A_Rendição_do_Cafajeste_Duologia_Sertanejo_Re_Figueiredo
A_Rendição_do_Cafajeste_Duologia_Sertanejo_Re_Figueiredo
A_Rendição_do_Cafajeste_Duologia_Sertanejo_Re_Figueiredo
Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens, lugares e acontecimentos descritos são
produtos da imaginação da autora. Qualquer semelhança com nomes, datas e acontecimentos
reais é mera coincidência.
É proibida a reprodução total e parcial desta obra de qualquer forma ou quaisquer meios
eletrônicos, mecânico e processo xerográfico, sem autorização por escrito dos editores.
A violação dos direitos autorais é crime estabelecido na lei nº 9.610/98 e punido pelo
artigo 184 do Código Penal.
1ª Edição
Criado no Brasil
SINOPSE
NOTA AUTORA
PRÓLOGO
CAPÍTULO 1
CAPÍTULO 2
CAPÍTULO 3
CAPÍTULO 4
CAPÍTULO 5
CAPÍTULO 6
CAPÍTULO 7
CAPÍTULO 8
CAPÍTULO 9
CAPÍTULO 10
CAPÍTULO 11
CAPÍTULO 12
CAPÍTULO 13
CAPÍTULO 14
CAPÍTULO 15
CAPÍTULO 16
CAPÍTULO 17
CAPÍTULO 18
CAPÍTULO 19
CAPÍTULO 20
CAPÍTULO 21
CAPÍTULO 22
CAPÍTULO 23
CAPÍTULO 24
CAPÍTULO 25
CAPÍTULO 26
CAPÍTULO 27
CAPÍTULO 28
CAPÍTULO 29
CAPÍTULO 30
CAPÍTULO 31
CAPÍTULO 32
CAPÍTULO 33
CAPÍTULO 34
CAPÍTULO 35
CAPÍTULO 36
CAPÍTULO 37
EPÍLOGO
AGRADECIMENTOS
OUTRAS OBRAS
Atenção: A Rendição do cafajeste faz parte da Duologia Amor Sertanejo, mas é um
volume único. Por serem casais diferentes, cada livro da duologia pode ser lido separadamente,
mas talvez este contenha spoiler do outro casal.
Mauricio é um cantor sertanejo que faz dupla com o irmão e está vivendo a melhor fase
da sua vida.
Solteiro convicto e cobiçado, não poderia ter outra fama a não ser a de cafajeste, mas os
seus dias de glória estão contados quando a gravadora decide contratar alguém para melhorar sua
imagem.
Lavínia é uma garota calma e esforçada, mas tudo muda quando descobre a traição do
namorado, e no mesmo dia um caipira arrogante bate no seu carro. A esperança de nunca mais
vê-lo evapora quando ela descobre que seu novo emprego é justamente com a dupla sertaneja em
ascensão. E a sua função? Controlar o safado da dupla.
O ódio entre eles é instantâneo, porém, uma noite de bebedeira em Vegas os torna
casados, e agora eles terão que manter as aparências.
Saímos correndo do palco, para logo encontrar toda a nossa equipe no corredor.
— Vocês arrasaram muito, meninos! E na festa do peão! Irrá! — Kit Kat grita, nos
abraçando e eu retribuo o carinho, mas aproveito para dar um tapa na sua bunda, apenas para
deixá-la irritada. — Babaca! — resmunga, mas sei que ela me ama, então retribuo com uma
piscadinha.
Meu irmão me repreende novamente, mas o ignoro, indo beber um pouco de água.
Percebo algumas mulheres ao redor me olhando, mas resolvo ignorar para não irritar
mais ainda o Murilo certinho.
Antes que alcancemos o camarim, somos interceptados por um Augusto muito feliz.
— Parabéns, meninos! Vocês foram muito bem hoje, como sempre! — Ele nos abraça
com carinho e devolvemos o afeto.
— Obrigado, Augusto, não teríamos chegado até aqui sem você.
— Obrigado, Augusto, faço as palavras do meu irmãozinho aqui, as minhas.
— Você sabe que eu sou o mais velho, né?
— Graças a Deus por isso — zombo.
Antes que ele me mande para um lugar desagradável, Augusto nos interrompe.
— Bom, tem uma fila de fãs perto da entrada dos camarins esperando por vocês. É um
pessoal sorteado por uma rádio que patrocina o evento, então vocês dois precisam ir lá, sorrir,
acenar, tirar algumas fotos, autografar e logo estarão liberados para ir pra casa.
— Casa? — pergunto rindo. — Pelo amor de Deus, homem, eu quero é achar uma ou
duas mulheres maravilhosas lá fora e me enfiar em um quarto de hotel e só sair de lá amanhã. Ou
na minha caminhonete mesmo, se o fogo ficar alto rápido demais… se é que me entendem…
— Mauricio... — Murilo me repreende com o mesmo tom que ele usa com o Miguel.
Já tô de saco cheio do meu irmão querendo me podar, me fazendo sem graça como ele.
— Não é porque você não transa que eu vou virar celibatário, Murilo, pelo amor de
Deus! — Explodo de uma vez.
Deixo-os para trás e sigo para a fila de fãs.
Sei que o que o meu irmão passou foi muito difícil, mas ele precisa reagir.
E não é porque ele gostava da vida que levava, sendo homem de uma mulher só, que eu
quero essa vida pra mim.
Não nasci pra isso.
Pra quê uma, se eu posso ter todas?
Solto um riso anasalado e já começo a me arrepender da forma como falei com Murilo,
isso porque não se passou nem um minuto direito.
Eu sou muito mole mesmo.
Vou atendendo e dando atenção para todos, até que vejo Murilo se aproximar.
Discretamente me aproximo para me desculpar.
— Desculpa pela explosão — peço, envergonhado pelo que disse.
— Não se preocupe com isso.
E assim, simples, nos resolvemos.
Murilo é um homem incrível.
Sempre foi minha maior inspiração.
Mas nem por isso pensamos igual, e está tudo bem ser assim. Lidamos bem com as
nossas diferenças, apesar de tudo.
Juntos, atendemos a todos, tiramos fotos, conversamos e somos os mais atenciosos
possível.
Após uns bons minutos, finalmente entramos no nosso camarim, apenas para encontrar
todos já lá dentro.
Katarina, Augusto e os sobrinhos mais lindos do mundo.
Miguel e Melina pulam no colo do meu irmão.
Nossa rotina de shows é totalmente pensada nas crianças. Procuramos fazer apenas
shows aos finais de semana e nunca tão longe de casa, para que possamos levá-los conosco.
Meu irmão sempre foi muito apegado aos filhos, mas depois da perda da Monique, ele se
tornou mil vezes mais zeloso, e não posso julgá-lo por isso.
— Hei, só o pai de vocês merece um beijo?
— Tio.
— Titiooo — gritam juntos.
Abro os braços para receber os pequenos, que cabem certinho.
Encho-os de beijo, e depois coloco eles no chão.
Miguel corre para alguns papéis que estão na mesinha e começa a desenhar.
Melina vai para o sofá e volta a brincar com sua boneca.
— Bom, gente, agora vocês terão algumas semanas de descanso, antes de começarmos a
turnê.
— Nem me fale — meu irmão responde, meio preocupado.
Sei que ele está tão animado quanto eu, mas também está preocupado em levar as
crianças junto e ser muito cansativo para elas.
— Vai dar tudo certo, mano. — Aperto seu ombro. — Vamos dar um jeito. Relaxa.
Murilo apenas acena e nos abraçamos de lado.
Me sento no sofá, enquanto conversamos sobre tudo e nada ao mesmo tempo.
Após alguns minutos, resolvo que é hora de partir.
— Bom, meus amigos, a prosa tá boa, mas chegou minha hora.
— Mauricio, por favor....
— Relaxa, irmãozinho... — Passo a mão pela minha camisa, tentando desamassá-la. —
Vou chegar em casa antes que você sinta minha falta.
— Eu não sei o que eu faço com você. — Balança a cabeça em negação, me causando
uma risada.
— Me ame, irmão. Me ame. — Sorrio, para provocar ele.
— Você é impossível.
— Eu sou o melhor irmão que você tem.
— Você é o único.
— Não tira o meu posto de ser o melhor — Balanço o ombro. — Igual eu sou o melhor
tio, não é, princesa? — Pego Melina no colo e a rodopio no ar, enquanto gargalha.
Após um ataque de cosquinhas nela, a coloco de volta no chão.
— Oi, Mel! — Um garotinho do tamanho do Miguel passa pela porta do camarim e se
aproxima dela.
— Oi, Digo! — ela responde, envergonhada.
— Mel? Digo? — questiono, com a voz em uma oitava acima. — Quem é você,
moleque? — Seguro-o pelo ombro, fazendo com que se vire para mim, para que eu o encare.
— Q-quê...? — O pirralho gagueja.
— Mauricio, para de graça e solta o menino. — Meu irmão me olha feio para que eu
solte o garoto, e a contragosto o obedeço. — Ele é filho da Marcela. Ela pediu pra trazer ele hoje
e falei que não teria problema.
— Não me interessa de quem ele é filho, eu estou protegendo minha princesa — reclamo,
indignado que ele não se importe com o que acabou de acontecer aqui.
— Eles são crianças, Mauricio, pelo amor de Deus.
Olho ao redor, procurando por alguém que me apoie, e a palhaça da Katarina está
fingindo segurar o riso, sem se esforçar muito.
Augusto está com um copo de Whisky em frente a boca para tampar o seu riso também.
Abaixo meu olhar para encontrar Miguel debruçado sobre a mesinha, concentrado no seu
desenho, sem ter noção do que acabou de acontecer com a sua irmãzinha.
— Você deveria estar do meu lado. — Aponto pro meu irmão.
Mas antes que ele possa responder, somos interrompidos.
— Oi, Maumau! — Uma mulher passa na porta do camarim, acenando.
Eu nem sei mais do que eu tava falando. Só sei que preciso ir atrás dessa mulher
maravilhosa.
Vejo ela se afastar e só enxergo o seu cabelo comprido moreno, longo e uma bunda
redonda maravilhosa espremida em um mini short jeans.
— Você precisa começar a se controlar, Mauricio — resmunga Murilo.
— Enquanto vocês enchem o saco, eu vou lá conhecer essa morena e encher a cara.
— Mauricio! — Murilo tenta me impedir, mas me afasto deles, seguindo o rastro da
morena.
Quando a encontro, ela já está com algumas amigas.
Elas mexem nos chapéus e cabelos e sorriem para mim, sorrio de volta, mas antes que eu
consiga alcançá-las, sou interrompido por um Lucas meio bêbado.
Ele é um dos nossos músicos e acabou de sair do palco conosco.
Como ele conseguiu ficar bêbado antes de mim?
Preciso resolver isso!
— Manooo.... Eu consegui colocar você no show!!!
Solto um bufo e tento passar por ele, tentando chegar nas meninas que estão logo adiante
enquanto respondo:
— Você já bebeu quanto? O show acabou agora, Lucas.
— Não, mano. — Meu amigo me segura, para que o encare. — Tô falando do outro
show.
Ele acena diretamente para a arena, onde acontece o rodeio.
Sinto que arregalo os olhos e o encaro.
— Não brinca comigo! — respondo eufórico.
— Você aguenta pelo menos cinco segundos, pra não passar vergonha? — O babaca já tá
rindo.
— Haha! Eu só não sou o melhor daquela arena, porque me tornei a melhor dupla
sertaneja naquele palco.
— Você é o cara mais modesto que eu conheço — o babaca fala, enquanto vira a latinha
de cerveja.
— Sou sincero. — Ajeito a camisa que estou vestindo e seguro na fivela do meu cinto. —
Agora desembucha. É verdade?
— Claro que é. Mas tem que ser agora.
— Então vamos. — Puxo ele para irmos andando em direção à arena. — Como você
conseguiu isso?
— O organizador do evento é um amigo meu da época de escola. Assim que desci do
palco, fui beber e encontrei com ele lá, acabei comentando que você tinha vontade de participar e
já que é de conhecimento geral que você brinca de ser peão, ele topou te deixar entrar na arena
pra dar uma agitada na galera. AI AI!!!
O engraçadinho fica esfregando o braço onde eu acabei de dar um soco.
— Se dê por satisfeito de ter sido só isso, engraçadinho. — Aponto pra ele enquanto
continuo andando, deixando-o para trás. — Brinco de peão é uma ova! — Bufo, indignado com a
sua ousadia de me dizer um negócio desse.
Escuto-o rindo às minhas costas, mas o ignoro.
Estou eufórico com a oportunidade.
Desde criança, eu e meu irmão sempre montamos touros, mas sempre de brincadeira, e
tenho que admitir que montar assim, no meio de uma arena, e em um dos maiores eventos do
país, me deixa suando frio, mas não vou arregar agora.
Assim que chegamos na ponta da arena, um homem um pouco mais velho vê que
estamos nos aproximando e vem nos cumprimentar.
— Mauricio, prazer te conhecer, sou Rodolfo. — Apertamos nossas mãos em
cumprimento.
— Prazer, Rodolfo. — Aponto pro Lucas que está ao meu lado, alheio ao meu
nervosismo. — O Lucas aqui me falou que consigo participar do rodeio hoje. É sério? — falo,
sem conseguir controlar a euforia na minha voz.
— Sim. Ele comentou comigo que você tem essa vontade, e eu posso arranjar isso. Mas,
claro, isso só é possível porque todos que te acompanham sabem que você já tem uma certa
experiência na área, e também é bom pra dar uma agitada na plateia que vai ir à loucura quando
você for anunciado.
Agora com a confirmação dele, sinto meu peito estufar em empolgação.
— Obrigado pela oportunidade, cara.
— Eu que agradeço. — Sorri largo. — Só tenta se manter o máximo possível em cima do
touro, e claro, por favor, se mantenha vivo e inteiro.
— Pretendo! — Resolvo brincar, mas vejo ele sorri amarelo. — Qual é.... Um pouco de
fé, amigo.
— Sim. Sim. — Tira o chapéu e coça o cabelo que está suado. — Bom... Vai se preparar
e já já eu te anuncio então.
— Obrigado de novo!
— Boa sorte.
— Vai lá, cowboy! — Lucas grita, seguido de um “IRRÁ!”
Eu sou cercado de gente louca. Deve ser porque eu também sou, né?
Sorrio com o meu pensamento e vou me arrumar para o meu próximo espetáculo.
MAURICIO COSTA
Seguro a corda com força e levanto uma das mãos, para me equilibrar enquanto me ajeito
no lombo do touro.
Faço um sinal para o porteiro de que está tudo ok, e ele sinaliza de volta.
O chapéu na minha cabeça faz com que eu transpire um pouco, ou talvez eu só esteja
mais nervoso que o normal, já que não é todo dia que eu subo em um touro bravo no meio de um
festival importante.
O animal embaixo de mim é conhecido como um dos mais perigosos do mundo, e eu não
posso demonstrar medo agora.
Eu só preciso ficar alguns segundos em cima do bicho e mostrar que posso ser o melhor
em tudo o que me proponho a fazer. Nada melhor do que mostrar o quanto sou incrível
montando para garantir as mulheres da noite.
O alarme soa e a porteira de ferro do brete é aberta.
O touro sai pulando e para no meio da arena, me balançando em cima do seu lombo.
Preciso me segurar cada vez com mais força, tentando me equilibrar para me manter em
cima dele o maior tempo possível.
Os poucos segundos que se passam mais parecem uma eternidade. Eu balanço tanto que
o meu chapéu sai da minha cabeça e vai parar no chão em meio a poeira que levanta.
Escuto a arquibancada gritar, e sem mais conseguir me segurar, salto de cima do animal,
rolando no chão de terra, enquanto os salva-vidas1 entram para afastar o touro de mim.
Alcanço meu chapéu e saio correndo para a cerca, onde todos estão vibrando e gritando
junto comigo.
Hoje está cheio de mulheres e as mais ousadas aproveitam o momento para passar a mão
nos meus braços e enfiá-laspor baixo da minha camisa, arranhando as unhas no meu abdômen.
Pisco para elas e continuo comemorando com todos ao redor até o locutor me chamar.
— Mauricio Costa! — Ele fala o meu nome e todos gritam. — Maumau! — Ele sussurra
no microfone de forma cafona, o que faz os homens rirem e as mulheres gritarem ainda mais.
Me afasto da cerca e corro até onde ele está.
— Como se sente por ser uma das melhores duplas sertanejas do momento, e ainda
mostrar para todos que, além de cantor, ainda é peão?
— Obrigado. Obrigado — digo ofegante e com um sorriso que rasga o meu rosto. —
Estou muito feliz com o momento que eu e meu irmão estamos vivendo com a dupla. Agradeço a
cada um dos nossos fãs, pois, sem eles, nada disso seria possível. — Sou interrompido pelos
gritos.
Agradeço a todos novamente e depois de toda a comemoração, vou encontrar com
Augusto e a Kit Kat, que estão ao canto da arquibancada.
— Fala sério... Eu mandei bem, né? — digo assim que chego até eles.
— Você é maluco. — Katarina estremece assim que eu me aproximo. — Quando o
Murilo souber disso — aponta de mim para a arena —, ele vai matar você e me esfolar viva por
ter permitido.
— Você não sabia e mesmo se soubesse, não teria como me impedir. — Constato o que
ela já sabe. — Cadê ele, por falar nisso? — Olho ao redor, sem encontrar nenhum sinal do meu
irmão.
— Foi embora assim que você saiu. Ainda bem, senão ele teria surtado aqui.
— Para de drama, Kit Kat. — Ajeito o chapéu na minha cabeça. — Quando ele souber
que eu mandei bem, não vai falar nada.
— Aham... vai nessa. — Bebe seu refrigerante e fica em silêncio.
Viro-me para Augusto, que se manteve calado, e arqueio a sobrancelha, pois sei que ele
está se segurando para dizer alguma coisa.
— Está ficando velho para essas coisas, garoto — comenta simplesmente.
— Que velho que nada! — Bufo em resposta.
Lucas vem correndo em nossa direção, com um sorriso que rasga seu rosto.
— Até que você não passou vergonha, né? — Ele brinca, passando o braço no meu
pescoço, quase em um mata leão frouxo, em forma de me parabenizar.
— Pode falar que eu mandei muito bem — brinco de volta.
— Crianças! — Kit Kat bufa e revira os olhos.
— Oi, Kat — Lucas ronrona. — Quando você vai me dar uma chance?
Gargalho da sua cara de pau.
Já vi vários caras darem em cima da minha amiga, principalmente desde que começamos
a trabalhar juntos, pois ela tem que lidar com muitos homens no seu dia a dia, mas todos sempre
recebem a mesma resposta. Um sonoro NÃO.
— Nunca, Lucas — ela responde sorrindo.
— Poxa, assim você machuca o meu coração — responde de forma chateada.
— Bom, crianças, já deu minha hora. Se comportem! — Augusto se despede.
— Eu sempre me comporto. — respondo de pronto.
— Aham... — Se vira e vai.
— Eu vou também. — Kit Kat me dá um beijo pra se despedir. — E você também
deveria ir, Mauricio.
— Vou curtir um pouco mais da festa. — Avisto a morena de mais cedo me olhando,
junto do seu grupinho de amigas.
Katarina segue meu olhar e balança a cabeça em negação.
— Você tem que tomar jeito, Maumau.
— Se estiver em um copo e bem gelado, eu tomo! — respondo e me despeço dela.
Sigo até o grupinho, sendo seguido por Lucas em meu encalço.
— Oi, garotas. — Chego perto e coloco a mão na cintura de duas delas, enquanto Lucas
chega enlaçando a outra.
— Você foi muito bem lá hoje.
— Não sabia que você montava tão bem — a morena ao meu lado diz, e não me passa
despercebido o seu tom malicioso.
— Eu posso te mostrar como eu monto por horas… — Umedeço os lábios e elas
gargalham.
— Então mostra. — A morena não perde tempo, passa a mão pelo meu abdômen e me
beija.
Após um breve show para as pessoas que estão ao nosso redor, volto a interagir na
rodinha que fizemos, e começamos todos a beber cerveja enquanto damos risadas das histórias
do Lucas.
Agora estou abraçado só com a morena, e percebo que já está na hora de nos divertirmos
de verdade, então aperto seu corpo curvilíneo contra o meu, agarro seus cabelos pela nuca,
mordo o lóbulo da sua orelha e sussurro de modo sedutor:
— Vamos pra um lugar mais reservado, morena?
— Onde você quiser, Maumau! — Ronrona dengosa.
Sem mais tempo a perder, arrasto-a direto para o estacionamento, sem me preocupar em
me despedir de ninguém.
Hoje fiz questão de vir com a minha caminhonete. Peguei o meu bebê mais cedo na
funilaria, depois que aquela doida amassou ele. Me arrepio só de lembrar do estrago que ela fez
na minha belezinha.
Por que estou me lembrando daquela maluca barraqueira?
Como o show hoje não é tão longe da fazenda, não vi problema em vir dirigindo ao invés
do ônibus junto com toda a equipe, como é de costume, então é para lá que a levo.
Quando estamos perto o suficiente, agarro a gostosa ao meu lado de novo, atacando sua
boca com a minha, e ela corresponde na mesma sede, talvez até mais sedenta do que eu.
Gosto de mulheres assim.
— Porra! — Praguejo quando sinto meu corpo entrar em combustão, enquanto continuo
metendo. — Empina esse rabo gostoso, querida. — Peço no seu ouvido.
A mulher está de costas para mim, com as suas mãos apoiadas no colchonete estendido
na carroceria da minha Dodge RAM, com a sua bunda maravilhosa empinada na minha direção,
me dando uma visão divina.
Os meus planos era de irmos para um motel de beira de estrada, mas pra que esperar o
que podemos ter agora?
O clima acabou esquentando demais no estacionamento.
O que já estava quente, pegou fogo quando nos aproximamos do carro, então o meu pau
decidiu por mim o local onde iriamos transar.
Ao menos ainda tinha uma camisinha no meu bolso para esse tipo de emergência.
Nunca se sabe quando se vai precisar, não é mesmo?
— Mete mais forte, Maumau! Quero a sua marca na minha bunda — a danada fala de um
jeito bem safado.
Jamais negaria um pedido desse.
Ainda mais sendo algo que irá agradar a nós dois.
Enrolo o seu cabelo no meu punho e puxo a sua cabeça para trás, firmando a sua cintura
com a outra mão e meto sem dó, sentindo o suor começar a descer pelas minhas costas e os fios
do meu cabelo ficarem molhados sob o meu chapéu.
— Goza, gostosa! — Levo os dedos para o seu sexo e começo a tocar o seu montinho
inchado.
Mais algumas investidas tiram gemidos ruidosos da morena.
Abafo seus gritos com a palma da minha mão pressionando a sua boca, estamos em uma
parte isolada do estacionamento, mas mesmo assim é bom não arriscar chamar atenção com os
seus gritos escandalosos.
Vejo suas unhas fincarem o colchão abaixo de si quando o orgasmo varre o seu corpo,
fazendo-a tremer dos pés à cabeça, apertando o meu pau e me levando ao tesão máximo.
Fecho os olhos, sentindo o prazer se alojar por todo o meu pau e esporro dentro da
camisinha em seguida.
— Uau, Maumau... Bem que falaram que você é um garanhão. — A gostosa se joga pra
frente, ofegante, tentando se recuperar do orgasmo que teve.
Caralho! Nada como uma boa trepada para fechar o dia com chave de ouro.
Ouço um barulho do meu lado direito e me assusto.
Nem fodendo que eu posso ser encontrado numa situação dessa.
Passo os olhos ao nosso redor e percebo ainda tudo escuro e vazio.
Devo ter bebido demais e estar ouvindo coisas.
A mulher abaixo de mim está alheia a tudo à nossa volta, mas continuo olhando tudo e
sem localizar nada de anormal, volto a relaxar.
Tiro a camisinha do meu pau já mole, dando um nó na ponta, guardo-o novamente na
cueca, subo o zíper e fecho o botão da minha calça, guardo a camisinha no meu bolso para jogar
fora mais tarde e ajeito a minha roupa, enquanto desço da caminhonete.
Não sou um grosseirão, então aguardo a mulher se recuperar, para que ela mesmo se
arrume e perceba que a nossa noite acabou.
Sem precisar que eu diga mais nada, ela se ajeita ainda deitada, pois não há muito o que
colocar no lugar, já que não tiramos nossas roupas.
Gostaria de voltar para o rodeio para beber mais algumas doses antes de ir para a
fazenda, mas sei que se eu resolver voltar, não conseguirei me livrar dela pelo resto da noite,
então a melhor decisão é eu ir embora e tirar o resto da noite de sono.
— Foi maravilhoso, não foi? — A morena ronrona, enquanto ajudo-a a descer.
— Foi espetacular, morena — falo assim que ela desce.
Tiro o chapéu e passo os dedos entre os meus fios suados, tentando arrumá-los, mas
devolvo-o para a minha cabeça.
— Por que a gente não termina a noite em um lugar mais gostoso? — Eita peste! Tava
demorando!
— Morena, não vai dar — falo de forma suave. — Já está tarde e preciso acordar cedo
amanhã para ensaiar. — Ajeito o seu cabelo atrás da orelha em uma forma de carinho para
amenizar um pouco o fora. — Você entende, não é? — Torço para que ela seja fácil de entender
a dispensa.
— Sim. Eu entendo. — Sorri amarelo, meio desapontada, mas logo se recupera, jogando
os braços ao redor do meu pescoço, se pendurando em mim. — Amei a nossa transa.
Ela ataca a minha boca e a beijo de volta.
— Vem... Vou te acompanhar de volta ao rodeio.
Acompanho ela até onde suas amigas estão.
Assim que vamos entrando no local do evento novamente, o som da música sertaneja
invade os meus ouvidos e instantaneamente meu corpo vai relaxando ainda mais.
— Mas já? — Lucas, que ainda está agarrado a uma das mulheres, diz ao me ver.
— E você, ainda aqui? — provoco de volta.
O imbecil gargalha e as mulheres riem junto.
A morena que estava comigo logo é arrastada pelas suas amigas para um canto mais
distante de onde estamos, com certeza para ser interrogada de como foi transar comigo, então
aproveito a brecha para sair.
— Vou nessa. — Bato no ombro de Lucas em forma de despedida.
Ele está conosco desde o início e é um dos músicos com quem mais tenho intimidade,
gosto demais desse puto, pois ele aproveita a vida tanto quanto eu.
O deixo para trás para aproveitar o resto da sua noite, e sigo para a minha casa, a fim de
descansar um pouco.
MAURICIO COSTA
Acordo com a minha coberta sendo puxada de forma violenta.
— Mas que....
— Você passou de todos os limites. TODOS! — Murilo dá um grito, fazendo a minha
cabeça doer.
Sento-me na cama e olho ao meu redor, só para me atualizar e tentar entender onde estou
e o que está acontecendo.
Observo meu quarto e confirmo que realmente estou na minha casa, minha cama.
Eu e Murilo compramos uma grande fazenda assim que conseguimos um grande
contrato, é onde investimos o nosso dinheiro, e além de lar, também é a nossa empresa, gerando
emprego para tantas pessoas, assim temos tudo perto, conseguimos administrar tudo, mas
também longe o suficiente para uma vida calma e tranquila.
Cada um de nós tem uma casa grande e confortável na fazenda, meus pais, meu irmão e
eu, para que cada um possa ter a sua privacidade. Então, por que diabos ele está dentro da minha
casa e gritando comigo no MEU quarto?
— Você pode me explicar por que você está gritando comigo uma hora dessas? —
Consigo dizer com a voz rouca de sono.
— AAAH! Você quer saber por quê? — grita, extremamente nervoso. Cacete! Acho que
nunca vi ele assim. Que merda eu fiz? Só porque eu montei um touro ontem? Não pensei que ele
fosse ficar assim, tão bravo.
Ele pega o celular no seu bolso de trás, desbloqueia — Ele está tremendo de nervoso? —
e joga em cima da cama, no meu colo.
Quando pego o aparelho, sinto o meu corpo gelar.
— Porra! — É tudo o que eu digo.
Eu tô muito fodido.
— Porra? É tudo o que você tem pra dizer? — Ele me encara com os olhos e rosto
vermelhos. Eita. Acho que se ele ficar um pouquinho mais nervoso ele infarta. Dessa vez eu me
superei.
Na tela do celular está uma reportagem onde tem uma foto muito clara minha, de ontem a
noite; eu estou em cima da carroceria da minha Dodge, com a bunda de fora, metendo na morena
do rodeio. Que merda! Como tiraram uma foto minha?
— Caralho, cara. Eu juro que não vi ninguém por perto.
— Caralho porra nenhuma, Mauricio! Você só tá fazendo merda! Todo dia é uma mulher
diferente abraçada com você. Todo dia tem alguma notícia sua na mídia. Chega! Essa palhaçada
vai acabar!
— Cara, eu não fiz de propósito. Eu nunca ia deixar tirarem uma foto da minha bunda. —
Tento me justificar, realmente chateado por ter uma foto do meu traseiro espalhada por aí agora.
Escuto Murilo bufar e vejo-o virando de costas pra mim, enquanto esfrega a cabeça e
bagunça o cabelo, em uma clara tentativa de se acalmar.
O que eu falei?
— Mauricio, você testa mais a minha paciência que os meus próprios filhos — ele fala de
um jeito calmo, pouco convincente.
— Isso é um elogio? — Arrisco um sorriso amarelo, e se estivéssemos em um desenho
animado, tenho certeza de que agora seria a cena em que sai fumaça da sua cabeça. Ok. Acho
que agora não é uma boa hora pra brincar.
— Mauricio! — Rosna em tom de ameaça.
— Cara — digo enquanto me levanto, pouco me importando com a minha nudez —, eu
vacilei, ok? Admito! Eu realmente não vi essa droga de paparazzi, mas logo logo a mídia
esquece isso, relaxa.
— Não, Mauricio, não é assim! Dessa vez você extrapolou. — Pelo tom dele, sinto a
minha espinha gelar e fico parado, encarando-o. — O Augusto tava na minha casa agora. .
— Merda.
— A gravadora ligou pra ele avisando que as coisas precisam mudar urgente, ou vamos
perder o contrato.
— Porra!
Murilo pega o seu celular que ainda estava jogado em cima da cama e vai até a porta pra
sair.
— A partir de agora as coisas vão mudar, Mauricio — fala em um tom que não abre
brecha para discussão. — Vamos contratar alguém pra controlar você.
— Como assim? — pergunto sem entender nada.
Ele não me responde e vai embora, batendo a porta.
Que saco!
— Segura direito, diacho! — falo para Carlos, enquanto tento agarrar a pata do Trovão
para limpar seu casco e trocar a ferradura.
Carlos segura o rosto do cavalo firme, enquanto o bicho tenta puxar a pata e preciso de
toda a minha força para mantê-lo estável para concluir o meu trabalho. Cerro os dentes de tanta
força que faço, enquanto limpo o interior do casco com uma faca.
— Eu não sei por que você insiste em fazer isso, Mauricio! — Meu amigo me adverte
indignado. Como sempre. — Você sabe que existem profissionais para fazer esse serviço.
Profissionais que VOCÊ paga o salário, inclusive. — Dá ênfase.
— E eu já disse que é porque eu gosto. — Sorrio sobre o ombro para ele e dou uns
tapinhas na barriga do meu amigo de quatro patas.
Gosto de lidar com os bichos da fazenda e cuidar de tudo. Me acalma tanto quanto tocar
e cantar.
Alguns podem até achar o meu estilo de vida um tanto rústico, mas eu gosto muito de
levar as coisas dessa forma.
Temos uma fazenda enorme, que nos dá uma renda suficiente para sustentar gerações a
fio. Empregamos boa parte da cidade em nossas terras, mas isso não significa que eu não tenha
que colocar a mão na massa.
Ao contrário do que todos pensam, a fama não me tirou o amor pelas minhas raízes.
Não preciso de mais nada para ser feliz.
Meus pais estão bem de vida. Estruturados.
Meu irmão, apesar dos percalços, segue feliz com os seus filhos.
E eu? Eu tenho a mulher que eu quiser, a vida que sempre sonhei, então acho de bom
tamanho mimar meus sobrinhos e permanecer solteiro.
— Então já que você gosta, para de moleza e vamo simbora — ele diz em tom
brincalhão. — Ainda faltam as outras três.
— Exatamente.
Passo o dorso da mão na minha testa suada e ajeito o chapéu na cabeça, sentindo o cabelo
molhado por baixo dele. O estábulo está um forno.
Endireito minha postura e pego a próxima pata do Trovão e começo a limpeza.
Ainda estou com um pouco de sono, mas já estou acostumado a dormir pouco desde que
começamos a nos apresentar, pois após a nossa apresentação, minha comemoração sempre se
estende até altas horas da madrugada, e dessa vez o problema foi justamente eu ter estendido
minha comemoração para a carroceria da minha caminhonete com aquela morena maravilhosa.
Nos divertimos bastante sobre o colchão fino que eu sempre deixava para proteção.
Fiquei muito feliz com a flexibilidade dela.
Minha boca saliva só de lembrar.
— Mauricio?! — Carlos me desperta dos meus pensamentos.
— Oi!
— Próxima pata, cara.
— Tá bom.
Sigo fazendo o trabalho que já estou acostumado e estou quase finalizando, sem sonhar
acordado de novo.
— Fiquei sabendo que mandou bem no rodeio ontem.
— Quando que eu não mando bem? — Dou de ombros, mas quando vejo a sua cara
indignada na minha direção, começo a gargalhar.
— Humpf! Esqueci que o ego é a sua característica mais forte.
Gargalho pela sua resposta ousada, mas verdadeira, e lhe mostro o dedo do meio.
— Não posso negar. — Sorrio sem me abalar.
— Também fiquei sabendo que você foi flagrado em uma situação... delicada — o
engraçadinho diz em forma de deboche.
— Nem me fale. — Bufo, cansado desse assunto.
— A peãozada disse que o Murilo acordou soltando fogo pelas venta quando viu as
notícias sobre você na caminhonete.
— Ah é? A peãozada tá fofocando demais. — O encaro e o desaforado faz cara de
indignado.
— A gente não fofoca! — Franze o cenho.
— Você é o maior fofoqueiro de todos, Carlos. Maria-fifi da roça!
Meu amigo tem a mesma idade que eu, e desde que o conheço, ele adora uma notícia
quentinha.
— Não é verdade. Eu compartilho informações! — responde na maior cara lavada. Sou
obrigado a rir.
— E o que mais estão dizendo? — Me rendo. Quem não gosta de uma fofoquinha? Ainda
mais quando se trata de si mesmo. Se tiver um café e um bolinho então…Tem informações que
eu descubro sobre mim mesmo que até eu me assusto às vezes.
— Que o seu irmão tava mais bravo que o touro do rodeio que você montou ontem.
— É uma comparação justa mesmo — constato pensativo.
— E que você tava ferrado dessa vez. — Finaliza com um risinho no rosto. Desaforado.
Intimidade é uma merda.
— Talvez.
— O que ele fez?
— Falou que eu passei dos limites e que as coisas vão mudar. — Levanto os ombros, sem
ter mais o que fazer.
— Qual é, Mauricio... — Levanta os braços na minha direção em forma de pedido. — Eu
preciso de mais do que isso.
Gargalho alto dessa vez.
— Você não tem vergonha, não, Carlos?
— Vergonha do quê? Onde mais eu vou conseguir sanar a minha curiosidade, senão
direto da fonte?
— Intimidade é realmente uma grande merda.
— Para de reclamar e desembucha.
— Não tem nada pra falar... — digo enquanto arrumo as coisas para irmos para a
próxima baia. — Ele realmente tava puto. Falou um monte no meu ouvido. Gritou. Esperneou e
falou que precisamos de alguém pra me controlar.
— Tipo uma esposa? — pergunta rindo.
— Claro que não, jegue. — Dou um tapa na sua nuca, onde o palhaço começa a esfregar
e a rir. — Nem brinca com uns negócio desse. — Sinto um arrepio passar pela minha espinha só
pelo pensamento.
— Ué.. Então o quê?
— Sei lá... — Levanto os ombros novamente — Mas, relaxa... Logo logo a poeira abaixa
e ele esquece essas loucuras.
— Acho que não, hein, dessa vez você se ferrou — Carlos resmunga, mas resolvo não
responder.
Não é a primeira vez que eu saio em algum site de fofoca com uma mulher, e também
não é a primeira vez que escuto um esporro do meu irmão, então, logo logo esse drama todo
passa e voltamos ao que era antes.
Assim espero.
LAVÍNIA BATISTA
— Relaxa, Laurinha — digo pela vigésima vez, tentando sair. — Eu já disse que assim
que chegar lá eu te ligo.
Minha prima não para de me dar recomendações malucas para a minha entrevista. E não
é pra menos, já que a entrevista em si é o maior suspense da história.
— Lav, é sério. Qualquer sinal de estranheza, você corre — fala séria.
— Viixi... Você sabe que se for depender do meu condicionamento físico pra fugir, eu tô
morta, né?
— Lavínia, pelo amor de Deus, eu tô falando sério. — Faz cara de brava, o que me causa
uma gargalhada.
— Brincadeirinha, Lau... Mas eu já falei pra você ficar tranquila. — Tento tranquilizá-la
de novo. — Nesse ramo é normal os artistas preferirem anonimato antes da entrevista, mas eu já
tenho todas as informações do local, tudo certinho. E além do mais, foi o Thi que indicou essa
vaga pra mim, então é super segura! — Dou uma piscadinha para aliviar o clima, enquanto
coloco a mochila nas costas.
A verdade é que eu só tenho um endereço e um nome.
Vou para uma cidade vizinha, onde eu não conheço absolutamente ninguém, para
participar de uma entrevista. A única informação que eu tenho é que é para uma vaga de RP1, o
que me deixa extremamente feliz, pois estou há exatos três meses desempregada e já estava
cogitando começar a procurar algo fora da minha área, o que me deixaria muito chateada, mas eu
o faria se fosse necessário para conseguir pagar os boletos que não param de chegar, já que as
minhas economias estão gritando por socorro. Porém, um milagre divino caiu do céu, chamado
Thiago Reis, meu amigo e parceiro de profissão.
