Aulas Português - Arquivos

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UNIDADE 1 - Texto introdutrio Variao lingustica Ao usarmos uma lngua, sabemos que h mais de uma maneira de dizer a mesma

coisa. Ns sabemos, por exemplo, que podemos dizer algo de modo mais formal ou informal. Sabemos se uma pessoa da Bahia ou do Rio Grande do Sul, do Brasil ou de Portugal, apenas observando a maneira como ela fala. Em outras palavras, a lngua sofre variaes, que esto condicionadas a vrios fatores. O uso da lngua de uma maneira ou de outra depende, sobretudo, de fatores geogrficos, socioeconmicos, da faixa etria, do maior ou menor grau de formalidade e mesmo do sexo dos falantes. Assim, as palavras farol, sinal e semforos constituem exemplos de variao geogrfica da lngua portuguesa falada no Brasil. A ausncia de concordncia verbal na frase eles foi embora, por exemplo, caracteriza a fala de pessoas com baixa escolaridade normalmente pertencentes s classes econmicas menos privilegiadas financeiramente. Quando se ouve sem essa, vi! sabemos tratar-se de um jovem. Observa-se igualmente que falamos de maneiras diferentes quando nos dirigimos a uma pessoa hierarquicamente superior no ambiente de trabalho e quando nos dirigimos namorada ou a um filho. O termo por obsquio, por exemplo, pode ser adequado no primeiro caso, mas no segundo, seria totalmente inadequado. Apesar de a lngua em comunicao aceitar essas variaes, o padro culto da lngua tido como a modalidade que goza de maior prestgio, e a sociedade investe de poder quem o utiliza. O padro culto representa um ideal cultivado pela elite intelectual. Do ponto de vista social, a lngua padro que tem valor. Mas do ponto de vista lingustico, nenhuma variedade melhor que a outra, visto que todas tm uma organizao interna e se prestam comunicao. Assim sendo, no h julgar as formas de comunicao dos indivduos de uma sociedade como certa ou erradas, pois elas constituem uma forma de expresso de grupos pertencentes a uma sociedade. (BIZZOTTO, Lcia Helena. Redao, interpretao e produo de texto. Texto adaptado. Promove, 2004)

