Capacidade Tatil Auditiva e Visual PDF
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Psicomotricidade
Material Teórico
A Capacidade Tátil, Auditiva e Visual
Revisão Textual:
Profa. Esp. Márcia Ota
A Capacidade Tátil, Auditiva e Visual
• Introdução
• A criança e a música
• Avaliação Musical
• Artes Visuais
• Avaliação e reflexão
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Unidade: A Capacidade Tátil, Auditiva e Visual
Ao ler e aprofundar o estudo na unidade III você deve ter como foco a compreensão e a contextualização
do que representa o conhecimento e compreensão sobre a interação entre a criança e suas capacidades
táteis, auditivas e visuais. O eixo central dessa unidade é a percepção do educador da necessidade de
dominar e refletir sobre o tema e de que a criança aprende a desenvolver suas capacidades. Acesse
no item Documentos da Disciplina o conteúdo teórico.
Em seguida, leia com atenção as questões que compõem a Atividade de Sistematização procurando
sempre interagir com a proposta apresentada.
Você encontrará indicação de Materiais Complementares, que enriquecerão ainda mais seu
estudo sobre o tema. A bibliografia, também, constitui um material complementar valioso para o
aprofundamento do seu estudo.
Na Atividade de Aprofundamento da unidade participe do Fórum que o levará a refletir acerca da
teoria estudada.
Contextualização
Para educar uma criança o que é mais importante: levar em conta a sua capacidade tátil,
levar em conta tudo aquilo que ela é capaz de ouvir ou levar em conta tão somente aquilo
que ela vê?
Como educar é um grande conjunto de ensinos e aprendizagens, onde quem ensina deve
aprender e onde quem aprende pode e deve ensinar, certamente será o conjunto dessas três
dimensões (tato, audição e visão), com outras tantas que é possível juntar que teremos aquilo
que é importante para educar.
Veremos a seguir a contextualização desses vetores e depois certamente teremos alguma
condição de dizer/afirmar o que é importante, ou o que são coisas importantes para se educar.
Certamente acabaremos por descobrir que a junção de tudo é aquilo que fará com que
tenhamos um princípio educacional que valha a pena.
Explore
O site que veremos a seguir-mapa do brincar- poderá lhe dar uma dimensão do quão grande
são as possibilidades de se educar através dos sentidos. Acesse-o e sinta algumas das muitas
formas de brincar.
O Mapa do Brincar é uma iniciativa da “Folhinha”, suplemento infantil do jornal Folha de S.Paulo.
O site reúne hoje 750 brincadeiras de todo o país.
http://mapadobrincar.folha.com.br/brincadeiras/elastico/
E, ainda: assista ao vídeo: veja e sinta uma das músicas que poderá ser trabalhada e cantada com
crianças.
O Pato – Toquinho: http://www.youtube.com/watch?v=rVxMGUO5Tyw
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Introdução
Certamente, você já ouviu falar de objetos transicionais! Não é mesmo? Acreditamos que
sim, mas que tal retomarmos um pouco? Então, veja:
Esses “objetos” são aqueles bichinhos de pelúcia/ cobertores/fraldas/panos, aos quais as
crianças se aferram de modo afetuoso ao necessitarem de segurança e conforto. Assim, quando
um desses objetos não são encontrados (ou o que é pior, são encontrados, mas totalmente
limpos, sem cheiro, que os identifiquem ou que permitam as lembranças que a memória afetiva
da criança busca de maneira intensa), o tátil e o visual se manifestam mais. Desse modo, sempre
haverá uma história ora divertida, ora dolorosamente triste às crianças, envolvendo esses itens
citados anteriormente.
Com isso, pessoas das mais diferentes classes sociais e culturais serão capazes de dar nome a
esses objetos, inclusive, comovendo-se com lágrimas, quando falam de seu ursinho de pelúcia.
Esse objeto, para a criança, tem um valor crítico e os pais o levam junto quando saem de
casa junto com a criança. Dessa forma, lavá-lo e torná-lo absolutamente limpo é provocar uma
ruptura na continuidade e experiência de vida da criança.
No artigo de Perri Klass(15/4/2013) apresenta estudos de alguns estudiosos sobre o tema:
Winnicott – pediatra e psicanalista americano, já dizia em 1953 que esse objeto (quase sempre
sujo e malcheiroso) ajuda a criança a superar problemas.
