Resumo para Moot

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RESUMO DUE MOOT COURT

Natureza jurídico-política da UE
3 hipóteses:
 Direito Internacional (organização internacional) – Resulta de uma criação dos estados através de
tratados, aparenta ser uma ‘mera’ organização internacional;
 Direito Constitucional (federação de Estados e de povos) – Há quem defenda que não pode ser uma
organização internacional. O próprio Schumann tinha declarado que isso não era o objetivo, não é isto
que se procura. Mas se não é uma organização internacional o que é? É algo a meio caminho entre um
estado e uma organização internacional. Tem características diversas, o que é visível nos tratados
(tratados são DIP, mas são tratados constitucionais que retiram alguma da soberania dos estados);
 Direito sui generis (OPNI) – Objeto político não identificado, algo que nunca conseguimos concretizar,
algo completamente novo.
Algo que também distingue uma federação de estados de uma organização intergovernamental é o conjunto de
princípios basilares como o do Estado de Direito Democrático que condicionam a entrada de outros Estados para
a União. A ordem constitucional da União aspira conciliar a diversidade na unidade.
Tensão dialética entre dois princípios:
 Princípio da Integração – Ideia de uma união estreita entre os povos da Europa;
 Princípio federal – Respeito pela identidade nacional, os estados têm existência política e constituições
que devem ser respeitados.
Fontes de DUE
Direito Primário
 TUE – Maastricht
 TFUE – Roma
 Tratados que revêm tratados
 Tratados de Adesão
 Carta dos Direitos Fundamentais – na prática é direito constitucional da união, está em anexo, mas é
vinculativa pelos próprios tratados
 Princípios gerais de direito da União Europeia – “Os princípios gerais de direito comunitário situam-se
num patamar constitucional (…)” Acórdão Audiolux SA
 Princípio da competência da atribuição - A União tem as competências que lhe foram atribuídas pelos
Estados. Há uma limitação ao que a União pode fazer.
 Função paramétrica de validade – Diretivas não podem violar os tratados. Existe uma hierarquia formal
que coloca os Tratados num patamar superior.
Direito derivado/secundário
 Regulamentos
 Diretivas
 Decisões
 Recomendações
 Pareceres
O Direito derivado da UE encontra-se previsto no art.º 288 TFUE, que estipula quais os atos jurídicos da União,
apresentando uma clara distinção entre soft law e hard law. Os pressupostos para o direito derivado encontram-
se no art.º 296 e 297 TFUE.
 Regulamentos
No tratado constitucional seriam lei, correspondem materialmente a uma lei no plano interno em virtude de
serem um ato revestido de generalidade e abstração. O regulamento tem caráter geral, é obrigatório e
diretamente aplicável. O regulamento é publicado em jornal oficial e, após vacatio legis, ele é diretamente
aplicável nos estados-membros. É direito interno. Uma vez publicado no jornal oficial ele pode ser invocado
perante os órgãos de justiça nacionais.
 Diretivas
As diretivas dirigem-se aos Estados e obrigam os Estados a transpô-las, obrigando-os a conformar a sua ordem
jurídica através de legislação. Têm, no entanto, liberdade de decidir de que forma como transpõe e no tempo em
que transpõe – prazo de transposição. Também são direito interno, mas só produzem efeitos quando transpostas.
A diretiva é o meio preferencial de harmonização legislativa – é o ato legislativo que dá tempo aos estados
para legislar nesse sentido. É difícil porque podem haver transposições erradas e porque os países podem não
cumprir prazos. A diretiva vincula o Estado-Membro destinatário (quase aparenta ser um ato de Direito
Internacional). Deste modo, em princípio, as diretivas não geram nem direitos nem obrigações na esfera jurídica
dos particulares. Pressupõe a possibilidade de diferenciações normativas do regime jurídico a estabelecer nos
Estados-Membros. O Estado tem a obrigação de transpor no prazo e fielmente.
 Decisões
São obrigatórias em todos os seus elementos. Quando designa destinatários, só é obrigatória para estes. Quando
são particulares a decisão tem uma natureza administrativa. Também podem ser atos gerais e abstratos no âmbito
da ação externa. O que a distingue de diretivas e regulamentos é o facto de ser um ato administrativo.
 Recomendações e pareceres
São atos não vinculativos, mesmo o direito vinculativo pode ser procedido por atos não vinculativos. O que
distingue uma recomendação e um parecer é que uma recomendação tem origem no órgão que a formula, traduz-
se num convite à adoção de determinado comportamento, enquanto um parecer é geralmente adotado no quadro
de um procedimento de decisão, como ato interno e preparatório.
Outros atos jurídicos, não reconduzíveis a outros atos previstos no art.º 288, são:
 Acordos interinstitucionais
 Comunicações
 Códigos de conduta
 Livros Brancos
 Livros Verdes
 Etc.
Direito Internacional
Art.º 47 TUE
A UE é sujeito de Direito Internacional, porque atua nas relações internacionais adotando tratados
internacionais. Vai ser autora e destinatária de normas de Direito Internacional, estando sujeita ao próprio
Direito Internacional comum. A UE é uma federação aberta. A União pode celebrar tratados internacionais,
sendo que Portugal também pode celebrar tratados internacionais, mas não sobre o mesmo assunto, apenas
nos assuntos dentro dos quais têm competência. Portugal não poderia, por exemplo, assinar um acordo
internacional com Cabo Verde sobre vistos.
A ordem jurídica da EU é uma ordem jurídica monista.
Ordens jurídicas monistas vs. dualistas referem-se à forma como o Direito Internacional vai ser incorporado
internamente. Nas ordens jurídicas monistas (Caso português também – art.º 8 CRP) uma vez publicada a
convenção pode ser invocada. Nas dualistas o Direito Internacional apenas pode ser aplicado se for transposto
para direito interno. Para saber se um país tem uma ordem jurídica monista ou dualista é importante ver a
constituição. Itália tem uma ordem jurídica dualista, Portugal e a EU têm uma ordem jurídica monista.
Direito da União e Direito dos EM
A relação entre o DUE e o Direito Nacional tem por base dois princípios fundamentais:
 Princípio do Primado
 Princípio do Efeito-Direto
O DUE é “law of the land” (direito potencialmente aplicável), e também “higher law of the land”. Estes são os
dois princípios que estruturam a relação do DUE com os direitos nacionais.
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Outro princípio importante é o princípio da cooperação leal. O Direito de UE precisa dos Estados, precisa do
aparelho jurídico-normativo dos estados. Os Estados devem fazer tudo ao seu alcance para aplicar DUE, se
não o sistema colapsa. Este princípio é crucial porque marca bem a estrutura da própria união. As administrações
nacionais devem fazer tudo ao seu alcance para garantir a aplicação do DUE e não devem colocar em causa a
realização dos objetivos dos tratados.
Princípio do Efeito Direto
Direito da UE constitui fonte imediata de Direito para os tribunais e as administrações públicas nacionais. Isto
implica que um tribunal possa decidir com base no DUE. Acórdão Van Gend e Loos vem mudar tudo.