UNIDADE 1 - Leitura complementar Os diferentes nveis de linguagem Voc j deve ter observado que a lngua portuguesa no falada do mesmo modo em todas as regies do pas, no falada do mesmo modo por todas as classes sociais e, alm disso, passou por muitas alteraes no decorrer do tempo. Ou seja, o portugus, como qualquer outra lngua, no uma unidade homognea e uniforme. Ela poderia ser definida como um conjunto de variedades. Essa diversidade na utilizao do idioma, que implicou o surgimento de diversos nveis de linguagem, consequncia de inmeros fatores, como o nvel sociocultural. Pessoas que no frequentaram sequer a escola primria
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utilizam o idioma de modo diferente daquelas que tiveram um contato maior com a escola e com a leitura. Ainda no plano social, importante observarmos as diferenas na utilizao da lngua em funo da situao de uso. Falamos de um modo mais informal quando estamos entre amigos, por exemplo, e de um modo mais formal quando estamos no ambiente de trabalho. Assim, as condies sociais so determinantes no modo de falar das pessoas, gerando o que podemos chamar de variaes socioculturais. Outro fator determinante na utilizao do idioma a localizao geogrfica. Nas diversas regies do Brasil, observamos diferenas no modo de pronunciar as palavras, ou seja, h diferentes sotaques: o sotaque mineiro, o gacho, o nordestino, etc. Tambm no vocabulrio observam-se diferenas entre regies e tambm na fala de quem mora na capital e de quem vive na zona rural. Alm desses fatores, importante destacar tambm as variaes que a lngua sofre no decorrer do tempo, ou seja, a variao histrica. Por exemplo, o vocabulrio muda: muitas palavras usadas frequentemente no sculo XIX caram em desuso nos sculos XX e XXI. Por outro lado, novas palavras e expresses surgiram em decorrncia de diversos fatores, como o desenvolvimento tecnolgico. Palavras como avio, satlite espacial, computador e televiso certamente no faziam parte da conversa das pessoas no sculo XIX... Esses diversos nveis de linguagem tambm podem ser observados no texto escrito. Ao abrirmos um jornal ou uma revista podemos perceber uma diversidade de linguagens nos diversos textos existentes: a crnica esportiva, o horscopo, a pgina policial, a de poltica e a de economia; todos apresentam termos e jarges especficos da rea que est sendo tratada. Essas diferenas se relacionam diretamente inteno de quem produz o texto, ao assunto e tambm ao destinatrio, ou seja, a quem o texto se dirige. Certo, errado ou adequado? Tendo em vista os vrios nveis de linguagem, natural que se pergunte o que considerado certo e o que errado em um determinado idioma. Na verdade, devemos pensar a lngua em termos de adequao. A fim de que o processo de comunicao seja eficiente, devemos sempre ter em vista o que vamos dizer (a mensagem), a quem se destina (o destinatrio), onde (local em que acontece o processo de informao) e como ser transmitida a mensagem. Levando em considerao estes fatores, escolhemos uma forma adequada de estabelecer a comunicao. [...]. Acontece que, normalmente, a escola nos diz que certo tudo aquilo que est de acordo com a gramtica normativa. O problema que, a partir dessa afirmao, somos levados a utilizar a norma gramatical em todas as situaes. E, em muitos casos, a linguagem pode soar um tanto quanto afetada, sem naturalidade. No devemos concluir, entretanto, que a norma gramatical que aprendemos na escola intil. Ao contrrio. Desde que usada no momento adequado, ela se revela extremamente til. De novo o critrio de adequao: ao responder por
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escrito a questes de uma prova, por exemplo, ou em trabalho acadmicos, [...] a norma gramatical fundamental. No devemos escrever do modo como falamos. A lngua escrita uma outra realidade. De fato falamos de um modo escrevemos de outro, pois lngua escrita e lngua falada so duas modalidades diferentes de comunicao, tendo cada uma delas suas caractersticas prprias. Quando falamos, alm das palavras utilizamos outros elementos como os gestos, os olhares, a expresso do rosto e, principalmente, algo chamado entonao da frase. [...] Quando escrevemos, entretanto, sobram apenas as palavras, a pontuao, a ortografia, a concordncia e a colocao das palavras. Alm disso, fundamental pensar tambm em aspectos relacionados estrutura do texto, como o assunto (tema), a diviso em pargrafos e a coeso. Do contrrio, corremos o risco de no sermos devidamente interpretados; nosso texto ficar confuso, comprometendo, assim, a comunicao. [...]. (MOYSS, Carlos Alberto. Lngua Portuguesa Atividade de leitura e produo de textos. So Paulo: Saraiva, 2005.) Lngua falada e lngua escrita: diferenas bsicas A comunicao oral normalmente se desenvolve em situaes em que o contato entre os interlocutores direto: na maioria dos casos, eles esto em presena um do outro, num lugar e momento que, por isso, so claramente conhecidos. Na lngua escrita, a elaborao da mensagem requer uma linguagem mais precisa e menos alusiva. O uso de pronomes e certos advrbios que, na lngua falada, so eficientes e suficientes obedece a outros critrios, pois essas palavras passam principalmente a relacionar partes do texto entre si e no mais a designar dados da realidade exterior. Em seu lugar, vemo-nos obrigados a utilizar formas de referncias mais precisas, como substantivos e adjetivos, capazes de nomear e caracterizar os seres. A lngua escrita demanda, assim, um esforo maior de preciso: devem-se indicar datas, descrever lugares e objetos, bem como identificar claramente os interlocutores no caso de representao de dilogos. Esse maior trabalho cria textos cuja compreenso no depende do lugar e do tempo em que so produzidos ou lidos: como a lngua escrita busca ser suficiente em si mesma, redator e leitor no precisam mais da proximidade fsica para que a mensagem se transmita satisfatoriamente. (KOCH, Ingedore. A inter-ao pela linguagem. So Paulo: Contexto, 2000) Em sntese, pode-se dizer que a fala apresenta as seguintes caractersticas: a - interao face a face; b- planejamento simultneo ou quase simultneo execuo; c- impossibilidade de apagamento;
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d- sem condies de consulta a outros textos; e- ampla possibilidade de reformulao: essa reformulao marcada, pblica, pode ser promovida tanto pelo falante como pelo ouvinte; f- acesso imediato ao feed-back (retroalimentao, monitorao) do ouvinte; g- o falante pode processar o texto, redirecionando-o a partir das reaes do ouvinte. A escrita, por sua vez, pauta-se por meio dos seguintes traos: a- interao distncia (espao-temporal); b- planejamento anterior execuo; c- possibilidade de reviso para operar correes; d- livre consuta a outros textos; e- a reformulao pode no ser to marcada, privada e promovida apenas pelo escritor; g- o escritor pode processar o texto a partir das possveis reaes do leitor. (ANDRADE, Maria Lcia da Cunha Victrio de Oliveira. Lngua falada e escrita: como se processa a construo textual. Universidade de So Paulo.)

