Biologia Suplemento de Apoio Do Professor Manual Base PDF

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 72

Suplemento para

o Professor

Biologia-Suplemento

22.06.05, 17:27

MP_BIO Col. Base_1

22/06/05, 8:37

SUMRIO
Apresentao ...................................................................................................... 4
Estrutura da obra ............................................................................................... 5
Organizao .................................................................................................. 5

Avaliao .............................................................................................................. 5
Comentrios sobre as unidades ................................................................... 6
Unidade 1 - O cenrio da vida .................................................................... 6

Reproduo proibida. Art. 184 do Cdigo Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Bibliografia especfica (para os professores) ............................................ 6


Leituras complementares sugeridas (para os alunos) .............................. 7
A internet na sala de aula (endereos na Web) .......................................... 7
Materiais de apoio ......................................................................................... 8
Leituras ................................................................................................... 8
Sugestes de atividades ...................................................................... 20

Unidade 2 - A unidade da vida ................................................................. 22


Bibliografia especfica (para os professores) .......................................... 22
Leituras complementares sugeridas (para os alunos) ............................ 23
A internet na sala de aula (endereos na Web) ........................................ 23
Materiais de apoio ....................................................................................... 23
Leituras ................................................................................................. 23
Sugestes de atividades ...................................................................... 32

Unidade 3 - A diversidade da vida .......................................................... 38


Bibliografia especfica (para os professores) .......................................... 38
Leituras complementares sugeridas (para os alunos) ............................ 39
A internet na sala de aula (endereos na Web) ........................................ 39
Materiais de apoio ....................................................................................... 40
Leituras ................................................................................................. 40
Sugestes de atividades ...................................................................... 53

Respostas das atividades e dos exerccios


complementares de todos os captulos ................................................... 56

3
MP_BIO Col. Base_1

22/06/05, 8:37

APRESENTAO
Na ltima dcada, conhecemos um mundo em contnua transformao, no s
tecnolgica, mas principalmente social, em que todas as mudanas tm sido muito
rpidas. Cada vez mais, a sociedade opina sobre o domnio de novas tecnologias e os
limites ticos que a cincia deve respeitar em suas diversas reas. A tomada de decises adequadas no se restringe tica, mas interessa tambm ao conhecimento sobre princpios fsicos, qumicos e biolgicos das tcnicas em discusso.
Em particular no Brasil, a consolidao da democracia, a mudana nas formas
tradicionais de produo de bens e de servios, a universalizao do acesso educao formal e o acentuado aumento na demanda pelo ensino mdio mais do que
plena insero na comunidade e no mundo do trabalho. O domnio do conhecimento
h de ser, portanto, instrumento de incluso social, e no, como foi durante sculos,
um dos meios para a manuteno da excluso de milhes de pessoas.
No ensino mdio como etapa integrante da educao bsica , mais importante que apresentar grande quantidade de conceitos fornecer aos alunos maneiras de
buscar informaes, estimul-los a questionar e a propor solues. O mais importante que os alunos saibam procurar respostas. Da a necessidade de a escola rever o
seu papel, deixando de ser meramente informativa, para atender s reais necessidades
dos indivduos, preparando-os para a vida, o trabalho e a cidadania.
Esse contexto faz crescer a importncia do livro didtico como instrumento pedaggico. Para cumprir plenamente seu papel, o livro deve, alm da indispensvel e
rigorosa atualizao e da exatido dos conceitos, desenvolver o potencial de anlise
crtica e o posicionamento consciente dos alunos diante de situaes cotidianas. Cabe,
igualmente, ao livro didtico conduzir o aluno a reconhecer o conhecimento como
resultado do fazer humano, no fragmentado nem atemporal, pois todo saber reflete
um determinado contexto histrico.
Esta obra foi concebida com essas mltiplas intenes. Cuidamos para que os
assuntos fossem tratados de forma crtica e interdisciplinar, trazendo dados de nossa
realidade e apresentando questionamentos que permitam a reflexo.
As dimenses da obra e a quantidade de atividades propostas levaram em conta a
quantidade de aulas semanais habitualmente dedicada Biologia na maioria das escolas pblicas do pas. Mesmo condensado, o contedo no perdeu informaes significativas. Houve uma rigorosa seleo de pontos bsicos que atendessem s necessidades dos alunos, procurando, sempre que possvel, relacionar a informao aplicao, trazendo situaes do cotidiano, alertando para problemas existentes e incitando responsabilidade.

4
MP_BIO Col. Base_1

22/06/05, 8:37

Reproduo proibida. Art. 184 do Cdigo Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

triplicado na ltima dcada passaram a exigir do aluno que se capacite para uma

Estrutura da obra
A obra foi desenvolvida em linguagem clara e acessvel ao aluno do
ensino mdio. Dedicamos ateno especial no apenas ao domnio da
linguagem escrita, mas tambm da visual, sobretudo a artstica e a
cartogrfica, mediante criteriosa seleo de grficos, esquemas, diagramas, fotos e ilustraes didaticamente relevantes.
Ao longo da obra, so encontrados pequenos textos, graficamente
destacados com fundo verde (por exemplo, na pgina 3, coluna da esquerda). So definies, etimologias, glossrios ou informaes complementares. Alm deles, destacam-se outras sees:
O que voc pode fazer? (por exemplo, na pgina 56): seu objetivo
geral mostrar formas de atuao consciente na vida em comunidade.
Quando relacionada sade, apresenta medidas de profilaxia e preveno de doenas, ou de tomadas de decises em situaes de risco.
Tm o objetivo de estender o tratamento dos temas de sade alm de
sua dimenso estritamente biolgica, mostrando que, muitas vezes, o
processo sade/doena parte integrante e resultante da prpria organizao social.

Reproduo proibida. Art. 184 do Cdigo Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

O que deve ser feito (por exemplo, na pgina 223): estimula o


posicionamento sociopoltico do aluno, propondo que ele se mantenha
informado e atuante.
O contedo programtico das obras foi dividido em unidades, que
esto subdivididas em captulos, nos quais se buscou o equilbrio em
relao aos conceitos apresentados. Em todos os captulos, h atividades em quantidade adequada, plenamente integradas aos contedos apresentados. Perguntas calcadas na simples memorizao deram espao ao
raciocnio, ao desenvolvimento da conscincia e da cidadania, bem como
ao estabelecimento de uma postura crtica de julgamento e de interveno na realidade. Tomamos como prioridade aquelas que permitem explorar a compreenso de fenmenos, a soluo de situaes-problema, o
levantamento de hipteses, a elaborao de propostas de interveno na
realidade e a construo de argumentao consistente.
Ao escreverem esta obra, os autores incorporaram concepo do
livro uma ampla experincia didtica pessoal. O livro com o contedo habitualmente trabalhado no ensino mdio foi dividido em 36
captulos, cada um destinado a aproximadamente duas semanas de trabalho. Longe de ser uma camisa-de-fora, a seqncia na qual foram
dispostos os contedos e a correspondncia temporal entre captulos e
semanas tm carter de sugesto, e buscam facilitar o trabalho em classe, deixando a critrio do professor os ajustes porventura necessrios,
de acordo com seus interesses, a carga horria, as realidades regional e
local, o trabalho com temas de oportunidade etc.
importante compartilhar com toda a comunidade escolar principalmente com os alunos a idia de que essa obra didtica um
ponto de partida, e no de chegada. Sua versatilidade permite que
seja utilizada em diversas perspectivas e nas distintas realidades que compem o universo educacional do ensino mdio no pas. Assim, importante destacar:
No se trata de uma obra completa, pelo simples fato de que nenhuma
obra o ou pode ter essa pretenso. A Biologia uma cincia e, como
tal, no sinnimo de conhecimento. Teorias so contestadas, novamente testadas e podem cair em descrdito; a descoberta de novos
fatos pode exigir modificaes ou o abandono de uma teoria. A cada
dcada, a espcie humana vem adquirindo a mesma quantidade de novas
informaes que havia demorado um sculo para conquistar. Essa acumulao de informaes, por exemplo, far com que, muito em breve,
este livro esteja obsoleto e deva ser revisto. A cincia no aceita nada
como imutvel, fixo ou infalvel, mas constantemente procura evidncias adicionais para verificar e explicar seus princpios bsicos.
O recorte programtico efetuado por ns, autores, no a nica maneira de trilharmos o imenso universo da Cincia, e sequer se arvora a
se considerar o melhor ou mais adequado. O recorte arbitrrio. Os 36
captulos da obra podem ser percorridos em diferentes ordenamentos.
Portanto, diversas seqncias so possveis, cabendo ao professor optar pela mais adequada, atendendo s suas disponibilidades de tempo,
s realidades locais, ao aproveitamento de temas de oportunidade etc.
No h correspondncia absoluta entre unidades, captulos, semanas e
anos letivos; isto , no h necessidade de que todo o contedo
programtico previsto para determinado perodo seja completado, para

que o processo de aprendizagem possa ter alcanado seus objetivos!


Um livro didtico apresenta como sugesto algumas referncias temporais, mas est longe de ser um planejamento aula-a-aula!

Organizao
As propostas de atividades foram dosadas para trabalho em classe.
Na maioria dos captulos, encontram-se duas propostas de atividades;
portanto, cada uma correspondente a, aproximadamente, uma semana
de trabalho letivo. A ttulo de sugesto, aps cada proposta de atividades encontra-se uma remisso aos exerccios complementares, permitindo que o aluno e o professor se orientem com mais facilidade ao planejarem o estudo dos diversos assuntos apresentados.
Os exerccios complementares podem ser propostos tanto durante
as aulas (dependendo do tempo disponvel) quanto como tarefa para
aprofundar o estudo em casa. As discusses referentes aos textos complementares ficam a critrio do professor, mas sugerimos que sejam
apresentadas como propostas de discusso em grupo. Tais questes no
apresentam respostas nicas e servem exatamente para fomentar o debate, cabendo ao professor o papel de mediador da discusso.
Os textos complementares, apresentados ao longo da obra, esto
relacionados a grandes temas. Esses textos graficamente identificados podem ser usados pelo professor para motivar e estimular discusses em grupo.
Os temas destacados so: Ambiente e preservao (ver, por exemplo, pgina 15); Cincia e tecnologia (por exemplo, pgina 99); tica e
cidadania (por exemplo, pgina 46); Orientao sexual (por exemplo,
pgina 313); Pluralidade cultural (por exemplo, pgina 341); Qualidade de vida (por exemplo, pgina 108) e Trabalho e consumo (por
exemplo, pgina 331). A seleo desses temas arbitrria levou em
conta a percepo da necessidade de a educao:
voltar-se compreenso crtica da realidade social, cientfica, cultural
e poltica;
permitir ao aluno usufruir eticamente o conhecimento, a tecnologia e
os recursos naturais;
estimular o aluno a se perceber como capaz de transformar solidariamente a realidade.

Avaliao
A avaliao est ganhando cada vez mais espao nos debates educacionais. considerada um elemento indispensvel da prtica pedaggica, podendo assumir um carter de medio, seletivo, diagnstico,
uniformizador, formativo ou regulador, para citar os mais comuns.
evidente, para todos os educadores, que devemos avaliar; no entanto, os
aspectos geradores de polmicas e desencontros focalizam-se nos objetivos (para qu), nos sujeitos (quem) e nos procedimentos (como) das
aes avaliativas. So, portanto, muitos os conceitos e as funes da
avaliao; todavia, so os educadores os responsveis pela opo de determinados mtodos e tcnicas que definem sua concepo e funo no
processo pedaggico, j que, na prtica, ningum avalia por avaliar, mas
para definir uma ao a partir dos indicadores dela advindos.
Quando a questo central se localiza nos objetivos da avaliao,
vrias abordagens podem ser consideradas. De acordo com uma finalidade verificadora, o que interessa so os resultados. Quando estes se
caracterizam como o ponto fundamental do processo, a avaliao tende
a se configurar como um julgamento que implica considerar o grau de
satisfatoriedade dos resultados obtidos em relao aos esperados, e a
anlise do mrito do produto apresentado. Nesse sentido, a avaliao
compreendida como uma tcnica de anlise do progresso dos alunos em
pertinncia a objetivos educacionais preestabelecidos e usada apenas
como verificao de um produto finalizado; limita-se em uma tentativa
de quantificar a produo, descrevendo e discriminando o que os alunos
aprendem na escola. A ao de avaliar figura, ento, apenas como coadjuvante do ato pedaggico, concebida como a etapa final do processo de
ensino e de aprendizagem.
Uma funo diagnstica, formativa ou reguladora visa caracterizar
a avaliao como um instrumento capaz de indicar aos docentes os interesses, necessidades, conhecimentos ou habilidades dos alunos com a
finalidade de mapear quais objetivos foram alcanados ou no e, principalmente, localizar as dificuldades dos alunos para auxili-los na descoberta de outros caminhos que lhes permitam progredir. Uma estratgia

5
MP_BIO Col. Base_1

22/06/05, 8:37

de procedimentos disponveis para avaliar, necessrio selecionar os


mais indicados, de acordo com os objetivos que se tem ao avaliar. Devese ter claro que, ao decidir por um modelo de avaliao formativa, o
educador est optando por uma ao pedaggica no-tradicional, que
privilegie o caminhar de cada aluno, objetivando ajud-lo a progredir
em suas aprendizagens. Por sua vez, a avaliao normativa e verificadora
impede prticas pedaggicas diferenciadas, j que os alunos so considerados iguais, tendo as mesmas capacidades de aprender ao mesmo
tempo os contedos propostos, portanto, com as mesmas chances de
atingirem os objetivos estabelecidos.
Finalizando esta reflexo, importante evidenciarmos que o mais
importante o repensar das prticas avaliativas a partir da principal funo da avaliao, que para o professor Celso Vasconcelos ajudar a
garantir a formao integral do sujeito pela mediao da efetiva construo do conhecimento e a aprendizagem de todos os alunos.

Comentrios
sobre as unidades
Unidade I - O cenrio da vida
A opo pela Ecologia como Unidade introdutria do estudo da
Biologia deu-se em decorrncia de dois aspectos:
a preocupao de desenvolver no aluno uma viso abrangente das
interaes que os seres vivos mantm entre si e com o ambiente, sustentando a vida;
explorar aspectos do mundo macroscpico pertinentes ao dia-a-dia dos
alunos e mais prximos de sua realidade.
Dominando esta Unidade, a Ecologia assume uma feio diferente.
De hbito, a Ecologia apresentada nos moldes tradicionais de uma
Biologia de campo, distante da viso que ns, autores, pretendemos
neste livro.
De 1950 at hoje, a populao mundial passou de 2,5 bilhes para
mais de seis bilhes de pessoas, um grupo bastante heterogneo, cada
vez mais dividido entre os que tm e os que nada tm. Para muitos
pases, s voltas com necessidades prementes como alimentar, abrigar e prover sade para seu povo , priorizar as questes ambientais
parece utopia ou fico. Entretanto, chegada a hora de decidirmos
qual modelo de desenvolvimento adotaremos, como iremos explorar os
recursos ambientais e qual destino daremos para os resduos que produzimos em escala crescente. A Ecologia no est restrita s pginas deste
livro: est na lata de refrigerante lanada pela janela dos carros, no demorado banho de chuveiro e nos aerossis que usamos em nossas casas.
No somos apenas espectadores; somos protagonistas no grande cenrio da vida. Mais do que transmitir conceitos, desejamos convocar os
alunos a uma tomada de posio; queremos estimular a conscincia de
que somos todos responsveis pelo planeta em que vivemos e que deixaremos para nossos filhos.

Bibliografia especfica (para os professores)


BOTKIN, Daniel B.; KELLER, E. Environmental science. New York:
John Wiley & Sons, 1998.
BREWER, Richard. The science of Ecology. Michigan: Western Michigan
University, 1994.
CARRON, Wilson; GUIMARES, Jos O. S. As faces da Fsica. So
Paulo: Moderna, 1997.
CHIRAS, Daniel D. Environmental science. Belmont: Wadsworth
Publishing, 1998.
CORSON, Walter H. (Org.). Manual global de Ecologia. So Paulo:
Augustus, 1996.
EMBRAPA. Atlas do meio ambiente do Brasil. Braslia: Terra Viva, 1996.
FELTRE, Ricardo. Fundamentos da Qumica. So Paulo: Moderna, 2001.
FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION. Dimensions of need
An atlas of food and agriculture. London: Banson, 1995.
. The state of food and agriculture. New York: J. Wiley,
1995.
. World agriculture: towards 2010 An FAO study. New
York: J. Wiley, 1995.

6
MP_BIO Col. Base_1

22/06/05, 8:37

Reproduo proibida. Art. 184 do Cdigo Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

de avaliao formativa busca: 1) recolher informaes sobre o conhecimento dos alunos, com base nos objetivos propostos, 2) interpretar as
informaes colhidas e, 3) planejar atividades de recuperao para os
alunos que no conseguiram atingir as metas de aprendizagem, por meio
de construo de estratgias didticas mais adequadas. O propsito desse tipo de avaliao, portanto, orientar todo o processo pedaggico,
por meio de um instrumento educativo que informe e estabelea uma
valorao do processo de aprendizagem do aluno para lhe oportunizar,
em momentos certos, as propostas pedaggicas apropriadas. Nesse sentido, a avaliao se transforma no principal instrumento de trabalho do
educador.
A avaliao final, somativa ou integradora compreendida como
um olhar final que, a partir de um diagnstico inicial, evidencia o percurso do aluno, as aes especficas que foram realizadas, o resultado
final do processo e, fundamentalmente, a partir desse saber, o planejamento didtico com as previses do que necessrio continuar fazendo,
o que preciso refazer, para quem e de que modo. Desse ponto de vista,
a avaliao no compreendida como fim em si mesma, mas como meio
para a realizao da adequao e readequao constante do currculo.
Quando o foco de ao se fixa no objeto da avaliao, podemos
encontrar tendncias que focalizam o aluno, a classe, o professor, os
resultados obtidos, o processo de aprendizagem ou a interveno pedaggica. Entretanto, nossa tradio escolar tem se centrado, quase que
exclusivamente, no aluno como sujeito, e o resultado de sua aprendizagem como objeto da prtica avaliativa. O aluno o elemento avaliado e
deve apresentar determinados rendimentos de acordo com as expectativas definidas pelo educador. Todavia, tais expectativas, que foram previamente estabelecidas, no consideram o aluno concreto, mas um modelo de aluno ideal, que, via de regra, possui determinados requisitos
para alcanar os resultados esperados.
A avaliao do desempenho dos alunos, em contrapartida, tem como
sujeito a turma e como objeto as atividades coletivas de aprendizado,
realizadas em sala de aula. As atividades so planejadas para fornecer
critrios e objetivos que possam funcionar como base para uma ao
avaliativa, na qual se analisam capacidades e conhecimentos, mas tambm a interao com os outros, a expresso oral, a apresentao e organizao das tarefas, a participao e liderana do grupo. Os portflios e
registros pessoais so usados para coletar e selecionar os trabalhos dos
alunos, demonstrando seus progressos em relao a eles prprios. Chamada de auto-avaliao, esse tipo de coletnea ou lbum tende a focalizar o desempenho particular de cada aluno. Tais registros, geralmente,
so propriedade dos alunos, mas podem ser socializados com vistas a
compartilhar as experincias, os sucessos e as dificuldades com o professor ou com todo o grupo, objetivando auxiliar ou ser auxiliado em
algum aspecto da aprendizagem. As notas, geralmente usadas nos processos de avaliao, tambm trazem opinies conflitantes entre os educadores. Para alguns entendida como o instrumento de classificao
dos alunos, com sua nfase na comparao de desempenho e no nos
objetivos educacionais que se pretende atingir. H uma soma e diviso
de notas para se chegar a uma mdia reveladora do rendimento escolar,
revestindo a avaliao de um perfil exclusivamente quantitativo e
contabilstico que desconsidera os princpios educativos. Outros compreendem que preciso que se perceba o real significado e que se esclarea a funo e a representao das notas, que no so determinadas
apenas pelo resultado do produto apresentado, mas pela experincia e
aquisio do aprendizado. Se a nota representar um mero smbolo, por
meio do qual se demonstra o resultado do conhecimento do aluno, o
problema no se localiza em emitir ou no uma nota, um smbolo quantitativo a um trabalho realizado; a contradio est na atitude docente
que, via de regra, avalia o resultado de um produto demonstrativo da
aprendizagem. Nessa direo, a nota no depender do educador, mas,
sobretudo, do interesse do aluno em conquistar e consolidar novos saberes. Para tal, a ao pedaggica no ser tarefa fcil, j que exigir dos
alunos maturidade para que saibam discernir sobre os meios e fins
educativos, e dos educadores, o empenho para formao de pessoas livres e autnomas.
Podemos observar, ento, que os educadores vivenciam, freqentemente, em sua ao pedaggica, um dilema fundamental: que tipo de
avaliao aplicar. Obviamente a escolha no simples, j que a complexidade e a multirreferencialidade do fato educacional impossibilitam
respostas lineares e definitivas; no basta optar por um ou outro tipo de
avaliao, mesmo porque nenhuma completa ou perfeita, todas guardam especificidades que lhes so prprias. Diante da grande variedade

Reproduo proibida. Art. 184 do Cdigo Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

GARSCHAGEN, Donaldson M. (ed.). Cincia e futuro 1993. Rio de


Janeiro: Encyclopaedia Britannica do Brasil.
MAGNOLI, Demtrio. O mundo contemporneo. So Paulo: Atual, 2004.
MELO, Itamar S.; AZEVEDO, J. Controle biolgico (Volume 1). Braslia:
Embrapa, 1998.
MILLER, G. Tiller. Environmental science. Belmont: Wadsworth
Publishing, 1997.
NEBEL, Bernard J.; WRIGHT, Richard T. Environmental Science. The
Way the World Works. New Jersey: Prentice-Hall, 1996.
PERUZO, Tito M.; CANTO, E. L. Qumica na abordagem do cotidiano.
3v. So Paulo: Moderna, 2003.
PRIMAVESI, Ana. Manejo ecolgico do solo. So Paulo: Nobel, 1990.
RAMAGE, Janet. Energy A guidebook. Oxford: Oxford University
Press, 1997.
RAVEN, Peter H. et al. Environment. Orlando: Saunders College
Publishing, 1995.
SMITH, Robert Leo. Ecology and field biology. New York: Harper Collins
College Publishing, 1996.
TARBUCK, Edward J.; LUTGENS, Frederick K. Earth science. New
Jersey: Prentice Hall, 1997.
THURMAN, Harold V. Introductory Oceanography. New York:
MacMillan Publishing, 1994.
TURK, Jonathan; THOMPSON, Grahan R. Environmental Geoscience.
Orlando: Saunders College Publishing, 1995.
WILSON, Edward O.; PETER, F. Biodiversidade. Rio de Janeiro: Nova
Fronteira, 1997.

Leituras complementares sugeridas


(para os alunos)
ALBERTS, Carlos C. Perigo de vida. So Paulo: Atual.
BRANCO, Samuel Murgel. gua Origem, uso e preservao. So
Paulo: Moderna.
. Energia e meio ambiente. So Paulo: Moderna.
. Natureza e agroqumicos. So Paulo: Moderna.
. O desafio amaznico. So Paulo: Moderna.
BRANCO, Samuel Murgel; BRANCO, Eduardo. Poluio do ar. So
Paulo: Moderna.
CANTO, Eduardo Leite. Plsticos Bem suprfluo ou mal necessrio? So Paulo: Moderna.
CAVINATTO, Vilma Maria. Saneamento Bsico Fonte de sade e
bem-estar. So Paulo: Moderna.
CHASSOT, Attico. A cincia atravs dos tempos. So Paulo: Moderna.
CHIAVENATO, Julio Jos. O massacre da natureza. So Paulo: Moderna.
CONTI, Jos Bueno. Clima e meio ambiente. So Paulo: Atual.
FURLAN, Sueli A.; NUCCI, Joo Carlos. A conservao das florestas
tropicais. So Paulo: Atual.
FUTUNA, Edson. O ecossistema marinho. So Paulo: tica.
GIANSANTI, Roberto. O desafio do desenvolvimento sustentvel. So
Paulo: Atual.
MAGOSSI, Luiz Roberto; BONACELLA, Paulo Henrique. Poluio das
guas. So Paulo: Moderna.
MINC, Carlos. Ecologia e cidadania. So Paulo: Moderna.
NEIMAN, Zysman. Era verde? So Paulo: Atual.
RIBEIRO, Jos Hamilton. Pantanal, amor bagu. So Paulo: Moderna.
RODRIGUES, Srgio de Almeida. Destruio e desequilbrio. So Paulo: Atual.
ROSA, Antonio Vitor. Agricultura e meio ambiente. So Paulo: Atual.
SNEDDEN, Robert. Energia. So Paulo: Moderna.
. Vida. So Paulo: Moderna.
SCARLATO, Francisco C.; PONTIN, Joel Arnaldo. Do nicho ao lixo.
So Paulo: Atual.
. O ambiente urbano. So Paulo: Atual.
SOUZA, Herbert (Betinho); RODRIGUES, Carla. tica e cidadania.
So Paulo: Moderna.
TOKITAKA, Snia; GEBARA, Helosa. O verde e a vida. So Paulo: tica.
TOLENTINO, Mario e outros. A atmosfera terrestre. So Paulo: Moderna.
TUNDISI, Helena da Silva F. Usos da energia. So Paulo: Atual.

A internet na sala de aula (endereos na Web)


ARS (Agricultural Research Service) Faz parte do Departamento de
Agricultura dos Estados Unidos; um setor de pesquisas em vrias
reas como irrigao, melhoramento gentico, produo animal, re-

cursos naturais, uso de pesticidas e agricultura sustentvel.


www.ars.usda.gov
Associao Amaznia Pgina da Associao Amaznia, dedicada ao
estudo e divulgao de informaes sobre desenvolvimento sustentvel, conservao, sade, biodiversidade e temas gerais de Ecologia, particularmente no que se refere Amaznia brasileira.
www.amazonia.org
Base de Dados Tropical A BDT tem como meta e estratgia a disseminao de informao eletrnica, como ferramenta na organizao da comunidade cientfica e tecnolgica do pas. Atua na rea de
informao biolgica, de interesse industrial e ambiental, e pretende contribuir diretamente para a conservao e utilizao racional
da biodiversidade no Brasil.
www.bdt.org.br/
Biodiversity and Biological Collections Apresenta informaes
diversificadas e relevantes na rea de Biologia, teis para estudantes
e professores. Possibilita acesso a numerosos outros endereos na Web.
www.biodiversity.uno.edu
Cetesb A Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental faz
parte da Secretaria do Meio Ambiente do Estado de So Paulo. Fornece informaes sobre o controle da poluio, pesquisas na rea
de tecnologia ambiental, legislao ambiental e recursos hdricos.
www.cetesb.sp.gov.br
Department of Atmospheric Sciences (University of Illinois) Trata de
aspectos referentes atmosfera terrestre (meteorologia, poluio
atmosfrica etc.).
www.atmos.uiuc.edu
Discovery Channel na escola Uma pgina do Canal Discovery que
contm os mais variados assuntos, dando nfase rea de cincias e
tecnologia, alm de mostrar a natureza e seus ecossistemas.
www.discoveryportugues.com
Ecoambiental Uma pgina voltada ao estudo do meio ambiente; trata
de vrios aspectos, como biodiversidade, atmosfera, poluio, efeito estufa etc.
www.ecoambiental.com.br/
Ecologia de Paisagem Laboratrio de Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Sul que realiza pesquisas na rea de ecologia de paisagem, geoprocessamento, zoneamento de reas ecologicamente importantes.
www.ecologia.ufrgs.br/paisagem/land5.htm
Ecologia e Desenvolvimento Ampla informao sobre a temtica ligada natureza e sua preservao, levando-se em conta o desenvolvimento econmico e industrial.
www2.uol.com.br/ecologia/
Ecologia web site Um site que traz informaes sobre Ecologia, como
por exemplo, parques nacionais, ecossistemas, problemas ecolgicos e fauna.
www.geocities.com/RainForest/Jungle/3434/
Embrapa Site da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuria, com
informaes sobre ambiente, melhoramento gentico, produo de
alimentos, irrigao, plantio e controle biolgico. Tem dados sobre
zoneamento agrcola, links relacionados com agricultura e ferramenta de busca (Guia de Fontes), facilitando pesquisas.
www.embrapa.br
Guia de Ecologia Seleo comentada de sites sobre Ecologia, incluindo links de instituies, projetos, parques e reservas nacionais,
dicas de reciclagem, cursos e outros.
www.sobresites.com/ecologia/
Meio ambiente para todos Este o site da ECOM Ecologia &
Comunicao, traz informaes relacionadas rea de Ecologia,
como profisses, universidades, trabalhos, ecoturismo, alm de notcias e biblioteca.
www.meioambiente.org.br/
NRDC on-line Site do Natural Resources Defense Council, que apresenta numerosas e interessantes sees, incluindo um dicionrio de
Ecologia, temas atuais relativos s questes ambientais e muito mais.
www.nrdc.org
O Estado de S. Paulo Contm cadernos e artigos dos jornais O Estado
de S. Paulo e Jornal da Tarde. H vrios assuntos ligados Biologia, incluindo ambiente, poluio, novas descobertas, demografia,
tica, agronomia etc. Dispe de item Pesquisa para busca atravs
de palavra-chave, carregando artigos relacionados ao assunto.
www.estado.com.br

7
MP_BIO Col. Base_1

22/06/05, 8:37

Materiais de apoio
Leituras
ABORDAGEM INTERDISCIPLINAR DA BIOLOGIA
A biologia, considerada cincia bsica, isto , um ramo puro do
conhecimento humano dito cientfico, contribui para vrias outras, assim como recebe de outras fundamentais contribuies. A questo da
interdisciplinaridade, entretanto, torna-se meramente convencional na
medida em que fazemos, de uma cincia bsica, uma abordagem mais
ou menos ampla de seu campo de operaes. Isso porque, em termos de
abrangncia, as cincias possuem, em geral, limites meramente convencionais. O conhecimento cientfico ou seja, aquele que pode ser submetido a provas e contraprovas, no derivando somente de argumentos,
opinies, preferncias e gostos no possui barreiras internas, pois
isso seria contrrio sua prpria definio, pois limitaria o gnero de
provas e objees que lhe poderiam ser impostas.
Na poca de Aristteles, a proposio de interdisciplinaridade no
teria sentido. Sua cincia ou seja, os aspectos de sua contribuio para
o conhecimento que foram derivados da observao, da comparao e
da experimentao inclua os ramos mais diversos, como a
meteorologia, hidrologia, astronomia, fsica, biologia... Seria ele um
multicientista, um profissional que dominava vrios ramos do saber
indistintamente? Ou era a prpria cincia que no reconhecia a necessidade de subdivises em ramos distintos do saber? Na Idade Mdia, o
conhecimento dos alquimistas era tambm multiforme, tendo dado origem a descobertas bsicas nos campos da qumica, da mineralogia, da
farmcia, da medicina. Foi, pois, a ampliao dos conhecimentos adquiridos pela cincia que exigiu, por assim dizer, as suas subdivises em
diversas cincias (como se a palavra cincia admitisse o plural), e
estas em vrias disciplinas, de acordo com a sua metodologia de trabalho, ou seja, com os tipos de mtodos mais familiares e mais objetivamente utilizados na obteno das provas necessrias sua certificao.
O reconhecimento elementar de diferenas de categoria e metodologia
entre a filosofia, as artes e a cincia parecer ser, at certo ponto, intuitivo (embora no o fossem numa poca em que os argumentos, quer de
origem autoritria, revelada, intuda, deduzida ou induzida, observada
ou experimentada, tinham igual valor).
Dentro desse panorama extenso da cincia, os que a ela se dedicavam comearam a manifestar preferncias, em consonncia, certamente, com seus respectivos temperamentos pessoais. muito instrutivo, a
esse respeito, notar, na trajetria de vida de Charles Darwin,1 como ele
foi submetido a diversas alternativas de profisso, at encontrar a sua

verdadeira vocao de naturalista. Primeiramente, foi encaminhado


medicina, quer por uma tradio de famlia, quer, possivelmente, por
haver demonstrado na infncia a tendncia pouco comum de dissecar
animais para examinar o contedo. Tendo, entretanto, nas aulas da universidade (que era, na poca, eminentemente multidisciplinar e
eqipotencial, em termos de formao profissional), revelado ntida e
incontrolvel repugnncia pela contemplao da doena e da dor, encaminhou-se para a profisso teolgica, clerical, com a qual tambm manifestava incompatibilidades, mais inclinado que era aos fatos do que s
crenas. Finalmente, por uma circunstncia fortuita, que todos conhecem, do convite para engajar-se como naturalista de bordo em uma
excurso cientfica de circunavegao e detalhamento geogrfico da costa
sul-americana, com cinco anos de durao, foi encaminhado histria
natural, em que manifestou sempre igual interesse e competncia
pela geologia, pela botnica e pela zoologia.
Essas tendncias e preferncias pessoais manifestam-se, possivelmente, em funo j de um vislumbre metodolgico: muito ntido o
desgosto, por exemplo, que um estudante mostra pelas matemticas,
quando suas preferncias se dirigem a matrias descritivas, como a biologia ou a histria; ao contrrio, a vocao para a engenharia se caracteriza por uma forte preferncia pelas demonstraes da fsica e da matemtica, no percebendo, em geral, qualquer sentido na observao dos
hbitos de bichos e plantas. H, tambm, a ndole do colecionador, uma
tendncia sistemtica quase artstica que tanto pode ser aplicada
mineralogia quanto classificao de insetos, conchas, plantas ou selos
do correio... Mas so sempre opes metodolgicas. Assim, o sistemata,
em biologia, dificilmente se interessa pela fisiologia.
Preferncias metodolgias e acmulo de conhecimentos constituram, afinal, as razes bsicas para a subdiviso da cincia. O princpio
cartesiano s se aplica a coisas que, pela sua extenso, se mostram divisveis. So divises de convenincia, e no de essncia. Descartes prope subdividir o problema a ser esclarecido em tantas partes quanto possam ser resolvidas separadamente, e no ad infinitum... Entretanto, a
diviso do conhecimento em subdivises infinitas, segundo uma hierarquia, constitui objetivo atual dos bibliotecrios, e Dewey, com seu famoso mtodo decimal de catalogao, conseguiu esse intento, facilitando
sobremaneira a classificao de livros e a sua busca, por assunto nas
bibliotecas!
Por outtro lado, as tendncias modernas unificao, globalizao,
viso sistmica so visceralmente contrrias a essa atomizao do
conhecimento. Primeiro, pela prpria essncia das cincias. As leis que
explicam o movimento dos astros, a composio ntima da matria, a
origem e a natureza fsica da vida so as mesmas em todo o universo.
Vers que a natureza, em todo semelhantte, a mesma em toda parte,
dizia Pitgoras em seus versos ureos. Assim sendo, as divises entre
qumica, fsica, biologia e astronomia so apenas formais e no essenciais. Alm disso, a constatao holstica de que a associao de elementos em um sistema mais do que uma simples justaposio, pois
dela resultam propriedades novas, condena a separao dos elementos,
aconselhando, ao contrrio, a sntese, a integrao que permite a interao.
Por conseguinte, s podemos tratar formalmente da interdisciplinaridade
como tentativa de juntar o que estava separado. O sdio (um metal
prateado, brilhante, altamente reativo) e o cloro (gs incolor, txico,
oxidante poderoso) so completamente diferentes do cloreto de sdio
(sal de cozinha) que se forma pela sua associao. Dizer que so elementos complementares nessa sntese inteiramente suprfluo e
imprprio.
As Cincias Afins da Biologia
De um ponto de vista formal, h dois nveis de complementaridade
entre a biologia e outras cincias. Existem as cincias para as quais a
biologia contribui e existem as cincias das quais depende a biologia.
Entre as cincias para as quais a biologia contribui decisivamente, a
ponto de ser impossvel a sua abordagem sem ser a partir mesmo da biologia, esto a medicina e a agronomia, com suas mltiplas ramificaes.
Em menor grau, dentro da geologia, a estratigrafia, ou mais especificamentte a bioestratigrafia, recebe o concurso da biologia, por meio da
paleontologia, considerada esta legtima disciplina da biologia, que trata
da morfologia (e at da ecologia, ou pelo menos da biogeografia) dos
animais e vegetais extintos. Os fsseis, considerados como elementos es-

A. Desmond & J. Moore, Darwin. A vida de um evolucionista atormentado (So


Paulo: Gerao, 1995).

8
MP_BIO Col. Base_1

22/06/05, 8:37

Reproduo proibida. Art. 184 do Cdigo Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Odyssey expeditions Um site em ingls que trata de expedies relacionadas Biologia, principalmente assuntos relacionados Biologia marinha e Ecologia.
www.odysseyexpeditions.org/
Revista Ecologia e Desenvolvimento Um site do Uol que traz informaes e curiosidades sobre assuntos relacionados Ecologia, como
revistas, livraria, links.
www.uol.com.br/ecologia/
The Envirolink Network Organizao ecolgica dedicada a divulgar
informaes referentes Ecologia, discutindo problemas ambientais
associados s atividades humanas.
www.envirolink.org
U. S. Fish and Wildlife Service Site elaborado pelo rgo do governo
norte-americano encarregado da conservao e proteo da vida
selvagem nos Estados Unidos. Oferece links com endereos afins.
www.fws.gov
U. S. Geological Survey Mantido por esse rgo do governo norteamericano, este site apresenta informaes sobre meio ambiente,
incluindo riscos ambientais, recursos naturais e gerenciamento
ambiental.
www.info.er.usgs.gov/network/science/biology/index.html
World Wild Found for Nature Site dessa organizao no-governamental dedicada ao estudo de questes ambientais, apresenta diversas sees que abordam temas atuais relativos aos problemas
ambientais.
www.panda.org
WWF A WWF uma instituio no-governamental que tem como
principal funo a conservao do meio e das espcies existentes
nele. No site voc encontra dados e trabalhos realizados por essa
organizao.
www.wwf.org.br

Reproduo proibida. Art. 184 do Cdigo Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

truturais de rochas, so, em relao a estas, elementos secundrios e tm


origem biolgica, interessantes apenas como elementos de datao e de
reconhecimento das condies da formao de rochas sedimentares, cabendo, pois, a denominao bioestratigrafia ao seu estudo especializado.
Quanto s cincias ou disciplinas que contribuem metodolgica ou
essencialmente para a biologia, incluem praticamente todas as cincias
bsicas, uma vez que a substncia biolgica a sua natureza qumica,
as suas propriedades so fsicas e a sua morfologia geomtrica. DArcy
Thompson (1860-1948) foi um zologo escocs de saber imenso. Faz
parte do seu currculo o fato espantoso de ter sido convidado na mesma
ocasio a ocupar, em trs universidades britnicas distintas, respectivamente as ctedras de: zoologia, matemtica e... letras clssicas, tendo
optado pela primeira, que o manteve durante cinqenta anos na Universidade de St. Andrews, sua terra natal. Thompson dedicou-se, em sua
brilhante carreira, a elucidar as leis que do origem s formas orgnicas,
principalmente animais.2, 3 Suas pesquisas abordam a questo tanto do
ponto de vista biolgico quanto geomtrico e fsico-qumico, procurando identificar as razes de ser de cada forma, na economia de materiais, nas leis da gravidade e das tenses superficiais, demonstrando, por
exemplo, o porqu de encontrarmos as formas espiraladas que caracterizam uma concha de gastrpode, a teca de um foraminfero, o chifre de
um antlope ou o dente de uma paca...
A fisiologia introduziu, desde a sua origem, a necessidade do recurso aos conhecimentos de eletricidade e de qumica. As decobertas de
algumas propriedades importantes da eletricidade e da pilha eltrica e,
por outro lado, da contrao muscular e conduo nervosa esto associadas aos trabalhos de Volta, que era fsico, e de Galvani, que era mdico.
Muito mais tarde, a descoberta da contratibilidade das molculas de
actomiosina introduziu, na fisiologia, um estreito relacionamento com a
qumica fina, isto , com a qumica ao nvel de estrutura da molcula.
Mas todo o conhecimento das enzimas, seu papel na digesto e outras
funes biolgicas, assim como dos hormnios e neurossecrees, como
veculos de informaes indispensveis integrao orgnica, tornam
a biologia estreitamente dependente dos conhecimentos de qumica. O
mesmo papel reconhecido com relao a funes bsicas, como a
fotossntese das plantas, a quimiossntese dos microrganismos e muitos
outros. Finalmente, os estudos de gentica tm avanado rpida e
inexoravelmente em direo ao esmiuamento das propriedades das molculas de ADN, originando a chamada biologia molecular. Teorias sofisticadas de fsica, de informtica e outras tm se associado na compreenso da mecnica da transmisso de caracteres hereditrios e nas possibilidades de interveno e alterao.
Tudo isso faz da biologia, no uma colcha de retalhos, mas o maior
centro integrador de conhecimentos de toda a cincia.
Fonte: BRANCO, Samuel M. Meio Ambiente e Biologia. So Paulo: Editora
Senac, 2001, p. 115 a 122.

O QUE CARACTERIZA A VIDA


Atualmente, se consultarmos bilogos e outros cientistas, encontraremos consenso sobre a natureza dos organismos vivos. Em nvel
molecular, as suas funes todas e em nvel celular, a maioria delas
obedecem s leis da fsica e da qumica.
Fundamentalmente diferentes das substncias inertes, os seres vivos so sistemas hierarquicamente ordenados, com propriedades nunca encontradas na matria inanimada; mais importante, suas atividades so controladas por programas genticos que contm informaes acumuladas ao longo do tempo, algo tambm ausente na matria
inanimada.
Como resultado, os seres vivos apresentam uma notvel forma de
dualismo, mas no um dualismo de corpo e mente, isto , um dualismo
entre o fsico e o metafsico. O dualismo da biologia moderna fsicoqumico, e resulta de os organismos possurem um gentipo e um
fentipo.
Para o entendimento do gentipo, que escrito em cidos nuclicos,
so requeridas explicaes evolucionrias. O fentipo, construdo a partir das informaes contidas no gentipo, escrito em protenas, lipdios
e outras macromolculas, e requer explicaes funcionais. Tal dualidade
desconhecida no mundo inanimado. []

Podemos tabular alguns dos fenmenos especficos aos seres vivos:


Programas evoludos. Os organismos so produtos de 3,8 bilhes
de anos de evoluo, e suas caractersticas refletem essa histria.
Desenvolvimento, comportamento e todas as outras atividades dos
seres vivos so em parte controladas por programas, que so o resultado de informaes genticas acumuladas durante a histria da vida.
Desde a origem dos procariontes mais simples at rvores gigantescas, elefantes e baleias, desenrola-se uma sucesso evolutiva
ininterrupta.
Propriedades qumicas. A qumica orgnica e a bioqumica tm demonstrado que todas as substncias encontradas nos seres vivos
protenas, lipdios, cidos nuclicos e outras podem ser decompostas em molculas inorgnicas simples e, pelo menos em princpio,
podem ser sintetizadas em laboratrio.
Mecanismos reguladores. Em todos os seres vivos existem mltiplos
mecanismos reguladores e de controle como as respostas de feedback
que mantm o organismo estvel. Estes mecanismos nunca foram
encontrados na matria inanimada.
Organizao. Seres vivos so sistemas complexos e organizados, e
isso explica sua capacidade de auto-regulao.
Sistemas teleonmicos. Seres vivos so sistemas adaptados, resultantes de incontveis geraes sucessivas, submetidas seleo natural.
Nesses sistemas, todas as atividades tanto as que regem o desenvolvimento embrionrio como as atividades fisiolgicas e comportamentais dos adultos so teleonomicamente programadas.
Ordem de grandeza limitada. O tamanho dos seres vivos ocupa uma
limitada faixa, desde os menores vrus (fraes de micrometros) at as
maiores rvores e os maiores mamferos (algumas dezenas de metros).
As unidades bsicas de organizao biolgica as clulas com seus
componentes so muito pequenas, o que confere aos organismos
grande flexibilidade.
Ciclo da vida. Seres vivos ao menos os que se reproduzem
sexuadamente passam por um ciclo de vida definido, que se inicia
com um zigoto (ovo fecundado) e passa por vrios estgios embrionrios ou larvais, at alcanarem a idade adulta. A complexidade do ciclo da vida varia de espcie para espcie, incluindo diversas modalidades de alternncia de geraes sexuadas e assexuadas.
Sistemas abertos. Os seres vivos obtm continuamente energia e matria do ambiente, no qual eliminam os produtos finais do metabolismo. Sendo sistemas abertos, no esto sujeitos s limitaes ditadas
pela segunda lei da termodinmica.
A percepo das peculiaridades que caracterizam os seres vivos resultou no desenvolvimento de uma cincia autnoma a biologia. Essas peculiaridades so:
capacidade para evoluir;
capacidade de autoduplicao;
capacidade de crescimento e diferenciao, obedecendo a um programa gentico;
metabolismo (obteno e consumo de energia);
capacidade de auto-regulao, mantendo um sistema complexo em
equilbrio (o que se chama homeostase);
capacidade de responder a estmulos ambientais;
capacidade de alterar-se tanto em nvel genotpico (por mutaes) como
em nvel fenotpico.
Fonte: MAYR, Ernst. This is Biology. Cambridge: Harvard University Press,
1997, p. 20 a 23.

BASE SOBRE MEIO AMBIENTE URBANO


Cleon Ricardo dos Santos, Unilivre
Clvis Ultramari, Unilivre
Cludia Martins Dutra, CIDS-EBAPE-FGV

Introduo
2
3

D. Thompson, Forme et croissance (Paris: Seuil, 1994).


S. M. Branco, O castor e a motosserra (em preparao).

O termo sustentabilidade mais amplamente utilizado com referncia sustentabilidade ambiental. Todavia, a Conferncia das Naes
Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio-92) ampliou

9
MP_BIO Col. Base_1

29/06/05, 9:40

A informao de quantos municpios brasileiros estariam desenvolvendo ou que


j desenvolveram processos de Agenda 21 local de difcil apreenso. A experincia emprica dos autores revela que esse nmero no poderia ser desprezado
se considerada a demonstrao de interesse, formal ou no, em elaborar Agendas 21 por parte de gestores e tcnicos municipais.

expressivo foi conquistado com a aprovao do Estatuto da Cidade


Lei Federal 10.257, de 10 de julho de 2001, regulamentando a poltica
urbana.
O Estatuto da Cidade estabelece as diretrizes gerias a serem necessariamente observadas pelos municpios na implementao da poltica
urbana, dentre as quais mencione-se.
a garantia do direito a cidades sustentveis, entendido como o direito
terra urbana, moradia, ao saneamento ambiental, infra-estrutura
urbana, ao transporte e aos servios pblicos, ao trabalho e ao lazer,
para as presentes e futuras geraes (artigo 2 I).
A cidade sustentvel, portanto, passa a ser considerada como um
direito, definindo-se claramente o que se compreende por sustentabilidade
urbana no Brasil, ao menos para efeitos legais.
Outros aspectos so dignos de meno, como: a garantia da gesto
democrtica da cidade; o cumprimento da funo social da propriedade urbana, a ser determinada pelo Plano Diretor, obrigatrio para cidades com mais de 20 mil habitantes; a caracterizao das cidades como
dotadas de uma funo social; o estabelecimento de novos instrumentos de interveno no espao urbano, para que se assegure uma melhor
ordenao fsico-territorial do municpio; o controle da especulao
imobiliria e a regularizao fundiria, entre outros importantes aspectos. As relaes entre o meio ambiente e o desenvolvimento urbano
so igualmente consideradas como diretrizes a serem necessariamente
observadas.
Alm da edio de importantes diplomas legais, onde se inclui a
Lei de Responsabilidade Fiscal e uma relevante regulamentao dos aspectos urbano-ambientais, observa-se um ntido processo de descentralizao que passa a valorizar a instncia local, em detrimento de polticas urbanas formuladas no plano nacional, ao lado do repasse para os
municpios de competncias setoriais, como a educao e a sade, bem
como o trato de questes urbano-ambientais.
Alm da marcante influncia dos documentos internacionais sobre
a estrutura legal e institucional, mencione-se a resultante das aes de
agncias externas de financiamento:
... alm da importante funo meramente financeira, os Bancos tm
atuado como inteligncia auxiliar do Governo na elaborao de
programas e projetos, como, por exemplo, os programas responsveis por polticas de ajuste estrutural, os projetos setoriais de desenvolvimento, os de combate pobreza... Desse modo, parte das
novidades em polticas pblicas e projetos de governo brasileiro ,
muitas vezes, o resultado de um trabalho de cooperao internacional em que o Banco Mundial e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) tm um relevante papel. (Vianna Jr. 1998, p. 82).
neste cenrio, em que diretrizes internacionais e caractersticas
locais se mesclam, que a busca do desenvolvimento sustentvel para
as cidades brasileiras tem sido realizada, ora com avanos, ora com
retrocessos.
Urbanizao e sustentabilidade
A existncia de um arcabouo legal capaz de propiciar aos municpios instrumentos adequados para a gesto urbana particularmente
importante na medida em que o Brasil se urbaniza aceleradamente. Com
efeito, a taxa de urbanizao brasileira, em 1970, era de 30,5%; em 1980,
de 38,6%; em 1990, de 49,0%; e em 2000, passa a 81,2%. Analisandose o quadro a seguir, verifica-se, alm do fenmeno da urbanizao,
uma lenta porm persistente concentrao da populao nas regies
metropolitanas.2
A importncia crescente do fenmeno urbano no Brasil um fato
notrio, ocorrido a partir de uma ocupao concentradora sobre o territrio e a partir de diferenas, cada vez mais marcantes, entre a ocupao
rural e a urbana. A despeito desses fatos, recente pesquisa realizada pelo
Instituto Social de Estudos da Religio (Iser), O que o brasileiro pensa
sobre o meio ambiente e o consumo sustentvel mostra, por exemplo,
que o desmatamento fato no necessariamente integrante de polticas
urbanas ainda o problema ambiental mais presente entre a populao. Confirma isso o fato de 46% dos entrevistados entenderem ser esta

Para completar este raciocnio, poder-se-ia inserir a populao de municpios


que compem aglomerados urbanos ou fenmenos metropolitanos ainda no
constitudos formalmente em regies metropolitanas.

10
MP_BIO Col. Base_1

10

22/06/05, 8:37

Reproduo proibida. Art. 184 do Cdigo Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

este conceito, incluindo a sustentabilidade social, econmica, financeira e institucional, dentre outros aspectos, o que levou a consideraes a
respeito de sua aplicao no espao urbano. Apesar de as cidades apresentarem limitaes conceituais, relativamente obteno de um verdadeiro desenvolvimento sustentvel, as reas urbanas tornaram-se um tema
de maior debate e participao.
A ampliao do conceito de sustentabilidade consolidou-se com a
realizao da Conferncia das Naes Unidas sobre os Assentamentos
Humanos (Habitat II), em 1996, que aprovou a Agenda Habitat, documento que explicita no s os princpios, mas tambm os compromissos
e aes estratgicas a serem adotadas, tanto pelos governos como pela
sociedade civil e iniciativa privada, visando obteno de um desenvolvimento sustentvel nas reas urbanas. O prprio conceito de cidade
ampliou-se, abrangendo os assentamentos humanos, de forma mais ampla, incluindo as formas mais variadas de ocupao do territrio pela
populao.
A sustentabilidade urbana passa a incluir, ao lado das questes essencialmente ambientais, o desenvolvimento econmico local, a promoo da eqidade e a justia social, a gesto urbana democrtica e
participativa, a moradia adequada para todos, alm, entre outras, das
questes essencialmente urbansticas e das ligadas ao ordenamento
territorial local e regional.
As cidades so, por definio, sistemas abertos, com uma dependncia profunda e complexa de recursos externos. Isso, sem dvida, dificulta a obteno da sustentabilidade urbana, profundamente relacionada com a auto-suficincia em consumo e com a disposio de resduos slidos e lquidos, incluindo a disponibilidade de moradia adequada e de transportes pblicos eficientes. A busca do desenvolvimento
sustentvel nas cidades sofre, assim, a contradio imposta por aspectos
intrnsecos a esses espaos.
Estas dificuldades so mais acentuadas no Brasil, onde o processo
de urbanizao, extremamente rpido e desigual, leva as populaes de
baixa renda a ocupar terras perifricas, em geral desprovidas de qualquer tipo de infra-estrutura, ou a se instalar em reas ambientalmente
frgeis, que s poderiam ser urbanizadas sob condies rigorosas e mediante solues dispendiosas. O desrespeito legislao urbanstica e
um acentuado processo de especulao imobiliria tm provocado conseqncias semelhantes.
A inexistncia de uma clara poltica urbana nacional (no obstante
esta omisso poder ser considerada como uma forma velada, porm deliberada, de poltica) dificulta a adequada articulao dos necessrios
investimentos em infra-estrutura e, conseqentemente, a otimizao dos
recursos, sempre inferiores s reais necessidades.
Inexistindo instrumentos de referncia nacionais, so valorizados
os acordos internacionais, que passam a substituir prticas anteriormente adotadas pelos governos brasileiros. Nesse sentido, a Agenda 21 constitui verdadeiro plano de ao mundial para orientar a transformao de
nossas sociedades, pois identifica, em 40 captulos, 115 reas de ao
prioritria (Guimares 1999, p.1). No Brasil, a valorizao da Agenda
21 tambm recorrente, seja por parte das autoridades locais, que se
lanam na tentativa de implementar seus princpios1, seja pelo governo
federal que, muitas vezes, parece substituir, oficialmente, sua competncia precpua de formular a poltica urbana nacional pela simples adoo de documentos aprovados internacionalmente. Tornadas realidade,
as Agendas 21 podero fertilizar toda a vida econmica, social e poltica
do Pas com o novo conceito de desenvolvimento fundamental na qualidade ambiental e na justia social, afirmou o ministro de Meio Ambiente, Jos Sarney Filho, nos trabalhos de discusso da Agenda 21 Brasileira (Novaes 2000, p. IV).
Concomitantemente adoo dos princpios, objetivos e estratgias de ao preconizados nas Agendas internacionais, est se consolidando uma base constitucional e legal adequada para o trato das questes urbanas. Mencione-se, em especial, as normas constitucionais que
tratam do meio ambiente, da autonomia municipal, da competncia
estadual para instituir regies metropolitanas e aglomeraes urbanas
e no Captulo especfico sobre a Poltica Urbana, que passa a ser uma
poltica institucionalizada, a exemplo de outras polticas pblicas. Avano

TABELA 1 BRASIL. POPULAO METROPOLITANA, URBANA, RURAL E TOTAL


1970-1996 (MILHES)
1970
1980
1991
1996
bs.
bs.
bs.
bs.
Metropolitana
Urbana
Rural
TOTAL

23,7
28,4
41,1
93

25,5
30,5
44,1
100

34,4
45,6
38,0
118

29,2
38,6
32,2
100

42,9
68,1
35,8
146,8

29,4
46,4
24,4
100

46,1
77,0
34,0
157,1

29,4
49,0
21,6
100

2000
bs.
50,7
137,7
31,8
169,5

29,9
81,2
18,8
100,0

Reproduo proibida. Art. 184 do Cdigo Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Fonte: IBGE, Censos Demogrficos 1970, 1980, 1991. Contagem Populacional 1996 e Censo Demogrfico 2000.

a questo ambiental mais urgente no Brasil (Iser & Ministrio do Meio


Ambiente 2001)3.
evidente que um processo de urbanizao concentrada e acelerada indica srios problemas de ordem ambiental. Analisando-se os aspectos intra-urbanos desse processo, observam-se condies ainda mais
imprprias para o meio ambiente e para a qualidade de vida da populao urbana. Mencione-se a grande dificuldade de impor regulamentos
urbansticos a uma cidade cada vez mais ilegal e a existncia de presses crescentes para a utilizao de reas ambientalmente sensveis. Nesse
sentido, O ilegal do solo e as edificaes em meio urbano atingem
mais de 50% das construes nas cidades brasileiras, no considerando
as legislaes de uso e ocupao do solo, zoneamento, parcelamento do
solo e edificao. (Maricato 1996, p. 21)4.
Nas cidades brasileiras so inmeros os exemplos de ocupao de
reas ambientalmente frgeis, repetindo-se, tanto nas metrpoles como
nas cidades mdias e pequenas, os conflitos entre vetores de ocupao e
reas a preservar. A regio metropolitana de Curitiba, um exemplo que
pode ser generalizado para o Pas, tem apresentado forte tendncia de
crescimento urbano em direo s reas de mananciais, onde se combinam baixos padres de habitabilidade (solos hidromrficos e risco de
enchentes) e perda da principal fonte de recursos hdricos para a populao metropolitana.
Principais problemas ambientais urbanos
A existncia, a persistncia e o contnuo crescimento dos problemas
ambientais urbanos, decorrentes da urbanizao acelerada e desigual, levam necessidade de polticas especficas para enfrentar o problema.
A sociedade brasileira no pode prescindir de uma poltica de desenvolvimento vinculada e coordenada a uma poltica ambiental em
que a gua, o esgoto sanitrio e os resduos domsticos e industriais
tenham origem e destino transparentes, e o transporte pblico tenha
prioridade sobre a auto-estrada, os viadutos e as cirurgias urbanas.
(Gastal 1995, p. 15).
Os dados bsicos sobre gua e esgoto, poluio hdrica, poluio
atmosfrica e gesto de resduos slidos, nos ltimos dez anos, revelam
um quadro dramtico que, no obstante a evoluo positiva de alguns
setores, parece se distanciar de qualquer cenrio de uma sustentabilidade
desejada.
gua e esgoto
Um dos problemas ambientais urbanos mais graves a falta de tratamento dos esgotos sanitrios que so, em sua maioria, lanados, in
natura, no solo ou em corpos dgua, causando danos irreparveis s
reservas de gua potvel, rios e guas costeiras e comprometendo seu
uso para abastecimento, irrigao, recreao e turismo.
Comparando-se os dados da Pesquisa Nacional de Saneamento Bsico de 2000, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE), com a mesma pesquisa realizada em 1989, verifica-se que,
no perodo considerado, houve um aumento de 24% no nmero de municpios brasileiros, que passaram de 4.425 para 5.507. No entanto, o
servio de esgotamento sanitrio cresceu, no mesmo perodo, apenas
10,5%, cobrindo, atualmente, 2.874 municpios.

Em segundo lugar, a pesquisa aponta 38% para a poluio de rios, lagoas e praias,
e 18% para problemas de saneamento, estes sim problemas fundamentalmente
urbanos. A mesma pesquisa realizada nos anos de 2001 e 1997 mostra resultados
semelhantes, porm, com incremento para esses dois ltimos problemas.
Informao obtida a partir do conhecimento emprico junto administrao municipal de So Paulo, da arquiteta e ex-secretria municipal de habitao Ermnia
Maricato.

Apenas 33,5% dos domiclios so atendidos por rede de esgoto e,


dos domiclios servidos, 64,7% do esgoto coletado no tem nenhum tipo
de tratamento. Nas reas onde no h tratamento, 84,6% dos esgotos
coletados so despejados diretamente nos rios.
interessante observar, analisando os dados no plano regional, que
a regio Sudeste, embora tenha o maior percentual de municpios com
servios de esgoto (92% do total) apresenta o menor volume (27,2%) de
esgoto coletado tratado. Na regio Nordeste, com 42% dos municpios
atendidos, trata-se 78,2% do volume de esgoto coletado.
No mesmo perodo (1989/2000), o volume de gua distribudo
populao aumentou em 57,5%. Vale salientar que o volume de gua
tratada que chega aos domiclios atendidos cresceu 52,5%, enquanto o
volume distribudo sem tratamento teve um crescimento de 191,3%. Com
isso, a porcentagem de gua distribuda sem tratamento no Brasil cresceu de 3,9% para 7,2% do total.
Quanto aos municpios atendidos com servios de abastecimento
de gua, o Pas atingiu, em 2000, o expressivo ndice de 97,4%. O Sudeste, com 100%, apresenta o melhor ndice regional, enquanto no Norte so atendidos 94% dos municpios. Quanto ao total de domiclios
atendidos, o ndice, para todo o Brasil, no passa de 63,9%. Mais uma
vez o Sudeste apresenta o melhor ndice de atendimento (70,5%) e o
Norte o pior, com apenas 44,3%.
Segundo dados da Secretaria Especial de Desenvolvimento Urbano
(SEDU), seriam necessrios R$ 44 bilhes, at 2015, para que a populao tenha acesso aos servios de saneamento bsico. As principais fontes de financiamento so o Banco Interamericano de Desenvolvimento
(BID) e o Banco Mundial, j que entidades nacionais como o Banco
Nacional de Desenvolvimento Econmico e Social (BNDES), por exemplo, no tm concedido recursos e s recentemente a Caixa Econmica
Federal (CEF) voltou a financiar o setor pblico.
Assim, evidente que o Pas ainda est longe de atingir a meta da
universalizao dos servios de saneamento. Caso o ritmo dos investimentos pblicos (Unio, estados e municpios) for mantido, este ideal
ser alcanado apenas em 2018.
A previso, em 1998, era de se atingir a universalizao em 2010,
mantendo-se constantes investimentos de R$ 44 bilhes, mas a crise cambial e outras dificuldades obrigaram o setor pblico a diminuir a perspectiva dessa transformao. Hoje, os investimentos em saneamento no
representam mais de 0,25% do Produto Interno Bruto (PIB), muito abaixo
dos ndices atingidos nos anos 1980, quando os investimentos chegaram
a 0,38% deste ndice.
A indisponibilidade de abastecimento de gua e esgotamento sanitrio representa, tambm, um grande problema de sade pblica. Doenas
infecciosas ligadas falta de saneamento bsico foram responsveis por
77% da mortalidade infantil at um ano de idade, registrada em hospitais
pblicos, em 2000, e estima-se que esta seja igualmente a causa de cerca
de 8.500 casos anuais de mortalidade prematura e morbidade adicional.
De forma geral, pode-se dizer que os servios de saneamento concentram-se nos centros urbanos maiores e praticamente inexistem nos
pequenos municpios. Alm disso, ostensivo o fato de que a distribuio dos servios de saneamento no Brasil desigual, j que as cidades
maiores e mais ricas tm mais acesso aos centros de deciso do que as
cidades menores, mais pobres e distantes. No caso da rede de esgoto,
esse fato evidente: os municpios com mais de 300 mil habitantes tm
quase trs vezes mais domiclios ligados s redes de esgotos do que as
cidades com at 20 mil habitantes, onde apenas 17,8% contam com esgotos tratados. Na regio Norte, o servio quase inexistente nas cidades desta faixa: 0,4% da populao. Nos municpios entre 20 e 45 mil
habitantes, a proporo de 18,3%. As metrpoles, que contam com
mais de 300 mil habitantes, registram 48% da populao atendida. No
Sudeste, tem-se 58,7% do total.

11
MP_BIO Col. Base_1

11

22/06/05, 8:37

Poluio hdrica
A contaminao das guas tem contribudo de maneira significativa para agravar o problema da escassez de gua nas cidades brasileiras.
Nos grandes centros, o comprometimento da qualidade causado principalmente por despejo de esgotos domsticos, sem qualquer tipo de
tratamento, nos rios e corpos dgua que so utilizados para o abastecimento. A contaminao por pesticidas e fertilizantes (que ocorre quando estes rios atravessam zonas agrcolas) contribui ainda mais para agravar o problema.
Casos paradigmticos do problema de contaminao das guas so,
por exemplo, o rio Guaba, em Porto Alegre, fortemente comprometido
pelo lanamento de resduos txicos e industriais, alm de fertilizantes e
agrotxicos, e o rio Paraba do Sul, que, alm de constituir a principal
fonte de abastecimento da regio metropolitana do Rio de Janeiro, abastece outras importantes cidades de Minas Gerais e de So Paulo. Neste
caso, so importantes fatores de comprometimento do rio, alm do lanamento de esgotos, o desmatamento, os garimpos ilegais e a eroso
decorrente do mau uso do solo. Problemas semelhantes ocorrem em
Curitiba, onde a ocupao de reas de mananciais nas nascentes do rio
Iguau tem se constitudo no maior desafio para o planejamento metropolitano. O lago Parano, em Braslia, e a lagoa Rodrigo de Freitas, no
Rio de Janeiro, tambm enfrentam problemas de poluio, enquanto a
baa de Guanabara sofre com o lanamento de esgotos residenciais e
industriais, alm de vazamento de leo e produtos qumicos lanados
por navios.

congestionamento leve e moderado, levam ao consumo excessivo de 190


mil litros de gasolina nas horas de pico da tarde, valores que, por ano,
atingem as cifras estimadas de 200 milhes de litros de gasolina e 4
milhes de litros de diesel (op. cit.). Alm disso, esses congestionamentos so responsveis pela emisso de 112 mil toneladas por ano de
CO, apenas nas dez cidades analisadas pela pesquisa.
Resduos slidos
Tradicionalmente no Brasil de competncia dos municpios a gesto dos resduos slidos produzidos em seu territrio, com exceo dos
resduos de natureza industrial.
A gerao de resduos slidos domiciliares varia de acordo com o
tamanho das cidades: nos municpios com at 200 mil habitantes so
recolhidos de 450 a 700 gramas por habitante/dia; naqueles com mais
de 200 mil habitantes esta quantidade aumenta para a faixa entre 800 e
1.200 gramas por habitante/dia. importante notar, entretanto, e esse
um desafio para a sustentabilidade, que o volume per capita de lixo
gerado tem crescido nos ltimos anos. Assim, preocupao com a gerncia de estruturas para coleta e disposio desse lixo, deve-se agregar
uma preocupao com a urgente mudana nos padres de consumo observados.
Com o crescimento das cidades, o desafio da limpeza urbana consiste no apenas em remover o lixo, mas, sobretudo, em dar um destino
final aos resduos coletados. Todavia, o que se observa que, face s
limitaes oramentrias, relega-se a disposio final a segundo plano,
dando-se prioridade coleta e limpeza pblica. Da resultam, sobretudo em municpios de menor porte, os lixes, locais onde o lixo coletado lanado sem qualquer controle, poluindo no apenas o solo, mas o
ar e as guas subterrneas e superficiais da rea e de seu entorno.
Dos 5.507 municpios brasileiros, 4.026, ou seja, 73,1%, tm populao de at 20 mil habitantes, e nestes, 68,5% dos resduos gerados so
vazados em lixes ou alagados. Deve-se considerar, no entanto, que estes municpios recolhem apenas 12,8% do total do lixo coletado no Pas
menos do que os resduos gerados pelas 13 cidades brasileiras com
mais de um milho de habitantes, que conjuntamente recolhem 31,9%
de todo o lixo urbano brasileiro e tm seus locais de disposio final em
melhor situao: apenas 1,8% destinado a lixes, sendo o restante depositado em aterros sanitrios ou em aterros controlados.
Ainda de acordo com a Pesquisa Nacional de Saneamento Bsico
2000, h uma acentuada melhora na destinao final do lixo coletado no
Pas nos ltimos anos. Em 2000, o lixo produzido diariamente no Brasil
chegava a pouco mais de 125 mil toneladas, das quais 47,1% destinavam-se a aterros sanitrios, 22,3% seriam encaminhados a aterros controlados e apenas 30,5% seriam depositados em lixes. Com isso, mais
de 69% de todo o lixo coletado no Brasil estariam tendo um destino
final adequado, em aterros sanitrios e/ou controlados.
Mudanas e retrocessos no caminho da sustentabilidade

Poluio atmosfrica
Os problemas de poluio do ar, no Brasil, so causados, em grande
parte, pelas emisses provenientes dos meios de transporte5. De acordo
com relatrio do Banco Mundial (Brasil: gesto dos problemas da poluio relatrio de poltica) essas emisses so mais importantes do
que sugerem os inventrios de emisses, visto estarem mais prximas
da superfcie e consistirem em particulados mais finos do que as emisses industriais tpicas. Como resultado desta situao, segundo o mesmo relatrio, calcula-se que os custos para a sade, em So Paulo e no
Rio de Janeiro, incluam cerca de 4 mil casos anuais de mortalidade prematura e cerca de 38 milhes de dias de atividades restritas. Controles
rgidos sobre emisses industriais e de veculos, em So Paulo e no Rio,
teriam um custo anual da ordem de US$ 75 milhes, que deveriam ser
pagos pela indstria e pelos proprietrios de veculos.
A importncia dos meios de transporte como fator de contaminao
do ar confirmada por um estudo realizado pelo Instituto de Pesquisa
Econmica Aplicada (IPEA), em parceria com a Associao Nacional
de Transportes Pblicos (ANTP): Reduo das Deseconomias Urbanas
com a Melhoria do Transporte Pblico 19886. Segundo esse estudo, apenas os congestionamentos severos, no incluindo, portanto, os nveis de
5

O Brasil dispunha, em 2000, de uma frota de cerca de 19 milhes de veculos,


dos quais quase 60% encontravam-se em So Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro.
Fazem parte da pesquisa: Belo Horizonte, Braslia, Campinas, Curitiba, Joo
Pessoa, Juiz de Fora, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro e So Paulo.

