Projecto Destilaçao PDF
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TESE DE DOUTORADO
Porto Alegre, RS
2014
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
ESCOLA DE ENGENHARIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA QUÍMICA
Orientadores:
Profª Liliana Amaral Féris, D.Sc.
Profº Nilson Romeu Marcilio, D.Sc.
Coorientador:
Profº Ronaldo Hoffmann, D.Sc.
Porto Alegre, RS
2014
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
ESCOLA DE ENGENHARIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA QUÍMICA
Comissão Examinadora:
____________________________________
Prof. Dr. Pedro Juarez Melo – UFRGS
_____________________________________
Prof. Dr. Daniel Assumpção Bertuol – UFSM
_____________________________________
Profª. Drª. Gabriela Silveira da Rosa – UNIPAMPA
Agradecimentos
Artigos publicados
MAYER, F. D., FERIS, L. A., MARCILIO, N. R., BALDO, V., HOFFMANN. R. Review
of Hydraulics Correlations for Sieve Trays without Downcomers. Industrial & Engineering
Chemistry Research, v. 53, n. 20, p. 8323–8331, 21 maio 2014.
MAYER, F. D., BALDO, V., FERIS, L. A., MARCILIO, N. R., HOFFMANN, R.
Produção de etanol hidratado (EHC) em microdestilarias: análise de custos e viabilidade
econômica. In: XV Congresso Brasileiro de Energia, 2013, RIo de Janeiro. Segurança
Energética e Desenvolvimento Econômico, 2013. v. III. p. 1337-1351.
MAYER, F. D., BALDO, V., FERIS, L. A., MARCILIO, N. R., HOFFMANN, R. Fator
energético como ferramenta para avaliação do desempenho de colunas de destilação de
pequena escala. In: Simpósio Estadual de Agroenergia, 2012, Porto Alegre. Anais do
Simpósio Estadual de Agroenergia, 2012.
Artigos submetidos
MAYER, F. D., FERIS, L. A., MARCILIO, N. R., HOFFMANN. R. Small-scale
production of hydrous ethanol fuel: Analysis of costs and economic feasibility. Biomass &
Bioenergy.
Lista de Figuras
Figura 1 - Consumo de etanol (anidro + hidratado) e gasolina pura no Brasil (em 103 m3). .. 37
Figura 18 – Detalhe das seções de esgotamento e retificação do destilador piloto. ............ 110
Figura 27 – Carta de interpolação CGQP para a queda de pressão para anéis Pall 1”
(plástico). ........................................................................................................................................... 188
Figura 29 – Correlação para predição da inundação e MCO para anéis Pall 1”. .................. 190
Lista de Tabelas
Tabela 1 – Produção, consumo e preço ao consumidor do etanol para o Brasil e Rio Grande
do Sul. .................................................................................................................................................. 40
Tabela 14 – Concentração de álcool superior para cada teste (93,5 % em massa de água e
6,0 % em massa de etanol). ............................................................................................................. 74
Tabela 18 – Características das retiradas laterais de óleo fúsel na coluna B para Etapa 2. . 92
Tabela 30 – Preços (USD·t-1) e custos (USD·L-1) mínimo, médio e máximo. ......................... 114
Tabela 31 – Investimentos em uma microdestilaria para os dois modelos de destilador. .... 115
Tabela 41 – Faixas de dimensão do prato dual flow e propriedades físicas. ......................... 180
– Eficiência de ponto [ - ];
– Parâmetro de vazão [ - ];
– Número de Froude ( ) [ - ];
– número de Galilei ( ) [ - ];
– parâmetro de capacidade [ - ];
– razão de refluxo [ - ];
– número de Schimidt ( );
– número de Sherwood ( ) [ - ];
– parâmetro de vazão [ - ];
– número de Weber ( ) [ - ];
– fator de aeração [ - ];
– viscosidade [kg·m-1·h-1];
– rendimento industrial [ - ];
– rendimento da destilação [ - ];
Subscrito
– líquido;
– vapor;
ar – ar;
– inundação;
– furo;
Sumário
1. Introdução ............................................................................................................ 31
C.1.1 Características hidrodinâmicas dos pratos perfurados sem downcomer .................................. 173
1. Introdução
produção de etanol (EPE, 2013) em função do aumento próximo a 62% nos preços
internacionais do petróleo entre 2002 e 2010 (BRITISH PETROLEUM, 2011).
No Brasil, o movimento em direção à produção de etanol em pequena escala
ganhou força com o advento do PROÁLCOOL em 1975, lançado após o primeiro
choque do petróleo, ocorrido em 1973 (ITURRA, 2004). Este programa teve por
objetivo principal fomentar a produção nacional de etanol de maneira a diminuir a
dependência nacional do petróleo importado.
Nesse contexto, desenvolveram-se duas vertentes de atuação na produção
de etanol em pequena escala, entre elas: 1) garantir a autossuficiência energética do
agricultor, sob o emblema “fabrique seu próprio combustível” e aproveitamento dos
subprodutos do processo para fabricação de ração animal ou combustível sólido
(BROWN, 1979; CARLEY, 1980; CRUZ et al., 1980; HOFFMANN, 1985; SOLAR
ENERGY RESEARCH INSTITUTE, 1982) e; 2) incluir os produtores de etanol em
pequena escala no esforço em suprir a demanda nacional por combustíveis líquidos
(ITURRA, 2004).
