DISSERTAÇÃO Leandro Ferreira Aguiar
DISSERTAÇÃO Leandro Ferreira Aguiar
DISSERTAÇÃO Leandro Ferreira Aguiar
RECIFE
2020
LEANDRO FERREIRA AGUIAR
RECIFE
2020
Catalogação na Fonte
Bibliotecária Ângela de Fátima Correia Simões, CRB4-773
O ano de 2018 iniciou para mim com a felicidade de uma nova etapa profissional
e acadêmica. A aprovação do mestrado foi um triunfo pessoal na busca por aprimorar
meus conhecimentos teóricos/acadêmicos. Percorri tantas dificuldades até chegar
aqui, tantos momentos difíceis e lutas – muitas vezes protagonizadas por mim mesmo
e minha autoestima/saúde mental. Inicio meus agradecimentos ao ser que habita em
mim. Gratidão a mim por ter tido a força de enfrentar, junto aos meus pares, as
dificuldades impostas pela vida em sociedade.
Aos meus pais, Ledjane Ferreira e Luciano Aguiar, dedico este trabalho. A minha
formação e trajetória profissional só foi possível por vocês terem me dado o privilégio
do estudo. Vocês foram os primeiros que sonharam junto comigo esse momento,
mesmo diante das dificuldades impostas pela vida para vocês. Gratidão por tudo.
Por fim, agradeço a todas/os que possibilitaram a Saúde Pública brasileira e aos
idealizadores da Reforma Sanitária e do Sistema Único de Saúde. Este trabalho é
dedicado a vocês.
(...) em determinado momento de nossa existência, perdemos o
controle de nossas vidas e ela passa a ser governada pelo
destino. Esta é a maior mentira do mundo. (Paulo Coelho)
RESUMO
INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 13
2.1 Saúde Pública e as Particularidades na Formação do Estado Brasileiro: das raízes à contrarreforma
do setor saúde............................................................................................................... 51
2.2 Sistema Único de Saúde do Brasil: as tendências ideopolíticas na relação educação, trabalho e
saúde .......................................................................................................................... 61
2.3 Formação Profissional em Saúde no Brasil: o processo de construção dos Programas de Residência
Multiprofissional ............................................................................................................. 71
REFERÊNCIAS....................................................................................................... 121
13
INTRODUÇÃO
Sanitária, na qual a saúde é um direito universal e deve ser prestado pelo Estado de
forma universal à população, com base nos movimentos sanitaristas e populares; e a
perspectiva do SUS possível, sendo uma tentativa de conciliar os dois projetos,
advindo de uma perspectiva de conciliação de classes.
O Sistema Único de Saúde, enquanto conquista do projeto de Reforma Sanitária,
conseguiu trazer uma nova perspectiva de atenção e assistência à saúde da
população. Entre seus avanços, pode-se elencar a Política Nacional de Educação
Permanente em Saúde (PNEPS), instituída em 2004 pela Portaria nº 198, como
estratégia do SUS para fortalecer o desenvolvimento profissional e a formação em
saúde (BRASIL, 2004).
A partir do surgimento da PNEPS, ascende no país um cenário mais progressista
para a formação pelo SUS, com base nos princípios defendidos pela Reforma
Sanitária. Surgem nesse cenário os Programas de Residência Multiprofissional em
Saúde, enquanto formação estratégica para capacitar profissionais para atender às
necessidades de saúde da população usuária brasileira. Foram instituídas pela Lei
11.129 de 30 de junho de 20055, acrescida pela Portaria 45/20076, em que se cria a
Comissão Nacional de Residência Multiprofissional em Saúde (CNRMS), que
estabeleceu sua composição e atribuições para organizar o funcionamento dos
Programas de Residência em Área Profissional da Saúde.
Os cursos de Residências Multiprofissionais podem ser compostos pelas 14
(catorze) profissões de nível superior da saúde, definidas conforme Resolução CNS
nº 287/1998 7 , sendo elas: Biomedicina, Ciências Biológicas, Educação Física,
Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Medicina Veterinária, Nutrição,
Odontologia, Psicologia, Serviço Social e Terapia Ocupacional.
Apesar desses avanços para a formação para e pelo SUS, principalmente a partir
da capacitação dos seus profissionais para uma nova perspectiva de assistência,
percebe-se nos últimos anos o direcionando para tendências contrárias aos princípios
da universalidade, integralidade, igualdade e participação social que compõem o SUS.
Assim, a Política de Saúde Brasileira passa a ser atingida cada vez mais pela
5 Cf. Portaria conjunta entre o Ministério da Educação (MEC) e o Ministério da Saúde (MS) (BRASIL,
2005).
6 Cf. PORTARIA INTERMINISTERIAL Nº 45, DE 12 DE JANEIRO DE 2007. Dispõe sobre a Residência
9 Atualmente se caracteriza enquanto a união de diversos Fóruns em nível nacional, que defende os
princípios trazidos na gênese do Movimento de Reforma Sanitária.
