infantil.
143
Proposta final
6
Este capítulo trata do detalhamento da proposta arquitetônica a partir do me-
morial descritivo e as justificativas das soluções adotadas, através da exposi-
ção de seus dados urbanísticos, aspectos funcionais, ambientais, construtivos
e formais.
6.1 ASPECTOS GERAIS
145
permeabilidade, os jardins sensoriais, de interação humano-animal e área de
agility se somam proporcionando áreas permeáveis maiores que 20% do lote.
PRESCRIÇÕES URBANÍSTICAS
146
Figura 101. Representação de proposta de jardim
147
interesse para crianças em espera de atendimento e área de apoio aos
responsáveis que as acompanham. Essas áreas possuem suas fachadas
sombreadas por elementos de madeira que projetam desenhos no interior da
edificação.
Aproximando-se do centro do terreno e seguindo o caminho até o
atendimento de TAA, encontra-se a circulação vertical, que compreende uma
escada de alvenaria e plataforma elevetória, onde também se localiza a caixa
d’água, aproveitando-se do núcleo rígido formado pela estrutura dessa
circulação, e que pode ser acessada através de escada de marinheiro no átrio
da circulação vertical.
Em seguida encontra-se a área de transição para o atendimento, que
inclui área de armários tipo lockers para guardar bens pessoais das crianças
a serem atendidas, como também assentos infantis e adultos, para que seja
permitida a observação dos atendimentos que ocorrem nas demais salas.
Essa mesma sala de transição possibilita a apresentação dos cães terapeutas
antes do atendimento em si, ambas características do ambiente
desenvolvidas para permitir a aproximação gradual de crianças que possam
ter receios iniciais em relação ao tratamento. A sala precede grandes áreas
de atendimentos lúdicos e fisioterápicos, consideradas áreas de alto
estímulo. Inseridas nessas áreas de atendimento mais estimulantes, os dois
consultórios flexíveis servem também como refúgios para crianças com
autismo que se sentirem estafadas por excesso de estímulo. Além dos
consultórios, pequenas áreas de refúgio foram criadas a partir de mobiliário
para que essas crianças tenham autonomia, caso sintam necessidade de se
recolher. Ainda nas áreas de atendimento, foi proposta uma pequena
enfermaria. As áreas de atendimento se mantêm elevadas em relação à parte
do lote voltada à Rua Raimundo Chaves, permitindo visuais para a cidade que
incluem marcos como o Arena das Dunas.
No nível da Rua Raimundo Chaves se encontram as áreas exclusivas
para cães e as áreas de interação entre cães e visitantes. Essas áreas são
acessadas a partir da circulação vertical que se encontra no centro da
edificação, levando a um hall coberto com banheiros e vista para o segundo
148
jardim. A projeção do pavimento superior cria uma área de interação
humano-animal coberta, o que proporciona flexibilidade para as atividades.
O acesso às áreas de agility e day care é restrito a funcionários para a
garantia do bem-estar animal. A área de agility consiste em uma área verde e
aberta com mobiliários removíveis de circuito e obstáculos. Já a área de day
care conta com pequena lagoa reversível – que pode se tornar área de escavar
e buscar guloseimas ao ser preenchida por bolas ou terra – depósito para
mobiliários e itens de enriquecimento ambiental, despensa e descanso
canino com isolamento acústico, onde também se faz uso da cromoterapia.
Para ilustrar os fluxos citados, insere-se abaixo a planta dos dois pavimentos
com destaque para os zoneamentos desenvolvidos.
