Monografia Eulalia - Versao Final
Monografia Eulalia - Versao Final
Monografia Eulalia - Versao Final
Universidade Licungo
Quelimane
2019
Eulália Salomão Mate
Supervisor
MSc. Amândio Bacião Mutumula
Universidade Licungo
Quelimane
2019
i
Índice
Lista de tabelas..........................................................................................................................iii
Lista de gráficos.........................................................................................................................iv
Lista de abreviaturas...................................................................................................................v
Declaração.................................................................................................................................vi
Dedicatória................................................................................................................................vii
Agradecimentos.......................................................................................................................viii
Resumo......................................................................................................................................ix
Summary.....................................................................................................................................x
CAPÍTULO I...........................................................................................................................11
1. Introdução.............................................................................................................................11
1.1. Problematização.................................................................................................................13
1.2. Justificativa........................................................................................................................14
1.3 Objectivos...........................................................................................................................14
1.3.1. Objectivo geral................................................................................................................14
1.3.2. Objectivos específicos....................................................................................................15
1.4. Hipóteses............................................................................................................................15
1.5. Metodologia.......................................................................................................................15
1.5.1. Tipo de pesquisa.............................................................................................................16
1.5.2. Método de pesquisa.........................................................................................................16
1.5.3. Instrumentos de recolha de dados...................................................................................17
1.5.4. Técnicas de processamento de dados..............................................................................17
1.5.5. Universo e amostra.........................................................................................................18
1.6. Delimitação do tema..........................................................................................................19
CAPÍTULO II.........................................................................................................................20
2. Fundamentação teórica.........................................................................................................20
2.1. Conceito de Sexualidade....................................................................................................20
2.2. Sexualidade humana..........................................................................................................21
2.3. A sexualidade na abordagem Freudiana............................................................................24
2.4. A influência da família na construção da sexualidade.......................................................27
2.5. A família e a socialização sobre a sexualidade na escola..................................................30
2.6. Papel do Fórum Mulher.....................................................................................................31
ii
CAPÍTULO III........................................................................................................................35
3. Apresentação, análise e discussão dos resultados.................................................................35
3.1. Resultados do inquérito dirigido aos estudantes do Curso de Licenciatura em Ensino de
Biologia.....................................................................................................................................35
3.2. Verificação e validação das hipóteses................................................................................49
3.3. Conclusões.........................................................................................................................52
3.4. Sugestões............................................................................................................................52
3.5. Referências bibliográficas..................................................................................................54
Apêndices .................................................................................................................................57
Anexos .....................................................................................................................................70
iii
Lista de tabelas
Lista de gráficos
Lista de abreviaturas
ES Educação sexual
FM Fórum Mulher
UL Universidade Licungo
vi
Declaração
Declaro que esta Monografia é resultado da minha investigação pessoal e das orientações do
meu supervisor, o seu conteúdo é original e todas as fontes consultadas estão devidamente
mencionadas no texto, nas notas e na bibliografia final.
Declaro ainda que este trabalho nunca foi apresentado em nenhuma outra instituição para
obtenção de qualquer grau académico.
Dedicatória
À minha filha “ Djânia Johane Mbalane “ a razão dos meus desafios na busca de cada vez
mais conhecimento para que possa partilhar contigo, em resposta das diversidades do mundo
cada vez mais globalizado e exigente.
Aos meus padrinhos (Inácio Muianga e Rosa Langa), pelo total apoio prestado para que este
sonho se tornasse em realidade.
viii
Agradecimentos
Ao meu supervisor MSc Amândio Bacião Mutumula pela dedicação, orientação, empenho,
compreensão e por ter confiado e acreditado na minha capacidade que junto seriamos capazes
de elaborar, desenvolver e finalizar esta pesquisa vai o meu muitíssimo obrigado.
Aos docentes que sempre fizeram o possível e o impossível para garantir o melhor
aprendizado tanto para mim quanto para meus colegas, a todos vai o meu muitíssimo
obrigado. Aos meus colegas da turma que directa ou indirectamente deram um grande
contributo nesta caminhada.
À instituição da UniLicungo pelo ambiente criativo e amigável que proporciona, por ser uma
referência de ensino de qualidade proporcionado pelo corpo docente, direcção, e
administração que criaram a oportunidade para uma formação e de qualidade.
Aos meus pais Salomão Júlio Mate e Castelina Israel Dindiza pelo amor, incentivo e apoio
incondicional. À minha mãe por ser heroína que me deu apoio, incentiva nas horas difíceis de
desânimo e cansaço. Ao meu pai que apesar das dificuldades me fortaleceu e que para mim
foi muito importante. Aos meus irmãos que sempre fizeram se presente ajudando me nessa
caminhada victoriosa. Aos meus tios, primos e sobrinhos e em especial ao tio Alberto Dindiza
que nos momentos da minha ausência devido ao estudo superior sempre fez entender que o
sucesso no futuro é feito a partir da constante dedicação no presente. E em especial a minha
filha Djánia Johane Mbalane pela compreensão diante de todas circunstâncias da vida. Os
agradecimentos são extensivos aos meus padrinhos, pelo amor, carinho, incentivo e total
apoio incondicional, espírito admirável por ser incansável.
Aos meus amigos: Bruno Hugo, Afonso Prospero Mariamo, Orquídea Vilanculos, Ivone
Chemane, e outros que fizeram parte da minha formação muito obrigado. Agradeço bastante
ao meu amigo irmão Hermínio Abílio Muchave pelo incentivo, apoio e por ter mudado a
minha forma de pensar, despertando atenção fazendo-me perceber que só estudando a minha
vida mudaria.
Resumo
Este estudo é resultado de uma pesquisa realizada no âmbito da Licenciatura em Ensino de
Biologia, o foco aborda sobre a fraca discussão da sexualidade humana entre estudantes deste
curso. A pesquisa busca analisar os factores que contribuem para a fraca discussão da
sexualidade humana entre estudantes do Curso de Licenciatura em Ensino de Biologia na
Universidade Licungo – Sede. O presente estudo decorreu aproximadamente num espaço de
13 meses (aproximadamente 390 dias), isto é, de Setembro de 2018 a Outubro de 2019. O tipo
de pesquisa é quali-quantitativa, pelo facto de não envolver técnicas de recolha de dados
quantitativos, limitando-se a quantificar dados qualitativos transformados, com a finalidade de
execução de testes inferenciais. Para a colecta de dados optou-se pelo uso do inquérito por
questionário e, análise documental e observação. Os dados foram analisados e tratados através
dos programas informáticos EXCEL e SPSS. O SPSS usou-se para efectuar os testes de qui-
quadrado que permitiram aferir o grau de significância das respostas dos inquiridos, assim
como para a construção de tabelas de referências cruzadas que permitiram uma análise
combinada entre perguntas de natureza diferente. Os resultados obtidos e analisados
possibilitaram concluir que a fraca discussão da sexualidade humana entre estudantes do
curso de Licenciatura em Ensino de Biologia na Universidade Licungo – Sede não se deve ao
fraco domínio dessa matéria e também não é influenciada pela origem étnica dos estudantes,
porém à componente família, dado que no seio familiar, apenas algumas raparigas é que
partilham mais as suas conversas íntimas (sobre a sexualidade) com as mães, caso não,
preferem se abrir fora de casa, com as amigas e os parceiros. O mesmo já não se diz em
relação aos rapazes, pois estes partilham mais com amigos e as parceiras, ficando as mães em
terceiro lugar. Diante das realidades reveladas no estudo, sugere-se desenvolver mais
abertamente debates acerca da sexualidade humana a nível familiar, substituir as crenças por
informação cientificamente correcta, bem como desenvolver acções que proporcionem aos
rapazes abertura a nível familiar ao tratamento de assuntos sobre a sexualidade humana.
Palavras-chave: Fraca Discussão, Sexualidade Humana, Conhecimentos, Educação Sexual
Estudantes.
x
Summary
This study is the result of research conducted under the Biology Teaching Degree, the focus is
to address the poor discussion of human sexuality among students of this course. The research
seeks to analyze the factors that contribute to the poor discussion of human sexuality among
undergraduate students in Biology Teaching at Licungo - Sede University. The present study
took approximately 13 months (approximately 390 days), ie from September 2018 to October
2019. The type of research is qualitative-quantitative, since it does not involve quantitative
data collection techniques; it is limited to quantifying transformed qualitative data, in order to
perform inferential tests. To collect data, we chose to use the questionnaire survey, and
documentary analysis and observation. The data were analyzed and treated through the
EXCEL and SPSS software. SPSS was used to carry out the chi-square tests that allowed
assessing the degree of significance of the respondents' answers, as well as the construction of
cross-reference tables that allowed a combined analysis of questions of different nature. The
results obtained and analyzed allowed to conclude that the weak discussion of human
sexuality among students of the Biology Teaching Degree course at the Pedagogical
University Licungo is not due to the weak domain of this subject and is also not influenced by
the ethnic origin of the students, to the family component, since within the family, only a few
girls share more intimate conversations (about sexuality) with their mothers, if not, they prefer
to open their doors with their friends and partners. The same is no longer true of boys, who
share more with friends and their partners, while mothers are in third place. In view of the
realities revealed in the study, it is suggested to openly discuss debates about human sexuality
at the family level, to substitute beliefs for scientifically correct information, as well as to
develop actions that provide the boys with openness at the family level to the treatment of
human sexuality issues.