Alicia Lierberman – especialista em saúde mental ifantil e professora da Universidade
da Califórnia – São Francisco- afirma que o objeto transicional é a ponte entre a mãe e
mundo exterior.
Você Sabia ?
“Uma das mais importantes descobertas de Winnicot foi a de objetos
e fenômenos transicionais. Partindo da observação corriqueira
de que a criança, ao dormir, costuma chupar o dedo, acariciar
lençóis e fronhas e agarrar-se ao seu brinquedo de estimação, ...
Winnicott correlacionou-os todos com as ansiedades de separação
da figura materna por volta da fase do desmame.”(Julio de Mello
Filho,2011.p.3)
Além disso, esse tipo de objeto, ao qual as crianças podem se agarrar, apegar-se e que seja
reconfortante, fornecendo a elas adaptabilidade ao mundo externo.
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Unidade: A Capacidade Tátil, Auditiva e Visual
Há muitas histórias de pais que foram obrigados a voltar para casa e pegar o “verdadeiro”
objeto transicional e não aquele que tentavam dar à criança. Isso pode ser explicado ao
percebermos que a escolha do ursinho – paninho é puramente da criança. Então, ele precisa ser
escolha da criança.
Muitos pais se preocupam, pois os objetos transicionais têm importância muito grande para
a criança. Além disso, podem ser foco de micróbios, etc. ou coisa só de “bebê”.
Quando as crianças vão crescendo e tornando-se jovens ou adultas, alguns desses objetos
assumem o papel de amigo imaginário ou reconfortante.
Mostra, também, Barbara Howard – pediatra comportamental da Universidade Johns
Hopkins – afirmando que o objeto transicional é necessário e que aproximadamente 25%
dos jovens universitários levam de casa um objeto de transição da infância. Isto indica que os
desafios de separação e apego são muito mais complexos e não se limitam ao início da vida.
Aprender a negociar e desfrutar desse prazer entre as partes faz parte da vida de pais e filhos,
e muito na vida do educador que pode navegar na vida de ambos e precisa também aprender
a negociar as trocas afetivas que a criança traz à escola.
Escolhas, como tudo indica, são individuais e os atores, que se envolvem nelas, têm que
aprender a trocar experiências, respeitar escolhas, que, muitas vezes, têm um caráter intimista.
Enquanto tátil, é uma questão de “sensibilizar a pele” junto com as emoções e sentimentos,
podemos dizer que a capacidade auditiva é uma linguagem de forma sonora e que se traduz em
transmitir e comunicar sensações, sentimentos e a maneira de pensar por meios das relações
que há entre o som e o silêncio.
Presente em todas as culturas, desde tempos imemoriais, a musicalidade e as formas sonoras
são consideradas fundamentais para a formação dos cidadãos.
Na Grécia antiga, as formas sonoras e a musicalidade eram disciplinas ensinadas ao lado da
matemática e da filosofia.
A musicalidade se insere em toda educação, mas, principalmente, na educação infantil, assim
como a integração entre aspectos afetivos, estéticos, cognitivos e a sensibilidade humana em
geral, e das crianças em particular.
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A música na educação infantil
A música, para as crianças em idade escolar, vem atendendo a diversas manipulações, muitas
delas que nada têm a ver com essa rica linguagem sonora e rítmica.
Muitas vezes, servindo os mais variados dos objetivos, como a formação de hábitos, atitudes e
comportamentos (tantos sociais quanto sanitários, etc.), aprende-se uma música com finalidades
diversas, tais como:
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Unidade: A Capacidade Tátil, Auditiva e Visual
Na área da musicalidade e sua criação, ainda temos muito a fazer, aprender a caminhar junto
com outras disciplinas e conhecimentos para que seja possível se construir música e sonoridade.
A mera repetição de sons, que embora possam ser bonitos para apresentações, não significa
aprender e desenvolver sons musicais, a música e a sonoridade não são produtos prontos, são
linguagens que se aprende a construir e não só reproduzir. Afinal, educação é conhecimento
que se constrói.
Na vida humana, musicalidade e sonoridade estão presentes de diversas maneiras, inclusive
em situações dentro de rituais que utilizam a música com os seguintes fins:
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A criança e a música
Quando o ambiente é sonoro e há a presença musical nas suas diferentes propostas cotidianas,
os bebês e as crianças, intuitivamente, iniciam seu processo de sonorização e musicalidade.