18
10
Em levantamento realizado pela pesquisa do Grupo de Estudos e Pesquisas dos Fundamentos do
Serviço Social da Universidade Federal de Juiz de Fora (GEPEFSS – FSS/UFJF), foram totalizados no
Brasil, em 2018, 232 (duzentos e trinta e dois) programas de Residência Multiprofissionais com oferta
de vagas para o Serviço Social, sendo, apenas para essa profissão, destinadas 496 (quatrocentas e
noventa e seis) vagas.
19
Os PPPs dos programas de residência são “[...] frutos de uma produção coletiva,
com o objetivo de nortear e conduzir o processo de formação, buscando superar
desafios políticos e pedagógicos” (NETO et al., 2015, p. 587), portanto, expressam no
seu interior uma concepção de sociedade e de visão de mundo, por conseguinte,
14 Saviani (2009), em sua obra Escola e Democracia, classifica que na educação existem várias teorias
que fundamentam teórico-metodologicamente as tendências da pedagogia, quais sejam: 1) teorias não
críticas (Pedagogia Tradicional; Pedagogia Nova e Pedagogia Tecnicista); 2) teorias crítico-
produtivistas (Teoria do Sistema de Ensino como Violência Simbólica; Teoria da Escola como Aparelho
Ideológico de Estado e Teoria da Escola Dualista; 3) teoria crítica (Tendência Histórico-Crítica).
15 Saviani diz “Chamo essa corrente de crítico-reprodutivista porque não se pode negar seu caráter
crítico, se entendermos por concepção crítica aquela que leva em conta os determinantes sociais da
educação, em contraposição às teorias não críticas, que acreditam ter a educação o poder de
determinar as relações sociais, gozando de uma autonomia plena em relação à estrutura social (nesse
sentido nós poderíamos dizer que a pedagogia tradicional, assim como a pedagogia nova e a
pedagogia tecnicista, são não críticas). Mas, além de críticas, as teorias em questão são
reprodutivistas, no sentido de que chegam invariavelmente à conclusão de que a educação tem a
função de reproduzir as relações sociais vigentes. Sendo assim, essa concepção não apresenta
proposta pedagógica, além de combater qualquer uma que se apresente. Assim, dada uma sociedade
capitalista, sua educação reproduz os interesses do capital” (SAVIANI, 2011, p. 78).
16 “A fundamentação teórica da pedagogia histórico-crítica nos aspectos filosóficos, históricos,
são citados o que está em causa não é a transposição de seus textos para a pedagogia e, nem mesmo,
a aplicação de suas análises ao contexto pedagógico”(SAVIANI, 2008, p. 25),
17 Resumindo, a pré-análise é o primeiro contato do pesquisador com os documentos coletados. Nessa
etapa realizamos leituras flutuantes dos documentos para conhecer e definir sua inclusão ou não na
análise. A exploração do material nos guia para definir as categorias de análise, tendo como base as
leituras aprofundadas do quadro referencial teórico pertinente ao objeto de estudo e novas concepções
que dela derivaram. Em seguida, o tratamento dos resultados, inferência e interpretação. Esse último
alia diversas categorias existentes em cada documento bem como as concepções semelhantes
identificadas.
22
população estimada de 1.645.727 pessoas (IBGE, 2019), sendo a terceira cidade mais populosa do
Nordeste e a nona entre as capitais brasileiras. Conforme último levantamento disponível no IBGE
(2010), Recife possui o maior Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) dentre as nove
capitais do nordeste – escala IDHM em 0,772 (de 0 a 1). Contudo, em contramão aos dados de
desenvolvimento humano, o Índice de Gini do município demonstrou, no mesmo período da pesquisa
realizada pelo IBGE (2010), numa escala de 0 a 1, o coeficiente de 0,68 (aumento de um décimo
comparado ao ano de 2000, que totalizou 0,67) (BDE, 2010). Conforme os dados do Índice de Gini,
23
Recife se encontra enquanto o município com maior índice de desigualdade de renda do país,
demonstrando uma realidade de desigualdade social e econômica significativa.
20 Dados referentes ao período do levantamento de dados da pesquisa.
24
21 Segundo Batista (2013, p. 110), “Há quatro outras portarias do Ministério da Saúde sobre a PNEPS:
uma que arranja sobre suas diretrizes de implementação em 2007 e as três seguintes que tratam sobre
seus recursos financeiros. A Portaria GM/MS nº 1.996 (...), além de reconhecer as diretrizes
curriculares, dentre outros artigos e resoluções anteriores, reafirma a EP como conceito pedagógico
referendado na dimensão do trabalho e na aprendizagem significativa, reforçando, desse modo, a
reorientação das práticas de educação em saúde, dos profissionais e da organização do trabalho. A
portaria centra-se, ainda, na elaboração de Planos Regionais de Educação Permanente em Saúde, em
parceria com diversos órgãos governamentais, instâncias interinstitucionais e atores, e, principalmente,
instaura as Comissões de Integração Ensino-Serviço (CIES)”.
25
Por fim, esperamos que este estudo possa contribuir com futuras análises
relacionadas ao processo de construção da formação profissional em saúde
emancipadora, pois esta é uma tendência ainda a ser consolidada no âmbito do SUS.
