Ebook Ciranda de Saberes Vol III
Ebook Ciranda de Saberes Vol III
Ebook Ciranda de Saberes Vol III
Vol III
Ivanio Dickmann
[Organizador]
NOTA: Dado o caráter interdisciplinar desta coletânea, os textos publicados respeitam as normas e
técnicas bibliográficas utilizadas por cada autor. A responsabilidade pelo conteúdo dos textos desta
obra é dos respectivos autores e autoras, não significando a concordância dos organizadores e da ins-
tituição com as ideias publicadas.
IMPORTANTE: Muito cuidado e técnica foram empregados na edição deste livro. No entanto, não
estamos livres de pequenos erros de digitação, problemas na impressão ou de alguma dúvida concei-
tual. Avise-nos por e-mail: [email protected]
© TODOS OS DIREITOS RESERVADOS. Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio
ou processo, especialmente por sistemas gráficos, microfílmicos, fotográficos, reprográficos, fonográfi-
cos, videográficos. Vedada a memorização e/ou a recuperação total ou parcial, bem como a inclusão de
qualquer parte desta obra em qualquer sistema de processamento de dados. Essas proibições aplicam-
se também às características gráficas da obra e à sua editoração. A violação dos direitos é punível como
crime (art. 184 e parágrafos do Código Penal), com pena de prisão e multa, busca e apreensão e indeni-
zações diversas (art. 101 a 110 da Lei 9.610, de 19.02.1998, Lei dos Direitos Autorais).
Ivanio Dickmann
[Organizador]
Ciranda de Saberes
Vol III
Diálogo Freiriano
Veranópolis - RS
2023
CONSELHO EDITORIAL
Ivanio Dickmann - Brasil
Aline Mendonça dos Santos - Brasil
Fausto Franco Martinez - Espanha
Jorge Alejandro Santos - Argentina
Martinho Condini - Brasil
Miguel Escobar Guerrero - México
Carla Luciane Blum Vestena - Brasil
Ivo Dickmann - Brasil
José Eustáquio Romão - Brasil
Enise Barth – Brasil
EXPEDIENTE
Editor Chefe: Ivanio Dickmann
Diagramação: Maria Aparecida Nilen
FICHA CATALOGRÁFICA
ISBN 978-65-80183-76-0
SUMÁRIO
Ciranda de Saberes
Ivanio Dickmann .................................................................................................... 9
5
Ciranda de Saberes
6
Ciranda de Saberes
7
Ciranda de Saberes
8
Ciranda de Saberes
CIRANDA DE SABERES
Olá meus amigos e minhas amigas.
É com imenso prazer e um sincero sentimento de realização que lhes dou
as boas-vindas à nossa coletânea "Ciranda de Saberes". Este trabalho é o fruto de
uma sinergia intelectual, um encontro de mentes curiosas e dedicadas que têm
como paixão o constante aprendizado e a disseminação do conhecimento.
A cada página que vocês virarem, encontrarão uma tapeçaria tecida com
os mais variados temas, abordagens e perspectivas. Como organizador, sou privi-
legiado por testemunhar o entrelaçamento de ideias que cada autor/a traz à nossa
mesa redonda de discussão. São pesquisadores/as e professores/as que não apenas
relatam suas descobertas, mas também instigam novas perguntas, convidando-
nos a explorar o desconhecido.
Neste livro, as pesquisas não são meramente apresentadas; elas dialogam
entre si, oferecendo uma narrativa viva que reflete o dinamismo do pensamento
humano. Cada contribuição é uma peça fundamental neste quebra-cabeça intelec-
tual, ajudando-nos a elaborar novas ideias e a expandir as fronteiras do que já co-
nhecemos.
Agradeço a cada um dos colaboradores/as por compartilhar suas jornadas
acadêmicas e por permitirem que suas palavras inspirem e desafiem os demais.
Convido agora você, leitor/a, a mergulhar nesse universo de conhecimento, sa-
bendo que cada artigo é uma janela para um mundo de possibilidades.
Imagine, por um momento, uma ciranda. As pessoas dão as mãos, for-
mando um grande círculo, e começam a girar. Elas sorriem umas para as outras,
compartilhando uma conexão única, um sentido de unidade e pertencimento. A
ciranda, em sua essência, é uma dança coletiva, onde cada participante é tão vital
quanto o próximo, movendo-se em harmonia ao som da música.
Nossa "Ciranda de Saberes" reflete essa mesma harmonia e interconexão.
Aqui, os autores/as se dão as mãos através de suas palavras e pesquisas, girando
juntos num círculo de conhecimento que é ampliado com cada contribuição. Este
movimento é o diálogo acadêmico que nos permite crescer e aprender uns com os
outros, em um ciclo contínuo de troca e construção.
Cada autor/a, cada pesquisador/a, traz seu movimento único para a ci-
randa, seu ritmo pessoal que enriquece o todo. A ciranda simboliza, então, não só
a união, mas também a diversidade, onde cada corpo em movimento representa
um campo de estudo, uma nova descoberta, uma perspectiva singular que ajuda a
moldar o círculo maior.
Assim como na ciranda, onde ninguém lidera e todos seguem juntos,
nesta coletânea, a liderança é do conhecimento e da sabedoria que cada um traz e
compartilha. Nenhum trabalho se sobressai ao outro; ao invés disso, eles se
9
Ciranda de Saberes
10
Ciranda de Saberes
Ivanio Dickmann
Organizador
11
PROTAGONISMO DOCENTE:
UMA PERSPECTIVA SOBRE O PROTAGONISMO
DOCENTE NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Introdução
É preciso certa coragem para escrever e falar sobre o protagonismo do-
cente. Assim como, é preciso certa coragem para deixar de ser a professora tare-
feira, para ser a professora protagonista e promotora do protagonismo de cada cri-
ança. Hoje não basta ser apenas uma professora caprichosa e criativa, mas sim,
buscar a cada dia um viver intenso, agradável com densas experiências. É se permi-
tir, é colocar em discussão hábitos já consolidados na sua prática pedagógica e as-
sim, fazer ajustes com bons propósitos, para difundir ideias e práticas que sejam
capazes de elogiar e valorizar a criatividade, o sorriso, e a aprendizagem de cada
criança. Ser professora protagonista é querer perder tempo para ganha-lo, ao co-
nhecer cada experiência, sentimento, descoberta, desejo, e assim transformar o ca-
minho em um processo onde as crianças possam aprender a aprender.
Nos últimos anos, a palavra e/ou o tema sobre o protagonismo vem se
tornando conhecido dos educadores, quase sempre associado a um conjunto de
atitudes e valores que deve ser reconhecido e estimulado no âmbito da ação peda-
gógica. Penso que, ser um docente protagonista implica em sair do centro das
atenções, e entender a participação das crianças como um direito a aprendizagem.
Implica em posicionar o seu aluno como líder do seu processo pedagógico priori-
zando a sua participação durante a organização do cotidiano escolar. Cada vez
mais precisamos de professores protagonistas que desenvolvam em seus alunos
não só uma visão crítica sobre a realidade em que está inserido, mas, que atue
proativamente, que crie, que formule projetos, que consiga reconhecer-se como
voz ativa na sociedade e que perceba que é possível transformar o mundo.
Enfim, professoresprotagonistas não são aqueles que estão no centro do palco,
mas os que se posicionam como líderes do processo pedagógico. São professores
1
Graduada em Pedagogia Plena com habilitação em Educação Infantil pela PUC- RS, Pós-Graduada
em Alfabetização e Letramento pela FAPA, Pós-Graduada em Psicopedagogia Institucional e Clínica
pela CESUCA. Pós- Graduada em Supervisão Escolar pela IERGS- RS. Pós-Graduada em Orientação
Educacional pela IERGS- RS. Pós- Graduada em Educação Infantil pela UNISINOS- RS. Pós- Gradu-
anda em Educação Especial pela INIFATECIE- RS [email protected]
2
Graduada em Pedagogia pela FURG, Mestre em Educação pela UFRGS. Professora substituta do
Departamento de Estudos Especializados da Universidade federal do Rio Grande do Sul. queilal-
[email protected]
Ciranda de Saberes
13
Ciranda de Saberes
Trouxe essa citação sobre o que Meirieu (2005) pensa sobre um cidadão,
não para falar explicitamente sobre cidadania, mas porque, para mim, essa ideia de
cidadão reflete o que compreendo por protagonismo docente. Ser um docente pro-
tagonista implica no engajamento de cada um na sua própria vida e na vida do outro,
na vida do grupo. Implica em fazer diferentes escolhas levando em conta a opinião
dos outros. Ser um docente protagonista é ter sempre clareza de que as consequên-
cias das escolhas e das proposições feitas refletirão em todo o grupo.
Saliento que nas leituras teóricas aqui feitas para a escrita deste artigo,
observei que, tanto os professores como as crianças e outros sujeitos envolvidos
na aprendizagem aprendem-se protagonistas dentro desta relação, e isso acon-
tece, porque as relações sãoaprendidas. Segundo Meirieu (1998), acerca da cons-
tituição de relações pela via do protagonismo compartilhado, o mesmo é caracte-
rizado pelo equilíbrio entre os lados, alcançado por meio do fazer "com", de "gestar
o tempo de falar e de calar-se", da "diferenciação pedagógica", da cidadania. Carac-
terísticas estas que são imbuídas de conversa, escuta atenta, convivência, respeito
às diferenças.
Penso, que o ser humano é um sujeito histórico, produtor de conheci-
mento e que se encontra imerso na realidade situada e concreta da cultura em que
está inserido. Assim, sob este olhar analítico, aprofundarei a discussão sobre o en-
tendimento do protagonismo docente através de uma roda de conversa com pro-
fessoras de educação infantil.
Pesquisar alguns teóricos que nos falam deste tema e entender suas aborda-
gens é dialogar e problematizar nossas inquietudes. Portanto, pretendo neste artigo
utilizar-me de autores que defendem primeiramente a ação reflexiva como prática do
professor na educação infantil, assim como de autores que defendem o protagonismo
da criança como agente de seus próprios desejos de apreender o que já sabe.
Sujeitos e métodos
Insistir permanentemente na reflexão diária do seu fazer pedagógico é
protagonizar uma tentativa de escrita ou reescrita sobre suas ideias, princípios e
experiências que poderão ser proveitosas para novas reflexões. Desafiar-se, ousar-
se e descobrir o seu protagonismo lendo, relendo, verificando, comparando, cons-
tatando e aprendendo a ver a vida com o olhar das crianças é saber que o brincar,
rir, desenhar, criar, e construir sem pressa, e sem correr contra o tempo é a jornada
mais bela na relação adulto/ criança.
14
Ciranda de Saberes
15
Ciranda de Saberes
Fonte: Autora
A roda de conversa foi gravada em áudio e transcrita sob forma de texto,
a fim de ser omais fidedigno possível com os dados coletados. Objetivei registrar
as falas realizando observações, análises e relações estabelecidas pelas professoras
entrevistadas, em face do tema em questão.
Nos momentos reflexivos deste artigo, procurarei evidenciar as relações
existentes nas respostas fornecidas pelas professoras com um referencial de co-
nhecimento capaz de atingir edialogar com a prática pedagógica delas, implicando
uma abertura epistemológica que considere o diálogo estabelecido na entrevista.
As professoras entrevistadas se conhecem e possuem formação em edu-
cação infantil. O roteiro utilizado durante a entrevista teve como objetivo que elas
conseguissem conversar sobre o tema proposto. Pude durante a conversa entender
e apreender suas convicções,hábitos, posicionamentos pedagógicos e suas práti-
cas no fazer pedagógico.
Optei por trabalhar como um moderador e observador na tentativa de fa-
zer alguns registros sobre as interações das participantes. De acordo com Gatti
(2005, p. 35), o moderador pode ser o próprio pesquisador,
16
Ciranda de Saberes
Porém precisa ser hábil, ter clareza de expressão ser sensível, flexível e capaz
de conduzir o grupo com segurança, lidando competentemente com as relações
e interações que se desenvolvem e as situações que se criam no grupo em função
das discussões.
Discussão docente
Ao longo da análise das respostas das professoras, procurei estabelecer
um diálogo sistemático com o percurso até então desenvolvido, trazendo autores,
ideias, pressupostos, contradições para o espaço de discussão. Dialogo em um pri-
meiro momento, com a perspectiva dos saberes experienciais docentes. Tais refe-
renciais auxiliaram nodesenvolvimento inicial da minha reflexão durante a orga-
nização deste artigo.
Sendo assim, converso inicialmente com Severino (2013, p. 33- 34), ao pon-
tuar que a substância do existir é a prática, ao passo que um posterior conhecimento
tende à teoria, de modo que o ser decorre do agir. Para o autor, é a ação que delineia,
circunscreve e determina a essência dos seres, sendo na prática e pela prática que as
coisas humanas acontecem e a história se faz. A prática, uma vez institucionalizada,
é produtora de sentidos, tornando-se uma prática simbolizadora, a qual acontece no
universo do trabalho, da sociedade e da cultura. De acordo com Tardif (2002, p. 49-
50), chamo de “saberes docentes” todos aqueles saberes da prática, adquiridos e ne-
cessários no âmbito da profissão docente, os quais não provêm das instituições
17
Ciranda de Saberes
formais de ensino, e nem mesmos dos currículos instituídos como referenciais para
a prática docente. Esses saberes.
[...] não se encontram sistematizados em doutrinas ou teorias. São saberes prá-
ticos (e não da prática: eles não se superpõem à prática para melhor conhecê-la,
mas se integram a ela e dela são partes constituintes enquanto prática docente)
e formam um conjunto de representações a partir das quais os professores inter-
pretam, compreendem e orientam sua profissão e sua prática cotidiana em todas
as suas dimensões. Eles constituem, por assim dizer, a cultura docente em ação
(TARDIF, 2002, p. 48- 49).
18
Ciranda de Saberes
19
Ciranda de Saberes
Cunha (1998), quando nos diz que o novo não se constrói sem o velho e é a situação
de tensão e conflito que possibilita a mudança, neste sentido penso que a constru-
ção de um planejamento flexível se faz evidenciando práticas e saberes que ora
avance, ora estabilizem na intenção de reproduzir processos circunscritos aos
contextos de cada um.
Ainda e com plena consciência posso dizer que a construção de uma
estratégia deveser pautada nos processos circunstanciados ao tempo e ao espaço
na visão da criança, até porque a realidade é multifacetada e dinâmica. Concordo
aqui com Guidini (2017) que o planejamento precisa se configurar na subjetivi-
dade do professor e do aluno, na intersubjetividade da relação com os outros e com
o espaço da escola e na objetividade relacional estabelecida do material didático
utilizado para o desenvolvimento da prática pedagógica. Surgiu ainda na fala das
professoras algumas colocações sobre o planejamento. Ficou evidente que a orga-
nização do planejamento também é um elemento que dificulta o protagonismo do
professor devido a demanda de objetivos a serem cumpridos. Foi citado durante a
roda de conversa que as mudanças na construção do planejamento assim como
regras impostas pela equipe sem uma consulta prévia ao corpo docente seria um
elemento queimpede o protagonismo do grupo. Entendo aqui que as discussões
foram além das relações com a prática pedagógica de cada uma e que há um certo
descontentamento por parte do grupo de docentes.
Na discussão sobre o recurso utilizado por elas a fim de registrarem suas
aulas, ficou evidente que o mesmo acontece de forma bem prática e livre. Porém em
relação aos registros mais específicos da turma e de algum aluno individualmente as
professoras seguem modelos preestabelecidos pela coordenação a fim de que tudo
fique bem registrado para eventual amostragem em conselhos e reuniões de pais (fi-
chas de conselho, atas de reunião e encontros, planejamentos e estratégias).
Ao debaterem sobre o entendimento que teriam sobre a proposta da es-
cola, fica aqui registrado que não houve esclarecimentos aprofundados sobre o
mesmo. Todas as professoras demostraram uma abordagem superficial sobre o as-
sunto. Relatam que a proposta da escola é discutida com o grande grupo de
professores em reuniões, seminários e cursos a fim desempre se ter uma
projetividade mais efetiva no trabalho. Ao refletir sobre tais respostas cito aqui as
palavras de Severino (2013, p. 36): “[...] o saber é sempre internacionalização e, de
acordo com essa internacionalização, a atividade técnica deixa de ser mecânica,
efetuando-se de acordo com uma projetividade.”
Um professor protagonista resulta de referenciais epistemológicos for-
mativos,compreendidos também sob o estudo de uma proposta pedagógica. Sem
um olhar criterioso sob os referenciais de apoio contidos na proposta da escola
não há como ser um docente protagonista.
Considerações finais
O discurso sobre protagonismo se faz através de um novo caminho e o
novo caminho se faz caminhando! Se o caminhar vai ser lento, doloroso, estimula-
dor, encantador ou satisfatório não sabemos, mas, com certeza terá a repercussão
20
Ciranda de Saberes
em um novo modo de proceder pedagógico. Hoje não se pode fazer escola sem se
ter ideias, sem pensar, sem desejar. No entanto, isso só será possível se o professor
se disponibilizar a aprender a refletir sobre o seu próprio trabalho educativo.
Portanto, pensar sobre o professor protagonista é priorizar um espaço para
a contemplação, para as vivencias e para as reflexões sobre cada experiência. Ao ob-
servar a diversidade de respostas, defendo aqui, que o professor é, um sujeito con-
creto, o qual se encontra na relação entre o ensinar e o aprender, via dimensão da
experiência, que tece uma nova ética profissional pela dimensão do diálogo, onde
também aqui se estabelece uma dimensão do coletivo, do grupo, e do aprender.
O momento pedagógico expressa-se através do discurso educativo mar-
cado pela solicitude em relação ao professor protagonista. Essa solicitude vem
acompanhada de perigos,dos quais ela só consegue escapar porque reporta a uma
exigência ética. Todo professor tem uma palavra a dizer e um modo de agir e
quando o seu discurso pedagógico assume suas contradições, torna-se possível a
construção de um espaço de inteligibilidade dos saberes pedagógicos. Autorizar-
se a ser é desenvolver e explorar uma infinidade de ações possíveis para fazer
frente ao seu protagonismo docente.
A educação vive um tempo de grandes incertezas e de muitas perplexidades.
Sentimos a necessidade da mudança, mas nem sempre conseguimos definir lhe
o rumo (NÒVOA, 2009. p. 11).
21
Ciranda de Saberes
Referências
CUNHA, Maria Isabel da. O professor universitário na transição dos paradigmas.
Araraquara: JM, 1998.
22
PRÁTICAS DE ENSINO DA ESCRITA
ALFABÉTICA NA EJA: CONCEPÇÕES DOCENTES
Introdução
O ensino da língua escrita é desafiador em sua plenitude. Os profissionais
que atuam nas turmas dos anos iniciais, seja no Ensino Fundamental regular ou na
modalidade da Educação de Jovens e Adultos, têm, diante de si, a complexa tarefa
de alfabetizar, cuja prática requer um exercício constante de ação-reflexão.
Por muitos anos, a língua foi vista como um mero código de transcrição,
cujo aprendizado se daria essencialmente por meio da repetição e do treino
mecânico do traçado das letras. Nesse sentido, as turmas de alfabetização eram
imersas em atividades pontilhadas, cópia de letras e sílabas e a repetição diária de
“padrões" silábicos, geralmente expostos em cartazes coloridos. Acreditava-se,
dessa forma, que, por muito repetir, acabava-se por aprender.
Nesse período, acreditava-se que a criança teria um “desabrochar”
natural para o aprendizado da língua, ao que alguns denominavam de “fase do
estalo”, acreditando que, de uma hora para outra, este evento aconteceria, por
volta dos 6 ou 7 anos, seria o chamado "estado de prontidão" para a alfabetização.
No decorrer do tempo, as práticas de ensino, bem como as concepções a respeito
da língua e de seu ensino, foram ganhando forma com “técnicas” amplamente
divulgadas em cartilhas e até mesmo no “chão da escola”, através da troca de
experiências entre os professores.
Houve, nesse sentido, a disseminação de métodos de alfabetização que
visavam ajustar as práticas alfabetizadoras através de “receitas” ou sequências de
passos a serem seguidos rigorosamente, até que as crianças memorizassem (letras,
sílabas e fonemas), hoje, são denominados de “velhos métodos” ou métodos
tradicionais de ensino.
Ganhavam destaque no cenário educacional de modo geral os métodos
sintéticos, que são os que partem da hipótese de que para ensinar a leitura das
palavras é necessário iniciar pelas letras, depois os fonemas e, finalmente, as
sílabas para formar palavras, dentro desse grupo encontramos alguns métodos
1
Graduada em Pedagogia pela Universidade Federal de Pernambuco- UFPE. Especialista em Psicope-
dagogia - Faculdade Escritor Osman da Costa Lins - FACOL. Mestre em Psicologia Cognitiva - UFPE.
Doutoranda em Educação – UFPE. E-mail: [email protected].
2
Graduada em Pedagogia pela Universidade Federal de Pernambuco-UFPE. Especialista em Coorde-
nação Pedagógica e Supervisão Escolar pela Universidade Cândido Mendes. Mestre em Educação
Matemática e Tecnológica - UFPE. E-mail: [email protected].
Ciranda de Saberes
bastante difundidos e ainda utilizados por alguns professores nas suas práticas
diárias de alfabetização, que são o método alfabético ou soletração, método fônico ou
fonético e o método silábico. Outro grupo é o dos métodos analíticos que é composto
pelos métodos da palavração, da sentenciação e método global.
Os métodos analíticos são aqueles que propõem um ensino que parte das
unidades significativas da linguagem, isto é, palavras, frases ou pequenos textos,
para depois conduzir a análise das partes menores que as constituem (letras e
sílabas) (MORAIS et. al. 2005, p.21). Esse método faz uma oposição ao método
sintético, partindo da premissa de que deveria se ensinar aos estudantes, de forma
“completa”, para só depois ir dividindo as partes. Os dois métodos, analítico e
sintético, utilizam a memorização como recurso ao aprendizado, sendo assim,
ambos os grupos foram alvo de críticas de muitos estudiosos que consideravam
tais práticas de ensino mecânicas e cheias de lacunas.
Em meio às discussões entre os professores alfabetizadores, alguns
docentes passaram utilizar aquilo que julgavam positivo de cada método,
deixando de lado aqueles pontos que consideravam falhos ou ineficazes, assim,
surgiu o método eclético, que sistematiza os dois métodos.
Em meados da década de 1980, esse debate em torno dos métodos de
alfabetização ganhou maior fôlego e culminou em novas perspectivas de ensino.
Dessa forma, as práticas de alfabetização baseadas em métodos sintéticos e
analíticos passaram a ser criticadas pelo fato de conterem textos forjados e
superficiais (os pseudotextos) e atividades que reduziam, equivocadamente, a
iniciação do aprendiz no mundo da escrita às tarefas de “codificar” e “decodificar”
palavras tolas ou estranhas, sem qualquer propósito comunicativo.
Como efeito das contribuições de diferentes áreas do conhecimento,
iniciou-se um processo de transposição didática (CHEVALLARD, 1985) o qual
propunha uma radical mudança na concepção de língua e de aprendizado da
escrita alfabética, que precisaria se consubstanciar em novas propostas de ensino.
24
Ciranda de Saberes
Consciência fonológica
Recentemente, no campo das pesquisas, há autores que defendem que a
consciência fonológica está intimamente ligada ao processo de alfabetização.
Morais (2019, p.29) define a consciência fonológica como uma "constelação" de
habilidades variadas, por isso, não deve ser vista como uma capacidade uniforme,
mas como este conjunto de habilidades que permitem ao ser humano operar sobre
segmentos sonoros (cf. GOUGH & LARSON, 1995). Morais (2004) afirma que a
reflexão fonológica é uma condição necessária, mas não suficiente, para auxiliar os
aprendizes na compreensão do funcionamento do Sistema de Escrita Alfabética.
Seria necessário, portanto, incentivar os alunos a observarem certas propriedades
do sistema (como a ordem, a estabilidade e a repetição de letras nas palavras), ao
mesmo tempo em que analisam a quantidade de partes faladas e de partes escritas,
bem como as semelhanças sonoras (MORAIS & LEITE, 2005; MORAIS, 2005).
Alfabetização e letramento
As discussões sobre alfabetização abriram caminho para um novo
conceito: o letramento. Soares (2004) afirma que, no Brasil, o despertar para a
importância do uso competente da leitura e da escrita tem sua origem vinculada à
aprendizagem inicial da escrita, desenvolvendo-se basicamente a partir de um
questionamento do conceito de alfabetização, vindo das pesquisas que
demonstravam o desenvolvimento de diversas habilidades ao longo da
apropriação do Sistema de Escrita.
25
Ciranda de Saberes
26
Ciranda de Saberes
Metodologia
Este é um estudo de natureza quali-quantitativa, cujo principal objeto de
estudo foram as respostas que professores de turmas da Educação de Jovens e
Adultos, pertencentes a uma rede pública municipal de ensino da Região
Metropolitana do Recife, deram a respeito dos seus conhecimentos sobre
metodologias de alfabetização e sobre a aplicabilidade desses conhecimentos em
sua prática pedagógica.
Participantes:
8 professores que lecionavam em turmas de EJA que eram
correspondentes aos 1º e 2º anos do Ensino Fundamental (Anos Iniciais).
Instrumento de coleta de dados: Os dados foram coletados através do
preenchimento voluntário e anônimo de um formulário eletrônico (Google forms).
Os professores que aceitaram participar da pesquisa responderam as seguintes
perguntas:
1.Sobre sua trajetória acadêmica, qual (quais) o (s) curso (s) que você fez..
2Há quanto tempo você atua na EJA?
3.Com relação à alfabetização, qual/quais a (s) metodologia (s) que você
considera eficaz (es) no trabalho com Jovens e Adultos?
4.Dê exemplos de como você utiliza essa (s) metodologia (s) em sua sala
de aula.
Resultados e discussão
Os dados obtidos revelaram que 50% dos participantes tinham a
formação inicial em Pedagogia. Sabemos que as demandas sociais cada dia
aumentam e o professor, estando imerso nesse processo, precisa buscar sua
qualificação profissional e acadêmica. Dessa forma, consideramos um ponto
positivo o fato de metade dos professores entrevistados terem a formação de base
em Pedagogia. No entanto, preocupa-nos ainda o fato de 12,5% terem declarado
que cursaram apenas o magistério/normal médio, pois esta modalidade de ensino
deixou de ser uma prioridade na própria LDB, que diz, em seu artigo 62, que os
profissionais que atuarão nas turmas da educação básica devem ter,
preferencialmente, formação em licenciatura plena:
Art. 62. A formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em nível
superior, em curso de licenciatura plena, admitida, como formação mínima para
o exercício do magistério na educação infantil e nos cinco primeiros anos do en-
sino fundamental, a oferecida em nível médio, na modalidade normal. (Redação
dada pela lei nº 13.415, de 2017)
3
Disponível em: http://sejaumprofessor.mec.gov.br/internas.php?area=como&id=requisitos, acesso em
28/09/2023.
27
Ciranda de Saberes
28
Ciranda de Saberes
29
Ciranda de Saberes
Considerações finais
A presente pesquisa chama atenção para a formação inicial dos
professores que atuam na educação básica, principalmente os que ensinam jovens
e adultos. O que se pode deduzir é que o currículo das licenciaturas diversas não
têm priorizado a EJA, com exceção dos cursos de Pedagogia, que já ofertam
algumas disciplinas ligadas à modalidade.
Os resultados da pesquisa reiteram a necessidade de uma formação
docente continuada que seja capaz de diminuir as lacunas existentes nas práticas
docentes dos professores que lecionam na Educação de Jovens e Adultos – EJA.
Diante disso, analisar as práticas docentes é de extrema importância para que se
compreenda o processo de ensino-aprendizagem, como já explanamos
anteriormente, a abordagem com jovens e adultos requer um olhar mais específico
diante das peculiaridades que encontramos, sendo necessário fazer constantes
aprimoramentos.
Os resultados obtidos detalham ainda o entendimento e a aplicação que
os professores participantes da pesquisa tinham quanto ao processo de
alfabetização, na utilização e aplicabilidade dos métodos e metodologias,
reafirmando que as formações continuadas de qualidade trarão contribuições e
reflexões relacionadas ao processo de ensino-aprendizagem.
Os professores da EJA têm o desafio de adequação das suas práticas para
facilitar o processo de ensino e aprendizagem de seus estudantes, principalmente
por se trata de pessoas que não tiveram acesso à escola na idade apropriada e se o
método não for trabalhado corretamente, poderão apresentar maiores
dificuldades. A leitura e escrita acompanharam os estudantes por toda vida, nas
diferentes esferas sociais, sendo fundamental que os estudantes possam ser
alfabetizados e letrados.
30
Ciranda de Saberes
Referências
BARBOSA, Carlos Soares; SOUZA, José Carlos Lima de; LINO, Lucilia Augusta.
Formação de Professores para a Educação de Jovens e Adultos: desafios, propostas
curriculares e considerações sobre o direito à educação. Revista Educação e
Cultura Contemporânea, v. 15, nº 41, p. 343-362, 2018. Disponível em:
http://periodicos.estacio.br/index.php/reeduc/article/view/5064/47966068.
Acesso em: 28 set. 2023.
BRASIL. Lei nº. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional. Disponível em: planalto.gov.br .Acesso em: 28/09/2023.
BRASIL. Lei nº. 13.415, de 16 de fevereiro de 2017. Disponível em:
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/l13415.htm. Acesso
em: 28/09/2023.
BRASIL. CNE/CP. Resolução nº. 1, de 27 de outubro de 2020. Dispõe sobre as
Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação Continuada de Professores da
Educação Básica e institui a Base Nacional Comum para a Formação Continuada
de Professores da Educação Básica (BNC-Formação Continuada). Disponível em:
https://portal.in.gov.br/web/dou/-/resolucao-cne/cp-n-1-de-27-de-outubro-de-
2020-285609724. Acesso em: 24/07/2021.
CHEVALLARD, Y. La Transposition didactique: du savoir savant au savoir
enseigné. Paris: La Pensée Sauvage, 1985.
FERREIRO, E. Reflexões sobre a Alfabetização. São Paulo: Cortez, 2010.
FERREIRO, E.; TEBEROSKY, A. Psicogênese da Língua Escrita. Porto Alegre:
Artes Médicas, 1999.
FREITAS, G.C.M. Sobre a Consciência Fonológica. In: LAMPRECHT, R.
Aquisição Fonológica do Português. Porto Alegre: Artmed, 2004.
GATTI, B. A. A formação inicial de professores para a educação básica: as
licenciaturas. Revista USP, [S. l.], n. 100, p. 33-46, 2014. DOI: 10.11606/issn.2316-
9036.v0i100p33-46. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/revusp/
article/view/76164. Acesso em: 4 nov. 2021.
GOUGH, P. & LARSON, K. A estrutura da consciência fonológica. In CARDOSO-
MARTINS, C. Consciência fonológica e alfabetização. Petrópolis: Vozes, 1995.
QUEIROZ, Ana Helena Oliveira. A Formação Inicial De Educadores De Jovens E
Adultos Nas Universidades Federais De Minas Gerais: A Perspectiva Dos
Pedagogos Em Formação. Mariana – MG (2016). Disponível em:
http://www.repositorio.ufop.br/handle/123456789/7107 (Acesso em: 24/07/2021).
MARINHO, Adriétt De Luna Silvino et al.. Formação continuada de professores:
um investimento necessário. Anais VI CONEDU. Campina Grande: Realize
Editora, 2019. Disponível em: <https://www.editorarealize.com.br/artigo/
visualizar/60540>. Acesso em: 28/09/2023.
31
Ciranda de Saberes
32
GAMIFICAÇÃO E BIOLOGIA NO ENSINO MÉDIO
Alana Guaragni1
Ivo Dickmann
Identificação do projeto
Título do projeto
Gamificação e Biologia no Ensino Médio
Descrição do projeto
O presente projeto busca trabalhar metodologias inovadoras utilizando
a proposta da Gamificação com os estudantes do ensino médio, baseando-se com
as propostas da BNCC, do desenvolvimento das competências gerais da BNCC-
socioemocionais.
O objetivo da proposta é trazer maior problematização, compreensão,
desenvolvimento da cognição e um ambiente divertido, para o aprendizado do en-
sino de biologia no ensino médio, sendo que a presente proposta torna os estudan-
tes mais ativos na busca da aprendizagem do ensino.
A proposta da Gamificação é o desenvolvimento das linguagens dos jo-
gos, para o uso da aprendizagem. A metodologia apresenta-se com as propostas
presentes nos jogos, no qual o “jogador” (estudante), recebe regras para seguir a
1
Alana Guaragni formada em Ciências Biológicas pela Universidade Comunitária da Região de Chapecó-
Unochapecó/ Pós-Graduada em Vigilância Sanitária e Qualidade de Alimento/ Educação e Inovação. Pro-
fessora da rede estadual-SED -Regional Chapecó. Busca aprimoramento das aulas utilizando metodolo-
gias ativas, melhorando engajamento dos estudantes e desenvolvendo um olhar ecopedagógico.
Ciranda de Saberes
Objetivos
Objetivo geral
-Desenvolver metodologias ativas, utilizando a Gamificação, para o en-
sino de Biologia no Ensino Médio, propondo aulas com maior problematização,
compreensão, desenvolvimento da cognição e um ambiente divertido na comuni-
dade escolar.
Objetivos específicos
-Utilizar a Gamificação como metodologia inovadora aos estudantes do
ensino de Biologia no ensino médio;
-Problematizar e contextualizar aulas utilizando a proposta de Gamifica-
ção, como ferramenta fundamental para a construção do ensino e da aprendizagem;
-Trazer maior compreensão, diversão, cooperação, competição, interação
e conhecimento na comunidade escolar;
-Projetar a Gamificação em um plano de ensino, com o desenvolvimento
das competências socioemocionais da BNCC-Base Comum Curricular.
Justificativa
A meta educativa brasileira vem alterando-se ao longo do processo de de-
senvolvimento social educacional, no qual, novas características começam a ser
necessárias para o desenvolvimento da sociedade.
A mudança expressiva, atualmente, é a BNCC- Base Comum Curricular,
no qual descreve situações específicas, cujo objetivo é a aprendizagem essencial,
para que todos os alunos desenvolvam ao longo das etapas e modalidades da Edu-
cação Básica. Sendo uma peça central nessa direção, em especial para o Ensino
Médio no qual os índices de aprendizagem, repetência e abandono são bastante
preocupantes (BNCC, 2019), sendo nesse sentido o ato de jogar, além de propor-
cionar prazer, é um meio dos sujeitos estudantes, desenvolver habilidades de pen-
samentos e cognição, estimulando a atenção e sua memória (FADEL, et al, 2014).
34
Ciranda de Saberes
Parceiros do projeto
O projeto terá a sua implementação na comunidade escolar, consequen-
temente a parceria a ser desenvolvida, será na escola, entre o professor (mediador),
que leciona o ensino de biologia e os estudantes. Podendo haver discussão com
coordenador pedagógico, visando o seu interesse de compartilhar as experiências
a serem desenvolvidas, com a metodologia da Gamificação.
35
Ciranda de Saberes
Abordagem metodológica
O desenvolvimento do projeto, terá a metodologia de aplicação da Gami-
ficação, como ferramenta inovadora, cujo objetivo é a atratividade das aulas, par-
ticipação, cooperação e compreensão dos conteúdos a serem trabalhados nas fases
do ensino médio.
O foco do projeto será no estudo do ensino de biologia, na área de Conserva-
ção dos ecossistemas, onde o conteúdo é abordado nas três etapas do ensino médio.
A proposta metodológica é a construção de um gamer, projetado no mo-
mento de forma não tecnológica, mas obedecendo às estruturas da Gamificação,
para a sua construção de forma manual. O professor irá desenvolver as etapas, que
os estudantes deverão percorrer as regras e os desafios em grupos, para a resolução
de uma situação problema, diagnosticada pelo professor, de acordo com Kadow
(2016) o uso dos games tem iniciativas de usar elementos de jogo para estimular
ou solucionar problemas. Consequentemente os estudantes, irão percorrer as di-
ferentes etapas, obedecendo as regras, recebendo recompensas pelas fases e che-
gando ao final do jogo.
A meta obtida durante o processo, será a participação, cooperação e com-
preensão do conteúdo abordado, gerando conhecimento através da utilização do
game. De acordo com Dias (2018, p. 26), este modelo permite uma competição da
turma de forma controlada, reagindo a quem está sempre ganhando mais pontos a
cada fase completa. Sendo que Dias (2018), ressalta que a gamificação é um modelo
que permite o usuário/aluno que faça procedimentos e simulações de forma a não ter
consequências reais, caso não consiga atingir o resultado esperado pela simulação.
De acordo com Alves (2015), Fadel et. al (2014), Dias (2018) e Kadow
(2016), o jogo é composto por objetivo claro, regras, evolução constante, roteiro e
36
Ciranda de Saberes
desafios. Dessa forma será criado o plano de aula para a proposta da Gamificação
e desenvolvimento das competências gerais socioemocionais da BNCC.
O tempo do processo a ser percorrido para a construção da situação pro-
blema pelo professor, será em torno de 30 dias e para a sua aplicação com os estu-
dantes deverá obedecer, cerca de 4 aulas de 45min, abaixo no item 3.1 apresenta-
se a proposta da Gamificação:
A proposta gamificação
-Nome do Jogo: Como produzir com menos Impactos Ambientais?
-Objetivo do Jogo: Chegar ao final do jogo com a proposta do projeto
finalizado, visando a produção e a diminuição dos impactos ambientais nos ecos-
sistemas.
-Regra do Jogo: -O mediador lançará as etapas a cada aula, sendo que os
usuários não saberão os desafios que estarão por vir nos intervalos entre as aulas.
Os usuários sentarão em grupos de até cinco pessoas, onde receberão o tema a
partir do mediador, para a elaboração do projeto, sendo os temas: Agroindústria,
Agropecuária, Transporte e Exploração Florestal, são os quatro maiores proble-
mas que causam impactos ambientais.
- 1 ª Etapa do Jogo: A partir do tema que receberão pelo mediador, os
usuários deverão realizar pesquisas, sobre como irão desenvolver o projeto, utili-
zando os recursos tecnológicos disponíveis a vocês. Escolham o líder e passam ao
mediador o nome da pessoa, os membros/ usuários, deverão obedecer ao líder, pois
suas estratégias levarão ao final do jogo, vocês terão somente 45min para pesquisar
e ter uma ideia central, que deverá ser escrita na folha em branco, que está presente
na mesa do grupo.
-2ª Etapa do Jogo: Nessa aula os usuários irão desenhar o projeto pen-
sando anteriormente, utilizando a cartolina, sendo que não poderão mais pesqui-
sar. Se algum grupo tiver um membro mexendo no celular, perderá 15min para a
construção do projeto, o mediador estará de olho, ele será o penalizador. (45min).
O primeiro grupo que concluir o processo receberá um presente do mediador.
-3ª Etapa do Jogo: Nesse momento o mediador distribui aos usuários o
modelo Design Thinking, onde definirão as etapas que foram realizadas, sendo que
o primeiro grupo que finalizou na aula anterior poderá usar o celular para a pes-
quisa. (45min)
37
Ciranda de Saberes
4ª- Etapa final do Jogo: O líder irá publicar o projeto em sua rede social,
no qual os membros deverão divulgar e nas próximas 24h, teremos o nosso vence-
dor a partir do número de curtidas obtidas na publicação do líder.
Plano de aula
Identificação:
-Nome do Professor: _______________________________________________
-Componente Curricular: Biologia Ano Escolar: _____ Turmas: (1ª/2ª/3ª)
-Competência: 1. Analisar fenômenos naturais e processos tecnológicos,
com base nas relações entre matéria e energia, para propor ações individuais e co-
letivas que aperfeiçoem processos produtivos, minimizem impactos socioambien-
tais e melhorem as condições de vida em âmbito local, regional e/ou global.
2. Construir e utilizar interpretações sobre a dinâmica da Vida, da Terra
e do Cosmos para elaborar argumentos, realizar previsões sobre o funcionamento
e a evolução dos seres vivos e do Universo, e fundamentar decisões éticas e res-
ponsáveis.
3. Analisar situações-problema e avaliar aplicações do conhecimento ci-
entífico e tecnológico e suas implicações no mundo, utilizando procedimentos e
linguagens próprios das Ciências da Natureza, para propor soluções que conside-
rem demandas locais, regionais e/ou globais, e comunicar suas descobertas e con-
clusões a públicos variados, em diversos contextos e por meio de diferentes mídias
e tecnologias digitais de informação e comunicação (TDIC).
-Objeto de Conhecimento: (EM13CNT102) Realizar previsões, avaliar
intervenções e/ou construir protótipos de sistemas térmicos que visem à susten-
tabilidade, com base na análise dos efeitos das variáveis termodinâmicas e da com-
posição dos sistemas naturais e tecnológicos.
(EM13CNT203) Avaliar e prever efeitos de intervenções nos ecossiste-
mas, nos seres vivos e no corpo humano, interpretando os mecanismos de
38
Ciranda de Saberes
manutenção da vida com base nos ciclos da matéria e nas transformações e trans-
ferências de energia.
(EM13CNT301) Construir questões, elaborar hipóteses, previsões e es-
timativas, empregar instrumentos de medição e representar e interpretar modelos
explicativos, dados e/ou resultados experimentais para construir, avaliar e justifi-
car conclusões no enfrentamento de situações-problema sob uma perspectiva ci-
entífica.
-Conteúdo: Conversação dos Ecossistemas
-Problemática: Como produzir com menos Impactos Ambientais?
-Objetivos: Realizar a solução da problemática, desenvolvida a partir da
gamificação, passando pelos obstáculos e a pressão do tempo.
-Desenvolvimento da atividade: A partir da proposta da Gamificação
os estudantes irão desenvolver a prototipação para a conservação dos Ecossiste-
mas, com diminuição dos Impactos Ambientais, com o desenvolvimento das com-
petências gerais da BNCC, sendo o conhecimento (capacidade de intervir na soci-
edade), pensamento científico crítico e criativo (investigar e elaborar hipóteses),
comunicação (expressar-se e compartilhar informações), argumentação (defender
suas ideias), cultura digital (produzir conhecimento), autogestão (fazer escolhas
referente ao futuro) autoconhecimento (lidar com suas emoções e com a pressão
de grupo) empatia e cooperação (acolher e respeitar a diversidade, fazer-se respei-
tar) e autonomia (tomar decisões segundo princípios éticos, democráticos, inclu-
sivos, solidárias e sustentáveis.
-Tempo:4/horas aulas de 45min
-Recurso: Folha A4, Cartolina, Internet, celular e sala de computação;
-Avaliação: Desenvolvimento da atividade.
39
Ciranda de Saberes
Cronograma:
Mês Atividades
Equipe do projeto:
Escola - Execução -
(Direção da escola so-
bre o conhecimento da
atividade);
-ATP- Disponibiliza-
ção das Mídias Sociais
da escola para a comu-
nicação da execução
da Gamificação.
40
Ciranda de Saberes
Outro indicador será a relevância que terá para os professores em sua ex-
perimentação, utilizando o roteiro de gamificação, mas deixando-o em aberto para
aplicação dos professores.
Os instrumentos de registro serão a utilização de fotografia do próprio
professor de biologia, durante a execução e as postagens da prototipação criada
pelos estudantes no facebook.
Como possibilidade de construção da avaliação, pode-se usar a tabela a seguir:
Quem? Coordenação do projeto professor de bio-
Responsáveis pelos planejamentos das ações logia.
de monitoramento e avaliação?
Recursos financeiros
O projeto Gamificação em biologia, possui poucas despesas de investi-
mento, pois ocorrerá no ambiente escolar e terá a disponibilidade de utilizar os
recursos materiais da escola, sendo:
Material Valor (R$) Total (R$)
6.113,50
41
Ciranda de Saberes
Contrapartida
A escola provavelmente contará com os recursos materiais necessários,
mas se ocorrer uma eventualidade e não conseguir repassar esses custos, a despesa
ficará com o professor de biologia, para a compra das cartolinhas e a impressão das
folhas da atividade, sendo a dedicação total pessoal, financeira, avaliativa do pro-
fessor de biologia.
Material Valor (R$) Total (R$)
23,50
Referências
ALVES, Flora. Gamification- Como Criar Experiências de Aprendizagem Engajadoras-
Um Guia Completo: Conceito à Prática. 2ºEd. Editora DVS, São Paulo 2015.
FADEL, Luciane Maria. ULBRICHT, Vania Ribas. BATISTA, Claudia Regina. VANZIN,
Tarcísio. Gamificação na educação /organizadores. - São Paulo: Pimenta Cultural,
2014.300p.
42
O ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO
(AEE) PARA ALUNOS COM SURDEZ
Introdução
Por ser este um tema atual, e por compreender que a inclusão é um movi-
mento amplo cujo foco é a transformação da educação e da própria sociedade com
o intuito de eliminar as barreiras que limitam a aprendizagem, participação e de-
senvolvimento dos indivíduos com deficiência no ambiente escolar (BOA VISTA,
2008), esta pesquisa justifica-se por buscar evidenciar a importância da oferta do
Atendimento Educacional Especializado (AEE) para o aluno com surdez de modo
a enfocar que este é um serviço complementar e suplementar a aprendizagem des-
tes sujeitos e, portanto, constitui-se num instrumento de apoio ao seu desenvolvi-
mento integral.
Assim, ciente da importância que se tem do aluno com surdez receber o
atendimento necessário as suas dificuldades e limitações, de forma que a escola
regular deve se organizar para atender essa clientela, oportunizando-lhe construir
conhecimentos a partir da proposta bilíngue que é estimulada pela intervenção do
professor do AEE na Sala de Recursos Multifuncional (SRM) em parceria com o
professor da classe regular (ARANHA, 2005), é que fez surgir o seguinte questio-
namento: “Qual a importância do AEE para os alunos com surdez na SRM da es-
cola regular”?
Visando responder a problemática de pesquisa, este estudo foi desenvol-
vido com base na pesquisa bibliográfica, com abordagem qualitativa, do tipo ex-
ploratório, no qual o levantamento bibliográfico foi realizado com base na seleção
de obras científicas diversas, mais precisamente do ano de 2003 a 2010, tendo em
vista sua viabilidade de execução científica está sem servir como importante fonte
de conhecimento, pois está fundamentada em diferentes autores, dentre os quais
1
Graduação em Pedagogia (UERR) e Educação Física (IFRR), Especialização em Gestão do Trabalho
Pedagógico: Administração, Supervisão e Orientação Escolar (IBPEX) e em Educação Especial e Inclu-
siva (CBM), Mestre em Ensino de Ciências (UERR).
2
Graduação em Pedagogia (UERR), Especialização em Ensino de Arte (UNINTER).
3
Graduação em Psicologia (FACES), Especialização em Neuropsicologia e Problemas de Aprendiza-
gem (FAVENI).
4
Graduação em Pedagogia (FACETEN), Especialização em Liderança e Gestão Educacional
(CUUAD).
Ciranda de Saberes
podem ser citados Aranha (2005), Alves (2006), Rapoli et al. (2010), por evidenci-
arem que a criança com surdez, assim como as demais sem deficiência, deve ser
matriculada em escola regular onde, possa conviver com outros alunos e receber
no contra turno o AEE.
Neste contexto, compreendendo que assim como os demais, o aluno
surdo enfrenta inúmeros desafios para poder participar do convívio escolar, po-
dendo ser prejudicado por conta da forma como se estruturam as propostas edu-
cacionais e pela falta de estímulos adequados ao seu potencial cognitivo, sócio afe-
tivo, linguístico e político-cultural (BOA VISTA, 2008), este artigo teve como ob-
jetivo geral analisar a importância da oferta do Atendimento Educacional Especi-
alizado (AEE) para os alunos com surdez na Sala de Recursos Multifuncional
(SRM) da escola regular enquanto serviço complementar e suplementar a sua
aprendizagem.
