ARTIGO Intervenção Com Crianças Vitimas de Bullying

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A INTERVENÇÃO COM CRIANÇAS VÍTIMAS DE BULLYING NA

ESCOLA

Josefa Silvana da Silva 1


Josefa Natali da Silva 2
Margarete Maria Gonçalves Tabosa de Oliveira 3
Dr. Diógenes José Gusmão Coutinho 4

RESUMO

O comportamento agressivo tem se tornado comum dentro do espaço escolar, e devido à observação
de atos de violência, de excesso de apelidos pejorativos aliados a baixo rendimento escolar dos alunos
vítimas de “brincadeiras” é que surgiu o interesse e a motivação para explorar a temática: Como
realizar a intervenção com crianças vítimas de bullying na escola? O bullying escolar tem aumentado
gradualmente nos últimos anos e é um fenômeno que gera, efetivamente, uma enorme inquietação com
o objetivo de identificar a frequência de bullying, tipos de agressões, incidência, agressores, vítimas e
testemunhas, assim como, analisar as ações educativas positivas na prevenção deste, este artigo tem a
pretensão de realizar um paralelo entre a atuação da família, o papel da instituição de ensino e a
intervenção psicopedagógica.

Palavras-chave: Bullying, Atuação familiar, Intervenção psicopedagógica.

INTRODUÇÃO

A violência vem se tornando um problema mundial e infelizmente comum,


principalmente no ambiente educacional, atingindo alunos de diferentes níveis de ensino,
desde a Educação Infantil ao Ensino Superior. Dentre inúmeras violências existentes, uma
especifica destaca-se na instituição educacional: O bullying.
Segundo Fante (2012), O termo bullying tem origem na palavra inglesa bully, que
significa valentão, brigão. Mesmo sem uma denominação em português, é entendido como
ameaça, tirania, opressão, intimidação, humilhação e maltrato.
Embasando-se nesta premissa a referida pesquisa tem o intuito de abordar o seguinte
problema: Como desenvolver um trabalho acerca do bullying na escola com crianças com
dificuldades de aprendizagem? Objetivando identificar a frequência de bullying, tipos de

1
Doutoranda em Ciências da Educação pela Atenas College University - EUA, [email protected];
2
Doutoranda em Ciências da Educação pela Atenas College University - EUA, [email protected];
3
Doutoranda em Educação pela Atenas College University – EUA, [email protected];

4
Dr. Diógenes José Gusmão Coutinho: Doutor em Biologia, pela UFPE, Gusmã[email protected];
agressões, incidência, agressores, vítimas e testemunhas bem como analisar as ações
educativas positivas na prevenção do mesmo.
Muito se fala sobre o bullying, problema que afeta qualquer escola em algum grau.
Porém, a compreensão que se tem a respeito do assunto é pouca, o que impede o
desenvolvimento de boas estratégias para lidar com a questão. A prática do Bullying tornou-
se algo comum nos espaços educacionais, provocando cada vez mais atitudes violentas, tantos
dos agressores, como das vítimas. Crianças e adolescentes que não seguem um “padrão”
estipulado pelo agressor ou um grupo de agressores, sofrem algum tipo de violência. Dentre
estas se pontua as mais comuns: xingamentos, apelidos ofensivos, ameaças, intimidação,
dentre outras.
Segundo Pereira (2002), o fato de ter consequências trágicas como mortes e suicídios e
a impunidade, proporcionaram a necessidade de se discutir de forma mais séria a temática do
bullying no ambiente educacional como um todo. Sendo assim, este projeto tem o intuito de
atuar, tanto com os alunos, como pais e responsáveis, buscando medidas educativas que
combatam as ações de violência na escola provocadas através do bullying.
Os procedimentos adotados serão baseados nos depoimentos de alunos, pais,
professores e responsáveis que vivenciaram ou vivenciam o bullying no ambiente
educacional.
Por meio de leituras, discussão de textos, foi realizado um trabalho onde foram
apresentados sugestões de combate e esclarecimentos da temática, fazendo uso de atividades
diversificadas como: filmes, dinâmicas de grupo, produção de texto, palestras, leituras
variadas, peças teatrais, musicas, dentre outros.
Para elucidar a pesquisa e objetivos Fante (2005) diz em seu livro Fenômeno bullying:
as crianças normalmente sofrem caladas, com medo de expor a situação de repressão e
acabam ficando presas a tal violência, acarretando diversas implicações no seu próprio
desenvolvimento.
Sendo assim, é de suma importância discutir a cerca das diferenças de cada um,
promovendo um processo de conscientização entre alunos, professores e responsáveis.
Buscar um entendimento acerca das possíveis causas de uma dificuldade de
aprendizagem e a importância de se criar alternativas metodológicas para o trabalho
pedagógico com alunos que apresentam tais necessidades educacionais, compreender como
ocorre um trabalho de intervenção com crianças vítimas de bullying, assim como, analisar as
ações educativas positivas na prevenção do bullying, identificando a frequência de bullying,
tipos de agressões, incidência, agressores, vítimas e testemunhas, foram os fatores instigantes
para a realização da pesquisa que embasa o presente trabalho.