26
[...] o homem não nasce homem. Ele forma-se homem. Ele não nasce
sabendo produzir-se como homem. Ele necessita aprender a ser homem,
precisa aprender a produzir sua própria existência. Portanto, a produção do
homem é, ao mesmo tempo, a formação do homem, isto é, um processo
educativo. A origem da educação coincide, então, com a origem do homem
mesmo (SAVIANI, 2007, p. 154).
22
Para aprofundamento sobre a relação entre trabalho e capital, indica-se O capital (livro 1) de Karl
Marx.
30
Antunes e Pinto (2017, p. 13) asseveram que “o/a trabalhador/a que não se
reconhece no produto do seu trabalho e dele não se apropria é um/a trabalhador/a
que não se reconhece no próprio processo laborativo que realiza. Ele/a não se realiza,
mas se aliena, se estranha e se fetichiza no próprio processo de trabalho”.
Antunes argumenta que refletir sobre o trabalho no modo de produção
capitalista requer:
[...] especialmente nos últimos 150 anos, serviu – no seu todo – ao propósito
de não só fornecer os conhecimentos e o pessoal necessário à máquina
produtiva em expansão do sistema do capital, como também gerar e
transmitir um quadro de valores que legitima os interesses dominantes, como
se não pudesse haver nenhuma alternativa à gestão da sociedade, seja na
forma ‘internalizada’ (isto é, pelos indivíduos devidamente ‘educados’ e
aceitos) ou através de uma dominação estrutural e uma subordinação
hierárquica e implacavelmente impostas (MÉSZÁROS, 2008, p. 35).
vez mais qualificada e apta à polivalência para sua inserção no mercado formal de
trabalho23.
23 Diversos/as autores/as, a exemplo de Antunes e Pinto (2017); Harvey (2011); e Mészáros (2008),
realizam densamente essa discussão sobre as novas formas de subordinação do trabalho pelo capital
a partir da restruturação produtiva desencadeada desde a crise de acumulação do capital de 1970 (se
intensificando com a crise do capital financeiro de 2008), no qual se recomenda a leitura para maior
apreensão sobre a relação capital e trabalho na contemporaneidade.
39
25 A partir da criação da OMS, a saúde passa a ser entendida de forma ainda mais ampla, não apenas
no seu aspecto biológico e individual (quanto à presença ou ausência de doenças), conforme a OMS
“La salud es un estado de completo bienestar físico, mental y social, y no solamente la ausencia de
afecciones o enfermidades” (OMS, 2014, p. 1). Modificações significativas a partir de 1950 ocorrem nas
ações em saúde, com a ascensão do mercado de medicamentos e equipamentos médicos. Intensifica-
se a concentração da atenção em nível hospitalar.
26 Com a criação dos órgãos internacionais de apoio à saúde, a exemplo da Organização Pan-
Americana da Saúde (OPAS), os sistemas de saúde passam a possuir bases para a articulação,
planejamento e execução de suas ações a partir das determinações direcionadas por esses órgãos. A
OPAS tem importância e impacto internacional pelo grande número de países participantes de sua
constituição. Desde sua fundação, a OMS e a OPAS buscaram formular projetos para apoiar os
gestores dos sistemas de saúde internacionais, propondo realizar pesquisas, relatórios técnicos,
classificação internacional de doenças, dentre outras atribuições e competências especializadas em
saúde. Assim sendo, “La OMS colabora con las instancias normativas, los asociados para la salud
mundial, la sociedad civil, las instituciones académicas y el sector privado para ayudar a los países a
elaborar y aplicar planes sanitarios nacionales consistentes, así como a hacer un seguimiento de ellos.
Además, ayuda a los países a velar por que sus ciudadanos dispongan de servicios de salud integrados
y centrados en la persona, equitativos y a un precio asequible; a facilitar el acceso a tecnologías
sanitarias asequibles, eficaces y seguras, y a fortalecer los sistemas de información sanitaria y la
formulación de políticas basadas en datos científicos” (OMS, 2019).
46
educação continuada na área de formação dos recursos humanos em saúde [...] como
treinamento pós-graduado”. Contudo, ressalta-se que essa modalidade de
especialização ficou restrita à categoria médica até o final dos anos 1970, havendo
modificações em seu formato a partir da Residência em Medicina Comunitária,
considerada a primeira Residência Multiprofissional do país, criada em 1978. As
Instituições de Ensino Superior – IES, na década de 1980, “[...] implantaram
programas de Residências Multiprofissionais incorporadas à Residência Médica como
Enfermagem, Nutrição e Serviço Social. Esses programas foram logo encerrados
quando o MEC definiu o financiamento somente para a Residência Médica”
(MOURÃO, et al., 2007, p. 361).
Ceccim (2017) sintetiza o movimento histórico pelo qual a formação profissional
em saúde perpassou ao longo dos 100 (cem) anos após o movimento flexneriano.
Demarca a existência de três gerações formativas, sendo elas: a baseada na ciência;
a baseada em problemas; e a baseada em sistemas.
A primeira geração advém dos princípios do movimento flexneriano, o qual,
conforme o referido autor, “se põe pela primeira vez as bases para um aprendizado
moderno, embasado nas descobertas científicas” (CECCIM, 2017, p. 56).