Unidade 2 HOMFONOS E PARNIMOS Leitura bsica Palavras homnimas e parnimas constituem um perigo na comunicao. Trata-se do equvoco provocado por palavras semelhantes, como o caso dos parnimos (palavras parecidas, mas com sentidos diferentes) e dos homnimos (iguais na grafia ou na pronncia, mas com significados diferentes). A lngua portuguesa est repleta de palavras homnimas e parnimas. Neste espao sero destacados alguns dos principais exemplos. LEITURA COMPLEMENTAR I - HOMFONOS E PARNIMOS QUE CAUSAM DVIDAS Os porqus 1 - Por que Em frases interrogativas diretas e indiretas. Por que ele saiu? / Ela quer saber por que ele saiu. Quando equivale a pelo(s) qual(is) A razo por que samos ser esclarecida. 2 - Por qu Em final de frase interrogativa. Voc fez isso por qu? 3 - Porque Em frases afirmativas. S porque o repreenderam, chorou. 4 - Porqu substantivo e vem antecedido por artigo. Voc sabe os porqus daquele fato? Se no / Seno Se no uma hiptese negativa: substitui-se por caso no.
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O que acontecer se no tomarmos cuidado? Seno Pode ser substitudo por: do contrrio, a no ser. No uma hiptese. Tomara que chova, seno estamos perdidos. H / A H noo de tempo transcorrido, passado; pode ser substitudo por tem. H (tem) trs anos que no o vejo. A noo de tempo futuro; no pode ser substitudo por tem. Daqui a pouco sero trs horas. A fim / Afim A fim de ideia de finalidades. Ele adotou aquela medida a fim de ser popular. Afim ideia de afinidade. Nossa ideia de gesto empresarial afim. Onde / Aonde Referem-se a lugar e distinguem-se pela regncia verbal. Ele procurou o livro onde o guardou. (guardar em algum lugar) Ele iria aonde o amigo fosse. (Ir a algum lugar) Abaixo / A baixo Abaixo uma posio fixa. Ele est abaixo de mim. A baixo Uma ideia de movimento. Olhou-me de alto a baixo. A cima / A cima Acima uma posio fixa. Ele est acima de mim.

A cima uma ideia de movimento. Olhou-me de baixo a cima. Mau / Mal MAU um adjetivo e se ope a BOM: Ele um mau profissional. (x bom profissional); Ele est de mau humor. (x bom humor); Tem medo do lobo mau. (x lobo bom); MAL pode ser: 1. advrbio (=ope-se a BEM): Ele est trabalhando mal. (x trabalhando bem); Ele foi mal treinado. (x bem treinado); A criana se comportou muito mal. (x se comportou muito bem).

2. conjuno (=logo que, assim que, quando): Mal voc chegou, todos se levantaram. (=Assim que voc chegou); Mal saiu de casa, foi assaltado. (=Logo que saiu de casa).

3. substantivo (=doena, defeito, problema): Ele est com um mal incurvel. (=doena); O seu mal no ouvir os mais velhos. (=defeito). Na dvida, use o velho macete: MAL x BEM; MAU x BOM. II EXPRESSES SEMELHANTES, COM SIGNIFICADOS DIFERENTES

Acerca de : sobre, a respeito de. Fala acerca de alguma coisa. A cerca de : a uma distncia aproximada de. Mora a cerca de dez quadras do centro da cidade. H cerca de : noo aproximada de tempo. Trabalha h cerca de cinco anos. Ao encontro de : a favor, para junto de. De encontro a : contra. Ao invs de : ao contrrio de Em vez de : em lugar de. Usar uma expresso em vez de outra. A par : ciente. Ao par : de acordo com a conveno legal, sem gio, sem abatimentos (cmbio, aes, ttulos, etc.). -toa (adjetivo): ordinrio, imprestvel. Vida -toa. Pessoa -toa. toa (advrbio): sem rumo. Andar toa.
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III LISTA DOS PRINCIPAIS HOMNIMOS E PARNIMOS DA LNGUA PORTUGUESA Acender - pr fogo a Ascender - elevar-se, subir Acento - inflexo de voz, tom de voz, acento ortogrfico Assento - base, lugar de sentar-se

Acessrio - pertences de qualquer instrumento ou mquina; que no principal Assessrio - diz respeito a assistente, adjunto ou assessor Ao - ferro temperado Asso - do verbo assar

Anticptico - contrrio ao cepticismo Antissptico - contrrio ao ptrido; desinfetante