Projetar o futuro, a partir de uma anlise genrica da situao urbano-ambiental, obriga a constituio de perspectivas de difcil
sustentabilidade, a longo prazo, para as cidades brasileiras. Entretanto,
ao se analisar alguns setores e algumas iniciativas de sucesso, este exerccio pode se caracterizar, a um tempo, com otimismo e pessimismo. No
setor de resduos slidos, por exemplo, houve importantes mudanas de
atitude por parte de todas as instncias governamentais: os governos
federal e estadual tm aplicado mais recursos e criado programas e linhas de crdito, beneficiando os municpios que, por sua vez, tm tratado com prioridade os problemas de limpeza urbana, criado condies
para expandir o provimento desses servios e manter sua qualidade. A
populao tem acompanhado, com mais rigor, estas questes, assim como
os rgos de controle ambiental, o Ministrio Pblico e as organizaes
no-governamentais de defesa do meio ambiente.
De forma geral, cidades de mdio e grande porte vm adotando,
cada vez mais, a privatizao dos servios como forma de gerenciamento,
o que significa, na realidade, uma terceirizao dos servios at ento
executados pelo Poder Pblico: empresas privadas tm sido contratadas
para realizar a coleta, a limpeza de logradouros, o tratamento e a disposio final dos resduos. Outra tendncia marcante a contratao de
cooperativas ou microempresas, o que tem estimulado a gerao de renda para pessoas de baixo poder aquisitivo. Por outro lado, solues consorciadas para a realizao desses servios no so ainda comuns no
Brasil, a no ser quando se trata de destinao final em aterros, quando
o municpio hospedeiro negocia algumas vantagens financeiras com os
demais municpios a fim de instalar o aterro em seu territrio.

12
MP_BIO Col. Base_1

12

29/06/05, 9:41

Reproduo proibida. Art. 184 do Cdigo Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Deve-se, todavia, observar que h diferenas de acordo com o nvel


de desenvolvimento regional, pois, mesmo com menos de 20 mil habitantes, os municpios do Sudeste fogem regra, sendo bem melhor assistidos, com 44% de domiclios com rede de esgotos, do que as cidades
com mais de 300 mil habitantes.
Chama a ateno, tambm, o fato de que 116 municpios no tm
nenhum domiclio com gua potvel destes, 79% se concentram nas
regies Norte e Nordeste, sendo o Maranho e o Piau os estados que
apresentam os piores ndices.
A Pesquisa Nacional de Saneamento Bsico 2000, estudando pela
primeira vez o problema da drenagem urbana, indicou que 78,6% dos
municpios possuem sistema de drenagem de guas pluviais, infra-estrutura importante para prevenir inundaes e alagamentos. No obstante,
o problema das enchentes extremamente grave e atinge um em cada
quatro municpios brasileiros. As principais causas deste problema esto relacionadas m gesto e/ou operao dos sistemas urbanos: obstruo de bueiros (51%); obras inadequadas (27,9%) e dimensionamento
inadequado do projeto (27,4%). Completa o quadro, com 31% das ocorrncias, o adensamento populacional em reas inadequadas. Rio de Janeiro, Santa Catarina, So Paulo, nesta ordem, so os estados que mais
sofrem com o problema.

Reproduo proibida. Art. 184 do Cdigo Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Tambm na rea de esgotamento sanitrio houve grandes transformaes, principalmente nos ltimos trs anos, com a participao de
empresas privadas na prestao de servios de abastecimento de gua e
coleta e tratamento de esgoto.
O processo teve incio com o veto do Poder Executivo ao projeto de
lei, aprovado pelo Congresso Nacional, que estabelecia as bases do Sistema Nacional de Poltica de Saneamento, ao mesmo tempo em que o
governo anunciava a incluso da rea do saneamento como uma das
prioritrias a serem privatizadas.
Surgiram, ento, as primeiras licitaes para a concesso dos servios em municpios que detinham a operao do sistema. Atualmente,
existem 50 sistemas privatizados, parcial ou totalmente. A Companhia
de Saneamento de Mato Grosso, por exemplo, foi inteiramente
municipalizada e vrias outras esto abrindo seu capital.
Trata-se de um nmero relativamente pequeno, se comparado ao
universo dos municpios brasileiros, mas uma tendncia que se avoluma,
estimada pelo crnico dficit oramentrio do setor pblico. O tema, no
entanto, bastante polmico, e encontra forte reao em alguns setores.
A adoo do conceito privativista contribuiu para o desmonte da estrutura estatal existente para o saneamento, afirma, por exemplo, a deputada Laura Carneiro, receosa de que o conceito de lucro, embutido no
processo de privatizao, deixe de beneficiar, com tarifas subsidiadas,
as populaes mais pobres, alm de tornar mais fracos os mecanismos
de controle.
As discusses continuam, dentro da perspectiva de que, aliada
inquestionvel necessidade de aumento de oferta desses servios populao, pode-se assegurar, alm da participao da comunidade na definio das metas a serem atingidas, o controle dos servios prestados e
a democratizao dos benefcios.
Durante muitos anos, toda a nfase, na maioria das companhias estaduais de saneamento, foi concedida s questes de abastecimento de
gua, ficando o esgotamento sanitrio relegado a segundo plano. Esta
atitude considerada hoje como politicamente errnea, e considerveis
esforos esto sendo feitos pelas companhias no sentido de minorar o
dficit acumulado pelo setor.
Analisando-se a questo do transporte urbano no Brasil, observa-se
que este passa por uma profunda crise. As deseconomias urbanas,
identificadas pelo estudo do IPEA mencionado anteriormente, tendem a
se agravar, com o aumento dos congestionamentos e da poluio do ar
que deles deriva.
Se, por um lado, registram-se iniciativas no sentido de ampliar a
oferta de transporte pblico o aumento da oferta de transporte sobre
trilhos, com a construo do metr de Braslia e a ampliao dos metrs
do Rio e de So Paulo, do Trensurb em Porto Alegre e do trem metropolitano em Recife, por exemplo7 verifica-se, em muitas cidades, o crescimento de sistemas informais lotaes, perueiros e mesmo de nibus , que trafegam sem licena, atestando a incapacidade dos sistemas formais de atender demanda da populao.
A realidade que, talvez devido sua ineficincia, o transporte
pblico por nibus est perdendo passageiros para o automvel. E, o
que pior, est perdendo os passageiros pagantes, o que significa o aumento proporcional do nmero de passageiros no-pagantes pessoas
de mais de 65 anos, estudantes etc. usurios do sistema.
Um estudo publicado no Anurio 2000 da Associao Nacional de
Empresas de Transportes Urbanos/NTU apresenta diversas circunstncias urbanas e sociais que esto provocando a mudana do transporte
coletivo no Pas, e em particular em So Paulo8.
Dentro deste quadro, no muito animador, experincias como as
que foram implantadas em Curitiba e as que esto se desenvolvendo em
Porto Alegre e Goinia, onde o Poder Pblico e a iniciativa privada esto
desenhando novas formas de atuao conjunta, podem representar uma
melhora para o sistema, a mdio e longo prazos. Isso no exclui a necessidade, cada vez mais evidente, de que as autoridades municipais atribuam

Cabe notar que estas medidas, embora importantes, so estatisticamente insignificantes em relao ao problema como um todo.
Em So Paulo, segundo esse estudo, est se vivendo uma queda acentuada da
demanda de transportes coletivos e o esvaziamento do municpio-sede. So pouco mais de 10 milhes de habitantes estabilizados no municpio da Capital, enquanto mais de 8 milhes nos demais municpios tendem a aumentar constantemente. H trs dcadas que cai a mobilidade da populao: 1,5; 1,3; 1,2 viagens
per capita. A diviso modal meio a meio, e se aumenta a parte da demanda
atendida pelos transportes sobre trilhos, diminui a parte dos transportes coletivos por pneus.

prioridade mxima ao transporte coletivo, em detrimento do transporte


individual por automvel, e adotem programas alternativos, do tipo drive
and park, ou a cobrana de pedgio, por exemplo, que possam contribuir para o descongestionamento das reas centrais.
No que se refere habitao, dados atualizados da Fundao Joo
Pinheiro indicam um dficit habitacional de 6,6 milhes de domiclios,
abrangendo mais de 20 milhes de pessoas, 84,2% das quais com renda
igual ou inferior a 3 salrios mnimos (FJP 2001). Para fazer frente a esse
dficit, o governo federal estabeleceu polticas9 que tm como princpios
bsicos: a prioridade de atendimento s populaes de baixa renda; o reconhecimento da necessidade de estabelecer parcerias governo/sociedade; a descentralizao do controle social sobre a gesto dos seus programas; e a necessidade de reconhecer a parcela de populao de baixa renda
que trabalha no setor informal e/ou habita moradias informais.
Se o discurso do governo federal parece responder corretamente ao
problema habitacional, seu enfrentamento, com maior eficcia, tem sido
observado a partir de iniciativas dos governos locais. Surgem algumas
iniciativas que, apesar de se constiturem em exemplos pontuais, tm
servido de modelo de como enfrentar o problema. o caso, por exemplo, de Guarapiranga, em So Paulo, que objetiva a reabilitao de reas
urbanas e gesto ambiental por meio da construo de infra-estrutura
bsica para mais de 20 mil pessoas, localizadas em 190 favelas, melhorando a qualidade de vida de 580 mil pessoas. O programa de Regularizao das Zonas Especiais de Interesse Social, em Recife, o Programa
Favela Bairro, no Rio de Janeiro, com recursos do Banco Interamericano
de Desenvolvimento e o Programa Integrado de Incluso Social, em Santo
Andr (SP), so outros exemplos de boas prticas nessa rea.
A partir desses exemplos, possvel detectar uma tendncia no sentido de que o problema habitacional continue a ser enfrentado pelo poder local, sugerindo que a replicabilidade intensiva de exemplos pontuais pode conduzir a uma soluo possvel para um setor que ainda se
ressente de falta de mecanismos adequados para seu financiamento.
Poltica urbana e gesto ambiental urbana a partir de 1992
Na tentativa de apresentar uma retrospectiva a respeito de como
foram enfrentados os problemas setorias acima analisados, a partir de
1992, quando se iniciou uma discusso das cidades e de sua sustentabilidade, resumem-se aqui as mudanas observadas com relao gesto urbana.
O primeiro fato a considerar que perde fora a noo de que as
cidades so, necessariamente, espaos insustentveis, incapazes de produzir o que consomem e eliminar adequadamente o que rejeitam. A urbanizao passa a ser considerada como um fato irreversvel, mas
administrvel, e a cidade deixa de ser um espao ambientalmente insustentvel para transformar-se em um espao social e ambiental com grande
potencial de solues criativas. Assim, perdem validade as propostas,
comumente aceitas em passado recente, de que dever-se-ia reduzir o
processo migratrio para as cidades e mesmo promover o retorno ao
campo. A anlise das polticas e aes observadas na anlise setorial
no evidencia a presena desses objetivos.
Em segundo lugar, observa-se que o governo local ganha fora entre as instncias de governo, sobretudo a partir da Constituio de 1988,
que atribui novas responsabilidades aos municpios, exigindo aes concretas em prol da sustentabilidade urbana e de avanos sociais. Esta ao
rejeitada por novos instrumentos legais e/ou institucionais como, por
exemplo, a Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar 101 de
4/5/2000) e, em especial, o Estatuto da Cidade.
valorizao da instncia local devem ser creditados muitos dos
esforos e experincias bem-sucedidas em cidades brasileiras e que servem de exemplo, num processo de constante replicabilidade. Tais experincias podem ser constatadas em diversos bancos de Boas Prticas,
institudos a partir da valorizao, sobretudo consagrada pela Agenda
Hbitat, da difuso de exemplos como forma de multiplicar resultados.
Em nvel nacional, tem sido grande o interesse pela capacitao em gesto urbana, a partir desses exemplos: se, antes, aprendia-se sobre a gesto de cidades por meio de idias e conceitos, agora valoriza-se a experincia concreta capaz de, ao ser adaptada, ser reproduzida com sucesso.
Como instrumentos de difuso e capacitao sobre essas experincias,
ressaltam-se: a ao do Centro de Referncia e Gesto Ambiental para
Assentamento Humano, mantido pela Universidade Livre do Meio Ambiente, de Curitiba, com o apoio do Ministrio do Meio Ambiente, o
9

Poltica Nacional de Habitao (1996); Poltica de Habitao: Aes do Governo Federal de jan/95 a jun/98 (1998).

13
MP_BIO Col. Base_1

13

22/06/05, 8:37

Perspectivas para o desenvolvimento sustentvel no Brasil


No h dvida quanto aos desafios que se apresentam para a
sustentabilidade das cidades brasileiras. Todavia, tambm devem ser
mencionados os grandes esforos e importantes resultados obtidos. De
fato, o cenrio que mais caracteriza as cidades brasileiras referente ao
meio ambiente e s questes sociais , de um lado, a crise generalizada
e, de outro, a existncia de esforos pontuais, mas com excelentes resultados.
O Brasil demonstrou-se singular entre os pases que enviaram contribuies de cases para a Conferncia Hbitat II e aquelas que lhe seguiram, tanto em relao ao nmero como qualidade das experincias.
O que tem dificultado a ampliao desses sucessos um processo cumulativo de crise econmica, legislaes ultrapassadas e crescimento
urbano acelerado e desordenado.
O desafio para a sustentabilidade das cidades brasileiras , justamente, a necessidade de se conciliar inovao com o esforo cotidiano
para recuperar o tempo perdido.
Em cada setor analisado, observa-se a necessidade de enfrentamentos
especficos na busca de solues. Alguns exigiro mudanas gerais no
tocante gesto urbana. Primeiramente, vale citar a importncia de se
dar continuidade ao processo de descentralizao que est na origem de
algumas das experincias mais inovadoras em termos de gesto urbanoambiental. O poder local est sendo valorizado e buscando melhor
capacitao tcnica.
Em segundo lugar, as cidades, sobretudo as de porte mdio e grande, tero de redirecionar os investimentos na rea do transporte,
priorizando o transporte pblico. Impossvel pensar em uma cidade sustentvel sem polticas que reduzam o consumo de combustveis fsseis,
diminuam os nveis de poluio atmosfrica e reduzam as deseconomias
causadas pelos congestionamentos.
Talvez o mais urgente, em termos de prioridade, seja a necessria
rediscusso dos processos de acesso terra urbana: por um lado, procurando diminuir a especulao imobiliria que impossibilita o acesso das
classes mais carentes moradia, e por outro, garantindo que esse acesso
se d de forma ordenada, com respeito legislao urbanstica.
Outro desafio para a sustentabilidade das cidades brasileiras a
discusso democrtica sobre as conseqncias e formas de implementao da privatizao dos servios pblicos, ora em curso. O setor de
saneamento, elemento importante na construo da sustentabilidade
ambiental urbana, ser um dos mais sensveis a essas mudanas. Privatizar
este setor, o que parece inevitvel, garantindo o atendimento universal
populao das cidades , sem dvida, um desafio de difcil enfrentamento.
Por ltimo, vale citar a necessria reviso do modelo de consumo
observado na sociedade urbana brasileira. sabida a dificuldade em se
manter padres mnimos na prestao de determinados servios, pelo
poder local, como a coleta e disposio final do lixo, se no forem revistos padres de fabricao e de consumo de mercadorias, por exemplo.
Mais importante do que a alterao do comportamento de consumo a
mudana em relao imagem que se deve ter da cidade. Esse , talvez,
o maior desafio para a sustentabilidade urbana o entendimento da cidade, por parte de sua populao, como capital coletivo.

Pergunta para o debate


Como tornar nossas cidades mais sustentveis?
Sntese dos debates setoriais
A excluso e desigualdade social so as razes dos problemas
socioambientais enfrentados pelas cidades brasileiras. Apesar de existirem investimentos sociais e aes que mostram que possvel reduzir
estes aspectos pontualmente, uma melhora geral ainda difcil de ser
verificada. A seguir, os autores dos diferentes setores reconhecem avanos e buscam alternativas para um futuro melhor ao nosso meio ambiente urbano.
Aspectos positivos
Apesar da viso no muito otimista de trs (ONG, Academia e movimento social) dos quatro autores sobre a evoluo das condies do
meio ambiente urbano no Brasil, foram mencionados alguns aspectos
positivos que podem comear a reverter essa situao. H consenso de
que o Brasil avanou com respeito a uma maior democratizao do processo decisrio para elaborao de polticas pblicas urbanas e tambm
que se criaram alguns instrumentos legais e institucionais para implementao destas polticas. O artigo da Academia reconheceu a crescente
preocupao urbano-ambiental nas ltimas dcadas no Brasil, apesar de
que isto ainda no se transformou em ao. O artigo do representante
das empresas enfatizou a busca de uma agenda positiva para melhoramento das condies de vida no meio urbano. Mencionou vrias boas
prticas urbanas no Brasil. O grande desafio seria disseminar estas boas
prticas pelo Pas para catalisar seus resultados positivos. Entre as boas
prticas, cita projetos como o sistema de transporte coletivo de Curitiba
e o Projeto Favela Bairro do Rio de Janeiro, que fornece infra-estrutura
para as favelas e as integra malha urbana do resto da cidade. Alm
disso, apresenta vrios projetos que so avanos institucionais e do processo decisrio sobre as cidades, como o oramento participativo de
Porto Alegre, as discusses sobre a Agenda 21 e a aprovao do Estatuto
da Cidade. O Estatuto da Cidade e seus instrumentos tambm foram
mencionados no artigo da representante dos movimentos sociais como
um dos aspectos positivos da agenda socioambiental urbana do Brasil
nos ltimos anos, fruto da vitria dos movimentos sociais na confeco
do captulo urbano da Constituio de 1988. O debatedor das ONGs
afirma que o grande avano foi a criao de uma srie de mecanismos
consultivos e decisrios de participao em nvel local/municipal, como
os conselhos municipais de gesto de polticas pblicas, que j so mais
de 3.500 no Pas.
Problemas
Todos os debatedores concordam que os problemas socioambientais
no Brasil so crticos e esto se agravando, especialmente a excluso
social e a degradao da qualidade ambiental das cidades. Nos grandes
centros a situao crtica em vrios setores importantes. Faltam ofertas
de sade e educao pblica de qualidade, condies dignas de moradia
para boa parte da populao, saneamento bsico e controle da degradao ambiental.
O debatedor das ONGs menciona que dois teros da populao no
tm acesso a redes coletoras de esgotos. H uma desigualdade enorme
dos investimentos, agravando as diferenas sociais e a excluso ao mnimo de servio pblico, como ressalta a representante dos movimentos
sociais. Alm disso, as populaes mais pobres so as que mais sofrem
com as conseqncias de degradao da qualidade ambiental, resultado
dos problemas socioambientais urbanos. Para a Academia, a questo
est na falta de um maior esforo na reflexo e busca de solues para os
problemas do meio ambiente urbano. Afirma que as cincias ambientais
tm uma certa resistncia para integrar o urbanismo. Existe uma separao conceitual entre o mundo fsico-bitico e o antrpico.
Causas dos problemas
As principais causas dos problemas do meio ambiente urbano esto
relacionadas implementao das polticas pblicas. Muitas vezes os
instrumentos legais e institucionais esto disponveis para atacar determinados tipos de problema, mas eles no so utilizados, segundo os autores. A debatedora das ONGs pondera que, por exemplo, os instrumentos
do Estatuto da Cidade existem, mas no so postos em prtica por vontade poltica. O artigo empresarial aponta a dificuldade para replicar as
boas prticas com mais freqncia. O representante das ONGs argumenta que no a falta de recursos o problema, e sim a priorizao dos

14
MP_BIO Col. Base_1

14

22/06/05, 8:37

Reproduo proibida. Art. 184 do Cdigo Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

qual, h cinco anos, vem coletando e difundindo experincias bem-sucedidas em gesto ambiental no Brasil e na Amrica Latina; o Programa
Caixa Melhores Prticas, que, com base em uma parceria entre o Instituto de Administrao Municipal (Ibam) e a Caixa Econmica Federal,
incentiva e premia experincias de gesto urbano-ambiental; o Programa de Gesto Ambiental Urbana (GAU), parceria entre Ministrio do
Meio Ambiente, Cooperao Tcnica Alem (GTZ) e o Ibam, que incentiva e difunde a implementao de experincias inovadoras na rea
de gesto urbana. Dentre outros exemplos, estes demonstram a valorizao da transformao imediata de determinados espaos da cidade, a
partir de idias criativas, de baixo custo e que propiciam a obteno
imediata de resultados.
Outro aspecto a ser observado que parece ter perdido importncia
a aparente disputa entre priorizao de problemas sociais e problemas
ambientais, adotando-se a noo ampliada da sustentabilidade, que concilia estes dois aspectos. Esta tendncia foi reforada pelas discusses
da Agenda 21 Brasileira e pelas inmeras iniciativas de formulao das
Agendas 21 locais.
Finalmente, grande relevncia foi dada participao comunitria
na gesto urbana, tendo o Estatuto da Cidade institucionalizado esta orientao ao estabelecer mecanismos e instrumentos de gesto democrtica da cidade.

investimentos. No saneamento, por exemplo, o investimento no setor no


Pas caiu de 0,34% do PIB nos anos 1970 para menos de 0,13% na dcada
de 1990. Este representante tambm apontou que os municpios so responsveis por boa parte das polticas pblicas urbanas (saneamento, sade, educao e moradia). Tem havido uma descentralizao, mas no
houve repasse dos recursos suficientes para sua implementao.
Outra causa importante dos problemas socioambientais das cidades a excluso e desigualdade no acesso ao espao urbano, informao e poder. A representante dos movimentos sociais aponta a crescente privatizao do espao na mo de poucos, o que impede o acesso
grande parte da populao. O artigo empresarial aponta alguns interesses elitistas como entrave implementao de polticas para melhora da qualidade de vida da maioria dos habitantes. As ONGs vem
com apreenso a despolitizao dos movimentos sociais devido
municipalizao.
Na Academia, o principal problema destacado conceitual. Para os acadmicos, as cidades foram relegadas na definio de meio
ambiente.

Reproduo proibida. Art. 184 do Cdigo Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Propostas para resolver os problemas


As propostas de resoluo dos problemas apontam para solues
que valorizem o meio ambiente, a democracia e os menos favorecidos.
De um lado, incluem uma melhoria no processo de deciso e
implementao das polticas urbanas, com um aprofundamento da democracia. Os autores reivindicam maior envolvimento da populao
nas decises e mais transparncia no uso dos recursos para que haja
um maior controle social dos gastos pblicos. Para o representante das
ONGs, a sociedade civil nos fruns de deciso participativa deve orientar os governos no sentido de priorizar polticas de saneamento, sade, educao, meio ambiente e moradia. Os movimentos sociais pedem a implementao do Estatuto da Cidade nos diversos nveis de
governo.
Todos reivindicam propostas relacionadas a tipos de ao. Isto inclui a utilizao de boas prticas j testadas, o uso de tecnologias de
baixo custo e a valorizao do meio ambiente nos projetos pblicos.
Fonte: CAMARGO, Aspsia; CAPOBIANCO, Joo Paulo; OLIVEIRA, Jos
Antnio Puppim. Meio Ambiente Brasil. So Paulo: Editora Estao
Liberdade, 2002, p. 338 a 360.

ECOLOGIA E ESPIRITUALIDADE
Leonardo Boff

A Carta da Terra, um dos documentos ticos mais consistentes dos


ltimos anos e j assumido pela Unesco, representa a nova conscincia
ecolgica da Humanidade. O texto abre com estas palavras dramticas:
Estamos diante de um momento crtico na histria da Terra, numa
poca em que a Humanidade deve escolher o seu futuro... ou formar
uma aliana global para cuidar da Terra e uns dos outros, ou arriscar
a nossa destruio e a da diversidade da vida.
Esse alarme no infundado, pois nas ltimas dcadas temos
construdo o princpio da autodestruio. A mquina de morte das armas nucleares, qumicas e biolgicas de tal destrutividade que somente com uma porcentagem delas podemos danificar substancialmente a
biosfera e abortar o projeto humano. Como espcie Homo sapiens et
demens , temos ocupado j 83% do planeta, explorando para nosso
proveito quase todos os recursos naturais. A voracidade tal, que temos
depredado os ecossistemas a ponto de a Terra ter superado j em 20%
sua capacidade de suporte e regenerao. Mais ainda, fizemo-nos refns
de um modelo civilizatrio depredador e consumista que, se universalizado, demandaria trs planetas semelhantes ao nosso. Evidentemente
isso impossvel, o que comprova a falta completa de sustentabilidade de
nosso modo de produo, distribuio e consumo de bens e servios. No
so poucos os analistas do estado da Terra que advertem: ou mudamos de
padro de relacionamento com a Terra ou vamos ao encontro do pior.
A urgncia da espiritualidade na crise atual
nesse contexto dramtico que surge a urgncia da espiritualidade.
Ela possui um valor em si, independentemente das conjunturas histricas, como essa descrita acima. Mas, atualmente, em situao de alto
risco, parcamente conscientizado pela maioria dos seres humanos, ela
invocada urgentemente, pois representa uma das fontes secretas de um
novo modo de ser que nos poder salvar. Por que, exatamente, a

espiritualidade? Porque em seu seio, normalmente, irrompem os grandes sonhos para cima e para a frente, sonhos que podem inspirar prticas
salvacionistas. Notveis antroplogos, como Claude Lvi-Strauss e C.
Geertz, tm afirmado que quando um paradigma civilizatrio entra em
crise, quando as estrelas-guias se obnubilam e o horizonte de esperana
de um povo perde sua capacidade de gerar sentido, emerge,
irreprimivelmente, a espiritualidade. o que ocorre hoje, praticamente,
em todas as culturas e no mundo inteiro.
Que significa aqui a espiritualidade? Sem detalharmos a resposta
que surgir logo a seguir, espiritualidade uma nova experincia do ser,
o irromper de um novo sonho, o vislumbrar de uma outra ordem, capaz
de ordenar o caos que se instalou. Trata-se aqui de uma experincia de
sentido novo, e no de um saber codificado. Tudo o que tem a ver com a
experincia profunda do ser humano, com seu mergulhar nas razes ltimas da realidade, antes que esta se organize em ordem e sistema, em
saber e instituio, constitui o campo da experincia do esprito, donde
vem espiritualidade. Esprito representa a fora criadora e ordenadora
presente no ser humano, a capacidade de rasgar sentidos novos a partir
das virtualidades presentes na prpria realidade. Desta experincia espiritual nascem os paradigmas civilizacionais, capazes de fazer outra histria e suscitar esperana s comunidades humanas e s pessoas.
Normalmente a espiritualidade encontra seu nicho natural no seio
das religies. Elas nascem da experincia espiritual do fundador, do profeta e do carismtico. No seio delas se elaboram as grandes utopias da
Humanidade, vises de um sentido que transcende a fugacidade dos tempos e alcana a transcendncia e a eternidade. Em pocas de crise, constituem elas o hmus frtil de novas perspectivas. So elas que permitem
a passagem de um paradigma a outro, mantendo o continuum da histria
humana.
Mas a espiritualidade no configura monoplio das religies, embora sejam o campo privilegiado de sua emergncia e expresso. A
espiritualidade representa uma dimenso do profundo humano. Ela pertence estruturalmente ao ser humano com o mesmo direito de cidadania
como o poder, a sexualidade, a racionalidade e o enternecimento. Por
isso ela emerge nas pessoas mesmo que estas no tenham nenhuma inscrio religiosa definida. Esta espiritualidade antropolgica dever ser
evocada quando abordarmos o tema da espiritualidade e da ecologia.
Por fim, h de se superar o antropocentrismo, to visceral em nossa
cultura. A espiritualidade se d nas religies e em cada ser humano, mas
ela vai alm, se encontra tambm na prpria estrutura do universo. O
esprito est em ns porque, anteriormente, est no universo, do qual
somos parte e parcela. A Carta da Terra alude a isso quando se refere ao
nosso parentesco com toda a vida e ao mistrio da existncia, em
face do qual cabe nossa reverncia, humildade e gratido.
Fonte: TRIGUEIRO, Andr (Coord.). Meio ambiente no sculo 21. Rio de
Janeiro: Sextante, 2003, p. 35 a 37

H UM EQUILBRIO EM TUDO O QUE NOS CERCA


A natureza viva se caracteriza por um perfeito e constante equilbrio entre suas funes de produo e consumo, dispondo inclusive
de recurso para eliminar o excesso de populaes (mediante a ao
de predadores) quando estas ameaam a disponibilidade de alimento
ou outros fatores essenciais vida de todo o sistema. A ao do homem tende, entretanto, a destruir esse equilbrio.
A importncia dos predadores
Dissemos anteriormente que animais predadores como o tamandu,
o tatu e muitos pssaros so parte obrigatria do meio ambiente natural
das formigas. Da mesma forma, serpentes, aranhas e escorpies, assim
como gavies, morcegos e onas temidos pela sua capacidade predatria ou aparentemente destruidora so animais to teis ao equilbrio da natureza quanto o beija-flor, a lebre ou a gaivota.
A i rainha de um formigueiro de savas pe alguns milhares de ovos por dia, durante os quinze anos de sua existncia. J houve
caso, numa grande revoada de is no interior do Estado de So Paulo,
de se retirar de uma lagoa mais de um caminho desses insetos, que, aps
o vo nupcial, caram e apodreceram. Normalmente, cada i, depois de
fecundada em pleno ar, cai ao solo, cava um orifcio e inicia a um novo
formigueiro de savas, onde passa o resto de sua vida pondo ovos.
Imagine, ento, se no houvesse animais que se alimentassem de
formigas! Imagine se a maioria das is no fosse devorada por pssaros

15
MP_BIO Col. Base_1

15

22/06/05, 8:37

12

Alessandro Passos da Costa

Port Moresby
Darwin

A U S T R L I A
24

Brisbane

Perth
Adelaide

Sydney

OC

EA

NO

N D

IC O
Hobart

120

132

144
156

A Austrlia, pelo seu isolamento e conseqente pecualiaridade de sua fauna nativa, tem
sido vtima de introdues bem-intencionadas, porm malsucedidas, de espcies
estrangeiras... Uma delas foi o coelho, importado para mero divertimento de seus
colonizadores ingleses.

durante o vo nupcial! Imagine se todas aquelas is que caram na lagoa cada uma carregando mais de 100 mil ovos no abdmen cassem em solo propcio e construssem novos formigueiros! Faa um clculo e veja que, com uma revoada de is por ano, em menos de cinco
anos o volume existente de savas seria maior que o da prpria Terra.
Existem muitos exemplos de superpopulao de um ambiente por
falta de predadores. Um caso muito conhecido o dos coelhos na Austrlia. Durante a colonizao desse pas, os ingleses, sentindo falta de
um animal rpido e esperto que substitusse a raposa europia na prtica
de seu esporte predileto a caa raposa , levaram para l o coelho
da Amrica do Sul. Acontece, porm, que na Austrlia no havia animais capazes de caar o coelho, isto , animais carnvoros, espertos e
traioeiros como a nossa ona, o cachorro-do-mato, a jibia etc. Ora,
todos sabem que o coelho um animal que se reproduz muito, gerando
inmeros filhotes por ano. Resultado: em poucos anos os coelhos formaram uma populao to grande que no havia plantao que resistisse a eles. Tornaram-se um verdadeiro flagelo!
At hoje, muitas tentativas tm sido feitas para controlar a populao de coelhos ou mesmo erradicar, isto , eliminar completamente o
coelho da Austrlia, sem resultado satisfatrio. Uma das tentativas consistiu numa verdadeira e desumana guerra biolgica. Disseminou-se no
continente um tipo de peste de coelho, causada por um vrus altamente
destruidor, que provocava morte por hemorragia interna, bastante dolorosa. Milhes de coelhos morreram dessa forma, mas, algum tempo depois, eles comearam a desenvolver anticorpos e se tornaram imunes
ao do vrus. Hoje esse mtodo j no produz efeito, e os coelhos continuam a proliferar e a destruir plantaes na Austrlia.
Aqui no Brasil tambm h muitos exemplos desse tipo de fenmeno. O episdio com as is um deles e vem ocorrendo com freqncia
cada vez maior porque a vegetao natural da regio, o cerrado, vem
sendo substituda por imensos bosques de eucaliptos. Ora, todos ns
sabemos que os pssaros, tamandus e outros habitantes do cerrado no
se adaptam floresta de eucaliptos. Mas a sava sim. Dessa forma, os
formigueiros ficam livres de seus agressores, e as savas reproduzemse vontade. Seria necessrio conservar espcies de rvores e arbustos
nativos em meio aos eucaliptos, para favorecer a manuteno dos predadores naturais.

Temos outro exemplo interessante. H vrios anos surgiu nos Estados Unidos uma dessas modas esquisitas: sapatos e bolsas de pele de
sapo! claro que o Brasil, pas que abriga diversas espcies desse animal, logo iniciou a matana de sapos e a exportao de suas peles. Em
alguns lugares, principalmente no Nordeste, o sapo tornou-se uma verdadeira raridade, tal a intensidade de seu extermnio. O resultado, na
forma de desequilbrio ecolgico, no se fez esperar. Vrias regies comearam a ser invadidas por milhes e milhes de besouros ou de mariposas. Isso no apenas incomodou terrivelmente seus habitantes porque esses insetos entravam nas casas ou se acumulavam nas ruas, principalmente em volta dos postes de iluminao , como tambm causou
enorme prejuzo s plantaes, pois as larvas dos besouros so brocas
de rvore, e as lagartas das mariposas devoram folhas. Por causa disso,
foi decretada a proibio da matana e exportao de peles de sapos
no Brasil.
Outros fatores de equilbrio das populaes
Naturalmente, existem vrios fatores que impedem a superpopulao
do mundo ou de qualquer tipo de ambiente por uma determinada
espcie de animal ou vegetal. Alm dos predadores, controladores ativos, h os fatores limitantes, passivos, que so os alimentos disponveis.
claro que uma espcie de formiga jamais poderia chegar a ter uma
populao do tamanho da massa da Terra, pois no haveria alimento
suficiente para mant-la. Em geral, a espcie que melhor consegue sobreviver em um determinado ambiente aquela que dispe de maior
capacidade para aproveitar as formas de alimento nele disponveis.
A disponibilidade de alimento em um ecossistema ambiente povoado por vrias espcies em equilbrio geralmente garantida pela
atividade dos seres denominados produtores, ou seja, pelos organismos
vegetais capazes de produzir ou sintetizar compostos orgnicos. Como
todos os seres vivos de um ecossistema dependem de compostos orgnicos para sua prpria constituio, podemos dividi-los em dois grupos
distintos: os que produzem (produtores) e os que consomem (consumidores) matria orgnica.
Se no houver produtores, todo o ecossistema perecer ou ter de
receber alimento de fora. Muitas regies no fundo de mares e lagos, assim como cavernas profundas, possuem ecossistemas que so alimentados

16
MP_BIO Col. Base_1

16

22/06/05, 8:37

Reproduo proibida. Art. 184 do Cdigo Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Melbourne

36

Canberra

por detritos orgnicos que provm de outros ecossistemas da superfcie.


que a principal forma de produo de alimentos baseia-se na fotossntese,
que depende da presena de luz no ambiente. Assim, peixes e outros animais que habitam cavernas profundas (como, por exemplo, a Caverna
do Diabo, na regio de Apia, Estado de So Paulo) alimentam-se de
microrganismos e detritos vindos de fora, trazidos pelos rios que atravessam essas cavernas. No fundo escuro dos oceanos tambm h uma
verdadeira chuva de partculas orgnicas precipitando-se continuamente das regies iluminadas da superfcie.
Mas h outras formas de produo de matria orgnica que no
dependem de luz: so os processos de quimiossntese. Embora a produo de bactrias a partir de reaes quimiossintticas seja conhecida h
quase um sculo, somente a partir de 1976 tm sido descobertos grandes ecossistemas que dependem exclusivamente desse processo como
fonte de alimento orgnico. Os ecossistemas quimiotrficos existem em
todos os oceanos, onde j no h luz (a mais de 2.000 metros de profundidade), e esto sempre associados a nascentes de guas sulfurosas de
alta temperatura. Uma fauna muito abundante e variada, constituda de
vermes gigantes, moluscos, caranguejos e at peixes, vive direta ou indiretamente de uma incrvel multido de bactrias que oxidam o enxofre
das guas sulfurosas e da extraem a energia com que sintetizam a matria orgnica.

Reproduo proibida. Art. 184 do Cdigo Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

As populaes humanas o princpio de Malthus


No fim do sculo XVIII, um socilogo ingls, reverendo Thomas
Robert Malthus, escreveu um livro muito interessante, que despertou
enorme polmica. Como era costume naquela poca, tinha um ttulo
colossal: Um ensaio sobre o princpio da populao; como ele afeta o
xito futuro da sociedade. Com observaes sobre as especulaes do
Sr. Godwin, Sr. Condorcet e outros escritores. Nesse livro, Malthus alerta os governos para um fenmeno curioso que ele havia observado: as
populaes humanas tendem a crescer em propores geomtricas, enquanto a produo de alimentos cresce apenas em proporo aritmtica.
Isso significa que, se as populaes humanas crescerem livremente, elas
acabaro morrendo de fome. Isso s no acontece, segundo ele, porque
existem alguns fatores que concorrem para que a mortalidade humana
seja muito alta: doenas infantis, epidemias, guerras etc.
Malthus, compulsando dados demogrficos da poca, de todas as
partes do mundo, pde verificar principalmente nos pases mais novos, na Amrica a tendncia geral de as populaes duplicarem a
cada 25 anos, aproximadamente. Ele afirma que, mesmo com a evoluo dos mtodos de cultivo e a derrubada de matas para a formao de
novas reas para plantio, era impossvel admitir um aumento da produo
de trigo e outros alimentos nessa mesma proporo indefinidamente.
De acordo com o princpio de Malthus existem, entretanto, dois
tipos de bloqueio ao crescimento indefinido das populaes: os positivos (que na verdade poderiam ser chamados efetivos, ou de efeito
imediato) e os preventivos. Os bloqueios positivos so aqueles de que
j falamos, isto , todas as causas que tendem, de algum modo, a encurtar a durao da vida humana, tais como ocupaes insalubres e perigosas, pobreza e subalimentao, vesturio insuficiente, ausncia de cuidados com as crianas, todos os tipos de excesso, vida em grandes cidades, doenas e epidemias, guerras, pragas e fome.
Os bloqueios preventivos so o celibato temporrio ou permanente
isto , no se casar ou se casar tarde, tendo, portanto, menor nmero
de filhos e os mtodos que hoje chamamos anticoncepcionais. Naquela poca esses eram severamente condenados como imorais, uma
vez que a unio conjugal deveria ser feita nica e exclusivamente com a
finalidade de ter filhos qualquer outro tipo de relao entre homem e
mulher era considerado vcio.
A exploso demogrfica do sculo XX
Atualmente, o problema do crescimento demogrfico isto , do
aumento das populaes tem se agravado muito, uma vez que inmeros bloqueios positivos so atenuados pelos progressos da medicina e
dos conhecimentos cientficos em geral. A descoberta de vitaminas, antibiticos e vacinas e a introduo de uma srie de medidas de carter
social e de assistncia aos recm-nascidos e velhice vm reduzindo
muito a mortalidade infantil e prolongando a vida dos idosos. Isso faz
com que as populaes cresam muito depressa, a no ser que sejam
adotadas medidas de bloqueio preventivo: limitao da reproduo e da
natalidade.
Por outro lado, muitos avanos tm sido alcanados na agricultura e
na pecuria, permitindo maior produo de cereais, frutas, carne e leite

por rea de terra. Os inseticidas e outros agrotxicos que, como veremos mais adiante, podem tornar-se nocivos ao ambiente e aos seres
vivos, inclusive ao homem foram, em grande parte, responsveis por
esse aumento da produo de alimentos, reduzindo o ataque de pragas
lavoura e protegendo cereais armazenados contra carunchos e outros
seres nocivos.
Mas o crescimento constante das populaes continua sendo maior
que o aumento da produo de alimentos. Por isso, mais de dois teros
da populao mundial vive em condies de subnutrio ou de quase
inanio. Alm disso, as grandes concentraes populacionais principalmente nas cidades vm criando problemas crescentes de poluio dos rios, dos solos e do ar, congestionamento do trnsito, problemas
habitacionais, desmatamento de grandes reas para a formao de novos
pastos, campos de cultivo, represas para o abastecimento de gua potvel ou para a gerao de energia eltrica. H tambm o esgotamento das
reservas de petrleo e outros minerais, como ferro, alumnio, chumbo
etc., a necessidade de construo de novas indstrias e de utilizao de
novos processos de gerao de energia, como a nuclear.
O livro de Malthus foi muito discutido ao longo do sculo XIX.
Deu origem a polmicas interminveis. A maioria dos socilogos e
economistas da poca colocou-se contra sua teoria. Darwin, pelo contrrio, descobriu nela a explicao que faltava para formular sua teoria
da seleo natural sobre o fenmeno da evoluo dos seres vivos. Vrias centenas de livros e artigos foram escritos a respeito do princpio
da populao. Depois ele ficou quase esquecido. Voltou, porm, a ser
lembrado, j em meados do sculo XX, quando os problemas de
superpopulao, poluio, industrializao, uso de agroqumicos etc.
comearam a se avolumar. Hoje novamente se discute e agora com
muito mais vigor a questo da limitao da natalidade, do uso de
anticoncepcionais e at da legitimao do aborto. O que voc pensa de
tudo isso?
Fonte: BRANCO, Samuel Murgel. O meio ambiente em debate.
Coleo Polmica. So Paulo: Moderna, 2004.

AUTO-SUSTENTAO
Ilhas de ordem num oceano de caos, os organismos so muito superiores s mquinas construdas pelo homem. Ao contrrio da mquina a
vapor de James Watt, por exemplo, o corpo concentra a ordem. Ele se
refaz continuamente. A cada cinco dias, temos um novo revestimento
interno do estmago. Ganhamos um novo fgado a cada dois meses.
Nossa pele se repe a cada seis semanas. A cada ano, 98% dos tomos
de nosso corpo so substitudos. Essa substituio qumica ininterrupta,
o metabolismo, sinal seguro de vida. E a mquina requer uma entrada contnua de energia e de substncias qumicas (alimentos).
Os bilogos chilenos Humberto Maturana e Francisco Varela vem
no metabolismo a essncia de algo realmente fundamental para a vida.
Do-lhe o nome de autopoese. Proveniente de razes gregas que significam si mesmo (auto) e fazer (poiein, como em poesia), a
autopoese refere-se produo contnua de si mesma pela vida. Sem o
comportamento autopotico, os seres orgnicos no se sustentariam
no permaneceriam vivos.
Uma entidade autopotica efetua continuamente o metabolismo;
perpetua-se atravs da atividade qumica, da movimentao das molculas. A autopoese acarreta um gasto de energia e a produo de alimentos. Na verdade, ela detectvel pela incessante qumica biolgica e
fluxo energtico que o metabolismo. Somente as clulas, os organismos feitos de clulas e as biosferas feitas de organismo so autopoticos
e podem efetuar o metabolismo.
O DNA uma molcula de importncia incontestvel para a vida na
Terra, mas a molcula em si no tem vida. As molculas de DNA se
replicam, mas no metabolizam nada e no so autopoticas. A replicao
no , nem de longe, uma caracterstica to fundamental da vida quanto
a autopoese. Consideremos: a mula, resultante do cruzamento de jumento com gua, no pode replicar-se. Ela estril, mas seu metabolismo funciona com o mesmo vigor que o de seus pais; sendo autopotica,
ela tem vida. Falando de algo que nos mais prximo, os seres humanos
que j no podem, ou que nunca puderam, ou que simplesmente optam
por no se reproduzir no podem ser relegados, por uma exatido forada da definio biolgica, ao campo dos no-vivos. claro que tambm eles vivem.
Em nossa opinio, os vrus no tm vida. No so autopoticos.
Pequenos demais para se sustentar, no metabolizam nada. Os vrus no
fazem coisa alguma at entrarem numa entidade autopotica: uma clula

17
MP_BIO Col. Base_1

17

22/06/05, 8:37

acordo com leis definidas mas como simples o problema de onde


cair cada uma, comparado ao da ao e reao de inmeras plantas e
animais! No entanto, a soma dessas interaes incontveis que produz o mais amplo nvel da vida: a biosfera azul, com toda a coerncia
holrquica e a misteriosa grandeza de sua evoluo a partir do cosmo
sombrio.
Fonte: MARGULIS, Lynn; SAGAN, Dorion. O que vida? Rio de Janeiro:
Jorge Zahar Editor, 2002. p. 31 a 33

ESCASSEZ DE GUA CRIA NOVA INJUSTIA:


A EXCLUSO HDRICA
Estoques de gua doce esto sendo diminudos pelo despejo dirio
de 2 milhes de toneladas de poluentes, alertam especialistas do PNUD.
Carlos Ferreira de Abreu Castro* e Aldicir Scariot**, do PNUD

A crise silenciosa
A gua vida para as pessoas e para o planeta. A gua doce , por si
s, o elemento mais precioso da vida na Terra. essencial para a satisfao das necessidades humanas bsicas, a sade, a produo de alimentos, a energia e a manuteno dos ecossistemas regionais e mundiais.
Embora se observe pelos pases mundo afora tanta negligncia e tanta
falta de viso com relao a este recurso, de se esperar que os seres
humanos tenham pela gua grande respeito, que procurem manter seus
reservatrios naturais e salvaguardar sua pureza. De fato, o futuro da
espcie humana e de muitas outras espcies pode ficar comprometido a
menos que haja uma melhora significativa na administrao dos recursos hdricos terrestres.1
O acesso gua j um dos mais limitantes fatores para o desenvolvimento socioeconmico de muitas regies. A sua ausncia, ou contaminao, leva reduo dos espaos de vida, e ocasiona, alm de imensos custos humanos, uma perda global de produtividade social.2 A competio de usos pela agricultura, gerao de energia, indstria e o abastecimento humano tem gerado conflitos geopolticos e socioambientais
e afetado diretamente grande parte da populao da Terra. Mais de 2,6
bilhes de pessoas carecem de saneamento bsico e mais de um bilho
continuam a utilizar fontes de gua imprprias para o consumo. Por falta de gua limpa, metade dos leitos hospitalares disponveis no mundo
ocupada e cerca de 5 milhes de pessoas3, na sua maioria crianas, morrem anualmente. Apesar destes dados assustadores, a crise da gua
uma crise silenciosa.
A qualidade e quantidade de gua tm impactos diretos nos meios
de vida das populaes mais pobres, na sua sade e na sua vulnerabilidade
a crises de todos os tipos. Tambm afetam grandemente o estado do
meio ambiente, a capacidade dos ecossistemas de fornecer servios
ambientais e a probabilidade de desastres ambientais. Em todo o mundo, a falta de medidas sanitrias e de tratamento de esgotos polui rios e
lagos; lenis freticos so rapidamente exauridos e contaminados por
mtodos de explorao inadequados; guas superf iciais so
superexploradas pela irrigao e poludas por agrotxicos; populaes
de peixes so sobre-exploradas, reas midas, rios e outros ecossistemas
reguladores de guas so drenados, canalizados, represados e desviados
sem planejamento4. Os estoques de gua doce esto sendo intensamente
diminudos pelo despejo dirio de 2 milhes de toneladas de poluentes
(dejetos humanos, lixo, venenos e muitos outros efluentes agrcolas e
industriais) nos rios e lagos. A salinidade, assim como a contaminao
por arsnico, fluoretos e outras toxinas, ameaam o fornecimento de
gua potvel em muitas regies do mundo.
Uma das conseqncias mais perversas deste mau uso a excluso
hdrica. Hoje, apenas metade da populao das naes em desenvolvimento tem acesso seguro gua potvel. A escassez de gua aumentar
significativamente nos prximos anos, devido ao aumento do impacto
combinado resultante do aumento do uso per capita de gua e dos efeitos das mudanas climticas. O aumento da populao e da renda reflete
diretamente no aumento do consumo de gua e na produo de resduos
poluentes. A populao urbana dos pases em desenvolvimento aumentar dramaticamente, gerando demanda muito alm da capacidade, j
inadequada, de infra-estrutura para fornecimento de gua e saneamento.
* Doutor em Meio Ambiente e Desenvolvimento, Coordenador da Unidade de
Meio Ambiente, Programa das Naes Unidas para o Desenvolvimento
PNUD/Brasil
** Doutor em Ecologia, Analista de Projetos, Programa das Naes Unidas para o
Desenvolvimento PNUD/Brasil

18
MP_BIO Col. Base_1

18

22/06/05, 8:37

Reproduo proibida. Art. 184 do Cdigo Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

bacteriana, a clula de um animal ou a de um outro organismo vivo. Os


vrus biolgicos reproduzem-se no interior de seus hospedeiros, do mesmo modo que os vrus digitais se reproduzem nos computadores. Sem
um ser orgnico autopotico, o vrus biolgico uma simples mistura
de elementos qumicos; sem um computador, o vrus digital um mero
programa.
Sendo os vrus menores do que as clulas, faltam-lhes genes e
protenas suficientes para eles se manterem. As menores dentre as clulas, pertencentes s mais minsculas bactrias (com dimetro de aproximadamente um dcimo de milionsimo de metro), so hoje as mais
nfimas unidades autopoticas de que se tem conhecimento. Tal como
a linguagem, as molculas nuas de DNA ou os programas de computador, os vrus sofrem mutaes e evoluem, mas, em si mesmos, so
zumbis qumicos, na melhor das hipteses. A clula a menor unidade
da vida.
Quando uma molcula de DNA produz outra que lhe exatamente
idntica, falamos em replicao. Quando a matria viva, como uma clula ou um corpo composto de clulas, d origem a outro ser semelhante
(com diferenas atribuveis mutao, recombinao gentica, aquisio simbitica, variao do desenvolvimento ou a outros fatores),
falamos em reproduo. Quando a matria viva reproduz formas alteradas que, por sua vez, geram uma prole alterada, falamos em evoluo,
que a mudana de populaes de formas biolgicas ao longo do tempo. Como enfatizam Darwin e seu legado, mais clulas e corpos
reprodutores so produzidos por gemao, diviso celular, incubao,
parto, formao de esporos ou outros processos similares do que o nmero capaz de sobreviver. Os que resistem por tempo suficiente para se
reproduzir so naturalmente selecionados. Dito em termos mais diretos, no propriamente que os sobreviventes sejam selecionados por
seu sucesso, mais sim que os seres que no conseguem reproduzir-se
antes de morrer so excludos pela seleo.
A identidade e a auto-sustentao requerem o metabolismo. A qumica metablica (comumente chamada de fisiologia) precede a reproduo e a evoluo. Para que uma populao evolua, seus membros tm
que se reproduzir. No entanto, para que um ser orgnico possa reproduzir-se, primeiro ele precisa se sustentar. Durante a vida de uma clula,
cada uma das aproximadamente cinco mil protenas diferentes faz um
intercmbio completo com o meio circundante, milhares de vezes.
As clulas bacterianas produzem DNA e RNA (cidos nuclicos),
protenas de enzimas, gorduras, carboidratos e outras substncias qumicas complexas de carbono. Os corpos de protoctistas, fungos, animais e plantas tambm produzem, todos eles, essas e outras substncias. Contudo, o mais importante e espantoso que qualquer corpo
vivo produz a si mesmo.
Essa manuteno energtica da unidade, enquanto os componentes, em carter contnuo ou intermitente, so rearranjados, destrudos
e reconstrudos, partidos e consertados, o metabolismo, que precisa
de energia. De acordo com a segunda lei da termonidmica, a autosustentao autopotica s preserva ou aumenta a ordem interna mediante uma contribuio para a desordem do mundo externo, conforme os restos metablicos vo sendo excretados e h uma emisso
de calor. Todos os seres vivos tm que realizar o metabolismo e, por
conseguinte, todos precisam criar uma desordem local: calor intil,
rudo e incerteza. Assim o comportamento autopotico, que reflete o
imperativo autopotico necessrio a qualquer ser orgnico que viva,
que continue com suas funes.
A viso autopotica da vida difere dos ensinamentos padronizados
da biologia. A maioria dos autores de textos dessa rea deixa implcito
que o organismo existe independentemente de seu meio, e que o meio
sobretudo um pano de fundo esttico e sem vida. Entretanto, os seres
orgnicos e o meio ambiente acham-se entrelaados. O solo, por exemplo, no isento de vida. uma mistura de fragmentos de rochas, plen,
filamentos de fungos, cistos de ciliados, esporos bacterianos, nematdeos
e outros animais microscpicos e suas partes. A natureza, observou
Aristteles, avana paulatinamente das coisas sem vida para a vida animal, de tal maneira que impossvel determinar a linha de demarcao
exata. Independncia um termo poltico, no cientfico.
Desde a origem da vida, todos os seres vivos tm estado ligados,
direta ou indiretamente, conforme seus corpos e populaes vo crescendo. As interaes ocorrem conforme os organismos se ligam pela
gua e pelo ar. Darwin, em Origem das espcies, comparou a complexidade dessas interaes a um banco em dificuldade complexo
demais para ns, seres humanos, sequer comecemos a decifr-lo: Se
jogarmos um punhado de penas para o alto, todas cairo no cho de

Reproduo proibida. Art. 184 do Cdigo Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Em 2050, pelo menos uma em cada quatro pessoas provavelmente viver em um pas afetado por escassez crnica ou recorrente de gua potvel. Isto poder restringir seriamente a disponibilidade de gua para todas as finalidades, particularmente para a agricultura, que atualmente
responde por 70% de toda a gua consumida.5 A falta de conciliao
entre todos esses usos e funes da gua, o aumento da demanda aliado
aos conflitos j existentes e a assimetria de poder entre os interesses
envolvidos criaram uma nova categoria de injustia social, a excluso
hdrica, os povos sem gua.
O cenrio de escassez provocado pela degradao e pela distribuio irregular gera conflitos, seja dentro dos prprios pases ou entre naes. Historicamente, dominar o uso da gua dos rios fez com que algumas civilizaes se utilizassem disso como forma de exercer poder sobre outros povos e regies geogrficas. Um exemplo de conflito moderno pelo uso da gua vivenciado por israelenses e palestinos. Israel
depende das guas subterrneas que esto no territrio palestino ocupado e retira cerca de 30% da disponibilidade do aqfero, comprometendo a capacidade de recarga desse reservatrio.6
O estoque de gua j grandemente desigual. A sia, com 60% da
populao mundial, detm apenas 36% da gua doce mundial. As
disparidades continuaro a crescer. Hoje, vinte pases enfrentam uma
dramtica falta de gua. Em 2050, se mudanas profundas no ocorrerem, a escassez de gua afetar 7 bilhes de pessoas em 60 pases7.
uma crise silenciosa, uma crise dos que no tm voz.
A gua e os Objetivos de Desenvolvimento do Milnio
Como afirmou Nitin Desai, secretrio-geral da Cpula Mundial sobre
Desenvolvimento Sustentvel, no possvel melhorar a difcil situao
dos pobres do mundo sem fazer alguma coisa em relao qualidade da
base de recursos de que dependem: as terras e os recursos hdricos.
Melhorar a utilizao dos recursos hdricos decisivo para todas as outras dimenses do desenvolvimento sustentvel. Para o Programa das
Naes Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), a gua um ponto de
partida cataltico nos esforos para ajudar os pases em desenvolvimento na luta contra a fome e a pobreza, na salvaguarda da sade humana,
na reduo da mortalidade infantil e na gesto e proteo dos recursos naturais.
Durante a Conferncia do Milnio, promovida pela Organizao
das Naes Unidas em setembro de 2000, 191 pases a maioria dos
quais representados na conferncia por seus chefes de estado ou governo subscreveram a Declarao do Milnio, que estabeleceu um conjunto de objetivos para o desenvolvimento e a erradicao da pobreza no
mundo, os chamados Objetivos de Desenvolvimento do Milnio (ODM).
Os oitos objetivos fixados pela Conferncia do Milnio so:
A erradicao da pobreza e da fome
A universalizao do acesso educao primria
A promoo da igualdade entre os gneros
A reduo da mortalidade infantil
A melhoria da sade materna
O combate AIDS, malria e outras doenas
A promoo da sustentabilidade ambiental
O desenvolvimento de parcerias para o desenvolvimento
Dada esta lista de oito objetivos internacionais comuns, 18 metas
e mais de 40 indicadores foram definidos, tendo em vista possibilitar
entendimento e avaliaes uniformes dos ODM, nos nveis global, regional e nacional. A Meta 10 visa reduzir pela metade, at 2015, a
parcela da populao sem acesso seguro e duradouro a gua potvel.
Nenhuma medida poderia contribuir mais para reduzir a incidncia de doenas e salvar vidas no mundo em desenvolvimento do que
fornecer gua potvel e saneamento adequado a todos. Essa afirmao
do secretrio-geral da ONU, Kofi Annan, define de forma categrica o
papel fundamental que a gua e o saneamento desempenham na
erradicao da pobreza e para assegurar o desenvolvimento humano
sustentvel.
No contexto dos ODM, a gua desempenha um papel central devido sua importncia para promover o crescimento econmico e reduzir a pobreza, propiciar segurana alimentar, melhorar as condies da
sade ambiental e proteger os ecossistemas. A expanso do acesso ao fornecimento domstico de gua e aos servios de saneamento contribuir

para o alcance de vrios Objetivos de Desenvolvimento do Milnio,


visto que a gua est intrinsecamente ligada a eles. difcil imaginar
como pode haver avanos significativos sem primeiro assegurar que
as pessoas tenham um fornecimento duradouro e confivel de gua e
instalaes sanitrias adequadas.
A crise da gua no Brasil
O Brasil detm 12% das reservas de gua doce do mundo, sendo
que cerca de 70% desse total esto na Bacia Amaznica, onde a densidade populacional a menor do pas. Por outro lado, a regio mais rida e
pobre do Brasil, o Nordeste, onde vivem cerca de 28% da populao,
possui somente 5% da gua doce. A alta densidade populacional, a poluio e a agricultura, aliadas viso de que a gua um recurso infinito, j provocam o aumento na escassez de gua de qualidade nas regies
Sul e Sudeste do pas, onde vivem 60% da populao.
Os ndices de abastecimento de gua mostram que h enormes desigualdades entre regies e entre ricos e pobres. Os mais prejudicados so
aqueles que vivem nas favelas, periferias e pequenas cidades. Somente
um tero dos 40% mais pobres dispe de servios de gua e saneamento, enquanto que para os 10% mais ricos esse valor sobe para 80%. O
saneamento bsico atinge somente 56% dos domiclios urbanos e meramente 13% dos domiclios rurais. As classes mais altas, com rendimentos acima de 10 salrios mnimos, tm cobertura 25% maior em gua e
acima de 40% em esgoto que a populao com renda inferior a 2 salrios mnimos, cujos ndices de cobertura desses servios esto abaixo da
mdia nacional.8
A Meta 11 dos ODM estabelece que, at 2020, deve haver melhora
significativa na qualidade de vida de 100 milhes de habitantes de moradias inadequadas em todo o mundo, incluindo-se acesso a esgotamento sanitrio (indicador 31). A anlise dos dados demonstra que diminuiu, em termos relativos, a proporo da populao sem acesso a esgotamento sanitrio apesar de, em nmeros absolutos, ter havido aumento da populao brasileira e da populao sem acesso a esses servios. De fato, em 1991, havia 75,1 milhes de pessoas (61,6%) sem acesso rede de esgoto e, em 2000, esse nmero subiu para 93,7 milhes, o
equivalente a 55,6% dos habitantes. Se o ritmo de queda percentual continuar o mesmo, em 2015 ainda haver 45,5% da populao sem acesso
a esgotamento sanitrio. A projeo desses dados indica que pouco menos da metade da populao do Brasil (42,3%) continuaria sem acesso
rede de esgoto em 2020.9 Essas disparidades demonstram o quanto o
Brasil ainda tem de avanar nessa questo.
O acesso gua e saneamento uma questo tica
A crise da gua vem aumentando, mesmo com alguns avanos
obtidos para atingir os objetivos estabelecidos em 2000. O Projeto do
Milnio das Naes Unidas foi estabelecido em 2002 para desenvolver um plano de ao que habilite os pases em desenvolvimento a
alcanar os Objetivos de Desenvolvimento do Milnio e a reverter o
massacre da pobreza, da fome e das doenas que atinge bilhes de
pessoas. As equipes das dez foras-tarefas do Projeto Milnio, congregando 265 especialistas de todo o mundo, foram desafiadas a diagnosticar os principais impedimentos ao alcance dos Objetivos de Desenvolvimento do Milnio e a apresentar recomendaes de como superar
os obstculos, colocando as naes no caminho certo para atingir as
metas at 2015.
No incio de 2005, a fora-tarefa sobre gua e Saneamento recomendou aes crticas para minorar a crise global de gua e saneamento
e promover a gesto adequada dos recursos aquticos. Entre essas aes
esto:
1. Governos nacionais e outras partes envolvidas devem assumir o
compromisso de definir a crise do saneamento como prioridade
mxima em suas agendas.
2. Investimentos em gua e saneamento devem ser ampliados e devem focalizar a proviso sustentvel de servios, em vez de apenas construir instalaes.
3. Governos e agncias doadoras devem fortalecer as comunidades
locais com a autoridade, recursos e capacidade profissional necessrios para a gesto do fornecimento de gua e a proviso de
servios de saneamento.
4. Dentro do contexto das estratgias nacionais de reduo da pobreza, os pases devem elaborar planos coerentes de desenvolvimento e gesto dos recursos hdricos.
5. A inovao deve ser incentivada para acelerar o progresso, e assim alcanar diversos Objetivos de Desenvolvimento simultaneamente.

19
MP_BIO Col. Base_1

19

22/06/05, 8:37

1. J.W.Maurits la Rivire Threats to the Worlds Water Scientific American,


special issue Managing Planet Earth, 1989.
2. Ladislaw Dobor. In A Reproduo Social Volume 2 Poltica Econmica e
Social: os desafio do Brasil. 2001.
3. Dados do relatrio da Fora-tarefa da ONU. gua e Saneamento do Projeto do
Milnio. 2005. Na literatura especializada, estes dados variam muito, com nmeros at cinco vezes maiores.
4. WWF-Brasil Programa gua para a Vida Conservao e Gesto de gua Doce.
5. UN/WWAP (United Nations/World Water Assessment Programme). 2003. UN
World Water Development Report: Water for People, Water for Life. Paris,
New York and Oxford: United Nations Educational, Scientific and Cultural
Organization and Berghahn Books.
6. Instituto Socioambiental ISA. Almanaque Brasil Socio-ambiental, 2004.
Relatos de diferentes conflitos entre, intra e inter naes, bem como resultantes do crescente processo de privatizao dos servios de guas e saneamento
pode ser visto em Evaristo Miranda. gua na natureza e na vida dos homens.
Idias e Letras. 2004 e em Mohamed Bouguerra. As Batalhas da gua: por um
bem comum da humanidade. Editora Vozes, 2004.
7. The United Nations World Water Development Report 2003, UNESCO-WWAP.
8. Ministrio das Cidades 2004. Saneamento Ambiental. Cadernos MCidades, vol. 5.
9. Centro de Pesquisa de Opinio Pblica DATAUnB. Relatrio Nacional ODM
7 Garantir a sustentabilidade ambiental. UnB, 2004.
10. Estima-se que sejam necessrios apenas 4% dos gastos militares com armamentos no Mundo para prover gua potvel e saneamento adequado para toda
a humanidade.
11. Mohamed Bouguerra. As Batalhas da gua: por um bem comum da humanidade. Editora Vozes, 2004. 238p.
12. Ex-secretrio-geral da Conferncia das Naes Unidas sobre Habitaes Humanas (Hbitat II).
Fonte: Disponvel em: http://www.pnud.org.br/noticias
impressao.php?id01=1067. Acesso em 05 maio 2005.