CAPÍTULO I
1. Introdução
Debruçar-se sobre os temas da sexualidade tem sido desde muito, um problema difícil de
sanar, considerando os mitos que neles envolvem por se tratar de um assunto considerado
íntimo. Como afirma GIR et al. (2000), a sexualidade é um assunto que se reveste de massa
compacta de contradições, tabus e ignorância, a tal ponto que nos dias actuais muitas pessoas
consideram este tema como exclusivo para adultos e defendem a ideia de que tal referencial
deve ser excluído dos âmbitos de palestras, cursos e currículos escolares, por considerarem-no
obsceno.
Seja como for, PIRES (2006, cp.), defende que “o aprofundamento científico e a perspectiva
de abordagem diferem em cada um desses veículos da matéria de sexualidade e educação
para reprodução, sendo, por conseguinte, pertinente encontrar uma sistematização didáctico-
pedagógica e científica na escola”.
É de realçar, que tradicionalmente falar de sexualidade humana se cingia aos aspectos ligados
ao conhecimento do corpo biológico no que tange à anatomia da reprodução, fisiologia da
reprodução, higiene individual e colectiva, infecções de transmissão sexual assim como o
domínio do uso de métodos anticonceptivos. Mas actualmente, a sexualidade está para além
do conhecimento do corpo biológico, abarcando também as diversas formas de manifestação
da sexualidade como por exemplo a identidade de género e os casamentos homossexuais e
heterossexuais.
Ao desenvolver esta pesquisa, entende-se que para além dos esforços que têm vindo a ser
feitos no sentido de uma abordagem da matéria sobre a sexualidade como tema transversal, há
necessidade de perceber como é que os próprios formandos das instituições vocacionadas em
formação de futuros professores, concebem a sexualidade no seu dia-a-dia.
1.1. Problematização
A sexualidade foi e continua a ser uma temática, que se reveste de muitos rodeios para a sua
abordagem, devido em parte, da não desconstrução dos mitos impulsionados pelos meios
sócio- culturais onde os indivíduos se encontram inseridos.
Como afirma FURLANI (2009), a sexualidade ainda é matéria frequentemente mal vista pela
sociedade, de tal forma que nas famílias e nas escolas muitos preferem silenciar, ignorar ou
até mesmo ocultar questões de sexualidade na formação dos sujeitos, ainda cercada de mitos e
tabus.
Ao longo do meu percurso escolar, fui dotada de conhecimentos sobre a sexualidade humana
na sala de aulas. Contudo, em nenhum momento eram criados debates fora desse espaço, com
professores ou entre colegas para aprofundar mais esses conhecimentos, apesar do espanto e
curiosidade que esses temas sempre criaram em mim e aos meus colegas.
1.2. Justificativa
Entretanto, para a discussão da sexualidade, pode-se recorrer também a outros veículos que
auxiliem a sua divulgação, à medida que pesquisadores nacionais, tal como internacionais
submetem a sexualidade à uma abordagem transversal, dentre eles NOTA (2015), MIRANDA
(2011) e BARROS et al. (2012).
Com esta pesquisa, espera-se contribuir para uma discussão da sexualidade mais aberta no
seio dos estudantes do Curso de Licenciatura em Ensino de Biologia em particular, assim
como entre toda a comunidade académica da instituição. Pensa-se também que esta pesquisa
contribua para a redução de certos preconceitos nos estudantes nas suas comunidades, assim
como para o desenvolvimento da sua futura profissão de docência na disciplina de Biologia
não só ao nível do ensino geral como também em outras situações de comunicação com os
diferentes intervenientes da sociedade moçambicana. Salientar que se torna imperativo, entre
outros aspectos, que os programas de promoção da saúde sexual reconheçam a sexualidade
em toda a sua dinâmica e diversidade.
15
1.3 Objectivos
1.4. Hipóteses
1.5. Metodologia
Corroborando com SILVA e MENEZES (2001), a pesquisa quantitativa considera que tudo
pode ser quantificável, o que significa traduzir em números opiniões e informações para
classificá-las e analisá-las. Requer o uso de recursos e de técnicas estatísticas tais como o
cálculo de percentagem, médias (média aritmética, média ponderada, moda, mediana, desvio-
padrão, coeficiente de correlação, análise de regressão, etc.). Pesquisas quantitativas são
características das Ciências Naturais.
Do ponto de vista dos seus objectivos, a pesquisa é exploratória porque para além de envolver
o levantamento bibliográfico foram consultados estudantes como sujeitos da aprendizagem,
que permitiram fornecer informações relevantes sobre a matéria em estudo. Neste sentido, a
pesquisa busca explorar o que sabem, o que sabem fazer e como se comportam em matéria da
sexualidade humana, referindo-se esta a eles mesmos ou ao seu seio sociocultural.
17
É através dos métodos que novas conclusões estão constantemente sendo incorporadas
ao património de conhecimentos das diversas ciências, ao mesmo tempo em que
conhecimentos anteriores estão continuamente sendo revistos e modificados, de acordo com
os resultados de novas investigações.
Foi usado o método indutivo por caracterizar-se pelo razoável grau de precisão considerável,
combinação de respostas similares dos estudantes e foi possível encontrar os pontos em
comum e reforçar a chegar-se a certas conclusões uma vez que o estudo realizou-se em turmas
diferentes, nomeadamente do 1º, 2º, 3º e 4º Anos.
É um teste que não depende de parâmetros populacionais, com média e variância. O princípio
básico deste método é comparar proporções, isto é, as possíveis divergências entre as
frequências observadas e esperadas para um certo evento. Evidentemente, pode-se dizer, que
dois grupos se comportam de forma semelhante se as diferenças entre as frequências
observadas e as esperadas em cada categoria forem muito pequenas, próximas do zero. O teste
de qui-quadrado pode ser usado para testar as variáveis de tabelas de contingência, além de
mais um tipo de hipóteses nulas e alternativas, que é o nosso caso.
A realização do estudo nas quatro turmas, envolvendo idades e sexos diferentes foi com o
intuito de estabelecer comparações concernentes ao domínio, comportamento e experiência
quanto à sexualidade de estudantes de realidades culturais a priori diferentes, o que foi feito
através do emprego do teste estatístico de qui-quadrado pelo programa informático SPSS,
determinando hipótese nula quando o (p>0,05) e hipótese alternativa (p≤0,05).
CAPÍTULO II
2. Fundamentação teórica
Neste capítulo são abordados diversos materiais escritos, relacionados com a matéria em
estudo, com a finalidade de dar alguns subsídios e estabelecer nexos com conhecimentos
existentes, isto é, reunir, analisar e discutir informação já publicada, começando por definir os
termos fundamentais empregues no trabalho, e na sequência, faz-se alusão ao conceito da
sexualidade vista sob diferentes perspectivas de autores.
A sexualidade envolve quatro aspectos fundamentais: género, orientação sexual, papel sexual
e identidade sexual.
... a sexualidade, não há como negar, é mais do que uma questão pessoal e privada, ela
se constitui num campo político, discutido e disputado. Na atribuição do que é certo
ou errado, normal ou patológico, aceitável ou inadmissível está implícito em amplo
exercício de poder que, socialmente, discrimina, separa e classifica.
A sexualidade como uma força psicológica e biológica fundamental para a estruturação da
personalidade. Nesta ordem de ideia, na definição do termo sexualidade deve-se levar em
consideração factores como, a história da sociedade e dos grupos sociais, os usos e os
costumes construídos socialmente.
A sexualidade faz parte da personalidade de cada um, é uma necessidade básica e um aspecto
do ser humano que não pode ser separado de outros aspectos da vida. Como afirma a
Organização Mundial da Saúde (OMS), no ano de 1975, que a “a sexualidade não é sinónima
de coito (relação sexual) e não se limita à ocorrência ou não de orgasmo (2010)”. Sexualidade
é muito mais que isso, é a energia que motiva a encontrar o amor, contacto e intimidade e se
expressa na forma de sentir, nos movimentos das pessoas, e como estas tocam e são tocadas.
21
A sexualidade é um dos elementos que constitui o ser humano, através dela o individuo
expressa suas preferências, predisposições ou experiências sexuais na vivência e descoberta
da sua identidade ao longo da vida. Segundo FAGUNDES (2005:14), “a sexualidade é um
elemento que constitui a existência humana e, como tal, precisa ser compreendida em sua
totalidade”.
Por se tratar da dimensão social nota-se que algumas instâncias conservadoras da sociedade
optam em reduzir a sexualidade à sua função reprodutiva e genital. No entanto, ao tratá-la sob
esta perspectiva COSTA e OLIVEIRA (2011), dizem que observa-se um direccionamento
unilateral para a questão biológica e fisiológica, porém, a sexualidade não se encerra apenas
nas funções reprodutivas ou nos desejos sexuais, a mesma pressupõe intimidade, afecto,
emoções, sentimentos e bem-estar individual.
O enfoque biológico não é suficiente para explicar essa dimensão humana. A esse respeito
Fagundes sugere que,
Esta postura, no entanto, pode levar a uma avaliação dos actos sexuais a partir de um sistema
hierárquico (RUBIN, 1989), que tem, no topo, os adultos casados, com todo o
reconhecimento das suas respeitabilidade e legalidade e, na base, os jovens cujo acesso à
informação é limitado pelos tabus sexuais e pelas ideias que prevalecem nas famílias no
sentido de lhes serem transmitidos apenas os conhecimentos tidos como apropriados.