METODOLOGIA

A pesquisa desenvolvida foi de natureza qualitativa, buscando encontrar na literatura


existente as definições e os possíveis encadeamentos do que se convencionou apresentar
“fenômeno bullying”. Realizada através de um levantamento bibliográfico em diferentes
plataformas de pesquisas como SCIELO, periódicos da CAPES e buscador acadêmico
(Google acadêmico), publicados no período de 2002 a 2019, e ao todo, 5 artigos compõem
este estudo.
Para a base de dados foram utilizados os termos: Bullying, Bullying escolar, Efeitos
do bullying e Inclusão escolar.
Os artigos-base utilizados de diferentes revistas e autorias foram nas áreas de
pedagogia, psicopedagogia e psicologia.
Após isso, a análise detalhada dos artigos se baseou primeiramente em abordar o
conceito sobre o Bullying e sua historicidade. Logo após, foram analisados artigos com foco
no Bullying escolar, principalmente sobre os tópicos que discutiam a respeito do papel do
educador na prevenção do Bullying e a atuação da família frente ao bullying.
Daí adiante foi possível construir um referencial teórico acerca das dificuldades
enfrentadas tanto por alunos que sofrem bullying, quanto pelo docente conseguindo discutir
sobre esse tema que atualmente se apresenta em grande evidência.

DESENVOLVIMENTO

O BULLYING: CONCEITO E HISTORICIDADE

Violência física, apelidos constrangedores, referências preconceituosas e outros


comportamentos agressivos são formas pelas quais se pratica o bullying. De acordo com
Fante (2012); O bullying é um fenômeno de âmbito mundial que ocorreu desde o surgimento
da escola, e, ainda, permanece na atualidade. Possuindo assim suas especificidades que o
difere das demais violências que ocorrem no âmbito escolar ou em outros ambientes.
Esta terminologia surgiu do termo inglês “Bully” da língua inglesa, que como
substantivo quer dizer „tirano‟, „valentão‟ e como verbo significa „brutalizar‟, „amedrontar‟ ou
„tiranizar‟. Abrange as agressões verbais ou físicas que aparentemente não possuem motivo e
nasce da necessidade de subjugar e mostrar poder sobre o outro, violências essas que são
cometidas contra uma vítima que se apresenta insegura, inferior, introspectiva e se torna presa
fácil para os agressores. Como afirma Fante (2012) a seguir:

Bullying: palavra de origem inglesa, adotada em muitos países para definir o


desejo consciente e deliberado de maltratar uma outra pessoa e colocá-la
sob tensão; termo que conceitua os comportamentos agressivos e anti-
sociais, utilizado pela leitura psicológica anglo-saxônica nos estudos sobre o
problema da violência escolar (FANTE, 2012, p. 27).

O autor enfatiza que para o bullying não existe distinção entre sexo, sendo
aquele que pratica atos violentos e repetitivos a outros entre seus pares, não se importando
com o sentimento alheio, o mesmo tem prazer em humilhar, amedontrar o outro. Para SILVA
(2010):

Eles podem ser de ambos os sexos. Possuem em sua personalidade traços de


desrespeito e maldade e, na maioria das vezes essas características estão
associadas a um perigoso poder de liderança que, em geral. É obtido ou
legitimado através da força física ou de intenso assédio psicológico (SILVA,
2010, p. 43).

A pessoa que comete bullying pode então, manter um pequeno grupo em torno
de si, no qual atuam como auxiliares em suas agressões. Os alunos identificados como
seguidores raramente tomam as iniciativas das agressões, se tornando então espectadores
dessa violência. Este fenômeno que ocorre entre vítima e agressores pode acontecer de duas
formas, indireta e direta, sendo que ambas afetam a dimensão psicológica da criança e
interfere negativamente em seu desenvolvimento, conforme expõe Fante (2012).

