Aulas Práticas 2022/2023
Aulas Práticas 2022/2023
Aulas Práticas 2022/2023
Aula 1 – 22/09/22
São este objeto e função que permitem caracterizar o DIPrivado. Estas situações é que vão
desencadear a aplicação deste direito.
Por um lado temos direito de conflitos e por outro o direito material a aplicar.
Perante uma situação privada internacional vamos ter, logo a partida, três questões:
O juiz tem que determinar qual o direito material a aplicar e qual o aplicado.
1
Direito material – aquele que é aplicado
Direito de conflitos – aquele que nos diz qual a norma a aplicar no caso
Naturalmente sendo um setor, vai partilhar características com o DIP, nomeadamente
o objeto e a função.
O QUE PERMITE DISTINGUIR? O direito de conflitos, apesar de ter objeto e função
iguais ao DIP, essa regularização é feita através do direito competente. Este permite-
nos, para regularizar aquela situação, faze-lo através da determinação do direito
competente.
Situações privadas internacionais – a noção desta vai variar de setor para setor de DIP. É uma
situação que tem contactos juridicamente relevantes (contactos de facto não interessam) com
mais de um estado soberano.
Também podemos ter um problema de direito aplicável que se coloca apenas dentro do
mesmo estado. Há situações que são internas num estado, mas que vão sugerir problemas de
aplicação de lei material internacional. Ex: EUA tem um único estado soberano, mas tem vários
ordenamentos jurídicos. Se cidadão de nova Iorque quer casar com uma do Texas, o oficial
terá que perceber qual a lei a aplicar por estarmos na presença de vários ordenamentos
jurídicos. Para determinar qual será terá que saber se aplica a de NY ou Texas ou Califórnia que
é onde vão casar – SITUAÇÃO MERAMENTE INTERNA. É interna porque só há um estado
soberano. É ainda plurilocalizada, que coloca um conflito de leis. Haverá um direito de
conflitos mas não será maioritariamente relevante – direito de conflitos interlocal (conflitos de
leis que são internos). Nestes é necessário ainda haver relevância jurídica, não de factos.
Aula 2 – 26/09/2022
Lei do foro – foro é onde a situação se coloca (jurisdição de competência); o direito material é
o que vai resolver a situação
Situações plurilocalizadas – onde haja contacto com varias ordens jurídicas ter atenção à
situação de EUA pois é situação interna já que é o mesmo estado… TEM QUE SER MAIS DE UM
ESTADO SOBERANO
Contacto juridicamente relevante – não pode ser de facto; tem que haver uma ligação
internacional que não seja fáctica, tem que ter contacto jurídico. Este contacto juridicamente
relevante deriva dde matéria para matéria – para uma mateira pode ser de DIPrivado e para
outra ser interna. Ex: aluno de Erasmus compra em pt um livro – questão da nacionalidade
torna o contrato internacional? É uma questão puramente interna: não há apenas um critério
que nos permita aferir a internacionalidade de um contrato, mas não temos que convocar o
direito de conflitos.
Temos que analisar os elementos de conexão – avaliando as normas de conflito teremos que
ver se o critério desse elemento está presente. O critério da norma de conexão é apurado
através do elemento.
Elementos de conexão: residência, lugar de celebração… nunca é a nacionalidade no caso de
obrigações. Os elementos de conexão mudam consoante a matéria – ex direito da família já
abrange a nacionalidade.
Método de regulação direta – trata da situação como se fosse meramente interna. Tras uma
situação de desarmonia internacional – pois a lei competente, dependendo do foro, será
completamente diferente. Independente do foro, o individuo terá a mesma solução.
Para haver harmonia jurídica teremos que aplicar sempre o mesmo direito
independentemente do estado de foro. A regulação de conflitos do dip deve responder a
diversos princípios. Na sua base devem estar esses princípios que fazem a devida harmonia.
No método jurisdicionalista tbm aplicamos o direito interno, mesmo que seja situação de DIP,
pois aferimos qual a jurisdição competente. O único elemento que encontramos de distinção
face ao método material comum é que neste há uma noção ainda da internacionalidade das
questões. Contudo não deixa de ser uma regulação direta.
Aula 3 – 29/09/2022
Aula 4 – 03/10/2022
Resolução caso 4:
Quando temos o DUE, temos o primado em todos os estados membros. O acórdão foi uma das
primeiras manifestações da existência do direito comunitário. O elemento de conexão poderá
ter um conteúdo múltiplo?
A lei de conflitos PT (28º LN) estabelece, pelo critério da proximidade com o EM, considera a
nacionalidade argentina.
Em caso de dupla nacionalidade, em que uma das nacionalidades seja dos EM, deve dar-se
prevalência À nacionalidade desse EM, por prevalecer a ideia do direito comunitário.
O DUE influencia as normas de conflito das diversas OJ – se não houvesse esta influencia,
punha-se em causa o principio da harmonia jurídica internacional, e a solução seria diferente
em cada OJ.