Neste sentido, no aparelho conceptual tivemos em mente o conceito de poder. Poder como
acção, como forma de dominação de um grupo por outro (FOUCAULT, 2007), para invocar
24
Os estudos de Freud sobre sexualidade provocaram fortes reacções numa sociedade em que o
discurso dos teóricos e dos cientistas escondia mais do que revelava sobre o que seria de fato
a sexualidade. A mesma era considerada uma conceituação vaga e imprecisa na qual o ato
sexual era o ponto central limitado sob os domínios da família conjugal tendo a reprodução
como função principal tornando-a assim, o núcleo da sexualidade e qualquer ato fora desses
padrões era considerado perversão. As actividades sexuais que não estivessem directamente
envolvidas na procriação (sexo oral e anal, sadomasoquismo, masturbação, fetichismo etc.)
eram na época consideradas “desvios sexuais”.
Confundir sexualidade com reprodução também foi uma das questões debatidas por Freud que
em suas investigações na prática clínica sobre as causas e funcionamento das neuroses,
descobriu que a grande maioria de pensamentos e desejos reprimidos referiam-se a conflitos
de ordem sexual localizados nos primeiros anos de vida dos indivíduos. Freud acreditava que
25
Analisando crianças desde a mais tenra idade ele percebeu que os primeiros impulsos da
sexualidade ligavam-se as funções vitais, como a ingestão de alimentos. Deste modo, fome e
libido estariam relacionadas: libido como a força do instinto sexual e fome como a força do
instinto de nutrição. Em seus estudos, Freud pontuou que no ato de mamar o bebé encontra no
seio materno outras compensações prazerosas além do simples saciamento de sua fome.
Segundo FREUD (1905:228):
26
Numa época em que os inícios da satisfação sexual ainda estão vinculados à ingestão
de alimentos, o instinto sexual tem um objecto fora do corpo do próprio infante, sob a
forma do seio da mãe. Somente mais tarde é que o instinto perde esse objecto, bem na
época talvez, em que a criança pode formar uma ideia total da pessoa a quem pertence
o órgão que lhe está dando satisfação total. Via de regra o instinto se torna então auto-
erótico.
Em sua obra Freud postulou o processo de desenvolvimento psicossexual, no qual
considerava que o indivíduo encontra o prazer no próprio corpo e que nos primeiros tempos
de vida a função sexual está intimamente ligada à sobrevivência. Para Freud o corpo é
erotizado e as excitações sexuais estão localizadas em partes conhecidas como zonas
erógenas. Assim a sexualidade humana seria determinada por uma evolução que se dá através
dessas regiões do corpo e da relação que o individuo estabelece com as mesmas, “zonas”
geradoras de prazer, sem a necessidade destas serem áreas genitais (COSTA & OLIVEIRA,
2011).
COSTA e OLIVEIRA (2011), afirmam que Freud dividiu a evolução da sexualidade em dois
grandes momentos: as fases pré genitais e a fase genital. Durante as fases pré-genitais, o
prazer da criança está concentrado em regiões distintas do corpo. A fase oral é a primeira no
desenvolvimento pré-genital da sexualidade, ocorre desde a vida intra-uterina até cerca de
dois anos de idade, nesse momento da vida, o prazer da criança concentra-se na boca, zona de
erotização, e nos actos de sugar, morder e na ingestão de alimentos. A segunda é a fase anal
(entre 2 a 4 anos aproximadamente). Nesta fase o prazer da criança está centrado na região
anal, zona de erotização, através da contenção e da expulsão das fezes, este controle
representa, portanto uma nova fonte de prazer.
Percebe-se, assim, que a sexualidade está presente desde a tenra idade desenvolvendo-se por
fases sucessivas da vida, concepção esta, apresentada por Freud que alterou profundamente o
modo de conceber a sexualidade, visto que suas ideias abriram caminhos, difundiu percepções
polémicas e arriscou hipóteses, muitas das quais foram recusadas e outras aprimoradas. De
27
acordo com COSTA e OLIVEIRA (2011), decerto que as teorias freudianas não explicam
tudo acerca da sexualidade, sendo possível encontrar falhas em suas concepções, entretanto,
sua teoria continua tendo grande relevância para o entendimento de determinados conflitos
pessoais e de algumas questões que envolvem o assunto, principalmente ao pontuar que a
sexualidade e suas manifestações é algo inerente ao individuo desde a infância o que ainda
hoje é um assunto evitado e reprimido nos contextos sociofamiliares e escolares.
Procuraremos fazer uma leitura das relações familiares que equacione a construção do género
sexual, na medida em que a sua especificação promove correlativas conjunturais entre o
masculino e o feminino, a família e a ordem da sociedade, ou seja, a família como unidade
reprodutiva e produtora de sujeitos sexuais.
Isto dá uma percepção de que a família que acolhe e provêem o sustento e o desenvolvimento
do individuo é a mesma que reprime e pune as manifestações sexuais, apontando o sexo como
algo errado e proibido. Nos referimos a expressões como “sexo é errado”, “não quero que
você namore”, “você não devia pensar nessas coisas” são alguns exemplos de como a ES vem
sendo empregada nos mais variados contextos familiares.
Nesta ordem de ideias, as crianças crescem pensando que o tema da sexualidade não deve ser tratado
com adultos e que os órgãos sexuais e as sensações ligadas a eles são causa de vergonha e culpa.
Frente à insegurança em relação à sexualidade, muitas famílias optam por atitudes repressoras
para tentar conter as dúvidas e ansiedades de seus integrantes. Contudo, tais atitudes não
amenizam os anseios e emoções dos filhos sobre as questões inerentes a sexualidade,
causando comportamentos e atitudes que podem trazer sérias consequências a vida sexual
destes indivíduos, a exemplo de uma gravidez indesejada, doenças sexualmente transmissíveis
ou bloqueios de ordem sexual devido à falta de diálogo e de interacção com os pais.
A omissão também se constitui em outro instrumento utilizado pela família para lidar com as
questões referentes à sexualidade. Em muitos contextos familiares, não se fala sobre sexo e
até mesmo este não parece existir ou fazer parte da condição humana. Por falta de
conhecimento suficiente ou o por insegurança, muitos pais preferem não dialogar com seus
filhos sobre o tema. Os estudiosos OLIVEIRA & DIAZ (1998:114), ressaltam que: “a
omissão do adulto, a negação da sexualidade na infância e a falta de diálogo tem deixado
essa área descoberta de uma acção educativa eficaz”. A omissão dificulta a abertura de
espaços de diálogo reduzindo a compreensão do tema e perpetuando dúvidas e questões a
serem elucidadas por pais e filhos.
Os autores vão mais além, afirmando que no período de adolescência, onde é mais controlada
a sexualidade, inscreve cada um em distintas sociabilidades, nas quais o peso das relações do
grupo doméstico varia consoante se trate de rapazes ou de raparigas, relacionando-se este
facto com a diferente concepção do ser adulto em função do género, senda esta, por sua vez,
informada por ordens de valores distintas (OLIVEIRA & DIAZ, 1998).
É neste contexto de relação que uma identidade individual, constituída para o conjunto do
grupo social, se forja e é cristalizada numa alcunha que se substitui ou se adiciona ao nome
próprio, na referência do indivíduo. A construção desta nova identidade processa-se no
quadro de relação que vai ao encontro dos parceiros por locais de diversão, o caso de barracas
de venda de bebidas. Estes locais registam a presença de jovens com idades que
compreendem a adolescência até aos trinta e poucos anos, alguns solteiros, outros recém-
casados, cujas mulheres são deixadas em casa (Loforte, 2007).
O ser rapaz expressa uma situação social de não comprometimento, e é desse estatuto que
trata a socialização no grupo de amigos. São avaliados pelos comentários relativos ao corpo
das mulheres, e pelos pronunciamentos enquanto parceiras sexuais; mas a virilidade de cada
um é posta em competição. No fundo, é mais a socialização na sexualidade que é posta em
discurso (PORTO, 1992). No entanto, LAVE e WENGER (1991), afirmam que não
constituem propriamente um grupo social, pois a sua constituição não se baseia nas suas
fronteiras, mas, sim, em laços de conhecimento pessoal de longa data, no cruzamento de
factores identitários comuns, na partilha de projectos de vida e de uma certa visão do mundo,
ou seja, uma “comunidade de acção”.
Esta socialização e conhecimento buscados fora são também ditados pelo facto de as
fronteiras internas que determinam a presença familiar e regulam o fluxo de informação
estabelecerem os parâmetros e comportamentos julgados apropriados e limitando o acesso ao
conhecimento sobre a sexualidade.
30
Numa negação dos direitos sexuais dos jovens, a noção espalhada entre os pais é de que eles
não devem aceder à informação sobre a sexualidade, contraceptivos e outros serviços, porque
não são tidos como seres sexuais. Afirmam que, os esforços para os tornar acessíveis poderão
conduzir à promiscuidade e aumentar a sua vulnerabilidade. Em muitas das vezes, como
realça AGADJANIAN (2001:299):
Líderes de opinião e pais não são as pessoas com quem se discute normalmente os
assuntos relacionados com o comportamento sexual, embora os mesmos estejam
ostensivamente no âmbito das preocupações familiares, os implicados sentem-se mais
à vontade para procurar confidentes fora do grupo familiar.
Discursos acerca de direitos e necessidades estão ligados inevitavelmente a temas similares
que se originam a outros níveis do social. Estes discursos não só configuram o fluxo de
recursos no largo sistema de redistribuição, mas são usados como um recurso estratégico nas
negociações que decorrem a nível do agregado familiar, entre homens e mulheres. Estes
discursos são estratificados e organizados em formas que são congruentes como padrões de
dominação e subordinação (MOORE, 1995).
