1A5BR Ammo

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ACADEMIA MILITAR DAS AGULHAS NEGRAS

ACADEMIA REAL MILITAR (1811)


CURSO DE CIÊNCIAS MILITARES

Thierry Rodrigues Rocha

ANÁLISE DAS MUNIÇÕES UTILIZADAS PELA


VBC CC LEOPARD 1A5 BR E A POSSIBILIDADE DE EMPREGO NO
COMBATE URBANO

Resende
2019
APÊNDICE III (TERMO DE AUTORIZAÇÃO DE USO DE
DIREITOS AUTORAIS DE NATUREZA PROFISSIONAL)
AMAN
AO ANEXO B (NITCC) ÀS DIRETRIZES PARA A
2019
GOVERNANÇA DA PESQUISA ACADÊMICA E DA
DOUTRINA NA AMAN

TERMO DE AUTORIZAÇÃO DE USO DE DIREITOS AUTORAIS DE NATUREZA


PROFISSIONAL

TÍTULO DO TRABALHO: ANÁLISE DAS MUNIÇÕES UTILIZADAS PELA VBC


CC LEOPARD 1A5 BR E A POSSIBILIDADE DE EMPREGO NO COMBATE
URBANO
AUTOR:THIERRY RODRIGUES ROCHA

Este trabalho, nos termos da legislação que resguarda os direitos autorais, é


considerado de minha propriedade.
Autorizo o Exército Brasileiro a utilizar meu trabalho para uso específico no
aperfeiçoamento e evolução da Força Terrestre, bem como a divulgá-lo por publicação em
revista técnica da Escola ou outro veículo de comunicação do Exército.
A Academia Militar das Agulhas Negras poderá fornecer cópia do trabalho mediante
ressarcimento das despesas de postagem e reprodução. Caso seja de natureza sigilosa, a cópia
somente será fornecida se o pedido for encaminhado por meio de uma organização militar,
fazendo-se a necessária anotação do destino no Livro de Registro existente na Biblioteca.
É permitida a transcrição parcial de trechos do trabalho para comentários e citações
desde que sejam transcritos os dados bibliográficos dos mesmos, de acordo com a legislação
sobre direitos autorais.
A divulgação do trabalho, em outros meios não pertencentes ao Exército, somente
pode ser feita com a autorização do autor ou da Direção de Ensino da Academia Militar das
Agulhas Negras.

Resende, __ de_______________ de 2019

THIERRY RODRIGUES ROCHA - CAD


Thierry Rodrigues Rocha

ANÁLISE DAS MUNIÇÕES UTILIZADAS PELA


VBC CC LEOPARD 1A5 BR E A POSSIBILIDADE DE EMPREGO NO
COMBATE URBANO

Monografia apresentada ao Curso de Graduação


em Ciências Militares, da Academia Militar das
Agulhas Negras (AMAN, RJ), como requisito
parcial para obtenção do título de Bacharel em
Ciências Militares.

Orientador: Rafael de Freitas Silva

Resende
2019
Thierry Rodrigues Rocha

ANÁLISE DAS MUNIÇÕES UTILIZADAS PELA


VBC CC LEOPARD 1A5 BR E A POSSIBILIDADE DE EMPREGO NO
COMBATE URBANO

Monografia apresentada ao Curso de Graduação


em Ciências Militares, da Academia Militar das
Agulhas Negras (AMAN, RJ), como requisito
parcial para obtenção do título de Bacharel em
Ciências Militares.

Aprovado em _____ de ____________________ de 2019:

Banca examinadora:

Rafael de Freitas Silva – 1º Ten Cav


Orientador

Fabrício Glassmann – Cap Cav

Paulo Vítor Gomes Loquente Monteiro – 1º Ten Cav

Resende
2019
Dedico este trabalho à minha família, que me guiou e auxiliou-me incansavelmente
para que conquistasse o objetivo de me tornar Oficial do Exército Brasileiro.
AGRADECIMENTOS

À minha família, que esteve ao meu lado, seja nos momentos felizes, seja nos
momentos difíceis. Tenham a certeza de que este auxílio foi extremamente importante para
que eu chegasse até o final desta longa jornada.
Aos camaradas de Cavalaria da turma 2019, os quais compartilharam das mesmas
dificuldades e conquistas ao longo da formação.
Ao meu orientador, por todo o esforço em auxiliar-me no desenvolvimento deste
trabalho. Sem seu auxílio, nada disso seria possível.
Aos meus pais, sou eternamente grato por estarem ao meu lado e por não
economizarem esforços para me darem a educação e os valores que tenho hoje e por todo o
sacrifício para que eu chegasse até aqui.
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Tridimensionalidade do combate urbano……………………………………. 15


Figura 2 – Limitação dos campos de tiro e observação do CC…………………………. 16
Figura 3 – Via de acesso obstruída por escombros……………………………………... 17
Figura 4 – Presença da população civil nas operações urbanas………………………… 17
Figura 5 – Ataque à cidade de Fallujah…………………………………………………. 20
Figura 6 – Ataque à cidade Grozny……………………………………………………... 22
Figura 7 – Composição de uma munição de energia cinética…………………………... 23
Figura 8 – Munição 105 MM APFSDS-T DM 33……………………………………… 24
Figura 9 – Munição 105 MM APFSDS-T M426 (DM 63)……………………………... 25
Figura 10 – Componentes de uma munição HEAT………………………………………. 26
Figura 11 – Efeitos da munição de energia química ao atingir a blindagem…………….. 27
Figura 12 – Munição 105 MM: HEAT-T SÉRIE M246………………………………….. 28
Figura 13 – Munição 105 MM HESH L35A1…………………………………………… 29
Figura 14 – Munição 105 MM FLASH L38……………………………………………... 30
Figura 15 – Munição 105 MM TP-T M490……………………………………………… 31
Figura 16 – Munição 105 MM TP -T M 490A1…………………………………………. 32
Figura 17 – Munição 105 MM TPDS-T M 72…………………………...………………. 33
Figura 18 – Munição 105 MM TPDS-T C 74……………………………………………. 34
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Comparação entre as possibilidades e limitações dos CC……………...……. 18


Tabela 2 – Dados técnicos da munição DM 33………………...………………………... 25
Tabela 3 – Dados técnicos da munição DM 63………………...………………………... 26
Tabela 4 – Dados técnicos da munição M 246…………………….…………………..... 29
Tabela 5 – Dados técnicos da munição HESH L35A1…………...……………………... 30
Tabela 6 – Dados técnicos da munição FLASH L 38………………...…………………. 31
Tabela 7 – Dados técnicos da munição TP-T M 490……………...…………………….. 31
Tabela 8 – Dados técnicos da munição TP-T M490A1………...……………………….. 32
Tabela 9 – Dados técnicos da munição TPDS-T M724…………...…………………….. 33
Tabela 10 – Dados técnicos da munição TPDS-T C74……………...……………………. 34
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CC Carro de Combate
VBC Viatura Blindada de Combate
EQ Energia Química
IED Dispositivo explosivo improvisado
APFSDS-T Armour Piercing Fin Stabilized Discarding Sabot with Tracer
HEAT-T High Explosive Anti Tank with Tracer
HESH High Explosive Squash Head with Tracer
TP-T Target Practice with Tracer
TPDS-T Target Practice Discarding Sabot with Tracer
EC Energia Cinética
RESUMO