Nós trabalhávamos juntos com a Mari Ribeiro, mas, diferente de mim, ele a seguiu para o
exterior, e como mantivemos contato, graças a Deus, ele me indicou para essa vaga que ficou
sabendo.
Após meu amigo fazer a ponte para eu ser chamada, me enviaram um e-mail no dia
seguinte à indicação, com os dados para realizar a entrevista, apenas com informações da função,
endereço, horário e o nome Katarina, a quem deveria procurar ao chegar.
Não é estranho famosos ficarem no anonimato para o agendamento das entrevistas, ao
menos até o funcionário ser contratado, então está tudo bem para mim.
A única coisa que realmente está me deixando com um friozinho na barriga é precisar
viajar duas horas para o interior do estado, e estar fora da minha zona de conforto, que seria ao
menos estar em um lugar conhecido, a cidade onde eu escolhi viver.
— Não quer mesmo que eu passe aqui para irmos juntos à casa dos nossos pais? —
Resolvo mudar de assunto e insistir novamente para irmos juntas.
— Não, Lav. — Faz uma carinha de triste, se aconchegando melhor no sofá onde está
deitada. — Prefiro ficar em casa hoje.
— Você está bem? — Percebo agora que provavelmente ela deve estar tendo uma crise
da Fibro.
— Estou, sim, não se preocupe. — Força um sorriso, o que me deixa ainda mais
preocupada.
— Não, não. — Tiro minha mochila das costas. — Vou pedir pro Thi entrar em contato
com eles pra remarcar.
— Para com isso, Lav. Não quero que você remarque nada. E além do mais, não tem
nada que você possa fazer. — Solta o ar em uma respiração longa. — Eu só preciso de um banho
e ficar quietinha no quarto.
Fico um tempo pensando nas minhas opções, e realmente não tenho muitas.
— Certo — assinto a contragosto. — Infelizmente você está certa.
— Sim. Eu sempre estou. — Sorri, o que alivia um pouco o clima que se abateu sobre
nós.
— Haha. Engraçadinha. — Sento no sofá, no cantinho vago que sobrou, e a puxo para
mim em um abraço apertado. — Vai lá tomar um banho quentinho pra te aliviar um pouco e se
deitar. Eu prometo que vou arrasar na entrevista, conseguir esse emprego, e logo logo estaremos
ricas, com uma banheira de hidromassagem em cada quarto e tomando café em Paris.
Laura cai na risada e concorda comigo.
— Você é doida, Lavínia.
— Eu sei, e mesmo assim você me ama.
— Quem te disse? — A descarada tenta negar.
— Nem vou ficar aqui te lembrando quantas vezes você já disse que me ama.
— Não me lembro. — Ela se vira e se senta no sofá, tentando me ignorar.
Dou risada e coloco a mochila novamente nas costas.
— Bom... Eu tenho que ir agora, senão vou acabar me atrasando. — Vou na sua direção e
lhe dou um beijo. — Provavelmente irei dormir na casa dos meus pais, mas eu te aviso antes, tá
bom? Qualquer coisa me liga. Te amo!
Ainda assim, antes de passar pela porta de casa, ela me dá mais umas cinquenta
recomendações sobre a entrevista e por fim saio.
Quando entro no meu carro recém-consertado, sinto que meu coração dá um salto dentro
do peito em expectativa para essa vaga.
Mesmo eu não tendo nenhuma informação do artista para quem vou trabalhar, o Thi me
adiantou que já é alguém famoso, o que torna isso uma grande oportunidade se eu for contratada.
Quando comecei a trabalhar pra Mari, ela ainda estava em busca do seu sonho e batalhamos
juntas por ele, começar com alguém que já é estourado é realmente diferente.
Respiro fundo umas cinco vezes para me acalmar e então giro a chave da ignição para
seguir caminho.
— Vamos lá, Lavinia. Você vai arrasar. Essa vaga é sua. — Me encorajo.
Assim que entro na cidade, não posso deixar de admirar a vista pela janela do carro.
A cidade é linda.
Há bastante verde no meio de algumas construções, mas o que predomina são as
fazendas. Há gado pra todo lado, fazendas lindas e bem cuidadas, pastos incríveis e plantações de
dar inveja.
As casinhas com varandas são maravilhosas e os jardins de cair o queixo.
A cidade onde meus pais moram e onde fui criada, é uma cidade pequena, mas nem de
longe parecida com essa.
Estou encantada.
Há algumas pessoas andando de bicicleta, pequenos comércios espalhados, mas tudo
muito organizado e limpo, bem diferente do que eu me acostumei na capital de São Paulo.
Amo a cidade grande, mas, sinceramente, me acostumaria fácil com a paz desse lugar.
Que delícia.
O caminho consegue me distrair e acalmar um pouco, mas chego ao local da entrevista
ainda um tanto nervosa. Nem sei dizer a causa do meu nervosismo, mas as quase três horas de
viagem podem ter contribuído com isso, ou também posso culpar a vaga que eu tanto almejo
como fator causador.
Acho que a expectativa está contribuindo bastante, afinal de contas, é uma grande
oportunidade.
Assim que paro o carro no estacionamento, envio uma mensagem para Laura, avisando
que cheguei viva, porque se não é capaz de ela baixar a SWAT aqui se eu não mandar sinal de
vida.
Olho para os lados e observo a movimentação do lado de fora.
Estou em frente a uma espécie de galpão, não há sequer uma única janela para curiar o
que há do lado de dentro; aqui fora há pessoas se movimentando em passos apressados, o único
indício de que há música e/ou cantores do por aqui são os equipamentos que estão indo e vindo.
Ajeito o retrovisor para conseguir me olhar e vejo que estou apresentável, nunca fui de
usar muita maquiagem, então só retoco o gloss e ajeito o cabelo.
Salto do carro e arrumo a roupa para não aparentar estar muito amassada devido às horas
sentada dentro do carro.
Levanto meu olhar para procurar por alguma mulher que tenha cara de se chamar
Katarina, já que eu não faço ideia de quem seja, mas só vejo homens transitando por todo o
lugar. Não deve ser difícil achá-la, já que, com certeza, ela deve se destacar na multidão
masculina.
Sigo em direção a uma portinha por onde as pessoas estão saindo, enquanto cumprimento
alguns rapazes no caminho. Quando estou quase chegando, sou surpreendida por uma mulher
linda na minha frente, com a pele negra, um cabelo black maravilhoso, que mais parece uma
coroa na sua cabeça e um vestido preto justinho abaixo dos joelhos e óculos de sol, com um
sorriso no rosto.
Ela está segurando uma prancheta na sua mão esquerda, enquanto me estende sua mão
direita, vindo em minha direção.
— Você deve ser a Lavínia — cumprimenta, segurando minha mão.
— Katarina?
— A própria. — Sorri e finge jogar o cabelo pra trás de brincadeira, sorrindo para mim.
Já amei ela.
— Muito prazer. — Sorrio, aliviada pelo clima leve.
— Vem. Vamos lá pra dentro, aqui tá um calor insuportável. — Ela se abana, e eu só
posso concordar.
Enquanto seguimos em um corredor, vemos mais adiante mais homens carregando
equipamentos que parecem ser ainda mais pesados.
— Pessoal, depois que vocês carregarem o caminhão, por favor, vão até o refeitório que
o almoço de vocês já está pronto. — A voz dela, que antes era suave comigo, agora é firme, mas
educada, sua postura para falar com os homens mudou de quando ela estava comigo.
— Opa. Obrigado, moça — um dos homens fala.
Seguimos nosso caminho e apresso meu passo para conseguir acompanhá-la.
A mulher anda rápido e durante todo o caminho vai dando ordens e ajustando coisas,
quase trombei nela umas três vezes, pois ela parou do nada para falar com alguma pessoa que
estava passando. Pelo jeito, Katarina é quem manda na porra toda por aqui e todos a respeitam
como tal.
Já faz um tempo que estou sozinho, então aproveito e começo a dedilhar as novas
canções.
Estou testando o som no violão da nova música, quando sinto um tapa forte na minha
nuca.
Olho indignado para trás, só para encontrar o idiota do meu irmão com os braços
cruzados e sorridente, esperando que eu reaja.
Bufo inconformado e arqueio a sobrancelha, esperando que ele se justifique para ter me
atrapalhado agora.
— Vamos, mano. A Kat me mandou mensagem avisando que já separou os três
candidatos para conhecermos e batermos o martelo, então podemos ir lá.
Saco.
— É sério que eu preciso mesmo ir conhecer o meu algoz? — pergunto, revirando os
olhos.
Eu só quero viver a minha vida em paz.
— Para de drama e vamos logo — diz e se vira, como se eu fosse o seguir como um bom
cachorrinho.
Ninguém me dá moral nesse lugar.
Desisto de tentar fugir do meu fim e guardo o violão apoiado no suporte e sigo meu
irmão para fora do estúdio.
Katarina separou os três candidatos em salas separadas, então vamos passar em uma por
uma até decidirmos qual é o melhor para me infernizar.
Apenas sigo Murilo, enquanto algumas pessoas trabalham para organizar as coisas por
ali, já que em breve começaremos a turnê, então estão cuidando de todos os equipamentos agora,
para evitar um transtorno maior na estrada.
Assim que entramos na primeira sala, vejo uma mulher magra, com cabelos pretos como
a noite e uma pele branca igual a neve, assim que ela nos vê entrando ela sorri. Ela é muito
bonita, mas de cara observo que tem um nariz exageradamente empinado, que me incomoda
demais.
Entenda. Eu gosto de mulheres confiantes, mas odeio gente esnobe.
Percebo que meu irmão também torce o nariz, mas mantém a pose melhor do que eu.
Nos sentamos à sua frente, ao lado da KitKat, e me mantenho calado, enquanto Murilo
nos apresenta, e confere o currículo dela. Realmente a mulher tem uma experiência ótima para
lidar com merdas de famosos. Será que ela prende eles? Tortura? Porque pelo jeito autoritário da
dita cuja, deve ser disso pra pior. Me arrepio só de pensar.
Murilo deve ter percebido o arrepio que passou pela minha espinha e me olha de rabo de
olho, não sei identificar se o que passa pelo rosto dele é dó ou riso, mas de qualquer forma, sinto
um alívio quando ele fica de dar uma resposta depois para ela.
Katarina é mais educada e a acompanha até a saída.
Quando ela sai da sala, sinto que até meu ombro relaxa um pouco.
— Eu não sou um irmão tão ruim assim pra colocar uma megera no seu pé. — Ele ri e
aperta meu ombro.
— Ufa! Obrigado — Sou sincero.
Katarina retorna e dá risada.
— Eu sabia que você iria se assustar. — A palhaça ri. — Ela realmente é muito boa
profissionalmente, o currículo é impecável, como vocês mesmos viram, mas de resto... — Ela
entorta o canto da boca, deixando o resto no ar. — Bom... De qualquer forma, os próximos dois
candidatos têm tudo para conquistar seus coraçõezinhos.
— Duvido muito disso — digo, me levantando para acabarmos com isso logo.
Murilo volta a sua seriedade habitual e seguimos para a próxima sala.
— O segundo candidato é ótimo.
Entramos na sala e encontramos um rapaz loiro, com os cabelos encaracolados, com uma
postura profissional nos esperando, que me anima um pouco por não ser esnobe como a anterior.
Nos sentamos e ouvimos ele falar sobre as suas experiências profissionais, e ele parece
ser um bom candidato. Sei que KitKat é uma ótima profissional, mas pelo jeito ela caprichou
quando selecionou esse daqui.
Conseguimos bater um papo tranquilo, mas não finalizamos nada, até porque eu não
tenho pressa nenhuma em ter alguém no meu pé, e também temos a última candidata para
conhecer.
Nos despedimos, e novamente nossa amiga o acompanha até a saída e retorna
rapidamente, e então Katarina nos leva para conhecer o último candidato para ser o meu algoz.
— O melhor eu deixei para o final — Kat diz enquanto nos leva para a próxima porta. —
Já adianto que ela é a minha predileta. — Dá um sorriso gigante para o nosso lado, pedindo
silenciosamente para considerarmos o lado dela.
Assim que entramos, diferente dos candidatos anteriores, essa está sentada de costas para
a porta, e percebo que é uma garota magra, com os cabelos longos, seus cabelos são castanhos e
lisos. Por um segundo sinto o cheiro do seu perfume e me causa um arrepio na coluna e minhas
mãos se fecham. NÃO.
Meu irmão franze o cenho para mim por um milésimo de segundo, enquanto a moça se
vira para nós.
— Meninos, essa é a Lavínia. — Minha amiga nos anuncia, enquanto a moça se levanta e
se vira para nós.
Não pode ser. Qual a possibilidade de eu encontrar essa maluca de novo?
Fico paralisado na porta, enquanto todos seguem sem prestar atenção em mim.
LAVÍNIA BATISTA
Eu não acredito.
NÃO ESTOU ACREDITANDO!
Como que eu fui parar na entrevista para a dupla que tem o Rei do Gado?
Puta merda!
Tenho vontade de me dar um beliscão, só pra ter certeza do quanto estou ferrada.
O babaca caipira é o Mauricio, da dupla Murilo e Mauricio.
Merda.
Como eu não percebi isso antes?
Agora que os dois estão juntos, parece que a cortina se abriu, ou também pode ser que no
dia eu estivesse nervosa demais para perceber, ou aquele exagero de músculos tenha nublado a
minha visão. Tanto faz. Quem liga?
Mauricio Costa aparece tanto na mídia como sendo um belo cafajeste, mas acaba sendo
sempre vinculado com a dupla que tem com o seu irmão, que acabei não associando o Rei do
Gado como um dos sertanejos.
Bem que eu pensei que já tinha visto ele em algum lugar.
— Lavínia Batista. — Estendo a mão para cumprimentar o irmão, Murilo, finalmente me
lembrando da boa educação que meus pais me deram.
— Boa tarde, Lavínia, é um prazer te conhecer. — Murilo estende a mão, a qual eu
aperto até um pouco demais.
Tento me lembrar de como respirar, mas tudo o que eu consigo enxergar é a muralha
caipira do lado do Murilo que se mantém calado.
Céus! Será que ele vai falar que a gente já se conhece?
Será que eu já perdi a vaga?
Poxa... Eu tava indo tão bem.
— Senhorita Batista?
Sinto uma mão delicada no meu ombro e percebo que a Katarina está me encarando,
como se eu estivesse verde. Devo estar mesmo.
— Ahn.. Oi! — Sorrio amarelo.
Percebo que o até então silencioso Mauricio começa a demonstrar um sorriso debochado
no rosto.
O babaca sabe que pode estragar a minha entrevista perfeita.
Saco!
Por favor, Lavínia, só se controla até o final da entrevista! Por favor! — Uma voz no
meu subconsciente implora.
Preciso ser profissional!
— Prazer, Lavínia! — Ele estenda a mão na minha direção, e eu respiro fundo antes de
cumprimentá-lo.
Percebo que minha mão está gelada e suada, mas finjo naturalidade.
Me surpreendendo, ele não faz nenhum comentário sobre nos conhecermos, e eu quase
desfaleço de alívio quando todos nós nos sentamos para seguir com a entrevista.
— Então, Lavínia, como a Katarina já deve ter adiantado para você, nós precisamos de
uma Relações Públicas. — Murilo toma a frente.
— Sim. — Me limito em responder.
— A questão é que precisamos de uma RP basicamente para conter algumas notícias que
estão saindo do meu irmão, aqui.
Troco um breve olhar com o Mauricio, apenas para constatar que ele me encara, como se
só houvesse eu na sala, e também como se não estivesse nem aí para o que está sendo dito aqui
na mesa.
Arranho a garganta e arrumo minha postura, sentindo o olhar dele sobre mim.
— Precisamos de alguém para cuidar da nossa imagem, mas mais especificamente da
imagem do Mauricio, controlar as notícias que saem, coordenar algumas entrevistas, mas
também para planos de contenção de danos, caso necessário. — Ele continua.
— Claro, entendo. Essa é exatamente a minha função. — Tento soar o mais profissional
possível. Quase não tremo a voz. Um orgulho.
— Tenho certeza de que é — Mauricio diz com um sorriso na voz e escolho ignorar.
Percebo que todos optam pelo mesmo que eu. Pelo jeito o caipira não está muito feliz com a
entrevista.
Hum! Interessante.
Murilo e Katarina seguem com a entrevista, explicando o quanto precisam que essa vaga
seja preenchida com urgência, pois estão com uma grande inimizade com a imprensa, e precisam
de alguém capacitado para controlar todo o caos que eles espalham.
Tudo andando normalmente na famosolândia.
— Você tem disponibilidade para viagens? — Katarina pergunta.
Antes que eu possa responder, o caipira toma a frente.
— Ah, não! Ela não vai precisar dirigir, vai? — o engraçadinho diz, com um tom
zombeteiro na voz.
Inacreditável. Custava ele se segurar só mais alguns minutinhos?
— Não entendi. — Murilo parece perdido no assunto.
— Ah, desculpem. Eu não disse? — Se faz de desentendido. — Foi essa maluca que
bateu no meu bebê.
— Maluca é o seu nariz. — Rosno para ele, antes que eu consiga controlar minha língua.
— Tá vendo como ela fala comigo?
— Bebê chorão! — resmungo baixinho, mas aposto que a Katarina ouviu, pois a vejo
controlando o riso.
Merda! Já era. Perdi a vaga.
— Então foi você? — Murilo arqueia a sobrancelha pra mim, claramente me
perguntando sobre a batida que o irmão já deve ter contado pra ele de semanas atrás.
— Não fui EU, não! Foi ele que entrou com aquele trator na minha frente. Ele quase me
matou, na verdade.
— Trator não, ein!
— E como eu deveria chamar aquilo?
— Dodge RAM! — ele fala como se eu não soubesse. Babaca. — Uma nave!
— Parece mesmo! — Ele parece orgulhoso com a minha fala. — Uma bem alienígena de
tão grande — provoco, por fim.
— Olha aqui...
— Chega vocês dois — Murilo diz de forma suave, mas firme.
Ai que vergonha... Esqueci que estava em uma entrevista.
Pronto. Agora já era.
— Independente dos problemas que vocês tiveram, isso não implica em nada para a vaga
pela qual você está sendo entrevistada, Lavínia.
— Obrigada. — Sorrio aliviada.
— Como não? — Mauricio pergunta, indignado.
Tenho vontade de mostrar a língua pra ele, mas me controlo.
— Não quero saber do que aconteceu antes com vocês dois, Mauricio!
— Palhaçada! Eu não preciso de uma babá.
— Pode me considerar sua babá — debocho, sem conseguir me controlar.
O caipira me encara, e o olhar que antes estava cheio de raiva, muda rápido para um
olhar engraçado com uma boa pitada de malícia. Merda!
— Babá? Hum, isso soa interessante.... — Pende a cabeça para o lado direito e o seu
olhar desce lentamente, e preciso reunir toda a minha força de vontade para não lhe mostrar o
dedo do meio pela ousadia. — Vou adorar que você me coloque na cama todas as noites.
Ofego pela sua resposta rápida.
Mas que grande filho da puta!
— Sinto muito, querido. — Sorrio forçadamente, sentindo minhas bochechas arderem em
um misto de raiva, vergonha e um calor estranho que me recuso a pensar a respeito. — Meus
serviços não incluem esse tipo de trabalho.
— Tem certeza? — Me lança um sorriso arrogante e completamente sem vergonha outra
vez. — Que tal um jantar mais tarde para negociarmos isso?
Estou pronta para mandá-lo se foder, mas o fofo do Murilo me defende e o repreende
com a voz grossa.
Gente... Jamais pensei que ele falasse tão sério assim, ele parece ser tão lordezinho.
— Chega, Mauricio.
Mas o babaca na minha frente nem treme.
Que ódio.
Ao invés disso, bufa e faz uma careta para o irmão, que está ao seu lado.
Pelo menos ele vira o rosto, me dando espaço para respirar um pouco.
— Lavínia, eu gostei muito da nossa entrevista e agradeço a sua atenção. Nós entraremos
em contato com todos os candidatos ao final do dia. — Katarina me estende a mão.
Quase murcho com a sua frase robotizada, mas mantenho o sorriso profissional no rosto e
agradeço a oportunidade, apertando a sua mão e me despedindo de todos.
Saio da sala sem olhar pra trás e cruzando os dedos pra esse bronco não ter estragado
tudo.
Ou será que eu estraguei?
MAURICIO COSTA
— De jeito nenhum — digo pela milésima vez.
Pelo jeito, vou precisar repetir mais mil vezes, pra ver se entra na cabeça de todo mundo
na sala.
— Mauricio, mano, você tem que aceitar. — Murilo se aproxima e coloca uma mão no
meu ombro, como se para me consolar.
— Não tenho que aceitar porra nenhuma, ela não é boa o suficiente — minto. — O outro
cara que entrevistamos é melhor que ela.
— Ela é a melhor dos três. — A traidora da Kit Kat diz quase em um sussurro, porque já
percebeu que eu estou ficando irritado.
— Nada disso. Os outros dois também são bons.
— Jura? Quer uma pessoa com nariz em pé trabalhando com a gente? — Se refere à
primeira entrevistada, me causando até um arrepio. — Você quem sabe. — Levanta os ombros,
sabendo o que fez.
— Essa também não — respondo rápido.
— Uma votação então — Augusto propõe.
— Eu voto na Lavínia. — KitKat levanta a mão, como se estivesse em uma escola.
— Eu também. — Meu irmão vai no embalo.
— Eu voto no Vitor. — Me refiro ao segundo candidato.
— Ele é bom também, mas a Lavínia tem mais experiência, e saber que ela não baixa o
nariz pra você me deixa mais confiante para ela no cargo. — O babaca do meu irmão me dá um
risinho.
Eu fecho os olhos e respiro fundo.
Já entendi que estou perdendo a batalha.
Augusto disse que a escolha final seria nossa, mas eu sei que se eu chamar ele pra tentar
um empate, nosso empresário também vai votar na Lavínia, me fazendo perder de lavada.
— Não vai ter jeito de eu convencer vocês, não é? — pergunto, esfregando as têmporas.
— Não, cafajestezinho. — Katarina tira um sarro com a minha cara. — Mas me diz, por
que tanta implicância com a menina?
— Não é implicância nenhuma! É questão de segurança. Ela sem me conhecer já bateu
no meu bebê, imagine ela com a função de me controlar?
— Justamente! Ela é perfeita.
— Então é um castigo? — pergunto indignado.
— Para de fazer drama! Você sabe muito bem que ela é ótima para a vaga que a gente
precisa.
— Pra começo de conversa, nós não precisamos dessa vaga.
— Precisamos. sim — Katarina sussurra
— Precisa, sim — Murilo repete.
— Precisamos urgente! — Augusto finaliza
Solto um bufo exasperado e isso parece divertir a todos.
— Tá, Tá! — digo exausto. — Vocês que sabem!
— Ela é a melhor, Maumau. — KitKat vem tentar me consolar. Agora?
— Se é o que vocês acham. — Balanço os ombros, como se não me importasse.
— Eu ligo para ela mais tarde. — Augusto toma a frente.
— Obrigado, Augusto. — Meu irmão agradece.
Então vamos lá.
Vamos ver como vai ser lidar com a onça brava todo dia.
LAVÍNIA BATISTA
Recebo a ligação quando estou saindo de uma confeitaria perto da casa dos meus pais,
após escolher uma torta de morango como sobremesa para o jantar na casa deles essa noite.
Quando atendo o celular, equilibrando a torta com uma mão e o aparelho com a outra,
nem acredito que é Augusto, empresário da dupla.
Meu coração pula e se afunda ao mesmo tempo, pois imagino que esteja ligando apenas
para agradecer e me dispensar, mas me surpreendo.
— Parabéns, Lavínia. Os meninos conversaram e escolheram você para o cargo —
informa com um sorriso na voz.
Quando ele diz isso, eu quase caio dura no chão, mas consigo me segurar e seguir plena
no telefone enquanto o Sr. Augusto me passa todas as informações para começar.
Ele fica de me enviar uma mensagem com maiores detalhes, mas já acertamos tudo para
eu começar na próxima segunda-feira.
Quando desligo a ligação, perco totalmente a compostura e começo a gritar e pular como
se tivesse ganhado na loteria.
Um cliente que estava saindo da confeitaria me encara como se eu fosse louca.
— Consegui o emprego — digo feliz, ainda comemorando, fazendo a minha dança da
vitória.
Ele faz um barulho com a boca em sinal de desdém.
— Grande merda. Eu tenho dois empregos e não fico andando por aí fazendo maluquice.
Mas que babaca.
Mostro a língua para ele enquanto se afasta, já que infelizmente minhas mãos estão
ocupadas para que eu possa lhe mostrar o dedo do meio.
Esse povo tá doidinho para eu gastar meu réu primário, mas não vão conseguir.
Me recomponho e sigo para o meu carro e ajeito a torta no banco do passageiro.
Tomara que eu não a tenha destruído muito no meu momento de comemoração.
Meus pais moram a quarenta minutos do meu apartamento, em um município ao redor da
capital; não é muito distante, considerando que tudo em São Paulo é longe, mas com a correria
do dia a dia, as minhas visitas para eles se tornaram cada vez mais escassas.
Então aproveitando a curta viagem para a entrevista, marquei de jantar com eles também.
A casa deles fica um pouco adiante da entrada do município, em uma rua que ainda não
foi asfaltada.
Entra prefeito e sai prefeito, e sempre há a promessa de melhorias, mas após eleitos, as
coisas nunca mudam.
Nada novo, de novo.
Estaciono o carro em frente à casa dos meus pais e reviro minha bolsa para pegar a
chave.
Salto do veículo e novamente, equilibro a torta em um braço, a bolsa em outra, e miro a
chave na fechadura do portão, apenas para descobrir que está destrancada.
Humpf. Meus pais e essa mania de nunca trancar as portas.
— Mãae!?! — grito enquanto já vou entrando.
— Aqui! — Aparentemente está na cozinha.
Sigo até lá apenas para encontrá-la na beira do fogão, com um aroma delicioso de molho
de macarrão.
— Mãe, tudo aberto de novo? — Deixo a torta na mesa e minha bolsa na cadeira. — Já
falei para a senhora um milhão de vezes pra deixar o portão trancado. É perigoso.
— Não estava aberto. Estava encostado. — A cara de pau tem a coragem de me
responder.
A bonita me olha por cima do ombro com um risinho nos lábios.
— É sério, mãe — digo suavemente. — O mundo é perigoso. As coisas não são iguais
antigamente, que tudo era cor-de-rosa. — Tento colocar juízo nessa cabeça. — Ou ao menos as
pessoas pensavam que era.
— Filha, isso é coisa de cidade grande. Aqui todo mundo conhece todo mundo. — Minha
mãe larga a colher e vem me abraçar. — E por isso eu fico tão preocupada com você morando na
capital.
Lhe dou um abraço apertado e beijo sua bochecha redonda.
— Ah, não se preocupe, dona Rosangela. Eu tive aulas de karatê, lembra?
— Essa é minha filha — meu pai diz entrando na cozinha.
Ele sorri para mim, enquanto minha mãe resmunga se afastando do nosso abraço, falando
o quanto somos loucos.
Gargalho e vou em direção aos braços do meu pai que já estão abertos, me esperando.
— Você está muito linda hoje. Mais do que o normal, é claro — fala assim que nos
afastamos.
— Ah... Obrigada, pai. — Me sento à mesa e roubo uma batata frita que estava servida,
recebendo um olhar enviesado da minha mãe. — Acabei de sair de uma entrevista de emprego.
— Ah, verdade! — Ele diz animado, se sentando ao meu lado. — E como foi? É gente
famosa? Ou está no começo da carreira?
— Mario!?!
— Que foi, Bem?
Meu pai encara minha mãe com cara de inocente.
Seguro a risada e resolvo intervir.
— Na verdadeeeee.... — Faço um suspense. — Contra todas as probabilidades.... —
Coloco mais uma batata na boca e mastigo lentamente, vendo a apreensão no rosto dos dois. —
EU CONSEGUI A VAGA!!!!
— Parabéns, filha!! — Meu pai pula, feliz com a minha conquista.
Levanto-me e sou recebida pelos braços dele.
Minha mãe se junta à nossa festa, mas após um longo abraço de parabenização, ela se
afasta encarando meus olhos.
— Ué! Mas porque contra todas as probabilidades?
— Ixi... — Meu pai se afasta também e se junta a minha mãe. Os dois me encarando. —
É mesmo... Por quê?
— Humpf. — Solto um bufo exasperado e me sento novamente.
Começo a brincar com a toalha de mesa, enquanto meus pais também se sentam,
aguardando-me responder.
— Lembram do babaca que bateu no meu carro?
— Lembro, sim. Graças a Deus não foi nada grave.
— Sim, sim. Então... O babaca é um dos cantores da dupla que eu vou trabalhar agora.
— Crendeuspai — minha mãe sussurra surpresa.
— Vixi maria. — Meu pai soa surpreso, mas logo começa a gargalhar.
— Haha... Não tem graça, Senhor Mario — resmungo. — O assunto aqui é sério. Ele só
faltou me morder, de tanto que rosnava durante toda a entrevista.
— Lavínia. Lavínia! Eu te conheço, minha filha. Você com certeza disse muitas coisas
pra ele no dia da batida. Mas a dúvida aqui é uma só: como você foi contratada então? — minha
mãe pergunta.
— Digamos que encontrei um anjo salvador. — Sorrio, mostrando todos os meus dentes.
— E pro azar dele, é o próprio irmão.
— Mas quem são eles? — Meu pai pergunta, curioso demais pra esperar.
— Murilo e Mauricio — respondo simplesmente.
— O viúvo e o cafajeste? — Dona Rosangela pergunta surpresa e nitidamente
empolgada.
— Mãe! — repreendo-a, tanto pela denominação, quanto pela empolgação. — O traste
do Mauricio é cafajeste mesmo, mas o Murilo não pode ficar sendo chamado de viúvo assim. —
Defendo-o, já que ele foi um lorde comigo durante toda a entrevista, mesmo com o irmão dele
rosnando o tempo inteiro.
— Tá certo. Tá certo. — Parece sinceramente envergonhada. — O que aconteceu com
esse menino no começo da carreira foi realmente uma tragédia. Os dois eram tão novos.
— Sim, realmente.
— Ele parece ser um bom menino, sei que ele tem dois filhos, né?
— Sim. Pelo que eu soube ele é um pai muito dedicado. Espero poder encontrar com as
crianças em breve.
Após um tempo com todos em silêncio, meu pai diz de repente:
— Temos que comemorar!
Aponto para a sacola abandonada em cima da mesa, apontando para a torta.
— Trouxe essa torta da nossa confeitaria predileta para isso. — Tiro a torta de dentro da
sacola, revelando que ela não está mais inteira como antes. — Uhn... Talvez eu tenha pulado um
pouco quando recebi a ligação e a torta ficou realmente torta — digo envergonhada.
— Não se preocupe, minha filha. Vai tudo pra barriga. — Minha mãe me consola, do
jeitinho único dela, o que me causa uma risada.
— Não se comemora uma conquista com torta. Se comemora com um brinde.
— Larga de ser sonso, Mario. — Minha mãe aponta pro meu pai, que se encolhe ao meu
lado, enquanto tento segurar o riso. — Você só quer uma desculpa pra tomar sua cervejinha.
Agora não é hora.
— Claro que não, Bem. — Seu Mario resmunga num muxoxo.
— Ham. — Minha mãe se vira e se volta pro seu fogão, para terminar o nosso jantar.
Olho pro meu pai e começo a rir silenciosamente.
— Não ri do seu pai não, filha. Olha como sua mãe me trata. Não posso nem tomar uma
cervejinha.
— Sem drama, pai. Aposto que o senhor estava lá no bar com o tio.
— Fui só conversar com o pessoal.
— Aham. — Finjo que acredito.
— Humpf. — Minha mãe bufa nas minhas costas, o que me causa uma gargalhada sem
que eu consiga segurar, fazendo meu pai bufar.
O amor desses dois é lindo.
Minha inspiração de vida.
Mas quem não os conhece pensa que brigam feito cão e gato, mas na verdade se amam
mais que qualquer coisa.
— E a Laurinha, como está?
— Está bem. Infelizmente não pude trazê-la porque não era caminho pra passar pelo
nosso apartamento pra vir pra cá depois da entrevista.
Resolvo omitir o fato de a Lau estar tendo uma crise, pois sei que meus pais e meu tio
fofocam mais que a véia da feira, e não quero preocupar nenhum deles.
— E o tio vai vir?
— Falou que passa aqui mais tarde pra te dar um beijo.
O jantar estava mais gostoso do que nunca, mesmo com a insistência do meu pai de que
deveríamos comemorar com um brinde e com a minha mãe o repreendendo, fazendo com que
todos caíssemos na risada.
Meu pai me fez várias perguntas sobre o trabalho, enquanto minha mãe perguntava sobre
os meninos. Os dois demoraram para entender que eu ainda não comecei a trabalhar, então não
tinha como tirar as dúvidas de nenhum deles, o que me causou algumas risadas pelos dois serem
tão curiosos. Mas isso não os impediu que eu tirasse as dúvidas de como seria o futuro do meu
trabalho, fantasiando junto com eles.
Assim que terminamos o nosso jantar, o tio João, pai da Laura, se juntou a nós, e para
desgosto da minha mãe e alegria do meu pai, trouxe consigo uma caixinha de cerveja.
Terminamos a noite sentados à mesa, conversando sobre tudo e nada.
A noite foi maravilhosa, é sempre ótimo estar rodeada pela minha família.
No meio do jantar envio uma mensagem para a Lau, confirmando que realmente dormirei
por aqui, mas que logo pela manhã estarei de volta.
Nessa noite durmo novamente no quarto em que cresci, com vários pôsteres colados
pelas paredes, me fazendo rir, me lembrando que eu sempre fui muito eclética.
Tem pôster de tudo aqui, do Exaltasamba ao Ramones.
— Será que isso já era um sinal de eu ser tão indecisa em tudo o que eu faço? É de se
pensar. — Divago pensativa.
Mesmo eu tendo saído da casa dos meus pais há tantos anos, eles insistem em manter o
meu quarto intacto, o que mesmo que eu não admita para eles, deixa o meu coração quentinho.
Após tomar um bom banho, arrumo minha cama e capoto assim que deito minha cabeça
no travesseiro.
Na manhã seguinte, tomo um café da manhã rápido com os meus pais e sigo rumo à
minha casa.
Enquanto dirijo, penso no meu novo emprego e fico feliz com a oportunidade, mas me dá
um arrepio só em saber que vou ter que lidar com aquele caipira chucro.
— Humpf... Você consegue lidar com ele, Lavinia. — Me encorajo.
Nada como alguns boletos pra te motivar a trabalhar com amor e dedicação. — Penso
comigo mesmo.
MAURICIO COSTA
Após um dia extremamente cansativo, sento-me à mesa reunido com toda a minha
família.
— Como foi hoje, meninos? — minha mãe pergunta, enquanto coloca o lombo assado no
centro da mesa para o nosso jantar.
— Foi ótimo, mãe — respondo de mau humor.
— O que aconteceu?
— O titio tá de castigo — Miguel responde de forma natural, com a boca cheia de
comida.
Encaro meu irmão de cara feia, mas o safado olha para mim e ri.
— O que você disse para os meus sobrinhos?
— A verdade. Que você está de castigo. — Ah, eu vou virar filho único.
— Diacho de castigo o quê — resmungo irritado.
— É por causa daquela sua foto que saiu esses dias? — meu pai pergunta, tentando
entender sobre o que estamos falando.
— É. É! O Murilo cismou com isso, agora contratou uma maluca pra ficar no meu pé.
— Ela é perfeita! — O traidor do meu irmão responde empolgado, batendo a mão na
mesa, fazendo os talheres tremerem. — Ela tem um currículo excelente, e o principal: odeia meu
irmãozinho aqui. — O engraçadinho ri da minha desgraça.
— Oxi. E porque ela não gosta de você, meu fio? — minha mãe questiona.
— Porque ela é maluca, mãe!
— Porque foi no carro dela que o seu filho aqui bateu — Murilo responde.
— Não! ELA bateu no meu bebê — digo indignado.
— Há controvérsias! — responde simplesmente, levantando o ombro.
O Murilo só pode estar me testando.
— Isso tudo vai ter volta, maninho.
— Finalmente encontramos uma mulher que não caia nos seus encantos. Você está mais
bravo por ela não cair no seu papo, do que por ter alguém no seu encalço.
— E quem disse que ela não caiu nos meus encantos?
— Haha. Ela não te suporta, Mauricio! Ela só não pulou no seu pescoço, porque perderia
a vaga de emprego. — Meu irmão gargalha, e eu tenho vontade de tacar o prato na cabeça dele.
— Meu filho, para de procurar sarna pra se coçar. — Meu pai pigarreia, me lançando um
olhar sério. — Mantenha o zíper da sua calça fechado. Se a moça não quer nada com você, deixa
ela em paz pra fazer o trabalho dela.
— Deus me livre! Ela é uma onça brava, pai — respondo, me lembrando do quanto ela
ficou irritada quando nos conhecemos. Maluca.
— Sei.
— Mulher pra mim é o que não falta. Não preciso de uma onça brava no meu cangote.
— Assim espero.
— Eu só estou aproveitando a vida.
— Acho que você está aproveitando essa vida demais. — Minha mãe fecha a cara.
— Ele ainda é jovem, Rosa. — Meu pai intervém.
— Já passou da hora dele arrumar uma namorada e aquietar um pouco.
— Que namorada o que, mãe!
— Chega de ficar igual macaco, pulando de galho em galho. Tanta moça bonita pela
cidade querendo você.