Para Loforte (2007), o conhecimento escolar, não sendo directamente aplicável no quotidiano,
não é objecto de valorização, e a aprendizagem de outros conteúdos de ensino, de outras
formas de sociabilidade cujos princípios radicam numa ideia de homogeneidade, sem
distinção sexual perante a instituição, são tomados como processos de degeneração da
qualidade que se procura imprimir no espaço local.
As crianças, sobretudo as raparigas, vivem num mundo dominado pelos ciclos e necessidades
domésticas. O trabalho e a educação familiar educam as crianças e preparam-nas para o
futuro. Mesmo se a escola fosse olhada como um educador no sentido lato da palavra, era
apenas uma das várias instituições de educação – e na realidade de modo algum a mais
importante.
31
Em alguns casos, ir à escola significa, de certa forma, adiar a entrada na vida adulta, incluindo
aspectos como contribuir mais completamente para a sobrevivência da família através do
trabalho. Quando a escola entra em conflito com os princípios mais fiáveis e impulsionadores
para a reprodução social, tais como o casamento e o nascimento dos filhos, ela é abandonada
(PALME, 1992).
Loforte (2007), acredita que a subtrai, económica e culturalmente, a criança do seu meio
social, uma vez que, durante o tempo lectivo, fica isenta de participar nas actividades
económicas da família, tais como a agricultura ou os cuidados da casa, tarefas que recaem
sobretudo nas meninas. Rapazes e raparigas são, desde pequenos, tratados de forma diferente,
pois os seus familiares empenham-se para que venham a assumir papéis diferentes.
Além disso, o autor afirma que as percepções sobre os papéis de género iniciam-se muito
cedo, mas as noções dominantes de masculinidade só mudam com o decorrer do tempo.
Comportamentos de risco podem ser evitados se se oferecerem a homens e mulheres modelos
alternativos de masculinidade que não sejam baseados em relações de poder desiguais. É
necessário uma transformação na redefinição das normas do género e introduzir a concepção e
a crença de que as formas dominantes de masculinidade podem ser mudadas e substituídas
por modelos mais equitativos, e posições de poder mais igualitárias de homens e mulheres no
seio das famílias e sociedades.
De acordo com Fórum da Mulher (2017), ao longo dos últimos cinco anos, o FM tem criado
consciência entre as suas organizações membros, trabalho que deve ser continuado e ampliado
para se obter um maior impacto. Muitos destes membros trabalham nas comunidades, onde
podem divulgar informação sobre a sexualidade humana e influenciar os comportamentos.
Será necessário desenvolver materiais e métodos inovadores para apoiar estas organizações
membros e os outros actores que trabalham directamente com as comunidades, independente
32
dos locais – urbano, suburbano ou rural, tentando conseguir mudanças nas práticas culturais
nocivas a sexualidade humana.
Por isso, o FM salienta algumas acções prioritárias, como é o caso de criar e divulgar métodos
eficazes para promover a transformação das atitudes que perpetuam as práticas culturais
nocivas às abordagens sobre a sexualidade humana, bem como desenvolver as capacidades de
monitorar e influenciar a implementação das acções que permitam uma comunidade ou a
sociedade no geral totalmente informada em matéria de sexualidade humana.
Em torno da sexualidade, FIGUEIRÓ (2006), traz algumas umas ideias de como ela é vista
por diferentes entidades, entre elas a religiosa (tradicional/liberadora), a médica, a pedagógica
e a política ou emancipatória.
A abordagem médica busca assegurar a saúde sexual do indivíduo assim como de todos que
estão a sua volta, dando ênfase à acção terapêutica e aos programas preventivos de saúde
pública FIGUEIRÓ (2006).
uma preocupação em resgatar o erotismo, ou seja, a busca pelo prazer e a visão positiva da
sexualidade, bem como as questões de género, em que os papéis sexuais têm seu enfoque
social, histórico e cultural.
Para os educadores, resta a tarefa de enfrentar junto dos estudantes o desafio de estimular a
discussão, superando o discurso permitido e trazendo para análise as causas determinantes do
modelo de sexualidade que temos. Na actualidade, dois temas ligados à questão sexual
surgem como fundamentais: o aparecimento da SIDA e a gravidez precoce. Ambas as
situações são indicativos daquela permissividade oficial que, se por um lado admite a
liberdade sexual, por outro não fornece as informações básicas necessárias nem estimula o
diálogo franco e aberto com os adolescentes e jovens.
As abordagens ligadas a sexualidade são de grande capital, uma vez que para FIGUEIRÓ
(2006), é direito do educando conhecer seu próprio corpo, bem como sobre a sexualidade,
compreendendo a importância desses conhecimentos para sua formação integral, para além de
que é importante compreender que a ES pode estar comprometida com diferentes concepções
filosóficas, metodológicas e pedagógicas, que implica a existência de várias abordagens.
programas de prevenção dos comportamentos sexuais de risco. Estudos apontam para que os
conhecimentos possam exercer influência sobre as atitudes dos sujeitos, podendo contribuir
para a diminuição de comportamentos de risco.
Por ser considerado um factor importante na alteração comportamental, NOTA (2015), diz
que o conhecimento sobre a abordagem sexual representa uma das variáveis mais estudadas
na literatura, para saber se jovens tiverem conhecimentos, motivação, atitudes positivas e
aptidões comportamentais para a adopção de comportamentos sexuais seguros poderão mais
facilmente alterar comportamentos.
A Organização Mundial da Saúde, através de seus peritos, divulgou o que considera como
direitos sexuais. Assim, são direitos de todas as pessoas, livres de coerção, discriminação e
violência, que consistem em (i) ter o mais alto nível de saúde sexual, incluindo o acesso aos
serviços de saúde reprodutiva e sexual; (ii) buscar, receber e compartilhar informações
relacionadas à sexualidade; (iii) receber ES; (iv) respeitar a integridade do corpo; (v) escolher
os parceiros; (vi) decidir ser ou não sexualmente activo; (vi) ter relações sexuais consensuais;
(vii) contrair união consensual; (viii) decidir se quer e quando quer ter filhos e (ix) lutar por
uma vida sexual satisfatória, segura e prazerosa (World Health Organization, 2015).
35
CAPÍTULO III
Para descrever e agregar os dados colhidos usamos as respostas dos inquéritos dirigidos aos
estudantes, de onde foi possível a criação de tabelas e gráficos que permitiram a comparação
dos resultados entre os inqueridos. É mediante o uso de tabelas e gráficos que soubemos qual
é o número de inquiridos, como ilustra a tabela 1: Sexo e idade dos estudantes, que
responderam desta ou daquela maneira uma determinada pergunta o que ajudou-nos a aferir o
grau de percepção e interpretação.
Do gráfico acima é possível constatar que 11.3% equivalente 9 inquiridos assumiram ter
dificuldades em falar da vida sexual dentro ou fora da UL, cerca de 37.5% na razão de 30
36
inquiridos afirmaram não ter nenhumas dificuldades e finalmente, pouco mais que a metade
(51.3%), isto é, 41 inquiridos afirmou que depende da pessoa com quem falam.
Ainda assim, é preciso entender que faz parte da nossa vida íntima desde a infância e, por
isso, é um tema difícil de ser falado e conversado geralmente, daí as dificuldades e a
selectividade das pessoas com as quais podemos falar. A sociedade evita o assunto por medo,
por constrangimento e por vergonha. Ainda hoje, as pessoas não sabem lidar de forma serena
com o tema. A sexualidade está cercada de mitos (ideias sem fundamento científico e algumas
falsas) e crenças, muitas vezes, ligados a preconceitos. Estes dados mostram que o tema
sexualidade nunca foi encarado de peito aberto, por isso, ficaria ainda mais difícil se ele fosse
abordado e partilhado com pessoas que nunca foram tão próximas umas para com as outras.
37
80.0%
71.4%
70.0%
58.8%
60.0%
50.00% 50.00% 48.1%
50.0%
40.0% 38.0%
35.3%
28.6%
30.0%
20.0% 13.8%
10.0% 5.9%
0.0% 0.00%
0.0%
Não tenho dificuldades Tenho dificuldades Depende da pessoa com
quem falo
Se por muito tempo acreditou-se que a timidez em abordar assuntos relacionados com a
sexualidade humana estava ligada às pessoas que vivem ou são oriundas das zonas rurais, os
dados do gráfico 2 que versam sobre as dificuldades em falar da vida sexual dentro ou fora da
UL consoante o local de origem dentro da província, nos apresentam uma outra realidade em
volta do que vínhamos acreditando ao longo dos anos, como ilustra a tabela 2 (vide apêndice).
É notório que as pessoas que vivem nas zonas urbanas ou oriundas destas zonas têm mais
problemas em falar da sexualidade quando comparadas com as do campo e subúrbio, uma vez
que dos 100% residentes ou oriundas das zonas urbanas, equivalentes a 54, 7 deles
equivalente a 13% têm dificuldades em falar da vida sexual dentro ou fora da UL, no subúrbio
ninguém tem dificuldades e no campo apenas uma (1) pessoa na razão de 5.9% de todos os
provenientes deste local tem dificuldades. Estas constatações não deixam de ser preocupantes,
visto que a urbe é o local onde acredita-se que existem mais pessoas formadas e informadas
relativamente a outras zonas.