Asar - guarnecer de asas Azar - m sorte, ocasionar Brocha - tipo de prego Broxa - tipo de pincel Caado perseguido, apanhado na caa Cassado - anulado Cardeal - principal; prelado; ave; planta; ponto (cardeal) Cardial - relativo crdia

Cartucho - carga de arma de fogo Cartuxo - frade de Cartuxa

Cdula - documento Sdula - feminino de sdulo (cuidadoso) Cegar - tornar ou ficar cego Segar - ceifar

Cela - aposento de religiosos; pequeno quarto de dormir; compartimento de prisioneiros Sela - arreio de cavalgadura Censo - recenseamento Senso - juzo Censual - relativo a censo Sensual - relativo aos sentidos Cerra - do verbo cerrar (fechar) Serra - instrumento cortante; montanha; do v. serrar (cortar) Cerrao - nevoeiro denso Serrao - ato de serrar Cerrado - denso; terreno murado; part. do v. cerrar (fechado) Serrado - particpio de serrar (cortar) Cesso - ato de ceder Sesso tempo, durao. Seco ou seo - corte, diviso

Cevar - nutrir, saciar Sevar - ralar Ch - infuso de folhas para bebidas X - ttulo do soberano da Prsia Cheque - ordem de pagamento Xeque - perigo; lance de jogo de xadrez; chefe de tribo rabe Cinta - tira de pano Sinta - do verbo sentir

Cvel - relativo ao Direito Civil Civil - polido; referente s relaes dos cidados entre si Cocho - tabuleiro Coxo - que manqueja

Comprimento - extenso Cumprimento - ato de cumprir, saudao

Concerto - sesso musical; harmonia Conserto - remendo, reparao


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Conclio - assemblia de prelados catlicos Conslio - conselho

Conjetura - suposio Conjuntura - momento

Coser - costurar Cozer - cozinhar

Decente - decoroso Descente - que desce

Deferir - atender, conceder Diferir - distinguir-se; diferenciar; posicionar-se contrariamente; adiar (um compromisso marcado) Descrio - ato de descrever Discrio - qualidade de discreto Descriminar - inocentar Discriminar - distinguir, diferenciar Despensa - copa Dispensa - ato de dispensar Despercebido - no notado Desapercebido - desprevenido Distratar desfazer (contrato); Destratar insultar.

Elidir - eliminar Ilidir - refutar

Emergir - sair de onde estava mergulhado Imergir - mergulhar Emerso - que emergiu Imerso - mergulhado Emigrao - ato de emigrar; sair de, abandonar um pas Imigrao - ato de imigrar; entrar em, ingressar em um pas

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Eminente excelente, importante, elevado Iminente - que est por acontecer Emisso - ato de emitir, pr em circulao Imisso - ato de imitir, fazer entrar

Empossar - dar posse Empoar - formar poa

Espectador - o que observa um ato Expectador - o que tem expectativa Esperto - inteligente, vivo Experto - perito ("expert")

Espiar - espreitar Expiar - sofrer pena ou castigo

Esttico - firme Exttico - absorto Estirpe - raiz, linhagem Extirpe - flexo do verbo extirpar Estrato - filas de nuvens Extrato - coisa que se extraiu de outra Flagrante - evidente Fragrante - perfumado

Fluir - correr Fruir - desfrutar Fuzil - arma de fogo Fusvel - pea de instalao eltrica Incidente episdio; desentendimento, desavena Acidente - desastre;choque, coliso, relevo geogrfico Infligir - aplicar castigo ou pena Infringir - transgredir

Incipiente - que est em comeo, iniciante Insipiente ignorante, insensato


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Inteno - propsito Intenso - intensidade; fora Intercesso - ato de interceder, intervir Interseo corte, ponto de cruzamento Lao - n que se desata facilmente Lasso - fatigado

Mandado - ordem judicial; ato de mandar Mandato - perodo de permanncia em cargo; autorizao ou procurao

Pao - palcio real ou episcopal Passo - marcha Pleito - disputa Preito - homenagem Proeminente - saliente no aspecto fsico Preeminente - nobre, distinto

Ratificar - confirmar Retificar - corrigir Recreao - recreio Recriao - ato de recriar Recrear - proporcionar recreio Recriar - criar de novo Ruo - grave, insustentvel Russo - da Rssia Serva - criada, escreva Cerva - fmea do cervo

Sesta - hora do descanso Sexta - reduo de sexta-feira; hora cannica; intervalo musical

Tacha - tipo de prego; defeito; mancha moral Taxa - imposto

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Tachar - censurar, notar defeito em; pr prego em Taxar - determinar a taxa de