Se estivermos numa matéria que não é abrangida pelas liberdades garantidas pelo DUE,
aplicaríamos a mesma doutrina? LP – por uma questão de coerência e segurança jurídica há
que aplicar sempre, independente de estarmos em matérias de liberdades, a nacionalidade do
EM da UE. Quando o professor fala em situações incoerentes e contraditórias estamos a falar
da ideia de a resposta mudar de OJ para OJ. Acontece que ao mesmo cidadão com dupla
cidadão, no mesmo pais, consoante a matéria em causa ia prevalecer uma ou outra
nacionalidade.
DMV – estender a doutrina a casos como estes, vai-nos conduzir a primazia da nacionalidade
dos EM que viola o principio da nacionalidade efetiva do 28º LN – permite-se que se de
primazia a uma nacionalidade que nem conexão existe.
Resolução caso 5:
Resolução caso 6:
28º/1 CC – norma de conflitos unilateral: não há lugar à aplicação do Dto material estrangeiro.
28º é um desvio de aplicação à lei pessoal, pelo que derroga o 25º, de forma proteger um NJ
celebrado
Aula 5 – 06/10/2022
Subhipotese caso 6
Olhando para a suposta norma de conflitos 28º/1, a mesma seria unilateral já que aplica
sempre o direito de foro.
Normas unilaterais:
No caso estaríamos perante uma lacuna da norma unilateral, teríamos que bilateralizar –
teríamos que converter a mesma em bilateral. Só se justifica se houver efetivamente uma
lacuna.
Quando temos uma norma de conflitos especial, muitas vezes não temos logo a solução de
bilateralizar – teremos que ver primeiro se não cabe na especial, se cabe na geral.
No caso aplicávamos a lei da nacionalidade aos estrangeiros ou aos portugueses a lei pt.
Qualificação
Permite-nos responder à pergunta “qual é a regra de conflitos que vamos aplicar?”. Vai-nos
permitir o método para determinar com rigor qual será a regra de conflitos.
Caso 8, 9, 11
Aula 6 - 10/10/2022
Caso prático 8:
Contudo, em Portugal, entende-se que é elemento essencial, pois o artigo refere “duas
pessoas” de forma literal.
Aula 7 – 13/10/2022
Caso 9
ANÁLISE REENVIO: se analisarmos então o caso que se passa em PT, a NC 57º/1 manda aplicar
a lei nacional comum dos pais – estes não têm dupla nacionalidade já que a mãe tem dupla-
nacionalidade pelo 27º LN irá prevalecer a nacionalidade PT, pelo que pai é BR e mãe PT;
também não têm residência comum, pelo que se aplica a lei pessoal do filho 25º+31º que é a
BR.
Pergunta-se: quando a norma de conflitos remete para uma lei estrangeira, estará a mesma a
remeter apenas para o âmbito de direito material da mesma ou, antes, para todo o seu
sistema jurídico? Se BR adota referencia material – a remissão feita por lei estrangeira apenas
abrange o direito material, pelo que só iremos aplicar o 496º CC BR ignorando as normas de
conflito.
EX: 46º - direitos reais. As normas materiais do âmbito desse OJ, se não estiverem integradas
no âmbito de direitos reais, não poderemos aplicar esse mesmo pelo 15º - determinar a regra
de conflitos a utilizar.
EX2: sr francês morre sem testamento e herdeiros e a situação ocorre em PT. Seria 62º que
remetia para franca, normas francesas não têm conteúdo sucessório, mas direitos reais – em
frança, o estado não é sucessor, o estado tem direito a ma espécie de ocupação dos bens. Se
aplicarmos o 62º que remete para frança, quando analisarmos as normas francesas, pelo 15º,
verificamos que a função e conteúdo não se integra na NC. Agora teríamos que aplicar o 46º
das NC para aplicarmos a lei francesa em conjunção com o 15º que já conseguiríamos
subsumir esse OJ à norma de conflito.
17/10/2022
Caso 11:
Subhipotese:
Só se aplica a nacionais de EM – 62º CC manda aplicar lei pessoal – 25º + 31º - 27º LN – seria a
PT pelo que se poderia aplicar o regulamento.
O 27º indica que se aplique o direito interno; o 37º considera “deverão ser introduzidas
normas harmonizadas de conflitos de leis para evitar resultados contraditórios. A regra
principal deverá assegurar previsibilidade no que se refere à lei aplicável com a qual a sucessão
apresente uma conexão estreita” – que seria o direito material PT.
Conflitos de qualificação
Tanto em caso positivo de conflito como em caso negativo. Há situações em que pode
haver normas de conflitos que remetam para várias ordens jurídicas e há casos em que
a norma não envolve nenhuma.
Elemento de conexão
Há vários elementos:
Jurídicos
Fácticos
Temos que recorrer a normas jurídicas para saber o que significam estes elementos de
conexão. Temos de saber a que normas jurídicas recorremos: do foro ou estrangeiras.
20/10/2022
É diferente com a impossibilidade do 23º/2 1ª parte: tem que haver uma lei subsidiariamente
competente que nos termos do 46º não existe. O 23º diz-nos que na impossibilidade de
averiguar a lei estrangeira, temos que ter a lei subsidiariamente competente, o que no caso
não tínhamos.
Sempre que não for possível determinar o conteúdo do elemento de conexão. O caso não
estava previsto no artigo 23º/2 1º parte.
No caso temos que recorrer ao artigo 348º/3 – não havia no caso a ideia de lei subsidiaria.