A primeira linha de atuação sempre foi a mais promissora, uma vez que o
maior custo do etanol combustível obtido por processo em pequena escala, devido
às menores eficiências, seria compensado pela não incidência de impostos sobre o
autoconsumo. Além disso, os autoprodutores de etanol teriam o não pagamento de
frete como outra vantagem competitiva, pois, no Brasil, a produção de etanol está
concentrada na região sudeste do país, fazendo com que o transporte para o Rio
Grande do Sul e sua distribuição elevem o preço final do EHC em aproximadamente
5 % (SULPETRO, 2012).
A possibilidade de produção local de um combustível líquido, para atender a
demanda do maquinário agrícola para outros cultivos, como no caso da soja, poderia
incentivar a autoprodução de etanol, conforme relatado por Dias et al. (1980). O
empenho industrial nesse sentido resultou no aperfeiçoamento de tratores agrícolas
com motores híbridos etanol-diesel (HANSEN et al., 2001; PIDOL et al., 2012;
SAYIN, 2010).
Nenhum desses dois modelos apresentou bons resultados, seja por
empecilhos tecnológicos, econômicos ou por excesso de restrições legais para a
comercialização do etanol, que afetaram diretamente a pequena escala.
33
2. Revisão Bibliográfica
1
No Brasil, a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis estabeleceu, através da Resolução
ANP nº23 de 06/07/2010, as definições para o etanol utilizado como combustível. De maneira a definir com
exatidão os termos empregados nesse trabalho, optou-se pelas seguintes significações: etanol, como
denominação genérica, correspondendo à fração anidra e à hidratada; etanol anidro, para designar o etanol
anidro adicionado à gasolina; etanol hidratado combustível (EHC), para indicar o etanol hidratado, com
concentração de 92,5 % em massa e; álcool combustível super-hidratado, para nomear a mistura de etanol em
concentrações menores que 92,5 % em massa.
37
30000
Consumo para fins energéticos (103 m3)
25000
5000
0
2005
2003
2004
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2
Conforme os fabricantes de motores flex fuel, 70% é a relação entre o aproveitamento do etanol e da gasolina
em um motor.
38
produção em grande escala não pode e não deve ser aplicado. Nessas regiões, em
que o RS está incluso, deve-se buscar um outro modelo, com características
específicas e que potencialize as qualidades da pequena escala, como é o caso das
microdestilarias.
A Tabela 1 apresenta o volume de etanol produzido e consumido e o preço
médio ao consumidor no Brasil e no Rio Grande do Sul ao longo dos últimos anos.
Observa-se que o consumo de EHC no estado variou conforme o preço praticado no
mercado, apresentando uma tendência decrescente. A produção de EHC
proveniente da única destilaria instalada no RS, localizada em Porto Xavier,
respondeu com 5,0% do consumo de EHC no RS. Ressalta-se que não foi
considerado o consumo de etanol anidro adicionado à gasolina na proporção de
25% em volume, que em 2012 totalizou 703,5 mil m 3. Assim, a demanda de etanol é
abastecida majoritariamente pela indústria sucroalcooleira tradicional, concentrada
nas regiões sudeste (especificamente em São Paulo) e Centro-Oeste.
Essas quatro etapas estão presentes em qualquer destilaria que tenha por
objetivo transformar uma determinada matéria-prima em etanol combustível. A
influência da escala de produção sobre o processo produtivo abrange o tamanho
dos equipamentos utilizados e os rendimentos obtidos. A pequena escala faz uso de
tecnologia menos sofisticada uma vez que existe uma relação direta entre escala de
produção e rendimento do processo, o que já era afirmado por Hoffmann (1985).
Além dos quatro grandes setores citados (recepção de matéria-prima,
obtenção de substrato para fermentação, fermentação e destilação), existem ainda
as utilidades, que compreendem a geração de vapor (incluída no setor de
destilação) e eletricidade. A Figura 3 apresenta o fluxograma do processo de
produção de EHC em pequena escala.
3
Quantidade, em gramas, de álcool absoluto contida em 100 gramas de mistura hidroalcoólica. Esse valor é a
mínima concentração exigida pela Resolução ANP Nº 07/2011. É importante ressaltar que, para fins de
comercialização, o Álcool Etílico Hidratado Combustível (EHC) deve enquadrar-se nas especificações de outras
14 características além do teor de etanol, conforme essa mesma resolução.
45
Devido aos objetivos propostos para esse estudo, uma maior ênfase será
apresentada ao processo de destilação. Uma descrição da tecnologia utilizada no
preparo da matéria-prima (cana-de-açúcar e sorgo sacarino) e na fermentação é
apresentada no Apêndice B.
2.2.1.1 Destilação
Processo de
destilação
Regime operacional
Batelada Contínua
Dispositivo de contato
Recheio Pratos
Sistema de aquecimento
Condensador
Deflegmador
Refluxo
Refervedor
Entrada
de vapor
Etanol
hidratado
Alimentação Flegma B
A
Etanol hidratado
Vinhaça
Weschenfelder
42,0 Sorgo sacarino 10,6 48,85 64,5
(2011)
a
Açúcares redutores totais. Valores em % ou gramas de ART por 100 g de caldo.
b
Valores padronizados para 14% ATR na matéria-prima.
Fonte: O autor (2014)
Tabela 6 – Dados operacionais de sistemas de destilação em pequena escala contínuos e batelada (continua).