As maneiras como ocorrem o Bullying são as seguintes: as formas diretas


como as agressões físicas (bater, chutar, tomar os pertences ou qualquer
outra violência expressamente física) e verbais (xingamentos, insultos,
apelidos pejorativos, constrangimento. (FANTE, 2012, p 30).

É a forma indireta, que é considerada a mais grave de todas elas, por ser sutil e
difícil de dimensionar os seus impactos, refere-se aos comentários com intuito de denegrir a
vítima, excluir e isolá-la do grupo. Historicamente, é possível perceber ao longo da história
que o mundo tem sido marcado pela violência de diversas formas e em vários aspectos. É o
que afirma Nogueira (2007):
A violência acomete o mundo contemporâneo em todas as suas instâncias e
se manifesta de variadas formas. Ela está presente em toda sociedade e não
se restringe a determinados espaços, a determinadas classes sociais, a
determinadas faixas etárias ou a determinadas épocas. Ela é um dos eternos
problemas da teoria social e da prática política e relacional da humanidade.
Não se conhece nenhuma sociedade em a violência não tenha estado e esteja
presente (NOGUEIRA, 2007, p. 17).
Observa-se que, existe uma história de violência que permeia toda sociedade, pessoas
que têm a necessidade de praticar atos violentos com outrem para sentir prazer ou demonstrar
superioridade frente ao grupo ao qual pertence. O fenômeno bullying é um ato de violência
como qualquer outro, trás as mesmas sequelas físicas e/ou psicológicas. Para tal, o âmbito
escolar é o espaço “ideal” para aqueles agressores que desejam mostrar aos demais que possui
poder, de tal forma, oprimi, humilha e retrai quem aparentemente parecer ao ver do agressor,
ser frágil.
É sabido que prática de bullying infringe os princípios constitucionais. Que
determina que todo ato ilícito que cause danos a outrem gere uma indenização. O estatuto da
criança e do adolescente (ECA) versa sobre o direito à Liberdade, ao respeito, à dignidade e à
educação, dentre outros. Nos seguintes artigos está escrito:

Art. 15. A criança e ao adolescente têm direito à liberdade, ao respeito e à


dignidade como pessoas humanas em processo de desenvolvimento e como
sujeitos de direitos civis, humanos e sociais garantidos na Constituição e nas
leis.
Art. 17. O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da integridade
física, psíquica e moral da criança e do adolescente, abrangendo a
preservação da imagem, da identidade, da autonomia, dos valores, idéias e
crenças, dos espaços e objetos pessoais.
Art. 18. É dever de todos velar pela dignidade da criança e do adolescente,
pondo-os a salvo de qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante,
vexatório ou constrangedor.
Art. 53. A criança e ao adolescente têm direito à educação, visando ao pleno
desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e
qualificação para o trabalho.

De acordo com o ECA, a criança e ao adolescente têm o direito de ser


respeitado em qualquer circunstância e qualquer violação a esses direitos, poderá acarretar
punições. É de suma importância assim, orientar crianças e adolescentes com perfis de
possíveis agressores sobre a prática do bullying. Explicitar direitos e deveres dentro do
contexto da constituição. Outro sim se torna primordial ressaltar neste ponto que a criança ou
adolescente agressor é também uma vítima à medida que lhe falte orientação e educação
quanto ao respeito pelo outro.
O PAPEL DO EDUCADOR NA PREVENÇÃO DO BULLYING

O professor é peça fundamental para o combate ao bullying na sala de aula.


Possui o papel de instruir sobre qualquer assunto, a responsabilidade de preparar o aluno para
se tornar um cidadão ativo dentro da sociedade, apto a questionar, debater e romper
paradigmas. Antigamente a tarefa deste profissional estava atrelada ao fato de depositar os
conhecimentos que possuía sem levar em consideração o conhecimento prévio do aluno,
tampouco fazia uso da pedagogia da presença, em consequência, inúmeros casos de violência
escolar ocorriam e não sabiam lhe dá com a situação. Com os avanços tecnológicos e
pesquisas acerca dos novos métodos de ensino, esta realidade fora sendo modificada.
Formar professores criativos, com um novo olhar para seu alunado, fora um
desafio que até hoje torna-se constante. A partir do momento que o educador passa a
acompanhar, observar seu aluno, eventuais problemas vão se tornando perceptíveis.
Muito se tem discutido sobre o fenômeno bullying que vem cada vez mais
ganhando espaço no âmbito institucional. O professor como eterno pesquisador, deve
conhecer como se dá esse processo, investigando o perfil do seu alunado e ficando atento a
qualquer comportamento individual, diferente do habitual. O professor precisa intervir
imediatamente quando percebe algum tipo de manifestação em sala. Ao surgir uma situação
em sala, a intervenção deve ser imediata.
Alguns livros didáticos e paradidáticos aludem, para o tema, a fim de estimular
um trabalho mais amplo e esclarecedor em sala. De tal forma estes podem trazer questões
relevantes, e se o professor souber aplicar no seu cotidiano pedagógico estará contribuindo
para que o ambiente escolar seja um espaço favorável à aprendizagem e a socialização de
todos os alunos. Silva pontua (2010):