REENVIO
Retorno direto: quando L2 remete para L3, com referencia global, e L3 devolve para o direito
do foro L1
Teses:
Devoluções:
Simples: L1 remete para L2 e L2 não remete para L1. Se L1 adotar esta é uma
referencia que vai atender a todas as normas do DIP de L2. Do ponto de vista de L1
temos que atender ao ordenamento do L2.
No sistema de devolução simples, L1 remete para L2 e em L2 não nos interessa saber
qual o sistema de reenvio de L2, so atendemos as normas de conflitos. E depois
aplicamos as normas de conflito de L2 e vemos para onde remete.
Dupla: temos que atender ao que L2 nos diz em matéria de reenvio – temos de aplicar
normas de reenvio e de conflito.
L1 remete para L2, e imaginamos que L1 tem sistema de dupla devolução e na L2 tem
devolução simples: a L2 remete para L4. Temos que olhar sempre para o sistema que
vem a seguir e dai começar do 0.
Proporciona harmonia desde que haja um OJ que permita parar.
Esquema com elementos de conexão. Dentro de cada OJ qual o sistema presente, e depois L1,
L2 etc.
24/10/2022
Caso 17
No paraguai tem-se sistema de devolução simples, remetendo para L3, onde vamos ver
normas e conflito que remetem para L4 e fazemos uma referencia material fictícia.
Lei pessoal
Reside em PT ou em pais cujas normas de conflito considerem competentes as normas
do Estado da nacionalidade – no caso se frança considerar competente o direito
interno do estado argentino. No caso não considera! As normas de conflito francesas
remetem para o direito material de frança – isto pq criamos uma situação fictícia
material
SUB hipótese:
NC 21º e ss do regulamento: não aplicamos nenhuma da OJ PT. Remete para antiga residência
– seria França.
34º regulamento:
Para que haja reenvio essa norma seja de um Estado terceiro – estado não vinculado
pelo regulamento. Só há reenvio para um estado não vinculado. França é um estado
vinculado pelo que não há reenvio, há referencia material 21º/1
27/10/2022
Requisitos 17º/3:
Resolução caso 20
18º/1 quando não há matéria dd estatuto pessoal. Quando essa matéria está presente é
necessário obrigatoriamente aplicar o 18º/2: ou tem residência em territorial PT ou a lei do
pais da residência habitual considera PT competente.
FERRER CORREIA – considera que da leitura do 18º/1, não exige que todos os ordenamentos
jurídicos que estão envolvidos no circuito devolvam para a Lei PT.
Resolução caso 21
Caracterização das normas: o resultado seria igual já que ia dar tudo ao 62º, não havia
divergência
Esse remete para lei da nacionalidade – L1 remete para L2 (lei inglesa) essa que remete para L3
(BR) essa que se vai considerar diretamente competente.
17º/1 L2 remeta para outra lei e essa seja competente. Por força deste aplicava-se a L3. Sendo
o ato inválido, vamos ao 19º/1 cessa o reenvio e vamos para o 16º que seria competente a
inglesa. por força do reenvio aplicávamos a L3, mas o 19º/1 faz-nos voltar à referencia
material.
19º/1 – DÁRIO MOURA VICENTE entende que não está apenas a questão da validade, haveria
outra finalidade.
FERRER CORREIA faz uma espécie de diminuição da interpretação, apenas para negócios que já
foram feitos. É mais do que a validade do negocio – é a garantia da tutela da confiança num
momento em que se esta a celebrar um NJ, por isso se sustenta que o 19º/1 não tem aplicação
em NJ ou em situações a celebrar ou celebrados em PT ou estangeiro quando não havia um
contacto relevante com a OJ PT.
No caso, no momento da celebração do testamento não havia nenhum contacto com PT.
Necessário haver elemento de conexão.
31/10/2022
Caso 15
Quanto a T, a mesma é cidadã portuguesa e reside em PT, pelo que a sua capacidade
matrimonial é regulada pela lei PT (art.49º + 25º + 31º/1).
Quanto a E já temos um problema de remissão para ordem jurídica complexa já que estão
preenchido os 3 pressupostos para se estar numa situação de OJ complexo: necessidade da
remissão para vários sistemas jurídicos; estes sistemas devem dar soluções materiais distintas;
e a norma de conflitos tem de remeter para sistema jurídico complexo.
Sendo que se trata de capacidade matrimonial, aplicamos o 49º CC + 25º + 31º/1 que remete
para a OJ EUA, essa que representa um sistema plurilegislativo, na medida em que vigoram,
simultaneamente, leis federais (aplicáveis por isso de igual forma a todos os Estados) e leis
estaduais (sendo estas diferentes consoante o Estado em questão), pelo que temos de aplicar
o artigo 20º CC:
Não aplicamos o nr1 desse artigo já que o mesmo manda aplicar o direito interno de
um estado que tenha um direito interlocal unificado, pelo que no caso é nos indicado
que não existe nos EUA;
O nr2 tem duas partes: a primeira parte indica que recorremos ao DIP do Estado e no
caso indica que não há; a segunda parte manda-nos aplicar a lei da residência habitual,
esta que tem discussão doutrinária:
i. Entende-se que se aplica a lei da residência habitual mesmo que esta se situe
fora do Estado da nacionalidade. No caso, onde quer que se passasse a
situação, a legislação PT seria competente por E ter residência em PT (Escola
de Coimbra);
ii. Entende-se que só releva a residência habitual dentro do Estado da
nacionalidade, sendo a função do 20º/2 in fine a de indicar o sistema aplicável
de entre os que integram o ordenamento complexo – como a norma não
indica, surge uma lacuna que tem de ser resolvida pelo principio da conexão
mais estreita (Escola de lisboa; Isabel Collaço; LP). No caso, se atendermos a
este entendimento, pelo principio da conexão mais estreita, seria de
considerar a Califórnia, já que E é americano e teve já residência neste estado.