Concentração Concentração
Consumo
da do produto de Produtividade b
energético
Regime Dispositivo Sistema de alimentação topo
Destilador Combustível -1
Fonte
operacional de contato aquecimento -1
MJ.L de
L.h
% em volume % em volume a
etanol anidro
(l/batelada ) c
equivalente
d e
(CORTEZ; LORA;
1 Batelada - Vapor Lenha - 94,00 - 41,36
GÓMEZ, 2008)
Prato com Sistema de (MAYER et al.,
2 Batelada Lenha 7,3 70,00 12,3 (41) 82,50
borbulhadores fluido térmico 2008)
f
3 Lenha 12 85,00 11,2 (28) 21,45
Recheio
Bagaço de
Batelada (pérolas de Fogo direto g h
(NOGUEIRA, 2008)
4 cana-de- 29 89,00 11,72 (85) 17,74
vidro)
açúcar
Recheio
(anéis de
5 Batelada Fogo direto Lenha 6,0 a 8,0 92,00 12,0 (12) 114,40 (HOFFMANN, 1985)
taquara-
bambu)
6 7,0 51 5,00
Injeção de Carvão (STAMPE et al.,
7 Contínuo - 10,0 - 76 3,80
vapor mineral 1983)
8 13,0 98 3,20
Prato com (MAYER et al.,
9 Contínuo Vapor Lenha 10,5 84,00 21,6 13,68
borbulhadores 2008)
56
Brau (1957) informa valores entre 0,1 e 1,1%. Batista e Meirelles (2011)
apresentam a composição média para o mosto fermentado de cana-de-açúcar,
conforme a Tabela 9.
A obtenção do óleo fúsel consiste na sua remoção do vinho fermentado por
meio da destilação (GARCIA, 2008). Seu elevado ponto de ebulição, na faixa de
130-132ºC (WEBB; INGRAHAM, 1963) faz com que seja removido nas frações
61
Uma vez que este texto versa sobre destilação e os equipamentos utilizados
nessa atividade é importante discutir alguns pontos específicos na avaliação dessa
operação de separação.
A primeira questão relaciona-se com o regime operacional do destilador, ou
seja, se o sistema seguirá o regime batelada ou contínuo. Essa discussão é muito
frequente tanto por produtores de etanol combustível em pequena escala quanto por
fabricantes de equipamentos. Isto é relevante, pois cada tipo de destilador tem uma
aplicação específica dependendo do modelo de produção desejado.
O destilador em regime de batelada apresenta operação mais simples do que
um destilador em regime contínuo, como foi descrito no item 2.2.1.1. Cabe ressaltar
que o ponto mais importante na operação de um destilador batelada é a facilidade
de ajuste da concentração do produto de topo em função do ajuste da razão de
refluxo, fator que tem popularizado o uso deste tipo de destilador na produção de
etanol em pequena escala, principalmente para autoconsumo, devido à produção
intermitente.
Porém, quando se trata da produção visando o atendimento ao mercado
consumidor como um todo, deve-se fazer uso da destilação contínua a fim de reduzir
custos operacionais e investimentos. Dessa maneira, evidencia-se que os problemas
listados quanto à operação e ao rendimento do destilador contínuo devem ser
solucionados para o seu pleno desenvolvimento.
Nesta questão, o primeiro ponto refere-se às qualidades do destilador quanto
à capacidade de produzir etanol combustível em conformidade com a Resolução
ANP nº 07/2011. Esse parâmetro, apesar de muito importante, não pode ser
utilizado como única variável a ser considerada na avaliação de um equipamento de
destilação uma vez que, fazendo-se uso de uma elevada razão de refluxo, será
66
6
6.a
Ttopo
T4 8
P4
4.d
5.b
P3 9
T3
4.c
10
5.b R 11
P2 D
T2
14
4.b
5.a 13
P1
4.a
3
Tref T1
1 15
12
testes efetuados por esses autores foram realizados com mistura hidroalcoólica,
portanto, sem avaliar a influência dos diversos componentes presentes em uma
alimentação real, proveniente de fermentação.
Schettert (2012) avaliou a operação desse destilador híbrido com relação à
concentração do produto de topo e de fundo em função de variações na
concentração (entre 5,0 e 9,0% em volume) e vazão da alimentação. Neste estudo
verificou-se que tanto a concentração como a vazão de alimentação afetaram
significativamente a concentração do produto de topo. Não foi verificada nenhuma
influência das condições operacionais utilizadas em relação à concentração do
produto de fundo, possivelmente pelo uso de vigreux na seção de esgotamento.
Mais recentemente, Gehlen (2013) propôs um controlador para esse
destilador híbrido, baseado em um modelo de inferência da concentração do produto
de topo através da temperatura no topo do destilador.
A utilização desse sistema de destilação híbrido em escala piloto ou industrial
exige que o dispositivo do tipo vigreux seja substituído por outro dispositivo também
pouco susceptível à incrustação e que apresente baixo custo. Assim, os pratos
perfurados sem downcomer constituem-se em uma alternativa adequada.
Os pratos perfurados sem downcomer, conforme descrito no Apêndice C, são
dispositivos de baixo custo (sem direito de propriedade) (KISTER, 1992) e muito
resistentes à incrustação devido ao efeito “autolimpante” promovido pela passagem
alternada de líquido e vapor através dos orifícios (GARCIA E FAIR, 2002).
Entretanto, os pratos perfurados sem downcomer possuem uma região de
operação limitada pela drenagem de líquido no prato (CALDAS et al., 2007). Além
disso, esse tipo de prato é intrinsecamente instável ou de baixa eficiência, devido ao
comportamento da passagem de líquido e vapor através do prato (WEILAND, 2001).