Com relação aos objetivos específicos o que se buscou foi: 1) Caracterizar a
surdez de acordo com o nível de comprometimento da deficiência; 2) Abordar sobre
a finalidade da educação escolar para o aluno com surdez, independentemente do
nível ou da modalidade de ensino na qual se encontre; 3) Caracterizar o AEE para o
aluno com surdez a ser realizado na SRM da escola regular, com foco no ensino de
Libras e de Língua Portuguesa para o aluno com surdez.
Tais objetivos foram propostos tendo em vista buscar compreender o que
é essa deficiência, como deve acontecer a aprendizagem do aluno com surdez, bem
como o AEE na SRM e o papel a ser desempenhado pela escola regular ao longo
deste processo, pois apesar de possuir pouca experiência nessa área, atuando no
ambiente escolar, mais precisamente na SRM há três anos, percebe-se que estes
alunos ainda não recebem o apoio necessário que merecem para aprender e desen-
volver-se integralmente, o que motiva o interesse por esta pesquisa, tendo em vista
trazer questões bastante importantes de serem discutidas.
44
Ciranda de Saberes
Como se pode observar, a pessoa com surdez leve, por apresentar perda
auditiva leve, é um indivíduo desatento, que requer a repetição frequente do que
lhe é falado. Isso não impede que se adquira a língua oral, mas pode causar algum
problema articulatório na leitura e/ou na escrita. Diferente disso, o indivíduo com
surdez moderada tende a apresentar atraso na linguagem e alterações articulató-
rias. Dependendo do caso, pode apresentar maiores problemas linguísticos, e, por
isso, acaba tendo maior dificuldade de discriminação auditiva em ambientes rui-
dosos, mas é capaz de identificar as palavras mais significativas, mesmo tendo di-
ficuldade para compreender certos termos de relação e/ou formas gramaticais
complexas, tendo em vista sua compreensão verbal estar intimamente ligada à sua
aptidão para a percepção visual.
Já o sujeito com surdez severa, pode até chegar a adquirir linguagem oral,
no entanto, a compreensão verbal vai depender, significativamente, da sua aptidão
para utilizar a sua percepção visual, assim como para observar o contexto das si-
tuações nas quais está inserido. E, a pessoa com surdez profunda, por sua vez,
apresenta perturbações auditivas que estão ligadas tanto à estrutura acústica
quanto à identificação simbólica da linguagem, logo, ao nascer pode até emitir
sons como se fosse alguém que tem uma audição normal, no entanto, por não ouvir
45
Ciranda de Saberes
e identificar sons à sua volta, suas emissões começam a desaparecer, perdendo as-
sim a possibilidade de adquirir a linguagem oral. Para comunicar-se, com o passar
do tempo, passa a utilizar a linguagem gestual o que favorece a aquisição da língua
de sinais (LIMA, 2006).
Por conta dos diferentes tipos de surdez, seu diagnóstico é feito levando
em consideração a “história do paciente, exame de ouvido, exames com equipa-
mentos especiais, dependendo de cada caso, sendo a audiometria o mais impor-
tante deles” (DEUS, 2011, p. 03). A proposta é identificar se realmente é uma defi-
ciência o que o indivíduo apresenta ou se é outro problema de saúde que pode
estar afetando o seu desenvolvimento. Logo, quanto antes for feita a identificação
e intervenção precoce melhor, pois ajuda no processo de adaptação a essa nova
realidade.
De qualquer modo, por maiores sejam as limitações provocadas pela sur-
dez, a pessoa com surdez deve ter acesso à escolarização, bem como ao AEE, vi-
sando possibilitar-lhe uma aprendizagem contextualizada e significativa, como
forma de valorizar seu potencial e desenvolver suas habilidades cognitivas, lin-
guísticas e sócio afetivas, onde por meio de uma abordagem bilíngue, a Libras e a
Língua Portuguesa, esse indivíduo possa ter acesso ao currículo, aos conhecimen-
tos sistematizados pela humanidade ao longo dos anos, bem como possa desen-
volver-se integralmente.
46
Ciranda de Saberes
47
Ciranda de Saberes
48
Ciranda de Saberes
49
Ciranda de Saberes
Conclusão
Este artigo teve o intuito de analisar a importância da oferta do Atendi-
mento Educacional Especializado (AEE) para os alunos com surdez na Sala de
Recursos Multifuncional (SRM) da escola regular enquanto serviço complemen-
tar e suplementar a sua aprendizagem, objetivo este alcançado na medida em que
conseguiu-se verificar que, devido a sua relevância, deve ser ofertado em todos os
níveis e etapas de ensino, preferencialmente na escola regular, como forma de as-
segurar currículo, métodos, recursos e organização para atender às necessidades
específicas destes educandos.
Visando compreender a dimensão da importância do AEE para o aluno
com surdez, fez-se necessário primeiramente, caracterizar a surdez de acordo com
o seu nível de comprometimento, o que possibilitou constatar que esta é uma de-
ficiência que provoca perda maior ou menor da percepção normal dos sons, e como
tal, varia de acordo com o grau de comprometimento causado, podendo ser
50
Ciranda de Saberes
definido como perda bilateral, parcial ou total. Além disso, a sua etiologia tem re-
lação com a idade da perda auditiva, com possíveis distúrbios associados, com o
desenvolvimento intelectual e até com a reação emocional dos pais. Talvez seja por
isso que ela pode ser causada por vários fatores, mas as principais são as causas
congênitas, que ocorre no pré e perinatal, e adquirida, que acontece no pós-natal.
Diante disso, ciente de que a surdez é uma deficiência que provoca limi-
tações em relação à linguagem oral, à comunicação, que impede a percepção de
fonemas, palavras, intensidade da voz e discriminação de sons, que traz como con-
sequência o comprometimento dos aspectos cognitivos, dificultando a contextu-
alização e abstração necessária à aprendizagem, ao abordar sobre a finalidade da
educação escolar para o aluno com surdez, independentemente do nível ou da mo-
dalidade de ensino na qual se encontre, conseguiu-se concluir que é fundamental
a matrícula, acesso e permanência deste educando no ambiente escolar, pois a ele
deve ser possibilitado uma aprendizagem contextualizada e significativa, como
forma de valorizar seu potencial e desenvolver suas habilidades cognitivas, lin-
guísticas e sócio afetivas, onde por meio de uma abordagem bilíngue, a Libras e a
Língua Portuguesa, esse indivíduo possa ter acesso ao currículo, aos conhecimen-
tos sistematizados pela humanidade ao longo dos anos, bem como possa desen-
volver-se integralmente.
A constatação de que é dever dos sistemas de ensino, assegurar currículo,
métodos, recursos e organização para atender às necessidades destes educandos, foi
o que motivou caracterizar o AEE para o aluno com surdez a ser realizado na SRM
da escola regular, com foco no ensino de Libras e de Língua Portuguesa para o aluno
com surdez, permitindo verificar que apesar do preconceito ainda latente, da falta
de políticas públicas adequadas, do despreparo dos profissionais que atuam direta-
mente com este público e o descumprimento da legislação que contribuem para a
perpetuação de um quadro de exclusão na escola regular, este ainda é um serviço de
apoio complementar e suplementar, que tem que facilitado o processo de ensino
aprendizagem destes sujeitos, pois ajuda na organização de situações de ensino, pos-
sibilita oportunidades educacionais e sociais que lhe permitam progredir em seus
estudos, ajuda na eliminação das barreiras que limitam o seu desenvolvimento inte-
gral e participação no ambiente escolar e na própria sociedade.
Contudo, há que se destacar que o AEE só consegue cumprir com a sua
finalidade educativa, se a escola como um todo for transformada, se forem imple-
mentadas mudanças físicas, estruturais e nas práticas sociais e institucionais vi-
sando à promoção da igualdade de oportunidade a todos os alunos, com e/ou sem
deficiência, pois, infelizmente ainda é uma realidade brasileira encontrar crianças
com deficiências diversas inclusas no ambiente escolar sem o apoio de um profis-
sional especializado, sem receber o AEE no horário oposto, além de ser comum
verificar que boa parte dos educadores espera e/ou preferem encontrar em sala de
aula alunos simplesmente interessados a aprender, prontos para o convívio social
e educacional disciplinado, pois não se sentem preparados para atuar com este
público ou porque não querem ter o trabalho de aprender e se disponibilizar a
realizar um trabalho diferenciado.
51
Ciranda de Saberes
Referências
ALVES, Denise de Oliveira. Sala de Recursos Multifuncionais: espaços para
atendimento educacional especializado. Brasília: Ministério da Educação,
Secretaria de Educação Especial, 2006.
ALVEZ, Carlos Barbosa; FERREIRA, Josimário de Paula; DAMÁZIO, Mirlene
Ferreira Macedo. A Educação Especial na Perspectiva da Inclusão Escolar:
abordagem Bilíngue na Escolarização de Pessoas com Surdez. Brasília: Ministério
da Educação, Secretaria de educação Especial; Fortaleza: Universidade Federal do
Ceará, 2010. V. 4 (Coleção A Educação Especial na Perspectiva da Inclusão
Escolar).
ARANHA, Maria Salete Fabio. Projeto Escola Viva: garantindo o acesso e
permanência de todos os alunos na escola: necessidades educacionais especiais
dos alunos. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Especial,
2005.
BOA VISTA. Prefeitura Municipal. Proposta Curricular Municipal – do ensino
fundamental nos anos iniciais. Boa Vista: Editora da UFRR, 2008.
CHIZZOTTI, Antonio. Pesquisa em ciências humanas e sociais. 6. ed. São Paulo:
Cortez, 2003. (Biblioteca da educação. Série 1. Escola; v. 16)
DESSEN, Maria Auxiliadora; BRITO, Angela Maria Waked de. Reflexões sobre a
deficiência auditiva ε o atendimento institucional de crianças no Brasil. Paideia
FFCLRP-USP, Rib. Preto, fev/ago, 1997, pp. 111-134.
DEUS, Maria de Lourdes Fonseca de. Surdez: linguagem, comunicação e
aprendizagem do aluno com surdez na sala de aula comum. 2011. 15p. Disponível
em: <www.anapolis.go.gov.br/revistaanapolisdigital/wp-content/uploads/2013/0
5/Maria-de-Lourdes-Fonseca.pdf>. Acesso em: 01 Mar. 2018.
FURASTÉ, Pedro Augusto. Normas Técnicas para o Trabalho Científico:
Elaboração e Formatação. Explicitação das Normas da ABNT. 14. ed. Porto
Alegre: s.n., 2007.
GIL, Antonio Carlos. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. 6. ed. 3. reimpr.
São Paulo: Atlas, 2010.
LIMA, Daisy Maria Collet de Araújo. Educação infantil: saberes e práticas da
inclusão: dificuldades de comunicação e sinalização: surdez. 4. ed. Secretaria de
Estado da Educação do Distrito Federal. Brasília: MEC, Secretaria de Educação
Especial, 2006.
QUADROS, Ronice Müller de; SCHMIEDT, Magali L. P. Ideias para ensinar
português para alunos surdos. Brasília: MEC, SEESP, 2006.
RAPOLI, Edilene Aparecida et al. A educação Especial na Perspectiva da
Inclusão Escolar: a escola comum inclusiva. Brasília: Ministério da Educação.
52
Ciranda de Saberes
53
MUTISMO SELETIVO:
A ESCOLA E A RELAÇÃO COM O OUTRO1
Introdução
... uma educação severa trata a criança como instrumento, pois tenta submetê-la
pela força a valores que ela não aceitou; mas uma educação liberal, mesmo utili-
zando outros procedimentos, também não deixa de fazer uma escolha a priori
de princípios e valores, em nome dos quais a criança será tratada. Tratar a cri-
ança por persuasão e candura não significa coagi-la menos. Assim, o respeito à
liberdade do outro é uma palavra vã: ainda que pudéssemos projetar respeitar
esta liberdade, cada atitude que tomássemos com relação ao outro seria uma vi-
olação desta liberdade que pretendíamos respeitar. A atitude extrema, que seria
a total indiferença frente ao outro, tampouco é uma solução: estamos já lançados
no mundo diante do outro; nosso surgimento é livre limitação de sua liberdade,
e nada, sequer o suicídio, pode modificar esta situação originária; quaisquer que
sejam nossos atos, com efeito, cumprimo-los em um mundo onde já há o outro e
onde sou supérfluo com relação ao outro. (SARTRE, 1999, p. 508).
1
Artigo de conclusão do curso de Especialização Direcionada: Práticas Pedagógicas Interdisciplinares
e garantia de direitos, promovido pela Universidade do Oeste de Santa Catarina (UNOESC).
2
Pós-graduada e bolsista do UNIEDU no curso de Especialização em Práticas Pedagógicas Interdisci-
plinares e Garantia de Direitos (UNOESC). Psicóloga da Secretaria de Educação da Prefeitura Muni-
cipal de Tunápolis-SC.
3
Orientadora, Professora Doutora do Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade do
Oeste de Santa Catarina (UNOESC).
4
Pós-graduado e bolsista do UNIEDU no curso de Especialização em Práticas Pedagógicas Inter-dis-
ciplinares e Garantia de Direitos (UNOESC).
Ciranda de Saberes
ações violentas são geradas vinculadas ao não reconhecimento daquilo que é dife-
rente do eu (HERMANN, 2014).
Com certa frequência, o início da escolarização traz a intensificação ou
manifestação de diversos sintomas de transtornos mentais, levando a família e os
educadores a buscarem formas de entender o transtorno e de lidar com a criança.
Tome-se como exemplo a ansiedade, estado de humor cuja manifestação
tem se intensificado nas últimas décadas. No que se refere à ansiedade infantil5,
Lhullier e Serra (2018) afirmam que estudos do ano de 2010, já apontavam que os
transtornos de ansiedade em crianças eram tão comuns que já constituíam o maior
grupo de problemas de saúde mental nessa idade6.
Os transtornos de ansiedade são classificados, na literatura médica e psi-
cológica (DUMAS, 2011; CAMINHA, 2011; TISSER, 2018; DSM-V7; CID-10) como
um estado de humor negativo, caracterizado por sintomas corporais de tensão fí-
sica e de apreensão em relação ao outro e ao futuro. Entre os tipos mais comuns
estão: transtorno de ansiedade de separação, fobia específica, fobia social, trans-
torno de ansiedade generalizada, transtorno do pânico e mutismo seletivo. Sendo
este último o foco de estudo desse artigo uma vez que, como psicóloga educacio-
nal, tive contato com várias crianças que possuem esse transtorno. O mutismo se-
letivo é pouco conhecido no meio escolar e muitas vezes confundido com timidez
ou teimosia da criança, uma vez que existem poucos estudos sobre o tema, princi-
palmente no que se refere ao relacionamento do/com o professor. Isso contribui
para justificar o propósito de investigar como o mutismo seletivo se apresenta na
escola e sobre como o professor estabelece vínculo a fim de possibilitar o diálogo
com o aluno mutista seletivo. Convêm ressaltar que o mutismo seletivo se mani-
festa na escola por uma incapacidade ou recusa da criança em falar com os profes-
sores ou colegas (APA, 2014).
Considerando-se o contexto contemporâneo, muito embora reconhe-
çam-se as implicações de outros ambientes sociais e relacionais na constituição da
criança, a escola apresenta-se como espaço privilegiado de interação social e, por-
tanto, de socialização8; trata-se de um espaço de intervenções pedagógicas (e por
isso mesmo intencionalmente projetadas e conduzidas) sobre a vida do outro.
É importante perceber que, para Durkheim (1998), a sociedade precede
os indivíduos, ou seja, quando cada pessoa nasce, ela já nasce em uma sociedade
constituída, que possui suas regras, leis e funcionamento próprio. Por isso, em sua
5
Estudos apontam, dentre as causas da Ansiedade Infantil, fatores biológicos, ambientais, estilos pa-
rentais de superproteção e ambientes que não proporcionam sentimento de segurança necessário ao
desenvolvimento natural de uma criança ou adolescente (LHULLIER; SERRA, 2018).
6
No Brasil, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), Lei 8.069, de 1990, considera criança a
pessoa até 12 anos de idade incompletos. Para Papalia e Feldman (2013), a infância se estende do nas-
cimento até os 11 anos de idade.
7
APA. American Psychiatric Association. Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais
(DSM-5). Porto Alegre: Artmed. 2014.
8
A socialização é um processo de transmissão cultural e efetua-se através de certo número de meca-
nismos, dos quais podemos destacar a aprendizagem, a imitação e a identificação. Os agentes da so-
cialização: são a família; a escola e os grupos sociais (BERGER e BERGER, 2012).
55
Ciranda de Saberes
visão, a educação é um meio pelo qual a sociedade prepara, no interior das crian-
ças, as condições essenciais de sua própria existência. Assim, a educação, e a es-
cola, por conseguinte, seriam essenciais para que as crianças fossem interiori-
zando estados físicos e morais que são requeridos pelo espaço político em seu con-
junto.
A construção do ser social, feita em boa parte pela educação, é a assimilação pelo
indivíduo de uma série de normas e princípios - sejam morais, religiosos, éticos
ou de comportamento - que balizam a conduta do indivíduo num grupo. O ho-
mem, mais do que formador da sociedade, é um produto dela (DURKHEIM,
1998, p.8).
O mutismo seletivo
A linguagem, verbal e não verbal, é a forma de expressão utilizada como
via comunicativa entre os seres humanos. Presentes desde o primeiro ano de vida,
56
Ciranda de Saberes
9
American Psychiatric Association – APA. (2013). DSM-V, Diagnostic and statistical manual of
mental disorders, fifth edition. Arlington: American Psychiatric Association.
10
Tradução livre do inglês: Selective mutism (SM) is a relatively rare psychiatric disorder of childhood
characterized by consistent inability to speak in specific social situations despite the ability to speak
normally in others. SM typically involves severe impairments in social and academic functioning.
Common complications include school failure, social difficulties in the peer group, and aggravated
intra-familial relationships (HENKIN; BAR-HAIM, 2015, p.86).
57
Ciranda de Saberes
criança para falar com algumas pessoas e em determinados locais, como festas, na
rua, em consultas médicas e principalmente na escola, sendo este o local em que
se espera que a criança se desenvolva e se expresse oralmente de forma intencional
e sistemática. Da mesma forma que as causas do mutismo seletivo se apresentam
como multifatoriais, seu desenvolvimento também não possui um padrão, po-
dendo ocorrer de: (1) forma progressiva, em que inicia com uma timidez exces-
siva, ou (2) de forma abrupta. Em ambos os casos, as crianças limitam a sua co-
municação verbal e falam somente com pessoas próximas a ela (pai e mãe), nor-
malmente em suas casas (LHULLIER; SERRA. 2018). A criança com mutismo se-
letivo falará na sua casa, na presença de membros da família imediata, mas com
frequência não o fará nem mesmo diante de amigos próximos ou parentes de se-
gundo grau como avós, tios e primos (APA, 2014).
Durante o desenvolvimento do transtorno do mutismo seletivo, a comu-
nicação com o mutista seletivo, também pode apresentar alterações, passando por
fases que, embora não se apresentem de modo standartizado nem linear, costumam-
se caracterizar inicialmente pelo fato de a criança não responder nem verbalmente
nem por gestos; em um segundo momento, passa a usar gestos de afirmação e ne-
gação para responder a perguntas diretas feitas para ela; na sequência é comum
passar a responder verbalmente quando solicitada e, por fim, passa a comunicar-
se verbalmente com as pessoas. Cabe destacar que nem todas as crianças passam
por essas fases, nem há garantia de que uma vez que a criança fale normalmente
ela não volte a apresentar mutismo seletivo.
É bastante comum que durante situações novas a criança utilize modos de comu-
nicação alternativos, como cochichar no ouvido de alguém, movimentar ou sacudir
a cabeça para afirmar ou negar. Também podem fazer grunhidos, apontar para
aquilo que desejam, escrever caso conheçam a linguagem escrita, sussurrar e ainda
comunicar-se por gestos e mímicas. A criança também pode usar palavras monos-
sílabas que não acompanham um contato visual com o interlocutor. Em geral, o
olhar dirige-se para o chão (LHULLIER; SERRA. 2018, p. 152).
Método
O interesse em compreender a relação do professor com o aluno mutista
seletivo, fez com que se optasse pelo método de pesquisa qualitativa, cujo instru-
mento de coleta de dados compreende entrevistas semiestruturadas cujos dados,
organizados em categorias, foram submetidos à técnica de análise de conteúdo. De
acordo com Bardin (2011), o termo análise de conteúdo designa: “um conjunto de
técnicas de análise das comunicações visando a obter, por procedimentos siste-
máticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (quan-
titativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às
58
Ciranda de Saberes
11
Município emancipado em 26/04/1989, situado na região extremo-oeste de Santa Catarina. Tunápolis
foi colonizada por famílias de imigrantes alemães católicos. O principal movimento econômico do mu-
nicípio é proveniente da agricultura e pecuária. O município conta segundo dados do último censo do
IBGE com 4.633 habitantes. No que se refere ao campo educacional, Tunápolis possui seis escolas,
estando três situadas na região rural e três no centro da cidade.
59
Ciranda de Saberes
consegue realizar suas atividades. “Já o mutista seletivo, possui um grau de ansie-
dade que o trava, paralisa e impede de agir” (DIAS, 2018, p. 52).
Nos primeiros momentos, meses de contato, me chamava atenção o comporta-
mento dela. Se a gente ia ao parque, ela entrava no parque, ela se posicionava de
uma determinada forma e lá ela permanecia, da mesma forma, até o momento de
voltar para a sala de aula. Se na sala a gente pegava algum brinquedo, propunha
uma brincadeira, ela se posicionava e daquela posição ela não se movia. Então
me preocupava bastante (Professora 2).
60
Ciranda de Saberes
61
Ciranda de Saberes
Eu me aproximo dela, cedo colo para ela [...]e eu vou conversando com ela, mas
ela não responde, mas eu sinto que ela se sente confortável com a conversa, que
ela se sente acolhida. Ela brinca com as pecinhas, ela chega a pegar pecinhas e
direcionar para mim, para que eu faça a verbalização da situação. Então dessa
forma. Sempre muito carinhosa, atenciosa, fazendo ela se sentir acolhida e se-
gura (Professora 2).
Percebe-se, pela fala da professora, que para que o vínculo possa ser cri-
ado é preciso que, na convivência professor-aluno, o foco inicial seja de compreen-
são do significado do silêncio da criança, ao invés do estímulo a falar. Pois é preciso
encontrar um mútuo entendimento. Embora a relação com o outro suscite pergun-
tas, é preciso entender que o silêncio do mutista seletivo é “uma maneira de manter
a integridade egóica e, portanto, não se deve ter como objetivo que a criança fale,
pois isso poderia reduzir suas defesas egóicas e colocar em risco sua estrutura”
(CAMPOS; ARRUDA, 2014). Assim, o que deve ser feito pelo professor, é a criação
de um vínculo seguro para ajudar a diminuir a ansiedade (CAMPOS; ARRUDA,
2014). O professor precisa ouvir o que não foi dito.
De acordo com Ribeiro (2013, p. 45):
É imperativo que a escola perceba que as crianças com MS não estão a ser desa-
fiadoras ou teimosas ao “não falar”, mas que elas verdadeiramente não conse-
guem falar. O professor(es) ou educador deve perceber que é essencial que a cri-
ança com MS interiorize que não é obrigatório falar. Para além disso, a comuni-
cação não verbal é aceita no início e deve ser encorajada. Os professores devem,
também, estar envolvidos no plano de intervenção/tratamento. À medida que
houver progressos o professor deverá encorajar a verbalização de forma sutil e
não ameaçadora.
62
Ciranda de Saberes
63
Ciranda de Saberes
64
Ciranda de Saberes
65
Ciranda de Saberes
pode acontecer um fato assim. De ela não estar te vendo e falar com você e
quando ela te enxergava não falava (Professora 3).
Considerações finais
Só porque eu não falo, não significa que eu não sou inteligente. Eu tenho inteli-
gência acima da média. Só porque eu não falo, não significa que eu não estou te
ouvindo. Só porque eu não falo, não significa que eu não tenho sentimentos. Só
porque eu não falo, não significa que eu estou escolhendo ser assim. Eu sofro,
sofro de mutismo seletivo. A forma de ansiedade social que faz com que sinta
dificuldade em falar quando não me sinto confortável (Autor desconhecido).
66
Ciranda de Saberes
Referências
APA-American Psychiatric Association. DSM-V, Diagnostic andstatistical manual of
mental disorders, fifth edition. Arlington: American Psychiatric Association. 2013.
BERGER, Peter e BERGER, Brigitte. Socialização: como ser um membro da sociedade. In:
FORACCHI, Marialice M. e MARTINS, José de Sousa (Org.). Sociologia e sociedade: lei-
turas de à sociologia. 30.ed. Rio de janeiro: livros técnicos e científicos, 2012.p.169-181.
BIESTA, Gert. Para além da aprendizagem. Educação democrática para um futuro hu-
mano. Belo Horizonte: Autêntica, 2013.
67
Ciranda de Saberes
CABRAL, Álvaro; NICK, Eva (2006). Dicionário Técnico de Psicologia. Ed. 14ª. Editora
Cultrix, São Paulo: 2006.
CAMPOS, Lia Keuchguerian Silveira; ARRUDA, Sérgio Luiz Saboya. Brincar como meio
de comunicação na psicoterapia de crianças com mutismo seletivo.Estudos Interdiscipli-
nares em Psicologia, Londrina, v. 5, n. 2, p. 15-33, dez. 2014. Disponível
em:<http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/eip/article/view/14993>. Acesso em 06 de
junho de 2018.
DIAS, Estefani de Andrade. Gritos do silêncio: uma história de superação e cura do mu-
tismo seletivo. São Paulo: Letras e Versos, 2018.
68
Ciranda de Saberes
PERDNIK, Ruth. The Selective Mutism Treatment Guide: Manuals for Parents Teach-
ers and Therapists. Second Edition: Still Waters Run Deep. Jerusalem: Oaklands, 2016.
PIRES, Thereza Sophia Jácome et al . Reflexões da mediação escolar para uma criança com
mutismo seletivo. Rev. psicopedag., São Paulo , v. 34, n. 104, p. 180-188, 2017. Disponível
em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-8486201700020
0008&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em 09 ago. 2018.
69
ESTRATÉGIAS DE LEITURA E A INTERPRETAÇÃO
DE TEXTO: UMA REALIDADE REFLEXIVA NA
FORMAÇÃO DO LEITOR
Introdução
A leitura é um instrumento de aprendizagem, mas para que ela funcione
é necessário desenvolver um planejamento que sirva para ajudar a transformar a
percepção e o objetivo das escolas em relação a esse tema com uma visão de futuros
adeptos da leitura como forma de aprendizagem, lazer e cultura. A leitura tem in-
fluência na vida e no desenvolvimento humano sob aspectos que não podemos ex-
plorar totalmente apenas vivenciando.
Para uma boa decodificação e interpretação, é indispensável uma boa lei-
tura. Segundo a observação de Barthes (1996), a leitura é componente obrigatório,
porém não se visualiza hoje, em uma era tão tecnológica, um grande empenho na
divulgação, na inserção e no cotidiano escolar.
Embora os pontos positivos e aspectos que a leitura possa trazer às pes-
soas sejam mais detalhados no quadro teórico deste trabalho, penso que é funda-
mental destacar já em tese de introdução sobre a importância da leitura porque os
livros promovem o desenvolvimento da criatividade e ajudam a melhorar e aumen-
tar o vocabulário e a capacidade de expressão oral e escrita dos educandos.
Além disso, trata-se de uma prática que traz benefícios tanto no nível so-
cial e pessoal como cognitivo, abrangendo, inclusive a saúde mental, é, por exem-
plo, a porta principal de comunicação com a arte, tendo sempre um fim em si
mesma. No entanto, devemos também ter em mente que nem todos os alunos terão
a mesma facilidade de acesso à leitura, sendo, contudo, o papel da escola promover
vivências suficientes para que os aproxime ao máximo da adesão à leitura.
A interpretação textual
A interpretação dispõe em desvendar e absorver as palavras que levam
seus espectadores a um nível de aprendizagem da cultura e língua portuguesa,
mostrando maior possibilidades de autonomia e na resolução de problemas, tra-
balhando globalmente todas as disciplinas da Educação Básica através dos mais
variados fatos rabiscados pelas linhas que permeiam a escrita de um livro.
É importante que a comunidade também una-se com a escola, em um ob-
jetivo comum: resgatar o interesse dos alunos a partir de atividades e exercícios
que estimulem a leitura. Há várias trilhas possíveis para se trabalhar isto, basta
que os adultos responsáveis, direta ou indiretamente, interfiram na educação do
aluno e saibam identificar a demanda e direcionar os caminhos da aprendizagem
considerando e incluindo as leituras.
A interpretação para compreensão do texto depende também do conhe-
cimento de mundo, o que leva à conclusão de que o aprendizado da leitura de-
pende muito das aulas de Língua Portuguesa, mas também de todas as outras dis-
ciplinas, sem exceção.
Quando se fala em interpretação, esta engloba uma série de particulari-
dades, tais como pontuação, pois uma vírgula pode mudar o sentido de uma ideia,
elementos gramaticais, como conjunções, preposições, entre outros.
[...] é a soma de todos os eventos psicológicos que a palavra desperta em nossa
consciência. É um todo complexo, fluido e dinâmico, que tem várias zonas de
estabilidade desigual. O significado é apenas uma das zonas do sentido, a mais
estável e precisa. Uma palavra adquire o seu sentido, no contexto em que surge;
em contexto diferente, altera o seu sentido. O significado permanece estável ao
longo de todas as alterações do sentido. O significado dicionarizado de uma pa-
lavra nada mais é do que uma pedra no edifício do sentido, não passa de uma
potencialidade que se realiza de forma diversa na fala (VYGOTSKY, 1991, p. 125).
Para haver uma boa interpretação, o texto deverá dispor de todos os re-
quisitos essenciais para tal, como, coesão, coerência, paragrafação e, sobretudo,
71
Ciranda de Saberes
relações semânticas bem delimitadas, para que, dessa maneira o leitor possa inte-
ragir plenamente com as ideias retratadas por um texto.
A prática da leitura leva o aluno a localizar informações explícitas e infe-
rir as implícitas em um texto. As informações implícitas exigem maior capacidade
para que possam ser inferidas. Exige-se que o leitor ultrapasse o texto e reconheça
o que não está textualmente registrado e sim subentendido ou pressuposto. É ne-
cessário identificar não apenas a ideia, mas também as entrelinhas, que exigem do
aluno um conhecimento de mundo.
Ler, portanto, pressupõe objetivos bem definidos. E esses objetivos são do pró-
prio leitor, em cada uma das situações de leitura. São objetivos que vão se modi-
ficando à medida que lemos o texto. Por exemplo, quando pegamos uma revista
para ler, num consultório médico, nosso objetivo pode ser o de apenas passar o
tempo. Mas se descobrirmos um texto que indica como emagrecer sem parar de
comer doces, aí o objetivo mudará. (RANGEL & ROJO, 2010, p.87).
72
Ciranda de Saberes
73
Ciranda de Saberes
Leitura e compreensão
Estudos baseados nas dificuldades de aprendizagem da leitura e escrita
vêm sendo realizados, e têm em comum a compreensão de que os processos, como
aprendizagens de técnicas são complexos, onde interações entre os aspectos cog-
nitivos e metacognitivos do sujeito e dos estímulos ambientais, sob a mediação do
educador, contribuem na aprendizagem contínua.
Assim, é fundamental uma adequada compreensão dos processos mentais
utilizados, ou não, pelo aluno diante dos novos objetos do conhecimento. Estudos
na área da metacognição enfatizam ações, ou seja, estratégias que permitem ao
aprendiz aprender a refletir sobre seu processo de aprendizagem. São ações que
irão favorecer a construção de um sujeito/leitor crítico ativo e independente.
A competência em leitura é definida como a combinação de dois componentes
necessários, nenhum deles isoladamente, sendo suficiente. Por um lado, a
74
Ciranda de Saberes
A leitura dentro das escolas é uma atividade e recurso muitas vezes des-
perdiçado, sendo abandonado ou aplicado incorretamente dentro da própria ati-
vidade da escola. Por isso, é necessário enfrentar uma mudança de dinâmica no
que diz respeito à leitura nas escolas na atualidade.
A partir da implementação desse plano de leitura, pretende-se ajudar a fazer
a mudança para melhor, para que uma disciplina tão valiosa quanto a leitura tome o
lugar e a importância que merece na educação dos jovens e das novas gerações.
Trata-se de uma proposta para um plano de leitura interdisciplinar pela
qual serão oferecidas aos alunos um total de seis leituras que garantam, ou pelo
menos facilitem o uso e aplicação dos conhecimentos adquiridos nas diferentes
disciplinas. Os livros propostos serão projetados para que a partir de cada um de-
les dois ou mais assuntos possam ser vinculados, tornando a experiência de leitura
um aprendizado funcional.
Consideração final
O problema levantado para a pesquisa e a aplicação do presente projeto
de forma prática visa abordar fatores e elementos que podem contribuir para a
superação de dificuldades de leitura e interpretação de texto no cotidiano escolar.
O estudo pretende confirmar a hipótese abordada, onde se mostra clara e
verdadeira a intencionalidade de proporcionar uma sugestão de promoção da lei-
tura em casa e na escola em um cenário em que se identifica que os alunos leem
cada vez menos, pausando o processo natural de aprendizagem e, por consequên-
cia, prejudicando o nível de desenvolvimento da leitura e interpretação textual.
Outras questões serão trazidas para considerações no trabalho de pes-
quisa final, como fatores como a desestrutura familiar, o baixo nível de escolari-
dade e socioeconômico dos pais ou responsáveis, a falta de interesse e desestímulo
para atividades escolares e educativas essenciais para o desenvolvimento global
do ser humano, assim como preparação dos docentes e realidade e estrutura das
escolas que influenciam para o processo contínuo e prosseguimento do estudo e
do desenvolvimento por meio da leitura e para a formação de leitores.
75
Ciranda de Saberes
Referências
ALVES, Rubens. Interpretar e Compreender. Folha de São Paulo, 2004. Disponível em:
<http//www1.folha.uol.com.br/folha/sinapse/ult1063u814shtml>. Acesso em: 07 de março
de 2020.
BORDINI, M. G.; AGUIAR, V.T. (2013). Literatura: a formação do leitor: alternativas me-
todológicas. 2 eds. Porto Alegre: Mercado Aberto.
KLEIMAN, A. (2010). Oficina de Leitura, Teoria e Prática. 4 ed., Campinas. SP: Pontes: Edi-
tora da Universidade Estadual de Campinas.
KLETZIEN, S. B. (2011). Strategy use by good and poor comprehenders reading expository
text of differing levels. Reading Research Quarterly, 26, 67-85.
LAJOLO, M. (2011), Do mundo da leitura para a leitura do mundo. São Paulo: Ática.
76
GAMES E ATIVIDADES GAMIFICADAS
PARA ENSINO DE MATEMÁTICA
Introdução
Com o advento da tecnologia digital e do ciberespaço, o mundo vivido se
transformou rapidamente. As brincadeiras e os jogos também representam um si-
nal destas mudanças culturais. Das amarelinhas nas calçadas até games como Po-
kémon Go em realidade mista, denotam tais transformações culturais.
A produção de games com finalidades educacionais, globalmente, tem cres-
cido nos últimos anos e a perspectiva é de um crescimento ainda maior3. No Brasil,
em uma divulgação de pesquisa realizada pela ABRAGAMES, vê-se um crescimento
no desenvolvimento de games com finalidades educacionais. A despeito de ser co-
mum que uma desenvolvedora atue em mais de um tipo de jogo digital, na pesquisa
observou que “a indicação da maior fonte de receita reflete o foco de sua atuação.
Entre as respondentes, a principal fonte de receita são os jogos de entretenimento
(76%), seguidos dos jogos educacionais (12%)” (Fortim, 2022, p. 85).
Ao considerarmos que muitos games de entretenimento podem também
encontrar espaço em ambientes educacionais (Tonéis, 2022), essas pesquisas de-
notam um “mercado”4 que vem sendo ampliado “de olho” nos ambientes educaci-
onais para atividades envolvendo games e gamificações.
Enquanto cresce o “mercado didático” tornam-se necessárias pesquisas que
apontem e avaliem novas metodologias que articulem ação educacional e meio (ou
1
Postdoc em Educação Matemática e Novas Tecnologias Digitais - "Jogos Digitais" - pela UNESP/FEG
- Faculdade de Engenharia e Ciências de Guaratinguetá e na Universidade de Aveiro (DeCA). Vence-
dor do Prêmio CAPES de melhor Tese 2016 (Ensino). E-mail: [email protected]
2
Livre Docente junto a Unesp/FEG no curso de Licenciatura em Matemática. É pesquisadora do
GEPEM - Grupo de Estudos e Pesquisa em Educação Matemática da Faculdade de Engenharia de Gua-
ratinguetá, pesquisadora e vice coordenadora do grupo de pesquisa Fenomenologia em Educação Ma-
temática (FEM), vinculado a UNESP/Rio Claro. E-mail: [email protected]
3
Fonte: The Express Wire, Game-based Learning Market 2022 Global Comprehensive Research
Study, Trends, Development Status and Regional Forecast 2027. Disponível em: https://www.digital-
journal.com/pr/game-based-learning-market-2022-global-comprehensive-research-study-trends-de-
velopment-status-and-regional-forecast-2027#ixzz8AIElGvjf
4
Acreditamos que a ideia de mercado, quando se olha para educação, deve transpassar uma identidade
objetivada pelos valores socioemocionais que ultrapassam o mero valor “enciclopédico” ou plataformi-
zação de muitos sistemas que temos observado.
Ciranda de Saberes
mídias) destacando os novos papéis para professores e alunos. Assim é o caso dos games
e atividades gamificadas, no movimento de “ser-com” as tecnologias digitais.
Este movimento de “ser-com” as tecnologias digitais ultrapassa a utiliza-
ção de novos medias (Zagalo et al., 2011), afinal nem sempre utilizar uma nova tec-
nologia é sinônimo de mudança em processos ou possibilidade para “fazer dife-
rente”. “Os ciberavestruzes que fazem a política escolar estão determinados a usar
computadores, mas só conseguem imaginá-los na estrutura do sistema escolar
como eles o conhecem: crianças seguindo um currículo escolar predeterminado,
especificado ano a ano e lição a lição” (Papert, 1997, p.25).
Os jogos digitais oferecem aos jogadores a possibilidade de se inserirem,
pela via da fantasia, em uma ‘realidade’ rica de emoção. Os jogadores desejam e
querem viver experiências épicas (Mcgonigal, 2011) e, neste sentido, fantasia ou
realidade constitui um mesmo mundo experiencial, pois oferecem o mesmo espaço
para as potencialidades criadoras, para descobertas e criatividade, impulsionando
o engajamento do jogador na resolução de problemas e nos desafios.
A sala de aula deve deixar de ser o lugar das carteiras enfileiradas para se tornar
um local em que professor e alunos podem realizar um trabalho diversificado em
relação a conhecimento e interesse. O papel do professor deixa de ser o de "en-
tregador" de informação (Valente & Almeida, 1997, p. 8)
Nesse texto trazemos uma perspectiva de trabalho com três games que
estão presentes em nossos estudos no percurso acadêmico: o DragonBox Algebra 12+;
o DragonBox Elements e o game Slice Fractions – Math Makers. Procuramos identificar
como cada game pode contribuir para o ensino e para a aprendizagem – significa-
ções – de temas da matemática escolar, ou seja, nosso objetivo está em conhecer o
game para identificar o que com ele se abre para a atividade em sala de aula, anali-
sando o modo pelo qual as significações são possibilitadas aos alunos que jogam.
Games e Metodologia
Elegemos em nossas pesquisas games que ofereçam em seu game design pos-
sibilidades narrativas e em seu level design uma organização progressiva e emer-
gente (Juul, 2002; 2013). Do ponto de vista educacional é interessante “romper” a
linearidade de elementos progressivos com desafios emergentes, para que o estu-
dante/jogador possa evitar o automatismo do jogar.
Reunimos três games para mobile (Android e iOS) que estão presentes em
nosso percurso de pesquisas, sendo eles:
(A) DragonBox Algebra 12+: O game apresenta-se em 10 capítulos, cada um
deles composto de 20 episódios (ou níveis distintos – Figura 1) nos quais são apre-
sentados ao jogador desafios mediante metáforas de “poderes”. Esse “poder” se re-
laciona com propriedades da álgebra escolar. Contém uma opção chamada “Lado
B” que apresenta aproximadamente 480 equações do primeiro grau em diferentes
níveis de complexidade (incluindo equações literais). Estas podem se tornar ati-
vidades gamificadas, pois decorrem das regras do game (metáforas) traduzidas
para regras algébricas. Como o game possui feedbacks constantes, incluindo o
78
Ciranda de Saberes
79
Ciranda de Saberes
Math Mackers5. A mecânica do game é “cortar pedaços” ao deslizar o dedo sobre for-
mas geométricas, gerando as partes necessárias para limpar o caminho de um pe-
queno mamute. Resolver puzzles que envolvem o cortar e estourar bolhas é a estra-
tégia para retirar os obstáculos e deixar que o mamute continue sua jornada.
Figura 3: Exemplos de pedidos dos generais e efeitos no game
5
Em Math Makers os estudantes (ou não) podem explorar: adição e subtração de frações; relações entre
frações; equivalência, etc. Números e operações até 3 dígitos, igualdade; etc.
6
Compreendemos a leitura, dita por Aarseth (2003), como registros escritos (fóruns, blogs, wikis, etc)
ou visuais (vídeos, ilustrações) e toda manifestação do jogador no jogo.
80
Ciranda de Saberes
7
O professor/jogador é aquele que conhece o game e suas possibilidades e, então, organiza o tempo e as
propostas de atividades como consequências do ato de jogar.
8
O pitch é uma apresentação breve e direta de um tema ou problema (solução). Pode se utilizar vídeos
(gameplay), imagens (screenshots) e animações, recursos que, com criatividade, colaboram para o prota-
gonismo dos alunos/jogadores.
81
Ciranda de Saberes
82
Ciranda de Saberes
9
Tradução livre dos autores, texto original: “Good games are problem-solving spaces that create deep
learning—learning that is better than what we often see in schools”.
83
Ciranda de Saberes
10
Neste momento de atividade o game não se traduz como algo livre, por isso dizemos que essas são
atividades gamificadas, atividade que direciona o jogar e tem propósitos educacionais.
11
Para ilustrar esse fenômeno social, a autora usa o exemplo do famoso game World of Warcraft. Os cien-
tistas, ela cita no capítulo cinco, “Stronger Social Connectivity” de seu livro Reality is Broken, descobri-
ram um fenômeno interessante sobre este jogo massivo online multiplayer.
84
Ciranda de Saberes
quando ele consegue deixar o dragão sozinho para se alimentar, lembrando que se
existir algum elemento “estranho” ele não come e diz “eca”.
A cada novo capítulo é apresentado um novo “poder” ao jogador. Cada
poder corresponde a uma propriedade algébrica. Desse modo, compreendendo as
regras do jogo, o jogador, a partir de metáforas, estará também apreendendo as
regras algébricas.
A dinâmica do game possibilita que o jogador dê o mesmo tratamento aos
“bichinhos” que irão alimentar o dragão e as “letras”, ou seja, visando ao processo
de generalização há, inicialmente, regras simples:
* Cartas iguais implicam em letras iguais;
* Cartas opostas se anulam;
85
Ciranda de Saberes
12
Segundo Pontes (2004), em muitos livros didáticos encontramos regras para transformar a álgebra
escolar em uma coleção de “passos” com o objetivo de tornar a resolução de equações e expressões
algébricas mais rápidas e diretas. Neste caso, entende-se que, pelo jogo, pode-se discutir com o aluno
tais “regras práticas”.
86
Ciranda de Saberes
87
Ciranda de Saberes
88
Ciranda de Saberes
89
Ciranda de Saberes
90
Ciranda de Saberes
Litster et al. (2021, p.3)13 afirmam que “cada recurso de design do jogo oferece
uma variedade de recursos potenciais para a aprendizagem matemática quando os
alunos os percebem e interagem com eles”. Uma questão central está em como o per-
cebido no jogar é interpretado como metáforas e, por isso, a importância de o pro-
fessor organizar um espaço para o diálogo questionando as ideias matemáticas que
é possível de se explorar. Ponte et al. (2003) nos permitem dizer que esses são mo-
mentos de investigação e o investigar matematicamente é descobrir relações entre
objetos matemáticos conhecidos ou desconhecidos, procurando identificar as res-
pectivas propriedades. Ou seja, “investigar em matemática constitui uma poderosa
forma de construir o conhecimento” (Ponte et al., 2003, p. 10).
Compreender os recursos do game é parte de seu design que permite ao joga-
dor “pensar em formas” de resolver um problema. Na tradução das metáforas, medi-
ante tarefas propostas com o game, o professor pode organizar temas de aulas como:
* Determinar a razão entre os lados e áreas de figuras geométricas – seme-
lhanças;
* Desenhar e identificar linhas e ângulos, classificando as figuras pelas pro-
priedades de suas linhas e ângulos;
* Classificar as figuras bidimensionais com base em suas propriedades;
* Desenhar, construir e descrever figuras geométricas e suas relações;
* Explorar a congruência, equivalência e semelhança usando modelos físi-
cos, transparências ou software de geometria – Geogebra, por exemplo.
Destaca-se que as possibilidades que se abrem para a exploração com o
game são várias e dependem do ano de escolaridade e do objetivo do professor,
sendo, em toda e qualquer situação, importante ter esse espaço como um espaço
de e para investigação.
13
Tradução livre do autor, texto original: Each design feature within the game provides a variety of potential
affordances for mathematical learning when learners perceive and interact with them.
91
Ciranda de Saberes
92
Ciranda de Saberes
𝟏
Figura 9: Produzindo 𝟒. 𝟒 para resolver o level.
1
4
Fonte: Elaborado pelo autor
Com os diálogos a respeito do game e do jogar, os participantes, tanto os
licenciandos quanto os professores, identificaram que o “errar” no game não é um
problema; inclusive se errar muitas vezes o “game dá uma dica”. Essa interpretação
é uma forma positiva de tratar o erro, especialmente no fazer matemática. O prazer
de jogar está envolto na clareza de que o errar é parte do jogo, como também de-
veria ser compreendido como parte da constituição do conhecimento.
Nas conversas e diálogos com os participantes se evidenciou que eles
consideram importante transpor essa forma de tratar o erro para as aulas; “eu
93
Ciranda de Saberes
posso errar e posso recomeçar!”, afirmaram. O efeito positivo das ações que se ma-
nifesta no jogar é tratado por Juul (2013), ao considerar que os games oferecem li-
berdade para errar e, por vezes, o “errar” pode ser mais divertido que “acertar na
primeira”, pois envolve as considerações e hipóteses na solução de um desafio e a
reavaliação das estratégias utilizadas.
Na Figura 11 ilustramos dois levels do Slice Fractions que estão ligados por
um tema de habilidade14 e desafio. No nível mais inicial elementos como equiva-
lência de frações (parte-todo) e representação pictórica estão no tema de habili-
dade. Ao avançarmos para outro level existe “algo de familiar”, embora algo novo
também seja apresentado: figura e símbolo. Existe uma ampliação do tema de ha-
bilidade por meio da cadência15 oferecida pelo game. O diálogo é relevante para as
articulações e argumentações, para expressar o visto (revelado) e poder lançar-se
na aventura da “descoberta” do que está oculto (não revelado). Essa estrutura do
game ilustra fenomenologicamente que sempre algo nos é revelado e algo continua
não revelado (ocultado); o que se mostra para um sujeito pode se ocultar para ou-
tro. Nesse movimento do percebido, compreendido, expresso e (re)visto é que te-
mos a constituição (subjetiva) e produção (articulado na linguagem) de conheci-
mento matemático.
