TCC Leonardo Sorence Borges EP 2020 FINAL CATALOGRAFADO PDF A
TCC Leonardo Sorence Borges EP 2020 FINAL CATALOGRAFADO PDF A
TCC Leonardo Sorence Borges EP 2020 FINAL CATALOGRAFADO PDF A
Orientadora:
SANTOS – SP
2020
Borges, Leonardo Sorence.
B732u Uso de Bactérias para Recuperação Avançada de
Petróleo(MEOR). / Leonardo Sorence Borges;
Orientadora Elen Aquino Perpetuo. -- Santos, 2020.
64 p. ; 30cm
CDD 665.5
Trabalho de conclusão de curso
apresentado à Comissão do Trabalho de
Conclusão de Curso de graduação do
Bacharelado em Engenharia de Petróleo
da Universidade Federal de São Paulo,
como requisito à aprovação na unidade
curricular de Trabalho de Conclusão de
Curso II.
Data da aprovação
13/07/2020
Banca Examinadora:
Data da aprovação
13\07\2020
SANTOS – SP
2020
Agradecimentos
“...Quem é semelhante ao Senhor nosso Deus, que tem o seu assento nas alturas,
para o fazer sentar com os príncipes, sim, com os príncipes do seu povo.
Ele faz com que a mulher estéril habite em família, e seja alegre mãe de filhos. Louvai ao Senhor.”
”...Quanto mais eu estudo a natureza, mais eu fico maravilhado com as obras do Criador. A ciência me aproxima de Deus”
Aos docentes; Drª. Elen Aquino Perpetuo, Drª. Liliane Janikian Paes de
Almeida, Dr. Lúcio Leonel Barbosa, Dr. Gustavo Bueno Gregoracci, Dr. Anderson
Pereira por me ajudarem e disponibilizarem diretamente com ideias e opiniões nesse
assunto.
Aos docentes; Dr. Augusto Cesar, Dr. Camilo Dias Seabra, Drª. Renata de Faria
Barbosa, Drª. Barbara Lage Ignacio, Dr. Marcio Yee pelos incentivos e apoio
acadêmico.
4. Metodologia ................................................................................................................................. 45
BS – Biosurfactantes
A exploração mundial de petróleo ocorre de forma intensa no mundo todo, mas as tecnologias atuais
conseguem extrair apenas 1/3 do óleo presente nos reservatórios, utilizando as técnicas convencionais.
Estimase que, aproximadamente 300 bilhões de barris de petróleo tenham ficado no subsolo dos
Estados Unidos, mesmo após o uso de técnicas avançadas de exploração petrolífera como injeção de
água ou gás. Assim, conseguir extrair ainda que uma fração dessas reservas, pode representar um
grande aproveitamento econômico, por se tratar de grandes volumes de óleo. No entanto, o papel dos
microorganismos que interagem diretamente com hidrocarbonetos, podendo aumentar o nível de
extração, é em sua maioria ignorado ou subestimado em projetos de exploração. Potenciais técnicas
de recuperação avançada utilizando MEOR (Microbial Enhancend Oil Recovery) são geralmente
suprimidas e escassas, por apresentarem resultados inconclusivos, os quais, geram incertezas de sua
confiabilidade e eficiência, pois na pior das hipóteses, colocase em risco o reservatório petrolífero.
Esse risco, devese ao fato da falta de entendimento de como controlar as bactérias que podem ser
inseridas no reservatório. O entendimento da atividade microbiana representa um desafio para ciência
moderna, pois entender o mundo e as interações entre microorganismos apresenta diversas
dificuldades e traduzse em entender as condições físicoquímicas e nutricionais solicitadas pela cultura
no seu desenvolvimento, além de mecanismos genéticos e biomoleculares de sintrofia. Todos esses
fatores exibem a complexidade da compreensão das interações microbiana em um meio e a
complexidade em dominar as reações bioquímicas adequadas a jazida. Porém, a influência de
bactérias nos mais diversos meios terrestres, aquáticos ou em reservatórios no subsolo sempre ocorre,
mesmo que ignorada ou incompreendida, mesmo em exploração de reservas naturais de petróleo.