— Eu sei. Eu gosto muito delas. De todas elas.
— Ah, Mauricio! — Ela tomba a cabeça para frente e esfrega as têmporas, balançando a
cabeça em negação. — Você precisa tomar jeito, menino. Escolhe uma e aquieta o facho.
— Pra quê?
— Onde nós erramos com esse garoto, Zé? — Ela encara meu pai, que apenas dá de
ombros, sem ter o que responder.
— Não precisa se preocupar, mãe. — Tranquilizo-a. — Eu estou muito feliz com a
minha vida.
— Está mesmo?
— Claro que sim.
Percebo meu irmão me olhar de rabo de olho com um ar de riso que alcança os seus
olhos, mas não entendo o que significa, então resolvo ignorar e começo a comer o jantar
delicioso que a nossa mãe preparou, encerrando esse assunto de vez.
LAVINIA BATISTA
O final de semana passou voando e hoje já é segunda-feira. Meu primeiro dia de trabalho.
Como prometido, o senhor Augusto me enviou uma mensagem com as informações
sobre a contratação, junto com o endereço do local de trabalho, que como eu já suspeitava, é
onde realizei a entrevista.
Vou precisar analisar melhor como eu vou fazer no dia a dia, já que estamos falando de
duas horas de estrada e mais duas pra voltar, mas por enquanto, vamos manter assim, já que em
breve os meninos entrarão em turnê, como tem sido anunciado há semanas.
Após um bom banho, já estou quase saindo de casa quando meu celular começa a tocar
com uma chamada de um número desconhecido.
— Alô.
— Alô. Lavínia? — Uma voz feminina diz ao fundo.
— Sim. Quem é?
— É a Katarina, desculpe estar te ligando tão cedo. — Percebo um toque de receio na
sua voz.
— Imagina. Eu já estava de saída. — Tranquilizo-a — Está tudo bem?
— Ah, que bom, liguei na hora certa. — Dá risada. — Então, eu vou te pedir pra não ir
pro estúdio hoje.
Sem me controlar, sinto meus ombros caírem. Merda! Será que vou ser dispensada antes
de começar? Isso vai ser o recorde do meu emprego mais rápido. Se aquele caipira conseguiu
que desistissem de mim, eu vou caçar ele até no inferno.
— Entendi — respondo, controlando a voz para não sair chateada.
— Será que você consegue vir pra fazenda? Não é muito longe do estúdio. — Completa
rápido, como se eu fosse negar. Até parece.
— Claro! — concordo imediatamente.
— Ufa! Muito obrigada, Lav. — Percebo alívio em sua voz. — Infelizmente o Murilo
teve um problema e os meninos não irão ensaiar, então não terá ninguém no estúdio, mas como
estamos um pouco apertados com a questão da mídia, eu precisava acertar algumas coisas
contigo hoje para alinharmos tudo.
— Imagina. Vou sim, só me passe o endereço por mensagem direitinho, que eu já estou a
caminho — digo, já pegando minha bolsa e indo seguindo para fora de casa.
— Perfeito. Já estou te mandando.
— Tá bom. Até daqui a pouco — respondo feliz.
— Até daqui a pouco. Tchau.
Assim que encerro a ligação, a mensagem da Katarina sobe nas minhas notificações com
o endereço de onde devo ir.
Vou sacolejando dentro do meu carro, com a estrada irregular e cheia de barro em várias
partes; ainda bem que o meu carrinho é velho, mas é bom.
Quando a estrada de terra se transforma em pedregulhos e paralelepípedos, logo avisto
uma imponente porteira da Fazenda Felicidade.
Tem um símbolo lindo entalhado e bem desenhado na porteira moderna, e ao lado há
uma guarita com seguranças.
— Sou Lavínia Batista, a nova funcionária dos irmãos Costa. — Me apresento. —
Katarina está me esperando.
— Certo! Ela já deixou avisado e está te aguardando na porta da casa principal, é só
seguir reto, dona Lavínia. — O segurança me devolve os documentos.
— Obrigada — agradeço e avanço conforme ele orientou.
As palmeiras ao longo do caminho de pedra me levam até o casarão.
Se do lado de fora eu pensei que tudo era grande, daqui de dentro parece que tudo é
imenso.
Estou dirigindo distraidamente, quando escuto o relinchar de um cavalo, mas como há
tanto animal por aqui, nem dou muita importância. Não estando na minha frente, tá tudo ótimo.
Foi só pensar nisso que o bicho aparece na minha frente, e ainda por cima não está
sozinho, o Rei do gado tá montado nele.
Ele vem ao meu encontro e sou obrigada a reduzir a velocidade para não atropelar o
coitado do animal, porque se fosse só ele, era algo a se pensar.
— Bom dia, Potranca. — Toca na aba do chapéu e me lança um sorriso mostrando todos
os dentes.
Que mania de me chamar de égua. Eu juro que falta muito pouco pra eu bater no seu
rostinho bonito.
— Bom dia, Caipira. — Rosno na sua direção, enquanto o palhaço apenas ri.
— Precisando de ajuda?
— Não.
Ele desce do cavalo e vem na minha direção, se debruçando sobre a janela do meu carro,
ficando a poucos centímetros do meu rosto.
O seu cabelo castanho, a barba por fazer e o olhar de menino, junto com o seu perfume
amadeirado misturado com o cheiro de suor deixa ele muito atraente, mas nem a pau que o
convencido precisa saber disso. Já basta o ego imenso que ele tem.
— O que você acha de a gente fazer as pazes e ir tomar uma cerveja? — Pisca de um
jeitinho sexy. — Acho que a gente começou com o pé esquerdo.
— Não.
— Quê? — fala desconcertado.
— Eu sou a sua funcionária, Mauricio. Então não há porquê a gente sair pra tomar uma
cerveja.
— Eu posso garantir que você não vai se arrepender.
Respiro fundo para não xingá-lo.
— Dá licença. Eu preciso encontrar com a Katarina, ela está me esperando.
Eu com certeza não preciso de mais problemas pra minha cabeça.
Posso muito bem resistir a um sorriso bonito, um corpo sarado e uma voz de derreter
calcinhas.
Eu consigo!
Fecho o vidro do meu carro, obrigando-o a recuar.
Dou partida novamente e desvio do cavalo que ainda está parado na minha frente,
deixando-os para trás.
À medida que avanço, avisto uma casa enorme e linda.
A fachada é toda de madeira, possui uma pequena escadaria para chegar à porta principal
e é repleta de vidros, aparentemente tem uns três andares. Parece aqueles lugares que a gente só
vê na televisão, sabe? Ela é rústica e moderna ao mesmo tempo.
Perfeita.
Pelo tamanho, parece que todos moram juntos. Pai, mãe, filho, irmão, sobrinhos, vizinho,
cachorro, papagaio e ainda sobra espaço.
Continuo o caminho devagar, e aproveito para observar cada detalhe.
De longe, consigo visualizar um estábulo grande, o curral, já mais distante vejo pasto a
perder de vista.
Percebo que do mesmo jeito que eu analiso tudo ao meu redor, sou igualmente observada
pelos peões e funcionários que andam pela fazenda.
Que vergonha.
Eles devem pensar que eu nunca vi mato na minha vida.
Em resposta, aceno com a mão esquerda, enquanto mantenho a mão direita no volante.
Finalmente estaciono diante do casarão.
Olho para a entrada do local e encontro um casal me aguardando.
Desligo o motor e solto o ar dos pulmões, tomando coragem para descer.
Qual é, Lavinia? Vai ser fichinha fazer o seu trabalho, mesmo com aquele bronco te
atazanando.
Verifico meu visual no espelho retrovisor, dou uma ajeitada no cabelo e saio do carro.
O sol está pelando essa manhã, então acelero o passo para chegar logo até a sombra.
Já me aproximando do casal, consigo enxergá-los melhor a curta distância.
O senhor é bem apessoado e imponente, como se ainda estivesse nos seus anos dourados,
apesar da idade avançada. Já a senhora é de uma delicadeza sem tamanho, com os cabelos claros
iguais aos do Murilo, com a diferença de os dela já conterem alguns fios brancos. Uma mulher
realmente muito linda.
— Você deve ser a menina Lavínia. — A senhora me recebe sorridente, estendendo a
mão direita.
— Oi. — Sorrio encantada com a sua recepção acalorada. — Sou, sim.
— Prazer, menina, eu sou Rosa, a mãe dos meninos, e esse aqui é o meu marido, Zé —
cumprimenta e aponta pro seu marido ao lado.
— Muito prazer em conhecê-los — cumprimento o Sr. Zé quando ele me estende sua
mão também.
— Vem. Vamos entrar. — Enlaça meu braço com o seu e me arrasta para dentro de sua
casa. — Vamos tomar um café, a menina Katarina já está lá dentro te esperando.
Sorrio com o seu jeito acolhedor e apenas a deixo me arrastar para dentro da residência,
enquanto seu marido nos acompanha com um sorriso no rosto. Arrisco dizer até com um olhar de
admiração para dona Rosa.
Logo chegamos ao que deduzo ser a sala de jantar, onde encontro Katarina mastigando
com a boca cheia. Assim que ela me avista, me dá um sorriso de boca fechada.
Quando ela consegue engolir, se levanta e vem me cumprimentar, me abraçando de
forma acalorada.
— Lav, bom dia. — Me puxa para me sentar ao seu lado, enquanto dona Rosa e o senhor
Zé se sentam também. — Desculpe trazê-la até aqui, mas era o único jeito de nos encontrarmos
para acertarmos tudo para o início dos trabalhos.
— Imagina, não tem problema nenhum.
— Foi difícil encontrar a fazenda?
— Jamais. Pelo tamanho da fazenda, eu a avistaria a quilômetros de distância. — Assim
que as palavras saem da minha boca, eu me arrependo. Merda. Será que eles vão interpretar mal
o que eu disse?
A mesa fica em silêncio por alguns segundos, até que, de repente, todos começam a rir
juntos.
— Gostei dela — o Senhor Zé diz, quando se acalma da risadaria que se espalhou pela
mesa.
— Eu também, Zé. — Dona Rosa concorda, segurando a mão do seu marido e me
encarando com um sorriso no olhar.
Ai, que vergonha. Pelo menos eles não me levaram a mal.
Katarina se recupera do rompante, concordando com o casal, e logo estamos todos
tomando café da manhã.
— Como eu te disse, excepcionalmente hoje, os meninos não foram ensaiar, mas amanhã
a rotina pré-turnê volta ao normal, então estaremos no estúdio, tudo bem?
— Claro, sem problemas — concordo tranquila. — E está tudo bem?
— Está, sim. O Murilo teve um pequeno problema com o Miguel, mas agora já está tudo
bem.
— Ah! Que bom, então.
— Pequeno problema é eufemismo, né, KitKat? — Murilo surge na sala de jantar com
uma cara nada boa.
Assim que ele me vê, abre um sorriso educado para mim e me cumprimenta.
— Bom dia, Lavínia. Desculpe te arrastar até aqui, prometo que será só essa vez.
— Imagina, não há problema nenhum.
Ele balança a cabeça em forma de agradecimento, e se acomoda na cadeira ao lado dos
pais.
— Cadê o Mauricio? — pergunta pra ninguém em específico, e só na menção do caipira,
sinto o meu corpo se arrepiar.
Droga de caipira gostoso.
— Tomou café bem cedinho e saiu pra galopar com o Trovão por aí. — Dona Rosa
responde.
— Ele ficou muito triste por não poder ensaiar hoje — Katarina diz de forma sarcástica,
enquanto Murilo solta um bufo.
— Ele passou no quarto do Miguel há alguns minutos, então acho que foi logo depois do
café.
— E como ele está, meu fio? — Seu Zé pergunta para Murilo.
— Está bem, meu pai, graças a Deus não foi nada de mais. — Murilo solta uma
respiração profunda. — Só está com um ralado no braço mesmo, mas o doutor me garantiu que
não foi nada grave.
— O que houve? — Não resisto e solto a pergunta antes de controlar minha língua.
Qual é? Minha vó sempre dizia: fofoca pela metade mata a fofoqueira.
— Como você já deve saber, eu tenho dois filhos. Miguel de quatro anos e Melina de
dois anos e meio — Murilo fala com carinho na voz. — Digamos que eles são um pouquinho...
Arteiros.
— Um pouquinho? — Katarina diz baixinho, mas mesmo assim todos nós escutamos, os
pais do Murilo dão risada abertamente, enquanto ele a encara fingindo estar bravo. — Eles são
apocalípticos.
— Meus filhos são uns anjos.
— Se você tá dizendo… Lúcifer também era anjo. — Ela dá de ombros, sem realmente
se importar em entrar em um debate, como se não valesse a pena.
Murilo resolve ignorá-la e continua.
— Kat é sério! A viagem tá chegando e eu preciso de uma babá! Não posso ir para Las
Vegas e nem para a turnê sem eles, mas preciso de alguém com os dois o tempo inteiro.
— Eu já disse que posso ficar com eles, fio — Dona Rosa intervém com carinho e vejo
Murilo sorrir agradecido, mas nega com a cabeça.
— Eu sei, mãe, mas eu quero que eles estejam conosco. Eu preciso disso, sabe? Desde
que a Monique se foi, quero ser o pai mais presente possível.
— Você faz o seu melhor, Murilo. — Seu pai comenta.
— Mas eu quero fazer mais. Pode me ajudar, Kat? Ainda mais depois que ele caiu do
cavalo hoje.
Arregalo meus olhos e devo ter feito cara de preocupada, pois ele logo trata me acalmar.
— Calma. Não é um cavalo adulto, é apenas um potro, mas ainda assim é grande pro
meu filho de apenas quatro anos. — Ele fala franzindo o cenho de modo preocupado. — Miguel
não é de fazer essas coisas sem estar acompanhado de algum adulto, mas cada dia que passa ele
está mais sapeca e está difícil acompanhar.
— É fase. — Tento amenizar, com a minha sabedoria com crianças de centavos.
— Espero que sim. Pois essa sapequice dele lhe custou um belo ralado. — Diz de modo
chateado com a situação.
— Não se preocupe, meu fio. — Dona Rosa passa a mão pelas costas do Murilo, de
modo a acalentá-lo. — Foi uma situação isolada do meu neto, isso não vai mais se repetir.
— Kat, me ajuda a procurar alguém? —
— De novo? Você já fez várias entrevistas! — resmunga e parece estar indignada.
Eu sei, mas nenhuma delas me passou confiança suficiente, uai! Tinham vários cursos,
mas pareciam robôs, sem carinho nenhum com as crianças. — Responde rápido.
— Vou procurar em algumas agências, mas já adianto que não vai ser qualquer um que
vai tomar encarar os pestinhas. — Fala fazendo o Murilo olhar com cara feia. — As crianças.
Não é qualquer pessoa que encara duas ferinhas apocalípticas, Mu.
— Katarina! De novo isso? — Murilo rosna irritado.
— O que? Eu só digo verdades… — Dá de ombros, de forma engraçada. — Vou
entrevistar algumas pessoas.
— Eu quero estar presente, afinal, são OS MEUS FILHOS. — Fala sem dar abertura pra
uma discussão.
— Nem vem. Você dispensa todo mundo. Eu vou escolher e depois apresentar às
crianças, se der tudo certo, eu apresento a você depois. — Encerra o assunto, fazendo o Murilo
resmungar o quanto ela é teimosa.
— Talvez eu possa ajudar. — Me intrometo na conversa em família mais uma vez. —
Minha prima tem experiencia e está procurando um trabalho. Posso falar com ela.
— Mas ela tem alguma formação? Experiência comprovada? — Murilo se recosta na
cadeira pra me responder, interrogativo.
— Ela se formou em pedagogia e cuidou de muitas crianças na adolescência. Garanto
que ela leva jeito.
— Bom, não custa tentar, e com indicação é muito melhor. — Balança a cabeça em
concordância. — Peça pra ela vir amanhã, a Katarina vai falar com ela.
A Laura sempre cuidava das crianças do bairro quando éramos menores, então eu sei que
ela vai amar a oportunidade de trabalhar com isso novamente, só tem um pequeno detalhe: ela
odeia sertanejo. Mas vejamos pelo lado bom, não vai ser o Murilo que vai entrevistá-la, então ela
não vai saber logo de cara, né?
— Bom dia. — Uma voz doce invade meus ouvidos.
Olho pra trás e vejo um garotinho com um curativo no braço que não aparenta ter nem
cinco anos, vestido com uma bermuda jeans e uma camiseta amarela. Tem os cabelos loiros e
lisos e os olhos esverdeados, com um sorrisinho faceiro no rosto, deixando claro que gosta de
enlouquecer o seu pai.
É! A Laura com certeza vai querer me matar, porque esse menino tem cara de que vai
fazer ela cortar um dobrado com ele.
O garotinho anda até se sentar ao lado do pai.
— Oi, filhote. — Murilo o arruma na cadeira ao seu lado. — Cadê sua irmã?
— O tio Maumau levou ela pra ver as galinhas — o garotinho responde enquanto se
estica pra pegar um pedaço de bolo, fazendo Murilo logo cortar para lhe servir.
— Seu tio? — Murilo diz preocupado.
— Oi. — O garotinho finalmente me encara.
— Oi, príncipe. — Sorrio com a sua atenção e vejo que ele cora. AH! Que lindo. Acho
que estou apaixonada.
Todos da mesa percebem que ele ficou tímido e dão risada disfarçadamente.
Seguimos com o nosso café da manhã tranquilamente, entre um assunto aleatório da
família ou outro, e logo a Katarina me chama para conversarmos no escritório.
Lá ela me mostra todas as notícias que estão saindo do Mauricio na mídia, e expõe a
preocupação de isso prejudicar a dupla nessa turnê.
— Bom, como você pode ver, a nossa situação está bem crítica.
— É! Bota crítica nisso — falo, ainda analisando cada notícia.
Puta merda! Eu sabia que o negócio tava ruim, mas a última notícia da bundinha do
Maumau na mídia ferrou com tudo.
— É, a gente sabe. — Katarina solta um bufo cansada. — O Maumau está se
comportando bem nessas últimas semanas, ele não tem saído e nem nada, pra segurar qualquer
flagra que possa acontecer e a mídia distorcer alguma situação, mas isso é o máximo que eu
posso fazer, já que essa não é a minha área, sem contar que estou atolada de coisas pra fazer com
essa viagem dos meninos para a premiação em Vegas.
— Fiquei sabendo, essa é uma grande oportunidade pra eles, né?
— Sim! Eles ficaram super animados. — Ela sorri empolgada. — E por falar nisso,
vamos precisar que você os acompanhe na viagem.
Não escondo minha surpresa.
Até onde eu sei, a premiação é em menos de um mês.
Acho que a minha surpresa é visível, já que a Katarina sorri amarelo.
— Por favor, diz que você tem passaporte e visto — fala quase implorando.
— Tenho.
— Ufa! — Ela relaxa visivelmente, praticamente se jogando na cadeira onde já está
sentada, me fazendo rir da cena.
— Calma, só fiquei surpresa com a rapidez. — Esclareço. — Mas eu tenho todos os
documentos, sim. Eu ajeitei tudo desde o meu último serviço.
— Graças a Deus. — Suspira aliviada. — Um problema a menos.
Gargalho alto e ela me acompanha.
Após esclarecermos alguns detalhes da viagem, focamos nas notícias a serem
trabalhadas.
MAURICIO COSTA
Acho que devo ter ficado alguns minutos boquiaberto enquanto via Lavínia se afastar
com a sua lata velha caindo aos pedaços. Preciso até conferir se a minha vacina de tétano tá em
dia, porque eu encostei naquilo e tá um perigo.
Nenhuma mulher jamais recusou um convite meu para sair, nem mesmo antes da fama.
Sempre bastou um sorriso e uma cantada barata e logo todas estavam na minha, mas essa
potranca brava simplesmente me ignorou e foi embora como se fosse a dona da porra toda.
Ela só pode estar fazendo algum tipo de joguinho.
Não é possível.
Solto um bufo indignado e um tanto irritado enquanto volto pra onde Trovão está parado,
ainda no mesmo lugar, me encarando com o se me julgasse pelo pé na bunda que acabei de
tomar.
— Não me olhe com essa cara, Pé de pano — resmungo para meu amigo enquanto o
monto e ele relincha, como se me xingasse pelo apelido.
As mulheres nunca me negaram, mas se precisar de um esforcinho a mais para domar
essa potranca brava, não vai ser tão difícil assim.
Galopo até chegar em frente ao casarão dos meus pais, onde encontro meus sobrinhos na
varanda.
Miguel hoje aprontou uma peripécia que quase deixou meu irmão de cabelo branco e
agora está com um curativo no braço. Pensando bem, é melhor do que se tivesse batido a cabeça
e ficado com um galo que iria cantar durante alguns dias.
— Bom dia, crianças, não era pra vocês estarem tomando café com o seu pai? —
questiono assim que me aproximo, descendo do lombo do Trovão e chegando até eles.
— A gente já tá indo, tio. — Miguel responde cabisbaixo, enquanto Mel balança a
cabecinha concordando.
— E você tá melhor, campeão?
— Nem foi nada — resmunga de mau humor.
Seguro a vontade de rir, já que o rapazinho precisa de limites.
Se até eu percebo isso, é porque o negócio tá feio pro meu irmão.
— O que você fez hoje foi sério, Guel. Você poderia ter feito um dodói bem grande e
preocupou seu pai.
— Eu já prometi que não vou fazer de novo — responde triste. — Eu só queria montar
num touro como o senhor…
— Mas o Woody é só um potro ainda, carinha — brinco, falando sobre o seu cavalo.
— Mas eu tenho que começar a treinar de algum jeito, né — argumenta.
— Tá bom, eu sei que você é um menino muito inteligente. — Bagunço os seus cabelos
— Agora vai lá dentro tomar o seu café. Os dois.
— E você, titio? — Mel pergunta
Penso na potranca que deve estar lá dentro com todos e um sorriso brota no meu rosto,
mas escolho fingir lhe dar espaço.
— O tio já comeu. — Sou sincero. — Agora o tio vai dar o café da manhã das galinhas.
— Eu quéio ir tamém. — Mel pula, empolgada para me acompanhar.
— Então vamos, princesa. — Pego ela no colo. — Quer vir também, campeão?
— Não. Tô com fome. — Faz uma carinha engraçada.
— Tá certo. Vai comer então.
Me despeço do pequeno e vejo-o entrar, enquanto acomodo Mel em cima do lombo do
Trovão e os guio até o galinheiro.
A baixinha quase cai quando paramos na porta do galinheiro e assim que a coloco no
chão, observo-a dar comida para as galinhas com seu jeitinho animado, e quando uma delas bica
o seu pé, vejo ela fazer uma carinha de brava e não contenho um riso.
— Vai lá, princesa! — Incentivo a continuar.
— Tô ino, tio — resmunga sem paciência.
A falta de paciência já deve vir de fábrica, né?
Espero a princesinha fazer as coisas à sua maneira, enquanto divago sobre os últimos
acontecimentos.
Mel solta um grito, me assustando, porque a galinha bicou o seu pé de novo.
— Puta que pariu! — Vou até ela rápido.
— Quê? — Ela me encara com um olhar questionador.
Oh, merda! Acabei de falar palavrão na frente dela. Agora o Murilo vai me matar de vez.
— Eu disse uva que caiu. — Penso rápido, enquanto sorrio amarelo.
— Uva? Puquê? — Inclina a cabecinha pro lado de um jeitinho meigo e engraçado.
— É coisa de adulto, princesinha.
— Mas eu sou já sou gandi — fala emburrada, cruzando os braços.
— É claro que é, princesa. — Dou risada e a pego no colo, pra não correr o risco de ela
ser bicada de novo.
— Gente grande quando tá bravo ou se machuca, fala: uva que caiu, baralho ou filho da
fruta. — Já adianto os próximos xingamentos que eu posso soltar na frente dela.
— Fio da futa e baialho? — repete curiosa, com o cenho franzido.
— Isso mesmo. — Aperto seu nariz, orgulhoso por ela ter entendido.
Passar um tempo com ela, como sempre, foi maravilhoso.
Adoro passar o dia com os meus sobrinhos e voltei a brincar com Melina após o almoço.
Miguel, como está machucado, não pôde passar o dia com a gente, mas a Mel fez questão de
contar tudo detalhadamente ao irmão quando a deixei em casa.
Chego na minha casa e vou direto para o banho, para descansar um pouco e sem controle
nos meus pensamentos, lembro da potranca de hoje cedo.
— Lavinia... Lavinia... — Sorrio
LAVINIA BATISTA
Chego em casa no início da tarde, e encontro a Laura sentada no sofá fazendo as unhas.
— Laurinhaaaaa — grito animada e ela me encara rindo. — Além de conseguir o
emprego, ainda arrumei uma entrevista pra você!
— Sério?! — Pula do sofá animada e vem ao meu encontro.
— Sim! Meu chefe é viúvo e tá procurando por uma babá. Indiquei você — digo
simplesmente e desvio dela no caminho e me sento no sofá.
Laura ainda está parada no meio do corredor, me encarando.
— Uhn... — Ela vem devagar até o sofá e senta ao meu lado. — E por falar nisso, você
nem me contou sobre o seu serviço, chegou da casa dos seus pais e ficou trancada no seu quarto,
quase não nos falamos. Quem é seu novo chefe?
Merda!
Não teria problema nenhum eu contar pra ela que meus novos chefes são quem são, mas
o problema é que a minha prima ODEIA sertanejo, e agora com a possibilidade de um dos meus
chefes se tornar chefe dela, com certeza ela vai desistir da vaga antes de ir conhecer. Sei lá o que
acontece com ela, acho que traumatizou por causa de um vizinho nosso que foi traído pela
mulher e ouviu aquilo por uns seis meses seguidos.
— Ah! — Tento pensar em alguma desculpa pra não contar. — Eu ainda não posso
contar! Assinei um contrato de confidencialidade! — Na verdade, o meu contrato não me impede
de falar com parentes, apenas com a mídia, mas ela não precisa saber disso.
Qual é? É por uma boa causa.
Meu chefe precisa de ajuda com as crianças.
E a Lau precisa de um emprego; não suporto mais vê-la com dores, sem poder pagar um
tratamento adequado e não poder fazer nada para ajudar.
Tudo se encaixa. E eu tenho certeza que quando ela ver aquelas crianças com cara de
arteiras, vai se apaixonar na hora. Eu só vi o menino até agora, mas aposto que a menininha não
deve ser muito diferente do irmão, já que Katarina me contou algumas peripécias que eles
aprontam pela fazenda, deixando todos doidos.
— Sério? Mas você já foi contratada. — Laura me encara com o cenho franzido.
— Pois é. — Sorrio amarelo. — Eles são meio excêntricos, prezam muito pelo sigilo. —
Seguro a risada por lembrar em como o safado do Mauricio é sigiloso. Só que não.
— LAVÍNIA.... — Ela praticamente rosna do meu lado.
Poxa... Eu sou uma péssima mentirosa. Mas vou precisar segurar mais um pouquinho.
— O que? É sério! — Faço a minha melhor cara de atriz. — Eu não posso te contar
muito mais coisas. Mas a sua entrevista deve ser amanhã.
Ela me encara durante mais um tempo, até que vejo seu semblante amolecer e um sorriso
brotar no seu rosto.
— Tomara que eu consiga a vaga! Eu amo trabalhar com crianças.
— Eu sei. Eu me lembro quando nós éramos menores e você sempre ficava de babá das
crianças da rua.
— E você nunca me ajudava. — Me acusa.
— Aquelas crianças eram umas pestes.
— LAVÍNIA! São crianças.
— Continuam sendo pestes, ué. — Dou risada. Ela me encara por alguns segundos, mas
me acompanha.
— Você não tem jeito.
— Não me entenda mal, eu amo crianças. Mas aquelas lá do nosso bairro eram coisa de
outro mundo.
— Talvez você tenha razão.
— É claro que eu tenho. Só você tinha paciência com eles. — Gargalho.
As mães das crianças nunca conseguiam alguém para olhá-los, porque todo mundo
conhecia a fama daqueles estagiários de satanás.
Só minha prima mesmo pra aceitar.
Vai ser fichinha cuidar dos filhos do Murilo. Eu acho. Lembro-me do curativo no braço
do menino e penso em reconsiderar, mas desisto da ideia. Minha prima vai tirar de letra.
— A entrevista é mesmo amanhã? — pergunta assustada.
— Acho que sim. Eles estão precisando de uma babá urgente.
— Uau. Então tá bom. — Balança os ombros, concordando.
— Passei o seu número para a assistente deles, então acho que ainda hoje ou amanhã bem
cedo ela te ligue pra marcar o horário.
— Tomara que dê tudo certo — fala animada, juntando as mãos como em uma prece.
— Vai dar, sim. Tenho certeza.
— Obrigada, Lav.
— Não me agradeça antes de conhecer os pestinhas.
— Então são dois?
— Opa! — Pulo do sofá e sigo pro meu quarto. — Já tô falando demais. TCHAU!
— Não. Volta. Me conta mais!
— Você não vai conseguir arrancar mais nada de mim — grito da minha porta e a fecho.
Ufa! Consegui!
Amanhã eu lido com ela querendo me matar.
LAVINIA BATISTA
O alarme do meu celular desperta, parecendo que vai derrubar a casa. Sinto vontade de
desligar e voltar a dormir, mas então me lembro que tenho responsabilidades de mocinha grande
e me espreguiço de forma lenta e preguiçosa.
Troco de roupa e aproveito pra juntar a pequena montanha de peças espalhadas em cima
da poltrona. Deixo tudo organizado.
Saio mais cedo de casa, pois assim consigo chegar adiantada no trabalho e ainda tomar
café da manhã por lá, já que a Katarina me falou que o refeitório é liberado para os funcionários.
De acordo com o meu cronograma, o meu primeiro dia de trabalho não vai ser nada
tranquilo, já que preciso estudar toda a situação em que o safado do Mauricio se enfiou, para
pensar em uma maneira de limpar a imagem dele, o que eu sei que não vai ser nada fácil, pois o
safado tá com a fama mais suja que pau de galinheiro.
A situação dele tá tão feia, que acho que nem ele salvando uma velhinha de um prédio
em chamas resolveria muito.
Não é pra menos os surtos do Murilo, tadinho.
O trajeto até o estúdio é menor que o esperado, e logo chego ao galpão onde a dupla faz
os ensaios, trombando de cara com um dos músicos.
Sinto as mãos dele nos meus ombros, e ele me dá um sorriso galanteador.
— Oi.
— Oi. — Sorrio do seu jeito.
— Prazer, Matheus. Você deve ser a nossa nova parceira de crime.
— Parceira de crime eu não sei. — Dou risada da sua piada. — Mas sou a responsável
pela imagem dos irmãos M&M, sim. Prazer, Lavínia.
Me afasto das suas mãos, que ainda estavam nos meus ombros, e lhe estendo a mão, a
qual ele pega de imediato, me cumprimentando com avidez.
— Muito prazer, Lavínia.
Sorrio do seu jeito.
Matheus é um cara muito bonito. Tem os fios claros, tanto da barba quanto do cabelo. A
barba é bem aparada e desenhada no seu rosto de menino-homem, e os cabelos têm um jeitinho
meio bagunçado que o deixam com um ar despojado, o seu jeito caipirez é estiloso, e o corpo é
bem musculoso também, mas menos ainda que o Mauricio.
Merda! Por que eu tô comparando o rapaz com o traste?
— Lavínia?
Matheus me desperta dos meus pensamentos.
— Oi. Desculpe. Acabei dando uma desligada. — Dou uma risada envergonhada e finjo
um bocejo. — Acho que é o horário. Acordei muito cedo para pegar a estrada para vir pra cá e
podemos dizer que eu não sou uma pessoa muito matutina.
— Ah! Então somos dois. Eu só acordo depois de um bom café.
— É disso que eu estou precisando.
— Eu tava indo pro refeitório. Você conhece?
— Não. É o meu primeiro dia. Esqueceu? — brinco com ele.
— Então, por favor, madame — diz de forma exagerada e vem ao meu lado, me
oferecendo o seu braço. — Me acompanhe, pois serei o seu guia.
Gargalho da sua brincadeira, mas enrosco o meu braço no seu.
Ele me leva até o refeitório, onde me apresenta para o pessoal que já estava ali tomando
seu café também.
Conheço alguns seguranças, o pessoal da limpeza e uma parte da banda também, além do
Matheus, que descobri ser um dos músicos.
Tomo o meu café reforçado, bato um papo rápido com todos, que me trataram super bem,
e já amei o ambiente, então me despeço e sigo para as minhas tarefas do dia.
MAURICIO COSTA
Passamos boa parte da manhã ensaiando, e na hora do almoço decidimos ir pra fazenda,
descansar um tempo e nos darmos o resto da tarde livre.
Estou exausto, e só eu sei o quanto os meus dedos precisam de uma boa folga.
Normalmente, mesmo nos nossos dias livres, eu geralmente não largo os instrumentos
para nada, estou sempre com um violão na mão, testando um modão pra relaxar.
Aquele ditado popular, sobre trabalhar com o que gosta, e assim não sentir que está
trabalhando, é totalmente verdade.
Tirando a parte estressante e burocrática — principalmente com a imprensa —, a maior
parte do tempo eu nem sinto que estou trabalhando.
Trabalhar com o meu irmão é maravilhoso, apesar das nossas diferenças, sempre estamos
alinhados sobre tudo da dupla, o que falta em um, completa no outro. Simples assim.
Além de hoje podermos nos dar ao luxo de não dependermos de show para termos uma
renda, podemos fazer os shows unicamente por amor à nossa carreira e aos nossos fãs. Acho que
é isso que faz toda a nossa energia fluir tão bem em cima do palco e fora dele.
Mas hoje, excepcionalmente hoje, vou me dar uma folga do violão ou de qualquer outro
instrumento. Estou exausto.
Na verdade, estou cogitando nem mesmo procurar algo pra fazer na fazenda, a minha
vontade mesmo é de passar o dia jogado no meu sofá e ficar zapeando pelos canais, sem
realmente parar em algum pra assistir. Igual a maioria das pessoas faz, mas nunca admite.
Por fim, eu e Murilo resolvemos almoçar no refeitório mesmo, antes de ir pra casa.
Procuramos sempre estar perto dos nossos funcionários, e fazemos questão de saber o
nome de cada um que preste serviço para nós, e também de sempre estarmos informados caso
algum deles precise de qualquer tipo de ajuda, na qual possamos atender. Acho que todo
empresário que se preze deveria ter essa visão com os seus colaboradores.
É uma coisa simples: se eu posso ajudar, por que não?
Hoje, graças aos nossos esforços, estamos em uma posição onde podemos estender a mão
para quem precisa, pois já estivemos no lugar de quem necessita.
E por falar em estarmos informados sobre a vida das pessoas próximas a nós, precisamos,
inclusive, saber mais a respeito da nossa mais nova funcionária: Lavínia.
Essa menina desperta sentimentos contraditórios em mim, desde o nosso primeiro
encontro. É uma mistura de atração, com raiva, com desejo, com mais um pouco de raiva, e por
último e mais importante, vontade de irritá-la.
Porra! Eu sei que sou um cara difícil de lidar, e às vezes até um pouco brincalhão demais,
mas com ela… Parece que aquela onça brava provoca o pior de mim, ao mesmo tempo que
provoca o melhor — mas isso ela não precisa saber.
Andamos calados até o refeitório e peço um prato.
Murilo se senta na minha frente e já pega o celular, como sempre, com certeza para falar
com alguém da fazenda a fim de saber das crianças, que a essa hora ficam com a nossa mãe. Por
mais que dona Rosa diga que não é um problema cuidar dos netos, o meu irmão sempre acha que
tá atrapalhando.
Almoçamos calados, cada um com os seus próprios pensamentos e conflitos internos.
É, parece que não sou só eu que está cansado hoje.
Estou com minha mochila nas costas, pronto pra ir embora, quando sou surpreendido
pelo som de vozes e risadas. Assim que me aproximo, reconheço a risada escandalosa do
Matheus.
Além disso, ouço também uma voz feminina e sinto o meu corpo retesar um pouco.
O que a Lavínia está fazendo com o Matheus em uma sala fechada?
Pronto... Era só o que me faltava.
Abro a porta e um dos nossos músicos e amigo aparece vindo em minha direção do meio
da sala e o meu sangue esquenta.
Lavínia está sentada em um puff no centro do cômodo, com a porra de um vestidinho que
molda o seu corpo perfeito, não deixando muito para a imaginação. Ou talvez deixando demais.
É inevitável que eu fique parado na porta e a encare.
A parte de cima do seu vestido deixa os seus seios marcados, e na cintura é bem
apertadinho, deixando a cintura fina muito convidativa para que eu enrole meus braços ao seu
redor.
— Mauricio, cara, onde você tava? — Ele me cumprimenta dando uns tapinhas no meu
ombro, mas logo volta para próximo da Lavínia. — Você acredita que a Lavínia não tinha
comido nada até agora?
Ele sorri na direção dela e a potranca devolve o sorriso de forma tímida pelo jeito
galanteador do meu amigo.
Tenho vontade de expulsá-lo da sala por deixá-la assim. Por que essa diaba, nunca agiu
assim comigo?
— Obrigada, Matheus. Não precisava ter se preocupado comigo. — Ela agradece
enquanto dá uma mordida no que parece ser um sanduíche que está em sua mão, que eu não
tinha prestado atenção antes.
— Imagina, Lav. Estou sempre à sua disposição. — O maldito dá uma piscadela
enquanto toca a ponta do queixo dela com os dedos compridos.
Seguro um rosnado dentro do meu peito.
Que porra é essa? Lav? Sempre à disposição?
Mas tá com a porra, mesmo.
Lavínia agradece e nem fico ali por mais tempo para ouvir mais alguma coisa espertinha
do meu amigo e precisar acabar com o seu rostinho de galanteador de meia tigela.
Dou meia volta sem me dar o trabalho de falar alguma coisa e inicio minha caminhada de
volta pra casa.