Figura 11: Desafio, cadência e tema de habilidade em Slice Fractions.
14
Cf. HOLLEMAN, Patrick. Game Development. Level Design. How to Design Levels With the "Super Mario
World Method". 12 Nov 2015. Disponível em: https://gamedevelopment.tutsplus.com/articles/how-to-de-
sign-levels-with-the-super-mario-world-method--cms-25177 . Acesso em out 2017. Tonéis (2018), para a
produção de game designI, descreveu o método conhecido como "desafio, cadência, tema-de-habilidade –
DCTH" (em inglês: challenge, cadence, skill-theme – CCST). Um desafio é uma tarefa curta (errand).
15
Uma cadência é a maneira como todos os desafios em um nível se relacionam, mantendo a habilidade
desenvolvida e propondo evoluções e extensões para outros desafios do mesmo nível. Já os temas de habi-
lidade são coleções de níveis que exigem do jogador as mesmas habilidades para superar os desafios.
94
Ciranda de Saberes
16
Tradução livre do autor, texto original: learners need ample opportunities to apply their previous experiences—
as interpreted—to similar new situations, so they can “debug” and improve their interpretations of these experiences,
gradually generalizing them beyond specific contexts.
95
Ciranda de Saberes
96
Ciranda de Saberes
níveis e com diferentes turmas, pode ser uma forma de valorizar o trabalho indivi-
dual e coletivo na sala de aula.
97
Ciranda de Saberes
para o contato interativo entre ele e o aluno, necessário a um ensino que valorize
a aprendizagem por descoberta. O computador não é um fim em si mesmo, mas
um meio, um recurso instrucional a mais, cuja eficácia dependerá da capacidade
daqueles que o utilizam. (Barros; D`Ambrosio,1988, p.29, grifo nosso).
Zagalo et al. (2011) explica que a denominação de média digitais não procu-
rou apenas uma atualização do termo multimédia, mas trouxe um alargamento dos
seus interesses. A linguagem dos novos medias traz o interesse por aspectos relati-
vos à interatividade, “a preocupação de quem trabalhava os Média Interativos era
com a criação de artefactos capazes de fazer uso das capacidades dos novos média,
nomeadamente a sua interatividade” (Zagalo et al., 2011, p. 9).
Com isso, entende-se que os games oferecem um meio ou um espaço, um
“mundo” em nosso mundo, no qual a intencionalidade da experiência humana
busca significar, interpretando o vivido, sem ser mero espetador. “Esta abordagem
torna-nos mais conscientes da ideia de que os filmes, ou qualquer outra forma de
arte, não são nada até que alguém os experiencie” (Zagalo et al., 2011, p.12).
A leitura das metáforas em jogo leva-nos da percepção à interpretação e
expressão, traduzindo as metáforas mediadas por acordos semióticos. Como
afirma Ricoeur (1983, p.121), esse processo de tradução é “baseado no conceito de
intencionalidade: a linguagem é por excelência intencional, visa o ‘outro’ e não ela
mesma (a linguagem)”. Deste modo, enquanto o signo (por exemplo uma palavra)
tem como contrapartida o significado que lhe é inerente, o sentido de uma frase
implica na referência da situação de discurso e as atitudes do locutor.
Para Ricoeur (1983), a caracterização da metáfora como ícone está fun-
damentada na ideia de duplicidade de referências, inerente à metáfora. Esta dupli-
cidade implica, em muitas situações, no abandono de significados da referência
original para passar a considerar uma segunda referência: a referência metafórica.
Nesse processo há negociação de significados para as metáforas, pois nem sempre
o que está sendo apresentado está sendo compreendido com o mesmo sentido,
uma vez que as metáforas se constituem em formas de significações contextuali-
zadas e contextualizantes.
Eis por que o sentido das palavras deve ser a cada vez “adivinhado”, sem que
jamais se possa fundá-lo numa estabilidade adquirida. A experiência da tradução
caminha no mesmo sentido: ela mostra que a frase não é um mosaico, mas um
organismo. Traduzir é inventar uma constelação idêntica em que cada palavra
recebe apoio de todas as outras. (Ricoeur, 1983, p.126, grifo noso)
98
Ciranda de Saberes
17
Tradução livre do autor, texto original sem paginação: Computer games are perhaps the richest cultural genre
we have yet seen, and this challenges our search for a suitable methodological approach. We all enter this field from some-
where else, from anthropology, sociology, narratology, semiotics, film studies, etc, and the political and ideological bag-
gage we bring from our old field inevitably determines and motivates our approaches. And even more importantly, do we
stay or do we go back? Do we want a separate field named computer game studies, or do we want to claim the field for our
old discipline?
99
Ciranda de Saberes
para eles apenas de uma perspectiva (por uma abordagem) se pode permanecer
em um ciclo “de mais do mesmo” em que, de fato, pouco se inova!
Na Educação, de modo particular, estes aspectos nos parecem mais con-
trastantes e evidentes. As tecnologias digitais avançam e isso não irá retroceder.
Por mais que as políticas educacionais o queiram18. Proibir o uso de determinados
meios apenas confere um caráter de retrocesso que mostra uma incapacidade (ou
falta de interesse) em se pensar o novo, articulando-o com o antigo; do analógico
ao digital, pode-se tornar os espaços educacionais, de fato, menos enfadonhos para
que o “melhor momento” não seja o intervalo das aulas ou a hora de ir embora.
Porém, há que se ter atenção para o contexto de formação de professores, uma vez
que é ele quem ensina e não o game ou qualquer outra tecnologia.
Considerações finais
No Jogar despretensiosamente pode-se avaliar o engajamento e fatores
como diversão e imersão até “zerar o game” e, quando jogamos novamente, por meio
de atividades gamificadas, joga, elementos pertinentes as traduções das metáforas
geradas pelo game se tornam foco da atenção. Estas possibilidades para o ensino de
frações, por exemplo, emergem das traduções das metáforas que são propiciadas pe-
las atividades gamificadas, com a mediação do professor. Logo, torna-se importante
que, nas atividades gamificadas, se façam anotações quanto aos levels, screenshots e
pequenos vídeos do gameplay que registrem as significações dos jogadores.
A abordagem que usa o computador como meio para transmitir a informação ao
aluno mantém a prática pedagógica vigente. Na verdade, a máquina está sendo
usada para informatizar os processos de ensino existentes. Isso tem facilitado a
implantação do computador nas escolas, pois não quebra a dinâmica tradicional
já adotada. (Valente, 1999, p. 12)
18
Muitos países estão proibindo o uso de celulares em sala de aula. É importante ressaltar que o uso
indiscriminado (sem discriminação, distinção ou proposta; incontrolado, confuso), precisa ser revisto,
afinal o celular “não ensina”.
100
Ciranda de Saberes
Agradecimentos
A Ululab, na pessoa de Rami Nuseir, Marketing Director, por disponibilizar
e orientar como instalar o game Math Makers gratuitamente, criando uma “sala de
aula”. A Unesp, pela oportunidade de realizar um postdoc, pelo incentivo à pes-
quisa, extensão e a formação contínua. A amiga Profa. Dra. Rosa Monteiro Paulo,
que se revelou uma grande jogadora ao abraçar o tema dos games em seus espaços
de ensino, pesquisa e extensão. Ao Prof. Dr. Nelson Zagalo, coordenador do Digi-
Media da Universidade de Aveiro, por me receber e promover encontros e debates
que expandiram nossa pesquisa para o design de engajamento na sala de aula.
Referências
AARSETH, Espen. O Jogo da Investigação: Abordagens Metodológicas à Análise de Jogos.
Caleidoscópio, revista de comunicação e cultura, n. 4, p. 9 – 23, 2003. Disponível em
https://recil.ensinolusofona.pt/bitstream/10437/643/1/aarseth_jogoinvestiga-
cao_%231de1.pdf . Acesso em ago 2023.
101
Ciranda de Saberes
AARSETH, Espen. Computer Game Studies, Year One [online]. Game Studies, n. 1, 2001.
Disponível em http://www.gamestudies.org/0101/editorial.html
BEHR, Merlyn J.; LESH, Richard; POST, Thomas R.; SILVER, Edward A. Rational Num-
ber Concepts In LESH, Richard. & LANDAU, M. (Eds.), Acquisition of Mathematics
Concepts and Processes. New York: Academic Press, p. 91-125, 1983. https://www.resear-
chgate.net/profile/Edward-Silver-2/publication/258510439_Rational_number_con-
cepts/links/57598dc808aed884620b0d82/Rational-number-concepts.pdf
BRASIL, Ministério da Educação. BNCC: Base Nacional Comum Curricular. Brasília: Ministé-
rio da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2017. Disponível em: <http://basenacional-
comum.mec.gov.br/>.
CORTÉS, José Carlos; MARTÍNEZ, Karolyn. Aprender álgebra jugando: el caso del Dra-
gon Box. AMIUTEM, v. 9, n. 1, p. 47-56, 2021.
D’AMBROSIO, Ubiratan. Que matemática deve ser aprendida nas escolas hoje? Telecon-
ferência no Programa PEC – Formação Universitária, patrocinado pela Secretaria de Edu-
cação do Estado de São Paulo, 27 jul 2002. Disponível em <http://vello.si-
tes.uol.com.br/aprendida.htm>. Acesso em 06 mai 2009.
FIRME, Ingrid Cordeiro; TONEIS, Cristiano Natal; PAULO, Rosa Monteiro. O game Dra-
gonBox Elements como uma introdução a conceitos da Geometria Plana. In: VII Congresso
Internacional de Ensino de Matemática, 2017. Disponível em http://www.conferencias.ul-
bra.br/index.php/ciem/vii/paper/viewFile/7662/3810 . Acesso em ago 2023.
102
Ciranda de Saberes
GEE, James Paul. Games for learning. Educational Horizons, v. 91, n. 4, p. 16-20, 2013.
GEE, James Paul. Learning and games. The ecology of games: Connecting youth, games,
and learning, v. 3, p. 21-40, 2008.
GEE, James Paul. Good video games+good learning: Collected essays on video games,
learning, and literacy. New York: P. Lang, 2007.
GIBBS, Pamela Sveitlana. Game based learning: The effects of dragonBox 12+ on algebraic
performance of middle school students. University of Baltimore, 2020.
HUIZINGA, Johan. Homo Ludens: o jogo como elemento da cultura. Tradução João Paulo
Monteiro. 2. ed. São Paulo: Perspectiva, 1990.
JUUL, Jesper. The art of failure: An essay on the pain of playing video games. MIT press,
2013.
JUUL, Jesper. The Open and the Closed: Games of Emergence and Games of Progression.
In: DiGRA International conference – Computer Games and Digital Cultures conference -
CGDC Conf.. Frans Mäyrä. Tampere: Tampere University Press, 2002. Disponível em
http://www.digra.org/wp-content/uploads/digital-library/05164.10096.pdf . Acesso em
ago 2023.
KIEREN, Thomas E. Personal knowledge of rational numbers: Its intuitive and formal de-
velopment. Number concepts and operations in the middle grades, p. 162-181, 1988.
Litster, K., Lommatsch, C. W., Novak, J. R., Moyer-Packenham, P. S., Harmon, M. J., Rox-
burgh, A. L., & Bullock, E. P. The role of gender on the associations among children’s atti-
tudes, mathematics knowledge, digital game use, perceptions of affordances, and achieve-
ment. International Journal of Science and Mathematics Education, v. 19, p. 1463-1483,
2021.
MCGONIGAL, Jane. A Realidade em Jogo: por que os jogos nos tornam melhores e como
eles podem mudar o mundo. Tradução de Eduardo Rieche do original Reality is Broken.
Rio de Janeiro: Best Seller LTDA, 2012.
103
Ciranda de Saberes
MURRAY, Janet H. Toward a cultural theory of gaming: Digital games and the co-evolu-
tion of media, mind, and culture. Popular Communication, v. 4, n. 3, p. 185-202, 2006.
NOVAES, Barbara Winiarski Diesel; PINTO, Neuza Bertoni. Estudos recentes sobre fra-
ções no campo da História da Educação Matemática: avanços e desafios. Revista de Ensino
de Ciências e Matemática, [S. l.], v. 12, n. 5, p. 1–20, 2021. DOI: 10.26843/ren-
cima.v12n5a09.https://revistapos.cruzeirodosul.edu.br/index.php/rencima/arti-
cle/view/3081
PAPERT, Seymour. Mindstorms: Children, Computers and Powerful Ideas. New York:
Basic Books, 1980. No Brasil traduzido como Logo: Computadores e Educação. 1985.
SANTOS, Caroline; MONTEIRO, Rosa; ABRÃO, Jonatha. DragonBox Algebra 12+: uma
experiência com alunos do sétimo ano. Educação Matemática Em Revista, v. 26, n. 72, p.
39-57, 2021.
SIEW, Nyet Moi; GEOFREY, Jolly; LEE, Bih Ni. Students’ algebraic thinking and attitudes
towards algebra: the effects of game-based learning using Dragonbox 12+ App. The Re-
search Journal of Mathematics and Technology, v. 5, n. 1, p. 66-79, 2016.
TONEIS, Cristiano Natal; PAULO, Rosa Monteiro. Games no Ensino de Matemática: Pro-
postas e Desafios. In SILVEIRA, Jader Luís da (org.). Educação em partes: Estudos e Inves-
tigações. – Formiga (MG): Editora Uniesmero, 2023. DOI:10.5281/zenodo.8096393
TONEIS, Cristiano Natal; PAULO, Rosa Monteiro. O game DragonBox 12+ e o papel das
metáforas em sala de aula para o ensino da álgebra escolar. Revista Brasileira de Ensino de
Ciência e Tecnologia – RBECT, v. 12, n. 1, 2019.
104
Ciranda de Saberes
TONÉIS, Cristiano N. Criando e Articulando Desafios nos Jogos digitais: Puzzles; tasks e
quests. In: LEMES, David de Oliveira Lemes (Org.). Level design, jogabilidade e narrativa
para games. São Paulo: Editora C0D3S, 2018.
105
DESENVOLVIMENTO REGIONAL SUSTENTÁVEL NA
AMAZÔNIA MARANHENSE (1990-2010): RELAÇÃO
ENTRE OS EFEITOS ECONÔMICOS E OS IMPACTOS
SOCIOAMBIENTAIS DA EXPANSÃO DA FRONTEIRA
AGRÍCOLA NA REGIÃO NORTE/BRASIL:
PROJETO DE PESQUISA
Introdução
A presente proposta situa-se na área de Economia Regional e enfatiza os
efeitos econômicos e os impactos socioambientais da expansão da fronteira agro-
pecuária na dinâmica regional da agricultura brasileira. A pesquisa está delimitada
temporalmente ao período 1990- 2010 e, espacialmente, ao território da Amazônia
Maranhense, especialmente o Sudoeste e o Sul Maranhense. Considera-se que os
espaços de ocorrência da expansão da fronteira agrícola são geralmente analisados
sobre o prisma das políticas de incentivos e no contexto de cada unidade da fede-
ração, sem uma conexão analítica maior do processo de desconcentração produ-
tiva regional com a dinâmica de inserção externa das regiões rurais após 1990.
A Amazônia Maranhense compreende as sub-regiões sudoeste e sul do
Estado do Maranhão entrelaçadas pela bacia do Araguaia-Tocantins. Esta é uma
região que possui diversos pólos de desenvolvimento e se tornou palco de disputas
fundiárias mais intensas desde os anos 1970. Geograficamente, o território mara-
nhense pré-amazônico é parte da Amazônia Legal, constituindo-se como fron-
teira-limite da sua parte Oriental. E tem em sua abrangência, o cerrado, a zona da
chapada e a floresta. É do ponto de vista econômico um importante pólo de desen-
volvimento, cuja infra-estrutura recebeu R$ 3,6 bilhões em investimentos do Go-
verno Federal, dentro do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), direci-
onados à Usina Hidrelétrica de Estreito (UHE), para exploração e aproveitamento
hidrelétrico no Rio Tocantins entre os Estados do Tocantins e Maranhão, empre-
gando cerca de cinco mil trabalhadores diretos e dezesseis mil indiretos. Além do
que, constitui-se numa fronteira de expansão ou de entrada para a Região Norte
do país e, como tal, pressiona constantemente a base de recursos naturais.
1
Jessé Gonçalves Cutrim é professor no Centro de Ciências Humanas Sociais e Letras da Universidade
Estadual da Região Tocantina do Maranhão em Imperatriz - MA. Professor do ensino básico na rede
estadual do Maranhão na área de Ciências Humanas: História, Geografia, Sociologia e Filosofia por
mais de três décadas. Licenciado em Estudos Sociais e História e mestre Desenvolvimento e Planeja-
mento Territorial e mestre em Ciências da educação.
Ciranda de Saberes
107
Ciranda de Saberes
Hipóteses
Trabalha-se a hipótese segundo a qual o caráter itinerante da agricultura
brasileira foi reiterado no período 1990-2008 e isto se deveu a dois conjuntos de
fatores: a mudança na natureza do processo de desconcentração produtiva regio-
nal e a maior internacionalização da produção agropecuária. Os desdobramentos
do processo de uma desconcentração produtiva rebatem sobre o padrão de urba-
nização das regiões fronteira, aprofundando as heterogeneidades socioespaciais, e
a internacionalização da produção agropecuária reforça o processo de expropria-
ção ambiental do território, aumentando a pressão sobre a base de recursos natu-
rais da Amazônia Brasileira.
Na Amazônia Maranhense, em especial, os efeitos da expansão da fronteira
agrícola sobre território passou a constituir-se numa nova “retaguarda rural” do
crescimento do mercado internacional de commodities agrícolas, promovendo meca-
nismos de incentivo econômico ao avanço da fronteira, independentemente dos for-
tes condicionantes socioambientais existentes na Região Norte concernentes ao bi-
oma amazônico e limitando as alternativas de desenvolvimento dirigidas à parcela
da população econômica e socialmente mais vulnerável, ao encorajar a redução da
biodiversidade no subespaço regional da pré-amazônia maranhense. Isto se confi-
gura como algo particularmente mais preocupante na Região Norte do país, pela
presença de um bioma, o amazônico, estratégico para o futuro e de outro bioma, o
cerrado, mais intensamente degradado e com forte expectativa de exploração eco-
nômica no presente. Afirma-se, portanto, que em áreas de expansão da fronteira
agrícola marcadas, como na Amazônia Maranhense, pela transição dos biomas do
cerrado e amazônico, os efeitos dos incentivos econômicos gerados causam impac-
tos socioambientais mais dramáticos e duradouros para a Região Norte.
Fundamentação da pesquisa
Dado que, a partir dos anos de 1990, a desconcentração produtiva regio-
nal e as mudanças advindas com a maior internacionalização das estruturas pro-
dutivas regionais passaram a requer um maior peso setorial da agricultura, um dos
mais importantes efeitos foi o prevalecimento das escalas seletivas do território
em detrimento da escala nacional. Nesse processo, a dinâmica mais virtuosa da des-
concentração produtiva, isto é, via mecanismos regionais de incentivo articulados
ao desempenho da indústria nacional, passou a ser problemática ao privilegiar as
especializações produtivas regionais e incentivar, livremente, seu acesso ao mer-
cado internacional de commodities, sem que houvesse um conjunto de contraparti-
das previamente determinado como, por exemplo, a imposição de limites à escala
de apropriação-exploração-degradação do território.
A desconcentração produtiva, iniciada nos anos de 1970, teve efeitos po-
sitivos para o restante do país, a periferia nacional, em comparação com São Paulo,
108
Ciranda de Saberes
109
Ciranda de Saberes
Objetivos
GERAL: Conhecer os limites à escala do crescimento da exploração da
fronteira agropecuária na Amazônia Maranhense, analisando-os sob um horizonte
estratégico para o Desenvolvimento Regional Sustentável da Região Norte do Brasil.
Específicos:
- Descrever os efeitos econômicos e os impactos socioambientais da expansão
da fronteira agropecuária na Amazônia Maranhense;
- Discutir a questão ambiental, mais especificamente as definições do Código
Florestal Brasileiro quanto ao tamanho da reserva legal vis-à-vis a necessidade
de desempenho econômico e de conservação ambiental dos recursos naturais da
Amazônia, através da formação de grupos focais;
- Apresentar um diagnóstico circunstanciado sobre os principais efeitos econô-
micos do crescimento da exploração agropecuária e o grau de intensidade/ex-
tensividade na exploração dos recursos naturais na fronteira maranhense pré-
110
Ciranda de Saberes
111
Ciranda de Saberes
Metodologia
A metodologia nortear-se-á pela caracterização dos fatores que explici-
tem a evolução das heterogeneidades socioespaciais na Amazônia Maranhense,
buscando evidenciar os efeitos econômicos e impactos socioambientais da expan-
são da fronteira agrícola para o período mais recente (1990-2010). Nesse sentido,
a pesquisa se desdobrará em três fases: levantamento de dados secundários, pes-
quisa de campo e diagnóstico.
112
Ciranda de Saberes
113
Ciranda de Saberes
114
Ciranda de Saberes
Plano de trabalho
Considerar-se-á, para efeito de planejamento da pesquisa, a adoção de
períodos mensais, compreendendo as três etapas principais descritas acima:
- LEVANTAMENTO DE INFORMAÇÕES SECUNDÁRIAS: duração
de um mês, quando se prevê a realização mais descritiva da pesquisa, ou seja, a sua
caracterização geral com base nos levantamentos e organização de dados estatís-
ticos em órgãos oficiais em âmbito nacional e regional e os primeiros contatos com
os informantes-chaves;
- PESQUISA DE CAMPO: duração de um mês, quando se prevê o plane-
jamento da pesquisa com a montagem do roteiro de viagens e a aplicação do Mé-
todo de Grupo Focal, tal como descrito anteriormente, previstos para quatro mu-
nicípios mais representativos da situação geral da expansão da fronteira agrope-
cuária na Amazônia Maranhense;
- DIAGNÓSTICO: duração integral, de três meses, quando se prevê a
confecção de análise-síntese das entrevistas, a elaboração dos cruzamentos com
base nas informações quantitativas e qualitativas e a consolidação das análises
num paper de 40 páginas, que descreverá os efeitos econômicos e impactos socio-
ambientais da expansão da fronteira agropecuária na Amazônia Maranhense,
apontando os vetores de pressão econômica sobre os recursos naturais da Região
Norte localizados no território maranhense pré-amazônico.
CRONOGRAMA DE ATIVIDADES
I INFORMAÇÕES SECUNDÁRIAS
(a caracterização)
115
Ciranda de Saberes
Referências
BALSADI, Otávio. O mercado de trabalho assalariado na agricultura brasileira e suas dife-
renciações regionais no período 1992-2004. São Paulo: HUCITEC, 2008
BECKER, Bertha. Uma Nova Regionalização para Pensar o Brasil. In: LIMONAD, E.,
HAESBAERT R., MOREIRA, R. (Org.) Brasil Século XXI – Por uma nova regionalização?
Agentes, processos, escalas. Rio de Janeiro, Marx Limonad, 2004. p.11-27.
CANO, Wilson (2002). Ensaios sobre a formação econômica regional do Brasil. Campi-
nas, SP: Editora da Unicamp, 2002.
CANO, Wilson. Desconcentração produtiva regional do Brasil 1979-2005. São Paulo: Edi-
tora UNESP, 2008.
FLÁVIO PINTO, Lúcio. Amazônia: no rastro do saque. São Paulo: Hucitec, 1980.
MERTON, R.K., FISKE, M. & KENDALL, P. L. (1956) The Focused Interview: A Manual of
Problems and Procedures. Second Edition. New York: Free Press, 1990. 200 p.
116
Ciranda de Saberes
VAGNER, Alfredo. A Ocupação da Amazônia Oriental. In: A Amazônia Brasileira em Foco. Rio
de Janeiro: CNDDA, jan-jun., n. 22, 1994.
117
O CURRÍCULO DO ENSINO MÉDIO INTEGRADO
À EDUCAÇÃO PROFISSIONAL FRENTE
À REFORMA DO ENSINO MÉDIO
Introdução
As transformações sociopolíticas ocorridas na sociedade brasileira não
estão afastadas das questões educacionais, demandando discussões acerca do en-
sino que é ofertado. Estas reflexões devem abarcar questionamentos sobre as pro-
postas que delineiam-se para a educação, trazendo para o debate o legado político-
cultural que pretende validar o domínio que revela-se na atualidade.
Durante os últimos anos, o cenário brasileiro foi marcado por um governo
caracterizado pela retirada de direitos, além da busca de um ensino conservador
isento de pensamento crítico. Ainda surgiram, neste período, diferentes denúncias
de corrupção e foi neste contexto que articularam-se diversos movimentos de re-
sistência a este projeto neoliberal e, também, à desmoralização política presente
na sociedade brasileira.
Ainda que, com o advento das eleições presidenciais no país, tenham
acontecido mudanças no campo político, a Educação Profissional também sofreu
os impactos desses acontecimentos. Ao longo da história, esta modalidade de en-
sino, que teve seu surgimento vinculado ao ensino de ofícios aos pobres, foi utili-
zada, durante mais de 100 anos, como aparelho ideológico reprodutor do Estado,
em busca de mão de obra barata (FRANÇA et al., 2010).
O Ensino Médio Integrado com a Educação Profissional foi possível atra-
vés do Decreto nº 5.154/2004 e, direcionado para a formação integral, elevou o ní-
vel da educação pública brasileira (FRANÇA et al., 2010). Apesar da Reforma do
Ensino Médio, Lei nº 13.415/2017, não trazer nenhuma referência ao Ensino Médio
1
E-mail: [email protected]
2
E-mail: [email protected]
3
E-mail: [email protected]
4
E-mail: [email protected]
5
E-mail: [email protected]
6
E-mail: [email protected]
Ciranda de Saberes
119
Ciranda de Saberes
120
Ciranda de Saberes
121
Ciranda de Saberes
122
Ciranda de Saberes
123
Ciranda de Saberes
Assim sendo, para Ramos e Frigotto (2017, p. 44-45), a oposição aos fe-
nômenos políticos atuais deve traduzir-se em lutas em prol do “[...] restabeleci-
mento do Estado de Direito, que está camuflado pela judicialização da política e
pela politização do judiciário, e lutas do conhecimento no âmbito específico da
educação”. Ramos (2017) orienta que a contraposição ultrapasse a contestação,
pois entende a necessidade de especificar as contradições que a Reforma do En-
sino Médio impõe juridicamente à normativa educacional.
Para ela, apenas a oposição organizada, sustentada por fundamentos
ético-políticos e por ações de objeção ativa, que compreendam diversos cenários,
podem fazer frente ao movimento conservador que se anuncia no discurso neoli-
beral adotado para privilegiar o capital em detrimento dos direitos sociais e que
ocasiona injustiças e desigualdades para a sociedade (RAMOS, 2017). Saviani
124
Ciranda de Saberes
Conclusão
A sociedade brasileira tem sido impactada por um quadro político con-
servador, cujas propostas têm influenciado diretamente na educação. Os reflexos
de suas proposituras direcionam a Educação Profissional para a atenção aos inte-
resses do modo capitalista de produção.
Para que isso aconteça, os projetos para a formação buscam despir a edu-
cação de criticidade, aspecto que pode ser observado na Reforma do Ensino Mé-
dio. A Lei nº 13.415/2017 representa um retrocesso que, por meio de seus disposi-
tivos, impede que os discentes tenham acesso à educação integral e, consequente-
mente, ao trabalho complexo.
Além disso, entre seus nefastos aspectos, a referida reforma, reedita a
ação docente através do notório saber, bem como possibilita o financiamento pú-
blico para a oferta privada de educação e de cursos à distância. Completando este
quadro, a educação proposta se fundamenta no desenvolvimento de competências
e de habilidades socioemocionais, de forma a favorecer a aquisição de qualidades
para o desempenho profissional.
E, ante a avalanche de críticas, houve a imposição de uma orientação per-
meada por uma ideologia que traz novos elementos que reconfiguram a educação.
Consequentemente, o ensino técnico integrado ao Ensino Médio acaba prejudi-
cado pela possibilidade da retirada de estratégias pedagógicas que levem à com-
preensão do processo social e da historicidade do trabalho.
Da mesma maneira, a escola acaba perdendo um pouco de seu sentido
fundamental, passando a ser objeto de defesa dos profissionais da educação. A au-
sência de diálogo, em busca de mediar as contradições postas à educação, leva edu-
cadores a um processo de resistência.
Entende-se que somente através de uma oposição ativa, contextualizada
e instrumentalizada por aspectos metodológicos e ético-políticos, se possa trans-
cender as extensões presentes neste contexto para deter a onda de conservado-
rismo. Neste sentido, os profissionais da educação buscam a leitura crítica da rea-
lidade, expondo-a, em busca de participação popular que fortaleça o movimento e
a cuja militância organizada faça com que haja o retrocesso das incoerências.
125
Ciranda de Saberes
Referências
ARAÚJO, Adilson César; SILVA, Cláudio Nei Nascimento da; IFB, Instituto Federal de
Brasília. Introdução: Ensino médio integrado: uma formação humana, para uma sociedade
mais humana. In: Ensino médio integrado no Brasil: fundamentos, práticas e desafios.
Brasília: Ed. IFB, p. 20-43, 2017. Disponível em: <https://www.researchgate.net/pro-
file/Claudio_Silva43/publication/320288561_Ensino_medio_integrado_no_Brasil_funda-
mentos_praticas_e_desafios/links/59f0f7020f7e9beabfca463d/Ensino-medio-integrado-
no-Brasil-fundamentos-praticas-e-desafios.pdf#page=20> Acesso em: 28 ago. 2023.
DOMINGUES, José Juiz; TOSCHI, Nirza Seabra; OLIVEIRA, João Ferreira. A reforma do
Ensino Médio: A nova formulação curricular e a realidade da escola pública. Revista Edu-
cação & Sociedade, ano XXI, nº 70, abril/2000. Disponível em: <http://www.sci-
elo.br/pdf/es/v21n70/a05v2170> Acesso em: 15 ago. 2023.
FRANÇA, Magna et al. Políticas de educação profissional técnica e de ensino médio no Bra-
sil: a implementação no CEFET-RN (1998-2008), 310 f. Tese (Doutorado em Educação)
UFRN, 2010. Disponível em: <http://repositorio.ufrn.br:8080/jspui/bit
stream/123456789/14324/1/UlisseiaAP_TESE.pdf> Acesso em: 13 ago. 2023.
FRIGOTTO, Gaudêncio. Escola “sem” partido: esfinge que ameaça a educação e a socie-
dade brasileira. Rio de Janeiro: UERJ/LPP, 2017. Disponível em: <http://ifg.edu.br/attach-
ments/article/7536/A%20g%C3%AAnese%20das%20teses%20do%20Escola%20sem
%20Partido%20esfinge%20e%20ovo%20da%20serpente%20que%20amea%C3%A7
am%20a%20sociedade%20e%20a%20educa%C3%A7%C3%A3o%20%E2%80%93%
20Gaud%C3%AAncio%20Frigotto.pdf> Acesso em 22 ago. 2023.
126
Ciranda de Saberes
GONDIM, Sônia Maria Guedes; MORAIS, Franciane Andrade de; BRANTES, Carolina
dos Anjos Almeida. Competências socioemocionais: fator-chave no desenvolvimento de
competências para o trabalho. Revista Psicologia, Organizações e Trabalho, Florianópo-
lis, v. 14, n. 4, p. 394-406, 2014. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/sci-
elo.php?script=sci_arttext&pid=S1984-66572014000400006&lng=pt&nrm=iso> Acesso
em: 29 ago. 2023.
MOTTA, Vânia Cardoso da; FRIGOTTO, Gaudêncio. Por que a urgência da Reforma do
Ensino Médio? Medida Provisória nº 746/2016 (Lei nº 13.415/2017). Revista Educação &
Sociedade [online] 2017. Disponível em: <http://colpos.redalyc.org/arti-
culo.oa?id=87351644006> Acesso em: 29 ago. 2023.
RAMOS, Marise Nogueira. O currículo para o Ensino Médio em suas diferentes modalida-
des: concepções, propostas e problemas. Revista Educação & Sociedade, v. 32, n. 116, 2011.
Disponível em: <http://www.redalyc.org/pdf/873/87320975009.pdf> Acesso em: 29 ago.
2023.
______. Ensino Médio Integrado: lutas históricas e resistências em tempos de regressão. In:
ARAÚJO, Adilson César; SILVA, Cláudio Nei Nascimento da. Ensino médio integrado
no Brasil: fundamentos, práticas e desafios. Brasília: Editora IFB, p. 20-43, 2017. Disponível
em: <https://www.researchgate.net/profile/Claudio_Silva43/publication/320288561_En-
sino_medio_integrado_no_Brasil_fundamentos_praticas_e_desa-
fios/links/59f0f7020f7e9beabfca463d/Ensino-medio-integrado-no-Brasil-fundamentos-
praticas-e-desafios.pdf#page=20> Acesso em: 28 ago. 2023.
RAMOS, Marise Nogueira; FRIGOTTO, Gaudêncio. Resistir é preciso, fazer não é preciso:
as contrarreformas do Ensino Médio no Brasil. Cadernos de Pesquisa em Educa-
ção, v. 22, n. 46, p. 26-47, 2017. Disponível em: <http://www.periodicos.ufes.br/educa-
cao/article/view/19329> Acesso em: 22 go. 2023.
127
Ciranda de Saberes
RIBEIRO, Mônica. A Medida Provisória 746 e o Ensino Médio em migalhas. Revista Brasil
de Fato, Curitiba, 2016. Apud SILVA, Karen Cristina Jensen Ruppel da; BOUTIN, Aldi-
mara Catarina. Novo Ensino Médio e educação integral: contextos, conceitos e polêmicas
sobre a reforma. Revista Educação (UFSM), v. 43, n. 3, p. 521-534, 2018. Disponível em:
<https://periodicos.ufsm.br/reveducacao/article/view/30458> Acesso em: 20 ago. 2023.
SANTOS, Joedson Brito dos; OLIVEIRA, Angelita Almeida de. Pacto Nacional pelo Forta-
lecimento do Ensino Médio no contexto das ações, políticas e programas para o jovem bra-
sileiro. Revista Espaço do Currículo, v. 10, n. 3, 2017. Disponível em: <http://periodi-
cos.ufpb.br/index.php/rec/article/view/rec.v10i3.31618> Acesso em: 29 ago. 2023.
SAVIANI, Dermeval. História das ideias pedagógicas no Brasil. 4. ed. Campinas: Autores
Associados, 2013.
______. A lei da educação (LDB): trajetória, limites e perspectivas. 13. ed. rev., atual. e ampl.
Campinas: Autores Associados, 2016.
______. Política educacional no Brasil após a ditadura militar. Revista HISTEDBR On-line,
v. 18, n. 2, p. 291-304, 2018. Disponível em: <https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/in-
dex.php/histedbr/article/view/8652795> Acesso em: 25 ago. 2023.
SILVA, Karen Cristina Jensen Ruppel da. Concepções que orientam atual agenda de edu-
cação integral no Brasil: uma análise de cadernos do “Programa Mais Educação”. 180 f. Dis-
sertação (Mestrado em Educação) – Universidade Estadual de Ponta Grossa. Ponta
Grossa, 2016. In: SILVA, Karen Cristina Jensen Ruppel da; BOUTIN, Aldimara Catarina.
Novo Ensino Médio e educação integral: contextos, conceitos e polêmicas sobre a reforma.
Revista Educação (UFSM), v. 43, n. 3, p. 521-534, 2018. Disponível em: <https://periodi-
cos.ufsm.br/reveducacao/article/view/30458> Acesso em: 20 ago. 2023.
SILVA, Karen Cristina Jensen Ruppel da; BOUTIN, Aldimara Catarina. Novo Ensino Mé-
dio e educação integral: contextos, conceitos e polêmicas sobre a reforma. Revista Educa-
ção (UFSM), v. 43, n. 3, p. 521-534, 2018. Disponível em: <https://periodicos.ufsm.br/reve-
ducacao/article/view/30458> Acesso em: 20 ago. 2023.
SILVA, Mônica Ribeiro da; SCHEIBE, Leda. Reforma do Ensino Médio: pragmatismo e ló-
gica mercantil. Revista Retratos da Escola, v. 11, n. 20, p. 19-31, 2017. Disponível em: <retra-
tosdaescola.emnuvens.com.br/rde/article/download/769/721> Acesso em: 26 ago. 2023.
128
Ciranda de Saberes
TONET, Ivo. Educação, cidadania e emancipação humana. 2. ed. Maceió: Edufal, 2013.
Apud SILVA, Karen Cristina Jensen Ruppel da; BOUTIN, Aldimara Catarina. Novo En-
sino Médio e educação integral: contextos, conceitos e polêmicas sobre a reforma. Revista
Educação (UFSM), v. 43, n. 3, p. 521-534, 2018. Disponível em: <https://periodi-
cos.ufsm.br/reveducacao/article/view/30458> Acesso em: 20 ago. 2023.
129
ORIENTADOR(A) EDUCACIONAL:
PEÇA FUNDAMENTAL NA ESCOLA
Considerações Iniciais
A escola pública brasileira tem inúmeros personagens que merecem ter
destaque garantido: o discente, por ser o “objeto” de nossa existência; o docente,
dotado de saberes os quais devem ser a pauta permanente de reflexão, discussão e
compreensão por parte dos atores do processo de ensino e aprendizagem; gesto-
res, que fazem caminhar administrativa e pedagogicamente a instituição e o pro-
cesso de ensino e aprendizagem; coordenadores e supervisores, responsáveis por
todo o movimento que envolve a aprendizagem e o estudante diretamente, ou seja,
fazem a máquina educacional funcionar, de forma a alcançar os objetivos traçados
pela instituição e as metas educacionais nacionais e internacionais para o sistema
educacional; equipe administrativa, que trata da funcionalidade do ambiente - es-
crituração, limpeza e alimentação, por exemplo - dentre outros personagens.
Contudo, cada uma destas funções trabalha em sua ação específica, direci-
onando seus esforços a uma das subdivisões dentro de uma instituição escolar. To-
davia, um personagem na instituição tem perfil diferenciado dos demais: ele per-
passa entre as relações interpessoais, trabalha com todas as categorias presentes na
instituição, extrapola o universo da escola fazendo a mediação com outros espaços
públicos e privados ou seja, atua com toda a comunidade escolar e para além desta.
Este personagem multifacetado é o especialista em orientação educacional.
Compreende-se por especialista em orientação educacional como sendo
o profissional dinâmico e diferenciado cujo campo de atuação percorre todos os
espaços da instituição; é o servidor responsável por desenvolver propostas que vi-
abilizem a formação discente no que tange, tanto à aprendizagem científica,
quanto à vida fora dos muros da escola; é o profissional que infere em momentos
de conflitos, trabalha temáticas importantes, tanto no desenrolar das relações in-
terpessoais na instituição entre os diferentes segmentos, quanto às temáticas so-
ciais que possam auxiliar e/ou prejudicar o processo de ensino e aprendizagem,
atuando diretamente em seu contexto e atuação social, além de estabelecer a me-
diação entre escola, o conhecimento, estudantes e/ou responsáveis legais por estes
discentes e outras instituições. Para além, entende-se que o especialista em orien-
tação educacional precisa prezar pela dialogicidade, comprometendo-se com a
formação dos discentes sob a perspectiva de se tornarem cidadãos ativos na soci-
edade, na busca de um país mais justo e equânime, como podemos destacar nas
palavras de Freire (1983, p. 77):
Ciranda de Saberes
131
Ciranda de Saberes
132
Ciranda de Saberes
133
Ciranda de Saberes
134
Ciranda de Saberes
era emergencial, e ainda hoje o é no Distrito Federal - local em que o poder execu-
tivo de nosso país está localizado e a cidade em questão faz parte das diversas re-
giões administrativas que circundam a capital do país - por não conseguir suprir
a carência de moradia da região.
Entretanto, mesmo sendo uma escola de periferia, todas as demandas por
materiais e recursos demandados pela orientação educacional à época, a equipe
gestora buscava disponibilizar, para que o trabalho não perdesse em qualidade
para seus estudantes. Materiais de escritório, criação de materiais didático-peda-
gógicos, computador, sala com mobília adequada e outros tantos cuidados que é
necessário para o atendimento aos estudantes, responsáveis, professores(as) e
gestores(as), caso seja necessário foi disponibilizado a contento.
Digo isto porque é necessário compreender as nuances do caso, detalhes
que vão mostrar a necessidade de informar, mas também acolher a comunidade
escolar, de trabalhar passo a passo a situação visando auxiliar no enfrentamento
da situação. A experiência que vamos dividir com você, leitor, é uma situação an-
gustiante, conflitiva e complicada para toda a sociedade naquele momento: o en-
frentamento do luto.
No momento da pandemia, enquanto escola, foi preciso nos reinventar-
mos buscando compreender a perda de um colega muito presente nas ações peda-
gógicas da escola. Se para toda a comunidade escolar foi difícil entender a perda,
vivenciar o luto, para a orientação educacional foi ainda mais desafiador, pois pre-
cisou buscar superar a dor vivenciada no coletivo para buscar nas diversas teorias
que tratam do tema - psicanálise psicologia e mesmo em livros de autoajuda - sub-
sídios para informar, acolher, escutar e tratar de superar esta demanda.
A minha atuação na instituição estava restrita ao turno noturno. Naquele,
entretanto, atendíamos aos estudantes do ensino médio regular e 3° segmento da
EJA - Educação de Jovens e Adultos. Após este ano, o atendimento escolar na ins-
tituição se ampliou, e a escola passou a atender os três segmentos da EJA, além do
ensino médio regular.
Acabávamos de passar pelo apagar do ano de 2020, ano da tragédia mundial,
em que vivemos a primeira fase de infestação por Sars-covid 19. Este foi o momento
mais crítico, que obrigou a sociedade a paralisar totalmente várias atividades, inclu-
sive, as educacionais. Era necessário mantermo-nos em nossas casas, buscarmos infor-
mações sobre prevenção, cuidados e, mediante tantas informações inverídicas que di-
ficultavam a compreensão acerca da doença e os cuidados medicamentosos estavam
em fase de testagem, conviver com tantas dúvidas, incertezas e perdas.
Algum tempo depois do início da contaminação e com a apresentação de
números alarmantes de mortes no mundo inteiro, de alguma maneira a educação
precisava se reinventar e voltar a acontecer. Profissionais que até então ministra-
vam aulas nas salas presenciais iniciaram um fazer pedagógico diferente: a sala
agora era virtual, as atividades precisavam ser postadas, o tête à tête já não existia
no dia a dia educacional. O momento era de fazer um atendimento educacional
online, novidade para nós, profissionais e também para os estudantes, quase todos,
migrantes digitais.
135
Ciranda de Saberes
136
Ciranda de Saberes
como enfrentá-lo, a necessidade de cada um, à sua maneira, perpassar por todas as
fases, deixando fluir a tristeza e vivendo-a para transcendê-la, afinal, cada um tem
seu tempo de luto a viver.
Foi preciso compreender, e tornar compreensível aos demais que a inten-
sidade, o tempo que durará o luto e a ordem em que cada fase aparecerá para cada
pessoa varia, devido à subjetividade e situações vivenciadas por cada enlutado.
Voltando à situação na instituição, a comoção diante do fato foi total: co-
mentários carinhosos, respeitosos, saudades e até chateação, devido aos poucos,
mas necessários momentos de disciplina aplicados por Jader a alguns estudantes.
Para tratar do assunto e das vicissitudes posteriores, foi necessário fazer
um vídeo, tanto homenageando o colega, quanto anunciando a tragédia que se aba-
teu sobre a instituição. Para além, foi feito um infográfico para conhecimento de
todos(as) conseguinte às fases do luto que, segundo Kubler-Ross (1996) são:
1. a negação do fato e isolamento do enlutado;
2. a raiva pelo evento traumático; a barganha quanto ao negociar seus medos di-
ante da perda iminente;
3. a depressão preparatória e reativa, em que o enlutado perde algo e, posterior-
mente, segue repensando sobre sua vida e, por fim,
4. a aceitação, momento que expressamos com mais tranquilidade, emoções e
sentimentos. É um desabrochar para seguir em frente.
Todo este material foi postado nas salas das disciplinas cursadas pe-
los(as) discentes, para além de disponibilizá-los nos grupos de whatsapp, salas
virtuais do Serviço de Orientação Educacional - SOE - e divulgado amplamente
entre professores(as), servidores(as) e estudantes. Contudo, algumas pessoas
ainda necessitaram de um atendimento mais personalizado, no SOE, através de
uma escuta ativa e sensível da orientadora, com intervenções pontuais para que a
comunidade escolar pudesse seguir em frente naquele momento de retorno ao
convívio social na instituição.
Palavras finais
A perda de alguém, seja um parente, amigo ou colega nunca é fácil de su-
perar, mas é preciso aprender a conviver com a falta e seguir em frente, abrindo a
caixinha das lembranças e guardando a pessoa com carinho.
É preciso ter consciência que cada um tem seu tempo para superar a dor,
que este tempo precisa ser respeitado por todos, que no ambiente educacional é
preciso refletir e atuar com amorosidade.
Faz-se necessário entender que cada fase do luto é um momento único,
que marca o emocional de cada envolvido na situação de formas e intensidades
diferentes, que não existe um começar e um terminar fixo para cada uma delas,
mas sim que estas fases se entrelaçam em dados momentos e seguem até que pos-
sam ser superadas.
137
Ciranda de Saberes
Referências
BRASIL. Lei n. 4.024, de 20 de dezembro de 1961. Fixa as Diretrizes e Bases da Educação
Nacional. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 27 dez. 1961. Disponível em:
https://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/1960-1969/lei-4024-20-dezembro-1961-353722-
publicacaooriginal-1-pl.html. Acesso em: 11 setembro 2023.
______. Lei n. 5.564, de 21 de dezembro de 1968. Provê sobre o exercício da profissão de ori-
entador educacional. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 24 dez. 1968. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/1950-1969/l5564.html. Acesso em: 11 setembro
2023.
138
Ciranda de Saberes
PORTO, O. Orientação educacional: teoria, prática e ação. Rio de Janeiro: Wak, 2009.
139
RESUMO APAC PARA SUBMISSÃOATUAÇÃO
DO SERVIÇO SOCIAL NO SISTEMA PRISIONAL
“ASSOCIAÇÃO DE PROTEÇÃO E ASSISTÊNCIA
AOSCONDENADOS – APAC” DO MUNICÍPIO DE
PATO BRANCO
Introdução
Este trabalho de pesquisa tem como objetivo analisar o Sistema
Prisional Apaqueano do município de Pato Branco e a atuação do profissional do
Serviço Social frente à essa “Expressão da Questão Social” sua origem e conceitos.
Foram realizadas visitas à APAC para maior entendimento.
Para fundamentar teoricamente, busca-se o período histórico da socie-
dade onde a ascensão capitalista teve por consequência o inchaço populacional,
tem-se advento da produção industrial, pessoas em busca de trabalho na cidade /
fábricas, causando aumento significativo desta população, resultando em situa-
ções precárias da classe subalternizada, diante disso ficando à margem da extrema
vulnerabilidade,em contrapartida apresenta a atuação do Assistente Social, que se
relacionaram nesteperíodo.
Dentro deste processo histórico temos o Serviço Social em defesa da
classe trabalhadora com a finalidade de reivindicar direitos sobre as situações pre-
cárias de miséria, higiene, moradias insalubres o pauperismo. Pessoas e quando
conseguiam emprego as jornadas de trabalho eram exaustivas e desumanas. Eram
poucas vagaspara muitas pessoas causando o inchaço populacional, pobreza, de-
semprego e emprego informal. Essas eram as situações que este público se encon-
trava e o Serviço Social começa sua intervenção. Entretanto a pesquisa bibliográ-
fica, oferece elementos para aprofundar.