ANÁLISE DAS MUNIÇÕES UTILIZADAS PELA VBCCC LEOPARD 1A5 BR E A


POSSIBILIDADE DE EMPREGO NO COMBATE URBANO

AUTOR: Thierry Rodrigues Rocha


ORIENTADOR: Rafael de Freitas Silva

O objetivo da pesquisa foi verificar a possibilidade do emprego das munições da VBCC CC


Leopard 1A5 BR no combate em ambiente urbano e entre estas quais seriam mais adequadas
para essa finalidade. Elaboramos uma pesquisa dos conflitos em áreas urbanas, onde
buscamos apresentar suas características e peculiaridades. Da mesma forma com as munições
que a VBC CC Brasileira utiliza. Também foi realizada uma pesquisa sobre as possibilidades
e limitações que os carros de combate apresentam quando empregados em ambiente urbano.
Efetuamos uma pesquisa bibliográfica acerca dos assuntos mencionados e posteriormente
uma análise dos dados obtidos. Segundo as informações levantadas é possível o emprego das
munições utilizadas pela VBC CC Leopard, sendo as munições de energia cinética e energia
química as mais adequadas para o emprego em localidades por conta das suas características.

Palavras-chave: Ambiente urbano. Carros de Combate. Munição. Leopard.


ABSTRACT

ANALYSIS OF AMUNITIONS USED BY VBCCC LEOPARD 1A5 BR AND THE


POSSIBILITY OF EMPLOYMENT IN URBAN COMBAT

AUTHOR: Thierry Rodrigues Rocha


ADVISOR: Rafael de Freitas Silva

The objective of the research was to verify the possibility of using the ammunition of VBCC
CC Leopard 1A5 BR in combat in urban environment and among which would be more
suitable for this purpose. We elaborate a research of the conflicts in urban areas, where we try
to present their characteristics and peculiarities. Similarly with the ammunition that the
brazilian VBC CC uses. Research was also conducted on the possibilities and limitations that
combat cars present when employed in an urban environment. We made a bibliographical
research about the mentioned subjects and later an analysis of the obtained data. According to
the information gathered, it is possible to use the ammunition used by VBC CC Leopard, with
kinetic energy and chemical energy ammunition being the most suitable for use in localities
due to their characteristics.

Key words: Urban environment. Main Battle Tanks. Ammunition. Leopard.


SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................11
1.1 OBJETIVOS.......................................................................................................................13
1.1.1 Objetivo Geral................................................................................................................13
1.1.2 Objetivos Intermediários...............................................................................................13
2 REFERENCIAL TEÓRICO...............................................................................................14
2.1 O COMBATE URBANO....................................................................................................14
2.1.1 Características do combate em Ambiente Urbano......................................................14
2.1.1.1 Tridimensionalidade......................................................................................................15
2.1.1.2 Limitados campos de tiro e observação........................................................................16
2.1.1.3 Mobilidade reduzida.....................................................................................................16
2.1.1.4 Presença de população civil..........................................................................................17
2.1.2 Possibilidades e limitações do CC em ambiente urbano............................................18
2.1.3 Operações em Ambiente Urbano com o uso de Carros de combate..........................19
2.1.3.1 Fallujah..........................................................................................................................19
2.1.3.2 Grozny (1994)...............................................................................................................20
2.2 MUNIÇÕES UTILIZADAS PELA VBC CC LEOPARD 1 A5 BR...................................22
2.2.1 Munições de Energia Cinética......................................................................................22
2.2.1.1 105 mm APFSDS-T DM 33..........................................................................................24
2.2.1.2 105 mm APFSDS-T M426 (DM 63).............................................................................25
2.2.2 Munições de Energia Química......................................................................................26
2.2.2.1 105 mm HEAT-T série M246........................................................................................28
2.2.2.2 105 mm HESH L35A1..................................................................................................29
2.2.3 Munições de Exercício...................................................................................................30
2.2.3.1 105 mm FLASH L38....................................................................................................30
2.2.3.2 105 mm TP-T M490......................................................................................................31
2.2.3.3 105 mm TP -T M490A1................................................................................................32
2.2.3.4 105 mm TPDS-T M724................................................................................................33
2.2.3.5 105 mm TPDS-T C74...................................................................................................34
3 REFERENCIAL METODOLÓGICO E PROCEDIMENTOS.......................................35
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO..........................................................................................36
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................................................................38
REFERÊNCIAS......................................................................................................................39
11

1 INTRODUÇÃO

Com a constante evolução do combate e o grande avanço tecnológico os conflitos


estão sendo travados cada vez mais nos ambientes urbanos. Exemplo disso é a Guerra no
Iraque que teve seu início em 2003 e na qual o Exército Americano fez uso massivo de forças
blindadas em áreas urbanas.
Combater nesse tipo de terreno se tornou uma das tarefas mais complexas nas
operações da atualidade, exigindo alto adestramento das tropas e grande capacidade de
controlar e coordenar por parte dos comandantes. Por conta disso o combate nessas áreas é
extremamente difícil, pois ele favorece muito quem está na defensiva. Dessa forma, os
conjuntos de construções fazem com que o movimento das viaturas se torne restrito e
canalizado, além de oferecer cobertas e abrigos para as tropas defensoras e seus armamentos.
Nesse contexto, o carro de combate se tornou uma ferramenta imprescindível para
atuar nas áreas urbanas, devido a sua proteção blindada, elevada potência de fogo e ação de
choque. Durante o emprego do CC um fator relevante para o sucesso é a correta seleção de
munição a ser utilizada em cada situação. Com o avanço tecnológico alguns países já
empregam munições específicas para esse tipo de operação, como a munição Canister e a
Multi Propósito.
No âmbito do Brasil, considerando que o Exército Brasileiro ainda não emprega
munições desenvolvidas especialmente para combater em ambiente urbano, questiona-se se as
munições que a VBCCC Leopard 1A5 BR utiliza poderiam ser empregadas em um possível
combate em ambiente urbano em que o Brasil estivesse atuando, e quais delas seriam as mais
adequadas para esse tipo de operação.
Inicialmente a nossa pesquisa abordará o combate em ambiente urbano, mostrando
suas características, peculiaridades e as limitações que esse ambiente impõe as tropas que
estão combatendo nele e, posteriormente, serão mostrados exemplos de batalhas que foram
travadas nesse tipo de terreno.
Em seguida serão apresentadas as munições que a VBC CC Leopard 1 A5 BR utiliza,
onde serão mostradas as características de cada uma delas, sua finalidade e o efeito que geram
em determinados alvos.
Finalizando nossa pesquisa será feita uma análise das munições e uma comparação
entre elas com a finalidade de verificar quais munições seriam mais adequadas para serem
empregadas em um conflito travado em ambiente urbano.
12

Dessa forma, uma vez que o Exército Brasileiro não tenha empregado o carro de
combate nesse tipo de ambiente operacional, é muito importante que estejamos cientes de
nossas capacidades, aprimorando nossas doutrinas, para que estejamos preparados para
combater com o CC nesse tipo de ambiente, quando houver a necessidade, com a finalidade
de garantirmos nossa soberania.
13

1.1 OBJETIVOS

1.1.1 Objetivo Geral

Verificar se as principais munições utilizadas pela Viatura Blindada de Combate Carro


de Combate 1A5 BR podem ser utilizadas no combate urbano.