Diretamente Aplicável Vs. Efeito Direto

 Diretamente Aplicável – É direito interno (todo o direito da EU é direito interno) “law of the land”
 Efeito Direto – É justiciável? Pode ser invocada em tribunal? (Ex. Diretiva se não tiver sido passado
o prazo de transposição, ou normas como ambientais que dizem que temos que ter até x gramas de
CO2 no ar. É direitamente aplicável, mas dificilmente poderei alegar que o meu direito ao ar limpo
está a ser violado).

Após este acórdão surge uma questão: e se existir conflito entre normas nacionais e DUE? O Acórdão Costa v.
ENEL vem dizer que, em caso de conflito, as regras do Direito da União têm prevalência sobre Direito
Nacional, dando origem ao Princípio do Primado.
O que distingue o Efeito Direto da Aplicabilidade Direta?
 Aplicabilidade Direta - O Direito da União, a partir do momento em que entra em vigor, integra as
ordens jurídicas. Todo o Direito da UE é diretamente aplicável – law of the land
Ou seja, todo o Direito da UE é diretamente aplicável, mas nem todo tem efeito direto.
 Efeito Direto – Se forem justiciáveis, se puderem ser invocadas em Tribunal. Para isto têm de ser
incondicionais e suficientemente claras e precisas. Quem invoca o efeito direito são os particulares, se
a norma reunir certas características.
Efeito Direito Vertical e Horizontal – Perante quem é que vou invocar o meu direito?
 Vertical – Invoco a norma perante o Estado
 Horizontal – Invoco perante outro particular