Para responder o problema de pesquisa, busca-se teoricamente sobre Ex-
pressões da Questão Social: pobreza, criminalidade, sobre a divisão social do tra-
balho que manifestada pelo capitalismo, ocasionou falta de oportunidades resul-
tando em pobreza, na reflexão de situações degradantes que ocorreu, resultandona
criminalidade e transgressão. Primeiramente conceito de “Questão Social”,
1
Técnica em Enfermagem pelo CEPB (Colégio Estadualde Pato Branco); graduada em Serviço Social
pela UNINTER (Centro Universitário Internacional Uniniter), polo de São Lourenço Do Oeste/SC.
Atuante no CCCPB (Conselho da Comunidade da Comarca de Pato Branco/ Fórum Des. James Pinto
deAzevedo Portugal).
Ciranda de Saberes
141
Ciranda de Saberes
Na gênese o Serviço Social, profissão era vista como obra de caridade ofer-
tadapara amenizar as disfunções dos desajustados da sociedade, nesse mesmo pe-
ríodo de ascensão do capitalismo na transição do modo de produção em meio o ad-
vento darevolução industrial.
Eram muitas as demandas que surgiam, de fato que indústrias de modo
de produção não conseguiu contratar todas as pessoas que migraram em busca de
trabalho, fazendo com que aquelas que não obtiveram oportunidade ficassem à
mercê, sem casa, saneamento e sem subsídios, morando nas ruas ao redor das fá-
bricas, expandindo-se demograficamente em assentamentos irregulares sem pers-
pectiva de vida.
Entretanto a profissão começou a conhecer melhor as demandas da popu-
laçãoe da classe trabalhadora, uma vez que gerou muitas mazelas sociais nas quais
o Serviço Social começou intervir pela garantia de direitos destas pessoas.
Para tanto, conforme a autora, traz complemento ao conceito, pois abor-
dada omesmo contexto histórico, diferencia-se por fases da origem aos dias atuais,
manifestando-se desde a ascensão do processo industrial.
“A “Questão Social”, é um termo histórico e dinâmico, em que as particu-
laridades de cada contexto implicam suas mudanças”. (VIDIGAL, 2019. p.141)”.
Historicamente o Serviço Social se modificou, com estudos e apropri-
ando-se com clareza da perspectiva de Marx, foi se utilizando a crítico-dialética
com o intuito de explicar a questão social movida pela realidade, expressa a impo-
sição de pessoassendo manuseadas para acompanhar o “novo”, assim adaptar-se à
maneira dos meios de produção e nova sociedade administrada pela
burguesia. Porém, manifestando expressões e/ou mazelas advindas da ascensão
do capitalismo monopolista, como por exemplo a extração da mais-valia, originá-
rias desse período transitório, do processo histórico feudal para o fabril, causou da-
nos que até o presentemomento vivenciamos. São as “Expressões da Questão Social”
que significativamenteconhecemos atualmente.
A classe de proprietários dos meios de produção, objetivava somente a
acumulação de dinheiro, fazendo com que os operários fabricassem em uma rotina
142
Ciranda de Saberes
143
Ciranda de Saberes
144
Ciranda de Saberes
145
Ciranda de Saberes
146
Ciranda de Saberes
147
Ciranda de Saberes
148
Ciranda de Saberes
149
Ciranda de Saberes
150
Ciranda de Saberes
Visão
Humanizar o cumprimento das penas privativas de liberdade, oferecendo
ao condenado condições de recuperar-se e, ainda, proteger a sociedade, socorrer
as vítimas e promover a Justiça restaurativa.
Missão
Congregar as APACs do Brasil e assessorar as APACs do exterior, man-
tendo a unidade de propósitos das Associações, e orientar, assistir, fiscalizar e
151
Ciranda de Saberes
zelar pelo fiel cumprimento da metodologia APAC, do modelo de gestão e dos pa-
drões de disciplinae segurança.
Meta
Consolidar as APACs existentes, desenvolver estratégias para implanta-
ção do método APAC em todas as comarcas do Brasil.
Os valores da FBAC são baseados nas ações que se materializam por meio
depalavras e atitudes: Acolhida, Coerência, Resiliência, Competência e Conheci-
mento,Ética e Transparência, Espiritualidade, Humildade e Compaixão.
O método apaqueano apresenta o propósito de recuperar e diminuir as
reincidências no crime. (Portal FBAC – O elo entre as APACs, 2022).
152
Ciranda de Saberes
e quem sabe poreu estar na APAC ela me compreendeu, também me deu uma nova
chance na minhavida, porque se eu tivesse no sistema comum, quem sabe no que
tinha me tornado?!Hoje se eu falar da APAC das coisas boas da APAC, faria um
livro, porque sai tudo do coração e a APAC é uma obra de Deus. Quem tiver a graça
de se recuperar na APAC, tudo vai fazer uma grande diferença na vida. Eu... agra-
deço a Deus por ter passado na APAC de Pato Branco e poder ter feito parte da
minha recuperação também, ajudado muitos recuperandos a se recuperar junto
comigo. Obrigado Deus pela segunda chance na minha vida, obrigado a todos os
voluntários e a todos os funcionários da APAC, que sempre tão presente para aju-
dar o recuperando a andar nos caminhos de Deus e no caminho certo”.
153
Ciranda de Saberes
Relato recuperando 3: E. A.
“SIU: Eu... estive cumprindo pena na APAC de Pato Branco. O tempo que
estive lá oMétodo APAC, foi a coisa mais importante. Com as orações aprendi a
colocar Deus na frente de tudo que eu for fazer. Tive uma ajuda muito importante
da Assistente Social para comigo, também com meu filho que tinha problemas
com desenvolvimento. O tratamento humanizado das pessoas que trabalhavam e
das visitas dos voluntários me fizeram entender que tinha alguém disposto a me
dar umanova chance. Era uma pessoa muito sem paciência, não era fácil pra mim
lidar com isso, mas graças a Deus e ajuda que tive na APAC de Pato Branco, hoje
eu consigo lidar com isso. Hoje estou terminando o regime aberto e com a ajuda e a
oportunidadeque tive para vim trabalhar na minha cidade enquanto cumprir a
pena no regime semiaberto consegui ser aceito novamente na população da minha
cidade. Fiquei no sistema comum de 2012 até 2015 e na APAC do mês de agosto
de 2015 até janeirode 2019.
Relato recuperando 4: G. S.
“SIU: Na APAC eu me encontrei na vida novamente, pois vim do Sistema
Comum, onde não tinha nada a mais pois, até a minha família eu tinha perdido.
No sistema da APAC, o recuperando tem muitas oportunidades, basta acreditar e
viver na realidade” O MÉTODO DA APAC”. Eu vivi e sou e hoje sou prova viva de
tudo isso.Passei como membro do CSS da APAC e trouxe a APAC para a minha
vida. Sou muito grato, por ganhar uma nova oportunidade de vida para mim e para
minha família.Gratidão ao já falecido Mario Ottoboni, fundador das APAC,s. Gra-
tidão à APAC de Pato Branco e a todos da equipe, pois sempre que eu posso vou
visitá-los. O atendimento da Assistente Social, como era tudo muito recente, tinha
bastante receioaté de irem na APAC, mas os atendimentos aconteciam moderada-
mente (por ser voluntário), mas atendimento muito bom, mas a gente acreditou e
deu certo. Eu estudoo método APAC e ainda tenho sonhos. E digo, a APAC salva
vidas, restaura famílias.Obrigado APAC!
154
Ciranda de Saberes
155
Ciranda de Saberes
Considerações finais
Diante da pesquisa exposta, bem como os dados obtidos em relação a atu-
açãodo Serviço Social com ênfase ao Sistema Prisional, em primeiro momento foi
expostoconceitos de pobreza e criminalidade.
Ao apresentar análises bibliográfica crítica, frente às “Manifestações da
Expressões da Questão Social”, surgiu na ascensão do modo de produção capitalista,
num período histórico crítico dialético marxista. Que exprime evidentemente as
“Expressões da Questão Social”, no advento industrial, ocasionando inchaço popu-
lacional e vários problemas sociais e com extração da mais-valia do trabalhador, pelo
sistema capitalista, buscou acumulação de lucros e de riquezas pela exploração.
Os elementos da pesquisa do período de transição do modo manufatureiro
para o fabril, descreve a análise sobre origem da pobreza e da criminalidade e
trouxe para o Serviço Social demandas de intervenção junto aos trabalhadores,
156
Ciranda de Saberes
para reivindicar direitos, bem como dos que não se inseriram no mercado de tra-
balho, vivendo na extrema vulnerabilidade.
Na gênese do Serviço Social sua atuação antes visto como caridade e benevo-
lência e se reconfigurou em momentos históricos, em uma profissão com base crítica,
pautada nas dimensões: ético-política, técnico-operativa e teórico- metodológica, pre-
ponderante para sua relativa autonomia na garantia de direitos dos usuários.
Analisando Política de Segurança Pública o trabalho interventivo do pro-
fissionalAssistente Social, de modo particular o Sistema Penitenciário, antes e de-
pois da LEP (Lei de Execução Pena), tem-se um aumento significativo de violência e
marginalidadeem nosso cotidiano. Portanto há superlotação dos presídios gastos
públicos excessivos, exclusão e repressão invés de inserção, restringindo direito dos
apenadostorna-se ineficaz no sistema convencional.
O surgimento da criminalização, expressa pessoas cometendo delitos pela
suasubsistência, assim ressaltamos a atuação profissional, com pessoas em regime
fechado e semiaberto no sistema Apaqueno, comprova a eficiência no atendimento
humanizado, categorizando pelas pessoas privadas de liberdade pela excelente
aplicação de seu método. A distinção do Sistema Prisional Comum em relação ao
Sistema Apaqueano difere, no modo de atuação dos profissionais Assistente Soci-
ais,para que se torne efetivo todo o período de recuperação dos internos da APAC
no município de Pato Branco/PR.
Encontro institucionais na APAC foram efetivados mensalmente no pe-
ríodo de01 (um ano); (novembro de 2021 a dezembro de 2022), com a realização
do projeto “Fortalecendo Vínculos”, encontros contou com a participação dos in-
ternos e familiares, acompanhado juntamente com a Assistente Social Rosa Maria
Pelegrini, foi uma oportunidade de se tornar uma observação sistemática, assim
obter elementos que se configuraram nesta pesquisa.
Concluímos que o método desenvolvido pela APAC, em sua aplicação: na
perspectiva dos recuperandos, comprova baixa reincidência, menos conflitos inter-
nos,participação nas atividades laborais também espirituais, aproximação de vín-
culos familiares e não menos importante a remissão, pela mudança e reflexão de
seus próprios comportamentos.
Analisando os relatos, utilizou-se amostra de 04 (quatro), participantes
(ex recuperandos), que vivenciaram o processo de cumprimento de pena no Sistema
Apaqueano, apresentou: eficácia em rotinas internas e por meio do cumprimento da
pena neste sistema “recuperação do indivíduo”, todos expressaram a diferença sig-
nificativa de conseguir ressignificar suas vidas e expressaram a mesma finalidade,
apenas um apresentou um ponto negativo em relação à um ato infracional cometido.
Entre uma frase onde o ex recuperando ouviu, ele expõe: “SIU ‘APAC é hotel para
vagabundos” (de quem não conhece APAC internamente). O intuito é desmistificar
tais preconceitos, trabalhando a publicização este distinto modelo do sistema, pre-
tende se propagar a transformação no modo de pensar.
Os ex recuperandos chegaram à conclusão que: a maneira de pensar em
sua vida, se modificou, por meio da ajuda mútua, eficiência trabalhada pela equipe,
Assistente Social e dos voluntários na aplicação método e esclarecem sobre o
157
Ciranda de Saberes
Referências
ALVES et al, 2017. Art. Prisão na Contemporaneidade: Espaço Social – Ocupacional de
Atuação do Assistente Social /Revista Elaborar, vol.4, ano 5, n.1,2017 ISSN 23189932.
Acesso em: 20 de setembro; novembro de 2022.
CORDEIRO, Gisele do Rocio; MOLINA, Nilcemara Leal; DIAS Vanda Fattori. Orienta-
ções e dicas Práticas para Trabalhos Acadêmicos. 2° edição, atual. Curitiba: InterSaberes,
2014.
158
Ciranda de Saberes
MEIRELLES, Giselle Ávila Leal de. Serviço Social e “questão social”: das Origens à Con-
temporaneidade. Curitiba, InterSaberes, 2018.
NETA, Estefânia de Souza Mesquita; SANTOS, Glauce Barros. Art. Papel do Assistente
Social no Sistema Penitenciário. Revista FAESF. Curso de serviço social da FAESF, 2017.
Acesso em: 10 setembro; novembrode 2022.
MARTINS, Diego dos Santos. Brasil: Lei de Execução Penal n°7.210/1984. Disponível em:
http>//www. politize.com.2017. Acesso em: 11 de 2022.
SOUZA, Daniele Graciane de; LIMA, Silvia Maria Amorin. Políticas Setoriais e os Serviço
Social. Curitiba: Intersaberes, 2017.
159
METAVERSO EM EVOLUÇÃO:
EXPLORANDO OS DESAFIOS ÉTICOS, SOCIAIS E
TECNOLÓGICOS EM AMBIENTES VIRTUAIS 3D
Delma Gonçalves
Rodrigo de Souza Santos
Introdução
O metaverso, uma extensão da realidade virtual, representa uma conver-
gência entre o mundo físico e o virtual. Esta introdução apresenta o conceito do
metaverso e destaca sua crescente relevância na sociedade moderna. O termo "Me-
taverso" denota um espaço virtual tridimensional de alto desempenho, muitas ve-
zes considerado como a evolução da Web 3.0, caracterizado por uma ampla lar-
gura de banda de dados e uma qualidade gráfica 3D aprimorada. Este conceito ga-
nhou vida por meio da implementação prática na plataforma computacional
Second Life. No entanto, o Metaverso não é meramente uma ferramenta de tecno-
logia digital; ele representa um mergulho profundo nas complexidades da comu-
nicação e sociabilidade em uma interface cibernética até então inexplorada. Este
artigo tem como objetivo elucidar como essa tecnologia se apropria de um tema
que, em sua origem, era puramente fictício, nascido no seio da literatura de ficção
científica. O Metaverso é uma característica emergente que transcende a fronteira
entre os mundos real e virtual. Ele se manifesta como um ambiente imersivo, onde
diversas tecnologias, como realidade virtual, realidade aumentada e hologramas,
convergem para criar uma experiência única. Podemos visualizar o conceito do
Metaverso tomando como base o filme “Matrix”, no qual as pessoas vivem em uma
realidade virtual controlada por uma inteligência artificial. Nesse universo, a linha
que separa o real do virtual se torna tênue, permitindo que as pessoas interajam,
trabalhem, aprendam e socializem por meio de avatares personalizados. Assim, o
Metaverso vai além da mera observação virtual, buscando fazer com que os usuá-
rios se sintam parte integrante desse ambiente. Enquanto os entusiastas veem no
Metaverso um mundo de possibilidades através dos metadados do desenvolvi-
mento da internet, outros levantam questões pertinentes sobre a privacidade dos
indivíduos. A realização desta utopia digital, no entanto, está intrinsecamente li-
gada à maturidade das tecnologias envolvidas. Esta introdução estabelece as bases
para uma exploração mais aprofundada do Metaverso e seus desafios. Nos próxi-
mos tópicos, discutiremos as implicações da privacidade, centralização, dilemas
éticos, segurança cibernética, orientação e o futuro desse universo virtual em cons-
tante evolução.
Ciranda de Saberes
Justificativa
A necessidade de explorar o metaverso vai além de uma mera investiga-
ção tecnológica. Envolve também a compreensão dos processos de comunicação e
sociabilidade que operam nesse ambiente virtual. Além disso, é essencial analisar
como a ficção científica contribuiu para a criação desse conceito e como a técnica
desenvolvida. O metaverso oferece às pessoas a capacidade de construir, criar e
moldar suas experiências virtuais, semelhante à liberdade proporcionada pelo fa-
moso jogo The Sims. É fundamental comparar esse novo paradigma com a internet
atual, onde as redes sociais desempenham um papel central na mediação das inte-
rações virtuais. No entanto, uma mudança para o metaverso permite que os usuá-
rios acessem esse espaço por meio de dispositivos como smartphones, videogames
e computadores, desfrutando de uma ampla gama de atividades.
Problema
Considerando que o Metaverso promete uma nova era de interações vir-
tuais, ele também traz consigo uma série de desafios importantes. A centralização
do controle nas mãos de grandes empresas, como o Facebook e a Microsoft, sus-
cita preocupações relacionadas à democratização e à privacidade dentro desse am-
biente. Além disso, questões éticas emergem à medida que os usuários se tornam
cada vez mais imersos nesse novo universo digital. Esses desafios são agravados
pela evolução tecnológica, que exigem uma maturidade específica para garantir
que o Metaverso alcance seu potencial utópico. Diante desse cenário, surge a se-
guinte indagação: Quais são as implicações do Metaverso na vida diária das pes-
soas e como isso está redefinindo nossa interação com o mundo virtual e real?
Objetivos
Os principais objetivos deste estudo são:
1. Definir e explorar o conceito do Metaverso, destacando suas caracte-
rísticas essenciais.
2. Analisar as dinâmicas de comunicação e cultura de rede dentro do am-
biente virtual, com ênfase em sua relevância na sociedade contemporânea.
Metodologia
A metodologia adotada neste estudo privilegia uma abordagem pragmá-
tica e eficaz, que envolve a observação direta de efeitos experimentais em ambien-
tes virtuais selecionados como metaversos. Essa abordagem tem como objetivo
contribuir para a construção de uma teoria sólida do Metaverso, fundamentada na
experiência prática.
Revisão de literatura
Uma revisão de literatura desempenha um papel fundamental na contex-
tualização do Metaverso e na compreensão de seu papel no cenário digital
161
Ciranda de Saberes
Definindo o Metaverso
Para uma compreensão mais sólida, é fundamental definir o metaverso de
maneira clara e abrangente. Exploraremos as várias definições e interpretações
desse conceito, destacando seu caráter multidimensional e a integração entre o
mundo físico e o virtual. O termo "metaverso" deriva da fusão das palavras "meta"
(além) e "universo". Ele descreve um espaço virtual compartilhado que integra ele-
mentos da realidade física e virtual. Para compreender melhor esse conceito, é im-
portante explorar suas raízes na ficção científica e sua evolução ao longo do
tempo. O metaverso promete um ambiente onde as pessoas possam interagir, tra-
balhar, aprender e socializar por meio de avatares personalizados.
A História do Metaverso
A história do Metaverso remonta às visões utópicas da ficção científica,
exemplificadas no livro "Snow Crash" de Neal Stephenson e no filme "Matrix". Es-
sas obras são desenvolvidas para a construção de um universo virtual acessível e
habitável. Além disso, é crucial explorar a influência do Second Life como uma das
primeiras implementações práticas do Metaverso. O Metaverso é viabilizado por
várias tecnologias, incluindo realidade virtual, realidade aumentada, gráficos 3D
avançados e outras. A compreensão dessas tecnologias é essencial para compreen-
der a complexidade do Metaverso e suas capacidades. O surgimento do Metaverso
está se transformando de maneira como as pessoas vivem e interagem. Nesta se-
ção, examinaremos como o Metaverso impacta a sociedade moderna, desde a
forma como as pessoas trabalham e aprendem até como elas se relacionam online.
Além disso, destacaremos as implicações socioculturais dessa transformação.
Desafios e Controvérsias
Embora promissor, o metaverso enfrenta uma série de desafios importan-
tes, como a concentração de controle por empresas poderosas, questões com pri-
vacidade e questões éticas emergentes. Esses desafios são fundamentais para en-
tender as complexidades desse novo ambiente virtual. O advento do metaverso
trouxe consigo uma série de desafios e questões controversas que demandam uma
análise cuidadosa e crítica. Essas questões abrangem uma ampla gama de áreas e
têm implicações significativas na adoção e na evolução do metaverso. Isto posto,
inclui-se privacidade e segurança. A privacidade dos usuários no metaverso é uma
preocupação central. À medida que as pessoas passam mais tempo interagindo em
ambientes virtuais, a coleta de dados pessoais por empresas que controlam esses
espaços torna-se uma questão sensível. Como esses dados são utilizados e prote-
gidos? Quais são os riscos associados à exposição de informações pessoais? Estas
são algumas das perguntas cruciais que serão abordadas. Outra questão refere-se
a centralização do poder, considerada uma das principais preocupações, a
162
Ciranda de Saberes
163
Ciranda de Saberes
Papel do Governo:
• Regulamentação e Fiscalização: O governo desempenha um papel crucial na
criação e implementação de regulamentações que visam garantir a segurança, a pri-
vacidade e a ética no metaverso. Isso inclui a definição de padrões de segurança ciber-
nética, normas de privacidade e diretrizes para o comportamento online.
• Legislação e Política: O governo é responsável por aprovar leis que se aplicam ao
metaverso, abordando questões como direitos autorais, responsabilidade civil, pro-
priedade intelectual e outros aspectos legais. Ele também formula políticas públicas
que promovem a inovação responsável e a igualdade de acesso.
• Proteção dos Direitos dos Cidadãos: O governo deve proteger os direitos dos
cidadãos no metaverso, garantindo que eles não sejam vítimas de discriminação,
abuso ou transparência de privacidade. Isso pode envolver a criação de agências regu-
ladoras específicas para supervisão do ambiente virtual.
164
Ciranda de Saberes
Papel da Sociedade:
• Advocacia e Participação Pública: A sociedade desempenha um papel funda-
mental na definição das regras do metaverso, por meio da advocacia e da participação
pública. Os cidadãos podem expressar suas preocupações, necessidades e desejos rela-
cionados ao ambiente virtual, enviados por regulamentações específicas.
• Educação e Alfabetização Digital: A sociedade deve investir na educação e al-
fabetização digital, capacitando os cidadãos a compreender os riscos e as oportunida-
des do metaverso e a tomar decisões informadas.
• Monitoramento e Fiscalização: Os cidadãos podem desempenhar um papel
ativo na fiscalização das empresas e do governo, garantindo que as regulamentações
sejam cumpridas e que os direitos dos usuários sejam protegidos.
• Construção de Normas Éticas: A sociedade pode contribuir para a construção
de normas éticas no metaverso, promovendo um ambiente virtual que reflita os valores
e princípios compartilhados.
165
Ciranda de Saberes
continua a se expandir, abordar essas questões se torna essencial para garantir que
ele cumpra seu potencial transformador de maneira ética e responsável.
166
Ciranda de Saberes
167
Ciranda de Saberes
Considerações Finais
O Metaverso representa o próximo passo natural na evolução da Internet.
Desde seus primórdios, quando era principalmente uma ferramenta para acessar
informações existentes, até a era das mídias sociais e da economia criativa, esta-
mos em uma trajetória rumo à atualização em mundos virtuais. No entanto, como
sociedade, enfrentamos uma série de questões que exigem respostas, pois a inte-
ração social, a economia digital e a atração por mundos virtuais perfeitos terão
implicações profundas em nossa vida física cotidiana.
Embora o desenvolvimento do Metaverso ainda esteja em projetos inici-
ais, testemunhamos avanços notáveis nessa área, com bilhões de dólares sendo in-
vestidos, impulsionados ainda mais pela pandemia da COVID-19. Até mesmo vi-
sionários como Bill Gates prevêem que, em breve, a maioria das atividades de tra-
balho e reuniões serão realizadas no Metaverso, em vez de salas de reuniões físicas
e viagens de negócios. No entanto, resta saber qual a forma de Metaverso será ado-
tada em massa e se estabelecerá como uma ecologia digital dominante, seguindo a
lógica do "vencedor leva tudo".
Não podemos subestimar o papel fundamental dos computadores na so-
ciedade contemporânea. Sua utilidade transcende o design avançado e a rápida
transmissão de mensagens, que eram as funções primárias dos primeiros compu-
tadores. Com o advento da Internet, os computadores se tornaram ferramentas
pessoais de alta velocidade e conectividade, permitindo uma comunicação ágil,
precisa e abrangente. Nesse contexto, a Internet não se vê apenas como uma fer-
ramenta tecnológica digital, mas como uma mudança profunda nas dinâmicas so-
ciais e no modelo de comunicação unidirecional dos meios de comunicação
168
Ciranda de Saberes
tradicionais, como rádio e televisão. A Internet fornece uma plataforma rica para
a produção e disseminação de significado, possibilitando uma alternância dinâ-
mica entre os polos de emissão e recepção de informações.
A interação dos usuários com seus avatares no Metaverso representa uma
prática social relativamente nova, mas com um potencial expansivo significativo.
Softwares e ambientes virtuais, como o Second Life, buscam criar uma experiência
imersiva por meio de interfaces gráficas de alta qualidade e objetos tridimensionais,
permitindo a comunicação através de imagens, áudio e vídeos de excelente resolu-
ção. Embora não corresponda exatamente ao Metaverso descrito em "Snow Crash",
o Second Life incorpora elementos que possibilitam um grau específico de tradição.
Conclui-se, portanto, que este estudo abordou satisfatoriamente a ques-
tão central desta pesquisa. Como sugestão para pesquisas futuras, é importante
aprofundar os aspectos comunicacionais relacionados aos avatares. As implica-
ções que envolvem a complementação de texto e algumas ações, expressões e ges-
tos dos avatares oferecem um campo relevante para investigação dentro do campo
da Comunicação, ampliando o escopo dos estudos da cibercultura além do espaço
de conversação no ciberespaço. Este artigo oferece uma visão geral dos desafios do
Metaverso, que é um campo em constante evolução. À medida que novas tecnolo-
gias e questões emergem, esses desafios podem se expandir e mudar, exigindo aná-
lises e soluções em constante atualização.
Referências
BONS LIVROS PARA LER. Resenha: Snow Crash. Bons Livros para Ler, 2022. Disponível
em: https://www.bonslivrosparaler.com.br/livros/resenhas/snow-crash/5232. Acesso em:
7 abr. 2023.
CNN BRASIL. Entenda o que é o metaverso e por que ele pode não estar tão distante de
você. CNN Brasil, 2022. Disponível em: https://www.cnnbrasil.com.br/business/entenda-
o-que-e-o-metaverso-e-por-que-ele-pode-nao-estar-tao-distante-de-voce/. Acesso em: 07
abr. 2023.
FORBES. Metaverso: tudo que você precisa saber sobre a tecnologia que integra os mun-
dos real e virtual. Forbes Tech, 2021. Disponível em: https://forbes.com.br/forbes-
tech/2021/05/metaverso-tudo-que-voce-precisa-saber-sobre-a-tecnologia-que-integra-
os-mundos-real-e-virtual/. Acesso em: 29 mar. 2023.
169
Ciranda de Saberes
INFOMONEY. Metaverso: O que é e como funciona esse novo mundo digital? InfoMoney,
2022. Disponível em: https://www.infomoney.com.br/guias/metaverso/. Acesso em: 06
abr. 2023.
PANORAMA CRYPTO. O que são tokens não fungíveis e como eles podem pegar carona
no DeFi? Panorama Crypto, 2022. Disponível em: https://panoramacrypto.com.br/o-que-
sao-tokens-nao-fungiveis-e-como-eles-podem-pegar-carona-nodefi/?gclid=EAIaIQob-
ChMI2Lbfq8a39wIVI3ZvBB1TfAsfEAAYAyAAEgIKzfD_BwE. Acesso em: 20 abr. 2023.
PEREIRA, Itamar de Carvalho. Metaverso: realidade virtual e suas implicações para a edu-
cação. 2009. 128 f. Dissertação (Mestrado em Educação) - Universidade de Brasília, Brasília,
2009. Disponível em:https://repositorio.unb.br/bitstream/10482/4863/1/2009_Itamarde-
CarvalhoPereira.pdf. Acesso em: 30 mar. 2023.
SEESP. Artigo: Pronto para viver no mundo do Metaverso? SEESP, 2022. Disponíve em:
https://www.seesp.org.br/site/index.php/comunicacao/noticias/item/20481-artigo-
pronto-para-viver-no-mundo-do-metaverso/. Acesso em: 30 mar. 2023.
SUPERINTERESSANTE. Por que o Facebook mudou de nome para Meta? Super, 2022.
Disponível em: https://super.abril.com.br/tecnologia/por-que-o-facebook-mudou-de-
nome-para-meta/. Acesso em: 29 mar. 2023.
170
LINGUAGENS E MEIO AMBINETE:
AS POSSIBILIDADES NO ENSINO DE LEITURA E DA
ESCRITA EM MATEMÁTICA E LÍNGUA PORTUGUESA
NA FUNDAÇÃO ESCOLA BOSQUE
Introdução
Na atual conjuntura, observa-se que as transformações políticas, educa-
cionais, ambientais e sociais (econômicos e culturais) provocadas pela dinâmica
da globalização e pelas transformações antrópicas, tem suscitado impactos na
vida da população, principalmente na educação escolar, no entendimento das lin-
guagens em Língua Portuguesa e em Matemática, no tocante ao desenvolvimento
da leitura e escrita, assim como, nos saberes da educação escolar e nas políticas
voltadas à preservação do meio ambiente.
Desse modo, por reconhecer a relevância dessas questões, surgiu como
objetivo proporcionar aos alunos o desenvolvimento de atividades fazendo uso
das linguagens da Matemática e de Língua Portuguesa, com as abordagens em
Educação Ambiental na Fundação Escola Bosque, no sentido de aprimorar não so-
mente o ensino de leitura e escrita dos discentes, mas orientar os alunos a cuidar
do meio ambiente da escola e do contexto de vivência, na perspectiva dos vários
tipos de linguagens.
Vistas por esse prisma, Bakhtin (2014) concebe a linguagem como uma
atividade produzida em um meio social e histórico definido, a compreende par-
tindo de sua natureza social e mostra ser necessário estar inserido em uma orga-
nização social, para que se desenvolva a consciência, a comunicação e a linguagem.
Corroborando com a ideia, Abaurre (2017), enfatiza que:
A Linguagem é uma atividade humana que, nas representações de mundo que
constrói, revela aspectos históricos, sociais e culturais. É por meio da linguagem
que o ser humano organiza e dá forma às suas experiências. Seu uso ocorre tanto
na interação social, que pressupõe a existência de interlocutores, quanto na re-
flexão sobre nós mesmos e o mundo em que vivemos.
1
Professora de Língua Portuguesa – Fundação Escola Bosque. CV: http://lattes.cnpq.br/1925482044389872.
E-mail: [email protected]
2
Doutorando PPGECM/IEMCI/UFPA. CV: http://lattes.cnpq.br/2411869905100927. E-mail: relinaldopi-
[email protected]
Ciranda de Saberes
172
Ciranda de Saberes
173
Ciranda de Saberes
174
Ciranda de Saberes
175
Ciranda de Saberes
176
Ciranda de Saberes
177
Ciranda de Saberes
forma mais ativa para completar a informação. Os exemplos dados são o telefone,
a fala, a televisão e a caricatura.
Ao se estender apenas um sentido e de forma intensa, isso faz com que o
meio de comunicação vá perturbar o equilíbrio das relações entre os diferentes
sentidos. Por isso é preciso um reordenamento dos sentidos para recuperar o equi-
líbrio, e para isso, o sistema nervo sensorial: “Tudo o que ameaça a sua função deve
ser contido, localizado ou cortado, mesmo ao preço da extração total do órgão
ofendido” (1969, p. 61).
A fim de corroborar com nossa pesquisa buscamos convergências e diver-
gências entre os conceitos apresentados por McLuhan (1969) “Teoria dos Meios”
e Mayer (2009) “Teoria Cognitiva da Aprendizagem Multimídia”.
Mayer (2009, p. 61) se baseou em um modelo de processamento cognitivo
para representar o sistema de processamento de informações humano. Nele, as
imagens e as palavras advindas do ambiente externo via uma mensagem multimí-
dia são admitidas na memória sensorial através da visão e audição, sendo ali man-
tidas por um brevíssimo período de tempo, como réplicas exatas de mensagens
captadas. A centralidade da aprendizagem multimídia está centrada na memória
de trabalho, Mayer (2009, p.62). Essa etapa do processamento de informações re-
fere-se à admissão seletiva e em caráter temporário de fragmentos dos estímulos
pictóricos e verbais. A memória de trabalho é utilizada para manter e manipular
conhecimentos de maneira ativa e consciente, e nela coexistem duas partes. Em
uma das partes são admitidas as informações selecionadas, mas não processadas,
advindas da memória sensorial, enquanto em outra parte, o conhecimento é cons-
truído a partir da integração dos modelos sonoro e visual, estabelecendo conexões
entre eles, integrando-os a elementos advindos do conhecimento prévio, extraindo
sentido e propiciando uma aprendizagem supostamente efetiva.
A figura a seguir esquematiza esse processo e apresenta o modelo cogni-
tivo da aprendizagem multimídia. A proposta desse esquema busca representar
como funciona o sistema humano de processamento de informações para Mayer
(2009, p.61).
178
Ciranda de Saberes
179
Ciranda de Saberes
Metodologia
O trabalho foi realizado com alunos do 7º ano das turmas: Cobra Grande
(Manhã) e Tamanduá (Tarde) da Fundação Escola Bosque, no qual os discentes
construíram, através de cartazes, pinturas, música, dança produção de conceito de
educação ambiental em blocos de notas. Em linguagens Matemáticas os alunos
desenvolveram a partir da análise geométrica das embalagens dos produtos, o co-
nhecimento dos diferentes períodos necessários para o acondicionamento desses
produtos e o tempo de decomposição dos mesmos no meio ambiente. Na parte de
Língua Portuguesa os alunos construíram textos explorando a importância da re-
ciclagem, a organização dos vários tipos de resíduos e seu tempo de decomposição
na natureza. Assim como, em relação a educação ambiental, os discentes estuda-
ram os conceitos de educação ambienta, meio ambiente, preservação da natureza,
reciclagem, os impactos que os produtos de embalagens, garrafas pets, material de
papelão e demais produtos casam no meio ambiente, e qual a função dos alunos
em disseminar as informações em seus contextos de vivência e no espaço da Escola
Bosque.
Conclusão
A partir das atividades realizadas junto com os alunos podemos observar,
que a necessidade de comunicarmos os saberes através de vários formas de
comunicação, como: oral, escrito, gestual, pictórico, virtual, etc., sendo esses meios
facilitadores do processo de construção e aprendizagem de linguagens, como a
Lingua Portuguesa e a Matemática. Neste sentido, observou-se que essas tarefas
se mostraram uma exelente oportunida de experenciar teorias de comunicação,
como a Teoria dos Meios e a Teoria Coginitiva da Aprendizagem Multimidia, o
aprimoramento e desenvolvimento da leitura e da escrita. Desse modo, esses
processos proporcionaram aos alunos o exercício da autonomia, criticidade e
análise dos conteúdos, conceitos referentes ao meio ambiente e a aplicação deles
no cotidiano, suas implicações e a influência no contexto local e regional.
180
Ciranda de Saberes
Referências
ABAURRE et. al. A linguagem, Ed.: Santillana. julho de 2017.
BAKHTIN, Michael. Marxismo e filosofia da linguagem. 16.ed. São Paulo: Huditec, 2014.
BARBOSA, Rodrigo Miranda. Las críticas a Marshall McLuhan. Infoamérica - Revista Ibe-
roamericana de Comunicación, v. 7-8, p. 145-158, 2012.
CARPENTER, E.; McLUHAN, M.. Cinco dedos soberanos dificultam a respiração. In:
Carpenter, E. and McLuhan, M. (eds), Revolução na Comunicação. Rio de Janeiro: Zahar,
1980. Pp.246-248.
CARPENTER, E.; McLUHAN, M.. Espaço Acústico. In: Carpenter, E. and McLuhan, M.
(eds), Revolução na Comunicação. Rio de Janeiro: Zahar, 1980b. Pp.87-93.
LISBOA, Cassiano Pamplona et. Al. EDUCAÇÃO AMBIENTAL: da teoria à prática, Ed.
Mediação, Porto Alegre, 2012.
181
O JOGO DE CARTAS COMO FORMA DE ENSINO:
A PARTICIPAÇÃO DAS MULHERES NAS CIÊNCIAS
Introdução
O conceito de inteligência como algo unificado tornou-se obsoleto com a
passagem dos anos. Todos aqueles que possuem alguma relação mesmo que indi-
reta com educação, incluindo os mais leigos, sabem que já é possível destacar di-
versas formas de aprendizagem e tipos de inteligência diferentes. Sendo assim, é
possível afirmar que cada indivíduo possui sua forma particular de assimilação e
memorização de conteúdo dentro do processo de consolidação da aprendizagem
significativa (VEIGA; GARCIA, 2006).
É possível iniciar um aprofundamento a respeito da discussão sobre estas
distintas formas através da classificação mais conhecida e difundida atualmente,
a classificação VAK, proveniente do modelo de Rita e Kenneth Dunn, onde os es-
tilos cognitivos são classificados em: Visual, onde o aprendiz se utiliza da visão
para gerar imagens internas, visualizar e imaginar, garantindo a retenção das in-
formações que lhe são apresentadas; Auditivo, onde utiliza-se da audição para
captar a linguagem da informação que está sendo transmitida e assim armazená-
la; e, por fim, Cinestésico, no qual o aprendiz faz uso de sua movimentação e sen-
sação do toque para guardar as informações. É importante ressaltar que uma pes-
soa não necessariamente precisa apresentar apenas um estilo cognitivo, ela pode
ter a junção parcial ou total deles. Porém, na maioria das vezes, um único estilo é
predominante (NARESSI, 2016).
Além da classificação VAK, existe uma variedade de teorias de aprendi-
zagem, que visam a discussão de qual seria a melhor forma do aluno aprender o
que lhe é ensinado verdadeiramente, como a famosa teoria construtivista de Jean
Piaget (MOREIRA et al., 2006).
1
Graduanda do curso de Fisioterapia do Centro Universitário Piaget
2
Pró Reitora Acadêmica do Centro Universitário Piaget
3
Coordenadora da Pós Graduação do Centro Universitário Piaget
4
Coordenadora do Curso de Fisioterapia do Centro Universitário Piaget
5
Prof. Dr. do Centro Universitário Piaget
Ciranda de Saberes
Gamificação
A gamificação na educação tem se mostrado uma estratégia eficaz para
engajar os estudantes em seu processo de aprendizagem e promover aquisição de
conhecimento de forma divertida e interativa. De acordo com Clark Aldrich, autor
de “Learning Online with Games, Simulations, and Virtual Worlds” (2009), a ga-
mificação é a aplicação de elementos de jogos em contextos não relacionados a
jogos, como a sala de aula, com o intuito de motivar e envolver os alunos.
Um dos principais benefícios da gamificação é a possibilitar a aprendiza-
gem por meio de experiências práticas e simulações, proporcionando um ambiente
seguro para os alunos testarem e aplicarem seus conhecimentos. Dessa forma, eles
podem explorar diferentes cenários, experimentar soluções para problemas com-
plexos e desenvolver habilidades cognitivas e emocionais, como raciocínio lógico,
tomada de decisões e resiliência.
Segundo Karl M. Kapp, autor de “The Gamification of Learning and Ins-
truction” (2012), a gamificação também estimula o engajamento e a motivação dos
estudantes ao utilizar elementos como pontuação, recompensas e desafios, que
são características intrínsecas dos jogos. Esses elementos criam uma atmosfera de
competição saudável entre os alunos, fazendo com que se dediquem mais aos es-
tudos para alcançarem melhores resultados.
A gamificação permite uma personalização do processo de ensino, adap-
tando-se às necessidades e ritmo individual de cada aluno. Conforme salientado
por Eric Klopfer e Jason Haas em “Moving Learning Games Forward” (2013), atra-
vés do monitoramento e acompanhamento do desempenho dos estudantes nos jo-
gos, é possível identificar lacunas de conhecimento e proporcionar atividades e
183
Ciranda de Saberes
Metodologias Ativas
A utilização de metodologias ativas na educação tem se mostrado cada
vez mais necessária e eficaz no processo de ensino-aprendizagem. Diferente da
abordagem tradicional, em que o professor é o detentor do conhecimento e o aluno
é apenas receptivo, as metodologias ativas colocam o estudante no centro do pro-
cesso, promovendo a participação ativa, o protagonismo e a construção do conhe-
cimento de forma mais significativa.
Segundo Michael Molenda, autor de “In Search of the Elusive ADDIE
Model, a Systematic Approach to Designing Effective Instructional Games”
(2017), as metodologias ativas proporcionam uma maior autonomia ao aluno, es-
timulando a capacidade de pensamento crítico, a criatividade, a resolução de pro-
blemas e a tomada de decisões. Essas habilidades, tão valorizadas no mundo atual,
são desenvolvidas de maneira mais efetiva quando o estudante é colocado em si-
tuações de aprendizagem desafiadoras e significativas.
Dentre as diversas metodologias ativas, os jogos de cartas se destacam
como uma ferramenta pedagógica valiosa, capaz de oferecer uma série de benefí-
cios para a educação. De acordo com Richard Van Eck, autor de “Digital Game-
Based Learning: It’s Not Just the Digital Part” (2017), os jogos cartas proporcio-
nam um ambiente lúdico e interativo, promovendo a colaboração, o trabalho em
equipe, a negociação e o desenvolvimento de estratégias.
Os jogos de tabuleiro estimulam a capacidade de concentração, a memó-
ria, o raciocínio lógico, o planejamento e o domínio de conteúdos específicos. O
uso de cartas, dados, peças e tabuleiros proporciona uma experiência sensorial e
tátil, tornando o aprendizado mais concreto e interessante para os alunos.
Um exemplo de jogo de tabuleiro amplamente utilizado na educação é o
“Catan”, desenvolvido por Klaus Teuber. Nele, os jogadores são desafiados a cons-
truir e desenvolver uma colônia em uma ilha, utilizando recursos naturais dispo-
níveis. Esse jogo estimula não apenas habilidades cognitivas, como matemática e
estratégia, mas também habilidades socioemocionais, como negociação, comuni-
cação e tomada de decisões coletivas.
A utilização de metodologias ativas, como o jogo de tabuleiro, na educa-
ção é extremamente relevante e eficaz. Ao proporcionar um ambiente de aprendi-
zagem mais participativo, desafiador e significativo, essas práticas pedagógicas
184
Ciranda de Saberes
Jogos de cartas
A utilização de jogos em sala de aula tem proporcionado diversas melho-
rias na educação, impactando positivamente todas as áreas do conhecimento. Essa
abordagem pedagógica, ao incluir o elemento lúdico e divertido, torna o aprendi-
zado mais dinâmico, motivador e participativo para os alunos. Os jogos estimulam
o raciocínio, a criatividade, a solução de problemas e o trabalho em equipe, além
de promoverem uma maior interação social.
Na área da matemática, por exemplo, jogos como o Sudoku e o Tangram
auxiliam no desenvolvimento do pensamento lógico e na compreensão de concei-
tos matemáticos, de forma mais concreta e visual. Estudos como o de Ávila e Ma-
cias (2015) demonstram que o uso desses jogos promove um aumento significativo
no desempenho dos estudantes nessa disciplina.
Na área das ciências, jogos educativos permitem aos alunos explorarem fe-
nômenos naturais, experimentos científicos, questões ambientais, biologia, química
e física. Pesquisas como a de Nunes et al. (2018) mostram que a utilização de jogos
nesses campos do conhecimento contribui para a construção de conceitos, a forma-
ção de hipóteses, a investigação e a reflexão crítica sobre o mundo que os rodeia.
Já na área de linguagens, jogos como o jogo da forca, jogos de palavras e
jogos de adivinhação incentivam a leitura, a escrita e a comunicação oral. Estudos
como o de Bueno et al. (2016) apontam que a utilização de jogos nas aulas de língua
portuguesa auxilia no desenvolvimento da expressão oral e escrita, além de pro-
mover o interesse pela literatura.
No entanto, a área da saúde é aquela que pode se beneficiar ainda mais
com a utilização de jogos em sala de aula. Jogos cooperativos, por exemplo, esti-
mulam a empatia, o cuidado com o outro, a cooperação e a solidariedade, contri-
buindo para uma visão mais humanizada dos profissionais da saúde. Pesquisas
como a de Araújo et al. (2019) mostram que o uso de jogos contribui para o desen-
volvimento de habilidades socioemocionais nos futuros profissionais da área, pro-
movendo uma formação mais completa.
A utilização de jogos em sala de aula traz inúmeras melhorias para a edu-
cação, independentemente da área do conhecimento. Além de tornar o processo
de aprendizagem mais atraente e prazeroso, os jogos promovem o desenvolvi-
mento cognitivo, social, emocional e ético dos alunos, favorecendo a construção
do conhecimento de forma mais significativa e integrada.
185
Ciranda de Saberes
186
Ciranda de Saberes
contribuições muitas vezes foram deixadas de lado ao longo dos séculos. No en-
tanto, o papel das mulheres na ciência é inegável e deve ser valorizado e reconhecido.
Ao criar um material didático em forma de jogo de cartas para o ensino
de ciências, é crucial incluir a presença de mulheres cientistas, destacando suas
descobertas e contribuições para diversas áreas do conhecimento. Isso permite
que as alunas se identifiquem com essas figuras e percebam que também podem
seguir carreira na ciência, enfrentando e superando os desafios que possam surgir.
Ao abordar a participação das mulheres na pesquisa científica durante o
jogo de cartas, é possível desconstruir estereótipos de gênero e promover a igual-
dade no campo científico. Dessa forma, as alunas são encorajadas a explorar suas
habilidades e potenciais na área da ciência, contribuindo para a construção de uma
sociedade mais igualitária e justa.
Diante de tantas vertentes, é impossível que dentro de uma sala de aula
existam apenas alunos cinestésicos, auditivos ou visuais. É necessário considerar
os diferentes universos individuais de cada educando.
É necessário o desenvolvimento de um material didático de apoio que
permita ao aluno e aprendizes no geral o papel central e a autonomia para fazer
associações cognitivas diante de experimentações e teorias, de acordo com o que
vem sendo desenvolvido no cenário educacional brasileiro, mas que ainda se mos-
tra deficiente, com muitos materiais de apoio de caráter passivo, onde o aluno ape-
nas ouve e observa, não praticando ativamente ou experienciando de fato.
O mundo – e consequentemente as instituições de ensino – é repleto de
diferenças, e o ensino tem por obrigação alcançar todas as parcelas da população,
proporcionando aprendizagem significativa cada vez mais efetiva. E ao falar sobre
aprendizagem, vindo após o professor, o maior auxiliador neste processo é o ma-
terial didático, que deve possuir caráter misto, associando caráter visual, cinesté-
sico, auditivo, atividades práticas, jogos, e tudo aquilo que acolha todos os tipos
de alunos (VEIGA; GARCIA, 2006).
O desenvolvimento de materiais didáticos de apoio para o ensino tem
evoluído notoriamente, e já é de conhecimento geral a importância da execução de
atividades práticas nas diversas disciplinas. Diante disso, os materiais de uso em
laboratório e roteiros experimentais já são incluídos como parte da grade, e até as
apostilas já trazem no conteúdo programático rotineiro roteiros de observação e
pesquisas de caráter científico, de acordo com Keller et al. (2011).
No entanto, as aulas práticas ainda são eventos isolados no decorrer do
planejamento, os alunos ainda não possuem material didático para o apoio no la-
boratório individual, que geralmente possui vidrarias, reagentes, e equipamentos
de proteção em pequena quantidade (KELLER et al., 2011).
Os recursos audiovisuais são opções que estão sendo grandemente difun-
didas desde o advento e popularização da internet na sociedade. Benchimol (2010)
destaca que a crescente utilização de documentários que contam a origem de gran-
des teorias e também se fazem presentes no campo educacional, além de vídeo au-
las ilustrativas com animações e personagens fictícios que protagonizam e condu-
zem estudos de caso, por exemplo.
