Cibele Rosana Ribeiro de Castro Lima DO Corrigida
Cibele Rosana Ribeiro de Castro Lima DO Corrigida
Cibele Rosana Ribeiro de Castro Lima DO Corrigida
SÃO PAULO
2016
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
Faculdade de Ciências Farmacêuticas
Programa de Pós-Graduação em Fármacos e Medicamentos
Área de Produção e Controle Farmacêuticos
SÃO PAULO
2016
iii
Cibele Rosana Ribeiro de Castro Lima
Comissão julgadora
da
Tese para obtenção do Título de Doutor
__________________________________________
Prof. Dr. Jivaldo do Rosário Matos
Orientador/Presidente
_____________________________________________
1° Examinador
_______________________________________________
2° Examinador
_______________________________________________
3° Examinador
_______________________________________________
4° Examinador
i
Dedico este trabalho à
Aos meus filhos, anjos que Deus me enviou na Terra, Gabriel e Lucas,
fonte de vida, minha inspiração, meus pequenos grandes amores.
ii
A mente que se abre à uma nova ideia, jamais
Albert Einstein
iii
A idade de ser feliz
Mário Quintana
iv
Agradecimentos
À querida Professora Dra. Luci Diva Brocardo Machado, pela imensa ajuda,
conselhos, amizade e por ceder o laboratório para tantos experimentos.
À amiga Juliana Reiko II, pela amizade, ajuda, disponibilidade e tantos conselhos.
À Ana Lúcia Miranda, pelo carinho com meus pequenos e grande ajuda.
Aos queridos amigos do Latig, pela ajuda, apoio, amizade e tantos momentos de
descontração.
v
À Tânia Cristina Sá Dias, pelas amostras cedidas e trabalhos em conjunto.
vi
RESUMO
Com o aumento dos tratamentos químicos e/ou físicos nos cabelos aos quais são
realizados mediante o uso de dispositivos térmicos, há uma maior preocupação a
respeito dos danos causados aos cabelos por estes tipos de tratamentos. O
conhecimento dos efeitos, benefícios e/ou malefícios, de ingredientes cosméticos
em cabelos torna-se necessário, pois facilita a busca por produtos baseada no
tipo de cabelo. O principal objetivo do trabalho foi a caracterização físico-química,
analítica e térmica de mechas de cabelo de diferentes etnias (caucasiano, oriental
e afro-étnico virgem e brasileiro virgem e descolorido) antes e após o uso de
ingredientes cosméticos seguido de um tratamento térmico (utilizando piastra) e
intercalando com lavagens. O estudo das amostras de cabelo e de uma amostra
de queratina animal envolveu a utilização das técnicas de TG/DTG, DSC, análise
elementar, FTIR, MEV e técnicas de avaliação de eficácia, como
tensão/deformação, penteabilidade e quebra por escovação. A partir da TG/DTG,
foi possível avaliar as etapas de decomposição térmica das amostras de cabelo
virgem e de queratina animal e estas apresentaram um comportamento térmico
semelhante entre si. O estudo cinético não isotérmico por TG mostrou que, dos
diferentes tipos de amostras de cabelo virgem, o afro-étnico apresentou menor
estabilidade térmica e o oriental foi o mais estável termicamente. Os resultados de
DSC corroboraram os obtidos por TG, demonstrando que a amostra de cabelo
afro-étnico apresentou temperatura de desnaturação térmica das cadeias de α-
queratina menor (TD = 223oC) do que as amostras dos outros tipos de cabelo (TD
= 236oC). As mechas de cabelo virgem e clareadas foram tratadas com
formulações cosméticas contendo silicones e avaliadas quanto a eficiência destes
na proteção térmica dos cabelos. Algumas delas mostraram eficiência na
proteção térmica das cadeias de α-queratina, diminuindo o seu grau de
desnaturação. Foi possível observar que a associação do calor da piastra com as
lavagens sucessivas causou danos tanto à cutícula (conforme resultados de FTIR
e MEV), como também, ao córtex dos cabelos (conforme resultados de DSC). Em
alguns casos, os danos causados foram tão graves que as camadas mais
superficiais da cutícula sofreram descamações. O estudo mostrou, também, que a
eficiência da proteção térmica nos cabelos depende do tipo da formulação
cosmética em que estes protetores estão incorporados e do estado em que os
cabelos se encontram. A DSC permitiu a avaliação da modificação termicamente
induzida das cadeias de α-queratina e sua posterior desnaturação. O estudo
envolvendo a associação das diferentes técnicas apresentou-se viável na
avaliação tanto dos danos causados aos cabelos quanto na eficiência dos
ingredientes cosméticos na proteção térmica dos mesmos.
vii
ABSTRACT
viii
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................ 1
ix
3. JUSTIFICATIVA ......................................................................................... 40
4. OBJETIVOS ............................................................................................... 41
x
5.2.4. Incorporação dos ingredientes cosméticos aos veículos
selecionados ............................................................................................... 52
5.2.5. Estudo de estabilidade das formulações cosméticas ....................... 53
5.2.5.1. Teste de centrifugação .................................................................. 53
5.2.5.2. Teste de estabilidade acelerada .................................................... 53
5.2.5.3. Avaliação das formulações cosméticas ......................................... 54
5.3. Caracterização das mechas de cabelo submetidas às formulações
cosméticas .................................................................................................. 54
5.3.1. Tratamento das mechas de cabelo com as formulações sem a
utilização de dispositivo térmico (piastra) ................................................... 55
5.3.2. Tratamento das mechas de cabelo com as formulações com a
utilização de dispositivo térmico (piastra) ................................................... 56
5.3.2.1. Eficácia pelo método de quebra por escovação ............................ 57
xi
6.2.2. Análise elementar ............................................................................. 94
6.2.3. Espectroscopia na região do infravermelho com Transformada de
Fourier ........................................................................................................ 95
6.2.3.1. Ingredientes cosméticos e formulações ........................................ 95
6.3. Estudo de estabilidade das formulações cosméticas .......................... 97
6.3.1. Teste de estabilidade preliminar ....................................................... 97
6.3.2. Estudo de estabilidade acelerada .................................................... 98
6.4. Caracterização e avaliação de amostras de cabelo submetidas a
tratamentos com ingredientes cosméticos ................................................. 101
6.4.1.1. Termogravimetria/Termogravimetria derivada .............................. 104
6.4.1.2. Calorimetria exploratória diferencial (DSC) ................................... 108
6.4.1.3. Análise elementar .......................................................................... 130
6.4.1.4. Espectroscopia na região do infravermelho com transformada de
Fourier- Refletância total atenuada (FTIR-ATR) ........................................ 132
6.4.1.5. Microscopia eletrônica de varredura (MEV) .................................. 149
6.4.1.6. Avaliação de resistência à penteabilidade .................................... 156
6.4.1.7. Eficácia pelo método de quebra por escovação ............................ 160
xii
LISTA DE FIGURAS
xiii
Figura 5.3 Ilustração do equipamento empregado nos testes de
penteabilidade e tensão deformação utilizado no trabalho ..... 52
Figura 6.4 Sobreposição das curvas TGs obtidas com diferentes razões
de aquecimento e sob atmosfera dinâmica de ar de uma
amostra de cabelo afro-étnico virgem padrão ......................... 66
Figura 6.5 Curvas DSC obtidas a 10°C min-1, sob atmosfera dinâmica
de N2 e empregando cápsula de Al parcialmente fechada
contendo cerca de 2 mg de amostras de queratina animal e
de cabelo padrão virgem caucasiano, oriental e afro-étnico
(22 ± 2oC; 65 ± 2 % U.R.) ........................................................ 67
Figura 6.6 Curvas DSC obtidas a 10°C min-1, sob atmosfera dinâmica
de N2 e empregando cápsula de Al parcialmente fechada
contendo cerca de 2 mg de amostras de cabelo virgem
padrão caucasiano, oriental e afro-étnico (22 ± 2oC; 20 ± 2%
U.R.) ........................................................................................ 71
xiv
Figura 6.9 Gráfico de Tensão versus deformação obtido a partir do
ensaio mecânico de 20 fios de cabelo padrão virgem lavados
com LESS 10% (m/m) ............................................................. 80
xv
Figura 6.20 Curvas TG e DTG obtidas a 10°C min-1, sob atmosfera
dinâmica de ar e empregando cápsula de Pt contendo cerca
de 15 mg de amostras das mechas controle de cabelo
caucasiano e tratadas com as formulações cosméticas (F2A,
F2B e F2C) .............................................................................. 106
Figura 6.21 Curvas TG e DTG obtidas a 10°C min-1, sob atmosfera
dinâmica de ar e empregando cápsula de Pt contendo cerca
de 15 mg de amostras das mechas controle de cabelo
caucasiano e tratadas com as formulações cosméticas (F3A,
F3B e F3C) .............................................................................. 106
xvi
Figura 6.27 Curvas DSC obtidas a 10°C min-1, atmosfera dinâmica de N2
e empregando cápsula de Al parcialmente fechada contendo
cerca de 2 mg de amostras das mechas de cabelo virgem
padrão oriental e tratadas com as formulações F3A, F3B e
F3C sem tratamento térmico ................................................... 111
Figura 6.30 Curvas DSC obtidas a 10°C min-1, sob atmosfera dinâmica
de N2 e empregando cápsula de Al parcialmente fechada
contendo cerca de 2 mg de amostras das mechas de cabelo
virgem caucasiano e tratadas com as formulações F2A, F2B
e F2C após o tratamento térmico ............................................ 117
Figura 6.31 Curvas DSC obtidas a 10°C min-1, sob atmosfera dinâmica
de N2 e empregando cápsula de Al parcialmente fechada
contendo cerca de 2 mg de amostras das mechas de cabelo
virgem caucasiano e tratadas com as formulações F3A, F3B
e F3C após o tratamento térmico ............................................ 117
Figura 6.32 Curvas DSC obtidas a 10°C min-1, sob atmosfera dinâmica
de N2 e empregando cápsula de Al parcialmente fechada
contendo cerca de 2 mg de amostra das mechas controle de
cabelo virgem oriental e tratadas com F2A, F2B e F2C após
o tratamento térmico ................................................................ 118
Figura 6.33 Curvas DSC obtidas a 10°C min-1, sob atmosfera dinâmica
de N2 e empregando cápsula de Al parcialmente fechada
contendo 2 mg de amostras das mechas de cabelo virgem
oriental e tratadas com as formulações F3A, F3B e F3C após
o tratamento térmico ............................................................... 118
xvii
Figura 6.34 Curvas DSC obtidas a 10°C min-1, sob atmosfera dinâmica
de N2 e empregando cápsula de Al parcialmente fechada
contendo cerca de 2 mg de amostras das mechas de cabelo
brasileiro virgem e descoloridas tratadas com as formulações
F2A, F2B e F2C após tratamento térmico ............................... 119
Figura 6.35 Curvas DSC obtidas a 10°C min-1, sob atmosfera dinâmica
de N2 e empregando cápsula de Al parcialmente fechada
contendo cerca de 2 mg de amostras das mechas de cabelo
brasileiro virgem e descoloridas tratadas com as formulações
F3A, F3B e F3C após o tratamento térmico ............................ 119
Figura 6.36 Resultados de % de proteção da proteína helicoidal
calculados com base nas diferenças de ΔHD das amostras de
cabelo submetidas ao tratamento térmico com as respectivas
mechas controle ...................................................................... 126
Figura 6.37 Espectros de absorção na região do IV de amostras das
mechas de cabelo caucasiano padrão tratadas com as
formulações F2A, F2B e F2C após tratamento térmico .......... 138
Figura 6.38 Espectros de absorção na região do IV de amostras das
mechas de cabelo caucasiano padrão tratadas com as
formulações F3A, F3B e F3C após tratamento térmico .......... 139
Figura 6.39 Espectros de absorção na região do IV de amostras das
mechas de cabelo oriental padrão tratadas com as
formulações F2A, F2B e F2C após tratamento térmico .......... 142
Figura 6.40 Espectros de absorção na região do IV de amostras das
mechas de cabelo oriental padrão tratadas com as
formulações F3A, F3B e F3C após tratamento térmico .......... 143
Figura 6.41 Espectros de absorção na região do IV de amostras das
mechas de cabelo brasileiro virgem e descolorido tratadas
com as formulações F2A, F2B e F2C após tratamento
térmico ..................................................................................... 148
Figura 6.42 Espectros de absorção na região do IV de amostras das
mechas de cabelo brasileiro virgem e descolorido tratadas
com as formulações F3A, F3B e F3C após tratamento
térmico ..................................................................................... 149
Figura 6.43 Imagens de MEV de amostras das mechas de cabelo
caucasiano padrão virgem e submetidas às formulações: a)
MCCont1; b) MCDM+A; c) MCDM+B; d) MCDM+C; e)
MCLo+A; f) MCLo+B; g) MCLo+C ........................................... 153
xviii
Figura 6.44 Imagens de MEV de amostras das mechas de cabelo
oriental padrão virgem e submetidas às formulações: a)
MOCont1; b) MODM+A; c) MODM+B; d) MODM+C; e)
MOLo+A; f) MOLo+B; g) MOLo+C .......................................... 154
Figura 6.45 Imagens de MEV de amostras das mechas de cabelo
brasileiro (grau de ondulação II) virgem e descoloridas
submetidas às formulações: a) MBCont; b) MBCont1; c)
MBDM+A; d) MBDM+B; e) MBDM+C; f) MBLo+A; g)
MBLo+B; h) MBLo+C .............................................................. 155
Figura 6.46 Gráfico de valores individuais por tratamento nas mechas de
cabelo brasileiro descolorido submetidas ao teste de
penteabilidade ......................................................................... 159
Figura 6.47 Gráfico de Intervalo de confiança de 95% por tratamento das
mechas de cabelo brasileiro descolorido submetidas ao teste
de penteabilidade .................................................................... 159
Figura 6.48 Gráfico de valores individuais por tratamento nas mechas de
cabelo brasileiro descolorido submetido ao teste de quebra
por escovação ......................................................................... 165
Figura 6.49 Gráfico de Intervalo de confiança de 95% por tratamento das
mechas de cabelo brasileiro descolorido submetidas ao teste
de quebra por escovação ........................................................ 165
xix
LISTA DE TABELAS
Tabela 6.10 Valores de extensão (m), força (N) e trabalho (J) obtidos no
teste de penteabilidade para as amostras de cabelo virgem
padrão caucasiano e oriental .................................................. 85
xx
Tabela 6.11 Modelo de ANOVA para os resultados obtidos no teste de
penteabilidade das mechas de cabelo caucasiano e oriental . 86
xxi
Tabela 6.22 Resultados de Td e ΔHH O de amostras das mechas de
2
Tabela 6.29 Valores de extensão (m), força média (N) e trabalho (J)
obtidos no teste de penteabilidade a seco das mechas de
cabelo brasileiro tratadas com as formulações e submetidas
ao tratamento térmico (piastra/lavagem com LESS 10%
m/m) ................................................................................................ 157
xxii
Tabela 6.30 Modelo de ANOVA para os resultados obtidos no teste de
penteabilidade a seco das mechas de cabelo brasileiro
(virgem e descolorido) tratadas com as formulações e
submetidas ao tratamento térmico (sem tratamento com as
formulações) ............................................................................ 158
Tabela 6.34 Resultados dos testes de quebra por escovação das mechas
de cabelo brasileiro (virgem e descolorido) submetidas ao
tratamento térmico (piastra/lavagens com LESS 10% m/m) ... 163
xxiii
LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS
A – ingrediente A
AE – Análise elementar
Al – Alumínio
ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária
ATR - Attenuated Total Reflection
B – ingrediente B
β - Razão de aquecimento
C – ingrediente C
CMC - Complexo da membrana celular
CG/DCT - Cromatografia em fase gasosa/Detector de condutividade térmica
DM - Dimeticone
DM+A – Dimeticone + A
DM+B – Dimeticone + B
DM+C – Dimeticone + C
DSC – Calorimetria Exploratória Diferencial
DTA - Análise térmica diferencial
Ea - Energia de ativação
EO – Óxido de eteno
FTIR – Espectroscopia na região do infravermelho com Transformada de Fourier
(Fourier transform infrared spectroscopy)
F2 – Formulação 2 - Dimeticone
F2A – Formulação 2 + ingrediente A
F2B - Formulação 2 + ingrediente B
F2C - Formulação 2 + ingrediente C
F3 – Formulação 3 - condicionador Leave-on
F3A - Formulação 3 + ingrediente A
F3B - Formulação 3 + ingrediente B
F3C - Formulação 3 + ingrediente C
GC-MSD – Cromatografia a Gás – Detector de Massa Seletiva (Gas
chromatography – mass selective detector)
IF – Filamentos intermediários
xxiv
IFAPs – Proteínas associadas aos filamentos intermediários
INCI – International Nomenclature of Cosmetic Ingredient
LESS - Lauril Éter Sulfato de Sódio
Lo - leave-on
Lo + A – leave-on + A
Lo + B – leave-on + B
Lo + C – leave-on + C
LiTaO3 – Tantalato de lítio
LSD - Least Significant Difference
MCCont – Mecha caucasiana controle
MCDM+A – Mecha caucasiana dimeticone + A
MCDM+B – Mecha caucasiana dimeticone + B
MCDM+C – Mecha caucasiana dimeticone + C
MCLo+A – Mecha caucasiana Leave-on + A
MCLo+B – Mecha caucasiana Leave-on + B
MCLo+C – Mecha caucasiana Leave-on + C
MOCont – Mecha oriental controle
MODM+A – Mecha oriental dimeticone + A
MODM+B – Mecha oriental dimeticone + B
MODM+C – Mecha oriental dimeticone + C
MOLo+A – Mecha oriental leave-on + A
MOLo+B – Mecha oriental leave-on + B
MOLo+C – Mecha oriental leave-on + C
MBCont – Mecha brasileira tipo II controle
MBCont1 – Mecha brasileira tipo II controle 1
MBDM+A – Mecha brasileira tipo II dimeticone + A
MBDM+B – Mecha brasileira tipo II dimeticone + B
MBDM+C – Mecha brasileira tipo II dimeticone + C
MBLo+A – Mecha brasileira tipo II leave-on + A
MBLo+B – Mecha brasileira tipo II leave-on + B
MBLo+C – Mecha brasileira tipo II leave-on + C
MEV – Microscopia eletrônica de varredura
PEG-12 – Polietilenoglicol 12
xxv
PVP – polivinilpirrolidona
Pt – Platina
RDC – Resolução da Diretoria Colegiada
rpm – rotações por minuto
TG/DTG - Termogravimetria/Termogravimetria derivada
TDTG - Temperatura inicial de decomposição térmica
Tonset - Temperatura inicial de um evento em Análise Térmica
Td - Temperatura de desidratação
TD - Temperatura de desnaturação
TG/DTA – Termogravimetria/Análise Térmica Diferencial
U.R. – Umidade relativa
UV – Ultravioleta
VCBS – Valor calculado na base seca
VE – Valor experimental
VP/DMAPA - vinylpyrrolidone and dimethylaminopropyl methacrylamide
ΔHD - Entalpia de desnaturação
ΔHH2O - Entalpia de desidratação
xxvi
1. INTRODUÇÃO
1
DSC com intuito de comparar o comportamento térmico entre esta última e as
amostras de cabelo.
Em seguida, ingredientes cosméticos (silicones) com diferentes funções
químicas, contendo grupos amino e/ou siloxanos, foram incorporados a diferentes
veículos resultando, desta maneira, em diferentes formulações e as mesmas
foram aplicadas nas mechas de cabelo. Posteriormente, as mechas foram
submetidas a procedimentos alternando ciclos de aquecimento e lavagem de
maneira a simular a realidade, porém mais agressivos, do que aqueles que
normalmente ocorrem, diariamente, com os cabelos. Os danos causados a essas
mechas de cabelo e o efeito dos tratamentos poliméricos foram investigados
utilizando-se DSC, FTIR-ATR, análise elementar e análise de imagens por MEV.
Amostras de cabelo brasileiro virgem e descolorido foram caracterizadas
sob as mesmas condições com o intuito de comparar o comportamento destas
últimas com as virgens. Isto porque, de acordo com a literatura, cabelos
submetidos aos processos de clareamento tornam-se mais frágeis, quebradiços e
porosos, e desta maneira mais suscetíveis à umidade (BROWN, 1997). Após o
os procedimentos de lavagem e tratamento térmico, estas mechas (virgens e
descoloridas), foram, também, submetidas ao teste de eficácia de quebra por
escovação.
2
2. REVISÃO DA LITERATURA
Em média, o ser humano possui de 100 mil a 150 mil folículos distribuídos
irregularmente no organismo, responsáveis pela produção de diferentes tipos de
fios:
- folículos de pêlos terminais: produzem cabelos e barbas e possuem
glândulas sebáceas médias ou grandes;
- folículos de velos: presentes no restante do organismo, exceto nas
regiões cobertas com a pele glabra, possuem pêlos finos e pequenos, com
glândulas sebáceas pequenas, quando presentes;
3
- folículos sebáceos: com pêlos muito pequenos que não chegam à
superfície e glândulas multiglobulares.
A densidade de folículos varia ao longo da vida, porém quando nascemos o
seu número total já está determinado. Conforme nos desenvolvemos, com o
crescimento da cabeça, há uma diminuição da densidade de fios, mas o seu
número total permanece inalterado (HARRIS, 2009).
Os folículos são permanentemente regenerados, passando ao longo da
vida por cerca de vinte ciclos completos (HARRIS, 2009).
Os pêlos são, antes de tudo, um órgão sensorial, sendo também uma
proteção como sobrancelhas e cílios que protegem os olhos (HARRIS, 2009).
Os velos são mais curtos, com até 1 cm ou 2 cm de comprimento,
possuem pouca ou nenhuma pigmentação e são oriundos de folículos que não
estão associados às glândulas sebáceas (se estas estão presentes são
minúsculas). As unidades de folículos que produzem os velos não são alteradas
com as taxas hormonais, produzindo o mesmo tipo de haste durante toda a vida
(HARRIS, 2009).
Os pelos terminais são maiores, variando em comprimento, diâmetro e
forma conforme a região do corpo e são associados a glândulas sebáceas
(HARRIS, 2009).
4
(LEHNINGER, 1976).
As α-queratinas incluem os tipos moles (contêm cerca de 10 a 14% de
cistina) e duras (possuem um elevado teor de cistina – até 22%). Ambos os tipos
são encontrados nos folículos pilosos, sendo que a queratina mole recobre a pele
de maneira generalizada e a dura é encontrada em certos anexos, como por
exemplo, cutículas e córtex dos pêlos do homem, penas, garras e cascos de
animais (LEHNINGER, 1976; HAM & CORMACK, 1983). A queratina é um
polipeptídio de elevado peso molecular contendo cadeias formadas pela
condensação de L-aminoácidos (Figura 2.2).
