Exercícios - 10-11 Direito Constitucional

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FACULDADE DE LETRAS E HUMANIDADE

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS

CURSO DE DIREITO

Exercício de Ciência Politica e Direito Constitucional

Discente: Anacléusia da Rosa Domingos Jeque

Docente: Dr. Ermelindo Cossa & José Ndembe (Monitor)

1. R: No tocante a dicotomia entre a forma de manifestação/ materialização do poder


constituinte, nomeadamente, Assembleia e o referendo, importa referir que:

 Na Assembleia: o poder constituinte é exercido de forma directa pela Assembleia da


República, na qualidade de mandatário do povo.

 No referendo: de acordo com a CRM (2004) artigo 73, o povo moçambicano (na
generalidade) exerce o poder político através do sufrágio universal (voto), directo,
igual, secreto e periódico para a escolha dos seus representantes, por referendo sobre
as grandes questões nacionais e pela permanente participação democrática dos
cidadãos na vida da Nação.

2. R: Diante destas duas posições expostas, a forma directa exercida do poder constituinte é
pela Assembleia da República, na qualidade de mandatário do povo (deputados) – que
representam os interesses e anseios do povo.

3. R: Primeiro há que ter em conta que, de acordo com a CRM (2004), artigo 282 ponto 1, o
estado de sítio ou o estado de emergência só podem ser declarados, no todo ou em parte do
território, nos casos de agressão efectiva ou eminente, de grave ameaça ou de perturbação da
ordem constitucional ou de calamidade pública.
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Porém, de acordo com CRM artigo 291, a iniciativa das propostas de alteração da Constituição
são da iniciativa do Presidente da República ou de um terço, pelo menos, dos deputados da
Assembleia da República. Há limites a serem respeitados durante o processo da revisão
constitucional.

Mas, a lei é clara na CRM artigo 294, ao referir que, na vigência do estado de sítio ou do estado
de emergência não pode ser aprovada qualquer alteração da Constituição.

4. R: Pesa embora a constituição como norma jurídica possa carecer de uma adaptação à
realidade social vigente, há limites a serem respeitados de acordo com o artigo 292 da CRM.

5. R: O administrador distrital que manda prender um fiscal florestal por três dias sem direito
a visita nem alimentos por não obedecer ordens superiores viola os seguintes princípios:

 Da Promoção dos direitos humanos plasmado na alínea e) do artigo 11 da CRM;


 Direito a vida, defendido pelo artigo 40 da CRM, no qual preconiza que, “todo o
cidadão tem direito à vida e à integridade física e moral e não pode ser sujeito à tortura
ou tratamentos cruéis ou desumanos”.
 Dever de respeitar a constituição de acordo com o artigo 38 da CRM fazendo o uso
exacerbado de poder ou influência de poder pela posição que tem.

Não obstante, segundo o artigo 69 da CRM, o cidadão pode impugnar os actos que violam os
seus direitos estabelecidos na Constituição e nas demais leis.

6. R: Na minha óptica, penso que podemos na perspectiva da constituição em sentido material


abranger as normas consuetudinárias, pois estas, são o conjunto de costumes de uma dada
sociedade que é tomado por ela como lei sem que tenha passado por um processo legislativo.
Temos por exemplo o artigo 118 da CRM que refere que o Estado Moçambicano reconhece e
valoriza a autoridade tradicional legitimada pelas populações e segundo o direito
consuetudinário. Também define o relacionamento da autoridade tradicional com as demais
instituições e enquadra a sua participação na vida económica, social e cultural do país, nos
termos da lei.
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7. R: São traços fundamentes que estabelecem a destrinça (diferença minuciosa) entre a


constituição Moçambicana de 1975 e a constituição de 1990:

 A Constituição de 1975 foi influenciada pela reacção contra o colonialismo português


e a implementação do modelo soviético na sociedade moçambicana. A Constituição de
1990 foi uma preparação para a celebração do Acordo Geral de Paz em 1992, assinado
em Roma entre a Frelimo e a Renamo.

 Na Constituição de 1975 o regime político era socialista e uma economia


marcadamente intervencionista, onde o Estado procurava evitar a acumulação do
poderio económico e garantir uma melhor redistribuição da riqueza. o sistema político
era caracterizado pela existência de um partido único e a FRELIMO assumia o papel
de dirigente.

 Com a constituição de 1990 houve a Introdução de um sistema multipartidário na


arena política, deixando o partido Frelimo de ter um papel dirigente e passando a
assumir um papel histórico na conquista da independência. Inserção de regras básicas
da democracia representativa e da democracia participativa e o reconhecimento do
papel dos partidos políticos e os direitos e garantias individuais são reforçados,
aumentando o seu âmbito e mecanismos de responsabilização.

 Com a constituição de 1990, na área económica, o Estado abandona a sua anterior


função basicamente intervencionista e gestora, para dar lugar a uma função mais
reguladora e controladora (previsão de mecanismos da economia de mercado e
pluralismo de sectores de propriedade)

8. R: A jurisprudência pode ser um factor da mutação constitucional pela interpretação, pelos


usos e costumes, pela construção judicial e por outros meios não convencionais.

9. R: Segundo Marcelo Rebelo de Souza e Jorge Bacelar Gouveia, são características do


Direito Constitucional: supremacia; transversalidade; politicidade; estadualidade; legalismo;
fragmentariedade; juventude e abertura.

O direito constitucional subjacentes na frase é o de supremacia e transversalidade. Onde


preconizam que, a supremacia do Direito Constitucional sobre os demais ramos do Direito se
dá pelo posicionamento hierárquico da Constituição sobre as outras normas jurídicas.
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Segundo Jorge Bacelar Gouveia, “olhando para esse escalonamento da ordem jurídica, o
Direito Constitucional, quanto à respectiva força jurídica, assume uma posição suprema,
colocando-se no topo da respectiva pirâmide, desse fato decorrente importantes corolários”.

A transversalidade se expressa nas muitas conexões entre o Direito Constitucional e outros


ramos do Direito, que por ele são informados. É um grande tronco de onde arrancam os ramos
da grande árvore que corresponde a essa ordem jurídica.

10. R: A relação existente entre o Direito Constitucional e direito administrativo, direito


fiscal, direito penal, direito judiciário, direito de trabalho e direito contra-ordenacional é de
interdependência e complementaridade, pois o Direito Constitucional é corolário do Direito
Público. Por essa razão, trata de um direito fundamental, que está acima de todos os outros
ramos jurídicos, de forma a preservar a vida humana em sociedade, sua convivência pacífica e
plausível, diante de tantas diferenças. O Direito Constitucional estabelece normas e
prerrogativas ao direito administrativo, direito fiscal, direito penal, direito judiciário, direito
de trabalho e direito contra-ordenacional.

11. R: Não, o poder político subordina-se a constituição e a constituição está acima do poder
político, pois a constituição é o “estatuto jurídico do político”, como diz Canotilho (2023), ela
pretende impor uma série de regras à actividade política. Isto, no entanto, não significa que
ela possa suprimir a actividade política – substituída por um pretenso tecnicismo – nem,
reduzi-la à irrelevância.

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