Em meados da década de 1960, o autor pontua uma “nova modalidade de
ensino embasada na discussão de problemas, centrada no estudante e com
metodologia de aprendizado ativas em pequenos grupos” (CECCIM, 2017, p. 56). O
autor afiança ainda que a última base formativa se propõe a ser “a formação dos
profissionais do novo milênio”, no qual “se embasa em uma forte interdependência
entre o contexto local e global, e entre sistemas formativos e sistema de saúde, graças
à geração de conhecimentos especificamente gerados pelo contexto local” (CECCIM,
2017, p. 56).
No final da década de 1970, com a eclosão da crise do capital e declínio do
Estado de Bem-estar nos países de capitalismo central, as políticas sociais são
atingidas mundialmente por medidas adotadas pelo projeto neoliberal. Ou seja, a
partir da ascensão da lógica da acumulação flexível como resposta à crise do capital,
incidem diretamente nas políticas sociais brasileiras, a exemplo da saúde pública e a
educação, que passam a sofrer modificações estruturais.
Frigotto (2015), ao analisar esse momento histórico, adverte que se busca na
saúde pública a adesão ao projeto mercantil, com a adoção de seu discurso baseado
na racionalidade instrumental.
47
27No Brasil, temos três propostas de Educação Interprofissional – EIP, a Residência Multiprofissional
em Saúde (2005), Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde – Pró-
Saúde (2005) e o Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde – PET Saúde (2008) do
Ministério da Saúde.
48
1. Trabalho em equipe:
– Capacidade de atuar como líder e membro da equipe
– Conhecimento dos obstáculos para o trabalho em equipe
2. Funções e responsabilidades:
– Compreensão das próprias funções, responsabilidades e aptidões, bem
como os de outros tipos de profissionais de saúde
3. Comunicação:
– Expressão apropriada de opiniões aos colegas
– Saber ouvir os membros da equipe
4. Aprendizado e reflexão crítica:
– Reflexão crítica sobre a própria relação em uma equipe
– Transferência do aprendizado interprofissional para o ambiente de trabalho
5. Relação com o paciente e identificação de suas necessidades:
– Trabalho colaborativo com foco na melhor assistência ao paciente
– Envolvimento com pacientes, famílias, cuidadores e comunidades como
parceiros no gerenciamento do cuidado
6. Prática ética:
– Compreensão das visões estereotipadas próprias e de terceiros sobre
outros profissionais de saúde
– Reconhecimento de que os pontos de vista de cada profissional de saúde
são igualmente válidos e importantes (OMS, 2010, p. 26)
em saúde na perspectiva interprofissional, necessitaria ter como foco o conceito da prática colaborativa.
Explica ainda no seu documento base que a prática colaborativa ocorre “quando profissionais de saúde
de diferentes áreas prestam serviços com base na integralidade da saúde, envolvendo os pacientes e
suas famílias, cuidadores e comunidades” (OMS, 2010, p. 13) corroborando para a “saúde da mais alta
qualidade em todos os níveis da rede de serviços” (idem, p. 13). Com a educação interprofissional
sendo direcionada para a execução de uma prática colaborativa, conforme a OMS, os sistemas de
saúde atingiriam altos graus de excelência, desdobrando e melhoria na qualidade dos serviços de
saúde e na saúde da população como um todo.
49
31“A preocupação central da proposta é assegurar que o Estado atue em função da sociedade,
pautando-se na concepção de Estado Democrático de Direito, responsável pelas políticas sociais e,
por conseguinte, pela saúde” (BRAVO, 2011, p. 14). Em sua construção, participam do Movimento de
Reforma Sanitária brasileira, principalmente, profissionais e trabalhadores da saúde, sanitaristas e
parcela dos movimentos sociais.
56
Paim (2008) nos seus estudos nos alerta que “ao se excluir da RSB [Reforma
Sanitária Brasileira] seu ‘núcleo subversivo’ (determinação social do processo saúde-
doença e da organização das práticas) tende-se a identificar o seu processo,
parcialmente, com as políticas de proteção social” (PAIM, 2008, p. 307).
No início dos anos 2000, com a vitória do Partido dos Trabalhadores (PT),
criaram-se expectativas da retomada do processo de reformas do Estado em prol da
classe trabalhadora. Durante o período do governo petista, foram alcançados muitos
59
poder político nacional, através de um processo denominado por Löwy (2016, p. 64)
como “farsa” para a obtenção do poder por parte da burguesia nacional, por entender
que
[...] a oligarquia de direito divino no Brasil — a elite capitalista financeira,
industrial e agrícola — não se contentou com concessões: ela quer o poder
todo. Não quer mais negociar, mas sim governar diretamente, com seus
homens de confiança, e anular as poucas conquistas sociais dos últimos
anos.
33 Conforme o plano de governo, “na Educação também precisamos revisar e modernizar o conteúdo.
Isso inclui a alfabetização, expurgando a ideologia de Paulo Freire, mudando a Base Nacional Comum
Curricular (BNCC), impedindo a aprovação automática e a própria questão de disciplina dentro das
escolas”. Disponível em: <http:// https://www.nsctotal.com.br/noticias/eleicoes-2018-confira-as-
promessas-de-jair-bolsonaro-para-a-educacao>. Acesso em: 07 jan. 2019.