187
Ciranda de Saberes
188
Ciranda de Saberes
Konrath et al. (2005) defende que os recursos podem e devem ser inseri-
dos na educação de forma que ofereçam enriquecimento do processo de ensino-
aprendizagem. O jogo, quando é bem planejado, é um recurso pedagógico eficiente
que capta toda a atenção do aluno, porém vale ressaltar que o jogo pedagógico não
é uma batalha de competição, é um instrumento educacional.
Para o adolescente, onde a cooperação e interação no grupo social são
fontes de aprendizagem, as atividades com jogos de regras representam situações
bastante motivadoras e de real desafio. É na ação do jogo que o sujeito, mesmo que
venha a ser derrotado, pode conhecer-se e estabelecer o limite de sua competência
enquanto jogador e reavaliar o que precisa ser trabalhado, desenvolvendo suas po-
tencialidades, para evitaruma próxima derrota. Podemos considerar que o jogo,
em seu aspecto pedagógico, se apresenta produtivo ao professor que busca nele
um potencial instrumentador, e, portanto, facilitador da aprendizagem que mui-
tas vezes é de difícil assimilação. O jogo também se torna produtivo ao aluno, visto
que, conforme descrevem Jann & Leite (2010), esse instrumento vem sendo asso-
ciado desde sempre ao desenvolvimento de diferentes habilidades, e dentre elas,
as habilidades mentais, sociais e psicológicas estão inclusas, sendo capazes de pro-
ver preparo e amadurecimento para o ciclo adulto dos educandos.
A utilização de jogos garante-lhes o dinamismo, o movimento, propici-
ando um interesse e envolvimento naturais do aluno e contribuindo para seu de-
senvolvimento social, intelectual e afetivo. Através de novos métodos que vêm se
atualizando, o modo de apresentar conteúdos mais complexos facilita ao meio o
processo de aprendizagem, e de acordo com Rocha & Rodrigues (2018) jogos são
capazes de apresentar formas de preencher lacunas deixadas pelos professores.
A ciência sempre desperta bastante interesse nos mais variados ciclos de
educação, o ato de investigar e chegar em uma conclusão lógica, faz parte da natu-
reza humana, crianças são estimuladas a buscarem as respostas de atividades
desde a fase da infância, tal atitude se mantém no ensino fundamental, médio e
superior, cada vez mais se aprofundando nas analises, no entanto, a participação
das mulheres em grandes descobertas é tratada de forma secundaria. O fato é que
um material de apoio e estimulo desta linha, é fundamental para a evolução do
pensamento cientifico de qualquer pessoa.
Objetivos
Elaborar um material didático em forma de jogo de cartas com o intuito
de promover a aprendizagem significativa sobre a participação das mulheres nas
ciências da saúde.
Metodologia
Para a realização deste projeto, os softwares Corel Drawl foram utiliza-
dos para elaboração do design das cartas, e para o conteúdo de carta foi realizada
a consulta em livros didáticos de biologia, química e outras áreas voltados para o
ensino médio, sites e artigos científicos com temas atualizados.
189
Ciranda de Saberes
Resultados
Após avaliação das personalidades que seriam incluídas neste material,
foram selecionados pontos importantes de cada uma delas, como data de nasci-
mento e morte (se for o caso), país de origem, área de atuação e prêmios (caso
existam). Segue a lista das personalidades selecionadas:
1. Marie Curie (1867-1934) - Polônia/França - Física/Química - Prêmio Nobel de Física (1903) e Prê-
mio Nobel de Química (1911)
2. Hypatia (c. 355-415) - Egito/Romano - Matemática/Astronomia - N/A
18. Dorothy Hodgkin (1910-1994) - Reino Unido - Cristalografia - Prêmio Nobel de Química (1964)
19. Maria Goeppert-Mayer (1906-1972) - Alemanha/EUA - Física - Prêmio Nobel de Física (1963)
20. Barbara McClintock (1902-1992) - EUA - Genética - Prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina
(1983)
21. Sophie Germain (1776-1831) - França - Matemática/Física - N/A
22. Gertrude B. Elion (1918-1999) - EUA - Farmacologia - Prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina
(1988)
23. Lise Meitner (1878-1968) - Áustria - Física Nuclear - N/A
190
Ciranda de Saberes
35. Maria Mayer (1906-1972) - EUA - Física - Prêmio Nobel de Física (1963)
42. Jennifer Doudna (1964-presente) - EUA - Bioquímica - Prêmio Nobel de Química (2020)
Funcionamento:
O jogo baseia-se na conquista das cartas dos jogadores. Para ganhar uma
carta, seu adversário deverá fazer alguma pergunta relacionada com as
191
Ciranda de Saberes
informações apresentadas na carta da vez. Por Exemplo: Qual mulher está relaci-
onada com a descoberta da estrutura do DNA, sendo ela a responsável pela “foto
51”? Quando a resposta estiver certa, você ganha a carta do seu adversário e a pró-
xima carta de sua pilha aparece para uma nova jogada.
As cartas
O Jogo finalizado é composto por 50 cartas, cada uma com a imagem de
uma cientista e informações importantes sobre sua carreira, suas contribuições
mais importantes para as ciências da saúde, assim como no modelo apresentado
na Figura 1.
Regras:
Como jogar:
Para 2 ou mais jogadores:
1- Inicialmente deve se decidir quem inicia a jogada e quantas cartas fi-
cará na mão de cada jogador.
2 - Para iniciar, deve-se escolher entre as informações da carta, aquela que
julgue que seu adversário não seja capaz de descobrir. Exemplo: Se você escolher
a informação “DATA DE NASCIMENTO”, uma das formas de se perguntar é:
“Quando Nasceu Rosalind Franklin?”. Quem vencer ganha a carta do adversário e
deverá colocar trás do seu monte de cartas e este jogador continua respondendo
até errar, passando a vez. Se o outro jogador vencer - a carta irá para trás do monte
de cartas dele e a vez de escolher passa para ele. FIM DO JOGO - O jogo termina
quando um dos jogadores ganhar todas as cartas do baralho.
192
Ciranda de Saberes
Discussões
Os jogos podem desempenhar um papel importante na aprendizagem.
Eles oferecem uma abordagem mais envolvente e interativa que permite que os
alunos aprendam de forma mais eficaz e divertida. Aqui estão alguns benefícios de
usar jogos como auxiliares de ensino em geral:
1. Aprendizado Ativo: Os jogos fornecem uma experiência prática de
aprendizado onde os alunos podem se envolver ativamente na resolução de pro-
blemas, tomada de decisões e desafios. Isso estimula o pensamento crítico e pro-
move a retenção de informações.
2.Motivação e engajamento: os jogos são inerentemente motivadores por-
que oferecem recompensas intrínsecas, como pontuações, desbloqueio de níveis e
conquistas. Isso mantém os alunos envolvidos e os incentiva a continuar apren-
dendo e progredindo.
3.Feedback imediato: os jogos educativos geralmente fornecem feedback ime-
diato sobre o desempenho do aluno. Isso permite que eles corrijam erros, compreen-
dam conceitos com mais precisão e melhorem suas habilidades ao longo do tempo.
4.Aprendizagem colaborativa: Muitos jogos educativos permitem a cola-
boração entre os alunos, incentivando o trabalho em equipe, a comunicação e o
compartilhamento de conhecimento. Isso desenvolve soft skills e facilita o apren-
dizado colaborativo.
5.Contextualização e aplicação do conhecimento: Os jogos podem criar
cenários e simulações que ajudam os alunos a aplicar o conhecimento em contex-
tos reais. Isso ajuda a conectar a teoria com a prática e entender o significado do
que está sendo aprendido.
6.Diversidade de estilos de aprendizagem: os jogos podem ser adaptados
para atender a diferentes estilos de aprendizagem e oferecer diferentes desafios e
abordagens. Isso permite que os alunos aprendam em seu próprio ritmo e de
acordo com suas preferências individuais.
Em suma, os jogos de aprendizagem proporcionam uma aprendizagem
mais envolvente, motivadora e interativa. Eles podem aumentar o interesse do
aluno, melhorar a retenção e desenvolver habilidades necessárias para o sucesso
acadêmico. No entanto, é importante que os jogos sejam cuidadosamente projeta-
dos e integrados ao currículo para garantir que sejam relevantes e alinhados com
os objetivos de aprendizagem.
Conclusões
Conforme os testes realizados pelos autores, o jogo elaborado apresen-
tara uma boa ferramenta de estudo para o tema escolhido. Trazendo à tona um
tema tão relevante para a sociedade. Concordando com Pedroso (2009) os
193
Ciranda de Saberes
Referências
ARAÚJO, J. E. P., ALMEIDA, L. D. S., BOTREL, T. E. L., BRANDÃO, M. M. B., & NUNES,
V. R. D. S. (2019). A Contribuição do Jogo no Ensino de Ciências da Saúde: A Perspectiva
do Docente. Trabalho e Educação, 28(3), 263-285.
ÁVILA, E. J. G., & MACIAS, C. A. P. (2015). Jogos no ensino de matemática como recurso
didático: análise dos benefícios encontrados por professores e alunos. Estend, 3(1), 188-207.
BUENO, F. P., LOPES, D. C. D., BRAGA, C. P., JESUS, R. F. D., & SILVA, K. C. D. P. (2016).
O jogo da forca no ensino de língua portuguesa para alunos do ensino fundamental ii, como
forma de tornar a aprendizagem mais interessante e eficiente. Experiências em Ensino de
Ciências, 11(ugic).
GOLDSMITH B. (2004). Obsessão Mortal: A História de Marie Curie. Rio de Janeiro: Re-
cord.
NUNES, T., PASSOS, L. A. S., TAVARES, S. M. K., & CORRÊA, M. E. B. (2018). Jogos
Educacionais no Ensino de Ciências: A Importância da Aprendizagem Significativa e a
construção do conhecimento nos Anos Iniciais. In Anais Seminário Internacional de Pes-
quisa em Educação Matemática (No. Vol. 5).
PARKHILL J. (2021). June Almeida: The woman who discovered the coronavirus. BBC.
Disponível em: https://www.bbc.com/news/uk-scotland-53356887. Acesso em: 19 out.
2021.
WATSON J. D. (2003). The Double Helix: a Personal Account of the Discovery of the
Structure of DNA. Nova York: Norton & Company.
ALDRICH, C. Learning Online with Games, Simulations, and Virtual Worlds: Strategies
for Online Instruction. San Francisco: Pfeiffer, 2009.
BOLLER, S., KAPP, K. Jogar para Aprender: tudo o que você precisa saber sobre o design
de jogos de aprendizagem eficazes. 1. ed. São Paulo: DVS Editora, 2018.
194
Ciranda de Saberes
JANN, PN., LEITE, MF. Jogo do DNA: um instrumento pedagógico para o ensino de ciên-
cias e biologia. Ciências & Cognição, v. 15, n. 1, p. 282-293, 2010.
KAPP, Karl M. The Gamification of Learning and Instruction: Game-Based Methods and
Strategies for Training and Education. San Francisco: Pfeiffer, 2012.
KELLER, L., BARBOSA, S., BAIOTTO, CR., SILVA, VM. A Importância da Experimenta-
ção no Ensino de Biologia. In: SEMINÁRIO DE INTERINSTITUCIONAL DE ENSINO,
PESQUISA E EXTENSÃO, 16, 2011, São Paulo. Anais Eletrônicos. São Paulo: [s. n.], 2011.
MOREIRA, A., BARBOSA, A., ANDRADE, C., REIS, N. Estratégias de Ensino- Aprendi-
zagem em Biologia. 1. ed. Bahia: Faculdade de Tecnologia e Ciências – Ensino à Distância,
2006.
195
Ciranda de Saberes
PEDROSO, CV. Jogos didáticos no ensino de biologia: Uma proposta metodológica base-
ada em módulo didático. In: Congresso nacional de educação EDUCERE, IX; encontro sul
brasileiro de psicopedagogia, III, 2009. Anais, Curitiba: PUCPR, 2009.
ROCHA, DF., RODRIGUES, MS. Jogo didático como facilitador para o ensino de biologia
no ensino médio. Revista CIPPUS – UNILASALLE, Canoas, v. 8, n. 2, 2018.
VAN ECK, R. (2017). Digital Game-Based Learning: It’s Not Just the Digital Part. In Digital
Game-Based Learning: It’s Not Just the Digital Part. Chicago: American Library Associa-
tion.
VEIGA, EC., GARCIA, EG. Psicopedagogia e a teoria modular da mente: uma nova pers-
pectiva para a aprendizagem. 1ª ed. São José dos Campos: Pulso Editorial, 2006.
VENTURA, JP., RAMANHOLE, SKS., MOULIN, MM. A importância do uso de jogos di-
dáticos como método facilitador de aprendizagem. UNIVAP, São José dos Campos, v. 22,
n. 40, p. 213-218, 2016.
196
CONTRIBUIÇÕES CIENTÍFICAS DAS MULHERES:
UMA ANÁLISE BIOGRÁFICA SOBRE A EQUIDADE
DE GÊNERO NA CIÊNCIA
Introdução
A participação das mulheres no campo científico tem sido objeto de dis-
cussão e reflexão ao longo dos últimos anos. A história da ciência tem sido predo-
minantemente contada a partir de uma perspectiva masculina, deixando de lado
as contribuições significativas das mulheres cientistas ao longo dos séculos. A in-
visibilidade e o apagamento histórico das mulheres na ciência têm consequências
profundas, perpetuando desigualdades de gênero e limitando o avanço do conhe-
cimento científico.
Este artigo científico tem como objetivo explorar e analisar diversas face-
tas dessa problemática, abordando desde as barreiras enfrentadas pelas mulheres
1
Mestrando do MNPEF- Mestrado Nacional Profissional em Ensino de Física Pelo IFMA-(Instituto Fe-
deral de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão), conceito CAPES 05, (2023-2024). É Bolsista da
(Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) CAPES. Possui Graduação em Licenci-
atura em Ciências - Matemática pela (UEMA), Universidade Estadual do Maranhão, Possui Graduação
em Licenciatura Plena em Física pela UniCSul - (Universidade Cruzeiro do Sul), é Bacharel em Adminis-
tração - (Faculdade Maranhense – FAM), Professor de Matemática e Física da SEDUC -MA e SEMED.
E-mail: [email protected]. , Endereço para acessar este CV: http://lat-
tes.cnpq.br/7529687876362549, Orcid: https://orcid.org/0009-0001-2352-6027Citações bibliográficas
CAZUZA DA SILVA NETO, RAIMUNDO. SILVA NETO R.C.; NETO CAZUZA, R.d.S.
2
Doutora em Ciências da Educação - UTIC; Mestrado em Ciências da Educação (2013), revalidação pela
Universidade Federal do Ceará, graduação em LICENCIADO EM PEDAGOGIA pela Universidade Regi-
onal do Cariri (2005) ,FILOSOFIA pela Faculdade Evangélica do Meio Norte, e em Formação Teológica
pela Faculdade de Teologia Hokemãh (2005), Especialização em Metodologia Inovadora aplicada a Edu-
cação pelo Centro Universitário Internacional e em Formação Pedagógica com enfase na Educação Pro-
fissional pelo Instituto Florence de Ensino Superior. Prestou serviços como professora na Universidade
Estadual Vale do Acaraú e Instituto Florence de Ensino Superior. De 2017 até abril de 2020 atuou como
Diretora de Ensino na Secretaria Municipal de Educação, Ciência, Tecnologia e Inovação - SEMECTI de
Codó/MA. Em maio de 2020 assumiu o cargo de Secretária Municipal de Educação. No período de maio
à outubro de 2021 exerceu a função de Diretora de Educação na Unidade Regional de Educação -
URE/Codó, e em novembro de (2021) assumiu a função de Gestora Regional de Educação.
3
Possui graduação em LICENCIATURA PLENA EM PEDAGOGIA pela FACULDADE KURIOS (2017).
Atualmente é atendente de farmácia hospitalar do HOSPITAL GERAL DE PERITORÓ-MA. É Bacharela
em FARMÁCIA PELA FACULDADE PITÁGORAS DE BACABAL-MA. Tem experiência na área de Far-
mácia, com ênfase em Farmácia clínica, assistência e atenção farmacêuticas. citações bibliográficas
FREIRE NETA, G. G.
Ciranda de Saberes
198
Ciranda de Saberes
199
Ciranda de Saberes
200
Ciranda de Saberes
201
Ciranda de Saberes
202
Ciranda de Saberes
Metodologia
A metodologia adotada neste artigo será uma Revisão de Literatura, com
o objetivo de analisar e sintetizar pesquisas relevantes sobre o tema de gênero na
ciência e a história das mulheres na ciência. Para alcançar esse propósito, será re-
alizada uma busca sistemática de livros, dissertações e artigos científicos em bases
de dados selecionadas.
A Revisão de Literatura foi conduzida através de um processo sistemático
de busca, seleção e análise dos trabalhos encontrados nas bases de dados. São con-
siderados apenas os estudos que apresentarem relevância para a temática proposta,
bem como uma abordagem científica rigorosa e embasada em fontes confiáveis.
Após a coleta dos materiais, os estudos selecionados serão analisados e
sintetizados, identificando-se os principais pontos de convergência, divergência e
tendências na literatura sobre gênero na ciência e a história das mulheres cientis-
tas. A partir dessas análises, serão elaboradas as seções do artigo científico, com o
intuito de apresentar uma visão ampla e crítica sobre o tema abordado.
Por meio dessa metodologia de Revisão de Literatura, espera-se contri-
buir para o avanço do conhecimento sobre a participação das mulheres na ciência,
a superação de estereótipos de gênero e a promoção de uma ciência mais inclusiva
e representativa. Além disso, busca-se fornecer subsídios para futuras pesquisas e
reflexões sobre o tema, fortalecendo o debate acadêmico e social sobre a impor-
tância da equidade de gênero no campo científico.
203
Ciranda de Saberes
Resultados e discussão
Gênero, Ciência e História das Mulheres na Ciência
A revisão da literatura revelou uma vasta gama de estudos que abordam
a relação entre gênero e ciência. Os trabalhos de Keller (1995) e Rossiter (1982)
destacam a importância de entender a construção social do gênero no contexto
científico, enfatizando como as percepções de gênero têm influenciado a partici-
pação das mulheres nas ciências ao longo da história. Tilly (1994) contribui para
o debate ao explorar a história das mulheres e a história social, oferecendo uma
análise interseccional que considera as complexas interações entre gênero, raça e
classe na trajetória das mulheres na ciência.
204
Ciranda de Saberes
Discussão
A discussão dos resultados apresentados nesta revisão de literatura
aponta para a necessidade contínua de promover uma maior equidade de gênero
na ciência e valorizar as contribuições das mulheres na história científica. A aná-
lise dos estudos destaca as barreiras históricas e culturais que têm afetado a par-
ticipação das mulheres nas ciências, bem como o impacto dos estereótipos e pre-
conceitos de gênero na representação e reconhecimento de suas realizações.
As biografias de cientistas notáveis têm se mostrado uma ferramenta po-
derosa para combater a invisibilidade histórica das mulheres na ciência, permi-
tindo que suas histórias sejam contadas e suas contribuições sejam reconhecidas.
A narrativa biográfica torna-se, assim, uma forma significativa de resgatar e divul-
gar as trajetórias de mulheres cientistas, destacando suas realizações e inspirando
novas gerações de pesquisadoras.
Contudo, os estudos também revelam que há muito a ser feito para supe-
rar os desafios persistentes de discriminação e desigualdade de gênero no meio
científico. É essencial que instituições e comunidades científicas promovam am-
bientes inclusivos e equitativos, onde as mulheres possam participar plenamente
da ciência e ocupar posições de liderança em igualdade de condições.
Portanto, a revisão de literatura enfatiza a importância de uma aborda-
gem interseccional ao analisar a questão de gênero na ciência, considerando as in-
terações complexas entre gênero, raça e classe. A valorização das contribuições
das mulheres cientistas requer uma mudança cultural e estrutural na sociedade e
nas instituições de ensino e pesquisa. Isso inclui a implementação de políticas de
igualdade de gênero, a promoção de mentorias e redes de apoio para mulheres ci-
entistas, e a criação de espaços seguros para que as vozes das mulheres sejam ou-
vidas e suas ideias sejam reconhecidas.
Além disso, é fundamental que as narrativas biográficas das mulheres ci-
entistas sejam incorporadas aos currículos educacionais, a fim de garantir que
suas realizações sejam conhecidas desde cedo e que as futuras gerações de cientis-
tas possam se espelhar em seus exemplos.
Neste sentido, é encorajador ver o crescente interesse na pesquisa e na
divulgação das histórias de mulheres cientistas, bem como o surgimento de inici-
ativas que buscam promover a equidade de gênero na ciência. No entanto, é ne-
cessário que esse movimento seja acompanhado de ações concretas e comprome-
timento de todos os setores da sociedade.
Em suma, esta revisão de literatura ressalta a importância da equidade de
gênero na ciência e a valorização das contribuições das mulheres cientistas. A his-
tória da ciência tem sido, por muito tempo, contada de forma incompleta, dei-
xando de fora as vozes e realizações das mulheres. É hora de corrigir essa lacuna e
construir um futuro em que todas as pessoas, independentemente de seu gênero,
tenham as mesmas oportunidades de participar e contribuir para o avanço do co-
nhecimento científico.
205
Ciranda de Saberes
Considerações finais
Ao longo deste trabalho, exploramos diversas perspectivas e abordagens
relacionadas ao papel das mulheres na ciência, sua representação em biografias de
cientistas notáveis, suas contribuições para o avanço do conhecimento científico
e os estereótipos de gênero que ainda permeiam esse campo. Através da análise de
uma variedade de referências acadêmicas, pudemos compreender a complexidade
e a importância do tema, bem como as questões que ainda precisam ser enfrenta-
das para garantir a igualdade de gênero na ciência.
Na primeira seção, abordamos a relação entre gênero, ciência e história
das mulheres na ciência. As obras de Keller, Rossiter, Tilly, Figueirôa e González
permitiram-nos compreender como a construção social do gênero influencia a prá-
tica científica e como a história das mulheres na ciência tem sido negligenciada e
apagada ao longo do tempo. Através dessas análises, ficou claro que as mulheres
têm enfrentado barreiras e desafios sistemáticos para ingressar e se destacar no
campo científico.
Na segunda seção, exploramos as biografias de cientistas notáveis, como
Marie Curie e Barbara McClintock, através das obras de Goldsmith, Fedoroff,
Govoni e Nye. Essas biografias nos permitiram vislumbrar o mundo interior dessas
cientistas, suas paixões, obstáculos e conquistas. Além disso, destacamos o papel
dessas biografias na construção de narrativas que podem perpetuar ou romper com
estereótipos de gênero, dependendo de como são escritas e apresentadas ao público.
A terceira seção abordou as contribuições de mulheres cientistas, desta-
cando figuras como Maria Bandeira e Alice Ball, através de estudos de Bediaga, Pei-
xoto, Filgueiras, Comfort, Pereira, Santana e Brandão. Essas contribuições são fre-
quentemente negligenciadas e apagadas da história oficial da ciência, mas são fun-
damentais para a construção do conhecimento científico e para o avanço da socie-
dade como um todo. Essas cientistas pioneiras abriram caminho para que outras
mulheres pudessem ingressar na ciência e se destacar em suas áreas de atuação.
Na quarta seção, exploramos as representações e estereótipos de gênero
na ciência, utilizando as obras de Collins, Kohlstedt, Schiebinger, Rossiter e Mi-
nella. Essas análises revelam como as representações de gênero na ciência podem
perpetuar desigualdades e injustiças, influenciando desde a escolha das carreiras
científicas pelas mulheres até a atribuição de crédito e reconhecimento por suas
contribuições.
Finalmente, na quinta seção, investigamos as narrativas biográficas e a
escrita de vidas científicas, por meio dos estudos de Govoni, Hallet, Perrot e So-
derqvist. Essas abordagens nos mostram como a escrita de biografias científicas
pode ser um instrumento poderoso para compreender as vidas e trajetórias das
cientistas, além de destacar a importância de incorporar perspectivas de gênero
na escrita da história da ciência.
Em suma, este trabalho evidencia a importância de reconhecer e valorizar
as contribuições das mulheres na ciência, bem como de superar estereótipos de
gênero e preconceitos que ainda permeiam o campo científico. A história das
206
Ciranda de Saberes
Referências
BEAUVOIR, Simone. O segundo sexo. 5. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2019.
COLLINS, Patricia Hill. Black feminist thought in the matrix of domination. Black fem-
inist thought: Knowledge, consciousness, and the politics of empowerment, v. 138, p. 221-
238, 1990.
FEDOROFF, Nina, A Feeling for the Organism. The Life and Work of Barbara
McClintock. By Evelyn Fox Keller. Cell, v. 35, 593-594, 1983.
GOLDSMITH, Barbara. Obsessive genius: The inner world of Marie Curie. WW Norton
& Company, 2005.
GONZÁLEZ, Verónica Sanz. Una Introducción a los estúdios sobre ciência y gênero.
Argumento de Razón Técnica, n. 8, 2005.
GOVONI, Paola. Biography: a critical tool to bridge the history of science and the history
of women in science relatório sobre uma conferência no newnham college, CAMBRIDGE,
1999. Nuncius, v. 15, n. 1, pág. 399-409, 2000.
207
Ciranda de Saberes
GOVONI, Paola; FRANCESCHI, Zelda Alice. Escrevendo sobre vidas na ciência. (Auto)
Biografia, gênero e gênero. Göttingen: Vandenhoeck & Ruprecht, 2014.
HALLET, Nicky. Anne Clifford como Orlando: historiologia feminista de Virginia Woolf
e biografia de mulheres. Women's History Review, v. 4, n. 4, pág. 505-524, 1995.
KOHLSTEDT, Sally Gregory. Women in the history of science: an ambiguous place. Osi-
ris, vol. 10, 1995.
KELLER, Evelyn Fox. Gender and science: Origin, history, and politics. Osiris, v. 10, p. 26-
38, 1995.
LOPES, Maria Margaret et al. “Aventureiras” nas ciências: refletindo sobre gênero e his-
tória das ciências naturais no Brasil. cadernos pagu, 1998.
NYE, Mary Jo. The Inner Marie Curie. American Scientist, Vol. 93, N. 3, 2005.
PEREIRA, Letícia dos Santos; SANTANA, Carolina Queiroz; BRANDÃO, Luís Felipe
Silva da Paixão. O apagamento da contribuição feminina e negra na ciência: reflexões
sobre a trajetória de Alice Ball. Cadernos de Gênero e Tecnologias, v.12, n. 40, p. 92-110,
2019.
PERROT, Michele. Escrever uma história das mulheres: relato de uma experiência. ca-
dernos pagu, n. 4, pág. 9-28, 1995.
ROSSITER, Margaret W. The Matthew Matilda effect in science. Social studies of sci-
ence, v. 23, n. 2, p. 325-341, 1993.
TERRAL, Mary. Biography as cultural history of science. Isis, v. 97, n. 2, p. 306-313, 2006.
TILLY, Louise A. Gênero, história das mulheres e história social. Cadernos Pagu, n. 3, p.
28-62, 1994.
208
O DESENHO INFANTIL COMO OBJETO
DE APRENDIZAGEM PARA PRÁTICA-REFLEXIVA
Guilherme Parolin 1
Introdução
O desenho infantil é crucial para o desenvolvimento global da criança, con-
tribuindo para o desenvolvimento de habilidades motoras, cognitivas e simbólicas.
No entanto, também é, principalmente, uma forma de expressão e comunicação que
permite à criança transmitir suas ideias e sentimentos de maneira não verbal. Assim,
atua como registro histórico, fornecendo suporte material ao processo de aprendi-
zado d permitindo que a criança visualize e dialogue com seu próprio desenvolvi-
mento. Ademais, o desenho infantil pode ainda ser considerado um objeto de apren-
dizagem, na medida em que facilita a construção ativa do conhecimento pelos alunos
e otimizam a carga cognitiva, tornando a aprendizagem mais eficaz. Além disso, e
principalmente, como objetos de aprendizagem, o desenho infantil apresenta o po-
tencial de promovem a prática-reflexiva do aprendente, facilitando um processo
contínuo de melhora do próprio processo de ensino-aprendizagem.
Partindo do entendimento do desenho da criança primariamente como
fonte documental do aprendizado infantil, o presente trabalho propõe-se a, em ca-
ráter exploratório e valendo-se de pesquisa bibliográfica, explorar o conceito do de-
senho infantil como um documento que, ao fornecer uma representação gráfica do
aprendizado da criança, faça as vezes de objeto de aprendizagem que facilite a prá-
tica-reflexiva da criança e, em última instância, seu aprendizado e desenvolvimento.
Primeiramente, são demonstradas as relações do desenho infantil com o
desenvolvimento da criança, sendo destacada a progressão do desenho em para-
lelo à do desenvolvimento das habilidades e competências da própria criança. A
seção seguinte apresenta os conceitos de “objeto de aprendizagem” e “prática-re-
flexiva”, relacionando-os ao desenho infantil. A partir de todo o exposto, a seção
“conclusão” caracteriza o desenho infantil como objeto de aprendizagem. Por fim,
a seção “conclusão” traça um panorama geral do apresentado anteriormente e fi-
naliza com uma síntese de recomendações práticas a educadores para implemen-
tar o desenho infantil como objeto de aprendizagem para fomento do aprendizado
a partir da facilitação de uma prática-reflexiva por parte da criança.
1
Mestre em Design pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (PgDesign/UFRGS). É professor
Assistente na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) e fundador da marca
de jogos educativos Imagine-me. Atua e desenvolve pesquisa principalmente nos temas de processo
criativo e ensino-aprendizagem de design.
Ciranda de Saberes
210
Ciranda de Saberes
211
Ciranda de Saberes
Conclusão
O desenho infantil apresenta características definidoras que os indica
como objetos de aprendizagem. Isso pois o desenho infantil, como artefato
212
Ciranda de Saberes
Considerações finais
O uso do desenho infantil como objeto de aprendizagem facilitador da
prática-reflexiva oferece benefícios significativos para o desenvolvimento cogni-
tivo e criativo das crianças. A prática-reflexiva cria um ambiente de aprendizagem
mais dinâmico, participativo e personalizado (Carvalho, 2008) e, ao adotar a prá-
tica-reflexiva, os educandos se tornam agentes ativos no processo de ensino-
aprendizagem, tornando-se mais capazes de tomar decisões fundamentadas e ba-
seadas em evidências, assim como estar abertos ao diálogo e à colaboração.
No entanto, de modo a cumprir seu papel como objeto de aprendizagem
facilitador da prática-reflexiva, é necessário que o educador se atente a uma série de
cuidados (Dall’osto, 2023). Nesse ponto, três recomendações destacam-se: a valori-
zação do processo, a promoção da autenticidade e o estímulo à experimentação.
Primeiramente, deve-se combater a tendência a analisar apenas o produto
final do desenho, desconsiderando todo o processo criativo. Enxergar o desenvol-
vimento do desenho como algo rígido e necessariamente conectado a fases do
213
Ciranda de Saberes
Referências
Almeida, M. E. B., Carvalho, A. A., & Primo, A. (2007). Criação e reuso de objetos de apren-
dizagem na prática reflexiva de professores. RENOTE-Revista Novas Tecnologias na Edu-
cação, 5(2), 1-15.
Barbosa, E. F., & Barbosa, T. C. (2018). Objetos de aprendizagem na educação: uma revisão
sistemática da literatura. RENOTE-Revista Novas Tecnologias na Educação, 16(1), 1-12.
214
Ciranda de Saberes
Gobbi, M., & Leite, M. I. (2002). A Livre Expressão e a Arte na Educação Infantil. Revista
Diálogo Educacional, 2(5), 9-22.
Schön, D. A. (1987). Educating the Reflective Practitioner: Toward a New Design for
Teaching and Learning in the Professions. San Francisco: Jossey-Bass.
Smith, J. (2010). The Power of Imagination: How Children Can Use Drawing to Learn.
Journal of Early Childhood Education, 37(4), 261-267.
215
EDUTRETENIMENTO E GAMIFICAÇÃO:
UNINDO DIVERSÃO E APRENDIZADO PARA
UMA EDUCAÇÃO INOVADORA
Introdução
A busca por abordagens inovadoras no campo educacional tem se tor-
nado cada vez mais relevante na sociedade contemporânea. Diante dessa de-
manda, duas tendências têm ganhado destaque: o edutretenimento e a gamifica-
ção. O edutretenimento, uma combinação de educação e entretenimento, propõe
a utilização de elementos lúdicos e cativantes para promover a aprendizagem. Por
outro lado, a gamificação refere-se à aplicação de mecânicas e dinâmicas de jogos
em contextos não lúdicos, como a educação, com o objetivo de engajar os partici-
pantes e estimular o alcance de objetivos específicos.
Segundo Jesse Schell, em "A Arte de Game Design: O Livro Original", os
jogos têm o poder de engajar e motivar de maneiras únicas. Essa mesma aborda-
gem pode ser aplicada em outros contextos, como a educação, para envolver os
alunos de forma significativa.
Além disso, de acordo com Jane McGonigal, em "Reality Is Broken: Why
Games Make Us Better and How They Can Change the World", ao utilizarmos os
princípios dos jogos, podemos transformar a educação e torná-la uma experiência
mais imersiva e prazerosa. A gamificação permite que os estudantes se sintam mo-
tivados a aprender, assumindo papéis ativos em sua jornada de conhecimento.
Ao longo deste trabalho, exploraremos os fundamentos do edutreteni-
mento e da gamificação, destacando suas principais características e benefícios
para a aprendizagem. Serão analisados estudos de caso que demonstram como es-
sas estratégias pedagógicas têm sido aplicadas com sucesso em diferentes ambi-
entes educacionais. Além disso, será ressaltado como a gamificação pode contri-
buir para a promoção da inclusão e o desenvolvimento de habilidades socioemo-
cionais, fortalecendo a formação integral dos estudantes.
A busca incessante por melhorias no campo educacional tem se tornado
uma constante na sociedade atual, impulsionada pelas demandas de um mundo
em constante evolução. Diante desse cenário, a criatividade e a inovação ganham
espaço como aliadas na construção de uma educação mais atrativa e significativa
para os estudantes.
O edutretenimento, com sua proposta de unir educação e entreteni-
mento, emerge como uma alternativa promissora. Através da combinação de ele-
mentos lúdicos e cativantes, essa abordagem procura engajar os alunos de forma
Ciranda de Saberes
217
Ciranda de Saberes
218
Ciranda de Saberes
219
Ciranda de Saberes
220
Ciranda de Saberes
221
Ciranda de Saberes
não apenas desperta a curiosidade dos alunos, mas também os coloca no centro de
sua própria jornada de aprendizado. Ao abraçar as potencialidades dessas estra-
tégias, estamos moldando uma educação que não se limita a transmitir conheci-
mento, mas que cria cidadãos críticos, engajados e preparados para os desafios de
um mundo em constante evolução.
o edutretenimento e a gamificação representam abordagens inovadoras e
promissoras no campo da educação. A convergência entre o aprendizado e o en-
tretenimento não apenas atende à demanda por metodologias mais atrativas e efi-
cazes, mas também responde aos desafios de engajar uma geração de estudantes
altamente conectados e imersos em tecnologia. A interseção entre o prazer do jogo
e a busca pelo conhecimento cria um ambiente propício para a motivação intrín-
seca, a autonomia do aprendiz e a formação de habilidades valiosas para a vida.
222
Ciranda de Saberes
223
Ciranda de Saberes
Considerações Finais
Ao refletirmos sobre as implicações do edutretenimento e da gamificação
no campo educacional, fica evidente que essas abordagens têm o potencial de re-
volucionar a forma como aprendemos e ensinamos. A convergência entre o entre-
tenimento e a educação, aliada à incorporação das dinâmicas dos jogos, tem se
mostrado um caminho promissor para a criação de uma educação mais inovadora,
inclusiva e alinhada com as demandas da sociedade contemporânea.
Diante do desafio de envolver estudantes em um processo de aprendizado
que seja relevante e significativo para eles, o edutretenimento surge como uma
resposta criativa. A incorporação de elementos lúdicos, como narrativas envolven-
tes e interações cativantes, contribui para despertar o interesse e a motivação dos
alunos, tornando o aprendizado uma experiência prazerosa e estimulante.
Paralelamente, a gamificação tem se mostrado uma estratégia eficaz para
engajar os estudantes e promover o alcance de objetivos educacionais. Ao aplicar
princípios dos jogos, como recompensas, desafios e competições, os educadores
podem criar um ambiente de aprendizado dinâmico e participativo, que incentiva
a autodisciplina, a superação de obstáculos e a colaboração entre os alunos.
Nesse contexto, as experiências relatadas por Zichermann e Cunnin-
gham (2011) reforçam a importância de considerar as preferências e as motivações
dos estudantes. A constatação de que muitos alunos optariam por jogar videogame
em vez de se engajar em atividades tradicionais evidencia a necessidade de rein-
ventar as estratégias pedagógicas, tornando-as mais alinhadas com as formas de
aprendizado e entretenimento que fazem parte do cotidiano dos jovens.
A partir das reflexões apresentadas neste artigo, fica claro que o edutre-
tenimento e a gamificação não são apenas modismos, mas sim abordagens que têm
o potencial de gerar impactos duradouros na educação. O desafio agora é ampliar
o diálogo e a colaboração entre educadores, pesquisadores e desenvolvedores de
jogos, visando aperfeiçoar e adaptar essas abordagens às necessidades específicas
de cada contexto educacional.
A educação do século XXI demanda inovação, criatividade e flexibili-
dade. A convergência entre o edutretenimento e a gamificação oferece uma opor-
tunidade única de transformar essa demanda em realidade, proporcionando aos
estudantes uma educação que seja não apenas eficaz em termos de conteúdo, mas
também enriquecedora em termos de experiência.
Portanto, à medida que seguimos explorando e desenvolvendo o poten-
cial dessas abordagens, convidamos educadores, pesquisadores e demais agentes
educacionais a considerarem como o edutretenimento e a gamificação podem ser
incorporados de maneira efetiva e ética no processo educacional. A inovação pe-
dagógica depende de nossa capacidade de repensar o ensino e a aprendizagem,
levando em conta as necessidades e aspirações dos alunos, e oferecendo-lhes uma
educação que seja, ao mesmo tempo, inovadora, envolvente e transformadora.
224
AS TECNOLOGIAS MIDIÁTICAS E O USO DA
REALIZADADE VIRTUAL NO ENSINO
FUNDAMENTAL I
Introdução
Pode-se afirmar que a produção poética digital é possível a partir de um processo
de criação, transformando as ferramentas e o modo de produzir na contempora-
neidade, em que a pesquisa abriu e abre possibilidades para refletir sobre a per-
cepção da complexidade do uso do computador como instrumental de comuni-
cação e interação humana, nos oferecendo disponibilidades de conhecimentos
científicos na área de Artes Visuais (WOYTECKEN, 2009).
ler o mundo com base numa visão crítica e transformadora, não estática. Na reali-
dade,acredita-se que o desenvolvimento desse estudo é um modo adequado de tra-
zer parao centro das discussões acadêmicas o quanto a tecnologia pode conviver e
se complementar em relação a outros recursos didáticos, enriquecendo a experi-
ência artística dos alunos e professores.
Em razão disso, é preciso um repensar acerca do papel da escola enquanto
formadora de opiniões, de cidadãos críticos e conscientes sobre a sua responsabi-
lidade na sociedade atual, a sociedade dos ciberespaços, das redessociais, da co-
nectividade. Pois, é urgente, nesse contexto a necessidade de tornar asnovas tecno-
logias midiáticas acessíveis a todos os professores e educandos, para que se possa
acompanhar a dinamicidade do mundo digital e formar cidadãospreparados para
o trabalho, para acessar as novas tecnologias e fazer com que estasse tornem ferra-
mentas de produção de novas aprendizagens.
São telefones celulares, tablets, impressos, televisão, vídeo e inúmeras
tecnologias que por diversos caminhos entraram no espaço escolar, mas nem sem-
presão utilizados com objetivo de melhorar a qualidade de ensino, estimular as
aprendizagens diferenciadas.
A esse respeito, Mello Junior (2001, p. 94) informa:
Faz-se necessária a criação de condições para que o aluno se envolva com o fe-
nômeno/objeto de estudo em questão, e que, além disso, essa experiência seja
complementada com elaboração de hipóteses, leituras e discussões em grupo,
caso em que o professor é fundamental para estimulare garantir a compreensão
total do assunto, sem permitir ao aluno a formaçãode uma visão distorcida a res-
peito dos mundos real e virtual, principalmente no caso de simulações no com-
putador.
226
Ciranda de Saberes
1
Abordagem metodológica implementada e difundida por Seymour Papert (1994). Em sua concepção,
os computadores podiam e deviam ser utilizados como instrumentos para trabalhar e pensar, como
meios de realizarprojetos, como fonte de conceitos para pensar novas ideias e não apenas como uma
forma de apoio à instrução automatizada.
227
Ciranda de Saberes
A Lei de Diretrizes e Bases (LDB) nº 9394/96, na seção III, inc. II, relacio-
nada ao Ensino Fundamental, dispõem sobre o uso dos recursos tecnológicos no
contextoescolar, explicando que um dos objetivos deste segmento educacional é
a formação básica do cidadão mediante “a compreensão do ambiente natural e so-
cial, do sistemapolítico, da tecnologia, das artes e dos valores em que se funda-
menta a sociedade” (LDB, 2000, p. 27).
Com a promulgação da Lei, que trata em seu artigo 32, Inciso III, sobre a
inclusão da disciplina de Arte como componente curricular obrigatório e necessá-
rio, promoveu outras ações relativas, pois, essa inserção também atribuía à disci-
plina, todas as competências e indicações para a inclusão das “novas” tecnologias
na educação.
As reflexões sobre esse dispositivo nos levam a crer que a formação básica
e continuada dos alunos deve abarcar vários aspectos que, de um modo ou de ou-
tro, influencia no olhar que o discente terá sobre o mundo. Entre esses elementos
encontramos a compreensão da “tecnologia e das artes”. Acreditamos ser cor-
reto afirmar que, no ensino ministrado, é necessário que o professor de Artes Vi-
suais repense a forma como tem estimulado a formação do aluno, levando em conta
que para isso é preciso que as tecnologias estejam presentes no cotidiano da práxis
de modo permanente, pois isto se tornou uma base nacional comum de aprendi-
zagem adotada pelo sistema público de ensino/aprendizagem.
Complementando a Lei (LDB) nº 9394/96, foi lançado os Parâmetros
Curriculares Nacionais/PCNs (BRASIL, 1997) para o Ensino fundamental com o
objetivo de auxiliar os professores na execução de seu planejamento pedagógico,
deacordo com a realidade que o cerca, contemplando pressupostos teóricos e pro-
postasdidáticas relativas às diversas linguagens artísticas, como artes visuais e sua
tendência artística, dando maior ênfase à visualidade, favorecendo o estudo da arte
nas escolas, com mais prazer e favorecimento a arte de inovar.
Segundo os próprios Parâmetros, o "conjunto de conteúdos está articu-
lado dentro do processo de ensino e aprendizagem e explicitado por intermédio
de ações em três eixos norteadores: produzir, apreciar e contextualizar" (BRASIL,
1997, p. 49).Dessa maneira, percebemos que para produzir, apreciar e contextua-
lizar os conteúdos vistos em sala de aula é preciso que se conte com a mediação
das tecnologias midiáticas, pois estas tem provocado uma transformação considerá-
vel nasformas de pensar e expressar a Arte e como o aluno sente a necessidade de
buscar,em outros campos do conhecimento, ideias que se possam somar as suas,
visando sempre o aprimoramento de sua aprendizagem ao mesmo que busca al-
cançar sua autonomia.
No que diz respeito às artes visuais evidencia-se concordância com o es-
tabelecido na Lei e nos PCN’s, seguindo um direcionamento inovador de acordo
com as mudanças requeridas pela sociedade, ou seja, considerando a cultura local
eadequando às transformações, tentando superar dificuldades escolares educacio-
naisatravés de projetos voltados à cultura, comunidade, etc, atendendo as reco-
mendações dos PCNs. Os profissionais da educação se defrontam com exigências
de ordens diversas no sentido de incorporarem à sua prática em sala de aula as
228
Ciranda de Saberes
O uso das TIC’s na escola faz com que os alunos se sintam parte integrante
doprocesso de ensino e aprendizagem tendo a oportunidade de conhecer recursos
tecnológicos para utilizá-los de forma consciente, aprendendo a dominar essasfer-
ramentas para a sua vida pessoal ou profissional.
Os professores, já no começo do ano letivo, fazem seus planejamentos
apontando como a informática pode auxiliar o processo educacional, durante a
Hora do Trabalho Pedagógico Coletivo (HTPC) todos os professores em conjunto
com a assistente pedagógica pensam a melhor forma de trabalhar utilizando o
computador como recurso. As atividades são interdisciplinares no currículo.
Segundo o relatório para a UNESCO da Comissão Internacional sobre a
Educação para o século XXI diz que:
Aprender a conhecer e aprender a fazer é, em larga medida, indissociáveis. Mas
a segunda aprendizagem está estreitamente ligada à questão da formação pro-
fissional: como estimular o aluno a pôr em prática os seus conhecimento e, tam-
bém, como adaptar a educação ao trabalho futuro [...] (DELORS, 2000, p. 93).
229
Ciranda de Saberes
230
Ciranda de Saberes
em cada um desses quesitos que os pilares da educação nos trazem, devemos pen-
sar na sala de aula, e como desenvolver essas competências com os nossos alunos,
já que a utilização do computador deve ter uma finalidade estipulada pelo educa-
dor, queé a verdadeira construção do conhecimento individual ou coletiva.
Sendo assim, o professor continua sendo quem planeja e desenvolve situações de
ensino a partir do conhecimento que possui sobre o conteúdo, sobre os processos
de aprendizagem sobre a didática das disciplinas e sobre a potencialidade da ferra-
menta tecnológica como recurso para a aprendizagem. (SANTOS, 2013, p. 48)
Dessa forma, a escola deve utilizar-se dos quatro pilares da educação para
a utilização da informática educacional onde qual o aluno deve aprender a apren-
der, aprender a fazer, aprender a ser e aprender a viver juntos. Quando se pensa em
cadaum desses quesitos que os pilares da educação trazem, deve-se refletir na sala
de aula, e como desenvolver essas competências com os alunos, já que a utilização
do computador deve ter uma finalidade estipulada pelo educador, que é a verda-
deira construção do conhecimento individual ou coletiva.
Atualmente o papel do professor é muito importante onde todos tentam
mudara visão de que o professor é o detentor de todo conhecimento e passa a ser
o mediador trabalhando em cima dos conhecimentos prévios dos alunos.
Delano (2013, p. 68) explica
Na educação esse papel de mediador é extremamente importante já que o edu-
cador tem que elaborar suas aulas e projetos em cima dos saberes já adquiridos
231
Ciranda de Saberes
desses alunos, não pode esquecer que o professor também está tendo que estudar
conhecer o uso do computador para que consiga fazer umuso adequado desse
equipamento.
Para Sampaio (2008, p.96), “a informática é uma revolução como foi à in-
vençãoda escrita”. O dia em que o homem aprendeu a escrever, ele teve em mãos
uma tecnologia que revolucionou a humanidade. Agora, é semelhante pois os pro-
fessorestem que aprender a escrever de novo dentro dessa linguagem, e para que
isto aconteça o educador precisa se atualizar constantemente.
Portanto o professor deve reaprender sempre, estar em uma constante
formação e para que isto aconteça, precisa estudar buscar novos aperfeiçoamentos
para sua prática pedagógica. O uso da informática e da realidade virtual está fa-
zendoos professores mudarem as suas práticas educacionais, fazendo com que es-
tejam sempre em busca de novas alternativas para cada estratégia em sala de aula.
