Ramal da Figueira da Foz
Ramal da Figueira da Foz | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
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Apeadeiro de Costeira (PK 11,5), em 2007. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Comprimento: | 50,4 km | |||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Bitola: | Bitola larga | |||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
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O Ramal da Figueira da Foz, igualmente conhecido como Ramal de Pampilhosa, e originalmente como Linha da Beira Alta (em conjunto com o troço de Pampilhosa a Vilar Formoso), é uma ligação ferroviária desactivada, situada no centro-oeste de Portugal. Ligava a estação de Figueira da Foz (que é também término da Linha do Oeste) à estação de Pampilhosa, na intersecção da Linha do Norte com a Linha da Beira Alta, numa distância total de 50,4 quilómetros.
Construída pela Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses da Beira Alta, esta linha foi inaugurada em 3 de Agosto de 1882[1][2] e foi explorada por aquela companhia até 1947, ano em que a exploração foi transferida para a CP. Em 1992, este troço ferroviário foi destacado da Linha da Beira Alta e renomeado como Ramal da Figueira da Foz.[3]
O tráfego no Ramal da Figueira da Foz foi suspenso em 5 de Janeiro de 2009, por motivos de segurança[4][5][6][7] e para a realização de obras de modernização.[8][9][10][11] No entanto, não foram concluídas quaisquer obras,[12][11][13] tendo o serviço rodoviário de substituição sido encerrado em 1 de Janeiro de 2012[14] e a remoção física da via sido iniciada em 2013.[15]
Caracterização
[editar | editar código-fonte]Percurso
[editar | editar código-fonte]Este ramal apresenta cerca de 50 quilómetros de extensão, unindo a cidade de Figueira da Foz à Pampilhosa[4], onde se ligava às Linhas da Beira Alta e do Norte.[16][17] Passa pelos concelhos de Mealhada, Cantanhede, Montemor-o-Velho, e Figueira da Foz.[16]
Obras de arte
[editar | editar código-fonte]O Ramal apresenta várias obras de arte, como o Túnel de Alhadas.[16]
Material circulante
[editar | editar código-fonte]Das automotoras que cumpriram serviço neste ramal, destacam-se a Série 0300, a Série 0350 e, em caso de avaria das mesmas, a Série 0450 dos Caminhos de Ferro Portugueses.[18]
História
[editar | editar código-fonte]Planeamento, construção e inauguração
[editar | editar código-fonte]Em 3 de Agosto de 1878, foi assinado um contrato entre o Governo Português e a Société Financière de Paris, para a construção e exploração de uma ligação ferroviária entre Pampilhosa e Vilar Formoso; para este fim, foi formada a Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses da Beira Alta.[2]
Já nesta altura, se ponderava continuar a Linha da Beira Alta da Pampilhosa até à cidade de Figueira da Foz, de forma a poder escoar os produtos daquela linha através do seu porto marítimo; no entanto, este projecto entrava em conflito com as pretensões da Companhia Real dos Caminhos de Ferro Portugueses, que também estava a planear uma ligação à Figueira da Foz, como tinha sido estipulado num contrato de 14 de Setembro de 1859.[2]
Mesmo assim, foi aberto o concurso para o troço entre a Pampilhosa e a Figueira da Foz, tendo a Companhia da Beira Alta requerido apenas metade do subsídio governamental que tinha sido oferecido à Companhia Real, e, em 30 de Agosto de 1879, prescindiu totalmente dos apoios estatais.[2] A Junta Consultiva das Obras Públicas autorizou, assim, este projecto, tendo o contrato provisório sido assinado no dia 31 de Outubro; este documento foi apresentado às cortes em 19 de Janeiro de 1880 e imediatamente aprovado, tendo sido promulgado por uma lei de 31 de Março.[2] As obras deste ramal iniciaram-se oficialmente em 10 de Agosto desse ano.[1] A Companhia Real ainda apresentou uma reclamação, que foi indeferida pelo Tribunal Arbitral em 7 de Outubro do mesmo ano.[2]
O primeiro troço da Linha da Beira Alta, entre a Pampilhosa e Vilar Formoso, foi aberto à exploração, de forma provisória, em 1 de Julho de 1882; a ligação entre a Figueira da Foz e a Pampilhosa foi inaugurada oficialmente, junto com o troço já aberto, no dia 3 de Agosto do mesmo ano, sendo, assim, considerada completa a Linha da Beira Alta.[1][2] A cerimónia contou com a presença do rei D. Luís.[19]