O reconhecimento do efeito direto às normas de acordos internacionais cabe


Acordos
exclusivamente ao Tribunal de Justiça. Vai depender se as próprias partes quiserem que
Internacionais
tenha efeito direito, e se é constitucional.
Diretamente aplicáveis, podem ter efeito direto, mas para isso temos de tentar perceber se
Regulamentos
a norma é justiciável.
Decisões Produzem efeito direto vertical, mas não horizontal

Em princípio não têm efeito direto, mas são diretamente aplicáveis. Não pode haver efeito
direto até ao fim do prazo de transposição da diretiva. Uma disposição de uma diretiva tem
Diretivas
efeito direto se for: incondicional, suficientemente precisa e se o prazo da transposição
tiver ocorrido ou se tivesse sido mal transposta – Acórdão Van Duyn

Um outro acórdão relevante é o acórdão Marshall, que vem determinar que uma diretiva não pode criar
obrigações na esfera jurídica de um particular, e que não pode, portanto, ser invocada enquanto tal contra outra
pessoa. Por outras palavras, não pode haver efeito direto horizontal.
Para existir um conflito entre normas, elas têm de ser invocadas. Assim, o princípio do primado interessa para
resolver conflitos normativos.

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Princípio do Primado
Significa prevalecer – deixa de valer o princípio hierárquico, cronológico e mesmo o da especialidade. O direito
da União tem primado sobre a legislação nacional.
Em virtude da sua natureza originária especifica, não pode ser oposto em juízo um texto interno, qualquer que
seja. O DUE consubstancia-se então como sendo:
Um direito de tipo federal que vigora nos estados-membros como law of the land (Efeito direto) e,
simultaneamente, higher law of the land.
De salientar que não foram as decisões que criaram o efeito direto e o primado, apenas o tornaram claro,
revelaram o Direito que já existia.
Quais são os efeitos do primado?
 Efeito técnico – O primado diz respeito à aplicação do direito da União na ordem jurídica nacional e
não afeta a validade da norma nacional em causa. – A é lei da UE e tem primado, revogando B.
Deixando de valer A, pode voltar a valer B porque B não é revogado.
O Direito da União integra as ordens jurídicas nacionais, mas não derroga leis nacionais. Conjunto de normas
nacionais que existem e não foram derrogadas, mas podem consideradas letra morta pela falta de eficácia. O
princípio de cooperação leal diz que o legislador, para evitar complicações, devem afastar as leis nacionais que
contrariam DUE.
Deste modo, podemos concluir que o primado não afeta normas nacionais, mas indiretamente obriga ao
afastamento de procedimentos e normas nacionais que coloquem em causa a efetividade do Direito Europeu.
Problemas do primado
Segundo o TJUE, o primado é incondicional e absoluto, abarcando qualquer norma de Direito da União. Ainda
segundo o TJUE, a validade de Direito da União não pode ser colocada em causa com fundamento na sua
incompatibilidade com direito fundamentais ou princípios estruturantes.
No entanto, isto não é reconhecido pelos tribunais nacionais. Este é um problema respeitante a perceber
quem é que em última instância deve ter poder para avaliar a compatibilidade do direito da união com direitos
nacionais. O TJUE diz que esta é competência sua. Mas os tribunais constitucionais nacionais discordam,
dizendo que em última instância esta decisão é sua.
O grande problema do princípio do primado é este – em 2020 vem o primeiro acórdão do TC a pronunciar-se
sobre este assunto, dizendo que o primado absoluto não é reconhecido pelos tribunais nacionais, dizendo que em
última instância estes não renunciaram a um núcleo identitário constitucional, o que não se torna um problema
porque está associado ao art.º 5 (território), sendo que se uma norma da UE mexesse nisto iria contra os próprios
tratados. Na Alemanha esta questão também foi levantada.
Princípio da Interpretação Conforme
Se não pode ser invocado o efeito direto por se tratar de outro particular [Acórdão Marshall], e não se pode
resolver o caso com base na diretiva e deve fazê-lo através do Direito Nacional, o juiz, por via do princípio da
cooperação leal (tribunais têm obrigação de interpretar o Direito Nacional à luz de qualquer fonte vinculativa de
DUE), para resolver o litígio entre os dois particulares, deve fazer tudo ao seu alcance para interpretar o Direito
Nacional, à luz da diretiva (partindo do pressuposto que já passou o prazo para transposição), na medida