69
3. Materiais e Métodos
3.2.1 Materiais
3.2.2.1 Aparato
3.2.2.2 Reagentes
3.2.2.3 Procedimento
A) Seção de esgotamento:
(1)
(3)
(4)
B) Seção de Retificação
A composição do custo unitário do EHC (CEt), em USD por litro de etanol, foi
dividida em custo da matéria-prima (CF), custo do investimento (CI), custo de
operação e manutenção (COeM) e receitas do coprodutos (CCo), como utilizado por
Sorapipatana e Yoosin (2011). A equação (7) resume a composição dos custos.
Todas as parcelas que compõem a equação (7) correspondem ao custo total da
parcela dividido pelo volume de etanol produzido anualmente.
(7)
4. Resultados e Discussão
aumento da altura física da coluna de destilação pode ser mais econômico que o
custo operacional em manter-se uma elevada razão de refluxo.
As razões de recuperação obtidas para os três casos foram 97, 94 e 93 %,
situando-se acima de 92 %, que é o valor resultante das concentrações de topo e
fundo em conformidade com os limites previamente estabelecidos.
A Figura 13 apresenta o fluxograma do processo de destilação simulado na
Etapa 2, que corresponde ao sistema tradicional de destilação em duas colunas,
com retirada lateral de óleo fúsel. No sistema apresentado na Figura 13, a
alimentação da coluna A é realizada na altura do estágio número 4.
Concentração (% em massa)
Água 75,16 98,94 100 99,96
Etanol 0,934 0,086 0,00 0,0059
Propanona 0,00 0,00 0,00 0,00
Propan-1-ol 0,11 0,008 0,00 0,00
Propan-2-ol 0,00 0,00 0,00 0,00
2-metilpropan-1-ol 22,30 0,914 0,00 0,027
Acetaldeído 0,00 0,00 0,00 0,00
3-metil-1-butanol 1,3 0,0374 0,00 0,00
1-Butanol 0,21 0,0121 0,00 0,00
Fonte: O autor (2014)
Tabela 20 – Concentração média (% em massa) para seis testes em operação contínua (produtos de topo e fundo).
Razão de refluxo Etanol 3-Metill-1-butanol Propan-1-ol 2-Metillpropan-1-ol Propan-2-ol
Solução
Média Desvio padrão Topo Desvio padrão Fundo Desvio padrão Topo Fundo Topo Fundo Topo Fundo Topo Fundo
1 3,3 0,32 89,26 1,57 1,99 0,90 0,14 0,11 - - - - - -
2 2,7 0,41 90,50 0,55 2,84 1,15 - - 0,74 0,13 - - - -
3 2,9 0,30 88,47 1,18 2,83 0,72 - - - - 0,19 0,06 - -
4 3,6 0,21 90,50 0,58 2,28 0,96 - - - - - - 4,95 0,00
5 3,0 0,30 90,76 1,35 2,79 1,02 0,00 0,00 0,11 0,00 0,04 0,00 1,79 0,00
6 2,9 0,21 92,44 0,17 1,33 0,65 - - - - - - - -
Fonte: O autor (2014)
96
Com base nos valores apresentados nas Tabelas 21 e 22 foi possível estimar
o número de estágios teóricos para as duas seções do destilador, conforme
apresentado na Tabela 23. Conforme indicado por Kister (1992), as vazões máximas
nas seções de retificação e esgotamento são as mais importantes por que definem
as condições limites utilizadas no cálculo do diâmetro de cada seção. As vazões
máximas na seção de retificação e na de esgotamento são encontradas nos
estágios 1 e 13, respectivamente.
101
B2
C1 C2 C3
T2
T1 TR
B1
B3
TD
Produto de topo
Produto de fundo
TC
três seções flangeadas dotadas de suporte para recheio na base de cada seção. Na
junção entre essas seções foi instalado um redistribuidor de líquido do tipo “roseta”,
a fim de minimizar a formação de caminhos preferenciais no leito recheado.
A Tabela 29 apresenta as características dos pratos perfurados sem
downcomer empregados no destilador piloto. O sistema de destilação piloto,
detalhado nas Figuras 17 e 18, foi fabricado pela empresa Limana Poliserviços
Ltda., de Jaguari – RS, seguindo as informações das Tabelas 29 e 30 e Tabela 39
do Apêndice D. O desenho dos pratos perfurados sem downcomer, cujas
características estão listadas na Tabela 29, é apresentado na Figura 19, onde está
detalhado o arranjo triangular dos furos, em um ângulo de 60º. O número de furos foi
calculado a partir da relação entre a área perfurada e a área do furo.
4.5.1 Custos
O projeto em estudo pode ser financiado por uma linha especial do Banco
Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que consiste no
financiamento de até 80% do valor total do investimento em construção civil e
equipamentos, a uma taxa de juros de 10,72% ao ano. O prazo para pagamento do
empréstimo é de 192 meses, com 24 meses de carência.
O custo do investimento (CI) foi estimado anualizando-se os valores
desembolsados para a amortização e pagamento de juros do empréstimo, conforme
Sorapipatana e Yoosin (2011). O custo do investimento (CI) considerando o
destilador modelo tradicional e o modelo híbrido foram de 0,11 e 0,10 USD por litro
de etanol.
Os custos com operação e manutenção (COeM) foram determinados para os
itens de preparo da matéria-prima, fermentação, utilidades e custos de mão-de-obra,
operação e manutenção. O custo da água utilizada no processo foi computado como
nulo, pois seu custo depende somente do custo de bombeamento por se tratar de
116
Tabela 32 – Custos operacionais (COeM) e receitas dos coprodutos (CCo) considerando o preço médio da matéria-prima.