Nosso papel está se alterando rapidamente e isso torna prioritária uma reflexão
mais séria sobre as escolhas que devemos fazer hoje e as consequências que estas
escolhas irão trazer para nós em um futuro muito próximo, a julgar pela veloci-
dade crescente das mudanças. (OLIVEIRA, 2009,p.11)
Com essa visão o professor deve sim repensar sempre a sua prática,
principalmente porque repercutirá no presente e no futuro dos alunos. Essas
mudanças tanto para professor como para os alunos vêm mudando de uma forma
crescente e ampla, criando várias expectativas no setor educacional.
Para que os educadores consigam acompanhar essas mudanças, precisa-
se que a escola disponibilize capacitações na área tecnológica é na Hora Atividade
Pedagógica Coletiva (HTPC) que pode ser mensalmente direcionada para o uso
dasnovas tecnologias dentro da unidade educacional.
Dessa forma promovendo um estudo coletivo o qual os educadores pode-
rão trocar alternativas e dúvidas sobre como utilizar a melhor forma o laboratório
de informática, trocar atividade que deram certo e arrumar juntas estratégias para
que consigam desenvolver as competências necessárias para o processo de ensino
aprendizagem.
A principal meta da educação é criar homens que sejam capazes de fazer coisas
novas, não simplesmente repetir o que outras gerações já fizeram. Homens que
sejam criadores, inventores, descobridores. A segunda meta daeducação é formar
mentes que estejam em condições de criticar, verificar e não aceitar tudo que a
elas se propõe. (FREIRE apud OLIVEIRA, 2009, p. 35).
É importante que essa meta da educação não seja aplicada apenas para os
alunos e sim para todos os envolvidos no processo educacional. Os professores,
coordenadores também estejam se descobrindo, inventando e se renovando na sua
área de atuação, por que só dessa forma teremos um ensino com qualidade e não
apenas quantitativo.
Realizar este empreendimento pedagógico, ou seja, vivenciar novas formas de
ensinar e aprender incorporando as tecnologias, requer a importância coma for-
mação inicial e continuada do professor. Esta formação, no entanto, nãotem se
constituído em preocupação primordial daqueles que se têm ocupadoem discutir
a importância de uma alfabetização audiovisual ou para mídia, a ser feita pela
232
Ciranda de Saberes
Neste ponto, a realidade dentro das escolas e trazer um HTPC que cor-
robore com as necessidades dos professores, onde a questão das novas tecnologias
possaser discutida, argumentada e planejada em conjunto com o coordenador pe-
dagógico e dessa maneira possam montar materiais lúdicos e contextualizados,
para que consigam viabilizar aulas audiovisuais com qualidade.
Considerações finais
O uso das tecnologias da Informação e consequentemente da realidade
virtualtem muito que agregar aos professores e alunos tornando as aulas
dinâmicas e lúdicas principalmente quando se trata de jovens cujo interesse pela
tecnologia é aguçado, fazendo assim o professor aprimore sua aula despertando as-
sim o interessedos alunos e aumentando sua autoestima.
No decorrer desse trabalho pode-se observar a importância da informática
e darealidade virtual como direito significativo no processo de ensino-aprendiza-
gem, agregando novos conhecimentos de uma forma prática e dinâmica, garan-
tindo assimo direito ao acesso a essas tecnologias.
Referências
BELLONI, Maria Luiz. O que é mídia-educação. 2ª Ed. São Paulo: EDUSP, 2007.
DUNCUM, P. Por que a arte-educação precisa mudar. Tradução: Gisele Dionísio da Silva.
In: MARTINS, R.; TOURINHO, I. (Org.). Educação da cultura visual: conceitos e contex-
tos. Santa Maria: Ed. da UFSM, 2009.
FANTIN, Mônica; GIRARDELLO, Gilka. Liga, roda, clica: Estudos em mídia, cultura e in-
fância. Campinas: Papirus, 2008.
233
Ciranda de Saberes
LAKATOS, Eva Maria. Metodologia do Trabalho Científico. 3ª Ed. São Paulo: Atlas, 2008.
234
DESAFIOS DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS A
PARTIR DA ANÁLISE DE MATRÍCULAS NA REDE
PÚBLICA DE ENSINO DO MUNICÍPIO DE SÃO
MATEUS, ES: UM ESTUDO INTRODUTÓRIO
Introdução
O presente trabalho tem por objetivo discutir a matrícula da Educação
de Jovens e Adultos (EJA) na rede pública de São Mateus, ES, destacando seus
avanços e percalços, articulados a aspectos da trajetória da modalidade de ensino
dirigida a jovens e adultos que necessitam completar seus estudos. Sua problema-
tização centra-se na seguinte questão: que desafios se põem à educação de jovens
e adultos em São Mateus, considerando a trajetória da EJA no país e a redução de
matrículas nessa modalidade de ensino, entre outros aspectos?
Considera-se que os dados de matrícula, aliados à base teórica que situa a
EJA no percurso da educação brasileira, podem fornecer indicações valiosas sobre
os desafios dessa modalidade de ensino no tocante à matrícula e à necessidade de
buscar alternativas para ampliar a escolarização cidadã, sobretudo quando se con-
sidera a interrupção da educação presencial em função da pandemia de covid-19.
Este trabalho se compõe como uma pesquisa quali-quantitativa que nos
apresenta questões vivenciadas em momentos históricos da EJA, promovendo
uma análise de dados de indicadores educacionais referente aos anos de 2017-
2020. Para o desenvolvimento da pesquisa, fizemos um levantamento bibliográ-
fico preliminar, pois conforme Gil (2002, p. 61):
Não se pode definir de imediato que material deverá ser consultado. A experiên-
cia, porém, demonstra que é muito importante buscar esclarecer-se acerca dos
principais conceitos que envolvem o tema de pesquisa, procurar um contato com
1
Graduando em Pedagogia pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), Centro Universitário
Norte do Espírito Santo (Ceunes), Campus São Mateus, ES. E-mail: ibnrg@pr_adrianorodrigues
2
Graduada em Pedagogia pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), Centro Universitário
Norte do Espírito Santo (Ceunes), Campus São Mateus, ES. Email: [email protected]
3
Graduando em Pedagogia Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), Centro Universitário
Norte do Espírito Santo (Ceunes), Campus São Mateus, ES. Emal: [email protected]
4
Doutor em Educação (UFES, 2009). Docente da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES),
Centro Universitário Norte do Espírito Santo (Ceunes), Campus São Mateus, ES. Email:
[email protected]
Ciranda de Saberes
236
Ciranda de Saberes
alijamento do sujeito que, por não estar inserido na cultura letrada, encontra-se
impedido do exercício pleno da cidadania e da participação social.
Nesse sentido, podemos considerar momentos distintos sobre o tema. Por
exemplo, ao discutir sobre o desenvolvimento educacional no Brasil, Romanelli
(2014) nos revela, em tom de desânimo que, por um lado, se observa um alto índice
de analfabetos como um triste legado do período colonial à Primeira República; por
outro lado, tal avaliação pode ser complementada com a análise de Pierro et al. (2011),
que nos revela a efervescência causada, a partir da década de 50 do século XX por
iniciativas como o Movimento Educação de Base (MEB) e o Movimento de Cultura
Popular (MCP), que apresentaram resultados consideráveis. É inserida neste con-
texto que a EJA enfrenta os desafios no âmbito da educação brasileira, nas instâncias
federal, estadual e municipal, na construção de um ensino de qualidade.
Excetuada pelo hiato e consequente fracasso educacional da ditadura ci-
vil-militar (Ghiraldelli, 2003), a partir dos anos 2000 a Educação de Jovens e Adul-
tos tem novo alento, sobretudo pela incorporação de matrículas da modalidade no
cômputo do Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica (FUNDEB), possibi-
litando aumento de matrículas, bem como pelo surgimento de Programas como
Brasil Alfabetizado (Brasil, 2011), Saberes da Terra/Projovem (Brasil, 2005; 2006;
2010), Proeja - Educação de Jovens e Adultos (Brasil, 2010), entre outros.
Há de se considerar que em razão do quadro global de pandemia provo-
cado pelo contágio com o Coronavírus (covid-19) no ano de 2020, os desafios para
esta e outras modalidades do ensino em âmbito nacional sofreram impactos que
ainda são estudados e que afetaram diretamente o sistema educacional brasileiro
com as medidas de isolamento social adotadas após a Declaração de Emergência
em Saúde Pública pela Organização Mundial da Saúde (OMS), decretada em 30
de Janeiro de 2020, divulgado pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS
2020), a Lei Federal nº 14.040/20, que estabeleceu normas educacionais a serem
cumpridas durante o período de estado de calamidade reconhecido Decreto Legis-
lativo nº 6, de 20 de março de 2020 (Brasil, 2020), do Senado Federal, bem como a
declaração de emergência no âmbito do Município de São Mateus-ES, por meio de
Decreto n° 11.353, de 18 de março de 2020, bem como no Estado do Espírito Santo,
pelo Decreto n° 4593-R, de 13 de março de 2020. Os dados do censo 2020, apre-
sentados pelo INEP, nos mostram que a partir dessas medidas ocorreram a para-
lisação das atividades escolares de 98,4% das unidades escolares da Rede Federal
de ensino, 97,5% das unidades escolares da Rede Municipal de ensino, 85,9% das
unidades escolares da Rede Estadual de ensino e 70,9% das unidades escolares da
Rede Privada de ensino.
Outro dado importante para se verificar é o alcance das ações e medidas
tomadas pelas redes estadual e municipal. De acordo com os dados do censo, per-
cebe-se que as ações intraescolares foram mais amplas que as extraescolares, mos-
trando um empenho para se adaptar ao momento, mas com investimentos muito
menores direcionados aos alunos. A disponibilização de mecanismos eletrônicos
(computadores, notebooks, tablets, smartphones, etc.) para professores da rede
estadual de ensino foi de 43,4% e da rede municipal de ensino foi de 19,7% e o
acesso subsidiado à internet gratuita para professores da rede estadual foi de
237
Ciranda de Saberes
238
Ciranda de Saberes
239
Ciranda de Saberes
240
Ciranda de Saberes
Foi nessa época que aconteceu muitas críticas às propostas de educação de adul-
tos, devido às suas deficiências administrativas.
Em 1952, foi criada a Campanha Nacional de Educação Rural (CNER), para
atender as populações que viviam no meio rural.20 E em 1958, com a realização
do II Congresso Nacional de Educação de Adultos no Rio de Janeiro, começou-
se a dar passos em direção da discussão de um novo método pedagógico utili-
zado na educação de adultos. Os educadores sentiram a necessidade de romper
com os preconceitos que envolviam as pessoas analfabetas (Strelhow, 2010, p.
53).
Foi então, nessa época, que Paulo Freire, educador pernambucano, surge
com “com novas idéias e propostas de alfabetização de adultos, essas propostas
visavam à adequação de métodos que respeitasse a diversidade de regiões e pes-
soas do país” (Silva, s/d, s/p.). Sua proposta pedagógica ganha destaque repercu-
tindo em todo o País, pois, seu método de alfabetização tinha uma perspectiva li-
bertadora com base nos conhecimentos prévios dos alunos a partir de suas expe-
riências de vida, iniciando com palavras geradoras conforme o grupo envolvido,
portanto o processo educativo deve ser contextualizado às necessidades essenci-
ais do educando permitindo que o aluno adquirisse consciência crítica para poder
compreender e questionar sua própria realidade. Freire contribuiu de forma sig-
nificativa para os avanços da EJA com uma educação crítica libertadora, porém
com o regime militar ocorre uma ruptura no processo educativo.
Segundo Strelhow, a década de 60 foi um marco de grande mobilização
social, período em que foi criado vários movimentos em torno da educação de
adultos, dos quais ela cita os seguintes: “Movimento de Educação de Base” (1961 -
CNBB), Movimento de Cultura Popular do Recife (1961), Centros Populares de
Cultura (UNE), Campanha de Pé no chão Também se Aprende (Prefeitura de Na-
tal)” (Strelhow, 2010, p. 54).
Foi nessa década em 1963, graças a grande projeção do seu trabalho, que
Paulo Freire foi indicado para desenvolver o Programa Nacional de Analfabetismo
e elaborar um Plano Nacional de Alfabetização junto ao Ministério da Educação,
foi nesse contexto que a educação ganhou novos rumos e passou a ter visibilidade
em outras perspectivas, mas com o Golpe Militar de 1964 todos os programas que
objetivava constituição foram de forma abrupta interrompidos com apreensão de
materiais, detenção e exílio de seus dirigentes. Em 1967 o governo militar cria o
Movimento Brasileiro de Alfabetização (MOBRAL) que tinha por objetivo um en-
sino de caráter tecnicista, que conforme Saviani.
Na pedagogia tecnicista o elemento principal passa a ser a organização racional
dos meios, ocupando o professor e o aluno posição secundária, relegados que são
à condição de executores de um processo cuja concepção, planejamento, coor-
denação e controle ficam a cargo de especialistas supostamente habilitados, neu-
tros, objetivos, imparciais (Saviani, 2008, p. 382).
Durante esse período militar que perdurou de 1964 até o ano de 1985, a
educação tinha o objetivo de formar mão de obra para o mercado de trabalho, isto
é, preparar o indivíduo para atender um sistema capitalista seguindo um modelo
fabril, adaptando-o ao meio profissional.
241
Ciranda de Saberes
242
Ciranda de Saberes
243
Ciranda de Saberes
5
CNN (Cable News Network, que em português significa Rede de Notícias a Cabo) é um canal de
notícias através de televisão por assinatura estadunidense, em propriedade da Warner Bros. Discovery.
244
Ciranda de Saberes
245
Ciranda de Saberes
246
Ciranda de Saberes
247
Ciranda de Saberes
Fonte: autoria própria com base nos dados coletados no portal do INEP 2021 6
6
<https://www.gov.br/inep/pt-br/acesso-a-informacao/dados-abertos/inep-data/consulta-matricula>
248
Ciranda de Saberes
Fonte: autoria própria com base nos dados coletados no portal do INEP 7
Fonte: autoria própria com base nos dados coletados no portal do INEP8
7
https://www.gov.br/inep/pt-br/acesso-a-informacao/dados-abertos/inep-data/consulta-matricula
8
https://www.gov.br/inep/pt-br/acesso-a-informacao/dados-abertos/inep-data/consulta-matricula> >
249
Ciranda de Saberes
Considerações finais
Através desse estudo, espera-se ter fornecido uma compreensão inicial
sobre a Educação de Jovens e Adultos (EJA) e algumas questões essenciais que
envolvem essa modalidade. Constata-se que a EJA representa um resgate social
numa educação marcada pela desigualdade e sua trajetória foi marcada por altos e
baixos. A EJA desempenha um papel crucial na promoção da inclusão social em
um sistema educacional permeado pela desigualdade, embora tenha enfrentado
desafios ao longo de sua trajetória.
Os programas governamentais foram concebidos com o propósito prin-
cipal de erradicar o analfabetismo e promover a inclusão dos não alfabetizados
integrando-os à sociedade mediante a educação e formação para o trabalho. Dessa
forma, os programas governamentais têm como objetivo assegurar o direito fun-
damental ao acesso, à permanência e ao êxito dos jovens e adultos que ingressam
ou retornam aos estudos, combatendo a exclusão na sociedade por meio de edu-
cação e capacitação profissional. No entanto, apesar desses esforços, esses progra-
mas não obtiveram sucesso em alcançar tais objetivos, resultando na persistência
do analfabetismo.
Atualmente, a Educação de Jovens e Adultos (EJA) engloba tanto aqueles
jovens e adultos que se afastaram da escola por um período prolongado e retornam
posteriormente, como também os jovens que, mesmo não tendo abandonado a es-
cola na idade regular, passam a frequentar a EJA devido à repetência. Em grande
parte dos casos, esse público enfrenta o desafio de conciliar estudo e trabalho,
sendo que muitas vezes um acaba comprometendo o outro (Brasil, 2000).
A discussão e compreensão dos fatores que influenciam o aumento ou di-
minuição das matrículas no município de São Mateus- ES, incluindo as estruturas
condicionantes envolvidas, nos capacita a enfrentar e superar as amarras histó-
rico-sociais. Conforme a visão de Saviani (2014), o conhecimento adquirido sobre
tais mecanismos permite que o indivíduo se levante e se oponha, por conta pró-
pria, às condições de opressão impostas pelas estruturas.
Diante do exposto neste estudo, percebe-se que a EJA ainda enfrenta de-
safios significativos na sua capacidade de promover a emancipação e a transfor-
mação social almejadas. As diferenças entre o trabalho, a instrução e o sistema de
250
Ciranda de Saberes
Referências
ALMEIDA, Adriana de; CORSO, Angela Maria. A Educação de Jovens e Adultos: As-
pectos Históricos e Sociais. [Apresentação de trabalho]. Disponível em: <https://edu-
cere.bruc.com.br/arquivo/pdf 2015/22753_10167.pdf>. Acesso em 30.mar 2023.
______. Decreto nº 5,478, de 24 de junho de 2005. Institui, no âmbito das instituições fe-
derais de educação tecnológica, o Programa de Integração da Educação Profissional ao En-
sino Médio na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos - PROEJA [Revogado pelo
Decreto nº 5.840 de 2006]. Acesso em 02.abr 2023.
______. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Parecer CEB nº: 11/2000.
Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação de Jovens e Adultos. Disponível em:
<http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/PCB11_2000.pdf> Acesso em 22.abr 2023.
251
Ciranda de Saberes
______. Decreto Legislativo nº 6, de 2020. Reconhece, para os fins do art. 65 da Lei Comple-
mentar nº 101, de 4 de maio de 2000, a ocorrência do estado de calamidade pública, nos
termos da solicitação do Presidente da República encaminhada por meio da Mensagem nº
93, de 18 de março de 2020. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/porta-
ria/dlg6-2020.htm#:~:text=DECRETO%20LEGISLA-
TIVO%20N%C2%BA%206%2C%20DE,18%20de%20mar%C3%A7o%20de%202020.
Acesso em 30.nov 2022.
______. Ministério da Educação. Inep divulga a 1ª etapa do censo escolar 2021. 31 de janeiro
de 2022. Disponível em <https://www.gov.br/mec/pt-br/assuntos/noticias/inep-divulga-
dados-da-1a-etapa-do-censo-escolar-2021#:~:text=Em%202020%2C%20foram%20regis-
trados%203,2%2C9%20 milh%C3%B5es%20de%20m%C3%ADcias> Acesso em 22.abr
2023.
252
Ciranda de Saberes
CERVO, Amado Luiz; BERVIAN, Pedro Alcino. Metodologia científica. 5. ed. São Paulo:
Pearson Prenticce Hall, 2002.
COSTIN, Cláudia. Alunos saem da rede privada por causa de crise econô-
mica. 16/02/2022. Disponível em <https://www.cnnbrasil.com.br/noticias/claudia-costin-
alunos-saem-da-rede-privada-por-causa-da-crise-economica/>. Acesso em 12.dez. 2023.
DI PIERRO, Maria Clara; JOIA, Orlando, RIBEIRO, Vera Masagão. Visões da educação de
jovens e adultos no Brasil. Cadernos Cedes, ano XXI, nº 5, nov/2001.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 17. Ed. São Paulo: Paz e Terra, 1987.
GHIRALDELLI, JR, Paulo. Filosofia e História da educação brasileira. São Paulo: Ma-
nole, 2003.
GIL, Antonio Carlos, 1946 - Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas,
2002.
RIBEIRO, Vera Masagão (Coord.). Educação para Jovens e Adultos. Ensino Fundamen-
tal – proposta curriculares para o 1º seguimento. São Paulo: Ação Educativa Brasi-
leira/MEC, 20001.
ROMANELLI, Otaíza de Oliveira. História da educação no Brasil. 40ª edição (3ª reim-
pressão/2017). Petrópolis: Vozes, 2014.
ROMO, Andrés Domo. A Educação Emancipatória: Iván Illich, Paulo Freire, Ernesto
Guevara e o Pensamento Latino-Americano. 1. ed. São Paulo - SP: Editora da Universi-
dade de São Paulo, 2020. p. 1–142
SAVIANI, Dermeval. Histórias das ideias pedagógicas no Brasil. 2. ed. Campinas: Auto-
res Associados, 2008.
253
Ciranda de Saberes
SILVA, Janaina Fernanda da. A Educação de jovens e adultos: sua historicidade no con-
texto brasileiro. Disponível em: <https://meuartigo.brasilescola.uol.com.br/pedagogia/a-
educacao-jovens-adultos-sua-historicidade-no-contexto-brasileiro.htm>. Acesso em
20.dez. 2022.
254
FORMAÇÃO DOCENTE: DESAFIOS DAS
NOVAS TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS
Introdução
Atualmente nossa sociedade globalizada é marcada pelo avanço da tecno-
lógica que acarreta mudanças significativas no sistema educacional brasileiro, ha-
vendo a necessidade de inserir nas bases curriculares dos cursos de formação de pro-
fessores, novas habilidades e competências para lidar com as novas tecnologias.
Portanto, a difusão e utilização das Tecnologias Digitais de Informação e
Comunicação vem ocorrendo em escala global e num ritmo acelerado, e isto vem
modificando significativamente as relações sociais e econômicas, modos de comu-
nicar e entreter, de trabalhar e educar.
Neste contexto, as novas tecnologias surge como um novo paradigma que
irá nortear o processo educacional e consequentemente a formação docente e o
papel do professor, pois torna-se imperativo a especialização dos saberes docen-
tes, a coparticipação transdisciplinar e interdisciplinar; o fácil acesso ao conheci-
mento, à informação e a comunicação, por meio de ambientes de aprendizagem
diversificados e tecnológicos voltados para o desenvolvimento de um espírito de
colaboração e de autonomia nos alunos.
Assim, este artigo intitulado “Formação do Professor: desafios das novas
tecnologias educacionais”, objetiva ampliar as reflexões sobre a inserção das novas
tecnologias nas bases curriculares dos cursos de formação de professores da educa-
ção básica, que subsidia a prática pedagógica do professor que utilizar todos os tipos
de modalidades tecnológicas para potencializar o processo de ensino dos conteúdos
curriculares e consequentemente a aprendizagem dos alunos da educação básica.
Não se pode ignorar que atualmente o problema que se apresenta no co-
tidiano escolar é que alguns professores, durante o curso de formação, não tiveram
nenhuma disciplina que abordasse as Tecnologias Digitais de Informação e Comu-
nicação (TDIC). Portanto, estes professores não entendem como as TDIC podem
ser benéficas na sua prática pedagógica e como fazer o uso pedagógico destas em
sala de aula.
Neste estudo utilizou-se da abordagem qualitativa fundamentar-se nas
ideias de Marconi e Lakatos (2010) por entenderem que a pesquisa com aborda-
gem qualitativa baseia-se no delineamento dos problemas específicos, pois o
1
Graduada em Licenciatura Plena em Pedagogia para anos iniciais, pela UNIFAP. Especialista em Mí-
dias na Educação pela UNIFAP. Acadêmica do Curso de Mestrado em Ciências da Educação pela FA-
CULTAD INTERAMERICANA DE CIENCIAS SOCIALES,Paraguai.
Ciranda de Saberes
256
Ciranda de Saberes
257
Ciranda de Saberes
258
Ciranda de Saberes
reprogramar a sua própria prática pedagógica” (MORAN, 2013, p. 23), além deste
profissional reconhecer seus limites e possibilidades de atuação educacional por
meio de uma formação continuada permanente em busca de novas práticas edu-
cativas teórica, pedagógica e cultural, como por exemplo:
259
Ciranda de Saberes
Considerações finais
Vale ressaltar que o impacto da tecnologia nas relações sociais, pessoais,
culturais e econômicas é exigir mudanças significativas na vida da sociedade, que
evolui em larga escala e ritmo bastante acelerado. Assim, o sistema educacional não
pode se eximir destas mudanças contextuais e deve criar práticas inovadoras envol-
vendo as TDIC, uma vez que os processos convencionais de ensino e aprendizagem
já não atendem mais às demandas da Sociedade da Informação e Comunicação.
Logo, as metodologias de ensino da escola precisam mudar, o processo de
ensino e aprendizagem precisa mudar, e os cursos de formação de professor tam-
bém precisa mudar e trazer para o eixo central as tecnologias, para que possa aten-
der as reais necessidades dos alunos, pois os alunos já mudaram o seu modo de
interagir com o conhecimento e as informações.
Portanto, o papel do professor é utilizar pedagogicamente as tecnologias
digitais de informação e comunicação para gerar qualidade e equidade do processo
de ensino e aprendizagem, mediante o uso de metodologias de ensino inovadoras
e uso de recursos digitais disponíveis para tornar as aulas mais motivadoras e bem-
sucedidas, além de promover o melhoramento da gestão escolar.
260
Ciranda de Saberes
Referências
FREIRE, Paulo. Aprendendo com a própria história. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 2008.
MORAN, José M. et al. Novas Tecnologias e mediação pedagógica. 8ª Ed. Campinas: Pa-
pirus, 2013.
NÓVOA, Antônio. (Coord.). Os professores e sua formação. Lisboa, Portugal, Dom Qui-
xote, 2011.
TERUYA, Tereza K. Trabalho e Educação na era midiática. Maringá, PR: Eduem, 2016.
261
REFLEXÕES SOBRE APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA
E COM DIVERSÃO NOS CENTROS JUVENIS DE
CIÊNCIA E CULTURA
Introdução
É notório que o modelo de ensino aprendizagem que temos atualmente,
na maioriadas escolas da rede pública de ensino, necessita reformular sua base
para deixar de ser enfadonho, limitador e tornar-se dinâmico, libertador e adap-
tado a exigência da sociedade contemporânea. O sistema educacional brasileiro
não acompanhou às necessidades de uma sociedade em desenvolvimento e em
plena transformação, em que a maioria dentro do sistema ainda prioriza instru-
ções, normas, matrizes curriculares, em vez de incentivar os protagonistas a de-
senvolverem novas ideias, estratégias e objetivos, é preciso desconstruir essa edu-
cação formatada, na maioria das vezes sem significação. Atualmente, percebe-se
sinalizações de algumas melhorias desse pensamento retrógrado, em alguns pon-
tos espalhados pelo Brasil e tem-se notícia de que muitos projetos que testam uma
educação norteada de maneira criativa e com significação dão super certo e torna
as pessoas mais felizes e realizadas.
Os Centros Juvenis de Ciência e Cultura abrem essa oportunidade de vi-
venciar esse modelo inovador de ensino, que através da liberdade, da diversão e do
despertar do interesse os estudantes podem construir seus conhecimentos com
significação, podendo ampliar seu campo de visão e fazer suas escolhas, sendo pro-
tagonista de sua aprendizagem. No decorrer deste artigo pode-se encontrar alguns
caminhos já percorridos pelos Centros Juvenis2 modelos de educação no estado da
1
Possui pós graduação em Metodologia do Ensino da Geografia, pela Faculdade de Formação de
Professores de Petrolina - FFPP (2000/2001), graduada em PEDAGOGIA pela Universidade do Es-
tado da Bahia (1998) e graduada em GEOGRAFIA pela Universidade do Estado da Bahia (2009)
atuando principalmente no tema alfabetização cartográfica. Atuou como vice-diretora do Colégio
Cazuza Torres entre 2008 a 2010 e de 2011 a 2013 gestora (eleita) do Colégio Estadual Cazuza Torres
- Secretaria da Educação da Bahia e professora regente - Secretaria da Educação da Bahia. Desde 2014
até a presente data é gestora no Centro Juvenilde Ciência e Cultura - Senhor do Bonfim, com elabo-
ração e execução da Inauguração desse espaço assim como elaboração e execução periódica de
workshop nas áreas dos conhecimentos, seleção pública de gestores e vices dos outros Centros Ju-
venis. Adquiriu em 2023 15 anos de gestão escolar.
2
Centros Juvenis de Ciência e Cultura – CJCC são uma iniciativa de educação integral da Secretaria
da Educação do Estado da Bahia. Visam ampliar o acesso da juventude baiana às temáticas contempo-
râneas na perspectiva de consolidar a sua capacidade de fazer nexos interdisciplinares, potenciali-
zando a compreensão de fatos, questões, invenções, avanços e conquistas científicas, sociais, culturais,
artísticas e tecnológicas da humanidade. Os Centros Juvenis oferecerão aos estudantes do ensino mé-
dio – seu público-alvo preferencial – uma grande diversidade de atividades culturais e de acesso ao
conhecimento científico, em especial cursos e oficinas. Pretendem-se, assim, provocar a curiosidade
Ciranda de Saberes
Bahia que revelam como é interessante usufruir de uma aprendizagem com signi-
ficação, diversão e interesse. Expõe como a aprendizagem é relevante, bem como,
aprender com diversão causam efeitos positivos na construção dos conhecimentos
para toda a vida e como educar é transformador, principalmente quando se tem
segurança que a aprendizagem vai causar em suas vidas.
Essa reflexão é relevante, porque busca nortear profissionais de educação
como visualizar uma prática pedagógica mais atualizada e dinâmica, geradora de
inovação3 e criatividade4 necessária para atuar na sociedade atual. Como campo
de estudo tem-se manifestações de positividade pelos estudantes que optam pela
metodologia oferecida pelos Centros Juvenis, onde a maioria revela que toda a
forma de educação deveria ser executada com esse rigor, pautada na diversão, na
liberdade e na significação do saber teórico.
Aprendizagem significativa
Conhecer é significar, aprender é um processo que usa produção. A
aprendizagem 4 significativa5 é uma teoria de David Ausubel, que foca a aprendi-
zagem cognitiva epropõe uma explicação teórica desse processo. Ausubel(Mo-
reira, 2010) baseia-se na premissa de que existe uma estrutura na qual organização
e integração de aprendizagem se processam. Para ele, o fator que mais influencia a
aprendizagem é aquilo que o aluno já sabe ou o que pode funcionar como ponto
de ancoragem para as novas ideias, envolve a interação da nova informação com
uma estrutura de conhecimento específica, a qual define como conceito sub-
sunçor. O processode assimilação é fundamental para a compreensão do processo
de aquisição e organização de significados na estrutura cognitiva. Desta forma,
pode-se dizer quea aprendizagem significativa está associada a compreensão do
mundo, tornandoos conceitos antes complexos, em mais simples e compreensi-
vos, entender o mundo em que está inserido partindo de sua compreensão, de seu
entendimento, aprender desta maneira com certeza trará mais satisfação para a
aprendizagem, tornando-a mais duradoura e efetiva.
Formalmente esse processo é passado nas Escolas através da organização
amplamente nas áreas do conhecimento e subdividido em disciplinas, currículos
e programas. Porém as aulas necessitam ser nutridas pela circulação desses conhe-
cimentos essenciais, bem como os conhecimentos prévios para dar significação a
aprendizagem e ampliar seu conhecimento de mundo. Visto que, aprender é criar,
dá formas de pensar antes desconhecidas, o que se espera das escolas é que os
dos estudantes e incentivá-los a criar uma nova relação com o ato de aprender, motivada pelo prazer
genuíno da descoberta. Como ganho adicional, os CJCC irão ampliar o tempo de permanência dos edu-
candos na escola.
3
Inovação, Novidade; aquilo que é novo; o que apareceu recentemente: fez inovações.Qualquer modi-
ficação ou alteraçãode fato ou de direito que desperta ou incita o interesse de uma avaliação judicial
4
Criatividade, Originalidade; qualidade da pessoa criativa, de quem tem capacidade, inteligência e
talento para criar, inventar ou fazer inovações na área em que atua.Essa capacidade de inventar, de
criar, de compor a partir da imaginação.[Linguística] Capacidade inata que o falante possui para de-
senvolver e entender uma quantidade excessiva de enunciados, mesmo os que nunca havia ouvido ou
falado antes.
263
Ciranda de Saberes
5
Aprendizagem, é um processo de mudança de comportamento obtido através da experiência cons-
truída por fatores emocionais, neurológicos, relacionais e ambientais. Aprender é o resultado da inte-
ração entre estruturas mentais e o meio ambiente. De acordo com a nova ênfase educacional, centrada
na aprendizagem, o professor é co-autor do processo de aprendizagem dos alunos. Nesse enfoque cen-
trado na aprendizagem, o conhecimento é construído e reconstruído continuamente.
6 Significativa, que significa; que exprime algo de maneira clara. Que exprime de maneira sensível um
pensamento, uma intenção; expressivo: gesto significativo.Repleto de significado; que denota ou ex-
pressa algo relevante, interessante; importante: aumento de salário significativo.
264
Ciranda de Saberes
7
Aprender, passar a ter conhecimento sobre; instruir-se.Passar a possuir habilidade técnica. Começar
a compreender melhor, normalmente, pelo uso da vivência, da sensibilidade etc. Perceber partindo da
experiência, pelo tempo, pela influência de: aprenderam dos professores a compartilhar.
265
Ciranda de Saberes
8
Geometria em ação, esta oficina proporciona ao aprendiz a reelaboração e a construção de conceitos
geométricos, de forma efetiva e real, através de conteúdos.
9
Fazendo Selfie, esta oficina oportuniza abordagem social, histórica, filosófica e geográfica na elabo-
ração de narrativas de si que possibilitem a construção de histórias de vida, que sejam embasadas nos
princípios da Nova História. Selfie retrata o corpo e registra a história de vida de alunos e alunas, que
enveredam pelo caminho filosófico do autoconhecimento, a partir de um conjunto de componentes
curriculares da área de humanas.
10
Clube da leitura, oficina que incentiva-se a prática de leitura e de produção de atividades interativas,
a partir do estudo doslivros: “A culpa é das estrelas”, “A menina que roubava livros” e “Marina”, explo-
rando o gênero audiovisual, artístico e tecnológico.
266
Ciranda de Saberes
11
Ciência Viva, oficina que prima por diversas atividades experimentais na área das Ciências Naturais
com o embasamento na teoria dos assuntos. Visando a construção do conhecimento dos alunos nessa
área, tornando o aprendizado mais eficiente com ligação de determinados assuntos da área da Ciências
da Natureza com áreas humanas, de linguagem, entre outras.
12
Juvenil Dance, é uma oficina que une arte, ciência e cultura. Na arte abordamos a arte da dança; na
área das ciências são: sistema respiratório, cardiovascular, muscular, esquelético, importância dos
alongamentos, dentre outros; na cultura, enfocamos o contexto histórico dos ritmos bem como a arte
de movimentar o corpo em certo ritmo. Pode existir como expressão artística ou como forma de diver-
timento)
267
Ciranda de Saberes
268
Ciranda de Saberes
269
Ciranda de Saberes
270
Ciranda de Saberes
271
Ciranda de Saberes
272
Ciranda de Saberes
Considerações finais
No cenário atual com o advento tecnológico não podemos mais pensar a
educação sem a inovação e a criatividade nas salas de aula, a estrutura educacional
necessita aprimorar sua prática urgente com maneiras mais adequadas, pois atu-
almente as teorias, ideias e crenças não funcionam mais como super verdades,
como eram no passado. Há exigência de atualização de como tornar a aprendiza-
gem mais significativa, mais prazerosa que cause transformação no nosso dia a dia,
na sociedade do conhecimento, O processo de aprendizagem tem que aproximar
o máximo possível da prática cotidiana, para fazer sentido a busca pelo conheci-
mento. Para que isso aconteça é preciso ter uma parceria entre o educador e o edu-
cando, sabe-se que é um desafio ativar essa parceria entre professor e estudantes,
mas nada impossível, para provocar essa prática e chamar os estudantes à respon-
sabilidade pelo próprio aprendizado é necessário que o professor conduza o pla-
nejamento com aulas interdisciplinares, atrativas, divertidas, desafiantes, argu-
mentativas, que estimulem o trabalho colaborativo. Tornando-o protagonista da
sua aprendizagem.
A fundamentação dos Centros Juvenis tem como premissa o desenvolvi-
mento da educação pautada com essa finalidade supracitada, de conduzir os es-
tudantes para a autoaprendizagem, com a valorização de seus conhecimentos,
bem como de construir um ambiente próprio, onde o aluno sinta´se livre, motivado
comaprendizagem vibrante, estimulado de forma colaborativa e intensa, sua me-
todologia firmada na valorização da prática que estimula o interesse pela desco-
berta, potencializa o conhecimento e a autonomia e fortalece o exercício do
pensamento reflexivo e crítico, possibilitando os jovens a agirem como cidadão
capaz de integrara arte e a cultura como valores de associação a sua ocupação no
mundo de forma atuante. `Dá ênfase na aprendizagem com diversão, que promove
273
Ciranda de Saberes
prazer e satisfação, bem como, foca na cultura da inovação que amplia a ação do
ato de aprender para fora dos muros escolares empoderando os protagonistas en-
volvidos. Acredita-se no poder transformador dessa forma condutora do aprendi-
zado que promove reflexões, e tornam os jovens atuantes para evoluírem em suas
iniciativas, a escola atual deve preparar os estudantes para serem cidadãos do sé-
culo XXI, em que, a educação não funciona sem prazer e deve ter valorização na
liberdade, fortalecendo a empatia, paciência, autonomia, resiliência, garra, com
foco nas atividades práticas e interdisciplinares que despertam o gosto pela edu-
cação, aprendendo a gostar de conhecer de desvendar o mundo que nos cerca.
Considerando essas reflexões, pode-se dizer que os Centros Juvenis estão
trilhando um caminho promissor da educação para o século XXI, visto que a edu-
cação atual necessita ser pautada na significação, na ludicidade com experimen-
tação que transformam os alunos em protagonistas, e inicie deles o interesse em
desenvolverem projetos e produtos. Com as observações identificou-se que as ex-
periências lúdicas de experimentação e de desafios ajudam a resgatar o interesse
dos jovens pelo aprendizado, e que os jogos estimulam à criatividade, à colabora-
ção e ao pensamento criativo. Essas atividades elaboradas como ponto de inovação
nas oficinas nos Centros Juvenis, revelam relações de prazer que os estudantes
demonstram ter em estudar com diversão e significação, é notório como a valori-
zação da gamificação potencializa novas formas de interagir com o conhecimento
de mundo, como a utilização de objetos digitais apoiam a prática pedagógica den-
tro e fora da sala de aula, e como tornam as atividades educativas mais criativas e
despertam o interesse dos alunos, preparando-os para viver melhor e mais consci-
ente na sociedade do conhecimento.
Referências
ALVES, Rubem. Conversas com quem gosta de ensinar. São Paulo, Cortez, 1981. Disponível
em: https://pedagogiaconciente.wordpress.com/2015/05/31/saber-e-saborear/ Entrevista
em 31 de de maio de 2015. Acesso em 16 de abril de 2018.
FREIRE, Paulo. Educação e mudança. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1979, p. 27. GADOTTI,
Moacir. Boniteza de um sonho: Ensinar-e-aprender com sentido.
274
Ciranda de Saberes
MACEDO, Lino de. Os jogos e o lúdico na aprendizagem escolar. [recurso eletrônico] Lino
de Macedo, Ana Lúcia Sícoli Petty e Norimar Christe passos. Artemed, Porto Alegre:
2007.Disponível:https://books.google.com.br/books?hl=en&lr=&id=BxGpIexPy8YC
&oi=fnd&pg=PA6&dq=interesse+na+aprendizagem+escolar&ots=bAOPGEpYY1&si g=-
HVUTTN5uRsCt. Acesso em 31 de março de 2018 às 23:20h.
SILVA, Delcio Barros da. As principais tendências pedagógicas na prática escolar brasileira
e seus pressupostos de aprendizagem. Disponível em: http://coral.ufsm.br/lec/01_00/Del-
cioL&C3.htm . Acesso em: 03 de março de 2018.
275
O RELATO DE EXPERIÊNCIA COMO
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
Introdução
O curso de Ciências da Religião da Pontifícia Universidade Católica do
Paraná (PUCPR) acontece na modalidade à distância (EAD) durante quatro anos.
A carga horária do curso é de 3.215 horas, distribuídas ao longo de 8 períodos ou
semestres. O curso forma pesquisadores comprometidos com a promoção e a va-
lorização do respeito à diversidade religiosa e cultural.
A disciplina de Prática Profissional – Trabalho de Conclusão de Curso
(TCC) possui uma carga horária de 60 horas e é trabalhada no oitavo período do
curso. É uma disciplina certificadora, por isso, o estudante precisa atingir a média
mínima para a aquisição do certificado de Cientista da Religião e atuar na área
como pesquisador ou professor de Ensino Religioso no Ensino Fundamental tanto
nos anos iniciais como finais.
O sétimo período possui dois módulos principais no qual o estudante tra-
balha em duas dimensões: A Dimensão Pública das Ciências da Religião – nessa
dimensão o estudante faz o estágio curricular supervisionado em Docência no En-
sino Religioso nos anos iniciais com Pesquisa e Prática Docente que totalizam 60
horas. Dimensão Teológica das Ciências da Religião – aqui o estágio supervisio-
nado acontece no Ensino Fundamental com estudantes dos anos finais com pes-
quisa e prática docente de 60 horas.
No oitavo período o estudante faz estágio curricular supervisionado em
diferentes contextos a partir da Dimensão Crítica da Religiosidade que é traba-
lhada em todas as disciplinas do oitavo período.
Desse modo, o estudante tem a oportunidade de atuar tanto em ambien-
tes formais de educação como não formais, tendo acesso a diferentes matrizes re-
ligiosas conhecendo assim seus aspectos históricos fundantes, culturais e concep-
ções, de forma inclusiva, ética, com senso crítico e tolerância. Além disso, aprende
a articular as diferentes matrizes religiosas demonstrando domínio de seus aspec-
tos históricos fundantes, culturais, geográficos e sociais de forma inclusiva, impar-
cial, ética, com senso crítico e tolerância.
Ciranda de Saberes
1
Alexander Kapp, professor alemão nascido em Soest (1799), introduziu o termo Andragogia ao
mundo em 1833. A primeira vez que se usa o termo foi em seu livro chamado ‘Platon’s Erziehungslehre‘
(Ideias Educacionais de Platão). Nesse livro, Kapp descreve a necessidade de aprender ao longo da vida
e que para isso se é preciso de muita autorreflexão e ter objetivos claros de aprendizado (educação
versus formação). Alexander Kapp não desenvolve uma teoria, nem pressupostos andragógicos, mas
justifica a prática da Andragogia como a necessidade da educação dos adultos de uma maneira dife-
rente ao método convencional que já se aplicava na época.
277
Ciranda de Saberes
278
Ciranda de Saberes
279
Ciranda de Saberes
O trabalho tem início com o Plano de Ensino (PE) que, uma vez aprovado
passa para a segunda etapa que é a da estrutura da Disciplina, um breve esboço
das atividades semana a semana de forma bem resumida. Na terceira etapa inicia-
se o trabalho de desenvolvimento das semanas. Essa é a etapa na qual definimos o
conteúdo trabalhado, as videoaulas e as tarefas a serem entregues.
O PE é um documento institucional, didático-pedagógico e administra-
tivo, elaborado considerando o desenvolvimento de competências do egresso pre-
vistas no Projeto Pedagógico do Curso (PPC). É um trabalho conjunto entre Nú-
cleo Docente Estruturante (NDE) e professores da área de conhecimento, visando
a garantir que cada disciplina cumpra seu papel no desenvolvimento das compe-
tências dos estudantes.
Os Temas de Estudo da Disciplina de Prática Profissional -TCC são: Ex-
periência pedagógica e prática docente e a Produção do Relato de Experiência Pe-
dagógica.
280
Ciranda de Saberes
Semana 2: contextualização
O tema da semana é a contextualização com exemplos de introdução para o
relato de experiência. No material didático foram apresentados os três tipos de con-
textualizações que precisam ser apresentados no relato: o contexto da disciplina, o
contexto geral e o contexto específico. No contexto da disciplina apresenta-se a dis-
ciplina dentro do curso de Ciências da Religião. O Contexto Geral apresenta o ce-
nário ampliado de onde aconteceu a experiência que está sendo descrita: escola, hos-
pital, ONGs, etc. – nessa contextualização é importante descrever o contexto soci-
oeconômico, ambiental e situacional da localidade em que foram desenvolvidas as
atividades, isso inclui apresentar, por exemplo, situação de vulnerabilidade, renda
média dos envolvidos, descrição da vizinhança, das condições de vida, saneamento
e demais dados que orientem na melhor visualização do leitor no cenário regionali-
zado. Já o cenário específico descreve a turma propriamente dita no qual o estudante
realizou a atividade. Desse modo, é possível descrever o perfil dos envolvidos na ati-
vidade (idade, classe social, sexo, religião, entre outros).
281
Ciranda de Saberes
Semana 3:
O foco do conteúdo dessa semana é a seleção de autores para a fundamen-
tação teórica com base na temática que foi desenvolvida pelo estudante na atividade.
Embora seja um relato de uma experiência já realizada, é importante se-
lecionar as referências que foram utilizadas no trabalho e, se for o caso, acrescentar
novas apenas para fundamentar o TCC.
Para isso foram apresentados diversos caminhos para a busca de autores
e temas como artigos, livros físicos, sites de bibliotecas virtuais, principais inde-
xadores como SciELO (Scientific Electronic Library Online), Periódicos da CA-
PES, Google Acadêmico, entre outros.
Depois de feita a pesquisa bibliográfica é importante que o estudante
analise, de forma bastante criteriosa, alguns aspectos do material selecionado.
Para isso ele deve observar os seguintes critérios:
Aderência: Verificar se o estudo (artigo, livro, etc.) aborda aspectos rele-
vantes e que tem sinergia com o que irá apresentar em seu relato de experiência.
Credibilidade: Dar preferência para pesquisas ou livros escritos por es-
pecialistas ou profissionais renomados na área em que você está trabalhando. Bus-
car em portais/sites que agrupam pesquisas publicadas com rigor científico.
Atualidade: Verificar se há trabalhos dos autores publicados recente-
mente e se estão alinhados com as últimas pesquisas em desenvolvimentos na área.
É importante que as informações e os conceitos discutidos estejam atualizados e
reflitam os conhecimentos atuais da área.
Base conceitual: Verificar se os conceitos e teorias dos autores ou estu-
dos selecionados são consistentes entre si e coerentes com os objetivos e o tema
282
Ciranda de Saberes
283
Ciranda de Saberes
284
Ciranda de Saberes
Veja o modelo:
285
Ciranda de Saberes
Ortografia e uso da Sem erros de ortografia Alguns erros de Alguns erros de Muitos erros de
norma padrão e de escrita na norma ortografia e de norma ortografia e poucos de ortografia e de norma
padrão. padrão. norma padrão. padrão.
contextualização Apresenta todos os Apresenta pelo menos Apresenta apenas um Não apresenta
contextos: da disciplina dois contextos: geral e contexto contexto.
no curso, contexto Específico
geral e contexto
específico
Fundamentação Totalmente coerente Coerente, porém, falta Pouco coerente, Nada coerente.
Teórica e Objetivos aprofundar a teoria precisa rever conceitos
286
Ciranda de Saberes
287
Ciranda de Saberes
da ABNT – foram conferidas de acordo com o tipo de obra (livro, capítulo de livro,
revista acadêmica, etc).
Considerações
A utilização do relato de experiência como forma de apresentação de tra-
balho de conclusão de curso acrescenta valor ao processo de avaliação da formação
acadêmica na medida em que leva o estudante a relacionar os conteúdos teóricos
estudados durante todo o curso e aplica-los em atividades pedagógicas ou em pro-
jetos, o que, por si só, potencializa a aprendizagem na medida em que traz para a
vida uma significação ou um resultado que foi palpável.
Ao ser convidado a relatar uma experiência os estudantes agregam à ex-
periência algo a mais. Se, no método tradicional de elaboração do TCC os estu-
dantes escrevem sobre algumas temáticas embasadas em autores de autoridade.