R2$
H$
HOOC$ NH2$ R2$ H2O$ HOOC$ N$
+$ NH2$
R1$ HOOC$ NH2$ R1$ O$
5
negativa e, como resultado, teremos dois aminoácidos negativamente carregados
lado a lado. Como cargas iguais se repelem e se afastam, o cabelo se intumesce
e a cutícula se abre quando soluções alcalinas são aplicadas (QUADFLIEG, 2003;
HALAL, 2011).
Tabela 2.1 Composição de aminoácidos de cabelo humano das principais raças (µmol/g)
(WOLFRAM, 2003).
Cabelo
Aminoácidos
Caucasiano Oriental Afro-étnico
Alanina 345-475 370-415 370-509
6
Figura 2.3 Ilustração das ligações presentes na queratina do cabelo humano
(Fonte:http://pt.slideshare.net/jestigaribia/ana-nery-indstria-de-cosmticos-e-
cuidados-de-higiene; adaptado).
7
Estas são o resultado de uma reação de oxidação entre os grupos tiol adjacentes
(-SH) de moléculas de cisteína opostas na cadeia polipeptídica,
consequentemente, formando uma molécula de cistina. Este aminoácido pode
ser reduzido e posteriormente re-oxidado sob a forma de ligação dissulfídica. Os
resíduos de cisteína adjacentes dos filamentos de queratina formam ligações
covalentes dissulfeto, criando uma forte ligação transversal entre as cadeias de
queratina adjacentes. As ligações dissulfeto contribuem muito para a forma, a
estabilidade e textura do cabelo. Essa é a base para o processo de ondulação
permanente. A cistina é muito estável, motivo pelo qual o cabelo humano pode
ser encontrado relativamente intacto, mesmo muitos anos após a morte do
indivíduo (WILKINSON & MOORE, 1990; FEUGHELMAN, 1997). Tratam-se de
ligações mais fracas do que as peptídicas, porém mais fortes que as salinas ou as
ligações de hidrogênio, sendo alteradas apenas quimicamente (QUADFLIEG,
2003; HALAL, 2011).
8
A cutícula (parte externa) é a principal barreira à penetração de agentes
químicos e enzimáticos no interior do fio e é também a responsável pelas
propriedades superficiais do cabelo. É a camada mais externa da fibra capilar e é
constituída de uma camada de várias células semelhantes. Essa estrutura tem um
grande efeito sobre a permeação de substâncias no cabelo (ROBBINS, 1971;
BHUSHAN, 2010). A superfície da célula da cutícula é coberta por uma fina
camada de lipídios chamada camada β. Entre células adjacentes, estes lipídeos
são separados pela camada δ de componentes proteicos. Esta estrutura tripla
entre as células adjacentes é chamada de complexo da membrana celular
(CMC). CMC é a única subestrutura que continuamente preenche os espaços
intercelulares de uma fibra capilar. Por isso, é considerado um caminho
importante para a penetração das substâncias (INOUE et al., 2005; BHUSHAN,
2010) (Figura 2.6). A camada A, que está adjacente à principal componente da
cutícula, a exocutícula, representa dois terços da estrutura de cutícula é rica em
cisteína (cerca de 30%). Caracteriza-se como uma camada bioquimicamente
estável, que resiste fortemente a forças físicas e químicas. As proteínas da
exocutícula são densamente reticuladas por ligações dissulfeto (cerca de 15% em
cistina), mas não tão extensivas como as proteínas da camada A (ROBBINS,
1994). A próxima camada adjacente é a endocutícula, porém é deficiente em
cistina (cerca de 3%), contendo muitos dos fragmentos celulares não-
queratinizados e um teor elevado de proteínas ácidas e básicas (WOLFRAM,
2003).
CMC&
cu#
cula
&
Figura 2.6 Imagem de MEV de uma amostra de cabelo oriental indicando a cutícula
e o complexo de membrana celular. Imagem registrada no presente trabalho.
9
A medula é uma camada cilíndrica fina localizada no centro do fio de
cabelo que possui um elevado teor de lipídeos, sendo pobre em cistina. A
literatura relata que sua função ainda não está completamente esclarecida, porém
é sabido que suas células desidratam-se e os espaços podem ser preenchidos
com ar, afetando a cor e o brilho nos cabelos. A medula é fracamente
queratinizada e mal interconectada, nem todos os fios possuem medula
(ROBBINS, 1994; VELASCO et al., 2009).
O córtex forma o interior do fio e é o maior constituinte da fibra do cabelo,
sendo o responsável pela sua resistência mecânica. É formado por macrofibrilas
de queratina alinhadas na direção do fio, onde se encontram distribuídos
aleatoriamente os grânulos de melanina cujo tipo, tamanho e quantidade
determinam a cor do cabelo. Desta maneira, é no córtex que ocorrem as
transformações químicas que resultam em alisamento, ondulação definitiva e
tintura, dentre outras (KOLAR & MILLER, 1972; HARRIS, 1979; OBUKOWHO &
BIRMAN, 1996; FEUGHELMAN, 1997; VELASCO et al., 1999; BHUSHAN, 2010).
As proteínas com estrutura de α-hélice estão enroladas umas nas outras como
cordas esticadas (enroladas entre si, onduladas). Quando o cabelo é esticado,
essa ondulação confere certa elasticidade. As proteínas enroladas no cabelo
organizam-se na forma de microfibrilas, as quais se unem para formar estruturas
maiores, a fim de produzir as células do córtex. Essa estrutura encadeada oferece
à fibra capilar mais força e elasticidade (WILKINSON & MOORE, 1990; ROBBINS,
2012).
Três tipos de células corticais têm sido observadas na fibra capilar: orto-
corticais, para-corticais e meso-corticais, e estas são algumas vezes segregadas
em regiões distintas na fibra capilar. A região do orto-córtex revelou conter maior
matriz intermacrofibrilar de não-queratina que a do para-córtex (THIBAUT et al.,
2007). Wortmann e Deutz (1991) identificaram dois tipos de células, as orto- e
para-corticais, as quais foram separadas e identificados de maneira a diferenciar
as células pela sua coloração. O orto-córtex contém menor concentração de
ligações dissulfeto do que o para-córtex (WORTMANN E DEUTZ, 1991).
Segundo trabalho publicado por Thibaut et al. (2007) que avaliou mechas
de cabelos de diferentes formas (lisos, encaracolados e crespos) os diferentes
tipos de células corticais têm uma distribuição característica de acordo com o tipo
10
de cabelo. Cabelos ondulados são caracterizados por possuírem as macrofibrilas
orto-corticais e meso-corticais entrelaçadas em volta das macrofibrilas para-
corticais. Aumentando o grau do ondulamento, nos cabelos crespos desaparece o
meso-córtex, predominando as células orto-corticais. No cabelo liso os três tipos
de macrofibrilas assumem a conformação reta, sendo as células meso-corticais
predominantes (THIBAUT et al., 2007).
11
circular, predominantemente. Cabelo oriental é geralmente muito liso ao longo do
seu eixo e o cabelo caucasiano varia de liso ondulado a moderadamente
encaracolado. Cabelo afro-étnico apresenta uma estrutura enovelada
característica. Estas variações na forma (diâmetro, elipticidade e curvatura) de
cabelo a partir de diferentes origens étnicas dependem de vários fatores, incluindo
a forma do folículo de cabelo e a sua abertura; estes variam de uma pessoa para
outra e também entre as raças (GRAY, 1997; GRAY, 2001; THIBAUT et al., 2005).
O cabelo afro-étnico possui um alto grau de irregularidade no diâmetro ao
longo da fibra quando comparado aos demais tipos étnicos. Sabe-se também que
a secção transversal de sua fibra é mais oval do que os cabelos caucasiano e
oriental, que são mais cilíndricos. Também apresenta menor resistência ao
estiramento e quebra mais facilmente do que o cabelo caucasiano e necessita de
uma maior força para ser penteado, apresentando menor conteúdo de água em
relação ao cabelo caucasiano e oriental (FRANBOURG et al., 2003). Outra
característica importante é que o cabelo afro-étnico adquire maior carga estática
residual quando penteado, esteja na sua forma natural ou tratado (permanente,
alisamento, tintura). O cabelo caucasiano consegue reter cerca de 5% a mais de
umidade que o afro-étnico, sendo este, portanto, levemente mais seco em relação
à hidratação (GOMES, 2008).
Sob o aspecto químico, em termos de proteínas e aminoácidos, os cabelos
caucasiano, afro-étnico e oriental são similares (FRANBOURG et al., 2003). A
partir da análise de aminoácidos de fibra capilar das três raças principais
observou-se a coincidência entre as quantidades de todos os aminoácidos do
cabelo do escalpo para esses três maiores grupos raciais (ROBBINS, 1994).
Entre outros grupos étnicos importantes estão os orientais, cujo cabelo se
assemelha bastante ao caucasiano em termos de estrutura e penteabilidade. Uma
diferença marcante entre os diversos grupos étnicos é o estilo de penteado.
Quase que exclusivos de cada grupo, eles buscam identificação com sua cultura
e diferenciação em relação às demais (GOMES, 2008).
A classificação geral dos três tipos de etnias, segundo De La Mettrie et al.
(2007) é muito ampla e não explica a alta complexidade da diversidade biológica
humana, resultante de ambas as múltiplas e passadas ou recentes origens mistas.
Os autores avaliaram amostras de cabelo de 1442 indivíduos de 18 países
12
(dentre eles, 162 indivíduos brasileiros da cidade do Rio de Janeiro) com base em
quatro parâmetros relacionados a características físicas de cabelo humano
(medidas curvatura e de torsão do cabelo) sem se referirem à etnia humana. Foi
definida uma caracterização a qual está ilustrada na Figura 2.7. De acordo com
este estudo, as amostras de cabelos afro-étnicos coletados de indivíduos da
África do Sul, Gana e Chicago foram classificados principalmente como tipos V a
VIII. Embora os tipos de VI a VIII prevaleceram nas amostras coletados dos
indivíduos da África do Sul e Gana, tipo V foi mais frequente nas amostras
coletadas em Chicago e provavelmente reflete uma população de origem mista
passado. Já os cabelos coletados da China foram essencialmente do tipo I e tipo
II e no Japão e na Coréia as amostras de cabelos coletados atingiram 20% do tipo
III. Amostras de cabelos coletados de voluntários brasileiros mostraram uma
grande diversidade variando dos tipos I a VI. Segundo os autores, este fato
advém, provavelmente do resultado de origens mistas do passado, levando às
populações étnicas múltiplas (DE LA METTRIE et al., 2007).
Lisbôa (2007) estudou a sorção de ácido oleico, colesterol e colato de
sódio em cabelos caucasiano e afro-étnico e verificou que existem diferenças
entre as interações destes tipos de cabelos com os compostos estudados. Este
resultado se mostrou importante uma vez que a literatura estabelece uma similar
composição de aminoácidos entre os diferentes grupos étnicos. Segundo o autor,
esta pesquisa evidenciou também a importância da investigação das interações
lipídicas nos diferentes tipos de cabelos, pois o tipo e o conteúdo desses
compostos presentes na fibra capilar podem modificar significativamente as
características físico-químicas do cabelo e estas precisam ser consideradas no
desenvolvimento de produtos cosméticos que visem contemplar as
especificidades dos diferentes tipos étnicos de cabelo (LISBÔA, 2007).
THIBAUT et al. (2007) realizaram um estudo comparativo entre amostras de
cabelo variando de liso a crespo com o objetivo de investigar a organização do
córtex do bulbo até a ponta da fibra capilar, por meio da técnica de micrografia de
transmissão eletrônica. Foi realizado também um exame imuno-histoquímico dos
bulbos capilares o qual permitiu a diferenciação precoce de células corticais, no
que diz respeito ao padrão de curvatura das amostras de cabelo. Os autores
observaram que a organização da macrofibrila está fortemente relacionada com
13
ondulação do cabelo. Os folículos de cabelo encaracolado exibiram uma
curvatura independente da origem étnica. Em cabelos cacheados, a queratina do
cabelo acumulou no lado côncavo da curvatura, enquanto que, no cabelo liso,
células corticais foram distribuídas uniformemente pela fibra circular (THIBAUT et
al., 2007).
Figura 2.7 Classificação dos diversos tipos de cabelo com sua curvatura e torção
de acordo com a classificação definida De La Mettrie et al. (2007).
A cor natural dos cabelos pode ser clareada pela oxidação de colorações
permanentes, temporárias ou semi-permanentes ou pela descoloração
convencional da melanina, com a aplicação de uma mistura de pó descolorante
com água oxigenada cremosa 20, 30 ou 40 volumes. Para isto, é utilizado uma
solução de peróxido de hidrogênio (H2O2) em água e termo volume indica o
volume deste na solução aquosa. O termo volume se refere ao volume de gás
oxigênio que é liberado quando o H2O2 se decompõe (HALAL, 2011). O processo
de clareamento de cabelos ocorre em duas etapas, sendo que a primeira é mais
14
rápida e envolve a dissolução dos grânulos de pigmentos, ou seja, as melaninas.
Em seguida, ocorre uma etapa mais lenta onde é observada a descoloração dos
cabelos. Como consequência da descoloração, podem ocorrer danos oxidativos
como um efeito secundário na queratina dos cabelos. Este dano é causado pela
clivagem oxidativa das ligações dissulfeto para formar o ácido cistéico conforme
Figura 2.8 (JACHOWICZ, 1987; JOHNSON, 1997,).
O" O"
S" R" S" R" S" R"
R" S" R" S" R" R" SO3H%
O" S"
15
2.6. Cosméticos
2.6.1. Definição
2.6.3. Condicionadores
16
acúmulo de sebo dá aos cabelos uma aparência indesejável, e quando
umedecidos, tornam-se vulneráveis à abrasão mecânica que, junto com
determinados tratamentos, pode danificá-los (HOSHOWSKI, 1997; SYED, 1997).
Há algumas décadas, acreditava-se que as formulações de limpeza não
causassem danos internos ao cabelo. Entretanto, pesquisas recentes têm
demonstrado que os lipídios internos podem ser removidos pelos tensoativos
durante repetidas lavagens. Outras investigações indicaram, ainda, que
sucessivas lavagens com xampu extraem pequenas quantidades de proteína da
endocutícula deixando-as com orifícios em seu interior (SCANAVEZ, 2001).
Outros causadores de danos capilares são: escovação, exposição
frequente à luz solar, tratamentos químicos como descoloração, tinturas,
permanentes, alisamentos e relaxamentos, entre outros. Estes agentes causam
alterações na estrutura capilar e tornam os cabelos fracos e quebradiços, difíceis
de pentear e ainda podem promover a alteração de sua cor (HOSHOWSKI, 1997).
Condicionadores são produtos formulados para serem utilizados após a
lavagem dos cabelos. Lavando-os com xampu de natureza aniônica, empregam-
se enxágues e condicionadores, emulsionados ou não, de natureza catiônica
(CORRÊA, 2012). Foram desenvolvidos para restaurar a capacidade de brilho e
maciez normalmente fornecida por sebo. São utilizados para recondicionar os
cabelos na sequência de tratamentos químicos, como a ondulação, defrisagem e
coloração. São utilizados também após traumas físicos induzidos por dispositivos
eletrônicos como secador de cabelos, baby-liss e piastra e até mesmo no escovar
e styling. A maioria destes processos muitas vezes levam à diminuição da
resistência à tração, fragilidade e porosidade (BOLDUC & SHAPIRO, 2001).
Condicionadores podem proporcionar maleabilidade aos cabelos, diminuindo a
eletricidade estática e, reduzindo o atrito entre os cabelos e os eixos, os quais
podem levar a emaranhamento. A eletricidade estática é diminuída mediante o
depósito de íons carregados positivamente sobre o eixo do cabelo, que
neutralizam cargas negativas induzidas por pentear ou escovar. O atrito é
reduzido pelo alisamento das cutículas e pelo aumento da sua aderência com o
eixo da fibra fazendo com que os cabelos reflitam mais luz (BOLDUC & SHAPIRO,
2001).
17
2.6.3.1. Condicionadores leave-on
2.6.4. Silicones
18
Silicones especiais podem ser utilizados para proteção térmica do cabelo,
o que é explicado pelas suas propriedades de formação de película e de baixa
condutividade térmica. Estas características resultam na redução do fluxo de calor
a partir da fonte para a fibra do cabelo, e em subsequente perda de água reduzida
a partir do cabelo (DAVIS-SIVASOTHY, 2011; HARTUNG et al., 2013).
19
A seleção e a incorporação destes agentes de proteção foram realizadas
priorizando as suas principais funções químicas presentes e por meio de
informações confirmadas na literatura e em publicações de seus fornecedores.
- Amodimethicone foi selecionado por suas propriedades condicionadoras.
Trata-se de um polímero de silicone fechado terminalmente com grupo amino
funcional (Figura 2.9). Proporciona substantividade em produtos para cabelos por
atuar como um agente condicionante que se deposita seco sobre o fio de cabelo,
formando uma película por reticulação. Especialmente eficiente em cabelos
danificados, e em benefícios incluem-se uma melhoria do penteado seco e
úmido, proporcionando brilho e maleabilidade aos cabelos (CORRÊA, 2012).
CH3 R CH3
CH2-NHCH2CH2NH2
20
O#
Si# Si#
O# O#
Si# Si#
O# O#
Si#
21
uniformes e repelentes de água, mas altamente permeáveis a gases como
oxigênio, dióxido de carbono e vapor de água (O’LENICK Jr., 2008, CORRÊA,
2012).
CH3
CH3
A análise térmica é definida como “grupo de técnicas por meio das quais
uma propriedade física de uma substância e/ou de seus produtos de reação é
medida em função da temperatura, enquanto essa substância é submetida a um
programa controlado de temperatura” (IONASHIRO & GIOLITO, 1980).
A calorimetria exploratória diferencial (DSC) e a termogravimetria (TG) são
as técnicas termoanalíticas mais difundidas e empregadas no desenvolvimento de
diferentes estudos sendo aplicadas a uma grande variedade de materiais
farmacêuticos (SILVA et al., 2007).
A TG fornece informações com relação às variações de massa em função
do tempo e/ou temperatura sob uma atmosfera específica. As curvas obtidas
fornecem informações relativas à composição e estabilidade térmica da amostra,
dos produtos intermediários e do resíduo formado. A DTG é a derivada primeira
da curva TG, os “degraus” correspondem às variações de massa, visualmente,
mais accessíveis e com melhor resolução (CAMMENGA & EPPLE, 1995;
VELASQUEZ et al., 2004; RODRIGUES et al., 2005).
22
DSC é a técnica de análise térmica, na qual se mede a diferença de
energia fornecida à substância e a um material de referência (termicamente
estável), em função da temperatura, enquanto a substância e o material de
referência são submetidos a uma programação controlada de temperatura. A
amostra e o material de referência são colocados em cápsulas idênticas,
localizadas sobre o disco termoelétrico e aquecidas por uma única fonte de calor,
obtendo-se desta maneira, as curvas DSC onde picos ascendentes caracterizam
eventos exotérmicos, enquanto os descendentes eventos endotérmicos
(WENDLANDT, 1986; MACHADO & MATOS, 2004).
É importante a associação de dados provenientes dos ensaios de TG/DTG
e DSC, para melhor caracterização de materiais, visto que a TG/DTG indica
eventos térmicos relacionados a variações de massa, enquanto a DSC detecta
eventos associados ou não à perda de massa.
Alguns autores têm contribuído com trabalhos em que aplicam a análise
térmica em estudos de matérias-primas de uso cosmético e à aplicação das
várias técnicas termoanalíticas no desenvolvimento, produção e controle de
produtos cosméticos.
23
(MARIAN et al., 2013; BUDRUGEAC et al.,1996; CIDES et al., 2006). A partir
destes parâmetros, é possível mensurar a variação de uma propriedade da
amostra quando esta é aquecida (estudo cinético dinâmico) ou mantida a uma
temperatura constante (estudo cinético isotérmico).
Para a realização dos estudos cinéticos isotérmicos, as amostras são
submetidas a pelo menos quatro temperaturas constantes, enquanto que para o
estudo não-isotérmico, os métodos envolvem o aquecimento das amostras sob
uma ou mais razões de aquecimento (β) constantes. Os métodos isotérmicos se
assemelham àqueles usados em cinéticas homogêneas para produzir resultados
dependentes do tempo (t).
Os métodos não-isotérmicos, por sua vez, produzem resultados que
dependem da temperatura (T). O método convencional para o estudo isotérmico
por termogravimetria utiliza a equação de Arrhenius para a determinação de
parâmetros cinéticos, como por exemplo, a energia de ativação (Ea). Para o
estudo cinético não-isotérmico ou dinâmico por termogravimetria, o método
descrito por OZAWA, feito por aproximação linear baseado em cálculos integrais
a partir da equação de Arrhenius, é muito empregado, e também permite
determinar tais parâmetros (OZAWA, 1965; BUDRUGEAC et al., 1996; CIDES et
al., 2006; MARIAN et al., 2013).
O método cinético não isotérmico é baseado em ensaios
termogravimétricos em diferentes razões de aquecimento. Em análise térmica, a
temperatura (T) é uma função do tempo (t), e geralmente, a relação dT/dt = β
(constante) é verdadeira, onde β é a razão de aquecimento (°C min-1).
A Figura 2.12 ilustra a representação das curvas TG em diferentes β bem
como o gráfico de Ozawa construído.
24
α1#
α2#
Massa$/%$
β1$ α3#
β2$
Log'β'
α4#
β3$ α5#
β4$ α1# α2# α3# α4# α5#
103.T&1'(K&1)'
Temperatura$/K$
Figura 2.12 Sobreposição de curvas TGs hipotéticas com diferentes β. Gráfico de
Ozawa construído a partir das curvas TG com diferentes β (ÁVILA, 2015, adaptado).
α = (m0-mα)/(m0-mf) (1)
!!
!"
= 𝑘 𝑇 𝑓 α (2)
!"
!"
!"
= 𝐴 𝑒 !!! 𝑓(𝛼) (4)
!"
Se 𝛽 = , então:
!"
!"
!" !
= ! 𝑒 !!" 𝑓(𝛼) (5)
!"
25
!"
! !! ! ! !
𝑔(α) = ! ! !
= ! !"
𝑒 !" 𝑑𝑇 (6)
26
perda endotérmica da água fortemente ligada nos sítios hidrofílicos na fibra
capilar (SCHWENKER & DUSENBURY, 1960).
Em 1963, Felix et al. avaliaram amostras diferentes de lã e pelo de cabra
por DTA não observando diferenças significativas entre as amostras estudadas.
As curvas DTA apresentaram três eventos endotérmicos: entre 130-145°C, entre
220-230°C e 230-250°C, os quais os autores atribuíram à vaporização da água, à
carbonização e à liberação de produtos gasosos de decomposição e liquefação,
respectivamente (FELIX et al., 1963).