1.1.2 Objetivos Intermediários

Apresentar as capacidades, limitações e efeitos das principais munições utilizadas pela


VBC CC Leopard 1A5 BR.
Apresentar as características e peculiaridades do combate em áreas urbanas;
Analisar as munições utilizadas pela VBC CC Leopard 1A5 BR sob a ótica de um
emprego em ambiente urbano;
Comparar os efeitos e resultados provenientes do emprego de cada munição no
contexto de um combate urbano;
Verificar, dentre as munições apresentadas, quais seriam mais adequadas a serem
empregadas em um possível combate em ambiente urbano
14

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 O COMBATE URBANO

Neste capítulo abordaremos as características desse ambiente operacional que mais


influenciam no emprego do carro de combate. Também serão abordadas as possibilidades e
limitações do CC quando empregados nesse tipo de terreno. E ainda, serão apresentadas
operações em áreas urbanas em que foram empregados o CC.

2.1.1 Características do combate em Ambiente Urbano

Não é de hoje que os centros urbanos têm importância nas operações militares. Desde
a antiguidade, as cidades já tinham um elevado valor militar e, até mesmo os conflitos, já
eram travados no interior de algumas delas.

Conforme o manual FM 3-06:

De todos os ambientes nos quais se realizam operações, o ambiente urbano


confronta os comandantes de exército com uma combinação de dificuldades
raramente encontradas em outros lugares. Suas características distintas resultam de
uma intrincada topografia e alta densidade populacional. A complexidade da
topografia decorre dos recursos criados pelo homem e da infraestrutura de suporte
sobreposta ao terreno natural. Centenas, milhares ou milhões de civis podem estar
próximos ou misturados a soldados amigos e inimigos. (ESTADOS UNIDOS, 2006,
p. 2-1, tradução nossa)

As áreas urbanas, quando modificadas para fins de defesa, assemelham-se a áreas


fortificadas. Por isso, são consideradas acidentes capitais importantes, já que acabam
proporcionando cobertas e abrigos para as tropas e otimizando a efetividade de seus
armamentos. Por outro lado, quando suas instalações são reduzidas a escombros, além de
propiciar vantagem à tropa defensora, restringem o emprego de forças mecanizadas e
blindadas (BRASIL, 2018)
Assim, o combate urbano caracteriza-se pela tridimensionalidade, pelos limitados
campos de tiro e observação, pela mobilidade reduzida e a presença de população civil.
15

2.1.1.1 Tridimensionalidade

Diferente dos outros ambientes de combate, a área urbana se caracteriza por envolver
três planos distintos de combate: o subterrâneo, a superfície e o plano superior. Assim,
configura-se a tridimensionalidade do ambiente urbano.
O plano subterrâneo consiste em túneis, galerias, metrôs e todas as instalações que
estão posicionadas abaixo da superfície. Essas instalações podem oferecer excelentes vias de
acesso desenfiadas, tanto para quem está defendendo como para quem está atacando, posições
para armamento anticarro, local para armazenamento de suprimentos e local de homizio para
as tropas defensoras.
A superfície consiste nas ruas, avenidas, parques, construções, rios, lagos e todas as
instalações que estão no nível do solo. Na superfície é onde a maioria das ações são
desencadeadas por ocasião de um conflito nesse ambiente, onde estão presentes as principais
vias de acesso, nas quais as tropas embarcadas, dentre elas as guarnições de CC, realizam seus
deslocamentos e engajam seus alvos.
O plano superior é caracterizado pelos andares mais elevados e os topos dos prédios.
Esses locais permitem uma relativa superioridade para quem está dominando, visto que
oferecem excelentes posições de observação, posições para armas automáticas e armamento
anticarro.

Figura 1: Tridimensionalidade do combate urbano

Fonte: FM 3-06 Urban Operations, 2006, p. 2 – 4


16

2.1.1.2 Limitados campos de tiro e observação

Devido à alta concentração de prédios e construções, bem como à proximidade entre


si, o movimento da torre dos CC acaba sendo limitado e, por consequência, seus campos de
tiro acabam por se tornarem extremamente reduzidos. Além disso, os prédios com muitos
andares ainda restringem consideravelmente a observação e o setor de tiro dos CC, já que o
canhão do Leopard pode elevar-se em +20 graus e abaixar-se em -9 graus. Por conta disso,
para atingir o topo de um edifício de 10 andares por exemplo, o CC deverá estar posicionado
a uma distância de aproximadamente 90 metros do alvo, o que nem sempre será possível.
Assim, cresce de importância a correta utilização dos meios optrônicos das viaturas por parte
das guarnições dos CC.

Figura 2: Limitação dos campos de tiro e observação do CC


Fon
te:

Ação de Choque Nº 5, 2006, p. 15

2.1.1.3 Mobilidade reduzida

Uma das características que mais se destaca do carro do combate é a sua grande
mobilidade. No entanto, quando é empregado em áreas edificadas, ela é extremamente
reduzida, pois, na maioria das vezes, as vias de acesso são muito estreitas e as construções são
muito próximas umas das outras. Outro fator que impacta a capacidade de movimento e
manobra dos CC são os obstáculos presentes no ambiente urbano, como escombros gerados
pela destruição dos prédios, barricadas, veículos civis ou ainda crateras geradas por bombas e
explosões.
17

Figura 3: via de acesso obstruída por escombros

Fonte:http://3.bp.blogspot.com/2f5DKPUX3sY/Uaqi_UOKGUI/AAAAAAAABJY/WK7R2LKkCwY/s640/401
925_397887710326945_767629792_n%255B1%255D.jpg

2.1.1.4 Presença de população civil

O ambiente urbano é extremante irregular e a presença da população civil agrava de


forma considerável esse fator, influenciando na tomada de decisão do comandante, visto que,
muitas vezes o inimigo não é uma força regular, não está uniformizado e, por conta disso,
pode se misturar facilmente entre a população, dificultando sua identificação. Dessa maneira,
é fundamental avaliar o efeito colateral que as operações possam ocasionar à população, por
exemplo, a morte de civis inocentes e o surgimento de refugiados.