Após alguns passos, percebo que estou praticamente correndo, movido pela raiva, estou
andando rápido demais.
Quando percebo já estou dentro do meu carro, sentindo o vento no rosto.
O caminho passa como um borrão e logo entro na fazenda, seguindo direto para a minha
casa. Assim que chego, atravesso a sala e caminho até o quarto onde guardo os meus
instrumentos.
Pego uma guitarra e começo a tocar algumas notas que surgem na minha cabeça, para
descarregar um pouco do sentimento que está me consumindo.
Apesar de ter planejado passar o dia descansando hoje, sinto que os meus planos foram
frustrados, já que no momento a música é a única coisa que vai conseguir me acalmar.
LAVÍNIA BATISTA
Volto pra casa esgotada já é de noite.
O dia foi cansativo, mas produtivo. Consegui montar um bom cronograma para a dupla
seguir, apaziguando assim a sua inimizade com a mídia, principalmente com o Mauricio.
Quando já era praticamente duas da tarde e o meu estômago estava quase grudando nas
costas de tão vazio, foi que eu fui olhar a hora e percebi que havia perdido o horário de almoço
no refeitório, foi então que Matheus magicamente bateu na minha porta, me levando um
sanduíche, pois havia percebido que eu não fui almoçar com o pessoal.
Eu quase desmanchei no chão em agradecimento, foi a minha salvação.
Convidei ele para sentar enquanto eu fazia o meu horário de descanso para comer, e ele
me explicou que é baterista da banda desde quando os irmãos começaram a fazer grandes shows
e precisaram de músicos para acompanhá-los. Achei o máximo descobrir um pouquinho sobre a
dupla através de alguém que está com eles há tanto tempo.
Então, simplesmente do nada, o maluco do Mauricio surge do além, entrando na sala
daquele jeito.
Ele já chegou entrando sem bater, como se quisesse encontrar alguma coisa que estava
procurando, mas diferente das outras vezes, o seu olhar de irritação não estava direcionado a
mim, e sim, lançado para o Matheus, que também não entendeu nada depois que ele saiu.
O maluco simplesmente entrou, olhou pra nossa cara, e saiu igual um furacão, como se
tivesse algo de errado e ele quisesse se afastar.
Ainda bem que ele entrou e saiu rápido, porque o pouco que ficou na minha presença,
senti me faltar o ar. Por que o bicho tinha que ser tão gostoso?
Assim que a porta foi aberta, fui inundada com o cheiro do seu perfume delicioso, e
quando ele ficou parado no lugar, parecendo um pau de amarrar jegue, implorei pro meu anjo da
guarda me preservar, para que eu não corasse vergonhosamente. Contudo, foi quase impossível
com aquele corpo todo malhado parado na minha frente.
— Chega a ser um pecado, Deus — resmungo baixinho. — Vou precisar de muita
concentração pra não babar das próximas vezes.
— Falando sozinha, Lavínia? — Laura me tira dos meus pensamentos impróprios com o
meu chefe.
— Ai, que susto! — Coloco a mão no peito, sentindo-o disparado. — Pensei que você já
estivesse dormindo.
— Uhn.. Sei. — Me olha de modo questionador, enquanto vai até a geladeira para pegar
a sua garrafa de água.
— E aí, como foi o seu primeiro dia oficial?
— Foi ótimo — respondo animada. — A equipe é bem diferente daquela que trabalhei
com a Mari, mas todos são igualmente animados ou mais. — Dou risada.
— Ai, que bom, prima. Torço para que dê tudo certo!
— Amém. — Peço a Deus que assim seja. — Mas e aí, conseguiu fazer a sua entrevista?
Como foi?
— Consegui. Foi ótimo, as crianças são maravilhosas e eu já começo amanhã.
— Uau! — Pulo do sofá animada, a abraçando. — Parabéns! Que bom que deu tudo
certo.
— Sim. Eu realmente me apaixonei pelas crianças, e olha que só os vi por fotos.
— São mesmo, eu vi só o mais velho na fazenda, mas aposto que a mais nova deve ser
tão fofa quanto ele.
— Sim. A Katarina me falou que o pai deles ficou viúvo há um ano. Coitado.
— Sim. Foi uma tragédia o que aconteceu com ele, né? — comento pensativa, me
apoiando na mesa que temos no meio da cozinha. — Eu acho ele tão centrado e sério, mas
quando está com as crianças surge um brilho no olhar dele… Sem contar que ele é muito
amoroso com toda a família, mas eu acho que foram os filhos que fizeram ele passar pela morte
da esposa.
— Sim. Imagino — Laura fala de um jeitinho pensativo.
— Bom... Mas chega de história triste. — Bato palma pra espantar os pensamentos
melancólicos. — O importante é que agora aquelas crianças vão ter uma babá animadíssima pra
cuidar deles.
Laura gargalha, mas concorda.
— Só tem um detalhe.
— Qual?
— Ele quer que eu me mude para a fazenda, já que o intuito de ter babá é pra cuidar das
crianças enquanto ele está trabalhando, e aí eu fico em casa só de segunda e terça.
— Poxa.... — falo desanimada, me jogando de volta pro sofá.
Eu já deveria ter imaginado isso, já que já tenho conhecimento do ritmo corrido dos
cantores, mas eu estou tão acostumada com a Laura aqui, que já sei que vou me sentir mega
solitária nessa casa.
— Relaxa, Lav. — Laura se senta do meu lado. — Provavelmente nós ainda vamos nos
encontrar por aí, talvez durante o trabalho…
— É verdade — falo animada. — Ainda bem.
Pego o controle que estava ao meu lado do sofá e ligo a televisão, pra procurar algum
canal pra assistir, enquanto me aconchego no ombro da minha prima.
— Você se faz de durona, mas é super carente.
— Super também não. — Tento me defender. — Um pouquinho carente. Mas se você
contar pra alguém, eu nego!
Laura gargalha, enquanto procuramos algo para assistirmos juntas.
No dia seguinte, acordo sem muito drama e vou direto para o galpão novamente. Os
meninos vão pegar pesado nos ensaios a partir de agora, já que em breve vão entrar em turnê
para a divulgação do novo álbum deles, então preciso correr com o cronograma de mídia, e
alinhar todas as entrevistas no caminho, para fazer uma boa divulgação de tudo.
A manhã passa voando e hoje não perco o horário de almoço.
Resolvo almoçar ali no refeitório mesmo, ao invés de pedir algo pra comer, assim eu
consigo economizar e ainda socializar um pouco.
Já passa de meio-dia e meia e quando entro no refeitório, todas as mesas estão ocupadas
por pelo menos três ou quatro pessoas.
Fico alguns segundos procurando um lugar pra sentar, até que um grupo de três rapazes
acena pra mim. Percebo que Matheus está com eles, então vou em sua direção.
Passo entre as mesas, e vejo que em todas elas estão todos entretidos em conversas com
seus colegas, ou vidrados em seus celulares, então ninguém me nota.
Alcanço a mesa dos rapazes e aceno cumprimentando de forma tímida.
— Lav, senta aqui com a gente — Matheus fala assim que estou ao seu lado.
— Lavínia, né? — Um outro rapaz, moreno, aparentemente um pouco mais velho do que
eu, fala. — Senta aqui com a gente, o Matheus falou de você mais cedo.
Me acomodo no banco ao lado de um dos meninos que ainda não conheço, um pouco
envergonhada.
— Falou? — Sorrio constrangida. Odeio ser o centro das atenções.
— Sim. Você começou essa semana, certo? Somos os músicos da dupla. — Sorri de
modo orgulhoso. — Eu sou o Lucas e toco violão, o Matheus aqui que você já conhece é o
baterista, e esse caladão aí é o Gabriel, nosso tecladista.
— Prazer. — Gabriel, que até então estava calado, sorri pra mim de forma acolhedora e
me estende a mão, a qual eu aceito e o cumprimento de volta.
— Prazer, meninos. Então quer dizer que são vocês os responsáveis por todo o show, é?
— brinco.
— Já gostei de você! — Lucas aponta pra mim e ri, fazendo todos o acompanharem.
— Bom, como vocês já sabem, eu sou a Lavínia, a nova RP da dupla.
— RP? — Gabriel pergunta.
— Sim. É a sigla de Relações Públicas. Basicamente eu vou ser responsável pela imagem
dos meninos.
— Uou. Puta responsabilidade. — Lucas assovia de modo exagerado.
— É sim.
— E como está indo? — Matheus pergunta.
— Ainda é o começo, tem muito trabalho a fazer, mas eu dou conta.
— Não cante vitória ainda, mocinha. Se você tem que controlar a mídia, aposto que vai
ter um trabalhar com o Mauricio — Lucas fala dando risada, e os outros acompanham.
— Ah, sim. Já estou ciente disso.
— Garota valente. — Lucas brinca e todos dão risada.
Vou buscar minha comida enquanto eles continuam brincando um com a cara do outro, e
logo volto para a mesa.
Conversamos sobre várias coisas aleatórias, os meninos falam sobre eles e suas famílias,
sobre como é a turnê e o quanto todos ali são unidos.
MAURICIO COSTA
— Bom dia, maninho — Murilo cumprimenta assim que passa pela porta. — Madrugou
hoje, hein.
— Não. Só cheguei no horário.
Na verdade, chegar no horário é quase como se eu tivesse dormido aqui, porque pra eu
chegar no horário é só quando venho com o Murilo, pois sempre me atraso. E quando eu acordo
mais cedo, é só pra me atrasar com calma. Fazer o quê? Eu não consigo evitar.
— Eita! Acordou já dando coice? — Ele ri. — O que aconteceu? Não encontrou
nenhuma desavisada pra passar a noite?
Pra não ter que responder, eu apenas mostro o dedo do meio.
— Vamos lá, meninos. Nós temos poucas semanas pro início da turnê, a viagem pra
premiação e ainda temos bastante detalhes para acertar. — A voz do nosso produtor sai pelo alto-
falante como se viesse do além e nos impede de continuar as provocações.
Eu e Murilo começamos o nosso ensaio de modo natural, e logo os meninos da banda se
juntam a nós. Temos uma dinâmica que funciona muito bem pra nós: enquanto a banda faz os
arranjos e acerta a base das canções no estúdio ao lado, Murilo e eu ensaiamos a nossa parte
separados e depois de tudo alinhado, a gente se junta e dá os retoques finais no que é necessário
A manhã é produtiva, e conseguimos passar as primeiras músicas da nossa setlist, então
vamos esperar para que tudo fique pronto na data certa, conforme o planejado.
Terminamos no horário programado, discutimos ideias para o show, com sugestões para
gerar interação com o público, efeitos especiais e tudo mais. E também tem as coreografias que
acertaremos depois com o coreógrafo e corpo de bailarinos. Claro que ainda falta ajustar muita
coisa, mas essa turnê está sendo idealizada há alguns meses, então temos um mapa de como tudo
vai funcionar em teoria, alinhado de acordo com os locais das apresentações.
Os meninos saem do estúdio antes da gente e vão direto pro refeitório para almoçarem.
Eu e o Murilo ficamos mais um tempo no estúdio, só pra fecharmos alguns poucos
detalhes, e logo vamos almoçar também.
No caminho para o refeitório, aproveito pra dar uma checada no celular e vejo que as
notícias sobre mim ainda existem, mas estão um pouco mais mornas, podemos dizer assim.
“Onde está o nosso Maumau?”
De castigo — Penso comigo mesmo.
“Maumau não é visto desde o último flagra constrangedor”
Falam como se eu tivesse me escondendo. — Preguiça.
“Por onde anda o nosso cafajeste preferido?”
Ainda fazem trocadilho com um desenho animado. — Criativos.
“Maumau em reabilitação?”
Pronto, era só isso que faltava. — Eu nunca me envolvi com essa merda de drogas —
pelo menos não as ilícitas.
Bufo enquanto vou passando as notícias. Isso porque essas são as mais leves dos últimos
dias.
Resolvo deixar essa porcaria de lado e abro minha rede social, só pra encontrar a minha
caixa de mensagens cheia de mulheres me chamando. A última que eu me envolvi deu a merda
que deu, então tenho me comportado durante esses últimos dias.
Passo o olho pelas mensagens recebidas e confesso que algumas são tentadoras, outras
nem tanto, mas nenhuma que me chame realmente atenção.
Bufo de impaciência e guardo o celular quando chegamos ao refeitório, e como se eu
fosse guiado por uma força maior, meu olhar é atraído na direção da figura que tem atormentado
meu juízo.
Lavinia está sentada na mesa dos meninos da banda e rindo alto de algo que eles falaram.
Sinto alguma coisa se revirar dentro de mim.
Deve ser fome! Ou raiva.
Espero que seja um dos dois, porque se for outra coisa… eu tô fodido.
LAVINIA BATISTA
— Se você for lá de novo, precisa me levar — Matheus implora.
— Fica esperando — Lucas provoca.
— Para de implorar, Matheus. — Gabriel revira os olhos e dá risada.
— Coitado, gente. — Intervenho pelo Matheus. — O que é que custa levar ele?
O resumo da história é que o Lucas falou que conhece um lugar onde estão expondo
algumas esculturas muito bacanas na cidade, e o Matheus é muito fã desse tipo de arte, mas
Lucas não quer falar o endereço.
— Tá vendo. — Matheus aponta pra mim. — Escuta ela.
— Não se aproveite, porque ela ainda é novata e cai na sua cara de coitado — Lucas
brinca, piscando o olho pra mim.
Gargalho alto e bato a mão no seu ombro, rindo.
Nesse momento, os irmãos resolvem aparecer na porta do refeitório.
Mauricio parece que comeu alguma coisa estragada e está prestes a vomitar, dá meia
volta e sai, enquanto Murilo olha sobre o ombro pro irmão e depois volta o olhar para a mesa
onde estou sentada, dá de ombros e segue para o balcão para pedir a sua refeição.
Ué. — Tenho vontade de dizer, mas me controlo.
Todos em volta parecem não perceber o que aconteceu e agem normalmente.
Os meninos na minha mesa continuam com as provocações entre si, e eu volto a prestar
atenção neles e rir de suas maluquices.
Termino de almoçar, peço licença para os três, que não pararam de falar nenhum minuto.
Eles são maravilhosos e me acolheram super bem, mas já deu minha hora, por isso me levanto.
Dou uma passada no banheiro para escovar os dentes e depois vou direto para o escritório
onde dou andamento em todas as coisas que já estou adiantando. Entre a análise de um
documento e outro, me lembro que preciso acertar com os meninos a entrevista para quando
chegarmos à Vegas.
Ligo pra Katarina, já que hoje ela não está no escritório, e após três ligações perdidas,
desisto. Resolvo ir atrás dos irmãos pra conversar direto com eles.
Olho pro relógio e vejo que já passa das três da tarde, pelo que ouvi por aqui, eles
costumam sair tarde, então espero ainda encontrá-los.
Imprimo o cronograma da viagem com todos os detalhes das entrevistas e sigo pelos
corredores até chegar ao estúdio onde eles ensaiam, e estranho por encontrar todo o caminho
silencioso, mas prefiro acreditar que possui um isolamento acústico dos deuses e que eles ainda
estão aqui, sim.
Entro e, para meu desgosto, encontro tudo silencioso. Não seria nada mal assistir um
showzinho particular. Vejo que tem alguns instrumentos espalhados pelo pequeno palco, junto
com dois pedestais com os microfones posicionados.
Coloco os papéis em cima de uma cadeira alta que tem perto de mim e começo a
organizar para deixar por ali, depois envio uma mensagem para os dois avisando que deixei aqui.
Enquanto mexo nos papéis, escuto um barulho do meu lado e quando me viro, encontro
olhos castanhos vidrados em mim.
— Ai, que susto! — Pulo e coloco a mão no peito, só pra senti-lo disparado.
MAURICIO COSTA
Fico surpreso quando vejo ela entrando aqui, e sem conseguir evitar, fico calado
observando-a em um canto escuro da sala.
Após a cena que vi no refeitório, não consegui ir almoçar e voltei pro estúdio pra
desestressar um pouco, e quando o meu irmão e a banda voltaram, não rendi muito, então o
nosso produtor encerrou mais cedo.
Toda a banda já foi e meu irmão também saiu do estúdio dizendo que tinha algo para
resolver. Ele chegou brincando, mas percebi que alguma coisa estava o estressando, tanto que
saiu meio afoito, mas como já tenho meus próprios problemas, resolvi deixar pra lá. Como fiquei
sozinho, estava apenas arrumando algumas coisas pessoais para ir pra minha casa também, mas
antes de sair, fui agraciado com a presença da potranca aqui.
Ela está com os olhos baixos e completamente distraída com os papéis que estão na sua
mão, enquanto os posiciona em cima de uma banqueta.
Faço um barulho de propósito, para alertá-la de que não está só.
— Ai, que susto! — Ela pula e leva a mão ao peito, atraindo a minha atenção para os
seus montes volumosos.
— Oi, onça brava. — Provoco.
— Ah, é você... — resmunga de mau humor.
— Não esperava te encontrar por aqui. — Sou sincero com a minha surpresa.
— Eu vim atrás de você e do Murilo — responde, voltando a mexer nos papéis. —
Preciso acertar com vocês sobre as entrevistas e selecionar as perguntas pré-combinadas.
— E cadê a KitKat?
— Ela precisou ficar fora hoje, mas provavelmente estará de volta amanhã. Ela não me
disse muito. — Levanta os ombros, respondendo ainda sem me encarar.
— Uhn.. — Continuo olhando-a, esperando encarar os seus olhos azuis como o mar.
Ela tenta me evitar durante alguns segundos, mas vejo o quanto me olha de rabo de olho,
até que não consegue mais e larga os papéis para me encarar.
— O que foi, Mauricio?
— Mauricio, é? — Acho engraçado ela me chamar pelo nome, pois geralmente só nos
tratamos pelos nossos apelidos super carinhosos. — Nada, ué. Só estou te admirando.
— Sonso!
— Eu?
— Sim — diz, se escorando na banqueta e cruzando os braços.
— O que eu fiz?
— Mauricio, entenda de uma vez... Eu não vou cair no seu papinho — fala de um
jeitinho tão convincente que eu quase acredito.
— Potranca, eu não tô tentando fazer você cair no meu papinho — digo de maneira
calma. — Até porque, se eu estivesse tentando dar em cima de você, você não resistiria.
Ela caminha na minha direção de maneira firme, sem desviar o olhar, e quando chega na
minha frente, faz algo que realmente me surpreende.
— Quer saber... — E é aí que eu concluo que essa mulher é completamente louca.
LAVÍNIA BATISTA
— Quer saber... — Pego uma garrafa que estava coincidentemente aberta em um banco
próximo de mim e jogo direto no rosto dele, fazendo escorrer o líquido transparente por sua
camisa branca, deixando-a colada naqueles músculos grandes e sexys demais.
— Você tá maluca? — Mauricio rosna depois do choque.
— Isso é pra você apr.... — Não consigo terminar a frase, porque o safado me puxa pelo
pulso e agarra minha nuca.
O seu chapéu cai no chão antes que a boca tome a minha de um jeito feroz e impulsivo.
Começo a me debater, empurrando os seus ombros e tentando fazer com que ele me
solte, mas antes disso eu me derreto.
Merda! Não era pra eu estar gostando, mas a pressão da sua língua nos meus lábios logo
faz com que os entreabra, fazendo com que ela encontre a minha.
Seus braços são fortes, tão firmes.
Mauricio morde o meu lábio inferior e torna o beijo ainda mais intenso.
Sua língua entrelaça com a minha, me deixando cada vez mais sedenta e com os lábios
dormentes.
Sinto que a minha camisa também fica molhada só pelo contato com o seu peito no meu.
Talvez seja isso que está me arrepiando? Céus! Tomara que sim. Tô ferrada se for tesão.
Deveria ser crime o safado beijar tão bem.
Consigo voltar para a realidade e o empurro com força.
Mauricio me solta, acho que mais pela necessidade de ar do que pela vontade de
interromper o beijo em si.
Rosno na sua direção, mas escondo a minha própria indignação por ter gostado mais do
que deveria.
— Seu bronco! Quem disse que eu queria te beijar? — pergunto, esfregando as mãos na
minha roupa, furiosa comigo mesma, tentando pensar de forma coerente.
— Seus olhos disseram — responde e pisca, como o cafajeste que é.
— Não faça isso se não ouvir a minha boca dizer — brado, sabendo que se ele se
aproximar de novo, é capaz de eu mesma agarrá-lo
— Ela vai implorar! E tem muito mais de onde veio esse, diaba. — Sorri malicioso na
minha direção.
— Caipira. — Passo por ele e saio bufando.
MAURICIO COSTA
Passo a língua pelos lábios, sentindo o gosto da sua boca enquanto vejo ela se afastar a
passos duros.
Ela parece bufar como um touro, mas não me assusto. Já enfrentei muito bicho bravo pra
ter medo de uma potranca gostosa.
Minha camisa está completamente encharcada por causa da água que ela jogou em mim,
então decido tirá-la, usando ela mesmo para secar a minha barriga e penduro na lateral da calça.
Me abaixo para pegar o meu chapéu, que ainda estava jogado no chão e volto a colocá-lo
na minha cabeça.
Murilo passa pela porta que a Lavínia acabou de passar e me olha de cima a baixo.
— Eu vou querer saber por que você e a Lavínia estão molhados?
— Ela com certeza está. — Sorrio malicioso.
Meu irmão abaixa a cabeça e balança de um lado para outro.
— Mauricio, eu tô falando sério! O que aconteceu aqui? Ela é a nossa funcionária, não
quero você fazendo suas merdas pra cima dela, tá entendendo?
— Eu não fiz nada — digo de forma calma. — Ela só veio nos trazer alguns papéis com
as informações das entrevistas que vamos fazer na viagem pra Vegas. — Aponto para os papéis
que ela trouxe e esqueceu quando saiu daqui correndo.
Murilo encara os papéis e a mim durante um tempo, demonstrando que não acreditou na
minha versão, mas escolhe não me perguntar mais nada.
Graças aos Céus, é nesse momento que os meus sobrinhos passam por suas pernas para
virem me cumprimentar.
— Titioo — Miguel entra e pula no meu colo.
— Campeão. — Bagunço o seu cabelo enquanto o rodo pelo estúdio.
Coloco-o no chão, enquanto ele corre para ir brincar com as cordas do violão mais
próximo.
Olho para o meu irmão de forma interrogativa, antes de dar voz aos meus pensamentos
de forma sussurrada:
— O que eles estão fazendo aqui? Cadê a babá?
— A mamãe decidiu que hoje eles dariam uma volta para Laura conhecer a cidade, então
é claro que deram uma “passadinha” aqui — explica e faz aspas com os dedos.
Melina vem correndo na minha direção e eu a pego no colo, antes de ter tempo de
responder ao meu irmão.
— Titiooo
— Oi, princesa.
— Por que cê tá sem oupa?
Dou risada da sua pergunta.
— O tio não está sem roupa, só sem camisa, amor.
— Puquê?
— Porque molhou.
— E puque não coloca ota?
— Porque eu tô bem assim.
— Toma vergonha e vai colocar uma roupa, Mauricio — meu irmão fala, mal-humorado
como sempre.
— Não está gostando da vista, irmãozinho?
Murilo balança a cabeça em negativa.
— Vamos passear, princesinha. — Ele estende os braços para que Mel vá para os braços
dele, e ela o faz se jogando.
— Oba! — a sapequinha comemora. — Passear! Vamo, Guel! — chama o irmão, que
logo volta para o lado deles e agarra a mão que Murilo estende para ele.
— Tchau, amorzinho. — Aceno e ela me acena de volta por cima do ombro do meu
irmão.
Assim que eles saem, vou até um armário, onde sempre tem alguma blusa esquecida e
coloco-a antes de ir embora também.
LAVINIA BATISTA
Após o episódio com o caipira, eu estou fugindo dele mais que o diabo foge da cruz.
Depois de estar em segurança no meu carro, longe daqueles braços grandes e daquele
peitoral musculoso, foi que eu pensei sobre a minha atitude. Que merda! Por que eu fui perder a
cabeça e jogar água nele? E por que eu me entreguei ao beijo daquele jeito?
Fraca. Fraca. Fraca. — Meu subconsciente ri de mim.
Entre uma fuga ou outra, a semana passou e eu consegui passar imune.
Hoje é segunda-feira de novo e encontro Lucas logo cedo, enquanto estou indo para o
refeitório em busca de um cafezinho.
Os meninos me acolheram muito bem e agora é quase natural sentarmos juntos para
nossas refeições. Eles são super animados e me tratam como uma deles, e eu adoro.
— Bom dia, novata! — ele me cumprimenta assim que me vê.
— Bom dia! — Sorrio e o cumprimento em um breve abraço. — E aí, como foi ontem à
noite?
Matheus finalmente conseguiu o convencer, não só a falar onde era a exposição, como a
irem juntos.
Quem disse que persistência leva ao êxito, acertou! O bichinho insistiu tanto, que quase
que eu saí perguntando pela cidade onde tinha alguma exposição de arte e o levei para ele parar
de falar daquilo. Ele, literalmente, venceu pelo cansaço.
— Ah! Ele tava mais feliz que pinto no lixo — responde rindo.
Gargalho alto com a sua comparação e concordo, imaginando que não é uma analogia à
toa.
Seguimos para o nosso café e encontramos o resto do pessoal por lá.
Eles estão animados e ansiosos para o início da turnê, e ensaiando mais do que nunca
para as apresentações. Tudo está sendo uma correria só.
Logo eles terminam o seu café e correm para o estúdio para começar os ensaios do dia e
eu também sigo para o meu escritório.
O dia voa e quando vejo, já estou arrumando as minhas coisas para ir embora.
Saio da minha sala e só quando estou no corredor é que me lembro do meu celular e
começo a cavucar na minha bolsa buscando por ele.
— Merda, será que deixei na sala? — resmungo comigo mesma de cabeça baixa, sem
conseguir encontrá-lo na bolsa.
Quando já estou quase desistindo, finalmente sinto o formato do meu telefone na mão e
quando volto a olhar pra frente, trombo com tudo em um corpo forte.
— Eita! Desculpe — falo enquanto mãos me seguram no lugar para que eu não caia de
bunda no chão.
— Perdida, potranca?
Assim que o som da sua voz chega aos meus ouvidos, eu me arrepio inteira. Como até a
voz desse caipira pode ser gostosa? Credo! Que delícia.
— Oi, caipira. — Sorrio amarelo, encarando seu rosto. — Tchau, caipira — digo
enquanto tento passar, mas ele tampa minha passagem.
— Com pressa?
— Sim. Dá licença.
— Tá fugindo?
— Claro que não — falo alto e fino demais. Péssimo, Lavinia. Péssimo.
O safado visivelmente segura o riso enquanto me encara.
— Se você tá dizendo…
— Ah, mas você é muito sonso mesmo.
— O que eu fiz agora? — Se escora na parede e cruza os braços.
— Me beijou — falo irritada.
— E você gostou!
— Ha! Mas você é muito convencido mesmo.
Ele avança como um leão na minha direção, lento e focado, e eu dou um passo para trás,
me afastando.
— O que você acha que tá fazendo? — rosno, pronta pra atacar.
— Fala que não gostou do nosso beijo, potranca.
— Não gostei! — Dou de ombros, fingindo naturalidade.
— Não. Assim não. — Balança a cabeça lentamente, sem desviar o olhar do meu.. —
Falar da boca pra fora é fácil.
— Eu sabia que você não batia bem da cabeça, agora não entender um não é novidade.
— Ah, eu entendo muito bem um não, potranca. — Sua voz é rouca e olhar dilatado. —
Mas eu sei que com você não é um não.
— Não delira, caipira. — Minha voz sai trêmula.
— Eu vou te mostrar que não estou delirando.
Ele segura a minha nuca e puxa meu rosto para o dele.
Seu olhar está preso ao meu e minha respiração está ofegante, enquanto estou paralisada
em uma espera torturante para saber qual vai ser a sua próxima ação, por mais que eu já saiba e
anseie.
O caipira dá um risinho de lado e agarra a minha cintura com a sua pegada firme, e com a
outra mão puxa a minha cabeça, atacando minha boca e me tornando refém do seu beijo
delicioso.
O safado deve beijar várias, de tão bem que beija.
Ele me doma de um jeito, explorando em cada cantinho da minha boca, que quando me
dou conta, estou correspondendo ao beijo e inclinando a cabeça em busca de mais.
Até ficar nas pontas dos pés eu fico para balancear um pouco a nossa diferença de altura.
A que ponto chegamos, hein, Lavínia?
Ele é um safado, cretino, cafajeste e que... Ah... que delícia de beijo!
Eu estou toda quente quando a mão firme dele desce e aperta com força a minha bunda,
cravando os dedos fortes.
O safado não vale nada, mas beija bem pra um caralho.
E não é apenas nos beijos que o cafajeste é bom.
Mauricio desce com a boca para o meu pescoço e me dá uma mordida que me faz revirar
os olhos e soltar um gemido vergonhoso.
A excitação cresce na velocidade da luz entre as minhas pernas e sinto a minha
menininha pulsar.
Estou completamente louca.
Consigo um pouquinho de fôlego, e antes que as suas mãos ligeiras escorreguem pra
dentro da minha blusa, eu me afasto.
— Pode parar por aí, malandrão — falo ofegante.
— Parar porque, se você quer?
— Não quero, não — minto
— Você mente muito mal.
— Você que não sabe lidar com um pé na bunda.
Empurro o seu peito e saio pisando firme. Ou o mais firme que as minhas pernas moles
conseguem.
— Você fez o que, Lavínia?! — minha prima grita, chamando a atenção das crianças que
estão brincando na nossa frente, mas logo elas voltam a sua atenção para as brincadeiras.
— Dei minha Larissinha.
— E você fala isso assim?
— Eu também posso falar que foi gostoso pra um caralho — digo essa parte baixinho
para as crianças não ouvirem. — Prima do céu... — Me abano com um calor que consome de
repente. — Foi dedo no cu e gritaria. Literalmente.
— Meu Deus, Lavínia — ela fala inconformada, mas não consegue segurar a risada. —
Não foi você que disse que queria distância do caipira? — Me julga rindo.
— E vou continuar mantendo. — Confirmo. — Uma coisa não anula a outra.
— Sério?!
— Uhum. — Tento soar firme, mas não tenho muito sucesso.
— Maluca, você deu sua virgindade para o caipira e vai ficar assim? Tranquila?
— Para um cafajeste! Sim! Mas vamos enxergar o copo meio cheio? Pelo menos eu dei
para alguém experiente, né? — Gargalho alto.
— Meu Deus, Lav! Você realmente tem um parafuso a menos. Você é do jeitinho que a
clínica psiquiátrica gosta.
— Não entendi. — A encaro com o cenho franzido, entendendo muito bem o que ela
disse. A engraçadinha gargalha e não me responde.
— E como você tá? Tá feliz? — Me pergunta com sinceridade.
— Eu vou falar só uma vez, e se você usar isso contra mim, eu nego. — Encaro-a e ela
finge trancar a boca e jogar a chave fora, me causando uma risada. — Eu tô feliz, sim. Foi muito
gostoso. Não estou arrependida — digo com convicção.
— Que bom, fico feliz por você então. O importante é que você esteja bem.
— Obrigada, prima. — A abraço de lado, enquanto encaramos as crianças na nossa
frente, que brincam arteiras. Melina está sentada no gira-gira, enquanto Miguel está correndo do
lado de fora, girando o brinquedo com o máximo de força que consegue, e quando seu corpinho
parece se cansar, ele simplesmente se joga sentado, aproveitando o embalo com a irmã, os dois
rindo, felizes.
— E a sua vida aqui na fazenda, como tá?
Laura me dá um sorriso amarelo, mas encara as crianças e sorri feliz.
— Estou amando. As crianças são perfeitas.
— De verdade? — pergunto devido ao seu primeiro sorriso.
— Sim, prima. — Me empurra pelo ombro, porque continuo encarando-a e ela desvia o
olhar. — Apesar de o pai delas ser um chucro mal-humorado, as crianças compensam.
Gargalho alto com a sua explicação e aceito sua resposta.
Continuamos conversando sobre amenidades, até que resolvo me levantar pra ir embora.
— Tenha uma boa viagem e se comporte! — Se despede, me abraçando.
— Claro que vou me comportar. Foi maravilhoso, mas não vou dormir com o caipira de
novo, eu nem gosto dele. — Dou de ombros.
— Claro que não. — Soa irônica.
— Sério!
— Lavinia, você precisa de terapia.
— Coitado! Se eu for pra terapia, o meu terapeuta vai precisar de terapia. — Gargalho
alto.
— Vai ser um esquema de pirâmide — Minha prima ri também.
— Exatamente!
MAURICIO COSTA
Me sento à mesa, esperando Carlos e Lucas chegarem.
É bem comum sairmos juntos, e mais comum ainda eles se atrasarem, mas hoje estou
impaciente.
Eu gosto de vir para o bar da cidade.
Hoje estamos aqui para comemorar a nossa indicação para o Country World Music
Awards, que acontecerá nesse final de semana, afinal, embarcaremos amanhã para a premiação.
No Fazenda Bar, consigo curtir sem me preocupar com fãs me atacando a qualquer
momento. Sim, há mulheres por aqui, mas geralmente todas estão acostumadas com a minha
presença, então, não há todo o alvoroço de quando estamos em outras cidades.
Assim como eu, Murilo prefere vir aqui para relaxarmos um pouco.
Encho um copo americano de cerveja e viro em um gole só.
Em seguida, despejo o líquido amarelado novamente, mas dou uma pequena sorvida.
— Pelo jeito, tem gente nervosa por aqui — Murilo fala com voz de riso ao meu lado.
O safado me conhece bem e sabe que tem alguma coisa me incomodando.
— Do que você tá falando? — indago, fingindo não entender ao que ele se refere.
Levanto a garrafa vazia para que Tonhão, o garçom, traga outra.
Murilo pega um amendoim e joga pro alto, fazendo com que caia certeiro em sua boca.
Nunca consegui fazer isso, e olha que eu já tentei muito.
Quando éramos moleques, ele vivia me zoando pelas minhas tentativas frustradas. Uma
vez eu quase fiquei cego fazendo essas merdas. Talvez não cego, mas meu olho doeu pra um
caralho.
— Qual é! — Murilo me desperta das lembranças. — Você tá chateado por que a Lavínia
não tá caindo no seu papo? — O canalha ri às minhas custas.
— Fica caladinho na sua, fica! — digo, querendo encerrar essa droga de assunto.
— Ah, qual é, maninho? Eu tô vendo vocês brigando como cão e gato, mas eu te
conheço, Mauricio, você já partiu pra cima dela, e se até agora estão brigando, mesmo após ela
ter dormido na sua casa por causa da tempestade de ontem, é porque ela te deu um toco, não foi?
— Mano, só come seu amendoim e para de falar merda. — Tento encerrar a conversa, de
saco cheio.
— É, você tomou um toco. — Ri e volta a encher a boca de amendoim.
— Não tomei toco nenhum — resmungo desconfortável. — Quem disse que eu quero
alguma coisa com aquela maluca? Já você....
— Eu o quê?
— Ah... Eu tô vendo você bem próximo da babá.
— Não fala merda! Vai cuidar da sua vida. — Encerra de forma bruta.
— Ah! Pimenta no cu dos outros é refresco, né? — falo indignado.
Murilo tem razão, eu estou mesmo chateado. Nem mesmo as mulheres do bar me atraem,
ou a cerveja está ajudando a melhorar o meu humor.
Observo o lugar, tentando encontrar algo, ou alguma mulher, que me atraia, mas nada
acontece, então fico calado, mais calado do que eu gostaria.
A mesa na nossa frente tem uma loira maravilhosa, que está acompanhada das suas
amigas e me encara abertamente, claramente interessada em algo mais. Algo que eu sempre
estive interessado em dar, mas, estranhamente, hoje a proposta silenciosa não mexe em nada com
a minha libido.
Se fosse em qualquer outro dia, eu não me importaria em dar conta das três sozinho, ou
até mesmo em chamar os caras — menos o meu irmão — para irem comigo, mas hoje não estou
a fim.
Os caras chegam, conversamos um pouco e logo eles se empolgam em ir para a mesa das
mulheres que estavam nos secando.
Murilo, como sempre, quando chega nessa hora, se despede e vai embora. Sai mais
rápido que um foguete.
Eu os acompanho até a mesa, mas não fico nem mesmo cinco minutos.
Hoje simplesmente não estou no clima.
Sem mais enrolação, finalizo o copo que havia acabado de encher, me despeço de todos,
enquanto as meninas resmungam que eu já vou embora e os três me zoam por eu não aguentar
mais a noite como antes.
Caminho até a minha Dodge, entro no carro, ligo o motor potente, sentindo-o rugir sob
mim e sigo em direção à fazenda. Na estrada, abro os vidros e acelero. O vento bate quente
contra o meu rosto, e sinto minha camisa úmida pelo suor grudando contra o meu corpo. Um
incômodo cresce à medida que uma confusão de sensações me atinge e eu me sinto preso.
Como se fosse pra tirar um sarro da minha cara, Henrique e Juliano começa a tocar alto
no rádio, um modão sofrido.
— Diacho de onça braba que tá me tirando do prumo — resmungo alto e dou um soco no
volante.
MAURICIO COSTA
Chegou o dia da viagem.
Estou ansioso pra caralho com tudo o que vem acontecendo.
— Vamos ver como vai ser durante essa viagem, potranca — digo pra mim mesmo
enquanto me encaro no espelho.
Ontem na minha cozinha a sua atitude me surpreendeu.
Porra! Eu fiz café da manhã pra nós e ela me dispensou sem rodeios.
Eu fui o primeiro homem dela e ela me chutou a bunda como se eu não significasse nada.
Ah, diaba... Eu vou te mostrar que você não vai conseguir me esquecer.