iii. DMV: a parte final do 20º/2 deve ser alvo de uma redução teleológica e não de
uma interpretação restritiva, pois o professor entende que tem de se restringir
a remissão feita para a lei da residência habitual aos casos em que o
interessado tem a sua residência habitual dentro do OJ complexo – no caso só
se E residisse nos EUA é que podíamos adotar esta tese.
No caso, parece assim, haver a devida lacuna falada na doutrina adotada pela Escola
de Lisboa, pelo que temos de atender ao principio da conexão mais estreita para
resolver a mesma – California parece ser o OJ com o qual E tem mais conexão, pelo
que a capacidade matrimonial deve ser analisada conforme a lei desta.
31/10/2022
Regulamento sucessões:
NOTA: quando a situação se divide em mais de um OJ e há uma remissão para os dois, temos
que fazer caminhos diferentes para os dois.
Para haver reenvio no 34º é necessário que a remissão feita pela NC do regulamento tem que
ser para um Estado terceiro; e é necessário que aconteça: a) necessário que a lei desse estado
terceiro remeta para a lei de um EM; b) a lei desse estado terceiro remeta para a lei de outro
estado terceiro e este se considere competente.
O que pretendemos saber é se a remissão for feita e houver reenvio, há referencia global.
A doutrina estrangeira diz-nos que num caso basta, é suficiente que a NC de o Estado
terceiro remeta para um EM, ou seja basta que haja uma remissão de que forma seja
para o EM;
A doutrina portuguesa (LP) defende que num caso de DD não se aplica o artigo pois:
devido a letra do próprio preceito – quando dizemos que há reenvio na medida em
que aquelas regras, são as regras do DIP do estado terceiro; se são essas temos que
olhar para as regras de DIP desse mesmo (NC não é igual a regras de DIP) e temos de
atender ao sistema de devolução e À sua NC.
Única forma de B conseguir algo é invocar a reserva de ordem publica 35º regulamento –
temos de ver se há um principio fundamental da OJ portuguesa; relatividade: conexão – é
preciso ponderar todas as circunstancias do caso e perceber se há ou não alguma conexão
estreita com a OJ PT. Ponderar com todas as cirucnstancias do caso a existência de uma
conexão relevante, estreita com a OJ PT.
03/11/2022
Sempre que há OJ complexos, no Roma I temos o 22º; Roma II 25º; Roma IV tem o mesmo.
Há diplomas que resolvem o problema, o caso do art.20º temos que perguntar 1º se a norma
de conflitos em concreto remete diretamente para a OJ local, ou se a mesma não remete para
a OJ local ou remete para o Estado soberano. O art.20º remete para a OJ do Estado soberano,
pelo elemento de conexão que usa, especificamente a nacionalidade.
O art.20º quando nos diz no nº1 é o direito interno do Estado soberano, e este direito interno
é o que fixa em cada um o sistema aplicável. É o direito de conflitos que vai internamente fixar
qual o sistema aplicável. Em primeiro vamos ao dto de conflitos interlocal (unificado – é o
direito de conflitos que vigora no plano da federação). Na falta destas normas, há tantos
direitos de conflitos quantas as federações. Vamos recorrer ao DIP, e se o caso nos indica qual
o competente, vamos aplicar esse.
Se tivéssemos DIP unificado, aplica-se o estado-membro em si. No nr2 indica-se a lei da sua
residência habitual:
No caso a conexão mais estreita para a califórnia, mas não era pelo art.20º, era por via da
explicação desta doutrina do princípio da conexão mais estreita.
Não se aplica o Roma I pq não é obrigações contratuais. Não aplicamos o art.20º pois é para
nacionalidade. Não temos tbm outra norma, divergência:
Batista correia – não há lacuna nenhuma, pois o problema dos OJ complexos não se
chega a aplicar-se já que o elemento de conexão, no caso a lei do lugar da coisa,
remete diretamente para o lugar do estado. O problema não se chega a por, a norma
de conflitos remete diretamente para a lei do Texas. O elemento de conexão da norma
de conflitos afasta o problema dos OJ complexos.
Isabel collaço/LP/DMV – deve-se entender que a remissão é sempre feita para a OJ
soberana, pois estamos a falar de DIP e o mesmo ordena leis de estados soberanos. A
remissão é sempre para o estado soberano e não para uma OJ local. Não faz parte do
objeto do DIP a regulação de situações internacionais internas.
Aqui o 20º não se aplica, há uma lacuna, pelo que se aplica analogicamente o artigo
20º - esta aplicação analógica é apenas na medida e até onde for possível a sua
aplicação analógica. Nos só podemos fazer esta aplicação analógica até onde podemos
afirmar que há essa analogia.