O professor tem por obrigação conhecer suas atribuições e as competências


de todos os profissionais da escola, nos casos de violência o professor deve
ter um posicionamento capaz de compreender, por que e quando deverá
levar ao conhecimento da diretoria da escola o fato que está ocorrendo, uma
vez que eles são os responsáveis pelo estabelecimento de ensino. Quando
não há intervenções efetivas contra o bullying, o ambiente escolar torna-se
totalmente contaminado. (SILVA, 2010, p. 12).

Infelizmente, muitas crianças têm medo de procurar ajuda quando são vítimas de
agressões, chingamentos, retaliações, uma vez que sofrem ameaças caso tragam a tona a
identidade do agressor ou dos agressores. Por isso é primordial incentivar a buscar ajuda de
alguém que lhe transmita segurança para que possa está orientando no problema de forma
eficaz e segura. O pesquisador Norueguês Dan Olweus (2012) determina alguns critérios
primordiais para que se possam identificar os casos de bullying escolar:

• Ações repetitivas contra a mesma vítima num período prolongado de


tempo;
• Desequilíbrio de poder, o que dificulta a defesa da vítima;
• Ausência de motivos que justifiquem o ataque.
(OLWEUS, 2012, p.10).

O educador pode desenvolver dentro da escola programas de intervenção que tenham


regras claras contra o Bullying, alcançar o envolvimento ativo por parte de professores e pais,
aumentar a conscientização do problema, prover apoio e proteção para as vítimas
individualmente, exigir maior presença da família, instituir projetos extracurriculares para
manter os alunos ocupados, de forma estratégica que possam ser executados por todos.
Nesse processo, o relacionamento professor-aluno torna-se fundamental. É por meio
desse canal que o bullying pode ser identificado. A instituição juntamente com o governo
municipal e estadual pode contratar psicólogos, instalar centros de lazer, esportes e cultura na
escola, no bairro e/ou comunidade.

ATUAÇÃO DA FAMÍLIA FRENTE AO BULLYING

Sabe-se que a família é uma instituição formada por pessoas que possuem um grau de
parentesco entre si e vivem na mesma casa formando um lar, responsável por transmitir os
valores que serão norteadores em todos os caminhos que a criança vai percorrer até a idade
adulta. Minayo (1999) afirma que:

A família é uma organização social complexa, um microcosmo da sociedade,


onde ao mesmo tempo se vivem as relações primárias e se constroem os
processos identificatórios. É também um espaço em que se definem papéis
sociais de gênero, cultura de classe e se reproduzem as bases de poder
(MINAYO, 1999, p. 83).

De tal forma, a família é a base, o porto seguro de qualquer indivíduo desde a infância.
É importante salientar que a educação da criança não faz parte apenas da escola, esta não pode
ser a única responsável pela formação do caráter do indivíduo. É no seio familiar que a
orientação ocorre. A sociedade de uma forma geral também é responsável por essa formação.
Sendo assim, ninguém pode ficar omisso a qualquer registro de bullying.
Os pais devem sempre observar atitudes e comportamentos diferentes dos filhos, o
carinho e diálogo são fundamentais na construção de uma boa base familiar, alicerçada em
princípios da moral, ética e respeito.
O psicólogo José Augusto Pedra em uma entrevista sobre bullying dada à revista
eletrônica Saúde Abril pontua;

Gestos, tons de voz, toques e expressões faciais marcam a moçada muito


mais do que discursos, especialmente até os 7 anos de idade. Lógico: pais
que vivem ausentes ou estressados por causa do trabalho e que costumam
usar gritos, tapas e murros para exercer sua autoridade vão transmitir esse
modelo de relacionamento aos filhos, mesmo sem perceber. As crianças
incorporam comportamentos e acabam reproduzindo-os quando estão em um
ambiente sem hierarquia, seja como vítimas, seja como agressoras (2008, p.
02).