do possível, para encontrar uma forma de garantir que a Sra. Marshall continua a trabalhar. Porém, há limites:
não se pode desviar da letra da lei, uma das coisas que nos diz a interpretação é que não podemos fazer
interpretações contra legem;
No acórdão Adeneler, o TJUE salientou a ideia de que a interpretação conforme tem como propósito resolver o
problema criado pelo impedimento do efeito direto horizontal, protegendo o interesse do particular através
do reconhecimento do princípio da interpretação conforme com base no princípio da cooperação leal
supramencionado, para tutelar o interesse do particular.
Um outro acórdão relevante é o Acórdão Pfeiffer (C-397-403/01), que reforça esta ideia da cooperação leal e
da interpretação conforme. Implica procurar interpretar o Direito Interno (pelo juiz nacional) no litígio entre
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dois particulares à luz do Direito Europeu, procurar o Direito Interno que transpõe e, para além disso, todo o
Direito Nacional (não se deve cingir às normas de transposição) – elemento sistemático – deve ter em
consideração todo o Direito Nacional para que este seja interpretado de forma a não conduzir a um
resultado contrário ao pretendido pela diretiva.
Quais os limites à interpretação conforme?
 Temos de interpretar o Direito nacional mediante a aplicação dos métodos de interpretação por si
reconhecidos;
 Não podemos, apesar de procurar salvaguardar a posição do particular, alcançar um resultado
interpretativo que contrarie as normas nacionais – devo ter sempre como limite a letra da lei;
 Não contrariar os princípios gerais do direito – princípio da segurança jurídica ou não-retroatividade, por
exemplo;
 Acórdão Maribel - TJUE diz que este princípio se aplica quando for possível uma interpretação
conforme a estas limitações.
Direito Internacional e Direito da UE
As instituições da União estão sujeitas ao direito derivado dos acordos internacionais celebrados por esta, têm
primazia sobre ao direito secundário da União, encontrando-se abaixo dos tratados da UE. Têm um valor
infraconstitucional e supralegal.
O Tribunal de Justiça tem a competência para apreciar preventivamente a compatibilidade face aos
Tratados de acordos internacionais, o que revela a sua natureza infraconstitucional.
Exceção, art.º 351 TFUE salvaguarda o cumprimento pelos Estados-Membros de obrigações em relação a
Estados terceiros emergentes de convenções internacionais concluídas antes da pertença à União que sejam
incompatíveis com os tribunais. O Acórdão Kadi, no entanto, estabelece que esta exceção não pode ser
interpretada no sentido em que autoriza “uma derrogação aos princípios de liberdade, de democracia e do
respeito dos direitos humanos e das liberdades fundamentais consagradas no art.º 2 do TUE enquanto
fundamento da União”.
O Direito Primário da União tem prevalência em todas as situações de conflito, mesmo perante o Direito
Internacional e o Conselho de Segurança da ONU.
Princípios Fundamentais da UE
Há uma enorme diversidade entre os Estados europeus. Pertencemos todos ao mesmo molde, mas há ainda
diversas pluralidades. A construção europeia foi feita por oposição, sou português porque não sou espanhol.
Há uma ideia da Europa, há muita diversidade, mas isso não esconde a existência de valores comuns. Quais são
os valores comuns aos Estados-Membros que fundam a União, constituindo uma das dimensões nucleares da sua
constituição material, e que garantem a homogeneidade necessária à sua subsistência?
Reiterando que são estes valores são fundamentais à homogeneidade, que, por seu lado, é fundamental para a
existência e continuidade da União.
O art.2º TUE elenca os valores fundamentais da UE. Todos os litígios a este respeito podem ser levados aos
tribunais para ser resolvidos pelo TJ. São, assim, valores fundamentais e altamente justiciáveis:
i. Dignidade Humana
ii. Democracia
iii. Igualdade
iv. Estado de Direito
v. Respeito pelos Direitos do Homem
Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia
Desde a entrada em vigor do Tratado de Lisboa, a Carta dos Direitos Fundamentais tornou-se vinculativa. Até
agora a proteção dos direitos fundamentais assumiria um caráter essencialmente jurisprudencial, o que
dificultava a aplicação jurídica do mesmo. No seio do movimento codificador da União Europeia, tomou-se a
iniciativa de positivar os direitos fundamentais que já eram protegidos ao longo de todo um processo de