Sugestes de atividades
DESENHANDO UM HBITAT
As condies bsicas de alimento, ar, gua e espao desejveis
aos animais parecem bvias, quando se consideram os zos. Todavia,

nos aqurios, a gua a parte mais sensvel do hbitat, e pode servir


como estabilizadora do ambiente. A capa dgua pode suprir exigncias para diferentes formas de vida aqutica. Variaes na luz,
salinidade, pH, oxignio dissolvido e a presena de um grande espectro de poluentes podem causar um desastre a certos organismos
aquticos.
Para o sucesso de uma vida em zos e aqurios, h a necessidade
de ateno a uma srie de exigncias dos organismos presentes (nvel
de tolerncia). H tambm certas exigncias fsicas em termos de forma e dinmica do display (exibio), que possam ser compatveis com
a criatura. Por exemplo, alguns peixes preferem gua corrente, outros
preferem condies quase estticas. Alguns preferem guas profundas, e outros, superficiais. As variaes so notveis quando se consideram hbitats de microorganismos em tanques (reservatrios) e
hbitats gigantescos para baleias, por exemplo. Deve ser dada especial
ateno qualidade da gua e ao controle de doenas, que podem ser
fonte de problemas nesse meio.
Considerando-se que as necessidades fsicas dos animais vo muito
alm do mnimo necessrio encontrado, deve-se dar mais ateno ao
conforto, criando-se condies to similares s encontradas no hbitat
natural quanto for possvel.
Nas prticas de cultivo em aqicultura e maricultura, muitos estudos se preocupam com as necessidades dos hbitats. Freqentemente,
os rios, lagos e todo o oceano so usados nesses estudos.
Consideraes ticas podem ser feitas acerca da apropriao ou desapropriao da vida aqutica em aqurios e zos. Todavia, esta atividade usada simplesmente para conhecer uma complexa necessidade do
organismo aqutico de forma a torn-lo capaz de sobreviver sob determinadas condies de cativeiro.
A maior proposta para esta atividade os estudantes reconhecerem
e apreciarem a complexidade da vida aqutica, usando como enfoque as
condies de vida em zos ou aqurio.
I Objetivo
1. Identificar os componentes do hbitat essenciais sobrevivncia
da maioria dos animais aquticos.
2. Reconhecer e apreciar a complexidade da vida aqutica.
3. Escolher um hbitat adequado vida aqutica.
II Material
cartes 3 cm x 5 cm
canetas
papel mach
argila
barbante
papelo
caixas de papelo
galo
III Procedimento
1. Prepare os cartes com o nome de um dos seguintes animais:
truta, tubaro, dourado, tilpia, cavalo-marinho, gaivota, lontra,
tartaruga marinha, jacar, sapo, atob, baleia.
2. Divida a classe em grupos de 2 a 4 alunos. Cada grupo retira um
carto da caixa.
3. Pea a cada grupo que seja responsvel por desenhar um hbitat
artificial, no qual seu animal possa viver com sucesso. Instrua-os
para pesquisarem em bibliotecas, por exemplo, sobre a necessidade de cada animal e as caractersticas do seu hbitat natural.
4. Quando o estudo se completar, cada grupo estar apto a construir um modelo ou pequena rplica de um zo ou aqurio, que
poderia ser importante para a sobrevivncia e conforto desse
animal, em cativeiro.
5. Uma vez completo o modelo, pea ao grupo que o apresente ao
resto da classe. Cada exposio dever incluir uma descrio das
necessidades bsicas do animal, assim como uma descrio das
caractersticas de seu hbitat natural.
6. Pea aos estudantes que sumarizem os componentes do hbitat
que lhes paream essenciais sobrevivncia do animal pesquisado:
alimento, gua, refgio, espao etc.

20
MP_BIO Col. Base_1

20

22/06/05, 8:37

Reproduo proibida. Art. 184 do Cdigo Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Por exemplo, o desenvolvimento de novas formas de reutilizao


da gua recuperada na agricultura poderia aumentar o rendimento das colheitas e reduzir a fome, melhorando tambm o
saneamento.
6. Mecanismos de coordenao devem ser implementados para melhorar e avaliar o impacto das atividades financiadas por agncias
internacionais no mbito nacional.
Estas recomendaes mostram claramente que, aps cinco anos, a
ONU continua conclamando os pases a assumir o acesso seguro gua
potvel como prioridade mxima em suas agendas. O mais grave o
fato de que as metas estabelecidas para 2015 no visam a eliminar, e sim
reduzir, a tremenda injustia social da falta de acesso seguro gua e ao
saneamento bsico para todos os habitantes da Terra. De acordo com a
fora-tarefa, expandir a cobertura de gua e saneamento no requer somas colossais de dinheiro (10), nem descobertas cientficas inovadoras.
Quatro em cada dez pessoas no mundo no tm acesso nem a uma simples latrina de fossa no-assptica e so obrigadas a defecar a cu aberto. Obviamente, o conhecimento, as ferramentas e os recursos financeiros esto disponveis para pr fim a esta infmia.
Como afirma Mohamed Bouguerra (11), o fornecimento de gua
para a humanidade articula-se estreitamente s prioridades estabelecidas
pelos homens. Os usos que damos gua refletem, no fim das contas, os
nossos valores mais profundos. A gua , primeiramente, uma questo
poltica e tica. Nenhuma outra questo merece mais ateno por parte
da humanidade. Ela determina a paz universal e o futuro de todos os
seres vivos. A posio de Wally NDow (12) , para quem grande parte
dos conflitos polticos e sociais no futuro deixaro de ter como causa o
petrleo e sero provocados pelas disputas em torno da gua, hoje
praticamente um consenso.
O alerta feito por Bouguerra no pode ser ignorado. Necessitamos,
hoje, da formulao de uma poltica global para a gua, fundada sobre o
plano da tica, e que sirva de guia para definir uma partilha equilibrada
dos recursos. Dessa maneira se poria fim aos embates indignos que os
detentores do poder e alguns grupos de presso exercem sobre este recurso. Se a poltica da gua precisa ser integrada viabilidade econmica, no menos indispensvel que ela englobe tambm a solidariedade
social, a cooperao com os pases mais desprovidos, a responsabilidade ecolgica e a utilizao racional desse recurso, para no comprometer as necessidades das geraes atuais e futuras e dos demais seres vivos que partilham conosco a gua do globo.

IV Questes
1. Liste os componentes de um hbitat adequado, que so necessrios sobrevivncia da maioria dos animais aquticos.
2. Separe um mamfero aqutico, peixe, anfbio ou outro animal
aqutico.
3. Descreva as caractersticas biolgicas de um animal e classifique-o quanto s necessidades para sua sobrevivncia.
4. Compare similaridades e diferenas entre esse animal aqutico e
outro. O que ambos precisam, e cada um deles, para sobreviver?
O que poderia ser diferente no hbitat de cada um, e de ambos, de
forma a continuar garantindo sua sobrevivncia?
Fonte: Ttulo original em Ingls: Designing a habitat. In: WREEC (1987).
Aquatic: project Wild, USA: 19-20.
Traduzido pela Dra Snia Lcia Modesto Zampieron Bolsista DTI/CNPq.
Disponvel em: http://educar.sc.usp.br/biologia/atividades/m_a_atv3.html,
acesso em 23 maio 2005.

CONSTRUINDO UM ECOSSISTEMA
I Objetivo

II Material
vidro de boca larga, com tampa e transparente (vidro de conservas, por exemplo)
pina de fabricao caseira (pode ser de bambu)
pedrinhas
terra e areia
plantas de pequeno porte (dar preferncia para plantas que necessitem de pouca luz direta)

(Obs.: Nos primeiros dias, o interior do vidro pode ficar embaado, devido transpirao de todos os componentes vivos. Caso esse
embaamento dure por muitos dias, abra o vidro, limpe o seu interior e
volte a fech-lo.)
Fonte consultada: http://educar.sc.usp.br/ciencias/ecologia/ativida.ht. Acesso em
07 abr. 2005.

DRAMATIZAO
Tema: Presa e Predador
Esta atividade deve ser realizada com um grupo de no mnimo 20
alunos, em ambiente que tenha espao fsico suficiente para a movimentao de todos, tal como uma quadra de futebol, ou o prprio ptio da
escola. A atividade consiste na representao de uma possvel cadeia alimentar, envolvendo 3 componentes: A plantas (produtores), B pres
(consumidores primrios) e C jaguatiricas (consumidores secundrios).
I Objetivo
1. Analisar a relao produtor / consumidor.
2. Analisar a relao presa / predador.
3. Entender como se processa a transferncia de matria e energia
nas cadeias alimentares.
II Material

III Procedimento
1. Observe a figura durante a execuo da atividade.

fitas de trs cores diferentes (o nmero de fitas de cada cor deve


ser superior ao nmero de integrantes do jogo)
apito, que poder ser substitudo por assobio, dependendo de quem
comandar a atividade

PAULO MANZI

Reproduo proibida. Art. 184 do Cdigo Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

1. Construir um ecossistema artificial.


2. Demonstrar que o ecossistema um sistema auto-sustentvel.

7. Aps o arranjo das plantas, coloque mais uma camada de terra


de, aproximadamente, 5 cm e compacte levemente, para que as
plantas fiquem firmes no lugar.
8. Regue as plantas de tal forma que no encharque o substrato
preparado. Depois de regar, utilize um pedao de pano ou algodo para limpar o interior do vidro, com o auxlio da pina.
9. Aps todo esse procedimento, feche o vidro. Voc ter feito, ento, o seu prprio ecossistema.

tabela para acompanhar o desenvolvimento do jogo, conforme


modelo
Figura: Modelo de
um ecossistema
artificial em
recipiente de vidro.
Representao
esquemtica (sem
escala).

Modelo da tabela
GERAES

PLANTAS

PRES

JAGUATIRICAS

1
2
3
4
5
6
7
8

2. Lave bem o vidro que ser utilizado para evitar fungos e outros
microorganismos indesejveis; utilize detergente (biodegradvel),
preferencialmente, e deixe secar ao Sol.
3. Separe uma quantidade de terra que corresponda aproximadamente
a 1/4 do vidro. Peneire a terra e deixe-a secar, se estiver mida. O
ideal que seja terra seca.
4. Lave tambm as pedras e a areia.
5. Despeje dentro do vidro uma camada de pedrinhas com, aproximadamente, 2 cm de altura. Em seguida, cubra as pedras com
uma camada de areia da mesma espessura. Coloque, ento, 3 cm
da terra peneirada.
6. Uma vez feita essa preparao, est na hora de fixar as plantas
nesse substrato, com o auxlio da pina de bambu. Aqui, no
existem muitas regras em relao ao arranjo das plantas dentro do vidro. importante apenas no se esquecer de que as
plantas iro crescer e se desenvolver dentro do vidro, embora
lentamente.

9
10
III Procedimento
1. A classe dever ser dividida em 3 grupos, deixando-se, porm, o
grupo das plantas com um nmero ligeiramente maior que os
demais. Da mesma forma, o grupo dos pres deve ser maior que o
das jaguatiricas. Por exemplo, caso a classe possua 30 alunos, o
melhor seria dividi-la da seguinte forma: 14 plantas, 10 pres e 6
jaguatiricas.
2. As fitas devem ser amarradas na cabea ou no pulso de cada um
dos integrantes. Cada cor representa um elo da cadeia.
3. As plantas ficaro espalhadas pelo ptio, os pres devero ser
dispostos em crculo, ficando distantes 5 a 6 metros das jaguatiricas,
que tambm estaro dispostas em crculo, envolvendo o crculo dos
pres, conforme mostra a figura.

21
MP_BIO Col. Base_1

21

22/06/05, 8:37

Pres

Jaguatiricas

Figura: Representao esquemtica da disposio inicial dos componentes do jogo.


4. O jogo ter 10 rodadas. Para iniciar uma rodada, o professor dever apitar 1 vez, e para termin-la, 2 vezes.
Regras do jogo
1. Plantas
As plantas devero ficar espalhadas pelo ptio ou no lugar escolhido para o jogo, e permanecer nos seus lugares. Quando apanhadas pelos
pres, devero permanecer no local onde foram apanhadas at a prxima rodada, e depois ir para o grupo dos pres.
2. Pres
Cada pre deve procurar apanhar uma planta e evitar ser capturado
por uma jaguatirica. A nica defesa possvel dos pres abaixar-se.
Abaixando-se, estaro escondidos das jaguatiricas. Quando apanhados
por uma jaguatirica, os pres devero permanecer no local onde foram
capturados at o trmino da rodada. Na rodada seguinte, estes pres passaro a ser jaguatiricas.
3. Jaguatiricas
As jaguatiricas devero tentar capturar um pre.
Os pres e as jaguatiricas que no conseguirem alimento voltaro
na rodada seguinte, como plantas. Explicao: os animais que no conseguem alimento morrem de fome. Seus corpos so decompostos e deles s restam os sais minerais que as plantas incorporam. Por isso voltam como plantas.
Os pres e as jaguatiricas que conseguirem alimento continuaro
como tais. Explicao: pres e jaguatiricas que conseguem alimentos
so bem-sucedidos. Isso permite que se mantenham saudveis e se
reproduzam, garantindo novos indivduos para a gerao seguinte.
As plantas que foram capturadas voltam como pres. Os pres capturados voltam como jaguatiricas. Explicao: quando um ser vivo serve de alimento para outro, as substncias que formam seu corpo passam
a fazer parte desse outro ser. Por isso, as plantas capturadas pelos pres,
voltam como pres e estes, quando capturados, voltam como jaguatiricas.
Fonte consultada: http://educar.sc.usp.br/ciencias/ecologia/ativida.html. Acesso
em 18 abr. 2005.

Unidade II A unidade da vida


Dentro do vasto conhecimento biolgico, duas reas tm a propriedade de aglutinar informaes sobre quase todos os seres vivos. Uma
a Ecologia, que trata das relaes entre os seres vivos e entre eles e o
ambiente; outra a Citologia, que lida com as clulas, unidades que
constituem a maioria dos organismos. O estudo das clulas uma das
portas de entrada no mundo da Biologia.
Nesta obra, nossa proposta ver a clula como uma estrutura dinmica: um labirinto ocupado por gua, onde as reaes acontecem de forma
organizada, eficiente e econmica. A clula a menor estrutura capaz de
executar as atividades que caracterizam os seres vivos, razo pela qual o
estudo da clula fundamental para compreendermos a Biologia.
A vida no pode ser encarada como algo imutvel e pronto. Ela est
em permanente e intensa mudana, embora assim no parea aos nossos
olhos apressados. Tudo evolui e se modifica com o transcorrer do tempo.

Bibliografia especfica (para os professores)


ALBERTS, Bruce; WATSON, James D. et al. Molecular Biology of the
cell. New York: Garland Publishing, 1994.
BAINS, Willian. Biotechnology From A to Z. Oxford: Oxford
University Press, 1998.
BECKER, Wayne M. et al. The world of cell. Menlo Park: The Benjamin/Cummings Publishing, 1996.
BEIGUELMAN, Bernardo. Citogentica humana. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 1982.
BERKALOFF, Andr et al. Biologia e Fisiologia celular. So Paulo:
Edgard Blcher, 1975.
BRITISH MEDICAL ASSOCIATION. Our genetics future. Oxford:
Oxford University Press, 1992.
BURNS, George W. & BOTTINO, Paul J. Gentica. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 1989.
CAIRNS-SMITH, A. G. Seven clues to the origin of life. Cambridge:
Cambridge University Press, 1985.
CONN, Eric E.; STUMPF, P. K. Introduo Bioqumica. So Paulo:
Edgard Blcher, 1975.
DAWKINS, Richard. A escalada do monte improvvel. So Paulo: Companhia das Letras, 1998.
. O rio que saa do den. Rio de Janeiro: Rocco, 1996.
DE ROBERTIS, E. D. P.; DE ROBERTIS. Jr., E. M. F. Bases da Biologia celular e molecular. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1989.
FARRINGTON, Benjamin. What Darwin really said. New York: Scocken,
1982.
FOX, Sidney W. et al. The origin of life and evolutionary biochemistry.
New York: Plenum, 1974.
FROTA-PESSOA, Oswaldo et al. Gentica clnica. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1984.
-. Gentica Humana. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1984.
GARDNER, Eldon J.; PETER, Snustad D. Gentica. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 1986.
GOULD, Stephan Jay. O polegar do panda. So Paulo: Martins Fontes,
1989.
HARTL, Daniel L. Essential Genetics. Sudbury: Jones and Barlett
Publishers, 1996.
JUNQUEIRA, Luis C.; CARNEIRO, J. Biologia celular e molecular.
Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1991.
__________. Histologia bsica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
1974.
KLUG, William S.; CUMMINGS, Michael R. Concepts of Genetics.
New Jersey: Prentice Hall, 1997.
KROUGH, David. Biology A guide to the natural world. New Jersey:
Prentice Hall, 2000.
LEHNINGER, Albert L. et al. Principles of Biochemistry. New York:
Worth Publishers, 1993.
LIMA, Celso P. Gentica humana. So Paulo: Harbra, 1984.
MONOD, Jacob. O acaso e a necessidade. Petrpolis: Vozes, 1971.
NOVIKOFF, Alex B.; HOLTZMAN, Eric. Clulas e estrutura celular.
So Paulo: Interamericana, 1977.
PASSARGE, Eberhard. Color Atlas of Genetics. New York: Tieme
Medical Publishers, 1995.

22
MP_BIO Col. Base_1

22

22/06/05, 8:37

Reproduo proibida. Art. 184 do Cdigo Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

PAULO MANZI

Plantas

Dessa forma, no poderamos deixar de lado uma abordagem evolutiva


do estudo das clulas.
Ainda nesta Unidade, tratamos da Gentica. O nascimento do primeiro filho uma das situaes mais gratificantes da vida de uma pessoa, mas tambm uma das que mais geram ansiedade. menino ou menina? Tudo vai correr bem? Ser uma criana normal? Algumas dessas
questes podem ser respondidas antes do nascimento, por meio da realizao de exames ultra-sonogrficos, que fornecem muitas informaes
sobre a sade do feto. Sabendo ou no, ao fazermos essas perguntas,
estamos lidando com informaes do campo da Gentica.
Alm da Gentica Clssica, abordamos nesta Unidade questes atuais, como a impresso digital do DNA, o Projeto Genoma Humano e
os princpios da terapia gnica. Essas novas tecnologias, alm de surpreendentes quanto aos mtodos que envolvem inimaginveis h apenas
alguns anos suscitam polmicas de natureza tica, social e moral. Iremos, sim, apresentar as leis de Mendel e outras modalidades clssicas
de herana de caractersticas. Entretanto, no podemos passar ao largo
da discusso de aspectos ticos, cuidando para que nossos alunos se
engajem nessa discusso e comecem a formar opinio prpria a respeito.

RAMALHO, Magno et al. Gentica na agropecuria. So Paulo: Globo, 1989.


RIDLEY, Mark. Evolution. Cambridge: Blackwell, 1996.
SCIENTIFIC AMERICAN. A base molecular da vida. So Paulo: USP/
Polgono, 1968.
__________. A clula viva. Polgono, 1969.
SMITH, John E. Biotechnology. Cambridge: Cambridge University Press,
1996.
TOBIN, Allan J.; MOREL, Richard E. Asking about cells. Orlando:
Saunders College Publishing, 1997.
WHITFIELD, Philip. From so simple a beginning The book of
evolution. New York: Macmillan, 1993.
WILMUT, Ian; CAMPBELL, Keith. Dolly, a segunda criao. Rio de
Janeiro: Objetiva, 2000.

Reproduo proibida. Art. 184 do Cdigo Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Leituras complementares sugeridas


(para os alunos)
BIZZO, Nelio. Evoluo dos seres vivos. So Paulo: tica.
BUENO, Maria Aparecida da Silva. Cidadania em preto e branco Discutindo as relaes raciais. So Paulo: tica.
OLIVEIRA, Ftima. Biotica Uma face da cidadania. So Paulo: Moderna.
. Engenharia Gentica O stimo dia da criao. So
Paulo: Moderna.

A internet na sala de aula (endereos na Web)


Academia de Cincias da Califrnia Uma das melhores pginas de
Biologia da Web! Riqussima em informaes atuais e em links para
diversos outros sites de interesse.
www.calacademy.org/
Biological Sciences and Science education Apresenta um acesso fcil a vrios sites educativos relacionados s Cincias Biolgicas.
http://nersp.nerdc.ufl.edu/~biolab/biosci.html
Biology Hypertextbook Chapters Faz parte do site do MIT (Massachusetts Institute of Technology). um texto preciso e ilustrado
sobre algumas reas da Biologia, como respirao celular, fotossntese, material gentico, Gentica mendeliana, membrana celular,
atividade enzimtica e imunologia.
http://esg-www.mit.edu:8001/esgbio/chapters.html
Cell & Molecular Biology Online Um site em ingls que trata de
assuntos na rea de Citologia, contm textos, imagens, publicaes;
enfim, uma srie de informaes ligadas rea.
www.cellbio.com
Cientic Explicitar as diferenas entre as perspectivas lamarckista e
darwinista relativamente interveno do ambiente na evoluo dos
seres vivos. o que este site traz a seus leitores.
www.cientic.com/cn_obj_bio12.html
Cold Spring Harbor Laboratory Instituio de pesquisa e ensino.
Apresenta programas dedicados ao estudo de cncer, neurobiologia,
gentica de vegetais e pginas dedicadas Biologia Geral.
www.cshl.org/
Evoluo do homem Este site traz informaes relacionadas evoluo do homem. Processo de desenvolvimento de espcies de
homindeos, seres pr-histricos e ancestrais do ser humano atual.
http://evohom.cjb.net/
Gateway to Biotechnology Organizao que divulga a emergente indstria da Biotecnologia dos Estados Unidos. Apresenta os benefcios da Biotecnologia e formas de acesso s empresas envolvidas
com seu desenvolvimento.
www.bio.org/aboutbio/welcome.dgw
Jb.usp.br O estudo da evoluo dos seres vivos. O homem sempre
busca uma explicao razovel para os fenmenos sua volta. o
que esta pgina procura trazer para seus leitores.
www.ib.usp.br/evolucao/inic/text2.htm
Leis de Mendel Esta pgina carrega em seu contedo a histria do pai
da Gentica, Mendel, o qual lanou as principais teorias genticas,
que so usadas at os dias de hoje, apesar da modernizao atual.
www.geocities.com/%7Eesabio/Mendel.htm
Museum of Paleontology Pgina da Universidade da Califrnia dedicada
ao estudo das relaes evolutivas entre os diversos grupos de seres
vivos, incluindo primatas e, particularmente, seres humanos.
www.ucmp.berkeley.edu/mammal/mammal.html

NetBiochem Site mantido pela Universidade Bem Gurion, de Israel,


contm informaes sobre o DNA (estrutura molecular, papel metablico etc.).
http://medic.bgu.ac.il/mirrors/netbiochem/nucacids.htm
O DNA vai escola Site do projeto educacional O DNA vai escola, contm textos, sugestes de atividades para o professor, informaes, entre outras.
www.odnavaiaescola.com/
Open Computing Facility at the University of California at Berkeley
A OCF uma homepage dedicada a estudantes e professores, elaborada e mantida pela Universidade da Califrnia (Berkeley, EUA).
www.ocf.berkeley.edu/
Paleontologia Homepage dedicada ao estudo dos dinossauros. Contedo voltado tambm para a evoluo do homem, animais, vegetais e seres unicelulares primitivos.
www.biologo.com.br/paleo.html
Primeiras etapas da evoluo biolgica Como diz o nome, esta pgina contm informaes sobre a evoluo dos seres, focando os primeiros estgios dessa evoluo.
www.dbio.uevora.pt/biologia1/genese3.htm
Processo Evolutivo Esta homepage mostra processos evolutivos e
gentica de populaes. Contm diversos links onde podem se buscar informaes de vrias reas ligadas gentica e evoluo.
http://dreyfus.ib.usp.br/bio212/
Roslin Institute Centro de pesquisa escocs que se tornou internacionalmente conhecido como o bero de Dolly.
www.ri.bbsrc.ac.uk/
Sociedade Brasileira de Citologia Clnica Da Sociedade de Citologia
Brasileira, aborda vrios temas ligados rea, alm de trazer links e
eventos sobre Citologia.
www.citologiaclinica.org.br/
Sociedade Brasileira de Gentica Da Sociedade Brasileira de Gentica, este site contm informaes e novidades no campo da Gentica brasileira e mundial, alm de datas de congressos e buscas.
www.sbg.org.br/
Sociedade Portuguesa de Citologia Site da Sociedade Portuguesa de
Citologia, traz informaes em vrios campos de Biologia celular e
molecular.
www.spcitologia.org/
The Dictionary of Cell Biology um dicionrio (em Ingls) de termos ligados Biologia celular, apresentando grande utilidade para
consultas rpidas.
www.mblab.gla.ac.uk/~julian/Dict.html
The Virtual Library Uma biblioteca para pesquisa em vrias reas do
conhecimento, como Medicina, Agricultura, Biotecnologia,
Entomologia etc. Dispe de links para imagens, artigos e universidades.
http://mcb.harvard.edu/biolinks.html
U. S. Human Genome Project Iniciado em 1990, o U. S. Human
Genome Project um trabalho coordenado pelo Instituto Nacional
de Sade (EUA), dedicado a identificar e localizar aproximadamente
80.000 genes do gentipo humano.
www.ornl.gov/TechResources/Human_Genome/home.html

Materiais de apoio
Leituras
TRANSGNICOS NA AGRICULTURA
Apesar de que, h alguns milhares de anos, os agricultores vm
paciente e continuamente melhorando as espcies vegetais teis e realizando, de algum modo, um trabalho de gentica sem o saber segundo um importante informe da Academia de Cincias da Frana ,
os melhoramentos e as variedades obtidas tinham carter local, desenvolvendo-se em reas geogrficas restritas, por causa do clima e das
caractersticas do solo. Alm do que, as plantas domesticadas eram
altamente susceptveis ao ataque de uma infinidade de pragas da lavoura. Somente a partir do sculo XX, com o desenvolvimento das tcnicas
de combate aos insetos, aos fungos e a outros parasitas e, posteriormente, com o desenvolvimento da biotecnologia, que os melhoramentos
reais e a produtividade agrcola se tornaram sensveis. Basta dizer que,
na poca de Jlio Csar, o plantio de cada gro de trigo produzia no
mais que trs gros na colheita. Esse nmero elevou-se ao dobro, em
conseqncia do emprego de esterco nas plantaes e da aplicao das
primeiras tcnicas de manejo do solo, durante a Idade Mdia. Atualmente,

23
MP_BIO Col. Base_1

23

22/06/05, 8:37

sobre animais, seja pela sua curta persistncia no solo. Alm disso, a
menor necessidade de manejo para remoo das ervas daninhas durante
o crescimento das plantas permite um menor uso de combustveis (para
o funcionamento das mquinas agrcolas) e evita a eroso e a perda de
nutrientes. A Associao Americana da Soja calculou, em seu relatrio
de 2001, uma diminuio de perdas de solos da ordem de 250 milhes
de toneladas durante o ano 2000. Essas vantagens apontadas pelos especialistas permitem considerar a transgnese, nesses casos, como altamente positiva do ponto de vista de uma agricultura sustentvel isto
, uma agricultura que ajuda a proteger o meio ambiente.
Com respeito proteo contra insetos, as atenes dos pesquisadores foram dirigidas especialmente para as possibilidades de transferncia de genes da bactria Bacillus thuringiensis, descoberta no Japo
no incio do sculo XX. Essa bactria uma terrvel praga dos cultivos
de bicho-da-seda, dizimando as populaes de lagartas. Por isso, passou
a ser largamente utilizada, desde 1960, como meio de controle biolgico
de larvas de borboletas nocivas, pelo lanamento de esporos reprodutivos
da bactria sobre plantaes e at florestas. O estudo gentico dessas
bactrias revelou, alm disso, a existncia de diferentes raas genticas
com aes mais ou menos especficas sobre diferentes espcies de larvas de borboletas, o que permitia utilizar somente as raas que atacassem determinadas espcies de lagartas nocivas, e no todas as larvas de
borboletas. A partir dos anos de 1980, genes de Bacillus thuringiensis
foram transferidos para diferentes plantas cultivadas, originando espcies transgnicas de milho, arroz, algodo e batatinha, resistentes ao
de lagartas. A principal vantagem no emprego desses transgnicos, sobretudo do ponto de vista ambiental, est na diminuio da necessidade
do uso de inseticidas, principalmente para o controle das lagartas que se
abrigam no interior das folhas e dos ramos da planta. Isso permite o
aumento natural das populaes de insetos no-nocivos, favorveis ao
controle biolgico, bem como a diminuio dos inseticidas residuais
nos alimentos, nocivos sade.
Uma das primeiras plantas transgnicas desenvolvidas pela engenharia gentica foi um tomate resistente aos vrus do mosaico, em 1988.
Depois, vrias plantas cultivadas foram objeto dessas transferncias
gnicas, impedindo a multiplicao dos vrus no interior de suas clulas: tabaco, abobrinha, melo, pepino, alfafa, batatinha, melancia, mamo, mandioca etc. A maior parte desses transgnicos, porm, continua
a ser objeto de pesquisas aprofundadas sobre a sua persistncia, sobre a
disseminao indesejvel dos genes transferidos por meio dos vrus resistentes, bem como sobre a sua difcil aceitao pblica, em se tratando
de legumes.
O tomate e o melo foram as primeiras plantas em que se realizaram experincias de transgnese visando ao amadurecimento controlado e, assim, ao melhoramento da qualidade nutricional dos seus frutos.
Os frutos obtidos amadurecem mais lentamente, o que permite a sua
colheita mais tardia, e isso d lugar obteno de produtos com melhor
qualidade gustativa e nutricional nas condies de transporte e
armazenamento atuais. Nos Estados Unidos, foi desenvolvida uma
batatinha transgnica com teor modificado de amido, permitindo menor
absoro de gorduras durante a fritura, o que representa vantagens sob o
aspecto diettico. Tambm na colza (variedade de couve comestvel e da
qual se extrai leo) e na soja foram introduzidas modificaes visando
ao aumento do teor de cido olico e reduo do cido linolico, importante no controle de doenas causadas pelo excesso de colesterol.
H pouco tempo, diante da constatao da Organizao Mundial da
Sade (OMS) de que a carncia de vitamina A afeta entre 100 milhes e
200 milhes de crianas nos pases subdesenvolvidos, provocando graves deficincias de viso (cerca de 500 mil casos de cegueira infantil
constatados, alm da morte de mais de 1 milho de crianas em idade
pr-escolar por ano, por avitaminose A), um grupo de cientistas da Sua e da Alemanha conseguiu desenvolver uma variedade transgnica de
arroz rica em betacaroteno, formador dessa vitamina. Por causa dessa
substncia, esse arroz possui uma colorao amarela, tendo sido
apelidado de arroz dourado. Considerando que o arroz um dos alimentos mais utilizados e baratos do mundo, essa constituir, sem
dvida, uma forma de fazer chegar a esses povos carentes as quantidades necessrias da vitamina A, a fim de permitir um desenvolvimento
normal das crianas.
No Brasil, a Embrapa realiza experincias de engenharia gentica
desde 1980. Um importante trabalho j concludo foi o de produzir bananas transgnicas resistentes ao mal de sigatoka, uma doena que ameaa extinguir as bananeiras de todo o mundo. Muitos outros projetos,
entretanto, esto em andamento, como o feijo resistente ao caruncho,

24
MP_BIO Col. Base_1

24

22/06/05, 8:37

Reproduo proibida. Art. 184 do Cdigo Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

o rendimento da ordem de cinqenta gros (ou cinqenta sacos) colhidos para cada gro (ou saco) plantado.
Em conseqncia dos melhoramentos alcanados pelas tcnicas
agrcolas durante o sculo XX que se vem conseguindo fazer face ao
vertiginoso aumento da populao mundial ocorrido nessa mesma poca. Assim, por exemplo, entre 1961 e 2000, nos pases em desenvolvimento da sia, a produo de arroz somada de trigo elevou-se de 127
para 762 milhes de toneladas anuais, enquanto a populao cresceu, no
mesmo perodo, de 1,6 bilho para 3,5 bilhes de habitantes. No caso do
trigo, isso s foi possvel graas seleo de uma variedade mutante,
isto , de mutaes gnicas que surgiram ao acaso e que foram isoladas
pelos cientistas japoneses, no final do sculo XIX, e utilizadas na agricultura, com evidentes resultados econmico e social.
Porm, desde os anos de 1970, os bilogos comearam a perceber
que o emprego das tcnicas usuais de melhoramento das plantas, baseadas simplesmente em cruzamentos e aproveitamentos de mutaes casuais, sofria grandes limitaes. A lentido desses processos e a impossibilidade de realizar modificaes segundo as necessidades exigiam o
desenvolvimento de novas tecnologias, de modo a permitir atender s
necessidades crescentes de produo mundial de alimentos. Grandes
investimentos comearam a ser realizados no desenvolvimento da engenharia gentica, inicialmente no melhoramento da resistncia s pragas
das plantas cultivadas; na melhor utilizao da gua na irrigao e dos
fertilizantes nitrogenados; na maior eficincia da fotossntese; e na qualidade nutricional ou industrial de alguns produtos vegetais. No Brasil,
grandes avanos foram conseguidos, sobretudo pela Empresa Brasileira
de Pesquisas Agronmicas (Embrapa), por exemplo, nas modificaes
introduzidas na soja, adaptando essa planta extica ao nosso clima e ao
nosso solo, o que permitiu que nos tornssemos um dos maiores produtores e exportadores dessa leguminosa em todo o mundo. Mas alm da
Embrapa, as universidades brasileiras contriburam significativamente
para o progresso das tcnicas mais avanadas de engenharia gentica.
Foi somente a partir do incio dos anos de 1980, no entanto, que
surgiram os primeiros resultados de transgnese em plantas. Com o apoio
financeiro, finalmente, de grandes empresas produtoras de sementes e
agroqumicos, assim como de laboratrios de produtos farmacuticos,
essas pesquisas foram intensificadas ao longo daquela dcada, dando
seus primeiros resultados em dez anos, isto , em meados dos anos de
1990. Em 1994, a sociedade Calgene, dos Estados Unidos, coloca no
mercado uma variedade de tomate transgnico com amadurecimento
controlvel, evitando, assim, que o amadurecimento rpido da fruta prejudicasse o seu transporte e armazenamento, deteriorando-se antes de
chegar ao consumidor. Logo em seguida, porm, comeam a aparecer
transgnicos voltados a aspectos ambientais, como os resistentes aos
herbicidas, aos insetos daninhos, aos vrus, assim como tambm ao melhoramento das qualidades nutricionais dos produtos, como o caso do
anunciado arroz dourado, rico em vitamina A, destinado a populaes
carentes com alta incidncia de cegueira em virtude da avitaminose.
Um dos primeiros objetivos dessas transgneses consistiu no desenvolvimento de resistncia das plantas cultivadas aos chamados
herbicidas totais, como o glifosato, o glufosinato e a fosfinotricina. Os
herbicidas totais so produtos que destroem indiferentemente quaisquer
tipos de plantas, ao contrrio dos herbicidas seletivos, que matam apenas certos tipos de vegetais, considerados ervas daninhas, e poupam
as plantas cultivadas. Estes ltimos, porm, no so muito eficazes, obrigando o agricultor a empreg-los em altas dosagens, em misturas de
vrios tipos de herbicidas, geralmente muito txicos. Este procedimento
faz com que tais herbicidas permaneam nas plantas e acabem sendo
ingeridos pelas pessoas ou por animais. Alm disso, para alguns tipos de
lavoura, no existem herbicidas seletivos, e uma remoo insuficiente
de ervas daninhas leva a um baixo rendimento e a uma diminuio da
qualidade do produto agrcola. Quanto aos herbicidas totais, estes so
altamente eficazes na destruio das ervas daninhas, mesmo em baixas
dosagens, porm matam tambm a planta cultivada, a no ser que esta
seja semeada aps a destruio daquelas. Alguns produtos possuem um
bom efeito herbicida, ao mesmo tempo que so de pouca permanncia
no solo graas a uma rpida biodegradabilidade , permitindo que
o cultivo se inicie aps algumas semanas.
Os glifosatos so herbicidas totais cuja ao sobre as plantas se d
por meio de reaes exclusivas dos vegetais, no afetando, pois, a vida
animal. Assim sendo, a transferncia para as espcies cultivadas de um
gene que lhes conferisse resistncia ao desse herbicida teria duas
vantagens principais: uma alta eficcia na destruio das espcies nocivas e uma baixa nocividade ao ambiente, seja pela ausncia de efeitos

ou o milho com maior teor de metionina, importante componente das


raes para animais, reduzindo assim o custo da alimentao da criao.
Fonte: BRANCO, Samuel M.
Transgnicos Inventando seres vivos. So Paulo: Moderna, 2004, p. 29 a 37

LINGUAGEM E VIDA

Reproduo proibida. Art. 184 do Cdigo Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

John Maynard Smith*


Ers Szathmry**

Todos os seres vivos podem transmitir informao de uma gerao


a outra. A propriedade da hereditariedade de que a vida gera a vida
depende dessa transmisso de informao, e por sua vez, garante que
populaes iro evoluir por meio da seleo natural. Se alguma vez encontrarmos, em qualquer outro lugar da galxia, seres vivos com uma
origem distinta da nossa, poderemos ter certeza de que eles tambm
possuiro hereditariedade e uma linguagem que transmite a informao
hereditria. A necessidade de tal linguagem foi central para o argumento
de Schrdinger em O que vida?: ele descreveu-a como a seqncia de
smbolos de um cdigo. Podemos arriscar alguns palpites sobre a sua
natureza. Ela deve ser digital, porque uma mensagem codificada por
smbolos que variam continuamente logo degenera em rudo enquanto
transmitida de indivduo para indivduo. Ela tambm precisa ser capaz
de codificar um nmero infinitamente grande de mensagens. Essas mensagens precisam ser copiadas, ou replicadas, com um alto grau de preciso. Finalmente, as mensagens precisam ter algum sentido, em termos de influenciar suas prprias chances de sobrevivncia e replicao:
de outra forma a seleo natural no poder agir.
Os seres vivos possuem no uma, mas duas linguagens desse tipo.
Existe a familiar linguagem gentica baseada na replicao dos cidos
nuclicos, DNA e RNA, e existe a linguagem mais familiar ainda, restrita aos humanos, que estamos utilizando neste momento. A primeira a
base da evoluo biolgica e a segunda, da mudana cultural. Neste ensaio iremos discutir a origem de ambas.
Na verdade, no discutiremos a origem da replicao dos cidos
nuclicos, embora esse fosse um passo crucial talvez o passo crucial
da origem da vida. Em vez disso, vamos tratar da origem do cdigo
gentico. Nos seres vivos existe uma diviso de trabalho entre cidos
nuclicos e protenas. Os cidos nuclicos contm a informao gentica, que transmitida por meio da replicao. As protenas determinam o
fentipo do organismo. A conexo entre as duas se d pelo cdigo gentico, onde a seqncia de bases de um cido nuclico corresponde
seqncia de aminocidos de uma protena. nesse processo de traduo que os cidos nuclicos adquirem o que chamamos de seu sentido:
ao especificar protenas, eles influenciam suas chances de sobrevivncia sua aptido. O mecanismo de traduo ao mesmo tempo to
complexo e universal que fica difcil pensar como ele se originou, ou
como a vida poderia ter existido sem ele.
O segundo desses problemas, a existncia da vida sem o cdigo,
que parecia um mistrio quase impenetrvel h 10 anos, no mais to
misterioso. A descoberta crucial que, mesmo nos organismos existentes, algumas enzimas so feitas de RNA e no de protena (Zaug & Cech,
1986). Isto levou idia de um mundo de RNA onde as mesmas molculas de RNA eram fentipo e gentipo, simultaneamente enzimas e
armazenadoras da informao gentica. Dado este quadro, que aceitamos, possvel ter vida sem protenas, e portanto sem o cdigo. Tambm fica mais fcil imaginar como o cdigo poderia ter se originado.
A caracterstica essencial do cdigo que cada seqncia de trs
nucleotdeos ou triplet cada cdon corresponde a um de vinte aminocidos. Essa designao ocasionada pela ligao de determinados
aminocidos e determinadas molculas de RNAt, cada qual integrando o
cdon relevante. A ligao realizada por enzimas especficas que podemos chamar enzimas designadoras. A especificidade do cdigo depende da especificidade dessas enzimas. Nosso problema explicar como tal
especificidade surgiu.
Antes de abordar essa questo, entretanto, vamos revisar brevemente
o que pode ser deduzido da natureza do cdigo existente. H algumas
variaes: por exemplo, nas leveduras e na maioria das mitocndrias de
animais, o cdon AUA codifica a metionina em vez da isoleucina. Outras
diferenas como esta so conhecidas e outras mais sero provavelmente
descobertas. A variabilidade limitada, no entanto, e compatvel com a
* Department of Biology, Biology Building, The University of Sussex, Falmer,
Brighton, Sussex BNI 9QC, UK.
** Department of Plant Taxonomy and Ecology, Etvos University, Budapest,
Hungary.

idia de que existiu um nico cdigo ancestral e que tm ocorrido alguns


desvios pouco importantes deste. A existncia de variaes levanta um
problema: como o cdigo pode evoluir? Se, por exemplo, AUA codifica a
isoleucina, como o caso no cdigo universal, de que maneira poderia
a designao mudar? A dificuldade que existem, tipicamente, cdons
AUA em muitos stios do genoma de um organismo. Mesmo se fosse seletivamente vantajoso mudar a isoleucina para metionina em um desses stios,
com certeza seria desvantajoso fazer essa modificao em todos eles. Possveis mecanismos de mudana foram revisados por Osawa et al. (1992).
Essencialmente eles sugerem que a presso direcional das mutaes, a
qual altera a razo entre pares de base adenina-timina e pares de base
guanina-citosina, leva ao desuso de determinados cdons: um cdon no
utilizado pode ento ser redesignado.
O ponto importante que o cdigo pode evoluir, embora raramente
e com dificuldades. Durante o incio da evoluo, quando os organismos eram mais simples e tinham poucos genes, a mudana evolucionria
provavelmente era mais fcil. A importncia disso a seguinte. Segundo
mostraremos em breve, o cdigo possui algumas caractersticas
adaptativas. Em geral, os bilogos que estudam a evoluo explicam a
adaptao pela seleo natural. Um cdigo que no pudesse mudar no
poderia tornar-se adaptativo por essa via. Mas se, como parece ser o
caso, o cdigo capaz de evoluir, essas caractersticas adaptativas ficam
mais fceis de explicar.
O exemplo mais claro de uma caracterstica adaptativa este:
aminocidos quimicamente parecidos tendem a ser codificados por
cdons parecidos. Por exemplo, o cido asprtico e o cido glutmico
so quimicamente semelhantes: o cido asprtico codificado pelos
cdons GAU e GAC e o cido glutmico pelos cdons GAA e GAG.
Uma anlise mais geral confirma que, a esse respeito, o cdigo est
longe de ser aleatrio. Por que deveria ser adaptativo que aminocidos
parecidos sejam codificados por cdons parecidos? Duas razes plausveis tm sido sugeridas. Primeiro, se um erro cometido durante a sntese protica, o efeito na funo da protena provavelmente ser bastante
pequeno. Segundo, menos provvel que as mutaes sejam deletrias.
Uma segunda caracterstica no-aleatria do cdigo diz respeito
sua redundncia. Aminocidos podem ser codificados por um, dois, trs,
quatro ou seis cdons diferentes. Em geral, os aminocidos que so comuns entre protenas tendem a ser especificados por mais cdons: por
exemplo, leucina e serina (ambas com seis cdons) so mais freqentes
em protenas do que o triptofano (um cdon). Mas provavelmente seria
errado interpretar isso como uma caracterstica adaptativa do cdigo.
mais provvel que seja uma conseqncia no selecionada do cdigo ser
como ele . Portanto, haver mais mutaes para serina e leucina do que
para triptofano. Se pelo menos algumas modificaes de aminocidos
forem seletivamente neutras, a observada associao entre abundncia
de protenas e redundncia ser previsvel. H tambm evidncias ntidas de que a seleo impediu que a abundncia de protenas correspondesse precisamente redundncia. Por exemplo, as freqncias dos
aminocidos cidos (cido asprtico e cido glutmico) e bsicos
(arginina e lisina) so aproximadamente iguais, como seria previsto, na
medida em que o pH intracelular neutro. Mas, considerando a redundncia de cdons, esperaramos que os aminocidos bsicos fossem duas
vezes mais freqentes que os cidos.
Permanece a questo sobre a existncia ou no de alguma razo
qumica para determinados cdons terem se associado com determinados aminocidos. A alternativa que as designaes foram quimicamente arbitrrias, assim como a atribuio de sentidos s palavras na
linguagem humana essencialmente arbitrria. Segundo este pressuposto, pode haver uma razo para o fato de os dois primeiros nucleotdeos
nos cdons do cido glutmico e do cido asprtico serem os mesmos,
mas apenas por mero acidente que eles so GA e no, por exemplo,
AU. A questo permanece em aberto, mas claro que qualquer especificidade qumica que possa ter existido no foi, por si mesma, suficiente
para determinar o cdigo: a evoluo de enzimas designadoras permanece um passo crucial a ser explicado.
A idia bsica (Szathmry, 1993) que o primeiro envolvimento
dos aminocidos com processos da vida foi como co-fatores de ribozimas.
Ao recrutar co-fatores de aminocidos, o alcance cataltico e a eficincia das ribozimas puderam ser muito ampliados. Cada co-fator correspondia a um aminocido ligado a um oligonucleotdeo provavelmente um trinucleotdeo, em cujo caso o cdigo visto de fora era organizado
em triplets. A funo do oligonucleotdeo era ligar o co-fator ribozima
por pareamento de bases. Cada tipo de co-fator poderia ter agido em
conjuno com muitas ribozimas diferentes.

25
MP_BIO Col. Base_1

25

22/06/05, 8:37

Fonte: MURPHY, Michael; ONEILL, Luke (Org.). O que a vida? 50 anos


depois. So Paulo: Editora Unesp, 1997. p. 83 a 88.

TRS ASPECTOS DA EVOLUO


Stephen Jay Gould

O que a evoluo no
De todos os conceitos fundamentais nas cincias da vida, a evoluo o mais importante e tambm o mais mal compreendido. Mas como
podemos entender um assunto melhor ao reconhecer aquilo que ele no
, e o que no pode ser, devemos comear com algumas refutaes, reconhecendo para a cincia aquilo que G. K. Chersterton considerou to
importante para as humanidades: Arte limitao; a essncia de cada
pintura a moldura.
Primeiramente, a evoluo, assim como qualquer rea de cincia,
no capaz de sondar a questo das origens fundamentais ou significados ticos. (A cincia, como um empreendimento, busca explicar fenmenos e regularidades do universo emprico, sob o pressuposto de que
leis naturais so uniformes no espao e no tempo. Essa restrio delimita um infindvel e fascinante mundo dentro do quadro; a maioria das
questes relegadas moldura so impossveis de responder, de qualquer forma.) Assim, a evoluo no o estudo da origem primordial da
vida no universo ou do significado intrnseco da vida entre os objetos da
natureza; essas questes so filosficas (ou teolgicas) e no fazem parte do domnio da cincia. (Tambm desconfio que no possuam respostas universalmente satisfatrias, mas isso assunto para outro momento.) Esse aspecto relevante pois fundamentalistas fervorosos, disfarados de criacionistas cientficos, afirmam que a criao deve ser equiparada evoluo e receber tempo proporcional nas escolas, uma vez
que ambas so igualmente religiosas ao lidar com mistrios primordiais. Entretanto, a evoluo no trata desses assuntos de modo algum, e
portanto permanece plenamente cientfica.
Em segundo lugar, evoluo foi acrescentado um conjunto de conceitos e significados que representam mais antigos preconceitos sociais
e crenas psicolgicas da cultura ocidental do que uma descrio da
realidade natural. Tal bagagem pode ser inevitvel em qualquer campo que se relacione de modo to ntimo com preocupaes humanas
profundas, mas esse forte vis social impediu-nos de levar a termo a
revoluo de Darwin. O mais pernicioso e limitante desses preconceitos
a idia de progresso, a noo de que a evoluo possui uma motivao
ou manifesta uma poderosa tendncia de caminhar em direo maior
complexidade, ao projeto biomecnico mais eficiente, a cerbros maiores ou alguma outra definio paroquial de progresso. Esse preconceito
baseia-se num antigo desejo que os seres humanos tm de se colocar no
pice do mundo natural e dessa forma afirmar um direito natural de
dominar e explorar nosso planeta.
Evoluo, na formulao de Darwin, adaptao a ambientes que
mudam, no progresso universal. Elefantes que evoluem para uma

pelagem mais pesada medida que as placas de gelo se aproximam, at


que se tornem mamutes peludos, no so necessariamente superiores,
apenas animais adaptados s condies locais de um frio cada vez mais
intenso. Para cada espcie que se torna mais complexa ao adaptar-se a
seu ambiente, voc encontrar parasitas (s vezes muitas espcies deles)
dentro de seu corpo. Parasitas geralmente possuem uma anatomia muito
simplificada, em comparao de seus ancestrais de vida livre. E no
entanto esses parasitas so to bem adaptados ao ambiente interno de
seu hospedeiro quanto o prprio hospedeiro que evoluiu para enfrentar
os desafios de seu ambiente externo.
O que a evoluo
Em sua formao minimalista, nua e crua, a evoluo uma idia
simples com uma surprendente gama de implicaes. A assero bsica
inclui um par de afirmaes inter-relacionadas que fundamentam as duas
disciplinas centrais da histria natural: a taxonomia (ou a ordenao das
relaes entre organismos) e a paleontologia (ou a histria da vida).
Evoluo significa (1) que todos organismos partilham ancestrais comuns e portanto possuem elos de genealogia e descendncia nas ramificaes da rvore da vida e (2) que as linhagens mudam sua forma e
diversidade ao longo do tempo por intermdio de um processo natural
de mudana descendncia com modificao, nas palavras de Darwin.
Esse insight, simples porm profundo, responde de imediato grande
questo biolgica de nossa poca: qual a base para o sistema natural
de relaes entre organismos (gatos mais prximos de cachorros do que
de largatixas; todos os vertebrados mais prximos uns dos outros do que
de um inseto um fato amplamente reconhecido, considerado ao mesmo tempo belo e misterioso, muito antes de a evoluo oferecer uma
resposta). As explicaes anteriores eram insatisfatrias porque no podiam ser testadas (o toque criativo de Deus originando cada espcie por
decreto, com as relaes taxonmicas representando a ordem do pensamento divino) ou eram obscuras (as espcies como unidades naturais,
como os elementos da tabela peridica, ordenando a matria orgnica).
A explicao evolutiva para o sistema natural maravilhosamente simples: a relao a genealogia; os seres humanos so parecidos com macacos pois partilhamos um ancestral comum recente. A ordem taxonmica
um registro histrico.
Mas a existncia de genealogia e mudana descendncia com
modificao no basta para caracterizar a evoluo como uma cincia.
A cincia possui duas misses: (1) registrar e descobrir os aspectos
factuais do mundo emprico e (2) propor e testar explicaes sobre por
que o mundo funciona de uma forma particular. A genealogia e a descendncia atendem primeira meta uma descrio do fato da evoluo. Precisamos tambm conhecer os mecanismos pelos quais a mudana evolutiva ocorre explicar as causas da descendncia com modificao, que a segunda meta. Darwin props o mecanismo mais famoso e
documentado para a mudana na forma do princpio que chamou de
seleo natural.
O fato da evoluo to bem documentado quanto qualquer coisa
que conhecemos na cincia to seguro quanto nossa convico de que
a Terra gira ao redor do Sol, e no o contrrio. Porm, o mecanismo da
evoluo permanece o centro de empolgantes controvrsias e a cincia
mais animada e frutfera quando h importantes debates sobre as causas de fatos bem documentados. A seleo natural de Darwin foi confirmada por copiosos e elegantes estudos como um mecanismo poderoso,
especialmente na evoluo de caractersticas que tornam os organismos
adaptados ao seu ambiente aquilo que Darwim chamou de o aperfeioamento de estruturas e a co-adaptao que merecidamente incitam
nossa admirao. Mas a histria da vida numa escala maior inclui fenmenos que talvez necessitem de outros mecanismos (efeitos aleatrios, por exemplo, so fundamentais na definio da histria da vida
quais grupos sobrevivem e quais morrem, em episdios de extino catastrfica).
Que diferena isso faz para ns?
A resposta mais profunda e visceral para essa questo encontra-se
na psique humana, e por razes que mal consigo comear a compreender. Somos fascinados por elos fsicos de ancestralidade; sentimos que
nos entenderemos melhor, saberemos quem somos de um modo fundamental, quando descobrirmos nossa origem. Rondamos cemitrios e registros de parquias, mergulhamos nas bblias familiares e procuramos
parentes idosos, tudo isso para preencher lacunas de nossa rvore
genealgica. A evoluo o mesmo fenmeno numa escala muito mais
ampla nossas razes muito alm da famlia. A evoluo a rvore

26
MP_BIO Col. Base_1

26

22/06/05, 8:37

Reproduo proibida. Art. 184 do Cdigo Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Neste roteiro, a origem da atribuio especfica de aminocidos a


nucleotdeos, que a base do cdigo, nada teve a ver com sntese de
protenas no incio. Essas designaes poderiam ter surgido uma a uma,
cada qual aumentando o nmero de co-fatores disponveis e portanto a
versatilidade bioqumica. A prxima etapa teria sido a ligao de uma
nica ribozima a vrios aminocidos. A ligao destes para formar
peptdeos seria ento o primeiro passo em direo sntese protica. Por
fim, a ribozima inicial teria evoludo para RNAm; a ala de oligonucleotdeo do co-fator teria evoludo pra RNAt; a enzima designadora
R2, ligando um determinado aminocido a um determinado oligonucleotdeo, teria evoludo para uma aminoacil-RNAt-sintetase; e, finalmente, a ribozima R3, relacionando aminocidos a peptdeos, teria
evoludo para um ribossomo.
O modelo deixa muitas questes sem resposta. Por exemplo, as protenas so muito maiores, comparadas aos pequenos polipeptdeos que
podiam ser formados utilizando uma ribozima como mensagem. Mas
ele tem a vantagem de sugerir estgios intermedirios entre no ter um
cdigo e ter um cdigo, cada estgio podendo ser selecionado a favor:
por exemplo, ter um nico tipo de co-fator seria melhor que no ter
nenhum, ter dois co-fatores seria melhor que ter um, e assim sucessivamente. A esse respeito, o modelo assemelha-se a outras sugestes sobre
as origens de rgos complexos que pareciam inteis at completamente formados: exemplificando, as penas foram teis para manter seus donos
aquecidos muito antes de estarem suficientemente formados para ajudar
no vo.

Reproduo proibida. Art. 184 do Cdigo Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

genealgica de nossas raas, espcies e linhagens no apenas do nosso


sobrenome, restrito e local. A evoluo responde, na medida em que a
cincia pode solucionar tais questes, s perturbadoras e fascinantes
perguntas sobre quem somos?, a quais outras criaturas somos aparentados, e como?, qual a histria de nossa interdependncia com o
mundo natural? e por que estamos aqui?. Indo alm, creio que a importncia da evoluo no pensamento humano melhor captada num
famoso comentrio de Sigmund Freud, que observou, com sua ironia
cida e certeira, que todas as grandes revolues cientficas tm algo em
comum: a derrubada da arrogncia humana de seu pedestal anterior,
afastando convices sobre nossa posio central e dominadora no universo. Freud menciona trs dessas revolues: a copernicana, que removeu nosso planeta do centro das atenes de um reduzido universo e o
deslocou condio de um pequeno e perifrico pedao de rocha, numa
inconcebvel vastido; a darwiniana, por nos relegar, humanos, descendncia do mundo animal; e (numa das afirmaes menos modestas
da histria intelectual) a sua prpria, por descobrir o inconsciente e ilustrar a no-racionalidade da mente humana. Nada melhor para abalar nossa
vaidade e nos libertar do que a mudana entre nos vermos como apenas
um pouco abaixo dos anjos, criados como mestres da natureza, feitos
semelhana de Deus para moldar e dominar a natureza, para o conhecimento de que somos no apenas produtos naturais de um processo universal de descendncia com modificao (e portanto parentes de todas
as demais criaturas), como tambm um ramo pequeno e em ltima instncia transitrio, que desabrochou tardiamente na frondosa rvore da
vida, e no o pice predestinado da escada do progresso. Afaste a certeza complacente e desperte as chamas do intelecto.
Fonte: BROCKMAN, John; MATSON, Katinka (Org.) As coisas so assim.
So Paulo: Companhia das Letras, 1997, p. 95 a 100.

EQUILBRIO PONTUADO
Os depsitos nos quais so encontrados sucessivos fsseis, de uma
linhagem em evoluo, so muitas vezes separados por interrupes de
pelo menos 50000-100000 anos, de forma que as flutuaes de curto
perodo nas caractersticas de uma espcie raramente so evidentes. Linhagens com registro dos fsseis irregular freqentemente mostram pouca
mudana substancial por milhes de anos. Alm disso, no raro, que
seus descendentes morfologicamente distintos (com diferentes nomes
especficos) apaream subitamente, virtualmente sem nenhuma evidncia de formas de transio intermedirias, depois de longos perodos de
pouca mudana. Exceto em seqncias de fsseis raramente completas,
a impresso de aparente ESTASE por longos perodos, pontuadas por
perodos de mudana muito rpida para uma nova morfologia estvel.
Eldredge e Gould (1972) chamaram este padro de EQUILBRIO
PONTUADO em oposio ao GRADUALISMO FILTICO: mudana
anagentica constante. Para explicar o padro, invocaram a teoria de
Mayr (1954) de especiao paraptrica e propuseram que a maioria das
mudanas evolutivas se propaga rapidamente em populaes pequenas
e localizadas, em unssono com a aquisio do isolamento reprodutivo
(i.., especiao verdadeira) uma idia que o prprio Mayr (1954,
1963) havia prenunciado. Tendo atingido isolamento reprodutivo, a nova
forma se expande do seu lugar de origem para o territrio da espcie
parental que no sofreu mudana e torna-se suficientemente abundante
e amplamente distribuda para ser documentada no registro dos fsseis.
Nesta teoria, portanto, a maior parte da mudana evolutiva est associada e contingente com a especiao (i.., bifurcao de linhagens).
Eldredge e Gould (1972) e Stanley (1975) chegaram a argir que devido
s espcies individuais serem estticas, tendncias de longa durao na
morfologia so conseqncias no da mudana anagentica dentro de
linhagens individuais, mas de seleo entre espcies. Caracteres associados com baixas taxas de extino ou altas taxas de especiao iro se
tornar predominantes dentro de um clado e estabelecero uma tendncia
de longa durao, mesmo se a direo da mudana morfolgica durante
o processo de especiao varie ao acaso com respeito tendncia. Stanley
(1975) concluiu corajosamente que a macroevoluo est desligada da
microevoluo e Gould e Eldredge (1977) argram que a anagnese
apenas cladognese acumulada e filtrada pela fora direcionadora de
seleo de espcies.
A teoria do equilbrio pontuado inclui os processos neodarwinistas
tradicionais de evoluo gradual: dentro de populaes que esto se
especiando, os caracteres se alteram de forma gradual, ainda que rapidamente, sob a influncia da deriva gentica e seleo individual. A proposta de que caracteres mudam por saltos macromutacionais descontnuos

totalmente diferente e no necessariamente parte da teoria do equilbrio pontuado. Alm do mais, as mudanas morfolgicas que se acreditam ocorrer durante as pontuaes so preferencialmente modestas e
no foram concebidas para explicar a origem dos txons superiores. Um
dos exemplos originais da teoria do equilbrio pontuado era um decrscimo, de 18 para 15, no nmero de fileiras de facetas oculares do Phacops,
gnero de trilobita (Eldredge, 1971). O descendente no era suficientemente diferente para ser colocado num novo gnero.
A teoria exposta por Eldredge e Gould (1972) e por Stanley (1975,
1979) e as observaes nas quais est baseada so muito controvertidas.
Elas levantam uma srie de questes importantes: se a estase real, como
podemos explic-la? Existe evidncia de que a especiao necessria
para a mudana evolutiva substancial? Se for assim, por qu? A
macroevoluo realmente desligada da microevoluo?
Equilbrio pontuado: prs e contras
Como uma explicao terica de por que a especiao deveria ser
necessria para a mudana evolutiva, Eldredge e Gould (1972) seguiram
Mayr (1963) na argumentao de que conjuntos gnicos coadaptados
resistem a mudana gentica e que uma mudana de um pico adaptativo
para outro facilitada pelo efeito desestabilizador do pequeno tamanho
populacional (efeito do fundador). Stanley (1979), ao contrrio, argiu
que populaes locais de espcies amplamente distribudas esto sujeitas a presses de seleo conflitantes, de forma que o fluxo gnico entre
tais populaes impede a seleo a partir da mudana substancial das
freqncias allicas. Estes argumentos sofreram forte oposio de
geneticistas de populaes, que argumentam que o efeito do fundador,
usualmente, no eficiente para mudar populaes em direo a novos
picos adaptativos (Lande 1980; Barton e Charlesworth 1984) e que o
fluxo gnico raramente suficiente para se contrapor seleo forte
(Charlesworth et al. 1982). Variao geogrfica substancial dentro da
espcie, muitas vezes atravs de curtas distncias, demonstra que a evoluo pode ocorrer sem especiao. Enquanto os que advogam o equilbrio pontuado propem que a evoluo mais rpida em populaes
individuais, pequenas e localizadas, a teoria de Wright (1977), do balano instvel, sustenta que a evoluo adaptativa progressiva mais provvel em espcies de distribuio ampla, compostas de muitas populaes locais, entre as quais existe um baixo nvel de fluxo gnico. Wright
(1982) acredita que a evoluo est concentrada em eventos ocasionais
rpidos que no correspondem especiao, mas sim s mudanas nas
condies ecolgicas (especialmente, disponibilidade de novos nichos
ecolgicos).
Deve-se concluir que a teoria e os dados da gentica de populaes
no sustentam a noo de que a evoluo dos caracteres requer especiao.
Alm disso, para mostrar no registro dos fsseis que mudana rpida
acompanhada por especiao, seria necessrio mostrar que uma forma
ancestral no alterada persiste simpatricamente com seu descendente
modificado. Poucos, se algum, de tais exemplos tm sido documentados. Entretanto, a especiao pode ter um papel no avano anagentico.
Populaes locais de uma espcie de distribuio ampla desenvolvem
adaptaes diversas aos seus respectivos ambientes, mas a espcie como
um todo ir se tornar fixa somente para alelos que so uniformemente
vantajosos em toda sua distribuio e que so espalhados pelo fluxo
gnico. Mas, provavelmente, tais traos geralmente adaptativos (Brown
1959) raramente aparecem; provvel que eles sejam uniformemente
vantajosos apenas se alteraes nas condies ecolgicas forem extensas. Mais ainda, avanos adaptativos em populaes locais podem ser
efmeros ao longo do tempo geolgico, j que populaes locais se extinguem e mudanas na distribuio geogrfica de hbitats podem permitir cruzamento entre populaes anteriormente isoladas e diferenciadas. Atingir o isolamento reprodutivo permite a uma populao com
caracteres divergentes se tornar simptrica com a espcie parental sem
perder sua identidade por meio de intercruzamento; portanto, a especiao, apesar de no necessria para a evoluo de novos caracteres,
pode permitir sua reteno (Futuyma 1986).
Os dados do registro dos fsseis permitem vrias interpretaes.
Existe algum debate, antes de tudo, sobre se algumas seqncias mostram gradualismo ou estase com pontuao. [...] Isto , a distino entre
mudana gradual e pontuada no est bem definida. O problema mais
geral que se as seqncias dos fsseis parecem mostrar rpidas mudanas de uma morfologia estvel para outra, a especiao pode ter ocorrido ou ento pode ter existido apenas um avano anagentico, atravs
de uma srie de passos, em uma nica linhagem, sem especiao. Eventos geologicamente instantneos, aos olhos de um paleontlogo,

27
MP_BIO Col. Base_1

27

22/06/05, 8:37

Estase
Talvez o problema mais interessante apresentado pelo registro dos
fsseis seja a estase. Assumindo que muitos caracteres flutuam pouco,
mas rapidamente, e no so na realidade estticos, a constncia relativa
da morfologia por milhes de anos parece, todavia, surpreendente em
vista da extrema inconstncia do ambiente. No apenas fsseis, mas formas sobreviventes tambm fornecem prova de estase. Por exemplo, diferenas nas protenas entre algumas espcies de salamandras do gnero
Plethodon sugerem (assumindo-se uma relativa constncia da evoluo
molecular que as espcies mais distantemente aparentadas divergiram
pelo menos h 60 milhes de anos atrs. Ainda, as numerosas espcies
do gnero so quase indistintas morfologicamente, exceto em tamanho,
cor e pequenas diferenas nas dimenses esquelticas (Wake et al. 1983).
Ocorreu especiao abundante, apesar da divergncia morfolgica substancial ter ocorrido apenas em uma linhagem, a qual se tornou adaptada
a uma zona adaptativa arbrea e que reconhecida como um gnero
distinto (Aneides). Estase em Plethodon seguramente no atribuvel ao
fluxo gnico, que extremamente baixo nestas salamandras.
Do ponto de vista da gentica de populaes, a explicao mais
plausvel para a estase a seleo estabilizadora, mas como pode a seleo favorecer a mesma morfologia face mudana ambiental? precisamente neste contexto que devemos reconhecer que os organismos no
so meramente objetos passivos das influncias ambientais, mas que
eles definem e criam seus ambientes (Lewontin 1983). Tendo evoludo
para usar um certo microhbitat, ou determinados tipos de alimento,
uma linhagem pode estar tamponada em relao a mudanas
macroscpicas adicionais, das quais est, assim dizendo, felizmente
desavisada. Drosophila, dentro de uma garrafa, no pode escapar seleo artificial para tolerncia a altas temperaturas, mas Drosophila, numa
floresta, pode escapar encontrando microhbitats frescos. Salamandras
Plethodon, habitantes da mida serapilheira das florestas e empregando
um mecanismo de alimentao muito generalizado para capturar pequenos invertebrados, podem ter experimentado poucas presses de seleo
novas desde que as florestas midas e os artrpodes do hmus apareceram (Wake et al. 1983). O ambiente de qualquer localidade em particular muda continuamente no decorrer do tempo geolgico, mas hbitats
persistem; eles mudam de lugar e as espcies associadas mudam junto
com eles, enquanto as populaes que colonizaram os hbitats modificados simplesmente se extinguem. Por exemplo, a distribuio de espcies norte-americanas como o abeto (Picea) mudou em conjunto com o
seu hbitat: atravs do Pleistoceno. Populaes do norte se extinguiram
durante perodos glaciais e populaes do sul se extinguiram durante os
perodos interglaciais quentes; no existem abetos adaptados ao calor ao
longo do Golfo do Mxico, onde eles j existiram.
Seleo a nvel de espcies e a natureza hierrquica da evoluo
A especiao no parece necessria para a mudana anagentica,
mas pode, entretanto, ter um importante papel na evoluo de longa durao. A variao entre um grupo de espcies, em um ou mais caracteres,
pode ser muito maior que dentro de uma nica unidade panmtica, porque a recombinao dentro da populao restringe a varincia dentro de
limites bastante estreitos. O isolamento reprodutivo permite o aumento
da varincia, de forma que um grupo de espcies pode ocupar muitos
picos adaptativos, enquanto uma nica populao pode ocupar apenas
um (Hutchinson 1967). Portanto, a especiao um pr-requisito para a
radiao adaptativa dentro de diferentes nichos simptricos. Se um novo
fentipo favorecido por mudanas nas condies ecolgicas, um ou
outro membro de um grupo de espcies ter mais probabilidade de evoluir em direo condio mais favorvel do que uma nica espcie, j
que a varincia gentica do grupo como um todo maior do que a de
qualquer espcie (Arnold e Fristrup 1982). Portanto a especiao pode

facilitar a anagnese: multiplicando a variedade dos conjuntos gnicos


dentro dos quais a seleo pode agir. Alm de facilitar a anagnese, a
especiao pode contribuir para tendncias de longa durao se a seleo a nvel de espcies, no senso estrito proposto por Eldredge, Gould e
Stanley, for uma realidade. Isto , a durao ou taxa de especiao de
uma linhagem pode estar correlacionada a um ou mais caracteres que,
devido a esta correlao, aumentam de freqncia ente as espcies de
um clado.
A evidncia mais fortemente sugestiva de que a especiao aumenta as taxas evolutivas de longa durao (Stanley 1979) consiste em que
muitos dos fsseis vivos representam clados que tiveram baixa diversidade de espcies atravs da maior parte de suas longas histrias; nos
peixes pulmonados, por exemplo, a morfologia mudou rapidamente no
incio da histria do clado quando ele era diversificado, mas muito lentamente depois que sua diversidade declinou. Entretanto, Douglas e Avise
(1982) no encontraram diferena na quantidade total de divergncia
morfolgica entre as numerosas espcies de Notropis (carpas) e entre as
poucas espcies de Lepomis (peixes-lua) dois gneros com aproximadamente a mesma idade. Isto sugere que a especiao no facilita,
necessariamente, a evoluo morfolgica.
[] Na filogenia dos cavalos, nenhum carter mostrou uma tendncia estvel; a maioria das caractersticas mostrou reverses em uma ou
mais linhagens, algumas se fixaram sem mudana posterior at a extino
e a taxa de evoluo de cada carter variou grandemente (Simpson 1953).
Tendncias, por exemplo, em nmeros de artelhos, podem ser acompanhadas desde os Hyracotherium at aos Equus, mas Equus o nico gnero que no se extinguiu. Nossa noo de tendncias na evoluo dos cavalos seria muito diferente se, digamos, Anchitherium ou Stylohipparion tivessem sobrevivido. No sabemos por que apenas Equus sobreviveu: se
por causa de aspectos estruturais que o distinguia de outros gneros ou se
teve a sorte de seu hbitat ter persistido.
Todas as mudanas morfolgicas na histria dos Equidae podem
ser explicadas pela teoria neodarwinista de microevoluo: variao gentica, seleo natural, deriva gentica e especiao. Apesar disso, esta
teoria, por no incluir a extino, no explica por que os cavalos atuais
tm apenas um artelho em cada p. A compleio atual dos Equidae ,
na sua totalidade, uma conseqncia da extino versus sobrevivncia
de linhagens, assim como de mudana adaptativa dentro da populao.
Neste sentido, a macroevoluo no mesmo ligada microevoluo, j
que eventos microevolutivos no tm conseqncias a longo prazo se
forem obliterados por extino. Para se entender a evoluo em um perodo longo, necessrio tanto se estudar a histria dos eventos de especiao e extino quanto se estudar os processos da microevoluo. Uma
viso abrangente da evoluo deve ser, portanto, hierrquica na sua estrutura (Gould 1982), englobando a dinmica das espcies e dos txons
superiores, assim como a dos gentipos e genes que eles incluem.
Fonte: FUTUYMA, Douglas J. Biologia evolutiva. Ribeiro Preto: FUNPEC,
2002, p. 422 a 429.