Preço unitário Custo unitário
Item Unidade Unidade/dia Gasto anual (USD/ano)
(USD/unidade) (USD/l)
I. Preparo da matéria-prima
Água kg 719,00 0,00 0,00 0,00
Sub-total 0,00 0,00
II. Fermentação
Levedura kg 0,09 50,00 1.544,40 0,01
Ácido sulfúrico kg 1,40 0,55 254,83 0,00
Superfosfato kg 1,08 0,33 117,61 0,00
Sulfato de amônio kg 1,08 0,63 225,42 0,00
Óxido de cálcio kg 10,28 0,05 235,62 0,00
Hidróxido de sódio kg 0,01 1,50 3,56 0,00
Farelo de arroz kg 0,36 0,50 59,40 0,00
Sub-total 2.440,85 0,01
III. Utilidades
Lenha ton 1,12 51,28 19.008,00 0,08
Eletricidade kWh 108,00 0,15 5.346,00 0,02
Água kg 3.000,00 0,00 0,00 0,00
Sub-total 24.354,00 0,1025
IV Mão-de-obra e OeM
Três turnos (72 horas-
Operadores homem/dia) 7,00 525,00 44.100,00 0,19
Manutenção 3% de equip. e const. - - 5.318,15 0,02
118
Tabela 32 – Custos operacionais (COeM) e receitas dos coprodutos (CCo) considerando o preço médio da matéria-prima (continuação).
Seguro 1% do investimento fixo - - 1.983,98 0,01
Sub-total 51.402,13 0,22
Total 0,33
V. Receita coprodutos
Dióxido de carbono kg 562,08 0,00 0,00 0,00
Vinhaça kg 9.249,71 0,00 0,00 0,00
Solução de levedura kg 55,68 0,00 0,00 0,00
Bagaço kg 5.603,53 6,55 -12.121,19 -0,05
Total -0,05
Indicador
TIR 12 % 12 % 12 % 12 %
VPL 34.895,86 67.180,96 34.206,31 65.475,01
a
A unidade de medida para o EHC e para o bagaço são litro e tonelada, respectivamente.
Fonte: O autor (2014)
4.6.1 Funcionalidade
fundo. Além disso, substituíram-se os anéis de Raschig por recheio do tipo IMTP ®.
Essas alterações resultaram na obtenção de produto de topo acima da concentração
mínima requerida e também em redução nas perdas de etanol no produto de fundo.
Entretanto, em ambos os casos, a concentração do produto de fundo foi maior que o
máximo estabelecido (0,5 % de etanol em massa), resultando em uma razão de
recuperação de etanol abaixo de 92%. Isto sugere que a eficiência dos pratos
perfurados sem downcomer não é adequada, ou seja, é necessário aumentar o
número de pratos para além de oito ou otimizar sua configuração física.
Em relação a essa possível otimização, é importante mencionar que os
resultados obtidos indicaram que o prato testado (prato tipo 1, ver Tabela 29) possui
diâmetro de furo e fração de área perfurada não compatíveis com o diâmetro da
coluna, ou seja, o número de orifícios no prato foi demasiado elevado a ponto de o
vapor não possuir velocidade suficiente para sustentar uma camada de líquido sobre
o prato. A queda de pressão média verificada foi de 0,002 bar, sugerindo pequena
interação entre o líquido e o vapor dentro do sistema. Isto foi visualmente observado
através da não retenção de líquido sobre o prato, contrariando as expectativas de
projeto. Este resultado indica que, para as condições estabelecidas, a correlação de
Fair não é aplicável para diâmetros de até 0,35 metro. Nas condições atuais do
destilador, a eficiência dos pratos perfurados sem downcomer situou-se em 62,5%,
enquanto que a eficiência de outros pratos dual flow (Ripple e Turbogrid) também
utilizados na destilação de mistura etanol e água situa-se entre 75 e 85% (WALAS,
1990).
Os resultados para o consumo energético dos experimentos descritos na
Tabela 35 são apresentados na Tabela 36. A comparação entre os resultados
informa que quanto menor a concentração do produto de topo, menor é o consumo
energético da destilação, o que corrobora a discussão apresentada na seção
2.2.2.2. Contudo, o consumo energético mais satisfatório obtido pela utilização do
sistema A (consumo energético 40% menor) não se sobrepõe ao não atendimento à
concentração mínima exigida pela ANP, embora esse sistema possa ser utilizado
para a produção de EHC para consumo próprio.
É importante destacar que o elevado consumo energético obtido para o
sistema B resultou da elevada razão de refluxo necessária para a obtenção de
produto de topo que atendesse à concentração mínima estabelecida, ocasionando
128
maior consumo de vapor. Esta situação produziu maior vazão de produto de fundo -
pela maior injeção de vapor no refervedor – e a uma temperatura mais elevada,
resultando em maior temperatura da alimentação devido ao aproveitamento de calor
residual no sistema de recuperação de calor (condensador C1 e trocador de calor
TC, na Figura 19).
100
90
Temperatura (ºC)
80 T1
T5
70 T7
T8
60 T14
50
40
0 25 50 75 100 125 150 175 200 225
Tempo (min)
5. Conclusões
Referências
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Apêndice A – Legislação
A.2 Comercialização
(5) Será aceita a comercialização de etanol hidratado combustível com limites de massa
específica de 799,8 a 802,7 kg/m³ e de teor alcoólico de 95,5 a 96,5 % massa (97,1 a 97,8 %
volume), o qual deverá atender aos demais requisitos da qualidade exigidos para o etanol hidratado
combustível, sendo permitida, nesse caso, a utilização da nomenclatura etanol hidratado combustível
premium.