Deste modo, fica claro a importância do entendimento das condições de crescimento bacterianas e
suas interações, como núcleo fundamental do desenvolvimento da técnica de recuperação avançada.
Também a simulação dos efeitos da colonização bacteriana em experimentos de reatores com plugs
ou cores de rochas, podem dar uma ideia dos efeitos que podem ocorrer. Para isso, técnicas de cultivo
e caracterização de cepas bacterianas benéficas ao processo de exploração petrolífera são essenciais,
para que se possam utilizar meios biológicos a fim de recuperar hidrocarbonetos dos reservatórios.
The world exploration of oil occurs intensely in the whole world, but the current technologies
manage to extract only 1/3 of the oil present in the reservoirs, using conventional techniques. It is
estimated that approximately 300 billion barrels of oil have been left underground in the United States,
even after using advanced oil exploration techniques such as water or gas injection. Thus, being able
to extract even a fraction of these reserves, can represent a great economic benefit, since it is a large
volume of oil. However, the role of microorganisms that interact directly with hydrocarbons, which can
increase the level of extraction, is mostly ignored or underestimated in exploration projects. Potential
advanced recovery techniques using MEOR (Microbial Enhancend Oil Recovery) are generally
suppressed and scarce, as they present inconclusive results, which generate uncertainties in their
reliability and efficiency, because in the worst case, the oil reservoir is at risk. This risk is due to the lack
of understanding of how to control the bacteria that can be inserted in the reservoir. Understanding
microbial activity represents a challenge for modern science, as understanding the world and the
interactions between microorganisms presents several difficulties and translates into understanding the
physicalchemical and nutritional conditions requested by culture in its development, in addition to
genetic mechanisms and biomolecular syntrophy. All of these factors show the complexity of
understanding microbial interactions in a medium and the complexity of mastering the appropriate
biochemical reactions to the deposit. However, the influence of bacteria in the most diverse terrestrial,
aquatic environments or in underground reservoirs always occurs, even if ignored or misunderstood,
even in the exploration of natural oil reserves. In this way, it is clear the importance of understanding
bacterial growth conditions and their interactions, as a fundamental core of the development of the
advanced recovery technique. Also the simulation of the effects of bacterial colonization in reactor
experiments with plugs or rock colors, can give an idea of the effects that can occur. For this, cultivation
techniques and characterization of bacterial strains beneficial to the oil exploration process are essential,
so that biological means can be used in order to recover hydrocarbons from reservoirs.
1. Introdução
FIGURA 2 DIFERENTES TIPOS DE ROCHAS CARBONÁTICAS. A) GRAINSTONE OOLÍTICO. FM. GUARUJÁ, CRETÁCEO,
BACIA DE SANTOS. FOTOMICROGRAFIA, NICOIS PARALELOS; B) BIOACUMULADO DE MACROFORAMINÍFEROS, FM.
AMAPÁ, PALEÓGENO, BACIA DA FOZ DO AMAZONAS. FOTOMICROGRAFIA, NICOIS CRUZADOS. C) PACKSTONE
ONCOLÍTICO, FM. PONTA DO MEL, CRETÁCEO, BACIA POTIGUAR. FOTOMICROGRAFIA, NICOIS CRUZADOS. D)
ESTROMATOLITO ARBORESCENTE. FM. BARRA VELHA, CRETÁCEO, BACIA DE SANTOS. FOTOMICROGRAFIA, NICOIS
PARALELOS. ( EXTRAÍDO DE TERRA ET AL, 2010).