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evolução jurisprudencial. Não é de todo correto dizer que a proteção dos direitos fundamentais no seio da União
Europeia surgiu com a respetiva Carta de Direitos, esta é apenas uma reafirmação dos direitos que já eram
anteriormente reconhecidos.
Segundo o art.º 51, a carta só se aplica aos Estados-Membros quando estes são chamados a aplicar o direito da
União e não na aplicação do seu direito interno.
Em suma, já existia proteção dos direitos fundamentais, mas passamos a ter um catálogo.
Segundo o art.º 52 (à semelhança do art.º 18 da CRP), que refere que os direitos fundamentais podem ser
restringidos.
Num momento inicial a EU não previa a proteção dos direitos fundamentais, só passou a estar após uma
evolução jurisprudencial longa feita em colaboração com os tribunais nacionais (sobretudo o tribunal
constitucional federal alemão).
Nota: Sobre regulamentos, diretivas e decicões – art.º 288 TFUE

Van Gend Loos


Efeito Direto DUE
Este Acórdão visava saber se um art.º do Tratado (neste caso Tratado da CEE, artigo sobre direitos aduaneiros).
A empresa de mudanças em questão alega que não tem que pagar certos direitos aduaneiros porque o tributo
cobrado pela Administração violava os Tratados, levando o Tribunal holandês a suspender o caso e a perguntar
ao TJUE se o Direito da UE tinha efeito direto. Por um lado, responde que de forma abstrata o DUE tem efeito
direito, por outro afirma que o art.º 12 do então tratado da CEE também forma um direito (a proibição aos
estados cria um direito para os particulares invocarem).
Afirma que o Tratado é “mais do que um acordo meramente gerador de obrigações (…)”. Surge então uma nova
ordem jurídica – federal.
“O art.º 12 tem uma proibição clara e incondicional” – se a proibição não fosse clara e incondicional a empresa
não a poderia invocar.
Costa V. ENEL
Primado
Diversamente dos tratados internacionais ordinários, o Tratado CEE institui uma ordem jurídica própria que é
integrada no sistema jurídico dos Estados-membros a partir da entrada em vigor do Tratado e que se impõe aos
seus órgãos jurisdicionais nacionais. – a partir do momento em que o estado transfere competências para a união
e a união legisla, este direito tem que ter primado, porque já não é de competência do Estado. – Princípio do
Primado
Van Duyn
Efeito Direto Diretivas
Uma senhora neerlandesa que ia ocupar um lugar como secretária no Reino Unido para a igreja da cientologia.
Nos anos 70 vários estados-membros acreditavam que esta igreja era um perigo para a segurança publica. Não a
deixam entrar no RU, porque ela era membro dessa igreja considerada um perigo. Ela recorre a um tribunal
britânico, invocando a violação de uma norma de uma diretiva que diz que os Estados-Membros só podem
rejeitar cidadãos de outros estados-membros que consideram ser um perigo em concreto e não da igreja. A
diretiva dirige-se aos estados. O RU vem dizer que só os regulamentos são diretamente aplicáveis e as normas
diretivas não podem ter efeito direto. A questão que se coloca é se um particular pode invocar uma diretiva
direcionada aos Estados. A conclusão a que se chegou, é que seria incompatível com efeito obrigatório que o
artigo 189º reconhece as diretivas excluir em princípio que as obrigações por elas impostas possam ser invocadas
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por particulares. Se a norma for clara, precisa e constitucional e se o prazo de transposição tiver ocorrido
eu posso invocar uma diretiva.
Marshall
Efeito Direto Vertical Ascendente
Nutricionista que trabalhava para o Estado britânico, trabalhava num hospital. A idade de reforma era aos 60
anos para as mulheres e aos 65 anos para os homens. Ela tinha 62 anos e dispensaram-na compulsivamente.
Invocou a discriminação, afirmando ter sido prejudicada financeiramente porque a obrigaram a deixar de