Trfego - trnsito Trfico - negcio ilcito Viagem - jornada Viajem - do verbo viajar Vultoso - volumoso Vultuoso - inchado (Fonte: Manual de Redao PUCRS - Adaptado) Unidade 03 O mercado de trabalho contemporneo trouxe tona uma verdadeira revoluo do perfil do profissional competitivo. Exige-se do profissional do sculo XXI no somente caractersticas como criatividade, iniciativa e capacidade de trabalhar em equipe, mas tambm conhecimentos que vo alm dos especficos da profisso, especialmente aqueles relacionados informtica e a uma segunda lngua. Dessa forma, na busca desenfreada pela atualizao e aperfeioamento de seu perfil, o profissional se dedica a estudar lnguas estrangeiras e se esquece do seu prprio idioma. A lngua materna fica relegada ao segundo plano, e, assim, ficam esquecidos alguns dos principais aspectos da lngua portuguesa, como as concordncias, as regncias, a acentuao, a ortografia. A fim de esclarecer alguns dos aspectos que comumente causam dificuldades queles que desejam utilizar a norma culta da lngua, foi disponibilizado um material informativo que permitir a vocs responderem s questes propostas. Como este contedo vastssimo, fiquem vontade para consultarem outras fontes, como, por exemplo, as sugeridas na bibliografia bsica e complementar do curso. VERBOS IMPESSOAIS: Haver Fazer 1. O verbo haver indicando existncia Usado com o sentido de existir, o verbo haver nunca deve ser usado no plural. Tambm quando sinnimo de acontecer ou ocorrer, o verbo haver no sai do singular. Nesses casos, o verbo haver impessoal, ou seja, no tem sujeito. Muitas pessoas ficam confusas quando empregam o verbo haver, talvez por causa do que ocorre com os sinnimos (existir, ocorrer, acontecer), que sempre concordam com o sujeito. Observe:

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Existem /H muitas pessoas na sala. Existiam /Havia muitas pessoas na sala. Ocorrem /Acontecem/H muitos acidentes naquela rodovia. Ocorriam /Aconteciam/Havia muitos acidentes naquela rodovia. Ocorreram /Aconteceram/Houve muitos acidentes naquela rodovia. Portanto faa sempre a concordncia com os verbos existir, acontecer e ocorrer, mas deixe o verbo haver no singular quando empregado como sinnimo de algum dos trs verbos citados. Isso tambm vale para os verbos que atuarem como auxiliares do verbo haver, sempre quando este for empregado como sinnimo de existir, ocorrer ou acontecer: Deve haver /Devem existir muitas pessoas na sala. Em junho, vai haver/vo ocorrer muitas festas naquela cidade. Pode haver /Podem ocorrer fortes pancadas de chuva tarde. 2. Verbos haver indicando tempo O verbo haver fica no singular quando indica ideia de tempo decorrido: H anos no o vejo. / Havia meses que no o visitava. 3. Verbo fazer no sentido de tempo decorrido Verbo fazer no sentido de tempo decorrido impessoal, devendo permanecer no singular . Faz dez dias que no fao exerccios fsicos. (tempo decorrido) Faz uns 15 dias que no vejo a cor do sol. ( Pasquale Cipro Neto) REGNCIAS DIFERENTES Examinemos o seguinte exemplo: Choveu antes, durante e depois da festa. Choveu antes da festa, durante a festa e depois da festa. Choveu antes da festa, durante ela e depois dela. Ela fala ingls to bem ou melhor que o marido.
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Ela fala ingls to bem quanto o marido ou melhor do que ele. VERBO PREFERIR No padro culto da lngua, esse verbo no se constri com a locuo conjuntiva do que nem com o advrbio mais. Prefiro mais trabalhar do que passar fome [errado] Prefiro trabalhar a passar fome [certo] Tive uma suspeita e preferi diz-la a guard-la. (Machado de Assis) A se apresentar mal vestida prefere no ir (Ciro dos Anjos) (CEGALLA, Domingos Paschoal. Novssima Gramtica da Lngua Portuguesa. Ed. Companhia Editora Nacional. So Paulo, 2005).