Adultos cantarolam melodias religiosas, de ninar e outras cantigas que compõem o seu repertório
cultural e percebem que esse contato desperta interesse nos bebês/crianças. Estes por sua vez
tentam responder imitando num primeiro momento e criando sons significativos após. Esse
tipo de interação cria repertórios que permitem novas formas de comunicação/sonoridades que
devem ser incentivadas.
Esse ato de imitar, balbuciar dos bebês/crianças há muito tempo é objeto de pesquisas, pois
mostra que existe uma linha melódica complexa que é cantarolada até 2 (dois) anos de idade.
Quando um bebê/criança ouve diferentes sons ou músicas que são produzidos no seu meio
ambiente através de objetos ou brinquedos musicais, há uma resposta na sua atitude: eles se
mantêm mais quietos/atentos, agitam-se e até adormecem.
As crianças estão sempre atentas a novos sons (os sons musicais dos telefones/celulares
chamam particularmente a atenção, pois elas identificam determinadas músicas/sons a pessoas,
situações que podem ter sido agradáveis ou não, e reagem prontamente) e as possibilidades que
eles podem produzir em suas vidas. O que vai caracterizar a criança, nesse estágio, é a exposição
e exploração da sonoridade e suas características: altura, timbre, duração, intensidade.
Diante de um teclado, a criança vai se encantar com o respectivo som que cada tecla emite
(não importa aqui a melodia, ritmo, etc, mas sim a intensidade do som, o timbre, o grave e
agudo que advem dali). Crianças que são oriundas de comunidades musicais, nessa idade,
já começam a se preocupar em desenvolver controle e rítmo musical (incipientes a princípio,
porém diferentes daquelas crianças em que o conhecimento musical dos pais é pequeno/nulo).
As crianças, nesta fase, “emprestam” dos jogos e brincadeiras as suas afetividades ou não.
Ao brincar e cantar, as crianças permeiam suas relações com personagens, animais, máquinas,
super-heróis, “emprestando-lhes” vida e atitudes, que devem ser objeto de atenção dos adultos,
pois são, extremamente, reveladoras do espírito infantil.
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Unidade: A Capacidade Tátil, Auditiva e Visual
A partir dos três anos, os jogos são uma grande fonte de prazer para as crianças, afinal
é grande a integração entre alegria, prazer, movimentos físicos, desenvolvimento motor em
sintonia com sonoridade/musicalidade. Nesta faixa etária, sons, gestos, e movimentos se aliam
e se completam.
Ainda que o controle melódico seja incompleto, começa a ser criado o processo de afinação.
Grandes momentos da música (altura, timbre, etc) “sons onomatopaicos” (tam-tam, tô-tô-tô)
são objetos de memorização e vão formando um “arquivo” musical, que vai suprindo as canções
que são criadas. A criança improvisa e utiliza todos os elementos que aprendeu e guardou. As
crianças, mesmo quando brincam sozinhas, colocam em prática e inventam novas canções,
personagens que utilizam outras linguagens que não as suas.
A precisão de movimentos começa a se tornar frequente e os ritmos corporais, movimentos
como batidas de pé, palmas são realizados com mais cuidados e tornam-se mais melódicos e
complexos, dependendo do desenvolvimento de cada criança.
A criança gosta de cantar e de determinadas linhas melódicas. É válido destacar que ela
aprende que existe uma construção melódica a qual necessita de uma ordem, sequência, mesmo
que seja em dois tempos. Então, começa a perceber que entre a escrita e a música existem
semelhanças, interesses e lógica que se faz necessário respeitar. Desse modo, quando percebe
isso, seu poder de criação aumenta e ela se torna mais receptiva a novos estilos, gêneros, etc.
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Crianças de quatro a seis anos de idade
a) Nesta faixa etária, as crianças, já compartilhando o seu mundo com muitas outras, inclusive,
com faixas etárias distintas, deverão ampliar todos os conhecimentos e potencialidades da
faixa etária de zero a três anos, bem como explorar e identificar elementos musicais e sonoros
para poder se expressarem nessa faixa, interagindo com outras pessoas ou seres imaginários,
visando tornar seu mundo mais rico e original graças ao seu potencial sonoro/musical.
b) Expressar sensações, pensamentos, vontades, percebendo sentimentos por meio da
musicalidade/sonoridade.