Este ramal melhorou consideravelmente as relações da Figueira da Foz com as Beiras e Espanha, tendo contribuído decisivamente para o aumento das actividades turísticas na época balnear[20]; facilitou, igualmente, o transporte de mercadorias de e até à Figueira da Foz, que até aí era realizado principalmente pelo Ramal de Alfarelos.[17] Com efeito, possibilitou uma maior penetração dos produtos daquela cidade, nomeadamente o sal, carvão, cal e peixe, em todo o país, especialmente nas Beiras, e em Espanha.[17] No entanto, entrou em concorrência com a cabotagem costeira[17], tendo contribuído para o declínio da actividade marítima.[21]
Transição para a Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses
[editar | editar código-fonte]Em 2 de Maio de 1930, foi assinado um contrato de trespasse, que estipulava a transição da exploração e do material circulante da Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses da Beira Alta para a Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses; no entanto, só em 28 de Fevereiro de 1946 é foi executada a escritura, para a transferência da exploração.[22]
Século XXI
[editar | editar código-fonte]Em 2007, esta ligação foi alvo de vários investimentos, nomeadamente num parque industrial junto à Pampilhosa, na supressão de passagens de nível, na Estação de Cantanhede, e no rebaixamento do Túnel de Alhadas.[16]
Em 5 de Janeiro de 2009, o ramal foi totalmente encerrado ao tráfego ferroviário pela Rede Ferroviária Nacional por «motivos de segurança»,[4][5][6][7] devido à antiguidade dos carris utilizados na maior parte do percurso.[16] Em substituição dos serviços ferroviários, iniciaram-se várias carreiras de autocarros; estes apresentavam uns horários mais apropriados às necessidades das populações dos que os comboios, cujos horários, no final, já não se adequavam à procura.[5] Previa-se que o investimento necessário para a remodelação do ramal seria de cerca de 35 milhões de Euros.[7] Ainda em inícios de 2010, autarcas da região exigiam já garantias que as obras e a reabertura teriam efetivamente lugar.[23]
Iniciaram-se, assim, as obras de modernização, prevendo-se, em 2009, a reabertura para 2011; no entanto, os trabalhos foram suspensos[16], pelo que, em Janeiro de 2011, o Bloco de Esquerda questionou o Governo sobre os prazos de execução da obra.[4]
Em Maio, um grupo de trabalho da Assembleia Municipal de Mealhada organizou um debate público, para promover a modernização e reabertura deste ramal, defendendo que traria um maior desenvolvimento económico à região, e beneficiaria as populações; por outro lado, o comboio também era utilizado para o acesso às praias, o que prejudicou o movimento durante a época balnear.[16] Em termos de movimento de mercadorias, argumentou-se que este eixo facilitaria o transporte de carga do Porto de Figueira da Foz para a Europa e o resto do país, seria essencial à então projectada plataforma logística rodo-ferroviária na Pampilhosa, uma vez que permitia o acesso ao porto[16][5], e beneficiaria a zona industrial de Cantanhede.[7]
A requalificação e reabertura deste ramal também foi discutida em Setembro, numa reunião em Mira, que envolveu representantes do Partido Socialista, Partido Nacional Renovador, Partido Comunista Português, Bloco de Esquerda, e do PCTP/MRPP.[7] O Partido Nacional Renovador realizou, em 2011, uma campanha de sensibilização nas localidades anteriormente servidas por este caminho de ferro.[6]
Em Dezembro do mesmo ano, a operadora Comboios de Portugal anunciou que, devido à suspensão do processo de reabertura desta ligação, iria terminar os serviços alternativos, por via rodoviária, a partir do dia 1 de Janeiro de 2012.[14] Em março de 2012 a quase totalidade do ramal («entre a Estação da Figueira da Foz e o km 48,470») foi removida formalmente, pela entidade reguladora, da rede em exploração.[24]
Em Março de 2013, a Rede Ferroviária Nacional começou a levantar os carris e as travessas da via neste ramal, argumentando que esta era a melhor forma de proteger os seus activos, face às várias tentativas de roubo que foram feitas.[15]
Ver também
[editar | editar código-fonte]Referências
- ↑ a b c ARROTEIA, p. 100
- ↑ a b c d e f g TORRES, Carlos Manitto (16 de Março de 1958). «A evolução das linhas portuguesas e o seu significado ferroviário» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 71 (1686). p. 133-140. Consultado em 6 de Abril de 2017
- ↑ PORTUGAL, Decreto-Lei nº 116/92, de 20 de Junho de 1992. Altera os Estatutos dos Caminhos de Ferro Portugueses, E. P. (CP). Diário da República, Série I-A de 1992-06-20, v. 140/1992, p. 2905.