Ser o agressor ou a vítima é algo que acontece involuntariamente. O encadeamento do


bullying não se dá de forma consciente, a criança/ adolescente sente prazer, satisfação em
poder demonstra domínio frente aos amigos e por esta razão tende a repetir comportamentos
agressivos, sem ter uma noção dos danos que está cometendo. Como a pratica do bullying
independe da compreensão de quem faz ou sofre a agressão, torna-se fundamental a
observação, a relação dos pais/responsáveis com os filhos dentro de casa. Pereira (2009)
Pontua:

A família ideal seria aquela que predominasse o amor, o carinho, a afeição e


o respeito. Mas nem sempre isso acontece. Nesses casos, muitas crianças e
jovens se desvirtuam e passam a reproduzir o que aprendem com seus
familiares (PEREIRA, 2009, p. 53).

Apesar de comprovado a importância da família para o desenvolvimento do ser


humano, em especificamente na infância, a maior parte da pesquisa sobre o bullying está
atrelado a falta de participação efetiva dos pais, cuidados/responsáveis.
De acordo com Silva (2003):

Gravíssimos problemas familiares encontram-se na base dos delitos infantis


– as teorias já apresentadas permitem formular diversas hipóteses a respeito
– e, também, um possível pedido de socorro por serem, essas mesmas
crianças que agridem vítimas de outras formas de agressões, dado a
pungente vulnerabilidade da criança a estímulos externos. (SILVA, 2003,
p.145).
Torna-se de suma importância a observação da família frente a qualquer
comportamento diferente da criança em casa. Geralmente uma criança vítima de bullying
tende a permanecer reclusa, triste, intimidada, se recusa a ir à escola, não dialoga com os
demais familiares.
Esses sentimentos podem causar impactos irreparáveis para o psicológico das mesmas,
suscitando o desejo de vingança, visto que o trauma pode conduzir inconscientemente o seu
comportamento, podem ainda desencadear comportamentos depressivos e transformá-los em
adultos inseguros. Mediante suspeitas de qualquer comportamento deste, deve-se procurar a
comunidade escolar.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A violência no ambiente escolar resultou-se em um problema social que está se


ampliando frequentemente pelas mídias. Com certeza se pode afirmar que o conteúdo desta
ocorrência não fazia parte do protagonismo da violência como um todo, contudo sempre
existiu. Toda via, qualquer violência gera uma série de problemas principalmente à vítima.

As vítimas de Bullying podem apontar diversos tipos de sintomas e dentre eles está á
baixa autoestima, complicações de relacionamento social, tristeza, depressão e pânico escolar.
Renegar a escola, pedir para que mudem de sala, começar a apresentar sintomas de
somatização (como diarréia, vômito, insônia, dores abdominais), disfunções emocionais e/ou
sociais podem ser apontados sintomas de uma criança que supostamente foi ou deve ter sido
vitima de Bullying.

Conforme Fante (2008) Bullying é capaz de gerar traumas e perturbações


para toda a vida: [...] a curto e longo prazo, o Bullying afeta no autoestima,
na concentração, na motivação para os estudos, no rendimento escolar e nos
males psicossomáticos (diarréia, febre, vômito, dor de cabeça). Em longo
prazo, a vítima pode aumentar os transtornos de ansiedade e de alimentação
(bulimia, anorexia, alergias, depressão...). Se não houver intervenção, pode
haver efeitos para o resto da vida.

De acordo com MELO (2010) as decorrências causam:

Algumas experiências são pouco traumatizantes, outras deixam cicatrizes


para o resto da vida, acima de tudo nas vítimas. Nos agressores as
decorrências podem vitimá-las no futuro, conforme com o rumo que sua vida
tomar. Alguns agressores assumem a violência como estilo de vida, vindo à
marginalização. Muitos presenciadores não superam os receios de
envolvimento, a angústia de não poder ajudar e se tornam pessoas inseguras
e de baixa autoestima.

Efetivamente se oferecermos uma atenção maior as crianças que sofrem de violência


como o bullying disporemos bons resultados na condição estimulo positivo. Em sala de aula,
por exemplo, podemos concretizar em nossos currículos a boa vivencia e comunicação com
os demais colegas, como também a família pode fazer da mesma forma sua parte no estimulo
da comunicação e afeto incentivos para aflorarem o seu eu, resolverem problemas cotidianos
e serem autônomas.
O trabalho do psicopedagogo nas instituições educacionais deve frizar os
conhecimentos no que tange a realidade educacional, através de fundamentos já existentes
sobre a temática. De tal forma, conseguirá visualizar as inúmeras formas a qual ocorre o
fenômeno bullying e seus diversos fatores. Ficando evidente que esta realidade associasse a
exclusão escachada vivida no país. A Psicopedagogia é um campo de atuação em saúde e
educação, que lida com o processo de aprendizagem humana, o psicopedagogo institucional
tem papel fundamental no combate ao bullying.