(6) No caso de etanol hidratado combustível premium, ou seja, o que atender aos limites
indicados na nota 5 desta especificação, será aceita a comercialização com limites de massa
específica de 796,4 a 802,7 kg/m³ e de teor alcoólico de 95,5 a 97,7 % massa (97,1 a 98,6 % volume)
na importação, distribuição ou revenda, quando o teor de hidrocarbonetos for maior do que zero e
menor do que o limite permitido.
(7) A unidade ºINPM é equivalente à unidade % massa para o teor alcoólico.
(8) Para o etanol anidro combustível, quando o teor de hidrocarbonetos for maior do que zero e
menor do que o limite permitido, o item teor alcoólico não será considerado para a importação,
distribuição e revenda.
(9) Análise obrigatória quando o etanol combustível for originado de importação, bem como em
caso de dúvida quando da possibilidade de contaminação por metanol ou outros produtos ou por
solicitação da ANP.
(10) No caso de etanol anidro combustível importado a metodologia ASTM E1064 poderá ser
utilizada para determinação do teor de água.
(11) A análise do teor de metanol para etanol combustível somente é obrigatória na certificação
de produto pelo importador e em caso de dúvida quando da possibilidade de contaminação por
metanol, o que não isenta de responsabilidade cada agente econômico que comercializa o
combustível em atender o limite previsto na especificação ao longo de toda a cadeia.
(12) Análise obrigatória na importação, distribuição e revenda, não sendo exigida esta para
emissão do Certificado da Qualidade pelo fornecedor de etanol, sendo a determinação do teor de
cloreto obrigatória apenas no caso de transporte aquaviário por navegação marítima.
(13) No caso de etanol combustível aditivado a determinação da característica resíduo por
evaporação poderá ser substituída pela de goma lavada na emissão do Certificado da Qualidade ou
do Boletim de Conformidade.
(14) A análise dos teores de cloreto, sulfato, ferro e sódio para etanol anidro combustível
somente são obrigatórias na certificação pelo importador, o que não isenta de responsabilidade cada
agente econômico que comercializa o combustível em atender os limites previstos na especificação
ao longo de toda a cadeia.
(15) O fornecedor de etanol deverá transcrever no Certificado da Qualidade, para o etanol
hidratado combustível, o resultado obtido na última determinação quinzenal, conforme previsto no §
13 do art. 4º da presente Resolução.
(16) Item obrigatório somente quando o etanol anidro combustível for produzido, armazenado
ou transportado em equipamentos ou linhas que contenham ligas metálicas compostas por cobre,
conforme § 14 do art. 4º
Fonte: ANP (2012).
157
Apêndice B – Produtividade
Industrial
B.1.2 Fermentação
volume dessas dornas com caldo diluído. Após a fermentação do caldo, envia-se
uma dorna para a destilação e repete-se o processo de corte com a outra dorna.
Utilizam-se tantas dornas quantas forem necessárias a fim de manter o regime
operacional da etapa de destilação (contínuo ou batelada). O sistema de cortes é
muito susceptível a contaminação, o que prejudica seu rendimento. O número de
cortes é limitado e sua predição depende de um controle adequado da eficiência
desse processo.
No sistema de recuperação do inóculo, a levedura é decantada após a
fermentação do caldo e então aproximadamente 80% do volume de vinho é enviado
para a destilação. Pode-se fazer uso de leveduras auto-floculantes, com maior
tendência à decantação (HAWGOOD; EVANS; GREENFIELD, 1985). O volume
restante contendo as leveduras da fermentação anterior é tratado com ácido
sulfúrico – para eliminar infecções e corrigir a acidez do meio, e então completado
com caldo diluído (LIMA, 2001). Se for utilizado um pasteurizador, é possível obter
um aumento de até cinco pontos percentuais no rendimento da fermentação, devido
à redução da contaminação (SECRETARIA DE INDÚSTRIA E COMÉRCIO, 1984).
Oliveira (1988), analisando a etapa de fermentação em uma microdestilaria,
cita um tempo muito longo para a fermentação, com contaminações frequentes e
elevada concentração de açúcar no final da fermentação (4,0 % em massa) devido à
falta de controle de temperatura e ausência de assepsia. Uma discussão detalhada
sobre os diferentes processos de fermentação utilizados no Brasil pode ser
encontrada em Amorim (2005).
Em ambos os casos, quando a contaminação é excessiva, procede-se ao
descarte das leveduras antigas e à adição de uma nova cultura. A solução de
leveduras descartada pode ser direcionada como fonte de proteína para a ração
animal (MATHEWS et al., 2011; OMAR et al., 2012).
Na fermentação batelada realizada em laboratório é possível obter mais de
90% de conversão dos açúcares do caldo de sorgo sacarino em etanol, com
duração entre 5 e 14 h (WHITFIELD; CHINN; VEAL, 2012; WU et al., 2010). Em
plantas industriais o rendimento situa-se entre 80 e 85% se ocorrer um rigoroso
controle da concentração de açúcares residuais e da temperatura ao longo do
processo (GEMENTE et al., 1982; MAYER et al., 2008; SECRETARIA DE
INDÚSTRIA E COMÉRCIO, 1984). A duração da fermentação varia entre 18 e 24
163
B.1.3 Destilação
B.1.4 Coprodutos
invertase) são exemplos de processos não aplicáveis à pequena escala pela sua
complexidade técnica.