61
34 Faz-se necessário compreender que há uma diferença entre conceitual em trabalhador(a) da saúde,
trabalhador(a) do SUS e profissional da saúde. Conforme Machado e Neto (2018, p. 1972), “Dada a
complexidade deste mercado, é importante conceituar: profissionais da saúde sendo os que, estando
ou não ocupados no setor, têm formação ou qualificação profissional específica para o desempenho
de atividades ligadas ao cuidado ou às ações de saúde; trabalhadores da saúde são os que se inserem
direta ou indiretamente na atenção à saúde no setor saúde, podendo ter ou não formação específica
para as funções atinentes; trabalhadores do SUS são os que se enquadram tanto como profissionais
ou trabalhadores da saúde, inseridos na atenção à saúde nas instituições no âmbito do SUS”.
62
35A Educação Permanente em Saúde é uma definição trazida a partir das colaborações de Ceccim
(2005), sendo dado esse nome por se tratar de uma estratégia pedagógica instituída enquanto uma
política pública da saúde (FERNANDES, 2016).
63
A autora ainda argumenta que essa proposta “manifesta-se como uma das
vertentes estratégicas dos planos de extensão de cobertura, atenção primária e
regionalização dos serviços de saúde” (BRAVO, 2013, p. 82). Para a sua
concretização, houve a necessidade da reformulação acadêmica de nível superior e
técnicos profissionais diversos, pois a formação em saúde deveria estar articulada
com a prestação de serviços.
Ceccim (2017) afirma que o movimento de Reforma Sanitária transformou a
noção de saúde, sendo possível, a partir das conquistas políticas do direito à saúde
pública e pela institucionalização do SUS, o desenvolvimento de “conceitos e práticas
inovadores ao trabalho e à formação em saúde” (CECCIM, 2017, p. 50). A partir dessa
conquista, a luta pelo combate às intervenções médico-centradas, positivistas e
fragmentadas fizeram parte da agenda de formulação da formação dos novos
recursos humanos da saúde pública brasileira.
38 O Ato Médico é o nome dado ao Projeto de Lei do Senado (PLS) 268/2002 e ao Projeto de Lei (PL)
7703/2006.
39 A criação da PNEPS surge como estratégia do SUS “para a formação e o desenvolvimento dos seus
profissionais e trabalhadores, buscando articular a integração entre ensino, serviço e comunidade, além
de assumir a regionalização da gestão do SUS, como base para o desenvolvimento de iniciativas
qualificadas ao enfrentamento das necessidades e dificuldades do sistema” (BRASIL, 2009b).
65
O autor também demarca que o Brasil teve nesse curso, a partir do SUS,
experiências importantes de trabalho multiprofissional e interdisciplinar, “promovidos
66
pelo bojo da reforma sanitária brasileira e no bojo das pesquisas sobre trabalho em
saúde no interior dos estudos em saúde coletiva” (CECCIM, 2017, p. 59). Essas
experiências também são consideradas pelo autor enquanto exemplos de práticas
interprofissionais.
Conforme o autor, são avanços importantes as seguintes propostas:
• Acolhimento: ‘dar guarida a todas as pessoas que procuram os serviços de
saúde, garantindo a acessibilidade universal; reorganização do processo de
trabalho, deslocando o eixo central da atenção, do atendimento médico para
a equipe multiprofissional, que deve se encarregar da escuta do usuário,
comprometendo-se a resolver seu problema de saúde; qualificação da
relação trabalhador-usuário, que deve se dar por parâmetros humanitários,
de solidariedade e cidadania, assim como de interação na construção de
projetos de vida)’ (CECCIM, 2017, p. 59);
• Equipes de referência e apoio especializado matricial: ‘uma
reorganização do trabalho em saúde, construindo o vínculo cuidador, a
elevada responsabilidade com a terapêutica, práticas de suporte e retaguarda
técnica e pedagógica e a continuidade do cuidado’ (CECCIM, 2017, p. 59);
• Campo e Núcleo de Conhecimentos e Práticas: ‘[...] uma noção em
combate ao positivismo, estruturalismo e posição de transcendência que
marcam a disciplinarização e a sociologia das profissões, pois o ‘núcleo’
demarca área de conhecimentos e de práticas profissionais, enquanto o
‘campo’, um espaço de limites imprecisos onde cada disciplina e profissão
buscam em outras o apoio para cumprir suas tarefas teóricas e práticas’
(CECCIM, 2017, p. 59).
No entanto, Machado e Neto (2018) afirmam que muitos são os desafios que
apontam para a concretização do SUS: a grave expansão dos cursos de graduação
pelo ensino da Educação a Distância (EaD), “o que põe em risco a qualidade do
atendimento” (MACHADO; NETO, 2018, p. 1974).; a privatização do ensino,
principalmente na graduação, mercantilizando o direito à educação; a precarização do
trabalho, principalmente gestado pelas medidas neoliberais aos direitos trabalhistas e
à política de desmonte dos recursos humanos na área de saúde; o momento atual de
ameaça aos direitos essenciais, retomando a intensificação do neoliberalismo dos
anos de 1990 (MACHADO; NETO, 2018).