149
Figura 103. Zoneamento por níveis de estímulo obedecendo os princípios de ASPECTSS
150
Tabela 7. Cáclulo de reservatório de água por demanda de público
Consumo Capacidade
Número de Reserva
em L /dia Consumo mínima da
Usuários Indivíduos L/dia de
/ Diário (L) caixa
/ Dia incêndio(L)
indivíduo d'água
Pacientes TAA 16 10 160
Pais/Responsáv
16 10 160
eis
Público
Turma
Externo
treinamento 20 50 1000
TAA
Cães Day Care 15 50 750
Treinador e
Avaliador Day 4 50 200
Care
Limpeza 3 50 150
Fisioterapeutas 2 50 100
Psicólogos 2 50 100
Veterinários 2 50 100
4576,5 7500 16653
Cães
16 50 800
terapeutas
Público Auxiliar de
4 50 200
Interno equipe TAA
Pediatra 1 50 50
Adm 1 50 50
Recepcionista
2 50 100
TAA
Recepcionista
1 50 50
treinamento
Instrutor
treinamento 1 50 50
teórico
Jardins por m² 3717 1,5 675
Fonte: Produzido pela autora
151
6.2 MATERIAIS E SISTEMAS CONSTRUTIVOS
152
caso as demandas e necessidades se modifiquem. As esquadrias ficam
recuadas na espessura da parede externa, protegendo-a e criando
acabamento estético. As janelas são de vidro laminado triplo para fins
acústicos onde ocorre maior necessidade de isolamento dos ruídos, e vidro
laminado de camada simples nos locais com menos exigência de isolamento.
Os forros de lambri acompanham as inclinações do telhado, provocando pés
direitos alternados, com alturas máximas de 5,65 m e criando possibilidades
de ornamentação através de nuvens acústicas em secções de madeiras
microlaminadas, aumentando ou diminuindo as alturas dos ambientes
conforme o melhor condicionamento destes. As telhas termo-acústicas
objetivaram melhorar ainda mais o desempenho da cobertura, diminuindo o
calor transmitido aos ambientes.
Considerando o uso de centro de saúde e reabilitação, incluindo a
presença de animais, buscou-se a utilização de materiais passíveis de
lavagem, que não proporcionassem cantos nem rejuntes.
As esquadrias levam em consideração o desempenho acústico que
evite a influência negativa nos níveis de estímulo de cada ambiente, bem
como a promoção da integração visual entre ambientes e de ambientes
internos para jardins externos. Para isso, esquadrias de vidro laminado com
camadas de ar interna foram adotadas para as janelas com caixas de alumínio
galvanizado nos locais de menos exigências de isolamento e caixilhos de
madeira maciça nos espaços de atendimento. As janelas altas, em sua maioria
utilizadas para a captação da luz natural entre os ambientes, são tipo
basculantes com acionamento por alavancas extensoras na altura do usuário.
6.3.1 TÉRMICO
153
desenvolvida para que as menores áreas ocupassem o centro do terreno,
trazendo as áreas de permanência para as extremidades do lote. Os jardins
são localizados nas áreas naturalmente mais confortáveis do terreno,
convidando à permanência e atenuando visualmente ofuscamentos de
materiais do entorno através das forrações verdes.
Os elementos de sombreamento foram distribuídos nas fachadas Leste
e Oeste de forma dinâmica e alternada. Para os resultados em termos de
insolação, as análises das aberturas através do software Solar Tool
demonstraram que, para as janelas em situação de maior exposição à
insolação direta (Figura 104), os brises de madeira escolhidos com um
espaçamento de 10 cm entre cada elemento horizontal foram eficientes,
principalmente para o período do verão e à tarde. Os pórticos de espessura
de 40 cm que emolduram os brises funcionaram como elementos verticais de
sombreamento para as janelas, proporcionando um afastamento dos brises
de 20 cm da fachada e ainda permitindo a conexão visual com as áreas
externas.
Figura 104. Esquema e carta solar de elemento de sombreamento na abertura de sala de espera
154
Figura 105. Esquema de insolação de janela da área de café sem elementos de sombreamento
155
6.3.2 ACÚSTICO
Perda de
Nível Nível
Frequência transmissão
esperado obtido
PTc (dB)
156
Figura 107. Esquema de especificação de materiais para isolamento acústico
157
Fonte: Produzido pela autora
Tabela 10. Valores de Perda de Transmissão sonora e níveis de ruído interno obtido
Perda de
Nível Nível
Frequência transmissão
esperado obtido
PTc (dB)
158
2000 34 73,12 26,88
6.3.3 PERSPECTIVAS
159
Figura 109. Perspectivas da proposta final
Fonte: Produzido pela autora
7
Conclusões
Os objetivos para o projeto de Centro de Terapia Assistida foram
atendidos de forma satisfatória, uma vez que os resultados levaram ao
atendimento de espaços voltados tanto à saúde humana quanto ao bem-estar
animal.