Os principais subprodutos do processamento da cana-de-açúcar e do sorgo
sacarino, independente da escala de produção, são o bagaço, a vinhaça, a levedura,
óleo fúsel e as cinzas de combustão. Devido à sua quantidade produzida, o bagaço
e a vinhaça são os mais importantes, pois suas quantidades respondem por mais de
90% da matéria-prima processada.
A utilização direta ou o processamento para fins de agregação de valor
podem conferir maior retorno financeiro à produção de etanol (CARDONA;
SÁNCHEZ, 2007; MCENIRY et al., 2011), além de atribuir conformidade ambiental
pelo aproveitamento de materiais com grande potencial poluidor, como a vinhaça. A
Tabela 38 apresenta as possíveis utilizações desses coprodutos como forma de
agregar valor à produção de etanol.
O bagaço pode ser diretamente utilizado como combustível em caldeiras ou
fornos industriais ou processado para ser mecanicamente adensado sob a forma de
briquetes ou péletes. Nas microdestilarias, o bagaço contém, normalmente, elevada
concentração de açúcares (aproximadamente 20% em base seca) devido ao baixo
rendimento de extração. Esse elevado teor calórico sugere uma utilização mais
nobre, como para a alimentação animal, podendo ser in natura ou hidrolisado. O
(INSTITUTO CUBANO DE PESQUISA DOS DERIVADOS DA CANA-DE-AÇÚCAR,
1999) descreveu trinta diferentes processos para aproveitamento do bagaço.
Da mesma forma, a vinhaça é o principal subproduto do processamento de
EHC, resultante da separação do etanol do mosto fermentado. Sua produção é entre
12 e 16 vezes maior que a do etanol e caracteriza-se pela concentração de diversos
nutrientes e elevada carga orgânica, em alguns casos sendo utilizada como
fertilizante aplicado diretamente no solo.
165
Tabela 38 – Principais coprodutos do processamento da cana-de-açúcar e sorgo sacarino e técnicas para agregação de valor
(continua).
Fonte de
Coproduto Comentários Aplicação Referência
Matéria-prima
Utilizado in natura ou adensado na Combustível para caldeiras, fornos, (FRAZA, 2007; TEIXEIRA;
Combustível sólido
forma de briquetes ou pellets. lareiras, etc. PENA; MIGUEL, 2010)
(INSTITUTO CUBANO DE
PESQUISA DOS DERIVADOS
Bagaço Obtido pelo tratamento químico ou com DA CANA-DE-AÇÚCAR, 1999;
Bagaço hidrolisado vapor do bagaço, aumentando sua Alimentação animal LACÔRTE; BOSE; RIPOLI,
digestibilidade em até 60%. 1989; TEIXEIRA; PIRES;
NASCIMENTO, 2007; TONISSI
et al., 2005)
Obtido pela utilização direta da vinhaça (BUSTAMANTE et al., 2010;
Fertilizante Fertilizante líquido
in natura ou do efluente do biodigestor. OLIVEIRA et al., 2009)
Substituição da água pela vinhaça na (ARRIGONI et al., 1993;
Vinhaça In natura Alimentação animal
dieta animal. LÓPEZ-CAMPOS et al., 2011)
Vinhaça concentrada até 60 ºBrix, rica (COELHO et al., 2012; YALÇIN;
Vinhaça concentrada Alimentação animal
em minerais e aprox. 13% ART. ELTAN; KARSLI, 2010)
(AGUIAR; FERREIRA;
MONTEIRO, 2010; BARROCAL
Substrato para cultivo Produção de proteína unicelular para et al., 2010; FERREIRA et al.,
Vinhaça Alimentação animal
de proteína fúngica suplemento alimentar animal. 2010, 2012;
NITAYAVARDHANA; KHANAL,
2010; SILVA et al., 2011)
(BUITRÓN; CARVAJAL, 2010;
Combustível para caldeiras, fornos, ESPAÑA-GAMBOA et al., 2011;
Produzido pelo tratamento da vinhaça automóveis, geradores elétricos, etc. O SALOMON et al., 2011; SILES
Biogás e fertilizante
em biodigestores (reatores anaeróbios). efluente resultante pode ser utilizado et al., 2011; SOUZA et al., 2012;
como fertilizante. SZYMANSKI; BALBINOT;
SCHIRMER, 2010)
Fonte: O autor (2014).
166
Tabela 38 – Principais coprodutos do processamento da cana-de-açúcar e sorgo sacarino e técnicas para agregação de valor
(conclusão).
(AZANIA et al., 2008; KUÇUK;
Dessecante de plantas gramíneas, CEYLAN, 1998; LEE et al.,
Separado da mistura hidroalcoólica na solvente industrial, produção de álcool 2011; PATIL; KOOLWAL;
Destilação Óleo fúsel torre de retificação, em uma faixa entre amílico, fabricação de ésteres orgânicos BUTALA, 2002; TUTER et al.,
40 e 50 ºGL. e inorgânicos, aditivo em petróleo e 2011; YILMAZTEKIN; ERTEN;
fluidos hidráulicos, etc. CABAROGLU, 2009)
C6 H 12O6 zimase
2C 2 H 5 OH 2CO2
( e tan ol )
C6 H10O5 H 2 O
C6 H12O6
( amido) ( gli cos e )
Cada molécula de amido (162g) produz uma molécula de açúcar redutor (180
g). Como visto anteriormente, este origina 92 g de etanol. A Tabela 39 contém os
valores de rendimento teórico para cada tipo de carboidrato utilizado como matéria-
prima para a obtenção de etanol. A partir dos dados da Tabela 39 e da concentração
de carboidrato na matéria-prima é possível estimar a produtividade teórica de etanol
por tonelada de matéria-prima.