Deve procurar-se o Direito de conflitos interlocal, passamos ao unificado nr2 2ª parte.
Só podemos aplicar na medida em que a analogia é possível, devemos passar à lei de
residência habitual se o elemento de conexão utilizado se interligue a pessoas. Não é
possível aplicar analogicamente o 20º/2 2º parte.
Em matéria de estatuto real que fala em lugar da coisa não faz sentido falar em
residência habitual, não se pode aplicar analogicamente.
20º/3?
07/11/2022
Caso 24
Olhando o caso, a matéria que aqui temos presente é relativa a um contrato de prestação de
serviços, pelo que se trata de matéria obrigacional. Atendendo ao primado (8º/4 CRP), temos
que verificar se o Reg. Roma I é aplicável ao caso:
Âmbito material: 1º/1 está preenchido, pelo que não estamos perante nenhuma
exceção do nr2;
Âmbito territorial: temos que saber se o direito aplicável se trata de um Estado-
membro pelo artigo 2º, pelo que é positiva a resposta já que é em PT;
Âmbito espacial: 1º/1 parte final implica um conflito de leis;
Âmbito temporal – art.28º relações contratuais depois de 17 dez. 2009, pelo que está
preenchido já que o caso foi em 2015.
Visto que as partes escolheram uma lei a aplicar ao caso sendo ela a francesa, pelo art.3º/1 o
contrato irá, então reger-se por essa lei. Contudo, verifica-se que a lei francesa admite que
uma cláusula de exclusão de responsabilidade é admitida pela lei francesa, pelo que se
regêssemos o caso por essa lei, Joaquim não veria os seus danos ressarcidos.
Contudo, analisando o direito material PT, esta clausula é proibida, já que há uma proteção da
parte mais fraca, que neste caso seria o devedor do pagamento. Estamos perante um caso de
normas de aplicação imediata, as quais LP chama de normas autolimitadas ou de aplicação
necessária.
Na posição de LP, diz-se autolimitada aquela norma material que, apesar de incidir sobre
situações reguladas pelo DIP, tem uma esfera de aplicação no espaço diferente da que
resultaria da atuação do sistema de Direito de Conflitos. Estas são definidas por um critério
formal (são normas que em determinados casos reclamam a aplicação apesar de ser
competente, segundo o direito de conflitos geral, uma lei estrangeira). Quando ao critério
material, o prof. LP conclui que não parece possível caracterizar as normas suscetíveis de
aplicação necessária pelo seu conteúdo e fim, dado que podem prosseguir múltiplas
finalidades – dentro dos limites que resultam de normas internacionais ou europeias, se, por
indicação expressa do legislador português, uma norma se sobrepõe à OJ chamada pelo direito
de conflitos geral, esta norma é suscetível de aplicação necessária, independentemente de
quaisquer outras considerações.
Podemos, então, concluir que a ratio da proibição de uma clausula que exclua a
responsabilidade está na ideia de proteção da parte mais enfraquecida, de modo a não haver
um abuso da figura para com o outro, pelo que se enquadra no 9º/1 Reg. Roma I + nr2 que
estipula que a lei definida pelo regulamento pode ser afastada por aplicação da norma de
aplicação imediata da lei do foro, sendo a clausula considerada inválida, pela aplicação dos
art.21º d) e 23º do DL das clausulas contratuais gerais.
Caso 25
A matéria que aqui temos presente é relativa a um contrato de prestação de serviços, pelo que
se trata de matéria obrigacional. Atendendo ao primado (8º/4 CRP), temos que verificar se o
Reg. Roma I é aplicável ao caso:
Âmbito material: 1º/1 está preenchido, pelo que não estamos perante nenhuma
exceção do nr2;
Âmbito territorial: temos que saber se o direito aplicável se trata de um Estado-
membro pelo artigo 2º, pelo que é positiva a resposta já que é em PT;
Âmbito espacial: 1º/1 parte final implica um conflito de leis;
Âmbito temporal – art.28º relações contratuais depois de 17 dez. 2009, pelo que está
preenchido já que o caso foi em 2015.
Visto que as partes escolheram uma lei a aplicar ao caso sendo ela a portuguesa, pelo art.3º/1
o contrato irá, então reger-se por essa lei, onde a clausula de exclusão de responsabilidade é
inválida pelo artigo 21º, 22º e 23º do decreto-lei das clausulas contratuais gerais,
nomeadamente a ligação da NC do 23º que remete para o 21º d).
Caso 26
Atendendo ao primado (8º/4 CRP), temos que verificar se o Reg. Roma I é aplicável ao caso:
Âmbito material: 1º/1 não está preenchido, pelo que estamos perante uma exceção
do nr2 alínea c);
Âmbito territorial: temos que saber se o direito aplicável se trata de um Estado-
membro pelo artigo 2º, pelo que é positiva a resposta já que é em PT;
Âmbito espacial: 1º/1 parte final implica um conflito de leis;
Âmbito temporal – art.28º relações contratuais depois de 17 dez. 2009, pelo que está
preenchido já que o caso foi em 2015.~
Visto que o regulamento não se aplica, temos em falta uma norma ad hoc especificada pelo
legislador que dê um titulo da aplicação às normas imperativas.