Observa-se ainda que nos subúrbios e no campo, as pessoas vêm ganhando coragem de falar
da sexualidade humana, desafiando um pouco as literaturas bem como conhecimentos do
senso comum que indicam que a zona urbana é aquela que supostamente é mais formada e
informada. A realidade que se visnumbra nos subúrbios e no campo pode ser sustentada talvés
38
por dois factores, i) há que cogitar que a formação e a informação estão cada vez mais
abrangentes e os jovens têm buscado mais informações sobre sexualidade, e ii) pode estar
aliada à prática dos ritos de iniciação a que os jovens estão submetidos, visto que fala-se e
trata-se da sexualidade e isto pode preparar os jovens rurais tão cedo comparativamente aos
urbanos.
Gráfico 3: Principais fontes culturais que servem de consulta sobre a sexualidade humana.
45.0%
41.8%
40.0%
35.0%
30.0%
25.0%
22.8%
20.0%
17.7%
15.0%
10.0%
5.1% 7.6%
5.0% 1.3% 2.5%
0.0% 1.3%
Livros Internet Hospital Igreja Jornais/ Televisão Escola Outro
revistas
Neste item, foi necessário analisar a questão referente a principal fonte cultural de consulta
sobre a sexualidade, de onde obteve-se o gráfico 3.
Os dados até então analisados mostram que os inquiridos têm um conhecimento a proporções
aceitáveis e também o buscam sobretudo de uma maneira independente, posicionando
sequencialmente a internet como a principal fonte de consulta com cerca de 41.8%
correspondentes a 33 inquiridos, seguida dos livros e o hospital no segundo e terceiro lugares
respectivamente com um percentual de 22,8% equivalente a 18 e 17,7% correspondente a 14.
A escola ocupa a penúltima posição com 2 inquiridos que se identificam com a escola como a
sua principal fonte cultural que serve de consulta sobre a sexualidade humana, na razão de
2,5%.
Se de acordo com BORGES et al. (2011), pessoas têm ganhado medo ou receio em falar da
sexualidade dado que, não é algo simples, como se referir só a sexo, mas envolve a pessoas,
relações, sentimentos, desejos, cuidados, saúde, enfim, à vida, para FOUCAULT (2012),
mesmo que ainda esteja repleta de medo, a sexualidade é um assunto que desperta
39
sentimentos diversos como curiosidade e fantasias, as quais muitas das vezes são dissipadas
por grande número de informações com fácil acesso e rapidez, nos novos espaços de
educação, como a mídia, em especial a internet e a televisão que tornaram-se poderosos meios
de educação.
Nesse contexto, a telemídia tem especial papel dentro da sociedade, uma vez que chegam
diariamente para muitas pessoas, independentemente da situação financeira, mensagens e
informações sobre o que se deve comer, vestir, usar, comprar e pensar, ou seja, o que se deve
consumir. Já é senso comum considerar que a televisão e a internet, constituem veículos de
comunicação em massa, é são meios de expressão que possuem maior influência na
população.
É evidente que a educação formal vem perdendo o seu lugar para a informal na medida em
que o indicador internet ainda é o mais preferido em detrimento do hospital e da escola,
instituição provedora do conhecimento certificado cientificamente para poder se informar das
coisas, aliás pelo contrário, parece que a escola não tem dado uma representatividade tal,
apesar dos estudos feitos por SOLDATELLI (2006), apontarem para a disciplina de Biologia
como a mais indicada para tratar sobre a sexualidade. Em virtude disto, no nosso caso, curso
de Licenciatura em Ensino de Biologia encontramos conteúdos relacionados com a
sexualidade, como: sexo, reprodução e desenvolvimento, fecundação, entre outros, que
poderiam constituir um grande alicerce em matérias de sexualidade, que quando
desenvolvidos os conteúdos, quer se acreditar que desenvolveriam competências, habilidades
e interesse nos estudantes por temas que afectam a sua própria vida, bem como descrever a
estrutura dos órgãos reprodutores masculino e femininos na espécie humana; analisar
informações acerca de temas como gravidez desejada e indesejada, doenças sexualmente
transmissíveis, formas de contágio pelo HIV, métodos contraceptivos e, por fim, valorizar o
autocuidado com a saúde.
Estes dados vão ao encontro da literatura e contribuem para reforçar a importância de difundir
por parte das escolas os saberes em torno da sexualidade humana, de modo a identificar
características, necessidades e factores ligados ao risco e à protecção, para definir áreas de
intervenção de acordo com as especificidades culturais desses grupos (MATOS, at al., 2013).
As convicções que os inquiridos tiram da internet tendem a influenciar muito nas escolhas dos
métodos anticonceptivos que se identificam com eles e pode influir no comportamento da sua
40
vida sexual, como mostram os dados apresentados na tabela 5 que consta dos apêndices que
faz menção as relações sexuais e os métodos anticonceptivos usados com mais frequência.
Os conhecimentos que buscam nas principais fontes culturais que lhes servem de consulta
sobre a sexualidade humana proporcionam, sem dúvida, mais informação e conhecimento
sobre a sexualidade porém, requer maior atenção dos programas de ES nas escolas.
Considerando os dados da tabela 4, onde os inquiridos apontam que devia ser entre 15 a 19
anos de idades que as raparigas e os rapazes deviam iniciar as relações sexuais, como deram a
entender os 63.8% dos inquiridos, há que referir que muitos provavelmente responderam por
experiência própria, entretanto, nesta fase, os jovens tendem a ser mais vulneráveis a
comportamentos sexuais de risco.
Com isto, é colocado em questão o objectivo principal da Geração Biz, que consiste em
promover um comportamento sexual responsável que pode ser traduzido no retardamento do
início da actividade sexual activa ou na adopção de sexo seguro, utilizando métodos
anticonceptivos de forma consistente.
Pelas respostas dadas pelos inquiridos, parece que o programa da Geração Biz, as associações
juvenis e Serviços Amigos dos Adolescentes e Jovens (SAAJ) não têm atingido um número
significativo de jovens dentro da escola e fora dela. Como afirma IRVIN (2000), a
abrangência de jovens dentro bem como fora da escola é uma necessidade, geralmente, parte
desta população é de difícil acesso, mais vulnerável e exposta a riscos, menos aberta a receber
mensagens.
41
20 19
18
18
16 Tenho
14
12
10 Não tenho
8 7
6 6
6 5
4 Depende
4 3 da pessoa
2 2 2
2 1 1 1 11 1 com quem
00 0 0 0 0 0 falo
0
Ndau Sena Ronga Echuabo Elómué MakondeEmakwa Outra
O estudo contou com as seguintes etnias: Ndau, Sena, Ronga, Echuabo, Elómué, Makonde,
Emakwa e umas outras não identificadas com especificidade. Na sequência, de todas as
etnias, a dos machuabos (Echuabo) encontrava-se com maior representatividade – 43
(53.75%), seguida pela etnia dos Elómué – 12 (15%), os senas – 8 (10%) e outras etnias não
especificadas no estudo ocupam o terceiro lugar – 8 (10%), seguidas pelos Emakwas – 3
(3.75%), e Rongas na posição quatro – 3 (3.75%) e finalmente os Makondes e Ndau
posicionam-se no quinto e sexto lugar com 2 (2.5%) e 1 (1.25%) inquiridos respectivamente
(como ilustra o gráfico 4).
Num cômputo geral, todas as etnias sofrem “algumas dificuldades”, embora umas mais e
outras menos. As suas abordagens em volta da sexualidade dentro assim como fora da UL
tendem a ser influenciadas por pessoas. Apesar do indicador “Não tenho” contar com cerca
de 37.5% na razão de 30 inquiridos, os indicadores “Tenho – 11.3% na razão de 9 e Depende
da pessoa com que falo – 51.3% equivalente a 41 inquiridos” acabam sufocando e colocando
em desvantagem o indicador “Não tenho”.
Não são todas as etnias que têm dificuldades, dado que a etnia Ndau, Ronga, Makonde e
outras não bem identificadas no estudo, não têm nenhumas dificuldades em falar da vida
sexual dentro e fora da UL porém, notamos que no rol das dificuldades étnicas para se
expressarem da sexualidade está em primeiro lugar a etnia Sena, onde 2 dos 8, equivalente a
25%, seguida da etnia Echuabo, onde 6 dos 43, equivalentes a 14% e na terceira posição a
etnia Elómué, onde 1 dos 12, equivalente a uma percentagem de 8.3, têm dificuldades em
falar da vida sexual dentro e fora da UL.
Assim como alguns dos discursos são dominantes, autorizados e sancionados, enquanto outros
são desqualificados, ainda que este não possa ser o caso que se aplique neste estudo, as três
etnias onde não se fala da vida sexual abertamente, são por sinal as mais representativas no
estudo (Echuabo, Elómué e Sena). Sendo estas etnias com maior representatividade e com
dificuldades de expressão aberta em matéria da sexualidade, é “normal” que as outras etnias
sejam influenciadas não apenas pela quantidade, visto que são a minoria, mas também a
localização geográfica a que se encontram, isto é, na terra dos Echuabo, possam se sentir
limitados provavelmente por duas razões, primeira, uma vez que os nativos não se expressão à
vontade, e segunda, não se sabe se culturalmente é ou não ético falar da sexualidade em
qualquer lugar.
A mídia exerce um papel preponderante na informação das pessoas, tanto que algumas dessas
pessoas não têm mais dificuldades em falar da vida sexual dentro e fora da UL.
Semanticamente, mídia quer dizer meios de comunicação de massa, ou seja, qualquer veículo
que leve informação a um grande número de pessoas, destacando a rádio, TV, jornal e revista,
mais, as propagandas, as folhinhas com fotos eróticas que ficam penduradas em diversos
lugares.