MITO, RAZO E CINCIA


Fundada na razo e na experimentao, a anlise cientfica dos
fenmenos naturais, inclusive os biolgicos, vem fornecendo incontestveis evidncias que contrariam vises de mundo baseadas
em mitos, como as religiosas. A comprovada evoluo da vida na
Terra, por exemplo, contestada pelo chamado criacionismo, que
defende a veracidade da verso esttica do mundo, pregada pela
religio catlica. A incluso das teses criacionistas no currculo de
escolas pblicas, como vem ocorrendo no Brasil, viola o princpio
constitucional da separao entre Estado e Igreja no pas, danosa
mente de jovens em formao e abre espao para o fanatismo e a
intolerncia.
Para o outro lado saem os jovens-homens, correndo em fila, calados, diretamente para o rancho do oxim. Arrombam a palhoa ao mesmo tempo, por todos os lados. Agarram, levantam e estraalham o oxim
ali mesmo. S com as mos. Esse trecho do romance Mara, do antroplogo, educador e escritor Darcy Ribeiro (1922-1997), ilustra bem o
pensamento mgico que prevalece em populaes de estruturas pr-cientficas. No romance, ambientado entre indgenas brasileiros e baseado em
sua considervel experincia entre eles, a menina Cori morre, mordida
por uma cascavel, e seu pai Epecu tenta ressuscit-la com o auxlio do
curandeiro o oxim. A incapacidade de cur-la fatal a este.

28
MP_BIO Col. Base_1

28

22/06/05, 8:37

Reproduo proibida. Art. 184 do Cdigo Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

podem exigir milhares de anos durante os quais mudanas considerveis podem ocorrer de forma lenta e gradual aos olhos de um geneticista
de populaes (Stebbins e Ayala 1981). Turner (1986) diz que uma alterao moderada em um carter sob seleo natural ir, quase que inevitavelmente, exigir menos que 50000 geraes, que o que a anlise das
seqncias fsseis feita por Lande (1976) mostra; uma mudana em um
carter, que consuma um perodo de tempo muito maior dever requerer
seleo to fraca, que esta ser superada pela deriva gentica. Evoluo
por seleo natural ir ocorrer usualmente de forma mais rpida, de modo
que um registro fssil comum no possa documentar. Portanto, diz Turner,
a gentica de populaes prediz que a evoluo por seleo natural ser
pontual!.

Reproduo proibida. Art. 184 do Cdigo Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

No incio da histria humana nossos ancestrais, incapazes de compreender o mundo que os cercava, apelaram para o pensamento mgico.
As relaes estabelecidas entre os fenmenos eram finalsticas ou utilitrias, no se relacionando necessariamente de maneira coerente com os
fatos. Haveria um poder onipotente espiritual e invisvel, nem sempre
coerente, que seria prprio das divindades.
Criou-se assim o mito, ou seja, um conceito ou uma afirmao que
no tem relao com uma causalidade emprica conseqente. E para associar o divino com o natural surgiram inicialmente os feiticeiros ou
curandeiros. A funo do mago era persuadir os espritos contidos no
ambiente em geral a cooperar com a sociedade. As pessoas que se consideravam aptas a tal tarefa receberam ento um status especial, que
lhes assegurava vantagens mas tambm riscos, como no caso apresentado no romance de Darcy Ribeiro.
Com a evoluo das sociedades humanas possibilitada pelas revolues agrria e urbana h todo um desenvolvimento dessas crenas,
surgindo ento as religies, com suas revelaes, mistrios, tradies e
textos sagrados, e montando-se suas rgidas estruturas hierrquicas de
controle. Embora o adepto de uma religio considere que a sua a nica, a humanidade segundo o antroplogo canadense (naturalizado
norte-americano) Anthony F. C. Wallace j criou cerca de 100 mil
religies, e a verificao de que isso pode proporcionar lucro tem resultado (inclusive no Brasil de hoje) em uma proliferao cada vez maior.
Em termos histricos, o auge do idealismo e da f sem razo ocorreu
na Idade Mdia, com a noo de que existiria apenas uma verdade. Seu
personagem paradigmtico Santo Agostinho (354-430), bispo de Hipona,
na atual Arglia, que adotou a doutrina do persa Mani ou Maniqueu (216274?), segundo a qual o universo foi criado e dominado por dois princpios antagnicos e irredutveis: Deus, ou o bem absoluto, e o Diabo, ou o
mal absoluto (esta, alis, a origem da palavra maniquesta).
Para se ter uma idia do clima que reinava na Idade Mdia, pode-se
recorrer novamente literatura, atravs do romance O nome da rosa, do
filsofo e escritor italiano Umberto Eco. Ele retrata de maneira excelente as interminveis discusses sobre detalhes, s vezes nfimos, da doutrina, que podiam resultar em acusaes de heresia e julgamento pela
Inquisio, o temvel tribunal eclesistico criado pelo Papa Gregrio IX
em 1231. Segundo o mdico Carlos Antonio Mascia Gottschall, no livro
Do mito ao pensamento cientfico, a Inquisio representou, por cerca
de sete sculos, a maior mordaa ao conhecimento racional organizado
no mundo ocidental.
O surgimento da razo e da cincia
Obviamente, tal estado de coisas no poderia se eternizar. Definese razo como a faculdade que tem o ser humano de avaliar e julgar
idias universais e de estabelecer relaes lgicas entre os eventos relacionados com o seu dia-a-dia e o mundo exterior. Essa faculdade foi
inicialmente cultivada pelos gregos da Antigidade clssica, exemplificados por Aristteles (384-322 a.C.).
Mas razo s no basta. Ernst Mayr (1904-2005), bilogo
evolucionista alemo (naturalizado norte-americano) e uma das figuras
mais importantes do sculo em que viveu, expressou em livro publicado
no ano passado: O que no compreendo por que a maioria dos filsofos da cincia acredita que os problemas da filosofia da cincia possam
ser resolvidos pela lgica. E concluiu: Um enfoque emprico parece
um melhor caminho.
O que faltava para compreender razoavelmente o mundo era a cincia,
que pode ser definida como um conjunto de registros sistematizados que
visam ao conhecimento de uma parcela da realidade atravs de mtodo prprio, a metodologia cientfica. Esta desenvolveu-se atravs de esforos de
uma trade exemplar: o ingls Francis Bacon (1561-1626), o italiano Galileu
Galilei (1564-1642) e o francs Ren Descartes (1596-1650).
Estabilidade ou mudana?
Na interpretao de nossa existncia podem-se distinguir duas filosofias, uma que d nfase estabilidade, manuteno do status quo, e
outra que coloca como importante a mudana.
De acordo com a viso de religiosos ortodoxos, o mundo est prefixado atravs da criao divina. No que se refere ao mundo biolgico,
deve-se acreditar literalmente na verso da Bblia, documento que registrou histrias orais apresentadas h mais de dois mil anos. Nessa verso,
as espcies so as mesmas desde a sua criao por Deus; nada se modificou desde ento.
Nem todos os religiosos, no entanto, esto de acordo com essas
idias. O padre jesuta francs Pierre Teilhard de Chardin (1881-1955)

notabilizou-se por procurar conciliar o evolucionismo (que enfatiza a


mudana) com o cristianismo. Preocupado com problemas de evoluo
humana, devido a suas pesquisas arqueolgicas, ele publicou em 1939
um livro (O fenmeno humano) em que visualiza um processo de
hominizao da biosfera. Ele props que todas as coisas vivas ou
inanimadas tenderiam desde a criao do mundo a ser mais complexas e mais perfeitamente unificadas, como revelaria a cincia, e que tal
processo levaria, em ltima anlise, para a emergncia da conscincia
humana e sua unio eventual com Omega, termo classificado pelo
evolucionista ingls Julian Huxley (1887-1975) como um Cristo csmico. No Brasil, em livro publicado em 1986, o geneticista Newton
Freire-Maia (1918-2003), catlico bem conhecido e um dos fundadores
do Instituto Cincia e F de Curitiba, considerou a controvrsia evoluo versus criao um falso dilema.
Qual , atualmente, a viso cientfica do universo? Contrariando a
monotonia de um todo esttico, as evidncias indicam a ocorrncia de
um estado dinmico. Cosmicamente, estamos em um processo de expanso permanente, e a histria dos seres vivos apenas uma parte desse processo global. A palavra evoluo deriva do termo latino evolutio e
seu significado literal desenrolar. Ela pode ser usada nesse sentido ou
em outros que envolvam a idia de mudana. Mas nem toda mudana
evolucionria: o deslocamento das folhas de uma rvore com o vento,
por exemplo, no um processo evolucionrio. O postulado bsico do
conceito de evoluo biolgica de que todas as fornias orgnicas atualmente existentes em nosso planeta derivaram de um ancestral comum,
universal. Esse ancestral no deve ser concebido necessariamente como
uma entidade discreta definida: o microbilogo norte-americano Carl
Woese tem apresentado evidncias de que, no incio, teria existido uma
comunidade de clulas, isto , um agregado supramolecular.
A teoria da evoluo s tomou foros estritamente cientficos aps a
obra seminal do naturalista ingls Charles Darwin (1809-1882), denominada Sobre a origem dos espcies por meio da seleo natural ou a
preservao das raas favorecidas na luta pela vida e publicada em
1859. Diz-se que o mundo nunca mais foi o mesmo aps a sua divulgao. A reao ao livro de Darwin, especialmente por parte de elementos
conservadores, foi imediata. Entretanto, um a um, todos os argumentos
contrrios teoria foram sendo descartados. Pela relao de Fritz Mller
(1822-1897) com o Brasil ele radicou-se em Santa Catarina deve
ser lembrado o livro que esse naturalista alemo publicou em 1863, Fr
Darwin, do qual existe uma edio em portugus (Fatos e argumentos a
favor de Darwin), editada em 1990 por Hitoshi Nomura, com uma srie
de anotaes adicionais.
Os eventos posteriores mais importantes ocorreram dos anos 30 aos
anos 50 do sculo passado, com a sntese entre os conhecimentos genticos e os evolutivos. Um dos lderes desse trabalho esteve tambm intimamente vinculado ao Brasil esteve aqui por vrios perodos, a partir
dos anos 40, sendo fundamental na formao de uma gerao de cientistas. Trata-se do geneticista russo (naturalizado norte-americano)
Theodosius Dobzhansky (1900-1975) cuja obra magistral A gentica e a
origem das espcies, publicada em 1937, considerada um marco decisivo no processo que levou a essa sntese.
A segunda metade do sculo 20 caracterizada pelo que se denominou revoluo molecular. A descoberta da estrutura fsica do material
gentico (o DNA ou cido desoxirribonuclico), o esclarecimento de
como funciona e de como poderia ser manipulado, abriu amplos horizontes para os estudos evolucionrios. Alcana-se assim a era da
genmica, com o estudo comparativo da totalidade do DNA (genoma)
de diferentes espcies.
Se h alguma lio que a moderna gentica evolutiva forneceu, esta
seria a de que somos todos irmos. Nada menos do que 50 genes de uma
levedura, que nos auxilia a fabricar po e cerveja, tm similaridade significativa com genes causadores de doenas em humanos. Existem 300
genes mapeados na galinha que tm contrapartida humana, e a diferena
genmica mdia entre humanos e chimpanzs de apenas 1%. O conceito de fraternidade universal deixou de ser, portanto, uma idia abstrata, para tornar-se uma fria realidade cientfica.
Sobre fanatismo, tolerncia e tica
Devido sua universalidade, provvel que o comportamento religioso seja um produto secundrio dos processos que moldaram a mente
humana. Tentativas de erradic-lo no tiveram xito. Na Unio Sovitica, as igrejas foram transformadas em museus e os religiosos eram considerados com desconfiana pelos poderosos dirigentes do partido comunista, que comandava o pas. Em vo. Aps a queda do regime, voltou tudo ao que era antes.

29
MP_BIO Col. Base_1

29

22/06/05, 8:37

Fonte: SALZANO, Francisco M. Departamento de Gentica, Instituto de


Biocincias, Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Revista Cincia Hoje.
Rio de Janeiro: SBPC, 2005, vol. 36, n 215.

Nota dos autores: O texto a seguir pe em discusso o uso didtico


que se faz de exemplos consagrados no ensino de Biologia. Em nossa
obra, optamos por citar alguns deles, ainda que com ressalvas, e o
fizemos no apenas por sua utilidade pedaggica, mas tambm como
testemunho do aspecto temporal e histrico da Cincia, ou seja, de
como o conhecimento em qualquer rea pode ser modificado e aperfeioado.

GIRAFAS, MARIPOSAS E ANACRONISMOS DIDTICOS


Ao tratar da evoluo das espcies, os livros didticos raramente
deixam de usar dois exemplos clssicos: o da explicao de Lamarck
para o tamanho do pescoo das girafas (e seu contraponto darwinista) e
o da seleo natural em mariposas dos bosques da Inglaterra durante a
Revoluo Industrial. Nos ltimos anos, as duas histrias geraram calorosas polmicas na mdia cientfica internacional, mas nada foi dito a
respeito no Brasil.
Tais exemplos permitem uma complexa discusso que envolve interesses e responsabilidades da comunidade cientfica sobre o modo como
divulga ou deixa de divulgar seus estudos e concluses.
O naturalista e evolucionista francs Jean-Baptiste Lamarck (17441829) lanou seu livro Philosophie zoologique em 1809, ano do nascimento de Charles Darwin (1809-1882). Para explicar a evoluo dos
seres vivos, Lamarck considerou duas hipteses: a do uso e desuso e a
da transmisso dos caracteres adquiridos. Segundo essas idias, os seres
vivos seriam capazes de se adaptar a presses impostas pelo ambiente,
usando para isso algumas partes do corpo mais do que outras. As mais
usadas se desenvolveriam mais; as menos usadas tenderiam a se atrofiar
ou at desaparecer. Da o nome uso e desuso. Ele afirmava ainda que
tais modificaes seriam transmitidas descendncia. At ento nada se
sabia sobre o papel da herana gentica na transmisso de caracteres
entre geraes: Gregor Mendel (1822-1884), que lanou as bases da
gentica, nem havia nascido.
O exemplo clssico utilizado para explicar a teoria lamarckista o do
pescoo das girafas. Costumamos ler nos livros didticos que, segundo
Lamarck, os ancestrais das girafas teriam pescoo curto. A necessidade de
alcanar a copa das rvores, em especial em pocas de escassez, quando
s restariam as folhas mais altas, teria provocado o constante exerccio de
esticar o pescoo, e essa caracterstica pescoo alongado seria transmitida descendncia. O resultado, aps milhares de anos, teria sido o
que vemos hoje: girafas com pescoo longo e musculoso.
Em geral, os mesmos livros apresentam o contraponto darwinista:
indivduos nasceriam com pescoos de tamanhos ligeiramente diferentes.
Os privilegiados teriam vantagem na hora de alcanar as folhas mais
altas, o que, em pocas de escassez, seria decisivo para a sobrevivncia.
Assim, girafas nascidas com pescoo mais longo teriam maior chance de
sobreviver e de transmitir a caracterstica prole. Belo e didtico exemplo, no fossem alguns senes. O primeiro deles que Lamarck jamais
deu a esse exemplo o destaque que tem recebido h quase 200 anos.
Tentando achar o fio da meada
O estranho caminho seguido pelo exemplo do pescoo da girafa, de
mero pargrafo a carro-chefe da teoria lamarckista, foi detalhado pelo
paleontlogo e divulgador da cincia Stephen Jay Gould (1941-2002)
no ensaio The tallest tale (aluso expresso tall tale, histria cujos
detalhes so difceis de engolir), publicado originalmente na Natural
History Magazine (p. 18, maio de 1996). Nele, Gould tenta retomar o
fio da meada. Observa que, na Philosophie zoologique, o pargrafo sobre as girafas aparece em um captulo em que esto muitos outros exemplos a que Lamarck possivelmente atribuiu maior importncia.
Quanto a Darwin, a primeira edio do seu A origem das espcies
(1859) no faz qualquer meno ao pescoo da girafa, mas sua cauda!
Gould especula que o pescoo da girafa teria assumido importncia graas ao naturalista ingls Saint George Mivart (1827-1900), que, em crtica ao darwinismo publicada em 1871 (The genesis of species), usou
esse exemplo em sua argumentao. Em reao ao ataque de Mivart,
Darwin acrescentou sexta e ltima edio de A origem das espcies
(1872) um captulo em que discorre sobre o assunto. Assim a histria
ganhou os livros escolares e em muitos deles ainda mantida.
Outros dados, resultantes da observao de girafas em seu hbitat
(as savanas africanas), ajudam a derrubar o conto das folhinhas mais
altas em tempos de escassez. Na verdade, a importncia do tamanho e
da robustez do pescoo desses animais reside em outras reas. Entre os
machos, o pescoo uma arma de dominao e uma garantia da preferncia das fmeas, sendo usado em duelos s vezes fatais. As girafas
tambm usam o pescoo como torre de observao, para vigiar a aproximao de predadores, por exemplo. Esses dois usos j representam,
segundo os cientistas, fatores relevantes para a importncia do comprimento do pescoo. Darwin, alis, os cita no captulo mencionado, ao
afirmar que a preservao de cada espcie raramente determinada
por apenas uma vantagem, mas pela associao de todas elas, grandes
e pequenas. Gould fecha seu ensaio explicando que a velha histria do

30
MP_BIO Col. Base_1

30

22/06/05, 8:37

Reproduo proibida. Art. 184 do Cdigo Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Tem-se procurado investigar o papel social das religies, e o porqu


do crescimento do nmero de fiis, embora em muitas o celibato de seus
sacerdotes seja obrigatrio. Em termos de evoluo cultural, elas constituem um fenmeno interessante de evoluo grupal. Enfatiza-se ao mximo o papel do amor ao prximo, da caridade e da ajuda mtua entre
os fiis. J em relao aos outros, existe intolerncia, discriminao e
propsitos de eliminao, que geraram e geram as chamadas guerras
santas como, por exemplo, as Cruzadas.
Muito do que foi apresentado at agora pode parecer o bvio ululante para uma parcela dos leitores de Cincia Hoje. Por que retomar
esses assuntos nesse momento? A razo a existncia, por toda parte,
paralelamente ao fantstico desenvolvimento da cincia, de movimentos fundamentalistas e anticientficos. Um dos aspectos mais preocupantes desses movimentos a campanha contra os princpios da evoluo biolgica.
O criacionismo, movimento que prega uma aderncia estrita ao texto bblico, negando as avassaladoras evidncias cientficas relacionadas
evoluo, sempre foi forte paradoxalmente na nao lder da
rea cientfica, os Estados Unidos. E o bioqumico Bruce Alberts, presidente da mais prestigiosa associao cientfica daquele pas, a Academia Nacional de Cincias, recentemente manifestou-se alarmado com
as propores que esse movimento est alcanando no territrio norteamericano. Em nada menos que 40 estados ou distritos escolares locais
h questionamentos sobre o ensino da evoluo.
Outras tticas dos criacionistas envolvem: (a) a colocao de adesivos nos livros didticos de biologia da escola secundria, exigindo ou
recomendando a incluso da doutrina do Desgnio Inteligente (uma das
denominaes do criacionismo) nos cursos dessas escolas; (b) planos de
encorajamento aos estudantes, para que examinem as fraquezas da teoria da evoluo; (c) reexame dos padres do ensino de cincias que
tratam da evoluo; e (d) clara intimidao aos professores que lecionam essas matrias.
Ora, o Brasil est sendo cada vez mais influenciado, em todos os
aspectos de sua vida econmica, social e cultural, pelos Estados Unidos,
Nada mais natural, portanto, que esse movimento tambm chegasse ao
Brasil. Seno, vejamos: (a) a Sociedade Criacionista Brasileira j tem
33 anos (foi fundada em 1972), realiza encontros nacionais peridicos
(est no quinto) e edita uma revista; (b) no Centro Universitrio Adventista
de So Paulo existe um Ncleo de Estudo das Origens de tendncia semelhante: (c) uma lei estadual do Rio de Janeiro criou cargos de professores de religio, e os dirigentes de sua Secretaria de Educao preconizaram o estudo do criacionismo em toda a rede escolar estadual, em
oposio ao evolucionismo; e (d) aparentemente medidas equivalentes
esto sendo adotadas no estado da Bahia.
Ningum contra que sejam ministradas aulas de uma determinada
religio em instituies financiadas por instituies religiosas. Entretanto, desde a Proclamao da Repblica, h 116 anos, vigora no Brasil
o princpio de separao entre Estado e Igreja. Se cultores de determinada f desejam propag-la no mbito da rede pblica de ensino, podero
ser reservados espaos para esse fim, desde que no haja favorecimento
de qualquer religio no procedimento. Usar dinheiro pblico para contratar professores de religio, porm, claramente inconstitucional, e
propagar doutrinas contrrias a conceitos cientficos firmemente estabelecidos danoso, especialmente para a mente de jovens em formao.
Tem-se enfatizado muito os direitos ticos individuais e coletivos
no que se refere s suas relaes com a cincia. Um dos menos lembrados, no entanto, o direito das pessoas, independentemente de seu estrato social, condio biolgica ou pas, de usufrurem no apenas os
benefcios gerados pela cincia atravs do desenvolvimento tecnolgico,
mas tambm a viso do mundo proporcionada pela cincia. dentro
desse contexto que a tica dita uma posio frontalmente contrria a
qualquer tipo de fanatismo ou intolerncia.
Considerando a moda atual, possvel que j se esteja articulando um
movimento para pleitear cotas de ingresso nas universidades para os ateus
ou racionalistas cientficos. O que ilustraria o princpio dialtico da contradio (racional/irracional) to caracterstico da personalidade humana.

pescoo esticado perpetuou-se talvez porque adoremos uma linda histria, ainda que falsa, e talvez porque no estejamos habituados a questionar pretensas autoridades no caso, a dos livros.
Ainda em 1996, os zologos Robert Simmons e Lue Scheepers publicaram o artigo Winning by a neck: sexual selection in the evolution
of giraffe (Vencendo por um pescoo: seleo sexual na evoluo da
girafa) na American Naturalist (148, p. 771). Segundo eles, as girafas,
na estao seca, alimentam-se dos arbustos. na estao das chuvas,
quando no se espera competio, que se voltam para o alto das accias.
Observaram ainda que as fmeas passam metade de seu tempo alimentando-se com o pescoo em posio horizontal (comportamento to tpico que permite identificar o sexo do animal a distncia). Alm disso,
ambos os sexos alimentam-se com maior freqncia mantendo o pescoo curvado para baixo. Tudo isso, afirmam, sugere que o tamanho do
pescoo no teria evoludo especificamente devido busca de alimento
em pontos mais elevados.
Para refutar a objeo de que a competio entre machos no explicaria por que as fmeas tm pescoos longos, Simmons e Scheepers
argumentam que isso resultaria da correlao gentica entre os sexos, e
que outras espcies exibem correlaes similares. Ou seja, o pescoo
longo das fmeas teria vindo como uma espcie de brinde.

Reproduo proibida. Art. 184 do Cdigo Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Muito barulho por nada?


Afinal, qual a importncia de tudo isso? O lamarckismo j no foi
derrubado? Sim, um fato. Acontece que no se trata apenas de preservar a memria de um cientista.
Quando falamos em atualizar as informaes em materiais de divulgao cientfica, cursos e livros didticos, falamos em pr em evidncia
um problema maior: o da cristalizao de conceitos, em cincia e em
outros campos. Falamos, ainda, do problema crnico da no-ventilao
das informaes a que professores e autores de material didtico tm acesso
ambos tm formao superior, mas em geral no so cientistas.
Falamos do risco de apresentar a cincia como instncia sagrada e
fechada, que permanece imutvel, a salvo de reavaliaes e, ao mesmo
tempo (como revela) a ponto de cair em armadilhas, pela perda da
perspectiva histrica. Falamos, ainda, do comodismo excelentes, no fossem eles inconsistentes como modelos.
luz dos conhecimentos genticos atuais, contrapor, em um livro,
a explicao de Darwin para o pescoo da girafa de Lamarck significa
ridicularizar o segundo, tambm evolucionista, sem levar em conta o
momento histrico em que viveu. Ou seja, conduz o leitor adeso imediata ao darwinismo, sem lhe dar chance para reflexo, por falta de maiores subsdios. , em outras palavras, manipulao. No Brasil, isso se
torna mais grave pela morosidade da divulgao, aqui, das vozes
dissonantes publicadas l fora.

descrio de uma srie de experimentos do bilogo Bernard Kettlewell,


da Universidade de Oxford, na dcada de 1950. Muitas vezes, os livros
trazem fotografias que registram os experimentos (ou que reproduzem
os registros originais), mostrando mariposas Biston claras e escuras em
repouso sobre troncos de rvores. Os livros relatam que Kettlewell, nos
experimentos, coletou mariposas com os dois padres de cor e os liberou em ambientes controlados onde havia troncos tambm com diferentes coloraes. Ao recapturar as sobreviventes, ele teria constatado o
que j se esperava: o ndice de sobrevivncia era diretamente relacionado ao padro de cor dos troncos.
Tudo estaria perfeito, no fossem, como no caso das girafas, alguns
senes. O primeiro foi a descoberta de que os experimentos no transcorreram exatamente como foram descritos. Houve um empurrozinho,
pois as mariposas no estavam vivas: foram coladas aos troncos. O segundo
que o comportamento das mariposas Biston na natureza no se encaixa
to perfeitamente no modelo descrito. O terceiro que a relao predomnio
de uma cor/grau de poluio do ar no se manteve como o esperado.
O livro de Hooper no o primeiro a devassar o caso Kettlewell.
H cinco anos, por exemplo, Michael Majerus fez o mesmo em Melanism:
evolution in action (Melanismo: evoluo em ao). Em resenha sobre
esse livro, publicada na revista Nature (396, p. 35, 1998), Jerry Coyne,
do Departamento de Ecologia e Evoluo da Universidade de Chicago, compara a decepo diante da verdade sobre os experimentos de
Kettlewell ao que sentiu quando criana ao saber que Papai Noel
no existia.
Segundo Coyne, o livro de Majerus o primeiro a reunir os pontos
criticveis no trabalho de Kettlewell. O mais grave que as mariposas
Biston, em condies naturais, provavelmente no repousam sobre troncos em mais de 40 anos de estudos sobre seus hbitos, apenas duas
foram vistas fazendo isso. O local preferido continua um mistrio, mas
acredita-se que seja o alto das copas das rvores. S isso, afirma Coyne,
invalidaria os experimentos, j que colocar as mariposas sobre os troncos as tornaria altamente visveis, o que aumentaria artificialmente a
predao. Alm disso, Kettlewell exps as mariposas durante o dia, quando em geral elas escolhem locais de repouso noite.
Mas outro fator compromete a histria: na verdade, o novo aumento
na proporo da variedade clara ocorreu bem antes da recolonizao
dos troncos pelos liquens (que supostamente favoreceriam a camuflagem das mariposas claras). E mais: o aumento e depois a reduo de
mariposas escuras tambm ocorreram em reas industriais dos Estados
Unidos, onde, porm, no houve alterao na incidncia de liquens o
que relativiza bastante o papel destes na histria toda.
Em resenha sobre o livro de Hooper no The New York Times (18 de
junho de 2002), o editor de cincia Nicholas Wade compara o empurro de Kettlewell a uma piada do grupo ingls Monty Python: as
mariposas, mortas, no passavam de ex-mariposas.

As ex-mariposas: outro exemplo clssico


A jornalista Judith Hooper lanou, em 2002, na Inglaterra (e depois
nos Estados Unidos), o livro Of moths and men (Sobre mariposas e homens). A obra utiliza outro exemplo clssico de evoluo para lanar luz
sobre um tema antes restrito ao crculo dos que defendem as idias
criacionistas mais modernamente, os tericos do design inteligente.
Nas aulas de cincias e biologia, aprendemos que o chamado
melanismo industrial teria alterado o padro de cor de populaes de
mariposas do gnero Biston, encontradas na regio de Manchester (Inglaterra). Antes da Revoluo Industrial, grande quantidade de liquens
(associao entre algas e fungos) cobria as rvores das florestas habitadas por tais mariposas, conferindo aos seus troncos uma cor esbranquiada. O padro de cor predominante nessas mariposas, na poca, era
claro, e elas facilmente se confundiriam com a cor dos liquens, ao repousar sobre os troncos.
Com o advento das indstrias, a partir de 1850, o ar carregado de
fuligem e outros poluentes provocou a morte dos liquens e o escurecimento dos troncos. Como resultado, a vantagem proporcionada pela cor
clara teria se invertido: ao repousar sobre troncos escurecidos, as mariposas seriam avistadas facilmente por predadores (no caso, alguns pssaros). Com isso, a variedade de cor escura, em menor proporo, teria
passado a predominar, graas ao fato de se camuflar nos troncos escuros
e passar despercebida aos predadores.
A partir de 1950, a adoo de leis de controle da emisso de poluentes
inverteu novamente o padro: troncos com novas populaes de liquens,
portanto mais claros, passaram a esconder melhor mariposas de cor clara. Nos livros didticos, esse exemplo costuma vir acompanhado da

E agora: descartar ou no o exemplo?


Majerus, em seu livro, admite as inmeras falhas do modelo, mas
ainda assim o considera didaticamente til. Jerry Coyne, entretanto, pondera que esse no o melhor exemplo a ser usado em sala de aula, devido a seus pontos fracos. Essa posio fez de Coyne, sua revelia, uma
arma dos criacionistas contra a teoria da evoluo. Ele sugere como
mais apropriado o trabalho mais recente dos eclogos Peter e Rosemary
Grant sobre a evoluo do bico dos tentilhes das ilhas Galpagos
tema de um livro de leitura fcil e agradvel, j traduzido para o portugus: O bico do tentilho: uma histria da evoluo no nosso tempo
(Rocco, 1995), do jornalista Jonathan Weiner.
O debate sobre usar ou no o exemplo das mariposas para fins didticos est longe de uma soluo fcil. O bilogo evolucionrio David
Rudge, da Universidade Western Michigan, escreveu que manter a histria no espao escolar teria inmeras vantagens. Enquanto Coyne diz
que suas contradies inviabilizam o uso pedaggico, Rudge acredita
que ela constitui excelente veculo para apresentar a estudantes o conceito de seleo natural. Para ele, expor as discrepncias envolvidas no
assunto permitiria mostrar a natureza da cincia como processo.
Novamente, trata-se de uma questo delicada, na qual esto em jogo
aspectos como corporativismo da comunidade cientfica, necessidade
de controle, manipulao, de um lado, e desinformao, de outro. Como
no exemplo da girafa perfeito, didtico, mas falso , recorrer s mariposas de Manchester tentador: permite trabalhar, de modo simples,
conceitos complexos como evoluo e seleo natural. Mas insistir neles falsear informaes e, de quebra, passar a alunos e professores uma

31
MP_BIO Col. Base_1

31

22/06/05, 8:37

idia dogmtica e nem um pouco tica da cincia. A cincia no tem de


ser ensinada como a arte do jeitinho, mas como um campo do conhecimento sujeito a falhas, aperfeioamentos e inesperadas complexidades diante do que parecia simples e didtico.
Fonte: ROQUE, Isabel Rebelo. Revista Cincia Hoje. Girafas, mariposas e
anacronismos didticos. Rio de Janeiro: SBPC, vol. 34, n 200, dez, 2003.

Sugestes de atividades
PAPEL DO CITOESQUELETO NA DEFINIO
DA FORMA CELULAR

VARIAES DO MODELO

Fonte: Revista Brasileira de ensino de Bioqumica e Biologia molecular


www.sbbq.org.br/revista/artigo

I Objetivo

Usando o mesmo princpio de revestimento por membrana bilipdica,


podemos fazer um modelo um pouco mais sofisticado, que represente
melhor os diferentes componentes do citoesqueleto e sua distribuio
no interior da clula.
I Material
bola de isopor de 2 a 3 cm de dimetro
canudinhos de refrigerante (ou outro canudo plstico mais resistente)
palito de dente
fio de nilon fino (linha de pescar)
cola instantnea
cola do tipo epxi

II Material
fio metlico rgido (por exemplo, fio de cobre com 1,5 mm de
dimetro, ou um arame fcil de dobrar)
fio de nilon fino (linha de pescar)
cola instantnea
cola do tipo epxi (como durepoxi)
alicate
recipiente com gua e detergente
III Procedimento

Cabo

C
Cabo

Cabo

PAULO MANZI

1. Com um alicate, dobre um fio de cobre, conforme a Figura 1A,


para formar um cubo. As dimenses das laterais dependem apenas do tamanho desejado para o modelo. Um modelo de 15 cm
funciona muito bem por ser fcil de manusear.
2. Corte mais 3 fios metlicos para formar os 3 lados que faltam para
completar o cubo; esses fios devem ser um pouco maiores que o
tamanho do modelo, para poder dobrar e fixar as pontas, como a
Figura 1B.
3. Cole com cola epxi todas as emendas dos fios.
4. Amarre o fio de nilon em uma das arestas do cubo e enrole-o no
cubo, colocando um pingo de cola instantnea em todos os pontos de contato do fio de nilon com o fio de cobre. A colagem do
fio de nilon vai formar uma tela ao redor do modelo, conforme a Figura 1C.

alicate
II Procedimento
1. Fure a bola de isopor com o palito de dente e fixe os canudinhos
de refrigerante, usando cola epxi. Os canudos devem partir radialmente, todos ligados ao isopor central.
2. Corte um feixe de canudinhos com 3 cm e cole prximo ao isopor
para simbolizar o centrolo.
3. Corte os canudinhos fixados na bola de isopor de tal maneira a
dar uma forma ao modelo.
4. Faa uma rede externa de fios de nilon, como foi feito no modelo anterior, s que agora o fio de nilon colado nas extremidades dos canudinhos ou em outro fio de nilon.
5. O modelo est pronto e pode ir direto para a gua com detergente.
Veja Figura 2.
(Obs.: Se ficarem espaos muito grandes entre os fios de nilon, a
membrana ter dificuldades de se formar; quando isso acontecer, acrescente mais fios de nilon.)
Arame servindo
de suporte

Canudinhos partindo
do isopor ao centro
(microtbulos)
Rede de fios
de nilon
(microfilamentos)

Figura 2: Esquema do modelo em que os canudinhos de refrigerante


representam os microtbulos, com distribuio radial na clula, e os
fios de nilon representam os microfilamentos de actina, com
distribuio paralela e logo abaixo da membrana plasmtica.

4
6

Figura 1: Montagem de um modelo simples para demonstrar a


relao entre citoesqueleto, membrana plasmtica e forma celular.

Fonte: Lenira Maria Nunes Sepel e Elgion Lcio da Silva Loreto.


Departamento de Biologia, CCNE; Universidade Federal de Santa Maria
Revista Brasileira de ensino de Bioqumica e Biologia molecular
Disponvel em: http://www.sbbq.org.br/revista/artigo . Acesso em 14 abr. 2005.

32
MP_BIO Col. Base_1

PAULO MANZI

1. Construir um modelo de citoesqueleto revestido por membranas de sabo. Neste modelo, a bolha de sabo representa a membrana, a estrutura de arame e o fio de nilon representam o citoesqueleto; a forma da bolha representa a forma da clula.
2. Facilitar a percepo da forma celular como uma caracterstica
dependente do citoesqueleto.

32

22/06/05, 8:37

Reproduo proibida. Art. 184 do Cdigo Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

O citoesqueleto formado por uma rede de protenas citoplasmticas


que vo dar forma s clulas, assim como dot-las de capacidade de
produzir os movimentos celulares. A rede citoplasmtica de protenas
que constituem o citoesqueleto organizada em: microtbulos, microfilamentos e filamentos intermedirios. Os microtbulos partem do centro
celular, geralmente perto do ncleo, e tm uma distribuio radial em
direo membrana. So como vigas de sustentao, responsveis
pelo formato primrio das clulas. Se eles so mais longos em uma direo, a clula ser mais alongada nessa direo; j os microfilamentos
tm uma distribuio principal na forma de uma rede paralela membrana, dando sustentao direta a essa estrutura.

5. Espere a secagem das colas para utilizar o modelo.


6. Mergulhe o modelo em um recipiente contendo gua e detergente. Tenha o cuidado de verificar se no h bolhas na superfcie da
gua. Retire lentamente o modelo da gua. Note que, como em
uma clula:
a) h uma fina membrana revestindo todo o modelo;
b) essa membrana fluida;
c) o formato que a membrana toma dependente da rede de fios
que formam o modelo, da mesma maneira que a forma da clula ditada pela arquitetura do citoesqueleto.

CLULA VEGETAL

I Objetivo

I Objetivo
1. Reconhecer que as clulas vegetais vivas caracterizam-se pela presena de parede celular e de um grande vacolo.
2. Descrever ncleo e vacolo das clulas vegetais.
3. Representar clulas vegetais em esquema.
II Material
lmina

estilete

lamnula

microscpio

pina

cebola

pincel

lugol

1. Identificar, ao microscpio ptico, uma organela citoplasmtica


o cloroplasto.
2. Identificar, ao microscpio ptico, o citoplasma.
3. Reconhecer que o movimento dos cloroplastos na clula resultante da ciclose.
4. Reconhecer que as clulas vegetais caracterizam-se pela presena de parede celular.
5. Representar em esquema uma clula vegetal.
II Material
lminas
lamnulas
pina
pincel

1. Pegue uma cebola e corte-a no sentido longitudinal, separando


uma das camadas.
2. Retire sua epiderme, colocando-a sobre a lmina com uma gota
dgua, e cubra-a com uma lamnula. Cuide para que a epiderme
fique bem esticada e sem rugosidades, e que no se formem bolhas
de ar.
3. Observe a preparao ao microscpio com objetiva de aumento
mdio.
4. Multiplique os nmeros indicados na ocular e na objetiva para
calcular quantas vezes est ampliada a imagem observada.
5. Substitua a gua da preparao por lugol e observe novamente ao
microscpio.
IV Questes
1. As clulas tm contorno bem definido?
2. O que se observa no interior das clulas?
3. Que estrutura se observa nas clulas coradas?
4. O que se nota na regio que fica entre a parede celular e o ncleo?
5. Esquematize a clula vegetal observada ao microscpio.
[Comentrios/Respostas das questes do item IV: 1. O contorno bem
definido deve-se presena da parede celular, facilmente visualizada. 2.
possvel que algum aluno visualize o ncleo. (Obs.: Apesar da ampliao no se observa muita coisa da estrutura celular. Uma tcnica que
permite observar melhor a clula consiste em cor-la com substncias
especiais. Oriente seus alunos para substiturem a gua da preparao
por lugol.) 3. O ncleo. 4. Provavelmente os alunos observaro granulaes circundando espaos aparentemente vazios. Informe que as zonas que apresentam granulaes constituem o citoplasma e que os espaos aparentemente vagos so, na realidade, o vacolo. Explique que
nas clulas vegetais h geralmente um grande vacolo, que ocupa grande parte da clula. 5 (a seguir)]

PAULO MANZI

Reproduo proibida. Art. 184 do Cdigo Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

III Procedimento

Parede
celular

Vacolo

Suco
vacuolar
(soluo)

Citoplasma

folha de eldea (Anacharis sp.)


III Procedimento
1. Retire uma folha de eldea e coloque-a em uma lmina com uma
gota de gua.
2. Cubra-a com a lamnula. Cuide para que no fiquem bolhas de ar
entre a lmina e a lamnula, que dificultam a visualizao.
3. Observe a preparao ao microscpio, inicialmente em objetiva
de menor aumento. Como a folha muito fina, permite que se
veja o seu interior. (Veja item IV, questes 1 e 2).
4. Em seguida, com a objetiva de aumento mdio, observe as clulas: seu contorno regular e os cloroplastos dentro delas.
5. Veja como eles se movimentam no interior da clula. Varie as
condies de luz e a temperatura e observe se os movimentos se
alteram.
IV Questes
1. Desenhe o que voc v. Indique quantas vezes est ampliada a
imagem em observao.
2. O que justifica o contorno bem definido e a regularidade das formas das clulas observadas?
3. Desenhe uma clula indicando as partes observadas. Indique
quantas vezes est ampliada a imagem que voc observou.
4. Os cloroplastos no apresentam movimento prprio. Apresente
uma justificativa que explique a causa desse movimento.
(Comentrios/Respostas das questes do item IV: 1. O aluno dever
representar um conjunto de clulas com contorno regular e bem definido. A ampliao do que est sendo observado ser obtida multiplicandose os nmeros encontrados na ocular e na objetiva usadas. 2. O contorno
bem definido e a regularidade da forma das clulas observadas se deve
presena da parede celular. 3. Os alunos devem representar uma clula
de contorno regular e identificar as presenas da parede celular, do
cloroplasto e do citoplasma. possvel que um dos alunos possa identificar a presena do ncleo junto parede de uma das clulas observadas. O vacolo tambm pode ser indiretamente observado, pois constitui a zona sem granulao e que parece ser vazio. Oriente os alunos para
que indiquem no esquema, com legendas, o que foi observado. 4. A
causa desse movimento a ciclose. Os cloroplastos so arrastados pela
corrente citoplasmtica.)

Ncleo
Membrana
vacuolar

FOTOSSNTESE
I Objetivo
1. Identificar que no processo da fotossntese h desprendimento de
um gs.
2. Determinar, em funo do volume de gs oxignio desprendido,
a relao entre taxa de fotossntese e intensidade luminosa.

Fonte: Secretaria da Educao do Estado de So Paulo. Coordenadoria de


Estudos e Normas Pedaggicas. Subsdios para a implementao de proposta
curricular de Biologia para o segundo grau. SE/CENP/CECISP/1980.

II Material
tubo de ensaio ou tubo de pequeno dimetro de vidro ou plstico
rolha perfurada

OBSERVAO DE CLOROPLASTOS EM ANACHARIS SP.


(Obs.: Anacharis sp. planta de gua doce comumente usada em aqurios e conhecida vulgarmente por eldea.)

retngulo de madeira coberto com papel milimetrado


cola

33
MP_BIO Col. Base_1

33

22/06/05, 8:37

fita adesiva

FERMENTAO DESPRENDIMENTO DE ENERGIA


I Objetivo

gua colorida (com qualquer tipo de corante)

1. Reconhecer que a fermentao um processo exotrmico.


2. Identificar a produo de gs no processo fermentativo.

tubo de vidro fino em forma de L


copo ou bquer

II Material

fonte de luz

2 garrafas trmicas

ramo de Anacharis sp. (eldea planta comum em aqurios)

2 rolhas com dois orifcios

soluo de bicarbonato de sdio a 1%

2 tubinhos de vidro ou plstico

III Procedimento

2 copos

1. Coloque uma gota do lquido colorido no interior do tubo fino (em


L) e prenda-o ao retngulo de madeira recoberto por papel
milimetrado.
2. Inserir uma das extremidades desse tubo no orifcio da rolha, como
indica a Figura.

2 termmetros
2 tubos de plstico
suco de uva puro

PAULO MANZI

fermento de padaria

Termmetro
Bquer
Eldea
Tubo de
ensaio

1. Encha as garrafas com o suco de uva e em uma delas coloque,


tambm, uma colher de caf de fermento de padaria.
2. Tampe as garrafas com as rolhas perfuradas e coloque em um dos
orifcios um dos tubos de vidro e, em outro, um termmetro, cuja
ponta dever ficar mergulhada no suco de uva.
3. Encaixe uma das extremidades do tubo de plstico no tubo de
vidro e a outra em um copo cheio de gua. Rotule as duas garrafas indicando o que existe em seu interior. Construa um grfico
colocando tempo no eixo horizontal e temperatura no vertical.
Anote a temperatura no incio da experincia e faa outras observaes, anotando sempre a temperatura encontrada.

3. Coloque ramos de Anacharis sp. (eldea) em um tubo de ensaio,


quase cheio com uma soluo de bicarbonato de sdio a 1%.
4. Tampe esse tubo com a rolha e prenda-o em um suporte.
5. Coloque-o dentro de um copo ou bquer com gua, e um termmetro (temperatura da gua deve ser constante).
6. Ilumine a preparao com uma lmpada de 40 watts, situada a 30
cm de distncia do tubo de ensaio (o manuseio da lmpada deve
ser realizado exclusivamente pelo professor). Observe se h variaes no manmetro. Marque o tempo de incio e fim de suas
observaes. Registre sua observao. Modifique a distncia da
fonte para 45 cm. Faa as mesmas observaes anteriores no mesmo perodo de tempo. Faa outras modificaes de distncia, sempre anotando o que foi observado.

Termmetro

Tubo de vidro

IV Questes
1. Aps um certo tempo, o que voc observou?
2. Pesquise em seu livro de Biologia e responda que processo deve
estar ocorrendo no vegetal?
3. Considerando o resultado de sua pesquisa justifique:
a) O papel do bicarbonato de sdio nesta atividade sobre
fotossntese.
b) Que gs est sendo eliminado?
4. Crie uma forma de evidenciar que gs est se desprendendo da
planta nesse processo.
5. Qual a relao observada (ver procedimento 6) entre intensidade
luminosa e taxa de fotossntese? (Deve-se cuidar para que durante o desenvolvimento da atividade a temperatura da gua do bquer,
onde est o tubo de ensaio, se mantenha constante.)
[Comentrios/Respostas das questes do item IV: 1. A presena de bolhas de gs no interior da soluo. E a gota colorida do manmetro se
movimentou. 2. Fotossntese. 3. a) O bicarbonato de sdio aumenta a
concentrao de gs carbnico da gua e, conseqentemente, a intensidade da fotossntese; b) Oxignio. 4. Para identific-lo, deveramos deixar um fsforo em brasa, abrir o tubo e, rapidamente, colocar esse fsforo em brasa em contato com o gs do tubo. Como o oxignio comburente, deve surgir uma chama, o que demonstra que o gs desprendido
o oxignio. (Obs.: Esta atividade deve ser realizada com a ajuda do professor. No deve haver materiais inflamveis nas proximidades.). 5. Os
alunos devem observar que h uma proporo direta entre a quantidade
de oxignio que as plantas eliminam e a intensidade luminosa]

Nvel do suco
de uva

gua

34

Garrafa
trmica

Figura: Representao esquemtica dos elementos utilizados nesta


atividade.
IV Questes
1. O que se formou na gua do copo?
2. Por que foram usadas duas garrafas trmicas nessa experincia?
3. Analise o grfico construdo e explique o que foi observado. Qual
sua concluso?
[Comentrios/Respostas das questes do item IV: 1. Bolhas de gs; 2.
Porque a garrafa sem fermento constitui a garrafa controle. 3. Na garrafa trmica onde h o fermento a temperatura mais elevada que na garrafa controle. No processo da fermentao ocorre desprendimento de
energia. (Obs.: As observaes de temperatura devem ser freqentes,

34
MP_BIO Col. Base_1

PAULO MANZI

Escala
graduada

22/06/05, 8:37

Reproduo proibida. Art. 184 do Cdigo Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

III Procedimento
Suporte

pois assim que o levedo usar todo o acar existente no suco de uva a
fermentao pra e a temperatura ir diminuir. O uso da garrafa trmica
importante, pois um frasco de vidro poderia estourar com a presso
dos gases.)]
COMO AGEM OS RNAt

Qual dessas hipteses voc acha que plausvel? Justifique sua resposta.
(Obs.: O aluno deve lembrar-se de que apenas 20 tipos de aminocidos
entram na composio das protenas. Portanto, a primeira hiptese a
correta.)
Fonte consultada: Srie: A prtica pedaggica (2 grau) Qumica e Biologia.
Secretaria da Educao do Estado de So Paulo CENP, 1992.

Ser usado um modelo como estratgia para entender a relao entre


RNAt e os aminocidos.
I Objetivo
1. Concluir que nem todos os tipos de aminocidos entram na formao das protenas.
2. Perceber que um mesmo aminocido pode combinar-se com diferentes tipos de RNAt.

DIVISO CELULAR MEIOSE


Modelo de diviso celular Meiose
I Objetivo
1. Reconhecer que os gametas s tm um cromossomo de cada par
de homlogos.
2. Reconhecer que os gametas originam-se da meiose.
3. Reconhecer que a meiose compreende duas divises sucessivas
do ncleo celular, durante as quais h duplicao dos cromossomos
e redistribuio dos homlogos nas clulas-filhas.
4. Caracterizar os principais eventos de cada diviso da meiose.
5. Reconhecer que os ncleos resultantes da meiose so iguais dois
a dois, quanto aos cromossomos e alelos que apresentam.
6. Concluir que os alelos de um mesmo par se separam na meiose.
7. Identificar os principais eventos da meiose por meio de um modelo.

II Material
cartolina
fita adesiva
clipes
xerox com figuras de RNAt
cola

II Material
1 ou 2 folhas de papel
4 fios de l (cerca de 5 cm de comprimento)

PAULO MANZI

1. Recorte 24 cartes de 1 cm x 3 cm e numere-os de 1 a 24, para


representar diferentes tipos de aminocidos.
2. Prenda, no verso de cada carto, com fita adesiva, dois clipes,
como mostra a Figura 1.

massa de modelar de duas cores


fita adesiva
tesoura
III Procedimento
(Obs.: No modelo, apenas as transformaes dos cromossomos so consideradas.)

Figura 1

1. Pegue dois fios de l para representar dois cromossomos. Ponha,


em cada um deles, um pedao de massa de modelar, de cores
diferentes, para representar os alelos A e a.
2. Trace um retngulo ou um crculo em uma folha de papel, para
representar o contorno da clula, e coloque os modelos no interior dessa figura.
Antes de a clula entrar em diviso, o que acontece com os
cromossomos e genes?
3. Usando dois outros fios de l e massa de modelar, duplique seus
cromossomos, unindo as cromtides-irms com fita adesiva,
que representar o centrmero. Coloque os modelos sobre o papel.

3. Cole a Figura 2 (pgina seguinte) numa cartolina e recorte as


representaes de molculas de RNAt, identificados por 3 letras,
que representam a seqncia de trs bases nitrogenadas.
4. Distribua os cartes retangulares, que representam os aminocidos,
sobre a mesa. Ela representar o citoplasma de uma clula, com
vrios tipos de aminocidos. Distribua tambm os cartes que
representam as molculas do RNAt.
5. Ligue com clipe o aminocido 1 do RNAt; o aminocido 2 ao
RNAt 2, e assim por diante, como mostra a Figura 3.

Na meiose, os cromossomos homlogos ficam estreitamente pareados. Este pareamento feito ponto por ponto, ou seja, entre genes correspondentes. A Figura 1 mostra como isso acontece.

Figura 3
A

PAULO MANZI

PAULO MANZI

Reproduo proibida. Art. 184 do Cdigo Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

III Procedimento

IV Questes
1. No modelo, quantos tipos de aminocidos esto ligados a RNAt?
2. Quantos RNAt no se ligam a aminocidos?
3. Que nmeros eles tm e com que aminocidos poderiam ter-se ligado?
4. Esse resultado mostra que um aminocido:
a) s pode ligar-se a um nico RNAt;
b) pode ligar-se a pelo menos dois RNAt.
5. No modelo apresentado, os aminocidos 21, 22, 23 e 24 no se
ligaram a nenhum RNAt. Para explicar esse acontecimento, h
duas hipteses possveis:
a) nem todos os aminocidos entram na composio de protenas.
b) no modelo no foram includos todos os tipos de RNAt; entre
estes estariam os que poderiam se unir aos aminocidos 21 a 24.

Figura 1: Esses cromossomos, fortemente pareados, vo para o


equador do fuso.

35
MP_BIO Col. Base_1

35

29/06/05, 9:42

PAULO MANZI

Figura 2

18

19

19

36

22/06/05, 8:37

10

15

17

36
MP_BIO Col. Base_1

14

17

13

16

12

15

11

18

Reproduo proibida. Art. 184 do Cdigo Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

9. Suponha que a clula da figura 4 sofra meiose e origine quatro


clulas. Desenhe os cromossomos e alelos das clulas resultantes.

Figura 4a

PAULO MANZI

PAULO MANZI

4. Desenhe a lpis, com traos leves, o fuso na sua folha de papel.


Em seguida, coloque, no equador dessa estrutura, seus
cromossomos pareados (Figura 2).

A
a
a

Figura 2: Os cromossomos homlogos agora se afastam, dirigindo-se


para plos opostos do fuso. Em seguida, este desaparece e formam-se
novas membranas nucleares e novos nuclolos. Termina, assim, a
primeira diviso da meiose (meiose I).

Figura 4b
R

Quantos cromossomos tm os novos ncleos? Que alelos apresentam?


O que aconteceu com os cromossomos homlogos durante a
primeira diviso da meiose?

O que aconteceu aos alelos A e a nesta diviso?


Portanto, na primeira diviso da meiose:
os cromossomos homlogos, duplicados, se separam, indo para
ncleos diferentes.

os alelos, tambm duplicados, se separam, indo para ncleos


diferentes.
o centrmero no se divide.
No fim da primeira diviso da meiose, o citoplasma pode dividir-se
ou no. Quando ele se divide, formam-se duas novas clulas. Quando
no se divide, a clula fica com dois ncleos.
Em seguida, comea a segunda diviso da meiose. Novamente desaparecem membranas nucleares e nuclolos e forma-se o fuso. Os
cromossomos vo para o equador do fuso.
6. Apague os desenhos feitos no papel que representa a clula, deixando s o contorno (ou trace novo contorno em outra folha de
papel). Desenhe dois novos fusos e coloque seus cromossomos
no equador dessas estruturas (Figura 3).
PAULO MANZI

Reproduo proibida. Art. 184 do Cdigo Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

5. Represente esses acontecimentos no seu modelo.


a) Quantos ncleos a clula tem agora?
b) Quantos cromossomos havia na clula-me? Que alelos ela
apresentava?

a) Em que as clulas-filhas diferem da clula-me?


b) Em que diferem as clulas resultantes da meiose?
As duas divises da meiose compreendem as mesmas etapas que
vimos para a mitose. A primeira diviso compreende: prfase I, metfase
I, anfase I, telfase I. A segunda diviso compreende: prfase II,
metfase II, anfase II, telfase II.
10. Reveja o exerccio que fez e, baseando-se no que aprendeu sobre
mitose, descreva as etapas da meiose.

Figura 3: Agora o centrmero se divide e os cromossomos se


afastam para plos opostos do fuso.
7. Represente esses acontecimentos no modelo.
Em seguida, os fusos desaparecem, formam-se novamente as membranas nucleares e os nuclolos. Termina, assim, a segunda diviso da
meiose. Portanto, na segunda diviso da meiose:
os centrmeros se dividem, separando os cromossomos.
os cromossomos que se separam vo para clulas diferentes.
8. Desenhe os quatro ncleos resultantes da meiose, representando
seus cromossomos e alelos.
No final da meiose, o citoplasma pode se dividir ou no. No primeiro caso, formam-se quatro clulas. No segundo, forma-se uma clula
com quatro ncleos.

(Comentrios/Respostas das questes do item III: 2. Duplicam-se e os


novos cromossomos ficam unidos pelo centrmero. 5. a) Dois; b) Dois,
um portador do alelo A e outro portador do alelo a; c) Cada novo ncleo
tem dois cromossomos unidos pelo centrmero. Um deles tem os alelos
A e A; o outro tem os alelos a e a; d) Foram para ncleos diferentes; e)
Separaram-se indo para ncleos diferentes. 9. a) As clulas-filhas tm
um cromossomo e a clula-me tem dois. A clula-me tem um par de
alelos e as clulas-filhas tm um nico alelo; b) Duas delas tm alelo R
e as outras duas, o alelo r.)
Fonte: Secretaria da Educao do Estado de So Paulo. Coordenadoria de
Estudos e Normas Pedaggicas. Subsdios para a implementao de proposta
curricular de Biologia para o 2 grau, vol. 3, Gentica, 1979.

OSCILAO GENTICA GENTICA DE POPULAES


Nesta atividade, vamos verificar o que acontece com as freqncias de
um par de alelos, quando as populaes so muito pequenas. Para isso,
cada equipe ir trabalhar com um modelo que representa uma populao de 12 indivduos. Inicialmente h, na populao, os seguintes indivduos: 3 AA, 6 Aa, 3 aa. Os alelos sero representados por pinos

37
MP_BIO Col. Base_1

37

22/06/05, 8:37

I Objetivo
1. Calcular as freqncias dos alelos em sucessivas geraes.
2. Construir um grfico para representar alteraes nas freqncias
gnicas.
3. Conceituar oscilao gentica.
4. Discriminar os fatores que alteram as freqncias dos alelos das
populaes.
5. Verificar, por meio de um modelo, a oscilao gentica em pequenas populaes.
II Material
48 pinos mgicos (jogo plstico de armar, encontrado em lojas de
brinquedos e supermercados) de duas cores (24 de cada cor)
1 caixa ou saco de papel
1,5 folha de papel almao quadriculado
III Procedimento
1. Observe a tabela.
Geraes

20

Freqncia do alelo A
Freqncia do alelo a
N de gentipos dos descendentes
AA Aa aa AA Aa aa

AA Aa aa

1
2
3

IV Questes
1. Construa um grfico representando as freqncias dos alelos A e
a nas sucessivas geraes. Represente, na abscissa, o nmero de
geraes e, na ordenada, as freqncias dos alelos (0 1.0).
2. Na sua populao, a freqncia dos alelos A e a:
a) oscilou?
b) permaneceu constante, de gerao em gerao?
3. Na sua populao:
a) desapareceu o alelo A?
b) desapareceu o alelo a?
c) no desapareceu nenhum alelo.
4. Rena os dados das equipes, colocando no quadro-de-giz as respostas s seguintes perguntas:
a) Em quantas equipes a freqncia dos alelos oscilou?
b) Em quantas equipes o alelo A desapareceu?
c) Em quantas equipes o alelo a desapareceu?
d) Em quantas equipes no desapareceu nenhum alelo?
(Obs.: Quando as populaes so muito pequenas, a freqncia dos alelos
oscila, nas sucessivas geraes. Essa oscilao deve-se ao acaso e recebe o nome de oscilao gentica. Algumas vezes um dos alelos pode
desaparecer. Isso acontece, por exemplo, quando uma populao se subdivide, originando vrias pequenas, que ficam isoladas por uma barreira
geogrfica: populaes de ilhas, por exemplo. Com o tempo possvel
que as freqncias dos alelos se tornem diferentes nas diversas populaes. Pode tambm acontecer que, por mutaes, as freqncias gnicas
dessas populaes se tornem to diferentes que elas passem a constituir
variedades de uma espcie ou mesmo espcies diferentes.)
Fonte consultada: Srie: A prtica pedaggica (2 grau) Qumica e Biologia.
Secretaria da Educao do Estado de So Paulo. CENP, 1992.

Unidade III A diversidade da vida


12
TOTAIS

PAULO MANZI

2. Usando seis pinos da mesma cor, represente os trs indivduos


AA. Com seis pinos (3 de cada cor), represente os indivduos aa.
Unindo pinos das duas cores, represente os seis indivduos Aa.
Coloque esses indivduos na caixa ou no saco de papel.
3. Anote, na tabela, as freqncias iniciais dos alelos A e a (0,5).
4. Tire, simultaneamente, dois indivduos da caixa, ao acaso, para
representar o primeiro cruzamento. Ao retirar os pinos, segure-os
por uma das extremidades e considere as cores dos pinos que est
segurando, como indicadores dos alelos que formaro o descendente. Por exemplo, se pinos vermelhos representam o alelo A, e
pinos brancos, o alelo a, e se obtm um dos pares segurando um
pino vermelho e outro branco, o descendente ser Aa (Figura 1).

Figura 1
5. Cada cruzamento dar origem a um nico descendente. Marque o
gentipo desse indivduo na tabela e recoloque os pinos na caixa.
6. Repita esse procedimento 12 vezes, representando 12 cruzamentos dessa gerao.
7. Anote, na ltima linha da tabela, o total de gentipos dessa gerao. Essa ser a proporo entre os gentipos da gerao seguinte.
8. Rearranje os pinos de modo a representar os indivduos da gerao seguinte e coloque-os na caixa.
9. Calcule e anote na tabela a freqncia dos alelos A e a nessa nova
gerao.
10. Repita o procedimento at obter 20 geraes ou at um dos alelos
desaparecer.

Por dcadas, o estudo dos seres vivos resumiu-se quase exclusivamente a aspectos sistemticos, como se todas as categorias taxonmicas
fossem gavetas de um enorme armrio. Atualmente, porm, tais gavetas encontram-se entrelaadas por um importante elo: a ancestralidade
comum. Como os ramos de uma grande rvore, os seres vivos evoluem
continuamente, adaptando-se s exigncias ambientais e adquirindo caractersticas anatmicas e funcionais peculiares.
A diversidade das formas de vida, na Terra, enorme e os critrios
de classificao sempre arbitrrios. Optamos, por exemplo, pela classificao em cinco reinos, proposta por Robert Whittaker, embora alguns
autores apresentem classificaes em seis, sete ou at oito reinos. Futuramente, essa nossa opo dever ser revista. Quanto classificao dos
primatas, utilizamos a proposta do Museu de Zoologia da Universidade
de Michigan (1999), que poder provocar alguma estranheza. Sabemos
que escolhas sempre tm um lado pessoal, embora tenhamos nos
escudado na mais recente bibliografia a respeito. A classificao de
protistas (ou protoctistas), e entre eles das algas, baseou-se em extensa
reviso bibliogrfica, apoiada principalmente por Lynn Margulis e
Karlene Schwartz (Cinco reinos Um guia ilustrado dos filos da vida).
Procuramos enfatizar a biologia do ser humano, embora no sejamos partidrios de uma viso excessivamente antropocntrica da cincia. Pareceu-nos pertinente, numa obra com esse propsito, estabelecer
a Biologia Humana como o trilho sobre o qual deveriam caminhar os
estudos de anatomia, fisiologia e reproduo, principalmente.
Na abordagem de alguns aspectos da Biologia Humana, tivemos a
inteno de, ao lado de informaes de carter cientfico, formularmos
questes de natureza moral, tica e social. Quando os temas so as drogas , a gravidez na adolescncia, as doenas sexualmente transmissveis
(como a Aids) e os acidentes, a discusso pode ser aprofundada, e deve
ser encorajada a participao de outros profissionais como professores de outras disciplinas, mdicos, psiclogos e assistentes sociais.

Bibliografia especfica (para os professores)


BATES, Martson. The Forest and the sea. New York: Random House,
1960.
BERG, Linda R. Introductory Botany. Orlando: Saunders College
Publishing, 1997.
BROWDER, Leon W. et al. Developmental Biology. Orlando: Saunders
College Publishing, 1991.
COATES, Vernica et al. Medicina do adolescente. So Paulo: Sarvier,
1993.