Figura 4: Presença da população civil nas operações urbanas

Fonte: https://cdnbr2.img.sputniknews.com/images/899/47/8994719.jpg
18

2.1.2 Possibilidades e limitações do CC em ambiente urbano


Conforme o manual FM 17-15:

A missão fundamental do pelotão de Carros de Combate é bloquear e destruir o


inimigo. A habilidade do pelotão para mover, disparar, comunicar e fornecer proteção
blindada é um fator decisivo nos modernos campo de batalha. Ele se move, ataca,
defende e executa outras tarefas essenciais para apoiar a subunidade ou missão das
outras tropas. Ao cumprir suas missões atribuídas, o pelotão usa o fogo, a manobra e
a ação de choque, sincronizado com outros elementos de manobra.(ESTADOS
UNIDOS, 1996, p. 6, tradução nossa)

O carro de combate, apesar de suas limitações, é até hoje um meio nobre nos campos
de batalha, sendo muitas vezes decisivo durante a conquista de objetivos. Assim, a tabela a
seguir tem o objetivo de apresentar as principais possibilidades e limitações dos CC quando
empregados em ambientes urbanos.

Tabela 1: Comparação entre as possibilidades e limitações dos CC


Possibilidades Limitações
Podem atuar em situações de baixa Campo de visão da guarnição restrito aos
luminosidade e visibilidade, pois possuem blocos de visada
equipamentos de visão termal.
Poder de dissuasão, transmitem poder e Necessitam de uma cadeia logística de
presença psicológica, fundamentais para manutenção e suprimento de munição e
exercer controle sobre as massas. combustível.
Proporcionam à tropa cobertas e abrigos, Podem ter sua mobilidade bloqueada ou
devido à sua blindagem pesada, além de dificultada por escombros, barricadas ou ruas
maior mobilidade através das ruas. estreitas.
Possuem proteção blindada contra Vulnerável a armas anti-carro, principalmente
explosivos, armamentos de pequeno calibre, quando isolados ou sem apoio dos fuzileiros.
minas anti-pessoal e caçadores.
Seus armamentos possuem longo alcance, Seus equipamentos optrônicos são
podendo cobrir o avanço dos fuzileiros. vulneráveis a armamentos de pequeno
calibre.
Alguns CC podem produzir cortinas de Necessitam de espaço considerável para
fumaça que dificultam a observação pelo realizar o giro da torre, a elevação e
inimigo. depressão do canhão são limitadas
Podem destruir posições fortificadas de armas Produzem consideráveis níveis de ruído, que
automáticas e caçadores. dificultam a surpresa
Oferecem apoio de fogo preciso contra alvos Podem ser cegados por fumígenos.
designados pelos fuzileiros.
Fonte: SELBACH, Guilherme Werberich. 2016
19

2.1.3 Operações em Ambiente Urbano com o uso de Carros de combate

2.1.3.1 Fallujah

Após a queda de Bagdá para os militares americanos em 2003, Fallujah tornou-se uma
das áreas mais violentas do país e o coração do triângulo sunita. Manifestações violentas,
assassinatos e atentados a bomba tornaram-se frequentes e estes eram direcionados às forças
de ocupação e os iraquianos que colaboravam com o governo interino ou com as forças da
coalizão, que era composta pelos EUA, Iraque e Reino Unido. Durante meses, a polícia local
iraquiana e os líderes da cidade mostraram-se incapazes de neutralizar a situação mas, com
base em suas garantias de uma situação melhorada, os americanos só se aventuraram na
cidade ocasionalmente. Enquanto isso, a resistência tornou-se mais forte, aproveitando-se da
fragilidade do governo (GOTT, 2006).
Os combatentes da resistência em Fallujah eram diferentes daqueles que o Exército
americano enfrentou desde a Guerra do Vietnã. Eles não faziam o uso de uniformes e, dessa
forma , misturavam-se quase que perfeitamente com a população. Uma vez que operavam a
partir de suas próprias residências, não havia nenhuma infraestrutura convencional para
atingir, como campos ou bases de treinamento. Por outro lado o comando e o controle eram
tão fracos que geralmente não existia uma cadeia de comando ou comunicações perceptíveis
para interceptar ou explorar. Concomitantemente, existiam grandes estoques de armas e
explosivos que permaneceram da guerra e estavam prontamente disponíveis para serem
empregados pelos novos integrantes recrutados. Muitas mesquitas foram “transformadas” em
arsenais para armazenar armas e explosivos e também para servir como refúgio para a
resistência. A combinação de zelo religioso, ociosidade causada pelo alto desemprego e ódio
pela ocupação tornaram o recrutamento uma tarefa fácil (GOTT, 2006).

A operação começou em 7 de novembro, quando o planejado bombardeio aéreo e de


artilharia começou e as forças terrestres rapidamente se mudaram para suas posições de
assalto. Os quatro batalhões dos fuzileiros navais e dois do exército realizaram seu ataque ao
longo de uma ampla frente, onde os CC e as VBTP progrediam nas laterais das ruas, quando
possível, com o objetivo de fornecer segurança para as viaturas que estavam do outro lado. Os
fuzileiros seguiam desembarcados com a função de fornecer proteção aproximada contra
insurgentes que tentavam emboscar os blindados, utilizando-se de armas automáticas e
atiradores de precisão. Frequentemente os fuzileiros encontravam pontos fortes que eram
prontamente destruídos pelos CC. Os blindados também eram utilizados para ultrapassarem
obstáculos e bloqueios nas ruas, facilitando o avanço da coalizão. Diversas vezes os CC
20

auxiliaram os fuzileiros a entrarem nas construções usando seu armamento principal contra
paredes criando aberturas. Em 16 de novembro Fallujah foi considerada segura pelas tropas
da coalizão, porém as operações de busca e limpeza ainda duraram algumas semanas (GOTT,
2006).

Podemos observar que o ataque da coalizão a cidade de Fallujah se caracterizou por


um correto planejamento. Também houve um eficiente emprego do combinado CC-Fuzileiro
para realizar a progressão através das edificações e para realizar a limpeza das mesmas. O que
ficou evidenciado também foi o poder de dissuasão gerado pelos CC, através do seu poder de
fogo e ação de choque.