Humphries et al. (1972) estudaram amostras de cabelo virgem e tratados
quimicamente por TG/DTA. Os autores reportaram um evento de decomposição
térmica por TG com perda de massa em 252oC para amostras de cabelo virgem e
observaram que esta temperatura aumenta com os diferentes tipos de
tratamentos (com solução de formaldeído 37%: 276oC, solução H2O2 30%:
270oC). Eles explicam que esse fato se deve à alta reatividade destes últimos
com os grupos funcionais da queratina. Os resultados de DTA evidenciaram os
picos endotérmicos da fusão e desnaturação da queratina em 235 e 243oC,
respectivamente em amostras de cabelo virgem e estas aumentaram nas
amostras de cabelo tratadas (com solução de formaldeído 36%: 240 e 252oC,
solução de H2O2 30%: 250 e 270oC) (HUMPHRIES et al., 1972).
Mais tarde, Milczarek et al (1992) utilizaram a DSC para estudar as
interações entre água e queratina em amostras de cabelo caucasiano tratado e
não tratado. Segundo os autores foram observados três eventos: a remoção de
água fracamente ligada a cerca de 70°C, uma transição na fase amorfa (155°C) e
fusão/desnaturação da fase α-queratina (233oC). Os autores descreveram que
este evento em 155°C tem um carácter oposto a uma transição vítrea (“transição
de endurecimento”) (MILCZAREK et al., 1992).
Em trabalho desenvolvido por Guthrie et al. (1995) foram avaliadas fibras
capilares tingidas e não tingidas por meio da DSC e os autores verificaram que as
primeiras apresentaram uma maior tendência para absorver a água/umidade do
que as segundas. Relataram, também, que o cabelo tingido apresentou uma
tendência significativamente maior em vincular essa água absorvida mais
fortemente, baseado nos valores de ΔH desidratação e Tpico de desidratação
(GUTHRIE et al., 1995).
27
Ao longo do tempo, o comportamento térmico de fibras de queratina foi
estudado por dois métodos principais de DSC, a saber, pelo chamado DSC à
seco e DSC em meio aquoso. O primeiro método compreende investigações
realizadas permitindo que o conteúdo da amostra de queratina evapore com o
aumento da temperatura e da umidade. A investigação em ambiente seco
evidencia efeitos endotérmicos acima de 200°C, às vezes com a apresentação de
picos duplos na curva, o qual está discutido mais adiante (CAO et al, 1997;
MILCZAREK et al. 1992). Pelo segundo método, a queratina é investigada em
excesso de água, em cápsulas de pressão seladas e resistentes que mantêm a
água durante o aquecimento. Este último evidencia os efeitos endotérmicos em
torno de 150 °C. A análise dos picos endotérmicos nos mostra que qualquer um
dos métodos baseia-se no modelo de propriedades físicas e mecânicas que
descrevem o comportamento das fibras queratínicas e as semelhanças com o
comportamento de aquecimento de proteínas globulares (ISTRATE, 2011).
Cao e colaboradores (1997) observaram que existem características
térmicas específicas que podem inviabilizar a interpretação de uma medição por
DSC de amostras de lã: entalpia de fusão, temperatura de degradação térmica
relativamente baixas e um teor de umidade dependente da temperatura de fusão.
Desta forma, os autores desenvolveram um método por DSC de análise de
amostras lã utilizando o óleo de silicone como meio de análise. Em um estudo
posterior, Cao (1999) estudou o comportamento térmico por DSC de amostras de
cabelo caucasiano empregando o método desenvolvido para analisar amostras de
lã, porém foram utilizados dois meios diferentes: óleo de silicone e água. De
acordo com os resultados obtidos pelo autor, há semelhanças nas características
térmicas do cabelo humano com a queratina da lã obtidas por Cao e
colaboradores (1997). De acordo com Cao (1999) o óleo de silicone mostrou ser
um meio térmico eficaz para determinação da entalpia de fusão dos cristais de α-
hélice de cabelo humano por DSC. A amostra de cabelo humano acondicionada a
20oC e 65% de umidade relativa apresentou pico de fusão de 175oC e o seu valor
de entalpia de fusão 12,8 J g-1, valor equivalente a 14,5 J g-1, que foi obtido para a
amostra de cabelo seco, ou seja, que não foi submetida a condições de umidade.
Isso indica que o cabelo humano apresenta maior cristalinidade que a lã de
28
carneiro, que apresentou o valor de 10,0 J g-1 para a lã seca (CAO et al. 1997;
CAO 1999).
Segundo McMullen e Jachowicz (1998), a técnica de espectroscopia de
fluorescência permitiu monitorar o teor de triptofano, que é progressivamente
destruído pela aplicação de um polímero catiônico (VP/DMAPA Acrylates
copolymer) hidrolisado de proteína do trigo e um tensoativo
catiônico (quaternium 70) em cabelos submetidos a um procedimento de
modelagem a quente. Todos os componentes testados apresentaram uma
redução na decomposição do triptofano em 10-20% em um tempo de 4 a
12 minutos de exposição térmica dos cabelos (McMULLEN e JACHOWICZ,
1998). Os autores também quantificaram o dano superficial das fibras capilares
pela análise de penteabilidade e mostraram que o uso do VP/DMAPA Acrylates
copolymer ou do tensoativo catiônico pode suprimir um aumento desta força. Por
outro lado, os cabelos não tratados com os ingredientes apresentaram maior força
de penteabilidade após a exposição aos modeladores a quente. Segundo os
autores, este fato está, provavelmente, associado à decomposição térmica da
camada lipídica da superfície. Os autores relataram que houve um aumento na
proteção das fibras capilares tratadas com polímero comparadas às não tratadas.
Esse fato pode ser resultado de rearranjos estruturais nos cabelos, consistindo
em: (a) um aumento no conteúdo da fase cristalina nos cabelos não tratados e (b)
um aumento da adsorção de polímero, que produzem as ligações entre as fibras
(McMULLEN & JACHOWICZ, 1998).
Wortmann et al. (2002) estudaram os efeitos dos tratamentos de
descoloração e de ondulação permanente em fibras capilares em água por DSC.
De acordo com os autores, a entalpia depende da quantidade e da integridade
estrutural do material α-hélice dos filamentos intermediários de cabelo humano
(WORTMANN et al., 2002).
Estudos realizados por Belletti et al. (2003) combinaram as técnicas de
DSC e cromatografia em fase gasosa (CG) com o intuito de obter uma avaliação
precisa da concentração de água em cabelo. Para assegurar que o vapor liberado
do cabelo aquecido continha apenas água, foi necessário determinar a
composição química do vapor porque outras substâncias, além da água, podem
volatilizar a estas temperaturas. Análises de CG/DCT (cromatografia em fase
29
gasosa/detector de condutividade térmica) do vapor confirmaram a presença de
água e permitiram a sua quantificação. Os autores determinaram a energia
correspondente à etapa de desidratação (utilizando DSC) e a concentração de
água presente (utilizando CG) em amostras de cabelo caucasiano padrão
submetido a tratamentos com produtos cosméticos do mercado. Uma avaliação
sensorial pós-tratamento destas mechas foi realizada para averiguar se os
resultados de DSC e CG correspondiam à sensação hidratante percebida pelo
consumidor.
Foram adotados dois tratamentos com produtos leave-on recomendados
para cabelos danificados e dois com produtos rinse-off para cabelos normais.
Para os tratamentos com produtos leave-on, as mechas foram descoloridas
durante 30 minutos em uma solução contendo peróxido de hidrogênio (20
volumes). Os autores observaram que, comparando os resultados obtidos para a
mecha controle e para as submetidas aos tratamentos com produtos leave-on,
houve diferença nos valores de ΔHvap (268 e 210 J g-1) e na porcentagem de água
(12,8 e 7,4%) presente nas mechas. Já os tratamentos com produtos rinse-off, os
autores encontraram uma diferença mais acentuada nos valores de ΔHvap (193 e
231 J.g-1) e na água presente (16,7 e 12,9%) quando comparados aos resultados
obtidos pelos tratamentos leave-on. Os autores atribuíram os resultados à
composição do produto cosmético, que pode adicionar água às fibras do cabelo
e/ou protegê-las contra perda de água (por exemplo, por meio da formação de
uma película em torno da fibra), e estes dados podem ou não resultar em valores
proporcionais em DSC e CG. Portanto, a associação das duas técnicas de análise
revelou-se particularmente útil na avaliação da hidratação das fibras de cabelo
(Belletti et al., 2003).
Segundo os autores, a quantidade de energia consumida fornece uma
indicação do grau de proteção e por este motivo os dados de DSC mostram
também que esta técnica pode ser aplicada para avaliar as propriedades de
proteção térmica nas fibras capilares. Porém, durante a pesquisa com
consumidores, os atributos de maciez, brilho, sensação de deslizamento foram
avaliados pelo painel de membros, e estes não identificaram diferenças
significativas entre os tratamentos nas mechas de cabelo. Com efeito, estes
atributos, portanto, não dependem exclusivamente de hidratação e indicou que
30
este teste de consumo é inadequado para avaliar hidratação no cabelo. Os
autores sugerem que os resultados das avaliações são subjetivos, envolvem
diferenças psicológicas e fisiológicas individuais e não proporcionam a exatidão
necessária para determinar o nível de hidratação oferecida pelos produtos. Os
autores sugeriram duas hipóteses para explicar a maior energia necessária para a
liberação de água do cabelo. Primeiro, os tratamentos aumentam o teor de água
nas fibras, ou seja, quanto maior a concentração de água ligada às fibras, maior
será a energia necessária para liberá-la. Em segundo lugar, os tratamentos, de
alguma forma, impedem a liberação de água e, portanto, necessitam de mais
energia. Essa interferência pode ser devido à formação de uma barreira (filme)
e/ou a presença de substâncias hidrófilas. É importante ressaltar que o detector
de CG identificou apenas água dentro deste intervalo de temperatura, a primeira
secção das curvas DSC corresponde apenas à água presente nas amostras do
teste. Um aumento no teor de água acima de 200°C foi observado. Esta
quantidade adicional de água pode resultar da formação das fibras do cabelo,
bem como a partir da combustão do material orgânico presente em todo o cabelo
(BELLETTI et al., 2003).
Em trabalho desenvolvido por Éhen et al. (2004) foi estudado o
comportamento térmico de amostras de cabelo por TG e DSC. As curvas TG
apresentaram uma perda de massa entre 5 e 8%, correspondendo ao teor de
água absorvida pelo cabelo. Entre 230-233°C, as curvas DSC das amostras de
cabelo, evidenciaram a fusão da α-queratina e após 250°C iniciou-se a
decomposição térmica da fibra capilar (ÉHEN et al., 2004).
Cao & Leroy (2005) estudaram o comportamento da temperatura de fusão
da α-queratina de amostras de cabelo humano submetidas a diferentes
condições de umidade por DSC. Os autores adotaram uma técnica usando
silicone como meio térmico. Os resultados mostraram que a temperatura de fusão
da α-queratina variou com o teor de umidade de 205°C para o cabelo seco a
155°C para a amostra de cabelo com um conteúdo de umidade de 23%. Porém, a
entalpia de fusão com base no peso seco do cabelo foi mantida quase constante,
levando a conclusão de que há cristalitos bem definidos na queratina do cabelo
humano (CAO & LEROY, 2005).
31
A desnaturação da proteína α-helicoidal e os efeitos de tratamentos
cosméticos redutores e oxidativos em amostras de cabelo em água foi estudada
por Wortmann e colaboradores (2008), utilizando a técnica DSC. Os resultados
mostraram que existem diferenças na desnaturação térmica da fracção α-
helicoidal de amostras de cabelo humano submetidas a esses tratamentos
(WORTMANN et al., 2008).
Rigoletto et al. (2009) apresentaram um método para testar a capacidade
de uma composição cosmética proporcionar efeitos de proteção térmica em
cabelos submetidos ao calor excessivo causado pelo uso de modeladores
térmicos. Os autores validaram um método em que utilizaram a medição de
“fragmentação das fibras capilares” por meio da penteabilidade controlada. Este
método pode ser usado como uma medida da redução do enfraquecimento do
cabelo causado pela composição de proteção térmica. A técnica de DSC foi
utilizada para medir o calor de absorção da fibra capilar. Foram avaliados dois
ativos cosméticos incorporados à hidroxietilcelulose: copolímero de acrilatos
VP/DMAPA e poliquaternium 55. As amostras que foram submetidas ao
procedimento com as composições cosméticas apresentaram uma menor quebra
de seus fragmentos durante o teste de penteabilidade. Os ensaios de DSC
mostraram que as fibras capilares apresentaram maior proteção térmica não só
na superfície, como também no córtex (RIGOLETTO et al., 2009).
Silva et al. (2010) avaliaram o comportamento térmico de amostras de
fibras de cabelo caucasiano e de queratina, ambos em pó e do cabelo em fio, por
TG/DTG e DSC. Os resultados indicaram que há uma grande semelhança no
perfil termogravimétrico das amostras, comprovando que na fibra capilar há
aproximadamente 85% de queratina. Também foi realizado um estudo cinético de
desidratação da amostra de cabelo em pó, empregando TG não isotérmica
(Método de Ozawa). Os dados forneceram um ajuste adequado para as curvas de
log β (oC min-1) vs 1/T(K) possibilitando encontrar o valor da energia de ativação
da etapa de desidratação. Por meio de ensaios de DSC, foi possível detectar a
temperatura em que se inicia a decomposição térmica da fibra, ou seja, a
desnaturação da queratina (SILVA et al., 2010).
De acordo com estudo feito por Farwick et al. (2010), no qual foi avaliada a
degradação da queratina de fibras capilares quimicamente tratadas com creatina,
32
guanidina e produtos do mercado por DSC, foi observado que a guanidina, a
creatina e os dois produtos do mercado tiveram respectivamente 15, 5 e 8% de
proteção aos cabelos. Os autores concluíram que danos causados pela alta
temperatura de uma piastra podem ser evitados por meio da aplicação de uma
solução aquosa simples de guanidina. Observaram também a ocorrência de uma
diminuição da temperatura de denaturação e também da ruptura dos cabelos
(FARWICK et al., 2010).
ZHOU et al. (2011) investigaram os danos térmicos em cabelos causados
pelo uso de piastra e os efeitos térmicos protetores de cosméticos utilizando a
técnica DSC e espectroscopia de absorção na região do infravermelho. Os
resultados indicaram a degradação térmica da queratina dos cabelos, e também
que o pré-tratamento com polímero Polyquaternium-55, VP/DMAPA Acrylates
copolymer e VP/Acrylates/Lauryl Methacrylate Copolymer reduziu
significativamente a degradação da proteína helicoidal em torno de 97% do pré-
tratamento com VP/Acrylates/Lauryl Methacrylate Copolymer (ZHOU et al., 2011).
Estudos realizados por Gama et al. (2011) demonstraram a influência de
agentes condicionantes em cabelos tingidos via TG/DTG e DSC. Os autores
demonstraram que estes tratamentos químicos podem prejudicar as fibras de
cabelo, reduzindo o seu teor de umidade em relação aos cabelos tratados. A
incorporação de agentes de condicionamento (Silanetriol e pantenol; PEG-12
dimeticona; seda hidrolisada, proteína hidrolisada do leite e lactose) em
tinturas capilares, segundo os autores, diminuiu os danos causados
aos cabelos pelo processo de coloração (GAMA et al., 2011).
Brebu & Spiridon (2011) estudaram a degradação térmica de amostras de
lã de ovelha, de cabelo humano e de penas de galinha pelas técnicas de TG/DSC
acopladas ao FTIR e espectrômetro de massa com detector MSD (Mass Selective
Detector) e por pirólise utilizando GC-MSD, a fim de identificar os compostos de
degradação e a temperatura em que eles são formados. Foram observadas
apenas pequenas diferenças entre as amostras estudadas de queratina como
uma mudança nas temperaturas características de degradação da queratina e em
relativas quantidades de compostos em produtos de degradação, especialmente
em fase aquosa. A degradação iniciou-se com formação a de amoníaco e CO2 (a
partir de 167 e 197oC, respectivamente, e com a evolução máxima a 273 e 287oC,
33
respectivamente), em seguida com a formação de compostos contendo enxofre
inorgânicos (SCS, SCO, H2S e SO2 em 240, 248, 255 e 253-260oC,
respectivamente) e de água (255oC). Segundo os autores, tióis são formados em
duas fases (257 e 320oC), enquanto a evolução de nitrilos é máxima em 340o C e
continua-se a cerca de 480oC. Fenol e 4-metilfenol são os compostos de
degradação mais importantes, formados a 370 e 400oC, respectivamente.
Nitrogênio esteve presente principalmente na forma de nitrilos
alifáticos/aromáticos, piridinas e amidas, enquanto enxofre, foi encontrado
principalmente como sulfuretos, tióis, triazoles e tiofenos (BREBU & SPIRIDON,
2011).
Prasong & Wasan (2011) analisaram filmes de queratina (extraída de
amostras de cabelo) e gelatina utilizando as técnicas TG/DTG e FTIR. A partir dos
resultados de FTIR da queratina nativa, os autores observaram bandas fortes e
características de amida I em 1684 cm-1 e amida II em 1652 cm-1, indicando a
presença de beta e alfa-queratina, respectivamente. De acordo com os autores,
as temperaturas dos eventos endo/exotérmicos dos materiais foram obtidas por
TG/DTG (PRASONG & WASAN, 2011).
HARTUNG et al. (2013) estudaram a incorporação de um silicone
catiônico (quaternium 22) em uma microemulsão condicionadora e aplicada em
amostras de fibras capilares. As mechas tratadas com a emulsão foram
submetidas a ensaios de penteabilidade e de DSC para medidas de
condicionamento e proteção contra o calor, respectivamente. Resistência à
lavagem de cor também foi testada utilizando um espectrofotômetro. Segundo os
autores, a microemulsão do silicone estudado apresentou ser um bom agente de
condicionamento. Os autores mostraram que os cosméticos mantêm de forma
eficiente e regenera o condicionamento das mechas de cabelos estudadas. De
acordo com os resultados de DSC, os autores observaram que houve uma
redução na temperatura de desnaturação causada por danos térmicos. Ao
incorporar a microemulsão contendo o quaternium-22, a temperatura necessária
para desnaturar o cabelo aumentou, indicando que o cabelo apresentava-se
menos danificado pelo tratamento térmico. A melhora foi de 70-80% na proteção
ao calor, o que pode ser atribuído à melhoria da deposição de silicone
quaternium-22 a partir da microemulsão (HARTUNG et al., 2013).
34
De acordo com Hartung et al. (2013), cabelo virgem tem uma fase de
grande transição (desnaturação) de temperatura. Quanto mais danificado o
cabelo é, por exemplo, por tratamento de calor, menor será a temperatura de
transição de fase. A temperatura de desnaturação do cabelo, conforme
determinado pelo DSC é, portanto, um significativo parâmetro na avaliação do
grau de destruição das estruturas de queratina (HARTUNG et al., 2013).
35
formulação utilizada (COLENCI, 2007). Lisboa (2007) estudou a sorção de
lipídeos em amostras de cabelo caucasiano e afro-étnico por FTIR-ATR. O autor
observou a diferença na absorção de compostos lipídicos por estudados,
mostrando que a amostra de cabelo afro-étnico apresentou maior tendência em
absorvê-los (LISBÔA, 2007).
A espectroscopia de reflexão interna é uma técnica não destrutiva que
permite a obtenção de espectros na região do infravermelho de amostras difíceis
de serem manipuladas, como sólidos pouco solúveis, pós, pastas, filmes,
adesivos, e outros (SKOOG et al., 2009). Devido ao seu funcionamento simples, o
ATR permite a obtenção de espectros com maior rapidez, quando comparado ao
modo clássico de obtenção de espectros de Infravermelho.
Barton (2011) estudou amostras de diferentes tipos de cabelo por
espectroscopia na região do IV com Refletância Total Atenuada (ATR) e obteve
as principais bandas existentes bem como as mudanças na estrutura devido a
tratamentos químicos em amostras de cabelo de diferentes etnias. O autor
demonstrou também a diferença nos espectros gerados por diferentes métodos e
observou vantagens do método ATR perante outros, dentre eles tem-se que:
- Os espectros obtidos foram de melhor qualidade,
- Não houve perda de informação estrutural química como ocorre com
outras técnicas, identificando elementos da superfície como a cutícula e
as regiões mais periféricas do córtex;
- Apresentou-se como uma técnica econômica em termos de tempo;
- A preparação das amostras é simples; não destrutiva.
37
2.10. Estrutura do presente estudo
38
Levantamento Bibliográfico
Desenvolvimento da Metodologia
Ingredientes cosméticos:
Mechas de cabelo padrão
A, B e C Mechas de cabelo Brasileiro
virgem
virgem e descoloridas
Veículos cosméticos:
Dimeticone (F2)/ leave-on (F3)
Caucasiano Oriental Afro-étnico
Submetidas as
Formulações e ao
tratamento térmico
Submetidas as F2A F2B F2C F3A F3B F3C
Formulações e ao
tratamento térmico
TG/DTG
Estudo Cinético
Método não-isotérmico
39
3. JUSTIFICATIVA
40
4. OBJETIVOS
Objetivo Geral
Objetivos Específicos
41
Amostras de cabelo brasileiro quimicamente tratadas e submetidas a formulações
contendo ingredientes cosméticos para proteção.
42
5. MATERIAL E MÉTODOS
5.1. MATERIAL
43
escolhidos dois silicones amino-funcionais e um não amino-funcional com o intuito
de avaliar o efeito destes nos tratamentos das mechas. Os ingredientes
cosméticos foram obtidos do mercado como matéria-prima.
O pó descolorante (marca ElisaFer® Professional) e a água oxigenada (40
volumes; marca Alphaline) utilizados para a mistura clareadora das mechas de
cabelo brasileiro grau de ondulação II foram obtidos do mercado.
INCI Denominação
44
• Microscópio eletrônico de varredura - Quanta 600 FEI (1kV)
• Analisador elementar 2400 CHN (PerkinElmer)
• Agitador mecânico digital – 60 Hz / 87 W com haste tipo hélice
• Balança eletrônica decimal 5000g divisão 0,1g – 60 Hz / VA 7,5
• Centrífuga Heraeus intruments modelo Megafuge 2.0
• Estufa de secagem
• pHmetro marca Digimed DM 21
• Viscosímetro digital Brookfield LV modelo DV II + Pro
• Termo-higrômetro digital Incoterm
• Modelador térmico Marca Lizz
• Secador de cabelos Lizz
• Micrômetro Mitutoyo modelo No 203-805
• Equipamento universal de ensaios mecânicos marca Instron® modelo: 5565
(testes de tensão/deformação e penteabilidade)
• Penteador automatico marca Bioluz – modelo BPLA 100
5.2. MÉTODOS
45
se obter mechas de cabelo afro-étnicos maiores de 3 cm (este tipo de cabelo
contém um índice de crescimento baixo). As mechas de cabelo caucasiano e
oriental foram caracterizadas em sua forma virgem e as mechas de cabelo
brasileiro foram descoloridas conforme procedimento descrito no próximo item. A
Figura 5.1 apresenta as mechas submetidas as formulações antes da etapa de
utilização da piastra.