38
MP_BIO Col. Base_1

38

22/06/05, 8:37

Reproduo proibida. Art. 184 do Cdigo Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

mgicos de cores diferentes. Dois pinos ligados pelas extremidade representaro um indivduo.)

Reproduo proibida. Art. 184 do Cdigo Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

DORIT, Robert L. et al. Zoology. Orlando: Saunders College Publishing,


1991.
GANONG, William F. Fisiologia mdica. Rio de Janeiro: Prentice-Hall
do Brasil, 1991.
GUYTON, Arthur C. Fisiologia Humana. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 1988.
JOLY, Aylthon Brando. Botnica: introduo taxonomia vegetal. So
Paulo: Companhia Editora Nacional/EDUSP, 1975.
KRUGMAN, Saul. Doenas infecciosas em Pediatria. Rio de Janeiro:
Atheneu, 1979.
MARGULIS, Lynn; SCHWARTZ, Karlene. Cinco reinos Um guia
ilustrado dos filos da vida. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2001.
MARTINI, Frederic H. Fundamentals of Anatomy and Physiology. New
Jersey: Prentice-Hall, 1995.
MAUSETH, James D. Botany. Orlando: Saunders College Publishing, 1995.
NEVES, David P. Parasitologia humana. So Paulo: Atheneu, 1995.
PESSA, S. Parasitologia Mdica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
1982.
POUGH, F. Harvey et al. A vida dos vertebrados. So Paulo: Atheneu, 1993.
RAVEN, Peter H. et al. Biology of plants. New York: Worth Publishers,
1992.
RAWITSCHER, Felix. Elementos bsicos de Botnica. So Paulo:
Compahia Editora Nacional, 1968.
ROST, Thomas L. et al. Plant Biology. Belmont: Wadsworth, 1998.
RUPERT, Edward; BARNES, Robert D. Invertebrate Zoology. Orlando:
Saunders College Publishing, 1994.
SCHMIDT-NIELSEN, Knut. Animal Physiology: Adaptation and
Environment. Cambridge: Cambridge University Press, 1994.
SINNOTT, Edmund W.; Katherine S. Botany: principles and problems.
New York: McGraw-Hill, 1955.
STERN, Kingsley R. Introductory Plant Biology. Boston: McGraw-Hill,
1997.
STEWART, Michael. Animal Physiology. Hodder & Stoughton The Open
University, 1991.
STORER, Tracy I. et al. Zoologia geral. So Paulo: Nacional, 1991.
VERONESI, Ricardo; FOCACCIA, Roberto. Tratado de Infectologia.
So Paulo: Atheneu, 1996.
VERONESI, Ricardo. Doenas infecciosas e parasitrias. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1991.
VILLEE, Claude A. et al. Zoologia geral. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 1988.
WITHERS, Philip C. Comparative animal Physiology. Orlando: Saunders
College Publishing, 1992.

Leituras complementares sugeridas


(para os alunos)
ADAS, Melhem. Fome Crise ou escndalo? So Paulo: Moderna.
ARBEX JR., Jos. Narcotrfico Um jogo de poder nas Amricas.
So Paulo: Moderna.
BARONE, Antnio. Aids. So Paulo: tica.
BONASSI, Fernando. T louco! So Paulo: Moderna.
BURGESS, Melvin; BOCCANERA, Silio (traduo). Her. So Paulo:
Moderna.
CASTRO, Maria da Glria C. Menina me. So Paulo: Moderna.
CAVALERI, Ana Lcia Ferreira; EGYPTO, Antonio Carlos. Drogas e
preveno A cena e a reflexo. So Paulo: Saraiva.
COTRIM, Beatriz Carlini. Drogas: verdades e mitos. So Paulo: tica.
CUNHA, Paulo. Por dentro do sistema imunolgico. So Paulo: Atual.
DUARTE, Albertina. Gravidez na adolescncia. So Paulo: Rosa dos
Ventos, 1998.
DUARTE, Ruth de Gouva. Sexo, sexualidade e doenas sexualmente
transmissveis. So Paulo: Moderna.
GEWANDSZNAJDER, Fernando. Dinossauros. So Paulo: tica.
. Nutrio. So Paulo: tica.
. Origem e histria da vida. So Paulo: tica.
. Sexo e reproduo. So Paulo: tica.
GIKOVATE, Flvio. Drogas Opo de perdedor. So Paulo: Moderna.
JAF, Ivan. Primeira vez. So Paulo: Moderna.
LEONARDI, Teresa Grassi; LEONARDI, Cristina. A dinmica do corpo humano. So Paulo: Atual.
LIMA, Celso Piedemonte. Gentica. So Paulo: tica.
MACHADO, Osni Telles Marcondes. Comeo de conversa. So Paulo:
Saraiva.

MARCONDES, Lucila. O sangue. So Paulo: tica.


MARTHO, Gilberto. Pequenos seres vivos. So Paulo: tica.
NIGRO, Rogrio C. Pelos caminhos do sangue. So Paulo: Atual.
OLIVEIRA, Malu. Homem e mulher a caminho do sculo XXI. So Paulo:
tica.
ROSSI, Telma Lcia Ferreira. Audio e fala. So Paulo: tica.
STERN, Iris. Sobrevivendo grande extino Dinossauros. So Paulo: Saraiva.
VIEIRA, Isabel. E agora, me? So Paulo: Moderna.
WROBEL, Vera; OLIVEIRA, Cllia Ehlers de. Os desafios na adolescncia. So Paulo: Moderna.

A internet na sala de aula (endereos na Web)


Basic Embriology Review Program Aborda os aspectos mais importantes da Embriologia Animal Comparada, com esquemas didticos, ilustraes e fotos.
www.med.upenn.edu/meded/public/berp/
Biodiversity and Biological Collections Apresenta informaes
diversificadas e relevantes na rea de Biologia, teis para estudantes e professores. Possibilita numerosos outros links com endereos
na Web.
http://biodiversity.uno.edu/
BIOL 121 Human Biology Faz parte do site da Universidade da Virgnia
e uma fonte generosa de consulta que oferece textos de qualidade
em muitos campos da Biologia e da Medicina.
www.people.virginia.edu/~rjh9u/humbiol.html
Bilogo Esta pgina oferece uma grande variedade de assuntos. Possui um buscador dentro da rea de Biologia. Alm de fornecer
uma listagem de assuntos a serem consultados, tambm possui links
com diversas instituies e centros de pesquisa.
www.biologo.com.br
Bioterium Neste site podemos encontrar informaes e tcnicas de
criao de animais exticos em cativeiro, legislao, divulgaes
cientficas, entre outras informaes.
www.bioterium.com.br
Carnegie Museum of Natural History O Museu de Histria Natural
de Pittsburgh, um dos maiores do mundo, apresenta textos
explicativos, colees, pesquisas, desenhos e fotos, alm de programas educacionais relacionados com o conhecimento sobre a Terra,
os seres vivos, os povos e as culturas.
www.clpgh.org/cmnh/main.html
Embrapa Site da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuria, com
informaes sobre ambiente, melhoramento gentico, produo de
alimentos, irrigao, plantio e controle biolgico. Tem dados sobre
zoneamento agrcola, links relacionados com a rea de agricultura,
e tpico para busca (Guia de Fontes), facilitando pesquisas.
www.embrapa.br/
Fundao Parque Zoolgico de So Paulo Este site traz informaes
e curiosidades de como funciona um zoolgico, alm de fotos, textos
e informaes sobre a Fundao Parque Zoolgico de So Paulo.
www.zoologico.sp.gov.br/
Informaes sobre peixes e rpteis Banco de informaes e de imagens da Universidade do Texas (Austin). Bastante atualizado, incluindo aspectos importantes da taxonomia e da biologia desses animais, incluindo dados interessantes sobre serpentes.
www.utexas.edu/
Instituto de Botnica Do Instituto de Botnica da Secretaria de Estado
do Meio Ambiente, este site contm informaes e materiais sobre
Botnica, seu projeto ganhou o prmio Super Ecologia 2002.
www.ibot.sp.gov.br/
Internet Directory for Botany: Vascular Plants Families Contm uma
descrio das plantas vasculares, sua classificao, caractersticas
principais e importncia. Conta com imagens e links relacionados
com novidades e pesquisas na rea.
www.helsinki.fi/kmus/botvasc.html
Introduction to Clinical Microbiology Faz parte do site da Universidade do Texas e trata de fundamentos da Microbiologia Clnica,
mostrando textos e ilustraes referentes s bactrias: organizao,
classificao e descrio dos grupos, com sua aplicao clnica.
http://medic.med.uth.tmc.edu/path/00001450.htm
Introduction to the Metazoa Pgina do Laboratrio de Biologia Marinha de Woods Hole, Massachusetts. Muito didtica, com informaes diversificadas a respeito de metazorios (classificao, aspectos evolutivos e ecolgicos etc.).
www.ucmp.berkeley.edu/phyla/phyla.html

39
MP_BIO Col. Base_1

39

22/06/05, 8:37

Materiais de apoio
Leituras
OS REINOS DA VIDA
Do tempo de Aristteles at meados do sculo vinte, praticamente
todos classificaram os membros do mundo vivo em dois reinos, plantas ou animais. Desde a metade do sculo dezenove, contudo, muitos
cientistas notaram que certos organismos, tais como as bactrias e os
mofos-de-lodo (slime molds), diferiam das plantas e dos animais mais
do que plantas e animais diferiam ente si. O terceiro e quarto reinos
para acomodar estes organismos anmalos foram propostos diversas
vezes. Ernest Haeckel (1834-1919), o proponente alemo e popularizador
da teoria da evoluo de Darwin, por exemplo, fez vrias propostas
para um terceiro reino de organismos. As fronteiras do novo reino de
Haeckel, o reino Protista, variaram durante o curso de sua longa carreira, mas seu persistente objetivo era colocar os organismos mais primitivos e ambguos separados das plantas e dos animais, com a implicao de que os organismos maiores se desenvolveram a partir de ancestrais protistas. Haeckel reconheceu as bactrias e as algas azuisesverdeadas como um grande grupo o Monera, diferenciado pela
ausncia de um grupo celular dentro do reino protista. Contudo, a
maioria dos bilogos ignorou as propostas para reinos adicionais alm
das plantas e animais ou as considerou curiosidades desimportantes,
um pleito especial de excntricos.
As opinies em relao aos reinos da vida comearam a mudar na
dcada de 1960, principalmente devido ao conhecimento obtido pelas
novas tcnicas bioqumicas e da microscopia eletrnica. Estas tcnicas
revelaram afinidades e diferenas fundamentais no nvel subcelular, que
encorajaram uma enxurrada de novas propostas para sistemas de mltiplos reinos. Entre estas propostas, um sistema de cinco reinos (plantas,
animais, fungos, protoctistas e bactrias), primeiramente propostos por
Robert Whittaker em 1959, e grandemente baseado no trabalho anterior
e altamente original de Herbert Copeland de quatro reinos (plantas, animais, protoctistas e bactrias), tem consistentemente se sustentado por
mais de trs dcadas. Com algumas modificaes provocadas por dados
mais recentes, o sistema de Whittaker o usado neste livro. Resumidamente, nossos cinco reinos so Bacteria (com seus dois sub-reinos,
Archaea e Eubacteria), Protoctista (algas, protozorios, mofos-de-lodo
e outros organismos aquticos menos conhecidos e parasticos), Animalia
(animais com ou sem espinhas dorsais), Fungi (cogumelos, fungos e
leveduras) e Plantae (musgos, fetos e outras plantas portadoras de esporos
ou sementes). Em relao ao reino das plantas, para distribuir os 12 filos
entre dois grandes grupos, usamos Bryata, para todas as plantas
avasculares (musgos, hepatfitas e antocerfitas) e Tracheata, para todas as outras isto , as plantas vasculares, seguindo a sugesto de
James Walker (Universidade de Massachusetts, Amherst; comunicao
pessoal). Embora Walker use Anthocerophyta para o grupo de plantas
avasculares, chamamos somente as antocerfitas de Anthocerophyta,
mantendo a poltica deste livro de simplificao dos nomes quando possvel. Agrupamos nossos cinco reinos em dois super-reinos: (1) Prokarya,
contendo somente o reino procariota, as bactrias, e (2) Eukarya, contendo os outros quatro reinos, que englobam todos os eucariotas. Reconhecemos que os termos scio-polticos como reino, classe, ordem e
famlia so anacronismos que eventualmente sero substitudos. Contudo, o seu uso atualmente generalizado torna conveniente para ns continuar a us-lo na nossa classificao de toda a vida na Terra.
A nica ameaa sria para qualquer dos esquemas de cinco reinos
o sistema de trs domnios dos microbiologistas, liderado por Carl Woese
da Universidade de Illinois. Usando critrios moleculares, especialmente seqncias nucleotdicas de RNA ribossmico, esses microbiologistas,
advogam por trs grandes grupos: dois domnios (Archaea e Bacteria)
consistindo em clulas procariticas e um domnio (Eukarya) contendo
todos os outros organismos. Os fungos, as plantas e os animais so trs
dos reinos do domnio Eukarya, da mesma forma como eles esto no
nosso esquema de cinco reinos. Contudo, dentro de cada um dos trs
domnios h numerosos reinos adicionais muitos correspondentes aos
filos no esquema de cinco reinos.
Embora sejamos profundamente devedores a Carl Woese (Universidade de Illinois), Mitchell Sogin (Laboratrio Biolgico Marinho em
Woods Hole) e outros analistas de seqncias moleculares por suas contribuies inigualveis reorganizao do mundo vivo, rejeitamos o esquema de trs domnios bacteriocntricos em bases biolgicas e pedaggicas. Biologicamente, esta trifurcao falha em reconhecer a simbiognese

40
MP_BIO Col. Base_2

40

22/06/05, 8:40

Reproduo proibida. Art. 184 do Cdigo Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Microbe Zoo Site muito interessante sobre microorganismos: modos


de vida, hbitats, importncia ecolgica e econmica, doenas causadas etc.
http://commtechlab.msu.edu/sites/dlc-me/zoo/
National Institute of Health Site mantido pelo Instituto Nacional de
Sade do governo norte-americano, apresenta grande quantidade de informaes valiosas a respeito de doenas humanas e
epidemiologia.
www.nih.gov
Nomenclatura e Classificao dos Seres Vivos Nomenclatura e classificao dos seres vivos. o que se encontra neste site. A tentativa
de se universalizarem os nomes cientficos de animais e plantas,
para que se possam facilitar os estudos das mais variadas espcies.
http://members.tripod.com/~netopedia/biolog/nomenc.htm
Open Computing Facility at the University of California at Berkeley
A OCF uma homepage dedicada a estudantes e professores, elaborada e mantida pelo staff da Universidade da Califrnia (Berkeley,
EUA).
www.ocf.berkeley.edu
Os seres vivos Esta pgina traz tpicos como: reconhecendo um ser
vivo, caractersticas dos seres vivos, origem da vida, as eras e a evoluo da vida.
www.portalbrasil.eti.br/educacao_seresvivos.htm
Protist Image Data Informaes e ilustraes (inclusive fotos coloridas) de protistas, como algas e protozorios, tratando, ainda, de
questes relacionadas com a ecologia desses organismos, como o
modo de vida e a associao com seres humanos.
http://megasun.bch.umontreal.ca/protists/protists.htm
Seres Vivos Classificao Geral dos Seres Vivos. do que trata esta
pgina, evoluo, vrus, nomenclatura, alm de outras informaes.
www.logic.com.br/prof.cynara/news.htm
Sociedade Botnica do Brasil Da Sociedade Brasileira de Botnica,
esta pgina possui uma srie de elementos dentro da Botnica, como
eventos, cursos, textos, entre outros.
www.botanica.org.br
The Eletronic Zoo Outra pgina do Laboratrio de Biologia Marinha
de Woods Hole, Massachusetts. Muito didtica, com informaes
diversificadas a respeito de metazorios (classificao, aspectos
ecolgicos etc.).
http://netvet.wustl.edu/e-zoo.htm
The Tree of Life A rvore da Vida, projeto da Universidade do
Arizona (EUA), contm informaes sobre relaes filogenticas e
caractersticas de organismos, ilustrando a diversidade e, ao mesmo
tempo, a unidade da vida. Fundamental para o desenvolvimento dos
conceitos iniciais sobre filogenia e taxonomia.
http://phylogeny.arizona.edu/tree/life.html
The University of Michigan (Museum of Zoology) Coleo de fotos e
informaes a respeito de animais. Inclui dados sobre hbitats, histria natural, conservao e importncia econmica. So apresentadas sinopses de alguns grupos taxonmicos de maior importncia.
www.oit.itd.umich.edu/projects/ADW
The Virtual Library Uma biblioteca para pesquisa em vrias reas do
conhecimento, como Medicina, Agricultura, Biotecnologia,
Entomologia, etc. Dispe de links para imagens, artigos, universidades e conferncias.
http://golgi.harvard.edu/biopages.html
U. S. Food and Drug Administration Site da FDA, organismo norteamericano de proteo ao consumidor, relacionado com o controle
da qualidade de alimentos, drogas e medicamentos.
http://www.fda.gov
Visible Man Project Mostra fotos e ilustraes precisas referentes
anatomia humana.
www.nlm.nih.gov/research/visible
Zoo Barcelona Pertencente ao Zoolgico de Barcelona (Espanha),
esta pgina traz informaes e funcionamento desse zoolgico, possui passeios virtuais e cmeras vinte e quatro horas por dia em determinados recintos, como o do Copito de Nieve, que o nico gorila albino do mundo.
www.zoobarcelona.com

da clula (fuso de bactrias anteriores) como a principal fonte de inovao na evoluo dos eucariotas. Alm disso, os seus trs domnios e
mltiplos reinos so estabelecidos somente pelo critrio das comparaes de seqncias moleculares, enquanto cada reino no nosso esquema
de cinco reinos s pode ser definido usando todas as caractersticas do
organismo moleculares, morfolgicas e de desenvolvimento. Didaticamente, a existncia de tantos reinos no sistema de trs domnios destri o propsito de uma classificao gerencivel da biodiversidade terrestre, na forma de uma informao que possa ser obtida pelos professores, naturalistas e outros no especialistas. Por estas razes, embora tenhamos feito extensivo uso dos dados de seqncia molecular na nossa classificao, rejeitamos o esquema que tem nestes dados o seu critrio nico.
Fonte: MARGULIS, Lynn et al. Cinco reinos Um guia ilustrado dos filos da
vida na Terra. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2001.

PROTOCTISTA

Reproduo proibida. Art. 184 do Cdigo Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

(Do grego protos, primeiro; ktistos, estabelecer)


(Microorganismos nucleados e seus descendentes, excluindo fungos, animais e plantas; evoludos a partir da integrao de simbiontes
microbianos anteriores. Meiticos ou no-meiticos, com variaes
no crculo de fertilizao da meiose. Os registros fsseis se estendem desde a era Proterozica Mdia Inferior cerca de 1,2 bilho
de anos atrs at o presente.)
O Reino Protoctista compreende os micoorganismos eucariticos
e seus descendentes imediatos: todas as algas, incluindo as ervas-domar (seaweeds), mofos-de-gua undulipodiados (flagelados), os mofos-de-lodo (slime molds) e os slime nets, os tradicionais protozorios
e outros organismos aquticos ainda mais obscuros. Seus membros
no so animais (que se desenvolvem de uma blstula), nem plantas
(que se desenvolvem de um embrio), nem fungos (que no possuem
undulipdios e se desenvolvem de esporos). Nem so protoctistas
procariotas. Todas as clulas protoctistas tm ncleos e outros atributos
caracteristicamente eucariticos. Muitos fotossintetizam (tm plastdios),
muitos so aerbios (tm mitocndrias) e muitos tm undulipdios, com
a base no cinetossomo, em algum estgio de seu ciclo de vida. Todos os
protoctistas se desenvolveram por simbiose entre pelo menos dois tipos
diferentes de bactrias em alguns casos, entre muito mais do que
dois. medida que os simbiontes se integraram, um novo nvel de individualidade surgiu.
Muitas combinaes diferentes de bactrias primitivas em consrcios simbiticos no passaram pelo teste da seleo natural. Mas aquelas que sobreviveram deram origem s linhagens modernas e atuais dos
protoctistas, que podem ser classificadas de acordo com a estrutura de
suas organelas. Na mitocndria, por exemplo, as estruturas membranosas
mais essenciais (e por isso de evoluo lenta) so as cristas. Estas estruturas podem ser achatadas [como nas estramenpilas (quitrdios) e
zoomastigotas]; tubulares [como nos alveolados]; discides [como nas
amebas, mofos-de-lodo e discomitocondriados]; ou totalmente ausentes
[como nos arqueoprotistas e micrsporos]. Os perfis dos pigmentos
fotossintetizantes, essenciais funo do cloroplasto, so critrios importantes, tambm empregados pelos taxonomistas para resolver a
desconcertante diversidade do Reino Protoctista.
Os undulipdios e suas inseres, os cinetossomos sempre embutidos nos cinetdios, so cruciais para uma compreenso dos protoctistas.
Os undulipdios estavam presentes nos ancestrais comuns de todos os
filos, mesmo antes das mitocndrias, dado que os arqueoprotistas
anaerbicos os carregavam. Seu comportamento durante a mobilidade e
a reproduo est relacionado com a diviso celular mittica. Em alguns
filos, todos os membros contm undulipdios; em outros filos, eles esto ausentes; mas a maioria dos protoctistas os produzem e os eliminam
em funo de suas histrias da vida. Embora a importncia dos
undulipdios que se desenvolvem dos cinetossomos seja enfatizada por
todos que estudam protoctistas alglogos, zologos de invertebrados,
microbiolgos, miclogos, parasitlogos, protozologos e outros alguns sentem que o uso do termo flagelo deve ser mantido. Mas
flagelos no tm relao alguma com estruturas rotatrias de bactrias,
e assim a palavra, quando aplicada aos clios, caudas de espermatozide
e outros undulipdios, confusa.
Por que protoctista em vez de protista? Desde o sculo dezenove,
a palavra protista, usada formal ou informalmente, surgiu para denotar
organismos unicelulares. Nas ltimas duas dcadas, contudo, a base para

a classif icao dos organismos unicelulares separadamente dos


multicelulares se enfraqueceu.A multicelularidade se desenvolveu muitas vezes em organismos unicelulares muitos seres multicelulares
so parentes muito mais prximos de certos unicelulares do que o so de
outros organismos multicelulares. Por exemplo, os ciliados (Filo
Ciliophora), a maioria dos quais so micrbios unicelulares, incluem
pelo menos uma espcie que forma um sorocarpo, uma estrutura
multicelular contendo um cisto. Os euglendeos, os crisomonadinos e as
diatomceas tambm desenvolveram descendentes multicelulares.
Aqui adotamos o conceito de protoctista proposto em 1956 pelo
botnico americano Herbert F. Copeland. A palavra foi introduzida pelo
naturalista ingls John Hogg em 1861 para designar todas as criaturas
inferiores, ou seres orgnicos primrios; ambos Protophyta,... tendo
mais a natureza de plantas; e Protozoa... tendo mais a natureza de animais. Copeland reconheceu, assim como vrios acadmicos do sculo
dezenove, o absurdo de se referir alga gigante pela palavra protista,
um termo que implica unicelularidade e, assim, pequenez. Ele props
uma definio mais ampla do Reino Protoctista para acomodar certos
organismos multicelulares, assim como os unicelulares, que podem assemelhar-se aos seus ancestrais por exemplo, kelp (algas marinhas),
assim como as pequeninas algas marrons criptomnadas Nephroselmis.
O Reino Protoctista assim definido tambm resolveu o problema de fronteiras nebulosas que surgem se os organismos unicelulares so incorporados aos reinos intrinsecamente multicelulares.
Numa tentativa de reconciliar a informao gentica e ultra-estrutural com dados moleculares recentemente adquiridos, propomos aqui
30 filos protoctistas. Esse nmero mais uma questo de gosto do que
de tradio, porque no h regras para definir os filos protoctistas. Nossa classificao questionvel; por exemplo, alguns questionam que os
mofos-de-lodo celulares e plasmodiais (Filo Paramyxa e Myxomycota,
respectivamente) deveriam ser unificados. Alguns acreditam que os
oomicetos, hifoquitrdeos e quitrdeos so realmente fungos, e que as
clorfitas so plantas. Alguns insistem que Chaetopholares e Prasintophytes, que aqui esto dentro do Chlorophyta, devem ser elevados ao
status de filo. A maioria reuniria as algas verdes de conjugao (Filo
Gamophyta) com as outras no Chlorophyta. Existem argumentos contra
e a favor dessas vises. Nosso sistema tem a vantagem de limitar o nmero de txons mais altos e definir de forma precisa os trs reinos dos
grandes organismos. Embora tenha a desvantagem de que estes eucariotas
tm pouco em comum uns com os outros, agrupar juntos as xenofiforas,
as cercomnadas, os mofos-de-gua e os outros como um nico reino
protoctista melhor do que ignor-los inteiramente.
Os protoctistas so aquticos: alguns marinhos, alguns de gua doce,
alguns terrrestres em solos midos e alguns parasitas ou simbiticos em
tecidos midos de outros. Aproximadamente todos os animais, fungos e
plantas talvez todos tm protoctistas associados. Os filos, tais
como Microspora e Apicomplexa, incluem milhares de espcies, todas
as quais vivem em tecidos de outros.
Ningum sabe o nmero de espcies de protoctistas. Embora somente 40.000 foraminferos extintos estejam documentados na literatura paleontolgica, e mais de 10.000 protoctistas vivos estejam descritos na literatura biolgica, Georges Merinfeld (Universidade de
Dalhousie, Halifax, Nova Esccia) estima que haja mais de 65.000
espcies sobreviventes, e John Corliss (Universidade de Maryland)
sugere que haja mais do que 250.000. Mofos-de-gua e parasitas de
plantas so descritos na literatura de fungos, de protozorios parasitas
na literatura mdica, de algas por botnicos e de protozorios de vida
livre pelos zologos. Prticas contraditrias na descrio e denominao de espcies tm conduzido a confuses que este livro tenta dirimir.
Um outro problema que muito da diversidade dos protoctistas est
nas regies tropicais, onde os cientistas so escassos. Ainda mais, a
documentao de novas espcies freqentemente exige uma dedicao muito grande e um estudo ultra-estrutural. A maioria dos fungos
est limitada aos protoctistas de zonas temperadas, que so fontes de
alimento, produtos industriais ou doenas.
Uma variao marcante na organizao celular, nos padres da diviso celular e no ciclo de vida evidente neste grupo diverso de micrbios eucariotas e seus parentes. Enquanto as algas so fottrofos
oxignicos, os outros so hetertrofos que ingerem ou absorvem sem
alimento. Em muitos, o tipo de nutrio varia com as condies: eles
fotossintetizam quando a luz abundante e se alimentam no escuro.
Embora os protoctistas sejam mais diversos no estilo de vida e nutrio
do que os animais, os fungos ou as plantas, metabolicamente eles so
muito menos diversos do que as bactrias.

41
MP_BIO Col. Base_2

41

22/06/05, 8:40

Fonte: MARGULIS, Lynn et al. Cinco reinos Um guia ilustrado dos filos da
vida na Terra. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2001.

ANIMALIA
(Do latim anima, respirao, alma)
[Organismos diplides que se desenvolvem de embries (blstulas)
e que se formam por fuso (fertilizao: citogamia e cariogamia) de
vulos e espermatozides haplides (anisogametas). A meiose de
gametas produz anisogametas.]
Na classificao de dois reinos (animais e plantas) mais antiga e
no usada neste livro os animais compostos de muitas clulas
(multicelulares) eram referidos como Metazoa para distingui-los dos
Protozoa (animais unicelulares). No nosso sistema, no h animais
unicelulares; os protozorios tradicionais esto colocados no Reino
Protoctista. Definimos animais como organismos heterotrficos,
diplides, multicelulares, que normalmente (exceto as esponjas) se desenvolvem a partir de uma blstula. A blstula, um embrio multicelular
que se desenvolve do zigoto diplide, produzido pela fertilizao de um
grande vulo haplide por um pequeno espermatozide haplide, exclusiva dos animais.
Devido aos gametas animais o vulo e o espermatozide diferirem em tamanho, eles so chamados anisogametas. O zigoto diplide
produzido por fertilizao se divide por divises celulares mitticas, resultando numa massa slida de clulas, que normalmente se torna oca
para se transformar numa blstula. Em muitos animais, a blstula desenvolve uma abertura chamada de blastporo, que a abertura para o desenvolvimento do trato digestivo, e ser o local da boca em animais pertencentes a alguns filos, ou o nus em animais pertencentes a alguns
outros filos. Certos animais em alguns filos no apresentam nenhum
destes padres; em vez disso, estes animais com segmentao espiralada
produzem um blstula (estereoblstula) que uma massa slida de clulas suas afinidades permanecem obscuras at que se descubra mais
acerca de sua biologia. Os moluscos cefalpodes, que tm muita gema
no seu ovo, no possuem blastoceles (cavidades embrionrias). A diferenciao e as migraes celulares transformam a blstula numa gstrula,
um embrio com uma invaginao fechada, que o trato digestivo embrionrio na maioria dos animais.
Os detalhes de desenvolvimento embrionrio posterior diferem largamente de filo para filo. Contudo, padres de desenvolvimento comuns proporcionam pistas para as relaes entre os filos. Em muitos
filos, os detalhes do desenvolvimento so conhecidos para muito poucas espcies at o momento; em alguns filos, para nenhuma das espcies. Como o desenvolvimento intricado e complexo, no podemos
resumi-lo em poucas palavras. Por razes semelhantes, definies concisas e precisas dos filos nem sempre podero ser dadas. Nossas descries so mais informais.
A multicelularidade no privilgio dos animais; organismos
multicelulares so abundantes em todos os reinos. Exemplos incluem a
maioria das Cyanobacteria e Actinobacteria no Reino Bacteria;

Phaeophyta, Oomycota e Rhodophyta no Reino Protoctista; a maioria


dos membros do Reino Fungi; e todos os membros do Reino Plantae.
Contudo, a multicelularidade mais diversa nos animais; isto , muitas
clulas com funes altamente especializadas so agrupadas em tecidos, e os tecidos em rgos. Conexes complexas ligam as clulas em
tecidos na maioria dos filos; dois tipos de conexes exclusivas de animais so os desmossomos e as junes em hiato, que regulam a comunicao e o fluxo de materiais entre as clulas. As conexes de clula para
clula podem ser vistas com um microscpio eletrnico.
A maioria dos animais ingere os nutrientes. Muitos animais levam o
alimento para dentro de seus corpos atravs de uma abertura oral ou
engolfam partculas slidas em clulas digestivas por fagocitose (comer clulas), ou gotas de lquido por pinocitose (beber), ou absorvem as molculas de alimento atravs de membranas celulares. Os parasitas, tais como as tnias, freqentemente no possuem sistemas digestivos. Animais dependentes da luz solar, tais como Convoluta paradoxa
(um platelminto) e Elysia (um molusco), adquirem simbiontes fotossintetizadores, como os protoctistas que se tornaram plantas.
Os animais que habitam chamins pretas do fundo do oceano profundo (aberturas hidrotrmicas) e fontes frias (gua fria surgindo do fundo
do mar) no dependem diretamente da luz do Sol para energia. Em vez
disso, a energia que alimenta seus simbiontes vem de compostos
inorgnicos como os sulfetos e o metano, que so produzidos por essas
chamins do fundo do mar. Os vermes de tubo, os mariscos e outros
animais de fontes frias so nutridos por simbiose com bactrias quimiolitoautotrficas. Um quimiolitoauttrofo uma bactria autoalimentadora que usa energia liberada por oxidaes qumicas inorgnicas
como fonte de energia para seus processos vitais, incluindo a sntese de
molculas orgnicas a partir de CO2. Os animais de fontes e de chamins ou digerem as bactrias diretamente ou absorvem as molculas orgnicas sintetizadas por seus parceiros simbiticos. Essas comunidades
de chamins so raras hoje mas foram tpicas do ambiente terrestre de
3 bilhes de anos atrs.
Os animais exibem diversos padres comportamentais, tais como
atrao luz, repulso a produtos qumicos nocivos e deteco de gases
dissolvidos e temperatura. Tais comportamentos so encontrados em
membros de todos os cinco reinos, mas os animais tm este tema mais
elaborado. No incio da histria do reino animal, mas de meio bilho de
anos atrs, os sistemas nervosos, incluindo os crebros, evoluram em
diversos ramos. Os organismos de nenhum outro reino tm sistemas
nervosos ou crebros.
Quanto forma, os animais so os mais diversos de todos os organismos. Os menores animais ainda so chamados de micrbios. Menores do que muitos protoctistas, estes animais exigem um microscpio
para poderem ser vistos. Muitas destas espcies de animais diminutos
formam a frao heterotrfica do plncton (do grego planktos, nadando); animais planctnicos junto com as espcies planctnicas
fotossintetizadoras constituem a base das teias alimentares marinhas
e de gua doce.
Os maiores animais atualmente so as baleias, mamferos na nossa
prpria classe (Mammalia) e filo (Craniata). Os membros da maioria
dos filos animais habitam guas rasas. As formas de hbito verdadeiramente terrestre so encontradas em somente quatro filos: os quelicerados,
como as aranhas; os mandibulados (unirremes), como os insetos; os crustceos, como os tatus; e craniatos, como os rpteis, aves e mamferos.
As espcies que vivem no solo (por exemplo, os vermes terrestres) pertencem a diversos filos, mas, como exigem umidade constante, no se
livraram propriamente do ambiente lquido. De fato, os animais da maioria dos filos so vermes aquticos de um tipo ou outro, exceto insetos e
outros do Filo Mandibulata. Provavelmente, mais de 99,9% de todas as
espcies de animais que j viveram esto extintas, e so estudadas na
Paleontologia e no na Zoologia.
De todos os organismos, somente os animais foram bem-sucedidos
em invadir ativamente a atmosfera. Representantes de todos os cinco reinos (por exemplo, esporos de bactrias, fungos e plantas) gastam fraes
significantes de seus ciclos de vida suspensos na atmosfera, mas nenhum
em qualquer reino para a sua vida no ar. O vo ativo evoluiu somente nos
animais. A locomoo dos animais atravs do ar evoluiu de forma independente diversas vezes, mas em somente dois filos: Mandibulata, Classe
Insecta, e Craniata, Classes Aves (aves), Mammalia (morcegos) e Reptilia
(diversos dinossauros voadores extintos).
Por muitos anos, e mesmo agora, alguns bilogos associam animais a um de dois grandes grupos: os invertebrados animais sem
espinhas dorsais, e os vertebrados animais com espinha dorsal. To-

42
MP_BIO Col. Base_2

42

22/06/05, 8:40

Reproduo proibida. Art. 184 do Cdigo Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

O conhecimento crescente sobre a ultra-estrutura, a gentica, o ciclo de vida, o desenvolvimento dos padres, a organizao cromossomial,
a fisiologia, o metabolismo, a histria fssil e especialmente a sistemtica molecular de protoctistas tm revelado muitas diferenas entre eles
e os animais, os fungos e as plantas. Os grandes grupos de protoctistas,
descritos aqui como filos ou grupos de filos, so to distintos a ponto de
merecerem o status de reino nas mentes de alguns autores, como explicado no Handbook of Protoctista (Manual de Protoctistas) (Margulis,
Corliss, Melkonian e Chapman, editores) e o Illustrated Glossary of
Protoctista (Glossrio Ilustrado de Protoctistas) (Margulis, McKhann
e Olendzenski, editores). O Glossrio contm sete tabelas taxonmicas,
incluindo as classes, nomes comuns e sumrios de critrios tcnicos para
distinguir estes grupos. Novos dados sobre a biologia molecular relativos nos txons protoctistas so descritos por Mitchell Sogin, e o livro
contm um glossrio de organismos (aps o glossrio geral), onde centenas de categorias e nomes taxonmicos em uso corrente so definidos
e esboados. J que nenhuma pessoa ou grupo sozinho pode dominar
todos os detalhes biolgicos dos protoctistas, esperamos anos de discusso animada pela frente sobre sua melhor taxonomia. Com uma reverncia diversidade protoctista, um reconhecimento da sua herana
eucaritica comum e um senso de humildade tanto em relao sua
complexidade quanto nossa ignorncia, apresentamos nossos 30 filos
protoctistas.

dos os animais, exceto os membros do nosso prprio filo, Craniata,


invertebrados. Hoje em dia, cerca de 98% de todos os animais vivos
so invertebrados. Essa dicotomia invertebrado-vertebrado considera
de forma significativa a nossa perspectiva distorcida. Nossos animais
de estimao, bestas de cargas e fontes de alimento, couro e ossos
isto , animais terrestres mais prximos do nosso tamanho e mais familiares so membros do nosso prprio filo. De um ponto de vista menos antropocntrico, os atributos que no a ausncia de uma espinha
dorsal so melhores indicadores da divergncia evolutiva primitiva. Preferimos descrever estes animais, na maioria marinhos, por seus atributos nicos a diferenci-los coletivamente como invertebrados. [...]
Fonte: MARGULIS, Lynn et al. Cinco reinos Um guia ilustrado dos filos da
vida na Terra. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2001.

OS PRIMATAS
O homem classificado na ordem Primatas:
Subordem

Superfamlia

Espcie

Reproduo proibida. Art. 184 do Cdigo Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Prossimili
Anthropodea ceboideia

lmur (Madagscar)
macacos das Amricas
platirrinos (narizes chatos)
ceropithecidae babunos e macacos da
frica
hominoidea
pongidae: gorila,
orangotango, chimpanz,
gibo
hominidae: homens e seus fsseis

Os primatas surgiram no incio do cenozico, h 60 milhes de anos.


Quinze anos depois de Darwin ter publicado seu famoso livro A Descendncia do Homem (1871), foram descobertos em Neanderthal, na Alemanha, fragmentos sseos que um professor identificou como um homem de pequena estatura. Esse fssil foi investigado e apresentado como
um precursor do homem. Todavia, um dos mais famosos professores de
patologia, Virchow, contestou que se tratava de um indivduo com doena deformante. S em 1880 o homem de Neanderthal foi aceito como
um precursor do homem. Outros crnios e esqueletos semelhantes foram descobertos mais tarde em outros pontos da Europa.
As origens
Fsseis

Proconsul

poca em que
viveram
21 000 000 a
10 000 000

Caractersticas
Ereto, o ancestral dos
chimpanzs e gorilas.
Dente canino grande.
Provavelmente no fazia
artefatos para se defender.
Vivia na frica.

Ramapithecus

14 000 000 a
12 000 000

provavelmente o mais
antigo primata
semelhante ao homem.
Arco dental curvado.
Provavelmente vivia em
rvores.

Australopithecus

4 000 000 a
900 000

Volume enceflico 450 ml.


Ereto. Usava o fogo.

Homo erectus
Homem de
Pequim

800 000 a
400 000

Volume enceflico 1 000 ml.


Vida comunal, usava o fogo
e fazia ferramentas
primitivas de pedra.

Homo sapiens
Java

300 000 a
50 000

Crnio espesso com


sobrancelhas salientes e
testa inclinada.

Homo sapiens
Neanderthal

200 000 a
40 000

Volume enceflico maior


do que 1 500 ml.
Fabricava ferramentas
avanadas. Enterrava os
mortos e aparentemente
tinha uma religio.

Homo sapiens
Cro-Magnon

40 000 a
10 000

Pintava cavernas e esculpia


figuras; inventou a
agulha de costura.

Do Proconsul surgiram o gibo, o chimpanz e o gorila. Do


Ramapithecus surgiram o Australopithecus e o Homo.
Sempre que se descobria um novo grupo de fsseis, a tendncia era
classific-lo como gnero e espcie novos. Todavia no existe consenso
racional para tal. Alguns desses fsseis coexistiram, como o homem de
Neanderthal e o Cro-Magnon, ou o Cro-Magnon e o homem moderno,
no sendo excluda a possibilidade de que pudessem cruzar, produzindo
descendentes frteis. Um Cro-Magnon vestido como um homem moderno, apesar de suas diferenas, no chamaria a ateno.
extraordinrio conceber como cada uma dessas raas migrou, atravessando continentes, colonizando-os para depois ser substituda pela
raa mais evoluda.
Alm do contnuo aumento de volume do crebro, o desenvolvimento mais importante durante a evoluo foi a alterao da forma da
faringe e da lngua, permitindo que os sons produzidos na laringe fossem modulados pela lngua, pela alterao do espao acima da faringe.
Isso permitiu ao Homo sapiens desenvolver a linguagem, falar e
com isso criar uma transmisso de informao instantnea e contnua
(em contraste com a informao gentica, que transmitida de uma s
vez de uma gerao para outra), permitindo a transferncia de suas descobertas, como o caso da produo de ferramentas.
Com a descoberta da escrita, a informao cultural passou a ser
mais importante do que a gentica, mantendo o homem como uma espcie nica.
Recentemente, comparando-se seqncias dos cromossomos Y e
mitocondriais e recuperando-se em alguns casos o DNA de ossos e
outros fsseis, tem sido possvel analisar a histria das populaes humanas. Essas pesquisas indicam a existncia de apenas quatro linhagens de DNA entre os amerndios, que devem ter resultado de migraes da sia Oriental (Monglia), atravs do estreito de Bering, cerca
de 20 mil anos atrs, num perodo glacial que permitiu a passagem a
p, chegando at a Patagnia. No se confirmam as idias de que a
Amrica do Sul teria recebido migraes da frica ou de vikings e de
que o Brasil teria sido ocupado h mais de 12 mil anos. As mais antigas populaes brasileiras so os fsseis da Lagoa Santa, que viveram
h 10 mil anos e desapareceram. A Amrica do Sul foi o ltimo continente a ser povoado pelo homem.
Fonte: RAW, Isaias; MENNUCCI, Leila; KRASILCHIK, Myriam. A biologia e
o homem. So Paulo: Edusp, 2001, p. 328 a 333

CONSCINCIA E DOGMA
A ORIGEM DO HOMO SAPIENS
A histria do surgimento do homem a partir da evoluo gradual de um antigo ancestral, que tambm deu origem aos grandes
macacos est bem documentada por evidncias cientficas acumuladas desde que Darwin e Wallace ousaram defender uma verso
diferente da registrada no texto bblico. O confronto entre o conhecimento e o mito, porm, permanece vivo, como mostra o crescimento, inclusive no Brasil, do movimento criacionista. Os textos
religiosos so belos em sua fora simblica e valiosos para a cultura, mas sua interpretao dogmtica representa um srio obstculo
compreenso do mundo e, portanto, prpria compreenso da
espcie humana.
Olhando em volta nos vemos diferentes dos outros animais. Muitas
vezes, at, nos achamos to afastados deles que falamos como se eles
pertencessem natureza e ns, os Homo sapiens, no. Falamos com
freqncia na dicotomia o homem e a natureza, embora esta seja apenas aparente. O que acontece que, como humanos, vemos o mundo
atravs de nossa tica. O que nos aponta alguma semelhana so as nossas necessidades bsicas, metablicas.
Na verdade, o que nos distinguiu dos demais seres vivos foi a nossa
capacidade de desenvolver uma linguagem articulada, que permite combinar palavras seguindo uma gramtica e assim construir frases que adquirem um sentido mais amplo que a simples adio dessas palavras.
uma linguagem de dupla articulao, j que se utiliza das palavras e dos
sentidos. Essa linguagem, surgida no se sabe quando, deu-nos uma nova
capacidade que no parece ser encontrada em nenhum outro ser vivo: a
conscincia. Somos animais que temos conscincia da morte, que vivemos as aflies do futuro, que encontramos a nossa identidade no passado. Olhamos o mundo com um olhar prprio e podemos enxergar alm
do horizonte.

43
MP_BIO Col. Base_2

43

22/06/05, 8:40

O mito e a matemtica
Os mitos tm duas funes essenciais para a preservao da cultura.
Em primeiro lugar, eles respondem s nossas perguntas existenciais mais
primrias Como surgiu o mundo? Como, e quando, ele acabar? Quem
foi o primeiro homem? O que ocorre depois da morte? A outra funo
a de justificar um sistema social existente e dar sentido a costumes e
ritos tradicionais, criando, assim, um sentido de pertencimento ao grupo. A linguagem simblica dos mitos exige uma permanente interpretao e uma adequao aos acontecimentos que caracterizam a histria da
cultura.
Grande parte dos mitos inicia sua narrativa afirmando que no incio
era o caos, ou o nada, e que em dado momento alguma entidade
sobrenatural criou tudo o que viria depois. Esse elemento comum pode
estar relacionado ao fato dos mitos de origem serem, em ltima instncia, mitos fundadores de culturas. Eles nos dizem quando se comea a
ter conscincia do mundo, ou seja, quando a linguagem de dupla articulao permitiu ordenar e classificar o mundo sensvel, dando a este um
significado.
Interpretar um mito sem levar em conta sua linguagem simblica
nos leva a uma posio delicada, que desfaz a fora do prprio mito. Um
exemplo marcante dessa apropriao do mito, retirando dele seu valor
simblico, ocorreu no sculo 17. A cincia moderna mal iniciava sua
trajetria. O fsico e astrnomo italiano Galileu Galilei (1564-1642) havia publicado os seus dilogos e mostrado que a matemtica era a linguagem que se podia usar para compreender os fenmenos naturais,
anunciando uma revoluo de maiores conseqncias que iria transformar por completo a maneira ocidental de se olhar o mundo. Nesse

momento de transformao, tentou-se estudar a Bblia usando a matemtica. Isso tornou possvel fazer uma contagem regressiva do Velho
Testamento e chegar ao dia em que Deus teria criado Ado. O dia e a
hora aproximada, como afirmava o telogo ingls John Lightfoot (16021675), vice-chanceler da Universidade de Cambridge. Ele havia refeito
os clculos do arcebispo irlands James Ussher (1581-1656) e obtido o
que julgava ser uma preciso maior. Para Lightfoot, Ado teria surgido
no mundo por criao divina no dia 23 de outubro de 4004 a.C., por
volta das nove horas da manh.
A cronologia da criao passou a ser adotada como dogma e
publicada nas Bblias inglesas at o sculo 19. Foi nelas que Charles
Darwin (1809-1882) aprendeu a religio. Durante sua viagem ao redor
do mundo no Beagle, Darwin ainda era um ortodoxo. Acreditava que o
mundo no tinha mais que seis mil anos. E suas observaes como naturalista foram influenciadas por essa crena.
Antes do incio da viagem de Darwin j existia a noo de que as
espcies haviam evoludo e muitas delas desaparecido. A interpretao
dos fsseis como registros do passado levou o paleontlogo francs
Georges Cuvier (1769-1832) a afirmar que os ossos fossilizados que
analisava no eram de espcies atuais (lhomme fossile nexiste pas,
dizia ele: o homem fssil no existe mais). Decorrncia dessa afirmao o fato de que espcies do passado no esto mais presentes, ou
seja, o ser vivo passou por mudanas. As idias de evoluo remontam a
essa poca. Jean-Baptiste Monet, cavaleiro de Lamarck (1744-1829),
no admitia que as diferentes espcies presentes tivessem surgido na
criao, como afirma a Bblia, e se mantido estticas desde ento, pois
se isso tivesse ocorrido elas no poderiam sobreviver s alteraes
ambientais. Sua concluso foi a de que as espcies se transformavam
continuamente para poder sobreviver a um ambiente que se altera o tempo todo.
Uma das mais importantes descobertas no campo da geologia foi
feita pelo ingls William Smith (1769-1839) no incio do sculo 19. Smith
descobriu que as camadas de sedimentos so registros de tempos antigos, e isso o levou a concluir que a Terra no foi, no passado, semelhante
ao que hoje. Ou seja, a prpria Terra tem uma histria. A interpretao
das camadas sedimentares mostrou que o planeta muito mais antigo do
que se poderia supor. Sua histria ultrapassa muito a marca de alguns
milhares de anos. De fato, pelas observaes atuais, a Terra surgiu a
partir da aglomerao de tomos e molculas, quando o sistema solar se
formou, h uns 4,5 bilhes de anos. A vida, por sua vez, parece ter surgido apenas uns 500 milhes de anos aps a formao do planeta.
Nessa nova percepo do tempo de existncia da Terra, existe tempo para que os mecanismos que atuam sobre a transformao do ser
vivo possam ocorrer. Trata-se, portanto, de uma viso radicalmente diversa daquela vivida por Darwin em sua viagem, quando ele tinha como
dogma a cronologia de Ussher. De fato, em seis mil anos seria impossvel pensar em mudanas dos seres vivos. Mas nesse perodo to curto
tambm seria impossvel pensar nas transformaes geolgicas observadas, como havia mostrado outro gelogo, o escocs Charles Lyell
(1797-1875), amigo de Darwin. Para Darwin, era fundamental reformular
sua idia do tempo de origem da Terra e do surgimento do homem no
planeta. E, sem dvida, esse foi um dos obstculos que ele teve que
ultrapassar para poder formular uma teoria de evoluo por seleo natural. Em sua autobiografia, Darwin deixa claro que teve muita dificuldade em abandonar sua viso ortodoxa da religio.
Espcies em transformao
A evoluo por seleo natural, proposta por Darwin e Alfred Russel
Wallace (1823-1913) em 1858, tem como elemento essencial o tempo.
Wallace realizou uma expedio Amaznia no perodo de 1848 a 1852,
quando manteve contato com outro naturalista ingls, Henry Walter Bates (1825-1892), que esteve na mesma regio de 1848 a 1859. provvel, como aponta o bioqumico Ricardo Ferreira, da Universidade Federal de Pernambuco, que a semente da teoria da evoluo por seleo
natural tenha nascido ainda em 1850, quando do ltimo encontro de
Wallace e Bates em uma regio prxima a Manaus (ver A natureza brasileira e a teoria da evoluo, em CH n 127).
Quando de seu retorno Inglaterra, em 1852, Wallace sofreu um
naufrgio e perdeu todas as suas anotaes e colees. Sem poder apresentar seu trabalho, ele seguiu para a Indonsia em 1854, onde permaneceu at 1862. L, Wallace escreveu dois artigos sobre a idia de
evoluo por seleo natural. O primeiro, On the law which has

44
MP_BIO Col. Base_2

44

22/06/05, 8:40

Reproduo proibida. Art. 184 do Cdigo Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Nossa capacidade de deduzir levou-nos a concluir que a Terra


redonda somente observando a sombra projetada por uma haste em
dois pontos distantes. Ao observar um eclipse lunar, conclumos que a
regio escura formada na Lua era a sombra da Terra projetada no espao, e foi possvel estimar o tamanho relativo de nosso satlite. Ao observarmos o ciclo lunar ou a seqncia das estaes do ano, pudemos
criar um calendrio e medir o tempo. Desenvolvemos a capacidade de
inferir o futuro. E foi possvel uma necessidade mesmo de sobrevivncia construir uma interpretao do mundo que pudesse fazer
sentido e nos dar sentido.
Nossos ancestrais diretos, os primeiros H. sapiens, surgiram possivelmente entre 150 mil e 100 mil anos atrs. Antes desse momento, no
extenso perodo que vai de 1,5 milho a 500 mil anos atrs, sabemos que
os Homo erectus migraram da frica e ocuparam diversas regies do
mundo. Estes no parecem ser substancialmente diferentes de ns, e
alguns pesquisadores acreditam que tanto um quanto o outro pertencem
a uma s espcie derivada de um ancestral mais antigo, um homindeo
extinto muito tempo antes. Registros arqueolgicos mostram que os H.
erectus j desenvolviam complexos rituais de morte, o que indica terem
sido capazes de desenvolver uma linguagem articulada e j possurem
alguma espcie de cultura. Mas os registros mostram tambm que, aps
esse perodo de migrao para lugares distantes, eles desapareceram sem
que saibamos as razes. Um pequeno ncleo de H. erectus, isolados dos
demais em uma regio possivelmente a nordeste da frica ou no Oriente
Prximo pode ter dado origem ao H. sapiens.
A capacidade de articular uma linguagem e de desenvolver a conscincia permitiu ao H. sapiens procurar solues para a sua adaptao a
lugares inspitos e a condies climticas adversas. O homem capaz
de sobreviver ao calor dos desertos e ao frio glido das regies polares.
Podemos viver em regies ridas ou em reas de umidade elevada. A
sobrevivncia possvel adaptando-se ou criando-se novos hbitos alimentares adequados aos recursos disponveis. Essa capacidade est diretamente relacionada possibilidade de transmitir informaes e experincias de uma gerao para a outra. Vivemos na natureza, dela dependemos, mas, em diversas pocas, consideramo-nos alm dela. E de fato
estamos alm dela, no sentido de que podemos pensar sobre ela, buscar
interpretaes e significados.
De incio coletores-caadores, os H. sapiens comearam a criar assentamentos maiores e, por volta de 3 mil a.C., as primeiras cidades
apareceram na Mesopotmia, regio que corresponde aproximadamente ao atual Iraque. A capacidade de articular uma linguagem permitiu o
desenvolvimento de uma conscincia e o surgimento de ritos que garantiam a manuteno da identidade dos indivduos no seu grupo. Com o
surgimento das primeiras cidades nasceu uma nova ordem poltica.

Reproduo proibida. Art. 184 do Cdigo Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

regulated the introduction of new species (Sobre a lei que tem regulado a introduo de novas espcies), escrito em 1855, foi encaminhado
para publicao. Uma cpia do artigo de 1858, intitulado On the
tendency of varieties to depart indefinitely from the original type (Sobre a tendncia das variedades de se afastar indefinidamente do tipo
original), foi encaminhada para Darwin para comentrios. Menos de
um ms depois que este recebeu o manuscrito, ainda em 1858, os trabalhos de Wallace e de Darwin sobre a evoluo foram apresentados
na Linnean Society. No ano seguinte foi publicado o livro de Darwin,
A origem dos espcies, onde se pode notar a influncia das idias de
Wallace sobre o processo de seleo.
A idia-mestra do processo de evoluo por seleo natural , em
linhas gerais, a de que uma parcela de uma populao, ao sair de um
ambiente inicial, se mantm isolada da populao de origem. Com o
tempo, no novo ambiente, alguns caracteres presentes nesse grupo que
permitem uma melhor adaptao ao novo ambiente sero selecionados
(j que seus portadores tero vantagens para sobreviver e deixar descendentes) e iro dominar na populao. Os caracteres selecionados, diferentes dos que dominavam na populao antes do isolamento, do origem a novos estados. Nem todas as mudanas sobrevivero, pois a seleo natural age no sentido de eliminar aquilo que no se adapta ao meio.
Com o tempo e o isolamento, uma nova espcie, derivada da primeira,
ir surgir no novo ambiente. Essa trajetria explica, entre outras coisas,
a tendncia a uma maior diversidade das espcies e no, como se poderia pensar, a um estrangulamento que levaria sobrevivncia de apenas
uma espcie.
Nem Darwin nem Wallace poderiam dizer como os caracteres alteravam-se, pois nenhum dos dois tinha conhecimento dos princpios da
gentica segundo a qual as mutaes ocorridas nos genes so responsveis por essas alteraes. A gentica, em particular a gentica molecular,
s iria aparecer muitos anos depois da publicao dos trabalhos iniciais
sobre a evoluo por seleo natural. Hoje, com o desenvolvimento de
tcnicas extremamente precisas, possvel comparar a informao gentica de diferentes espcies e estabelecer seu grau de parentesco.
A teoria da evoluo por seleo natural teve de imediato uma enorme resistncia, pois via-se nela uma negao frontal ao carter particular e divino do homem. As maiores crticas vieram dos setores mais
conservadores. Como, estes perguntavam, podia-se afirmar que o homem, feito imagem e semelhana de Deus, vinha do macaco?
Essa questo, uma entre as muitas que perduram h mais de um
sculo, revela uma leitura superficial e equivocada das idias que aparecem na teoria da evoluo por seleo natural. O Homo sapiens apenas
um parente de gorilas e chimpanzs. Os estudos em gentica e em
paleontologia mostram que essas trs espcies devem ter se originado a
partir de um ancestral que viveu h mais de 10 milhes de anos, muito
antes do surgimento de qualquer cultura. Essa espcie, extinta h milhes de anos, deu origem a espcies diferentes que, por sua vez, acabaram originando as trs atuais. Gorilas, chimpanzs ou homens no conseguiriam sobreviver s condies ambientais em que viveu o seu ancestral comum, nem este se adaptaria ao mundo de hoje.
A vida vem mudando permanentemente, embora muito lentamente.
Mas nem gorilas nem chimpanzs foram capazes de desenvolver uma
linguagem articulada. J foi demonstrado, por exemplo, que os grandes
macacos podem aprender quase mil palavras, mas so incapazes de formar uma frase. Os macacos podem, sem dvida, construir instrumentos
rudimentares e, como muitos outros animais, conseguem se comunicar
com eficincia. Mas a gramtica s foi desenvolvida pelo homem. E
isso o que nos diferencia dos demais animais.
Razo, simbolismo e dogma
A extrapolao das idias evolucionistas para o campo social mostrou-se, como era de se esperar, um desastre. No se pode pensar em
evoluo em tempos histricos. A evoluo um processo que precisa
de tempo de muito tempo para agir. Um fato importante que devemos ter em mente o de que a compreenso da teoria da evoluo por
seleo natural, uma teoria elaborada, exige um grande conhecimento
de suas bases. Uma leitura superficial leva no compreenso das idias
que formam a base dessa teoria.
Como entender, sem essa compreenso, que as espcies tm
caracteres, que existem variedades ou estados, que os genes atuam no
processo de seleo? Como compreender que a informao da vida est
contida em quase todas as clulas do corpo humano em uma molcula

microscpica, o DNA, que, estendido, teria mais de 1 m de comprimento? So conceitos muito distantes do senso comum, embora, muitas vezes, possam com este se confundir. Aqui ingressamos em um dos aspectos que desafiam todos os que se dedicam divulgao da cincia. Como
falar de teorias elaboradas para um pblico que no tem conhecimento
de conceitos bsicos?
A leitura sem orientao leva o leitor a um emaranhado de idias
confusas, que no fazem sentido. Como salienta o antroplogo francs
Claude Lvi-Strauss no prefcio de seu livro Histria de lince (Companhia das Letras, 1993): Para o homem, volta a existir, portanto, um
mundo sobrenatural. () Aos olhos dos leigos (ou seja, de quase toda a
humanidade), esse mundo sobrenatural apresenta as mesmas propriedades que as do mito: tudo acontece de um modo diferente do que no
mundo comum e, freqentemente, ao inverso. Para o homem comum
todos ns esse mundo permanece inatingvel, exceto pelo vis de
velhos modos de pensar que o especialista consente em restaurar para o
nosso uso. () Do modo mais inesperado, o dilogo com a cincia
que torna o pensamento mtico novamente atual.
nesse cenrio que as idias criacionistas ressurgem com fora na
sociedade tecnolgica. Idias que oferecem um forte obstculo para a
compreenso do mundo atual, pois baseiam-se em leituras dogmticas
de textos que so belos por sua fora simblica e que no podem, de
forma alguma, ser abandonados, pois constituem nosso mito de origem
e contribuem para a construo de nossa cultura. Mas so textos que
devem ser lidos com a mente aberta para que se entenda o simbolismo,
uma das mais fortes caractersticas de nossa linguagem articulada. No
devemos errar como o reverendo Ussher ou o vice-chanceler de
Cambridge e racionalizar o simblico. Seria uma perda irreparvel.
Fonte: BARROS, Henrique Lins. Centro Brasileiro de Pesquisas Fsicas. Revista
Cincias Hoje. Rio de Janeiro: SBPC, vol. 36, n 215.

A SADE GLOBAL
Por que global?
possvel que o adjetivo global venha a ser equivocadamente entendido como sade perfeita e total, como ausncia de qualquer doena,
defeito ou imperfeio. Essa utopia encontrou algum respaldo na definio cunhada pela Organizao Mundial da Sade (OMS), segundo a
qual a sade um estado de completo bem-estar fsico, mental e social, que contribuiu para ampliar (at demais, s vezes) o horizonte muitas vezes puramente organicista da biomedicina. Nos corredores da OMS
em Genebra, porm, s vezes ouviu-se sussurrar: Se algum vier aqui e
afirmar que se encontra num estado de completo bem-estar etc., etc.,
etc., vamos intern-lo no manicmio. Na verdade, a sade no um
estado e no perfeio. uma condio em equilbrio varivel, que
diferentemente do passado pode-se hoje mudar notavelmente para melhor. Parece-me tambm pouco provvel que se possa atingir a perfeio
humana por meio da higiene e da medicina; s vezes, essa tentativa induz as pessoas a realizar excessos, os mdicos a tratar o suprfluo e os
Estados a perpetrar abusos.
Assim, entendo por sade global aquela de todos os sujeitos humanos, e penso que existam motivos vlidos para pr esse conceito no centro da reflexo biotica sobre a relao entre sade e doena. O motivo
principal que a sade, a qual ao mesmo tempo um dos processos
mais ntimos da pessoa e um dos fenmenos mais ligados vida coletiva, tem um carter duplo no plano moral: intrnseco, como presena,
limitao ou ausncia de capacidades vitais (no limite, como anttese
entre vida e morte), e instrumental, como condio essencial para viver
em liberdade. De fato, a liberdade substancial fica reduzida quando a
doena predomina: a) porque o indivduo normalmente fica impedido
em uma ou mais das suas faculdades de decidir e de agir; b) porque a sua
sorte confiada a poderes estranhos, sobretudo se ele no mais considerado, enquanto doente, um cidado detentor de direitos; c) porque a
doena, quando grave e persistente, freqentemente lana o indivduo
(assim como as naes) para baixo, para um crculo vicioso de uma
regresso que pode se tornar irreversvel. Isso foi o que ocorreu muitas
vezes no passado, e que est acontecendo agora. Para muitos camponeses chineses, por exemplo, desde que foi reduzida ou eliminada a assistncia pblica, adoecer tornou-se a causa principal da sua precipitao
na pobreza, como acontecia nos campos h um ou dois sculos. Em

45
MP_BIO Col. Base_2

45

22/06/05, 8:40

Prlogo: a unificao microbiana do mundo


A globalizao das doenas, ou seja, a difuso dos mesmos quadros
mrbidos por todas as partes do mundo, comea em 1492, com a descoberta (ou conquista) da Amrica, que assinalou a passagem dos povos e,
portanto, das suas doenas, da separao comunicao global.
Mesmo antes, na histria, as doenas epidmicas j se haviam difundido de um continente a outro, seguindo os deslocamentos das populaes e a troca de mercadorias, como a peste e o clera que viajaram
diversas vezes entre a sia e a Europa. Porm, antes de 1492, as muitas
condies diferentes determinadas pelo ambiente, pela nutrio, pela
organizao social e cultural e sobretudo pela presena ou ausncia de
germes, de vetores biolgicos e de doenas infecciosas, que em todos os
lugares eram a principal causa de mortalidade, tinham criado quadros
epidemiolgicos notavelmente diferentes entre o Velho e o Novo Mundo. Nas Amricas, por exemplo, no existiam a varola, o sarampo, a
febre amarela, a malria perniciosa e provavelmente a difteria, a coqueluche, a varicela, a febre tifide, a escarlatina e a gripe. Na Eursia e na
frica no havia a sfilis.
Tambm por isso, aps 1492, o impacto das novas doenas foi devastador, principalmente no continente americano, cujas populaes no
apresentavam nenhuma defesa imunolgica contra elas. Essas resistncias imunitrias desenvolveram-se sempre como resultado de longa seleo, convivncia, lutas e adaptaes entre os microorganismos e o hspede; apenas em pocas recentes a resistncia humana tambm foi criada como produto da cincia.
Alguns outros aspectos daquilo que ocorre no Novo Mundo impem reflexes morais. Estas nascem da simultaneidade e da sinergia
entre as doenas, ento incontrolveis, e a perda da identidade, da segurana e do poder das populaes americanas, tudo isso causado pelo
extermnio deliberado, pelo trabalho escravo e letal nas minas, pela quebra dos equilbrios alimentares, pelo colapso psicolgico e cultural que
contribuiu para reduzir a resistncia s doenas e provocou at mesmo
epidemias de suicdios.
A primeira denncia da histria mais longa de massacres e devastaes que poderia e deveria ser redigida foi escrita pelo bispo Bartolom
de Las Casas em 1552. As anlises mais aprofundadas so aquelas realizadas nas ltimas dcadas do sculo XX, como efeito de uma radical
reviso historiogrfica sobre o equvoco de Colombo. Ao longo dos
sculos, que separam essas duas datas, o julgamento que prevaleceu foi
aquele correspondente tradio da histria escrita pelos vencedores,
pelo menos quanto a dois aspectos. Um deles est na nfase quase exclusiva sobre as doenas, verificada em todos livros, manifestando a
tendncia a encobrir as outras causas de extermnio, provocadas e em
razo das culpas humanas. O outro consiste em subestimar as perdas demogrficas ocorridas no continente americano. A cifra global da queda

populacional entre o incio e o fim do sculo XVI havia sido avaliada


em apenas 5-10 milhes de vidas perdidas. Pesquisas sucessivas demonstraram que as Amricas em 1492 eram to populadas como a Europa (50-80 milhes), ao passo que, no final do sculo XVI, no restavam
ali mais que 10 milhes de habitantes. Mesmo que no se possa definir
estritamente como genocdio, dado que o extermnio foi provocado por
uma conjuno de fenmenos naturais e decises humanas, essa foi certamente a maior tragdia demogrfica j vivida pela espcie humana.
Ao se analisar os aspectos antropolgicos e morais dessa experincia, deparar-se-o com dois mitos, que durante muitos sculos conspiraram, por ignorncia das causas e dos percursos das doenas, contra o
avano das aes humanas para preveni-las e cur-las.
O primeiro deles trata-se da origem divina das doenas: para alguns
por desprezo, para outros por preferncia. Quando os cristos encontraram-se exauridos pela guerra contou Francisco de Aguilar, sequaz
de Corts Deus achou por bem mandar a varola aos ndios e a cidade
foi colhida por uma grande pestilncia (). Em 22 de maio de 1634,
John Winthrop, primeiro governador da Massachusetts Bay Colony, assinalou: Quanto aos indgenas, quase todos morreram de varola; desse
modo, o Senhor quis estabelecer o nosso direito quilo que possumos.
Deve-se acrescentar que os prprios amerndios atriburam ao privilgio
divino a incolumidade dos espanhis diante do mal que exterminava os
nativos, o que contribuiu para o seu abalo psicolgico e sua posterior
derrota. Toda a medicina cientfica afirmou-se refutando esse mito, de
Hipcrates em diante, graas sua negao em reconhecer a presena
direta e pessoal do divino na natureza, e tambm da crena de que a
epilepsia, por exemplo, fosse um male sacro: Acerca do mal sacro, essa
a realidade. Por nada mais divino ou mais sacro do que as outras
doenas, mas tem estrutura natural e causas racionais. Entretanto, mesmo quando as muitas causas foram reconhecidas, o mito se perpetuou.
O outro mito consiste em atribuir a origem das doenas ao inimigo ou ao estranho diferente, hostil e, portanto, suspeito, e se manifestou claramente na outra margem do Atlntico quando apareceu a sfilis.
Proveniente do Novo Mundo, a doena explodiu na Europa pela primeira vez em 1495, de forma epidmica, durante o assdio e a conquista de
Npoles pelos exrcitos franceses de Carlos VIII. Atingiu de modo igual
os dois exrcitos, mas os italianos logo a denominaram mal franzes (ou
em linguagem mais douta morbus gallicus), enquanto os franceses a
chamaram mal napolitain. Quando chegou ao Oriente, os japoneses a
definiram como mal portugus, e assim por diante, a cada vez culpando
outras nacionalidades. Foram registradas mais 12 diferentes denominaes de origem da sfilis, todas estigmatizantes, provenientes de outros tantos povos e pases. Quando se comeou a intuir que a doena
proviesse da Amrica, obviamente no faltou a tendncia a atribuir a
culpa aos ndios vitimados pela doena, porque no tinham conhecido
a palavra de Cristo, e aos transmissores dela, porque tinham hbitos
particularmente libidinosos.
Antes e tambm depois da sfilis, alis, a tendncia a inculpar os
outros pelas epidemias foi uma componente constante da histria das
doenas. Os judeus foram acusados como transmissores da peste negra
na Europa, os irlandeses pelo clera em Nova York, os italianos pela
poliomielite no Brooklyn. Enfim, deve-se recordar que a primeira definio da AIDS, formulada pelo Centro de Controle de Doenas (CDC)
de Atlanta, quando identificou a doena, foi imunodeficincia adquirida relacionada aos homossexuais (Gay-related immune deficiency),
porque os primeiros focos epidmicos tinham sido observados entre a
comunidade gay; posteriormente, a doena foi associada aos haitianos.
bvio acrescentar que as investigaes epidemiolgicas no podem
negligenciar locais, focos epidmicos, ambientes e comportamentos que
possam contribuir para a difuso das doenas; mas so justamente os
mitos que descrevi que dificultam essas pesquisas.
Primeiro ato: a sade torna-se internacional
Depois da unificao microbiana do mundo transcorreram quase
trs sculos antes que a humanidade (povos, governos, cultura e cincia)
tomasse conscincia dos riscos comuns e comeasse a encar-los com
um empenho que ultrapassasse as fronteiras. Porm, no foram sculos
obscuros, mesmo porque desde o sculo XVII j comeara a afirmar-se
o valor do conhecimento cientfico e da experimentao. No sculo
XVIII, reconheceu-se que salvar as almas no mais o nico dever das
famlias e das autoridades civis e religiosas. Salvar os corpos um compromisso igualmente importante, e foram feitos grandes avanos no

46
MP_BIO Col. Base_2

46

22/06/05, 8:40

Reproduo proibida. Art. 184 do Cdigo Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

alguns pases africanos, a combinao entre AIDS, pobreza e a indiferena do mundo significa cair numa crise dificilmente reversvel.
Sade global, tambm, porque a sade um bem indivisvel. Nesse campo, e vou insistir nisso, o gnero humano est ligado por um
destino comum. Por isso paradoxal que enquanto so globalizadas as
finanas, a informao simultnea, a migrao dos povos e a transferncia de mercadorias, a criminalidade organizada, os conhecimentos
cientficos e as tecnologias, os sistemas de poder, a produo, o consumo e o trabalho humano, um bem essencial como a sade seja negligenciado ou deteriorado por uma globalizao to proeminente e
invasiva. Exatamente porque a globalizao representa a fase atual e
futura do desenvolvimento e porque pode responder a muitas exigncias do gnero humano, a sade deve ser encarada hoje como uma
finalidade global, como um bem que em toda parte seja tratado de
forma explcita e programada.
A dimenso global da sade e das escolhas morais ligadas a tal dimenso, que agora predominante, na verdade, no totalmente nova.
Apresentou-se, muitas vezes, nos sculos que constituem a poca moderna, de formas diferentes daquelas que se est vivendo. Por isso, tratarei esse tema sob uma perspectiva diacrnica, correspondente aos eventos e s orientaes que efetivamente estiveram em cena na histria do
mundo. Assim, tentarei descrever as vrias fases na forma de um prlogo e mais trs atos: cada um deles com caractersticas prprias e suas
prprias coordenadas morais. Nas partes conclusivas, farei ento referncia questo crucial da eqidade na sade, s tendncias atuais da
globalizao e as escolhas morais que seguem a isso.