DMV: é por esta exigência de um título de eficácia que não é correto designar estas normas
como normas de aplicação imediata. Elas só são aplicáveis através da mediação de uma norma
ou principio geral. A utilização destas normas pressupõe uma série de valorações a serem
feitas pelo tribunal. Tem de haver uma conexão suficientemente estreita entre o caso e a OJ
que se pretende aplicar. É necessária uma valoração sobre o objeto em si das normas e sobre a
existência de uma conexão suficientemente estreita entre a situação jurídica a regular e a OJ a
que essas normas pertencem; e ainda sobre a conformidade ou não da atribuição de efeitos a
essas normas e os valores e interesses protegidos pelo DIP. Portanto, a aplicação destas
normas não depende exclusivamente da sua vontade de aplicação ao caso: elas têm de se
querer aplicar, em virtude do seu objeto e fins, mas tem de existir conexão com a OJ para os
princípios fundamentais do DIP justificarem a aplicação dessas normas.
Artigo 1682º-A/2:
LP: As normas autolimitadas são, por isso, excecionais, sendo a missão do legislador a de
formular as normas de conflitos ad hoc apropriadas e não a de passar um cheque em branco
aos tribunais: uma cláusula geral que permita ao órgão de aplicação do Direito estabelecer a
“autolimitação” com base numa valoração casuística prejudica gravemente a certeza e a
previsibilidade jurídicas e limita muito a função orientadora de condutas do Direito de
conflitos. Ou seja, a norma “autolimitada” só pode relevar através da cláusula de ordem
pública internacional, como limite à aplicação do Direito estrangeiro; mas para isso é preciso
que se trate de uma norma fundamental da OJ portuguesa e que o resultado concreto a que
conduza o Direito estrangeiro competente seja manifestamente incompatível com esta norma.
DMV: é por esta exigência de um título de eficácia que não é correto designar estas normas
como normas de aplicação imediata. Elas só são aplicáveis através da mediação de uma norma
ou principio geral. A utilização destas normas pressupõe uma série de valorações a serem
feitas pelo tribunal. Tem de haver uma conexão suficientemente estreita entre o caso e a OJ
que se pretende aplicar. É necessária uma valoração sobre o objeto em si das normas e sobre a
existência de uma conexão suficientemente estreita entre a situação jurídica a regular e a OJ a
que essas normas pertencem; e ainda sobre a conformidade ou não da atribuição de efeitos a
essas normas e os valores e interesses protegidos pelo DIP. Portanto, a aplicação destas
normas não depende exclusivamente da sua vontade de aplicação ao caso: elas têm de se
querer aplicar, em virtude do seu objeto e fins, mas tem de existir conexão com a OJ para os
princípios fundamentais do DIP justificarem a aplicação dessas normas.
Fraude à lei
Independentemente do direito do foro ter ou não uma norma semelhante, isso não interessa
para fraude À lei. Aqui temos um instrumento de justiça no elemento de conexão.
LP diz que é necessário que naquela lei estrangeira que seria a lei competente se não
houvesse fraude, existe uma norma imperativa ou proibitiva e essa é que é o objeto da fraude.
Justifica não ser a NC na medida em que não é essa que se pretende afastar, o que se pretende
afastar é a norma material.
BATISTA MACHADO – não pode ser essa norma de direito material objeto da fraude, mas tem
que ser a NC objeto da fraude.
A fraude à lei é sancionável – todos os atos que conduzem à fraude à lei são considerados
nulos. Um desses atos seriam inoperados para todos os efeitos. Art.21º discute-se como deve
ser sancionada, se em todas as circunstancias independentemente do estado do foro: BATISTA
CORREIA não faz uma distinção; a sanção da fraude à lei é independente do foro. Há sempre
sanção. ISABEL MAGALHÃES COLLAÇO – a fraude à lei do foro é sempre sancionável; mas para
que a fraude à lei estrangeira seja sancionável tem que a lei estrangeira sancionar também a
fraude ou se não sancionar, estar em causa, na perspetiva do DIP do foro, um principio do
mínimo ético nas relações internacionais, que não se conforma com o desrespeito da proibição
contida na lei normalmente competente.
LP – a fraude à lei estrangeira, mesmo que não seja sancionada pela lei estrangeira, deve ser
ainda assim sancionada se estiver em causa algo eticamente intolerável com base no DIP
português. O que está em causa é a justiça da conexão.
LP autolimitadas/aplicação necessária
10/11/2022
Tendo em conta que no caso as partes definiram que a lei reguladora do contrato será a lei
francesa, estamos perante a regra de conflitos do artigo 3º, nº1, e tendo em conta que o reg.
Roma I faz referência material, a lei competente é a francesa, o que parece dar razão à
sociedade de pintura quando alega que nada deve por a clausula de exclusão de
responsabilidade ser válida à luz da lei francesa.
Visto que Joaquim diz tem o direito à indemnização tento por base o regime das cláusulas
contratuais gerais do Direito português, há que atender à Lei das Cláusulas Contratuais Gerais.