Eu e Murilo alugamos um jatinho para nos levar e nos trazer com mais conforto; Katarina
irá com a gente direto aqui da fazenda, enquanto os meninos da banda e o Augusto vão nos
encontrar direto no aeroporto, e KitKat combinou de passarmos para pegar a potranca.
Quando estacionamos na porta da sua casa, ela sai carregando uma mala gigante, uma
mochila e uma bolsa.
— Ela sabe que são só três dias? — pergunto ao meu irmão, que apenas ri.
— Meninos, vocês nunca vão entender a necessidade de uma mulher. — Minha amiga ri
da nossa cara e eu bufo.
Pra mim, continua sendo exagero.
A potranca entra no carro nos cumprimentando e evita meu olhar pelo retrovisor,
entrando em uma conversa animada com Katarina.
Tenho vontade de provocá-la, mas me controlo.
Assim que chegamos na pista de decolagem, encontramos todos lá nos aguardando e logo
entramos no jatinho para nos acomodarmos. O avião é confortável e rapidamente cada um ocupa
o seu assento escolhido.
Lavinia continua me evitando e senta mais à frente, mexendo no notebook e alinhando as
coisas para a nossa coletiva de chegada.
Durante a maior parte do voo, alinhamos com toda a equipe os detalhes principais da
nossa agenda e nossa estadia, e fizemos os ajustes finais da nossa turnê, que vai começar assim
que voltarmos de Vegas.
Pousamos com tranquilidade e KitKat logo sai para organizar a logística do trajeto,
distribuindo todos nós nos carros para seguirmos até o hotel. Para a ocasião, contratamos apenas
alguns seguranças e dois motoristas.
Ela alugou duas limusines para caber todo mundo.
Fico de longe, escorado no carro, observando Murilo avisar Lavinia que ela irá comigo,
enquanto ele irá no outro com a KitKat, Augusto e Lucas e seguro a risada ao vê-la me encarar
com a cara fechada.
No meu carro seremos eu, ela, Gabriel e Matheus.
Vejo-a vir na minha direção, mas sem me encarar, olhando para tudo, menos para mim.
Esse orgulho bobo dela só me dá mais vontade de empurrá-la contra o carro e beijar essa boca
deliciosa.
Tento me recompor e vejo meu irmão me encarando de longe.
Merda! Assim que ele me encontrar sozinho, vai me dar mais um sermão.
Haja paciência!
Aceno para ele a distância, controlando a vontade de lhe mostrar o dedo do meio, e o
ignoro. Desperto quando Lavínia já está na minha frente, resmungando enquanto se dobra para
entrar na limusine, me oferecendo uma visão privilegiada do seu traseiro delicioso.
Cacete! Que maravilha, agora meu pau está furioso, brigando com o zíper da calça.
Nesse momento estou com uma ereção monstruosa e um riso idiota no rosto, por ter
certeza de que ficaremos sozinhos dentro do carro.
Do mesmo jeito que esse pensamento me toma, ele se vai, pois vejo meus amigos vindo
também. Porra! Que vontade de mandar eles irem de táxi.
— Bora, patrão! — falam animados, passando por mim e entrando no carro.
Bufo frustrado e entro em seguida, me acomodando no banco de frente ao dela. Quero
olhar para ela.
Os meninos estão em uma conversa animada entre eles, enquanto Lavinia está calada,
encarando a janela ao seu lado.
Um country suave toca ao fundo no sistema de som, mas não consigo prestar muita
atenção. Meu foco está totalmente na mulher maravilhosa na minha frente.
Meu pau ainda pulsa doloroso dentro da calça e o ajusto discretamente.
Vejo-a corar, então constato que meu movimento não foi tão discreto assim.
Ótimo. É bom que ela saiba como me deixa.
Lavínia sustenta corajosamente o meu olhar, quase me desafiando, apesar das bochechas
coradas. Seu olhar transmite uma mistura de tesão e vergonha, ao perceber que ela me quer tão
loucamente como eu a quero.
O carro entra em movimento e ficamos assim, alheios a tudo, apenas nossos olhares se
comunicando.
Uma sensação gostosa de antecipação começa a se formar na boca do meu estômago, e
sinto como se eu fosse um menino na presença da primeira namoradinha.
Inferno de mulher! Só essa diaba me deixa assim. Meus olhos simplesmente se recusam a
parar de olhá-la.
Ela é perfeita.
Completamente perfeita.
Os seus cabelos castanhos e longos estão caindo em ondas sobre seus ombros, e não
posso evitar o pensamento de como seria enrolar a mão neles enquanto a fodo de quatro, bem
duro e profundo.
Observo seu rosto delicado, sua pele limpa, sem quilos de maquiagem, e sinto meus
dedos coçarem para sentir a maciez.
Sua língua sai, lambendo o lábio inferior e eu tenho que segurar um gemido.
Arri égua!
Ela me faz parecer um adolescente com hormônios em ebulição.
Cacete! Acho que nunca senti tanto tesão assim por uma mulher.
Seus olhos cor de mar desviam dos meus e um riso brinca na minha boca.
Seu rosto corado está virado para a janela, admirando a vista do lado de fora, mas
percebo um sorrisinho em seu rosto.
Ela também sente isso.
Ela sabe muito bem onde estaremos em breve: na cama, nus, fodendo os miolos um do
outro até perdermos as forças.
Nessa viagem ela será minha de novo.
Pode apostar nisso!
— Para de me olhar com essa cara de tarado, Mauricio — ela diz entredentes, apenas
para eu ouvir, sem ao menos me olhar, ainda virada para a paisagem que passa por nós através da
janela.
Alargo ainda mais o meu sorriso em sua direção.
— Desculpe, moça. — Coloco a mão no peito, de uma forma bem dramática. — É que
desde que você desceu do avião e vislumbrei a sua bunda linda empinada para mim, o meu pau
está duro pra um caralho — falo tão baixo quanto ela, agradecendo que os meninos estão falando
alto e dispersos, deslumbrados com a vista da cidade.
Ela ofega, e vejo suas bochechas agora atingirem um tom de vermelho escarlate.
Em seguida, arregala os olhos na minha direção e abre a boca, como se não acreditasse
no que acabou de ouvir. Olha para os meninos e confirma o mesmo que eu: eles não estão
preocupados com a gente.
Vou cair matando nela.
Ela que se prepare.
Quero ver ela me recusar.
Encaro-a com um riso escancarado no rosto e um olhar predador, sexual.
Chega dessas nossas briguinhas sem motivo.
Aqui, longe de tudo e todos, ela vai conhecer o verdadeiro Mauricio Costa.
Um homem que pega o que quer, o que deseja.
E hoje? Eu desejo essa mulher com todas as minhas forças.
— Eu não estou acreditando que você me disse isso! — Ela rosna, ainda com as
bochechas tingidas de vermelho.
— Perdão. Eu estava apenas justificando o porquê de não desviar o olhar de você. —
Continuo encarando-a, agora em um tom divertido. — Além do motivo óbvio, é claro.
Ela arqueia a sobrancelha, sem entender qual seria o motivo ou até mesmo esperando
mais alguma gracinha minha, mas antes de responder, fico sério, para ela entender que é verdade
o que vou dizer.
— Você é linda, Lavínia! — digo sem rodeios, encarando seus olhos cristalinos e
percebo que a surpreendi. — Sempre linda! Mas hoje você está esplêndida.
Ela me encara de volta, ofegante e surpresa.
— Uau! O que deu em você? Cadê as grosserias? — Tenta brincar, para retomar o
controle da situação.
Percebo que ela não está acostumada a elogios.
Vai precisar se acostumar ao meu lado, potranca.
Me aproximo, jogando o meu tronco para a frente e apoiando os cotovelos na minha
coxa, faltando muito pouco para colocar minhas mãos nas suas pernas e sentir sua pele de seda,
mas controlo o impulso.
— Que tal fazermos um acordo? Uma trégua? Ao menos durante essa viagem? — Tento
uma aproximação, já que sei que a potranca é arredia.
— O que você está tramando, Mauricio? — pergunta desconfiada.
Garota esperta.
— Não estou tramando nada, uai. — Levanto os ombros, e me encosto no banco do
carro, lhe dando seu espaço pessoal de volta. — Quando eu disse há pouco que você é linda, eu
só disse a verdade, mas posso acrescentar que você também é gostosa e tem a bunda mais
perfeita que eu já vi.
Lavínia se engasga, visivelmente surpresa, mas, me surpreendendo, gargalha alto.
— Você não vale nada, Mauricio — diz quando recupera o fôlego.
Nunca fui tão ousado com ela.
Estou acostumado a ter as mulheres caindo no meu colo sem o menor esforço, mas
quando preciso flertar com alguém, é sempre no automático, de forma mecânica, sem química.
Aqui com ela, estou descontraído, leve, e ainda me divertindo com a sua reação.
É o combo perfeito.
— Nunca disse que valia. — Pisco em sua direção e sorrio de volta. — Mas me diz uma
coisa, Lavinia: você se tocou na noite passada pensando em nós dois? — ronrono, usando um
tom mais baixo e rouco.
Vejo através do seu pescoço que sua pulsação acelera, e sua respiração fica rápida.
— Minha nossa! Você só pode ter enlouquecido de vez. — Tenta usar um tom ultrajado,
mas vejo que seus mamilos estão duros sob a blusa que está usando.
Miro neles e sorrio perversamente.
— Pode tentar negar, diaba. — Ajeito meu pau latejante descaradamente e seu olhar
passa rapidamente pela protuberância da minha calça, antes de conseguir disfarçar o interesse. —
Mas consigo imaginar o quanto a sua calcinha está ensopada pra mim.
Ela me lança um olhar estupefato, mas também junta as pernas sutilmente, fazendo
nascer mais um riso arrogante no meu rosto.
— Essa é a sua proposta de trégua? — diz entredentes, tentando se recompor.
— É, sim! — respondo sem rodeios. — Todo esse tempo temos brigado como cão e gato,
mas a verdade é que você tá me deixado maluco.
— Você também tá me deixado maluca.
— Ah! Eu aposto que sim. — Sorrio convencido.
— Não nesse sentido, idiota!
— Aí é que você se engana, potranca! Essa tensão entre a gente — gesticulo com o dedo
entre nós — nada mais é do que a mais pura tensão sexual. E das boas! — Finalizo.
— Você tá maluco! Endoidou de vez! — Joga as mãos pro alto, batendo no teto do carro.
— Não. Não estou. — Me aproximo novamente e volto a abaixar o tom de voz, para que
apenas ela me ouça. — E te garanto, que se estivéssemos sozinhos aqui, você já estaria nua,
cavalgando bem duro e gostoso no meu pau.
Lavínia toma uma respiração ruidosa. Sua expressão está em um misto de choque, ultraje
e excitação extrema. Definitivamente, ela tá muito excitada.
Ela se remexe no assento e olha para o lado, com medo de alguém ter ouvido alguma
coisa, mas confirma que os meninos nem lembram que nós existimos
Por mais que eu nunca tenha me preocupado em falar ou fazer qualquer coisa na frente
de ninguém, sei que jamais exporia Lavínia de alguma forma.
Admitindo ou não, eu tenho uma certa proteção com ela.
— Você deve estar me confundindo com alguma das suas fãs! — Cruza os braços,
tentando esconder os seus seios lindos e rijos. Com a voz um pouco trêmula, conclui: — Elas
cuidam muito bem desses seus assuntos.
É ciúme isso que estou ouvindo?
— Quero você agora, peste! — murmuro, fazendo-a me fulminar com o olhar antes de
responder.
— Eu e a torcida do Flamengo inteira, não é?
Gargalho alto.
Senhor! Estou me divertindo muito com essa nossa trégua.
Meu pau está babando por essa mulher. Porra!
Cada vez que ela lambe os lábios, eu imagino meu pau se esticando ao limite entre eles,
enquanto ela me chupa bem duro e gostoso.
Merda! Minha calça está cada vez mais justa.
— Não exagere, amor. Você não deveria acreditar em tudo que lê nas revistas de fofoca.
Eles aumentam muito! — Tento me defender, mas não soo tão convincente, já que a própria
diaba trabalha pra mim agora, então ela sabe que o que os tabloides dizem a meu respeito, nada
mais é do que a mais pura verdade.
Ela me analisa por alguns segundos e solta um pequeno bufo, com certeza, sem acreditar
na minha tentativa de limpar a minha imagem, digamos que, meio suja.
— Boa tentativa, caipira! Mas não perca seu tempo tentando algo comigo. — Fecha o
sorriso e percebo que de novo ela está se fechando pra mim. — Você tem uma coletiva, junto ao
Murilo assim que chegarmos ao hotel. Depois vou acompanhá-los até as suas acomodações e
encerramos por hoje. A agitação para a grande premiação será amanhã, Maumau — diz o meu
apelido em forma de desdém, demonstrando que não está aberta a flertes.
Ok. Pelo jeito vou precisar usar artilharia pesada com ela então.
— Quais os seus planos para a sua primeira noite em Vegas? — indago, com uma ideia
começando a se formar na minha cabeça.
— Nenhum! — responde de forma automática. — Estou aqui a trabalho, Mauricio.
— Como você mesma disse, hoje o dia está tranquilo, e após a coletiva quando
chegarmos, não vamos ter mais nada para fazer o resto do dia, então isso significa que você está
liberada. Não tente me enganar, diaba. — Provoco, tentando aliviar o clima novamente e
recuperar as rédeas da nossa conversa.
— Não estou tentando te enganar, engraçadinho. — Faz uma careta, e tenho certeza de
que está se controlando para não me mostrar a língua, como está acostumada.
Lavínia desvia o olhar do meu e admira a vista do lado de fora, e percebo um olhar quase
triste.
— Ah, não! — Solto alto. Surpreso. — Não me diga que você realmente não se
programou para curtir uma noite em Vegas?
— Vou repetir, caipira. — diz entredentes, voltando a me encarar. — Eu. Estou. Aqui. A.
Trabalho.
Alargo meu sorriso, me acomodo melhor no banco e ajeito o chapéu na minha cabeça,
sem desviar os meus olhos dos seus.
— Não pense que irá se livrar de mim assim tão fácil, potranca. — Sorrio sacana, e ela
desvia o olhar para fora.
Lavínia solta um bufo e quase posso ouvir um xingamento baixinho, mas não respondo
de volta.
MAURICIO COSTA
O restante do percurso é feito em silêncio por nós, ao contrário da dupla eufórica ao
nosso lado. A paisagem de Vegas vai tomando conta das janelas da limusine. Não tem como não
dizer que aqui é realmente a cidade do pecado. Há de tudo um pouco. Luzes. Música. Pessoas
exóticas. Lugares exóticos. Uma loucura total.
Alguns minutos se passam, até que chegamos ao hotel Wynn Palace Vegas. Um
funcionário abre a porta para nós, desço primeiro e logo estendo a mão para ajudar Lavínia a
descer também.
Assim que ela está ao meu lado, me dou o direito de admirar a vista à nossa frente.
O edifício tem uma ostentação de outro mundo. Pilastras tingidas de dourado,
funcionários uniformizados parecendo uns pinguins de tão apertadinhos e arrumadinhos na porta;
o prédio é tão alto, que olhando do chão não consigo nem calcular quantos metros tem. Mesmo
vendo de fora, percebo que a recepção é tão grande, que posso apostar que deve caber todo o
rebanho da fazenda lá dentro. Que loucura. Me sinto em outro mundo.
Murilo resmunga algo ao meu lado, e percebo que ele se aproximou rápido de mim, ou
eu perdi muito tempo admirando tudo.
Avisto uma grande aglomeração um pouco mais à frente, e percebo alguns fotógrafos e
fãs.
Uau! Temos fãs até aqui em Vegas?
Olho para trás, procurando por algum artista gringo.
— Elas estão aqui por vocês, idiota! — Lavínia para ao meu lado e me dá um cutucão na
costela com o seu cotovelo.
Olho para ela e vejo que está sorrindo pra mim.
Sinto uma sensação diferente no meu peito, mas empurro esse sentimento para lá.
Volto meu olhar para a pequena multidão, e tudo o que eu e meu irmão já passamos até
finalmente alcançarmos o sucesso passa pela minha mente.
Noites e noites mal dormidas, pulando de poleiro em poleiro, fazendo shows
praticamente de graça, para conseguirmos pelo menos o dinheiro dos nossos custos.
Shows em churrascarias.
Show para uma plateia vazia.
Pessoas de costas para nós enquanto cantávamos.
Lembrar de tudo que já passamos e nos enxergar aqui e agora, me emociona demais.
Sempre fico estupefato quando vejo fãs gritando enlouquecidas, segurando cartazes, mas
ver isso até aqui? Tão longe de casa. Tão longe do Brasil, me emociona ainda mais. Constatar
que o nosso sucesso já está assim tão grande faz os meus olhos arderem um pouco com essa
realidade.
Percebo meu irmão ainda parado ao meu lado, e posso apostar meu carro, que ele está
lembrando de tudo, assim como eu.
Sorrio e aceno de longe, fazendo as garotas acenarem e mandarem beijos para nós.
Isso é bom pra caralho!
Essa sensação dos fãs atrás de nós, nos acompanhando.
Observo Murilo ao meu lado e o percebo nostálgico, assim como eu estava.
Lavínia ao meu lado está com um misto de encantamento e terror em seu rosto. Uma vez
ouvi ela dizendo para a KitKat que não consegue entender essa “fissura” que os fãs tem.
Sorrio para ela, e o burburinho vai ficando de fundo.
— Então é assim em qualquer lugar, caipira? — Ela sorri divertida, quase provocante.
— Pelo jeito, é. — murmuro com um sorriso presunçoso tomando o meu rosto.
— Vocês merecem toda essa recepção — diz com um toque de orgulho na voz, que faz o
meu peito inchar. — Agora vamos lá. Os repórteres da coletiva já estão em uma sala reservada aí
dentro esperando por vocês.
— Como estão se sentindo com a indicação de melhor dupla sertaneja? — Uma repórter
loira pergunta, me fazendo olhar para ela.
Estou cansado e com sono, mas busco lhe dar atenção o máximo possível.
Ela se levanta no mar de jornalistas que tomam a sala do auditório, onde estamos
acomodados no hotel.
Estou vendo estrelas de tantos flashes que foram disparados em nós aqui dentro. Agora
entendo por que os famosos vivem de óculos de sol. Sempre achei que estavam querendo se
mostrar.
Murilo toma a frente em responder a jornalista, dizendo o quanto estamos honrados com
a indicação, e nos sentimos vitoriosos apenas por estarmos aqui.
Observo a jornalista não tão concentrada assim no seu trabalho, enquanto me encara de
forma não tão discreta assim. Em qualquer outro momento, eu a foderia bem duro em qualquer
banheiro mais próximo assim que terminasse essa entrevista, mas agora não.
Involuntariamente, meu olhar se desvia em busca da morena que está atormentando o
meu juízo, e vejo-a encostada na parede ao fundo, quase sendo engolida pela imprensa.
Nossos olhares se prendem por um momento e meu pau já entra em posição de sentido.
Porra! O que há com esses olhos cor de mar que me deixam louco?
Ainda bem que estou sentado e que há uma mesa protegendo o meu soldado.
— E você, Maumau? — Ronrona de forma sensual. — Nenhuma mulher conseguiu te
prender até agora? — Me obrigo a encarar a repórter e a vejo jogar o cabelo de forma sedutora
para o lado, e eu me controlo para não rir da sua tentativa fajuta de chamar a atenção, enquanto
Murilo solta um bufo disfarçado ao meu lado. — É verdade?
Volto a encarar Lavínia no fundo da sala e ficamos assim, com os olhares travados um no
outro. Essa mulher só pode ter me hipnotizado.
— Não completamente, querida. — Sei que não deveria dar tanta bandeira assim, ainda
mais na frente da imprensa, mas meus olhos estão com vida própria, e também posso dar uma
desculpa qualquer, já que ela está presente aqui no fundo para nos assessorar, para não
respondermos nenhuma merda.
Lavinia arfa com a minha resposta, mas continua com o seu olhar preso ao meu, como se
me desafiasse a falar algo a mais. Ah, potranca, quando eu te pegar… Quando eu te pegar de
novo...
Ela está com um riso brincando nos lábios e os olhos cor de céu brilhando divertidos,
como se tudo não passasse de mais uma das nossas provocações. Ela está fazendo essa sala
inteira sumir da minha visão, e eu só quero encerrar logo essa entrevista e levá-la para conhecer
essa cidade do pecado e fazê-la pecar, de preferência comigo, nus. Diacho de mulher linda da
porra!
LAVÍNIA BATISTA
Assim que pousamos, fui recebida por uma explosão de cores e brilho dessa cidade,
mesmo sendo durante o dia quando chegamos, consigo ter uma pequena dimensão de como isso
deve ser de noite. Simplesmente esplêndido.
Pelo visto, o famoso letreiro faz jus ao adjetivo. Fabulosa.
De dentro do carro, consegui vislumbrar a avenida repleta de hotéis, todos com cassinos
e também alguns resorts, tudo parecia ser coisa de outro mundo.
O hotel onde ficaremos hospedados é um resort cinco estrelas simplesmente gigantesco,
com direito a pilastras douradas e deve ter uns duzentos metros de altura do chão, tudo aqui é
exagerado.
Quando chegamos ao hotel, percebi o quanto os meninos ficaram emocionados com essa
conquista, e tenho que admitir que me emocionei junto, afinal, por mais que eles gostem de se
mostrar fortes, foi impossível eles segurarem essa emoção.
É gratificante acompanhar essas conquistas deles.
Agora estou aqui, parada no fundo do auditório, encarando um caipira sexy dando a
entrevista para os jornalistas que estavam os esperando.
Eu deveria ter trazido uma calcinha reserva na bolsa, mas como eu poderia imaginar que
esse caipira safado partiria pra cima de mim assim? Com tudo, parecendo um dos tratores da sua
fazenda!
O safado sabe o que falar para me desestabilizar.
Ele tirou o chapéu assim que entrou no auditório e cada mulher pelo caminho soltou um
suspiro o admirando.
Os bíceps imensos estão flexionando a camisa xadrez que está usando. Acho que as
manutenções na fazenda que ele faz questão de fazer, está dando resultado.
A sua boca se curva em um sorriso que deveria ser proibido de ser usado em público e
sinto um choque desavergonhado na minha preciosa.
O deus das calcinhas molhadas que me ajude.
Meus olhos o apreciam sem cerimônia enquanto ele e Murilo seguem com a entrevista.
Sua pele bronzeada, seu cabelo moreno bagunçado... Como ele consegue manter o cabelo
dele tão lindo se passou o dia inteiro debaixo do chapéu?
Mauricio dá atenção a todos os repórteres, sempre respondendo de forma simples e
brincalhona, com um sorriso charmoso, sedutor e um comentário bem-humorado, deixando o
tom mais sério de respostas para Murilo, como sempre.
Eles falam sobre os primeiros passos da dupla, da amizade entre os dois, assim como
com o resto da banda, que estão na mesa junto, sempre deixando visível o respeito que eles têm
com todos da equipe.
Seu olhar sedutor passa pela sala, mas sempre parando em mim, fazendo com que eu
tenha que apertar as minhas coxas vergonhosamente.
Me pego rindo em alguns momentos, o seu jeito brincalhão ilumina o ambiente, e domina
a todos com a sua presença. O safado é uma estrela em todos os sentidos da palavra e eu estou
aqui me tornando uma poça de tanto que estou derretendo.
Tudo nele é elevado à máxima potência da sexualidade e eu estou ferrada por ter que
passar os dias ao seu lado nessa viagem e nos próximos shows na sua turnê.
Por que ele tinha que ser tão gato, Deus?
Poxa, vida! Eu estou tendo um momento muito difícil aqui, desde o seu ataque direto na
limusine. O seu olhar cafajeste enquanto me dizia todas aquelas coisas me deixou a ponto de
gozar. Que vergonha!
A imagem veio de forma clara e espontânea: eu cavalgando bem duro nele, assim como
ele descreveu. Ah, Deus! Eu estou muito ferrada! Suspiro baixinho.
A cadela loira, que atende pelo nome de Nicole — É errado eu achar que é nome de
vadia? —, está sentada na primeira fileira de cadeiras e está babando descaradamente nele. Já
odeio ela.
Ai, Jesus! Eu só posso tá ficando louca! O que é isso que tá passando pela minha cabeça?
Tá maluca, Lavínia? Rivalidade feminina? Ciúmes do maior cafajeste do momento? Uma
sentada e meia dúzia de palavras, e você já tá aqui achando que ele é exclusivamente, seu?
Gargalho mentalmente e me envergonho com os meus pensamentos. Nem pensar, Lavínia! Nem
pensar em querer se envolver com ele. Me dou um beliscão mental.
Acho que fiquei divagando por tempo demais, já que acordo com o olhar do Maurício
preso em mim, com o cenho franzido, como se questionasse o que se passa na minha cabeça.
Observo ao redor e percebo que estou sendo alvo de alguns olhares suspeitos da
imprensa. O palhaço está sendo ousado demais me olhando assim, na frente de todos, como se
quisesse arrancar minhas roupas aqui e agora.
Quando a entrevista termina, a cadela loira se aproxima e vejo sua mão pousar
sedutoramente em seu braço. Os dois sorriem, mas percebo que não é o riso contagiante dele, e
muito menos o cafajeste que ele lança para as mulheres que quer pegar. Percebo também que ele
não faz nenhum movimento na direção dela. Não a toca. Eu gosto disso. Ah! Pelo amor de Deus,
Lavínia! O que é que tá passando pela sua cabeça? Você acha mesmo que ele não vai comer ela
essa noite? Não se iluda, mocinha!
Merda! Parece que tem duas Lavínias discutindo na minha mente. Será que isso é um
sinal claro de que eu estou enlouquecendo?
Talvez a Laura não esteja tão errada sobre a terapia, afinal.
A vida sexual do caipira safado não me importa. Ele pode comer a vadia loira quando
quiser. Não me importo. Hum!
Merda! Eu me importo, sim. Que droga. Isso é ridículo!
Solto um bufo indignado comigo mesma, enquanto observo os repórteres saindo do
auditório, e vejo que Murilo está conversando com a Katarina e o Augusto, que estavam sentados
na lateral do palco montado, assistindo-os, enquanto eu optei em ficar aqui no fundo.
Mauricio está no telefone agora. Ele trocou algumas palavras com a loira oxigenada, e
percebi que ela não ficou muito feliz com o que ouviu e está deixando o auditório logo atrás dos
outros colegas de profissão, mas antes de sair, ela ainda me lança um olhar mortal.
Cruz credo!
Ele desliga o celular e um riso misterioso se abre em seu rosto quando se vira para mim.
Pega seu chapéu esquecido na mesa e vem na minha direção, com o seu andar de quem parece
ser o dono do mundo.
E eu? Continuo aqui parada, encostada na parede, querendo me tornar parte da
decoração.
Seu olhar me consome a cada passada, até parar a poucos centímetros de mim.
Ele é muito grande, muito sarado, muito gostoso, muito delicioso. Ahm Deus! Ele é
muito tudo! Quase gemo quando sinto o seu perfume tão perto assim.
Céus! Eu só posso ter sido envenenada durante a viagem. O que está acontecendo
comigo? Eu estava tão decidida a fingir que nada aconteceu, e agora tô aqui, quase gemendo só
com o seu olhar em mim.
Percebo que suas narinas dilatam sutilmente, como se tivesse sentido o meu cheiro
também, e os seus dentes brancos e perfeitinhos surgem no meio dos seus lábios carnudos,
formando novamente um sorriso cafajeste.
— Estava fazendo alguns arranjos para a nossa noite do pecado, potranca — sussurra,
apoiando a mão ao lado da minha cabeça e se inclinando contra mim.
Um brilho sem vergonha se forma nos seus olhos, fazendo tudo se revirar dentro de mim.
Nossa senhora da bicicletinha. Ele é intenso. Intenso demais para o meu corpinho necessitado.
Passo a língua pelos meus lábios que se tornaram tão secos de repente e seus olhos
descem para observar a minha boca e quase gemo desavergonhadamente.
Me dou um chute mental por estar com as pernas bambas e acordo para a realidade.
— Já falei pra parar de me chamar assim, caipira. — Rosno em resposta. — E não
inventa! Não vamos ter nossa noite do pecado coisíssima nenhuma.
Forço minhas pernas a se moverem e me dirijo para a porta tentando não tropeçar, já que
elas estão moles.
Ouço sua risada baixa e o olho por cima do ombro.
Sua cabeça está inclinada para o lado e os seus olhos presos na minha bunda. Cafajeste!
Olho ao redor e quando percebo que não tem ninguém olhando, lhe mostro o dedo do
meio, como uma criancinha mimada. O safado apenas ri e me manda um beijinho no ar.
Ok. É oficial: eu estou ferrada!
LAVINIA BATISTA
Ouço uma batida na porta e fico parada.
Quem será?
Seja lá quem for, bate de novo, tornando impossível ignorar.
— Já vai. — Levanto-me da cama e arrumo da melhor forma possível o meu pijama e
passo a mão pelo cabelo, para tentar ficar minimamente apresentável antes de encarar quem está
batendo.
Assim que abro a porta, me deparo com os olhos castanhos mais sexys que eu já vi. Não
é alguém que eu esperava ver uma hora dessa da noite.
— Boa noite! — O safado abre um sorriso largo que ressalta ainda mais os seus traços
firmes e quadrados.
É difícil não ficar o encarando, porque ele provoca todo tipo de sentimento no meu
corpo, mas prefiro acreditar que esse calor que estou sentindo é de puro ódio por eu ter saído da
minha cama confortável, porque se for outra coisa, eu estou lascada.
— O que você tá fazendo aqui? — Encaro-o de maneira firme.
Ao menos espero que esteja encarando-o assim.
— Calma aí, potranca. — Ele apoia as duas mãos no batente da porta e se inclina na
minha direção.
É difícil não me desconcertar com uma montanha de músculos e um sorriso malicioso na
minha direção, mas eu sou uma mulher forte. Digo pra mim mesma.
— Espero que você não esteja aqui em busca de uma noite de pecado. — Rosno na sua
direção.
— Uhn... noite do pecado, é? — Levanta as sobrancelhas de forma maliciosa. —
Potranca, não me provoque.
— Ai, merda. Pegou mal, né? — Bufo com a minha própria armadilha. — Você me
entendeu, caipira.
— Foi você quem disse. — Dá risada da minha cara. — Mas vai lá, para de enrolar e vai
trocar de roupa — fala, já entrando no meu quarto e se jogando na minha cama.
— Quem te chamou para entrar?
— Você demorou demais pra me convidar. — Balança os ombros e pega o controle da
televisão que está jogado em cima da cama.
Bufo, mas resolvo não xingar ele agora, então só me resta fechar a porta, já que pelo jeito
ele não vai sair tão cedo.
— Sério que você está em Las Vegas e tava assistindo Netflix? — pergunta sem me
encarar, zapeando as opções que eu estava escolhendo.
— Não te interessa. — Bufo sem paciência.
— Não é possível — fala com a voz de riso. — Eu esperava mais de você.
Tenho certeza de que o babaca diz isso só pra me provocar.
— Olha aqui. — Aponto pra ele. — Não que seja da sua conta, mas eu até estava
pensando em sair, mas a Katarina não iria conseguir ir comigo e nem pensar sair nessa cidade
maluca sozinha.
— E eu?
— Deus me livre! Pra precisar ficar controlando você quando qualquer rabo de saia
passar na sua frente? Não. Não. Nem pensar.
Espero uma resposta dele, mas não recebo nenhuma, então viro o rosto para encará-lo, só
pra pegar ele me olhando com um ar de riso. O que foi agora?
— Isso é ciúme, Onça brava?
— Haha. Não viaja, caipira. Isso é preservação. Conhece? E outra... Eu não estou no meu
horário de trabalho, e seria um saco ter que ficar te controlando pra não sair nenhuma manchete
sua amanhã cedo.
— Aham... Continua enganando a você mesma.
— Nem vou te responder. — Lhe mostro meu dedo do meio, por falta de uma resposta
melhor.
O babaca se joga na minha cama com os braços cruzados atrás da sua cabeça,
evidenciando os seus músculos. Me policio pra manter a boca fechada. Deus me livre babar uma
hora dessa.
Sinto as pernas fracas, então sigo até uma poltrona que tem ao lado da cama e me jogo
nela, levantando as pernas e cruzando-as.
— Então tá! — Dá um pulo da cama e segue até o frigobar — Vamos beber até você se
animar então.
— Você tá tentando me embebedar? — Encaro-o, fazendo minha melhor cara de brava.
— Jamais! — Pisca, sem deixar de lado o charme que exala da sua pele bronzeada. —
Agora bebe! — Me entrega uma garrafinha de whisky, enquanto abre a dele.
— Mandão. — Mostro a língua, mas obedeço, virando o líquido ardente pela minha
garganta.
O que pode acontecer se bebermos algumas doses no meu quarto? Nada, né!
— Precisamos de um baralho e muita bebida. — Levanto animada e sinto tudo girar, mas
ignoro a tontura, mantendo a pose.
— Pra quê? — Ele me encara intrigado.
— Eu amo jogar 21 e nada mais certo do que jogarmos baralho em Vegas. O certo seria
jogar pôquer, mas eu não sei jogar essa droga, e nem a pau que eu vou jogar algo que eu perca
pra você.
— E quem te disse que eu não sou bom em 21? — pergunta enrolando a língua, me
fazendo rir igual uma hiena.
— Você só sabe jogar cacheta, caipira! — brinco. — E se você for bom, eu sou melhor!
Vou ligar na recepção pra trazerem um baralho pra gente. — Caminho cambaleando e tento
pegar o telefone ao lado da cama, mas o caipira é mais rápido e puxa ele, tirando-o do meu
alcance.
— Pra quê a gente vai jogar no quarto, se estamos em um hotel que tem cassino? — Me
dá um olhar intrigante e eu o encaro como se ele fosse a pessoa mais inteligente do mundo.
— VOCÊ É UM GÊNIO! — Comemoro e corro até a minha mala jogada no chão, em
busca de algo para vestir.
Encontro um vestidinho lindo que eu amo e corro pra me trocar.
— Pode se trocar aqui se quiser. — Ouço o safado gritar atrás de mim, mas apenas lhe
mostro o dedo do meio.
Após tirar o meu pijama de qualquer jeito e colocar o vestido, me encaro no espelho e
percebo meu olhar brilhando, assim como as minhas bochechas estão coradas demais. Meu
cabelo não está no seu melhor dia, mas também não está no pior, então deixo por isso mesmo.
Saio do banheiro e encontro o caipira em pé já próximo da porta, me esperando.
Ele a abre e aponta para fora, se abaixando em uma tentativa muito falha de parecer um
cavalheiro, me causando uma gargalhada.
— Você é péssimo!
— Eu sou um cavalheiro.
— Não mesmo.
Saímos do quarto e seguimos direto para o cassino do hotel, e assim que chegamos na
porta sou recebida por opções infinitas jogos: Poker, blackjack, dados, roletas e fileiras
intermináveis de máquinas caça-níqueis. Sinto meus olhos brilharem com tantas luzes.
Já na entrada, um garçom nos recebe com uma bandeja com várias taças de champanhe e
não resisto, pegando uma, com Mauricio me acompanhando.
Eu e ele vamos direto para a mesa de cartas explorar nossas habilidades, que descobrimos
serem quase nulas. Uma vergonha. Cerca de duas horas depois, perdendo e sendo humilhados,
arrasto Mauricio da mesa, antes que ele perca o dinheiro da próxima geração e o Murilo o mate
por aqui mesmo.
Nós dois seguimos trôpegos até a boate do hotel e a encontramos lotada.
O ambiente é agradável e bem espaçoso, com sofás, mesas e balcões espalhados pra todo
canto.
Pulamos e dançamos durante um bom tempo, até que resolvemos nos sentar nos bancos
altos do bar, enquanto pedimos mais um drink.
— Você precisa resolver a minha situação logo, não aguento mais ficar preso — grita no
meu ouvido, tentando sobrepor a sua voz ao barulho.
— Tô trabalhando nisso, querido! — falo enquanto tomo meu drink no canudinho. —
Sua imagem tá mais suja que pau de galinheiro.
— Não seja exagerada! — Bufa enquanto vira mais um copo de whisky.
— Exagerada? Meu bem, pra resolver suas merdas logo, só se você se casar. — falo sem
pensar e quando as palavras saem da minha boca, parece que uma lâmpada se acende no meu
cérebro. — É ISSO! — Pulo da banqueta e me apoio nos seus ombros, encarando-o animada. —
VOCÊ PRECISA SE CASAR!
— Sai fora!
— Você pode fazer isso do jeito Vegas. Encher a cara e se casar com qualquer maluca
que aparecer.
— Eu não me caso nem se perder uma aposta! — diz com convicção.
Volto pro meu assento com os ombros caídos, como se eu tivesse perdido uma batalha
importante.
— Você é um babaca que não facilita em nada o meu trabalho.
— E você? — pergunta, rindo da minha cara.
— Eu? Nunca! Jamais! Me casaria bêbada em Vegas!
— Então somos dois.
Brindamos com os nossos copos praticamente vazios e voltamos a dançar animados.
Quem são os malucos que se casam bêbados em Vegas?
NÓS CASAMOS!
Acordo com a claridade do quarto e aperto forte minhas pálpebras, para que nenhuma luz
invada meus olhinhos sensíveis.
Que dor de cabeça terrível! — É tudo o que eu consigo pensar.
— Que ressaca da porra! — falo com a voz grossa, sentindo a minha garganta arranhar.
Acho que exagerei na bebida de novo. Sinto um gosto ruim na boca e minha cabeça
começa a latejar.
Gemo e passo a mão no rosto.
Sinto um aro grosso na minha mão e quando forço meus olhos a abrirem um pouco, vejo
que tem um anel horrível no meu anelar esquerdo, é dourado e parece imitar um dado de jogo.
Imagens confusas do Elvis e da placa de Vegas invadem a minha mente.