Fazer música
O “fazer música”, nestas faixas etárias, acontece por meio da improvisação, composição e
interpretação. Desse modo, é válido destacar que:
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Unidade: A Capacidade Tátil, Auditiva e Visual
As canções para dormir, os brinquedos onde se usam cantos, as cantigas de roda e ciranda,
jogos e brincadeiras com gestos e sons corporais devem se constituir em conteúdos a ser
explorados.
O bebê/criança irá responder participando por meio da expressão/produção de sons e do
silêncio, onde sua atenção deve ser analisada e interpretada pelo educador/professor como algo
bom, proveitoso ou não.
Eles responderão também por meio da exploração de materiais que podem emitir sons e que
devem ser colocados a sua disposição para que possam demonstrar suas intenções.
É deveras importante dançar, brincar e cantar com as crianças, levando em conta suas
necessidades, valores e vínculos afetivos.
O canto, musicalidade e sonorização desempenham papel de grande importância no
desenvolvimento da “audição”. Quando assim estão fazendo, estão se preparando para
desenvolver condições necessárias para elaborar informações e, posteriormente, fazer reflexões
mais elaboradas.
É importante que sejam apresentadas canções do cancioneiro popular brasileiro infantil e de
música popular, tomando-se o cuidado para que os textos sejam entendidos. É válido ressaltar
que letras complexas e situações complexas são desmotivadoras.
Cancioneiro
1. Coleção ou compilação de canções (músicas ou poemas).
2. Coleção de poesias ou canções populares, tradicionais ou que fazem parte
de repertório conhecido de muitos: A cantora apresentou algumas pérolas do
cancioneiro francês.
Dicionário Aulete: http://aulete.uol.com.br/cancioneiro. Acesso em 7/5/2013 – 7h30
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Crianças de quatro a seis anos
É uma fase onde se amplia tudo aquilo que se faz de zero a três anos. Por isso, cabe ao
educador/professor tomar cuidado para saber tudo o que a criança traz para esta fase.
O fazer musical, nessa fase, implica em concentração e envolvimento com tudo o que se
propõe. Afinal, fazer música implica em reconhecer, organizar e relacionar de modo expressivo
som e silêncio.
Deve ser distinguido o barulho – que desorganiza, incomoda e não comunica nada, da
música que organiza som e silêncio e comunica uma intenção. O silêncio valoriza o som, cria
expectativa e é considerado música.
Em princípio, podem ser utilizados todos os instrumentos/objetos que provoquem sonorização/
musicalidade, mas deve-se dar importância e utilizar aqueles que fazem parte da cultura da
criança primeiramente.
Podem-se trabalhar algumas noções técnicas como, por exemplo, tocar um tambor de
diferentes maneiras, com diferentes baquetas, com as mãos, com os dedos, etc. Esse tipo de
experimento dará às crianças diferentes percepções, que as diferentes sonoridades podem ser
obtidas de diversas maneiras.
Devem ser propostos jogos que estimulem a memória auditiva e musical, assim como a
direção do som no espaço. Ex. vedar os olhos e provocar sons/músicas em diferentes posições
e solicitar a criança que indique direções.
Uma outra atividade interessante é a sonorização de histórias infantis que o educador/
professor vai contando e as crianças sendo solicitadas a expressar sonoridade e musicalidade.
O educador/professor e as crianças juntos poderão definir quais personagens terão
sonorização e musicalidade. Isto torna mais fácil e prazeroso o exercício em si e desperta atenção
e discriminação auditiva.
Há um reconhecimento e utilização expressiva do que devem ser contextos musicais.
Sons e silêncios, agudos e graves, duração do som (curto ou longo), intensidade sonora
(fraco ou forte) e o timbre que é a grande característica da sonorização, aquilo que distingue
e personifica o som.
Além disso, nessa fase, aprende-se a participar ativamente de jogos/brincadeiras e dos
repertórios musicais do seu meio.
É preciso um cuidado especial e escolher um repertório, que chamado de infantil, tem muito
pouco e com frequência é estereotipado pela mídia e por uma indústria voltada ao público
infantil que pouco os enriquece.
Arranjos padronizados por instrumental eletrônico e danças/movimentos em ritmos pouco
condizentes com a cultura infantil acabam sendo limitadores de um universo musical e sonoro.