O fato de serem molháveis a óleo significa que as rochas tem alta afinidade
pelo óleo que se encontra adsorvido a sua superfície, dificultando a retirada desse
óleo do reservatório. Esse detalhe faz uma enorme diferença no planejamento de um
projeto de exploração. Para conseguir resolver esse e outros problemas de
engenharia de reservatórios, as empresas empregam grandes volume de recursos em
estudos de modelagem computacional e geológicos para melhor entender a
complexidade desses reservatórios. Outro fator impactante é a heterogeneidade dos
reservatórios carbonáticos e a complexidade geológica dessas rochas, o que torna os
padrões de perfilagem detectados pelas ferramentas inconstantes em toda extensão
da jazida, dificultando a delimitação do reservatório como mostra a Figura 3. Entre
outros perfis como RHOB (perfil de densidade das rochas – Linhas vermelha e preta),
DT (Perfil Sônico – linha vermelha), nesse perfil podemos ver o perfil de raios gama
na região do reservatório petrolífero (linha verde) que indica os valores da radiação
15
natural gama emitida. De maneira geral, folhelhos tem emissão maior desses raios
em relação a outras rochas sedimentares emanada dos elementos Potássio (K),
Urânio (U) e Tório (T). Esses perfis apresentam inconstâncias recorrentes na região
petrolífera evidenciando a heterogeneidade do reservatório (MELANI et al, 2015).
2. Referencial Teórico
A operação de exploração de um campo tem uma vida útil fixada pela produção.
Em muitos momentos, há a necessidade de aumentar a vida útil do poço ou até
aumentar a produção, mas os métodos convencionais não tem potencial para
promover essa otimização. Nesse momento são empregadas técnicas avançadas de
recuperação de petróleo, visando atingir maior performance na exploração.
19
Métodos térmicos
Métodos químicos
Métodos miscíveis
Combustão in situ
Injeção de polímeros
FIGURA 6 POÇO INJETOR DE SOLUÇÃO ASP EM RESERVATÓRIO CARBONÁTICO EM OMÃ – GOLFO PÉRSICO. ( EXTRAÍDO DE
SHELL ENERGY & INOVATION – ENHANCED OIL RECOVERY TECHNOLOGIES ) DISPONÍVEL EM:
HTTPS://WWW.SHELL.COM/ENERGYANDINNOVATION/OVERCOMINGTECHNOLOGYCHALLENGES/MAKINGTHEMOSTOFOUR
RESOURCES/_JCR_CONTENT/PAR/TEXTIMAGE.STREAM/1462800199005/79F4638AC5B75BDBD4C04C0B4DD2668051648EC
B/EORBROCHURE2016.PDF
São métodos usados para diminuir a tensão interfacial das fases que provocam
resistência a drenagem de óleo pelos fluídos injetados. Assim, esses métodos são
indicados geralmente para situações em que a recuperação de óleo é prejudicada por
altas tensões interfaciais. Ao se misturar aos fluidos do reservatório, o fluido injetado
forma uma só fase facilitando a retirada de óleo do reservatório (TELETZKE et al.,
2005).
Para termos uma referência histórica, Beckman propôs pela primeira vez a
técnica de MEOR em 1926 (SAYYOUH et al., 1993). No entanto, foi em 1940 que
investigadores russos começaram a considerar seriamente a aplicação da técnica.
Aliado a esse fato, ZoBell (1946) desenvolveu trabalhos na área também e aí
começava então a surgir a ideia de se utilizar microorganismos na indústria do
petróleo. Até então a microbiologia como ciência tinha menos de 100 anos e a
capacidade dos microorganismos em degradar petróleo foi vista com grande
curiosidade entre cientistas.
Desde então, muitos trabalhos foram realizados por cientistas para entender
melhor o processo de biodegradação de petróleo, transformando uma curiosidade em
necessidade, pois cada vez mais se desvendava mecanismos de degradação de óleo
por bactérias. Sendo assim, diversas empresas e universidades começaram a investir
em estudos para entender os processos de biodegradação do petróleo associados a
bactérias e seus impactos na qualidade do óleo (LAZAR et al., 2007). A Figura 7
abaixo mostra a relação entre a biodegradação de petróleo e seu consequente
aumento de densidade.
ambiente anóxico, junto com cepas de Clostridium sp., mas também não foram feitos
ensaios em campo, restringindose a experimentos controlados em laboratório.
Contudo, um grande empecilho para esses estudos é que a exploração de
petróleo tanto em áreas continentais quanto em plataformas oceânicas envolve o
acesso a camadas mais profundas, chegando a perfurações com 7 km de
profundidade como ilustra a Figura 8.