Merda! O que eu fiz noite passada?
Tento me levantar da cama, mas esbarro em algo do meu lado.
Mas que...
Pulo da cama e começo a gritar enlouquecidamente quando vejo um Mauricio deitado
descamisado ao meu lado.
— AAAAHH!!!
O babaca pula da cama com o susto do meu grito e começa a gritar também.
— O que foi? O que foi? — Começa a olhar para todos os lados como se a qualquer
momento alguém pudesse invadir o quarto.
— Seu cafajeste! — Jogo um travesseiro em cima dele, que bate na sua cara. — Por que
você tá no meu quarto? E PELADO? — Jogo o telefone que estava ao meu lado, mas esse ele é
rápido e desvia, infelizmente, fazendo o aparelho bater na parede atrás dele.
— Para de gritar, potranca maluca! — ele resmunga enrugando o rosto e olha em volta.
— Esse quarto é meu — fala confuso.
Olho ao meu redor e não são as minhas roupas e sapatos espalhados pelo quarto que eu
encontro, e sim, um quarto desconhecido e masculino, apesar de ter o mesmo design do meu por
se tratar de um quarto de hotel.
Observo o meu vestido jogado em cima da poltrona, assim como o chapéu do Maurício
ao seu lado. Um pé da minha bota está próximo da porta, e a bota dele também.
Porra!
— Meu Deus do céu, isso só pode ser um pesadelo. — Olho para o meu corpo e o dele
mais uma vez, finalmente registrando com clareza que estamos quase sem roupas. Merda! Será
que a gente...
Não, não é possível! Será que eu dei a minha perseguida pra ele de novo? Vasculho
minha mente, mas tudo que encontro são flashes de momentos insanos, nada muito concreto.
— Você se lembra de alguma coisa, caipira? — pergunto desesperada.
— De porra nenhuma! Não me lembro nada, caralho!
Respiro fundo, tentando ser a adulta responsável.
— Escuta aqui, cafajeste — digo, apontando o dedo para ele —, se você por acaso tocou
na minha Larissinha enquanto eu estava bêbada, eu juro que gasto meu réu primário com você.
Tá me ouvindo?
— Tá maluca, potranca? Se eu tivesse te fodido, você ia se lembrar. E sua Larissinha
também. — Faz aquela cara de puto que me tira do sério. — Sem contar que o universo não seria
tão mau comigo a ponto de eu não me lembrar da próxima vez que eu montar em você... — Ele
cruza os braços e a ira me domina.
Estou pronta pra pular em cima dele e encher sua cara de bolacha, mas penso que agora
tenho preocupações maiores.
Sem dizer mais nada, apenas nos encaramos com o cenho franzido e analisamos um ao
outro em busca de respostas.
O que chama a minha atenção, além dos gominhos gostosos que o safado está exibindo e
o fato dele estar só de cueca, assim como eu estou só de lingerie, é algo ainda mais chamativo.
PUTA QUE PARIU!
Por que ele está com um anel igual ao meu?
E na porra do dedo anelar, assim como eu?
Ambos ficamos encarando a mão um do outro e sinto meu coração disparar.
— Me diz que isso tava na promoção ontem à noite? — pergunto em um sussurro,
procurando uma explicação plausível.
— Porra. Agora fodeu! — É a única coisa que ele tem coragem de responder
— Não pode ser... — murmuro e sinto o meu sangue gelar.
— Isso não pode estar acontecendo... — Mauricio parece estar tão assustado quanto eu.
Antes que eu consiga xingar, o som dos nossos telefones tocando ecoa pelo quarto.
LAVINIA COSTA
No meu celular estava a Katarina, desesperada.
No celular do Mauricio era o Murilo
Agora aqui no quarto estão os três: Katarina, Murilo e Augusto, enquanto eu e o caipira
estamos sentados na beira da cama, de braços cruzados e na defensiva.
Estou usando o meu vestido da noite passada, completamente amassado e fedendo a
álcool, enquanto o caipira está com uma calça de moletom e sem camisa.
Sério! Nunca fui pega pelos meus pais com nenhum namoradinho no meu quarto na
adolescência, mas tenho certeza que o constrangimento deve ser bem semelhante. Que
humilhação!
Eles vieram assim que atendemos os telefones e já brigaram com a gente como se
fôssemos crianças inconsequentes. O que fizemos? Ficamos calados.
O que mais eu posso fazer? Fiz merda e admito.
Nunca havia visto um Murilo tão irritado. Ele estava nervoso com toda a situação em que
nos colocamos, pois estávamos tendo um trabalho do caralho pra arrumar a imagem do cafajeste,
e quando estava indo tudo bem, o que acontece? Casamos em Vegas. Não posso nem julgá-lo
pelo surto.
Katarina foi mais branda, mas sem deixar de puxar nossas orelhas.
Augusto? Esse só ficou nos encarando com o olhar de reprovação, sem dizer uma
palavra. Poxa!
Murilo dá play no vídeo do seu celular e uma versão MUITO, MUITO bêbada minha
aparece na tela. Eu estou com uma garrafa gigante de champanhe, dando goles generosos direto
no bico, e um Mauricio igualmente bêbado e sorridente aparece do meu lado, colando nossos
rostos.
No fundo da imagem consigo ver a placa de Vegas brilhando.
Levantamos as mãos e mostramos nossos anéis horríveis, e minha boca se abre em
choque. — NOS CASAMOS! — gritamos juntos, animados como se tivéssemos feito a coisa mais
animadora do mundo.
Como se tivesse sido chamado direto do inferno, um cover do Elvis aparece com um
topete horroroso, cantando com uma voz muito desafinada a famosa “Can’t Help Falling In
Love”.
— Meu Deus! — sussurro, surpresa e envergonhada, tampando meu rosto com as duas
mãos.
— Ah! Não tampe os olhos. Ainda tem mais.
— Mais? — Mauricio pergunta por mim.
Abro os dedos, liberando apenas os olhos com medo e continuo assistindo à minha ruína.
— Essa potranca agora é minha! — Maurício muito bêbado grita pra câmera.
Santo Deus!
Mauricio solta um gemido envergonhado do meu lado.
— Esse Cafajeste agora é meu! — A Lavínia do vídeo completa, abraçando-o e os dois
se beijam loucamente, fazendo a câmera cair e filmá-los de baixo pra cima.
O vídeo termina comigo subindo no seu colo. Silenciosamente agradeço a Deus pelo
vídeo ter acabado Ficamos todos no quarto em completo silêncio.
Katarina e Murilo nos encaram como se quisessem nos estrangular.
Mauricio e eu nos encaramos, boquiabertos.
Que merda nós fizemos?
— E agora? — pergunto, em busca de uma saída. — Dá pra anular, não dá? — soo
esperançosa.
Poxa! Nós não seríamos as primeiras pessoas malucas e bêbadas que se casaram em
Vegas à base de puro álcool.
— Só existe uma solução. — Katarina começa.
— Qual? — indago esperançosa.
— Vocês fingirem que se casaram de verdade — Augusto fala pela primeira vez. — E
que estão loucamente apaixonados.
Fico paralisada com a sua sugestão e vejo todos ficarem calados, visivelmente
concordando com a ideia.
Olho pro cafajeste ao meu lado e ele está tão surpreso quanto eu, e quando nos
encaramos, entendemos que essa é a única solução pra não acabar de vez com a carreira dos dois.
— Lavinia, eu entendo que vocês estavam bêbados e cometeram essa loucura sem pensar
— Murilo fala comigo com a voz branda e se abaixa para ficar na minha altura, já que estou
sentada. — O que estamos pedindo pra você é muito, eu sei, e se você não aceitar nós vamos
entender e procurar outra saída.
Não o respondo de imediato e desço o olhar para as minhas mãos que estão no meu colo,
vejo a aliança enorme no meu dedo em formato de dado, como prova da noite de bebedeira de
ontem e tomo minha decisão.
— Olha só, Lav, eu gosto muito de você, mas vocês se meteram nessa merda juntos, e a
melhor forma de sair dela será continuar assim, ao menos por um tempo, até a poeira abaixar —
Katarina diz e eu não posso discordar dela. Eu fui contratada para limpar a imagem do Mauricio,
não arrastá-la na lama. É minha responsabilidade cuidar disso.
Eu sei que eles jamais me subjulgariam para aceitar fazer parte disso, mas não tem como
eu não aceitar continuar com esse teatro se eu mesmo me coloquei nessa situação, jamais vou
prejudicar a carreira deles.
— Ok. Eu aceito — digo com firmeza.
Murilo relaxa visivelmente, enquanto Katarina e Augusto comemoram.
Sinto a mão do caipira segurar a minha e olho para ele.
— Obrigado, potranca. — Sorri agradecido e eu apenas meneio a cabeça, sorrindo sem
graça. Realmente não há o que agradecer.
— Lavínia, você vai precisar se mudar pra fazenda assim que voltarmos de viagem. —
Murilo se levanta e começa a pensar em tudo.
— A gente vai ter que morar junto? — Aponto pro caipira mudo ao meu lado, que só me
encara sem dizer nada.
— Você é minha agora, potranca! — Meu marido sussurra do meu lado, me fazendo
lançar uma careta pra ele.
— A Laura já se mudou pra fazenda tem algumas semanas, e pelo que ouvi da Katarina,
você estava procurando alguma coisa pelas redondezas por causa do estúdio. Agora casada com
o meu irmão, não faz sentido você não se mudar pra lá — Murilo esclarece de um jeito quase
calmo. Até parece que ele está falando com os seus filhos.
— A casa é enorme, não vai ser problema morarmos lá. — Mauricio esclarece
esfregando a cabeça, mas levanta e me encara com um sorriso malicioso no rosto. — Mas eu
posso dividir a minha cama quando você quiser.
— Cala a boca, caipira — resmungo, fazendo-o gargalhar.
Ai que vontade que eu tenho de esganar ele.
LAVINIA COSTA
Vou até a casa do Murilo encontrar com a Laura.
Ela me ligou quando viu as notícias na internet, mas não consegui conversar com ela
direito pelo telefone. Ela deve tá querendo me matar.
Assim que chego em frente à varanda, ela já vem ao meu encontro.
— Sua maluca! Eu mandei você ter juízo — grita assim que chega mais perto.
— Ah, você me conhece. — Sorrio e a abraço quando estamos próximas.
— Me conta que loucura foi essa?
Solto um bufo e continuo andando até ame sentar em um banco balanço que tem lá.
Sentamos juntas e começamos a balançar.
— Você quer a parte resumida ou a longa?
— Vindo de você? Vou querer a resumida, senão você vai me contar os detalhes sórdidos
que eu não vou querer ouvir.
Gargalho alto, porque talvez ela tenha razão.
— Certo, certo. Você que manda. — Puxo uma respiração profunda e começo. —
Basicamente, bebemos todas e casamos ao estilo Las Vegas.
— Ah, não! Eu falei a versão resumida, mas nem tanto, né — resmunga desapontada, me
arrancando uma risada sincera.
— Foi você que pediu. — Dou de ombros, fingindo inocência e ela me dá um tapa falso
no ombro.
— Vai. Conta tudo. Menos os detalhes sórdidos.
— E quem te disse que tem detalhes sórdidos? — Me faço de rogada.
— Com você sempre tem, Lav.
— Credo. Que absurdo!
— Certo. Certo! — Concordo e penso por onde começar. — Sério, eu nem sei te dizer o
que aconteceu. Foi tudo rápido demais. Eu nem me lembro direito o que aconteceu na noite do
nosso casamento, só tenho flashes de lembranças. — Sou sincera. — Simplesmente bebemos
muito. MUITO! — Dou ênfase. — E decidimos que seria uma excelente ideia nos casarmos.
— Puta merda, Lavínia.
— Pois é, puta merda bem grande. — Dou risada.
— Mas e aí?
— Ah, aí que o Murilo, Katarina e o Augusto surtaram quando viram as notícias do
casamento. E com razão, né? — Dou risada. — E em conjunto decidimos manter o casamento
falso para o bem da imagem da dupla, e é isso. Agora sou uma moça casada e feliz. Fim.
— Caramba! E como está a sua relação com o Mauricio?
— Ah! — Jogo minha cabeça pra trás e fecho os olhos enquanto esfrego meu rosto. —
Uma verdadeira bagunça.
— Por quê?
— Ah, porque a gente se comeu em Vegas como uns selvagens e quase dei pra ele de
novo no estábulo.
— Lavinia! Eu disse sem detalhes sórdidos — fala revoltada e eu gargalho.
— Só estou esclarecendo as coisas pra você. — Bato os cílios em sua direção e ela revira
os olhos.
Quando volto pra casa do Mauricio, o encontro sentado no sofá. Uma cena casual e que
jamais imaginei encontrar.
Senhor, me dê forças para resistir a esse pecado de gente — peço mentalmente.
— Oi, potranca — fala mostrando todos os dentes e faz menção em levantar para vir na
minha direção.
— Não, não! — Estendo a mão e faço sinal para ele permanecer sentado. — A gente
precisa conversar, pode continuar paradinho aí.
— E por que você não pode conversar comigo do seu lado? — pergunta cínico.
— Sonso! — digo conforme me sento no outro sofá, enquanto ele ri. Palhaço.
— Ok. Vamos ter a nossa primeira D.R? — pergunta fazendo uma careta engraçada.
— Não, palhaço. Até porque não somos um casal de verdade para termos D.R.
— Não é isso que tá escrito nos jornais.
— Presta atenção, caipira. — Afunilo meu olhar para que ele me encare e entenda que o
assunto é sério. — Nós não somos um casal, e não vamos nos comportar como um casal, tá
entendendo?
— Não. — Franze o cenho, verdadeiramente confuso.
Solto um bufo e esfrego o rosto com as mãos, cansada.
— Caipira, nós não vamos transar!
— E por que não? — pergunta assustado.
— Porque não — respondo simplesmente, balançando os ombros.
— É sério?
— Sim! — respondo com convicção.
— Então tá bom. — Se acomoda no estofado, quase deitando no encosto, mas sem
desviar o olhar do meu. — Vamos ver quanto você aguenta, potranca!
— Seu ego tem que ser estudado, caipira. — Nego com a cabeça e me levanto para ir
para o meu quarto.
Aliás. Qual é o meu quarto?
Me viro rápido pra perguntar, mas o Mauricio está rindo, olhando pra minha cara.
— O de frente ao meu. Você lembra o caminho, ou quer que eu vá junto? — Sorri
malicioso.
— Não precisa. Eu lembro. — Subo as escadas quase correndo.
Assim que estou em segurança no meu quarto, fecho a porta e me jogo na cama macia.
Céus! Eu estou EXAUSTA! Morta de marré.
Sinto meu celular vibrar no meu bolso e vejo que é uma mensagem da minha mãe
perguntando como foi a viagem.
Puta que pariu!
Imagino a reação da minha família ao saber que agora eu sou uma mulher casada. E
ainda por cima com o cafajeste. Meu chefe. Minha mãe e meu pai ainda não me ligaram, então
isso significa que a rádio patroa da rua ainda não ficou sabendo das fofocas de Vegas, o que é um
milagre, já que o sinal de celular por lá é ruim, mas a fofoca é 5G. Contudo, isso durará quanto
tempo?
Céus!
Como eu vou ligar pra eles e falar: OI, MÃE. OI, PAI. CASEI!
Eles vão me internar!
E pior... Eu nem posso falar que a verdade é que enchemos o cu de cachaça e não
podemos cancelar tudo pra não prejudicar ainda mais a imagem do Cafajeste, porque se eu pedir
segredo pra eles, no mesmo dia o William Bonner estará anunciando no Jornal Nacional a notícia
quentinha. Gemo ao pensar na merda toda batendo no ventilador. Que droga!
Puxo uma respiração profunda, puxando coragem do rabo, e digito o número da minha
mãe para uma ligação constrangedora e cheia de mentira.
Ela atende rápido.
— Oi, mãe — falo animada. — O pai está por aí? Tenho uma notícia para os dois.
LAVINIA COSTA
Quando saí da casa do Mauricio essa manhã para caminhar pela fazenda, me deparei com
uma manhã linda.
Apesar de estar com um turbilhão de informações na cabeça, estou feliz por poder
aproveitar um pouco desse verde lindo.
Fazia tanto tempo que eu não ficava em um lugar assim. Respirando ar puro. Ouvindo
pássaros cantarem. O sol está a pino, mas nada surreal, então consigo seguir com a minha
caminhada deliciosamente.
Assim que volto para o casarão do Mauricio — Por que todos tem a casa tão grande? —,
uso a chave que ele me deu para abrir a porta da frente, e isso quase me faz sentir que aquela é
minha casa.
Mas assim que chego na cozinha, me lembro rapidamente de que aqui não é o meu lar.
Mauricio está em pé em frente a geladeira, apenas com uma toalha enrolada na cintura, e
ela não está muito bem presa, então pode cair a qualquer momento. Me espanto quando o vejo e
grito.
— O QUE VOCÊ TÁ FAZENDO?
O caipira me encara com o cenho franzido.
— Vitamina. — Aponta para o balcão da pia onde tem um liquidificador que eu não
havia reparado.
Não consigo evitar encará-lo. Seus ombros largos. Peitoral sarado. Pele bronzeada. Os
cabelos estão ensopados, fazendo escorrer alguns filetes de água pela sua têmpora.
Seus olhos me encontram e parecem faiscar ao me encarar.
— Perdeu alguma coisa, potranca?
— Mauricio... — falo, tentando encontrar paciência no meu interior. — A gente
combinou de se respeitar dentro dessa casa.
— Ué. Mas eu tô te respeitando.
— Você tá pelado! — Aponto o óbvio.
— Não. Não estou! Estou de toalha. — Olha para baixo, se fazendo de desentendido. —
Quer que eu tire?
— Não ouse. — Rosno na sua direção, fazendo-o gargalhar.
— Tá com medo de não resistir, né?
Ai, que ódio desse filho da mãe convencido.
— Caipira, o seu ego deveria ser engarrafado e vendido. Porque olha...
— Só estou falando a verdade. — Se vira e começa a cortar as frutas para colocar dentro
do liquidificador. — Sua mala está pronta?
Hoje é o primeiro show da turnê e os meninos devem estar ansiosíssimos para essa noite.
— Está, sim! — Observo ele se mover lentamente. — Nervoso?
— Preocupada comigo, potranca? — Me dá um sorriso convencido.
— É impossível conversar com você. — Levanto as mãos para o ar e me viro para sair.
— Estou nervoso, sim — ele fala rápido e me viro para o encarar, só para encontrá-lo
com um sorriso de menino no rosto. — Mas estou animado também. Essa noite é uma das que eu
e o Murilo sonhamos juntos. É uma conquista!
Percebo o tom emocionado na sua voz e fico encantada pela sua sinceridade.
— Vocês vão arrasar essa noite. Como sempre fazem.
— Obrigado! — Me encara de modo profundo e eu desvio o olhar, indo até o armário em
busca de um copo para tomar água.
Ficou quente aqui de repente, né?
— Essa está sendo a melhor fase da nossa carreira até hoje. — Ele continua. — Vai ser
cansativo, nós sabemos. Mas vai ser prazeroso também. — Me encara de modo profundo.
— Hm — respondo enquanto tomo um longo gole de água. A palavra prazeroso tá
mexendo com a minha imaginação. Merda!
O liquidificador começa a fazer barulho e misturar as frutas e um monte de pó até atingir
uma consistência. Ele coloca o líquido em um copo gigante e sorri calorosamente para mim.
— Quer? — Levanta o copo na minha direção e eu apenas nego com a cabeça. — Vamos
garantir que essa fase seja gostosa para todos.
Filho da mãe safado. Ele tá brincando com a minha imaginação. Eu tenho certeza!
— Vou pro meu quarto. — Levo rápido o copo para a pia, enquanto me viro para sair
dessa cozinha maligna.
— Mas já? — fala com um tom de riso na voz.
— Aham! Vou terminar de arrumar algumas coisas na minha mala. — Invento a primeira
desculpa esfarrapada que surge na minha cabeça.
— Entendi... Se precisar de alguma ajuda é só chamar.
— Não vou precisar! — falo rápido e corro pro meu quarto.
Tomo um banho relaxante e visto uma roupa confortável, optando por me trocar no local,
já que o primeiro show é em uma cidade a quatro horas de distância da fazenda.
O caipira já levou a minha mala para a van, então só pego a minha mochila e desço as
escadas para ir até eles.
No caminho, encontro a Laura caminhando de mãos dadas com as crianças, indo em
direção a van que nos espera mais à frente, onde os meninos já estão nos aguardando.
— Ah, se não é a nova casada do pedaço. — Ela aponta para mim. — Como é a vida de
senhora Costa? — A palhaça ri. Como tá engraçadinha hoje, né?
A encaro fazendo uma cara feia, já que não posso lhe mostrar o dedo do meio, pois as
crianças estão com ela.
— Um céu na terra. — Dou o meu melhor sorriso cínico, ela me encara, mas não se
controla e começa a gargalhar.
Cumprimento-a com um beijo estalado na bochecha e abaixo-me para cumprimentar os
pequenos também.
— Oi, princesinha. — Aperto seu narizinho e beijo sua bochechinha gostosa.
— Oi, príncipe. — Dou-lhe um beijinho demorado na bochecha, só para vê-lo corar de
novo.
— Oi, titia.
— Oi, tia.
Eles falam juntos.
Aaah! Eles são tão lindos. Nem parece que são terríveis.
Vamos caminhando e quando nos aproximamos um pouquinho, as crianças saem
correndo para alcançar o pai e o tio que estão conversando com o senhor Zé e a dona Rosa,
enquanto eu e a Lau vamos caminhando com calma.
— Conseguiu falar com os seus pais?
— Consegui — falo desanimada.
— E aí?
— Ah, de início eles pensaram que eu tinha enlouquecido, e no fim pareceu o início.
Laura solta uma gargalhada alta, chamando atenção dos meninos que estão na nossa
frente.
— Lavínia! — Me repreende me causando uma gargalhada também.
— É sério! — Sou sincera — Eles ficaram tentando entender como eu fui do ódio ao
amor tão rápido com o caipira.
— Ah se eles soubessem...
— Pois é... Mas eles nunca podem saber... Amo meus pais, mas qualquer informação que
bater ali, amanhã já tá no Jornal Nacional.
— E meu pai vai junto.
— Não tenha dúvidas! — Caímos na risada.
Vemos os meninos serem abraçados pelos seus pais em despedida, enquanto nos
aproximamos. A cena é linda.
O carinho entre eles é admirável.
— E aí... Pronta para cair na estrada?
— Ah, eu estou animadíssima para ficar em um local fechado com o caipira. — Minha
prima ri da minha fala, e antes que ela possa falar alguma coisa, chegamos até a van, onde todos
nos esperam.
Os senhores Costa nos enchem de bençãos e recomendações, enquanto também nos
entregam petiscos — que alimentariam um batalhão em uma viagem de dez horas — para a
nossa curta viagem.
As crianças estão empolgadas e praticamente saltitando para todo lado.
Nos despedimos deles, e seguimos a viagem.
MAURICIO COSTA
Todas as luzes estão apagadas e o público parece ficar em completo silêncio,
acompanhando a contagem regressiva que aparece no telão.
5...
4...
3...
2...
1...
Fogos de artifício são lançados por toda a volta do estádio, enquanto a frente do palco é
totalmente iluminada por labaredas gigantes e hipnotizantes. É simplesmente espetacular.
Do outro lado do palco vejo Lavinia me encarando e sorrindo na minha direção.
Ela está com um vestidinho preto que molda todas as suas curvas de uma maneira
pecaminosa. Parece que todo o show de luzes só realça a sua beleza encantadora.
Ouço o sussurro de contagem do Matheus no retorno que está no meu ouvido e desperto
do olhar hipnótico da potranca.
O som da bateria do Matheus explode junto com o som da guitarra do Lucas.
A plateia grita enlouquecida e eu fecho os olhos, me concentrando em entrar no momento
certo.
Estou ao lado do Murilo e nos encaramos, nossos olhares transmitem toda a emoção que
estamos sentindo e não precisamos trocar nenhuma palavra. Nós nos comunicamos apenas com
isso.
Meu coração dispara quando chega a nossa hora e entramos juntos, cumprimentando
todos.
— Aô, Potênciaa!!! — Solto um grito, enquanto entro no palco e logo nossa música
começa a tocar.
O início é a voz do Murilo, então apenas acompanho com o meu violão, enquanto meu
irmão se entrega na segunda estrofe. O público parece sentir a mesma energia que a gente e isso
nos deixa loucos.
A canção vai caminhando para o refrão e sem que eu consiga me controlar, olho para
onde a Lavínia está e a vejo vidrada em mim, como se eu fosse tudo o que ela precisa olhar.
Porra!
Sorte que eu conseguiria tocar e cantar as nossas músicas de olhos fechados, porque vê-la
assim me desestabiliza, e leva cada célula do meu corpo para eu quebrar a nossa troca de olhares,
que chega a me tirar o fôlego.
Respiro fundo e mordo meus lábios para me fazer focar mais aqui em cima do palco, no
meu público que não espera menos do que o melhor de nós.
Entro na minha vez de cantar e consigo seguir com a apresentação de sempre, brincando
com as fãs enquanto canto e não volto a olhar na direção dela, para não me desconcentrar
novamente.
A música termina e a plateia fica ensandecida.
O barulho chega a ser ensurdecedor e posso apostar que se eu ousasse colocar a mão no
chão, poderia senti-lo tremer. É uma sensação maravilhosa saber que estão aqui por nós.
Porra! Essa sensação é boa pra caralho!
LAVINIA COSTA
PUTA QUE PARIU!
Os meninos em cima do palco são um espetáculo!
Eles simplesmente se transformam em estrelas. Literalmente.
Eu nem sei dizer quantas milhares de pessoas estão na plateia só para assisti-los. A turnê
está começando com tudo. O estádio está no limite da lotação, com todos os ingressos esgotados.
Consegui instigar bem a mídia em questão à turnê e tivemos uma ótima divulgação de
todas as plataformas, ofuscando totalmente a má fama do cafajeste.
O fato de os meninos terem acabado de voltar de viagem e recebido os prêmios do meio
musical com certeza está servindo de gás para eles em cima do palco. Eu nunca vi um show
deles presencialmente, mas aposto que hoje estão em um mundo à parte. Estão brilhando.
Quando Mauricio me encara do outro lado do palco, sinto o meu ventre se contorcer de
nervosismo com o seu olhar. Céus! Como esse homem consegue me desconcertar apenas me
olhando?
Ele está maravilhoso em cima do palco — que ele não me ouça, pois seu ego já é grande
demais sem precisar de um elogio meu.
Estou na lateral do palco, sem conseguir conter a minha alegria, e nem mesmo o safado
do meu marido sensualizando em cima do palco consegue me conter. O cretino sensualiza e olha
pra mim. Ai, que ódio. Que vontade de bater nele — enquanto sento. Ops. Pensamentos
intrusivos.
Encontro Lau também ali do lado, com as crianças com protetores auriculares gigantes e
nos abraçamos com força enquanto assistimos os meninos, dando pulinhos e gritinhos animadas.
Parecemos duas tietes? Parecemos! Mas quem se importa?
Lau, que até então não suportava sertanejo, está vibrando tanto quanto eu aqui em cima.
As crianças olham o pai e ao tio com admiração, apesar de serem pequenos e não
entenderem a proporção do que eles são, os admiram da mesma forma.
O show segue animado e eu estou cansada, mas não ouso arredar o pé da lateral desse
palco. Faço questão de assistir até o final.
Por mais que eu tenha assistido alguns ensaios dos meninos nas últimas semanas, nada,
absolutamente nada se compara a emoção de hoje.
O público vai ao delírio toda vez que eles param para interagir; Murilo é sempre mais
contido, e o caipira sempre cafajeste, mas ambos em sincronia com a plateia. Quando o safado
do meu marido decide que é uma boa hora para abrir a sua camisa, os gritos aumentam alguns
decibéis — se é que é humanamente possível — e é aí o show alcança outro nível de ritmo.
Eles pulam, cantam e dançam com uma força e um fôlego de dar inveja.
MAURICIO COSTA
O show foi um sucesso.
Arrasamos. Como sempre!
Apesar de a todo momento eu ficar admirando Lavínia na lateral do palco, consegui me
concentrar e apresentar um show impecável para todos.
A sensação que estou sentindo é inexplicável.
Após as entrevistas e atender todos os fãs, estou exausto e vou até uma mesinha à procura
de uma água. Enquanto sorvo o líquido da garrafinha, olho ao redor à procura da minha potranca
e não a encontro. Onde ela está?
— Você é muito burro! — Murilo surge ao meu lado do nada.
— O quê? Por quê?
— Vai atrás da Lavínia que você vai descobrir!
— Onde ela tá?
— E eu é que sei? — Vira as costas e sai.
— Mas que porra... — falo comigo mesmo.
O que foi agora?
Largo a garrafa de água de qualquer jeito e caminho até o meu camarim, esperando
encontrá-la por lá.
Assim que abro a porta, encontro-a parada no meio do cômodo.
— Oi, esposa. — Sorrio animado.
A diaba me fuzila com o olhar e sinto um arrepio passar pela minha espinha.
Eita, porra! O que eu fiz?
— OI? — Ela rosna na minha direção.
— O que eu fiz?
— Sai da minha frente e volta lá pra assinar nos peitos da repórter vadia!
Sem controlar, acabo sorrindo por entender o motivo da sua braveza.
— Isso é ciúmes, potranca?
— Não fala merda — fala irritada e começa a andar em direção à porta.
Paro na sua frente, impedindo que continue.
— Para de birra. Isso é corriqueiro pra mim, e eu não assinei nos peitos dela, foi quase na
clavícula, porque eu não faria isso com você.
— Corriqueiro uma ova, babaca! — Bate com o dedo no meu peito. — Você me
desrespeitou lá fora!
— Não! — respondo em desespero.
— Desrespeitou, sim! Eu agora vou lá fora autografar alguns paus também. — diz com o
nariz em pé e tenta me ultrapassar.
— Vai porra nenhuma!
— Sai da minha frente, Mauricio! — Tenta me empurrar para que eu saia de frente da
porta.
Em um movimento calculado, a derrubo de encontro ao tapete felpudo no chão, com
cuidado para não lhe machucar e monto sobre ela, ficando por cima do seu corpo.
Lavínia não desiste e ainda tenta se livrar de mim, suas mãos tentam me empurrar, me
forçando a segurar seus braços, prendendo-os um de cada lado da sua cabeça, deixando o meu
rosto meu próximo ao seu.
Nossas respirações estão ofegantes pela breve luta.
— Quer parar, peste? — Ranjo os dentes.
— Não. Me solta.
— Não.
— Me solta, Maurício! — Rosna nervosa contra o meu rosto.
— Não, até você me ouvir.
Ela para de se debater e acabo afrouxando um pouco a pegada, o que faz com que a
danada se aproveite para se soltar de novo e tentar se afastar pelo chão e sair debaixo do meu
corpo.
— Diacho de mulher! — reclamo.
Seu movimento faz com que a peça que está usando abaixe um pouco, deixando seu
decote ainda mais à mostra, quase mostrando os peitos que tenho saudades de lamber.
Me controlo para manter o foco.
— Me solta, ogro. — Pede de novo e aperto ainda mais a pegada.
— Para de agir como criança, Lavínia — reclamo, cansado. — Eu nunca te desrespeitaria
do jeito que você tá pensando.
Usando minha força e o peso do meu corpo, me abaixo perto do seu rosto e a mantenho
imóvel. Ela para de se debater e a tensão aumenta entre nós.
Ficamos nos encarando por poucos segundos e a vejo engolir com dificuldade, sua
respiração está ofegante, até que se dá por vencida.
— Perante todos você é minha mulher. — Refresco sua memória. — Eu jamais
humilharia você dessa forma.
— Você. Assinou. Os. Peitos. Da. Vadia! — Rosna irritada.
— Não foi os peitos, maluca! Juro que foi praticamente no ombro dela. Pensa direito.
Você tava lá. Você viu! — falo desesperado para ela enxergar a verdade.
Eu não queria constranger a repórter recusando o autógrafo, mas realmente nem cheguei
perto dos peitos dela. Essa potranca maluca tem que acreditar em mim.
Aproximo meu rosto do seu, quase a beijando, e murmuro com a voz grossa e rouca:
— Somos casados, esposa. — Percebo que ela se arrepia quando termino de falar,
fazendo meu ego inflar.
— Isso não é real. — Se refere à nossa união matrimonial.
Fico em silêncio, porque ela tem razão.
— Isso não muda o respeito que devo a você.
— Por quê?
— Porque mesmo não sendo real, não muda o fato de você ser minha, Diaba.
— Mauricio... — Lavínia sussurra p meu nome, olhando para o lado enquanto eu ainda
continuo em cima dela.
Volta a me olhar e aperta o maxilar, engolindo em seco como se sentisse a raiva virar
outro sentimento e a intensidade toma conta do silêncio.
MAURICIO COSTA
Sua respiração fica ofegante novamente, fazendo seu peito subir e descer e meu olhar se
volta para os seus seios volumosos e imediatamente a vontade de passar a língua por entre eles
me toma, de sentir o sabor da sua pele branca que reluz sob a parca iluminação do ambiente.
Engulo seco e paro de fitar sua pele alva e encaro seus olhos claros que estão vidrados
em mim.
Lavínia me encara com o seu queixo erguido e olhar altivo me mostrando que não iria se
dobrar a minha vontade e involuntariamente a acabo comparando com as outras mulheres que já
estiveram na mesma posição em que ela está agora, sob mim, em meus braços e toda a bajulação
e luxúria que existe no olhar delas, não há nela, gosto de saber que ela não é igual as outras.
Nós seguimos em silêncio e percebo que assim como eu estou inconscientemente a
analisando ela está fazendo o mesmo comigo.
Vejo-a engolir em seco novamente e mais uma vez esse movimento faz o meu olhar ser
atraído para os seus seios apertados no decote.
Desta vez não me contenho e desço minha cabeça até eles e os lambo lentamente.
Levanto meu olhar para observar a sua reação e ela está paralisada, a única alteração que
percebo é a sua respiração ainda mais ofegante.
— Mauricio… — Fala em tom de aviso, mas não me para, apenas fica aqui, imóvel sob a
minha pegada, como se ansiasse pelo meu próximo movimento, com a sua respiração afetada.
Junto suas duas mãos sobre sua cabeça, com calma e cuidado, sem desviar nenhum
momento o nosso olhar, temendo que a qualquer movimento errado ela saia do transe em que
estamos.
Seguro suas mãos com apenas uma das minhas, enquanto uso a outra para liberar seus
seios de dentro do decote sem tirar meus olhos dos seus.
Passo minha língua pelos meus lábios que repentinamente se tornaram secos e admiro
seus seios redondos que estão com os bicos rijos, empinados, mostrando o quanto necessitam de
atenção.
Após alguns segundos apenas admirando essa vista maravilhosa, levanto a cabeça para
fitar seus olhos cor do céu, apenas para me certificar que ela realmente deseja isso, tanto quanto
eu, e assim como eu suspeitava, encontro seu olhar tão desejoso quanto os meus devem estar,
então sem mais aguardar abocanho e chupo o seu mamilo.
Lavínia arqueia seu corpo e fecha os olhos, como se desfrutasse da sensação que lhe
causo, me deixando duro como pedra apenas por ouvir o seu gemido abafado.
Ainda não consigo entender como de uma discussão acalorada, acabamos nesse
momento, mas me vejo excitado como nunca me vi antes.
Lambo delicadamente o meio dos seus seios, observando-a se contorcer e fechar os
olhos, como se estivesse constrangida, mas ao mesmo tempo não desejasse que eu parasse,
aproveitando a carícia que estou lhe proporcionando.
Percebendo a sua entrega, solto suas mãos e seguro seus peitos com as minhas duas
mãos, juntando-os e chupando com avidez, intercalando entre chupadas vorazes e passando a
língua devagar e me deliciando cada vez mais com os seus gemidos baixos.
Suas mãos voam até os meus cabelos e seus dedos se embrenham entre os fios, me
apertando contra si, com um pedido silencioso e claro por mais, o qual atendo ansioso.
Senti-la em meus braços é como um afrodisíaco me fazendo querer penetrá-la aqui
mesmo, no chão, como selvagens.
A diaba geme, tornando ainda mais difícil de parar.
Com a mão em seu pescoço, ergo-me sobre ela e abocanho sua boca em um beijo voraz,
enfiando a língua com afinco e esfregando o meu pau duro sobre a sua boceta molhada e quente.
Suas pernas se abrem e me acomodam perfeitamente, como se pedisse que eu rasgasse
suas roupas e tomasse aqui e agora, como minha, assim como acabei de lhe dizer.
A devoro com a minha boca, e nos tornamos uma mistura de desejo e raiva.
Espero que ela me afaste, que me empurre, que me xingue como sempre faz, que me diga
para parar, mas Lavínia abre ainda mais as suas pernas me abraçando com elas.
Em um movimento rápido me sento e a levo comigo, sobre o meu colo, fazendo-a montar
sobre mim.
Com os seus peitos de fora e as suas mãos no meu cabelo enquanto mantenho o nosso
beijo sedento, estão me deixando louco de desejo.
A safada geme e rebola no meu colo, encaixando-se perfeitamente sobre o meu pau,
tornando a única coisa a nos separar o meu jeans e a sua calcinha, e nem isso impede que eu
sinto o quanto ela está quente e molhada, posso apostar que quando nos afastarmos estarei com a
frente do meu jeans molhado da sua boceta e só em pensar nisso sinto o pré-gozo vazar do meu
pau.
Percorro minhas mãos pelo seu corpo, aperto os seus seios. Sentir o seu corpo delicioso
contra o meu, faz eu me sentir estranhamente satisfeito. Nunca me senti assim antes.
Puxo seu vestido pela cabeça e encho minhas mãos com os seus seios maravilhosos
quando eles estão livres.