Reproduo proibida. Art. 184 do Cdigo Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

sentido de reconhecer que a competncia sobrenatural do juiz das almas, telogo e confessor, pai espiritual e exorcista deveria ser substituda pelo juzo natural sobre os influxos mrbidos da alma sobre o corpo e pela competncia do mdico. Porm, apenas no sculo XIX, foram verificados os trs pressupostos indispensveis a qualquer ao eficaz contra as doenas: a) o conhecimento das suas causas; b) a
individuao de recursos preventivos e teraputicos; c) a vontade de agir
contra as doenas no mbito internacional.
Essa possibilidade tivera uma primeira confirmao j no final do
sculo XVIII, com o incio da difuso mundial da inoculao preventiva
da varola contra as suas formas mais violentas. Essa era praticada j h
tempos na sia, com o uso da serosidade extrada de pstulas varilicas
j curadas. A prtica veio ao conhecimento da Europa pela Turquia, onde
as curandeiras empricas conseguiam provocar a doena nas crianas de
forma atenuada, criando nelas uma imunidade permanente. Tambm para
a Amrica, o mesmo conhecimento emprico fora trazido pelos escravos, que o haviam conhecido na frica. Entretanto, a vacinao apenas
se difundiu pela Europa, e depois para o mundo, quando Jenner, tendo
tambm aproveitado a experincia popular feminina, a reinventou e a
aperfeioou; e quando, aps ter promovido a experimentao com presidirios e crianas rfs, a famlia real inglesa aceitou ser inoculada e
divulgar a prtica.
Dentre as razes pelas quais a vacinao emprica difundira-se to
tardia e lentamente na Europa, duas merecem uma reflexo. Uma consiste na cegueira epistemolgica e na arrogncia profissional dos mdicos europeus, que julgavam no ter nada a aprender com pessoas que
os seus preconceitos induziam a considerar como trs vezes subdesenvolvidas intelectualmente: porque mulheres, porque curandeiras e porque turcas. A outra est no debate teolgico sobre o prprio princpio da
vacinao: de um lado, aqueles que se opunham a ela porque contrariava
os desgnios da providncia divina, nico rbitro da vida, da doena e da
morte. A isso acrescentava-se um duplo agravante especfico: o fato
de que o remdio era uma inveno dos turcos infiis, aperfeioada e
difundida na Europa pelos mdicos da Inglaterra protestante. Do outro
lado, aqueles que a justificavam, tambm em nome de Deus. Na Itlia,
teve muita repercusso o parecer de trs conhecidos telogos toscanos,
os quais sustentavam que quem desafiava Deus eram aqueles que rejeitavam a vacinao, pondo em risco a vida dos homens; e afirmavam que
o Senhor ensina a aceitar serenamente da sua mo as doenas, mas no
probe de acautelar-se contra elas. A batalha desenrolou-se usando tambm a arma das citaes bblicas: Non tentatibis Dominum Deum
vostrum contra Honora medicum propter necessitatem, etenim illum
creavit Altissimus; e a medicina, felizmente, venceu a partida. Posteriormente, na encruzilhada entre a afirmao de que doenas e sofrimento so um dom do Senhor e a vontade de utilizar a cincia mdica para
socorrer os aflitos, depois de muita discusso, a Igreja Catlica
freqentemente elegeu a via mais humanitria, baseando-se na tradio
de beneficncia e contribuindo para difundir sentimentos e prticas de
solidariedade.
A poca de maior progresso na luta contra as doenas epidmicas
foram as dcadas entre os sculos XIX e XX. Descobriram-se muitos
micrbios, os agentes de infeces letais como a tuberculose, a peste e o
clera, assim como foram comprovados os canais da sua transmisso
por meio de artrpodes vetores ou alimentos e gua contaminados. Foram introduzidos soros e vacinas. Muitas cidades foram saneadas. Votaram-se leis para reduzir a jornada de trabalho de 12/14 horas para 8, dar
garantias s mulheres grvidas, impor limitaes aos trabalhos dos menores. Formou-se a idia de que, mesmo sendo o livre mercado um fator
decisivo para o progresso econmico, algumas coisas no poderiam sujeitar-se inteiramente a ele: os seres humanos, antes de mais nada, pois de
outro modo a segurana e a dignidade de todos seriam comprometidas.
Nessa base, foram formuladas as regras universais contra a escravido e,
posteriormente, as leis nacionais sobre o trabalho. Proliferaram os seguros sociais e outras formas coletivas de proteo sade, promovidas ou
garantidas pela ao dos Estados. Enfim, firmaram-se acordos entre naes contra a transmisso de doenas de uma parte do mundo a outra.
A primeira tentativa nessa direo foi feita com a Conferncia Sanitria Internacional de 1851, qual estiveram presentes onze pases europeus mais a Turquia, quando ainda conheciam-se apenas a distribuio
geogrfica e a alta capacidade letal das epidemias mais graves (clera,
peste e febre amarela), ao passo que a etiologia e a transmisso permaneciam ignoradas. A vontade de agir precedeu assim a certeza cientfica.

Todavia, apenas depois de quarenta anos e muitas conferncias conseguiu-se atingir (VII Conferncia, Veneza, 1892) um limitado acordo para
impor a quarentena aos navios que chegavam Europa vindos do Oriente. Uma das razes dessa lentido foi a oposio, principalmente inglesa, a qualquer regra que pudesse obstaculizar o comrcio.
O tema do conflito entre o livre mercado e o controle sanitrio, isto
, da prioridade entre o valor do lucro e o valor da sade, j havia sido
tratado na Toscana renascentista e estava destinado a reapresentar-se de
maneiras sempre novas, resolvendo-se com o prevalecimento de um ou
outro interesse ou ento com acordos mais ou menos razoveis. A outra
razo do atraso em adotar medidas antiepidmicas internacionais foi a
contenda cientfica entre a teoria dos miasmas e a teoria do contgio, as
duas hipteses cientficas sobre a origem e a disseminao das epidemias que disputaram terreno at os ltimos anos do sculo XIX. Quando
foi formado o Office International dHygine Publique, com sede em
Paris (1907, com a concordncia de 23 naes europias), a descoberta
dos microorganismos como agentes infecciosos j havia solucionado essa
contenda.
Quando a tese do contgio (que j havia sido sustentada por Girolamo
Fracastoro em 1546, com o seu livro De contagione et contagiosis morbis
e a sua hiptese dos germes, definidos como seminaria prima) triunfou
graas a Pasteur, Koch e outros cientistas, o debate cientfico entrelaou-se quase que imediatamente com as escolhas a serem feitas na poltica sanitria, e essas com as diversas orientaes morais. Um dos temas
mais controversos (e ao se substituir a palavra micrbio pela palavra
gene reporta-se atualidade) foi a influncia relativa dos micrbios, do
meio ambiente, da natureza e da cultura na origem e na disseminao
das doenas. Houve na Itlia, por exemplo, speras polmicas entre dois
grandes estudiosos da malria, Giovanni Battista Grassi e Angelo Celli:
o primeiro tendia a reduzir o ciclo patognico da doena equao homem doente + anfeles = malria, enquanto o segundo acrescentava a
esta equao outros fatores que so determinantes na epidemiologia da
malria, como as condies de vida e de trabalho, a gua, a nutrio, a
instruo; e afirmava que para combater a doena era necessria a participao de pelo menos trs pessoas: o mdico, o encanador e o professor. Como observou Bernardino Fantini, a equao de Grassi era vlida
quanto causalidade especfica da malria, mas em relao ao sucesso
contra a endemia no podiam ser ignoradas as indicaes de Celli.
Outro tema controvertido, que nos reporta diretamente sade global, nasce dos resultados insatisfatrios da deciso de criar barreiras de
controle, destinadas a conter a chegada de epidemias exticas na Europa. Identificou-se, como escreveu Fantini, a exigncia de repensar o
conjunto das estratgias defensivas contra as doenas epidmicas. J
no bastava proteger as fronteiras dos pases ocidentais ou os assentamentos dos colonos brancos contra os riscos de invaso. Em 1896,
Robert Koch falou Sociedade Alem para a Sade Pblica, criticamente, sobre as orientaes destinadas a impedir a difuso do clera
mediante os cordes sanitrios: Sou da opinio que esses esforos internacionais sejam totalmente suprfluos, dado que a melhor proteo
internacional seria que cada Estado fizesse aquilo que ns fazemos, ou
seja, pegar o clera pelo pescoo e aniquil-lo para sempre. Poucos
anos depois, Angelo Celli observava, nas suas Lies de higiene, que
desde os tempos da primeira Conferncia Sanitria Internacional a inteno limitava-se a impedir a importao da peste bubnica e do clera, doenas causadas por germes que no eram normalmente presentes
nos nossos territrios: Os conceitos predominantes na epidemiologia
do clera eram muitos, diferentes dos atuais: tinha-se uma grande confiana em poder manter o clera distante fechando as fronteiras dos Estados, levantando em terra e no mar barreiras de quarentena que alguns
pases, tomando ao p da letra, prolongavam por quarenta dias. Depois,
viu-se que isso perfeitamente intil.
interessante recordar, como exemplo de interesses contrastantes
que podem convergir a favor da sade, que entre o final do sculo XIX e
o incio do sculo XX, em vrios continentes, muitas descobertas de
agentes biolgicos e de vetores de doenas epidmicas foram feitas por
mdicos coloniais ou por comisses cientficas militares que trabalhavam aps as ocupaes realizadas pelos exrcitos: no norte da frica, o
plasmdio da malria (Laveran, 1880); na China, o micrbio da peste
(Yersin, 1894); na ndia, o papel das pulgas e dos ratos na transmisso
dessa doena; na Amrica Central, o papel do mosquito Aedes aegypti
(j assinalado pelo cubano Carlos Finley em 1891) como vetor da febre
amarela, na poca da abertura do canal do Panam.

47
MP_BIO Col. Base_2

47

22/06/05, 8:40

de acordo com a tendncia a ver a histria apenas do ponto de


vista dos colonizadores e a ignorar a experincia dos colonizados
() como uma histria dos sucessos das raas brancas contra um
cenrio no apenas de graves doenas e ambientes hostis, mas tambm de ignorncia, supersties e inrcia dos nativos.
Porm, no h dvidas de que, alm do desejo de conhecer, as pesquisas
sobre doenas tropicais foram incentivadas pelo fato de que as doenas
atingiam os exrcitos e os colonos e no apenas as populaes locais, e
novos conhecimentos eram indispensveis para estabilizar a explorao
e estend-la s zonas internas dos continentes, aps a ocupao das reas costeiras. De fato, Arnold mostra que ao incio da ocupao procurou-se criar para as tropas e os colonos, com a mesma idia do cordo
sanitrio, nichos residenciais que estivessem resguardados das epidemias; e Milton Roemer acrescenta, no que se refere assistncia, que na
frica os servios mdicos eram considerados necessrios apenas para
proteger os europeus () [os servios] no foram estendidos populao africana a no ser depois da Primeira Guerra Mundial. Certamente, contudo, durante o longo perodo, muitos outros e, s vezes, populaes inteiras, foram beneficiados tanto pelas descobertas cientficas como
pelas medidas preventivas e pelas redes assistenciais, mais ou menos
rapidamente e de maneiras mais ou menos universais. A proteo sade humana comeou assim a ser considerada, desde as primeiras dcadas do sculo XX, uma tarefa da poltica e um objetivo da comunidade
internacional.
Segundo ato: afirma-se o direito sade
A sade comeou tambm a ser considerada como um direito. Isso
ocorreu, como proclama e freqentemente como realidade, no clima de
esperana e de fervor que se seguiu concluso da Segunda Guerra
Mundial. Esse direito foi sancionado em muitas constituies e, na Itlia, com a incisiva formulao direito fundamental do indivduo e interesse da coletividade (artigo 32). E esteve na base do ato constitutivo
da OMS, assinado em 7 de abril de 1948.
Discute-se, do ponto de vista histrico, se tal direito nasceu j no sculo
XIX como uma extenso dos direitos de primeira gerao, isto , dos direitos negativos do cidado tendentes a limitar o arbtrio do poder, como
uma espcie de cidadania sanitria protegida do ataque das doenas epidmicas; ou ento se pertence aos direitos de segunda gerao, os direitos
sociais, para cuja aplicao o poder deve agir intervindo com aes positivas em vez de simplesmente furtar-se a realizar aes coercitivas.
Na verdade, foram muitas as motivaes e os argumentos que contriburam para o seu reconhecimento, antes mesmo que juristas e filsofos o interpretassem e o legitimassem. Segundo Roy Porter, nas naes
industriais afloraram duas idias. Uma era que
o funcionamento harmonioso e eficiente de complicadas economias de produtores e consumidores exigisse uma populao que fosse
saudvel e capaz de ler e escrever, qualificada e respeitadora das
leis; e nas democracias em que os trabalhadores eram tambm eleitores, o amplo desenvolvimento dos servios de sade tornou-se
um dos meios para arrebatar os descontentes,
impedindo-os de escolher rumos arriscados. A outra idia era a de que
prevenir fosse melhor que corrigir; muito melhor determinar antes o
que tornava as pessoas doentes e depois guiados pela estatstica, pela
sociologia e pela epidemiologia tomar medidas capazes de construir
uma sade positiva.
Deve-se acrescentar que essas idias freqentemente foram uma
segunda escolha, uma reconsiderao, aps uma revoluo industrial que
fora acompanhada por formas selvagens de explorao e aps as tendncias eugnicas hostis ao progresso da sade pblica e da sade para
todos, pela idia de que a medicina preventiva estava salvando os fracos ao mesmo tempo em que os robustos, conduzindo assim ao suicdio

racial. Deve-se, tambm, ter conscincia da influncia que exerceram,


no sentido de obrigar a converso a essa segunda opo, os movimentos
sindicais e polticos dos trabalhadores, que produziram um efeito duplo:
promover diretamente uma maior salubridade do trabalho e um amplo
acesso aos servios de sade, e estimular, pelo medo de reaes revolucionrias, a orientao dos governos para a criao de sistemas de segurana social. Tambm nesse caso, agiram beneficamente motivaes e
interesses divergentes. O resultado no foi apenas um tnue compromisso, mas sim um estmulo forte para o melhoramento da vida humana e a
criao de um senso moral comum em torno do valor intrnseco e do
valor nobremente instrumental da sade.
dentro desse quadro que nasce a Organizao Mundial da Sade.
As instituies que a precederam tinham surgido essencialmente para
defender o norte rico do mundo das doenas importadas dos pases pobres do leste e do sul. Por outro lado, a proposta de criar no mais uma
agncia, mas uma organizao mundial, no veio dos pases desenvolvidos e sim do Brasil e da China, com a finalidade de solicitar uma ao
global e com o argumento que as armas da cincia no podem ser
patrimnio apenas dos pases desenvolvidos. A isso soma-se a idiafora, comum naquela poca, de que a sade uma condio prvia para
a paz, imperiosa dadas as conseqncias da guerra em termos de doenas, fome e sofrimento das populaes arruinadas e, mais ainda, sustentada pela conscincia de que existiam novas possibilidades de transformar a necessidade de sade em direito.
A organizao foi denominada mundial em vez de internacional
como uma forma de mostrar que no era apenas o resultado de um acordo entre Estados, mas principalmente uma exigncia dos povos; e estabeleceu como finalidade a sade e, no apenas as atividades sanitrias
em sentido estrito. Assim, acentuou-se o empenho global e ressaltou-se
que o melhoramento da sade no depende apenas da medicina, e que
preciso pr em jogo todos os fatores de melhoramento fsico e psquico
dos indivduos e dos povos, como afirma o estatuto da OMS. As suas
tarefas foram notavelmente ampliadas e passaram a compreender a luta
contra velhas e novas doenas, a nutrio, a infncia, as vacinas e os
frmacos, a sade pblica. Os pontos mais altos da atividade da OMS,
nos quais essa adquiriu prestgio como sujeito moral e como patrocinador autorizado da sade global, foram provavelmente dois: a campanha contra a varola, uma doena que em 1967 ainda era endmica em
trinta e um pases e afligia de 10 a 15 milhes de pessoas, e que foi, pela
primeira vez na histria das infeces humanas, completamente
erradicada; e a Conferncia de Alta Ata (1978), que numa polmica contra o predomnio das altas tecnologias mdicas lanou com argumentos
convincentes e com uma forte motivao moral a centralizao dos cuidados primrios com a sade (primary health care), a ser estendidos por
todo o mundo, como sntese entre preveno, nutrio adequada, disponibilidade hdrica, assistncia infncia, vacinaes, controle das doenas localmente endmicas, tratamentos adequados, frmacos essenciais.
Como resultado de fatores mltiplos, do clima poltico e moral que
prevaleceu sobretudo depois de 1945 e da independncia conquistada
por muitas naes, no sculo XX, houve, pela primeira vez, uma regresso estvel dos flagelos eternos da humanidade e um melhoramento
muito profundo dos nveis de sade, e acelerou-se a jornada para um
notvel aumento da expectativa de vida da espcie humana. Esse fato,
mesmo tendo ocorrido de maneira bastante diferenciada no tempo histrico e no espao geogrfico do globo, mantendo iniqidades substanciais entre os povos, os gneros e as classes, representa indubitavelmente
um extraordinrio progresso social e biolgico do sculo XX. Todos
sabem que tal sculo comportou duas guerras mundiais, inumerveis
guerras locais, genocdios e violncias. Mas tambm vlido o julgamento de Toynbee:
O sculo XX no ser lembrado apenas como uma poca de conflitos polticos e de inovaes tcnicas, mas principalmente como o
perodo no qual a sociedade humana ousou pensar na sade de toda
a espcie humana como num objetivo prtico atingvel.
Terceiro ato: a globalizao dos riscos
Mesmo assim, no estou seguro de que as ltimas dcadas sero
lembradas do mesmo modo. Essa sensao deriva, antes de mais nada,
dos fatos: do fim de muitas esperanas, da retrao do progresso sanitrio, do crescimento das diferenas e da iniqidade na rea da sade e no

48
MP_BIO Col. Base_2

48

22/06/05, 8:40

Reproduo proibida. Art. 184 do Cdigo Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Tais pesquisas caracterizam o nascimento da medicina colonial (que


depois foi renomeada tropical), cuja entrada na Inglaterra foi promovida por Patrick Manson, que na ndia demonstrara (1878) o papel do
mosquito Culex pipiens na transmisso da elefantase: a primeira certeza (seguida depois por muitas outras) da funo dos insetos na transmisso dos microorganismos. Esse captulo da histria da medicina, como
escreve David Arnold, tambm foi analisado

Reproduo proibida. Art. 184 do Cdigo Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

grau de segurana, tanto entre as naes como no interior de grande


parte delas. Os indicadores globais da sade ainda registram alguns progressos, mas poder-se-ia dizer que o problema biotico mais premente
consiste agora na contradio entre dois fenmenos: nunca houve tanta
sade no mundo, tantos conhecimentos seguros e solues possveis,
tantas doenas e mortes prevenveis, evitveis e curveis. Ao mesmo
tempo, existe uma escassa inteno de usar conhecimentos e solues
no interesse de todos.
Isso contribui para explicar por que, enquanto o final do sculo XIX
vivenciou uma onda at mesmo exagerada de otimismo graas s grandes descobertas mdicas e aos primeiros resultados na luta contra as
epidemias, o final do sculo XX foi caracterizado por perplexidade e at
mesmo por pessimismo, sobretudo aps a falncia do incauto slogan
lanado pela OMS nos anos 1980: Sade para todos em 2000. Certamente, no contribuiu para sua credibilidade e nem para elevar os nimos a deciso da OMS, chegado o ano 2000, de relanar o slogan prorrogando o prazo para 2020 e prometendo At o sculo XXI!; salvo em
caso de novo adiamento aps essa data.
Uma razo igualmente forte para essa inverso de nimos sobre as
perspectivas da sade no mundo est provavelmente numa percepo de
que se vive numa poca de crescente globalizao de riscos; essa percepo bastante disseminada, mas vaga porque est ofuscada pela insensibilidade, a desinformao ou a espera quase miraculosa dos sucessos da medicina (todos os DNAs sero restaurados com a terapia gentica, todos os rgos lesados sero substitudos por uma pea de reposio, e promessas em diante). Tal ramo da globalizao parece hoje cada
vez mais claro. Embora outros pudessem ser acrescentados, enquadrei
em quatro campos os principais riscos potenciais e danos atuais sade
e integridade individual e coletiva; trata-se de doenas ou patologias
sociais que produzem conseqncias nocivas ao ser humano: a recrudescncia de antigas infeces e o aparecimento de novas; as implicaes da degradao ambiental para a sade; a universalizao das drogas; as violncias destrutivas e autodestrutivas.
Antigas e novas infeces
A extraordinria reduo da mortalidade por doenas infecciosas
em todos os pases e em todas as idades alimentara, nas ltimas dcadas,
a esperana de um mundo sem epidemias. Infelizmente, a persistente
vulnerabilidade das populaes diante dos micrbios e dos vrus foi demonstrada, nos anos 1970 e 1980, pelo aparecimento e identificao do
vrus da AIDS, que se disseminou rapidamente por quase toda parte. Foi
ento que, como escreveu Laurie Garrett num livro que fala dos riscos
de futuras pestes, os limites e os imperativos da globalizao da sade
tornaram-se evidentes, num contexto mais amplo que o das vacinaes e
do controle das diarrias da infncia; foi ento que se fizeram evidentes as hipocrisias, as crueldades, as falncias e inadequaes das sacras
instituies da humanidade, includos o establishment mdico, a cincia, as religies organizadas, os sistemas da Justia, as Naes Unidas e
os governos de todas as orientaes polticas.
Depois da AIDS, foram identificados outros 29 vrus e bactrias
capazes de disseminar-se globalmente, mas que, at agora, permanecem
felizmente circunscritos a algumas reas. Foi constatada a transmisso
intercontinental de doenas que eram consideradas persistentes apenas
em alguns pases, como o clera, que reapareceu depois de quase um
sculo na Amrica Latina. Acirrou-se a endemizao da malria, que a
cada ano faz milhes de vtimas na frica e em outras reas do hemisfrio sul, e que se estendeu at o estado da Virgnia, nos EUA. Verificaram-se uma recrudescncia e uma maior virulncia de micrbios como
Mycobacterium tuberculosis, com um aumento dos casos tambm na
Europa e nos Estados Unidos.
A explicao mais freqente desses fenmenos refere-se ao aumento exponencial e rapidez dos deslocamentos de homens e mulheres em
todas as partes do mundo. uma verdade que prons, vrus, micrbios e
parasitas viajam sem passaporte e sem visto pelas fronteiras, uma verdade que j fora enunciada pelo historigrafo Henry Sigerist em 1943, j
ento acompanhada de uma advertncia: Desde quando o mundo tornou-se menor como conseqncia dos atuais meios de comunicao ()
a solidariedade humana na rea da sade no pode ser negligenciada
impunemente.
Mas existem outras razes, sem as quais no se explicaria o surgimento ou o recrudescimento atual de muitas doenas. A Encefalopatia

Espongiforme Bovina (BSE, a doena da vaca louca) difundiu-se na


populao humana da Gr-Bretanha e depois se espalhou para outros
lugares, simplesmente porque os criadores alimentaram as vacas com
carne, vsceras e miolos de ovinos, transformando por ganncia nobres
herbvoros em carnvoros e abrindo a via de transmisso interespecfica
dos prons, que assim realizaram um duplo salto de espcie: dos ovinos para os bovinos e desses para o homem. Alm disso, os interesses
comerciais levaram a esconder o risco e a obstar a preveno. A tuberculose aumenta no apenas porque uma infeco oportunista que atinge
os doentes de AIDS, mas, tambm, porque crescem a pobreza e a
marginalidade urbana, as carncias alimentares, o trabalho infantil, o
uso imprprio e indiscriminado de frmacos antibiticos que provocam
a seleo e a disseminao mundial de bactrias resistentes aos medicamentos. A persistncia de doenas microbianas e parasitrias, como a
malria, deve-se tambm carncia de investimentos na pesquisa de
vacinas. As somas disposio dos pesquisadores esto na proporo de
um para cem, se confrontadas as despesas com a malria e com a AIDS:
a nica explicao para essa diferena que a AIDS pode matar ricos e
pobres, enquanto a malria ataca quase somente os pobres. E as viagens
internacionais? No acontecem apenas por turismo, cultura ou necessidade de trabalho. Nos ltimos dez anos, 50 milhes de homens, mulheres e crianas precisaram deslocar-se de um pas a outro como resultado
da fome, de desordens civis, golpes de estado e guerras: tragdias que
sempre foram, na histria, preliminares de doenas.
No quadro evolutivo da espcie, assim como os seres humanos sempre tenderam a colonizar novos territrios, os germes que podem causar
doenas (sejam bactrias, vrus, prons, protozorios ou metazorios)
tm um irrefrevel impulso endgeno de colonizar novos hspedes. Hans
Zinsser, num livro curioso e precursor intitulado Ratos, piolhos e histria, publicado em 1934, escreveu:
Por mais que a vida civilizada possa tornar-se segura e bem controlada, bactrias, protozorios, vrus, pulgas infectadas, piolhos, carrapatos, mosquitos e percevejos estaro sempre emboscados na sombra
para saltar sobre as presas quando negligncia, pobreza, fome ou guerra
reduzem as defesas. E mesmo em tempos normais eles atacam os
pobres, os mais jovens e os mais velhos, vivendo ao nosso lado numa
obscuridade misteriosa, esperando a sua oportunidade.
O fato de que por um longo tempo os comportamentos, conhecimentos
cientficos, medidas preventivas e polticas sociais tenham obstado a
sua tendncia invasiva (mostrando assim que as leis da natureza ou a
punio divina no eram subjacentes s doenas causadas ou veiculadas
por eles), e que agora, contrariamente, a realidade biossocial e as aes
e omisses humanas levem ao crescimento das suas oportunidades de
agredir o ser humano, traz inquietantes interrogativas morais sobre a
responsabilidade de cada um.
Fonte: BERLINGUER, Giovanni. Biotica cotidiana. Braslia: Editora
Universidade de Braslia, 2004.

SEXUALIDADE
Sexualidade o conjunto de caracteres prprios de cada sexo, que
se expressa e visvel de acordo com a construo cultural e as possibilidades de orientao sexual. A sexualidade existe e se realiza no corpo
humano, logo est relacionada a todos os aspectos da vida humana.
Quase todas as sociedades ditas civilizadas tm encarado a sexualidade como um aspecto muito importante da vida social, a ponto de o
exerccio da sexualidade ser cercado de ritos de passagem, de tabus e
ser alvo de regulamentaes.
A sexualidade feminina atravs dos tempos recebeu duas formas de
tratamento, ambas discriminatrias e reforadoras da inferioridade da
mulher:
reafirmao da sexualidade masculina (mulher como parte ou instrumento da satisfao masculina);
negao da sexualidade feminina como fonte de prazer e sua afirmao como prtica necessria apenas procriao/reproduo
da espcie.
Tais maneiras de tornar pblica a sexualidade evidenciam a forma diferenciada como historicamente mulheres e homens vm sendo tratados:

49
MP_BIO Col. Base_2

49

22/06/05, 8:40

A procriao humana
Procriar gerar um ser semelhante. Historicamente a procriao
humana apresenta duas dimenses de desejos contraditrios: a vontade de ter e a de no ter uma prole, em dado momento da vida. Para
contemplar as faces diferentes dessa aspirao, a humanidade viabilizou
a concepo e a contracepo artificiais. Ambas possuem histrias interessantes e reveladoras do quanto so insondveis os conflitos do
agir humano.
No conceber quando no se desejar faz-lo um sonho muito antigo das mulheres. Talvez por essa razo o aborto seja uma prtica milenar
em todas as sociedades estudadas at hoje.
Contraceptivos contemporneos
Os contraceptivos esto agrupados em trs mtodos principais: de
barreira, naturais e hormonais.
a) Mtodos de barreira
Consistem em artefatos que impedem fisicamente a passagem do
esperma para o tero e em produtos qumicos que objetivam destruir os
espermatozides, associados a uma base de substncia espessa que diminui a motilidade dos espermatozides e assim impede sua passagem.
Esses mtodos existem na forma de espumas, gelias, cremes e supositrios. So comercializados sob a forma de espermicidas ou espermaticidas, esponja contraceptiva vaginal, diafragma, capuz cervical, camisa-de-vnus ou condom, e DIU (dispositivo intra-uterino).

b) Mtodos naturais
So aqueles que se baseiam no conhecimento da fisiologia do organismo feminino (maturao de vulos) e do masculino (produo de
espermatozides), ou seja, no conhecimento do ritmo do organismo
humano. Consistem sobretudo em saber como e quando ocorre a ovulao e impedir que acontea a fecundao.
Os mtodos naturais esto agrupados em dois tipos:
1. Teoria/Mtodo do ritmo. Consiste na abstinncia sexual nos dias
do ciclo menstrual nos quais a probabilidade de fecundao maior, ou
seja, no perodo da ovulao. Subdivide-se em: mtodo da tabela, mtodo da temperatura basal do corpo e mtodo do muco cervical.
2. Outros mtodos naturais:
Coito interrompido. Interrupo da relao sexual antes da
ejaculao.
Aquecedor dos testculos. O calor atua como contraceptivo masculino, pois afeta a produo de espermatozides. A temperatura
do saco escrotal sempre mais baixa que a do restante do corpo,
a ponto de, naturalmente em temperaturas elevadas, os testculos
se afastarem e, no frio, se aproximarem do corpo. Por dificultarem esse movimento de defesa natural, vestimentas que apertem
ou comprimam essa regio so contra-indicadas.
Amamentao. O ato de amamentar funciona como um mtodo
contraceptivo, pois enquanto a mulher est aleitando em geral h
supresso do estmulo da hipfise para o ovrio, e em tais condies a ovulao no acontece.
c) Mtodos hormonais
Consistem na utilizao de hormnios sexuais sintticos para impedir a ovulao e, por decorrncia, a concepo. Em outras palavras, so
um mecanismo que tapeia o organismo feminino para suprimir a ovulao. A elaborao desse mecanismo foi simples para os cientistas. Conhecedores da fisiologia do organismo feminino, imaginaram uma maneira que impedisse a hipfise de estimular os ovrios a desencadear a
ovulao mensal, para que assim se evitasse a gravidez. isso que a
plula hormonal faz, pois utiliza hormnios similares aos que os ovrios
secretam normalmente. Assim, o setor da hipfise que secreta os estimulantes dos ovrios fica desativado. A mulher no se ressente dessa
inatividade de parte da hipfise e dos ovrios, pois os hormnios sintticos suprem a cota hormonal, mas e depois? Hipfise e ovrios,
aps longos perodos de repouso forado, readquirem a capacidade de
funcionar?
Os contraceptivos hormonais possuem ainda a capacidade de engrossar o muco cervical (para dificultar a motilidade do espermatozide)
e afinar o revestimento do tero para que, mesmo ocorrendo a fertilizao, o ovo no consiga se implantar e se desenvolver.
No caso do organismo masculino, os contraceptivos hormonais atuam impedindo a produo de espermatozides ou destruindo-os.
Atualmente, os mtodos hormonais existem nas seguintes apresentaes:
contracepo oral: plulas;
injees de progesterona;
implantes subcutneos;
anis vaginais;
DIU hormonal;
vacina antifertilidade, cujo objetivo geral produzir a infertilidade
temporria mediante a reorientao do sistema imunolgico,
para atuar contra a produo de espermatozides (vacina masculina) e/ou a maturao dos vulos, ou de hormnios da gravidez
(vacina feminina). No podemos deixar de assinalar que a vacina
antifertilidade uma abordagem distorcida da gravidez, como se
ela fosse uma doena contra a qual as mulheres precisassem ser
imunizadas;
RU-486, molcula antiprogesterona que possibilita a interrupo
da gravidez a partir do oitavo dia. Trata-se de uma substncia
qumica abortiva, logo, conceitualmente no um mtodo
contraceptivo, pois no impede a concepo; atua aps a concepo. Sua ao acontece via bloqueio da taxa normal de progesterona uterina secretada e por aumento das prostaglandinas naturais substncias que agem naturalmente na estimulao das
contraes uterinas durante o trabalho de parto; e

50
MP_BIO Col. Base_2

50

22/06/05, 8:40

Reproduo proibida. Art. 184 do Cdigo Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

utilizou-se uma diferena biolgica para construir uma desigualdade social que perdura at nossos dias.
A heterossexualidade tem sido apresentada como a face normal
das relaes sexuais, e o menino estimulado a exercit-la desde a mais
tenra idade. Quando adulto, espera-se que ele seja um macho que goste
de fmeas. O exerccio da sexualidade feminina reprimido em todas
as idades e em quase todas as culturas. Talvez seja essa a origem do
medo que as mulheres em geral tm de falar sobre sexo e das dificuldades em buscar e em sentir prazer. Parece que essas tm sido as regras da civilizao.
Embora esteja comprovado que a homossexualidade feminina e a
masculina no so doenas, elas ainda so vistas com reservas. Existe
at uma pontinha de esperana de que haja um tratamento, ou pelo
menos a redescoberta de que a homossexualidade seja mesmo uma
doena.
Desde a descoberta de que o ato sexual gera prole, a sexualidade
feminina e a procriao passaram a ser consideradas fenmeno nico e
indissocivel. Essa viso foi reforada pelas religies, sobretudo as crists, e a catlica em especial. A vinculao entre sexualidade e a
obrigatoriedade de sempre gerar prole concorre para manter a opresso
da mulher, impedindo-a de decidir sobre o seu corpo, de exercitar sua
sexualidade em plenitude e de ter direito ao prazer (relao sexual com
fins ldicos).
Da dcada de 1960 para c, chegou-se realmente possibilidade
de SEPARAR sexualidade de procriao/reproduo, via mtodos
contraceptivos modernos, eficazes. Essa possibilidade colocou para
as mulheres situaes novas e conflituosas, em particular na rea de
sade (os mtodos so incuos?) e sobre o que fazer com essa tal
liberdade.
importante destacar que existe o desejo das mulheres de controlar
a fecundidade. A prova disso que hoje so raras as que aceitam passivamente parir at quando Deus quiser, isto , at que seus vulos
acabem. H uma demanda real por um jeito que permita mulher no
engravidar quando no quer!
Em face de tudo isso, urge que compreendamos que h uma convergncia de desejos: a aspirao das mulheres (de controlar a sua
fecundidade) e a imposio da sociedade (de controlar a natalidade) para
determinados agrupamentos humanos. O que tico questionar at
que ponto hoje em dia o contedo das aspiraes das mulheres influenciado e/ou determinado pelo aumento da conscincia do direito autodeterminao e at onde as presses da sociedade capitalista induzem
ou anulam as aspiraes libertrias.
A verdade que, por outros motivos que no os desejos das mulheres,
o capitalismo respondeu a uma demanda delas. Essa a razo pela qual o
mercado de contraceptivos sempre ser muito rentvel e ter consumidoras(es) fiis, mesmo arriscando-se a sade e at a prpria vida.

plula do homem, que inibe a produo de espermatozides ou os


incapacita para a fecundao (por exemplo, diminuindo sua
motilidade).

Reproduo proibida. Art. 184 do Cdigo Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Algumas palavras sobre a esterilizao cirrgica


A esterilizao um procedimento que torna as pessoas estreis
(incapazes de procriar), por meio de mtodos qumicos ou cirrgicos. A
esterilizao cirrgica masculina chama-se vasectomia, e a feminina
conhecida como laqueadura, ligadura ou ligao das trompas. A
vasectomia consiste no bloqueio dos canais deferentes (que carregam o
smen). A laqueadura uma operao realizada nas trompas com a finalidade de evitar o encontro do espermatozide com o vulo.
Outras cirurgias podem produzir efeito esterilizador, como a
prostatectomia (extrao da prstata) e a histerectomia (extrao do tero), embora, usualmente, no seja a esterilizao a principal indicao
dessas cirurgias.
Muitas pessoas, incluindo juristas, consideram a laqueadura e a
vasectomia como leses corporais, porque elas encerram a funo
reprodutiva definitivamente. Atualmente existem tcnicas para recanalizar
os canais deferentes e as trompas; isso, porm, no possvel em todos
os casos, pois a reverso depende muito do grau de leso causado pela
tcnica usada para a esterilizao. Alm disso, so procedimentos ainda
muito caros, no acessveis a todas as pessoas que, arrependidas, desejam voltar a procriar naturalmente.
So muitos os fatores que levam uma mulher a se esterilizar, desde
a opo livre e consciente at a necessidade econmica ou os problemas
de sade. De acordo com esses fatores, a esterilizao feminina pode ser
classificada em:
voluntria quando a mulher opta por encerrar definitivamente
a sua vida reprodutiva, apesar de conhecer outros mtodos
contraceptivos e de ter acesso a eles;
induzida quando a mulher levada a se esterilizar por causas
que exercem presso direta ou indireta sobre a sua vontade. Essas
causas, que podem atuar isoladamente ou em conjunto, so: o
discurso de que pobre no deve nem precisa ter filhos; a imposio patronal, que exige atestado de laqueadura para obteno
de emprego (no Brasil crime, mas os patres pedem); desconhecimento ou dificuldade de obter mtodos contraceptivos reversveis; presso social na rea da maternidade (falta de creches
e outros equipamentos sociais que diminuam a dupla jornada de
trabalho feminino);
involuntria ou compulsria quando a mulher levada a se
esterilizar por problemas de sade, independentemente de sua vontade, ainda que esteja de acordo com isso. Ou quando pessoas ou
governos obrigam uma mulher a se esterilizar independentemente de sua vontade e at sem o seu consentimento, por problemas
de sade ou no.
Ao contrrio do que muitos dizem, essa cirurgia apresenta riscos,
como os da anestesia e da infeco hospitalar. Os efeitos fsicos da esterilizao na mulher, dependendo do grau de mutilao causado pela tcnica utilizada e da habilidade de quem a realiza, podem ser: alteraes
menstruais, menopausa precoce, aumento de peso, aderncias dos rgos internos do abdome e dores freqentes no baixo-ventre (p da
barriga). Tambm podero surgir efeitos emocionais, tais como: frigidez, complexo de castrao, sentimento de culpa e perda ou aumento do
prazer sexual.
No poderamos encerrar este captulo sem dar voz feminista e
demgrafa Elza Berqu, especialista em demografia da populao negra brasileira, que h anos tem sido no Brasil o esteio da discusso que
empreendemos aqui. Vejamos o que ela disse ao jornal O Estado de S.
Paulo, no artigo Evitar filhos prtica comum a mulheres de todas as
classes sociais.
Os elementos colhidos na pesquisa do Cebrap (Centro Brasileiro de Anlise e Planejamento) levam a pensar em uma rede familiar e social envolvida no processo de difuso da esterilizao, e
igualmente presente entre negras e brancas. () H uma cultura da
regulao da capacidade reprodutiva atravs de uma prtica: 52%
das j esterilizadas so filhas ou irms de esterilizadas, e quase 2/3
delas aconselhariam outras mulheres a recorrerem ao mtodo. ()

A razo mais evocada para esta prtica o fato de elas no quererem ter mais filhos. () A falta de programas pblicos de sade
sexual e reprodutiva que ofeream um repertrio de mtodos anticoncepcionais e as dificuldades para adquirir plulas, preservativos
ou outros mtodos reversveis acabam por colocar as mulheres frente
a uma encruzilhada: ou fazer a laqueadura, ou provocar o aborto, ou
prosseguir com uma gravidez indesejada. Da a opo pela
anticoncepo cirrgica. Mesmo sabendo da irreversibilidade de tal
prtica, 50% destas mulheres foram esterilizadas antes dos 30 anos
de idade.
Entre a satisfao, o desejo, e a satisfao de um desejo, no
campo dos direitos reprodutivos, h sempre um longo caminho a
percorrer. Recursos disponveis, livres de discriminao, permitiro que escolhas informadas dem s mulheres negras e brancas
possibilidades de satisfazer seus desejos.
Fonte: OLIVEIRA, Ftima. Biotica Uma face da cidadania. Coleo
Polmica. So Paulo: Moderna, 2004.

POR QUE CLONAR SERES HUMANOS?


Clonar humanos possvel?
Em 1993 dois mdicos americanos, especialistas em reproduo assistida, anunciaram a bipartio de um embrio humano a gerao de
gmeos idnticos pela fora bruta, como feito em gado desde a dcada
de 1980. Apesar de ter sido somente um teste e os embries humanos
bipartidos no terem sido implantados no tero de uma mulher, essa experincia causou uma enorme comoo nos Estados Unidos. Pela primeira
vez falou-se seriamente sobre clonagem humana e a fantasiosa gerao de
exrcitos de indivduos idnticos, reacendendo o medo da eugenia, que
andava esquecida desde o final da Segunda Guerra.
O impacto social negativo dessa experincia fez com que a bipartio
de embries humanos fosse temporariamente abandonada, e durante alguns anos o assunto de clonagem de seres humanos ficou esquecido.
Isso at 1997, com o anncio da Dolly Logo em seguida, um grupo
americano declarou ter clonado macacos a partir de clulas embrionrias, gerando dois animais geneticamente idnticos. Apesar de o interesse de clonar macacos ser exclusivamente o da pesquisa, as imagens daqueles seres-quase-humanos clonados ressuscitou imediatamente a idia
da clonagem de seres humanos na populao em geral.
Para que clonar humanos?
Pois bem, se a clonagem possvel em diversas espcies e est chegando to perto do homem, eu pergunto: Para que clonar humanos? As
razes apresentadas at hoje so as mais variadas. Algumas delas por
exemplo, Para produzir doadores de rgos ou Para produzir exrcitos de indivduos superiores so bizarras e reminiscentes do nazismo e da sociedade descrita no clssico Admirvel Mundo Novo, de Aldous
Huxley.
Teoricamente, se por um acidente ou doena voc viesse a necessitar de um transplante de algum rgo, um clone seu seria de fato o melhor doador os rgos do clone seriam perfeitamente imuno-compatveis com voc, uma vez que esse indivduo seria uma cpia gentica
sua. Mas seria moral e eticamente aceitvel gerar um ser humano com o
intuito de ser repositrio de rgos-estepe? Quando um desses rgos
fosse necessrio, estaramos preparados para retir-lo do clone em detrimento de sua vida? Acredito (pelo menos espero) que essa proposta seja
consensualmente inaceitvel.
Quanto criao de exrcitos de indivduos superiores, a clonagem
tem na verdade produzido exrcitos de animais malformados e uns poucos animais normais tanto que na prtica a idia de gerar rebanhos de
animais comercialmente interessantes parece no ser comercialmente
vivel No entanto, pode ser que daqui a alguns anos as tcnicas de
clonagem tenham se aprimorado o suficiente para gerar esses exrcitos
de indivduos superiores. Vamos ento comear a pensar o que um
indivduo superior para alguns Mozart, para outros Hitler e se
devemos comear a tratar a raa humana como gado, programando cruzamentos e produzindo rebanhos geneticamente selecionados.

51
MP_BIO Col. Base_2

51

22/06/05, 8:40

O clone ser um clone?


Ser vivo = gentica + meio ambiente
O clone ser mesmo idntico sua matriz? Eles tero o mesmo
fsico, o mesmo tipo de cabelo, cor de olhos, temperamento, inteligncia, gostos, aptides? Sim, no, no sei
Recapitulando: o clone possui exatamente os mesmos genes que
sua matriz. Se os genes determinam todas as nossas caractersticas fsicas e quem sabe at psquicas, o clone ser sim idntico matriz, certo?
No. Estamos esquecendo de uns temperos muito importantes, que no
esto escritos nos genes mas do uma graa toda especial a cada um de
ns: o meio ambiente, nossas experincias de vida.
Alimentao, quantidade de exerccio, tempo de exposio ao sol,
quantidade de ingesto de lcool e de nicotina so exemplos de fatores
ambientais que influenciam diversas caractersticas nossas, desde a altura e a cor da pele at a suscetibilidade a doenas e o QI. Junto com
nossos genes, esses fatores moldam cada um de ns.
Se voc no est muito convencido do efeito do meio ambiente nas
caractersticas de cada um de ns, vamos pensar nos clones naturais que
conhecemos: os gmeos idnticos, ou univitelinos. Gmeos univitelinos
possuem genomas absolutamente idnticos, certo? Logo, possuem os
mesmos genes que determinam a altura e a quantidade de msculos no
corpo. No entanto, se um deles se alimentar melhor durante a infncia e
fizer mais exerccios que o outro, ser mais alto e forte que seu irmo,
mesmo possuindo os mesmos genes que ele.
Sim, mas e se reproduzirmos para o clone as mesmas condies de
vida de sua matriz, eles no sero idnticos? Teoricamente sim. Porm,
vamos voltar ao exemplo dos gmeos univitelinos: mesmo sendo criados pelos mesmos pais, no mesmo lar, ao mesmo tempo, esses clones
naturais possuem sua individualidade. Apesar de terem muito em comum, podem ter gostos, aptides fsicas e intelectuais, caractersticas
fsicas e de personalidade diferentes.
Ainda difcil estimar quanto a gentica e quanto o meio ambiente
influenciam cada uma das nossas caractersticas, mas sabemos que mesmo diferenas sutis de experincias de vida so suficientes para imprimir caractersticas individuais em pessoas com genomas idnticos.
Em resumo, somos um produto da nossa gentica e do nosso meio
ambiente; inmeras caractersticas so mais ou menos influenciadas por
esses dois fatores. Assim, apesar de o clone ser uma cpia, geneticamente idntica, da matriz, suas experincias de vida particulares influenciaro uma srie de caractersticas de uma forma que no podemos
prever. Pense s em todos os parentes, amigos, professores, enfim todas
as pessoas que passaram por sua vida. Em tudo o que aconteceu perto de
voc e no mundo durante a sua vida. Eles deixaram diversas marcas,
influenciando muito quem voc hoje em dia. Reproduzir sua gentica

relativamente fcil agora, com a clonagem Mas como reproduzir


essa rede to complexa de relaes e experincias de vida que, junto
com seus genes, deram origem a quem voc hoje?
Voltando idia de utilizar a clonagem como forma de ressuscitar
um ente querido: admito que, teoricamente, o clone seria o ser mais
prximo a esse indivduo. Porm, sinto informar que, mesmo assim, no
seria a mesma pessoa.
O DNA no-nuclear: mitocndrias
Os leitores com maior conhecimento de biologia bsica devem estar
pensando: Espera a, a autora est simplificando demais essa histria o
clone nunca ser geneticamente idntico sua matriz por causa das
mitocndrias. As mitocndrias so estruturas importantssimas presentes
em todas as nossas clulas: elas so basicamente as usinas de energia das
clulas. E da? O que que elas tm a ver com a clonagem? Eu mencionei
antes que o nosso genoma, a nossa receita, est dentro do ncleo das clulas.
Porm, as mitocndrias, que se encontram fora do ncleo, tambm tm um
genoma. Comparado com o genoma nuclear, de 3,2 bilhes de letras, o
genoma da mitocndria mnimo somente 16 mil letras. No entanto,
este pequeno pedao da receita fundamental para a nossa existncia
mutaes em genes da mitocndria levam a doenas gravssimas, que afetam principalmente o sistema nervoso e os msculos, decorrentes da deficincia de produo de energia nas clulas dos pacientes.
Mas a maior peculiaridade dessa pequena frao do nosso genoma
contida nas mitocndrias sua herana. Como falei no incio do livro,
nosso genoma formado pela unio de meio genoma materno e meio
genoma paterno, vindos do vulo e do espermatozide, respectivamente. J a frao do genoma contida nas mitocndrias herdada exclusivamente da me! Por qu? Quando um espermatozide fecunda um vulo,
ele introduz nesse vulo o seu ncleo, contendo a metade paterna do
genoma. Porm, no introduz nenhuma mitocndria no vulo. Assim, o
embrio formado possui somente as mitocndrias que estavam no vulo, ou seja, as mitocndrias maternas. Estas vo se multiplicar e dar
origem a todas as mitocndrias presentes no indivduo adulto exclusivamente maternas!
Como o clone gerado a partir do ncleo de uma clula da matriz
inserido em um vulo qualquer, suas mitocndrias sero derivadas das
mitocndrias daquele vulo. Por isso, se formos analisar rigorosamente
a gentica do clone, apesar de seu genoma nuclear ser idntico ao da
matriz, o DNA de suas mitocndrias no ser.
Mas qual ser o impacto dessa diferena gentica entre o clone e a
matriz? No sabemos ainda, mas, dado o pequeno nmero de genes nas
mitocndrias (37 dos aproximadamente 30 mil genes humanos), imaginamos que essas diferenas sero sutis. Nossa melhor chance de descobrir ser estudando clones de modelos animais mais simples, como os
camundongos. [...]
Fonte: PEREIRA, Lygia da Veiga Pereira. Clonagem Fatos & Mitos. Coleo
Polmica. So Paulo: Moderna, 2004.

PLANTAE
(do latim planta, planta)
[Organismos haplides de sexos complementares crescem de esporos
produzidos pela meiose (meiose esporognica) que ocorre no adulto diplide. Estes haplides produzem gametas por meiose. A fertilizao por espermatozides (citogamia e cariogamia) ou ncleos
do plen (cariogamia) conduz a embries diplides retidos pelo organismo haplide feminino durante o desenvolvimento inicial. Os
registros fsseis se estendem desde a Era Paleozica Inferior (450
milhes de anos atrs) at o presente.]
Os membros do reino das plantas se desenvolvem de embries
estruturas multicelulares envolvidas em tecido materno. Devido a todas as plantas formarem embries, elas so todas multicelulares. Alm
disso, devido aos embries serem os produtos da fuso sexual de clulas, todas as plantas potencialmente tm um estgio sexual em seus
ciclos de vida (embora isso nem sempre ocorra). No estgio sexual, o
gameta masculino (ncleo espermtico, haplide) fertiliza o gameta
feminino (oosfera, ou ncleo do saco embrionrio, haplide). Muitas

52
MP_BIO Col. Base_2

52

22/06/05, 8:40

Reproduo proibida. Art. 184 do Cdigo Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Outra razo absolutamente fantasiosa para a clonagem de seres humanos est refletida na vaidosa frase Eu quero viver para sempre. H
quem acredite que quando morrer seja por acidente, doena ou velhice , se for gerado um clone seu, estar recomeando sua vida toda de
novo! Que se fizer isso sucessivamente poder at atingir a vida eterna!
Vejamos o que acontece com os clones naturais que conhecemos, os
gmeos univitelinos. Cada indivduo de um par de gmeos univitelinos
possui identidade e conscincia prprias, e apesar de serem geneticamente idnticos so pessoas diferentes. Da mesma forma, o clone possuir tambm identidade e conscincia diferentes das de sua matriz. Ele
no herdar os conhecimentos adquiridos pela matriz ao longo de sua
vida estes no esto escritos no nosso genoma, mas esto escritos em
todas as conexes nervosas que desenvolvemos durante a vida. Assim,
no espere que o seu clone nasa com a sua conscincia Ele ser um
recm-nascido comeando uma nova vida que, fora as informaes contidas em seu genoma, ter pouca relao com a sua.
Finalmente, algumas pessoas vem na clonagem a possibilidade de
reaver um ente querido falecido. A partir de umas poucas clulas desta
pessoa, a gerao do seu clone seria quase uma forma de ressurreio.
Pode parecer absurdo, mas imagine o desespero de um casal que acaba
de perder seu filho querido quase irresistvel a idia de driblar a
terrvel irreversibilidade da morte recomeando a vida do filho por meio
da clonagem. Mas voc ver que a coisa no to simples assim.

Reproduo proibida. Art. 184 do Cdigo Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

plantas crescem e se reproduzem de modos que sobrepassam a fuso


sexual binria todas devem ter evoludo de ancestrais que formavam
embries por fuso celular sexuada. Um exemplo de reproduo
assexuada a planta do morango; as plntulas se formam em extenses chamadas de brotos, que se estendem da planta matriz. Um segundo exemplo a reproduo assexuada de pequenas bolas verdes de
clulas, chamadas de gemas, por um musgo ou heptica matriz. A evoluo do embrio, protegido da dessecao e de outros perigos
ambientais por tecido materno, foi um fator importante na disperso
das plantas dos oceanos para a terra seca. O desenvolvimento dos ancestrais das algas verdes (clorfitas), de simbiose ntima com os fungos, pode ter sido um outro fator na transio da vida aqutica para a
vida terrestre, facilitando a assimilao de minerais e gua pelas plantas. Todas as plantas so compostas de clulas eucariotas, muitas com
plastdios verdes. Distinguimos as plantas de todos os outros organismos mais por seus ciclos de vida do que por sua capacidade de
fotossntese, porque algumas plantas (gotas-de-faia, Epifagus, por
exemplo) no executam a fotossntese. A fotossntese pelas plantas
demanda enzimas dentro dos plastdios envolvidos por membrana.
Todas as plantas que fotossintetizam produzem oxignio (em comparao, nas espcies procariotas fotossintticas as enzimas so ligadas
como cromatforos s membranas unicelulares, e no empacotadas
separadamente; os padres procariotas da fotossntese anaerbica e
aerbica incluem a formao de produtos finais como o enxofre, os
sulfatos e o oxignio).
As plantas so adaptadas primordialmente para a vida na terra, embora muitas habitem a gua durante parte da sua vida. As plantas so os
principais responsveis, na terra e em ambientes marinhos rasos, pela
transformao da energia solar, da gua e do dixido de carbono em
produtos primrios: alimentos, fibras, carvo, leo, madeira e outras
formas de armazenamento de energia (no oceano aberto, os protoctistas
planctnicos so os produtores primrios). As plantas caseiras, rvores e
variedades agrcolas so membros do reino das plantas. Embora a maioria das plantas sejam organismos multicelulares, verdes, fotossintetizadores, uns poucos gneros, como o cip-chumbo (Cuscuta) e o
cachimbo-indiano (Monotropa), perderam o pigmento verde no curso
de sua evoluo e se tornaram parasitas. Muitos organismos fotossintticos, que j foram classificados como membros do reino vegetal com
base na cor e nos hbitos sedentrios no so mais considerados plantas,
porque no possuem embries e outros critrios mnimos para sua classificao como tal. As cianobactrias (bactrias azul-esverdeadas, as algas
verdes, todas as outras algas e os liquens (fungos com bactrias ou
simbiontes protoctistas) so agora colocados juntos com seus parentes
nos reinos das bactrias, dos protoctistas ou dos fungos. A fotossntese
das plantas sustenta o resto da biota, no apenas convertendo energia
solar em alimento, mas tambm absorvendo dixido de carbono e produzindo oxignio.
Cerca de meio milho de espcies de plantas esto descritas. Devido a novas espcies serem encontradas todos os anos, especialmente nos
trpicos, provavelmente um outro meio milho espera ser descoberto.
Alm disso, esta estimativa provavelmente est subestimada; muitas plantas se parecem umas com as outras na forma, e sero distinguidas como
espcies separadas apenas mediante uma anlise qumica.
Fonte: MARGULIS, Lynn et al. Cinco reinos Um guia ilustrado dos filos da
vida na Terra. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2001.

I Objetivo
1. Criar uma cultura de microorganismos.
2. Identificar organismos microscpicos.
3. Reconhecer que as populaes dos organismos microscpios esto constantemente variando.
4. Reconhecer que fatores como espao, alimento e predatismo limitam o tamanho e determinam os tipos de populaes.
II Material
folhas de alface
microscpio
lmina
lamnula
conta-gotas
frasco de boca larga
gua de lago ou charco
III Procedimento
1. Lave e enxge muito bem o frasco.
2. Coloque no seu interior as folhas de alface e encha-o com gua
de lago ou charco.
3. Etiquete o frasco, colocando a data em que a infuso foi preparada.
4. Observe ao microscpio uma gota dessa infuso. Nessa cultura
voc, provavelmente, poder observar seres microscpicos, como
bactrias, algas (diatomceas e clorofceas), rotferos, amebas e
outros. Talvez nas primeiras observaes possam ser vistos alguns paramcios. Porm, na segunda semana o nmero de
paramcios aumentar, facilitando sua visualizao. Depois da
terceira semana seu nmero diminuir.
5. Os paramcios locomovem-se com extrema rapidez, o que torna
difcil a sua visualizao. Para dificultar seus movimentos, coloque na gua da lmina uns fios de algodo esparsos e entrecruzados.
IV Questes
1. Represente em esquemas cada um dos organismos encontrados
nessa infuso. Procure identific-los com o auxlio de seu professor e das figuras encontradas no captulo 20.
2. Observe o paramcio e com o auxlio da figura 8 da pgina 190,
procure determinar as partes que o constitui.
3. Elabore uma hiptese que justifique a causa da diminuio dos
paramcios a partir da terceira semana em que essa infuso foi
formada.
(Comentrios/Respostas das questes do item IV: 1. As respostas iro
variar de acordo com as observaes feitas. 2. Figura de um paramcio
indicando partes. 3. A diminuio de paramcios pode ser causada pelo
desenvolvimento de populaes de outros organismos que competem
pelo mesmo alimento. A causa provvel desse desaparecimento o aumento de rotferos e a diminuio de bactrias que lhe servem de alimento.)

COMO OCORRE A ENTRADA E SADA DE AR DO


SISTEMA RESPIRATRIO - MODELO FSICO QUE
DEMONSTRA A MECNICA VENTILATRIA
I Objetivo

Sugestes de atividades
OBSERVAO DE CULTURA DE PARAMECIUM
E OUTROS ORGANISMOS MICROSCPICOS
As populaes das culturas de organismos microscpicos apresentam variaes. O alimento, o espao e o predatismo determinam os
tipos de populaes, assim como limitam o seu tamanho. A atividade poder ser realizada na Unidade II, no estudo das clulas, ou na
Unidade III, onde ser desenvolvido contedo relativo s bactrias.
s algas e aos protozorios, seres estes comumente encontrados na
infuso proposta.

1. Construir um modelo de sistema respiratrio humano.


2. Relacionar o modelo construdo com a biomecnica do sistema
respiratrio dos mamferos.
3. Reconhecer a importncia do diafragma no mecanismo da inspirao e expirao.
II Material
garrafa plstica transparente
rolha perfurada
tubo de vidro ou plstico
2 bexigas (como as de aniversrio)
barbante ou linha grossa
fita crepe

53
MP_BIO Col. Base_2

53

22/06/05, 8:40

1. Retire o fundo da garrafa e feche-a com a rolha perfurada.


2. Pegue o tubo de vidro ou plstico e coloque em uma das extremidades uma das bexigas, prendendo-a firmemente com um cordo
ou linha grossa.
3. Enfie outra extremidade do tubo na rolha perfurada, deixando
uns 2 cm acima do gargalo da garrafa.
4. Corte a parte mais estreita da outra bexiga, eliminando-a, e feche
o fundo da garrafa com a outra parte, prendendo-a com fita crepe. necessrio que a garrafa fique perfeitamente fechada.
5. Vede a parte superior da rolha, junto ao tubo, com cera derretida
de uma vela.
(Obs.: Neste modelo, a garrafa representa o trax. O tubo e a bexiga
presa a ele representam a traquia e os pulmes, respectivamente. A
membrana que fecha a garrafa representa o diafragma, e o orifcio do
tubo, as cavidades nasais.)

A
B
C
D
E
F

=
=
=
=
=
=

O vulo amadurece e aspirado


Ovulao
O vulo se dirige ao tero
1 dia do ciclo
Menstruao
O vulo se desenvolve no ovrio

A tabela tem por finalidade levar a entender as fases do ciclo


menstrual e determinar a sua periocidade.
2. Se voc for do sexo feminino, marque num calendrio os dias de
sua menstruao a cada ms. Determine seu ciclo menstrual e seu
perodo frtil. Se voc for do sexo masculino, determine os perodos frteis de uma pessoa que possui ciclo menstrual de 28 dias e
que teve sua menstruao do ms de abril nos dias 2, 3, 4 e 5.
3. Apresente a ocorrncia de um ciclo menstrual e o perodo frtil
ao longo de um semestre. Para isso, recorra a um calendrio.

IV Questes
1. Puxe a membrana que representa o diafragma para baixo e para
cima. O que acontece?
2. Relacione o que foi observado na realizao dessa atividade com
a biomecnica do sistema respiratrio dos mamferos.

DRAMATIZAO
Tema: Deve-se limitar a natalidade?
I Objetivo
Levar o aluno a analisar o problema da limitao da natalidade.

[Comentrios/Respostas das questes do item IV : 1. Quando a membrana puxada para baixo, a bexiga que representa os pulmes enche-se
de ar. Quando empurrada para cima, a bexiga elimina o ar. 2. Somente
os mamferos possuem diafragma, msculo que separa a cavidade torcica
da abdominal. Ao se contrair, o diafragma desloca-se em direo ao abdome, aumentando o volume da caixa torcica. Ao mesmo tempo, entre
as costelas existem os msculos intercostais, que, ao se contrarem,
tracionam as costelas para a frente, aumentando ainda mais o volume
da caixa torcica. Com o aumento de volume, a presso interna torna-se
menor que a presso atmosfrica, forando a entrada de ar nas vias areas (inspirao). Com o relaxamento dos msculos intercostais e do
diafragma, h diminuio do volume da caixa torcica, forando a sada
de ar pelas vias areas.]
DETERMINANDO O CICLO MENSTRUAL
E O PERODO FRTIL
I Objetivo
Levar o aluno a:
1. Conhecer o prprio corpo.
2. Determinar as diferentes etapas do ciclo menstrual e do perodo
frtil em que se pode engravidar.
3. Diminuir o nmero de gravidez indesejvel.
II Procedimento

PAULO MANZI

1. Coloque nos crculos do diagrama as letras correspondentes s


fases do ciclo menstrual, de acordo com o quadro.