Isto não significa que as pessoas acabam subscrevendo outros discursos, modos de se
comportar da maioria. A natureza da ideologia dominante que, na verdade, representa a
imposição de uns grupos sobre outros, talvez faz com que nunca se consiga que as outras
43
etnias sobressaiam sem contradições, apresentando rompimentos que podem ser expostos
pelos discursos dos excluídos.
14 Parceiro(a)
13
12 Pai
12 Mãe
11
Tio
10 Tia
Avó(ô)
8 Irmão
7
6 Irmã
6 Amigo
5 5
Amiga
4
4 Colega(h)
33
Colega(m)
2 2
2 Médico
1 1 1 1 1 11
Médica
0 00 000 0 0 0 0 0 Outro
0
Masculino Feminino
Ao analisar os dados plasmados na tabela 7, que constam dos apêndices, referentes à língua
materna e as pessoas que lhes esclarecem em matérias de vida sexual e reprodutiva, é
constatável que diante das seguintes pessoas esclarecedoras em matérias de vida sexual e
reprodutiva: parceiro(a), pai, mãe, tio, tia, avós, irmão, irmã, amigo, amiga, professores,
colegas, médico, médica e outros, há uma grande confiança depositada em primeiro lugar
nos(as) amigos(as) com um total de 20 equivalente a 25%, seguida das mães com um total de
19 inquiridos representando uma percentagem de 23.75, e em terceiro lugar estão os
parceiros(as) com um total de 16 inquiridos equivamentes a 20%, como evidencia o gráfico 5.
os masculinos os mais fechados, dado que depositam a sua confiança em primeiro lugar nas
suas parceiras e seguidamente em amigos, enquanto nisso, as raparigas em seu turno, sentem-
se confiantes nas mães e nas amigas.
Indo mais além, destacando a abordagem étnica, percebe-se ainda que os amigos, as amigas,
as mães, os parceiros e as parceiras continuam a influenciar em grande medida nos
esclarecimentos em matérias de vida sexual e reprodutiva (tabela 7). A falta da figura do pai
neste processo de ES ou participação na vida sexual dos filhos possa talvez estar relacionada
com o que é sustentado pelo MATOS, at al., (2013).
A literatura da área indica que as pessoas se abrem mais com quem mais afinidade,
proximidade e disponibilidade tem, no caso do sexo feminino, no seio familiar, as mães é que
estão mais disponíveis e são as que mais conversam com as filhas sobre a sexualidade, e de
seguida são as amigas e os parceiros, que dão para realmente desabafar, pedir conselhos ou
ajuda, sem o medo de ser ridicularizado.
No sexo masculino a tendência é quase a mesma, porém no lugar da mãe, colocam os amigos,
em seguida as parceiras, e as mães estão em terceira instância. Torna fácil para eles confiar
mais nas parceiras e amigos para se abrirem e pedir conselhos. Aliás, elas são muito bem
resolvidas entre si. Na sequência, FOUCAULT (2012), diz que, ainda que em poucos casos,
hajam amigos zoando os outros, existem aqueles que se revelam prudentemente amigos para
todos os efeitos, apoiando na fraqueza ou desespero de um amigo.
Não há dúvida de que, jovens falam mais sobre sexo com pessoas de fora. Contudo, as
conversas transitam apenas na superficialidade, não há esclarecimento sobre a necessidade de
alguns cuidados antes da iniciação sexual e do conhecimento adequado dos métodos
contraceptivos. Os amigos frequentemente também são procurados, mas as conversas
começam interessantes e posteriormente acabam na vulgarização, deixando sérias dúvidas
sobre a validade do conteúdo e a seriedade do diálogo.
comunicação com os filhos sobre ES, já que estes podem ter um papel importante junto dos
rapazes.
Foi respondendo a este desafio que, em Moçambique, foi criado o Programa de Geração Biz
(PGB), um programa sensível ao género, que tem como foco a saúde sexual e reprodutiva,
incluindo a prevenção do HIV/SIDA. É um programa nacional e multissectorial, liderado
pelos Ministérios da Educação e Cultura, Juventude e Desportos e Saúde. Ele providencia
informação e serviços nas escolas, comunidades, nos SAAJ e nas unidades sanitárias.
46
Gráfico 6: Interlocutores que se abrem mais com os inquiridos para falarem da vida sexual e
reprodutiva.
18 17 Parceiro(a)
16 Pai
Mãe
14 Tio
Tia
12
Avó(ô)
10
10 9 Irmão
Irmã
8 7 7 Amigo
Amiga
6 5 Colega(h)
4 3 Colega(m)
2 22 22 2 Médico
2 11 11 11 1 11 Médica
00 00 0 0 0 0 Outro
0
Masculino Feminino
Do cruzamento dos dados da Tabela 8: Interlocutores que se abrem mais com os inquiridos
para falarem da vida sexual e reprodutiva consoante o género, foi possível constatar que o
nível de confiança tem variado consoante o género, dado que os masculinos não têm muitos
problemas em se abrir com as parceiras e amigos ao passo que o género feminino é mais
aberto às amigas, em seguida aos parceiros e com as mães, como nos ilustra o gráfico 6.
Ao observar os dados do gráfico 5 bem como os da tabela 8, é visível que diante dos seguintes
interlocutores: parceiro(a), pai, mãe, tio, tia, avós, irmão, irmã, amigo, amiga, professores,
colegas, médico, médica e outros, há tendência de se abrir mais para falar da vida sexual e
reprodutiva aos parceiros (as) em primeiro lugar, em segundo os amigos (as) e as mães.
Os dados evidenciam que no género masculino, cerca de 42.5% (17) preferem interagir com
as parceiras, 25.5% (10) colocam as suas preferências nos amigos, cabendo a percentagem de
apenas 2.5% (1) na razão de uma pessoa que prefere interagir com a equipa médica, que seria
bem viável para estes assuntos. Por seu turno, o género feminino prefere mais as amigas
(22.5%, que corresponde a 9 inquiridos), 17.5%, equivalente a 7 optam pelos parceiros e as
mães, ainda dentro da família, este género prefere interagir com as irmãs que ocupam 12.5%
47
equivalente a 5. Relativamente aos dois géneros, o feminino é que mais deposita confiança no
médico em relação ao masculino.
Assim, uma outra pesquisa desenvolvida com adolescentes e jovens fora da escola indicia
mudanças nas atitudes, pois indica que a informação sobre a sexualidade é hoje obtida junto
dos amigos, pois na óptica de FOUCAULT (2007), conversar sobre o sexo com pessoas
idosas ou simplesmente mais velhas é considerado falta de respeito. Como estes sistemas de
comunicação são regulados, eles reflectem primeiramente o grau em que a individualidade e a
autonomia de cada membro são toleradas no sistema familiar. Quando as fronteiras são
estreitas, as estratégias observadas no sistema limitam a expressão da autonomia.
Considerando que a educação sexual em meio escolar tem evidenciado um impacto positivo
ao nível dos conhecimentos, atitudes e comportamentos sexuais de protecção dos estudantes
como destaca NOTA (2015), torna-se cada vez mais necessário proceder a uma avaliação de
diagnóstico dos conhecimentos que os estudantes possuem, para o planeamento de
intervenções capazes de promover a adopção e manutenção de comportamentos preventivos).
Embora haja facilidade em aceder à informação sobre sexualidade por meio de fontes diversas
(como os amigos, os media e a Internet), nem sempre esta informação é a mais correcta,
actual e completa. Segundo estudos portugueses, realizados no âmbito dos comportamentos
sexuais, existem lacunas no conhecimento dos adolescentes e jovens estudantes em relação a
48
aspectos preventivos (Matos, Ramiro, Reis, & Equipa Aventura Social, 2013). Nesta óptica, o
papel da família (com destaque para os pais), professores e dos médicos seria de grande valia.
6 5
4 3
2 2
2
0
0
s s
ade ade falo
d d e
icul ic ul qu
f if m
di d co
ho nh
o
so
a
ten T e es
ão a p
N
ded
en
ep
D
Informações seguras sobre a sexualidade têm sido partilhadas em diferentes locais ou canais
de informação, que de certa forma têm contribuído muito para a consciencialização de
massas. Para se comparar o grau de domínio de conhecimentos gerais sobre a sexualidade
entre os estudantes das quatro turmas pesquisadas recorreu-se a questão que procurava saber
se os inquiridos têm algumas dificuldades em falar da vida sexual dentro ou fora da UL, como
ilustra o gráfico 7.
Este aspecto contribui para reforçar a necessidade da ES começar cedo. Os adolescentes com
mais anos de ES na escola são os que não revelam dificuldades e a sua abertura em tratar esta
matéria não é influenciada por pessoas, isto é, estarão em altura de falar sexualidade dentro
assim como fora da instituição de ensino. São os mais letrados que “têm mais experiência e
anos de ES”, que por sinal não relataram nenhumas dificuldades em falar da sexualidade
dentro ou fora da UL.
Diante destes dados, pode-se afirmar que o convívio familiar tem sido o responsável por parte
de algumas dificuldades que os estudantes têm demonstrado na fraca discussão da sexualidade
humana entre eles, uma vez que os estudantes do 1º ano são os que se mostram mais tímidos,
medrosas em falar da sexualidade, apesar do receio, como mostra o indicar “Depende da
pessoa com quem falo” que se divide em iguais proporções nos estudantes do 1º e 2º ano, e
vai diminuindo nos 3º e 4º ano respectivamente. Nisso apontam FARIH, KHAN, FREETH E
MEADS (2014) que a ausência de conhecimentos nesta área pode ter implicações negativas
na tomada de decisão e na realização de escolhas pouco informadas, correctas e seguras em
termos de saúde sexual e reprodutiva.