Músicas regionais, de outros países e diversos gêneros devem ser apresentadas e a
linguagem musical deve ser tratada e entendida como algo presente que cada povo/época
foi capaz de criar.
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Unidade: A Capacidade Tátil, Auditiva e Visual
Jogos e brincadeiras mantêm forte ligação com o brincar. Em inglês (to play), em francês
(jouer) usa-se o mesmo verbo para as ações de brincar como para aquelas de tocar – fazer
música. Nas mais diferentes culturas e épocas, cantar e brincar são sinônimos.
Os jogos sonoros e musicais representam a vivência de questões ligadas ao som, ao silêncio
e à música.
Avaliação Musical
A conquista de habilidades manuais, o uso da voz, do corpo e dos instrumentos deve ser
estimulada, não constituindo um fim em si mesma, mas integradas ao contexto representativo
do mundo, no qual a criança faça parte.
A autoavaliação, da qual podemos utilizar os recursos de gravação sonora é um importante
elemento para perceber-se como a criança se vê se reconhece.
Como podemos ver, o universo da sonorização e musicalidade não se encerra nesse capítulo,
e, sim, estimula- nos a pesquisar e colher informações múltiplas que, certamente, nos darão
orientações e todo um universo sonoro pela frente.
No segmento que veremos a seguir estudaremos as Artes Visuais. Interessante não? Você vai
gostar de ver!
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Artes Visuais
Introdução:
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Unidade: A Capacidade Tátil, Auditiva e Visual
A princípio, se valorizou a produção criadora infantil, mas aos poucos isso se transformou em
“laissez-faire” ou deixar fazer para ver o que acontece, o que, inegavelmente, não trouxe grande
progresso para as crianças.
Como consequência, houve o questionamento desses princípios e surge a constatação que
todo e qualquer desenvolvimento artístico são formas complexas de aprendizagem e, portanto,
não ocorrem de maneira automática e livre à medida que a criança cresce.
A arte da criança sofre influência do meio cultural, dos meios materiais colocados à sua
disposição, da história dos seus pais, do seu povo,etc.
A produção artística e o fazer artístico são construções elaboradas a partir de experiências
ao longo da vida. As crianças elaboram, sentem, agem, refletem, suas experiências e constroem
significados a respeito da arte e de suas vidas.
É preciso lembrar que Artes Visuais devem ser entendidas como linguagem, com estrutura e
características próprias e que contém em seu bojo três aspectos:
1. Fazer artístico.
2. Apreciação.
3. Reflexão.
O “fazer artístico” consiste na produção dos trabalhos por meio de práticas artísticas. É a
criação pessoal.
A “apreciação” consiste em dar sentido, fazer com que o trabalho Artístico tenha relações e
interdependência entre o trabalho e o meio.
A “reflexão” consiste no fazer artístico, a apreciação e as manifestações que dela emanam,
compartilhando críticas, perguntas e o próprio pensar a respeito da obra.
Trabalhar com artes visuais requer grande atenção, pois há peculiaridades de cada criança
em sua faixa etária e o meio no qual vive.
A sensibilidade, imaginação, instrução e cognição da criança devem ser trabalhadas
visando à criação.
Em artes visuais, o percurso e o processo de criação são sempre individuais e têm relações
com o meio e a natureza, cabendo ao educador/professor enriquecer este percurso.
Ao final dos primeiros anos de vida, a criança começa a crias seus próprios grafismos. É
a fase das “garatujas”. O termo “garatuja” foi criado pelo educador Viktor Lawenfeld para
nomear os riscos/rabiscos produzidos por crianças na fase incial dos seus grafismos. Merecem
destaques ainda os educadores: G.H.Luquet e Rhoda Kellog por seus estudos abrangendo
desenho infantil/riscos/rabiscos/garatujas.
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No princípio de suas atividades, a criança sente prazer em gravar simplesmente o traço
sobre uma superfície. No decorrer, a criança percebe e reconhece seus traços e identificam um
propósito. “Olha – isto é meu elefante” “isto é meu cachorro”. Então, é por meio do desenho
que a criança cria e recria formas. Nesse momento, a imaginação, a reflexão e sensibilidade se
integram e se apropriam do simbolismo.