Ocorre que, em muitos casos, a busca teórica acaba sendo pouco discutida ou apli-
cada ao dia-a-dia do estudante. E, a depender do tema, pode ser muito abstrato.
Embora o estudante consiga aprofundar o conhecimento sobre o assunto estu-
dado, muitas vezes fica muito distante da vida cotidiana e apenas no campo dos
conceitos.
Desse modo, fazer um Relato de Experiência requer ir além do conheci-
mento. Requer a aplicação do conteúdo a uma realidade e, com isso, a avaliação
visa a verificação do processo da atividade, seja numa sala de aula, numa institui-
ção de saúde ou uma ONG.
O processo de elaboração da disciplina de Prática Profissional (TCC) é um
trabalho coletivo no qual o/a professor/a conteudista elabora os conteúdos de
acordo com um tutorial pré-elaborado em que a professora preenche alguns cam-
pos obrigatórios como as competências, elementos de competência, resultados de
aprendizagem e tema de estudo de cada semana.
Tudo precisa estar relacionado de forma que tanto o conteúdo como as
tarefas e atividades desenvolvidas contemplem esses critérios.
Por se tratar de um trabalho de equipe o conteúdo passa por uma avalia-
ção, revisão, pelo designer instrucional que encaminha o material para ser diagra-
mado e colocado na plataforma.
É um trabalho bastante gratificante e que sempre traz novos aprendizados.
Trabalhar com EaD exige que os professores e professoras estejam sempre em cons-
tante aprendizado, buscando novos modos de fazer e de desenvolver os conteúdos.
Estar preparado para gravar aulas, conhecer novos recursos e novas tecnologias.
A tecnologia deve ser uma aliada dos professores e professoras. Não po-
demos ficar paralisados diante de novos recursos. Os estudantes geralmente estão
mais conectados e podem conhecer ou interagir com a tecnologia com mais facili-
dade. Buscar estar atualizado permite que estejamos prontos para as novas reali-
dades que o ensino vem nos apresentando.
A EaD veio para ficar. Desse modo, todos os docentes precisam estar pre-
parados para se adaptar às novas formas de ensino. A constante atualização faz
288
Ciranda de Saberes
parte da vida dos docentes e as instituições precisam estar sempre oferecendo cur-
sos nos quais seja possível aperfeiçoar e conhecer novas plataformas, novos apli-
cativos e novas formas de avaliar o conhecimento.
Um dos grandes desafios para o professor facilitador ou para a professora
facilitadora é não perder o horizonte das características humanizadoras no pro-
cesso. O trabalho online pode parecer distante, porém, esse profissional deve estar
sempre comprometido com a tarefa de manter o seu estudante sempre ligado e
atento. Deve ter a percepção de quando há alguma dificuldade. Não deve esperar
o final do curso para reprovar o estudante. Deve fazer avaliações periódicas das
atividades para poder corrigir antes do final do curso.
Ao elaborar material didático ou mesmo participar do desenho instruci-
onal de qualquer curso é preciso que haja um alinhamento com uma visão de
mundo que pode ser previamente definida pela instituição ou, quando possível,
pelos responsáveis da instituição. Nesse segundo caso, antes de começar a elabo-
rar os conteúdos e as tarefas cabe ao conteudista estar a par dessas informações.
Isso possibilita perceber se o projeto de desenho do curso é fechado, semiaberto
ou aberto. Sendo fechado vai seguir as normas e orientações sem poder fazer alte-
rações; sendo semiaberto haverá momentos em que pode ser mais criativo e,
quando aberto, pode desenvolver de acordo com a visão de mundo, de sujeito e de
sociedade em que acredita.
O trabalho de produção de conteúdo para a disciplina de Prática Profis-
sional (TCC) foi elaborado dentro de uma visão de mundo voltada para a emanci-
pação do sujeito. Por isso, foi possível elaborar um desenho com base no perfil dos
estudantes adultos.
Referências
AZEVEDO, D. Revisão de Literatura, Referencial Teórico, Fundamentação Teórica e Fra-
mework Conceitual em Pesquisa – diferenças e propósitos. Working paper, 2016. Dispo-
nível em: < https://unisinos.academia.edu/DeboraAzevedo/Papers> Acesso em 10/07/2023.
CERVO, Amado Luiz et al. Metodologia Científica. 6. ed. São Paulo, SP: Pearson, 2006. E-
book. Disponível em: https://plataforma.bvirtual.com.br. Acesso em: 04 ago. 2023.
COELHO, Fábio André; PALOMANES, Roza. Ensino de produção textual. 1. ed. São
Paulo: Contexto, 2016. E-book. Disponível em: https://plataforma.bvirtual.com.br. Acesso
em: 30 jul. 2023.
289
Ciranda de Saberes
FIORIN, José Luiz. Argumentação. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2022. E-book. Disponível
em: https://plataforma.bvirtual.com.br. Acesso em: 30 jul. 2023.
KÖCHE, Vanilda Salton. Leitura e produção textual. 6. ed. São Paulo: Vozes, 2014. E-book.
Disponível em: https://plataforma.bvirtual.com.br. Acesso em: 30 jul. 2023.
SASSERON, L.H; CARVALHO, A. M.P. Uma Análise dos Referenciais Teóricos sobre a
Estrutura do Argumento para Estudos de Argumentação no Ensino de Ciências. Revista
Ensaio: Belo Horizonte, v.13 n.03 p.243-262 set-dez ,2011.
290
A SALA DE AULA COMO UM SISTEMA
ADAPTATIVO COMPLEXO (SAC)
Com vistas a entender como a sala de aula pode ser considerada um Sis-
tema Adaptativo Complexo - SAC, faz-se necessário compreender tal conceito.
Leffa (2006, p. 9) explica que os SACs “[...] não são sistemas fechados, mas abertos,
vulneráveis a tudo que possa acontecer fora deles”; e para diferenciar sistemas fe-
chados e abertos, apresento uma metáfora utilizada pelo autor sobre o relógio e o
corpo humano. Ele discorre que o relógio não é um SAC, considerando-o um sis-
tema fechado, ou seja, é indiferente a tudo que está ao seu redor, não se renova
internamente, não se modifica, não se adapta e, se faltar alguma peça, ele para de
funcionar, de modo que o sistema deixa de existir. Já o corpo humano seria um
SAC, pois é altamente sensível ao seu meio, renova-se internamente com regulari-
dade e, se algumas células pararem de funcionar ou forem retiradas desse sistema,
isto é, do corpo humano, ele continuará funcionando e as suas interações com o
meio podem ser múltiplas, tornando a evolução desse sistema imprevisível.
Existem duas principais características que classificam um sistema como
complexo, de acordo com Leffa (2006): a primeira é a sensibilidade extrema às
condições iniciais, ou seja, uma variação mínima pode levar a grandes mudanças
no sistema; já a segunda é o fato de os sistemas não “[...] oferecerem resistência a
qualquer perturbação externa; reagem, e se modificam, a essas perturbações”
(LEFFA, 2006, p. 9). Não basta a condição inicial; para um sistema evoluir, é ne-
cessária sua relação com o meio, o qual precisa responder ao seu entorno.
Assim sendo, ao evidenciar a defesa feita pelo Paradigma da Complexi-
dade – de que detalhes provocam inúmeras transformações – e considerando o
contexto de sala de aula, a compreensão dessa teoria se torna fundamental. Na sala
de aula, dentro do Paradigma da Complexidade, temos algo visto como mínimo,
alterando todo o sistema, como mencionado por Paiva (2009a, p. 193), ao citar al-
guns versos de um provérbio chinês, a partir de Gleick (1987, p. 23) que sintetizam
a ideia desse paradigma:
1
Doutora em Estudos Linguísticos pela Universidade Federal de Uberlândia - UFU. Professora EBTT
da área de Linguagem - Português/Inglês no Instituto Federal de Mato Grosso - IFMT - Campus Juína.
Líder do grupo de pesquisa GPEDe - Grupo de Pesquisa e Estudos Decoloniais: Olhares sobre Lingua-
gem, Educação, Identidade e Poder - Em busca da desobediência epistêmica para a formação crítica da
juventude, registrado no CNPq.
Ciranda de Saberes
2
“[...] mathematical term, referring to change that is not proportional to input”.
292
Ciranda de Saberes
3
“[...] the learners in a language classroom are dynamic as a group; the group that the teacher meets
one day will be different when she meets them the next day. Friendship flourish and decline; health
293
Ciranda de Saberes
Por uma perspectiva complexa, não há nada estático, e, assim como o fi-
lósofo aponta sobre o rio e sua incessante renovação, também percebo essa dina-
micidade em sala de aula.
Já o teor caótico do sistema se relaciona ao fato de ele ser sensível às
condições iniciais na medida em que pequenos atos podem desencadear grandes
alterações no sistema a pequeno, médio ou longo prazo. Sistemas caóticos pos-
suem também como característica a fractalidade, a qual:
[...] diz respeito à dimensionalidade fracionária de certos sistemas. Uma das pro-
priedades mais conhecidas da maioria dos sistemas fractais é a autossimilari-
dade: o todo é composto de partes similares ao todo, mas em menor escala; cada
parte é composta de subpartes também similares, mas em escala ainda menor; e
assim sucessivamente (FLEISCHER, 2009, p. 75).
http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=28533
Fonte: Google Imagens
problems come and go; windy weather makes students more lively, while hot humid weather may
make them less responsive; lesson activities may motivate or disappoint. In all sort of ways, the group
is never the same two days running, or even from one minute to the next. This is what we mean by
‘dynamic’”.
294
Ciranda de Saberes
4
“[...] interactions of components are not fixed and clearly defined, but are subject to ongoing co-
adaptations. The behaviors of simple and complicated systems are mechanical. They can be thoroughly
described and reasonably predicted on the basis of precise rules, whereas the rules that govern com-
plex systems can vary dramatically from one system to the next”.
5
“As open systems evolve, they increase in order and complexity by absorbing energy from the envi-
ronment”.
295
Ciranda de Saberes
296
Ciranda de Saberes
Figura 2 – Rizoma
http://www.natividigitaliedizioni.it/portfolio/ril-rizoma-letteratura/
Fonte: Google Imagens
Assim sendo, entender a sala de aula como um rizoma é compreender o
processo de ensino e aprendizagem como um sistema complexo que se constitui
por partes interdependentes que se interagem e se transformam. No entanto, não
se tem como resultado apenas a soma de todas essas partes, uma vez que tal sis-
tema adquire outras características que emergem devido à própria interação.
Diante dos pressupostos supracitados, percebo o quão complexo é o ambi-
ente da sala de aula e como o Paradigma da Complexidade pode colaborar para a
compreensão dos processos que nela ocorrem. Embasada na perspectiva deste para-
digma, entendo que vários são os agentes que interferem na dinâmica de minha sala
de aula e em meu trabalho enquanto professora. Também defendo que toda a comu-
nidade escolar – gestores, supervisores, inspetores, orientadores etc. – poderiam se
beneficiar dos estudos do Paradigma da Complexidade para melhor compreender o
complexo ambiente de sala de aula e os processos que nela ocorrem.
297
Ciranda de Saberes
Referências
BRAGA, J. C. F. Comunidades Autônomas de Aprendizagem online na perspectiva da
complexidade. Tese (Doutorado em Linguagem e Tecnologia) – Universidade Federal de
Minas Gerais, Belo Horizonte, MG, 2007. 207f.
DAVIS, B; SUMARA, D. Complexity and education: inquiries into learning, teaching and
research. Mahwah, New Jersey: Lawrence Erlbaum, 2006.
______. Modelo fractal de aquisição de línguas. In: BRUNO, F. C. (Org.) Reflexão e Prática
em ensino/aprendizagem de língua estrangeira. São Paulo: Editora Clara Luz, 2005. p.
23-36.
298
Ciranda de Saberes
NELSON, C.P. The role of networks in learning to write. In: Complexity Science and Ed-
ucation Research conference, 2004, Chaffey’s Locky, Proceedings. Canada. p. 91-105.
299
HISTÓRIAS PERDIDAS NO ESPAÇO-TEMPO1
Nós professores, nós sonhadores ... nós apaixonados por nossas áreas do
conhecimento. Trabalhamos tanto! Produzimos tanto! E sempre parece que alguma
coisa está errada. Serão esses alunos, suas famílias? O que pode estar errado? Será
que é possível vermos alguma coisa falhando, nós que nos dedicamos tanto e faze-
mos sempre nosso melhor? O mundo anda, as reações acontecem, massa e energia se
associam para nos cantar essa ópera diária que nem sempre faz sentido. E nossa ca-
beça roda, feito o mundo, o tempo e a vida. E seguimos, desde o passado até ...
Numa aula de Física, em algum ponto do espaço-tempo, no mundo do
possível e do impossível – não importa: as coisas acontecem de várias maneiras:
fatos e versões se confundem tanto!
__________________
- Olá, Charles!
- Oi, professor! Nem tinha percebido que o senhor estava aqui. E ... eu
estou ... Bem, estou ...
- Não precisa dizer nada, Charles! Estou vendo! Em plena aula de física,
brincando com esses insetinhos. Você é sádico ou o quê? Eu passei uma tarefa pra
vocês. Não ouviu? Tem de resolver esses exercícios sobre a gravitação. Todos os
seus colegas estão fazendo. Por que só você não?
- É que eu ... Eu já ia começar. Vou fazer agora. Pode deixar.
- Não é isso, Charles! Você não percebe? Faz tempo que eu presto atenção
em você. Sabe, você tem uma mente privilegiada! Por que diabos ficar brincando
com bichinhos quando estamos estudando algo que será fundamental para sua
formação? Vai trocar o legado de Isaac Newton por uma bobagem qualquer?
- Não! É que eu percebi um comportamento interessante nesses insetos e
queria saber se eles são ...
- Por favor, Charles! Ainda por cima quer me provar que está certo? Jogue
isso fora, agora! Há uma lista de exercícios de Física para fazer. Isso é o mais im-
portante, no momento. Afinal, você é um estudante: deve saber sobre coisas im-
portantes. Ah, como queria poder ter alunos comprometidos! Não percebe que
1
Espaço-tempo - Na mecânica newtoniana, Espaço e Tempo são entes absolutos, e existem indepen-
dentes um do outro. Um metro será sempre um metro, e um minuto, sempre um minuto, independendo
de velocidade etc. Porém, na física relativística de Einstein o que existe é o Espaço-tempo, onde espaço
e tempo não são independentes, e compõem uma estrutura quadrimensional para a qual “não há mais
seções que representem objetivamente o ‘agora’”. Aí, “os conceitos do acontecer e do devir, embora não
desapareçam completamente, tornam-se mais complicados” (Einstein, A. A teoria da Relatividade Es-
pecial e Geral. Rio de Janeiro: Contraponto Editora, 1999).Veja também “O Espaço-Tempo explicado”,
em https://www.youtube.com/watch?v=kJ5xNaSIeTI .
Ciranda de Saberes
você tem o privilégio de estudar enquanto tanta gente morre de fome? Este conhe-
cimento vai fazer de você um grande homem. Mas ... ficar brincando com formi-
guinhas ...
- Não são formiguinhas, professor! São ...
- Pare, Charles! Não me desafie! Quero que você seja um grande homem.
Já falei que tem uma inteligência bem superior à média dos seus colegas. Quer jo-
gar isso fora? Pense na universidade. Como vai querer galgar um posto alto na vida
acadêmica e no mercado de trabalho parado aí, brincando com pernilongos?
- Não! Não são ...
- Chega! Ou você retoma sua lista de exercícios ou vou mandá-lo à coor-
denação!
- Si ... sim ...
- Não é por mal. É para o seu bem. E, quem sabe, para o bem da humani-
dade. Veja ali, seu colega James. Ele é tão inteligente quanto você. Mas entendeu a
proposta. Aliás, estou certo de que já deve ter acabado a tarefa. Por que não se
junta a ele? Vai perceber o tempo que está perdendo. James deve estar cansado de
esperar por vocês todos. E sabe o que vai começar a fazer? Jogar aviõezinhos
quando eu não estiver olhando. E tudo porque você e seus colegas demoram esse
tempo todo para fazer uma lista simples como esta. E você, em particular, nem
começou.
- Tá certo, mestre! Vou começar.
- E trate de se livrar desses mosquitinhos de uma vez!
- Nã ... não! Ah ! Si ... sim, mestre. É pra já!
__________________
Bem! O espaço-tempo tem lugar para tudo e para todos. Estes mesmos
alunos também podem estudar Biologia. Aliás, outro saber fundamental.
- Olá, meu querido!
- O, oi, professora! E, eu ...
- Não precisa dizer nada, James! Eu estou vendo. Você está brincando
com uma bússola, uma pilha e esta lâmpada. Sabe que eu enxergo bem e sei distin-
guir os objetos? Aliás, venho observando sua postura não é de hoje. O que está
havendo, meu querido? Posso te ajudar?
- Nada, professora! Nada mesmo! É que eu tive uma ideia sobre a bússola e a ...
- Querido, será que, neste momento, há algo mais importante do que seu
trabalho de Biologia? Veja, não sou uma professora tradicional. Permiti que vocês
se reunissem em grupos, consultassem tudo o que quisessem, poderiam até ir à
biblioteca ... É um trabalho planejado para apenas cinquenta minutos. É fácil! Mas,
você nem grupo tem! Acho que nem ouviu as minhas instruções.
- Ouvi, sim, professora! É que eu ...
- Ai, ai, meu amor! Lá vem você querendo ter razão! James, eu estou te
observando. Sei muito bem o que é um aluno. Sei o que é uma sala de aula. Procuro
301
Ciranda de Saberes
me atualizar como professora. Sei que vocês, muitas vezes, se sentem desmotiva-
dos. Então, procuro tornar nossas aulas interessantes. Veja, querido: há algo mais
lindo do que uma rosa? Então! Pois estou dando a vocês a oportunidade de estu-
darem o caule de uma beleza destas. E permito todo tipo de pesquisa que queiram.
- Eu sei, professora. Todos os alunos adoram a senhora. Eu também! Só
que eu estava estudando ...
- Ai, ai, meu lindo! Por favor, né! Tudo menos isto! Estudando? Sabia que
pode brincar o quanto quiser em seus momentos de recreio? Além do que, sempre
reservo uns instantes das nossas aulas para que vocês conversem do que quiserem.
Não é mesmo?
- É, sim! A senhora é muito legal! Peço desculpas. Apenas estava ...
- Não, não, meu querido! Não precisa se justificar, nem insistir nas des-
culpas! Sei da sua competência e capacidade. Sei que é um menino do bem. Só que-
ria que aproveitasse as oportunidades que tem de estudar e se tornar uma pessoa
melhor. Você merece! Além do mais, os vestibulares estão aí! E, se não estudar pra
valer, ficará cada vez menos competente para o mercado de trabalho. Você sabe
que eu tenho razão, né?
- Sei, sim, professora! Só queria que soubesse que ...
- Tá tudo certo, James! Desta vez, eu perdoo. Mas, tente não ficar pra trás
dos seus coleguinhas. Veja só o Charles, ali! Parece que é o único que percebe a
importância do conhecimento. Vejam os seus colegas do grupo. Eles pensam que
eu não estou vendo: todos se aproveitando do que o Charles faz. Ah! Se eles perce-
bessem como é importante saber mais...
- É! Tá certo, professora!
- Faça o seguinte, meu doce: tente fazer amizade com o Charles. Vai per-
ceber que menino compenetrado e centrado ele é. Quem sabe ele possa te ajudar a
retomar a seriedade nos estudos. Certo, queridíssimo?
- Certo, professora! Muito obrigado pela ajuda.
- Não há de quê. Esta é a minha missão no mundo!
__________________
E, até mesmo nos pontos mais perdidos e confusos do espaço-tempo, as
pessoas se encontram.
- Ô, oi!
- Olá! Tudo bem?
- Tudo! É que ... sabe ... a professora de Biologia, Marie, me falou para fazer
amizade com você. Não sei se gostaria de ...
- Nossa! Que coincidência! O mestre Belarmino, de Física, também me
disse para falar com você. Acho que eles querem ...
- Acho que ela quer que você me ajude na Biologia.
- E ele quer que eu aprenda sobre física com você. Está preocupado com
o meu futuro, sabe?
302
Ciranda de Saberes
- Sei como é. Ela também me disse o mesmo. Ainda bem que não nos man-
daram para a coordenação.
- Se depender do Senhor Belarmino, estou correndo um risco sério. Ele
não é mole, não! Na semana passada, quase acabou com a vida do nosso amigo
Giordano. Também, pudera, o cara é muito voador. Queria expulsá-lo!
- Eu soube. Mas, do jeito que o Gi se comporta ... Acho que ele não vai ter
salvação, não. Eh, eh, eh ...
- Sabe, James! Eu tento me interessar por física. É legal! Mas, umas coisas
tão interessantes me passam pela cabeça ... Eu sei que, se não me formar e não tiver
um diploma valioso como o do nosso colégio, talvez não seja ninguém. Mas ... Sabe!
Gosto de estudar, mas ... Eu me interesso mais pelas coisas que dizem respeito aos
seres vivos. Sabe, vivo tendo umas ideias e ... gostaria de experimentá-las, ver o que
acontece. Bem! Acho que ele tem razão! A escola sabe melhor que nós do que a
gente precisa, né?
- Acho que sim. No meu caso, penso também assim como você. Queria saber
sobre todas as coisas que a escola preparou para nós. Mas, há algo de que eu gosto
muito. Gosto mais do que tudo. Ah, se eu pudesse usar as aulas de outro jeito ...
- Acho que o Belarmino também está no teu encalço, hem! Cuidado com
esses aviõezinhos! Ele vai te pegar. Se bem que ninguém os faz voar por tanto
tempo quanto você. Pena que não dá para mostrar pros professores.
- É! Sei disso. O que acha que devemos fazer? Acho que temos problemas
parecidos.
- Não sei ao certo. Que tal se eu fizesse tuas tarefas de Biologia e você, as
minhas de Física? Na aula, a gente disfarça. Com o Belarmino, eu fico estudando
do seu lado, fingindo que estou entendendo. Até copio tudo o que você escrever.
No dia da prova, você me passa as resoluções dos problemas. Já percebi que o Bela
é meio surdo ...
- Mas, isso é errado, Charles! Nossa! Você é um transgressor, hem! Um
dia, ainda vão te colocar numa fogueira! Apesar de que essa ideia não é tão má,
assim. E, como a professora Marie é boazinha e dá as provas com consulta, pode-
mos dar um jeito de trocar os papeis e eu escrevo tudo do seu jeito. Acho que topo!
- Afinal de contas, eles querem nos ajudar, certo? Ah, ah, ah ...
- Combinado, então! Daqui a pouco, tem aula de Biologia. Vou colar em
você, certo?
- Beleza! Acho que estou alegre em poder ser seu amigo. Vai ser legal!
- Por falar nisso, você já leu este livro?
- Que língua é essa?
- É dinamarquês. De um tal de Kierkegaard. Falaram que é legal. E tem um
tipo, na minha rua, que acabou de chegar da Dinamarca. Ensino inglês pra ele, e ele
me traduz o livro. A gente se reúne às quintas, depois da aula. Quer participar?
- Claro! Mas fica só entre nós! Se os professores sabem que estamos des-
perdiçando nosso tempo, vão querer chamar nossos pais.
303
Ciranda de Saberes
304
INOVAÇÃO TECNOLÓGICA E METODOLOGIAS
ATIVAS APLICADAS NO ENSINO DE GENÉTICA
DE POPULAÇÕES NO NOVO ENSINO MÉDIO:
RELATO DE EXPERIÊNCIA
1
Graduada em Licenciatura e Bacharelado em Ciências Biológicas e Pedagogia, além de ser Especialista
em Gestão Ambiental pelo Centro Universitário Fundação Santo André. Especialista em Gestão Edu-
cacional e Mestra em Ensino, História e Filosofia das Ciências e Matemática pela Universidade Federal
do ABC (UFABC). Minha carreira inclui experiências como professora e coordenadora pedagógica na
Prefeitura de Santo André. Atualmente, estou dedicada a ministrar aulas de Biologia e aos Itinerários
Formativos de Biologia Aplicada e Experimental no ensino médio do Colégio ARBOS. Entusiasta por
metodologias ativas e apaixonada por ilustração Botânica.
Ciranda de Saberes
306
Ciranda de Saberes
307
Ciranda de Saberes
308
Ciranda de Saberes
recursos audiovisuais. Também não repousa nas matérias programados que ele
utiliza, nem em suas aulas, nem na abundância de livros, apesar de que cada um
desses recursos possa em um certo momento ser importante. Não, uma verda-
deira aprendizagem é condicionada pela presença de certas atitudes positivas na
relação pessoal que se instaura entre aquele que facilita a aprendizagem e aquele
que aprende (ROGERS, 1973, p. 105-106).
309
Ciranda de Saberes
310
Ciranda de Saberes
apresenta uma abordagem na utilização de jogos numa perspectiva lúdica para se-
rem explorados em contextos históricos e em contextos pedagógicos. A “gamifi-
cação”, termo introduzido na literatura mais recentemente, tem como intuito
agregar os componentes estruturais do jogo à dinâmica envolvida em sala de aula.
Para o autor Gee (2003) a gamificação é um recurso com capacidades efetivas e
positivas para promover o ensino e aprendizagem dos estudantes, devido ao seu
potencial ativo e crítico.
Inúmeras definições são observadas na literatura para o ensino híbrido
ou Blended Learning, mas todas confluem para dois modelos de aprendizagem,
sendo um presencial e o outro on-line. Assim, constata-se que é uma metodologia
em que os processos de ensino acontecem de forma intercalada, onde parte das
atividades é desenvolvida presencialmente em sala de aula, combinadas aos recur-
sos on-line numa constante interação entre aluno e professor, é importante frisar
que é uma estratégia bastante aplicada em todos os níveis de ensino. Segundo Ba-
cich e Moran (2015) ao comentar sobre educação híbrida significa inferir que não
existe uma única forma de aprender, e em decorrência, não existe uma única forma
de ensinar. Existem múltiplas maneiras de aprender e ensinar, assim o trabalho
colaborativo pode estar associado ao uso das tecnologias digitais e permitir mo-
mentos de aprendizagem e troca que transcendam as paredes da sala de aula
Design Thinking é uma abordagem constituída por diferentes métodos
que busca a solução de problemas de forma coletiva e colaborativa, tendo como
perspectiva o estímulo à participação e criatividade dos estudantes. Segundo
Mello (2014), esta estratégia emprega um método exploratório visando solucionar
problemas por intermédio da coleta e síntese de informações, que possam guiar a
etapa do desenvolvimento do processo de aprendizagem construindo ideias que
serão avaliadas e aprimoradas.
Partindo de uma temática polêmica em sala de aula, o Júri Simulado me-
diado pelo professor, poderá ser integrado às práticas pedagógicas em sala de aula,
os quais alunos com perspectivas distintas poderão apresentar argumentos de de-
fesa e acusação de forma a interagir com o grupo, proporcionando aprimoramento
da linguagem e dos seus conhecimentos. Os autores concordam que a estratégia
de um júri simulado possibilita a defesa de ideias, argumentação, julgamento, to-
mada de decisões, entre muitas outras formas de exercitar o pensamento (ANAS-
TASIOU e ALVES, 2012).
A metodologia ativa Peer Instruction (PI) que significa instrução entre
pares, é pouco conhecida no Brasil, porém são aulas interativas e dinâmicas, os
quais os alunos assumem um comportamento mais ativo, buscando discutir entre
seus pares conceitos já pesquisados e empregando-os na execução de tarefas con-
ceituais. Segundo Araújo e Mazur (2013) o PI configura-se numa aprendizagem
focada no aluno partindo da aplicabilidade de conceitos essenciais levando-os a
refletirem e a pensarem sobre eles.
Flipped Classroom ou sala de aula invertida é uma estratégia inovadora
com grande repercussão nas instituições privadas, a qual visa romper com os pa-
radigmas de ensino ao propor uma inversão da lógica na organização da sala de
311
Ciranda de Saberes
312
Ciranda de Saberes
evolução biológica destaca-se como uma das áreas principais em que são observa-
das dificuldades significativas na compreensão conceitual, especialmente no con-
texto do ensino de ciências (GREGORY, 2009).
No contexto do Ensino de Biologia, a Base Nacional Comum Curricular
(BNCC) assume uma posição fundamental, pois estabelece diretrizes essenciais
para uma formação educacional abrangente. Ela visa capacitar os estudantes com
as competências e habilidades necessárias, de modo a aprimorar o desempenho
dos alunos do Ensino Médio em uma variedade de tópicos. Diante do exposto, a
BNCC declara que:
No Ensino Médio, a área de Ciências da Natureza e suas Tecnologias oportuniza
o aprofundamento e a ampliação dos conhecimentos explorados na etapa ante-
rior. Trata a investigação como forma de engajamento dos estudantes na apren-
dizagem de processos, práticas e procedimentos científicos e tecnológicos, e
promove o domínio de linguagens específicas, o que permite aos estudantes ana-
lisar fenômenos e processos, utilizando modelos e fazendo previsões. Dessa ma-
neira, possibilita aos estudantes ampliar sua compreensão sobre a vida, o nosso
planeta e o universo, bem como sua capacidade de refletir, argumentar, propor
soluções e enfrentar desafios pessoais e coletivos, locais e globais (BRASIL, 2018,
p. 474).
Sendo assim, o novo Ensino Médio, muitas vezes projetado para ser mais
flexível e voltado para o desenvolvimento de competências amplas, oferece um ce-
nário ideal para aprimorar a abordagem no ensino de “Genética de Populações”, ou
seja, mais interdisciplinar, integrando conceitos da biologia, química e até mesmo
ética, podendo enriquecer a compreensão dos estudantes sobre como os genes fun-
cionam, como as mutações ocorrem e como a herança genética é transmitida.
No entanto, o elemento essencial no ensino desse conteúdo reside na ha-
bilidade do professor em transmiti-lo de maneira eficaz, possibilitando que os alu-
nos construam seu próprio conhecimento por meio de abordagens pedagógicas
inovadoras. Portanto, as metodologias ativas capacitam os professores a navegar
por diversas áreas do conhecimento científico e tecnológico, possibilitando a cri-
ação de aulas mais inovadoras e criativas que atendam às necessidades diversas
dos alunos presentes em uma sala de aula.
A abordagem do conteúdo “Genética de Populações” no novo Ensino Mé-
dio oferece uma oportunidade experiencial para os alunos explorarem como as
forças evolutivas moldam a biodiversidade e a evolução das populações. Essa área
envolve a genética que se se concentra nas mudanças das frequências alélicas e
genotípicas ao longo do tempo em uma população, e sua inclusão no currículo
pode enriquecer a compreensão dos alunos sobre a evolução e a genética, consoli-
dando os conceitos teóricos e permitindo que os alunos vejam a aplicação prática
da “Genética de populações”.
Um ponto fundamental da “Genética de Populações” é explorar as dife-
rentes forças evolutivas que podem alterar as frequências alélicas em uma popula-
ção. Isso inclui fatores como seleção natural, deriva genética, fluxo gênico, muta-
ção e migração. Os alunos podem examinar como cada um desses fatores influen-
cia a variabilidade genética e como eles interagem para moldar as populações ao
longo do tempo, permitindo explorar os Princípios de Hardy-Weinberg. Sendo
313
Ciranda de Saberes
Metodologia
Este relato de experiência descreve uma sequência didática denominada
"Princípio de Hardy-Weinberg: genética de populações em foco", que foi ela-
borada como parte do currículo da disciplina de Biologia. Essa sequência está di-
retamente relacionada ao conteúdo abordado no capítulo 19 - Bases Genética da
Evolução (Genética de População) Biologia I - Livro 5, que faz parte do material
educacional do Sistema Ari de Sá (SAS) destinado aos estudantes do 2º ano do
Ensino Médio.
A sequência didática foi desenvolvida com 74 alunos, dos quais 35 esta-
vam matriculados na turma 2MA e 39 na turma 2MB, do Colégio Arbos em Santo
André, São Paulo, durante o terceiro período de 2023. É importante destacar que
esses alunos representaram os primeiros a experimentar o novo modelo de Ensino
Médio e enfrentaram o ensino remoto devido à pandemia. Foi essencial resgatar
conteúdos que ficaram em atraso durante esse período devido às circunstâncias
da pandemia e incorporá-los ao tema, à medida que exploravam a complexidade
do conteúdo, tornando o processo de ensino-aprendizagem significativo.
314
Ciranda de Saberes
315
Ciranda de Saberes
PROCEDIMENTO
A. Adicione em 400ml de água uma colher de sal.
B. Coloque meio copo de álcool e acrescente uma gota de corante.
C. Bocheche um pouco da água salgada por um minuto ou mais e devolva para um copo
limpo.
D. Acrescente uma gota de detergente e mexa delicadamente.
E. Deposite o álcool bem lentamente no copo onde está o seu bochecho.
F. Observe o resultado.
DISCUSSÃO
1) Quais são os principais desafios que os cientistas enfrentam ao trabalhar com amostras
de DNA humano?
2) Como o DNA extraído de amostras de bochecho pode ser usado em pesquisas médicas
e genéticas?
3) Quais são as considerações éticas relacionadas à coleta e ao uso de amostras de bochecho
para a extração de DNA humano?
4) Qual é a relação entre a extração de DNA a partir de amostras de bochecho e a
compreensão da hereditariedade e da variabilidade genética?
BIODESAFIO
A ingestão de proteínas como a feniltiocarbamida (PTC) pode desencadear uma sensação de
amargor em determinadas pessoas. Essa característica com base na herança mendeliana é
influenciada por um gene dominante que é transmitido dos pais para os filhos. O PTC pode
ser encontrado em vegetais pertencentes à família Cruciferae ou Brassicaceae, que inclui, por
exemplo, alimentos como brócolis, couve, couve-de-bruxelas, couve-flor, agrião e repolho.
Qual é a razão por trás da sensibilidade ao sabor amargo? Por que existem variações na
intensidade com que as pessoas percebem esse sabor?
REFERÊNCIA
NUNES, T. Extração de DNA humano. Disponível em:
https://pontobiologia.com.br/experiencia-extracao-dna-humano/. Acesso em: 20
abril 2023.
Fonte: Ruano, 2023.
316
Ciranda de Saberes
317
Ciranda de Saberes
1) Quais são os fatores fundamentais que devem ser considerados para o princípio de
Hardy-Weinberg?
2) Qual a importância do princípio de Hardy-Weinberg?
3) Demonstre o princípio de Hardy-Weinberg considerando a 1ª Lei de Mendel:
318
Ciranda de Saberes
319
Ciranda de Saberes
320
Ciranda de Saberes
4a-com-maior-morta-
lidade-entenda.ghtml
5º Pesquisadores da Tomates Os tomates podem ser explo-
UFU desenvolvem to- rados em genética de popula-
mates mais resisten- ções. Embora os tomates se-
tes às pragas e de cul- jam frequentemente cultiva-
tivo mais fácil dos como plantas domestica-
https://g1.globo.com/ das em ambientes controla-
mg/triangulo-mi- dos, a genética de populações
neiro/noti- também pode ser aplicada
cia/2023/04/08/pes- para entender como as varia-
quisadores-da-ufu-de- ções genéticas ocorrem em
senvolvem-tomates- populações naturais de toma-
mais-resistentes-as- tes selvagens e como essas va-
pragas-e-de-cultivo- riações podem ser aproveita-
mais-facil.ghtml das para melhorar as varieda-
des cultivadas.
Fonte: Ruano, 2023.
321
Ciranda de Saberes
322
Ciranda de Saberes
323
Ciranda de Saberes
Considerações finais
O Ensino de Biologia constitui-se em conhecimentos e práticas que não
convergem simplesmente nos domínios do conteúdo, teorias e conceitos nele en-
volvido. Assim, quando nos reportarmos ao currículo de Biologia idealizado para
o novo Ensino Médio este revela-se desafiador quanto ao planejamento das aulas
pelo professor, pois o mesmo deve integrar os diversos conceitos e teorias que ele
institui e relacioná-los aos processos pedagógicos que conduzirão a sua prática,
visando a produção do conhecimento científico-tecnológico pelo aluno. A nova
realidade educacional nos remete a refletir sobre mudanças nas posturas docentes
e discentes, principalmente na possibilidade de alavancar as ações pedagógicas
num contexto em que as tecnologias podem colaborar com a dinâmica do ambi-
ente escolar.
Integrar as Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação (TDIC)
juntamente com as metodologias ativas nos processos pedagógicos do ensino de
Biologia (Esquema 1) representa uma oportunidade viável para atender às neces-
sidades individuais de cada aluno na compreensão dos conteúdos abordados em
sala de aula. Isso possibilita que os alunos desenvolvam suas habilidades de cons-
trução crítica e autônoma de conhecimento.
324
Ciranda de Saberes
Referências
ALMEIDA, M. E. B.; VALENTE, J. A. Tecnologias e Currículo: trajetórias convergentes ou
divergentes? São Paulo: Paulus, 2011.
ARAUJO, I. S.; MAZUR, E. Instrução pelos colegas e ensino sob medida: uma proposta
para o engajamento dos alunos no processo de ensino-aprendizagem de Física. 2013.
BACICH, L.; MORAN, J. M. Aprender e ensinar com foco na educação híbrida. Revista
Pátio, nº 25, junho, 2015, p. 45-47. 2015.
BACICH, L.; MORAN, J. Metodologias Ativas para uma Educação Inovadora: Uma Abor-
dagem Teórico-Prática. Porto Alegre: Penso Editora, 2017.
BERGMANN, J.; SAMS, A. Sala de aula invertida: uma metodologia ativa de aprendiza-
gem. Tradução Afonso Celso da Cunha Serra. 1. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2016.
325
Ciranda de Saberes
DOBZHANSKY, T. Genetics and the origin of species Fac-símile da 1a ed., New York, Co-
lumbia University Press. 1937.
FREIRE, P. Pedagogia do Oprimido. 50. ed. rev. e atual. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2011.
GEE, J. P. What video games have to teach us about learning and literacy. New York, Pal-
grave MacMillan, 2003.
GREGORY, T.R. Understanding natural selection: essential concepts and common mis-
conceptions. Evolution: Education and outreach, v. 2, n. 2, 2009.
HODGSON, P.; CHAN, K.; LIU, J. Outcomes of synergetic peer assessment: first- -year ex-
perience. Assessment and Evaluation in Higher Education, v. 39, n. 2, p. 168-178, 2014.
MORAN, J., Mudando a educação com metodologias ativas. In: [Coleção Mídias Contem-
porâneas. Convergências Midiáticas, Educação e Cidadania: aproximações jovens. Vol. II]
Carlos Alberto de Souza e Ofelia Elisa Torres Morales (orgs.). Ponta Grossa:
UEPG/PROEX, 2015. – 180p. (Mídias Contemporâneas, 2) p. 15-33.
PIAGET, J. Epistemologia genética. Tradução de Álvaro Cabral. 3. ed. São Paulo: Martins
Fontes, 2007.
PRINCE, M. Does Active Learning Work? A Review of the Research. Journal of Engineering Educa-
tion 93(3), 223-231. 2004.
326
Ciranda de Saberes
REVANS, R. W. The origins and growth of action learning. Lund: Studentlitteratur, 1982.
ROGERS, C. Liberdade para aprender. Belo Horizonte: Interlivros, 1973.
VYGOTSKY, L.S. Pensamento e linguagem. 3. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1991.
327
SUSTENTABILIDADE A PARTIR DA GAMIFICAÇÃO
NA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA
Introdução
Presenciamos, atualmente, os graves impactos ao meio ambiente e, con-
sequentemente à sociedade. A recorrência dos extremos climáticos, a exacerbação
do consumismo como modo de existir e o aprofundamento da exploração dos re-
cursos naturais por uns e a vulnerabilização do tecido social para muitos incidem
no descaso da relação dos seres humanos para com o meio ambiente. A Sustenta-
bilidade é a pauta do momento e constantemente debatida pela sua importância
diante da urgente crise ambiental que vivemos.
Desse modo, a necessidade de racionalização dos recursos naturais que
são finitos e necessários em todas as etapas da vida humana (IPCC, 2014), a cons-
trução de marcos legais que que evidenciam a previsibilidade do ambiente como
elemento constituinte da vida pessoal e cidadã (Brasil, 1988) e a inserção cada vez
mais fundamental das questões ambientais nos processos educativos e formacio-
nais (Lacerda Junior, 2022) evidenciam a relevância de sua temática para a garan-
tia no hoje do amanhã.
As inúmeras discussões promovidas no final do século XX, como o Rela-
tório Nosso Futuro Comum (Brundtland, 1987) possuem ressonância e dinamici-
dade própria, no Brasil, com a promoção da Educação Ambiental como prática es-
sencial e transversal que deve circundar todos os níveis e modalidades presentes
no processo educativo, seja de caráter formal seja não-formal, conforme Política
Nacional de Educação Ambiental (Brasil, 1999). Tal articulação “[...] implica no
desenvolvimento de hábitos e atitudes sadias de conservação ambiental e respeito
à natureza, a partir do cotidiano da vida, da escola e da sociedade” (Brasil, 1996).
É nesta confluência que se contextualiza a Educação Profissional e Tec-
nológica (EPT) materializada em um Curso Técnico em Meio Ambiente promo-
vido na cidade de Manaus, estado do Amazonas.
1
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas Campus Manaus Distrito Indus-
trial.Pós-graduação em Meio Ambiente e suas Tecnologias.E-mail: [email protected]. Lattes:
http://lattes.cnpq.br/1244459635000555. Orcid: http://orcid.org/0000-0002-4963-0818
2
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas. Campus Manaus Distrito Indus-
trial. Pós-graduação em Meio Ambiente e suas Tecnologias. E-mail: [email protected]. Lat-
tes: http://lattes.cnpq.br/4731128445071858. Orcid: https://orcid.org/0000-0001-9697-8377
Ciranda de Saberes
Caracterização do estudo
O contexto que fundamentou esta investigação se desenrolou a partir das
experiências de um Curso Técnico de Meio Ambiente desenvolvido na cidade de
Manaus, estado do Amazonas. O perfil do egresso relacionado ao curso expressa
um desejo de autonomia, de preparação crítica e sensibilização ambiental. O es-
paço formativo se caracteriza por ser um espaço formal e público que oferta a for-
mação profissional a partir de processos seletivos e formação técnica. Participa-
ram deste estudo 24 estudantes com uma faixa etária que flutuou entre 18 a 60
anos, sendo 9 homens e 15 mulheres.
A participação de tais estudantes se deu mediante a consecução de um
estudo produzido com base na abordagem qualitativa e com as seguintes técnicas,
desenvolvidas no decorrer do mês de julho de 2023: i) roteiro metodológico; ii)
observação participante; iii) questionário semiestruturado, ordenou-se um estudo
de caso, pois este possibilitou aos pesquisadores uma ação verticalizada mediante
inúmeras técnicas, sendo possível reter características significativas dos eventos
da vida real. O estudo de caso é útil para investigar novos conceitos, bem como
para verificar como são aplicados e utilizados na prática elementos de uma teoria
(Yin, 2009).
329
Ciranda de Saberes
Roteiro Metodológico
O roteiro metodológico é um documento que busca uniformizar concei-
tos e metodologias, fixando diretrizes e orientações para a elaboração e a imple-
mentação dos planos, bem como para ajustes e revisões, visando garantir que tais
documentos técnicos promovam um planejamento eficiente (São Paulo, 2022). E
ainda, o roteiro o traça as etapas de uma atividade a ser delineado e, posterior-
mente, colocado em prática, ou seja, um passo a passo descrito, detalhadamente,
para se oriente e evite equívocos na execução do trabalho.
Para se definir melhor que tipo de roteiro metodológico devemos aplicar
é necessário que se conheça a metodologia que será proposta. Os roteiros metodo-
lógicos de ensino, por exemplo, podem ser compostos pelas seguintes etapas: di-
nâmica, sondagem, construção do conhecimento e avaliação (Costa et al., 2021).
Ainda segundo o autor o roteiro varia conforme o público-alvo, podendo envolver
estudantes adultos ou infantis e estrangeiros, tendo como premissa alguns crité-
rios ao se criar esse instrumento tais como: idade, moradia, escolaridade e percep-
ção ambiental. Neste escopo, o roteiro metodológico utilizado se desenvolveu a
partir das seguintes etapas.
A primeira etapa, sondagem, foi organizada a partir um momento de diag-
nóstico acerca da percepção dos estudantes sobre resíduos sólidos. Para tanto, foi
utilizado o word cloud através do aplicativo Mentimeter, o qual gera uma nuvem de
palavras com rapidez e facilidade. A nuvem de palavras é uma representação visual
de um conjunto de palavras, onde o tamanho de cada palavra é proporcional à sua
frequência ou importância dentro desse conjunto. Essa atividade é frequente-
mente usada para destacar as palavras-chave mais relevantes em um texto ou con-
junto de dados de maneira intuitiva e fácil de entender (Bottentuit Junior, 2020).
Assim, durante o primeiro momento a professora após dar as boas-vindas
explicou sobre o uso da plataforma Mentimeter e gerou links enviados para os alunos
no grupo da turma no WhatsApp, onde cada link era referente a um questiona-
mento do assunto abordado em sala de aula que o aluno deveria responder e após
enviar, as respostas anônimas dos participantes apareceram de forma simultânea
na tela compartilhada para os discentes. Essa ferramenta é eficaz para resumir in-
formações de forma visual e com fácil compreensão. Dessa maneira, a partir da ati-
vidade desenvolvida as palavras mais destacadas foram: plástico, reciclagem e logística
reversa, conforme imagem a seguir.
330
Ciranda de Saberes
3
Site: https://www.flippity.net/
331
Ciranda de Saberes
4
Para uso da plataforma é acessar http://wordwall.net/pt. É possível efetuar um registro no site ou
mesmo logar com uma conta Google. Na página inicial há vários modelos de atividades criadas por ou-
tros usuários da plataforma.
332
Ciranda de Saberes
Por fim, a última atividade foi um Quiz Interativo. A utilização desta fer-
ramenta foi importante na oferta de uma maneira eficaz de testar conhecimentos
e habilidades, além de motivar os participantes a aprender e fornecer feedback. O
Quis, como uma ferramenta versátil, pode ser aplicada em uma variedade de con-
textos educacionais e recreativos. Com esta finalidade foi utilizada a plataforma
Kahoot!5, a qual teve por finalidade a avaliação do conhecimento sobre o conteúdo
vinculado, isto é, resíduos sólidos. A figura 5 mostra a tela inicial após os alunos
acessarem através do aplicativo e digitado o PIN do jogo.
Figura 5: Tela inicial após os alunos acessar a sala
5
O Kahoot! é uma plataforma utilizada no âmbito educativo para articular um aprendizado baseada em
jogos, popularizada principalmente na vivência da pandemia Covid-19 em ambientes de ensino e trei-
namento. Ela permite jogos sejam criados e compartilhados em quizzes, questionários e enquetes inte-
rativas.
333
Ciranda de Saberes
objetivo se obter resultados para a avaliação das práticas de gamificação (Li, Gross-
man e Fitzmaurice, 2012; De-Marcos et al., 2014; Lopes, Toda e Brancher, 2015).
Observação participante
A observação participante apresenta uma metodologia abordagem de ob-
servação etnográfica, nesse tipo de abordagem o observador participa ativamente
nas atividades de recolha de dados, sendo solicitada do investigador a capacidade
de se adaptar à situação (Pawlowski, Andersen, Troelsen e Schipperijn, 2016).
A metodologia observação participante permite ao observador assentir a
situações e eventos comuns, o que normalmente seria difícil de detectar por meio
de entrevistas ou através de instrumentos de autoavaliação (Atkinson e Ham-
mersley, 2005; Silverman, 2006; Strand, Olin e Tidefors, 2015).