Embora o conhecimento por si só não garanta a modificação dos comportamentos, este pode
ser considerado um pré-requisito fundamental nos programas de prevenção dos
comportamentos sexuais de risco.
Mediante um estudo de campo, onde temos as hipóteses como a base da verificação dos
resultados, as mesmas podem assumir posições de válidas assim como não, isto depende dos
dados colectados no terreno. Assim sendo, com finalidade de se chegar ao resultado, os dados
foram analisados e discutidos para poder se comprovar ou refutar as hipóteses. Para uma
verificação de forma compreensível e exaustiva, trabalhou-se com as hipóteses (as nulas e as
alternativas).
Tomando como base os dados qualitativos nominais de acordo com a sua classificação no
pacote SPSS e querendo medir ou avaliar a dependência ou não delas, partimos para análise
das primeiras duas hipóteses, isto é, a nula e a alternativa, com o recurso ao qui-quadrado do
pacote estatístico informático SPSS.
50
Para a verificação das hipóteses, iniciou-se com a Hipótese 1 que diz que a fraca discussão da
sexualidade humana deve-se ou não ao fraco domínio dessa matéria pelos estudantes do Curso
de Licenciatura em Ensino de Biologia na Universidade Licungo – Sede.
Para fazer as devidas correcções necessárias do alfa trabalhou-se com as linhas e colunas dos
indicadores (3*7=0,05/21), proporcionando o seguinte valor real de alfa 0.00238. Abaixo
deste valor rejeita-se a hipótese nula, do contrário não. De igual modo foram corrigidos os
resíduos ajustados que permitiram a comparação com o alfa que definiria qual das hipóteses é
válida (Tabela 10: Cálculo do valor de p, nos apêndices). Analisando os valores da tabela, é
notório em todos os casos que os valores de p são maiores que o alfa, isto é p>0,00208. Deste
modo é validada a hipótese nula, que diz que a fraca discussão da sexualidade humana entre
estudantes do Curso de Licenciatura em Ensino de Biologia na Universidade Licungo – Sede
não se deve ao fraco domínio dessa matéria.
De igual modo foi dado o mesmo tratamento para a Hipótese 2 que dizia que a fraca discussão
da sexualidade humana entre estudantes do Curso de Licenciatura em Ensino de Biologia na
Universidade Licungo – Sede é ou não influenciada pela sua origem étnica.
Para fazer as correcções do valor de alfa trabalhou-se com as linhas e colunas dos indicadores
(3*8=0,05/24), proporcionando o seguinte valor real de alfa 0.00208. Abaixo deste valor
vamos rejeitar a hipótese nula, do contrário não. De igual modo foram corrigidos os resíduos
51
ajustados que permitiram a comparação com o alfa que definiria qual das hipóteses é válida
(Tabela 11: Cálculo do valor de p). Nisto, analisando os valores da tabela, é notório que em
todos os casos que p>0,00208. Ficando validada deste modo a hipótese nula, isto é, a fraca
discussão da sexualidade humana entre estudantes do Curso de Licenciatura em Ensino de
Biologia na Universidade Licungo – Sede não é influenciada pela sua origem étnica.
52
3.3. Conclusões
3.4. Sugestões
Dadas as constatações patentes nas notas conclusivas, é chegada a altura de tecer algumas
considerações sugestivas em relação aos factores que contribuem para a fraca discussão da
sexualidade humana por parte dos estudantes, em torno, importa:
53
DIAS, H. N.; SANTOS, et al.. Manual de Práticas Pedagógicas, 2ª Ed, Maputo, Editora
Educar, 2010.
FARIH, M., KHAN, K., FREETH, D., & MEADS, C. (2014). Protocol study: Sexual and
reproductive health knowledge, information-seeking behaviour and attitudes among Saudi
women: A questionnaire survey of university students. Reproductive Health, 11(34). 2014.
FOUCAULT, M.. História da Sexualidade. Oeiras: Celta Editores. Geração BIZ, Maputo.
2007.
55
FREUD, S.. Três ensaios sobre a teoria da sexualidade. In: Obras psicológicas completa:
Edições standard Brasileira. Vol VII. Rio de Janeiro: Imago, 1996.
FURLANI, J.. Mitos e Tabus da Sexualidade Humana. 3ª Ed., 1 reimp. Belo Horizonte:
Autentica, 2009.
IRVIN, A.. Taking Steps of Courage: Teaching Adolescents About Sexuality and Gender in
Nigeria and Cameroun. New York: International Women’s Health Coalition. 2000.
LAVE, J.; WENGER, E.. Situated learning. Legitimate peripheral participation. Cambridge:
Cambridge University Press. 1991.
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portugueses: Relatório do estudo online sobre sexualidade nos jovens (Online Study of
Young People's Sexuality (OSYS) - Dados de 2011). Lisboa: Centro de Malária e Outras
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NOTA, J. M.. Algumas dificuldades práticas no trabalho com a sexualidade humana em sala
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ROSALDO, M.; LAMPHÈRE, L. (ed.). Woman, Culture and Society. Stanford: Stanford
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RUBIN, G.. Reflexionando Sobre el Sexo: Notas para una teoria radical de la sexualidad.
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Conversando sobre sexo. Petrópolis, RJ: Vozes, 1983.
World Health Organization. Sexual health, human rights and the law. 2015.
57
Apêndices
58
Universidade Licungo
Curso de Licenciatura em Ensino de Biologia
Apêndice – guião de inquérito dirigido aos estudantes do curso de Licenciatura em
Ensino de Biologia
Prezado(a) estudante!
A presente pesquisa é de carácter académico e enquadra-se no âmbito dos requisitos exigidos
para a obtenção do grau de Licenciatura em Ensino de Biologia pela UL. Pretende-se com a
mesma, analisar os factores que contribuem para a fraca discussão da sexualidade humana
entre estudantes do Curso de Licenciatura em Ensino de Biologia na Universidade Licungo –
Sede. Salienta-se que não precisa identificar-se pelo nome e que as suas respostas terão um
carácter confidencial. A sua honestidade e sinceridade nas respostas são de grande
importância! Agradecemos antecipadamente a sua colaboração.
Orientação para o preenchimento do Inquérito.
Para cada questão marque com X o espaço [ ] da alternativa escolhida. Caso haja engano,
coloque a alternativa dentro de uma circunferência e marque a nova opção. Pedimos que
usasse uma esferográfica de tinta azul ou preta.
1.Idade
14 a 25 anos[ ] 26 a 35 anos[ ] 36 a 45 anos[ ]
46 a 55 anos[ ] 56 ou mais[ ]
2.Sexo
Masculino[ ] Feminino[ ] Bissexual[ ] Outro sexo[ ]
3.Estado civil
Solteiro(a) [ ] Casado(a)[ ] Divorciado(a)[ ] Viúvo(a) [ ]
9.Com qual dos interlocutores te abririas mais para falar da vida sexual e reprodutiva?
Parceiro(a) [ ] Pai [ ] Mãe [ ] Tio [ ]
Tia [ ] Avô (h) [ ] Avó (m) [ ] Irmão [ ]
Irmã [ ] Amigo [ ] Amiga [ ] Professor [ ]
Professora [ ] Colega (h) [ ] Colega (m) [ ] Médico [ ]
Médica [ ] Outro [ ]
10.Qual tem sido a tua principal fonte cultural de consulta sobre a sexualidade?
Livros [ ] Internet [ ] Hospital [ ] Igreja [ ]
Jornais/revistas [ ] Rádio [ ] Televisão [ ] Escola [ ]
Outra [ ]
12.Caso conheças todos ou alguns, diga quais dos métodos anticonceptivos tens usado
com mais frequência.
12.1. (Só para os rapazes)
Preservativo masculino [ ] Coito interrompido [ ] Abstinência [ ]
Nenhum dos métodos [ ] Outro [ ]
12.2. (Só para as raparigas)
Preservativo feminino [ ] Pílulas [ ] Abstinência [ ]
Coito interrompido [ ] Implante [ ] Diafragma [ ]
Espiral [ ] Nenhum dos métodos [ ] Outro [ ]
13.Com que idades achas que as raparigas e os rapazes deviam iniciar as relações
sexuais?
Entre 10 a 14 anos [ ] Entre 15 a 19 anos [ ]
Entre 20 a 24 anos [ ] De 25 anos em diante [ ]
17.Classifique o gosto que terias de praticar o amor com individuo do mesmo sexo.
Totalmente nenhum [ ] Algum [ ]Totalmente gostoso [ ]
Tabela 2: Dificuldades em falar da vida sexual dentro ou fora da UL consoante o local de origem dentro da província
Local de origem dentro da província
Zona urbana Subúrbio Campo Outro Total
Contagem 7 0 1 1 9
vida sexual dentro ou fora
Tenho
Dificuldades em falar da
% em Dificuldades em falar da vida sexual dentro ou fora da UL 77.8% 0.0% 11.1% 11.1% 100.0%
% em Local de origem dentro da província 13.0% 0.0% 5.9% 50.0% 11.3%
Contagem 21 2 6 1 30
da UL
tenho
Não
% em Dificuldades em falar da vida sexual dentro ou fora da UL 70.0% 6.7% 20.0% 3.3% 100.0%
% em Local de origem dentro da província 38.9% 28.6% 35.3% 50.0% 37.5%
Contagem 26 5 10 0 41
da pessoa
Depende
quem
com
falo
% em Dificuldades em falar da vida sexual dentro ou fora da UL 63.4% 12.2% 24.4% 0.0% 100.0%
% em Local de origem dentro da província 48.1% 71.4% 58.8% 0.0% 51.3%
Total Contagem 54 7 17 2 80
% em Dificuldades em falar da vida sexual dentro ou fora da UL 67.5% 8.8% 21.3% 2.5% 100.0%
% em Local de origem dentro da província 100.0% 100.0% 100.0% 100.0% 100.0%
Fonte: Autora, (2019).