Afro-étnico Brasileiro
padrão
46
5.2.2. Procedimento de descoloração das mechas de cabelo brasileiro
47
qualquer natureza química. Apenas as mechas de cabelo brasileiro foram
consideradas dois tipos de “mechas controle”: virgem e descolorido sem
tratamento com as formulações cosméticas.
48
o tratamento dos dados, utilizou-se o modelo proposto por OZAWA (1965), para
uma perda de massa definida em 10%, conforme programa de análise cinética
desenvolvido pela Shimadzu. O coeficiente angular (slope) do gráfico que
correlaciona Log β vs. 1/T (K-1) fornece a energia de ativação do processo de
decomposição térmica. Os valores do fator frequência (A) e ordem de reação são
obtidos também neste estudo cinético. A ordem de reação é obtida a partir do
gráfico que correlaciona a massa residual da amostra com tempo reduzido em
minutos (OZAWA, 2000; CIDES et al., 2006).
Durante os ensaios de cinética, observou-se uma dificuldade em se obter
as curvas TG não-isotérmicas. Isto porque diferentes teores de água contidos nas
amostras que são liberados na primeira etapa de perda de massa interferiam na
segunda etapa de perda de massa, na qual o modelo cinético seria aplicado. Em
outras palavras, a etapa da desidratação da fibra capilar acarreta erros na
próxima etapa, que está relacionada à decomposição térmica dos cabelos.
Desta forma, uma metodologia foi desenvolvida a fim de se diminuir em
erros acometidos pela etapa de perda de água presente nas fibras capilares. A
metodologia consistiu no aquecimento do material até 120 °C e mantido a esta
temperatura até que toda a água presente fosse eliminada. O aquecimento foi
interrompido para que em seguida fossem adicionados os novos parâmetros de
aquecimento ao equipamento de termogravimetria. Todas as curvas de
aquecimento foram obtidas da mesma maneira. Esta metodologia apresentou-se
eficaz, uma vez que foi possível obter as curvas TG não isotérmicas reprodutíveis.
49
condições ambientais foram escolhidas com o intuito de verificar se estas
influenciam nos parâmetros de DSC obtidos para as amostras de cabelo.
50
2. Mechas de cabelo oriental virgem padrão e;
3. Mechas de cabelo brasileiro grau de ondulação II (conforme estudo realizado
por De La Mettrie et al. (2007) virgem e descolorido, tratados com as seis
formulações.
Os fios de cabelo (20 fios de cada mecha) foram fixados nos anteparos
metálicos e colocados no equipamento da marca Instron. Garras especiais para
cabelo foram adaptadas no equipamento utilizando-se célula de carga de 10 N e
velocidade constante de 10 mm min-1. Em seguida, iniciou-se o estiramento das
fibras individualmente, medindo a força até o rompimento das mesmas. Foi obtida
a curva de tensão-deformação, sendo calculados os parâmetros das propriedades
mecânicas a partir do software Bluehill 3. A Figura 5.3 mostra o equipamento no
qual foram realizados os testes de tensão-deformação e penteabilidade. A
imagem mostra uma mecha de cabelo virgem (brasileiro grau de ondulação II)
sendo penteada, porém, para os testes de tensão-deformação é utilizado outro
tipo de acessório que se conecta ao mesmo equipamento.
51
Figura 5.3 Ilustração do equipamento empregado nos testes
de penteabilidade e tensão deformação utilizado no trabalho.
52
5.2.5. Estudo de estabilidade das formulações cosméticas
53
Durante o envase não foi completado o volume total da embalagem
permitindo um espaço vazio (headspace) de aproximadamente um terço da
capacidade do frasco para possíveis trocas gasosas (ANVISA, 2004).
As avaliações foram realizadas nos tempos: zero (T0); sete (T7); quinze
(T15); trinta (T30) quanto ao aspecto, cor, odor, pH e viscosidade aparente
(BRASIL, 2004). Os resultados foram compilados sob a forma de tabela.
Para as medidas de pH, pesou-se 1 g de cada formulação em tubo de
ensaio, acrescentando-se 9 mL de água destilada. Após dispersão da mistura, o
pH foi mensurado à temperatura ambiente.
Para a medida da viscosidade aparente, utilizou-se viscosímetro rotativo,
com sensor n° 31, à velocidade de 0,30 rpm e massa de amostra de cerca de 15
g. Para todas as amostras, as leituras foram efetuadas após 1 minuto de
estabilização das preparações, a temperatura de 25,0 ± 2,0 ºC. Para os testes de
estabilidade acelerada, a seguinte nomenclatura foi empregada para classificar as
formulações quanto ao aspecto, cor e odor: N = Normal, sem alteração; LM =
Levemente Modificado; M = Modificado e IM = Intensamente Modificado.
54
deixando permanecer os produtos nas mechas de cabelos antes dos
experimentos (vide item 5.3.2. logo adiante) e,
2) Com tratamento térmico (piastra): Três ciclos de lavagem com LESS 10%
(m/m) (2 min) e aquecimento com piastra à 200oC (4 min) intercalando com
a aplicação das formulações cosméticas e retirando os produtos das
mechas de cabelo antes dos experimentos. Duração do tempo total das
mechas em contato com a piastra: 12 min (vide item 5.3.3. logo adiante).
MECHAS
Descoloridas
(solução H2O2 40 vol.)
3x 2x Lavagem com
LESS 10% (m/m)
Aplicação das
formulações
Secador
10 cm distância da mecha
Piastra (200oC)
12 s de aquecimentos intermitentes no
total de 4 min
55
formulações leave-on (F3A, F3B e F3C) utilizou-se 1 g por mecha (m/m); e em
ambos os casos realizando-se uma massagem com os dedos (MONTEMAYOR et
al., 2012). Após 10 minutos as mechas foram secas com um secador de cabelos
na posição quente a uma distância de 10 cm aproximadamente (procedimento
conforme LEE et al., 2011). O procedimento foi repetido duas vezes. As
formulações foram mantidas nos cabelos para a secagem com o secador de
cabelos. O condicionador leave-on (sem enxágue), é utilizado no mercado, não
apenas antes de se fazer o uso de algum tipo de dispositivo térmico, mas sim com
o intuito de melhorar as propriedades superficiais dos cabelos.
Em seguida, fios aleatórios foram cortados e submetidos aos ensaios de
TG/DTG, DSC e AE. Para os ensaios de DSC, as pequenas porções de cabelo
cortados, cerca de 2 mg, foram inseridas em cadinho de Al e estocadas em
ambiente controlado de 22 ± 2oC e 20 ± 2% U.R. por um período de 48 h. Estas
condições foram escolhidas para que a água presente no ambiente não
influenciasse nos parâmetros de DSC.
56
as medidas de DSC, AE, IV e MEV. Para os ensaios de DSC, as pequenas
porções de cabelo cortados, cerca de 2 mg, foram inseridas em cadinho de Al e
estocadas em ambiente controlado a 22 ± 2oC e 20 ± 2% U.R. Esta condição foi
escolhida com o intuito de evitar a influência da água na avaliação calorimétrica
das formulações.
As mechas de cabelo brasileiro (virgem e descolorido, em triplicata) grau
de ondulação II foram separadas e submetidas a testes de eficácia por
penteabilidade e quebra por escovação.
Os procedimentos das técnicas acima mencionadas (DSC, AE, IV, MEV,
penteabilidade e quebra por escovação) já foram descritos pois foram utilizadas
na etapa anterior, com exceção do teste de eficácia pelo método de quebra por
escovação o qual está descrito a seguir.
57
6. RESULTADOS E DISCUSSÃO
58
100
DTG /%.°C-1
80
0.20
Massa /%
60
0 200 400 600 800
Temperature/°C
40 Queratina animal
Cabelo caucasiano
Cabelo oriental
20 Cabelo afro
0
0 200 400 600
Temperatura /°C
Figura 6.1 Curvas TG e DTG obtidas a 10°C min-1, sob atmosfera dinâmica de ar
e empregando cápsula de Pt contendo cerca de 15 mg de amostras de queratina
ou de cabelos caucasiano, oriental ou afro-étnico padrão.
59
que as faixas de temperatura para esta etapa foram de 200-460°C e 195-450°C
170-432°C e perdas de massa, de 42,6, 40,4 e 43,7% para as amostras de cabelo
caucasiano, oriental e afro-étnico, respectivamente. Essa menor estabilidade
térmica observada para a amostra de cabelo afro-étnico, também, por ser
confirmada a partir dos resultados de DSC apresentados logo adiante no item
6.1.2.
Faixa de
Amostra Eventos Temperatura /°C Tpico/°C Massa/%
1 25-167 76 7,4
1 25-200 62 12,3
1 25-195 61 13,3
1 25-170 59 10,4
Afro-étnico 2 170-432 290 43,7
3 432-650 575 44,0
60
amostras de cabelo analisadas apresentaram o pico de fusão de α-queratina entre
230 e 233°C seguida da decomposição térmica do cabelo acima de 250°C, com
perda de massa registrada entre 45 e 55% da massa inicial. Observaram que
todos os aminoácidos quando avaliados separadamente apresentaram
estabilidade térmica menor que quando associados a queratina capilar. Este fato
pode explicar o motivo pelo qual a queratina, submergida na matriz capilar,
apresenta-se estável termicamente até 230oC (ÉHEN et al., 2004).
Monteiro et al. (2005) relataram que o segundo evento ocorreu entre 131-
400°C, com perda de massa de 36% em amostras de cabelo caucasiano virgem,
quando a curva TG foi obtida a 3 K min-1 e sob atmosfera dinâmica de ar. Deve-se
relembrar que, no presente trabalho, a razão utilizada para este experimento foi
de 10oC min-1 (vide item 5.3.1). Sabe-se que um dos fatores que influenciam no
perfil de curvas TG/DTG é a razão de aquecimento, podendo deslocar as
temperaturas dos eventos térmicos para valores maiores ou menores. Também,
pode influenciar no número de etapas de decomposição térmica e também,
causar variações nos valores de perda de massa (MATOS et al., 2000).
A terceira etapa corresponde à degradação completa das cadeias
carbônicas da queratina capilar e eliminação do material carbonáceo formado na
etapa anterior (eventos 3 - Tabela 6.1). Nesta etapa, as amostras de cabelo
caucasiano e oriental apresentaram as faixas de temperaturas de decomposição
em 460-685°C, seguida da amostra de cabelo afro-étnico, que foi de 432-650°C.
Monteiro et al. (2005) obtiveram, para este evento, a faixa de 400-700oC em
estudo realizado empregando razão de aquecimento de 3K min-1 e sob atmosfera
dinâmica de ar em amostras de cabelo caucasiano virgem.
As curvas TG/DTG da amostra de queratina animal são muito similares
àquelas observadas para as amostras de cabelo, evidenciando que há uma
grande semelhança entre o comportamento térmico de ambos os materiais. Este
resultado confirma que o componente majoritário, em amostras de cabelo, é a
queratina (ROBBINS, 2000).
Após a temperatura de 700°C, para todas as amostras, o teor de resíduo
foi cerca de 1-2% da massa inicial e está relacionado ao material inorgânico
presente nas amostras, ou formado durante o processo de decomposição térmica.
Em cabelo humano, este resíduo pode estar associado à exposição do indivíduo a
61
espécies químicas ou devido à ingestão de alguma substância que após um certo
período pode estar presente no cabelo (BERMEJO-BARRERA & ROSSI, 1995;
ARNOLD & SACHS, 1994). Estas espécies podem ser Ca, Mg, Na, K e Cl,
considerados macrominerais, e Fe, Zn, Cu, Mn, I, Cr, Se e Mo considerados
traços (PASSWATER & CRANTON, 1983).
62
ser reduzido a um único passo. Além disso, os autores concluíram que a quebra
das ligações S-S foi o passo limitante no processo de desnaturação térmica.
Para a amostra de cabelo afro-étnico analisada neste trabalho, não foi
possível obter uma boa correlação entre os resultados a partir das curvas TG que
possibilitassem calcular os parâmetros cinéticos para este tipo de método cinético
(Figura 6.4). Ou seja, as curvas TGs obtidas, em conjunto, para esta amostra,
não apresentaram o perfil mencionado na Figura 2.12, o qual permite uma boa
correlação para obtenção dos parâmetros cinéticos. A sobreposição destas
curvas TGs mencionada acima pode ser observada na Figura 6.4. mais adiante.
No entanto, foi possível observar que este tipo de cabelo se decompõe em
temperaturas mais baixas do que aquelas observadas para as amostras de
cabelo das outras etnias.
As energias de ativação envolvidas nestes processos foram
-1
respectivamente, 147 kJ mol ± 0,3 (calculada na faixa de 87 a 97% de perda de
massa) e 162 kJ mol-1 ± 0,2 (perda de massa na faixa de 87 a 97%), para as
amostras de cabelo caucasiano e oriental, respectivamente. Como a ordem de
reação é a mesma nos dois processos e os fatores pré-exponenciais da equação
de Ahrrenius são equiparáveis (2,5x1013 min-1 para o caucasiano, e 7,2x1014 min-1
para o oriental), é possível dizer que as amostras de cabelo oriental necessitam
de uma maior energia na decomposição térmica quando comparado às amostras
de cabelo caucasiano. Desse modo, estes dados nos permitem inferir que o
cabelo oriental possui maior estabilidade térmica do que as amostras de cabelo
caucasiano.
Alguns modificadores são capazes de alterar a cinética de desnaturação
das proteínas durante o aquecimento, por exemplo, pH, pode mudar tanto a
entalpia de ativação quanto o fator de frequência (BISCHOF, 2005).
Tabela 6.2 Parâmetros obtidos do estudo cinético pelo método não isotérmico
(Ozawa, 1965) de amostras de cabelo caucasiano, oriental e afro étnico.
Ordem de
Cabelo Ea /kJ mol-1 A α
reação
Caucasiano 147 2,49x1013 3
0.97- 0.87
Oriental 162 7,29x1014 3
63
Energia Cinética Ordem de Fator de
reação frequência
1,0
G(X)x10-2
0,5
100
Massa/%
90
20°c.min-1
15°C.min-1
10°C.min-1
7,5°C.min-1
5°C.min-1
80
64
Energia Cinética Ordem de Fator de
reação frequência
1,0
G(X)x10-2
0,5
100
Massa/%
90
20°C min-1
15°C min-1
10°C min-1
7,5°C min-1
5°C min-1
80
150 200 250 300
Temperatura /°C
Figura 6.3 Resultados dos parâmetros cinéticos de uma amostra de cabelo oriental
virgem padrão obtidas sob diferentes razões de aquecimento e atmosfera dinâmica de
ar.
65
100
Massa/%
90
20°C min-1
15°C min-1
10°C min-1
80 7,5°C min-1
5°C min-1
66
resultados corroboram estudos realizados por vários autores (MONTEIRO et al.,
2005; BELLETI et al., 2003; CONLENCI, 2007; MILCZAREK et al., 1992).
O segundo evento, também endotérmico, refere-se à temperatura de fusão
do material cristalino presente no cabelo ou desnaturação (TD). Este evento é de
origem física, motivo pelo qual não é observado perda de massa na mesma faixa
de temperatura nas curvas TG/DTG. Alguns autores (MILCZAREK et al., 1992,
CAO, 1999) referem-se a este pico evidenciado na curva DSC de amostras de
cabelo como “pico cristalino”, pois está relacionado à fusão da fase cristalina (α-
hélice) da queratina capilar. Segundo Istrate (2011) este evento é devido ao
desdobramento das cadeias de alfa-hélice que é denominado como a
desnaturação térmica das fibras de queratina. O processo é irreversível e
cineticamente controlado pelo meio envolvente, o qual é a fase amorfa da matriz,
em que as cadeias de alfa-hélices são incorporadas (ISTRATE, 2011).
ENDO
Caucasiano
Fluxo de calor / mW mg-1
Oriental
Afro-étnico
Queratina
0.2
67
Pelas curvas DSC das amostras de cabelo foram obtidas TD (pico
cristalino) e ΔHD em J g-1para este evento (Tabela 6.3). As TD foram de 236°C
para as amostras de cabelo caucasiano e oriental e 223°C para a amostra de
cabelo afro-étnico.
Os resultados de temperatura de fusão e decomposição obtidos neste
trabalho corroboram vários estudos da literatura, dentre eles o estudo realizado
por Humphries et al. (1972) em amostras de cabelo virgem por TG/DTA que
apresentaram os picos endotérmicos da fusão e desnaturação da queratina em
235 e 243oC (HUMPHRIES et al., 1972). Milczarek et al. (1992) encontraram o
valor de TD da fase cristalina em 233°C em estudo com amostras de cabelo
humano a partir da DSC (MILCZAREK et al., 1992). Cao (1999) também estudou
a fusão da fase cristalina de amostras de cabelo humano por DSC e obteve o
valor de 230°C (CAO, 1999). Éhen et al. (2004) estudaram amostras de cabelo
por TG e DSC e observaram a fusão da α-queratina entre 230-233°C, e após
250°C iniciou-se a decomposição térmica da fibra capilar (ÉHEN et al., 2004).
Wortmann et al. (2012) estudaram a desnaturação térmica da proteína α-
helicoidal em amostras de cabelo humano por DSC modulado. Os autores
relataram que este evento se iniciou em 210-220oC e está relacionado a pirólise
das proteínas do córtex (WORTMANN et al., 2012). Os autores sustentam seus
resultados com base em estudos realizados por Joerissen (1982) e Istrate et al.
(2011). Estes últimos estudaram a decomposição térmica por DSC de amostras
de fragmentos de cabelo aquecidas até 250oC e demonstraram por imagens de
MEV que o material do córtex funde e flui para fora da área da cutícula
circundante, formando, desta maneira, micro tubos de material cuticular envolto.
Segundo ele, o córtex, que contém cerca de 21-22% de material ordenado
(cristalino) se funde, enquanto a cutícula é constituída de material reticulado
amorfo, permanece intacta. Eles atribuem este resultado à morfologia diferente de
ambas camadas, que é, muito provavelmente, a razão para a formação destes
micro-tubos (ISTRATE et al., 2011).
Neste trabalho, o valor obtido de TD da amostra de cabelo afro-étnico foi
aproximadamente 13°C menor quando comparados aos valores de TD das outras
amostras de cabelo estudadas. Estes resultados estão em concordância com os
resultados TG/DTG descritos no item 6.1.1. Sabendo-se que o tipo de cabelo
68
dessa etnia apresenta-se mais frágil e suscetível à quebras, este dado é muito
importante para as indústrias e/ou grupos de desenvolvimento de produtos
capilares pois as mulheres que possuem este tipo de etnia são as que mais
procuram por transformações químicas (como alisamentos) que envolvem o
emprego de piastras e ou/secadores de cabelo. Estes equipamentos podem
alcançar temperaturas superiores à 250oC.
É sabido que a água desempenha um papel fundamental na resistência
mecânica global da fibra capilar e é parte integrante da estrutura molecular da
queratina. Ela afeta tanto as fases amorfa e cristalina de queratina. Sendo a água
uma molécula polar, ela pode estar associada de duas maneiras à proteína α-
queratina: absorvida ou ligada e adsorvida ou livre (ROBBINS, 1994;
FEUGHELMAN, 1997).
Com o intuito de avaliar a influência das condições climáticas nos valores
de entalpia das etapas de desidratação e fusão da fase cristalina, as amostras de
cabelo padrão dos três tipos de etnias foram armazenadas em duas condições
ambientais: 22 ± 2°C, 65 ± 2% U.R. e 22 ± 2°C, 20 ± 2% U.R., para posterior
caracterização. A escolha por esta última condição foi baseada nos resultados do
trabalho realizado por Cao & Leroy (2005) que estudaram amostras de cabelo em
diferentes condições ambientais controladas. Os autores observaram que a
temperatura de fusão da forma α-queratina variou para as amostras em ambiente
completamente seco (0% U.R.) em comparação com as amostras de cabelo
armazenadas em cerca de 23% U.R. Porém a entalpia de fusão foi mantida
praticamente a mesma, levando os autores à conclusão de que existem cristalitos
bem definidos na queratina do cabelo humano. A endoterma de fusão da fase
cristalina permitiu os autores calcular assim o grau de cristalinidade do material
presente naquela amostra de cabelo humano, que foi de 22% (CAO & LEROY,
2005).
As curvas DSC das amostras de cabelo armazenadas em 22 ± 2°C, 20 ±
2% U.R. se apresentam na Figura 6.6. A Tabela 6.3 apresenta a comparação
entre os resultados de DSC das amostras de cabelo de diferentes etnias
armazenadas nestas condições diferentes (22 ± 2oC, 65 ± 2% e 22 ± 2oC, 20 ±
2%). Os resultados indicaram, como esperado, que o cabelo exposto a um
ambiente mais seco apresenta menor teor de água em sua matriz e isto foi
69
observado em todas as amostras. Comparando os resultados nos dois ambientes
controlados, é possível observar que as amostras do cabelo afro-étnico e oriental
apresentaram maior e menor diminuição no teor de água (a amostra de cabelo
afro-étnico apresentou uma diminuição na entalpia de desidratação de cerca de
58%, em seguida do cabelo caucasiano que apresentou 45%, e o oriental 34%).
Estes dados corroboram com a literatura, que mostram a menor capacidade do
cabelo afro-étnico em reter água (FRANBOURG et al., 2003). É possível
observar, também, que as temperaturas de pico de fusão da fase cristalina não
variaram significantemente entre os diferentes tipos de amostras. Notou-se que a
amostra de cabelo caucasiano foi a que apresentou uma diminuição no valor de
entalpia de fusão, o que não ocorreu com as outras amostras. Desta forma,
verifica-se que o teor de água não afetou as temperaturas de decomposição da
queratina capilar nestas condições. Essa é uma indicação de que a
absorçãoo/fixação e/ou eliminação de água da fibra capilar até a temperatura de
100oC é um fenômeno puramente físico.
O terceiro evento, endotérmico, refere-se à decomposição térmica do
restante da matriz capilar, possivelmente relacionado com a decomposição dos
aminoácidos cistina, que ocorre logo em seguida da TD, ou seja, a partir de
aproximadamente 250°C e o dano causado é irreversível. Estes dados
corroboram com estudos realizados por Milczarek et al. (1992) e Monteiro et al.
(2005), no qual foram obtidos valores de temperatura 250°C e 250,9°C para
amostras de cabelo humano a partir da DSC.
O quarto e último evento é exotérmico e está relacionado à energia
envolvida na eliminação do material carbonáceo resultante do terceiro evento.
Observando a faixa de temperatura entre 210-240°C nas curvas DSC das
três amostras de cabelo (Figuras 6.5 e 6.6), verificaram-se dois picos referentes
aos eventos 2 e 3 apresentados na Tabela 6.3. Alguns estudos têm relatado que
este perfil é observado em vários materiais compostos por queratina. Cao et al.
(1997) investigaram a origem destes dois picos na curva DSC em amostras de lã
e os relacionaram com a sobreposição de formas α-queratina com a degradação
de outros componentes histológicos presentes no material (CAO et al.,1997).