A adoção das ferramentas de design thinking e dos processos cíclicos
de Lawson permitiram o desenvolvimento de soluções dinâmicas para o
projeto, criando camadas de critérios a serem atendidos que resultaram em
um projeto diverso, onde se considerou não só a plástica da volumetria, ou
não apenas a funcionalidade, mas o conjunto de elementos estratégicos a
ambos.
Foi possível, através das entrevistas e estudos de referencial teórico,
compreender as necessidades de espaços voltados ao bem-estar animal,
como também as especificidades do uso e das atividades da Terapia Assistida
por Animais.
A edificação respeitou os condicionantes legais, ambientais e de
programação arquitetônica, bem como incluiu crianças do espectro autista
em atividades grupais através do respeito às suas necessidades específicas
relacionadas aos níveis de estímulos e de conforto acústico.
Devido à volumetria dinâmica do projeto, os desenhos técnicos a
serem desenvolvidos em caso de execução do projeto precisariam
contemplar a verdadeira grandeza de cada segmento de suas fachadas.
Outros aspectos de execução, como as interações estruturais de cobertura e
acessos de caixa d’água, bem como as definições dos sistemas de
refrigeração, como ar condicionados centrais e independentes nas áreas de
day care, precisariam ser discutidos em conjunto com profissionais das
respectivas áreas de projetos complementares.
O trabalho coloca-se em posição de contribuir para temas que
envolvam projetos que considerem a interação humano-animal em benefício
da saúde e reabilitação infantil, incluindo o bem-estar animal. Foi possível
permear e considerar neste projeto áreas de conhecimento diversas
adquiridas no curso, como conforto ambiental, psicologia ambiental e projeto
arquitetônico.
167
8. REFERÊNCIAS
BIBLIOGRAFIA
168
LAMBERTS, R. Conforto e stress térmico. Universidade Federal de Santa
Catarina. Departamento de Engenharia Civil. 2011.
169
PEGORARO, B. et al. Estratégias para Arquitetura Bioclimática na Cidade de
Passo Fundo. 5° Seminário Internacional de Construções Sustentáveis. 2016
PES 2016 – 2019. Plano estadual de saúde. Governo do Estado do Rio Grande
do Norte. Secretaria de Estado da saúde pública. Coordenadoria de
planejamento e controle de serviços de saúde. Natal, RN. 2016.
TAYLOR, K.D.; MILLS, D.S. The effect of the kennel environment on canine
welfare: a critical review of experimental studies. Universities Federation for
Animal Welfare. Department of Biological Sciences. University of Lincoln, 2007.
NORMATIVOS
170
ABNT. NBR 5413 Iluminância de interiores – procedimento. Rio de
Janeiro,1992
ACERVO ELETRÔNICO
171
BARRY, M. Interviewing Skills. Stanford University, 2010. Disponível em:
<https://dschool-
old.stanford.edu/groups/k12/wiki/5a23d/Interviewing_Skills.html>
Acessado em: 25 abril 2019.
JANE WEAVER. Nbc News. Puppy Love - It's better than you think: Pets tri
gger our "feel good" hormones, research suggest. Disponível em: <http://
www.nbcnews.com/id/4625213/ns/health-pet_health/t/puppy-love----
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172
Portal G1. Potiguares passam 24 horas em fila para tentar atendimento em
centro de reabilitação infantil de Natal. Marksuel Figueredo. Publicado em
agosto de 2018. Disponível em <https://g1.globo.com/rn/rio-grande-do-
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tentar-atendimento-em-centro-de-reabilitacao-infantil-de-
natal.ghtml> Acessado em: 20 abril 2019.
SOFTWARES
Autodesk Ecotect Analysis 2011. Autodesk, Inc 2010. All rights reserved.
9. APÊNDICES
173
APÊNDICE A – MATERIAL DE APRESENTAÇÃO DISTRIBUÍDO PÓS ENTREVISTA
174
APÊDICE B – MATERIAL GUIA PARA ENTREVISTAS
175
APÊDICE C – MATERIAL EXPLICATIVO SOBRE PROJETO DISTRIBUÍDO EM
ENTREVISTAS
176