FIGURA 9 CULTIVO SELETIVO DE BACTÉRIAS PSEUDOMONAS AERUGINOSA E ESCHERICHIA COLI. EM ENDO AGAR. FONTE:
HTTPS://WWW.MICROBIOLOGYINPICTURES.COM/PSEUDOMONASAERUGINOSA.HTML
FIGURA 12 MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE VARREDURA EVIDENCIA A CONEXÃO ENTRE DOIS GRÃOS DE AREIA FORMADA POR UMA
MATRIZ BIOLÓGICA ( BIOFILME ) E BACTÉRIAS EM FORMA DE COCOS E BASTONETE SUSTENTADAS POR ESSA MATRIZ. (EXTRAÍDO DE
KLUEGLEIN ET AL, 2016)
FIGURA 13 ENSAIO DE INVERSÃO DA MOLHABILIDADE DE ROCHA CARBONÁTICA COM SOLUÇÕES SURFACTANTES. (EXTRAÍDO DE
QUINTELA, 2018).
FIGURA 15 REAÇÕES METABÓLICAS DE BACTÉRIAS CONSUMIDORAS DE PETRÓLEO. (1) REDUTORAS DE NITRATO; (2) REDUTORAS DE
SULFATO; (3) METANOGÊNICAS (EXTRAÍDO DE MCGENITY ET AL, 2010)
33
Para aumentar o volume de petróleo extraído, uma das opções é injetar fluídos
no reservatório para tentar deslocar o óleo preso na formação. Um dos grandes
problemas enfrentados quando se aplica técnicas de injeção de água (waterflooding)
é a alta permeabilidade do meio poroso. De maneira geral, quando se opta por injetar
água em poço de petróleo, a intenção é que a água ajude a deslocar o óleo
aprisionado na formação rochosa.
Uma das opções que a técnica MEOR proporciona, é a colonização do
reservatório por bactérias, principalmente nas zonas de maior permeabilidade por
onde passa a água injetada e há abundância de nutrientes (HALIM, 2015). Também
chamada de Microbial Plugging, essa técnica objetiva entupir regiões de alto fluxo de
água injetada no reservátorio (zonas de alta permeabilidade).
Essas regiões tem menor volume de óleo a ser recuperado se comparadas a
regiões não acessadas da formação e que contém petróleo. A Figura 16 esquematiza
o processo em que, após colônias de bactérias entupirem os espaços de alta
permeabilidade, a injeção de água é redirecionada para um local contendo maior
volume de óleo a ser explorado.
34
Para entupir locais de alta permeabilidade e fluxo de água, também são usados,
na indústria do petróleo, agentes químicos como géis, sólidos inertes, cimentos e
argilas coloidais. Porém, esses não exibem o potencial de colonizar e entupir o
reservatório com eficiência, pois são limitados por fatores como a seleção do tamanho,
profundidade de penetração e estabilidade química (SUTHAR, 2009).
Os microorganismos, além de possuírem esporos de tamanho reduzido,
produzem uma variedade de compostos que desempenham a função de entupir os
espaços de alta permeabilidade. Por exemplo, a goma xantana, é um
heteropolissacarídeo que é produzido por bactérias da espécie Xanthomonas sp. por
processos de fermentação e pode potencialmente entupir os locais necessários.
Esse biopolímero é atrativo para indústria do petróleo por ter características
desejáveis na recuperação de óleo, como estabilidade térmica, boa viscosidade e
tolerância ao sal, sendo muitas vezes usado como agente espessante da água
injetada, mas produzido fora do reservatório para injeção (POLLOCK, 1994; SALOME,
1996; POLLOCK, 2000).
Além disso, o entupimento das zonas de maior fluxo (microbial plugging) altera
a pressão diferencial (diferença entre pressão de entrada e saída). GOAL et al. (2017)
demonstraram que esse fenômeno é importante por indicar o aumento da resistência
ao fluxo nos poros causada pela colonização das bactérias como mostra a Figura 17.
.