61
Tabela 3: Dificuldades em falar da vida sexual dentro ou fora da UL consoante a idade dos alunos
Idade dos alunos
14 a 25 anos 26 a 35 anos 36 a 45 anos 46 a 55 anos Total
Contagem 7 2 0 0 9
Dificuldades em falar da vida sexual
Entre 20 a Entre 15 a
deviam iniciar as relações sexuais
19 anos
% em Idades que as raparigas e os rapazes deviam
80.4% 13.7% 3.9% 2.0% 100.0%
iniciar as relações sexuais
% em Idade dos alunos 63.1% 58.3% 100.0% 100.0% 63.8%
Contagem 18 4 0 0 22
24 anos
sexuais
% em Métodos
anticonceptivos usados 100.0% 100.0% 100.0% 100.0% 100.0% 45.5% 66.7% 91.3%
Já tiveste relações sexuais
% em Já tiveste relações
0.0% 0.0% 0.0% 0.0% 0.0% 66.7% 33.3% 100.0%
sexuais
% em Métodos
anticonceptivos usados 0.0% 0.0% 0.0% 0.0% 0.0% 18.2% 33.3% 3.8%
com mais frequência
Contagem 48 7 2 3 6 11 3 80
% em Já tiveste relações
60.0% 8.8% 2.5% 3.8% 7.5% 13.8% 3.8% 100.0%
sexuais
Total
% em Métodos
anticonceptivos usados 100.0% 100.0% 100.0% 100.0% 100.0% 100.0% 100.0% 100.0%
com mais frequência
Fonte: Autora, (2019).
64
% em Dificuldades em
Tenho
falar da vida sexual dentro 0.0% 22.2% 0.0% 66.7% 11.1% 0.0% 0.0% 0.0% 100.0%
ou fora da UL
% em Língua materna 0.0% 25.0% 0.0% 14.0% 8.3% 0.0% 0.0% 0.0% 11.3%
Resíduos ajustados -.4 1.3 -.6 .8 -.3 -.5 -.6 -1.1
Contagem 0 0 2 19 4 1 1 3 30
Contagem Esperada .4 3.0 1.1 16.1 4.5 .8 1.1 3.0 30.0
Não tenho
% em Dificuldades em
falar da vida sexual dentro 0.0% 0.0% 6.7% 63.3% 13.3% 3.3% 3.3% 10.0% 100.0%
ou fora da UL
% em Língua materna 0.0% 0.0% 66.7% 44.2% 33.3% 50.0% 33.3% 37.5% 37.5%
Resíduos ajustados -.8 -2.3 1.1 1.3 -.3 .4 -.2 .0
Contagem 1 6 1 18 7 1 2 5 41
Depende da pessoa
Contagem Esperada .5 4.1 1.5 22.0 6.2 1.0 1.5 4.1 41.0
com quem falo
% em Dificuldades em
falar da vida sexual dentro 2.4% 14.6% 2.4% 43.9% 17.1% 2.4% 4.9% 12.2% 100.0%
ou fora da UL
% em Língua materna 100.0% 75.0% 33.3% 41.9% 58.3% 50.0% 66.7% 62.5% 51.3%
Resíduos ajustados 1.0 1.4 -.6 -1.8 .5 .0 .5 .7
Contagem 1 8 3 43 12 2 3 8 80
Contagem Esperada 1.0 8.0 3.0 43.0 12.0 2.0 3.0 8.0 80.0
Total % em Dificuldades em
falar da vida sexual dentro 1.3% 10.0% 3.8% 53.8% 15.0% 2.5% 3.8% 10.0% 100.0%
ou fora da UL
% em Língua materna 100.0% 100.0% 100.0% 100.0% 100.0% 100.0% 100.0% 100.0% 100.0%
Fonte: Autora, (2019).
65
Tabela 7: Língua materna e as pessoas que lhe esclarece em matérias de vida sexual e reprodutiva
Parceiro(a) Pai Mãe Tio(a) Avô(ó) Irmão(ã) Amigo(a) Prof.(a) Colega Médico(a) Outro Total
Contagem 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 1
% em Língua materna 0.0% 0.0% 0.0% 0.0% 0.0% 0.0% 100.0% 0.0% 0.0% 0.0% 0.0% 100.0%
Ndau
esclarece em matérias de 12.5% 0.0% 11.8% 33.3% 100.0% 0.0% 10.0% 0.0% 0.0% 0.0% 0.0% 10.0%
vida sexual e reprodutiva
Contagem 1 0 0 0 0 0 1 0 0 0 1 3
% em Língua materna
Ronga
33.3% 0.0% 0.0% 0.0% 0.0% 0.0% 33.3% 0.0% 0.0% 0.0% 33.3% 100.0%
% em Pessoa que lhe
esclarece em matérias de 6.3% 0.0% 0.0% 0.0% 0.0% 0.0% 5.0% 0.0% 0.0% 0.0% 11.1% 3.8%
vida sexual e reprodutiva
Contagem 7 1 8 2 0 4 10 0 1 4 6 43
Echuabo
% em Língua materna 16.3% 2.3% 18.6% 4.7% 0.0% 9.3% 23.3% 0.0% 2.3% 9.3% 14.0% 100.0%
% em Pessoa que lhe 43.8% 50.0% 47.1% 66.7% 0.0% 80.0% 50.0% 0.0% 100.0% 80.0% 66.7% 53.8%
esclarece em matérias de
vida sexual e reprodutiva
66
Contagem 2 1 2 0 0 1 5 0 0 1 0 12
% em Língua materna
Elómué
16.7% 8.3% 16.7% 0.0% 0.0% 8.3% 41.7% 0.0% 0.0% 8.3% 0.0% 100.0%
% em Pessoa que lhe
esclarece em matérias de 12.5% 50.0% 11.8% 0.0% 0.0% 20.0% 25.0% 0.0% 0.0% 20.0% 0.0% 15.0%
vida sexual e reprodutiva
Contagem 0 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 2
Makonde
% em Língua materna 0.0% 0.0% 100.0% 0.0% 0.0% 0.0% 0.0% 0.0% 0.0% 0.0% 0.0% 100.0%
% em Pessoa que lhe
esclarece em matérias de 0.0% 0.0% 11.8% 0.0% 0.0% 0.0% 0.0% 0.0% 0.0% 0.0% 0.0% 2.5%
vida sexual e reprodutiva
Contagem 1 0 1 0 0 0 0 0 0 0 1 3
Emakwa
% em Língua materna 33.3% 0.0% 33.3% 0.0% 0.0% 0.0% 0.0% 0.0% 0.0% 0.0% 33.3% 100.0%
% em Pessoa que lhe
esclarece em matérias de 6.3% 0.0% 5.9% 0.0% 0.0% 0.0% 0.0% 0.0% 0.0% 0.0% 11.1% 3.8%
vida sexual e reprodutiva
Contagem 3 0 2 0 0 0 1 1 0 0 1 8
% em Língua materna 37.5% 0.0% 25.0% 0.0% 0.0% 0.0% 12.5% 12.5% 0.0% 0.0% 12.5% 100.0%
Outra
Tabela 8: Interlocutores que se abrem mais com os inquiridos para falarem da vida sexual e reprodutiva consoante o género
Interlocutores que se abrem mais com os inquiridos para falarem da vida sexual e reprodutiva
Parceiro(a) Pai Mãe Tio(a) Avô(ó) Irmão(ã) Amigo(a) Colega Médico(a) Outro Total
Contagem 17 2 1 1 0 4 11 1 2 1 40
Masculino
% em Sexo do aluno 42.5% 5.0% 2.5% 2.5% 0.0% 10.0% 27.5% 2.5% 5.0% 2.5% 100.0%
% em Interlocutores te
Sexo do aluno
abririas mais para falar da 70.8% 66.7% 12.5% 33.3% 0.0% 44.4% 55.0% 50.0% 33.3% 33.3% 50.0%
vida sexual e reprodutiva
Contagem 7 1 7 2 2 5 9 1 4 2 40
Feminino
% em Sexo do aluno 17.5% 2.5% 17.5% 5.0% 5.0% 12.5% 22.5% 2.5% 10.0% 5.0% 100.0%
% em Interlocutores te
abririas mais para falar da 29.2% 33.3% 87.5% 66.7% 100.0% 55.6% 45.0% 50.0% 66.7% 66.7% 50.0%
vida sexual e reprodutiva
Contagem 24 3 8 3 2 9 20 2 6 3 80
% em Sexo do aluno 30.0% 3.8% 10.0% 3.8% 2.5% 11.3% 25.0% 2.5% 7.5% 3.8% 100.0%
Total % em Interlocutores te
abririas mais para falar da 100.0% 100.0% 100.0% 100.0% 100.0% 100.0% 100.0% 100.0% 100.0% 100.0% 100.0%
vida sexual e reprodutiva
Fonte: Autora, (2019).
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Anexos