CRASE: principais casos A palavra crase de origem grega e significa "fuso", "mistura". Na lngua portuguesa, o nome que se d "juno" de duas vogais idnticas [a+a]. Na escrita, utilizamos o acento grave ( ` ) para indicar a crase. Aprender a usar a crase, portanto, consiste em aprender a verificar a ocorrncia simultnea de uma preposio (pedida pelo verbo) e um artigo (palavras femininas). Observe: Vou a + a igreja. [ir a + a igreja] Vou igreja. No exemplo acima, temos a ocorrncia da preposio "a", exigida pelo verbo ir (ir a algum lugar) e a ocorrncia do artigo "a" que est determinando o substantivo feminino igreja. Quando ocorre esse encontro das duas vogais a + a, elas se unem, a unio delas indicada pelo acento grave. Observe os outros exemplos: Refiro-me aluna. [Refirir a + a aluna] Ela disse irm o que havia escutado pelos corredores. [Dizer a + a irm] Sou grata populao. [Grata a + a irm] Dica: H uma maneira de verificar a existncia da crase em alguns casos. Basta colocar um termo masculino no lugar do termo feminino que se est em dvida. Se surgir a forma ao, ocorrer crase antes do termo feminino.
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Veja os exemplos: Refiro-me ao aluno / Refiro-me aluna. Crase na indicao de horas: Acordei s sete horas da manh. Elas chegaram s dez horas. Foram dormir meia-noite. Crase em algumas locues adverbiais, prepositivas e conjuntivas de que participam palavras femininas. Por exemplo: tarde s ocultas s pressas medida que noite s claras s escondidas fora vontade proporo que exceo de chave procura frente de s vezes s turras Crase diante dos Pronomes Demonstrativos Aquele (s), Aquela (s), Aquilo Haver crase diante desses pronomes sempre que o verbo exigir a preposio "a". Por exemplo: Dediquei quela senhora todo o meu trabalho. [dedicar a + aquela senhra] Quero agradecer queles que me socorreram. [agradecer a + aqueles] Assisti quele filme trs vezes. [assistir a + aquele] Principais casos em que a crase NO ocorre: Diante de substantivos masculinos: Fomos a p. Fazer o exerccio a lpis. Compramos os mveis a prazo. Diante de verbos no infinitivo: A criana comeou a falar. Ela no tem nada a dizer. Estou disposto a ajudar. Quando h repetio de palavras: Estavam frente a frente. Preferiu ficar lado a lado com seus companheiros

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http://www.soportugues.com.br/secoes/sint/sint79.php - adaptado

(Os casos de crase so muitos. Foram citados apenas alguns. Fiquem vontade para explorar o uso do acento grave em outras fontes)

COMPLEMENTOS DE TERMOS DE REGNCIAS DIFERENTES Examinemos o seguinte exemplo: Choveu antes, durante e depois da festa. Choveu antes da festa, durante a festa e depois da festa. Choveu antes da festa, durante ela e depois dela. Ela fala ingls to bem ou melhor que o marido. Ela fala ingls to bem quanto o marido ou melhor do que ele. VERBO PREFERIR No padro culto da lngua, esse verbo no se constri com a locuo conjuntiva do que nem com o advrbio mais. Prefiro trabalhar a passar fome. Tive uma suspeita e preferi diz-la a guard-la. (Machado de Assis) A se apresentar mal vestida prefere no ir (Ciro dos Anjos) (CEGALLA, Domingos Paschoal. Novssima Gramtica da Lngua Portuguesa. Ed. Companhia Editora Nacional. So Paulo, 2005).

Unidade 4 Consideraes acerca da noo de texto O que um texto? A palavra TEXTO frequentemente usada no cotidiano por profissionais que, de uma forma ou de outra, trabalham com a linguagem (professores, jornalistas, advogados, diplomatas, etc.): O texto constitucional contm matrias que estariam melhor na legislao ordinria. No entanto, se perguntssemos a esses profissionais o que um texto, eles teriam dificuldade para determinar precisamente o significado dessa palavra.

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Para entender o que um texto, preciso definir suas propriedades, preciso entender quais so os fatores de textualidade, ou seja, o que faz com que um texto seja um texto e no um amontoado de frases. Dentre os principais fatores destacam-se: COERNCIA

as ideias se desenvolvem em ordem lgica, isto , a sequncia dos pargrafos natural e coerente; palavras e expresses indicadoras de coeso entre um pargrafo e outro so usadas com propriedade e adequao . Um texto precisa ter COERNCIA, sentido, nexo, e, para tanto, no pode ser um amontoado de frases. Um texto um todo organizado de sentido. A palavra texto vem de uma das formas do verbo latino texo que quer dizer tecer. O texto um tecido, no um aglomerado desconexo de fios. O sentido de cada uma das partes dado pelo todo. O significado de uma frase do texto ser depreendido da totalidade. Assim, a mesma frase em um contexto diferente poder apresentar sentidos diferentes.