35
FIGURA 17 EXPERIMENTO MEOR COM INJEÇÃO DE FLUXO EM DUAS FASES. ( EXTRAÍDO DE GOAL ET AL, 2017)
FIGURA 18 GERAÇÃO DE GÁS POR BACTÉRIAS EM MICROMODELO POROSO. ( EXTRAÍDO DE GAOL ET AL, 2019)
FIGURA 19 DISTRIBUIÇÃO MUNDIAL DE RESERVATÓRIOS DE PETRÓLEO COM PRESENÇA DE GÁS COM FORTES
EVIDÊNCIAS GEOLÓGICAS, GEOQUÍMICAS ASSOCIADAS A DEGRADAÇÃO MICROBIANA. (EXTRAÍDO DE MILKOV ET AL,
2010)
FIGURA 22 ETAPAS DE APLICAÇÃO DE RECUPERAÇÃO DE ÓLEO MICROBIANA MEDIADA POR BIOSSURFACTANTE IN SITU, EM FASES DE ESCALA
"LABORATÓRIO ATÉ CAMPO" ( EXTRAÍDO DE GEETHA ET AL, 2018)
FIGURA 23 ANÁLISE DE LAVAGEM DO SOLO (A) CONTROLE: SOLO CONTAMINADO COM ÓLEO DE MOTOR, (B) SOLO CONTAMINADO
LAVADO COM ÁGUA, (C) SOLO CONTAMINADO LAVADO COM BIOSSURFACTANTE PRODUZIDO POR CANDIDA TROPICALIS. (EXTRAÍDO
DE MAUDGALYA ET AL., 2007 ).
41
Estudos como RAYNAUD et al., (2014) relatam que, uma amostra de 1 cm3 de
solo contém uma diversidade microbiana da ordem de 106, assim sendo, são
praticamente infinitas as possibilidades de interação biológica em uma comunidade
microbiana. Além disso, as técnicas de cultivo in vitro somente conseguem cultivar
com sucesso aproximadamente 110% das espécies bacterianas existentes. Esse fato
aumenta significativamente a dificuldade de prever e modelar o crescimento
microbiano em um volume, pois o cultivo isolado em laboratório fornece informações
valiosas do metabolismo microbiano como: quais tipos de nutrientes ele consome,
qual intervalo de temperatura ele se reproduz melhor, quais condições físicoquímicas
ele necessita, etc.
Essa variedade de espécies também tende a ser selecionada pelo meio onde
elas estão, assim, há de se considerar não só a interação biológica, mas também a
interação bacteriana com o meio em que ela será inserida. Nesse sentido, através do
conhecimento geológico do local onde está o reservatório, é possível prever quais
cepas possivelmente serão encontradas. Em se tratando de reservatórios petrolíferos,
existem certos padrões geológicos que funcionam como agentes de seleção,
42
O óleo pesado é composto por um mistura de moléculas com alta densidade, alta
viscosidade, alto peso molecular e alta acidez. Através de técnicas cromatográficas
baseandose em polaridade e solubilidade podem ser divididos em quatro grupos:
saturados, aromáticos, resinas, asfaltenos (GUDIÑA, 2017). Esses compostos
costumam apresentar baixa proporção de frações leves como nalcanos e alta taxa
de biodegradação biológica.
Outras espécies como Bacillus sp., além de consumirem resinas e asfaltenos, tem
impacto na recuperação de óleo por causa da produção in situ de biosurfactantes que
chegam aumentar em 10% o fator de recuperação de óleo (YOUSSEF, 2013). Para
se ter uma ideia das espécies e suas principais funções, a Tabela 1 resume as
principais bactérias e suas funções na recuperação de óleos.
45
Agente
Espécies Produtoras Função
MEOR
Remoção de parafina, redução de
Pseudomonas sp.,Bacillus sp.,Dietzia sp.,Micrococcus
Enzimas viscosidade, mobilidade do óleo,
sp.,Rhodococcus sp.,Acinetobacter sp.
restabelecimento da permeabilidade
Redução de tensão superficial ou
Bacillus sp., Pseudomonas sp., Rhodococcus sp.,Acinetobacter interfacial, alteração da molhabilidade,
Biosurfactantes
sp. emulsificação de óleo, melhora da
mobilidade, redução da viscosidade
Agente de espessamento, estabilização e
Xanthomonas sp., Aureobasidium sp., Bacillus sp.,Leuconostoc emulsificação da solução de injeção,
Biopolímeros
sp., Alcaligenes sp. modificação do perfil de injetividade,
obstrução seletiva
Entupimento seletivo, modificação de
Biomassa Pseudomonas sp., Bacillus sp., Leuconostoc sp.,Xanthomonas sp. molhabilidade, redução da viscosidade,
degradação de óleo
Aumento de pressão, dilatação do óleo,
Clostridium sp., Bacillus sp., Brevibacterium
Biogases redução da viscosidade, aumento da
sp.,Methanobacterium sp., Enterobacter sp.