Figura 5: Ataque à cidade de Fallujah

Fonte: GOTT, 2006, p. 100

2.1.3.2 Grozny (1994)

De dezembro de 1994 a março de 1995 ocorreu a primeira guerra da Chechenia. Este


conflito envolveu tropas russas e separatistas chechenos. A intervenção russa na Chechênia
começou com uma campanha aérea, na qual a força aérea russa atacou as bases aéreas ao
21

redor de Grozny, destruindo os aviões chechenos que estavam em solo. Pontes, estradas
principais e cidades também foram bombardeadas em preparação para a invasão terrestre.
Dessa forma, com o espaço aéreo dominado, os aviões russos foram capazes de atacar sem
grandes problemas (GOTT, 2006).
A estratégia russa era realizar uma rápida investida para atingir a capital chechena e
tomar os pontos chaves da cidade no menor tempo possível, mantendo as tropas blindadas em
colunas e os fuzileiros embarcados, sem que realizassem a segurança aproximada dos CC. Tal
estratégia fracassou, visto que os russos encontraram forte resistência. A defesa dos chechenos
se baseava no emprego de pequenos grupos armados com lança-rojões e granadas de mão,
espalhados pela cidade. Estes grupos atacavam as vanguardas e retaguardas das colunas de
blindados e, uma vez bloqueados nas colunas, estes eram destruídos um por um (GOTT,
2006).
Em função das grandes perdas, os russos foram obrigados a se retirarem da cidade e se
reagruparem. Com isso, perceberam que a tomada de Grozny envolveria a luta por todos os
edifícios e construções. Então, os russos configuraram suas forças de ataque em
destacamentos de nível batalhão com os fuzileiros desembarcados como seu núcleo, sendo os
CC e as VBTP empregados em uma função com caráter de apoio. Para isso, os CC foram
posicionados de maneira a fornecer apoio direto contra as posições fortificadas inimigas,
ajudando a isolar áreas e repelindo contra-ataques. Assim, enquanto os fuzileiros progrediam,
os CC permaneciam à retaguarda, a uma distância além do alcance de utilização das armas
anticarro inimigas. Para melhorar a capacidade de sobrevivência dos veículos, redes e telas
metálicas foram montadas em veículos blindados. Quanto ao emprego dos armamentos dos
blindados russos, como seus carros de combate não podiam elevar ou abaixar adequadamente
os canhões e as metralhadoras coaxiais, as metralhadoras antiaéreas foram empregadas para
abater alvos nos telhados e nos porões. Finalmente, essas mudanças possibilitaram aos
russos, enfrentando grande resistência dos chechenos e sofrendo severas baixas, que
declarassem em sete de março de 1995, controle total sobre a cidade de Grozny (GOTT,
2006).
Analisando o combate em Grozny pode-se perceber que foi realizado um
planejamento incorreto quanto a invasão da capital chechena. Os comandantes russos
desconsideraram e subestimaram as capacidades do inimigo e, por conta disso, através do uso
de pequenos grupos posicionados pela cidade, foram capazes de gerar grandes perdas para as
tropas russas.
22

Figura 6: Ataque à cidade Grozny

Fonte: GOTT, 2006, p. 79

2.2 MUNIÇÕES UTILIZADAS PELA VBC CC LEOPARD 1 A5 BR

Com o objetivo de destruir ou neutralizar o alvo engajado, a VBC CC Leopard 1A5


BR tem a capacidade de empregar diferentes tipos de munição em seu armamento principal
As munições utilizadas pela VBC dividem-se em: munições de energia cinética, munições de
energia química e munições de exercício.

2.2.1 Munições de Energia Cinética

Segundo a nota de aula do Centro de Instrução de Blindados General Walter Pires, o


projétil de energia cinética é composto de um calço descartável, um penetrador composto de
um núcleo duro, da ponta do projétil e do conjunto estabilizador.
23

Figura 7: Composição de uma munição de energia cinética

Fonte: nota de aula Curso Avançado de Tiro do CIBld

As munições de Energia Cinética não possuem carga explosiva em seu projétil, apenas
um penetrador de metal extremamente duro e denso. Este é o tipo de munição utilizado na
atualidade por Carros de Combate contra outros CC porque apresentam os melhores
resultados contra blindagens pesadas. As munições EC da atualidade para CC são
subcalibradas. Isso significa que seu projétil é de menor calibre em relação ao armamento que
o dispara. O tiro é possível devido ao uso de calços, os quais são conhecidos como “sabot”,
que preenchem o restante de espaço entre o projétil e a parede do tubo do canhão, impedindo
que os gases provenientes da queima do propelente escapem pelas laterais do projétil, sem
impulsioná-lo para frente (NASCIMENTO, 2019).

Após abandonar o tubo, o calço é “descartado”, fazendo com que toda a energia
gerada pela queima do propelente seja impressa no projétil, na forma de movimento, ou seja,
energia cinética. Na sequência, fora do tubo, ao destacar-se do projétil principal, permite que
este prossiga seu voo sozinho em direção ao alvo, perdendo o mínimo de velocidade em
decorrência da resistência do ar. Assim, o “sabot” permite que as munições EC percorram sua
trajetória com a velocidade proveniente da propulsão de um armamento de um alto calibre e
com a desaceleração aerodinâmica de um projétil de médio calibre, visto que é sub calibrado
(NASCIMENTO, 2019).
24

O projétil principal, ou penetrador, varia muito em forma e constituição, dependendo


do modelo da munição. Como característica constante se apresentam a constituição de
material duro e denso, normalmente ligas metálicas de tungstênio ou urânio empobrecido, e a
utilização de penetradores cada vez mais longos. Isto se dá porque estas características
(densidade, dureza e comprimento do penetrador) estão entre as mais decisivas para o sucesso
da munição (NASCIMENTO, 2019).

Ao atingir seu alvo, as munições EC são forçadas a desacelerar repentinamente.


Sendo assim, pela Lei da Conservação da Energia, a maior parte da energia cinética,
decorrente de sua velocidade, transforma-se em energia térmica (calor). Este,
incandescendo tanto projétil quanto blindagem, permite a degradação gradativa de
ambos até que (se suas características, como dureza, densidade e comprimento,
permitirem) o projétil perfure a blindagem. Lograda a penetração, o interior do alvo
é tomado por metal incandescente proveniente tanto da blindagem quanto do
projétil, incendiando os materiais inflamáveis ali existentes, como munição
empaiolada e óleos hidráulicos, em uma provável reação em cadeia. Assim o dano
ao alvo é, em sua maior parte, decorrente deste efeito secundário (NASCIMENTO,
2019).

2.2.1.1 105 mm APFSDS-T DM 33

A munição DM 33 é do tipo perfurante, possuindo traçante e sendo estabilizada por


aletas presentes na cauda do projétil. Sua estopilha é de acionamento elétrico e o penetrador é
feito em tungstênio. Devido a este penetrador ser subcalibrado, ele possui “sabots”, os quais
são descartados do penetrador após a saída do tudo (BRASIL, 2010).

Figura 8: Munição 105 MM APFSDS-T DM 33

Fonte: https://www.rheinmetall-defence.com/media/editor_media/rm_defence/produktbilder/120DM63KE.jpg
25

Tabela 2: Dados técnicos da munição DM 33


Peso do cartucho 18,5 Kg
Peso líquido do explosivo 5,442 Kg
Cor do projétil preto com listras brancas
Peso do projétil 6,3 Kg
Penetrador Liga de tungstênio
Estojo Latão
Estopilha Elétrica
Velocidade inicial 1450 m/s

Fonte: Boletim Técnico Nr 03/2010, da Diretoria de Material do Exército Brasileiro

2.2.1.2 105 mm APFSDS-T M426 (DM 63)

A munição DM 63 é do tipo perfurante, sendo composta de um projétil feito de uma


liga de tungstênio, traçante, calço descartável e estabilização por aletas. Possui propriedades
que lhe proporcionam excelente poder penetração (BRASIL, 2010).