Wortmann and Deutz (1998) confirmaram que as células do orto-córtex possuem
uma menor temperatura de fusão do que as células do para-córtex, o qual pode
70
elucidar este comportamento dos picos na curva DSC. O orto-córtex possui menor
concentração de ligações dissulfídicas que o para-córtex. Eles consideraram que
a ocorrência da endoterma dupla de desnaturação da queratina da amostra de lã
é provavelmente devida ao conteúdo da cisteína e ligações dissulfídicas, sendo
suficientemente maior para separar os picos. A curva DSC evidenciou os dois
picos de desnaturação da queratina em 230 e 240°C, referindo-se às células orto-
e para-corticais, respectivamente (WORTMANN e DEUTZ, 1998).
Em cabelos encaracolados, sabe-se que as células do para-córtex estão
presentes em um lado côncavo da curvatura da fibra de cabelo, enquanto as
células do orto-córtex estão presentes ao lado oposto da fibra, e as células
mesocorticais estão ausentes. Em cabelos lisos, a distribuição das células é
concêntrica, com as células corticais distribuídas ao longo de todo perímetro da
fibra, cercado da camada de células meso-corticais e ambas envoltas da camada
de células de para-córtex (ROBBINS, 2002).
Fluxo de calor /mW mg-1
Caucasiano - 20% HR
Oriental - 20% HR
Afro-étnico - 20% HR
ENDO
0,5
71
Tabela 6.3 Resultados das temperaturas e entalpias obtidos por DSC em amostras de
queratina animal e de cabelo virgem padrão caucasiano, oriental e afro-étnico.
Eventos 1 2 3
Queratina 56 - 76 - - - - - - -
*Eventos (1): desidratação, (2) e (3) fusão e decomposição da α-queratina presente no cabelo.
Tabela 6.4 Resultados de análise elementar (CHNS) das amostras de queratina animal
e de cabelo virgem caucasiano, oriental e afro-étnico.
%C %H %N %S
Amostra %H2O Queratina
VE VCBS VE VCBS VE VCBS VE VCBS (%)
Queratina 7,4 47,0 50,8 4,8 5,1 13,4 14,5 3,9 4,2 100
Caucasiano 12,0 43,0 48,8 7,3 8,3 13,8 15,7 3,6 4,1 96,2
Oriental 13,0 42,9 49,3 7,1 8,1 13,8 15,9 3,5 4,0 97,1
Afro-étnico 10,5 41,3 46,2 6,4 7,1 12,3 13,7 3,3 3,8 91,0
*VE=valor experimental (valor obtido pela AE); VCBS = valor calculado na base seca (obtido
considerando a amostra anidra); %H2O obtidos por TG/DTG extraídos da Tabela 6.1.
72
amostras de cabelo apresentou 50% C, 7% H, 16% N e 5% S. Choi et al. (1995)
detectaram 3,3-4,3% S em amostras de cabelo humano utilizando cromatografia
em fase gasosa por pirólise.
No presente trabalho, o teor de S detectado em todas as amostras de
cabelo foi baixo quando comparado aos teores de % C e % N, e este fato
corrobora a literatura que indica que a concentração de aminoácidos contendo S
[tais como cistina (C6H12N2O4S2) que apresenta 30% de C, 26,7 % de S e 11,7%
de N] em cabelos é menor que aqueles aminoácidos contendo apenas C e N.
A amostra de queratina apresentou um teor de hidrogênio menor do que
aquele encontrado nas amostras de cabelo, dado que corrobora os resultados
obtidos em TG/DTG, e é explicado pela menor quantidade de água em sua matriz
(Tabela 6.1). Todas as amostras de cabelo apresentaram um teor maior de água
do que aquele encontrado na amostra de queratina.
Os resultados de TG/DTG listados na Tabela 6.1 revelam porcentagens
médias de água presente nas amostras de queratina e cabelos caucasiano,
oriental e afro-étnico, respectivamente, 7,4%; 12%; 13% e 10,5%. A partir desses
percentuais de água e dos resultados de análise elementar pode-se estimar o teor
de queratina em cada amostra de cabelo e associar os valores com a estabilidade
térmica e/ou outras propriedades. Para facilitar o entendimento e ter o mesmo
padrão de comparação, os percentuais de C, H, N e S encontrados
experimentalmente por AE, foram recalculados considerando cada amostra na
base seca (como anidra), isto é, fez-se uma normalização. Então, subtraindo a
quantidade relativa média (%) de água determinados por TG, os percentuais
totais das amostras na base seca para a queratina e cabelos caucasiano, oriental
e afro-étnico, respectivamente, são 92,6%; 88%; 87% e 89,5%. A partir desses
valores, podem-se calcular os percentuais de C, H, N e S em cada amostra, na
base seca. Por exemplo, se na amostra de queratina (na base úmida) foi
encontrado um valor experimental (VE) de %C de 47,00, na base seca esse valor
será 50,8% (VCBS = valor calculado na base seca). Da mesma forma os valores
percentuais dos outros elementos foram calculados para todas as amostras,
conforme listados na Tabela 6.4.
A partir da %C (VCBS), para cada amostra de cabelo, pode-se estimar a
quantidade de queratina presente nessas amostras, considerando que a %C é
73
unicamente devido a essa espécie presente no cabelo. Por exemplo, se na
amostra de cabelo caucasiano a %C na base seca é 48,82%, isso significa dizer
que essa amostra possui cerca de 96,2% e as amostras de cabelo oriental e afro-
étnico possuem, respectivamente, cerca de 97,1 e 91,0% de queratina. Dados da
literatura indicam que a queratina é o componente majoritário em cabelos, há
outras espécies em menor quantidade, como matérias graxas, elementos
inorgânicos, etc. (DRAELOS, 1991). Os cálculos de normalização para a base
seca são apenas especulativos, mas permitem algumas conclusões.
A partir dos valores listados na Tabela 6.4 verifica-se que os teores de
todos os elementos (C, H, N e S) aumentaram em todas as amostras. Então,
comparando estes valores, observa-se que as amostras de cabelo caucasiano e
oriental apresentaram, entre si, semelhança nas concentrações destes elementos,
ao contrário da amostra de cabelo afro-étnico, que apresentou os menores teores.
Também, permite concluir que, pelo fato da amostra de cabelo afro-étnico,
analisada neste trabalho, apresentar menor quantidade relativa de queratina em
sua matriz, a maior instabilidade térmica da amostra deste tipo de cabelo em
relação aos outros tipos pode ser explicada. Por isso os cuidados com o cabelo
afro-étnico devem ser maiores.
74
149
Inapresentar
human hairde
andum a três
wool padrões
keratin, conformacionalmente
the peptide sensíveis,
bond is the most abundant. sendo
The essas
atoms
estruturas
involved α-helicoidal,
in this de tofolha
bond give rise β e of
a number espiral aleatória
vibrational bands ou
thatamorfas diretamente
can be observed in
relacionadas
the IR spectrumcom
of as bandas
-keratin de amida
(Figure 1.12).(BARTON, 2011); region of interest for
In the wavenumber
3) As cadeias
this investigation cm-1), thede
(1750-800 laterais aminoácidos
major characteristic(grupos R):of As
absorptions vibrações
the peptide
provenientes
bond de -CH,
are the Amide -CH2 e -CH
I (1690-1600 cm3 de
-1 anéis alifáticos
), Amide e aromáticos
II (1575-1480 deAmide
cm-1), and fenilalanina,
III
tirosina,
bands triptofano
(1320-1210 cm-1e). as vibrações significativas dos intermediários oxidativos do
aminoácido cistina (isto é S=O, SO2, SO3, e -S-SO3-) (BARTON, 2011).
R H
N R H R H
O R N N
O R O R
Figura 6.7 Modos de vibração das bandas de amida I, amida II e amida III,
Figure 1.12 Modes
respectivamente of Vibrations for the Amide I, Amide II and Amide III bands
da queratina.
respectively for -keratin protein.
75
39
sensíveis à conformação peptídica e do tipo de ligação de hidrogênio. Esta
sensibilidade da ligação peptídica afeta a estrutura secundária da proteína
definida pela conformação local da cadeia polipeptídica. A sequência dos
aminoácidos na proteína é chamada de estrutura primária. Unidades de ligações
de amidas secundárias se repetem na proteína. Por causa da rigidez da ligação
da amida C-N, cadeias de proteínas podem formar estruturas tridimensionais tal
como hélices, espiral e folhas. Estas compreendem as estruturas secundárias das
proteínas (SOLOMONS, 1996; SMITH, 1998). Queratina possui bandas de
estiramentos N-H em 3305 cm-1, C=O em 1653 cm-1, e um no plano N-H em 1516
cm-1. Também possui bandas em 3065 cm-1 (ligação N-H) e 1232 cm-1 (C-N)
(SMITH, 1998).
Figura 6.8 apresenta os espectros no infravermelho de amostras de cabelo
padrão virgem caucasiano, oriental e afro-étnico de 4000 até 500 cm-1. As bandas
de absorção dos principais grupos funcionais presentes na queratina do cabelo
obtidas neste trabalho estão apresentados na Tabela 6.5. Foi possível observar
as mesmas bandas de absorção presentes nas amostras de cabelo com aquelas
citadas na literatura (ESPINOZA et al., 2008, LAU et al., 2011; PRASONG e
WASAN, 2011, ZHOU et al, 2011; KIM e PARK, 2013). As bandas típicas de
proteínas de estrutura secundária (α-hélice e folha β): Amida A (3000-3700 cm-1)
e Amidas I, II e III (1200-1700 cm-1) (BADDLEL, 1968; WOJCIECHOWSKA et al,
1999; ZHOU et al, 2011) foram observadas em todos os espectros das amostras
analisadas. As bandas na região de 1480-1700 cm-1 são sensíveis às alterações
na conformação estrutural secundária da proteína. Portanto, esta região é a mais
importante para a identificação de mudanças estruturais em amostras de cabelo
(ZHOU et al., 2011; KIM & PARK, 2013).
Observou-se a semelhança entre os espectros, porém a amostra de cabelo
afro-étnico apresentou três bandas com maior intensidade quando comparadas as
outras amostras, são elas: 2918, 2850 e 1044 cm-1. As duas primeiras podem ser
atribuídas as vibrações dos grupos CH3 e CH2 em modos assimétrico e simétrico,
respectivamente, e derivam de bandas de aminoácidos (BADDLEL, 1968;
HELEN, 2004).
76
Amida II Ʋ(C-N) & δ(N-H)
Ácido cisteico
Absorbância
Ʋs(S=O)
Transmitância /%
4000
4000 3500
3500 3000
3000 2500
2500 2000
2000 1500
1500 1000
1000 500
500
Número de ondas (cm-1)
Tabela 6.5 Atribuição das bandas nos espectros no IV das amostras de cabelo
virgem caucasiano, oriental e afro-étnico.
Número de onda /cm-1
Grupo funcional
Literatura Caucasiano Oriental Afro-étnico
77
A banda típica em 1044 cm-1 refere-se à vibração de estiramento
assimétrico da ligação S=O, dos grupos –SO3- e –S–SO2-, que são componentes
da oxidação da cistina, observados em cabelos que passaram por transformações
químicas (MOITA, 1989). Porém, em cabelos virgens, esta banda também pode
ser observada, devido a oxidação da cistina provocada pela radiação UV, que
promove a clivagem oxidativa das ligações dissulfídicas na queratina para grupos
sulfônicos (SIGNORI e LEWIS, 1997).
As bandas das amidas A e B foram detectadas em 3277 e 3073 cm-1 para a
amostra de cabelo caucasiano, 3279 e 3075 cm-1 para o oriental e 3278 e 3072
cm-1 para o afro-étnico. A banda de amida A é resultante do estiramento de N-H e
é sensível às ligações de hidrogênio, que é essencial para estruturar a água e na
manutenção das proteínas juntas (KIM & PARK, 2013).
As bandas de amida I foram evidenciadas em 1633, 1633 e 1634 cm-1 e as
bandas de amida II em 1535, 1521 e 1530 cm-1 nas amostras de cabelo
caucasiano, oriental e afro-étnico, respectivamente. A amida I consiste na
vibração causada pela combinação do estiramento C=O (80%) acoplado com uma
flexão do plano N-H e C-N e apresenta-se como um pico largo e forte e
permanece notavelmente consistente entre os gêneros e raça (BARTON, 2011). A
amida II consiste na vibração causada pela combinação do estiramento C-N
(60%) acoplado com a inclinação no mesmo plano N-H.
As bandas de amida III foram identificadas em 1236, 1235 e 1236 cm-1
para as amostras de cabelo caucasiano, oriental e afro-étnico, respectivamente.
Sua vibração é causada pela combinação do estiramento C-N (30%) e N-H (30%)
no mesmo plano, estiramento C=O e torção O=C=N (KIM & PARK, 2013).
Absorções de IV associadas com a oxidação do aminoácido cistina,
ocorrem em cerca de 1200-1000 cm-1. As bandas desta região fornecem
evidências de alterações químicas decorrentes de danos oxidativos à fibra como
consequência de clareamento, tingimento, alisamento e ondulação permanente.
Sob estas condições as cistinas das ligações cruzadas dissulfeto são oxidadas
em ácido cisteico (SO3) e os intermediários oxidativos, monóxido de cistina (S=O),
dióxido de cistina (SO2) e tiossulfato de cisteína.
Barton (2011) estudou amostras de diferentes tipos de cabelo por FTIR. O
autor observou que amostras de cabelo caucasiano não tratadas apresentaram
78
níveis mais elevados de aminoácidos cistina e ácido cistéico comparados a
amostras de cabelo oriental. Porém quando estas amostras foram tratadas
quimicamente, fibras do cabelos oriental e caucasiano se apresentaram
semelhantes, enquanto que as fibras de cabelo do tipo afro são diferentes
(BARTON, 2011).
As mudanças nas propriedades químicas do cabelo induzidas pelo
envelhecimento foram investigados por espectroscopia FTIR por Kim & Park
(2013). Os autores identificaram as principais bandas típicas de queratina.
Algumas bandas de absorção específicas foram deslocados para regiões mais
altas ou baixas de número de ondas pelo envelhecimento. O teor de componentes
químicos, incluindo a amida A, amida II, cistina variaram.
79
Figura 6.9 Gráfico de Tensão versus deformação obtido a partir do ensaio mecânico
de 20 fios de cabelo padrão virgem lavados com LESS 10%.
80
Tabela 6.6 Valores dos diâmetros (em µm) de amostras de cabelo virgem padrão
caucasiano e oriental.
Mecha 1 Mecha 2 Mecha 3
Fios D1 D2 D3 MP D1 D2 D3 MP D1 D2 D3 MP MT±DV
1 60 64 63 62 56 59 61 59 67 70 70 69
2 76 72 82 77 74 74 75 74 70 72 60 67
3 89 73 74 79 63 61 63 62 56 57 54 56
4 44 48 51 48 78 75 77 77 60 58 59 59
5 52 51 48 50 76 74 77 76 75 68 66 70
6 51 49 46 49 70 72 69 70 57 60 59 59
7 62 62 65 63 72 62 66 67 82 79 64 75
Cabelo caucasiano
8 59 53 54 55 60 64 63 62 58 57 54 56
9 67 69 67 68 65 68 67 67 59 60 60 60
10 61 60 57 59 63 69 66 66 64 66 63 64
11 76 64 61 67 62 67 66 65 58 57 54 56
12 66 63 61 63 78 77 70 75 65 70 73 69
13 57 56 55 56 60 69 77 69 65 59 54 59
14 52 47 44 48 83 84 88 85 54 54 52 53
15 64 66 67 66 62 60 58 60 72 71 72 72
16 75 70 73 73 53 51 52 52 47 48 51 49
17 61 64 61 62 49 51 52 51 57 57 58 57
18 67 63 62 64 77 80 81 79 67 72 75 71
19 63 62 61 62 68 60 57 62 60 65 68 64
20 53 52 53 53 54 54 48 52 61 54 58 58
Média parcial 61 66 62 63±9
1 54 53 55 54 80 77 74 77 49 46 48 48
2 77 78 76 77 73 75 77 75 82 84 82 83
3 71 66 66 68 68 79 73 73 78 70 72 73
4 69 68 67 68 58 57 56 57 61 61 60 61
5 67 68 68 68 61 58 58 59 54 51 51 52
6 59 57 56 57 55 55 57 56 62 68 66 65
7 65 68 63 65 65 64 64 64 72 70 70 71
8 77 67 66 70 70 74 72 72 78 70 67 72
Cabelo oriental
9 79 77 75 77 58 58 60 59 59 59 60 59
10 65 64 66 65 63 58 55 59 66 74 74 71
11 56 56 65 59 59 57 52 56 89 89 80 86
12 62 64 64 63 70 73 77 73 82 80 82 81
13 54 54 58 55 69 69 73 70 65 63 59 62
14 55 54 56 55 76 81 73 77 65 66 69 67
15 62 60 62 61 60 62 57 60 60 61 64 62
16 62 58 62 61 68 68 67 68 65 69 67 67
17 78 78 79 78 69 69 63 67 62 61 63 62
18 60 60 63 61 67 65 70 67 71 69 73 71
19 67 69 70 69 60 63 59 61 62 59 61 61
20 65 63 64 64 67 68 69 68 66 71 79 72
Média parcial 65 66 67 66±8
D = diâmetro; MP = Média parcial; MF = Média final; DV = desvio padrão
81
Primeiramente foi aplicado o teste (ANOVA one-way, α = 0,05) nos
resultados obtidos nas medidas de diâmetro das mechas de cabelo caucasiano e
oriental virgem padrão. O valor de p foi igual a 0,202, e desta forma, os valores de
diâmetro das mechas de cabelo não diferiram significativamente entre si para um
nível de significância maior que 5% (Tabela 6.7). Em outras palavras, as amostras
de cabelo padrão virgem caucasiano e oriental não se diferem significantemente
em termos de diâmetro.
Tabela 6.7 Modelo de ANOVA para os resultados obtidos das medidas de diâmetro das
mechas de cabelo caucasiano e oriental utilizando micrômetro Mitutoyo.
Dos valores de diâmetro calculados foi possível calcular a área dos fios de
cabelo para cada mecha e uma média destes valores. Considerando os fios como
sendo cilíndricos, foi possível calcular os valores das áreas pela fórmula
correspondente à área do cilindro, equação (7):
! !
𝜏 = ! (8)
!!
Tabela 6.8 Valores de tensão na força máxima (N/m2) obtidos no teste de tensão-
deformação (média de leituras obtidas até a ruptura do fio) das amostras de cabelo
virgem padrão caucasiano e oriental.
Diâmetro Área Tensão
Etnia Força (N) Raio (mm)
(mm) (mm) (N/mm2)
83
Tabela 6.9 Modelo de ANOVA para os resultados obtidos de tensão na força
máxima das mechas de cabelo caucasiano e oriental.
84
6.1.6. Avaliação da resistência à penteabilidade
Tabela 6.10 Valores de extensão (m), força (N) e trabalho (J) obtidos no teste
de penteabilidade para as amostras de cabelo virgem padrão caucasiano e
oriental.
85
Tabela 6.11 Modelo de ANOVA para os resultados obtidos no teste de penteabilidade
das mechas de cabelo virgem padrão caucasiano e oriental.
86
córtex
cutícula
87
cutícul
córte a
x
córtex
cutícula
88
6.2. Caracterização dos ingredientes cosméticos isolados e incorporados às
formulações
89
650oC, para ambos os ingredientes, se mantém estável termicamente até 900oC e
corresponde a cerca de 17% da massa inicial dos respectivos produtos. No caso
do Ingrediente A, a perda de massa inicial é referente a liberação de água
presente no material com Tpico DTG de 82oC. Já, para o Ingrediente B, a perda de
massa pode ser atribuída à lenta volatilização de um dos componentes.
1 25-155 82 3,3
A 2 155-376 253 37,0
3 376-650 505 41,0
B 1 25-350 483 51,0
2 350-650 496 32,3
1 25-170 139 89,0
C 2 320-440 394 3,4
3 450-650 508 1,1
*INCI dos ingredientes: A = Trideceth-9 PG-Amodimethicone (and) Trideceth-12;
B = Amodimethicone Glycerocarbamate e
C = Cyclopentasiloxane (and) Dimethiconol (and) Dimethicone Crosspolymer.
100
DTG /%/°C
80 1,0
Massa /%
40 A
B
C
20
90
De acordo com as curvas TG/DTG ilustradas na Figura 6.14, observa-se
que o dimeticone é estável termicamente até 300°C e apresentou sete eventos de
perda de massa parcialmente simultâneos. Acima de 600oC o produto final
corresponde a 35% da massa inicial. Os ingredientes, quando incorporados ao
dimeticone (3% em massa), se mostraram mais estáveis termicamente (F2A, F2B
e F2C). F2A e F2B apresentaram perda de massa a partir de 220oC (Tabela
6.13), resultados diferentes daqueles obtidos para a estes ingredientes
isoladamente. O Ingrediente C também apresentou um aumento em sua
estabilidade térmica quando associada ao dimeticone (temperatura do início da
perda de massa se elevou de 25oC para 56oC). Esses dados indicam que pode ter
ocorrido alguma interação química e/ou física entre os materiais, havendo uma
melhora na estabilidade térmica dos ingredientes cosméticos.
DTG /%/°C
100
0,2
80
Massa /%
60
F2
F2A
F2B
40 F2C
91
Tabela 6.13 Resultados de TG/DTG de amostras de dimeticone (F2) e das
formulações F2, F2A, F2B e F2C.
92
ingredientes presentes na formulação, principalmente por se tratar de emulsões
cosméticas, que possuem grande quantidade de água em sua matriz. A Tabela
6.14 lista os resultados extraídos das curvas TG/DTG.
100
DTG /%/°C
80 1,0
Massa /%
40
Leave-on
20 F3A
F3B
F3C
0
50 100 150 200 250 300
Temperatura /°C
-1
Figura 6.15 Curvas TG e DTG obtidas a 10°C min , sob atmosfera dinâmica de
ar e empregando cápsula de Pt contendo cerca de 15 mg das formulações
cosméticas: Condicionador leave-on (F3), F3A, F3B e F3C.
1 25-68 66 21,0
2 68-88 77 19,9
Leave-on F3
3 88-133 102 32,2
4 133-260 219 21,0
1 25-88 79 43,4
F3A 2 88-130 97 23,5
3 130-268 228 23,8
1 25-86 77 43,0
F3B 2 86-133 97 29,4
3 133-273 222 22,1
1 25-130 77 75,0
F3C
2 130-260 223 21,0
F3 = Cond. leave-on; F3A = Cond. leave-on+A; F3B = Cond. leave-on+B; F3C = Cond. leave-on+C.