— Eu vou comer você — rosno na sua boca, puxando seus mamilos. — Quando estou
enterrado bem fundo em você, quando você tá gozando bem gostoso no meu pau, não fica com
essas crises de ciúmes sem fundamento.
Desço as mãos pela sua coluna e sem mais aguentar, rasgo a sua calcinha em um único
movimento, fazendo-a arfar.
— Céus... — Geme ofegante.
— Se tudo o que eu preciso é te foder forte, pra te provar que não existe nenhuma porra
de mulher além de você, então eu vou adorar viver montado na sua boceta, potranca.
— Mauricio.... — Me encara dengosa, enquanto rebola no meu pau.
Enfio a mão entre nós, encontrando a sua boceta completamente encharcada, molhando a
minha mão.
Meto dois dedos nela, sem qualquer delicadeza, a fodendo de forma bruta.
Puxo seus cabelos com a outra mão e mordo seus lábios e fico assim, a comendo com
força enquanto seus olhos azuis me encaram desejosos, me deixando louco de tesão.
— Acha mesmo que eu quero outra além de você? — Meto fundo, fazendo-a gritar se
segurando nos meus ombros. — Essa boceta é minha. Você é minha!
Passo o polegar, massageando seu clitóris e ela começa a pingar na minha mão.
— Goza pra mim, amor. — Ordeno com a voz tensa e grossa de tesão. — Goza agora,
safada!
— Oooh! Mauriciooo... — Ela se quebra gozando loucamente, enquanto a sua boceta
pulsa com os meus dedos dentro dela a massageando.
Sua boca ataca a minha em um beijo duro, chupando a minha língua com força, e eu lhe
dou tudo o que ela pede. Bebendo os seus gemidos, enquanto ela treme vertiginosamente.
Corto o beijo e ficamos respirando ofegantes com as bocas ainda juntas.
Retiro meus dedos do seu interior enquanto lhe dou um sorriso arrogante.
Desço meus lábios pela sua pele macia do maxilar ao pescoço, lambendo, chupando e
mordendo enquanto vou descendo.
Puxo mais seus cabelos, fazendo-a arquear as costas e abocanho o seu seio direito
fazendo-a miar dengosa.
Chupo duro, balançando a língua nos seus mamilos fazendo-a gemer gostoso.
Sorrio baixinho quando sinto seus líquidos molharem ainda mais a minha calça e dou a
mesma atenção para o outro seio.
Meus dedos voltam a invadir, mas agora devagar, reconstruindo a sua excitação.
Retiro a mão que estava no seu cabelo e desço para massagear o outro seio, puxando seu
mamilo sensível.
Em um movimento rápido, a deito de volta no tapete e começo a lamber o seu ventre,
descendo para o meu objetivo.
Dou uma lambida suave no seu brotinho inchado enquanto seguro firme na sua cintura, e
começo a devorar sem dó a sua boceta suculenta, sentindo o seu sabor delicioso.
Mordisco delicadamente as suas coxas que estão ao redor da minha cabeça.
Olho para cima e dou um riso sacana ao vê-la ali, totalmente rendida.
Abro a minha calça e puxo meu pau furioso pra fora.
Meu pau está todo babado de pré-sémen e a safada lambe os lábios quando o vê. Seus
olhos cristalinos presos no meu pau me deixam convencido demais.
Meu riso cresce e eu fecho o punho em volta, me masturbando lentamente, com um tesão
do caralho.
Avanço, levantando-a pela bunda e seus braços rodeiam meu pescoço de modo ágil
— Olhe para nós, amor — peço, me alinhando na sua boceta — Me veja comer a sua
bocetinha deliciosa. — Rosno e arremeto com tudo, puxando-a, a empalando com o meu pau.
Gritamos juntos.
— Oh! Deus... — Estremece e pulsa à minha volta.
Porra! Senti-la quase me faz gozar.
Puxo e meto de novo com força, me enterrando até as bolas.
Ela rebola gostoso, me deixando rasgá-la em estocadas fortes e profundas.
— Isso! Assim, potranca! — Rujo cravando-a sem dó. — Gostosa! Você é minha
potranca! Minha mulher! Minha putinha! Aqui é o seu lugar, porra! — A beijo esfomeado, e a
sua língua me recebe em uma dança indecente.
Estamos urrando feito animais de tanto tesão, nos comendo como loucos. Eu estou quase
gozando, mas quero mais.
Saio de dentro dela e ela solta um lamento contra a minha boca.
A coloco no chão e seguro firme meu pau.
— Vem! Chupa meu pau! Sinta o nosso gosto. — Ela mia enquanto cai de joelhos e
assobio quando a sua boquinha deliciosa se fecha na cabeça. Enfio os dedos nos seus cabelos
enquanto meto até a sua garganta. — Aahhh! Caralho! Que boquinha gostosa da porra, potranca!
Me chupa gostoso... — Dou mais três golpes duros e sinto minhas bolas encolherem. — Oh! Vou
gozar! Toma tudo, potranca! Engole tudo... — Rujo alto, jogando a cabeça para trás, esporrando
direto na sua garganta.
Ela geme, mamando e engolindo toda a minha porra.
Após alguns segundos, meus olhos voltam para o seu rosto e a encontro rosada, com os
lábios esticados em volta do meu pau, ainda me limpando, lambendo.
Continuo comendo sua boquinha, meu corpo ainda tremendo e meus golpes vão
diminuindo.
— Você é deliciosa! — Puxo para fora e ajudo a se levantar, tocando seus lábios
inchados.
Reverencio sua boca em um beijo lento e gostoso.
Ela se agarra a mim, se esfregando enquanto amasso sua bunda, infiltrando os dedos no
seu rabinho delicioso, alcanço sua boceta e massageio seu clitóris e gememos juntos em um beijo
que se torna duro e lascivo de novo.
Meu pau ainda está duro e sofrendo espasmos entre nós.
— De quatro, potranca. Quero gozar de novo, e dessa vez vai ser bem fundo na sua
boceta. — Grunho e ela geme ficando de quatro no tapete. — Rosto no tapete e empina bem
gostoso essa bunda linda pra mim.
Ela faz como eu pedi e me masturbo devagar enquanto acaricio sua bunda deliciosa e a
sua coluna bem curvada.
Dou um tapa forte nas suas bochechas redondos e me alinho segurando firme sua cintura
fina, abrindo-a bem para mim, me afundo todo em uma estocada bruta.
— Ohh Mauricio... — Suas unhas cravam no tapete. — Que delicia...
— Sim... Gostoso demais... — Recuo deixando só a ponta e meto de volta, fazendo um
barulho alto ecoar pelo camarim.
A como ensandecido, com golpes duros e fundos e sinto a mudança no seu corpo, que
está quase gozando.
Ela rebola gemendo e seus dedos já estão brancos de tanto apertar o tapete abaixo de si.
Desacelero e fico em um vai e vem vagaroso, me deliciando com a visão do meu pau
sumindo, afundando no seu buraquinho apertado.
Ela lamenta alto e eu riu baixinho, me debruçando nas suas costas.
Cravo a mão na sua nuca, para a manter na mesma posição e puxo seu ombro com a
outra.
Literalmente a monto e volto a foder a sua boceta com força.
Suor cobre nossos corpos e a como rosnando sem trégua, rosnando, rugindo, cheirando
seus cabelos, lambendo, chupando sua relha, pescoço, toda a sua pele.
— Peça pra eu te encher com a minha porra, Lavínia! — Meto com tudo, batendo no seu
útero. — Peça, caralho! Peça!
— Oh! Sim! Sim... — Geme começando a estremecer do orgasmo. — Me enche com a
sua porra, caipira! Não para! Eu vou... — Grita alto pra caralho e goza no exato momento que
jorro na sua boceta quente.
Chupo, mordo, lambo suas costas ainda estocando duro e esporrando sem controle.
Porra! Gozo gostoso.
— Você é deliciosa... — Grunho no seu ouvido, enquanto cheiro e mordo sua nuca. Ela
geme manhosa.
Sorriu e rolo de cima dala, puxando-a para os meus braços.
Nossas respirações estão alteradas e os corpos ainda sofrendo espasmos do gozo intenso.
Ela se aninha e geme baixinho no meu peito.
Ficamos assim por um tempo, apenas sentindo o corpo um do outro até nos acalmarmos.
— Vem. Vamos tomar um banho. — Sussurro, beijando seus cabelos suados e passeio
meus dedos preguiçosamente pela sua coluna. — Ainda temos uma viagem a fazer.
Ela solta um muxoxo preguiçoso, mas eu agarro e levanto-a no colo, levando para o
banheiro que temos.
Puxo seu vestido pela cabeça e encho minhas mãos com os seus seios maravilhosos
quando eles estão livres.
— Eu vou comer você — rosno na sua boca, puxando seus mamilos. — Quando estou
enterrado bem fundo em você, quando você tá gozando bem gostoso no meu pau, não fica com
essas crises de ciúmes sem fundamento.
Desço as mãos pela sua coluna e sem mais aguentar, rasgo a sua calcinha em um único
movimento, fazendo-a arfar.
— Céus... — Geme ofegante.
— Se tudo o que eu preciso é te foder forte, pra te provar que não existe nenhuma porra
de mulher além de você, então eu vou adorar viver montado na sua boceta, potranca.
— Mauricio.... — Me encara dengosa, enquanto rebola no meu pau.
Enfio a mão entre nós, encontrando a sua boceta completamente encharcada, molhando a
minha mão.
Meto dois dedos nela, sem qualquer delicadeza, a fodendo de forma bruta.
Puxo seus cabelos com a outra mão e mordo seus lábios e fico assim, a comendo com
força enquanto seus olhos azuis me encaram desejosos, me deixando louco de tesão.
— Acha mesmo que eu quero outra além de você? — Meto fundo, fazendo-a gritar se
segurando nos meus ombros. — Essa boceta é minha. Você é minha!
Passo o polegar, massageando seu clitóris e ela começa a pingar na minha mão.
— Goza pra mim, amor. — Ordeno com a voz tensa e grossa de tesão. — Goza agora,
safada!
— Oooh! Mauriciooo... — Ela se quebra gozando loucamente, enquanto a sua boceta
pulsa com os meus dedos dentro dela a massageando.
Sua boca ataca a minha em um beijo duro, chupando a minha língua com força, e eu lhe
dou tudo o que ela pede. Bebendo os seus gemidos, enquanto ela treme vertiginosamente.
Corto o beijo e ficamos respirando ofegantes com as bocas ainda juntas.
Retiro meus dedos do seu interior enquanto lhe dou um sorriso arrogante.
Desço meus lábios pela sua pele macia do maxilar ao pescoço, lambendo, chupando e
mordendo enquanto vou descendo.
Puxo mais seus cabelos, fazendo-a arquear as costas e abocanho o seu seio direito
fazendo-a miar dengosa.
Chupo duro, balançando a língua nos seus mamilos fazendo-a gemer gostoso.
Sorrio baixinho quando sinto seus líquidos molharem ainda mais a minha calça e dou a
mesma atenção para o outro seio.
Meus dedos voltam a invadir, mas agora devagar, reconstruindo a sua excitação.
Retiro a mão que estava no seu cabelo e desço para massagear o outro seio, puxando seu
mamilo sensível.
Em um movimento rápido, a deito de volta no tapete e começo a lamber o seu ventre,
descendo para o meu objetivo.
Dou uma lambida suave no seu brotinho inchado enquanto seguro firme na sua cintura, e
começo a devorar sem dó a sua boceta suculenta, sentindo o seu sabor delicioso.
Mordisco delicadamente as suas coxas que estão ao redor da minha cabeça.
Olho para cima e dou um riso sacana ao vê-la ali, totalmente rendida.
Abro a minha calça e puxo meu pau furioso pra fora.
Meu pau está todo babado de pré-sémen e a safada lambe os lábios quando o vê. Seus
olhos cristalinos presos no meu pau me deixam convencido demais.
Meu riso cresce e eu fecho o punho em volta, me masturbando lentamente, com um tesão
do caralho.
Avanço, levantando-a pela bunda e seus braços rodeiam meu pescoço de modo ágil
— Olhe para nós, amor — peço, me alinhando na sua boceta — Me veja comer a sua
bocetinha deliciosa. — Rosno e arremeto com tudo, puxando-a, a empalando com o meu pau.
Gritamos juntos.
— Oh! Deus... — Estremece e pulsa à minha volta.
Porra! Senti-la quase me faz gozar.
Puxo e meto de novo com força, me enterrando até as bolas.
Ela rebola gostoso, me deixando rasgá-la em estocadas fortes e profundas.
— Isso! Assim, potranca! — Rujo cravando-a sem dó. — Gostosa! Você é minha
potranca! Minha mulher! Minha putinha! Aqui é o seu lugar, porra! — A beijo esfomeado, e a
sua língua me recebe em uma dança indecente.
Estamos urrando feito animais de tanto tesão, nos comendo como loucos. Eu estou quase
gozando, mas quero mais.
Saio de dentro dela e ela solta um lamento contra a minha boca.
A coloco no chão e seguro firme meu pau.
— Vem! Chupa meu pau! Sinta o nosso gosto. — Ela mia enquanto cai de joelhos e
assobio quando a sua boquinha deliciosa se fecha na cabeça. Enfio os dedos nos seus cabelos
enquanto meto até a sua garganta. — Aahhh! Caralho! Que boquinha gostosa da porra, potranca!
Me chupa gostoso... — Dou mais três golpes duros e sinto minhas bolas encolherem. — Oh! Vou
gozar! Toma tudo, potranca! Engole tudo... — Rujo alto, jogando a cabeça para trás, esporrando
direto na sua garganta.
Ela geme, mamando e engolindo toda a minha porra.
Após alguns segundos, meus olhos voltam para o seu rosto e a encontro rosada, com os
lábios esticados em volta do meu pau, ainda me limpando, lambendo.
Continuo comendo sua boquinha, meu corpo ainda tremendo e meus golpes vão
diminuindo.
— Você é deliciosa! — Puxo para fora e ajudo a se levantar, tocando seus lábios
inchados.
Reverencio sua boca em um beijo lento e gostoso.
Ela se agarra a mim, se esfregando enquanto amasso sua bunda, infiltrando os dedos no
seu rabinho delicioso, alcanço sua boceta e massageio seu clitóris e gememos juntos em um beijo
que se torna duro e lascivo de novo.
Meu pau ainda está duro e sofrendo espasmos entre nós.
— De quatro, potranca. Quero gozar de novo, e dessa vez vai ser bem fundo na sua
boceta. — Grunho e ela geme ficando de quatro no tapete. — Rosto no tapete e empina bem
gostoso essa bunda linda pra mim.
Ela faz como eu pedi e me masturbo devagar enquanto acaricio sua bunda deliciosa e a
sua coluna bem curvada.
Dou um tapa forte nas suas bochechas redondos e me alinho segurando firme sua cintura
fina, abrindo-a bem para mim, me afundo todo em uma estocada bruta.
— Ohh, Mauricio... — Suas unhas cravam no tapete. — Que delícia...
— Sim... Gostoso demais... — Recuo deixando só a ponta e meto de volta, fazendo um
barulho alto ecoar pelo camarim.
A como ensandecido, com golpes duros e fundos e sinto a mudança no seu corpo, que
está quase gozando.
Ela rebola gemendo e seus dedos já estão brancos de tanto apertar o tapete abaixo de si.
Desacelero e fico em um vai e vem vagaroso, me deliciando com a visão do meu pau
sumindo, afundando no seu buraquinho apertado.
Ela lamenta alto e eu riu baixinho, me debruçando nas suas costas.
Cravo a mão na sua nuca, para a manter na mesma posição e puxo seu ombro com a
outra.
Literalmente a monto e volto a foder a sua boceta com força.
Suor cobre nossos corpos e a como rosnando sem trégua, rosnando, rugindo, cheirando
seus cabelos, lambendo, chupando sua relha, pescoço, toda a sua pele.
— Peça pra eu te encher com a minha porra, Lavínia! — Meto com tudo, batendo no seu
útero. — Peça, caralho! Peça!
— Oh! Sim! Sim... — Geme começando a estremecer do orgasmo. — Me enche com a
sua porra, caipira! Não para! Eu vou... — Grita alto pra caralho e goza no exato momento que
jorro na sua boceta quente.
Chupo, mordo, lambo suas costas ainda estocando duro e esporrando sem controle.
Porra! Gozo gostoso.
— Você é deliciosa... — Grunho no seu ouvido, enquanto cheiro e mordo sua nuca. Ela
geme manhosa.
Sorriu e rolo de cima dala, puxando-a para os meus braços.
Nossas respirações estão alteradas e os corpos ainda sofrendo espasmos do gozo intenso.
Ela se aninha e geme baixinho no meu peito.
Ficamos assim por um tempo, apenas sentindo o corpo um do outro até nos acalmarmos.
— Vem. Vamos tomar um banho. — Sussurro, beijando seus cabelos suados e passeio
meus dedos preguiçosamente pela sua coluna. — Ainda temos uma viajem à fazer.
Ela solta um muxoxo preguiçoso, mas eu a agarro e levanto-a no colo, levando para o
banheiro que temos.
LAVÍNIA COSTA
Chegamos na fazenda hoje de tarde após finalizarmos a semana de shows, e agora
estamos nos nossos gloriosos dois dias de folga. Murilo e Mauricio exigiram que a turnê fosse
dessa forma, para dar o mínimo de conforto para as crianças, assim não fica tão cansativo para
eles.
Após o primeiro show da turnê eu fiz o possível para ficar longe do caipira. E com toda a
correria, até que não foi tão difícil.
Criamos uma rotina robótica de ficarmos abraçados diante das câmeras, mas assim que
que a imprensa estava longe, fazíamos o possível para não ficarmos sozinhos. Esse foi o nosso
mecanismo de defesa contra nós mesmos.
Preciso admitir que estabeleci essa distância silenciosa entre nós, pois tenho medo de
como estamos lidando com esse nosso relacionamento falso.
Porra! Era só fingimento para as câmeras. Mas aquele sexo maluco no camarim foi
surreal. Aquilo não pode se repetir. Então me afastei.
O Mauricio também não tentou uma aproximação, e acredito que ele estava com o
mesmo pensamento que eu. Precisamos impor limites, ou vamos ferrar com tudo.
A loucura do dia a dia da turnê facilitou e muito nos evitarmos para um diálogo.
Se eu já admirava o quanto os meninos são esforçados, agora faria até uma estátua. Tento
imaginar o quanto eles estão exaustos, pois se para mim, que apenas organizo suas entrevistas e
cuido da mídia estou só o pó, não consigo colocar em palavras como eles devem estar. Mas
nunca, nunquinha os vi reclamando. Pelo contrário. Os olhos deles brilhavam mais a cada show.
É admirável.
Agora, estamos nós todos na fazendo em um dia de descanso, e onde o caipira do meu
marido está? Pois, é. NÃO SEI!
O traste simplesmente saiu com o irmão, sabe-se lá Deus pra onde.
Pois bem!
Eu é que não vou ficar enfiada dentro de casa esperando pelo meu maridinho chegar a
hora que ele bem quiser.
Ata! Até parece.
Eu também vou procurar o meu rumo!
Quando estávamos voltando para a fazenda escutei o Lucas comentando com os meninos
da banda sobre o bar no centro da cidade, me intrometi na conversa e ele me convidou para
conhecer, dizendo que é super badalado pelos moradores, e jurou que é super legal.
Então.... Por que não?
Mando uma mensagem para ele, perguntando se hoje é um bom dia para conhecer, e ele
responde rápido, dizendo que já está lá.
Esse povo não descansa não?
Me arrumo rápido, apenas com uma saia e blusinha, já que está um calorzão, e vou para o
casarão do Murilo atrás da minha prima.
Vejo ela na varanda do casarão olhando para as estrelas e grito de longe.
— LAU! — Aceno para que ela me veja.
Dou uma corridinha e logo estou à abraçando.
— Ta tudo bem? Onde você vai? — Me encara de cima a baixo.
— Eu não. Nós! — Lhe dou um sorrido enorme e ela faz uma careta engraçada.
— Nós?
— Sim senhora! É seu dia de folga mocinha. Vai lá colocar uma roupa bem bonita
porque vamos conhecer o barzinho da cidade. O Lucas me prometeu que é ótimo.
— Ah, não, Lav.
— Ah, sim, Lau. — Ela ri do jeito que eu falei e se senta no banco que tem na varanda
enquanto eu opto por ficar em pé.
— O que te deu que você quer sair assim, de repente?
— Não é de repente! — Respondo rápido demais.
— Vamos lá... fala!
— Aquele caipira safado me deixou aqui sozinha e foi sei lá pra onde. Nem a pau vou
ficar aqui plantada esperando o gostosão chegar.
— Lav. Não faz assim... — Minha prima tenta apaziguar.
— Nada disso! Nem tente passar pano pra ele. — Aponto na sua direção e ela faz um
gesto fingindo passar um zíper na boca. Engraçadinha. — Até agora eu ainda não engoli aquele
autógrafo nas tetas da repórter vadia — Resmungo irritada.
— Ah não! — Ela ri. — Você ainda tá brava por isso? Você viu o vídeo, ele nem chegou
perto dos peitos dela, ele realmente quase assinou no ombro dela. Virou até meme na internet,
zoando ele, com o slogan “O cafajeste foi domado” e tudo, prima. Você viu!
Resmungo algumas palavras.
O pior é que o que ela diz é real. O traste foi um pouquinho zoado na internet por não ter
acatado ao pedido da vadia em assinar os seus peitos. Mas pensem pelo lado bom, a imagem do
traste tá cada dia mais limpa. Uhuul!
— Isso não importa. — Levanto os ombros e contemplo a vista da fazenda enquanto falo
com ela. — O nosso casamento é apenas de fachada Lau.
Sem que eu possa controlar sinto um apertozinho no peito.
— Lav.
— Não! Eu não estou lamentando e nem nada. — Me justifico rápido. — Só estou
constatando o óbvio.
— Prima. — Laura vem na minha direção e me abraça pelo ombro. — Aquele ex-
cafajeste jamais vai te desrespeitar.
— Ele não é nem louco que eu corto aquele pau fora e jogo para os porcos.
Laura dá uma gargalhada alta.
— Lavínia! — Fala meu nome em uma tentativa de me repreender.
— O que? Se não vai pelo amor, vai pela dor! — Balanço os ombros.
— Lavínia? — Minha sogra abre a porta e vem me cumprimentar.
— Oi sogrinha — A abraço apertado.
— Onde você vai assim tão bonita?
— Tô indo no barzinho no centro da cidade que todo mundo sempre fala, e vim chamar a
Lau pra ir comigo.
— Ah, vai mesmo. Vocês vão adorar.
— Dona Rosa eu não posso. Preciso cuidar das crianças.
— Nada disso. Hoje é seu dia de folga, Laura. Deixa que das crianças eu cuido. Vai já se
arrumar.
Seguro a risada, já que eu sei que ela não vai debater com a dona Rosa.
Bom saber que quando eu quiser ganhar alguma discussão com a minha prima eu só
preciso trazer a dona Rosa pro meu lado. Guardo essa informação.
— Você a ouviu. — Balanço os ombros e faço a minha melhor cara de inocente, que sei
que não convence em nada a minha prima.
— Vocês não vão me deixar ficar em casa, né?
— Não.
— Não. — Eu e dona Rosa respondemos juntas, e damos risada.
— Tá bom. Tá bom. Vou me trocar rapidinho.
— Uhuull!
Fico na varanda conversando com a mão do Mauricio, enquanto espero a Lau se trocar.
As semanas passam voando, e logo enfrentamos a rotina caótica dos shows de maneira
natural.
Confesso que a atitude dos meninos em folgar os dois dias e vir para a fazenda é
revigorante, acredito que sem isso, tudo estaria muito diferente. Parece que esse lugar restaura a
energia.
Eu e o caipira estamos cada dia mais próximos e o nosso relacionamento está cada dia
menos falso.
Sabe quando está tudo tão gostoso, que dá até um friozinho na barriga de ansiedade? Pois
é, eu tenho sentido isso.
Uma vez estava conversando com a Lau no ônibus e acabei comentando pra ela sobre
esse friozinho na barriga, e o traste do caipira apareceu bem na hora ouvindo.
O convencido ficou se achando dizendo que eu tava apaixonada por ele.
Eu neguei e disse que era dor de barriga.
Todo mundo ouviu e ficou tirando sarro da cara dele. Foi hilário.
Bem feito pra ele que ficou cantando vitória sobre um assunto que nem era pra ele ter
escutado.
Estamos agora voltando para nossa casa, depois de jantar na casa dos meus sogros e
aproveitar a nossa última noite de descanso da semana, porque ainda temos mais duas semanas
de turnê.
Assim que passamos pela porta do nosso quarto, vou direto para a mala que está
encostada na parede.
Sinto que o caipira tá me encarando e quando me viro seus olhos estão presos em mim,
brilhando de um jeito intenso.
— Vem aqui, potranca. — Sussurra e me estende a mão.
Antes que eu consiga raciocinar minhas pernas estão se movendo atendendo ao seu
comando, enquanto seguro sua mão. Ele me puxa, segurando meus cabelos pela nuca e desce a
outra mão pelas minhas costas.
Solto um gemido vergonhoso quando seus dedos deslizam pelo meio da minha bunda.
Ele rosna e cola nossos corpos, moendo o seu pau absurdamente duro na minha barriga.
Minhas mãos correm pelos seus braços, aproveitando para apertar os seus bíceps duros e
gostosos.
— Eu sei que a sua boceta está toda melada pra mim desde o momento que os nossos
olhos se cruzaram.
— Convencido! — Murmuro contra a sua boca.
— É ser convencido saber que você está louca de saudade do meu pau enterrado em
você, te fodendo bem duro e gostoso? Ah! Então sim, amor. Eu sou muito convencido. — Ai que
ódio.
O safado morde meu lábio inferior, rindo, ciente do quanto eu estou louca pra que ele me
beije de uma vez.
— Você quer me dá, potranca? — Ronrona, fazendo a minha boceta apertar,
vergonhosamente.
— Mauricio.... — Lamento, enquanto o safado continua amassando minha bunda, me
puxando com força para esfregar o seu pau gostoso pra um caralho no meu clitóris. Sua mão se
infiltra pelo cós da minha calça e por dentro da minha calcinha.
Enlouqueço quando ele massageia meu pontinho carente. Grunhindo em meio ao beijo
duro e esfomeado que ele me dá.
Nos devoramos loucamente, como animais.
Nossos lábios duelam, lambendo, chupando e mordendo. O safado morde meus lábios e
separa nossas bocas ofegantes, fazendo nossos olhares se cruzarem quando se abre.
— Vamos pro quarto. — Rosna, seu tom de voz tenso, quase desesperado.
— Sim! — Mal termino de falar, quando ele me ergue pela bunda e eu o abraço com as
pernas.
Mal entramos e já arrancamos nossas roupas sem o mínio cuidado, loucos para sentirmos
um ao outro sem nada para atrapalhar.
Nossas bocas se chocam de novo em um beijo afoito e desesperado, enquanto andamos
juntos em direção à cama, sem nos desgrudarmos.
Ele me empurra e eu caio de costas no colchão macio. Vem se arrastando por cima de
mim, se encaixando entre minhas coxas, e eu as arreganho o máximo que consigo para acomodá-
lo.
— Porra! Assim! — Rosna, abocanhando meus seios juntos, os devorando.
Estremeço, quase gozando, com a sensação da sua boca em mim. Ele lambe, chupa e
roda a língua nos meus mamilos sensíveis, enquanto eu choramingo, rebolando, implorando por
mais.
Seu pau desliza fácil na minha boceta molhada, enquanto mordisca meus seios, me
fazendo perder completamente a compostura.
— Oh! Caipira....
Em um movimento rápido, ele passa o braço nas minhas costas e me vira, metendo o seu
pau grosso em mim de novo.
— Sinta o meu pau afundado em você, potranca — ele enrola e puxa meus cabelos da
nuca e vai metendo devagar.
Prendo a respiração, enquanto seu pau me rasga até o fundo. Meu corpo treme,
enlouquecido, desejoso. Grito enquanto ele bate em mim, sua pélvis se chocando na minha
bunda. Minha nossa! Ele é tão grande. Muito grande e grosso.
Seu pau se aloja em meu útero, abrindo um espaço que nunca havia sido tocado.
— Porra! Que gostosa! — Range os dentes.
— Ooh! — gemo. Sinto ele rindo na minha orelha, mordendo e chupando o lóbulo. Tira
quase tudo e volta numa estocada forte — Oh! Meu Deus! — Eu estou quase gozando com
apenas duas estocadas.
Isso é o quanto eu sou louca por esse homem.
Mauricio eleva uma perna por cima do meu quadril e me fode.
Realmente me fode como um animal.
Seu pau entra fundo, muito fundo, batendo em mim sem trégua.
Ah! Cristo! Nunca me senti assim.
Ele mete girando o quadril, tocando cada nervo necessitado da minha boceta.
Eu estou completamente esticada em volta dele. É quase doloroso, mas completamente
delicioso. Nossos gemidos e rosnados enchem o quarto. O som das nossas pélvis se chocando
tornando surreal. Ele me come esfomeado, furioso, extravasando todo o seu desejo.
— Ah! Porra! Você tem uma bocetinha tão apertada! — grunhe em meu ouvido e
desacelera os golpes, me fodendo devagar. Torturante. — Puxa mais meus cabelos, inclinando
minha cabeça para trás, meu corpo arqueando dolorosamente Seu pau me castiga num ritmo
lento.
— Eu vou ficar aqui pra sempre aqui, potranca — Sinto o caipira sorrir e meter com
força, me fazendo gritar, insana.
Eu estou completamente dominada por ele. Seu corpo grande, duro e musculoso se
chocando contra o meu, me consumindo, exigindo tudo. Sua mão desce num tapa forte na minha
bunda, me assustando, fazendo ele sorrir, um som cheio de luxúria e perversão.
— Fala que você é minha, potranca! Fale, porra!
— Oh! Sim! Porra, sim! Eu sou! — explodo.
Céus! Como eu me humilho na cama. Jesus!
O safado ri mais e lambe minha orelha. Gemo, rebolando, encontrando-o em cada
estocada brutal, deixando-me ser fodida duramente por ele. Seu aperto afrouxa na minha nuca e
sou empurrada para baixo, ficando de quatro. Suas mãos acariciam minhas costas, as unhas
arranhando minha pele e fico louca.
Eu estou quase lá.
LAVINIA COSTA
Sinto ele sorrir. Conhecedor do meu corpo, como é e desacelera de novo. Merda! Crava
as mãos na minha bunda, abrindo-me, deixando-me totalmente exposta. Fico imediatamente
tensa quando seu dedo sonda meu cu. É só uma carícia leve, fazendo círculos, mas me inquieta.
— Você quer ser fodida aqui, potranca? — ronrona, entre divertido e sacana.
Continua circulando meu orifício, enquanto mete o pau devagar em mim.
— Eu vou amar comer o seu rabinho, diaba — diz num tom tenso e cospe no meu
buraco. A próxima coisa que sinto é o seu dedo forçando passagem. Travo por um segundo com
o seu toque, mas o safado mete gostoso em mim, me fazendo amolecer novamente. Gemo, com
meu orgasmo voltando a se formar em meu ventre. Incendeio com seus rosnados. Eu com certeza
terei marcas dos seus dedos em meus quadris amanhã, mas eu não me importo. Amo sentir suas
mãos em mim.
— Por favor! — gemo de frustração quando ele para os movimentos.
— Por favor, o quê? — ri e seu dedo volta para meu cu. Antes que eu possa me preparar
enfia-o todo, me fazendo gritar. — Relaxe, potranca — ronrona em meu ouvido. Gemo. Ah!
Deus! Sua voz deveria ser ilegal de tão sexy que é. — Isso, assim. Eu vou fazer de um jeitinho
gostoso. — Vou relaxando, enquanto acrescenta outro dedo. Entra apertado, rasgando e ele volta
a meter na minha boceta que pulsa em sua volta.
Sua mão livre vai para meu clitóris e me desfaço deixando esse caipira gostoso e
indecentemente lindo e sexy, me foder como quer.
— Porra! Que rabinho lindo e apertado — grunhe, enquanto se movimenta nos meus dois
buracos. — Você vai dar pra mim? — ronrona e manipula meu clitóris habilmente — Vai me
deixar meter meu pau até as bolas e gozar bem gostoso todo enterrado nele? Vai ser tão perfeito.
Você é minha. Completamente minha, porra! — grito alto, suas palavras sujas me fazendo ficar
selvagem. Nunca me senti tão desejada, tão sexy e livre.
— Peça, diaba! Peça para eu te foder assim, bem duro! Te comer de todas as formas!
Peça, porra! — Caramba! Uma barreira se rompe dentro de mim, me transformando numa
criatura devassa e desesperada, me fazendo gritar:
— Oooh! Mauricio! Oh! Deus! Sim! Sim! Por favor, me foda! — Ele rosna e aumenta o
ritmo, me comendo impiedoso, seu pau mete na minha boceta ardente. Meu ânus sendo esticado
e fodido pelos seus dedos.
— Isso, Lavinia! — Me rasga numa estocada que me tira o ar. — Toma meu pau, porra!
Tome-o todo nessa boceta gostosa do cacete! Você é minha! — Mete furiosamente em mim e eu
me quebro gozando.
O orgasmo vem intenso me rasgando ao meio. Começa no meu ventre e se espalha por
cada célula do meu corpo. Convulsiono, gritando o seu nome, enlouquecida, entorpecida de
prazer. Agora entendo a expressão um orgasmo de tremer a terra.
Ele sai de cima de mim, me virando no colchão. Arreganha minhas coxas e mete com
tudo de novo. Eleva meus braços acima da minha cabeça, prendendo meus pulsos, enquanto o
abraço com as pernas. Seu rosto perfeito fica a centímetros do meu. Os seus olhos castanhos
fumegantes presos nos meus. Sua expressão tensa diz que está no seu limite.
— Você é tão linda! Porra! Tão linda e gostosa. — Gelo enlouquecida.
Como é possível estar me excitando outra vez, quando meu corpo ainda estava mole do
prazer sem precedentes que ele me deu?
— Sabe o que vai acontecer agora? — Chupa meu lábio inferior e o morde depois.
Arqueio as costas, abraçando-o com as pernas, tomando suas estocadas profundas que me
sacudem toda. Sua boca desce pelo meu pescoço e abocanha meu seio esquerdo.
Desliza a língua no mamilo duro, rodeia a auréola me fazendo gemer. Rosna e chupa
duramente. Seu pau batendo incansável em mim. Sua boca sobe outra vez e chupa meu pescoço,
seus lábios quentes e macios me fazendo gemer e gemer. Caralho!
— Eu vou viver dentro de você! Porra! Ah! Cacete! Que bocetinha deliciosa.... — Ruge,
sua boca voltando para a minha. Nossos hálitos se misturando. — Oohhh! Eu vou gozar! Que
gostosa.
Seus olhos me prendem, me hipnotizando. Mete mais duas vezes com golpes duros e
uiva, seus olhos não deixando os meus em nenhum momento enquanto goza dentro de mim.
Gemidos roucos escapam dos seus lábios para os meus. É a coisa mais linda e sexy que já vi na
minha vida. E eu estou pronta. Loucamente excitada outra vez. Sua boca toma a minha num
beijo lento, sua respiração ofegante. Nossos corações batendo em uníssono.
Ele solta meus pulsos e eu o puxo pelo pescoço.
Ri contra meus lábios e passa a comer minha boca. Chupando, mordiscando. Sua língua
habilidosa lambendo cada recanto da minha boca, ainda me fodendo com estocadas lentas.
Ele solta meus pulsos e puxa minhas pernas, pendurando meus tornozelos em seus
ombros, deixando a minha bunda levantada da cama.
Minha. Nossa. Senhora. Da. Bicicletinha. Que homem é esse?
Ele se afasta um pouco, com os seus olhos presos no meu rosto, selvagens e cheios de
tesão. Seus lábios estão vermelhos e entreabertos, deixando escapar gemidos sexys a cada
estocada lenta e mim.
— Você vai deixar eu comer a sua bundinha? Quero gozar bem enterrado no seu cuzinho
apertado. — O safado sai de mim e seus dedos logo encontram o caminho da minha boceta
encharcada, encontrando os nossos sucos misturados. Ele passa o dedo e logo vai de encontro ao
meu cu, forçando passagem.
— Relaxe, amor. Isso... Assim... — ronrona, enfiando um dedo todo e depois outro.
Sua mão outra mão começa a manipular o meu brotinho me fazendo relaxar, deixando-o
fazer o que quiser comigo.
O safado acrescenta um terceiro dedo, e entra mais fácil do que eu esperava.
Logo sinto a sua cabeça gorda na minha entradinha pequena. Porra! Eu tô fudida pra
aguentar essa tora toda na minha bunda. Mas contradizendo uma Lavínia sã — Porque nesse
momento eu só posso tá bem louca de fogo no rabo. — Eu quero muito experimentar isso. Quero
experimentar isso com ele.
— Me deixa entra, amor. — Ruge e vai entrando em mim, devagar. — Empurre para
fora, potranca. Isso... Assim... Deliciosa... —tirando e empurrando um pouco mais a cada vez até
que se enterra todo.
Ofegamos juntos.
Mauricio me beija, lambe, chupa e morde minhas panturrilhas que está na lateral do seu
rosto. Nunca imaginei que ele mexendo com essa parte do meu corpo seria tão gostoso.
Fica parado uns instantes e eu já estou louca para que ele se mexa de uma vez.
O safado me encara com um olhar fumegante no meu e abre um sorriso safado,
pretencioso, que sabe exatamente do que eu preciso.
Suas mãos cravam na minha cintura e ele bombeia duro.
— Oh! Mauricio... Céus... — Choramingo consumida pelo tesão.
— Tão gostosa! Porra! Você é minha, Lavínia! Minha! — Rosna, passando am e foder
sem dó, entrando até as bolas, sem dó, com elas batendo na minha bunda.