Antônio Gil (2010) relaciona a observação participante à coleta de dados
de pesquisa etnográfica, sobre a qual afirma:
O pesquisador que se dispõe a realizar uma pesquisa etnográfica assume uma
visão holística com vistas a obter a descrição mais ampla possível do grupo pes-
quisado. A descrição pode incluir múltiplos aspectos da vida do grupo e requerer
considerações e ordem histórica, política, econômica, religiosa e ambiental. Os
dados obtidos, por sua vez, precisam ser colocados numa perspectiva bem ampla
para que assumam significado. Por outro lado, é preciso garantir que os resulta-
dos da pesquisa privilegiem a perspectiva dos membros do grupo investigado
(Gil, 2010, p. 127).
334
Ciranda de Saberes
Questionário semiestruturado
A entrevista semiestruturada é uma ferramenta eficaz quando se trata do
uso de procedimentos para a coleta de dados e informações na pesquisa qualita-
tiva. Como técnica se caracteriza por um conjunto de perguntas ou questões esta-
belecidas num roteiro flexível em torno de um ou mais assuntos do interesse de
uma pesquisa para elucidação do seu objeto (Vieira, 2017).
Podemos caracterizar a entrevista semiestruturada, por meio de estimas re-
lativas ao seu emprego em pesquisas e abordagens ao mundo social empírico, especi-
ficada por meio de uma discussão planejada e profunda presente em vários trabalhos
(Oltmann, 2016), (Roulston, 2016), (Roer-Strier E Sands, 2015), (Vieira, 2013), (Qu E
Dumay, 2011), (Fontana E Frei, 2000), (Alencar, 1999) E (Triviños, 1987).
Portanto a partir dos conceitos apresentados podemos afirmar que entre-
vista semiestruturada é uma técnica que os professores podem usar para coletar
informações qualitativas sobre o desempenho dos alunos, suas percepções sobre a
aprendizagem e suas necessidades educacionais em sala de aula. Nesse estudo uti-
lizamos esse método com o objetivo de avaliar o progresso do aluno, entender suas
preocupações, coletar feedback sobre o assunto explorado.
Os alunos participantes do curso técnico de Meio Ambiente, público-
alvo desse estudo foram entrevistados através de um formulário eletrônico dispo-
nível por meio de um link. Foram realizadas perguntas abertas que ajudaram a
atingir seus objetivos, como por exemplo: “Você conseguiu assimilar o conteúdo de ma-
neira divertida?” e “Como você considerou a gamificação para o ensino e aprendizagem?”.
Com efeito, após construção dos dados, por intermédio das técnicas su-
pracitadas, procedemos a sua verificação a partir da Análise de Conteúdo, a qual
pode ser caracterizada como:
[...] um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando obter, por
procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição de conteúdo das mensa-
gens, indicadores (quantitativos ou não), que permitem a inferência de
335
Ciranda de Saberes
Resultados e discussão
A vivência da sustentabilidade na formação profissional incita não so-
mente a construção de seres pensantes, mas também em cidadãos que intervêm
positivamente para a conservação ambiental (Figueiredo; Souza, 2021). Dessa ma-
neira, observamos três (02) categorias que indicam como gamificação pode poten-
cializar tal formação a partir Sustentabilidade.
336
Ciranda de Saberes
337
Ciranda de Saberes
“Foi muito interessante, deu para aprender bastante com as brincadeiras, mas
sem ser entediante e sim divertido”.
“Recomendo o aprendizado foi muito bom com esse método”.
“A aula foi ótima, muito bom o aprendizado”.
Conclusão
A gamificação é uma abordagem que utiliza elementos de jogos e mecâ-
nicas de jogo para tornar atividades não relacionadas a jogos mais envolventes e
interativas. Essa abordagem também pode ser aplicada à construção do conheci-
mento, proporcionando uma experiência de aprendizado mais atraente e motiva-
dora. Aqui foram demonstradas algumas maneiras de usar a gamificação na cons-
trução do conhecimento tais como o uso de pontuação e recompensas, missões e
desafios, competição, personalização e feedback.
A conscientização a respeito da sustentabilidade antes e após a estratégia
gamificada, ficou confirmada com a ampliação dos conhecimentos sobre os danos
ambientais provenientes das ações antrópicas, gerando interesse sustentáveis e
despertando para uma consciência ambiental mais apurada em como podemos
melhorar através de nossas ações.
Apesar dos avanços tecnológicos e do uso de internet ter se tornado po-
pular, a utilização desse mecanismo como ferramentas em apoio a educação vem
sendo cada vez mais adotado e sugerido por autores da área educacional. A gami-
ficação, pode ser usada de múltiplas formas entre elas o uso de jogos para abordar
conceitos educacionais, permite um ambiente atrativo e lúdico, capaz de desen-
volver a capacidade cognitiva e motora do aluno. Porém, apesar da maior partici-
pação de tecnologias nas unidade de ensino, ainda são poucas as unidades de en-
sino que não dispõe de computadores ou internet disponíveis aos discentes para
que esse método se torne uma facilitação no ensino e na formação de profissionais
capazes de possuir uma formalização com múltiplas práticas metodológicas que
agreguem no resultado final da aprendizagem de forma positiva.
338
Ciranda de Saberes
Referências
ALENCAR, E. Introdução à metodologia de pesquisa social. Lavras: UFLA, 1999.
BRUNDTLAND, Gro Harlem. Nosso futuro comum – Apelo à ação. Conservação ambien-
tal, v. 14, n. 4, pág. 291-294, 1987.
COSTA, et al. David dos Santos. A educação ambiental no museu da Amazônia. Educação
Ambiental: roteiros metodológicos. - 1ª - ed. - Manaus: D. N. Silva, 2021. p. 93-111.
DUARTE, Armando Dias et al. Gamificação como ferramenta de apoio no ensino de práti-
cas na Educação Ambiental. Journal of Environmental Analysis and Progress, v. 5, n. 4, p.
398-404, 2020.
339
Ciranda de Saberes
FIGUEIREDO, Roniel Santos; DE SOUZA, Lais Machado. O uso das redes sociais na Edu-
cação Ambiental em tempos de isolamento social. Devir Educação, v. 5, n. 1, p. 24-42, 2021.
Disponível em Vista do O uso das redes sociais na Educação Ambiental em tempos de iso-
lamento social (ufla.br). Acesso em: 07 set. 2023
FORTNA, Steve. Flippity. Disponível em: www.flippity.net. Acesso em: 09 set. 2023.
FONTANA, A.; FREY, J. H. The interview: from structured questions to negotiated text.
In: DENZIN, N.; LINCOLN, Y. S. The handbook of qualitative research. 2nd. ed. London:
Sage, 2000. p. 645-674.
FRANCO, Maria Laura Puglisi Barbosa. Análise de conteúdo. 3. ed. Brasília: Líber Livro,
2008
IPCC – Intergovernmental Panel in Climate Change 2014: Impacts, Adaptation, and Vul-
nerability. Contribution of Working Group II to the Fifth Assessment Report of the Inter-
governmental Panel on Climate Change. Edited by C. B. Field et al. Cambridge/New York,
Cambridge University Press/ IPCC, 2014.
340
Ciranda de Saberes
QU, S. Q.; DUMAY, J. The qualitative research interview. Qualitative Research in Ac-
counting & Management, v. 8, n. 3, p. 238-264, 2011.
ROER-STRIER, D.; SANDS, R. G. Moving beyond the ‘official story’: when ‘others’ meet
in a qualitative interview. Qualitative Research, v. 15, n. 2, p. 251-268, 2015.
SILVERMAN, D. (2006) Interpreting qualitative data. Methods for analyzin texts, talk
and interaction. London: Sage.
STRAND, J., OLIN, E., & TIDEFORS, I. (2015). Mental health professionals' views of the
parents of patients with psychotic disorders: A participant observation study. Health
& Social Care In The Community, 23(2), 141-149.doi:10.1111/hsc.12122.
VIEIRA, Francisco Giovanni David. Ensino de Marketing por meio de entrevista semi-es-
truturada. Revista Espaço Acadêmico, v. 17, n. 195, p. 1-8, 2017.
341
BREVE ABORDAGEM SOBRE O DIREITO À
EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS (EJA)
Introdução
Pensar na Educação de Jovens e Adultos implica em refletir sobre os (des)
caminhos que desafiam a integralidade do direito à educação de jovens, adultos e
idosos no cenário educacional brasileiro. É possível perceber que ao longo do
tempo a EJA tem sido desvalorizada, pois muitas das vezes o estudante da EJA é
invisível para os órgãos competentes que insistem em executar políticas públicas
que não refletem a realidade do ensino noturno. Não problematizar o direito à
educação na EJA é condená-la ao silenciamento e ao apagamento de sujeitos mar-
ginalizados em diversos setores, como econômico, cultural, político e social.
Como sujeitos portadores de conhecimentos, eles sabem que cotidiana-
mente têm os seus direitos violados e que muitas vezes a garantia de acesso e per-
manência na escola tornam-se uma falácia, a exemplo, das situações que a pande-
mia de COVID19 descortinou: a desigualdade social e o seu impacto no ensino no-
turno, como evasão escolar devido à falta de acesso à internet para acompanhar as
aulas remotas e a redução de turmas durante o retorno das aulas presenciais.
Nessa perspectiva, o artigo objetiva analisar a efetivação do direito pú-
blico subjetivo à educação, abordando questões que ocorrem no ambiente da EJA,
especialmente concernentes à permanência do educando nesta modalidade de en-
sino. Como fundamentação teórica, a pesquisa ancorou-se em autores que tecem
1
Graduada em Letras com habilitação em Língua Portuguesa e Literaturas pela Universidade do Es-
tado da Bahia, campus II. Participou como Pesquisadora/Bolsista de Iniciação Científica PICIN/UNEB.
Foi aluna especial no programa de Pós-Graduação em Crítica Cultural, disciplina Literatura e Cultura
Afro-brasileira e Africana. Endereço eletrônico: [email protected]
2
Mestranda em Educação de Jovens e Adultos pelo Programa de Pós- Graduação Stricto Sensu em
Educação de Jovens e Adultos - (MPEJA), pela Universidade do Estado da Bahia, Área de Concentra-
ção Gestão Educacional e Tecnologias da Informação e da Comunicação. Endereço eletrônico: leni-
[email protected]
3
Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Crítica Cultural, Universidade do Estado da Bahia
(Pós-Crítica/ UNEB), linha de pesquisa 02: Letramento, Identidades e Formação de Educadores. En-
dereço eletrônico:[email protected]
4
Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Crítica Cultural, Universidade do Estado da Bahia
(Pós-Crítica/ UNEB), linha de pesquisa 02: Letramento, Identidades e Formação de Educadores. En-
dereço eletrônico: [email protected]
Ciranda de Saberes
reflexões condizentes com a temática como Dirley Cunha, Paulo Freire, Moacir
Gadotti, Regina Muniz, Carlos Roberto Cury, André Ramos Tavares, Professor
Nilson Gimenes e Miguel Arroyo. Além disso, buscou-se revisar documentos,
como a Constituição da República Federativa do Brasil (1988) e a Lei de Diretrizes
e Bases da Educação Nacional (1996).
Espera-se que esse artigo venha contribuir na conscientização da socie-
dade para efetividade do direito à educação e a implementação de políticas públicas
eficientes e eficazes por parte do poder público para Educação de jovens e adultos.
Observa-se que conforme o artigo, todo ser humano tem direito à educação,
e esta enquanto direito humano, só é plenamente garantida pelo Poder Público por
meio de ações que garantam não somente o acesso, mas a permanência, a conclusão
e a continuidade dos estudos. Segundo (GADOTTI, 2009, p.17), “o direito à
343
Ciranda de Saberes
educação não se limita às crianças e aos jovens”, vai além disso; a educação deve ser
garantida e estabelecida para todos, inclusive para os jovens, adultos e idosos.
No Brasil, a Educação de Jovens e Adultos perpassa por muitos questio-
namentos e discussões, trazendo abordagens a respeito dessa modalidade de en-
sino, que exige um posicionamento de ideias e atitudes que favoreçam o EJA. Per-
cebemos que os alunos da EJA, ainda tem uma visão distorcida e apagada em rela-
ção à aprendizagem, muitos não se consideram capazes de aprender determinados
assuntos, sem falar a respeito da desmotivação, o qual parcela desses estudantes
desistem dos estudos no meio do ano ou mesmo antes desse período.
Talvez isso esteja ligado a um tipo de preconceito social que fora estabe-
lecido, e que tem ganhado força, contribuindo para que esses sujeitos tenham um
pensamento distorcido sobre si próprio, daquele que não dispunha de condições
o suficiente para avançar em seus estudos atribuindo a classe social em que ocupa,
o meio em que vive ou até mesmo considerando-se, que não possui uma cultura
suficiente, para ocupar determinados espaços sociais que possibilitará um maior
conhecimento. Muitos os consideram incapazes e limitados, e quando se referem
aos sujeitos que ainda não sabem ler e escrever, esse problema se torna ainda mais
amplo. Para Furtado e Nascimento (2017, p. 02) “a educação é direito de todos os
membros de uma sociedade, no documento não há uma declaração de segregação
ou exceção, nem de priorização de classes”. Neste sentido, a LDB nº 9.394/1996
que reiterou o direito à educação de qualidade para todos e adequada às necessi-
dades básicas dos sujeitos que ultrapassam a idade regular de escolarização.
A EJA é marcada por uma trajetória de domínio da classe dominante so-
bre a classe dominada. É como se a educação destinada a pessoas menos afortuna-
das das classes populares fosse uma espécie de assistência, e não um direito insti-
tucional (CURY, 2016). O maior incentivador, percursor da EJA, reconhecido edu-
cador no Brasil e no mundo, Freire (2013) considera que na Educação de Jovens e
Adultos, a aprendizagem é estimulada pela superação de desafios, da resolução de
problemas reais levantados, da construção de novos conhecimentos a partir de
conceitos e experiências vivenciadas no cotidiano. Com isso, o pensador prioriza
o ensino desse público, como um direito humano, capaz favorecer o protagonismo
de pessoas jovens, adultas e idosas.
344
Ciranda de Saberes
compõem essa modalidade de ensino, são pessoas que de alguma forma tiveram
seu estudo “negado”, interrompido. Pessoas que foram obrigadas a optar entre o
estudo ou o trabalho; outros que não dispunham de condições de deslocamento
para frequentar a escola, por ser de difícil acesso, e ainda há aqueles desprovidos
de condições mínimas financeiras, econômicas ou até mesmo sem moradia.
Não precisamos ir tão longe para vislumbrar os desafios que a Educação
de jovens e adultos tem atravessado em nossos dias, dentre eles o descaso que se
torna evidente no decorrer do tempo. Como professoras dessa modalidade de en-
sino nos preocupamos quanto a essa situação, bem como os déficits de aprendiza-
gem que se tornaram ainda maiores e mais agravantes nesse período de pandemia
referente à covid-19. Durante esse tempo pandêmico, a situação da EJA se tornou
ainda mais agravante. Grande porcentagem dos estudantes desistiu de estudar,
dentre vários motivos, estava o relacionado à dificuldade de manusear e utilizar as
ferramentas digitais. Alguns pediam ajuda, outros, infelizmente desistiram sem
pelo menos tentar.
Outra dificuldade estava atrelada à falta de acesso aos aparelhos tecnoló-
gicos que pudessem estar utilizando para assistir às aulas remotas, pois muitos
não tinham condições para comprar ou até mesmo consertar o que tinha em mãos,
além disso, houve casos em que não dispunham de uma internet de qualidade ou
nenhuma para que pudessem se conectar. Em algumas situações, era necessário
colegas se deslocassem à casa do outro para que pudessem acessar a internet e
assistir às aulas, outros quando podiam colocava crédito no celular para que fosse
possível entrar no meet e participar das aulas. Mas nem sempre era possível ficar
até o fim da aula, porque acabava terminando o crédito.
Sabemos que com a pandemia, as instituições de ensino precisaram ten-
tar outros meios para que os alunos não ficassem desassistidos durante o tempo
que não tivesse o retorno do ensino presencial. Assim, as escolas recorreram ao
ensino online, utilizando os aparatos tecnológicos por meio de aplicativos, plata-
formas, entre outros. Embora fosse ofertado essa outra forma de ensino, em ne-
nhum momento foi oferecido algum tipo de preparo ou formação5 nem para o alu-
nado, nem para o professor o que ocasionou um número significativo número de
evasão entre os estudantes da EJA em curto espaço de tempo.
A falta de investimento nos profissionais de educação dessa área, é um
outro problema que se apresenta na baixa ou inexistente formação de professores
da EJA, e acaba afetando esse público, uma vez que a qualidade de ensino nem
sempre são umas das melhores, além oferecerem poucos recursos motivadores da
aprendizagem desses estudantes. As esferas governamentais precisam oportuni-
zar a esses sujeitos todos seus direitos dignos, que garantam tanto sua permanên-
cia na escola, como também condições de estudos, para que estes de fato aprendam
e futuramente apliquem na sua prática o conhecimento adquirido. Para isso, é ne-
cessário também investir no profissional de educação, inclusive por meio de
5
A presente afirmação refere-se às observações nas instituições escolares em que atuamos como pro-
fessoras da Educação de Jovens e Adultos (EJA) em cidades do interior da Bahia.
345
Ciranda de Saberes
346
Ciranda de Saberes
347
Ciranda de Saberes
348
Ciranda de Saberes
349
Ciranda de Saberes
Como assevera BULOS (2010, p. 448), quando assegura que o princípio da máxima
efetividade visa “conferir às normas uma interpretação que as leve a uma realiza-
ção prática, fazendo prevalecer os fatos e os valores nela consignados.”
Assim, trazendo o debate para a temática da EJA, visualiza-se que o prin-
cípio supracitado, deve ser considerado no seu dever de cumprimento imperativo
da Constituição Federal de 1988, em que esse direito deve ter maior eficácia pos-
sível. Por isso, a Carta Magna estabelece que a educação é direito de todos e o en-
sino é obrigatório para aqueles que não tiveram acesso em idade regulamentar.
Parece inegável que há falácias e negativismos concernentes à efetividade
do direito à educação para os educandos jovens, adultos e idosos. Realmente o que
está posto em normas constitucionais precisa ser fiscalizado qualitativamente.
Como professores e professoras da EJA, militamos por uma educação pública re-
almente eficaz, e para tanto é preciso a efetivação dos direitos, a partir de políticas
públicas na área educacional para minimizar problemas no ensino-aprendizagem
de todas as modalidades de ensino, incluindo a EJA.
Afinal, no tocante ao mínimo existencial, salienta-se que é o mínimo que o
ser humano pode possuir para assegurar condições mínimas para sua sobrevivência
e uma vida digna na sociedade onde vive. Constitucionalmente, esse mínimo exis-
tencial está previsto como direitos sociais. Por outro lado, esse mínimo existencial
deve tratar não somente aspectos relativos à sobrevivência, mas que assegure uma
vida digna. Como os sujeitos da EJA terão vida digna em sua concretude, se lhes são
negados direitos tutelados em diplomas legais? Como os estudantes oriundos da re-
ferida modalidade poderão competir em igualdade de condições em vestibulares,
processos seletivos para obtenção de trabalho e concursos públicos, com os seus
concorrentes a qual tiveram uma educação mais efetiva e consistente?
Eis as indagações propícias para debates...
Indubitavelmente, quando há uma tratativa desigual no que tange aos
discentes que não tiveram acesso aos seus estudos em idade regulamentar, certa-
mente causará prejuízos para o convívio social e para a subjetividade da pessoa,
acarretando um caráter ofensivo à dignidade humana, haja vista que não se pode
contar com o mínimo para a garantia de sucesso profissional, e, por conseguinte
não poderá desfrutar de uma vida melhor, esporte, lazer, saúde que estão imbrica-
dos com o processo de bem-estar merecido por todos seres humanos.
350
Ciranda de Saberes
351
Ciranda de Saberes
352
Ciranda de Saberes
353
Ciranda de Saberes
Considerações finais
Em se tratando de direito à educação na EJA, pode-se inferir que a sua
trajetória histórica se confunde basicamente com a própria história da educação
brasileira, haja vista que nem sempre a alfabetização estava disponível para todos
os indivíduos, desde o período colonial. O direito ao estudo era negado aos pobres,
negros, escravos, indígenas, populações subalternizadas que até hoje têm dificul-
dades de acesso aos bens culturais existentes na sociedade.
Não é novidade mencionar que este segmento de ensino revela um pas-
sado de lutas, sofrimentos historicamente enraizados, visto que os sujeitos da EJA
não tiveram acesso à Educação Formal em tempo regulamentar, influenciados por
fatores sociais, econômicos, familiares, etc. Entretanto, não se pode esquecer que
a implementação da EJA é um divisor de águas na vida de todos que anseiam me-
lhorar de vida, ascender social, cultural e intelectualmente.
Outrossim, no que tange à efetividade do direito à educação, compre-
ende-se que as leis amparadoras em vigor, ainda carecem de maior eficácia no
plano concreto e real, afinal, a EJA sempre teve o seu lugar no cenário educacional
minimizado, seja por ausência de políticas públicas, seja por sua insuficiência ou
até mesmo por descaso do poder público. Percebe-se que, embora o direito à edu-
cação tenha garantia constitucional, este necessita de efetividade plena, carecendo
de intervenção social e poder público, na busca de medidas eficazes e eficientes
que assegurem plenamente este direito, no que tange ao acesso e permanência dos
estudantes da EJA, especialmente no contexto pós-pandêmico.
Por fim, certamente as discussões desta pesquisa não se esgotam aqui,
pois ainda existe uma longa trajetória a ser percorrida. Espera-se que haja maior
visibilidade em todos os âmbitos sociais, culturais e políticos, no sentido de salva-
guardar um direito de uma clientela tão esquecida, tão desamparada quanto ao do
público da EJA.
Referências
ALMEIDA, Adriana de; CORSO, Angela Maria. A Educação de Jovens e Adultos: Aspec-
tos Históricos e Sociais. Disponível em: http://educere.bruc.com.br/ar-
quivo/pdf2015/22753_10167.pdf. Acesso em 28 de setembro de 2023
354
Ciranda de Saberes
BRASIL. Conselho Nacional de Educação (CNE). Câmara de Educação Básica (CEB). Pa-
recer n.º 11/2000, de 07 de junho de 2000. Diretrizes Curriculares para Educação de Jo-
vens e Adultos. Brasília, 2000
___________. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. 2ª ed. Brasília: Senado Fede-
ral, 2018.
BULOS, Uadi Lammêgo. Curso de Direito Constitucional. São Paulo: Saraiva, 2010.
CHAGAS, Viviane Ramos da Silva. A EJA no brasil: reflexões sobre seu histórico. Dis-
ponível em: https://editorarealize.com.br/editora/anais/conedu/2020/TRABA-
LHO_EV140_MD1_SA12_ID5037_31082020175902.pdf. Acesso em 28/09/2023
CUNHA JR. Dirley da. Curso de Direito Constitucional. 5ª edição, revista, ampliada e
atualizada, Salvador: Editora Juspodivm, 2010.
DIAS, Dhenize Maria Franco. O Direito Público Subjetivo e a Tutela dos Direitos Fun-
damentais Sociais. Revista Jurídica da Presidência Brasília v. 14 n. 102 Fev./Mai. 2012 p.
233 a 250.
DUARTE, Clarice Seixas. Direito Público Subjetivo e Políticas Educacionais, 18(2), 113-
118, Revista São Paulo em perspectiva, Fundação Sead, 2004.
FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. 42ª ed.
São Paulo: Cortez, 2001.
355
Ciranda de Saberes
GADOTTI, Moacir. Educação de Adultos como Direito Humano. São Paulo: Instituto
Paulo Freire, 2009. (Cadernos de Formação, 4).
GIMENES, Nilson Roberto da Silva. Bullying escolar e o direito à liberdade. Tese (Dou-
torado) – Universidade Federal da Bahia, Faculdade de Direito, 2016
MOURA, Carmen Brunelli de; SILVA, Marluce Pereira da. O sujeito da EJA. In: EJA, di-
versidade e inclusão: reflexões (im) pertinentes. João Pessoa: Editora da UFPB, 2018.
Disponível em: http://www.editora.ufpb.br/sistema/press5/index.php/UFPB/cata-
log/download/139/57/557-1?inline=1
MUNIZ, Regina Maria Fonseca. O direito à educação. Rio de Janeiro: Renovar, 2002.
TAVARES, André Ramos. Curso de Direito Constitucional. 13 ed. rev. e atual. São Paulo:
Saraiva, 2015.
356
POSSIBILIDADES E DESENVOLVIMENTO DE SABERES
ENTRE EDUCAÇÃO EM SAÚDE E MEIO AMBIENTE
Introdução
A comunidade, inserida em uma área de ocupação, comporta indivíduos
com características sócio-ambientais próprias de um grupo de baixo poder aqui-
sitivo, com ínfimas condições de habitabilidade.
Nessa perspectiva, o Projeto visa a reinserção de crianças no contexto
socialao qual estão inseridas, com outro olhar, para que sejam capazes de inter-
pretar arealidade que as circunscrevem de maneira crítica, através do estimulo as
suas potencialidades de acordo com seus saberes e do conhecimento adquirido.
Inicialmente o projeto abarcava as crianças e adolescentes, moradoras da
Vila da Barca.Posteriormente o número de crianças inscritas aumentou para 40
inscritos assíduos no projeto, cuja faixa etária varia, hoje, de 04 a 14 anos.
As atividades do projeto estão pautadas nos temas geradores: educação
popular, educação ambiental e saúde, sendo estes pilares de sustentação das ati-
vidades apartir das práticas culturais, terapêuticas, pedagógicas e lúdicas.
O exposto acima se confirma no diálogo entre as Pontes3 e os Peixes4.
Ponte 1:“O que você quer ser quando crescer?”. A atividade se desenvolvia da seguinte
forma: a criança deveria escolher uma profissão de acordo com os recortes de
1
Doutora em Gestão Educacional pela Universidade de Trás-Os-Montes e Alto Douro - UTAD (Por-
tugal) (2017), Mestre em Educação pelo Centro Universitário Adventista de São Paulo (2004) é Espe-
cialista em Psicologia da Educação (PUC/BH-1995) e Educação e Informática (UFPA-1996). Graduada
em Pedagogia, com habilitação em Orientação Educacional (1990) e Administração Escolar (1992) pela
União das Escolas Superiores do Pará (UNESPA). Atualmente é Docente da Universidade do estado
do Pará – UEPA e Coordenadora e Membro do Núcleo de Estudos e Extensão, Trilhas Investigativas
Práticas Sociais – NETRILHAS - UEPA.
2
Doutor em Educação em Ciências e Matemáticas (Programa de Pós-graduação em Educação em Ci-
ências e Matemáticas - IEMCI - UFPA). Mestre em Educação pela Universidade do Estado do Pará -
2010, possui graduação em Licenciatura Plena em Educação Artística pela Universidade da Amazônia
(1996), graduação em Licenciatura Plena em Pedagogia- Adm. Escolar pela Universidade da Amazônia
(2000) e Especialista em Gestão Escolar pelo CESUPA (2003). ATUALMENTE é Docente no Centro
Universitário Metropolitano da Amazônia – UNIFAMAZ. Coordenador do Grupo de Estudos Trans-
laçados: educação, sexualidade e diferença. Membro do Grupo de Pesquisa: Diálogos Interculturais e
Práticas Educativas - DIPE / UFMA. Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Gestão
Escolar, Didática e Metodologias de ensino, atuando principalmente nos seguintes temas: Educação
escolar, Cultura popular, Sexualidade e gênero, Educação em Saúde/ Ciências e Formação de profes-
sores. Contato – [email protected]
3
Em consideração ética a equipe do Projeto utilizaremos o pseudônimo de Pontes.
4
Em consideração ética as crianças e adolescentes do Projeto utilizaremos o pseudônimo de Peixe.
357
Ciranda de Saberes
358
Ciranda de Saberes
359
Ciranda de Saberes
nessa corrente dos acontecimentos sócio-históricos que se cunha seu lugar social.
As identidades são representações inevitavelmente marcadas pelo confronto com
o outro, significando que a relação identitária de um será referenciada a de outro,
sendo uma categoria em movimento numa perspectiva sócio-histórica.
No projeto, aceita-se o desafio de “gerar o respeito e a tolerância necessá-
rios e suficientes para que (...) se encontre verdadeiros canais de expressão pelas
classes populares” (MEJIO, 1996, p. 84), e isso é demonstrado não só pelo respeito
mútuo entreos participantes do projeto, mas também em relação ao ecossistema.
Dessa maneira, afirma-se que o projeto teve contribuições imperativas
para a formação das crianças, tanto em nível epistemológico, quanto à construção
de uma consciência cidadã – no que tange a educação ambiental, saúde do corpo
e relacionamentos interpessoais.
Nessa perspectiva, a equipe multidisciplinar do projeto, composta por
acadêmicos dos cursos: terapia ocupacional, pedagogia, serviço social e música,
buscam constantemente instrumentos de intervenção pedagógica por meio da
arte-educação, gerando a existência de sub-projetos como: Análise e confecção de
brinquedos como proposta de atividade na prática com crianças de um projeto de extensão da
UEPA na Vila da Barca; Um estudo da musicoterapia com crianças na Vila da Barca; Terapia
Ocupacional Social com crianças de risco na Amazônia; Análise de grafismo na Vilada Barca:
expressão da subjetividade.
Resultados
Os saberes foram se construindo a partir de formações e práticas reflexi-
vas. Dessa forma, enquanto prática de educação popular, atender as crianças, nos
trouxe grandes contribuições enquanto acadêmicos e profissionais. Quanto às
crianças envolvidas no projeto podemos ressaltar que houve reciprocidade de
aprendizagens, cumplicidade de saberes em nível de construção de cidadania e de
relação entre os saberes epistemológicos e do senso comum.
Em relação aos participantes do projeto, houve um aumento da demanda
significativo. No primeiro semestre do ano de 2008, aproximadamente quarenta
crianças estavam inscritas, enquanto que em dezembro do mesmo ano finalizou
com setenta inscrições, sendo 35 assíduas no projeto.
Nesse sentido, conseguimos, gradativamente, conquistar a confiança das
crianças, bem como de seus familiares e da comunidade local, através da inserção
do mesmo no processo de desenvolvimento sócio-cultural aprendido, respaldado
nos eixos temáticos: educação popular, educação ambiental, saúde no contexto
empírico da comunidade (sexualidade, higiene doméstica e violência).
Podemos afirmar que o perfil das crianças eram: baixa escolaridade; pos-
suíam falta de assiduidade na escola; tinham interesse e iniciativa pelo brincar lú-
dico; possuíam falta de iniciativa e interesse em busca do conhecimento; eram ori-
undas de família de baixa renda familiar; crianças afetuosas, embora muitas vezes
agressivas; ativas e comunicativas – linguagem oral; apresentam vulnerabilidade
360
Ciranda de Saberes
Conclusão
A Vila da Barca tornou-se uma escola sem moldes, sem cadeiras, sem
teto,mas com referências. Cada palafita é um ensinamento, cada esteio aterrado
um sinal, cada criança nos caminhos de madeira uma reflexão, cada ponte percor-
rida uma ação. Oprojeto valoriza não, somente, a arte-educação pela filosofia, mas
pela prática e pelo contexto, partindo do princípio da educação popular, em sua
intrínseca relação com a saúde e o ambiente.
361
Ciranda de Saberes
362
Ciranda de Saberes
Referências
BRANDÃO, Carlos Rodrigues. Educação Popular. 22ed. São Paulo: Brasiliense, 1984.
Saber e Ensinar. 3ed. São Paulo: Papirus, 1986.. (org). Repensando a Pesquisa Participante.
São Paulo: Brasiliense, 1987.
FREIRE, Paulo, FAUDEZ, Antônio. Por uma pedagogia da pergunta. Rio de Janeiro: Paz e
Terra, 1985.
GADOTTI, Moacir. TORRES, Carlos Alberto. Estado e Educação Popular na América La-
tina. Campinas, SP: Papirus, 1992.. Escola Cidadã. São Paulo: Cortez, 2001.
PAIVA, Vanilda Pereira. Educação Popular e educação de adultos. 4ed. São Paulo: Edições
Loyola, 1987.
SANTOS, Vera Lúcia Bertoni dos. Brincadeira e Conhecimento: Do faz de conta à repre-
sentação teatral. 2ed. Porto Alegre: Mediação, 2002.
TEIXEIRA et al. Ilheidade, Educação, Saúde e Trabalho: Trilhas do ISSAR, Belém, 2003.
YASBEK, Maria Carmelita. Classes Subalternas e Assistência Social. São Paulo: Cortez,
1993
363
LABORATÓRIO DE PRÁTICAS INOVADORAS NA
ESCOLA: COMPETÊNCIAS DIGITAIS PARA
TRANSFORMAR A SALA DE AULA
Daniela S. M. A. Rodrigues1
Elena Mari Romancini 2
Marta L. K.A. Brizolla 3
Rosinei da C. Carvalho 4
Elizangela Fortunato 5
Lindalva B. N. Silva 6
Introdução
A educação encontra-se em um cenário de desafios constantes, moldado
por um mundo em constante evolução tecnológica e social. Dentro desse contexto
dinâmico, o artigo "Laboratório de Práticas Inovadoras na Escola: Competências
Digitais para Transformar a Sala de Aula" emerge como um guia fundamental para
compreender a necessidade premente de reformular a abordagem educacional.
Este artigo destaca a importância crucial da introdução de laboratórios digitais de
práticas inovadoras nas escolas, posicionando-os como uma estratégia vital para
o desenvolvimento das competências digitais dos estudantes. Mais do que sim-
plesmente habilitar os alunos com habilidades técnicas, esses laboratórios tam-
bém se destacam como impulsionadores de mudanças nas práticas pedagógicas e
na própria essência da educação contemporânea.
No cerne dessa discussão, este artigo lança luz sobre o fato de que esses
laboratórios não se limitam a serem locais para adquirir aptidões tecnológicas,
mas também servem como terrenos férteis para o cultivo de competências trans-
versais essenciais. Ao promover o pensamento crítico, a resolução de problemas, a
colaboração e a criatividade, esses espaços de aprendizado se tornam catalisadores
do desenvolvimento integral dos alunos. Aprofundando ainda mais a discussão, o
1
Professora de Língua Inglesa, EMEF Olavo Bilac, Lucas do Rio Verde, Mato Grosso danielaantu-
[email protected].
2
Professora Licenciada em Pedagogia, EMEF Olavo Bilac, Lucas do Rio Verde, Mato Grosso. mariro-
[email protected].
3
Professora de Língua Portuguesa/Inglesa, EMEF Olavo Bilac/EE Dom Bosco, Lucas do Rio Verde,
Mato Grosso. [email protected].
4
Professor de Matemática, EMEF Olavo Bilac, Lucas do Rio Verde, Mato Grosso.
[email protected].
5
Professora de História da Arte, EMEF Cecília Meireles e EE Dom Bosco, Lucas do Rio Verde, Mato
Grosso [email protected].
6
Professora do AEE - Atendimento Educacional Especializado; EMEF Olavo Bilac, Lucas do Rio Verde,
Mato Grosso. [email protected].
364
Ciranda de Saberes
artigo reconhece que a educação moderna não pode negligenciar o aspecto socio-
emocional. Portanto, além das habilidades digitais, os laboratórios também nu-
trem as competências socioemocionais, reconhecendo o papel crucial que desem-
penham na preparação dos alunos para enfrentar os desafios e aproveitar as opor-
tunidades de um mundo cada vez mais complexo e interconectado.
Nesse ínterim, o artigo destaca a crescente necessidade de preparar os
alunos para um mundo cada vez mais digital e tecnológico. Para atingir esse obje-
tivo, argumenta que as escolas devem se adaptar e incorporar práticas inovadoras
que utilizem a tecnologia de maneira eficaz. Os laboratórios digitais oferecem um
ambiente propício para experimentação e aprendizado ativo, permitindo que os
alunos desenvolvam habilidades práticas em áreas como programação, design grá-
fico, multimídia e análise de dados. Além disso, o artigo enfatiza a importância de
capacitar os educadores para liderar esses laboratórios e orientar os alunos em
suas jornadas de aprendizado digital. Isso requer investimentos em formação con-
tínua para os professores, a fim de garantir que eles estejam atualizados com as
últimas tendências tecnológicas e pedagógicas.
À luz de pesquisadores, Amadeu (2016), Cavalcante (2012), Mercado
(2002), Moran (2000), Sousa; Moita; Carvalho (2011), pretende-se tecer reflexões
que permeiam a educação contemporânea no tocante ao uso de laboratórios digi-
tais na educação, com vistas a promover a educação do futuro e o desenvolvimento
de novas competências digitais em sala de aula. Nesse contexto, oferecem valiosas
perspectivas sobre como os laboratórios digitais podem ser utilizados como ferra-
mentas transformadoras no cenário educacional atual. Eles nos convidam a explo-
rar novas maneiras de envolver os alunos, adaptando-se às demandas da sociedade
digital e preparando-os para um futuro cada vez mais marcado pela tecnologia.
Portanto, este estudo busca contribuir para a construção de um ambiente educa-
cional mais dinâmico e relevante, onde a integração de laboratórios digitais seja
um caminho promissor para o desenvolvimento de competências digitais essenci-
ais para os alunos do século XXI.
Os laboratórios de práticas inovadoras na escola representam uma abor-
dagem fundamental para equipar os alunos com as competências digitais necessá-
rias para o sucesso no século XXI, ao mesmo tempo em que transformam a sala de
aula em um ambiente mais dinâmico e envolvente. Essa transformação implica um
compromisso tanto na infraestrutura tecnológica das escolas quanto na capacita-
ção dos educadores para liderar esse processo de mudança.
Desenvolvimento
O avanço tecnológico tem desempenhado um papel fundamental na
transformação do cenário educacional, trazendo à tona questões cruciais sobre
como podemos preparar os alunos para o mundo digital em constante evolução.
Nesse contexto, a pesquisa e reflexões voltadas ao processo educacional, dos au-
tores supracitados nesse artigo, servem de estímulos e novas possibilidades para
prosseguirmos estudando acerca da temática. As abordagens atuais apresentadas
têm lançado luz sobre o potencial dos laboratórios digitais como ferramentas
365
Ciranda de Saberes
366
Ciranda de Saberes
367
Ciranda de Saberes
368
Ciranda de Saberes
Considerações finais
Em síntese, os laboratórios de práticas inovadoras na educação represen-
tam uma peça fundamental no quebra-cabeça da preparação dos alunos para um
mundo em constante evolução. Ao abordar as competências digitais, transversais
e socioemocionais, esses espaços de aprendizado oferecem uma abordagem holís-
tica para o desenvolvimento dos estudantes. Eles não apenas capacitam os alunos
com habilidades técnicas essenciais, mas também promovem a resolução de pro-
blemas, a criatividade, a colaboração e a empatia - habilidades que são vitais em
nossa sociedade interconectada.
No entanto, a implementação bem-sucedida dos laboratórios de práticas
inovadoras não é isenta de desafios. Requer investimentos significativos em infra-
estrutura e formação de professores, bem como a superação da resistência à mu-
dança e a eliminação de barreiras culturais e burocráticas. No entanto, diante das
crescentes demandas da sociedade e do mercado de trabalho, o compromisso com
esses laboratórios é mais importante do que nunca.
Portanto, é imperativo que governos, instituições educacionais e comu-
nidades se unam para apoiar a criação e o desenvolvimento desses espaços de
aprendizado inovadores. Somente com esse compromisso coletivo poderemos
369
Ciranda de Saberes
garantir que nossos alunos estejam bem preparados para enfrentar os desafios e
aproveitar as oportunidades de um futuro cada vez mais digital e dinâmico. Os
laboratórios de práticas inovadoras são um investimento no potencial humano e
na construção de uma sociedade mais preparada e adaptável.
Em última análise, os laboratórios de práticas inovadoras na educação
não são apenas uma resposta às demandas do presente, mas também uma visão
para o futuro da aprendizagem. Eles representam um compromisso com a educa-
ção que transcende a mera transmissão de conhecimento, abraçando a transfor-
mação da educação em uma jornada de descoberta e crescimento para alunos e
educadores. O mundo está em constante evolução, e a educação deve ser um re-
flexo dessa evolução, preparando os alunos não apenas para as carreiras de hoje,
mas também para as do amanhã.
Os laboratórios de práticas inovadoras na escola são uma peça fundamen-
tal no quebra-cabeça da educação do século XXI. Eles capacitam os alunos com as
competências digitais e socioemocionais necessárias, transformam as práticas pe-
dagógicas e promovem uma cultura de aprendizado contínuo. Portanto, ao abra-
çar esses laboratórios como uma parte integral do sistema educacional, estamos
investindo no potencial ilimitado das gerações futuras e garantindo que estejam
preparadas para enfrentar qualquer desafio e abraçar todas as oportunidades que
o futuro possa oferecer.
Em suma, as reflexões baseadas nas pesquisas atuais, destacam a relevân-
cia e o potencial transformador dos laboratórios digitais na educação contempo-
rânea. Estes estudos nos conduzem a compreender que a adoção cuidadosa dessas
ferramentas pode servir como uma ponte sólida para a construção da educação do
futuro, capacitando os alunos com habilidades digitais essenciais e preparando-os
para um mundo cada vez mais orientado pela tecnologia. Ao integrar laboratórios
digitais de forma eficaz na sala de aula, educadores e instituições de ensino podem
cultivar ambientes de aprendizado dinâmicos e inovadores, capazes de engajar os
alunos em experiências educacionais mais significativas. Portanto, este artigo res-
salta a importância de continuarmos a explorar e aperfeiçoar a implementação de
laboratórios digitais como um elemento essencial na construção de uma educação
que atenda às demandas e desafios do século XXI.
370
Ciranda de Saberes
Referências
AMADEU, S. Diversidade Digital e Cultura. 2016. Disponível em: <http://www.cul-
tura.gov.br/foruns_de_cultura/cultura_digital/artigos/in-
dex.php?p=27418&more=1&c=1&pb=1>. Acesso em: 25 set. 2023.
MERCADO, Luís Paulo (Org.). Novas Tecnologias na educação: reflexões sobre a prática.
Maceió: INEP / EDUFAL, 2002.
MORAN, José Manuel. A integração das tecnologias na educação. 2000. Disponível em:
<http://www.eca.usp.br/prof/moran/site/textos/tecnologias_educacao/integracao.pdf>.
Acesso em: 25 set. 2023.
371
ÍNDICE REMISSIVO
372
Ciranda de Saberes
E expansão da fronteira
agrícola, 5, 111, 113, 115, 118
educação, 1
educação ambiental, 179, 180,
F
181, 182, 187, 358, 377, 380, 381
educação de jovens e adultos, FBAC, 153, 154, 155, 156, 157,
248, 249, 251, 252, 253, 257, 158, 161, 162, 164, 165
267, 365, 372 formação docente, 28, 29, 30,
educação inclusiva, 234, 235 128, 269, 274
educação profissional, 6, 126,
131, 132, 256, 359 G
efetividade, 105, 154, 156, 157, games, 35, 36, 80, 81, 83, 84,
161, 307, 362, 368, 369, 373, 374 85, 86, 87, 97, 101, 102, 103, 104,
ensino-aprendizagem, 197, 105, 106, 107, 108, 109, 286,
219, 222, 223, 224, 230, 342 328, 344, 354, 356
equidade de gênero, 6, 213, gamificação, 6, 35, 37, 39, 41,
214, 215 43, 101, 109, 191, 192, 227, 228,
escola, 5, 6, 8, 13, 16, 19, 20, 21, 230, 231, 232, 233, 234, 235,
23, 26, 30, 35, 40, 41, 42, 44, 236, 284, 290, 328, 347, 352,
45, 47, 48, 49, 50, 51, 52, 53, 353, 354, 355, 356, 357, 358
54, 56, 57, 58, 59, 60, 61, 62, gênero, 61, 103, 194, 195, 206,
63, 64, 65, 67, 68, 69, 70, 73, 207, 208, 209, 210, 211, 212,
74, 76, 78, 95, 105, 106, 125, 213, 214, 215, 216, 217, 266,
126, 127, 129, 130, 131, 135, 136, 282, 362, 377
137, 138, 139, 140, 141, 144, 178, genética de populações, 7, 330,
188, 196, 238, 239, 241, 242, 332, 333, 337, 339, 342
243, 244, 245, 249, 255, 260,
261, 264, 267, 270, 271, 272, I
273, 275, 278, 284, 285, 286,
287, 288, 289, 297, 298, 310, ideologia, 125, 126, 130
313, 320, 321, 325, 346, 361, inclusão, 2
364, 365, 366, 367, 370, 379, interdisciplinaridade, 74, 279,
381, 382, 383, 385, 388, 389, 307, 383
391 interpretação de texto, 78
escola regular, 44, 45, 50, 52,
53 L
escrita, 5, 6, 14, 15, 23, 24, 25, laboratórios de práticas
26, 27, 28, 29, 30, 32, 37, 46, inovadoras, 385, 386, 387, 388,
49, 60, 73, 74, 77, 78, 97, 117, 389, 390, 391
178, 179, 182, 188, 193, 207, 209, legislação, 53, 112, 113, 138, 149,
211, 212, 213, 216, 220, 244, 253, 362, 365
249, 255, 300
373
Ciranda de Saberes
leitura, 5, 6, 11, 23, 25, 26, 29, 273, 274, 278, 285, 286, 290,
30, 46, 49, 60, 63, 67, 73, 74, 323, 343, 381
75, 76, 77, 78, 79, 83, 102, 131, prática-reflexiva, 6, 219, 222,
178, 179, 188, 193, 228, 241, 223, 224
249, 255, 282, 301 práticas de alfabetização, 24
linguagem, 24, 46, 47, 49, 52, processo de luto, 143
54, 57, 59, 60, 66, 85, 98, 102, protagonismo, 5, 12, 13, 14, 15,
105, 178, 179, 180, 182, 183, 184, 18, 19, 20, 21, 22, 85, 95, 183,
188, 190, 221, 222, 223, 244, 192, 363
282, 329, 345, 381
Q
M
questão social, 124, 146, 147,
matemática, 5, 6, 81, 94, 96, 97, 148, 149, 151, 152, 153, 157, 165
100, 101, 107, 109, 180, 182, 183,
184, 193, 202, 331 R
metaverso, 166, 167, 168, 169,
realidade virtual, 166, 168, 177,
170, 171, 172, 173, 174, 176, 177
237, 238, 242, 243, 244, 245,
metodologia inovadora, 34
282
metodologias ativas, 7, 33, 34,
relato de experiência, 7, 293,
192, 193, 322, 323, 327, 329,
295, 296, 297, 298, 299, 304,
330, 331, 342, 345, 347
305, 332
mulheres na ciência, 194, 195,
representações de gênero, 216
206, 207, 208, 209, 212, 213,
resistência, 123, 129, 130, 131,
214, 215, 216
148, 308, 338, 379, 389, 390
mutismo seletivo, 57, 58, 59,
60, 61, 62, 63, 65, 66, 67, 68, S
69, 70, 71, 72
sala de aula, 7, 8, 26, 27, 39, 41,
O 47, 48, 49, 51, 53, 54, 62, 64,
66, 67, 69, 70, 71, 81, 84, 87, 88,
objetos de aprendizagem, 219,
99, 100, 103, 104, 106, 109, 182,
222, 223
191, 193, 194, 195, 196, 204,
orientação educacional, 135,
240, 241, 243, 244, 269, 270,
136, 137, 138, 139, 140, 142, 143,
273, 274, 286, 290, 305, 307,
144
308, 309, 310, 311, 312, 313, 314,
316, 319, 322, 324, 328, 329,
P
330, 331, 342, 345, 348, 353,
português, 54, 257, 290 358, 385, 386, 388, 391
prática pedagógica, 12, 16, 17, serviço social, 151, 155, 165,
20, 27, 55, 104, 244, 269, 272, 380
374
Ciranda de Saberes
375
376