Nos termos do artigo 23º, nº1 desta lei, independentemente da lei escolhida pelas partes para
regular o contrato, as normas desta secção aplicam-se sempre o mesmo apresente uma
conexão estreita com o território português. Tendo em conta que o imóvel cuja pintura se
tratava é situado no Algarve- local de execução do contrato, parece existir esta conexão mais
estreita com o território português. Assim sendo, e tendo em conta que estava em causa uma
pintura defeituosa e uma cláusula de exclusão de responsabilidade, parece ser de atentar ao
disposto no artigo 21º, alínea d), segundo o qual tal cláusula é absolutamente proibida.
É o artigo 23º que converte o artigo 21º, alínea d) em norma de aplicação imediata.
Nos termos do artigo 9º, nº2 do Roma I, as disposições do regulamento, mais concretamente a
norma de conflitos do artigo 3º aplicada ao caso, não podem limitar a aplicação de normas de
aplicação imediata do país do foro. Isto significa que, apesar de a lei competente ser a
francesa, aplica-se o disposto no artigo 21º d) da LCCG, tendo a sociedade que ser
responsabilizada em virtude da pintura defeituosa.
Norma de tipo I.
Mesmo sem o 9º, nº1 e 2 o regulamento ainda tem uma norma que iria permitir que se
aplicassem os artigos da LCCG: artigo 23º do regulamento.
23º, nº1 da LCCG: normas de conflitos unilateral especial ad hoc expressa (mas normalmente
são implícitas como é o exemplo do Código da Estrada)- só remete para a aplicação do direito
português, e não se limita apenas a remeter para o direito português, mas para um conjunto
de normas individualizadas e concretas.
Marques dos Santos: especial intensidade valorativa por estarem ao serviço dos fins do Estado
e por isso têm aplicação imediata.
Conclusão: o contrato regula-se pela lei francesa, mas, e apenas neste aspeto ( a norma de
aplicação imediata não faz tabua rasa à escolha das partes), o contrato subsiste sem a clausula
quanto à responsabilidade (que é inválida segundo o artigo 21º, d)). Redução ou conversão? Só
o direito material francês é que vai responder.
Marques dos Santos: no seu conceito de norma de aplicação imediata: são normas materiais
espacialmente autolimitadas e são dotadas de uma especial intensidade valorativa. Só há uma
característica comum no entendimento de todos os professores: o facto de serem normas
materiais (não há normas de conflito que sejam normas de aplicação imediata). São
espacialmente autolimitadas, porque têm um âmbito de aplicação no espaço diferente
daquele que resulta das normas de conflitos comum (3º, nº1 Roma I). A intensidade valorativa,
significa que estão ao serviço de fins do Estado, considerados muito importantes. Por força
desta características o Professor entende que estas normas são um processo de regulação
autónomo das relações internacionais- estando à parte do processo conflitual. Assim,
começamos logo com aplicação das normas de aplicação imediata, depois de chegar à
conclusão que existe uma norma de aplicação imediata.
Lima Pinheiro e Dário Moura Vicente: não concordam que sejam autolimitadas nem que
estejam ao serviço do Estado. Consideram que o processo é à mesma de regulação conflitual.
A técnica é que é diferente: num caso temos que usar sempre as normas de conflitos enquanto
que para Marques dos Santos não precisamos de socorrer à norma de conflitos. Como o
processo é de regulação conflitual, tem que haver uma norma de conflitos ainda que implícita.
Aqui temos a própria lei de conflitos comum (3º, nº1) a remeter para Portugal, mas temos uma
norma de conflitos especial (23º, nº1 LCCG) que restringe a aplicação do direito português,
porque tem que haver uma ligação mais estreita com Portugal.
Resolvendo o caso como Marques dos Santos: o facto de considerar que estas normas de
aplicação imediata estão o serviço de fins fundamentais do estado, vai ter repercussão direta
na resolução do caso, pois só se podem aplicar na medida em que prosseguissem tais fins- não
pode estar dissociada desta especial intensidade valorativa. Equivale a dizer que a norma de
conflitos unilateral especial ad hoc expressa (23º, nº1 LCCG) está ligada à norma de aplicação
imediata (21º, d)), de tal maneira que para o nosso legislador o artigo 21º, d) quando há uma
conexão estreita com Portugal, devido aos fins do Estado. É quase como se tivesse escrito no
artigo 23º, nº1 “se há uma conexão estreita com o ordenamento jurídico português, então
aplica-se o 21º, d)” e vice-versa. A norma de conflitos geral (3º, nº1) remetia para o direito
português, e de imediato podemos achar que se aplica logo o 21º, d), mas o Professor
Marques dos Santos, diz-nos que não obstante a regra de conflitos comum, o artigo 21º, d) é
uma norma de aplicação imediata mas que não se podia aplicar neste caso, porque apenas
pode ser aplicada nos termos do artigo 23º, nº1.
Próxima aula: distinção entre âmbito de aplicação necessária e âmbito de aplicação possível.