93
6.2.2. Análise elementar
Ingrediente/Veículo %C %H %N
94
6.2.3. Espectroscopia na região do infravermelho com Transformada de
Fourier
C
1702 cm-1
95
espectros no IV das formulações são muito similares ao espectro do veículo
isolado. Também, os espectros no IV dos ingredientes isolados são similares ao
espectro do próprio veículo. Esses fatos não permitem diferenciar os espectros
das três formulações, principalmente porque algumas bandas de maior
intensidade que aparecem nos espectros dos ingredientes estão encobertas pelas
bandas absorção do dimeticone. Mesmo o ingrediente B, o único que apresenta a
banda de absorção em 1702 cm-1, não pode ser identificado na formulação,
porque o dimeticone apresenta banda de absorção na mesma região espectral.
Esses resultados não permitem evidenciar que possam existir interações de
alguma natureza ingrediente/dimeticone ou que possa explicar o fato do aumento
de estabilidade térmica dos ingredientes na formulação, conforme observado por
termogravimetria.
F2C
Absorbância/%
F2B
Transmitância
F2A
Dimeticone
96
2005). Comparando os espectros, observa-se a predominância das principais
bandas somadas às bandas de maior intensidade e mais alargadas
características dos ingredientes que correspondem às vibrações dos grupos Si-O
mencionadas no item 6.2.4.1. Como no caso das formulações anteriores, o
condicionador leave on é o componente majoritário, e os espectros no IV das
formulações são muito similares ao espectro do veículo isolado. A única diferença
marcante, ocorreu no caso do espectro da formulação F3B que mostrou um
aumento na intensidade da banda de absorção na região entre 1700 e 1500 cm-1,
possivelmente devido a alguma interação ingrediente/veículo.
F3C
Absorbância/%
Transmitância
F3B
F3A
F2A
Leave-on
97
verificar alguma alteração nas formulações após a incorporação dos ingredientes
cosméticos, foi realizado um estudo de estabilidade acelerado pelo período de 30
dias.
Amostras das formulações F3A, F3B e F3C foram submetidas ao teste de
centrifugação a 3.000 rpm durante 30 minutos antes de iniciar os Estudos de
Estabilidade. O produto permaneceu estável, sem sinais de separação de fases.
98
Tabela 6.16 Avaliação das características organolépticas (aspecto, cor e odor), valores de pH, viscosidade aparente do
condicionador leave-on contendo os ingredientes A, B e C submetidos ao teste de estabilidade acelerada (F3A, F3B e F3C).
F3A (Formulação leave-on contendo ingrediente A)
5°C 25°C 45°C Luz solar Ciclo
Variáveis Tempo (dias)/To 7° 15° 30° 7° 15° 30° 7° 15° 30° 7° 15° 30° 12°
Aspecto N N N N N N N N N N N N N N
Odor N N N N N N N N N N N N N N
Cor N N N N N N N N N N N N N N
Visc (cP) 41 115 49 57 124 38 58 156 79 83 122 38 48 71
pH 4,3 4,22 4,26 4,25 4.16 4,26 4,18 4,17 4,26 4,24 4.23 4,25 4,22 4,27
99
Figura 6.19 Imagem dos frascos das formulações F3A, F3B e F3C no teste de
estabilidade acelerada (Ciclos de congelamento 5 ± 2°C e descongelamento 45 ±
2°C, geladeira a 5 ± 2°C, temperatura ambiente, estufa a 45 ± 2°C e radiação
solar).
100
6.4. Caracterização e avaliação de amostras de cabelo submetidas a
tratamentos com ingredientes cosméticos
101
Tabela 6.17 Técnicas utilizadas nas etapas de caracterização das amostras de cabelo
submetidas aos tratamentos com formulações cosméticas antes e após o emprego de
dispositivo térmico.
Quebra
IV- Tensão-
Mechas TG DSC AE Penteabilidade por
ATR deformação
escovação
Sem dispositivo térmico
Brasileiro
virgem e --- X --- X --- --- ---
descolorido
Com dispositivo térmico
Brasileiro
virgem e --- X X X --- X X
descolorido
*Dispositivo térmico refere-se à piastra e não secador de cabelos, o qual foi utilizado em
ambos procedimentos. (X) – realizado (---) – não realizado.
102
Tabela 6.18 Denominação das mechas de cabelo empregadas no estudo de avaliação
da proteção dos ingredientes/formulações cosméticas.
103
6.4.1.1. Termogravimetria/Termogravimetria derivada
104
Comparando os resultados obtidos pelos tratamentos nas mechas orientais
com aqueles obtidos nas mechas caucasianas, observa-se que o veículo leave-on
(quando incorporado aos ingredientes - F3A, F3B e F3C) apresentou uma
melhora na estabilidade térmica das amostras de cabelo em relação ao
dimeticone contendo os ingredientes (F2A, F2B e F2C).
Para a avaliação de eficiência em proteção de formulações cosméticas em
amostras de cabelo optou-se por utilizar ensaios por medidas de DSC, pois esta
técnica é a mais indicada para este tipo de avaliação, o qual será discutido mais
adiante.
105
DTG /%.°C-1
100
80 0,2
Massa /%
40
MCCont1
20 MCDM+A
MCDM+C
MCDM+B
0
0 100 200 300 400 500 600 700
Temperatura /°C
Figura 6.20 Curvas TG e DTG obtidas a 10°C min-1, sob atmosfera dinâmica
de ar e empregando cápsula de Pt contendo cerca de 15 mg de amostras das
mechas controle de cabelo caucasiano e tratadas com as formulações
cosméticas (F2A, F2B e F2C).
DTG /%.°C-1
100
80 0,2
Massa /%
40
MCCont1
MCLo+A
20 MCLo+C
MCLo+B
0
0 100 200 300 400 500 600 700
Temperatura /°C
Figura 6.21 Curvas TG e DTG obtidas a 10°C min-1, sob atmosfera dinâmica
de ar e empregando cápsula de Pt contendo cerca de 15 mg de amostras das
mechas controle de cabelo caucasiano e tratadas com as formulações
cosméticas (F3A, F3B e F3C).
106
DTG /%.°C-1
100
0,5
80
Massa /%
40
MOCont1
20 MODM+A
MODM+C
MODM+B
0
0 100 200 300 400 500 600 700
Temperatura /°C
Figura 6.22 Curvas TG e DTG obtidas a 10°C min-1, sob atmosfera dinâmica
de ar e empregando cápsula de Pt contendo cerca de 15 mg de amostras das
mechas controle de cabelo oriental e tratadas com as formulações
cosméticas (F2A, F2B e F2C).
DTG /%.°C-1
100
80
Massa /%
40
MOCont1
20 MOLo+A
MOLo+B
MOLo+C
0
0 100 200 300 400 500 600 700
Temperatura /°C
107
6.4.1.2. Calorimetria exploratória diferencial (DSC)
Para esse tipo de estudo, a DSC têm se mostrado uma técnica eficiente na
avaliação dos efeitos dos tratamentos térmicos de amostras de cabelos. Permite a
obtenção de dois parâmetros relacionados à transição térmica de proteínas: a)
temperatura de desnaturação ou a temperatura de pico, que nesse trabalho
representamos por TD (temperatura de desnaturação da queratina helicoidal do
cabelo) e a entalpia de desnaturação ou a área do pico, representada por ΔHD
(ZHOU et al., 2011). Trata-se também de uma técnica eficaz para a avaliação do
comportamento térmico de água presente no cabelo, visto que permite a
determinação da energia de ligação de água na fibra capilar.
Com o objetivo de investigar os efeitos (ou não) da hidratação e proteção
térmica das formulações estudadas, foram avaliadas as Td, (temperatura de
desidratação), ΔHH O (entalpia de desidratação), TD e ΔHD referentes à etapa de
2
108
dependem das IFAPs (ZAHN et al., 1996). A ΔHD depende da quantidade e da
integridade estrutural do material helicoidal dos IF enquanto a temperatura de
decomposição é cineticamente controlada pela densidade de reticulação da
matriz (IFAPs) em que os IFs são incorporados no córtex do cabelo humano.
Quanto mais elevada for a densidade de ligações cruzadas nas IFAPs, maior será
sua viscosidade e mais prejudicada será a transição hélice/folha nas IFs e vice-
versa (WORTMANN et al. 1993; WORTMANN et al. 1998; WORTMANN et al.
2002).
As Figuras 6.24 a 6.29 ilustram a sobreposição das curvas DSC das
amostras de cabelo caucasiano, oriental e brasileiro antes e após tratamento com
as formulações sem aplicação da piastra. Observou-se a presença dos eventos
térmicos característicos de amostras de cabelo conforme descrito no item 6.1.2.:
(1) endotérmico e relacionado a desidratação do material; eventos (2) e (3)
endotérmicos relacionado a fusão da fase cristalina da queratina do cabelo com
decomposição das células dos para-córtex e orto-córtex, respectivamente.
Segundo Istrate (2011), quatro parâmetros principais em DSC são
importantes para analisar amostras de cabelo: -a temperatura e entalpia de
remoção de água (Td e ΔHH O), consideradas como sinal da extensão da absorção
2
109
que o cabelo não tingido, com uma significante tendência em se ligar a água
absorvida mais firmemente.
MCCont1
Fluxo de calor /mW mg-1 MCDM+A
MCDM+B
MCDM+C
ENDO
0,5
MCCont1
MCLo+A
Fluxo de calor /mW mg-1
MCLo+B
MCLo+C
ENDO
0,5
110
MOCont1
ENDO
0,5
MOCont1
MOLo+A
MOLo+B
MOLo+C
0,5
ENDO
111
MBCont
ENDO
0,5
MBCont
MBCont1
Fluxo de calor /mW mg-1
MBLo+A
MBLo+B
MBLo+C
ENDO
0,5
112
Tabela 6.20 Resultados de DSC (evento da desidratação) de amostras das mechas de
cabelo caucasiano, oriental e brasileiro submetidas às formulações contendo os
ingredientes cosméticos e estocadas em ambiente controlado 22 ± 2oC; 20 ± 2%.
T d / oC ΔHH2O /J g-1
Tratamento
Caucasiano Oriental Brasileiro Caucasiano Oriental Brasileiro
s/t = sem tratamento; Cont = controle (virgem, apenas para mecha de cabelo brasileiro); Cont1 =
controle (virgem para amostras de cabelo caucasiano e oriental; descolorida para cabelo
brasileiro); A B e C = ingredientes cosméticos.
comparadas as mechas virgens tratadas com formulações (de 164 J g-1 na mecha
controle para 192 J g-1 e 231 J g-1 nas mechas de cabelo tratadas com os
produtos). Os autores sugerem duas hipóteses para explicar este resultado; a
primeira é que estes tratamentos aumentaram o teor de água nas fibras, ou seja,
quanto maior a quantidade de água ligada às fibras, maior a energia necessária
para liberação, e a segunda é que os tratamentos impediram a liberação das
moléculas de água. Essa interferência pode ser devido à formação de uma
barreira (filme) e/ou à presença de substâncias hidrófilas pois hidratantes
capilares podem aumentar a quantidade de água na fibra do cabelo e/ou formar
uma barreira que impede a dessorção de água.
Outro estudo que envolveu semelhantes resultados foi o de Benaiges et al.
113
(2012) que avaliaram as etapas de desidratação e fusão da fase cristalina de
amostras de cabelo submetidos ao clareamento, por DSC. Os autores
observaram que estas demonstraram se tornar quimicamente e mecanicamente
danificadas aumentando a permeabilidade da fibra e diminuindo a ΔHD. Os
resultados indicaram também que as amostras de cabelo clareado sofreram um
aumento na ΔHH O. Os autores atribuíram estes resultados a uma mudança na
2
superfície da fibra, devido ao tratamento químico, que pode resultar em uma fibra
mais porosa com um aumento da sua hidrofilicidade, devido ao processo de
oxidação.
Os resultados da Tabela 6.21 evidenciaram que houve variação nas TD e
nos valores de ΔHD de amostras de cabelo caucasiano, oriental e brasileiro. A
maior variação na TD foi obtida entre a mechas de cabelo brasileiro controle
(virgem) e descolorida (de 236 para 245oC). A variação de TD tem sido muito
discutida e interpretada de formas diferentes na literatura. O aumento ou
diminuição da TD da queratina cristalina depende de alguns fatores e entre eles o
meio em que as medidas de DSC são realizadas (aquoso ou seco).
T D / oC ΔHD /J g-1
Tratamento
Caucasiano Oriental Brasileiro Caucasiano Oriental Brasileiro
114
Spei & Holzem (1987) e Leory et al. (1992) mostraram que o pico de
desnaturação pode ser detectado de forma adequada e também avaliada para
fibras em meio seco (valor obtido em torno de 240°C). Esse valore corrobora com
os dados obtidos em nosso trabalho, conforme discutido no item 6.1.2, mesmo
porque ambos foram realizados em meio seco. Monteiro et al. (2005) observaram
que a temperatura de desnaturação aumentou após as fibras de cabelo
caucasiano serem clareadas e cloradas. Os autores atribuíram este aumento ao
fato de que estes dois processos promovem o aumento das interações iônicas,
aumentando a estabilidade da estrutura da queratina e mudando a temperatura
de desnaturação para valores mais elevados. O ambiente reativo pode ter
aumentado a concentração de ácido cistéico, produzido pela oxidação da cistina e
como consequência deslocando a temperatura de desnaturação para valores
mais elevados. Em contrapartida, os valores de ΔHD diminuíram com o aumento
do tempo de imersão na solução oxidante. Ou seja, foi necessária mais energia
para desorganizar a estrutura cristalina de queratina do cabelo não tratado do que
para desorganizar o cabelo quimicamente tratado. Segundo Chandrashekara &
Ranganathaiah (2010), o aumento da TD é indicativo de alguma fragilização da
fibra, possivelmente devido a configuração de novas forças moleculares
compensando ou até mesmo anulando os efeitos das ligações dissulfeto
quebradas. As novas ligações, que podem ser de hidrogênio ou de iônica, são
sensíveis à umidade, mas ainda capazes de manter a estabilidade térmica da
fibra, pelo menos sob as condições ambientes.
Leroy et al. (1992) investigaram o cabelo ondulado virgem, clareado e com
permanente por DSC em meio seco. Para o cabelo virgem, observaram curvas
DSC com picos duplos conforme observamos em nosso trabalho (e discutida no
item 6.1.2.). Eles atribuíram estes resultados às frações de células corticais
diferentes em termos de conteúdo de cisteína. Eles observaram que o
clareamento das mechas de cabelo deslocou as TD para temperaturas mais
elevadas e uma diminuição da área do pico de desnaturação e atribuíram este
fato a uma perda de material cristalino. Porém, Wortmann et al. (2000) e Marsh et
al. (2007) observaram o contrário nos valores de TD quando estudaram fibras
capilares clareadas, porém estes resultados foram obtidos em meio aquoso. Eles
reportaram que o clareamento levou ao aumento da concentração de ácido
cistéico, e, portanto, ao aumento de interações iônicas. Pode presumir-se que,
desta forma, serão eficazes na fibra em meio seco, mas serão quebradas em
115
meio aquoso, conduzindo assim para as diferentes direções de deslocamento dos
picos de desnaturação. No estado úmido, por outro lado, o aumento do teor de
grupos aniônicos induz um aumento no conteúdo de água. Isto leva a uma
diminuição contínua da viscosidade da matriz e, assim, de TD. Alguns autores
atribuem essa mudança a um efeito de plastificação ou de perda de densidade de
reticulação da matriz (formação de uma rede tridimensional com ligações
cruzadas). Quando a matriz de queratina é plastificada pela água, a desnaturação
dos microfilamentos cristalinos da α-queratina ocorrem a temperaturas mais
baixas (DUSSAUD et al., 2012).
Para as amostras de cabelo caucasiano, observou-se que as amostras
quando tratadas com as formulações apresentaram a área do pico relacionado
ao material cristalino diminuídas, com exceção da amostra das mechas MCLo+A.
As amostras de cabelo oriental tiveram suas áreas diminuídas mais
acentuadamente, chegando a diminuir cerca de 17% do valor da entalpia de fusão
para a amostra de MOLo+B e MODM+C. Já as mechas de cabelo brasileiro
descolorido tiveram todos os seus valores de entalpia de desnaturação
diminuídos. Não se sabe ao certo o que pode ter provocado esses resultados,
porém existe a hipótese de que a aplicação das formulações tenham alterado a
permeabilidade das fibras, revestindo-as e aumentando ou diminuindo o material
cristalino das mesmas (BENAIGES et al., 2013).
mechas caucasainas foi maior do que em relação aos outros tipos de cabelo. Esta
diferença pode estar associada ao fato de que a MCCont1 pode apresentar maior
porosidade devido ao tratamento térmico submetido, e desta maneira, reter mais
água.
116
Fluxo de calor /mW mg-1
0.0
-0.5
MCCont1
ENDO
MCDM+A
-1.0 MCDM+B
MCDM+C
0.5
Fluxo de calor /mW mg-1
-0.5
MCCont1
ENDO
MCLo+A
MCLo+B
-1.0 MCLo+C
117
0
-0.5
-1.0
ENDO
0 MOCont1
MOLo+A
MOLo+B
MOLo+C
-0.5
-1.0
ENDO
118
MBCont
-1.0
ENDO
-2.0
MBCont
Fluxo de calor /mW mg-1
1.0 MBCont1
MBLo+A
MBLo+B
0 MBLo+C
-1.0
-2.0
ENDO
-3.0
0 50 100 150 200 250 300
Temperatura / oC
Figura 6.35 Curvas DSC obtidas a 10°C min-1, sob atmosfera dinâmica de N2 e
empregando cápsula de Al parcialmente fechada contendo cerca de 2 mg de amostras
das mechas de cabelo brasileiro virgem e descoloridas tratadas com as formulações
F3A, F3B e F3C após o tratamento térmico.
119
Tabela 6.22 Resultados de Td e ΔHH2O de amostras das mechas de cabelo caucasiano,
oriental e brasileiro tratadas com as formulações cosméticas, submetidas ao tratamento
térmico (piastra/lavagem com LESS 10% m/m) e estocadas em ambiente controlado com
temperatura 22 ± 2oC e 20 ± 2% U.R.
Etnia
Tratamento T d / oC ΔHH2O /J g-1
Caucasiano Oriental Brasileiro Caucasiano Oriental Brasileiro
120
trata-se de uma emulsão condicionadora), a F2A é apenas uma mistura de
silicones (dimeticone + ingrediente A).
Em relação as amostras de cabelo oriental, o maior valor de ΔHd foi obtido
para as mechas submetida à F2A. Todas as mechas submetidas aos ingredientes
cosméticos apresentaram valores de ΔHH O superiores ao da mecha controle. Isto
2
pode indicar uma maior retenção de água em suas matrizes quando estes foram
utilizados.
A mecha virgem MBCont (mecha virgem) apresentou um ΔHH O menor 2
quando comparado à mecha MBCont1, a qual foi descolorida. Este fato corrobora
com vários estudos da literatura e pode ser explicado pela maior porosidade que
os cabelos descoloridos apresentam, uma vez que se tornam mais hidrofílicos,
como discutido anteriormente.
Nas mechas de cabelo brasileiro descoloridas tratadas termicamente foram
observados altos valores de ΔHH O e a diminuição ou até ausência do evento
2
121
danificados quimicamente, é também possível que as moléculas de condicionador
ocupem o caminho das moléculas de água (BHUSHAN, 2010).
A Tabela 6.23 lista os valores de TD e ΔHD das amostras de cabelo
caucasiano, oriental e brasileiro submetidas aos sucessivos ciclos de tratamento
térmico. Os resultados evidenciaram que houve um aumento nos valores de TD
para as mechas MCCont1, MOCont1 e MBCont (controles) antes e após o
tratamento térmico. Como estas mechas não foram submetidas à nenhuma
formulação e apenas aos ciclos de aquecimento e lavagens, pode-se concluir que
este aumento não se deve à nenhum efeito destas formulações. Observa-se,
também, que houve um aumento nos valores de TD para as amostras de cabelo
brasileiro não descoloridos e descoloridos, de 236 para 245oC (MBCont e
MBCont1), respectivamente. Porém os valores de ΔHD diminuíram para todas as
mechas controles submetidas aos ciclos de aquecimento e lavagens.
122
Estes resultados corroboram com estudos apresentados na literatura.
Desta forma, pode-se concluir que esta diminuição nos valores de TD foi devido a
uma fragilização das fibras capilares, não levando em consideração como
parâmetro indicativo do aumento de estabilidade térmica em relação à proteção
térmica. Neste caso, foram avaliados como este indicativo os valores de ΔHD.
Zhou et al. (2011) avaliaram os valores de TD e ΔHD de amostras de cabelo
submetidos a tratamentos com produtos cosméticos e sucessivos ciclos de
tratamento térmico utilizando piastra em duas temperaturas diferentes (205 e
232oC). Os autores observaram que alguns cosméticos aumentaram o valor da TD
em 1-2oC nas mechas submetidas ao tratamento térmico a 205oC, porém houve
redução no valor de ΔHD, indicando que o tratamento térmico provocou danos na
proteína dos cabelos e a temperatura de aquecimento mais elevada (em torno de
232oC) tornou a degradação da proteína ainda mais grave. Fato que não foi
observamos neste trabalho, visto que os valores de TD aumentaram entre 1 a 3oC.
É válido relembrar que os experimentos de DSC foram conduzidos aqui em
ambiente seco, o que não ocorreu com o trabalho desenvolvido por Zhou et al.
(2011).
Comparando os valores de ΔHD, observou-se que para as mechas
controles, MCCont1, MOCont1 e MBCont não ocorreram diferenças significativas
entre si, fato que não foi observado quando estas foram tratadas com as
formulações e submetidas ao tratamento térmico. Estes resultados não apontam
que as formulações aumentaram os teores de proteína helicoidal, mas,
possivelmente, permitiram que o tratamento térmico não os diminuíssem ainda
mais, indicando desta maneira, uma proteção térmica por parte das formulações.
As amostras das mechas controle MCCont1, MOCont1 e MBCont1
submetidas aos ciclos de aquecimento apresentaram uma diminuição em torno de
42, 30 e 36% nos valores de ΔHD, respectivamente, quando comparadas as
amostras das mesmas mechas mas que não foram submetidas aos ciclos. Diante
destes dados nota-se que a amostra de cabelo oriental apresentou menor perda
de material cristalino quando relacionada aos outros. Estes resultados
evidenciam, também, que as fibras capilares virgem quando expostas à
repetitivos tratamentos térmicos podem sofrer diminuição de sua integridade
cristalina e tornar-se amorfas (ou parcialmente amorfas). Se o calor provoca este
123
tipo de dano aos cabelos virgens, qual seria o grau de dano causado aos cabelos
submetidos a tratamentos químicos de transformação? Isto é preocupante para
as indústrias cosméticas fabricantes de produtos de transformação química
capilar, principalmente as que comerciam as “famosas” e denominadas “escovas
progressivas” ou “escovas ácidas” à base de substâncias que necessitam de
ativação do calor para se fixarem aos cabelos para que os resultados do
alisamento sejam melhores. O formol é um dos ativos mais conhecidos e
pertencentes à esta classe de alisantes, mas está proibido pela ANIVSA, por ser
comprovadamente prejudicial à saúde em determinadas concentrações. Sá Dias
et al. (2014) comprovaram através de um estudo de amostras de cabelo por DSC
que o aumento da concentração de formol (2, 5 e 10%) na composição de
alisantes diminui a integridade cristalina das fibras causando uma acentuada
diminuição nos valores de ΔHD.