Figura 9: Munição 105 MM APFSDS-T M426 (DM 63)

Fonte: Boletim Técnico Nr 03/2010, da Diretoria de Material do Exército Brasileiro


26

Tabela 3: Dados técnicos da munição DM 63


Peso do cartucho 19,2 Kg
Comprimento 990 mm
Peso líquido do explosivo 6 Kg
Cor do projétil Preto com listras brancas
Peso do projétil 6,6 Kg
Comprimento do projétil 620 mm
Penetrador Liga de tungstênio de alta resistência
Calço descartável Alumínio
Aleta Alumínio
Estopilha Elétrica
Velocidade inicial 1433 m/s
Limites de temperatura para estocagem -40 a +70 ºC
Limites de temperatura para tiro -35 a +52 ºC
Fonte: Boletim Técnico Nr 03/2010, da Diretoria de Material do Exército Brasileiro

2.2.2 Munições de Energia Química

As munições de energia química são assim denominadas por possuírem uma carga
explosiva que é capaz de gerar um grande volume de gases em um curto espaço de tempo,
provocando altas temperaturas no interior do alvo impactado (BRASIL, 2010).

Figura 10: Componentes de uma munição HEAT

Fonte: FM 17-12-1-1, Tank Gunnery, 1998, p 3-11


27

As munições de Energia Química (EQ) se diferem das EC porque possuem carga


explosiva em seu projétil. Esta carga explosiva varia em constituição, tamanho e forma, em
função do modelo de munição e a finalidade para a qual foi desenvolvida (NASCIMENTO,
2019).
Apesar de alguns destes modelos terem sido projetadas para o enfrentamento de
blindagens que eram consideradas pesadas na época. Hoje em dia são empregadas,
normalmente, contra blindagens mais leves, por causa do aumento da proteção blindada em
uso e da maior eficiência das munições EC contra este tipo de alvo. Os efeitos das munições
EQ variam, de acordo com suas características, indo do efeito de estilhaçamento até o de
penetração em blindagens leves, passando por efeitos de degradação interna de superfícies por
ondas de choque. Ao contrário do que acontece com as munições EC, o efeito no alvo das
munições EQ não varia em função da distância, pelo fato de não depender da energia cinética
com que atinge o alvo, mas sim do explosivo que carrega (NASCIMENTO, 2019).
As munições EQ apresentam trajetória menos tensa e menor velocidade de voo, visto
que possuem maior massa e formato menos aerodinâmico, o que acarreta em uma certa perda
de precisão. No entanto, por possuírem carga explosiva, mesmo que o alvo não seja atingido,
os efeitos secundários ainda podem causar algum dano a ele ou a elementos próximos
(NASCIMENTO, 2019).

Figura 11: Efeitos da munição de energia química ao atingir a blindagem

Fonte: FM 17-12-1-1, Tank Gunnery, 1998, p 3-8


28

2.2.2.1 105 mm HEAT-T série M246

Figura 12: Munição 105 MM: HEAT-T SÉRIE M246

Fonte: Boletim Técnico Nr 03/2010, da Diretoria de Material do Exército Brasileiro

O corpo de aço do projétil é ajustado ao estojo através de um obturador plástico. Sua


composição consiste em uma base com aletas que recebe a pressão proveniente da queima do
propelente, um cilindro, cuja função é afastar a parte frontal, esse afastamento permite uma
distância adequada entre ponto de impacto e carga oca. A carga explosiva é moldada por um
cone de cobre. Um elemento piezoelétrico é acondicionado na tampa da ogiva, que, por sua
vez, é montada na extremidade do cilindro distanciador. O elemento piezoelétrico está ligado
por um fio metálico à espoleta elétrica da ogiva, de maneira a acioná-la no momento do
impacto. O elemento traçante encontra-se afixado na base aletada (BRASIL,2010).

No momento do disparo, a estopilha iniciada eletricamente, provoca a ignição da


carga propelente. Os gases produzidos pela queima do propelente impulsionam o
projétil à frente, ao mesmo tempo em que provocam a ignição do traçante. O
traçante queima por pelo menos 2,5 segundos. No impacto, a espoleta acionada pelo
elemento piezoelétrico provoca a detonação da carga explosiva do projétil. O cone
de cobre se volatiliza em forma de plasma. A detonação da carga explosiva da ogiva
gera uma onda de choque convergente e um jato de plasma de cobre perfura e
penetra a blindagem do alvo (BRASIL, 2010).
29

Tabela 4: Dados técnicos da munição M 246


Peso do cartucho 21,7 kg
Comprimento 991 mm
Corpo do projétil Aço
Cor do projétil Preto, letras brancas e faixa amarela
Velocidade inicial 1173 m/s
Alcance máximo 8200 m
Limites de temperatura para estocagem +18 a +62,8 ºC
Limites de temperatura para tiro +4 a +60 ºC (+49 ºC para M456E1)
Fonte: Técnico Nr 03/2010, da Diretoria de Material do Exército Brasileiro

2.2.2.2 105 mm HESH L35A1

Figura 13: Munição 105 MM HESH L35A1

Fonte: Boletim Técnico Nr 03/2010, da Diretoria de Material do Exército Brasileiro

O projétil consiste em uma ogiva deformável que é carregada com alto-explosivo,


possuindo também traçante. Essa munição tem a capacidade de destruir blindagens através de
ondas de choque. No momento do impacto, o explosivo que está contido na ogiva deforma-se
sobre a superfície do alvo, antes da detonação da espoleta. O resultado dessa detonação é a
criação de ondas de choque, que se propagam através da parede do alvo, provocando o
estilhaçamento da superfície interna. A munição HESH também é efetiva contra tropa e outros
tipos de alvos (BRASIL, 2010).
30

Tabela 5: Dados técnicos da munição HESH L35A1


Peso do cartucho 21,2 kg
Comprimento total 939 mm
Peso do projétil 11,2 kg
Peso líquido do explosivo 5,1 kg
Velocidade inicial 732 m/s a 21 ºC
Alcance máximo 8000 m
Traçante mínimo 9 segundos
Fonte: Boletim Técnico Nr 03/2010, da Diretoria de Material do Exército Brasileiro

2.2.3 Munições de Exercício

2.2.3.1 105 mm FLASH L38

Figura 14: Munição 105 MM FLASH L38

Fonte: Boletim Técnico Nr 03/2010, da Diretoria de Material do Exército Brasileiro