Neste cenário, a autora e autor nos alertam para os desafios na formação41,
como a manutenção do modelo flexneriano nas bases curriculares dos cursos da
saúde, a partir de uma perspectiva centrada na clínica hospitalar e no “paradigma
hegemônico da cura” (ibidem, p. 1975); ausência da atuação na atenção primária à
saúde, “o que dificulta a compreensão, o planejamento e a organização do processo
de trabalho e a efetivação de projetos terapêuticos humanizados” (ibidem, p. 1975);
docentes sem a vivência do SUS e da promoção à saúde, consolidando a perspectiva
dos consultórios; e “a manutenção da iniquidade regional brasileira na oferta de vagas
de graduação, o que afeta diretamente a disponibilidade e distribuição dos
profissionais da saúde, nos espaços de prática” (ibidem, p. 1975).
Soares (2018, p. 24) demarca que a atual conjuntura de golpe institucional de
Estado, ocorrido em 2016, conforme discutido no tópico anterior, traduz-se enquanto
“a maior ofensiva da história deste país contra o conjunto das conquistas civilizatórias
41Observe que “a implantação de políticas e programas setoriais da saúde acabou por influenciar a
abertura de inúmeros cursos na área da saúde, em função de novos postos de trabalho demandado
por: Enfermagem e Medicina – Estratégia Saúde da Família (ESF); Odontologia – Programa Brasil
Sorridente e nos Centro de Especialidades Odontológicas (CEO); Núcleo de Apoio à Saúde da Família
(NASF), com inserção de fisioterapeutas, assistentes sociais, educadores físicos, dentre outros”
(MACHADO; NETO, 2018, p. 1973-74).
70
de nosso Estado”, sendo para o SUS o maior ataque contra a reforma sanitária
brasileira.
A autora analisa que “nessa fase da contrarreforma, evidencia-se não só o
abandono por completo da concepção de reforma sanitária, mas o abandono do
próprio SUS, anunciando-se sua inviabilidade e a necessidade de sua reformulação”
(SOARES, 2018, p. 30). Argumenta que a política adotada por esse golpe institucional
tem a tendência a acabar com os princípios da política de saúde brasileira,
principalmente a três: à universalidade do acesso à saúde; à publicidade do direito à
saúde (destruindo-se a concepção de direito público à saúde); e a participação social
através dos órgãos de controle social (SOARES, 2018).
Além disso, nos alerta para o favorecimento do desmonte do SUS com a
aprovação de medidas como a aprovação do congelamento dos gastos públicos
primários pela Emenda Constitucional (EC) n° 95/2016, “impondo sobre o orçamento
da saúde uma restrição que pode chegar a 640 bilhões” (SOARES, 2018, p. 26); e a
alteração das políticas de saúde mental e atenção básica, retrocedendo os princípios
defendidos pela proposta da reforma psiquiátrica e sanitária.
Castro (2013, p. 6) afirma que, ao trabalhador de saúde, no modo de produção
capitalista neoliberal, além de vivenciar a perda dos direitos trabalhistas, intensificação
e precarização do trabalho e intervenção direta as expressões da questão social, “tem
sua formação, muitas vezes, em escolas que priorizam a técnica ou uso de tecnologias
pesadas, preservando a visão mercadológica e a supremacia de uma profissão sobre
a outra”.
Nesse sentido, entendemos que o fortalecimento da educação permanente em
saúde, a partir de uma proposta crítica, é estratégico para a luta contra o movimento
de barbárie do atual contexto de ataques aos direitos sociais trazidos pelas propostas
neoliberais ao SUS.
Concordamos com Fernandes (2016, p. 104) ao asseverar que “as
transformações nos sistemas curriculares e as reformas educativas para formação
dos profissionais que atuam na saúde serão necessárias para a defesa e preservação
da saúde pública no século XXI”. Para o atendimento a essa perspectiva, cabe às
instituições de ensino, com maior ênfase nas instituições de ensino superior, o
comprometimento em fortalecer as reformas educacionais para e pelo SUS,
principalmente através dos programas de Educação Permanente em Saúde
71
42 A perspectiva trazida por esses programas tem como pano de fundo o movimento de transformação
na concepção de saúde mundial e, principalmente, na América-Latina, embasado pelas propostas
trazidas pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e pela Organização Mundial da Saúde
(OMS).
73
43 Os programas devem se basear pelos princípios e diretrizes contidos nas normativas que instituem
a Política de Saúde no Brasil (a exemplo do que consta na Constituição Federal de 1988 dos artigos n°
196 a 200) e que regulamentam o Sistema Único de Saúde [a exemplo Lei n° 8.080, de 19 de setembro
de 1990, e da Lei nº 8.142, de 28 de dezembro de 1990]. (BRASIL, 1990a).