Observamos que as amostras de cabelo brasileiro descolorido
apresentaram uma diminuição mais acentuada em seu valor de ΔHD, de 6,1 J g-1
para 2,5 J g-1, representando cerca de 59% do valor inicial, ou seja, quando não
foi exposta ao tratamento térmico. Este resultado pode ser uma evidência que a
amostra de cabelo brasileiro descolorido já se encontrava fragilizado pelo
processo de descoloração ao qual foi submetida.
Sabe-se que os silicones são frequentemente utilizados no tratamento
térmico do cabelo por causa de sua estabilidade térmica (O’LENICK Jr., 2008;
BHUSHAN, 2010). Também devido à sua baixa tensão superficial, eles podem
formar filmes reduzindo a força de aplicação de dispositivos térmicos,
condicionando os fios de cabelo e produzindo uma maior interação fibra-fibra com
um efeito anti-encaracolado (DUSSAD & FIESCHI-CORSO, 2009).
Das mechas de cabelo caucasiano, a amostra de MCLo+A (submetidas a
F3A) apresentou maior valor de ΔHD (5,0 J g-1) quando comparada aos valores
obtidos para amostra de MCCont1 submetidas ao tratamento térmico (3,2 J g-1).
Por outro lado, para as mechas submetidas às F2C, F2B e F3B e F3C os valores
foram muito próximos entre si (em torno de 4,0 J g-1) e por último F2A (3,3 J g-1).
Das mechas de cabelo oriental, a amostra de MOLo+A (submetidas a F3A)
apresentou o maior valor de ΔHD (5,8 J g-1) quando comparado com os valores
obtidos para as amostras de MOCont1 submetida ao tratamento térmico (4,6 J g-1)
124
e em seguida as mechas submetidas às F3C, F2B e F2C com valores em torno
de 4,8 J g-1.
Das mechas de cabelo brasileiro, a amostra de MBDM+C (submetidas a
F2C) apresentou o maior valor de ΔHD (4,3 J g-1) e em seguida a amostra de
MBDM+B, que foi 3,0 J g-1. As amostras das outras mechas apresentaram valores
de ΔHD inferiores ao obtido pela amostra de MBCont1 submetida ao tratamento
térmico, que foi 2,5 J g-1, como pode ser observado na Tabela 6.20. Estes
resultados indicam que nestas mechas, MBDM+A, MBLo+A, MBLo+B e MBLo+C,
as formulações não foram eficientes para a proteção das cadeias polipeptídicas
da queratina cristalina das fibras de cabelo nas condições estudadas.
Dos resultados de ΔHD apresentados na Tabela 6.23 (anteriormente
exibida) foram calculadas as porcentagens de proteção térmica da proteína
helicoidal das fibras capilares. Os cálculos foram realizados com base na
diferença de ΔHD entre as amostras de cabelo não tratados (sem tratamento
térmico) e tratados com as formulações e posteriormente submetidas ao
tratamento térmico com a piastra conforme estudo realizado por Zhou et al. (2011)
e que estão apresentados na Tabela 6.24. Melhor visualização dos resultados
pode ser vista na Figura 6.36.
125
Proteção+da+proteína+helicoidal+
80,0#
Porcentagem+de+Proteção+Térmica+(%)+
70,0#
60,0# %#Cabelo#Caucasiano#
virgem#
50,0#
%#Cabelo#Oriental#
40,0# virgem#
%#Cabelo#Brasileiro#
30,0# descolorido#
20,0#
10,0#
0,0#
DM+A# DM+B# DM+C# Lo+A# Lo+B# Lo+C#
Formulações+cosmé:cas+(veículo+++ingrediente)+
126
fase oleosa mais o silicone lubrificam a superfície do cabelo. Eles podem repor a
camada 18-MEA desintegrada pelos danos e diminuir o atrito o que leva à
diminuição da carga negativa. O segundo efeito, e o mais provavelmente
dominante é o aumento da condutividade elétrica da superfície. Desta maneira,
qualquer carga negativa depositada na superfície dos fios é rapidamente
dissipada pela camada do condicionador (BHUSHAN, 2010).
Seshadri & Bhushan (2008) avaliaram amostras de cabelo submetidas a
dois tipos de condicionadores contendo silicones (um contendo silicone amino
funcionais e outro contendo polidimetilsiloxano). Ambos condicionadores nas
amostras de cabelo tratadas demonstraram alterações potenciais de superfície. O
silicone polidimetilsiloxano adere fisicamente à superfície enquanto o silicone
amino funcional se liga quimicamente, e, portanto, recobre uniformemente a
superfície. Eles observaram que mesmo uma camada de condicionador não
uniforme sobre a fibra pode aumentar de forma significativa a condutividade
elétrica. Tanto o condicionador contendo o silicone amino funcional como aquele
contendo o polidimetilsiloxano demonstraram uma redução significativa de
condutividade elétrica em comparação com o cabelo danificado ou mesmo
virgem. Os autores observaram que ambos tipos de condicionadores podem
reduzir drasticamente o potencial de alteração da carga da superfície e deposição
no cabelo. Ou seja, foi detectada por eles quase nenhuma carga na superfície
devido à fricção em cabelos tratados com condicionador.
As mechas MBLo+A, MBLo+B e MBLo+C apresentaram valores de ΔHD
de 1,4, 1,2 e 0 J g-1 e as mechas MBDM+A, MBDM+B, MBDM+C ΔHD de 1,9, 3,0
e 4,3 J g-1, respectivamente. Neste caso, o veículo pode ter influenciado nos
resultados de melhora no desempenho do ingrediente. Uma explicação para estes
resultados pode estar relacionada ao fato de que o cabelo descolorido,
apresentando-se mais poroso, e com a aplicação de formulações constituídas em
sua maioria por água (emulsão como o caso da F3A, F3B e F3C) há penetração
destas mais facilmente nas fibras. É sabido que a superfície da cutícula dos
cabelos é carregada negativamente e esta carga é aumentada ainda mais quando
os cabelos são tratados quimicamente. Como resultado, as partículas carregadas
positivamente de condicionador têm uma atração ainda mais forte à superfície
destes (BHUSHAN, 2010). O contato da formulação com a matriz pode causar
127
uma mudança de densidade de reticulação alterando sua viscosidade e desta
forma, a desnaturação da proteína helicoidal. Outro aspecto a se levar em conta é
que se formulação penetrou nas fibras não permaneceu na superfície dos fios, ou
seja, na cutícula, e desta maneira não diminuiu os danos causados pela agressão
sucessiva de calor e lavagens com LESS 10 (m/m). Como já discutido
anteriormente, cabelos danificados quimicamente são susceptíveis a possíveis
penetração de moléculas do condicionador que podem ocupar o caminho de
moléculas de água (BHUSHAN, 2010).
Diferentemente do que ocorreu com as mechas de cabelo brasileiro
descolorido, as mechas de cabelo caucasiano e oriental apresentaram maiores
níveis de proteção térmica quando receberam a formulação F3A. Este resultado
mostra que mesmo a formulação contendo concentração menor de silicone pode
proteger as fibras de cabelo da degradação térmica. Como as mechas controle
também foram expostas ao mesmo tratamento térmico que as contendo os
ingredientes cosméticos, é possível atribuir esta melhora na proteção térmica dos
fios aos ingredientes cosméticos.
Lim et al. (2010) estudaram o efeito de silicones amino-funcionais e não
amino-funcionais no condicionamento de amostras de cabelo após diferentes
tratamentos térmicos variando a temperatura de 90 a 170oC e o tempo de
exposição ao calor de 1 a 5 minutos. Os autores verificaram que maiores teores
de silício foram observados nas amostras de cabelo tratadas com silicones amino-
funcionais do que as que foram tratadas com polidimetilsiloxano. A adsorção de
silicone amino foi reforçada em maior temperatura e tempo de tratamento mais
longo. Os resultados obtidos por Lim et al. (2010) podem explicar os resultados
alcançados no presente trabalho. Os ingredientes A e B possuem função amino
ou seja, são amino-funcionais, e desta forma, podem se aderir mais facilmente à
superfície da fibra capilar e consequentemente protegê-las dos danos causados
tanto pelo aquecimento como pelas sucessivas lavagens com LESS. Os
espectros FTIR das amostras de cabelo tratadas com as formulações,
apresentados no item a seguir, mostram que todas as amostras contendo o
ingrediente B foram as que apresentaram maior intensidade (comparados com as
amostras submetidas aos outros ingredientes) na banda em torno de 800 cm-1,
que está relacionada aos grupos Si(CH3) que juntamente com a banda em torno
de 1260 cm-1 fazem parte da composição dos silicones. O ingrediente C não
128
possui função amino porém apresentou-se eficiente na associação com ambos
veículos na proteção das cadeias polipeptídicas da α-queratina quando aplicados
nas mechas de cabelo caucasiano e oriental. Todavia, na amostra de cabelo
brasileiro descolorido observou-se que apenas o ingrediente C apresentou grau
de proteção de cerca de 50% quando incorporado ao dimeticone (F2C), como
discutido anteriormente.
Lee et al. (2011) estudaram as mudanças na estrutura, forma e conteúdo
de umidade e cor em amostras de cabelos não tratados e tingidos após repetidas
lavagens com xampu e secagem com secador de cabelos a diferentes condições
de temperatura, distância do secador de cabelos e tempo de exposição ao calor.
A temperatura maior utilizada foi 95oC. Os autores observaram que as mechas
que foram submetidas ao calor do secador de cabelos apresentaram danos na
cutícula e também em um clareamento na cor das mechas.
Neste trabalho, as mechas de cabelo caucasiano e oriental apresentaram
maiores níveis de proteção térmica quando submetidas à as formulações do que
àquelas de cabelo brasileiro. Este resultado corrobora os resultados de TG/DTG
que demostraram que, mesmo sem exposição aos ciclos de aquecimento e
lavagens, as mechas orientais apresentaram maiores valores de ΔHD quando
tratadas com as formulações. Observou-se, também, que o ingrediente A
apresentou maior porcentagem de proteção comparado aos outros ingredientes e
sua eficiência nesta proteção foi maior quando incorporado ao condicionador
leave-on quando aplicados nos cabelos caucasiano e oriental (cerca de 78 e 60%,
respectivamente).
Zhou et al. (2011) estudaram o efeito de pré-tratamentos cosméticos na
proteção térmica em amostras de cabelo utilizando piastra em duas temperaturas
diferentes (205 e 232oC) e avaliaram os danos térmicos por meio de DSC e FTIR.
Os autores constataram cerca de 50% de proteção térmica utilizando polímeros
cosméticos em amostras de cabelo oriental submetido a um tratamento térmico
de 205°C. Obtiveram também 3 a 90% de proteção térmica utilizando os mesmos
ingredientes em amostras de cabelo caucasiano, porém submetidas a um
tratamento térmico com temperatura mais elevada, 232oC. Os produtos utilizados
pelos autores se tratavam de polímeros que não contém grupo siloxanos, como
aqueles utilizados neste trabalho.
129
6.4.1.3. Análise elementar
Tabela 6.25 Resultados de análise elementar (CHN) de amostras das mechas de cabelo
caucasiano, oriental e brasileiro tratadas com as formulações e submetidas ao tratamento
térmico (piastra/lavagem com LESS 10% m/m).
%C %H %N
Tratamento
C O B C O B C O B
Cont --- --- 43,4 --- --- 6,5 --- --- 13,7
Cont* --- --- 45,2 --- --- 6,5 --- --- 14,3
Cont1 43,6 42,9 41,7 6,8 7,1 6,7 14,1 13,8 13,5
Cont1* 45,6 45,3 43,7 7,0 6,8 6,5 14,4 14,4 13,9
F2A 43,6 43,1 41,7 7,2 7,1 6,8 13,2 13,1 12,9
F2A* 43,8 43,8 42,4 6,6 6,6 6,6 14,0 14,0 13,5
F2B 43,9 43,4 43,4 7,0 7,1 7,0 13,3 13,1 13,2
F2B* 43,7 45,0 43,2 6,6 6,7 6,7 13,8 14,2 13,3
F2C 42,6 43,1 40,7 7,0 7,1 6,6 13,0 13,3 12,4
F2C* 43,7 43,8 42,8 6,6 6,4 6,9 14,0 13,9 13,6
F3A 44,5 44,0 39,6 7,2 7,2 6,8 13,6 13,8 11,9
F3A* 45,0 45,4 42,4 7,0 7,3 6,6 14,1 13,8 13,4
F3B 45,0 44,8 41,4 7,3 7,3 6,6 13,8 14,0 11,4
F3B* 44,8 45,0 43,0 6,7 6,7 6,4 14,1 14,1 13,3
F3A 44,8 44,8 40,8 7,1 6,9 7,0 13,8 14,1 12,4
F3A* 45,6 44,8 43,3 7,1 6,7 6,7 14,3 14,1 13,3
*após tratamento térmico; C=caucasiano; O=oriental; B=brasileiro; Cont = controle (virgem, apenas para
mecha de cabelo brasileiro); Cont1 = controle (virgem para amostras de cabelo caucasiano e oriental;
descolorida para cabelo brasileiro); A, B e C = ingredientes cosméticos.
130
H e N permaneceram praticamente os mesmos, esta diminuição no teor de C
pode ser explicada pela eliminação de material orgânico com o tratamento
químico de descoloração. Este percentual pode tanto ser de material graxo
presente na cutícula ou no córtex do cabelo como, também, de material proteico.
Isto porque no processo de descoloração de cabelos pode, também, ocorrer a
diminuição do teor de S.
Pode-se observar que, de maneira geral, houve diminuição nos teores C e
N obtidos para as amostras das mechas de cabelo brasileiro descolorido com as
diferentes formulações. Isto pode sugerir que as mesmas, apresentando-se mais
porosas, a formulação “preencheu estes poros”, e proporcionalmente contribuiu
para a diminuição no teor de C, componente majoritário em ambos materiais. O
mesmo não ocorreu com as amostras das mechas de cabelo caucasiano e
oriental que, no estado virgem, apresentam-se com a superfície mais uniforme e
íntegra, então, a incorporação da formulação é menor. Isto permite entender
porque praticamente não ocorreu diminuição no teor de C nestas amostras.
As mechas tratadas com as formulações foram analisadas por AE antes do
tratamento térmico para que, diante dos resultados, seja possível verificar se as
alterações nos teores de CHN foram causadas ou não pelo uso do aquecimento.
As amostras das mechas virgens de cabelo caucasiano, oriental e
brasileiro descolorido que foram submetidas ao tratamento térmico apresentaram
um aumento no teor de C e N, o que sugere uma diminuição no teor de S e/ou O,
quando o teor de H se apresenta constante.
Segundo Brebu & Spiridon (2011), a etapa de degradação da queratina de
amostras de cabelo ocorre na de faixa de 170-300oC e é dominada pela evolução
dos gases inorgânicos (NH3, CO2, SCS, SCO, H2S e SO2) e de tióis. Nitrilos e
compostos aromáticos (4-metilfenol e fenol são os compostos de degradação
mais importantes) e são formadas acima 300oC. As principais classes de
compostos contendo heteroátomos foram os nitrilos, os pirroles, pirimidinas,
amidas, sulfuretos, tióis, tiazoles e tiofenos e que se originam a partir dos
aminoácidos iniciais na composição de queratina (BREBU & SPIRIDON, 2011).
No presente trabalho, as mechas foram submetidas à piastra aquecida a 200oC, o
que indica que, nestas condições, as mechas não alcançaram temperatura
superior a 300oC. Associando os resultados obtidos pelos autores aos aqui
131
obtidos, pode-se inferir que o que ocorreu, possivelmente, foi a formação de
gases como por exemplo SO2 e/ou H2S, uma vez o teor de C e N aumentaram
(com exceção apenas da amostra das mecha de cabelo caucasiano que
apresentou um ligeiro aumento no teor de H).
As amostras das mechas de cabelo virgem caucasiano e oriental e
brasileiro descolorido que foram tratadas com as formulações contendo
dimeticone e leave-on e posteriormente submetidas ao tratamento térmico,
apresentaram diminuição nos teores de C e N. Porém, aquelas que foram
submetidas ao leave-on apresentaram uma diminuição menor quando
comparadas as outras contendo dimeticone. Isto pode significar a formação de
NH3 e/ou CO2 para o caso das mechas tratadas com dimeticone (para aquelas
que apresentaram diminuição também no teor de H) ou até mesmo de perda de
material orgânico e/ou proteico. De qualquer maneira, como as mechas tratadas
com leave-on apresentaram maiores teores de C e N, pode-se inferir que estas se
degradaram menos, com uma menor liberação de gases e/ou de material
orgânico. Os resultados de DSC das amostras de cabelo caucasiano e oriental
apresentaram menores perdas de material cristalino do que aquelas que foram
tratadas com leave-on como veículo.
A partir dos resultados de CHN das amostras de cabelo brasileiro
descolorido submetidas ao tratamento térmico, observou-se que as mesmas não
apresentaram um comportamento semelhante àqueles obtidos para as outras
etnias. Os danos causados a estes fios de cabelo devido ao tratamento de
descoloração podem explicar essa diferença, uma vez que as formulações podem
associar a estes fios de maneira diferente daquelas que não foram tratadas
quimicamente.
132
pode se desdobrar e se converter em cadeias proteicas estendidas ou estrutura
de folha beta (β-sheet). Estas alterações afetam a estrutura das ligações de
hidrogênio, que estabiliza a estrutura helicoidal e, portanto, podem alterar a
acessibilidade da água para o fio de cabelo (ZHOU et al., 2011).
A FTIR permite verificar mudanças na estrutura das proteínas e tem sido
bastante utilizada para análises em amostras de cabelo. No item 6.1.4. já foram
discutidas as principais bandas de absorção que são atribuídas nos espectros de
amostras de cabelo a efeito de comparação entre as amostras de diferentes
etnias. Porém, não foram discutidas as alterações que podem ocorrer devido a
processos químicos e térmicos nos cabelos, as quais serão discutidas neste item.
No entanto, deve-se considerar que esta técnica (com ATR) analisa as amostras
apenas na cutícula e, possivelmente, na região periférica do córtex (BARTON,
2011).
A Tabela 6.26 apresenta os resultados de IV obtidos para as amostras de
cabelo caucasiano das mechas controle (antes e após o tratamento térmico) e
das mechas submetidas às formulações (após consecutivos ciclos de
aquecimento e lavagens). É possível observar a presença das principais bandas
de absorção nos espectros de todas amostras, porém algumas alterações podem
ser melhor visualizadas nas Figuras 6.37 e 6.38.
133
Tabela 6.26 Atribuição das principais bandas dos espectros no IV de amostras de cabelo
virgem caucasiano tratadas com as formulações e submetidas ao tratamento térmico
(piastra/lavagem com LESS 10% m/m).
CH3 Assim 2958 2961 2963 2963 2962 2958 2959 2958
CH2 Assim 2920 2925 2932 2933 2933 2921 2921 2920
134
1) diminuição da intensidade das bandas em 2920 e 2851 cm-1 relacionadas
aos grupos CH3 e CH2 oriundos de aminoácidos, nos modos assimétrico e
simétrico, respectivamente (KIM & PARK, 2013).
2) deslocamento da banda de amida II (de 1535 para 1518 cm-1). Bandas na
região espectral de 1700-1480 cm-1 são sensíveis às alterações na
conformação estrutural secundária da proteína do cabelo, ou seja, no caso
de ocorrer transformações químicas na estrutura da α-queratina. A banda
de Amida II em torno de 1545 cm-1 consiste essencialmente na estiramento
de C-N (60%) e deformação de N-H (40%) da conformação α- helicoidal e
da forma amorfa espiral aleatória em 1536 cm-1. A absorção forte e estreita
em torno de 1511 cm-1 está diretamente relacionada ao estiramento de C-N
(60%) e deformação de N-H (40%) da conformação folha β. Estes
resultados indicam que, possivelmente, houve uma mudança de
conformação espiral amorfa para a folha β. Desta forma, pode-se sugerir
que esta última conformação dominou a estrutura da cutícula e esta se
mostrou ser menos ordenada, ou seja, amorfa, em oposição ao córtex
subjacente (NISHIKAWA et al., 1998; BARTON, 2011, ZHOU et al., 2011);
3) dois sinais em 1259 e 1235 cm-1 relacionados à banda de amida III que
estão relacionados às conformações folha β e espiral aleatória (amorfa)
(Espinoza et al., 2008). As bandas espectrais entre 1300-1200 cm-1 estão
exclusivamente associadas com o modo de vibração de amida III. A banda
de absorção principal em torno de 1235 cm-1 está associada com o
estiramento do C-N (30%) e deformação no plano do N-H (30%) da
conformação folha β. O aparecimento do pico em número de onda maior,
ou seja, em torno de 1259 cm-1 pode ser um indicio que ocorreu alteração
na cutícula das fibras. Isto porque os fios não tratados termicamente
(amostra da mecha controle) apresentaram apenas a banda em torno de
1235 cm-1 relacionada a folha β.
4) aumento na intensidade da banda em torno de 803 cm-1 que está
relacionada a deformação fora do plano em N-H2.
135
que foram submetidas à formulação F2C apresentaram maior semelhança com o
espectro da amostra da mecha controle (antes do tratamento térmico). Isto quer
dizer que, comparando os espectros das amostras das mechas MCDM+A,
MCDM+B e MCDM+C, os dois primeiros apresentaram maiores alterações
(comparando com o espectro das amostras das mechas controle) e maior
semelhança entre si no que diz respeito a estas alterações, que compreendem:
136
cabelos, sobrepondo a banda de amida III (folha beta) em torno de 1235
cm-1.
4) o aumento na intensidade das bandas relacionadas à oxidação do
aminoácido cistina (em torno de 1075 cm-1) presente nos espectros das
amostras das mechas MCDM+A e MCDM+B. Este aumento não foi
observado no espectro da amostra das mechas MCDM+C, que
apresentou-se de menor intensidade até mesmo quando comparada ao
espectro da amostra das mechas controle após o tratamento térmico. As
bandas em torno de 1075 cm-1 estão relacionadas ao monóxido de cisteína,
oriundos da oxidação do aminoácido cistina (SMITH, 1999; BARTON,
2011). Esta alteração se deu, provavelmente, devido à oxidação deste
aminoácido na exposição contínua do calor fornecido pela piastra. Isto
pode ser um indicativo que esta formulação foi capaz de prevenir
parcialmente a oxidação deste aminoácido nas fibras de cabelo pelo uso do
calor;
5) o deslocamento da banda que corresponde à deformação fora do plano em
N-H2, em torno 803 cm-1, pela sobreposição das bandas em 79 e 796 cm-1
(nos espectros das amostras de MCDM+A e MCDM+B, respectivamente),
o que fez aumentar sua intensidade. Bandas em torno de 800 cm-1 também
podem estar relacionadas aos grupos funcionais presentes nas
formulações aplicadas, que se fixaram nos fios de cabelo mesmo após as
sucessivas lavagens com LESS. Isto porque a banda relacionada ao grupo
Si-(CH3) de siloxanos (presente nos espectros de amostras dos
ingredientes cosméticos e no dimeticone) vibra em torno de 800 ± 10 cm-1.