permeabilidade
Modificação da porosidade e
Clostridium sp., Bacillus sp., Enterobacter sp.,Zymomonas sp., permeabilidade, emulsificação de óleo,
Ácidos e Solventes
Klebsiella sp. redução de tensão interfacial, redução de
viscosidade
TABELA 1 RESUMO DAS PRINCPAIS ESPÉCIES E SUAS AÇÕES NO PROCESSO DE RECUPERAÇÃO DE ÓLEO PESADO. ( ADATADO
DE ZHANG ET AL, 2020 )
4. Metodologia
Para isso, foi utilizada uma amostra de petróleo obtida da Petrobras S.A. em um
campo de petróleo, contendo fase água e fase óleo.
46
A amostra de petróleo (20 mL) foi incubada em 180 mL meio rico (caldo nutriente).
A incubação foi realizada em laboratório a 37 oC durante 21 dias sob agitação (200
rpm) e vedada com tampão de algodão, que permitia trocas gasosas, em uma
incubadora INFORTS NT – ECOTRON como ilustra a Figura 28:
5. Resultados e Discussão
49
FIGURA 30 EFEITO DA SALINIDADE E PH NO CRESCIMENTO DE CORYNEBACTERIUM HRJ4. (A) A TOLERÂNCIA AO SAL DA CEPA
HRJ4, CRESCIMENTO EM FUNÇÃO DA DENSIDADE ÓPTICA A 600 NM; (B) EFEITO DO PH NO CRESCIMENTO DE HRJ4 ( EXTRAÍDO DE
ZHANG ET AL, 2016)
Figura 31 a) Degradação de UCMs (mistura complexa não resolvida) (C24− e C24 +, dividida principalmente em
duas partes e freqüentemente difícil de remover da mistura óleoágua) por isolados selvagens compostos por
Staphylococcus saprophyticus (CYCTW1), Staphylococcus saprophyticus (CYCTW2) e Bacillus megaterium
(CYCTW3). b) UCMs totais degradação / redução (área do cromatograma em GC %) em isolados selvagens
compostos por Staphylococcus saprophyticus (CYCTW1), Staphylococcus saprophyticus (CYCTW2) e Bacillus
megaterium (CYCTW3). (EXTRAÍDO de Maity et al, 2020)
Pseudomonas sp.
0,45
0,372 0,382
0,4 0,354 0,343
0,35
DENSIDADE ÓTICA (550NM)
0,3 0,251
0,25
y = 0,0002x3 - 0,0065x2 + 0,0814x + 0,0485
0,2
0,15
0,1
0,04
0,05
0
0 5 10 15 20 25
TEMPO DE INCUBAÇÃO ( HRS )
Staphylococcus saprophyticus
0,07 0,065
0,059 0,061 0,061
DENSIDADE ÓTICA (550NM)
0,06 0,054
0,05
0,04
0,03 y = 3E-05x3 - 0,0012x2 + 0,014x + 0,0148
0,02 0,01
0,01
0
0 5 10 15 20 25
TEMPO DE INCUBAÇÃO (HRS)
1 𝑑𝑋𝑎 𝑆
𝜇𝑠𝑦𝑛 = ( ) = 𝜇𝑚𝑎𝑥
𝑋𝑎 𝑑𝑡 𝑠𝑦𝑛 𝐾+𝑆
viscosidade e assim, se torna mais fácil sua drenagem pelos poros. Porém, esse
consumo de frações pesadas é influenciado por taxas de crescimento de cada
espécie, a disponibilidade dessas frações pesadas, disponibilidade de nutrientes, do
pH do meio entre muitos outros fatores físicoquímicos que só podem ser
precisamente elucidados experimentalmente como no presente cultivo.
6. Conclusões
7. Referências
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