Me come esfomeado, suor cobrindo os nossos corpos.
Nessa posição, sinto-o inteiro em mim.
Seus olhos azuis, ficam presos em mim, o tempo todo me mostrando sua expressão
envolvida pelo prazer em me foder assim, me fazendo esquecer o desconforto inicial e me
fazendo me aproximar de novo do ápice do prazer.
O safado sente que estou perto de novo e mete dois dedos na minha boceta, massageando
meu clitóris com o polegar. Eu estou completamente à sua mercê. Preenchida. Sendo comida
duramente e gostando de cada segundo.
— Ah! Potranca. Eu estou tão perto! Goza comigo, amor. — Mete com força nos meus
dois buracos, de modo sincronizando, tornando impossível, não o acompanhar. Me desmancho
gritando o seu nome.
Sinto os dedos dos meus pés se enrolarem com a sensação avassaladora que toma conta
de cada célula do meu corpo. Meus olhos se enchem de lágrimas, enquanto repito seu nome
como um mantra.
— Isso, potranca! Que rabo gostoso da porra! — Ruge alto e sinto os jatos quentes do
seu gozo no meu cu ardendo. Mio, gemo, sentindo o meu orgasmo ser prolongado com ele
gozando junto comigo, enquanto continua estocando e se derramando dentro de mim. Ele joga a
cabeça para trás e as veias do seu pescoço estão grossas pelo esforço. — Você é maravilhosa...
— geme e os seus olhos castanhos voltam para mim.
Seu quadril balança, me comendo de um jeito devagar, com o seu olhar ainda preso ao
meu.
Gemidos ainda estão escapando das nossas bocas, enquanto ele beija novamente minha
panturrilha esquerda e me dá uma última estocada profunda e lenta me fazendo arquear em
surpresa.
O safado abre um sorriso lento e safado, saciado, cansado. Céus! Ele é tão lindo.
Ele sai devagar e desce as minhas pernas dormentes dos seus ombros. Se debruça sobre
mim, suas mãos vêm para cada lado do meu rosto, e eu gemo com o seu toque suave.
— Você é perfeita! — Sussurra em meus lábios.
Nossos peitos estão ofegantes e roçam um no outro. Cristo! Eu vou acabar entregando o
meu coração pra ele. Ou será que já entreguei? Acaricio seu rosto perfeito, me deliciando com a
sua barba grossa e sexy.
— Você diz isso pra todas, caipira? — Tento brincar, tentando impedir que pensamentos
impróprios de mim matando cada vadia que ele dormiu, ou arrancando esse pau delicioso fora.
Seria uma perca dolorosa. Pra mim.
— Só pra você, potranca. — Sua expressão fica séria e mais intensa.
Seu olhar viaja por cada detalhe do meu rosto, enquanto seus polegares faz o contorno
dos meus lábios em uma carícia leve e gostosa.
Puta merda! Eu tô caindo no papinho desse caipira gostoso! E tô gostando.
— O que eu tenho com você, Lavínia. Nunca tive com nenhuma outra mulher, nada
parecido. — Diz baixinho e meu coração galopa no peito.
Seus lábios tomam o meu, mas sem a sede de antes. É quase uma devoção. Um carinho.
Um acalento delicioso. Sua boca reverencia a minha em um beijo delicioso.
Empurrando qualquer pensamento intruso no momento, o abraço pelo pescoço e me
entrego a ele, no fundo, desejando acreditar que ele sente o mesmo que eu nessa nossa relação
maluca.
Gemo quando sinto o seu pau pronto para a próxima rodada, batendo contra a minha
barriga. O safado ri sem vergonha contra a minha boca me dando pequenos beijinhos.
— Acho que a gente já pode parar de brincar que se odeia, e se amar de verdade —
murmura mordiscando o meu queixo. — Namora comigo, potranca?
QUÊ? OH. MEU. DEUS. É sério isso?
Graças a Deus eu tô deitada, senão eu tinha caído dura.
— Maurício... — Levo minha mão para o seu rosto. — Já ouvi falar de chá de calcinha,
mas chá de cu é novidade pra mim.
Sem que eu consiga prever o babaca solta uma gargalhando estrondosa, e abaixa a cabeça
rindo entre nós, com a sua testa apoiada no meu ombro.
Fica alguns segundos rindo, enquanto encaro o teto tentando raciocinar sobre o que ele
disse.
— Meu Deus, Lavínia! Você é realmente maluca. — Diz ofegante, tentando controlar a
respiração.
— Já ouvi isso.
Ele respira fundo e volta a ficar sério me encarando.
— Potranca, isso aqui — faz um gesto entre nós com o dedo. — Não é só sexo, Lav. Eu
também pensei que fosse. Mas não é! Eu quero você demais! — Seus olhos me mantem presa
aos seus. — Seja só minha potranca. Sem imprensa. Sem acordo. Sem fofocas. Simplesmente,
seja minha! — Ronrona em um tom sexy e sedutor.
— Sim. — Sussurro sem conseguir me segurar.
O caipira abre um sorriso lindo que tira o meu fôlego.
Antes que eu possa dizer mais alguma coisa sua boca desce sobre a minha mais uma vez,
em um beijo delicioso.
Ainda tem uma parte do meu cérebro que grita comigo, pedindo para eu fugir dessa
cilada, pois o homem que está aqui na cama comigo é o maior cafajeste de todos, mas eu
esperançosamente a silencio, querendo apenas viver o momento, e curtir tudo isso.
Foda-se a cautela! Foda-se tudo!
MAURICIO COSTA
Eu amo demais a carreira que construí ao lado do meu irmão. A energia dos shows é
maravilhosa. Estar em cima do palco é uma das maiores realizações da minha vida. Ouvir o
público cantando as nossas músicas é surreal.
Mas não há sensação melhor do que estar em casa, no conforto do seu lar.
E agora que tenho minha potranca ao meu lado, passo contando os dias para a nossa
folga, para poder comê-la com “decência”, porque durante os shows o máximo que estamos
tendo é uma rapidinha.
Eu odeio rapidinhas.
Hoje é o último dia da turnê e tenho preparado uma coisa muito especial pra ela nos
últimos dias.
Eu não sou o escritor da dupla.
O máximo que eu faço é dar alguma ideia, mas toda a parte criativa fica com o meu
irmãozinho, depois de uma noite quente com a minha potranca, uma música linda surgiu na
minha mente e corri apressado para a escrivaninha mais próxima para anotar tudo, enquanto a
Lavinia estava dormindo na nossa cama.
As palavras vieram facilmente para o papel e em questão de minutos, um refrão estava na
minha mão.
Uma música boa pra caralho!
Olhei para a potranca esparramada na minha cama, e sabia que a minha inspiração tinha
sido ela. Apenas ela.
Essa garota vai ser a minha rendição.
Estou empolgadíssimo para fazer essa surpresa para a minha potranca.
Consegui fazer o pessoal me ajudar e ainda guardar segredo, ela nem imagina o que eu
tenho aprontado durante os ensaios para lhe surpreender.
Depois que ela finalmente aceitou ter um relacionamento sério comigo, — ao menos um
nomeado, já que ela insistia que o nosso era falso — nada me tira da cabeça que temos que fazer
esse casamento se tornar real também.
O show como sempre é espetacular, mas por ser o nosso encerramento já tem uma
pontinha de saudade.
Após cantarmos a nossa tradicional música de encerramento, olho para o Murilo e ele
acena discretamente, informando que está tudo pronto.
Quando todas as luzes se apagam, estou ofegante e com o coração disparado no peito de
ansiedade e nervoso.
O público grita sem parar para que a gente volte, como sempre acontece.
Murilo está junto a mim, no meio do palco e coloca a mão no meu ombro e me encara no
meio da escuridão. Eu só consigo enxergar o seu vulto, porque estamos muito próximos, com o
seu corpo na minha frente. Ele me passa o seu apoio em silêncio e se retira do centro do palco,
me deixando sozinho.
Um pequeno foco de luz se acende ao lado no centro do palco, apenas me iluminando.
A multidão grita enlouquecida mais uma vez, e faço um sinal com o dedo pedindo para
que todos fiquem em silêncio.
— Antes de encerrarmos essa turnê, eu gostaria de fazer uma surpresa para uma pessoa
muito especial.
Gritos e mais gritos saem da plateia, e logo fazem silêncio, que é brevemente cortado por
um grito “gostoso” vindo de algum lugar da frente do palco. Sem conseguir me controlar dou um
sorriso sacana para todos, mas continuo falando.
— Há algumas semanas, a minha vida mudou completamente, e hoje eu tenho a
inspiração que eu preciso para o resto da minha vida — olho para a lateral do palco e vejo uma
Lavinia com os olhos arregalados me encarando. — E é por isso que hoje, finalmente eu quero
apresentar ela, oficialmente pra vocês. A mulher da minha vida. Minha inspiração. Lavínia.
Estendo minha mão em sua direção, esperando, mas ela está parada me encarando, com
os seus olhos hipnotizantes vidrados no meu.
— Vem cá, potranca! — Ronrono no microfone, fazendo toda a plateia gritar
enlouquecida.
Ela caminha a passos lentos na minha direção, e eu a encontro no meio do palco a
abraçando apertado em meus braços, sentindo seu perfume delicioso.
Fixo meu olhar no seu, e com um sinal com a mão libero a banda para começar a tocar.
Matheus bate as baquetas algumas vezes e então começa a tocar lento, enquanto o resto
da banda o segue no ritmo.
Eu canto, a primeira estrofe da canção que escrevi pra minha mulher, sentindo cada
melodia. Cada sentimento que dediquei em cada linha.
MAURICIO COSTA
De pé no limite entre o píer e o gramado.
Coloco minhas mãos no bolso da calça do terno claro, um estilo country americano, e
observo mais introspectivo e emotivo do que já estive na minha vida.
Encaro a imensidão verde da fazenda toda enfeitada com flores para o meu casamento.
MEU CASAMENTO! — O oficial.
Um sorriso brota nos meus lábios em pensar em tudo o que eu e a potranca passamos
para chegar até aqui.
O seu sorriso sapeca e a sua loucura deixa o meu coração em paz. Ela me completa de
um jeito surpreendente.
— Acho que nunca vi um noivo com o olhar tão apaixonado.
A voz do Murilo me desperta junto com um toque amistoso no meu ombro, me trazendo
de volta pra realidade.
Murilo está sorridente e com o cabelo todo penteado para trás, com o terno um pouco
mais escuro que o meu. Usarmos um terno é tão raro, que confesso que me sinto um pouco
estranho, mas pela minha potranca eu sou capaz de fazer coisas inimagináveis.
Bato em sua mão que está pousada no meu ombro e nos encaramos com cumplicidade.
— Não sei explicar esse sentimento no meu peito, mano. É uma mistura louca de
felicidade, encantamento e realização. Tudo na mesma medida. Tudo o que eu sei é que eu quero
aquela potranca do meu lado para sempre. Vai ser pra sempre ela. Nunca senti algo parecido.
— Parabéns! Você está se sentindo como um noivo apaixonado. Exatamente como deve
ser. Estou orgulhoso e feliz por você. — Ele me puxa para um abraço fraternal, tomando cuidado
pra não me amassar e sorrio emocionado tentando não chorar.
— Para mano, se eu chorar aqui na frente de todo mundo eu te jogo no chiqueiro.
O palhaço ri e me dá uns tapinhas nas costas.
— A sua sorte é que eu nem vou precisar me dar ao trabalho, já que eu sei que quando
você ver a Lavinia caminhando na sua direção você vai chorar igual a um bebezão.
— Está tendo uma reunião dos homens da família e o velho aqui não foi convocado? —
A voz do meu pai me faz virar para encontrá-lo vindo na nossa direção arrumando o seu blazer.
— Eu tô bonito?
— Tá um gato pai. — Digo fazendo ele sorrir convencido.
— Murilo você já resolveu o que a Lavínia pediu?
Olho para irmão quando ele está com os olhos arregalados e balançando a cabeça para o
meu pai não falar mais nada.
— Resolveu o que? O que a potranca pediu?
— Paai — resmunga pro meu pai que só balança os ombros envergonhado.
— Fala!
— Não posso. A mãe tá do lado dela e falou que se eu falasse alguma coisa pra você eu
tomava uma coça.
— Você tá com medo da mãe? — Falo indignado com vontade de rir.
— E você não tem? — arqueia a sobrancelha na minha direção.
— É claro que eu tenho. — Sou sincero.
— Bundões. — Meu pai resmunga e nós o encaramos.
— Então me conta pai. — Provoco.
— Tá maluco? Sua mãe me dá uma coça.
Sem conseguirmos controlar nós três caímos na gargalhada.
Meu coração parece que vai sair do peito de tanto que bate acelerado.
Quando vejo a cerimonialista avisando que o casamento já vai começar, sinto que estou
suando frio.
Os padrinhos se posicionam para fazer a sua entrada, junto com os meus pais.
Estão posicionados. Murilo e Laura. Augusto e KitKat. Meu pai e minha mãe.
Eles fazem uma entrada super animada, cantando e gritando ao som de um sertanejo alto
e animado, deixando todos eufóricos com a bagunça gerada. A KitKat é a mais animada de todos
enquanto brinca e dança durante a sua entrada.
Após entrar com om eu pai, dona Rosa dá a volta e vem ao meu encontro.
Ela está deslumbrante com o seu vestido azul brilhante.
— A senhora está linda! — Elogio acariciando suas mãos delicadas.
— E você está um gato, meu fio. — Devolve o elogio sorridente. — Agora vamos, tem
uma potranca linda lá dentro esperando para se casar com o caipira outra vez.
Sorrio por ela citar os nossos apelidos e arrumo a postura para fazermos a nossa entrada.
Entro de braços dados com a minha mãe, e confesso que o nervosismo é tanto que nem
mesmo consigo olhar para o rosto dos convidados, enquanto minha mãe desfila toda sorridente
ao meu lado.
Quando chegamos ao altar, beijo a testa da minha mãe em um beijo carinhoso, fazendo
ela sorrir envergonhada e logo vai até meu pai para ficar junto dele, ao lado dos padrinhos
Arrumo meu chapéu e aprumo minha postura, sentindo meu peito disparar de ansiedade.
Cadê a minha potranca? Já era para ela estar posicionada para a sua entrada.
Nem parece que já somos casados. — Não de verdade — minha consciência me lembra.
Nas fileiras de convidados, avisto todos muito bem arrumados.
Toda nossa equipe da dupla está aqui, assim como todos os funcionários da fazenda
também, nos prestigiando nessa data tão especial para nós.
— Se prepare, mano, porque a noiva vem aí!
Eu sempre suspeitei que o que me fez me apaixonar pela minha potranca, foi a sua
loucura combinar com a minha, mas quando a vejo surgir no meu campo de visão dirigindo uma
das nossas pequenas colheitadeiras, faz o meu coração se encher de emoção e eu ter a certeza de
que escolhi a pessoa certa.
Mesmo a distância eu vejo o quanto a minha mulher é linda.
Perfeita.
— Eu amo essa mulher! — Digo hipnotizado pela visão.
Seu cabelo voa junto com o véu que está na lateral do seu corpo enquanto ela pilota a
máquina com maestria.
À medida que ela se aproxima, todo o sentimento que eu tenho por essa mulher se
intensifica.
O veículo para na entrada do caminho para o altar e seu pai que estava a aguardando a
ajuda a descer, acolhendo-a com gentileza em seu braço.
Quando eles se posicionam para começar a caminhada pelo tapete, Lavínia me
surpreende mais uma vez e coloca a música que fiz para ela, para a sua entrada.
Com a emoção explodindo no peito, percebo a lágrima quente escorrendo pelo meu rosto
e me sinto totalmente rendido pela minha potranca.
Eles chegam até mim, tão emocionados quanto eu. Meu sogro segura a emoção, mas
percebo o quanto ele está emocionado.
Minha potranca está vermelha e levemente trêmula, enquanto seus olhos estão cheios de
lágrimas contidas.
O senhor Mario toca a mão da Lavinia com cuidado, trazendo-a para mim e me encara
com um olhar sério.
— Eu não tenho dúvidas de que você ama a minha filha e é por isso que eu a confio a
você. A proteja e a ame, pelo resto da sua vida.
— Eu te prometo, senhor. — Respondo sério. Ou o mais sério que eu consigo, pois estou
fungando igual a um garotinho.
Ele sorri e me puxa para um abraço emocionado.
— Bem-vindo a família, meu filho.
Finalmente ele me entrega a mão da minha potranca e eu tento secar minhas lágrimas
com a outra mão.
— Nunca me imaginou assim tão chorão, né? — Encaro seus olhos hipnotizantes e beijo
sua testa com carinho, admirado com toda a sua beleza. — Você está espetacular!
Ela sorri, linda, e o ato faz com que uma lágrima deslize pela sua pele macia. Limpo sua
lágrima e deslizo os dedos pela sua bochecha, acarinhando seu rosto.
— Você também está muito lindo.
— Amei a sua entrada. — Falo realmente admirado pela sua escolha.
— Ah! Sobre isso nós precisamos conversar, marido. — Ela se vira e encara meu irmão
que está ao nosso lado, e finge olhar para o outro lado, desviando do olhar da minha potranca. —
Eu queria entrar de trator, mas surpreendentemente todos os tratores da fazenda estavam
quebrados. — Fuzila meu irmão com o olhar, que olha pra minha cara e ri. — Preocupante isso,
hein, marido. Tem que fazer uma manutenção nos equipamentos da fazenda.
Fico com o cenho franzido olhando minha mulher até que não consigo segurar e solto
uma gargalhada.
— Mas minha sogrinha me ajudou sugerindo a colheitadeira pequena da fazenda. —
Continua a explicação e fala orgulhosa, mandando um beijinho pra minha mãe que retribui
sorridente.
— Você e maluca, potranca. — Falo rindo e a abraçando apertado.
— Eu sabia que você iria amar. — Fala orgulhosa.
— Eu amei sim. — Falo segurando seu rosto. — Mas amo ainda mais você.
Passo meus braços pela sua cintura, tomando cuidado para não puxar o véu e tomo a sua
boca sem me importar com qualquer protocolo.
Ela ri contra os meus lábios e retribui o meu beijo afoito.
Os convidados gritam e o padre faz um barulho limpando a garganta.
— Ainda é cedo para beijar a noiva, meu filho. — O senhor de batina fala com a voz
branda. — Espera só mais um pouquinho.
Afasto-me sorrindo dos lábios da minha potranca e ela limpa levemente os meus lábios,
provavelmente de batom, enquanto pego sua mão nos posicionando na frente do reverendo.
Simpático, ele cumprimenta a todos e começa a cerimônia.
Suas palavras são lindas e acolhedoras, falando sobre a construção de uma família,
companheirismo e amor.
Chega a hora da entrada das alianças e começo a me emocionar de novo quando vejo
meus sobrinhos se aproximando pelo tapete.
Seguro firme as mãos da Lavinia entre as minhas e observo cada detalhe deles entrando.
Miguel está com um terno igual ao meu, enquanto Mel está com a réplica do da Lavinia.
Ambos andam devagar, segurando uma plaquinha que tá escrito: “Lavinia domou o coração do
nosso tio cafajeste”
As gargalhadas soam alto com a escrita, assim como eu e ela rimos também.
Eles param próximos de nós, e nos abaixamos para recebê-los com abraços e beijos.
Abraço ambos, sentindo minhas lágrimas voltar a escorrer, com a emoção no meu peito a
mil.
— Aqui, tio. — Miguel me entrega o embrulho delicado. Já tinha me esquecido das
alianças.
— Obrigado, campeão. — Bato a mão aberta na sua, fazendo um high five.
As crianças se juntam ao meu irmão e cunhada e me levanto, ajudando Lavinia a fazer o
mesmo.
Quando estamos em pé novamente, limpo seu rosto outra vez, e logo pego as alianças do
embrulho.
Decidimos guardar as alianças antigas, até porque elas eram enormes, mas elas estão bem
guardadas, pois valorizamos a importância delas na nossa união. No entanto eu tinha mandado
fazer outras com pontinhos por elas, simbolizando os pontos dos dados, um símbolo que apenas
nós vamos entender.
Lavinia pega o microfone para fazer os seus votos e me encara de um jeito carinhoso.
— Caipira, jamais imaginei que a nossa relação se tornaria algo tão intenso, como é o
que eu sinto por você. Você me mostrou o homem grandioso que é, e me colocou no centro do
seu mundo, fazendo eu me sentir única e especial. Quero você ao meu lado, para
compartilharmos momentos inesquecíveis juntos, fazermos todas as loucuras que quisermos,
porque somos loucos e apaixonados. Receba esta aliança como prova do meu amor e de tudo o
que sinto por você. Eu te amo, hoje e sempre. — Desliza o anel pelo meu dedo anelar e toca seus
lábios no meu em um beijo delicado.
Seguro a emoção para não cair em uma choradeira sem fim, e recebo sua aliança para
começar os meus votos.
Seguro sua mão entre a minha e começo:
— Potranca, por você eu mudei o rumo da minha vida. Você chegou como um furacão,
mudando tudo de lugar, fazendo mudanças que eram necessárias, mas sem nunca buscar por uma
mudança minha, mas melhorei por você e quando vi, já estava rendido aos seus pés. Sou
privilegiado em ter uma mulher como você ao meu lado. Receba esta aliança como prova do meu
amo e de tudo o que sinto por você. Eu te amo para sempre, minha potranca!
Sem me controlar, enfio a mão na sua nuca, centrado no seu rosto lindo, curvo seu corpo
para trás, arrancando gritos e aplausos de todos e lhe dou um beijo apaixonado. Daqueles de
cinema.
Essa mulher foi feita para mim.
Minha potranca!
TRÊS ANOS DEPOIS
LAVINIA COSTA
O Sol está brilhante no céu azul e quente da fazenda.
Depois que tive os bebês, tenho evitado acompanhar os meninos nos shows, preferindo
ficar mais na fazenda.
Esse lugar me traz tranquilidade.
Estou embaixo de uma gigante árvore no jardim, colocando os gêmeos para tirar a soneca
da tarde.
Benjamin está no carrinho e já ressona tranquilamente, enquanto tento colocar o seu
irmão gêmeo para dormir.
Artur é bem mais agitado que o irmão, além de ter o seu próprio reloginho.
Foi uma imensa surpresa quando descobri que estava grávida de gêmeos.
Eu e o Mauricio já não estávamos nos prevenindo a alguns meses, então já aguardamos
ansiosos a gestação, mas quando descobrimos ser gêmeos, quase caímos pra trás.
Apesar do choque inicial a alegria a alegria se sobrepôs e os meus filhos vieram lindos e
saudáveis.
Ambos os meninos são cópias do pai, o que deixa muito orgulhoso para variar.
Ouço um bip vindo do meu celular e vejo que é uma mensagem da Laura, me lembrando
do nosso encontro de quando ela voltar de viagem com o Murilo.
Ela agora está em viagem de lua de mel, apenas os dois.
Confirmo, colocando um emoji com uma carinha sorrindo e um coração.
O nosso encontro consiste em nos juntarmos na casa de uma das duas, e comermos até
encher, enquanto falamos de tudo e nada ao mesmo tempo. Como nos velhos tempos.
E claro, o marido sai e vai pra casa do irmão. Assim temos a casa só pra gente, para
fofocarmos à vontade.
Há momentos que eu tenho que me virar em duas pra dar conta dos gêmeos, mesmo que
eu tenha o Mauricio que é extremamente presente na criação deles e a minha sogra para me
auxiliar. Ter dois filhos pequenos em casa não é uma tarefa fácil, mas é gratificante.
Sempre que encaro os rostinhos dos meus nenéns, sei que vale a pena cada momento.
Vejo Mauricio vindo na minha direção.
Ele está usando uma calça jeans, que molda perfeitamente as suas coxas largas, —o que o
deixa gostoso pra um cacete — Uma camiseta marrom, que está molhada de suor, evidenciando
ainda mais os seus músculos definidos.
Salivo com a visão delicioso do meu marido.
Ele deve estar fazendo algum reparo na fazenda, ou qualquer coisa que exija algum
esforço físico, já que esse homem não consegue ficar parado.
Vejo que se força um sorriso presunçoso nos seus lábios.
O traste sabe que está sendo analisado.
— Gosta do que vê, potranca? — Ele se inclina na minha direção e sela os nossos lábios
de forma lenta e sedutora.
O seu cheiro é fresco, apesar do suor e isso faz com que eu me lembre as suas outras
atividades físicas que o deixam no mesmo estado.
Adoro apertar os seus músculos quando estão suados enquanto fazemos um amor
gostoso. É delicioso.
— Até que é algo interessante de se ver, caipira. — Provoco mordendo os lábios.
Malicia brilha no seu olhar, misturado com desejo.
— Eu também gosto muito do que vejo. Na verdade, gosto tanto que vim aqui pra uma
coisa — o safado sussurra com o típico linguajar safado, que faz as minhas calcinhas se
desfazerem. — Acho que vou precisar de uma ajudinha no banho.
— Uhn... Lamento te desapontar, caipira, mas o Artur está quase dormindo.
Quando olho para baixo, encontro um sorriso banguela, acompanhada com olhinhos
castanhos que encaram o pai.
— Olha só. Você despertou ele, agora vai colocar ele pra dormir. — Digo emburrada, já
que já está atrasado pra ele dormir, pois quando o Benjamin acordar vai tudo virar um caos.
Se o Ben acordar antes do irmão dormir, o Artur vai ficar irritado porque não vai ter
dormido, e o Ben vai querer atenção do gêmeo, todinha pra ele. Enfim, o caos vai estar
instaurado.
Artur começa a dar uns gritinhos e suspende os bracinhos gordinhos e começa a
espernear no meu colo querendo pular para o colo do pai.
— Vem cá, filhão. É hora da soneca, rapaz. Precisa deixar a mamãe descansar. — Fala de
um jeito doce. Tem como eu me derreter mais por esse homem? — Eu vou precisar dela bem
disposta mais tarde. — Pronto. Já estragou toda a fofurice entrando no modo cafajeste.
Ele sai com o nosso filho nos braços, acalentando para um possível cochilo, então
resolvo levar o Ben para o nosso quarto.
A noite está estrelada. Observo o céu escuro e cheio de pontos brilhantes.
A brisa é suave com cheiro de mato invade as minhas narinas e sinto uma felicidade
ímpar me tomar.
Estou usando uma saia longa e leve, junto com um cropped de manga curta.
Depois de me certificar que os meus pequenos estão dormindo tranquilamente e deixar
avisado a babá noturna que estou saindo, vou em direção ao lago, onde o meu caipira está me
esperando.
O lugar está repleto por tochas de bambu, no caminho até o píer, onde Mauricio está
parado, os pontos iluminados estão lindos dando um todo um charme romântico pro momento.
Uau.
Ouço uma música suave preenchendo o lugar e avisto uma fogueira pequena próximo a
uma árvore.
A lua está linda e parece que beija o lago à nossa frente. Noto que Mauricio coloca as
mãos nos bolsos da bermuda que está usando, deixando o seu belo bumbum durinho em
evidência.
— Vai ficar só olhando de longe, potranca?
Caipira! Como ele percebeu que eu já tinha chegado? Eu nem fiz barulho.
— Ah! Como você sabia que eu já tinha chegado? Eu nem fiz barulho.
O gostoso se vira e me encara com um olhar brincalhão levantando a sobrancelha em
seguida. Ele está tão lindo, que ainda sinto o meu coração disparar, mesmo após tantos anos
juntos.
— Eu sinto o seu cheiro em qualquer lugar.
— Tá falando que eu to fedendo? — Tento brincar, sorrindo. Ele sorri de volta, mas logo
fica sério de novo.
— Não. Cheiro da minha mulher. — O seu tom de posse faz a minha pele se arrepiar.
Sinto as minhas bochechas quentes, e posso apostar que estão vermelhas, já que vejo pelo
olhar do Mauricio que ele gostou de me deixar assim.
Ele abre os braços pra mim e eu não tenho como resistir ao seu convite delicioso.
Em poucos segundos já estou envolvida pelos seus braços quentes e calorosos.
— Agora é a hora que você fala que eu sou a mulher da sua vida? — Provoco-o
— Mas ainda existe alguma dúvida? Pelo jeito estou falhando na minha missão.
— Sem dúvidas! Mas gosto de ouvir sempre.
— Pensei que quando eu te comia com força, e te deixo saciada em meus braços todas as
noites, já tinha a resposta, potranca.
— Ah, traste! Assim não vale. — Dou um beliscão na sua costela, ainda sem descolar
minha cabeça do seu peito.
Ele gargalha e me aperta mais para si.
— Foi necessário uma onça brava aparecer na minha frente, para eu entender que tudo o
que eu tinha não era nada, e que apenas ela era o que eu precisava na minha vida.
— Uma onça brava, é? — Apoio meu queixo no seu peito, olhando-o de cima pra baixo.
Ele abaixa o rosto e beija minha testa de forma lenta e delicada.
— Eu te amo, Lavínia. — Declara por fim.
Sinto que o meu coração vai explodir no peito.
Eu estou apenas implicando com ele, já que ele diariamente ele se declara pra mim, seja
por ações, palavra ou em suas canções, mas todas as vezes, a sensação é a mesma.
— Eu também te amo, Mauricio. Você é o único homem no dono do meu coração. —
Encaro seus olhos castanhos. — Já que os outros dois ainda são nenéns.
— Tudo bem. Eu posso dividir o seu coração com eles. — Ele sussurra de encontro ao
meu ouvido com a sua voz rouca e brincalhona.
— Quem diria que o maior cafajeste estaria aqui se declarando, não é mesmo?
— Só você. Só por você. Você foi a minha rendição, Lavinia!
Ele volta a me encarar e vejo seus olhos tomados de desejo e toco seus lábios
delicadamente com os meus, desejando no meu íntimo que todo esse sentimento que temos
venha a se multiplicar.
Sei que nem sempre o nosso relacionamento será um mar de rosas, mas peço a Deus que
tenhamos sabedoria para lidarmos com tudo da melhor forma possível, e que fiquemos sempre
juntos.
MAURICIO COSTA
Ter a minha potranca nos braços é uma sensação inexplicável.
Quem diria que a onça brava que eu encontrei no trânsito, iria me seduzir e me roubaria
para ela, pra sempre?
O cafajeste que não perdoava um rabo de saia que passasse na sua frente, hoje está aqui,
abraçado com o seu mundo em forma de gente, que lhe deu de presente duas miniaturas de si. O
que mais eu quero pra minha vida?
Lavínia é isso! O meu mundo! Ela é perfeita. Simplesmente perfeita.
Ela me encara com os seus olhos ardentes, me deixando louco.
Eu estou sempre louco por essa mulher.
— Que cara é essa?
— Cara de um homem louco para saborear a sua mulher deliciosa.
— Saborear? Essa é novidade. — Pergunta sorrindo, ainda apoiada com o seu queixo no
meu peito.
— Estou tentando ser romântico por aqui, mas para que as coisas fiquem claras, eu estou
louco pra te comer Lavínia. Louco! — Admito sem constrangimento nenhum.
Eu a quero de todas as formas.
Meu desejo é de marcar cada parte do seu corpo maravilhoso.
Meu pau endurece, já vibrando dentro da bermuda, só por imaginar as loucuras que vou
fazer com a minha deliciosa esposa.
Lavínia não se faz de desentendida e logo observo o seu sorriso brincalhão se transformar
com um ar malicioso e os seus olhos azuis brilharem de desejo.
Sem devora ataco seus lábios, aprofundando o beijo, insiro avidamente a língua em sua
boca, saboreando-a, reverenciando-a e expondo abertamente o meu desejo sobre ela, como um
animal, quero me deliciar no seu corpo moldado para a minha perdição.
Estou faminto pelo seu sabor. Estou sempre assim. Pareço um sedento por água, e
quando encontro a fonte quero me saciar da minha sede mais voraz.
Deslizo minhas mãos possessivas pela sua pela nuca e macia das costas, e sinto-a
imediatamente vibrar e gemer na minha boca.
Alcanço o seu rabo delicioso, empinado e redondo, que é sempre a minha perdição, e
aperto a sua carne macia entre os dedos.
Lavínia se afasta um pouco, apenas para me encarar com uma cara fingida de brava.
— Safado! Você me trouxe aqui só pra isso? — Finge indignação.
Sorrio da sua falsa indignação.
— Prometo que vou fazer bem gostoso. — Ronrono de forma sedutora. — Mas hoje eu
vou deixar você com o meu cheiro em toda a sua pele, e você vai amar a sensação de estar
marcada por mim.
Ela olha para trás e encara a fogueira, onde mais atrás tem uma tenda para nós.
— Pelo jeito você pensou em tudo. — Me encara com o olhar semicerrado, e volta a
encarar o cenário romântico que preparei para nós.
Percebo sua bochecha ruborizar, deixando-me ainda mais louco por imaginá-la de quatro
sobre a grama macia enquanto a reivindico ali mesmo.
— Eu trouxe tudo. Lubrificante, preservativos.... — Pisco um olho de forma suave e
malicioso.
— Se você me deixar sem andar amanhã eu te castro. — Ela rosna.
— Eu não faria isso, potranca. — Sorrio para o seu charme.
Lavínia nos últimos anos começou a curtir o sexo anal, então hoje não é uma coisa que a
surpreenda.
Ela se afasta de mim lentamente e eu já entendo a sua intenção.
— Ah! Antes você vai precisar me pegar, marido, e talvez, quem sabe, vou pensar sobre
a sua recompensa. — Ela diz e começa a correr pelo gramado.
Ouço a sua risada leve e descontraída, e sem demora avanço em sua direção.
Não demora muito, em poucas passadas, logo alcanço a minha mulher e aperto-a em
meus braços.
— Nunca provoque um touro bravo, potranca. — Ergo-a sobre um dos meus ombros, e
lasco um tapa gostoso no seu traseiro delicioso, levando-a direto pra tenda.
— Hei! — Ela geme ao sentir o segundo tapa na sua bunda. —Isso não vale. Você foi
muito rápido.
— Eu sempre vou ser rápido para ter você nos meus braços. — Digo enquanto deposito-a
no colchão dentro da tenda.
Sinto os seus dedos suaves contornar os meus músculos do peito, de forma lenta e
sensual.
— Então me faça sua, meu cafajeste! — Ela sorri de forma maliciosa e gostosa.
Tomo seus lábios com intensidade e sou recompensado pelo seu rosnado suave de pura
excitação.
Sem demora, nos perdemos no fogo ardente da paixão.
Em um determinado momento da nossa noite, com os nossos corpos entrelaçados, suados
e saciados, o olhar da Lavínia se encontra com o meu e um sorriso meigo contorna o seu rosto
lindo e satisfeito.
Diacho! O que vejo em seus olhos azuis é somente um espelho do amor inestimável que
tenho por ela.
Amo demais essa mulher, a minha família.
Eles são a minha base. O meu tudo.
A minha potranca não me mudou, ela me fez um homem melhor!
Caro leitor, se você chegou até aqui e sentiu o coração aquecer em algum momento, ou
surtou e se emocionou junto com o Maumau e a Lav, não deixe de avaliar na Amazon.
Quero deixar aqui o meu agradecimento aos que chegaram até aqui, e estão me
acompanhando pela primeira vez, obrigada pelo carinho e espero encontrá-los novamente.
Me sigam:
@ refigueiredo_autora
Beijos, Re Figueiredo.
Santiago – Amor em alta velocidade
Heitor Santiago é um piloto profissional de corridas de moto, conhecido mundialmente
e vencedor do último Moto GP. Ele está em sua melhor fase na carreira, vivendo a vida que
sempre sonhou, tendo qualquer mulher que quiser na sua cama, sendo um homem muito
desejado entre as mulheres.
Elena Taylor é uma garota inocente e sonhadora, que sempre viveu no interior, mas há
alguns anos mora na capital, após ganhar uma bolsa de estudos. Passa metade de seu dia
estudando, e o restante do tempo trabalhando para sustentar a si e a sua irmã mais nova, que cria
desde o falecimento da avó. As duas são muito unidas, já que são a única família uma da outra. A
única preocupação de Elena é a criação de sua irmã já adolescente e concluir seus estudos para
começar a carreira de arquiteta que tanto almeja.
Eles eram opostos;
Ele a salva de um assalto;
Ela é tímida, ele é Badboy;
Ela é invisível, ele é famoso e desejado;
Ela é inexperiente, ele tem uma mulher por noite em sua cama;
Os dois sempre acharam que o AMOR era uma história para fazer criança dormir, mas
quando o sentimento entre eles aumenta, o que mais pode ser? Eles irão lutar contra ou a favor
desse sentimento? Irão se entregar ao desejo? Irão viver esse amor?
Este livro contém uma história única.
Não recomendado para menores de 18 anos.
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DOM – Meu mercenário
Dominic Parker é conhecido por ser um homem cruel com os seus inimigos e leal aos
amigos, mas também é repleto de segredos e traumas de um passado sombrio e trágico.
Após anos prestando serviço militar, se tornou mercenário junto à sua equipe, e é
considerado um dos melhores da área, implacável.
Porém, tudo muda quando ele sofre uma emboscada e o seu caminho se cruza com o de
Melissa.
Melissa Schultz sempre foi uma menina rica, que todos julgavam como privilegiada e
mimada, mas, por trás de toda fachada, existe uma jovem triste e solitária que sofre com a
indiferença de quem deveria amá-la. Obrigada a cumprir regras com as quais discordava, se
afastou de família tóxica e saiu em busca de sua independência.
Quando ela encontra um homem muito ferido ao lado do seu carro, não imagina quanta
mudança isso trará para a sua vida, muito menos a atração visceral que os envolverá.
De mundos opostos, ele é atraído pelo brilho daquela que o salvou.
A aproximação entre os dois logo se transforma em uma paixão intensa.
Duas pessoas moldadas ao abandono e a falta de carinho, serão capazes de descobrir o
amor juntos?