Esta banda foi observada nos resultados de IV das formulações no item
6.2.3.1. corroborando os resultados aqui obtidos. Este efeito na superfície
dos fios pode ser confirmado pelas imagens de MEV (no item logo adiante)
que demonstrou a presença da formulação na superfície dos fios de
cabelo, claramente visível nas amostras de MCDM+B (Figura 6.43 c).
6) o aumento na intensidade da bandas em torno de 873 cm-1 nos espectros
das amostras de MCDM+A e MCDM+B. Estas bandas, juntamente com a
banda em 1303 cm-1, que aparecem em todos os espectros correspondem
à vibração de flexão dos grupos C-H fora e no plano (PENG et al., 2008).
137
De todas as alterações acima relatadas, o espectro da amostra das
mechas MCDM+C apresentou apenas o deslocamento da banda de amida II.
Porém, este espectro quando comparado ao das amostras de cabelo caucasiano
controle (antes do tratamento térmico), também apresentou uma diminuição na
intensidade das bandas em torno de 2933 e 2851 cm-1.
-SO3
ω(N-H2)
MCDM+C
Absorbância /%
MCDM+B
MCDM+A
138
1) deslocamento das bandas da amida II (de 1535 cm-1 observada no
espectro da amostra das mechas virgem antes do tratamento térmico para
1518, 1519, 1517 e 1520 cm-1, observadas nos espectros das amostras de
cabelo virgem, MCLo+A, MCLo+B e MCLo+C, após o tratamento térmico,
respectivamente.
2) aumento na intensidade da banda de deformação angular de N-H2 com
vibração em torno de 800 cm-1 observada nos espectros de todas as
amostras submetidas ao tratamento térmico com a piastra. O espectro da
amostra das mechas MCLo+B apresentou esta banda com maior
intensidade do que àquelas observadas nos espectros das outras amostras
das mechas submetidas às formulações. Este aumento na intensidade
desta banda, porém, ainda apresentou-se menor do que o observado no
espectro da amostras das mechas controle submetidas ao tratamento
térmico.
-SO3
ω(N-H2)
MCLo+C
Absorbância /%
MCLo+B
MCLo+A
139
A Tabela 6.27 apresenta os resultados das principais bandas de absorção
presentes nos espectros das amostras de cabelo oriental controle (antes do
tratamento térmico) e submetidas aos ciclos de aquecimento e lavagens. Assim
como no espectro da amostra de cabelo caucasiano, foi possível observar a
presença das mesmas bandas de absorção nos espectros destas amostras.
Porém, como mostrado nas Figuras 6.39 e 6.40, nota-se que houve alterações
em algumas regiões destes espectros.
Tabela 6.27 Atribuição das principais bandas dos espectros no IV de amostras das
mechas de cabelo virgem oriental tratadas com as formulações e submetidas ao
tratamento térmico (piastra/lavagem com LESS 10% m/m).
CH3 Assim 2958 2961 2962 2963 2963 2959 2959 2957
** bandas sobrepostas ou com expressiva diminuição na intensidade do sinal; Cont1 = controle (virgem, sem
tratamento térmico); Cont1* = controle (virgem, após tratamento térmico); A, B e C = ingredientes
cosméticos.
140
Comparando os espectros das amostras de cabelo oriental controle antes e
após o tratamento térmico, observou-se que esta última apresentou as seguintes
alterações (já foram discutidas logo acima):
1) diminuição das bandas em 2920 e 2851 cm-1 relacionadas aos grupos CH3
e CH2 oriundos de aminoácidos, nos modos assimétrico e simétrico,
respectivamente (KIM & PARK, 2013).
2) deslocamento da banda de amida II e
3) aumento na intensidade da banda em torno de 803 cm-1.
141
Amida I υ(C=O), υ(C-N) & δ(N-H) CH3 & CH2
Amida II υ(C-N) & δ(N-H) δ(C-H) Amida III δ(N-H), υ(C-N),
Amida A & B CH2 & CH3 υ(C=O) & δ(O=C=N)
υ (N-H) υs(C-H) & υa"(C%H)
-SO3
ω(N-H2)
Absorbância /%
MODM+C
MODM+B
MODM+A
142
a observada no espetro da amostra da mecha controle. Como já discutido
anteriormente, este resultado pode estar associado à aderência de F3B
nas amostras de cabelo.
-SO3
ω(NH2)
MOLo+C
Transmitância /%
MOLo+B
MOLo+A
143
Tabela 6.28 Atribuição das principais bandas dos espectros no IV de amostras das mechas de cabelo brasileiro (virgem e descolorido,
antes e após tratamento térmico) e das mechas de cabelo brasileiro descolorido tratadas com as formulações e submetidas ao tratamento
térmico (piastra/lavagens com LESS 10% p/p).
Cont Cont* Cont1 Cont1* F2A F2B F2C F3A F3B F3C
Amida A 3277 3284 3279 3285 3282 3282 3281 3280 3284 3283
Amida B 3075 3071 3075 3074 3076 3075 3076 3075 3075 3074
CH3 Assim 2960 2962 2961 2960 2962 2963 2962 2960 2960 2958
CH2 Assim 2925 2929 2932 2929 2929 2931 2930 2922 2922 2921
CH2 Sim 2853 --- --- --- --- --- --- 2850 2853 2853
Amida I 1631 1637 1633 1636 1636 1636 1634 1635 1635 1640
Amida II 1518 1517 1521 1516 1528 1526 1521 1528 1526 1526
CH2 (lipídeos) 1449 1449 1450 1451 1451 1450 1450 1451 1452 1452
Amida III 1236 1233 ** 1219 1259 1259 1258 ** ** **
S=O --- --- 1192 1189 1191 1192 1191 1193 1195 1195
Monóxido de cistina 1075 1075 1076 1076 1081 1082 1079 1078 1081 1079
Ácido sulfônico ---- 1041 1041 1040 1041 1040 1041 1041 1041 1041
NO2 876 875 876 875 874 868 874 ** 872 **
N-H2 803 800 802 802 799 795 800 800 801 797
**bandas sobrepostas ou com expressiva diminuição na intensidade do sinal; Cont = controle (virgem, sem tratamento térmico); Cont* = controle (virgem, após tratamento
térmico); Cont1 = controle (descolorida, sem tratamento térmico); Cont1* = controle (descolorida, após tratamento térmico).!
144
Pode-se observar, pelas Figuras 6.41 e 6.42, as diferenças nos espectros
destas amostras em relação aos espectros apresentados até o momento. Isto
porque mechas de cabelo submetidas a transformações químicas, como
clareamento, produzem espectros com sinais específicos, o que não ocorre com
amostras de cabelo não tratadas, ou seja, virgem (mechas de cabelo caucasiano
e oriental não foram submetidas a transformações químicas com produtos).
Comparando os espectros das amostras de cabelo brasileiro virgem
controle (MBCont) antes e após o tratamento térmico, observou-se que para esta
última ocorreram algumas alterações devido, provavelmente, à exposição
excessiva de calor. Estas alterações manifestaram nos espectros:
1) diminuição na intensidade das bandas em 2920 cm-1;
2) deslocamento da banda de amida III;
3) aumento na intensidade das bandas em torno 873 e de 800 cm-1
relacionadas à vibração dos grupos NO2 e N-H2, respectivamente.
4) A banda em 929 cm-1 (que não está sinalizado nas Figuras 6.41 e 6.42)
presente apenas na mecha MBCont (com tratamento térmico) é atribuída a
modos de vibração da amida IV, que consiste principalmente da flexão em
O=C-N e pode ser, neste caso, considerado mais um dos fatores que
evidencia a mudança na estrutura da queratina capilar.
146
4) apenas o espectro das amostras de MBDM+B apresentou um aumento na
intensidade da banda em torno de 800 cm-1, devido, provavelmente, ao
acúmulo da formulação na superfície dos fios de cabelo, como já discutido
anteriormente.
147
sendo analisadas nas regiões da cutícula e/ou periferia do córtex. Pelas imagens
de MEV (mostrados no item 6.4.1.5), é possível observar que os fios não
apresentaram o córtex exposto, mesmo com severos danos às cutículas. Apenas
a amostra da MCLo+C apresentou trechos em que o córtex se expandiu para fora
da camada da cutícula.
ω(N-H2)
MBDM+C
Absorbância
MBDM+B
MBDM+A
148
4) aumento na intensidade da banda em torno de 873 cm-1 (mais intenso para
a amostra de MBLo+B).
5) aumento das bandas em torno de 800 cm-1. Este aumento pode ser devido
ao aumento da aderência das formulações nas fibras de cabelo, que
possuem forte sinal nesta região, mesmo após consecutivas lavagens.
MBLo+C
Absorbância /%
MBLo+B
MBLo+A
149
A proteção da superfície do cabelo pode assegurar a integridade da
cutícula e desempenha um papel importante no seu efeito anti-quebra além de
proteger a proteína córtex de danos térmicos.
As Figuras 6.43-6.45 apresentam as imagens de fibras de cabelo
caucasiano, oriental e brasileiro que foram submetidas a este estudo. Observando
as imagens é possível averiguar que o tratamento térmico provocou danos graves
nas cutículas das fibras capilares com agravamento principalmente nas amostras
das mechas controle (sem formulações) e descoloridas. Uma vez que a cutícula
está danificada, o cabelo pode quebrar facilmente já que não há proteção para o
córtex.
As imagens de MEV evidenciaram que as amostras das mechas tratadas
termicamente não aparentaram exposição do córtex, estando as cutículas com
um certo grau de danos. A partir das medidas de DSC não foi possível obter
dados de entalpia da desnaturação da queratina para algumas destas amostras,
sugerindo que há uma pequena porção ou até mesmo a ausência de material
cristalino. Isto leva a crer que, mesmo com a camada cuticular com uma certa
integridade, o córtex pode sofrer danos, como por exemplo, a desnaturação da
queratina cristalina. Estes resultados podem ser explicados conforme aqueles
obtidos por Istrate et al. (2012). Os autores mostraram que, com o aquecimento, o
material do córtex pode fundir formando espécies de micro tubos de material
cuticular envolto. Como já mencionado (item 6.1.2), o material ordenado se funde,
enquanto a cutícula, que é constituída de material amorfo, permaneceu intacta,
também verificados nos resultados de IV deste trabalho. Os autores atribuem este
comportamento às diferentes morfologias das camadas, ou seja, a camada
amorfa sendo mais resistente termicamente. Além disto, podemos afirmar que
cabelos com aparência saudável nem sempre significam fios saudáveis. Isto pode
ser ainda explicado pelos resultados obtidos por Sá Dias (2015) que verificou que
fios tratados quimicamente com ativos alisantes apresentaram diminuição no valor
de entalpia relacionada à desnaturação do material cristalino. Porém, as imagens
de MEV obtidas pela autora mostraram que estes fios ainda possuíam uma certa
regularidade na camada cuticular, mesmo apresentando danos e não expondo o
córtex. É claro que estas mechas foram quimicamente oxidadas e posteriormente
reduzidas com fechamento das cutículas. Porém, os resultados do presente
150
trabalho mostraram que apenas o tratamento térmico (sem aplicação de produto
químico) pode causar danos ao córtex dos fios de cabelo tanto quanto àqueles
quimicamente tratados. Isto porque as mechas de cabelo caucasiano, oriental e
brasileiro (MCCont1, MOCont1 e MBCont) que não foram descoloridas
demonstraram alterações estruturais com diminuição nos valores de entalpia de
desnaturação da queratina cristalina em 42, 30 e 36% para as amostras de cabelo
caucasiano e oriental virgem e brasileiro descolorido, respectivamente (resultados
que podem ser observados na Tabela 6.23).
Comparando as amostras das mechas da Figura 6.43, (cabelo
caucasiano), pode-se visualizar que aquelas que foram submetidas às
formulações contendo o dimeticone como veículo apresentaram-se com as
cutículas com um bom nível de integridade. Analisando vários fios das mesmas
mechas, verificou-se que houve o depósito da formulação F2B na superfície dos
fios, não deixando dúvidas que há um filme sobre estes, no entanto não foi
observado a exposição do córtex. Este efeito pode resultar em fios mais
uniformes, apresentando-se mais lisos. Nos resultados de FTIR, a banda
referente aos grupos siloxanos apresentou-se com uma intensidade maior para
estas amostras, juntamente com as amostras de MCDM+A. Porém, esta última
não foi possível observar, pelas imagens, a aderência do silicone na superfície
dos fios.
As imagens das amostras das mechas tratadas com as formulações
contendo leave-on como veículo mostraram que as cutículas se mantiveram
íntegras com exceção das amostras tratadas com F3C.
151
nível de repulsão pelo tratamento térmico intercalado com as lavagens, não se
observou exposição do córtex nas imagens. Os danos internos e a superfície
resultante do tratamento térmico pode aumentar a ruptura das fibras
especialmente com o esforço adicional quando se penteia o cabelo.
A Figura 6.45 apresenta as imagens de MEV das amostras de cabelo
brasileiro virgem e descolorido submetidas ao tratamento térmico. É possível
observar que neste grupo os danos causados foram mais agressivos dentre os
grupos estudados. Este fato era esperado uma vez que a aplicação de produtos
com altos valores de pH (pH médio 11), ocasiona danos, fazendo com que o fio
torne-se cada vez mais fragilizado por tração mecânica, escovação e aplicação de
calor (JACHOWICZ,1987; GAMA et al.,2011).
Foi possível observar que a amostra das mechas que foram tratadas com
F3C apresentaram o depósito da formulação na superfície dos fios. Isto pode
explicar o resultado de elevada proteção térmica indicada pelos dados de DSC
para esta formulação neste grupo de cabelo, uma vez que os fios se encontram
“plastificados”. Porém, foi observada uma desintegração das cutículas com
algumas partes faltantes e/ou camadas de cutículas irregulares. Nestas últimas
pode-se observar, principalmente nas amostras de MBDM+A e MBLo+C, que as
camadas cuticulares foram removidas, tornando o córtex exposto, rompendo para
fora da camada da cutícula. Este comportamento foi observado em toda esta
amostragem, ou seja, a imagem não representa um resultado isolado. Os
resultados de DSC mostraram que as amostras de cabelo descolorido tratadas
com leave-on não apresentaram a fase cristalina da matriz capilar. Isto pode estar
associado à uma exposição do córtex ou até mesmo a uma certa porosidade
deste tipo de cabelo que leva a uma dificuldade do produto em se manter na
superfície dos fios. As imagens de MEV mostraram a importância desta técnica
quando associada a outras, porém, isolada não é suficiente para afirmar que o
tratamento com os ingredientes cosméticos evitou e/ou diminuiu os danos na
cutícula devido ao tratamento térmico.
Pelas imagens, também é possível notar que não apenas os cabelos
tratados quimicamente (com descolorante, por exemplo) podem sofrer danos
severos aos fios, mas também aqueles que são submetidos a tratamentos físicos,
como repetidas lavagens, secagem, escovar e pentear. E o dano é cumulativo.
152
a)
b) e)
c) f)
d) g)
Figura 6.43 Imagens de MEV de amostras das mechas de cabelo caucasiano padrão
virgem controle e submetidas às formulações: a) MCCont1; b) MCDM+A; c) MCDM+B;
d) MCDM+C; e) MCLo+A; f) MCLo+B; g) MCLo+C.
153
a)
b) e)
c) f)
d) g)
Figura 6.44 Imagens de MEV de amostras das mechas de cabelo oriental padrão
virgem controle e submetidas às formulações: a) MOCont1; b) MODM+A; c) MODM+B;
d) MODM+C; e) MOLo+A; f) MOLo+B; g) MOLo+C.
154
a)
b)
f)
c)
d) g)
e) h)
Figura 6.45 Imagens de MEV de amostras das mechas de cabelo brasileiro (grau de
ondulação II) virgem controles e descoloridas submetidas às formulações: a) MBCont;
b) MBCont1; c) MBDM+A; d) MBDM+B; e) MBDM+C; f) MBLo+A; g) MBLo+B; h)
MBLo+C.
155
6.4.1.6. Avaliação de resistência à penteabilidade
156
Tabela 6.29 Valores de extensão (m), força média (N) e trabalho (J) obtidos no teste de
penteabilidade a seco das mechas de cabelo brasileiro tratadas com as formulações e
submetidas ao tratamento térmico (piastra/lavagem com LESS 10% m/m).
157
Tabela 6.30 Modelo de ANOVA para os resultados obtidos no teste de penteabilidade a
seco das mechas de cabelo brasileiro (virgem e descolorido) tratadas com as
formulações e submetidas ao tratamento térmico (piastra/lavagem com LESS 10% m/m).
p-valor 0,349
Cont* = controle (virgem, sem formulação, após tratamento térmico); Cont1* = controle
(descolorido, sem formulação, após tratamento térmico); A, B e C = ingredientes cosméticos.
158
Tabela 6.31 Modelo de ANOVA para os resultados obtidos no teste de penteabilidade
a seco das mechas de cabelo brasileiro descolorido tratadas com as formulações e
submetidas ao tratamento térmico (piastra/lavagem com LESS 10% m/m).
Força (N)
Mecha F2A F2B F2C F3A F3B F3C
A, B e C = ingredientes cosméticos
2,0
1,5
Força Média
1,0
0,5
0,0
Mblo + A Mblo + B Mblo + C Mbdm + A Mbdm + B Mbdm + C
2
Força Média
-1
159
6.4.1.7. Eficácia pelo método de quebra por escovação
160
Tabela 6.32 Quantidade de fios quebrados obtida no teste de quebra por
escovação das mechas de cabelo brasileiro (virgem e descolorido) e
submetidas ao tratamento térmico (piastra/lavagens com LESS 10% m/m).
161
Os dados obtidos pelo teste de quebra por escovação foram submetidos à
análise de variância (ANOVA one-way) para verificar diferenças estatísticas
significativas entre as amostras. Assim como para o teste de penteabilidade,
primeiramente foi aplicado o teste (ANOVA one-way, α = 0,05) em todas as
mechas, incluindo as mechas controle MBCont e MBCont1 (virgem e descolorida
submetida ao tratamento térmico) e obteve-se um p = 0,0035, concluindo, desta
forma, que as mechas tratadas variaram significativamente entre si (Tabela 6.33).
Tabela 6.33 Modelo de ANOVA para os resultados obtidos no teste de quebra por
escovação das mechas de cabelo brasileiro (virgem e descolorido) tratadas com as
formulações e submetidas ao tratamento térmico (piastra/lavagens com LESS 10% m/m).
Número de fios quebrados
Mecha Cont Cont1 F2A F2B F2C F3A F3B F3C
1 83 12 470 16 46 23 8 2
2 83 10 306 19 73 64 4 9
3 72 4 76 42 78 13 33 7
Média 79 9 284 26 66 33 15 6
D.P 6 4 198 14 17 27 16 4
Mínimo 72 4 76 16 46 13 4 2
Mediana 83 10 306 19 73 23 8 7
Máximo 83 12 470 42 78 64 33 9
p-valor 0,0035
Cont = controle (virgem, sem formulação, após tratamento térmico); Cont1 = controle (descolorido,
sem formulação, após tratamento térmico); A, B e C = ingredientes cosméticos.
162
Tabela 6.34 Modelo de ANOVA para os resultados obtidos no teste de quebra por
escovação das mechas de cabelo brasileiro descolorido tratadas com as formulações
e submetidas ao tratamento térmico (piastra/lavagem com LESS 10% m/m).
Fios quebrados
Mecha F2A F2B F2C F3A F3B F3C
01 470 16 46 23 8 2
02 306 19 73 64 4 9
03 76 42 78 13 33 7
Média 284,0 25,7 65,7 33,3 15,0 6,0
D.P. 197,9 14,2 17,2 27,0 15,7 3,6
Mínimo 76,0 16,0 46,0 13,0 4,0 2,0
Mediana 306,0 19,0 73,0 23,0 8,0 7,0
Máximo 470,0 42,0 78,0 64,0 33,0 9,0
p-valor 0,011
163
Tabela 6.35 Tratamento de Fisher (LSD)/Análise das diferenças entre as
categorias com intervalo de confiança de 95%.
164
500
400
Fios Quebrados
300
200
100
800
600
Fios Quebrados
400
200
-200
165
7. CONCLUSÕES
166
protetores? - Como esses ingredientes cosméticos contribuem como agente
protetor das fibras capilares?
Com base nos resultados obtidos, é possível concluir que há influência dos
ingredientes cosméticos estudados (bem como a associação destes aos veículos)
em tratamentos para cabelos envolvendo a utilização de dispositivos térmicos. Os
resultados de DSC evidenciaram que estes ingredientes/formulações contribuem
na diminuição dos danos causados ao córtex, onde se localizam as cadeias
polipeptídicas de α-queratina dos fios de cabelo.
Como as amostras de cabelo virgem caucasiano e oriental apresentaram
maiores valores de “proteção” pelas formulações, pode-se concluir, desta
maneira, que, cabelos tratados quimicamente (descoloridos) não respondem da
mesma forma que os virgens. Estes últimos demonstraram ser mais estáveis
termicamente do que àqueles tratados quimicamente. Este fato confirma que
alterações na superfície dos fios quimicamente tratados resultam em uma menor
aderência das formulações e com isso a eficiência destas é menor. Isto porque a
piastra desliza pelos fios trocando calor com a sua superfície. Desta forma,
conclui-se que a condição em que se encontram os cabelos influencia na
eficiência ou não das formulações aqui estudadas. Por outro lado, a temperatura
de aplicação da piastra é muito importante. Os resultados de análise térmica
evidenciaram que a decomposição térmica de amostras de cabelo se inicia
próximo a 250oC, e demonstrou ser irreversível o dano causado aos fios a partir
desta temperatura. Também, é importante o tempo em que as mechas devem
permanecem entre as placas da piastra numa temperatura próximo a 200oC,
dependendo do tempo de permanência parte dos fios podem degradar.
Contudo, conclui-se ainda que, a associação das técnicas utilizadas na
avaliação da eficiência de produtos cosméticos em cabelos podem auxiliar
pesquisadores da área cosmética. Isto porque, o presente estudo mostrou que, a
eficiência da proteção térmica nos cabelos depende do tipo de formulação
cosmética. As técnicas de análise térmica mostraram-se úteis no desenvolvimento
de formulações para proteção térmica bem como no auxílio para o
desenvolvimento de equipamentos térmicos para modelagem capilar.
167
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