44 Segundo o Ministério da Saúde, “ferramenta de articulação e inclusão dos diferentes enfoques e
disciplinas. A Clínica Ampliada reconhece que, em um dado momento e situação singular, pode existir
74
uma predominância, uma escolha, ou a emergência de um enfoque ou de um tema, sem que isso
signifique a negação de outros enfoques e possibilidades de ação” (BRASIL, 2009b, p. 10).
45 Conforme Bravo (2013), o enfoque biológico e individual predominou nas práticas científicas e
médicas no início do século XX, demarcado pelo Relatório Flexner de 1910 (considerado documento
marco da medicina moderna). O movimento flexneriano ocorre em um período no qual a maior parte
das doenças eram determinadas socialmente, sendo expressão da ascensão do capitalismo industrial
que trouxe a predominância das doenças infecciosas. O flexnerianismo se coloca na contramão do
entendimento das determinações sociais ao indicar a causa individual das enfermidades e o enfoque
terapêutico orientado para o indivíduo, havendo o crescimento da atenção voltada aos centros
hospitalares.
46 Multidisciplinaridade é um “conjunto de disciplinas que simultaneamente tratam de uma dada
questão, problema ou assunto, sem que os profissionais implicados estabeleçam entre si efetivas
relações no campo técnico ou científico; é um sistema que funciona através da justaposição de
disciplinas em um único nível, estando ausente uma cooperação sistemática entre os diversos campos
disciplinares” (ALMEIDA FILHO, 2000, p. 16).
47 Conforme afirma Almeida Filho (2000, p. 17), a “interdisciplinaridade — para além da
disciplinaridade, a noção de interdisciplinaridade implica uma axiomática comum a um grupo de
disciplinas científicas conexas, cujas relações são definidas a partir de um nível hierárquico superior,
ocupado por uma delas; esta última, geralmente determinada por referência à sua proximidade a uma
temática unificada, atua não somente como integradora e mediadora da circulação dos discursos
disciplinares, mas principalmente como coordenadora do campo disciplinar”.
75
setecentos e sessenta) horas, sendo 80% realizado em carga horária prática e 20%
em atividades teóricas ou teórico-práticas.
Além dos residentes, os programas são desenvolvidos conjuntamente aos
preceptores e tutores de núcleo e de campo48. As residências multiprofissionais são
remuneradas por bolsa com valor padronizado ao da residência médica, atualmente
no valor de R$3.330,43 (Três mil, trezentos e trinta reais e quarenta e três centavos)49,
com dedução de alíquota de contribuição previdenciária, contudo, sem o caráter de
vínculo empregatício, ausentando-se dos demais direitos trabalhistas, como a licença
médica.
Para a existência dos programas de residências, faz-se necessária sua
submissão ao Ministério da Educação para aprovação. Dentre os dados solicitados,
há a exigência do Projeto Político-Pedagógico, documento basilar para o
direcionamento da formação/especialização do/a profissional.
Fernandes (2016) destaca que a implementação da formação em programas
de residência multiprofissionais possibilita a integração dos saberes multiprofissionais,
sendo rico espaço para a construção crítica de intervenções profissionais. A autora
aponta que são programas que têm bases na interdisciplinaridade e na humanização
da atenção.
50Atenção básica: saúde da família e da comunidade, saúde mental, saúde coletiva. Alta
Complexidade: área hospitalar.
78
51 Em 05/10/2017, a Secretaria Estadual de Saúde/PE torna público o edital do “Processo Seletivo para
os Programas de Residência em Área Profissional de Saúde vinculados às COREMUs da Escola de
Governo em Saúde Pública de Pernambuco, COREMU da Universidade de Pernambuco, COREMU da
Universidade Federal de Pernambuco e COREMU do Instituto de Medicina Integral Prof. Fernando
Figueira, COREMU da Secretaria Municipal de Saúde do Município de Jaboatão dos Guararapes e
desenvolvidos nas Instituições de Saúde, para o ano de 2018 [...]”. O edital pode ser acessado no site:
<http://www.upenet.com.br/>
52 A COREMU é uma instância deliberativa institucional do conjunto de programas de Residência
básica, saúde coletiva e saúde coletiva ampla concorrência. Nos últimos anos as
provas são executadas pelo Instituto de Apoio à Universidade de Pernambuco –
IAUPE, e cada programa possui a seguinte definição para cada perfil:
53 RMUET – Residência Multiprofissional em Urgência, Emergência e Trauma. UPE – Universidade de Pernambuco. HGV – Hospital Getúlio Vargas.
54 RMSF – Residência Multiprofissional em Saúde da Família. NASF – Núcleo de Saúde da Família. Sec. Saúde – Secretaria de Saúde de Recife.
55 RMSM – Residência Multiprofissional em Saúde Mental (Recife). UPE – Universidade de Pernambuco. CAPS – Centro de Atenção Psicossocial. Sec.
Saúde – Secretaria de Saúde do Recife.
56 RMSF – Residência Multiprofissional em Saúde da Família. IMIP – Instituto Fernando Figueira. NASF – Núcleo de Saúde da Família. Sec. Saúde –
Secretaria de Saúde do Recife.