4
Ao invés de utilizar o valor de ART, as destilarias freqüentemente utilizam a concentração de
açúcares expressa como açúcares totais recuperáveis (ATR), pois este termo informa a quantidade
de açúcares (sacarose, glicose e frutose) que pode ser recuperada da cana-de-açúcar pelo processo
industrial, expressa em kg por tonelada de cana-de-açúcar (CONSECANA-SP, 2006). É com base no
valor de ATR que as destilarias pagam pela cana-de-açúcar que utilizam, sendo uma maneira de
evitar dispêndios com matéria-prima de baixa qualidade.
171
Apêndice C – Dispositivos de
contato
(AÉROV et al., 1969; BILLET, 2001) e recheio estruturado utilizado como prato dual
flow (KARCHUR; AFACAN; CHUANG, 2004).
Dentre todos estes pratos, o mais utilizado é o dual flow devido à sua
simplicidade, facilidade de instalação e manutenção e por não possuir direitos de
propriedade (KISTER, 1992). Estes pratos consistem em simples bandejas
perfuradas ou puncionadas, tornando sua construção de baixo custo (TRAMBOUZE,
1999; WANKAT, 1988). O líquido e o vapor fluem de forma contracorrente e
alternada através dos mesmos orifícios, o que promove uma ação autolimpante
(GARCIA; FAIR, 2002).
Além disso, o prato dual flow apresenta maior capacidade e menor perda de
carga (DOMINGUES; SECCHI; MENDES, 2010) uma vez que a área de
borbulhamento é maior pela ausência de downcomers. Essa capacidade pode ser
até 20% maior em relação a pratos perfurados com downcomer (FURZER, 2000). A
ausência de downcomers e a maior área de borbulhamento tornam esse prato
menos suscetível à incrustação (KISTER, 1992). Pelo mesmo motivo, os pratos dual
flow apresentam menor flexibilidade e maior sensibilidade às propriedades físicas da
mistura (XU; AFACAN; CHUANG, 1994), além de menor eficiência (KISTER, 1992).
A eficiência do prato é satisfatória enquanto as vazões não desviarem muito dos
valores de projeto, porém baixa, uma vez que o tempo de contato gás-líquido é
baixo (TRAMBOUZE, 1999).
Em colunas de grande diâmetro existe uma maior possibilidade de ocorrer
instabilidade devido à maior tendência em formar canais preferenciais e
desnivelamento de líquido (KISTER, 1992).
Garcia e Fair (2002) citam que o uso menos generalizado dos pratos
perfurados sem downcomer deve-se à estreita faixa operacional de elevada
eficiência bem como à indisponibilidade de modelos de projeto que garantam o
desempenho desse prato. Os perfurados sem downcomer foram extensivamente
testados nas décadas de 1950 e 60, destacando-se os experimentos desenvolvidos
no Fractionation Research, Inc. (FRI) (GARCIA; FAIR, 2002).
173
A) Altura da espuma
(9)
(10)
(11)
b) altura de espuma:
(12)
c) relação média da fração de gás-líquido:
(13)
Região I: , (14)
Onde
(16)
Mais recentemente, Furzer (2000) avaliou experimentalmente o
comportamento da espuma predito pela teoria de Azbel (1963). Ao contrário de
175
(17)
(20)
(22)
(23)
(24)
(25)
B) Queda de pressão
(26)
(27)
(28)
177
(29)
Onde
(30)
(31)
2,5
2
19%
1,5
25%
1
30%
0,5
0
0 0,5 1 1,5
Fator de capacidade (F)
(32)
(34)
A equação (34) aplica-se para pratos dual flow com diâmetro de furo maior
que 5,0 mm.
Por sua vez, Garcia e Fair (2002) indicaram que o balanço de pressões
mantido em um prato dual flow é
(35)
Onde é a altura de líquido limpo calculado pela equação (14), com os
novos valores para os parâmetros , e iguais a 0,01728, 1,0 e 1,5,
respectivamente. O termo , que representa a queda de pressão devido à
passagem de vapor nos orifícios, é calculado pela equação (3):
(36)
(38)
C) Capacidade máxima
(40)
(41)
(46)
D) Eficiência do prato
(53)
(54)
Onde
(55)
(56)
(57)
Com base na teoria de duplo filme, tem-se que:
(58)
(59)
(60)
modelo desenvolvido por Garcia e Fair (2000b) aplicado a pratos dual flow conforme
Garcia e Fair (2002).
C.2 Recheios
A) Queda de pressão
(61)
(62)
(63)
B) Eficiência
difícil de diferenciá-las. Kister e Gill (1991) sugeriram definir a MCO como sendo
95% da velocidade do vapor que provoca inundação. A Figura 29 apresenta uma
correlação proposta por Kister e Gill (1991) para o ponto de inundação e MCO para
anéis Pall 1”. O dimensionamento de uma torre a partir dos critérios de ponto de
inundação e MCO possui a mesma metodologia que o dimensionamento através do
critério da queda de pressão.
Figura 29 – Correlação para predição da inundação e MCO para anéis Pall 1”.