5
6

28

27

1. Divida a classe em grupos. Cada um representar uma das personagens citadas abaixo. Todos os alunos dos grupos defendero o
posicionamento da personagem designada para o grupo. Os dados referentes a essas personagens devem estar impressos e entregues aos participantes de cada um dos grupos na aula que preceder a atividade.
importante recomendar aos alunos que preparem em casa sua argumentao. No dia destinado a essa atividade, cada grupo formar um semicrculo voltado para o centro da sala. Antes de iniciar a discusso, um
representante de cada grupo falar, expondo rapidamente o ponto de
vista do seu personagem. A discusso ter incio quando o mdico anunciar que, no Posto de Sade onde trabalha, comear a ser distribudo
anticoncepcional gratuitamente.
Personagem 1 Mdico
Voc mdico e atende a mes solteiras pobres. Muitas dessas mes
no tm condies de criar seus filhos e estes so encaminhados a orfanatos e instituies. Voc a favor de campanhas de esclarecimento junto ao pblico, bem como distribuio de anticoncepcionais nos Postos
de Sade. Acha que um pas com assistncia mdica to precria como o
Brasil no deve ter uma populao muito grande.
Personagem 2 Operrio
Voc um operrio e ganha menos que dois salrios mnimos. casado, tm trs filhos pequenos e luta com grande dificuldade para manter
a famlia. Voc e sua esposa no querem ter mais filhos (ela j fez dois
abortos), pois a vida foi sempre difcil nesses oito anos de casados.
Personagem 3 Economista
Voc economista e trabalha como assessor do governo. Tem apenas
dois filhos e no pretende ter mais nenhum. Porm, contra as campanhas
de controle da natalidade pela populao. Voc acha que a populao do
pas deve crescer bastante, pois quanto maior o nmero de pessoas maior
o mercado consumidor. Isso significar mais fbricas e empregos. Acha
que o aumento da populao uma forma de estimular o progresso.

II Procedimento:

26

25

10

24

11

23

12

22
13

21
14

20
19

Personagem 4 Militar
Voc militar sediado h muitos anos na Amaznia. contra o
controle da natalidade, pois h vastas regies desocupadas no Brasil,
que so um atrativo para as potncias estrangeiras.
Personagem 5 Padre
Voc padre e acredita que qualquer tipo de interferncia no controle da natalidade, como a doao de anticoncepcionais, contra a natureza humana. Na sua opinio, deve-se cuidar das crianas, dando escolas, assistncia mdica, trabalho para os pais etc., pois a vida um
dom divino e no cabe a ns decidir quantos devem nascer e viver.

15
18

17

16

Figura: Representao esquemtica (sem escala) do ciclo menstrual.

(Obs.: Professor, no deixe que sua opinio pessoal influencie a dos


alunos. A coordenao do professor, mas a opinio dos alunos deve ser
respeitada.)

54
MP_BIO Col. Base_2

54

22/06/05, 8:40

Reproduo proibida. Art. 184 do Cdigo Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

III Procedimento

CULTURA DE PRTALOS
I Objetivo
1. Identificar os soros, os esporngios e os esporos.
2. Identificar o prtalo.
3. Analisar as etapas do ciclo de reproduo das pteridfitas.
II Material
pires
copo
pincel
folha de samambaia com soros
lmina
lamnula
microscpio
(Obs.: Caso a escola no tenha microscpio, pode-se fazer a cultura
e observar sua germinao.)

Reproduo proibida. Art. 184 do Cdigo Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

III Procedimento
1. Ponha uma folha ou pedao de folha de samambaia com soros
dentro de um saco plstico.
2. Agite o saco vagarosamente e observe se os esporos esto se soltando.
3. Coloque um pouco de gua em um pires e dentro dele um pedao
de telha ou tijolo. O pires deve ser mantido sempre com gua para
que a telha ou o tijolo se mantenham midos.
4. Coloque sobre a telha ou o tijolo os esporos retirados dos soros.
5. Para evitar a evaporao da gua, cubra o pires com um copo de
vidro. Aps alguns dias, a superfcie do tijolo ou da telha comear a ficar verde.
6. Retire com o pincel alguns esporos que esto germinando e coloque-os na lmina com uma gota dgua. Cubra com a lamnula e
observe ao microscpio.
7. Desenhe sua estrutura.
8. Continue observando periodicamente at o prtalo tornar-se adulto.

5. Desenhe um dos estames indicando, com legendas, as partes que


o constitui.
6. Abra uma das anteras para observar os gros de plen. Retire
todos os estames isolando o gineceu.
7. Observe e desenhe o gineceu, indicando com legendas as partes
observadas.
8. Corte o ovrio da flor no sentido transversal. Veja os vulos em
seu interior. Procure determinar quantas folhas se modificaram
para dar origem a este ovrio.
(Obs: O corte transversal do ovrio deve ser feito com uma lmina
fina e bem cortante para no amassar o ovrio, e para permitir a
visualizao do local da implantao dos vulos e o nmero de lculos.
Pelo nmero de lculos, pode-se saber o nmero de carpelos que deu
origem ao verticilo.)
ATIVIDADE DE CAMPO
Uma atividade de campo um estudo realizado em um ambiente
natural. Esse tipo de atividade permite contextualizar o contedo
conceitual que estamos desenvolvendo; vivenciar valores saudveis que
colaboram na aquisio de atitudes de respeito, como tambm melhorar as relaes interpessoais aluno aluno e aluno professor. A
atividade de campo presta-se realizao de trabalho interdisciplinar,
o que permite uma viso mais abrangente do contedo desenvolvido.
Pode tambm ser desenvolvida como parte de um projeto maior onde
um tema escolhido e desenvolvido pelas diferentes disciplinas dentro do enfoque especfico de cada uma das reas. Por exemplo: a realizao de um projeto de educao ambiental na escola objetiva instrumentalizar o aluno, a fim de que possa intervir nos problemas
ambientais de sua comunidade, visando uma melhoria da qualidade de
vida. Para que esse projeto, assim como outros, atinja essa meta, torna-se necessrio: ter um carter multidisciplinar, e, sempre que possvel, que haja uma vinculao do conhecimento cientfico com a realidade cotidiana do aluno, e que este esteja mais perto do objeto de estudo por meio de uma metodologia mais dinmica, como, por exemplo,
o trabalho de campo e as entrevistas.

Organizao da atividade proposta

IV Questes
1. Relacione fololos, soros, esporngios e esporos.
2. Reveja o ciclo de vida das pteridfitas.
(Comentrios das questes do item IV: 1. As folhas das pteridfitas
so subdivididas em fololos. Na parte inferior dos fololos esto os soros, que contm os esporngios, e estes, os esporos.)
ESTUDO DA ANATOMIA DE UMA FLOR
(Obs.: Nesta atividade ser desenvolvido o estudo de uma flor
dicotilednea. A escolha da azalia deve-se ao fato de seus verticilos
serem facilmente detectados. A representao esquemtica da flor encontrada na pgina 327 poder ser usada como norteadora para a determinao dos elementos da flor em estudo. No caso de no poder trabalhar com essa flor, procure iniciar esse trabalho com uma outra, que
tambm tenha todos os verticilos.)
I Objetivo
1. Identificar as partes de uma flor completa.
2. Classificar um vegetal a partir dos seus elementos florais.
II Material
flor de azalia
estilete
lpis e papel
III Procedimento
1. Analise inicialmente a flor sem abri-la, anotando os dados em seu
caderno. Veja se uma flor completa (tem pednculo e os quatro
verticilos florais: clice, corola, androceu e gineceu) ou incompleta (falta uma ou mais de uma de suas partes).
2. Observe e descreva o clice. Qual sua cor? Conte o nmero de
suas spalas.
3. Observe e descreva a corola . Verifique sua cor, o nmero de
ptalas e se as ptalas esto unidas ou separadas. Abra cuidadosamente a flor. Retire o clice e a corola para poder observar seus
rgos reprodutores.
4. Observe o androceu e conte o nmero de seus estames.

Para que o estudo de campo atinja sua finalidade didtica, o papel


do professor fundamental, pois o planejamento e a organizao desta
atividade so essenciais para a eficincia do trabalho proposto. A atividade deve ser organizada com bastante antecedncia, prevendo perodos
em que haja provas e eventos importantes na escola. O professor, antecipadamente, deve conhecer o local onde a excurso vai ser realizada. O
conhecimento permite um melhor planejamento da atividade e tambm
um aproveitamento maior dos recursos do local escolhido. Como sabemos que nem sempre isso possvel, o professor deve pelo menos
pesquisar em fontes idneas as caractersticas do local e os recursos
disponveis que possam enriquecer a atividade proposta.
Outro dado, que deve ser avaliado, refere-se ao nmero de integrantes que participaro da atividade. Este nmero deve ser limitado
segundo o local escolhido relacionando nmero de alunos ao espao
fsico de onde se deseja ir ou a possibilidade de atendimento de cada
um dos alunos participantes. Chamar a ateno para a importncia do
horrio da atividade prevista, pedindo que cheguem sempre com relativa antecedncia.
O professor deve sempre fazer uma listagem dos alunos que iro participar da atividade e passar uma lista de presena para que assinem. Os
alunos devero tambm ser orientados em relao s roupas e ao tipo de
calado mais conveniente, repelente e alimentos, caso sejam necessrios.
O ideal que a atividade prtica sempre esteja intimamente relacionada ao contedo conceitual que est sendo desenvolvido. Os contedos, conceitual, procedimental e atitudinal que se espera desenvolver
nesta atividade, devem ser trabalhados com os alunos antecipadamente,
de tal modo que saibam o que devem observar, como anotar e como se
portar. interessante que o professor crie um roteiro do que deve ser
visto e analisado. Conforme o local da excurso, pode ser realizada coleta de material para um posterior estudo em sala de aula. Neste caso, os
alunos devem ser orientados para que recolham o material que realmente ser analisado. Uma excurso em uma regio de mata pode visar o
estudo do solo, da vida animal e dos vegetais existentes. Nesta atividade, a mquina fotogrfica uma ferramenta importante, pois permitir
analisar posteriormente parte do que foi observado. Os alunos devem
ser conscientizados que o trabalho de campo uma aula diferente das de
costume, mas que deve ser levada a srio tanto quanto as outras aulas.

55
MP_BIO Col. Base_2

55

22/06/05, 8:40

Esta atividade pode ser realizada em um trecho de mata natural ou


em um parque de sua cidade. Se sua escolha recair para a visita de um
trecho de mata natural, este espao deve ser muito bem conhecido por
voc e no deve dar possibilidade a que algum aluno se perca. Pea a
seus alunos que sigam as orientaes que se seguem, anotando o resultado de suas observaes.
Andando lentamente, tente distinguir as plantas umas das outras.
Observe se h plantas epfitas presas ao seu caule e observe suas caractersticas. De modo geral, analise as partes de cada tipo de planta. Examine a forma, dimenso e a nervura de suas folhas. Relacione tamanho,
forma e tipo de folha ao ambiente em que voc se encontra. Examine
suas flores, se existirem. Por meio das caractersticas de suas folhas e
flores, procure classificar as plantas examinadas. Observe se h rvore
cujas razes saem acima da superfcie da terra como as tabulares e
relacione a existncia desse tipo de raiz ao tamanho do vegetal. Observe
a altura dos vegetais. Eles competem pela luz? Ao mesmo tempo que
essas observaes sobre os vegetais esto sendo feitas, deve-se tambm
estar atento para os animais existentes no local. Para que as observaes
de animais sejam realizadas, necessrio que voc se movimente de
forma lenta e sem rudo. Procure ouvir os sons para localizar e identificar o animal.
Observe o solo. H vegetao rasteira ou o solo est somente coberto com folhas? Relacione a existncia dessas folhas fertilidade da mata.
Observe se h presena de fungos pela presena de cogumelos e
analise onde crescem. Justifique onde so encontrados e por qu? As
fezes dos animais, se existirem, tambm constituem uma forma de detectar os tipos de animais existentes, seu tamanho e muitas vezes sua
alimentao.
Essas so algumas das observaes que podem ser feitas, porm,
muitas outras acontecero durante o percurso, que devem ser anotadas
por voc ou debatidas com seus colegas e o professor, se necessrio.
Todas as anotaes realizadas sero usadas para a confeco final do
relatrio do seu grupo, em sala de aula. Posteriormente, os grupos relataro o que observaram e ser construdo um texto coletivo da atividade
desenvolvida.
Observao para o professor:
Todos os conceitos relativos s possveis observaes existentes neste
roteiro devem ter sido desenvolvidos no perodo anterior sua realizao em sala de aula.

8. Uma das possveis respostas poderia incluir algumas caractersticas


gerais dos seres vivos, observadas nessa foto: I. a execuo de movimentos; II. a reao a estmulos ambientais; III. a associao entre
forma e funo (percebida, por exemplo, na forma dos membros).
9. I. Trata-se de aves da mesma espcie, mas do mesmo sexo. II. So
aves de espcies diferentes, apesar de muito semelhantes.
10. e
11. a) Como h identidade gentica entre todas as plantas da lavoura
pois so resultado de reproduo assexuada , caractersticas vantajosas, como a elevada produtividade, estaro presentes em todas
as plantas. b) A identidade gentica, por outro lado, faz com que
todas as plantas da lavoura sejam susceptveis praga, e toda a plantao pode ser dizimada.
12. a) A diversidade decorrente de mutaes, que ocorreram e foram
selecionadas ao longo do tempo, incorporando-se ao patrimnio
gentico do grupo. b) A aplicao de inseticidas pode ter eliminado
os insetos, principal alimento das aves de bico delicado. Com isso, as
aves adaptadas a outro tipo de alimentao passaram a predominar.

Captulo 2
1.
2.
3.
5.
7.
8.

9.
10.

11.
12.
13.

14.

Avaliao
A avaliao de uma atividade de campo no pode ser restringida ao
relatrio apresentado pelo aluno ou grupo. A avaliao deve iniciar no
momento em que a atividade comea e terminar aps a construo do
texto coletivo. A postura, a responsabilidade, o compromisso na realizao da atividade so dados que no podem ser desprezados e que devem
ser considerados.

Respostas das atividades e


dos exerccios complementares
de todos os captulos

15.

16.
17.

18.
19.
20.

Captulo 1
1. c, a, b
2. Biodiversidade significa o nmero de espcies em certo ambiente
(diversidade de espcies). Em certos contextos, pode significar a
diversidade gentica dentro de uma espcie (diversidade gentica)
ou o nmero de diferentes ecossistemas em determinada regio geogrfica (diversidade ecolgica).
3. c
4. Um dos ratinhos reage a estmulos ambientais (percebe, por exemplo, a borda da mesa), alimenta-se, gera filhotes, apresenta processos metablicos (defeca e urina) etc.
5. c, g, a, f, e, h, d, b
6. d
7. Uma possvel explicao seria que, no solo das florestas, os
caramujos de concha escura podiam escapar mais facilmente dos
predadores (as aves). Da mesma forma, caramujos de concha clara,
vivendo nos campos, podiam se confundir com o ambiente, enganando a viso dos tordos canoros.

21.

j, h, b, i, f, g, a, d, e, c
b
e 4. c
d 6. d
c, b, e, a, d
a) O gavio, que, ao mesmo tempo, consumidor secundrio e
tercirio. b) As plantas so os produtores e fornecem energia para
todos os demais componentes da teia.
b
a) A quantidade total de energia qumica acumulada nos membros
daquele nvel trfico. b) Porque os componentes de cada nvel trfico
gastam grande parte da energia na respirao celular aerbia, enquanto uma outra parcela perdida na forma de calor.
c
a
No. Em uma floresta em equilbrio, a quantidade de oxignio liberada pela fotossntese praticamente igual consumida na respirao celular aerbia. A maior produo lquida de oxignio ocorre
nos oceanos, pela atuao do fitoplncton (algas marinhas).
a) Folhas insetos rs jararaca gavio. b) Folhas (produtor);
insetos (consumidor primrio); rs (consumidor secundrio); jararaca
(consumidor tercirio); gavio (consumidor quaternrio). c) O sabi,
que atua como consumidor primrio (ao se alimentar de folhas e sementes) e consumidor secundrio (ao se alimentar de insetos).
Planta (produtor) camundongo (consumidor primrio) cobra
(consumidor secundrio) perdiz (consumidor tercirio) raposa (consumidor quaternrio).
c
Porque, medida que os nveis trficos se afastam do nvel trfico
dos produtores, a quantidade de energia disponvel para o nvel
trfico seguinte diminui, perdendo-se na forma de calor.
e
c
Maior populao humana seria suportada na ilha em que as pessoas
se alimentam de vegetais, pois, no nvel dos produtores, a quantidade total de energia e a oferta de energia para o nvel trfico imediatamente superior so maiores. Havendo menos nveis trficos entre
os produtores (plantas) e os consumidores (populao humana), a
quantidade de energia disponvel maior.
a) Porque a fotossntese principal processo responsvel pela produo de matria orgnica libera oxignio. A quantidade liberada
desse gs deve ser proporcional taxa de fotossntese e, portanto,
produtividade primria. b) Nas garrafas escuras, as algas no realizam a fotossntese, mas apenas a respirao celular aerbia, que consome oxignio. A quantidade de oxignio consumida pelas algas que
esto na garrafa escura deve ser igual quela consumida pelas algas
da garrafa clara. Portanto, se na garrafa escura foi consumido um
volume V1 de oxignio e na garrafa clara foi liberado um volume V2,
esse volume V2 corresponde apenas ao saldo liberado. O verdadeiro
volume produzido na fotossntese pelas algas da garrafa clara
corresponde a (V1 + V2). c) So principalmente as algas, organismos
microscpicos fotossintetizantes, componentes do fitoplncton.

Captulo 3
1. d, e, a, c, f, b
2. e

56
MP_BIO Col. Base_2

56

22/06/05, 8:40

Reproduo proibida. Art. 184 do Cdigo Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Observao de seres vivos em seu meio

Reproduo proibida. Art. 184 do Cdigo Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

3. a) Fungos e bactrias podem atuar como decompositores, convertendo a matria orgnica morta em nutrientes inorgnicos, que podem ser reaproveitados por produtores (por exemplo, algas e plantas). b) Certos fungos produzem antibiticos, substncias que impedem ou dificultam o desenvolvimento de bactrias e/ou outros
fungos.
4. b
5. Trata-se de protocooperao. Embora paguro e anmona-do-mar sejam beneficiados pela associao, no dependem dela para se manter, podendo sobreviver independentemente um do outro.
6. a) Na sociedade das formigas h uma ntida diviso de trabalho, e a
sobrevivncia do formigueiro considerado por alguns bilogos
um hiperorganismo depende de cada casta executar suas atribuies. Se ocorrer a rebelio proposta por Calvin, a sociedade se
desestrutura, acarretando a morte de seus componentes. b) Cupins
e abelhas.
7. Soma = 27 (01 + 02 + 08 + 16)
8. a) o estgio X. b) No estgio X, em que h maior diversidade de
nichos ecolgicos. c) Estgio X (comunidade clmax): equilbrio
entre a incorporao e a liberao de carbono (fotossntese = respirao celular aerbia). Estgio Y (comunidade pioneira, aumentando a biomassa): predomnio da incorporao sobre a liberao de
carbono (fotossntese > respirao celular aerbia).
9. f, e, d, b, a, c
10. b
11. a)
Ano Tamanho inicial da populao Tamanho final da populao
1984

600

1985

600

700

1986

700

850

1987

850

1.270

1988

1.270

1.540

b) No final de 1986, 850 indivduos estaro vivendo numa rea de


100 hectares. Portanto, a densidade populacional ser de 8,5 indivduos por hectare. c) O aumento da densidade populacional pode ter
provocado aumento da competio intra-especfica (por abrigo ou
alimento), resultando em aumento da mortalidade e da emigrao.
Outras hipteses poderiam ser a introduo, na rea, de espcies
competidoras, parasitas ou predadoras, ou a liberao da rea para a
atividade de caa. d) A tendncia de reduo no ritmo de crescimento populacional, at que o tamanho da populao finalmente se
estabilize.
12. a) O valor A indica a capacidade de carga do ambiente, ou seja, o
nmero mximo de indivduos dessa espcie que ele pode tolerar.
b) A oferta de alimentos e a disponibilidade de locais para abrigo,
acasalamento e cuidados com filhotes.
13. e 14. b
15. Entre joaninhas e cochonilhas: predatismo. Entre cochonilhas e bois:
competio.
16.
Capim

Bois

Seres humanos

Palmas

Decompositores

Cochonilhas

Joaninhas

17.
Joaninhas
Cochonilhas
Palmas

18. Os coelhos e os pres iro estabelecer uma relao de competio,


pois estaro disputando um mesmo recurso ambiental (no caso, o
alimento representado pelos vegetais).
19. Naquela em que 40% da mata foram preservados. Essa rea funciona como uma reserva de biodiversidade, onde pode haver

competidores, predadores e parasitas que auxiliaro no combate s


pragas agrcolas (insetos, fungos, plantas invasoras etc.), alm de
aves e insetos que atuam como polinizadores das plantaes.
20. a
21. a) A biomassa aumenta progressivamente, at se estabilizar. b) A
comunidade atingir o estgio clmax quando ocorrer a estabilizao da biomassa e da biodiversidade (que tambm aumentar durante a sucesso).
22. a)

1.000
900
800
700
600
500
400
300
200
100
84 85 86 87 88 89 90 91

b) A populao atingiu a capacidade de carga.


23. b 24. b 25. c
26. Embora no tenhamos discutido a curva de Nelson Moraes (taxa
diferencial de mortalidade por faixa etria), a anlise dos grficos
permite responder s questes propostas. a) Nota-se reduo das
taxas de mortalidade nas primeiras etapas da vida, particularmente
do ndice de mortalidade infantil (mortalidade no primeiro ano de
vida). Como a expectativa de vida tambm deve ter se elevado no
perodo, h um aumento na taxa de mortalidade nas faixas etrias
mais elevadas. Estes indicadores apontam para provvel melhoria
das condies de vida (renda per capita, condies de moradia e de
saneamento, acesso aos servios de sade etc.). b) Percebe-se que a
Regio Norte apresenta taxas de mortalidade na infncia mais elevadas que as da Regio Sul, indicando piores condies de vida da
populao. Por outro lado, as taxas de mortalidade em idades mais
elevadas so maiores na Regio Sul, denotando provvel maior
expectativa de vida.

Captulo 4
1. c, b, a, d
2. Em relao s monoculturas, os ecossistemas naturais apresentam
maior diversidade de espcies (maior biodiversidade) e, portanto,
menor susceptibilidade a pragas, em virtude da presena de inimigos naturais dos eventuais invasores.
3. b
4. 1) O peixe extico pode atuar como predador de espcies nativas,
reduzindo suas populaes. 2) No novo ambiente, o peixe extico
pode no encontrar predadores, parasitas e outros inimigos naturais. Aumentando rapidamente a populao, a espcie introduzida
pode esgotar recursos naturais que eram compartilhados com outras espcies.
5. f, b, g, c, h, a, e, d
6. D, A e F, respectivamente.
7. d
8. c
9. e
10. Soma = 21 (01 + 04 + 16)
11. b
12. b
13. Na floresta tropical, a preservao de todas as espcies s possvel
com a manuteno da rea integral (portanto, 500 hectares). Na floresta temperada, a manuteno de aproximadamente 100 hectares
seria suficiente para preservar toda a biodiversidade da regio.
14. 1) As abelhas exgenas (ou exticas) poderiam competir por alimento ou abrigo com as espcies nativas, que seriam eliminadas. 2) As
abelhas exgenas poderiam atuar como agentes polinizadores de plantas invasoras, provocando a exploso populacional dessas pragas agrcolas. (Alm dessas, outras hipteses podem ser propostas.)

57
MP_BIO Col. Base_2

57

22/06/05, 8:40

14.

Captulo 5
1. g, h, f, j, i, a, b, c, d, e
2.

15.
16.

Tipo de poluente

Efeitos sobre a vida humana

Material
particulado

Tosse, crises de asma e facilita o aparecimento de


pneumonias. Pode prejudicar a visibilidade, determinando o fechamento de aeroportos.

xidos de
nitrognio

Irritao das vias areas e dos olhos, asfixia e


morte (em alta concentrao).

xidos de
enxofre

Irritao das vias areas, dos olhos e da boca.

xidos de
carbono

O monxido de carbono dificulta o transporte de


oxignio pelo sangue.

Chumbo

Saturnismo (leses do sistema nervoso, dos rins


e anemia).

3. a) Inverso trmica. b) No inverno, o ar fica mais frio e mais denso,


acumulando-se sobre as cidades como um manto de partculas de
poluentes. A entrada de luz solar dificultada, retardando o aquecimento do solo e, conseqentemente, do ar. Diminuindo a movimentao ascendente do ar, a camada de poluentes permanece mais
tempo sobre as cidades.
4. b
5. a) a capacidade que determinados gases atmosfricos tm de aprisionar calor, mantendo a atmosfera e a superfcie do planeta relativamente aquecidas. b) o gs carbnico (CO2 ou dixido de carbono). c) Ocorreria elevao do nvel mdio dos oceanos graas ao
derretimento de geleiras (de calotas polares e cordilheiras) e dilatao da gua (pelo aumento da temperatura). Quanto produo
agrcola, apesar do aumento da concentrao atmosfrica de CO2
(que matria-prima da fotossntese), a elevao da temperatura
comprometeria o funcionamento das clulas, afetando a produtividade. Alm disso, a elevao dos oceanos poderia alagar reas costeiras atualmente utilizadas pela agricultura.
6. d 7. d, a, e, b, c
8. a) a eutrofizao (ou eutroficao). b) III V IV II I. c)
Reduzir a liberao de produtos fosfatados (detergentes, por exemplo) nas guas coletadas; adotar formas alternativas de destinao
dos dejetos humanos (por meio de fossas spticas) nos locais no
servidos por rede de esgoto; exigir que os governos, em diferentes
nveis da administrao pblica, estendam as redes de saneamento
(gua tratada e esgoto) a toda a populao.
9. a 10. a
11. So plausveis apenas as explicaes I e II. I. A queda matinal da
concentrao de NO acompanhada de elevao da concentrao de
NO2, sugerindo a converso de um gs em outro. II. A alta da concentrao de CO ocorre nos horrios de pico, quando o movimento de
veculos maior (incio da manh e final da tarde). III. Apesar de
haver elevao da concentrao de NO2 acompanhando a queda da
concentrao de NO (sugerindo a converso), nota-se alguma concentrao daquele gs ao longo de todo o dia. IV. Se houvesse deslocamento de O3 da estratosfera para camadas mais baixas, sua concentrao total na atmosfera permaneceria constante.
12. c
13. a) Os gases que, ao se combinarem com a gua, so os responsveis
pela formao de cidos (xidos de nitrognio e xidos de enxofre)
so lanados na atmosfera e levados a longas distncias pelos

17.

18.
20.

21.
22.

ventos, podendo acarretar chuvas cidas em locais afastados de onde


so emitidos. b) Formao sucessiva de comunidades pioneiras (que
toleram as condies adversas do local), comunidades intermedirias (que apresentam produtividade primria elevada, com aumento
da biomassa e da biodiversidade) e comunidade clmax (em equilbrio com o ambiente).
a) Principalmente, a intensificao da queima de combustveis fsseis. b) Uma provvel conseqncia o aquecimento global, pois o
CO2 (bem como outros gases-estufa) aprisiona calor, provocando o
aumento da temperatura da atmosfera. c) Se levarmos em conta apenas a energia de origem hidroeltrica, o impacto seria mnimo. Porm, em nvel planetrio, a reduo do consumo de eletricidade provocaria reduo nas emisses de gs carbnico, pois uma importante fonte de eletricidade so as centrais termoeltricas, movidas a
carvo ou derivados de petrleo, cuja queima libera CO 2 e
outros gases.
d
a) So os que se originam da transformao que a matria orgnica,
submetida a temperaturas e presses elevadssimas ao longo de milhes de anos, sofre no subsolo. Exemplos: petrleo, gs natural e
carvo. b) Porque o CO2 liberado na queima da madeira seria
reincorporado biosfera por meio da fotossntese, nas reas de reflorestamento.
O aquecimento global alteraria os hbitats dos transmissores de doenas tropicais, que vivem e se reproduzem em ambientes quentes.
Com a expanso das reas de clima tropical, esses transmissores
(insetos, moluscos e roedores, entre outros) ocupariam lugares que
antes no ocupavam, levando consigo agentes infecciosos (como os
causadores de encefalite viral, dengue, malria, febre amarela ou da
esquistossomose) para regies onde eles no existem atualmente,
difundindo essas molstias em populaes que hoje se encontram
fora das reas de risco.
d 19. a
a) O significado ser a reduo da quantidade de oxignio dissolvido na gua, que poder acarretar a morte de peixes, moluscos, crustceos e outros organismos aerbios. b) O aumento da temperatura
reduz o coeficiente de solubilidade dos gases em lquidos. (O professor de Qumica poderia explicar superficialmente o conceito de
coeficiente de solubilidade.)
e
a) Quanto maior a porcentagem da populao com acesso a gua
potvel de boa qualidade, menor a taxa de mortalidade infantil. b)
Acesso a gua potvel de boa qualidade reduz a chance de contato
com agentes infecciosos veiculados por gua e alimentos contaminados, como vrus, bactrias e outros organismos causadores de diarria (uma das principais causas de mortalidade infantil em pases
pobres). Alm disso, acesso a gua potvel de boa qualidade sugere
que a populao seja servida por saneamento bsico, tenha condies satisfatrias de nutrio e moradia, acesso a servios de sade,
recebimento de medicamentos ou condies financeiras para adquiri-los etc. Esses mesmos fatores contribuem para que as crianas
tenham boas condies de vida, reduzindo a taxa de mortalidade
infantil.

Captulo 6
1. e, b, a, d, f, c 2. c
3. a) Compostos inorgnicos nitrogenados (nitrognio tambm pode
ser aceito como resposta). b) Pela denitrificao (graas ao de
bactrias denitrificantes), na forma de N2 (nitrognio gasoso). c) A
associao com bactrias ocorre em ndulos que se formam nas
razes das leguminosas.
4. Coppodes manjubas pescadas atobs. O DDT tende a se
concentrar nos nveis superiores das cadeias alimentares, fenmeno
chamado magnificao trfica.
5. d 6. c, e, b, a, d 7. b 8. b 9. c
10. a) X: bactrias denitrificantes, pois liberam nitrognio gasoso para
a atmosfera. Y: decompositores, que so praticamente os nicos organismos que digerem a quitina da carapaa de artrpodes. Z: produtores (auttrofos), porque realizam a fotossntese e liberam oxignio. W: consumidores de primeira ordem, pois digerem o amido
e, portanto, devem alimentar-se de algas ou plantas. b) Os organismos Z, que so os produtores e esto na base da pirmide de energia
e, em geral, na de biomassa.
11. d

58
MP_BIO Col. Base_2

58

22/06/05, 8:40

Reproduo proibida. Art. 184 do Cdigo Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

15. e
16. Entre outros fatores, poderamos citar a grande disponibilidade de
gua, a abundante exposio luz solar, o grande potencial bitico
das populaes de algas, a elevada capacidade de carga dos ecossistemas marinhos etc.
17. Regio ocenica abissal: escassez de luz. Deserto: escassez de gua.
Tundra: baixas temperaturas. Floresta tropical pluvial: temperaturas elevadas e abundante oferta de gua e de luz. Esturios: grande
disponibilidade de nutrientes trazidos pelos rios.
18. a) 4 (Caatinga) e 2 (Cerrado), respectivamente. b) a rea 7 (Pampa
gacho), que, assim como as pradarias norte-americanas, so classificados como formao herbcea e se caracterizam pelo predomnio de gramneas e outras plantas de pequeno porte.
19. Soma = 11 (01 + 02 + 08)

12. O ecossistema agrcola o indicado pela letra a, que dispe de energia em grande quantidade para crescer e se reproduzir; dessa forma,
deve gerar um saldo de matria orgnica, que o produto da prtica agrcola. O ecossistema b deve corresponder floresta pluvial
tropical, em estado de equilbrio e, portanto, com menor saldo de
energia e de matria orgnica.
13. d
14. As queimadas destroem plantas invasoras e incorporam no solo
os materiais oriundos da incinerao dos restos vegetais. Entretanto, a elevao da temperatura elimina a comunidade de seres
vivos (como bactrias, fungos, insetos e aneldeos) que participam da reciclagem da matria. Isso acaba por empobrecer o solo.
Como remove a cobertura vegetal, aumenta a exposio direta
do solo ao das chuvas e dos ventos, intensificando a eroso e
a lixiviao.
15. a
16. Sendo biodegradveis, iro se decompor ao longo do tempo, reduzindo a quantidade total de resduos gerados e evitando o esgotamento dos aterros sanitrios.
17. d

4.
5.
7.
8.

9.

10.
11.

12.

Reproduo proibida. Art. 184 do Cdigo Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Captulo 7
1.
2.
3.
4.

5.
6.
7.
8.
9.
10.
11.

12.
13.
14.
15.
16.

17.

18.
19.

20.

c, g, e, a, f, b, h, d
c
c
a) Polissacardio de reserva animal: glicognio (encontrado no fgado e nos msculos). Polissacardio de reserva vegetal: amido (encontrado em razes e caules). b) Os animais alternam perodos de
alimentao com intervalos relativamente longos durante os quais
eles dependem dos estoques de glicose, armazenada na forma de
glicognio.
a
b, e, f, d, c, a, g
b
a
a
Soma = 53 (01 + 04 + 16 + 32)
No tubo 1 nada ocorrer; no tubo 2 ocorrer formao de bolhas
(correspondentes ao oxignio liberado na degradao enzimtica
da gua oxigenada); no tubo 3 ocorrer formao de bolhas; no
tubo 4 ocorrer intensa formao de bolhas, pois a triturao aumenta a superfcie de contato da gua oxigenada com as enzimas
presentes no fgado; no tubo 5 no haver formao de bolhas,
pois a fervura prvia desnaturou irreversivelmente as enzimas do
fgado.
c
a
e
H uma associao direta entre a porcentagem de gorduras saturadas
na dieta e a incidncia de doenas cardacas em seres humanos.
a) A presena de glicina (ou de valina) na dieta essencial para o
desenvolvimento normal de larvas de moscas do gnero Heliothis.
b) Servir como grupo-controle (ou referncia) para comparao com
os grupos experimentais (sem glicina e sem valina).
F, V, F. importante destacar que apenas a afirmativa II demonstrada pelo experimento, independentemente de as afirmativas I e III
serem ou no verdadeiras.
V, V, V, F
No tubo I, h substrato (gorduras do leite) e a enzima correspondente; ocorre a hidrlise e a formao de cidos graxos e, portanto, o meio se torna cido, mudando a cor do indicador que se
torna azul. No tubo II, h substrato, mas no h enzima; conseqentemente, no se formam cidos graxos e o indicador permanece rosa. No tubo III, est presente a enzima, mas no o
substrato; ento, o indicador permanece rosa, pois no se formam cidos graxos.
d

Captulo 8
1. c, h, g, e, i, a, f, d, j, b
2. a) procaritica, pois no possui envoltrio nuclear nem organides
citoplasmticos membranosos. b) 1. membrana plasmtica; 2.
nucleide (ou cromossomo circular); 3. ribossomo; 4. parede celular.
3. a

13.

14.

15.
16.

17.
18.

19.
20.

A 1; B 2; C 4; D 6; E 3; F 5
c 6. c
d, a, c, b, e
a) 1 Procariontes possuem membrana plasmtica. 2 Clulas animais possuem complexo golgiense. 3 A maioria das clulas de
vegetais com flores no possui centrolos. 4 Clulas de vegetais
com flores possuem mitocndrias. b) Membrana plasmtica e
centrolos, respectivamente.
a) A soluo do recipiente I era hipertnica em relao ao contedo
intracelular; a do recipiente II era isotnica. b) Significa que as clulas perderam gua, por osmose, para o meio extracelular e diminuram de volume, a ponto de a membrana plasmtica afastar-se da
parede celular.
Trata-se de uma clula vegetal. 1 cloroplasto (fotossntese); 2
parede celular (proteo); 3 vacolo central (equilbrio osmtico).
a) I retculo endoplasmtico granuloso (ou rugoso); II complexo golgiense. b) III (mitocndria) respirao celular aerbia; IV
(centrolos) participam da diviso celular e, em alguns tipos celulares, da organizao de clios e de flagelos.
Colocados em ambiente hipertnico, os alimentos perdem gua por
osmose. Isso tambm acontece com os microorganismos (bactrias
e fungos, por exemplo) que, porventura, neles existirem. Dessa forma, tais microorganismos no conseguem sobreviver.
A fagocitose est associada ao englobamento de partculas alimentares (por exemplo, nos protozorios) e ao combate a agentes infecciosos, como bactrias (em animais).
Com o rompimento da membrana lisossomal, as enzimas hidrolticas
destroem os macrfagos, extravasam e acabam por destruir o tecido
pulmonar.
b
Durante as quarenta semanas da gestao humana, o tero aumenta
consideravelmente, passando de 7,5 cm de comprimento e 50 g de
massa para 30 cm de comprimento e 1.100 g de massa. pela atuao das enzimas digestivas (hidrolases) presentes em lisossomos
que ele diminui aps o parto, readquirindo seu tamanho normal em
cerca de dez dias.
d
a) So eucariticas as clulas A e B, que possuem envoltrio nuclear; a clula C, que no o possui, procaritica. b) Bactrias: clula
C (no possui envoltrio nuclear nem organides citoplasmticos, a
no ser ribossomos). Animal: clula A (eucaritica, sem parede celular nem cloroplasto). Vegetal: clula B (eucaritica, dotada de
parede celular e cloroplastos).
c
e

Captulo 9
1. g, d, e, f, c, a, b, h
2. Os pigmentos fotossintetizantes esto em organides chamados
cloroplastos (estruturas microscpicas), no interior dos tilacides
(estruturas submicroscpicas). No vegetal, a maior quantidade se
encontra nas clulas das folhas (rgos), no parnquima clorofiliano
(tecido). Esta localizao particularmente vantajosa porque as folhas, com pequena massa de tecido, conseguem grande rea de exposio luz solar.
3. a) Fotossntese e respirao celular aerbia. b) As substncias produzidas em cada um desses processos so consumidas no outro
(glicose e O2 so produzidos na fotossntese e consumidos na respirao celular aerbia; gs carbnico e gua so produzidos na respirao celular aerbia e consumidos na fotossntese).
4. a
5. c
6. a) Deve permanecer parado, pois a quantidade de gases liberados
igual quantidade de gases absorvidos. b) o gs oxignio, produzido na fotossntese.
7. d, b, c, h, f, a, e, g
8. d 9. d
10. e
11. c
12. a) A substncia o gs carbnico. A seqncia : fitoplncton,
moluscos filtradores, peixes carnvoros e decompositores. A substncia liberada ser o gs carbnico. b) Os processos de captao e
liberao so, respectivamente, a fotossntese e a respirao. Somente o fitoplncton faz os dois processos.

59
MP_BIO Col. Base_2

59

22/06/05, 8:40

18. O cdigo gentico redundante (ou degenerado), ou seja, h


aminocidos que podem ser codificados por dois ou mais cdons
diferentes. Por exemplo, quando o RNAm tem o cdon UUU, o
aminocido incorporado protena a fenilalanina. Entretanto, diante de uma protena com o aminocido fenilalanina, no podemos
afirmar com certeza se o segmento correspondente no RNAm o
cdon UUU ou o cdon UUC, j que ambos codificam o mesmo
aminocido.
1. d, c, e, a, b
2. a) Conclumos que a estrutura (ou arquitetura) celular determinada pelas informaes contidas no ncleo. b) No. A clula resultante, depois de se regenerar, apresentaria caractersticas morfolgicas
de A. crenulata.
3. No; apenas em glbulos brancos, porque os glbulos vermelhos
maduros so anucleados e no possuem cromossomos.
4. a
5. F, F, V, F
6. d, b, a, e, c
7. a) 1 Intrfase, perodo G1 (filamentos de cromatina descondensados e ainda no duplicados). 2 Intrfase, aps o perodo S
(filamentos de cromatina descondensados e j duplicados). 3
Prfase (filamentos de cromatina duplicados e condensando-se). 4
Metfase (cromtides-irms muito condensadas e ainda unidas
pelo centrmero). 5 Anfase (cromossomos-filhos j separados,
sendo tracionados). b) Condensados durante a diviso celular, os
cromossomos podem ser tracionados, com menor probabilidade de
sofrer fraturas e perdas de fragmentos. Descondensados na intrfase,
permitem a transcrio e, assim, comandam a sntese de protenas.
8. a
9. A figura mostra a duplicao do material gentico (DNA). Vemos
um filamento de cromatina que, em determinado segmento, encontra-se duplicado. No grfico, a duplicao do DNA est indicada
pela letra S (perodo S da intrfase). Nota-se a passagem da quantidade de DNA de 2C para 4C.
10. a
11. Resposta pessoal.
12. c, e, a, f, d, b
13. a) Meiose, pois h emparelhamento e posterior separao de
cromossomos homlogos. b) As etapas ocorrem na seqncia 3, 4,
1, 2 e 5.
14.

Captulo 10
1.
2.
3.
4.

5.
6.
7.

8.
9.

10.
11.
12.
13.

14.
15.

b, e, g, d, h, i, f, a, c
b
d
Podem ser UGAGGCGAAUCC ou ACUCCGCUUAGG. Os dois
filamentos que compem essa molcula de DNA transcrevem cadeias diferentes de nucleotdios em molculas de RNA mensageiro.
O HIV possui RNA como material gentico, sendo chamado retrovrus
por determinar a sntese de DNA, tendo o RNA como modelo.
d, a, b, c, e
Trata-se de um organismo procarionte, pois h contato direto entre
o DNA e os ribossomos, indicando que esto no mesmo compartimento celular (no citoplasma) e que no h carioteca.
d
No obrigatoriamente. Como o cdigo gentico redundante (ou
degenerado), dois ou mais cdons diferentes podem codificar o mesmo aminocido.
c
a
A: 19,6%; B: 29%
a) CAUCGGAUC. b) No, pois o RNA mensageiro formado a partir do filamento complementar a este no teria a mesma seqncia
de nucleotdios.
Protenas (A); RNA mensageiro (D); RNA ribossmico (F); ATP (G).
a

16.
17. Foi a valina, pois a dcima base nitrogenada pertence ao quarto cdon
(agrupamento de trs em trs nucleotdios). Portanto, haver alterao no quarto aminocido.

15. a) a anfase II, pois mostra a separao das cromtides-irms. b)


O nmero haplide igual a 6, pois so quantos cromossomos tero
cada clula resultante da meiose representada na figura.
16. d
17. e
18. a
19. Soma = 11 (01 + 02 + 08)
20. V, F, V.
21. e
22. Soma = 22 (02 + 04 + 16)
23. e
24. a) Podemos destacar, como condies propcias elevada ocorrncia de doenas infecciosas no pas em desenvolvimento, a falta de
saneamento bsico adequado, as ms condies de nutrio e a pequena cobertura da populao pelos esquemas de vacinao. b) A
menor porcentagem de casos de morte por cncer no pas em desenvolvimento deve-se ao fato de que os habitantes morrem em grande
nmero por outras causas (como as doenas infecciosas), e um menor nmero atinge as faixas etrias mais avanadas, nas quais a ocorrncia de cncer seria maior.
25. a) Reproduo assexuada. b) Vantagens: maior nmero de descendentes gerados e menor tempo entre duas geraes consecutivas.
Desvantagens: menor variabilidade gentica e maior risco de desaparecimento da espcie em face de novos desafios da seleo
natural.

60
MP_BIO Col. Base_3

60

22/06/05, 8:42

Reproduo proibida. Art. 184 do Cdigo Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Captulo 11

PAULO MANZI

13. Estimulando-se com o ferro a proliferao do fitoplncton (algas


ocenicas), a taxa de fotossntese executada por estes auttrofos aumentaria, elevando a quantidade de CO2 recolhido da atmosfera.
Dessa forma, poderia ser compensada, ao menos em parte, a grande
quantidade do gs que liberada pela queima de combustveis fsseis. O aumento da biomassa de algas pode alterar todas as cadeias
alimentares marinhas e, eventualmente, provocar eutrofizao.
14. a) Porque o camundongo, gradativamente, consumia todo o oxignio contido no interior do recipiente de vidro, acabando por morrer
por anxia (falta de oxignio). b) A fotossntese executada pela planta
gerava uma quantidade de oxignio suficiente para manter a respirao celular aerbia da prpria planta, liberando no recipiente um
excedente capaz de manter vivo o camundongo. c) Fotossntese:
cloroplastos; respirao celular aerbia: mitocndrias.
15. a) Porque elas migram em busca do O2, liberado pelo filamento de
alga durante a fotossntese. A luz vermelha absorvida pela alga
com maior intensidade que a verde, quase totalmente refletida. Conseqentemente, iluminada com luz vermelha, a alga realiza
fotossntese com maior intensidade e libera mais O2. b) a gua,
decomposta na fotlise (por ao da luz), durante fotofosforilao
acclica da etapa fotoqumica da fotossntese.
16. c
17. e
18. Por dois motivos, principalmente: a escassez de luz (retida pela espessa camada de folhas das copas das rvores maiores) e a tonalidade esverdeada da luz que atinge o solo, depois de atravessar as folhas (que se comportam como um filtro verde), lembrando que a
luz verde mal absorvida pela clorofila.
19. O ponto x corresponde ao ponto de compensao luminosa, intensidade luminosa em que a taxa da fotossntese se equivale da respirao celular aerbia, e as trocas gasosas globais entre a planta e o ambiente so nulas. Na rea A, a respirao celular aerbia predomina
sobre a fotossntese; a planta consome matria orgnica, libera gs
carbnico e absorve oxignio. Na rea B, ocorre o inverso: a taxa de
fotossntese supera a da respirao celular aerbia, a planta incorpora
matria orgnica, consome gs carbnico e libera oxignio.
20. a) cido lctico. b) Havendo dficit de oxignio, as clulas musculares degradam molculas orgnicas por meio da fermentao lctica,
que origina cido lctico. o acmulo dessa substncia que acarreta dores musculares, fadiga e, eventualmente, cimbras.
21. F, F, V, V, F
22. Soma = 45 (01 + 04 + 08 + 32)
23. b
24. a

26. 1: prfase; 2: metfase; 3: anfase; 4: telfase.


27. d, c, b, a.
28. b
29. d
30. d
31. a) A separao de cromossomos homlogos observada apenas na
meiose (anfase I). b) A separao de cromtides-irms verifica-se
tanto na mitose (anfase) como na meiose (anfase II).
32. F, V, F, V
33. e

Reproduo proibida. Art. 184 do Cdigo Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Captulo 12
1. d, c, a, f, e, b, g
2. a) Fortaleceram a hiptese da biognese, porque reforavam a idia
segundo a qual a vida s poderia surgir a partir de outra preexistente.
b) Os frascos mantidos abertos serviram de controle para comparao, demonstrando que as larvas surgiam a partir de ovos depositados pelas moscas. Essas larvas, ao se desenvolver, originavam moscas da mesma espcie daquelas que Redi observava voando ao redor dos frascos.
3. V, V, F, F, V, V
4. a) Metano, amnia e hidrognio. b) Elevadas temperaturas e grande
incidncia de radiaes e descargas eltricas. c) Substncias orgnicas, como aminocidos, carboidratos e bases nitrogenadas. d) No
prprio ambiente, onde as substncias orgnicas teriam se formado
em decorrncia das condies da Terra primitiva. e) Teria sido a
fermentao de substncias orgnicas obtidas no ambiente.
5. b
6. Pertence hiptese da abiognese (ou gerao espontnea). falha porque no impede que ratos previamente existentes alcancem
o material (camisa suja e gros de trigo) e depositem nele seus
filhotes.
7. d
8. A primeira equao resume a fotossntese e relaciona-se com a hiptese autotrfica, que afirma terem sido auttrofos os primeiros
seres vivos. A segunda equao resume a fermentao e relacionase com a hiptese heterotrfica, que afirma terem sido hetertrofos
fermentadores os primeiros seres vivos.
9. e
10. b
11. b
12. e
13. a

Captulo 13
1.
2.
3.
4.

5.

6.
7.

8.
9.

d, f, e, b, a, g, c, h
e
e
a) A escolha da cala e da camisa so eventos independentes, cuja
probabilidade de ocorrncia dada pelo produto das probabilidades
de ocorrncia de cada evento: P = P (cala jeans) P (camisa azul)
P = 3/5 5/20 P = 15/100 = 0,15 (15%). Conclui-se que a
probabilidade de voc escolher cala jeans e camisa branca de
15%. b) A escolha da camisa bege ou verde so eventos mutuamente exclusivos, cuja probabilidade de ocorrncia dada pela soma
das probabilidades de ocorrncia de cada evento: P = P (camisa
bege) + P (camisa verde) P = 5/20 + 6/20 P = 11/20 = 0,55
(55%). Portanto, a probabilidade de voc escolher camisa bege ou
camisa verde de 55%.
a) A probabilidade de que a primeira criana seja um menino de
50%, independentemente de quantos filhos o casal pretende ter. b)
A probabilidade de nascimento de uma menina igual a 50%. Como
3 nascimentos so eventos independentes, temos:
P = 0,125 (12,5%). A probabilidade de nascimento de 3 meninas
igual a 12,5%.
b, f, a, d, c, g, e
a) O ovrio retirado da cobaia preta produzia vulos com o alelo
que condicionava a pelagem preta, mesmo depois de implantado na
cobaia albina. b) Fmea preta: gentipo AA; descendentes: gentipo
Aa. c) O resultado no seria o mesmo, pois o ovrio da fmea albina
continuaria produzindo apenas vulos portadores do alelo para
pelagem albina.
a
b. Cuidado com seus clculos! Como o carneirinho branco, a probabilidade de que tenha gentipo Pp de 2/3, pois exclui-se a

possibilidade de ter o gentipo pp. Retrocruzado com a fmea


heterozigota Pp, a probabilidade de nascimento de filhote preto
(gentipo pp) igual a 25%. Por se tratar de eventos independentes, a probabilidade de ocorrncia de ambos determinada pelo produto de suas probabilidades: P = 2/3 1/4 = 2/12 = 1/6
10. A doena determinada pelo alelo recessivo, o que se conclui pela
observao da prole do casal 7 8, ambos normais e com uma
filha doente.
11. d
12. P = 1/6 (16,66%)
13. O gene determinante da sntese da albumina est presente em todas
as clulas do corpo (rins e crebro, inclusive), e no apenas nas
clulas do fgado. Todas as clulas do corpo humano possuem os
mesmos 46 cromossomos e, portanto, os mesmos genes. Entretanto, cada grupo de genes em geral se expressa em apenas alguns
tipos de clulas, fazendo com que elas produzam protenas especficas. Assim, por exemplo, os plasmcitos produzem anticorpos, as
clulas precursoras dos glbulos vermelhos produzem hemoglobina,
as clulas musculares produzem grande quantidade de actina e
miosina etc.
14. a
15. a) 50%. b) Como os trs primeiros so meninos, restam dois nascimentos, que so eventos independentes. Portanto: P = 25%.
16. a) importante que os alunos tirem suas concluses a partir da anlise dos heredogramas que construram. Sabe-se, entretanto, que a
capacidade de dobrar a lngua em U condicionada por alelo dominante. b) A resposta dever ser analisada caso a caso.
17. a) A forma das folhas do tomateiro pode ser determinada por um par
de alelos, sendo a variedade normal condicionada por alelo dominante (B) e a batata pelo alelo recessivo (b).
b) I. BB bb; II. Bb Bb; III. bb bb; IV. Bb bb; V. BB B_
18. A mulher albina tem gentipo aa e seu marido tem gentipo Aa, pois
j tiveram uma criana albina (gentipo aa). Portanto, a probabilidade de nascimento de outra criana albina igual a 50%.
19. a) 100% inflorescncia mista (gentipos NN ou Nn). b) 75%
inflorescncia mista (gentipos NN ou Nn) e 25% inflorescncia
pistilada (gentipo nn).
20. Basta cruzar o animal preto (gentipo BB ou Bb) com uma fmea
branca (gentipo bb). Sendo ele homozigoto BB, todos os descendentes sero pretos (gentipo Bb); sendo heterozigoto Bb, seus descendentes podero ser pretos (gentipo Bb) ou brancos (gentipo
bb).
21. b
22. a) 99 brancos e 33 amarelos. b) 66 heterozigotos.
23. a) Alelo recessivo (veja o casal II-1 II-2). b) A mulher III-1, sendo
normal e filha de heterozigotos, pode ser homozigota dominante ou
heterozigota.
24. a) Recessivo (veja o casal 3 4). b) I-1: AA; I-2: Aa. c) P = 1/64.

Captulo 14
1. a, e, f, d, b, c
2. a
3. a) 50% azuladas e 50% brancas. b) 50% pretas e 50% azuladas.
c) 100% azuladas.
4. Soma = 01 (01)
5. a) Polialelia ou alelos mltiplos. b) CC, Ccch, Cch e Cca. c) Aguti
(50%), himalaia (25%) e albino (25%). d) Cch (25%), Cca (25%),
chca (25%) e caca (25%).
6. a) AA, Aan e Aa. b) 50% ana (flor normal) e 50% aa (flor rainha).
7. e, f, b, a, g, d, c
8. e
9. a
10. d
11. a) O casal Lucchesi B (gentipo IB_) e AB (gentipo IAIB) no
poderia ter um filho como o beb n 1, do grupo O (gentipo ii),
mas poderia ter um filho do grupo A (gentipo IA_), desde que a
Sra. Lucchesi fosse heterozigota (gentipo IBi). Analogamente, o
casal Hart B (gentipo IB_) e B (gentipo IB_) no poderia ter
um filho como o beb n 2, do grupo A (gentipo IA_), mas poderia
ter um filho do grupo O (gentipo ii), desde que ambos fossem
heterozigotos (gentipo IBi). b) Considerando que, de fato, ocorreu
a troca de bebs, e que o beb n 2 filho do casal Lucchesi, a
probabilidade de que este casal (gentipos IBi e IAIB) tenha outra
criana do grupo A igual a 0,25 ou 25%.

61
MP_BIO Col. Base_3

61

22/06/05, 8:42

Captulo 15
1. d, b, c, a
2. e
3. a) No h uma resposta nica; todavia, devem ser aceitas como vlidas somente as respostas que colocarem cada par de alelos em um
par diferente de cromossomos homlogos. b) O quinto par de alelos
(Ee) est obrigatoriamente no mesmo par de cromossomos ocupado por um dos outros quatro pares (qualquer um deles).
4. c
5. a) Macho: Dd Mm; fmea: dd Mm. b) Filho preto e branco (Dd mm)
e fmea de gentipo igual ao da me (dd Mm). Probabilidade de
nascimento de um filhote igual a ele (preto e branco) = 25%.
6. a) Macho: pelagem preta. Fmea: pelagem amarela. Gerao F1:
100% pelagem preta (gentipo Bb Ee). b) No cruzamento entre
machos Bb Ee e fmeas Bb Ee, encontraremos, na gerao F2, as
seguintes propores genotpicas (com os fentipos correspondentes): 9/16 B_ E_ (pelagem preta); 3/16 bb E_ (pelagem chocolate);
3/16 B_ ee (pelagem amarela); 1/16 bb ee (pelagem amarela). c) o
cruzamento amarelo amarelo. Animais de pelagem amarela
(gentipo ee), cruzados entre si, sempre originam descendentes
amarelos (gentipo ee).
7. a)
Dd EE x dd Ee

dE

De

DE

Dd EE

Dd Ee

dE

dd EE

dd Ee

Surdos

A probabilidade igual a _ (ou 50%).


b) P(sexo feminino e normal) = P(sexo feminino) P(normal) =
0,25 ou 25%.

8. a) O gentipo vv bb. b) vv bb VV bb 100% Vv bb (fruto


alaranjado).
c) Vv bb (fruto alaranjado) vv Bb (fruto amarelo)
Vv bb (fruto alaranjado) x vvBb (fruto amarelo)

vB

vb

Vb

Vv Bb

Vv bb

vb

vv Bb

vv bb

Propores: (ou 25%) vv Bb (fruto amarelo)


(ou 25%) vv Bb (fruto amarelo)
(ou 25%) Vv bb (fruto alaranjado)
(ou 25%) vv bb (fruto verde-escuro)
9. b, a, e, d, c 10. d
11. b
12. a) Chama-se ligao gnica, ligao fatorial ou linkage. b) AB/ab
ab/ab
AB/ab x ab/ab
ab
45% AB

45% Aa Bb

45% ab

45% aa bb

5% Ab

5% Aa bb

5% aB

5% aa Bb

13. A possvel seqncia a c b d.


14. c
15. a) No. Eles esto em pares diferentes de cromossomos, pois segregam-se independentemente. Isto se verifica pela observao
da proporo fenotpica de 9:3:3:1, caracterstica do diibridismo.
b) Primeiro cruzamento: Aa Bb Aa Bb. Segundo cruzamento: aa
Bb AA Bb.
16. a) 1/16 (6,25%). b) Pai: IAi Dd. Me: IAIB Dd. Filho: IBi D_. Filha:
IA_ dd.
17. P(lbulo solto e redemoinho horrio) = 3/4 3/4 = 9/16.
P(lbulo preso e redemoinho anti-horrio) = 1/4 1/4 = 1/16.
Como no importa a ordem de nascimento dos filhos citados, temos 3 possibilidades de ocorrncia dos nascimentos considerados.
Portanto:
P = 9/16 9/16 1/16 3 = 243/4.096 ( 5,93%).
18. c
19. A presena de quatro alelos aditivos contribui com um acrscimo
de 20 g no fentipo residual. Logo, cada alelo aditivo acrescenta 5 g
ao fentipo residual, que de 20 g. Uma planta com gentipo AA
Bb, por possuir trs alelos aditivos, ter frutos com 35 g.
20. Em (a), nota-se que a gerao F1 expressa o mesmo fentipo de
uma das classes fenotpicas da gerao parental P; na gerao F2,
os indivduos agrupam-se nitidamente em duas classes fenotpicas,
cujos fentipos repetem aqueles verificados na gerao P, na proporo aproximada de 3:1. Deve-se tratar de um caso de
monoibridismo com dominncia completa. Em (b), a gerao F1
apresenta fentipo intermedirio entre os encontrados na gerao
P; j a gerao F2 apresenta-se distribuda em curva de Gauss, em
fentipos que variam entre os dois encontrados na gerao P. Se
estivssemos diante de um caso de monoibridismo sem dominncia
completa, a gerao F2 exibiria 3 classes fenotpicas, com proporo de 1:2:1. Conclumos, ento, que se trata de um caso de herana quantitativa.
21. x y z (ou z y x) 22. a
23. 42% AB; 42% ab; 8% Ab; 8% aB
24. a) Ab/aB (ou heterozigoto trans). b) TR = 20%.
25. d
26. e
27. o n m q p (ou p q m n o).

62
MP_BIO Col. Base_3

62

22/06/05, 8:42

Reproduo proibida. Art. 184 do Cdigo Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

12. Mulher: Rh negativo; homem: Rh positivo; primeira criana: Rh


positivo (sensibilizou a me); segunda criana: Rh negativo (no
teve DHRN, mesmo sendo a me previamente sensibilizada); terceira criana: Rh positivo (teve DHRN).
13. a) ii dd LMLN. b) Apenas sangue do grupo O Rh negativo.
14. Soma = 29 (01 + 04 + 08 + 16)
15. a) Um filho com atividade de 0 unidade/m, dois com atividade de
50 unidades/m e um com atividade de 100 unidades/m. b) A diferena entre a proporo esperada e a encontrada pode ser explicada
pelo pequeno tamanho da amostra (apenas quatro indivduos).
16. a) Trata-se de um caso de pleiotropia. Alguns exemplos humanos
so a anemia falciforme, a fenilcetonria, a fibrose cstica do pncreas (ou mucoviscidose), a sndrome de Marfan etc. b) As penas
so um importante mecanismo de isolamento trmico, dificultando
a dissipao de calor do corpo para o ambiente externo. Penas anormalmente arrepiadas no retm calor, provocando excessivo gasto
de energia na manuteno da temperatura corporal da ave. Com
isso, h uma hipertrofia de rgos relacionados com a digesto (particularmente da moela, rgo de triturao mecnica dos alimentos). Com o excessivo consumo de energia na regulao da temperatura corporal, ocorre dficit energtico em outras funes, particularmente na reproduo, o que explica a pequena produtividade
de ovos.
17. c
18. V, F, V
19. a) 15 combinaes. b) Apenas dois, pois so dois locos gnicos a
serem ocupados no par de cromossomos homlogos.
20. 50% 21. c
22. a) Porque uma mulher do grupo A pode ter filho do grupo O, sendo
o pai dos grupos A (gentipo IAi), B (gentipo IBi) ou O (gentipo
ii). b) Se o homem fosse do grupo AB (gentipo IAIB), seguramente
ele no seria o pai dessa criana. c) Porque o teste de DNA determina seqncias de nucleotdeos de DNA e permite determinar se a
seqncia encontrada na criana proveniente daquele homem.
23. AB Rh positivo.
24. Os indivduos II - 1 e II - 3. 25. b

Captulo 16
g, b, f, d, e, a, c
c
Soma = 18 (02 + 16)
a) Como o principal interesse comercial desses criadores a produo de leite, no lhes interessa o nascimento de um grande nmero
de bezerros machos, que devem representar apenas consumo adicional de pastagem e de silagem. b) Porque a presena do cromossomo
Y indica certamente que o embrio pertence ao sexo masculino. Se
fosse pesquisado o cromossomo X, os resultados obtidos seriam
inconclusivos, pois machos (caritipo XY) e fmeas (caritipo XX)
o possuem.
5. b, a, d, c
6. a 7. c
8. a)
1.
2.
3.
4.

Homem III-4 (X Y) x Mulher III-5 (X X )

X
X

Reproduo proibida. Art. 184 do Cdigo Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

9.
10.

11.

12.
13.
14.
15.

16.
17.
18.

19.
20.

X X
A

X Y

X
A

X X

X Y

A probabilidade de nascimento de uma criana afetada igual a 1/4


(0,25 ou 25%). b) XAY, XAXa, XAXa e XaY.
b
O DNA mitocondrial passa, atravs do gameta feminino, da av
para os pais, e da me para os filhos. Na ausncia dos pais, o DNA
do neto pode ser comparado com o da av.
As fmeas possuem constituio cromossmica XX, sendo que um
desses cromossomos X inativo. Como o cromossomo inativo pode
ser o de origem materna ou o de origem paterna, as fmeas
heterozigotas manifestaro o fentipo malhado em trs cores (branco, amarelo e preto, o que se denomina fentipo calic ou casco de
tartaruga). J os machos s apresentam um cromossomo X, sendo,
portanto, branco e preto ou branco e amarelo, e nunca apresentando
as trs cores.
c
25%
100% das fmeas cinza; 100% dos machos amarelos.
No, porque o alelo determinante da hemofilia transmitido da me
para os descendentes do sexo masculino, os quais receberam, do
pai, o cromossomo Y.
a) (25%). b) 1/2 (50%).
a
Entre os machos, seriam todos carijs (50% com gentipo ZBZB e
50% com gentipo ZBZb). Entre as fmeas, seriam 50% carijs
(gentipo ZBW) e 50% brancas (gentipo ZbW).
a
b

Captulo 17
1. f, g, a, c, e, d, b
2. a) O texto conceitua a mutao gnica. b) A mutao gnica pode
determinar o surgimento de novas caractersticas, sendo um dos
mecanismos responsveis pelo aumento da variabilidade gentica
intraespecfica. A diversidade, submetida aos critrios da seleo
natural, promove modificaes graduais no conjunto de caractersticas da espcie. Variedades adaptativas tendem a ser selecionadas e
a se manter, enquanto as variedades no adaptativas tendem a desaparecer.
3. a 4. a
5. c 6. a
7. a
8. Freqncia do alelo dominante = 0,4 (40%). Freqncia do alelo
recessivo = 0,6 (60%). Freqncia do heterozigoto = 0,48 (48%).
9. b
10. a) So os casais [Sarah Josiah de Etrria] e [Emma Charles
Robert Darwin]. b) Casamentos consangneos aumentam a probabilidade de que alelos recessivos deletrios e raros ocorram em
homozigose, manifestando-se. c) Chamemos Dd o gentipo de Josiah
de Maer e de Susannah. Pela raridade do alelo d, Elizabeth e Robert

Darwin deveriam ser homozigotos DD. Assim, a probabilidade de


que Emma e Charles Darwin fossem heterozigotos Dd era de 1/2.
Se ambos fossem heterozigotos, a probabilidade de que tivessem
uma criana doente seria igual a 1/4. Como estes eventos no so
mutuamente exclusivos, a probabilidade de ocorrncia de todos eles
dada pelo produto de cada uma das probabilidades. Logo, P = 1/2
1/2 1/4 = 1/16, ou seja, a probabilidade de que Charles Darwin e
Emma tivessem uma criana doente era de 0,0625 (6,25%).
11. d, e, c, f, i, g, a, b, h
12. a) As mutaes. b) A recombinao gnica decorre da segregao
independente dos pares de cromossomos homlogos (durante a formao dos gametas) e da troca de fragmentos entre suas cromtides
(crossing-over ou permutao). c) a seleo natural.
13. a) Segundo a proposta lamarckista, as bactrias, em resposta a uma
imposio ambiental (presena do antibitico), desenvolveram formas de resistncia, que foram transmitidas para as geraes seguintes. b) Em meio diversidade existente na populao de bactrias,
havia indivduos resistentes e outros sensveis ao antibitico. A presena da droga selecionou bactrias resistentes, que passaram a predominar, e eliminou as sensveis.
14. a) No. b) O ambiente no capaz de determinar o aparecimento de
caractersticas especficas; ele apenas seleciona variedades
adaptativas, tendendo a eliminar as demais.
15. a) Chama-se convergncia adaptativa. b) Um exemplo seria o desenvolvimento de estruturas anlogas adaptadas ao deslocamento
na gua (nadadeiras de peixes, asas de pingins, nadadeiras de baleias, focas e golfinhos).
16. No. O alongamento do pescoo decorre de um fator ambiental (colocao dos aros de metal) e no de alterao do material gentico
(mutao). Assim sendo, no transmitida para as geraes seguintes.
17. b 18. e
19. c 20. e
21. Soma = 46 (02 + 04 + 08 + 32)
22. e
23. a) A razo a deriva dos continentes, que vem deslocando grandes
massas continentais, ao longo de milhes de anos. Como os seres
ancestrais existiam em massas de terras antes unidas (frica e Amrica do Sul, por exemplo), os grupos atuais que deles descenderam
so encontrados em continentes afastados. b) A ocorrncia de mutaes e a atuao de presses diferentes de seleo natural.
24. a) A pelagem branca atua como eficiente camuflagem no ambiente
coberto de neve, permitindo aos animais escapar de predadores (no
caso dos coelhos, por exemplo). Na primavera, com o derretimento
da neve, a colorao escura passa a desempenhar o mesmo papel de
disfarce. b) Esta adaptao encontrada, geralmente, em animais
venenosos ou peonhentos. A colorao destacada funciona como
um alerta aos eventuais agressores sobre o risco que eles correm
caso resolvam atacar o animal.
25. A frase adequada a I. A frase II expressa o pensamento
lamarckista, de que os indivduos se modificam atendendo a uma
exigncia ambiental. A frase III inadequada porque os organismos que vencem a luta pela sobrevivncia s ditam o rumo da
evoluo caso gerarem descendentes, para os quais transmitiro
as suas caractersticas.
26. A mudana foi decorrente da alterao no critrio de seleo natural. Com os troncos das rvores claros e cobertos de liquens, sobreviviam em maior proporo (e podiam gerar mais descendentes) as
mariposas claras, que escapavam da viso dos predadores. Com o
desaparecimento dos liquens e o escurecimento dos caules pela fuligem, passaram a ser beneficiadas as mariposas escuras.
27. Entre as bactrias, existem aquelas geneticamente resistentes e as
sensveis ao antibitico. O uso da droga atua como agente de seleo: as bactrias resistentes sobrevivem sua presena, podem se
reproduzir e transmitir suas caractersticas s geraes futuras, que
podero se constituir predominantemente de bactrias resistentes.
28. a) Estaremos nos referindo ao lamarckismo. b) O lamarckismo afirma ser o ambiente o fator determinante do aparecimento de caractersticas adaptativas e que tais caractersticas (adquiridas em decorrncia da exigncia ambiental) so transmitidas aos descendentes.
29. O ataque intenso dos insetos selecionou um maior nmero de plantas que se defendiam com a produo de alcalides, na regio tropical, eliminando as que no produziam essas substncias.