A munição FLASH L 38 simula a HESH L35. O espaço destino ao explosivo no


projétil é carregado com material inerte e uma carga pirotécnica de sinalização, cuja função é
demarcar o local do impacto (BRASIL, 2010).
31

Tabela 6: Dados técnicos da munição FLASH L 38


Peso do cartucho 21,2 kg
Comprimento total 939 mm
Peso do projétil 11,2 kg
Peso líquido do explosivo 3,1 kg
Enchimento do explosivo Carga pirotécnica de sinalização
Velocidade inicial 732 m/s a 21 ºC
Alcance máximo 8000 m
Traçante mínimo 9 segundos
Fonte: Boletim Técnico Nr 03/2010, da Diretoria de Material do Exército Brasileiro

2.2.3.2 105 mm TP-T M490

Figura 15: Munição 105 MM TP-T M490

Fonte: https://www.gd-ots.com/wp-content/uploads/2017/01/M490.png

A munição de exercício TP-T M490 possui características balísticas similares à HEAT-


T M456. O projétil é formado por um corpo de aço, um cilindro distanciador de alumínio na
extremidade e uma base com traçante e aletas para a estabilização (BRASIL, 2010).

Tabela 7: Dados técnicos da munição TP-T M 490


Peso do cartucho 20 kg
Comprimento do cartucho 991 mm
Cor do projétil Azul com marcações brancas
Enchimento do projétil Apenas 38g de composto A5
Alcance máximo 8207 m
Velocidade inicial. 1170 m/s
Limites de temperatura para estocagem -62 a +71,1 ºC
Limites de temperatura para tiro -40 a +52 ºC
Fonte: Boletim Técnico Nr 03/2010, da Diretoria de Material do Exército Brasileiro
32

2.2.3.3 105 mm TP -T M490A1

Figura 16: Munição 105 MM TP -T M490A1

Fonte: Boletim Técnico Nr 03/2010, da Diretoria de Material do Exército Brasileiro

O cartucho de exercício TP-T M490A1 difere do M490 pelo fato de não possuir aletas
e ser 2,54 cm mais comprido. Além disso, o cilindro distanciador é de aço em vez de
alumínio, e o propelente é de outro tipo (BRASIL, 2010).

Tabela 8: Dados técnicos da munição TP-T M490A1


Peso do cartucho 20,8 kg
Comprimento do cartucho 999 mm
.Cor do projétil Azul com marcações brancas
Alcance máximo 8207 m
Velocidade inicial 1170 m/s
Limites de temperatura para estocagem 62 a +71,1 ºC
Limites de temperatura para tiro -40 a +52 ºC
Fonte: Boletim Técnico Nrº 03/2010, da Diretoria de Material do Exército Brasileiro
33

2.2.3.4 105 mm TPDS-T M724

Figura 17: Munição 105 MM TPDS-T M724

Fonte: Boletim Técnico Nr 03/2010, da Diretoria de Material do Exército Brasileiro

A munição TPDS-T M724 é constituída por um suporte com calços descartáveis que
sustentam o núcleo do projétil, uma cinta de turgência, uma cinta de rotação feita de fibra, um
obturador de borracha que é montado junto com a cinta de rotação à retaguarda do suporte do
núcleo, há também um traçante na base do núcleo, que tem um tempo de queima de
aproximadamente de 2,5 segundos e é ativado após os calços descartáveis serem ejetados
depois da saída do projétil pela boca do tubo. O projétil da munição TPDS-T M724 é
semelhante balisticamente ao projétil das munições reais até 2000 m e por se tratar de uma
munição de treinamento, o núcleo sólido não tem capacidade de perfuração de um projétil de
munição real (BRASIL, 2010).

Tabela 9: Dados técnicos da munição TPDS-T M724


Peso do cartucho 21,7 kg
Comprimento do cartucho 991 mm
Material do projétil Aço
Cor do projétil Azul com marcações brancas
Alcance máximo 16739 m
Velocidade inicial 1539 m/s
.Limites de temperatura para estocagem -62 a +71,1 º C
Limites de temperatura para tiro -40 a +52 º C
Fonte: Boletim Técnico Nr 03/2010, da Diretoria de Material do Exército Brasileiro
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2.2.3.5 105 mm TPDS-T C74

Figura 18: Munição 105 MM TPDS-T C74

Fonte: Boletim Técnico Nr 03/2010, da Diretoria de Material do Exército Brasileiro

O projétil da munição de exercício C74 possui desempenho balístico similar à


APFSDS real até 2500 m (BRASIL,2010).

Tabela 10: Dados técnicos da munição TPDS-T C74


Peso do cartucho 16,3 kg
Peso do projétil 4 kg
Peso do penetrador 2,1 kg
Alcance máximo 11600 m
Velocidade inicial 1590 m/
Fonte: Boletim Técnico Nr 03/2010, da Diretoria de Material do Exército Brasileiro
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3 REFERENCIAL METODOLÓGICO E PROCEDIMENTOS

Com o objetivo de aprimorar os conhecimentos sobre a capacidade da tropa blindada


brasileira, formulamos o seguinte problema: o armamento principal da VBC CC Leopard 1
A5 BR pode ser utilizado de maneira eficaz em um combate em ambiente urbano? Quais
munições utilizadas pela VBC seriam mais adequadas para esse tipo de emprego?
Considerando a hipótese de que o armamento do Leopard 1 A5 pode ser utilizado em
ambiente urbano, fica a questão de quais munições seriam as mais adequadas para essa
situação, crescendo a importância de se realizar a correta seleção da munição. Dessa forma,
devemos considerar as limitações que o ambiente urbano impõe no emprego de CC e nas
tropas que os apoiarão, visto que serão empregados junto dos fuzileiros na maioria das vezes.
Nossos objetivos foram apresentar as características do combate urbano, apresentando
a complexidade desse ambiente operacional. Da mesma forma apresentamos as possibilidades
e limitações do CC em ambiente urbano, resumindo-as em um quadro comparativo. Também
apresentamos as munições que a VBC Leopard 1 A5 utiliza, mostrando características de cada
uma delas.
Com a intenção de formular a presente pesquisa utilizamos os seguintes métodos
metodológicos: realizamos uma pesquisa bibliográfica para que tivéssemos base teórica para
prosseguir na pesquisa. Dessa pesquisa, destacam-se Kendall D. GOTT (2006) com sua obra
Breaking the mold: Tanks in the Cities; Exército dos ESTADOS UNIDOS (2006) com seu
manual FM 3-06 Urban Operations; André Almeida do NASCIMENTO (2019) com seu
trabalho Munições para CC: Uma Análise de Características e Possibilidades e Guilherme W.
SELBACH (2016) com o seu trabalho As munições de Carros de Combate empregadas na
atualidade e seus efeitos nas Operações em Ambiente Urbano.
Utilizando essa base teórica, passamos a coletar dados por meio de consultas a esses e
outros documentos obtidos através de pesquisas na internet, contatos com orientador e
instituições de ensino como o Centro de Instrução de Blindados em Santa Maria.
36