O psicopedagogo pode atuar em diversas áreas, de forma preventiva e


terapêutica, para compreender os processos de desenvolvimento e das
aprendizagens humanas, recorrendo a várias estratégias objetivando se
ocupar dos problemas que podem surgir. O psicopedagogo pode
desempenhar uma prática docente, envolvendo a preparação de profissionais
da educação, ou atuar dentro da própria escola. Cabe também ao profissional
detectar possíveis perturbações no processo de aprendizagem; participar da
dinâmica das relações da comunidade educativa a fim de favorecer o
processo de integração e troca; promover orientações metodológicas de
acordo com as características dos indivíduos e grupos; realizar processo de
orientação educacional, vocacional e ocupacional, tanto na forma individual
quanto em grupo (SOARES, 2012, p. 2-3).

Ademais, torna-se primordial na intervenção do bullying por parte do


psicopedagogo é a procura por métodos eficazes para estimular o autoconhecimento por parte
dos alunos, tendo em vista que conhecer a si mesmo é fundamental para a vida, e vai ao
encontro do resgate das habilidades dos docentes.
É fundamental explicar para as crianças o que é fenômeno bullying, para que
ela consiga entender as possíveis consequências de praticar tal ato, como de esconder caso
sofra alguma agressão. Atualmente existem inúmeros recursos que podem elucidar este
trabalho, como: filmes, livros, gibis, jogos, que abordam a temática não diretamente, mas que
elucidam uma discussão. MELLO (2005):
É importante inserir no currículo a aprendizagem não apenas dos
conhecimentos em si, mas também de atitudes necessárias para a vida como:
cooperação, ação positiva para a resolução de conflitos e problemas, postura
firme de resistência e segurança para a tomada de decisões. (MELLO, 2005,
p.31).

Por meio de um planejamento psicopedagógico, bem estruturado, é possível


diminuir os índices de violência e bullying nas instituições educacionais, assim como
proporcionar atitudes otimistas na forma de agir e pensar da comunidade escolar. A partir da
conscientização se fará possível realizar um trabalho interpessoal aludindo o aluno a pensar
mais no outro os tornando sensíveis com os problemas, e suscetíveis a capacidade de empatia

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O fenômeno bullying é capaz de desenvolver sérios comprometimentos ao


processo de aprendizagem, visto que desenvolve, na instituição educacional, um ambiente
nocivo não somente às vítimas, mas a todos, direta ou indiretamente, envolvidos.
O professor assim como os pais possui um papel fundamental para detectar
possíveis ocorrências que possam ocasionar o bullying,torna-se de suma importância também
os conhecimentos das crianças acerca da problemática, como causas e consequências deste.
O Psicopedagogo pode na escola com o apoio e o envolvimento dos pais e
demais membros do contexto educacional, promover campanhas de conscientização
antibullying.A fim de que as pessoas identifiquem através da observação das crianças, se ela
tem eventuais mudanças de humor, irritação frequente, acessos de choro, insônia, falta de
atenção, dores que o obriguem a faltar aula. Esses podem ser sinais de que algo de errado está
acontecendo nas relações interpessoais dessa criança.
Em suma, as estratégias a implementar com fins de prevenção ao bullying no
contexto escolar, passam,sobretudo,por uma espécie de reeducação. Faz-se necessário,
contudo intervir também no ambiente familiar, assim como na equipe docente uma vez que, a
família, juntamente com a escola pode ser o caminho para ajudar no processo de mudanças de
idéias, comportamentos e valores no combate às condutas do bullying, uma vez que,
incentivar o respeito, a solidariedade, a cooperação, favorecendo o relacionamento entre
alunos e corpo docente, e acima de tudo manter o diálogo entre família e escola, parcerias
eficazes na repressão ao bullying é o melhor ato de prevenção a se fazer, parecer simples, mas
exige a participação de toda comunidade escolar, famílias e alunos. É uma busca diária e
incessante para o entrosamento das vítimas, agressores, espectadores e todos os coadjuvantes
da situação.

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