14/11/2022
Caso 27
Olhando o caso, a matéria que aqui temos presente é relativa a um contrato de prestação de
serviços, pelo que se trata de matéria obrigacional. Atendendo ao primado (8º/4 CRP), temos
que verificar se o Reg. Roma I é aplicável ao caso:
Âmbito material: 1º/1 está preenchido, pelo que não estamos perante nenhuma
exceção do nr2;
Âmbito territorial: temos que saber se o direito aplicável se trata de um Estado-
membro pelo artigo 2º, pelo que é positiva a resposta já que é em PT;
Âmbito espacial: 1º/1 parte final implica um conflito de leis;
Âmbito temporal – art.28º relações contratuais depois de 17 dez. 2009, pelo que está
preenchido já que o caso foi em 2015.
Visto que as partes escolheram uma lei a aplicar ao caso sendo ela a francesa, pelo art.3º/1 o
contrato irá, então reger-se por essa lei. Contudo, verifica-se que a lei francesa admite que
uma cláusula de exclusão de responsabilidade é admitida pela lei francesa, pelo que se
regêssemos o caso por essa lei, Joaquim não veria os seus danos ressarcidos.
Analisando a pretensão de Joaquim, temos, então que ver se o mesmo terá direito à
indemnização ou não por a clausula ser inválida:
No OJ PT, a clausula pela LCCG 23º/1 + 21º/1 d) a norma imperativa PT iria proibir a
respetiva clausula;
Contudo, no caso não poderemos aplicar o disposto já que não há uma conexão
estreita com o OJ PT;
Temos que analisar a aplicabilidade de normas internacionalmente imperativas de um
outro estado, neste caso Suíça:
- Teríamos que analisar o artigo 23º/2 LCCG que refere as mesmas normas se: o
contrato apresentar uma conexão estreita com o território de outro EM da
Comunidade Europeia (suiça não faz parte da UE, pelo que não se aplica), etc.
- Como aplicamos o regulamento, temos que determinar outra disposição que atribua
força à norma internacionalmente imperativa (pela opinião de LP): o 3º/1 + 9º/3 Roma
I – tem de se tratar de normas internacionalmente imperativas do país onde as
obrigações decorrentes do contrato devam ser ou tenham sido executadas (pelo que
se verifica já que o imóvel se situa na suiça); segundo essas normas imperativas, a
execução do contrato seja ilegal (pelo que o caso nos indica que no OJ da Suiça a
clausula é considerada inválida); devem ser tidos em conta a sua natureza e o seu
objeto, bem como as consequências da sua aplicação ou não aplicação (a NI da Suíça
prevê proteger a parte mais fraca e lesada, de modo a não ficar suprimida de meios de
proteção, pelo que se aplicarmos ao caso esse objetivo será garantido).
- QUANDO SE TRATA DE ESTADO TERCEIRO: nada se opõe ao reconhecimento de
eficácia de regras imperativas estrangeiras, antes, em virtude da coerência interna,
deve-se admitir esse reconhecimento, mesmo que não existam disposições que
regulem em termos gerais à atribuição de efeitos às normas internacionalmente
imperativas de Estados terceiros, hipótese em que é necessário procurar nos princípios
de DIP a resposta para a situação – tutela da confiança e harmonia internacional de
julgados: de acordo com o princípio da harmonia internacional de julgados,
independentemente do sítio onde a situação esteja a ser discutida, em princípio as leis
aplicáveis devem ser a mesma. Se se apenas conferir relevância às normas
internacionalmente imperativas do Estado do foro levará a uma situação de fórum
shopping¸ pelo que se deverá dar relevância as normas imperativas de Estados
terceiros que apresentem uma conexão significativa com a situação internacional
(DMV).
Em qualquer caso, ao aplicar as regras estrangeiras imperativas, o juiz PT tem sempre
que ponderar a sua natureza e objeto, bem como consequências de aplicação ou não.
a) Em qualquer caso, ao aplicar as regras estrangeiras imperativas, o juiz PT tem
sempre que ponderar a sua natureza e objeto, bem como consequências de
aplicação ou não:
- deve atender ao objeto e fins da NI;
- deve verificar se existe uma conexão estreita entre a situação a regular e a OJ a
que essa norma pertence;
- deve verificar se existe uma conformidade de atribuição de efeitos entre a norma
estrangeira e os valores e interesses do DIP.
- para alem disso, as exigências que as finalidades sejam tidas por legítimas à luz
do direito do Estado do foro.
RESOLUÇÃO 32
33º E 3º CSC têm teorias consagradas:
Teoria de aplicação da lei estatutária - É mais fácil saber sede estatutária do que
efetiva
Teoria da sede real – sede principal efetiva é onde a administração toma as decisões, é
o centro de decisão.
Teoria da corporação
Bilateralizar 3º/1 segunda parte: DMV mesma so pode ocorrer se a lei do outro pais se aplicar
a si própria porque não faria sentido remetermos para uma lei que remete-se para outro
estado. Podemos bilateralizar a norma, mas a remissão para o estrangeiro é condicionada ao
facto do pais estrangeiro ter uma norma parecida à nossa.
3º/1 segunda parte pretende a tutela da confiança, já que é mais fácil conhecer a sede
estatutária.
MARQUES DOS SANTOS não é bilateralizavel por uma razão de se pretender na norma
estender a aplicação do direito nacional por se considerar haver um fim de proteção do estado
que tem que salvaguardar a aplicação do direito nacional.
FERRER CORREIA entende que há bilateralização desde que esteja garantida a proteção de
terceiros.
28/11/2022