trabalhar e era uma discriminação contra as mulheres porque assumiam que aos 60 anos já não tinha capacidade
para trabalhar quando efetivamente tinha. A base legal desta invocação estava numa diretiva de 1976 que
consagra o igual tratamento no que refere a assuntos relacionados com emprego e condições de trabalho –
importância do DUE na conformação do Direito Nacional. Confronta a autoridade de saúde de Southampton,
chegando ao Tribunal de apelo, pelo que coloca uma questão prejudicial. O TJUE vem dizer que, por se tratar de
um órgão do Estado, ela podia sim invocar a Diretiva contra este.
Foster
Definição de Estado para efeitos de invocação de diretivas por particulares
TJUE diz que o conceito de Estado para invocação do chamado efeito direto vertical é muito amplo, não
abrangendo apenas as instituições responsáveis pela transposição. “Estado” é o Estado legislador, a
administração, os tribunais e qualquer entidade que, por um ato de autoridade pública, tenha sido encarregue de
prosseguir fins de interesse público, desde que disponha de poderes especiais. Podem ser, inclusivamente,
privados que exerçam funções estaduais ou públicas – conceito indeterminado que deve ser analisado
casuisticamente. Adota-se um conceito funcional de Estado.
Nota – Pode-se demandar e responsabilizar o Estado pela não-transposição de disposições de diretivas ou má-
transposição, para salvaguardar os interesses dos particulares – Maribel
Zambrano
Direito a Permanecer – Filhos menores
Casal colombiano que se fixa na Bélgica, tendo saído da Colômbia alegando que estão a ser perseguidos.
Enquanto o processo administrativo decorre eles começam a trabalhar. Vão obtendo autorizações de residência
temporárias à medida que o tempo passa. Enquanto esperam resposta ao seu pedido de asilo, têm dois filhos. A
certa altura eles são despedidos e, posteriormente, o pedido de asilo é recusado, o que tem como consequência a
deportação. Eles contestam esta deportação, e pedem o direito de residência, porque os filhos são belgas. Há um
direito à família de estar junta, então invocam o direito de permanecer na União.
O TJUE determina que a diretiva não se aplica, mas que a Direito de Permanência é um direito que existe
sempre, independente de eu ter circulado ou não (par. 42).
O que resulta do caso Zambrano é que não temos de aplicar a diretiva diretamente, mas podemos aplica-la
logicamente, aplicando ao invés o direito primário da União – art.º 21. O TJUE diz (par. 23) que não é possível
invocar a diretiva. No entanto, em virtude da necessidade de proteger direitos fundamentais (direito à família)
pode aplicar-se a diretiva por analogia, porque o art.º 21 não pode ser mais restritivo que a diretiva. Não vale a
pena os estados invocarem a identidade nacional porque o que se trata é do reconhecimento de efeitos de um
casamento celebrado noutro estado da EU.
Comam
Efeito Direto da Diretiva de 2004
Casal do mesmo sexo, um deles romeno, que tentam regressar ao estado de origem do senhor comam de acordo
com a diretiva, pelo facto de serem cônjuge. No entanto, na Roménia o casamento entre casais do mesmo sexo
não é reconhecido. Se não pudessem regressar à Roménia o seu direito à vida familiar estaria colocado em causa.
Já tendo constituído vida familiar, o direito de circulação implica que os diferentes estados-membros
reconheçam o direito de circulação familiar. Podem invocar razões de ordem pública?

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A lei romena resulta de uma competência da soberania romena, e isso o TJUE não coloca em causa. Essa lei
romena que proíbe o casamento de pessoas do mesmo sexo não viola DUE. No entanto, o que está em causa é
uma restrição que resulta de não se reconhecer os efeitos horizontais de um casamento realizado noutro estado
membro. Invocaram o efeito direto da diretiva.

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