- ↑ a b c d «BE quer obras em ramal ferroviário encerrado». Jornal de Notícias. 123 (220). Controlinveste Media SGPS, S. A. 7 de Janeiro de 2011. p. 19. ISSN 0874-1352
- ↑ a b c d FRANKLIN, Agostinho (27 de Maio de 2011). «Ramal entre Figueira da Foz e Pampilhosa "pode ser rentável"». As Beiras. Consultado em 26 de Maio de 2012
- ↑ a b c «PNR defende ramal ferroviário da Pampilhosa». Correio da Manhã. 4 de Setembro de 2011. Consultado em 26 de Maio de 2012
- ↑ a b c d e «Ramal ferroviário Pampilhosa-Figueira da Foz debateu-se em Mira». Notícias Ribeirinhas. 30 de Setembro de 2011. Consultado em 26 de Maio de 2012[ligação inativa]
- ↑ «Ramal da Figueira da Foz – Esclarecimento». REFER. 14 de Janeiro de 2009. Consultado em 16 de Janeiro de 2020
- ↑ Cipriano, Carlos (15 de Janeiro de 2009). «Refer promete modernizar a linha Figueira da Foz-Pampilhosa mas não aponta prazos». Público. Consultado em 16 de Janeiro de 2020
- ↑ Fonseca, Carina (6 de Janeiro de 2009). «Ramal Figueira da Foz/Pampilhosa causa polémica». Jornal de Notícias. Consultado em 16 de Janeiro de 2020
- ↑ a b Cipriano, Carlos (8 de Julho de 2010). «Refer trava a fundo e reduz investimento de 800 para apenas 200 milhões de euros». Público. Consultado em 16 de Janeiro de 2020
- ↑ Cipriano, Carlos (16 de Outubro de 2009). «Linha Figueira da Foz-Pampilhosa fechou em Janeiro e ainda não entrou em obras». Público. Consultado em 16 de Janeiro de 2020
- ↑ «Autarquia de Cantanhede não abdica da reabertura do ramal da Pampilhosa». Porto Canal. 27 de Dezembro de 2013. Consultado em 16 de Janeiro de 2020
- ↑ a b MADEIRA, Paulo Miguel (17 de Dezembro de 2011). «CP encerra linhas do Leste e Beja-Funcheira a 1 de Janeiro». Público. Consultado em 18 de Dezembro de 2011
- ↑ a b CIPRIANO, Carlos (29 de Março de 2013). «Refer levanta carris na linha Figueira-Pampilhosa que valem 960 mil euros. Autarcas da zona protestam». Público. Consultado em 18 de Abril de 2013
- ↑ a b c d e f g h «Transportes: Reabertura de ramal ferroviário entre Pampilhosa e Figueira da Foz defendido em debate público». SIC Notícias. 26 de Maio de 2011. Consultado em 26 de Maio de 2012[ligação inativa]
- ↑ a b c d Arroteia, p. 23
- ↑ BRAZÃO, Carlos (1992). «CP Automotor». Madrid: Resistor, S. A. Maquetren (em espanhol). 2 (8). 29 páginas
- ↑ ARROTEIA, p. 24
- ↑ ARROTEIA, p. 52, 53
- ↑ ARROTEIA, p. 43
- ↑ «Cronologia». Comboios de Portugal. Consultado em 25 de Maio de 2012
- ↑ André Jegundo: “Municípios querem garantias de que o ramal Pampilhosa-Figueira da Foz vai reabrir” Público (2010.01.20)
- ↑ 58.º Aditamento à Instrução de Exploração Técnica N.º 50. IMTT, 2012.03.03. («Distribuída pelo 58.º aditamento»)
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]ARROTEIA, Jorge Carvalho (1985). Figueira da Foz. A Cidade e o Mar. Coimbra: Ministério da Administração Interna - Comissão de Coordenação da Região Centro. 113 páginas
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- «Página oficial da Rede Ferroviária Nacional»
- «Galeria de fotografias do Ramal da Figueira da Foz, no sítio electrónico Transportes XXI»