É válido destacar o “imitar”, que embora largamente criticado, é o primeiro passo do processo
de aprendizagem, e somente após essa fase, a criança passa a se apropriar de formas e figuras
que são representativas de sua criação.
O fazer artístico
As crianças, nesta faixa etária, têm interesses mais exploratórios do que a construção de
um objeto, do fazer arte. Sendo necessário, então, ressaltar que o interesse pelas coisas é de
curta duração.
Assim sendo, o educador/professor deve explorar não só a manipulação de materiais, pincéis,
lápis, texturas, etc, como também gestos e movimentos que produzam grafismos.
Uma unidade especial que deve ser desenvolvida pelo educador/professor são os cuidados
com o próprio corpo e os dos colegas ao manusear materiais de artes, suportes etc, após as
crianças terem condições de fazer o manuseio de pincéis, lápis, tintas, cola,etc.; ao mesmo
tempo em que se desenvolve o cuidado e o respeito pelo próprio trabalho e o dos outros.
Os materiais, a serem trabalhados, nesta fase, devem ser escolhidos pela segurança que
oferecem. Não se trabalhando, então, com materiais tóxicos, cortantes ou que apresentem
quaisquer possibilidades de machucar ou provocar danos às crianças.
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Unidade: A Capacidade Tátil, Auditiva e Visual
Para Pensar
Ao se trabalhar com a leitura de imagens, nesta faixa/etária, é importante que o questionamento faça
parte do momento das crianças e o professor/educador ajude-as fazendo e ensinando-as a perguntar:
Do que mais gostei? Como o artista conseguiu estas cores? Que instrumentos usou? O que foi mais
difícil fazer?
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Algumas crianças destacarão cores, figuras, personagens, o que dará ensejo ao educaro/
professor que faça trabalhos e comentários interdisciplinares.
É importante que dentre essas atividades, se faça uma leitura do trabalho das crianças e
que elas façam críticas, perguntas, sugestões sobre os seus trabalhos e os outros trabalhos
dos coleguinhas.
É possível reconhecer a singularidade da criação de cada criança, e mostrar que em trabalhos
de arte não existe a concepção de certo/errado, mas sim um jeito singular de se fazer arte.
Nesta fase, as crianças devem apreciar suas produções e dos outros, compartilhando leituras e
críticas, sendo capazes de estabelecer correlação com as experiências pessoais e as apreciações.
As crianças, então, necessitam perceber os elementos constituintes da linguagem visual: linha,
forma, ponto, volume, contraste, textura, luz e cor, devendo ser capazes de observar, narrar,
descrever, e, se possível, interpretar imagens, mas, para isso, devem contar com a colaboração
do professor.
Avaliação e reflexão
Refletir sobre artes visuais, nesta idade, ou em qualquer outra faixa etária é um processo
difícil dada à sua especificiade.
As sequências de atividades em artes, levam as crianças a apreciar e refletir, a buscar
significados e suas relações com o mundo.
O trabalho artístico envolve diferentes conteúdos históricos e culturais, o que nos obriga a
conhecer a cultura e a história para poder comentar e produzir uma reflexão.
Em cada criança, há um universo individualizado. Por isso, o educador/professor deve ajudá-
lo a desvendar primeiro esse universo e “a posteriori” refletir o que isto significa para ela.
Deve-se atentar que artes visuais são produções singulares/individuais enquanto sujeito
atuante; assim sendo, não são passíveis de julgamento, e, principalmente, condenação ou
absolvição de qualquer natureza.
O professor/educador deve preparar a criança para o fazer, olhar, apreciar e refletir sobre o
seu trabalho em particular, e o dos outros de modo geral.
Dessa maneira, caminhamos cada vez mais para um mundo globalizado, onde agir - e refletir
– agir é uma constante, desde a mais tenra idade.
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Unidade: A Capacidade Tátil, Auditiva e Visual
Material Complementar
Como material complementar sugerimos que você leia a matéria da Revista Nova Escola:
Música para aprender e se divertir
Esta matéria fala sobre a importância da linguagem musical na educação infantil, “o trabalho
com a música ajuda a melhorar a sensibilidade das crianças, a capacidade de concentração e a
memória, trazendo benefícios ao processo de alfabetização e ao raciocínio matemático. “
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Referências
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Unidade: A Capacidade Tátil, Auditiva e Visual
Anotações
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CEP 01506-000
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