63
MP_BIO Col. Base_3

63

22/06/05, 8:42

Captulo 18
1. b, g, a, f, h, d, c, e
2. b 3. d
4. a) Atendendo aos interesses dos criadores, desde h muitos sculos,
as diversas raas de ces foram se mantendo isoladas, restringindose o fluxo gnico entre os seus membros. Os ces selvagens, ao
contrrio, cruzam-se livremente na natureza, permitindo um intenso intercmbio gentico entre os animais, cujos grupos se mantm
mais homogneos. b) o nvel de raa (ou subespcie), pois no h
isolamento reprodutivo entre seus membros. Ainda que mediante
raas intermedirias que atuam como pontes genticas, pode haver fluxo gnico entre os membros de todas as raas de ces. c) Ao
longo de milnios, foram sendo selecionadas linhagens de ces resistentes aos mais diversos agravos ambientais (agentes infecciosos, intempries, escassez de alimentos etc.).
5. a) Anmonas e orelha-de-pau so eucariontes, pluricelulares e
hetertrofos (embora existam cogumelos unicelulares). b) As
anmonas (reino Metazoa) so digestores (incorporam os alimentos e os digerem no interior do corpo); reproduzem-se geralmente
por brotamento ou por meio de gametas. As orelhas-de-pau (reino
Fungi) so absorvedores (lanam no meio as enzimas digestivas e
absorvem os nutrientes previamente digeridos); reproduzem-se geralmente por meio de esporos.
6. Soma = 99 (01 + 02 + 32 + 64)
7. Soma = 13 (01 + 04 + 08)
8. e
9. d
10. b
11. d (Cuidado! O enunciado diz podem possuir. A alternativa b
falsa, pois elas certamente pertencem mesma classe.)
12. e
13. e
14. a) Os espermatozides do jumento tm 31 cromossomos; os gametas
femininos da gua, 32 cromossomos. Portanto, os zigotos resultantes da fecundao tm 63 cromossomos. b) No, pois o descendente
(o burro) geralmente estril, ou seja, entre gua e jumento h isolamento reprodutivo.

Captulo 19
1. d, e, c, b, a
2. Porque os vrus so parasitas intracelulares obrigatrios, ou seja, a
sua existncia pressupe haver clulas que eles possam invadir e
parasitar e nas quais se reproduzem.
3. c
4. F, V, V, F, V
5. a) uma clula procaritica, pois o material gentico (cromossomo)
encontra-se disperso no citoplasma, e no envolvido pela carioteca.
Alm disso, no se observam outras estruturas citoplasmticas
membranosas. b) 1. membrana plasmtica; 2. nucleide (ou cromossomo circular); 3. citoplasma; 4. parede celular. c) Benficas: fixao
do nitrognio atmosfrico; reciclagem da matria; controle biolgico
de pragas agrcolas; produo de alimentos (p. ex. iogurtes); produo de alguns antibiticos (p. ex. a polimixina B). Prejudiciais: doenas em seres humanos (p. ex. difteria, sfilis e ttano); doenas em
animais (p. ex. brucelose) e plantaes (p. ex. amarelinho) de interesse econmico; contaminao de alimentos (p. ex. botulismo) e de
reservas de gua para uso da populao (p. ex. contaminao de mananciais com cianobactrias que produzem toxinas).

6.
7.
8.
9.
10.
11.
12.

13.

14.
15.

16.

17.
18.

19.
20.

e
c, e, d, b, a
d
b
a
d
Capa protica e RNA da linhagem A, porque, ao assumir o controle
metablico das clulas infectadas, o material gentico do vrus determina a produo de capas proticas especficas, alm de replicar
e originar cpias de si mesmo.
A curva A corresponde epidemia de clera. Como as bactrias
contaminavam a nica fonte de gua da populao, a epidemia deve
ter se espalhado rapidamente, atingindo simultaneamente um grande nmero de pessoas. J a curva B deve corresponder epidemia
de gripe. Como a transmisso ocorre de uma pessoa para outra, a
disseminao provavelmente mais lenta.
b
a) Fermentao (que um processo anaerbio, ou seja, independe
do gs oxignio). b) O estufamento da tampa da lata deveu-se, principalmente, ao acmulo de gs carbnico, que liberado na fermentao por microorganismos contaminantes.
c) A afirmao I, embora verdadeira, no deve ser considerada vlida nesse contexto, pois a gua lquida tambm est presente no leite
mantido em geladeira.
a
a) Formam-se pela associao entre fungos e algas ou entre fungos
e cianobactrias. b) Trata-se de um caso de mutualismo (benefcio
mtuo com interdependncia obrigatria).
d
V, V, V, V

Captulo 20
1. b, a, d, c
2. b
3. A produo lquida de gs oxignio elevada apenas nas florestas
jovens em rpida expanso, o que no o caso da maior parte da
Floresta Amaznica, um bioma em equilbrio e que consome quase
tudo o que produz. A maior produo lquida de gs oxignio, na
Terra, ocorre nos oceanos, graas atividade fotossinttica das algas e cianobactrias que compem o fitoplncton.
4. e
5. Episdios de mar vermelha decorrem da proliferao excessiva de
dinoflagelados, variedade de algas que possui algumas espcies capazes de liberar na gua uma potente toxina. Animais aquticos
(moluscos e crustceos, por exemplo) podem absorver e concentrar
essa toxina, que afeta o sistema nervoso de outros animais (como
peixes ou seres humanos) que deles se alimentam.
6. a, d, b, c
7. Soma = 15 (01 + 02 + 04 + 08)
8. F, F, V, V
9. a) Iriam romper-se por causa da entrada excessiva de gua, por
osmose. b) Porque a soluo salina do frasco 5 deve ser isotnica ou
hipertnica em relao ao meio intracelular das amebas. Em solues isotnicas, h equilbrio hdrico entre os meios intra e
extracelular; em solues hipertnicas, as amebas no absorvem,
mas perdem gua, por osmose, para o meio extracelular. c) Ao rim.
10. Cissiparidade, uma forma de reproduo assexuada.
11. a
12. a) um caso de mutualismo, pois h benefcio mtuo e
interdependncia obrigatria. b) Os animais so beneficiados porque aproveitam parte da matria orgnica produzida pelas algas,
por meio da fotossntese. Elas, por sua vez, recebem proteo e exposio adequada luz solar.
13. V, V, F.
14. b
15. F, F, V

Captulo 21
1. g, b, d, c, f, i, a, e, h
2. a) So cnidrios (filo Cnidaria). b) Em seus tentculos, esses animais possuem cnidcitos, que so elementos de defesa e captura de
alimentos. Quando um cnidcito mecnica ou quimicamente estimulado, o oprculo do nematocisto abre-se e o filamento urticante
desenrola-se para fora, eliminando em sua extremidade uma substncia txica.

64
MP_BIO Col. Base_3

64

22/06/05, 8:42

Reproduo proibida. Art. 184 do Cdigo Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

30. a) O que ocorreu foi a progressiva seleo de coelhos naturalmente


resistentes ao vrus. b) Os mosquitos agiram como disseminadores
de vrus de coelhos infectados para outro (infectado ou no).
31. d
32. a) III I II. b) A acumulao de mutaes adaptativas (favorveis)
que ocorrem em um grupo e no no outro e que so selecionadas
pelo ambiente. c) O isolamento reprodutivo impede o fluxo gnico entre os dois grupos, que se tornam progressivamente mais diferentes.
33. a) O isolamento geogrfico. b) O tipo de alimento disponvel.
34. a) Aps a seca, diminuiu a quantidade de alimento disponvel (gros)
para as aves de bico mais curto, que foram eliminadas na competio com as de bico maior. As aves de bico longo passaram a se
alimentar de insetos e sua populao aumentou. b) O comprimento
do bico uma caracterstica determinada geneticamente. Assim, aves
de bico maior transmitem essa variao aos descendentes.

3. Os organismos so os corais (filo Cnidaria, classe Anthozoa). Os


recifes formam-se pela deposio lenta e gradual de grande nmero
de esqueletos calcrios de corais.
4. a) O tubo digestrio dos nematdeos completo (ou seja, tem boca
e nus); o dos cnidrios incompleto (tem apenas um orifcio). b)
Os nematdeos apresentam sistema nervoso ganglionar; os cnidrios,
sistema nervoso difuso.
5.

Reproduo proibida. Art. 184 do Cdigo Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Estrutura

Funo

Ocorrncia

Coancitos

Circulao de gua e
captura de alimento

Porferos

Cnidoblastos

Defesa e captura de alimento

Cnidrios

Protonefrdio
(ou clulas-flama)

Excreo

Platelmintos

Nefrdios

Excreo

Aneldeos

6. a) Ao filoAnnelida. b) Corpo segmentado, sistema cardiovascular


fechado, respirao branquial e parpodes com muitas cerdas. c)
So a classe dos oligoquetas (Oligochaeta), como as minhocas, e a
dos hirudneos (Hirudinea), como as sanguessugas. Os oligoquetas
possuem poucas cerdas, no tm brnquias nem parpodes. Os
hirudneos no tm cerdas, brnquias ou parpodes.
7. a, e, c, d, b
8. a) Ao filo Arthropoda (artrpodes), animais que se caracterizam pela
presena de apndices articulados e exoesqueleto com quitina. b) Em
florestas pluviais tropicais: insetos (classe Insecta), que possuem respirao traqueal e excretam resduos nitrogenados insolveis (cido
rico), ambas caractersticas adaptativas vida em ambiente terrestre. Em ambientes ocenicos: crustceos (subfilo Crustacea), que
tm brnquias e nadadeiras, adaptaes vida aqutica.
9. a) Ambos possuem celoma e corpo segmentado. b) De aneldeos:
corpo vermiforme, sistema cardiovascular fechado e nefrdios. De
artrpodes: revestimento com quitina, sistema cardiovascular aberto e traquias.
10. a) Insecta: corpo com trs segmentos (cabea, trax e abdome),
trs pares de patas, um par de antenas, asas (em muitas espcies).
Arachnida: corpo com dois segmentos (cefalotrax e abdome),
quatro pares de patas, ausncia de antenas e de asas. b) Proteo
contra o dessecamento e traumas mecnicos; fixao da musculatura e, conseqentemente, potencializao da ao muscular.
11. a) Cnidrios: animais 1 e 2; crustceos: animais 5 e 6; moluscos:
animais 3 e 4. b) Animais 1 e 2: diblsticos; animais 3, 4, 5 e 6:
triblsticos.
12. a) Esponjas (filo Porifera); cracas e caranguejos (filo Arthropoda);
gastrpodes e mexilhes (filo Mollusca); ourios-do-mar e estrelas-do-mar (filo Echinodermata). b) Esponjas e cracas (ssseis ou
fixos); gastrpodes, mexilhes, ourios-do-mar, caranguejos e estrelas-do-mar (mveis). Esponjas, cracas e mexilhes (filtradores);
gastrpodes (herbvoros); ourios-do-mar, caranguejos e estrelasdo-mar (predadores). c) Poderiam ter sido encontradas algas verdes
macroscpicas, pertencentes ao filo Chlorophyta (lembramos que
no se recomenda o uso de diviso, em lugar de filo).
13. d, c, a, b, e, f
14. Fase III.
15. Soma = 22 (02 + 04 + 16)
16. a) Plipo e medusa, respectivamente. b) Forma I: hidra; forma II:
gua-viva.
17. d
18. a
19. A: faringe (funciona como uma bomba de suco de alimentos).
B: papo (armazenamento temporrio dos alimentos). C: moela (tri
turao dos alimentos). D: intestino (absoro dos nutrientes).
20. d, e, c, b, a
21. a) Aneldeos. b) Metameria, sistema cardiovascular fechado, respirao cutnea.
22. a) Trata-se de um invertebrado. Os vertebrados apresentam crescimento relativamente regular, enquanto os invertebrados dotados de
exoesqueleto (artrpodes) passam por perodos de parada de crescimento, o qual s acontece na poca da substituio do exoesqueleto
(muda ou ecdise). b) Nos perodos 1 e 5 (pocas de muda), quando
o animal se encontra pouco protegido por um exoesqueleto ainda
mole e pouco resistente.

23. a) Reino Metazoa, filo Arthropoda, classe Insecta. b) Apresentam corpo com trs segmentos, trs pares de patas e um par de antenas. c) Borboletas, besouros, formigas, abelhas e traas-dos-livros
tambm so insetos.
24. d
25. c
26. a) Hemimetbolo. b) Grilo, gafanhoto, louva-a-deus, percevejo e
liblula.
27. b
28. B, C, F
29. a
30. a) Filo Echinodermata. Exemplo: ourio-do-mar. b) 1. boca; 2. intestino; 3. nus.

Captulo 22
1. f, c, b, a, d, e
2. I. Equinodermos (estrela-do-mar); II. platelmintos (planria);
III. protocordados (anfioxo); IV. moluscos (polvo); V. aracndeos
(aranhas).
3. e
4. b
5. a) Os equinodermos so invertebrados possuidores de um
endoesqueleto calcrio, cuja principal funo a proteo. Os
artrpodes tm exoesqueleto com quitina, que, alm de proteo,
funciona como estrutura de fixao dos msculos. b) So os peixes
cartilaginosos ou condrictes (classe Chondrichthyes).
6. d, c, e, a, b
7. e
8. Respirao pulmonar: adequada s trocas gasosas entre o sangue e
o ar atmosfrico; revestimento espesso e queratinizado: impermevel, restringe a perda de gua pela superfcie corporal; excreo de
resduos metablicos pouco txicos (como o cido rico), cuja eliminao menos dependente de diluio em grandes volumes de
gua; fecundao interna: prescinde de ambiente lquido no deslocamento dos gametas masculinos em busca dos gametas femininos.
9. a) Msculos peitorais desenvolvidos, ossos pneumticos, formato
aerodinmico, ausncia de reto e de bexiga urinria. b) Proteo
trmica. c) Os plos.
10. a) Aves. b) Rpteis. c) Peixes. d) Mamferos.
11. a) B (anfbios), E (mamferos), C (rpteis), D (aves) e A (peixes). b)
Respirao branquial na fase adulta (A); excreo de cido rico (C
e D); ectotermia (A, B e C). c) Tegumento espesso e impermevel,
pulmes desenvolvidos, excreo de cido rico, fecundao interna, embrio no interior de um ovo com casca e outros revestimentos. d) Durante a vida embrionria, presena de um tubo nervoso
dorsal, notocorda e fendas branquiais na faringe.
12. Soma = 45 (01 + 04 + 08 + 32)
13. e 14. Soma = 15 (01 + 02 + 04 + 08)
15. a) Fase larvria: respirao branquial; fase adulta: respirao pulmonar e respirao cutnea. b) Durante a fase larvria, os anfbios
apresentam respirao branquial, adaptada vida aqutica. Com a
metamorfose e a transio para a vida terrestre, passam a apresentar
respirao pulmonar e respirao cutnea, formas mais adequadas
ocorrncia de trocas gasosas entre o sangue e o ar atmosfrico.
16. Soma = 47 (01 + 02 + 04 + 08 + 32) 17. c
18. a) O acidente deve ter sido causado por cascavel. b) A peonha
crotlica tem ao hemorrgica (causa sangramento) e miotxica
(provoca leso muscular e, em conseqncia da liberao de
mioglobina do tecido muscular, deixa a urina escura).
19. 1) Presena de envoltrio nuclear (so eucariontes). 2) Ausncia de
parede celular. 3) Incapacidade de sintetizar substncias orgnicas a
partir de substncias inorgnicas (so hetertrofos); 4) Pluricelularidade. 5) Organizao corporal com tecidos diferenciados e sistemas de rgos. 6) Presena de celoma (so celomados). 7) Presena
de sistema cardiovascular . 8) Presena de sistema nervoso. 9) Presena de esqueleto (exoesqueleto em insetos; endoesqueleto em
equinodermos, anfbios e aves).
20. a) Mamferos (classe Mammalia); b) produo de leite e presena
de plos; c) rpteis (classe Reptilia), desenvolvimento embrionrio
externo no interior de ovos.

65
MP_BIO Col. Base_3

65

22/06/05, 8:42

1. a, b, i, e, c, g, d, j, f, h 2. e
3. a) No sangue do paciente I, notam-se plasmdios (parasitas do gnero Plasmodium) no interior das hemcias. No sangue do paciente
II, vem-se formas flageladas do tripanossomo (Trypanosoma cruzi),
agente etiolgico da doena de Chagas. b) As vias naturais de infeco dos seres humanos pelo tripanossomo e pelo plasmdio so,
respectivamente, as fezes de barbeiros e a picada do mosquito-prego (gnero Anopheles).
4. b 5. Soma = 23 (01 + 02 + 04 + 16) 6. a 7. d, a, c, f, g, b, e, i, h
8. a) No. Pessoas infectadas por tnias eliminam proglotes, que so
segmentos que se desprendem do corpo do parasita, o qual permanece no intestino. Alguns so proglotes grvidos, pois contm ovos.
b) O parasita uma tnia (gnero Taenia), que pertence ao filo dos
platelmintos (Platyhelminthes).
9. a) a seta 3, pois o porco no elimina ovos com as fezes. b) O
hospedeiro intermedirio da T. solium o porco, e o parasita geralmente se instala no tecido muscular. c) Somente o sistema genital.
Embora seja um platelminto, a adaptao vida parasitria resultou
na ausncia do sistema digestrio.
10. a
11. a) Sim. Pessoas parasitadas eliminam ovos de esquistossomo com
as fezes. b) Sim. Pessoas parasitadas eliminam ovos de scaris com
as fezes. c) No. Pessoas parasitadas no eliminam ovos, cistos ou
formas infectantes do parasita pelas fezes.
12. e
13. a) a ascaridase. b) Porque, em seu ciclo evolutivo, o parasita realiza o chamado ciclo pulmonar. As larvas, presentes no sangue, rompem os capilares e a parede dos alvolos pulmonares e caem nas
vias areas, causando inflamao e tosse. c) Educao sanitria,
saneamento bsico, com nfase para o destino adequado das fezes
humanas, tratamento da gua usada para consumo humano, cuidado no preparo dos alimentos (particularmente de verduras), higiene
pessoal, combate aos insetos domsticos, pois moscas e baratas podem veicular os ovos, tratamento das pessoas parasitadas.
14. a) So nematdeos (filo Nematoda) das espcies Ancylostoma
duodenale e o Necator americanus. b) Educao sanitria (cuidados com as fezes e como evitar sua eliminao no solo), saneamento bsico (rede de esgotos, construo de fossas etc.), uso de calados ( atravs da pele dos ps que as larvas em geral penetram),
prticas de alimentao que melhorem o estado nutricional das pessoas, tratamento das pessoas parasitadas (pois so a fonte de parasitas para o ambiente).
15. e
16. Soma = 58 (02 + 08 + 16 + 32)
17. Podem ser citadas a malria e a febre amarela; a primeira causada
por plasmdios (protozorios do gnero Plasmodium); a segunda,
por vrus. Os dois agentes etiolgicos so transmitidos para os seres
humanos pela picada de mosquitos (respectivamente, do gnero
Anopheles e Aedes). Os mosquitos proliferam em colees de gua,
como a que se acumula em bromlias, e podem penetrar com facilidade em casas de pau-a-pique.
18. a) Porque no ser humano (hospedeiro intermedirio) ocorre a fase
assexuada da reproduo do parasita, cuja reproduo sexuada acontece no sistema digestrio do mosquito (parasita definitivo). b) O
desmatamento altera o hbitat dos mosquitos transmissores da malria (gnero Anopheles), que passam a encontrar nas moradias uma
fonte alternativa de alimento.
19. d
20. d
21. b
22. T. vaginalis: contato sexual; P. falciparum: picada de mosquito do
gnero Anopheles; S. mansoni: penetrao ativa de cercrias atravs
da pele.
23. Sim, um nico miracdio pode originar centenas de cercrias.
24. a) Porque muitos caramujos predados pertencem ao gnero
Biomphalaria, nos quais os miracdios do S. mansoni se desenvolvem e originam cercrias (formas infestantes do parasita). b) Aquelas cujos mosquitos tm larvas que se desenvolvem em reservatrios de gua. o caso da malria e da leishmaniose.
25. b

26. a) Lombriga e sanguessuga. b) Lombriga e sanguessuga. c) Solitria, lombriga e sanguessuga.


27. c
28. e
29. e

Captulo 24
1. e, b, f, c, d, a 2. d
3. Nutrientes energticos: so os carboidratos e os lipdios, que fornecem energia para as atividades metablicas. Nutrientes plsticos (ou
construtores) so as protenas, usadas como blocos de construo
de componentes do corpo. Nutrientes reguladores so as vitaminas,
das quais muitas atuam como co-enzimas.
4. d 5. 1, 4, 2, 3, 5
6. c
7. g, e, b, d, f, c, a, h
8. a
9.
Enzima

pH timo

Substrato

Sntese

Ao

Ptialina

Neutro

Amido

Glndula salivar

Boca

cido

Protenas

Mucosa do estmago

Estmago

Pncreas

Intestino
delgado

Pepsina
Tripsina

Bsico
Protenas
(ou alcalino)

10. a) A secreo foi extrada do estmago. b) Foi a pepsina, enzima


que hidrolisa protenas em meio cido.
11. b 12. e
13. a) O rmen est indicado pelo n 2. Nele esto os microorganismos
(bactrias e protozorios ciliados) que digerem a celulose, produzindo substncias que so absorvidas e utilizadas tambm pelos ruminantes. b) A moela est indicada pelo n 3. Corresponde ao estmago mecnico, responsvel pela triturao dos alimentos.
14. Soma = 21 (01 + 04 + 16) 15. a
16. Respostas pessoais.
17. Com o nascimento do segundo filho de um casal pobre, o primeiro
beb, at ento saudvel graas amamentao, perde seu lugar no
seio da me e, conseqentemente, sua cota de leite materno, principal fonte de aminocidos, e passa para uma dieta pobre, baseada em
carboidratos (principalmente o amido).
18. a) No. O soro caseiro preparado com 1 litro de gua fervida, 1
colher de ch de sal (NaCl) e 8 colheres de ch de acar pobre em
potssio e tem excesso de carboidrato; o ch de funcho pobre em
sdio e em cloretos; o ch de goiabeira pobre em sdio, potssio,
cloretos e carboidratos; a gua-de-coco pobre em sdio e em cloretos
e apresenta excesso de potssio e carboidratos. b) O ch de funcho,
que pode ter ajustadas as concentraes de sdio e cloretos (pela adio de sal de cozinha) e a de carboidratos (pela adio de acar).
19. a) IMC = 64/(1,6)2 = 64/2,56 = 25. De acordo com a tabela, a mulher classificada como levemente obesa. b) Para no ser considerado obeso, o homem deve ter IMC < 30. m/(1,80)2 < 30 m < 30
(1,80)2 m < 30 3,24 m < 97,2. O homem deve ter massa de,
no mximo, 97,2 kg.
20. importante que o total calrico e a distribuio sejam compatveis
com as atividades dirias de um jovem. Uma das respostas possveis pode ser a seguinte: Total calrico: 3.200 kcal. Distribuio:
480 g de carboidratos (1.920 kcal, ou seja, 60% do total), 105 g de
lipdios (cerca de 950 kcal, ou seja, 30% do total) e 160 g de protenas (640 kcal, ou seja, 20% do total).
21. a) A mastigao tritura os alimentos; com isso, facilita a deglutio
e aumenta a rea de contato dos alimentos com as enzimas digestivas. b) o amido, cuja hidrlise se completa no intestino delgado.
22. a) Animais que possuem tubo digestrio completo no precisam
aguardar a eliminao dos restos de uma refeio para se alimentarem novamente. b) Quando os alimentos se deslocam em um nico
sentido pelo tubo digestrio, formam-se regies especializadas, cada
uma com caractersticas anatmicas e fisiolgicas peculiares, que
facilitam o processamento dos alimentos, a secreo de substncias
e a absoro de nutrientes.
23. e

66
MP_BIO Col. Base_3

66

22/06/05, 8:42

Reproduo proibida. Art. 184 do Cdigo Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Captulo 23

Reproduo proibida. Art. 184 do Cdigo Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

24. a) Podem ser encontrados aminocidos resultantes da digesto das


protenas da clara do ovo e do leite, j que o suco gstrico contm
pepsina, enzima proteoltica que atua em pH cido. Alm deles,
podem ser encontrados ons minerais e vitaminas, presentes no leite
e capazes de cruzar a membrana, independentemente de hidrlise
prvia, uma vez que so partculas pequenas. b) O glicerol resulta
da digesto de triacilgliceris (triglicerdios), encontrados entre os
lipdios presentes no leite. Para que os lipdios sejam digeridos,
poderia ser substitudo o suco gstrico por suco pancretico (que
contm lpase pancretica), e o meio deveria ser mantido em pH
bsico (entre 8,5 e 9,0), ideal para a atuao dessas enzimas.
25. b
26. d
27. Antibiticos usados sem necessidade podem afetar a flora bacteriana
normal do intestino, dificultando a sntese de certas vitaminas e
facilitando a colonizao do intestino por bactrias causadoras de
doenas e resistentes aos antibiticos.
28. b
29. Os microorganismos que colonizam o estmago dos herbvoros ruminantes produzem celulase, enzima que digere a celulose. Dessa
forma, os herbvoros tm disposio uma rica fonte de matria orgnica. Em tempo: a celulose a substncia orgnica que existe em
maior quantidade na biosfera. A digesto mutualstica da celulose
tambm se verifica nos chamados herbvoros monogstricos (como o
cavalo, o jumento e a zebra), em coelhos e em trmitas (cupins).
30. A dieta da tilpia rica em fibras, que dificultam a digesto. O
intestino mais longo permite que os alimentos sejam submetidos a
maior tempo de digesto. A digesto da carne mais rpida, o que
explica o intestino curto da trara.

13. d
14. Aves tm desenvolvimento embrionrio no interior de um ovo com
casca calcria. Durante esse desenvolvimento, o cido rico (seu
principal resduo nitrogenado) armazena-se no interior do ovo na
forma de cristais, o que s possvel por ser insolvel e praticamente atxico. Os mamferos tm desenvolvimento embrionrio
interno e as fmeas realizam trocas de substncias com os embries
atravs da placenta. Sendo solvel em gua e menos txica que a
amnia, a uria pode atravessar a placenta e ser eliminada pela me.

Captulo 26
1.
2.
3.
4.

5.
6.
7.
8.

9.

Captulo 25
1. g, f, d, e, a, h, c, b
2. A respirao celular aerbia a degradao intracelular de molculas orgnicas, que disponibiliza a energia qumica dessas substncias para a realizao de atividades metablicas. Esse processo consome gs oxignio e elimina gs carbnico, cujas concentraes no
meio interno se mantm relativamente estveis, graas s trocas
gasosas ocorridas entre o sangue e o ar que penetra nos pulmes.
Portanto, a respirao pulmonar viabiliza a respirao celular aerbia.
3. a) Na gua: I e IV; no ar: II, III e IV. b) Minhoca: IV; barata: III;
crocodilo: II; camaro: I; porfero: IV. c) a respirao cutnea,
que acontece atravs da superfcie do corpo (sistema IV).
4. d

5. a) ons bicarbonato (HCO 3) e ons H+ formam cido carbnico


(H2CO3) que, por ao da enzima anidrase carbnica, origina gua e
gs carbnico, eliminado pelos pulmes. b) A respirao forada
remove mais gs carbnico do plasma sangneo para o ar. A reduo da concentrao desse gs eleva o pH do plasma, tornando-o
mais bsico (elevando o valor do pH para acima de 7,44). c) A elevao do pH (denominada alcalose) inibe o centro respiratrio e,
conseqentemente, reduz a freqncia e a amplitude dos movimentos respiratrios.
6. e, a, c, d, b
7. a) Urina. b) Porque a glicose reabsorvida medida que o filtrado
glomerular percorre o tbulo do nfron.
8. b
9. Figura 1: ultrafiltrao glomerular e secreo tubular. Figura 2:
ultrafiltrao glomerular e reabsoro tubular. Figura 3: ultrafiltrao
glomerular e reabsoro tubular. Figura 4: ultrafiltrao glomerular.
b) gua: figura 2; glicose: figura 3; cido rico: figura 1.
10. O aquecimento da gua pode provocar a morte de moluscos, crustceos, peixes e outros organismos aerbios. A tabela mostra que a
solubilidade do oxignio diminui com o aumento da temperatura da
gua.
11. a
12. a) No perodo de 1920 a 1960, houve um ntido aumento do uso de
cigarros (avaliado pelo nmero de cigarros consumidos per capita),
que foi acompanhado por evidente elevao do nmero de mortes
provocadas por cncer de pulmes. b) J no perodo de 1960 a 1980,
nota-se a estabilizao tanto do consumo de cigarros quanto do nmero de mortes provocadas por cncer de pulmo.

10.

11.

12.

13.
14.
15.

16.

d, f, b, g, h, e, a, c
3, 1, 4, 2, 2
d
a) A formao de hemcias ocorre no tecido hematopotico localizado na medula ssea vermelha (principalmente na medula dos ossos achatados). b) a hemoglobina, cuja produo depende, entre
outros nutrientes, do elemento ferro.
c
b, h, d, a, g, c, e, f, i
d
Macrfagos e linfcitos so clulas fundamentais na defesa do organismo contra agentes infecciosos. Os macrfagos so clulas capazes de fagocitar e destruir partculas estranhas, como bactrias, e
de apresentar os antgenos (fragmentos desses agentes infecciosos)
para os linfcitos T. Por isso, so chamadas clulas apresentadoras
de antgenos. Os linfcitos T comandam a resposta imune, enquanto os linfcitos B esto associados produo de anticorpos.
a) Trata-se de imunidade ativa artificial (vacinas). b) A primeira
aplicao do antgeno estimula a produo de anticorpos e o desenvolvimento de clulas de memria imunolgica. Em uma segunda
aplicao, a produo de anticorpos mais rpida e mais intensa
devido presena dessas clulas.
a) Sndrome da imunodeficincia adquirida. b) Geralmente os
linfcitos T, embora outras clulas tambm possam ser parasitadas.
c) Porque o HIV parasita clulas importantes do sistema imunolgico
(de defesa), como os linfcitos T. d) Micoses, tuberculose e infeces por Pneumocystis carinii. e) Uso de preservativos, testes adequados de amostras de sangue usadas em transfuses, no compartilhar agulhas ou seringas.
o tecido conjuntivo, que se caracteriza por diversidade de tipos
celulares, abundncia de material intercelular, com presena de fibras proticas e rica vascularizao.
a) A medida IV, por elevar a ingesto de ferro. b) Cries dentrias,
osteoporose e hemorragias podem se associar deficincia de clcio, evitada pela medida I, pois no leite e em derivados esse mineral
se encontra em grande quantidade. Cries dentrias tambm podem
ser evitadas pela medida II (fluoretao da gua). Hemorragias podem ser previnidas pela medida V, pois frutas e verduras contm
vitamina K.
b
d
a) HIV: linfcitos; plasmdio: hemcias. b) HIV: transfuso de sangue, agulha ou seringa contaminada, relaes sexuais sem proteo, outras formas de contato com fluidos humanos etc. Plasmdio:
picada do mosquito-vetor.
b

Captulo 27
1. h, c, e, f, d, a, g, b
2. b
3. A seqncia correta : 3 1 2. Com a separao completa do
ventrculo, no h mistura de sangue arterial e sangue venoso, aumentando a oxigenao dos tecidos.
4. b
5. a) Sstole (presso mxima) e distole (presso mnima). b) Presso
de 12 por 8 indica que, na sstole, a presso arterial equivale a uma
coluna de mercrio com 12 cm de altura (presso sistlica ou mxima) e, na distole, a uma coluna de mercrio com 8 cm (presso
diastlica ou mnima).

67
MP_BIO Col. Base_3

67

22/06/05, 8:42

Captulo 28
1.
2.
3.
4.
5.

c, a, g, b, e, f, d
I, II, III e IV.
c
c, a, g, h, b, f, d, e
e

6. d
7. a) So a coagulao do sangue e a contrao muscular, respectivamente. b) Ambos dependem do clcio.
8. a) o cido lctico. b) Quando o ATP gerado na respirao celular
aerbia no suficiente para suprir a demanda gerada na contrao
muscular, as clulas musculares passam a executar, simultaneamente,
a fermentao lctica, que produz cido lctico.
9. b
10. So os grficos II e I, respectivamente.
11. Sustentao do corpo: tecido conjuntivo (mais especificamente, o
tecido sseo e o tecido cartilaginoso). Produo de suor: tecido
epitelial (lembrando que as glndulas sudorparas tm origem
epitelial).
12. a) Tecido epitelial (epiderme). b) Ambiente terrestre mido ou ambiente aqutico. c) Plos, glndulas sudorparas, vasos sangneos
na derme. d) As camadas de quitina limitam o crescimento do animal aos perodos de substituio do exoesqueleto (muda ou ecdise).
13. b
14. Para o pncreas, funo endcrina a produo de hormnios (insulina, por exemplo), secretados na corrente sangnea, que os transporta para os tecidos; funo excrina a produo do suco pancretico, lanado atravs de um canal na cavidade do duodeno (primeira poro do intestino delgado).
15. C, A, D, B
16. S ocorre contrao muscular no recipiente 2, em que existe ATP
(fonte de energia) e clcio (que permite o fracionamento do ATP, a
liberao de energia e o deslizamento das fibras de actina e miosina).
17. O aumento da capacidade de utilizao do oxignio (chamada capacidade aerbia) ocorre por aumento do volume-minuto respiratrio e do volume-minuto cardaco.
18. O exerccio fsico redistribui o fluxo de sangue, desviando-o dos
rgos da digesto para os msculos. Com isso, a digesto e a absoro ficam prejudicadas.

Captulo 29
1. e, d, j, h, i, b, c, f, a, g
2. a) O sistema nervoso da hidra difuso, ou seja, no apresenta nenhum grau de centralizao (ou cefalizao). b) No animal C, aumenta o grau de cefalizao. c) A existncia de centros nervosos
bem definidos e centralizados aumenta o grau de controle sobre as
diversas funes, principalmente a contrao muscular e a produo de determinadas secrees. Alm disso, a cefalizao associase concentrao, na regio anterior do corpo, de estruturas sensoriais, que permitem a melhor explorao dos ambientes.
3. d
4. d
5. a
6. c
7. e
8. f, d, h, i, b, c, e, a, g
9. e
10. b
11. A glndula a tireide, e a substncia o iodo.
12. a) O hormnio a insulina; a glndula o pncreas. b) A insulina
diminui a concentrao de glicose no sangue porque estimula a captao desse monossacardio pelas clulas, principalmente musculares e do fgado.
13. I C; II B; III A; IV D.
14. e
15. a
16. b
17. a
18. c
19. e
20. a) Risco de seo da medula espinhal, que provoca perda da sensibilidade e dos movimentos voluntrios nas regies do corpo abaixo
do nvel da leso. b) Deitado e imobilizado sobre uma superfcie
plana e rgida.
21. e
22. e

68
MP_BIO Col. Base_3

68

22/06/05, 8:42

Reproduo proibida. Art. 184 do Cdigo Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

6. e, b, c, d, a
7. Reao 1: ocorre nos capilares dos alvolos pulmonares e permite
hemoglobina ligar-se ao gs oxignio do ar alveolar. Reao 2: ocorre
nos capilares sistmicos, liberando o gs oxignio para os tecidos.
Reao 3: ocorre nos capilares dos tecidos, onde recolhido o gs
carbnico, que convertido em ons bicarbonato, forma na qual ele
ser transportado aos pulmes.
8. Se uma pessoa se desloca de uma cidade ao nvel do mar para outra,
de grande altitude (com menor presso atmosfrica e ar rarefeito),
h um estmulo para que o tecido hematopotico produza hemcias
e aumente a concentrao de hemoglobina. Tal adaptao ocorre
em um perodo de duas a trs semanas e aumenta a capacidade de
captao e de transporte do gs oxignio, compensando a menor
oferta de gs oxignio do ar.
9. O monxido de carbono liga-se s molculas de hemoglobina, dificultando o transporte do gs oxignio dos pulmes para os tecidos.
A conseqncia a diminuio da oferta de oxignio s clulas.
10. a) As plaquetas e os fatores da coagulao (protenas plasmticas).
b) Inicialmente, ocorre adeso de plaquetas s bordas da leso
vascular e agregao das plaquetas umas s outras. A seguir, protenas plasmticas chamadas fatores de coagulao reagem em cascata, culminando com a formao de uma rede de fibrina (uma protena insolvel). A rede de fibrina e os elementos figurados nela retidos principalmente as hemcias formam o cogulo sangneo.
11. A inibio do desenvolvimento de vasos sangneos diminui a nutrio e a oxigenao do tumor, cujas clulas morrem.
12. Soma = 1 (01)
13. a) Dos peixes: duas cavidades (um trio e um ventrculo); dos mamferos: quatro cavidades (dois trios e dois ventrculos). b) Porque, nos peixes, o sangue completa a passagem pelo sistema
cardiovascular com apenas uma passagem pelo corao, ao passo
que, nos mamferos, o sangue passa duas vezes pelo corao. Em
outras palavras, nas circulaes dos peixes h apenas um circuito
(corao brnquias tecidos do corpo corao), enquanto
nos mamferos h dois circuitos (corao pulmes corao e
corao tecidos do corpo corao).
14. No. As artrias pulmonares conduzem sangue venoso (pobre em
oxignio), enquanto as veias pulmonares conduzem sangue arterial
(rico em gs oxignio).
15. a) Porque a parede muscular do corao espessa, impedindo a
difuso de gases e nutrientes do sangue s clulas. b) A irrigao
sangnea do corao ocorre a partir dos ramos das artrias
coronrias, que se originam da aorta e, portanto, conduzem sangue
ricamente oxigenado.
16. Quando os seres humanos esto em p, a gravidade dificulta o retorno do sangue dos membros inferiores para o corao, pelas veias. Com o fluxo mais lento, o sangue acumula-se e as veias dilatamse, afetando a funo das vlvulas. Com o tempo, as veias tornamse dilatadas e deformadas, constituindo as varizes. Pessoas que permanecem muito tempo em p, como dentistas e professores, sofrem
de varizes com freqncia maior que a populao em geral. Nas
mulheres, a gestao representa um outro fator desencadeante, pois
o tero aumentado comprime a veia cava inferior, dificultando o
retorno venoso.
17. a) Sangue venoso: ponto 1 (sangue com presso parcial de gs oxignio baixa). Sangue arterial: ponto 2 (sangue com presso parcial
de gs oxignio alta). b) A hemoglobina fetal tem maior afinidade
pelo gs oxignio que a hemoglobina do adulto. Essa diferena
necessria, pois o sangue fetal retira gs oxignio do sangue materno. c) Aps o nascimento, o sangue da criana passa a recolher o
gs oxignio do ar atmosfrico e no mais do sangue materno.
18. a) O paciente III, cuja contagem de plaquetas inferior ao padro
normal. b) O paciente III, cuja contagem de eritrcitos (ou hemcias)
est abaixo do normal.

23. a) Curva A. b) Essa curva mostra concentrao basal de glicose


mais elevada, que aumenta ainda mais com a ingesto de glicose.

Captulo 30

Reproduo proibida. Art. 184 do Cdigo Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

1. b, d, c, a, g, f, h, i, e
2. F, V, V, V
3. e
4.
Testculos

Ovrios

Quatro

Um

Longa

Curta

Curta

Longa

No

Sim

Sim

No

5. As fmeas de animais com fecundao interna e desenvolvimento


embrionrio interno (mamferos) geralmente produzem poucos
gametas femininos e, conseqentemente, geram poucos filhotes a
cada ninhada. Como a prole reduzida, despendem mais tempo no
cuidado dos filhotes, que passam junto s mes um tempo relativamente longo de suas vidas.
6. c, d, b, a, e
7. a
8. b
9. a) n 6 testculo; b) n 2 bexiga.
10. a) n 1 tuba uterina; b) n 4 canal vaginal; c) n 2 ovrio;
d) n 3 tero.
11. A resposta deve ser desenvolvida durante trabalho em grupo.
12. Neurnio: clula longa e ramificada, que transmite impulsos nervosos. Clula muscular: clula longa e provida de protenas contrteis
(actina e miosina); executa movimentos de contrao.
Espermatozide: clula flagelada, que se desloca no sentido do
gameta feminino. Clula epitelial: geralmente achatada, encontrada
no revestimento interno ou externo de outras estruturas.
13. d
14. c
15. a) a fase de maturao, durante a qual ocorre a meiose. b) Trata-se
da espermiognese, cujos principais eventos so a formao do
acrossomo (pela confluncia de vesculas do complexo golgiense) e
do flagelo (a partir de um centrolo) e a perda de citoplasma.
16. a
17. a) Clula 1: 23 cromossomos; clula 4: 46 cromossomos. b) Tratase de um epitelicito sustentador, clula responsvel pela sustentao e pela nutrio das clulas da linhagem reprodutiva. c) Sofrem
a ao do hormnio folculo-estimulante as clulas 4; sofrem a ao
do hormnio luteinizante as clulas 5. d) Fundamentalmente, as
clulas 4.
18. a) A fecundao externa dependente de meio lquido para o deslocamento dos espermatozides; portanto, restringe-se quase sempre
aos ambientes aquticos. J a fecundao interna acontece no interior do sistema genital feminino, onde h secrees que permitem o
deslocamento dos gametas masculinos. b) Nas espcies com fecundao interna, geralmente as fmeas produzem menor quantidade
de gametas femininos, que so maiores que os das espcies com
fecundao externa. Alm disso, os filhotes so gerados tambm
em menor nmero e recebem cuidados mais intensivos e prolongados de seus genitores.
19. Soma = 14 (02 + 04 + 08)
20. As respostas devem ser desenvolvidas durante trabalho em grupo.

Captulo 31
1. a, b, h, g, c, f, d, e
2. a) O folculo ovariano maduro e o corpo albicans. b) A estrutura 2
o corpo lteo, que permanece ativo durante o primeiro trimestre da
gestao, graas ao da gonadotrofica corinica.

3. a) A fecundao pode at ter ocorrido. Entretanto, no ocorreu a


nidao, uma vez que se nota a reduo da concentrao de
progesterona e de estrgenos a partir do 21 dia do ciclo. Tivesse
havido fecundao e nidao, o hCG teria mantido o corpo lteo
funcionante, fazendo com que no se reduzissem as concentraes destes
hormnios. b) O hormnio folculo-estimulante (FSH) e o hormnio
luteinizante (LH) so secretados pela adenoipfise (ou lobo anterior da
hipfise). Os estrgenos e a progesterona so secretados pelos ovrios.
4. a) Gametognese: nas gnadas (testculos e ovrios); fecundao:
nas tubas uterinas; desenvolvimento embrionrio: no tero. b) A
meiose reduz metade a quantidade de cromossomos das clulas,
originando gametas haplides. Com a fecundao (fuso dos gametas
masculino e feminino), reconstitui-se a quantidade diplide caracterstica da espcie. Na espcie humana, por exemplo, os gametas
masculinos e femininos possuem 23 cromossomos, resultando a sua
fuso em um zigoto com 46 cromossomos. c) Hormnio que atua
na gametognese: hormnio folculo-estimulante (FSH); hormnio
que influencia na implantao do embrio: progesterona.
5. a) I: ovulao (liberao do gameta feminino pelo ovrio). II: fecundao. b) Mitose.
6. e
7. Devem estar elevados, por falta do mecanismo normal de
retroinduo negativa (ou feedback negativo) exercido pelos
hormnios ovarianos sobre a adenoipfise.
8. b, g, e, h, d, f, a, c
9. a) Porque exige um perodo relativamente longo de abstinncia sexual e s aplicvel para mulheres que apresentam ciclos menstruais
regulares. b) Dos mtodos apresentados na tabela, a plula anticoncepcional o nico que impede a produo do gameta feminino.
10. a) Vasectomia: impede a sada de espermatozides na ejaculao.
b) Ligao das tubas uterinas: impede a propagao dos
espermatozides at a poro distal das tubas, local onde normalmente ocorre a fecundao. c) Diafragma: bloqueia a passagem dos
espermatozides da vagina (onde so depositados na relao sexual) para o interior do tero.
11. a) Atuando sobre a hipfise (por feedback negativo), a plula anticoncepcional inibe a secreo de hormnios gonadotrficos (FSH e
LH), impedindo a ocorrncia da ovulao. b) Quando a mulher utiliza a plula anticoncepcional durante certo tempo e interrompe o
uso por alguns dias, a concentrao de estrgenos e progesterona
diminui e ocorre a menstruao. No caso do uso continuado da plula, as concentraes desses hormnios permanecem praticamente
constantes durante todo o perodo, no ocorrendo a menstruao.
12. De 13 a 19 de julho.
13. e
14. a) Do nascimento aos 10 anos de idade. b) A partir dos 14 ou 15
anos de idade. c) A desnutrio um desses fatores, podendo retardar o desenvolvimento geral e afetar de forma at irreversvel o desenvolvimento neurolgico. Outros fatores que podem ser citados
so os distrbios hormonais (por exemplo, o hipotireoidismo) e as
anomalias genticas (como as sndromes de Down e de Turner).
15. No instante 1: ovulao; no instante 2: menstruao.
16. a
17. a) A elevao dos nveis de progesterona sugere que o corpo lteo
(ou corpo amarelo) permaneceu ativo, indicando a ocorrncia de
fecundao e nidao. b) Pode indicar a ocorrncia de um
abortamento espontneo.
18. A anovulao decorrente da concentrao elevada de prolactina evita
que a mulher engravide novamente enquanto estiver amamentando.
A vantagem adaptativa que se evita a sobrecarga fisiolgica da
mulher, que seria duplamente espoliada (pela prpria amamentao
e pela nova gravidez). Alm disso, o espaamento entre nascimentos consecutivos favorece o cuidado dedicado aos filhos.
19. Soma = 22 (02 + 04 + 16)
20. A resposta deve ser desenvolvida durante trabalho em grupo.
21. c
22. b
23. Quanto maior for a renda per capita, tanto menor ser a taxa de
fertilidade. A resposta deve ser desenvolvida durante trabalho em
grupo. Todas as hipteses apresentadas devem ser discutidas.

69
MP_BIO Col. Base_3

69

22/06/05, 8:42

Captulo 32
1. c, a, b, h, j, f, d, e, i, g
2. a) No, pois resultam da fecundao de seus vulos. b) O animal
obtido geneticamente igual ao animal Y, doador do ncleo (onde
est o material gentico).
3. a) A: zigoto, B: mrula; C: blstula: D: gstrula; E: nurula. b) De
B em relao a A: por mitose, o zigoto origina as numerosas clulas
que compem a mrula. De C em relao a B: acumula-se lquido
no embrio, cujas clulas delimitam uma cavidade interna (a
blastocele). De D em relao a C: uma invaginao da blastoderme
forma o arquntero (intestino primitivo), diferenciando-se duas camadas de clulas (ou folhetos embrionrios), a endoderme e a
ectoderme. De E em relao a D: surgem a notocorda, o tubo neural
e o terceiro folheto embrionrio (a mesoderme).
4. 2, 1, 2, 3, 1, 3, 1, 3, 2, 3
5. a) a: saco vitelnico; b: crio; c: mnio; d: embrio; e: alantide. As
estruturas que aparecem s a partir desse tipo de ovo so o crio
(letra b), o mnio (letra c) e a alantide (letra e). b) A ocorrncia de
fecundao interna.
6. a) A placenta. b) A placenta realiza com mais eficincia atividades
desempenhadas por outros anexos embrionrios presentes no ovo
de aves e rpteis, como as trocas gasosas, a nutrio e a excreo.
7. a) a placenta. b) O lquido amnitico evita o dessecamento do
embrio, alm de oferecer proteo contra choques mecnicos e auxiliar na manuteno da temperatura.
8. Sapo: fecundao externa; saco vitelnico; uria.
Jacar: fecundao interna; saco vitelnico, mnio, crio e alantide;
cido rico.
Coelho: fecundao interna; saco vitelnico, mnio, crio, alantide
e placenta; uria.
9. Porque o embrio da vaca (animal mamfero) depende nutricionalmente das reservas do gameta feminino apenas durante os primeiros dias de seu desenvolvimento. Aps concluda a implantao do
embrio no tero, a placenta permite a passagem de nutrientes da
circulao materna para o embrio. J o embrio de galinha nutrido durante todo o seu desenvolvimento a partir das reservas alimentares recebidas do gameta feminino.
10. a
11. a) So, respectivamente, o sistema nervoso central e a coluna vertebral. b) A gstrula.
12. VI, I, IV, V, III, II
13. a
14. c
15. 1 mnio; 2 alantide; 3 saco vitelnico.
16. a) Anfbios: 3 cmaras cardacas (2 trios e um ventrculo); aves: 4
cmaras cardacas (2 trios e 2 ventrculos). b) Anfbios: somente o
saco vitelnico; aves: saco vitelnico, mnio, crio e alantide.
17. c
18. a) O mnio evita o dessecamento do embrio, alm de oferecer proteo contra choques mecnicos e oscilaes intensas de temperatura. b) Est presente em rpteis, aves e mamferos.
19. a
20. F, F, V

Captulo 33
1. d, e, c, j, b, i, f, a, g, h
2. I Presena de vasos condutores de seiva. II Presena de
cloroplastos. III Presena de tecidos verdadeiros. IV Presena
de sementes. V Presena de frutos.
3. c
4. Os vasos condutores de seiva, que permitiriam uma rpida e eficiente distribuio de materiais (principalmente gua) por toda a planta.
5. a) X zigoto; Y esporo; Z gameta. b) I: gametfito; II: esporfito.

6. a) Os pontos escuros na face inferior das folhas so estruturas normais em samambaias, denominadas soros. b) Porque se trata de uma
pteridfita, planta que no desenvolve flores nem sementes. c) Plantas com flores so chamadas fanergamas (gimnospermas ou
angiospermas).
7. e, d, g, a, b, h, c, f
8. d
9. a) A flor A pertence a uma angiosperma dicotilednea, pois se notam peas florais em nmero mltiplo de 5. A flor B pertence a uma
angiosperma monocotilednea, porque tem peas florais em nmero mltiplo de 3. b) Esto apontados o filete (1) e a antera (2). c) 1
ptala; 2 spala; 3 antera.
10. a) A principal semelhana a presena, em ambos, de flores e sementes. A mais significativa diferena que, nas angiospermas, as
sementes encontram-se no interior de frutos, ausentes nas
gimnospermas. b) O sucesso evolutivo das angiospermas relacionase aos seus eficientes mecanismos de disperso de plen e, principalmente, de sementes, que se afastam da planta-me, reduzindo a
competio intra-especfica.
11. Na escurido da noite, o papel da viso pequeno; portanto, os animais
polinizadores (principalmente insetos e aves) so atrados por plantas
com artifcios que independem da viso, como o caso de flores bastante perfumadas, detectadas pelo olfato. J a atrao diurna, sob iluminao, acontece principalmente pela viso. Nesta circunstncia,
vantajosa a presena de flores vistosas, que se destacam do ambiente.
12. Porque frutos suculentos, ricos em matria orgnica e geralmente
doces, atraem animais, que deles se alimentam e dispersam as sementes. As plantas resultantes tendem a se estabelecer afastadas
umas das outras e da planta-me.
13. O corpo ramificado dos vegetais associa-se disposio das folhas,
que, assim expostas, aumentam a rea de captao da luz solar. J
os animais, que so hetertrofos e em geral se deslocam em busca
de alimentos, so beneficiados pela forma mais compacta, que facilita a movimentao.
14. a) H pelo menos 400 milhes de anos. b) Devem ser as plantas
vasculares sem sementes, como as pteridfitas. c) Foram os frutos,
presentes apenas nas angiospermas.
15. a) So as brifitas. b) Porque no possuem sistemas eficientes de
transporte e distribuio de gua. c) a ausncia de vasos condutores de seiva, presentes em pteridfitas.
16. c
17. a) Esporo e zigoto, respectivamente. b) A gerao esporoftica (ou
esporfito) da samambaia tem razes, caule e folhas, em cuja face
inferior encontram-se os soros, que so agrupamentos de esporngios
(estruturas produtoras de esporos). A gerao gametoftica (ou
gametfito) o prtalo, pequena plntula clorofilada, com poucos
milmetros, com gametngios (estruturas produtoras de gametas).
18. a) Na Regio Sul (mais especificamente, na paisagem fitogeogrfica
denominada Mata de Araucria). b) A gralha-azul alimenta-se de
sementes (pinhes) do pinheiro-do-paran. c) A gralha-azul o principal agente de disperso das sementes de araucrias.
19. a) No ciclo de vida das plantas, gametfitos so os indivduos responsveis pela produo de gametas. b) No. Gametfitos sero
formados apenas nos procedimentos I (que d origem a prtalos) e
II (que formar tubos polnicos, que so os gametfitos masculinos
maduros). O procedimento III formar uma planta duradoura, que
nas angiospermas (como o caso do feijoeiro) o esporfito.
20. Porque o crescimento do tubo polnico coloca o gameta masculino
(ncleo gamtico) diretamente em contato com o gameta feminino
(oosfera), diferentemente do que ocorre em plantas criptgamas
(brifitas e pteridfitas), nas quais o gameta masculino (o anterozide) nada at alcanar o gameta feminino (oosfera).
21. a

Captulo 34
1. g, d, f, b, c, a, i, e, h 2. b, d, e, a, c
3. Esclernquima e tecido sseo so tecidos responsveis pela sustentao dos organismos (plantas e vertebrados, respectivamente). Por
sua vez, pele e sber so estruturas de revestimento, com importante papel na proteo dos organismos.

70
MP_BIO Col. Base_3

70

22/06/05, 8:42

Reproduo proibida. Art. 184 do Cdigo Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

24. a) O trabalho dos alunos consiste na construo do grfico. b) A


resposta deve ser desenvolvida durante trabalho em grupo. Todas as
hipteses apresentadas devem ser discutidas.
25. a
26. As respostas devem ser desenvolvidas durante trabalho em grupo.
27. As respostas devem ser desenvolvidas durante trabalho em grupo.

Reproduo proibida. Art. 184 do Cdigo Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

4. a) No felognio e no cmbio, porque so tecidos meristemticos. b)


Seiva rica em substncias orgnicas (seiva elaborada) deve ser encontrada no floema, cujos vasos a conduzem.
5. a) Dever estar na mesma altura, ou seja, a 40 cm do solo. b) O
crescimento longitudinal do caule ocorre a partir do meristema apical
localizado em sua extremidade superior (na gema apical).
6. c, a, d, e, b 7. b, d, c, e, f, a
8. b
9. a) Trata-se de uma dicotilednea, pois apresenta sistema radicular
axial ou pivotante (com uma raiz principal) e folhas reticulinrveas
(isto , com nervuras ramificadas). b) De um ramo caulinar com
gemas, nas quais h tecidos meristemticos.
10. As palmeiras so monocotiledneas e apresentam sistema radicular
fasciculado (ou em cabeleira). Sendo mais superficial, torna-se mais
fcil a remoo. As dicotiledneas apresentam sistema radicular
pivotante (ou axial), que penetra mais profundamente no solo, sendo de remoo mais difcil.
11. a) Em I, uma dicotilednea; em II, uma monocotilednea. b) uma
leguminosa, o que se verifica pela presena de vagens, um tipo de fruto. Sua importncia econmica reside no fato de muitas de suas espcies fazerem parte da alimentao humana. A importncia ecolgica
est na capacidade de fixao do nitrognio atmosfrico, exibida por
bactrias (gnero Rhizobium) que vivem em ndulos de suas razes.
12. a) Assexuadamente, por meio de estaquia (ou seja, pelo plantio de
mudas). b) As plantas resultantes so cpias genticas da plantame e apresentam as caractersticas favorveis que se quer preservar (por exemplo, o sabor dos frutos, a produtividade etc.).
13. a) Na rea B, as plantas foram obtidas por meio de propagao
assexuada. Portanto, eram cpias genticas da variedade original e
apresentavam elevada produtividade, exatamente a caracterstica
gentica que se queria preservar. Na rea A, as plantas exibiam variabilidade gentica (devido reproduo sexuada), com produtividade variando de planta para planta. b) Na rea A, as plantas originaram-se por reproduo sexuada; logo, havia variabilidade gentica, que permitiu a sobrevivncia de plantas geneticamente resistentes ao ataque da praga recm-surgida. Trata-se de um exemplo de
seleo natural.
14. a
15. a) So os tecidos meristemticos, responsveis pelo crescimento e
pelo desenvolvimento das plantas. b) Os meristemas so encontrados
nas extremidades do caule e da raiz (meristemas apicais) e nas gemas
laterais. O cmbio e o felognio tambm so tecidos meristemticos.
16. a) Ambos so tecidos de sustentao. O colnquima formado por
clulas vivas; o esclernquima, por clulas mortas. b) Ambos so
tecidos indiferenciados, com grande capacidade de diviso celular.
Os meristemas primrios surgem diretamente dos tecidos embrionrios; os meristemas secundrios surgem por desdiferenciao de
tecidos previamente diferenciados.
17. a
18. O corao entalhado permanece a um metro do solo, porque o crescimento longitudinal do caule ocorre por ao do meristema da gema
apical, que se encontrava acima do corao entalhado.
19. a) No caule, os vasos do xilema e do floema agrupam-se em feixes
liberolenhosos, enquanto na raiz os vasos do xilema e do floema
esto separados, com disposio alternada, no cilindro central. b)
Em um corte transversal de caule de monocotiledneas, vem-se os
feixes liberolenhosos dispersos por toda a extenso do corte; em um
corte transversal de caule de dicotiledneas, os feixes liberolenhosos
arranjam-se em um anel.
20. Ampla rea de exposio luz solar e grandes espaos areos internos que permitem a circulao de gs carbnico.
21. a) Trata-se de uma angiosperma monocotilednea, que tem folhas
paralelinrveas, sistema radicular fasciculado e flores trmeras. b)
um feixe de vasos condutores.
22. a) Fixao da planta ao solo e absoro de gua e sais minerais.
b) Do caule: presena de gemas, feixes vasculares contendo xilema
e floema, juntos. Da raiz: presena de plos absorventes, vasos do
xilema e vasos do floema dispostos alternadamente, ramificaes
endgenas (originadas do periciclo).
23. F, V, F, V, F

24. a) 1, 3, 6. b) Flores trmeras (1), folhas paralelinrveas (3) e sistema


radicular fasciculado (6) so caractersticas tpicas de
monocotiledneas, ao passo que flores pentmeras (2), folhas
reticulinrveas (4) e sistema radicular pivotante (5) so caractersticas de dicotiledneas.
25. a

Captulo 35
1. f, a, d, b, c, e
2. a) o parnquima clorofiliano palidico. b) Seta 2. c) O CO2
utilizado na fotossntese, responsvel pela produo da matria orgnica consumida pelas plantas e que, direta ou indiretamente, serve de alimento para os demais seres vivos dos ecossistemas.
3. V, F, V, V, F, F
4. a) A transpirao foliar ocorre pelos estmatos e, em menor escala, atravs da prpria cutcula que recobre as folhas. A absoro de gua pelas
razes acontece atravs dos plos absorventes. b) Pela presena, revestindo a epiderme, de uma cutcula pouco permevel gua e pelo fechamento dos estmatos. c) Porque, em certas circunstncias (escassez hdrica
no solo, por exemplo), importante que a planta economize gua.
5. d
6. c
7. c, b, d, f, g, j, a, i, h, e
8. a) A plo absorvente; B epiderme; C floema; D xilema. b)
Xilema: transporte de seiva bruta; floema: transporte de seiva elaborada; epiderme: revestimento e proteo; plo absorvente: absoro de gua e sais minerais. c) No floema: elementos de tubos crivados; no xilema: traquedes e elementos de vaso lenhoso.
9. A gua com o corante foi absorvida pela planta e atingiu as ptalas
atravs dos vasos condutores do xilema.
10. d
11. a) A rvore deve morrer, pois a retirada de um anel completo da
casca interrompe o floema, bloqueando o fluxo de seiva elaborada
(substncias orgnicas) das folhas para as razes. O bloqueio do fluxo provocar espessamento do tronco por acmulo de seiva acima
da regio de onde se retirou o anel da casca. b) Neste caso, no
ocorrer a morte da rvore, cujas razes continuaro recebendo a
seiva elaborada proveniente de outros ramos. Os frutos do ramo do
qual foi retirado o anel da casca devero se desenvolver mais, devido ao acmulo de matria orgnica conseqente interrupo do
fluxo de seiva elaborada para fora do ramo. c) A produo de matria orgnica se reduz por diminuio da taxa de fotossntese, em
razo da queda das folhas e da menor disponibilidade de luz.
12. a) Folha. b) O tecido 1 a epiderme, tecido de revestimento que
protege a folha de agresses ambientais e, graas a um revestimento pouco permevel gua, restringe a perda de vapor dgua da
folha para o ambiente. c) A estrutura 2 um estmato.
13. a
14. b
15. b
16. O revestimento das folhas com vaselina obstrui os ostolos (abertura dos estmatos), reduzindo a entrada de gs carbnico no mesofilo.
Com isso, pode ocorrer reduo da taxa de fotossntese do
parnquima clorofiliano, que se tornar menor que a das plantas do
grupo controle. Tambm limita-se a transpirao e, conseqentemente, interfere-se no fluxo de gua pela planta.
17. a) Os pulges atingem o floema, de onde sugam seiva elaborada,
rica em matria orgnica (alimento). b) Os pulges so parasitas
das plantas, das quais retiram alimento. Portanto, trata-se de um
caso de parasitismo.
18. a) Porque a falta da clorofila impede a ocorrncia da fotossntese,
que produz matria orgnica (alimento). b) As plantas sobrevivem
custa da matria orgnica que recebem dos tecidos de reserva das
sementes.

Captulo 36
1. f, d, b, e, c, a
2. V, F, F, F

71
MP_BIO Col. Base_3

71

22/06/05, 8:42

14. a) Entre outros efeitos, as giberelinas estimulam a distenso e a diviso celular, a florao, o desenvolvimento do fruto (inclusive a
partenocarpia) e quebram a dormncia de gemas e de sementes. b)
A massa fresca das plantas do lote B deve ser maior, uma vez que a
maior quantidade de tecidos retm maior quantidade de gua.
15. Notam-se algumas caractersticas importantes, tais como a associao entre forma e funo, a resposta a estmulos ambientais e a execuo de movimentos.
16. A figura 3. A raiz apresenta geotropismo positivo, que acarretar
sua curvatura no sentido do solo.
17. Porque a luz provoca o deslocamento das auxinas para o lado no
iluminado, que passa a crescer mais rapidamente que o lado iluminado, determinando a curvatura da planta no sentido da fonte de luz
(fototropismo positivo).
18. Regio I (raiz): baixa concentrao de auxinas (regio a, do grfico) estimula o crescimento, provocando curvatura no sentido do lado
oposto. Regio II (raiz): alta concentrao de auxinas (regio b, do
grfico) inibe o crescimento. Regio III (caule): alta concentrao
de auxinas (regio b, do grfico) estimula o crescimento, provocando curvatura no sentido do lado oposto.
19. Iluminao lateral: crescimento do caule no sentido da luz
(fototropismo positivo); temperatura: dormncia de sementes; gravidade: crescimento da raiz no sentido do solo (geotropismo positivo); disponibilidade de gua (abertura e fechamento de estmatos).
20. V, V, F

72
MP_BIO Col. Base_3

72

22/06/05, 8:42

Reproduo proibida. Art. 184 do Cdigo Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

3. a) Devem exibir intenso desenvolvimento das gemas laterais, com a


formao de novos ramos caulinares. b) A eliminao da gema apical,
que secreta auxinas, interrompe o fenmeno da dominncia apical,
que mantinha inibidas as gemas laterais.
4. b
5. a) Devia ser de aproximadamente 0,1 g/mL. b) Comparando a altura alcanada pela planta com as demais plantas apresentadas no
grfico. c) Provavelmente, a planta alcanar 20 cm.
6. A queima da serragem libera etileno, que acelera o amadurecimento de frutos.
7. f, g, h, e, c, d, a, b
8. A raiz apresenta geotropismo positivo, pois o acmulo de auxinas
no lado inferior inibe o crescimento. O lado superior cresce mais,
curvando a raiz para baixo. O caule tem geotropismo negativo, porque o acmulo de auxinas no lado inferior estimula o crescimento,
curvando o caule para cima.
9. O contnuo movimento de rotao ao qual a planta est submetida
faz com que as auxinas se distribuam igualmente por todos os lados
do caule, tornando uniforme o crescimento dessa estrutura vegetal.
10. a) Apenas na condio I. b) Uma planta de dia curto depende de
noite longa e ininterrupta para florescer. Ocorrendo interrupo
do perodo de escurido (indicada na situao II), a planta no
florescer.
11. d
12. a
13. e

Você também pode gostar