ORGANIZAO:

h uma ideia central que orienta todo o texto; o texto se compe de introduo, desenvolvimento e concluso; as ideias se estruturam segundo uma forma adequada, ou uma combinao adequada de formas de ordenao.

UNIDADE:

todas as ideias so relevantes para a ideia central e relacionamse com ela; a diviso em pargrafos adequada, impedindo que haja fragmentao da mesma ideia em vrios pargrafos ou a apresentao de muitas num s pargrafo. h manuteno temtica, mas tambm a progresso textual.

CLAREZA:

no h pormenores excessivos, explicaes desnecessrias; no h redundncias, isto , repetio de ideias j expressas.

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Outro ponto a ser destacado que, se a primeira caracterstica de um texto ser um todo organizado de sentido, um texto no precisa ser necessariamente verbal. Um quadro, um filme, um gesto so textos. Qualquer que seja a forma como o contedo se manifesta, visualmente, verbalmente ou visual e verbalmente ao mesmo tempo. Alm disso, ressalta-se que um texto produzido por um sujeito num dado tempo e num determinado espao. Por isso ele revela ideias, anseios, expectativas, temores, enfim, uma viso de mundo da formao social em que est o seu produtor. Todo texto apresenta um ponto de vista sobre a realidade. Mesmo que a negue, representa uma atitude em relao a ela, pois engajamento ou alienao so posies a respeito dos acontecimentos. Em sntese: Um texto um todo organizado de sentido, que pode ser verbal, visual ou verbal e visual ao mesmo tempo e manifesta um ponto de vista social sobre uma dada questo. Desse conceito de texto, pode-se concluir que: a) a leitura de um texto no pode basear-se em fragmentos isolados; produzir um texto no amontoar frases sem qualquer relao entre elas; b) a leitura de um texto deve, de um lado, levar em conta aquilo que ele diz e, de outro, a relao entre o ponto de vista social que ele expressa e aquele em oposio ao qual se constitui. Assim, produzir um texto adotar uma posio sobre um dado assunto e argumentar em favor dela. Segundo Travaglia (1996:83), "aquilo que o produtor do texto faz, como ele constitui e constri o seu texto [ ] depende no s da sua vontade, daquilo que pretende dizer, mas de uma srie de elementos presentes na situao de interao, que normalmente so chamados de condies de produo". COESO TEXTUAL: conceito e mecanismos "A coeso no nos revela a significao do texto, revela-nos a construo do texto enquanto edifcio semntico." (M. Halliday) Um texto, sendo uma unidade de sentido, pressupe uma organizao interna, uma sequncia de suas partes constitutivas e uma articulao lgica de suas ideias e palavras. Esse conjunto de articulaes entre palavras e ideias o responsvel pela textualidade, isto , aquilo que faz com que um texto seja um todo significativo, e no uma reunio de frases desconexas. So sete fatores de textualidade: coeso, coerncia, situacionalidade, informatividade, intencionalidade, aceitabilidade, intertextualidade. A coerncia se d no plano das ideias, do sentido. A coeso acontece por meio da relao entre as ideias do texto. Pode ser estabelecidas entre palavras
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que retomam outras j mencionadas no texto, como pode se dar entre segmentos maiores do discurso, como oraes, frases ou pargrafos. (BIZZOTO, Lcia Helena. Redao, interpretao e produo de texto. Apostila do Promove, 2004.) Parece fora de dvida que pode haver textos destitudos de elementos de coeso, mas cuja textualidade se d no nvel da coerncia, como em: EX: Olhar fito no horizonte. Apenas o mar imenso. Nenhum sinal de vida humana. Tentativa desesperada de recordar alguma coisa. Nada. Por outro lado, podem ocorrer sequenciamentos coesivos de enunciados que, porm, no chegam a constituir textos, por faltar-lhes a coerncia. o caso de: EX: O dia est bonito, pois ontem encontrei seu irmo no cinema. No gosto de ir ao cinema. L passam muitos filmes divertidos. RECURSOS DE COESO 1 Eptetos : palavra ou frase que qualifica pessoa ou coisa. Ex: Glauber Rocha fez filmes memorveis. Pena que o cineasta mais famoso do cinema brasileiro tenha morrido to cedo. 2 Palavras ou expresses sinnimas ou quase-sinnimas: Ex: Os quadros de Van Gogh no tinham nenhum valor em sua poca. Houve telas que serviram at de porta de galinheiro. 3 Repetio de uma palavra: Ex: A propaganda , seja ela comercial ou ideolgica, est sempre ligada aos objetivos e aos interesses da classe dominante. Essa ligao, no entanto, ocultada por uma inverso: a propaganda sempre mostra que quem sai ganhando com o consumo de tal ou qual produto ou idia no o dono da empresa, nem os representantes do sistema, mas, sim, o consumidor. Assim, a propaganda mais um veculo da ideologia dominante. 4 Um termo-sntese Ex: O pas cheio de entraves burocrticos. preciso preencher um semnmero de papis. Depois, pagar uma infinidade de taxas. Todas essas limitaes acabam prejudicando o importador. A palavra limitaes sintetiza o que foi dito antes. 5 Pronomes Ex: Vitaminas fazem bem sade. Mas no devemos tom-las ao acaso.
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Ex: O colgio um dos melhores da cidade. Seus dirigentes se preocupam muito com a educao integral. Ex: Aquele poltico deve ter um discurso convincente. Ele j foi eleito seis vezes. 6 Numerais - as expresses quantitativas, em algumas circunstncias, retomam dados anteriores numa relao de coeso. Ex: Foram divulgados dois avisos: o primeiro era para os alunos e o segundo cabia administrao do colgio. Ex: As crianas comemoravam juntas a vitria do time do bairro, mas duas lamentavam no terem sido aceitas no time campeo. 7- Advrbios pronominais (classificao de Rocha Lima e outros) expresses adverbiais como aqui, ali, l, acol, a servem como referncia espacial para personagens e leitor. Ex: Ele no podia deixar de visitar o Corcovado. L demorou mais de duas horas admirando as belezas do Rio. 8 Elipse - essa figura de linguagem consiste na omisso de um termo ou expresso que pode ser facilmente depreendida em seu sentido pelas referncias do contexto. Ex: O diretor foi o primeiro a chegar sala. Abriu as janelas e comeou a arrumar tudo para a assemblia com os acionistas. 9 Metonmia Ex: O governo tem-se preocupado com os ndices de inflao. O Planalto diz que no aceita qualquer remarcao de preo. Ex: Santos Dumont chamou a ateno de toda Paris. O Sena curvou-se diante de sua inveno. (VIANA, Antnio Carlos. Roteiro de Redao Lendo e argumentando. So Paulo: Editora Scipione, 2006.) CONECTORES Palavras que estabelecem elos entre segmentos do discurso e que podem ser de naturezas diversas: oposio, causa, finalidade, concluso, etc. Exemplo:

ento, portanto, no entanto, entretanto, j que, com efeito, porque, mas, isto , embora .

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A coeso deixa de existir quando a conjuno empregada no corresponde relao existente entre as oraes do perodo. Nesse caso, a construo tambm perder sua coerncia, ou seu sentido lgico.

Ele estudou muito, porm foi aprovado no concurso (???) Embora o ar esteja muito seco e o nvel de poluio esteja alto, as pessoas esto com problemas respiratrios. (???) Conjuno e, nem (= e no), no s...mas tambm mas, porm, todavia, contudo, no entanto, entretanto logo, pois (colocada aps o verbo), portanto, por isso pois (colocada antes do verbo), porque, que, visto que como, uma vez que, porque, que se, a menos que, desde que, contanto que

Relao Adio Oposio Concluso Explicao Causa Condio

Consequncia (to)...que, (tanto)...que, (tamanho) que Conformidade como, conforme, segundo Concesso Proporo Comparao (mais) ...que, (menos)...que, (to)...quanto, como Tempo quando, enquanto, sempre que, assim que, desde que, logo que Finalidade a fim de que, para que Obs: Os conectores apresentados no quadro acima ajudam na identificao das relaes entre as ideias de um perodo. Mas ele deve ser um apoio. O ideal refletir sobre as ideias e, a partir da, identificar a relao entre as ideias. Exemplos de coeso estabelecida por conectores entre oraes em um mesmo perodo: Todos saram mais cedo a fim de que pudessem ir ao cinema . O conector a fim de estabelece uma relao de FINALIDADE entre as oraes. Naquele dia ele realmente ficou muito cansado porque correu demais.
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embora, mesmo que, ainda que, se bem que, conquanto proporo que, medida que, ao passo que, quanto mais...tanto mais

O conector porque estabelece uma relao de CAUSA entre as oraes. Os rapazes foram jantar assim que chegaram em casa. O conector assim que estabelece uma relao de TEMPO. Embora estivesse muito cansado, resolveu trabalhar um pouco mais em seu projeto de pesquisa. O conector embora estabelece uma relao de CONCESSO (ver definio nos textos disponibilizados) (MOYSS, Carlos Alberto. Lngua Portuguesa Atividades de leitura e produo de textos. So Paulo: Editora Saraiva, 2005.)

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