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Como pôde ser visto nos capítulos anteriores, a VBC CC Leopard 1 A5 BR possui
uma variedade de munições, fato que aumenta a importância da correta seleção da munição
para a realização do tiro. Analisando as munições disponíveis para a VBC podemos concluir
que existe a possibilidade de realizar o emprego das mesmas em um possível combate urbano.
Entre os tipos de munições que a VBC dispõe destacam-se as munições de energia química e
energia cinética.
Analisando as caraterísticas do combate em ambiente urbano, as limitações que esse
tipo de terreno impõe aos CC e o histórico de batalhas que foram travadas nesse ambiente
operacional utilizando o CC, entende-se que a possibilidade de um carro de combate enfrentar
outro é mais remota, ao passo que os alvos que um CC terá a grande possibilidade de
enfrentar são tropas desembarcadas, posições de armamento anticarro, armas automáticas,
posições fortificadas e tropas abrigadas em construções ou escombros.
Isso permite-nos concluir que entre as munições de energia cinética e energia química,
as de energia química são as mais indicadas para o combate em ambiente urbano, devido a sua
carga explosiva e capacidade de estilhaçamento. É preferível que na preparação da viatura,
entre as 13 munições que podem ser armazenadas na cinta de primeira intervenção, sejam
empaioladas aproximadamente 1/3 de munições de energia cinética e o restante de munições
de energia química.
As munições de treinamento não se aplicam a esse tipo de emprego, visto que são
inertes e não possuem carga explosiva, sendo semelhantes às munições reais somente em
aparência e nas características balísticas, sendo, dessa forma, inservíveis para a utilização no
combate.
Cabe ressaltar que se deve dar atenção aos danos colaterais que podem ser gerados
pelas munições de energia química, visto que, durante a progressão dos CC, os fuzileiros
estarão desembarcados realizando a sua proteção aproximada e, por conta disso, a guarnição
deve ter atenção redobrada sobre o setor de tiro. Outro fator que deve ser considerado é a
presença de população civil nas operações. Os civis muitas vezes podem se confundir com o
inimigo, o que dificulta a tomada de decisão por parte do comandante do carro. Danos
colaterais com civis terão repercussão negativa perante a sociedade e a mídia, por conta disso
cresce de importância a correta seleção da munição e o momento para que ela seja empregada.
Outro ponto importante que deve ser considerado é que somente a munição empregada
corretamente não possibilita a VBC CC Leopard 1 A5 operar com eficácia em ambiente
urbano, visto que a VBC necessitaria de uma série de adaptações para combater neste
37

ambiente operacional, como a instalação de sistemas de proteção, a instalação de novos


optrônicos, e também a aquisição de munições específicas para o combate em ambiente
urbano, visto que na atualidade já existem tecnologias específicas para isso, porém essas
adaptações seriam alvo de um outro trabalho e por conta disso não foram aprofundadas aqui.
38

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

As áreas urbanas são um ambiente operacional extremamente complexo, com uma


série de limitações que são impostas àqueles que nele operam. A tendência é que as operações
se desenvolvam cada vez mais no ambiente urbano, exigindo das tropas um constante
adestramento e aprimoramento de doutrinas.
O carro de combate, apesar das limitações que possui, proporciona uma multiplicação
do poder de combate de quem o emprega, o que o torna um meio nobre de combate e, por
isso, deve ser, sempre que possível, empregado nas operações.
A pesquisa motivou-se na tentativa de conhecer as capacidades da VBC brasileira nos
teatros de operações modernos. Os ambientes operacionais estão em constante evolução e por
conta disso é necessário que o Exército Brasileiro acompanhe essas mudanças e esteja em
constante adaptação e atualização, para que tenha plenas condições de defender a soberania e
os interesses do Brasil.
39

REFERÊNCIAS

ACADEMIA MILITAR DAS AGULHAS NEGRAS. Manual de metodologia da pesquisa


científica. Resende: Acadêmica, 2008.

BRASIL. C 21-30: Abreviaturas, Símbolos e Convenções Cartográficas. 4 ed. Brasília, DF


2002.
_______. Boletim técnico nº 03/2010. Diretoria de Material do Exército Brasileiro. Brasília,
DF 2010.

_______. ME 21-253: Formatação de trabalhos acadêmicos, dissertações e teses. Rio de


Janeiro, 2004.

_______. C17-20: Forças-tarefas blindadas. 3. ed. Brasília, DF 2015.

_______. C 20-1: Glossário de Termos e Expressões para uso no Exército. 3. ed. Brasília, DF
2003.

_______. EB70-MC-10.223: Operações. 5 ed. Brasília, DF 2017

_______. EB70-MC-10.303: Operação em Área Edificada. 1 ed. Brasília, DF 2018

CENTRO DE INSTRUÇÃO DE BLINDADOS (CIBld); Curso avançado de tiro do sistema


de armas Leopard 1A5 BR. Santa Maria: 2015.

EICKHOFF, Márcio Gondim. FORÇAS BLINDADAS EM ÁREAS EDIFICADAS –


OPERAÇÕES URBANAS. Ação de choque – A forja da tropa blindada do Brasil. 5 a ed.
Santa Maria, RS, 2006.

ESTADOS UNIDOS. U. S. Army. Department of Army. Headquarters. FM 3-06: Urban


operations. Washington, D. C., 2006.

______. U. S. Army. Department of Army. Headquarters. FM 3-0: Operations. Washington,


D. C., 2008. 32
40

______. U. S. Army. Department of Army. Headquarters. 17-12-1-1, Tank Gunnery.


Washington, D. C., 1998

______.U. S. Army. Department of Army. Headquarters. FM 17-15: Tank Platoon.


Washington, D. C., 1996.

GOTT, Kendall D; Breaking the mold: tanks in the cities. Kansas: e-book, 2006.
MESQUITA, Alex Alexandre de; Blindados e doutrina delta no combate urbano: uma
combinação possível. Juiz de Fora: universidade federal de Juiz de Fora, 2008.

______. O combate urbano: Como organizar as unidades de combate da Brigada Blindada,


para o investimento a uma localidade, baseado no estudo das campanhas em Beirute (1982),
Grozny (1994) e Bagdá (2003). 1. ed. Juiz de Fora: universidade federal de Juiz de Fora,
2008.

NASCIMENTO, André Almeida do. Munições para CC: Uma Análise de Características
e Possibilidades CI Bld, Escotilha do comandante 2019. Disponível
em:<http://www.cibld.eb.mil.br/index.php/periodicos/escotilha-do-comandante/547-escotilha-
132>. Acesso em: 13 Maio de 2019.

OGORKIEWICZ, Richard M.; Technology of tanks. Reino Unido, 1991.

SELBACH, Guilherme W. As munições de Carros de Combate empregadas na


atualidade e seus efeitos nas Operações em Ambiente Urbano. AMAN, 2016
41

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