57 RMSC – Residência Multiprofissional em Saúde Coletiva. Sec. de Saúde – Secretaria de Saúde de Recife. IMIP – Instituto Fernando Figueira.
58 RMSF – Residência Multiprofissional em Saúde da Família – RMSF. UFPE – Universidade Federal de Pernambuco. Sec. de Saúde. NASF – Núcleo de
Saúde da Família. Sec. Saúde – Secretaria de Saúde de Recife.
59 RMSC- Residência Multiprofissional em Saúde Coletiva. FIOCRUZ – Fundação Oswaldo CRUXZ. IAgM – Instituto Aggeu Magalhães. NASF – Núcleo de
Saúde da Família. Sec. Saúde – Secretaria de Saúde de Recife.
60 RMCP – Residência Multiprofissional em Cuidados Paliativos – RMCP. UPE – Universidade de Pernambuco. HUOC – Hospital Universitário Osvaldo
Cruz.
61 RMSC – Residência Multiprofissional em Saúde Coletiva. UPE. Universidade de Pernambuco. NASF – Núcleo de Saúde da Família. Sec. Saúde –
Secretaria de Saúde de Recife.
62 RMSI – Residência Multiprofissional em Saúde do Idoso. IMIP – Instituto Fernando Figueira.
63 RMCP – Residência Multiprofissional em Cuidados Paliativos. IMIP – Instituto Fernando Figueira.
64 RMSF – Residência Multiprofissional em Saúde da Família. IMIP – Instituto Fernando Figueira. Sec. Saúde – Secretaria de Saúde do Recife.
65 RMSC – Residência Multiprofissional em Saúde Coletiva. IMIP – Instituto Fernando Figueira. Sec. Saúde – Secretaria de Saúde do Recife.
66 RMIS – Residência Multiprofissional Integrada em Saúde. UFPE – Universidade Federal de Pernambuco. HC – Hospital das Clínicas da UFPE.
82
2014 1° PLENÁRIA DA “[...]denúncia recebida [...] cita a falta de corpo docente, carga horária excessiva de 60 horas
CNRMS semanais e falta de direitos trabalhistas” (BRASIL, 2014, p. 2).
MAIO
3° PLENÁRIA DA Em discussão sobre a carga horária da residência em área profissional: “Os residentes adoecem
CNRMS/AGOSTO pelo excesso de trabalho e ainda têm que repor os afastamentos por atestado médico”.
A decisão desta discussão foi “residentes devem trazer algo consubstancial para discussão em
plenária” e encaminhamento a consulta ao MEC e MS (BRASIL, 2014, p. 3).
5° PLENÁRIA DA “A denúncia consistia em preceptores sem a graduação mínima exigida, sem graduação na área
CNRMS/OUTUBRO profissional do residente com carga horária que não contemplava as atividades desenvolvidas;
ausência de tutores, ausência de tutoria de núcleo e de campo, preceptores e tutores sem
capacidade técnica para orientação do TCC, falta de organização das atividades teóricas do
programa, falta de qualificação e estruturação do eixo específico de cada área profissional,
programa não organizado em linhas de cuidado e dentro das redes de atenção à saúde,
85
Diante da denúncia, foi firmado protocolo de compromisso de ações para sanar as dificuldades
encontradas.
2015 3° PLENÁRIA DA “Na planilha de partos realizados por residentes com médico obstetra […] embora os residentes
CNRMS/JULHO constem como executantes, não consta que há enfermeira obstétrica supervisora (preceptoria).
Ressalta-se, que o número de partos realizados por residentes é 2,3 vezes maior que os
assistidos por enfermeira obstétrica” (BRASIL, 2015, p. 3-4)
6° PLENÁRIA DA “Trata-se de denúncia sobre falta de estruturação, de preceptoria, projeto pedagógico, formação
CNRMS/DEZEMBRO da COREMU, residentes alocados em regiões de alta periculosidade [...]” (BRASIL, 2015, p. 4).
2016 2° PLENÁRIA DA “Carta dos residentes [...] que estão sem receber a bolsa, referem que há falta de local adequado
CNRMS/ABRIL para atendimento de pacientes e estudos, falta de material e de aparelhos de diagnósticos e
pedem intervenção da Comissão Nacional” (BRASIL, 2016, p. 3-4).
“[…] chegaram denúncias para o fórum que após a publicação do despacho orientador
residentes tiveram que cumprir mais horas de programa” (BRASIL, 2016, p. 5).
2018 8ª PLENÁRIA DA “A Coordenação Geral de Residências em Saúde – CGRS recebe denúncia de supostas
CNRMS/JULHO irregularidades concernentes a "atrasos de 3 meses de pagamentos de bolsas, residentes
sendo obrigados a cumprirem carga horária superior a 60h/sem., ausência de preceptoria [...]".
Foi feita visita in loco por membros da CNRMS” (BRASIL, 2018, p. 3).
67Ressaltamos que boa parte das denúncias analisadas ocorreram em programas de residência
voltados para a atenção hospitalar, portanto, necessita ser aprofundado em estudos posteriores.
87
Silva (2018, p. 204) nos apresenta uma análise com críticas importantes sobre
a situação dos programas de Residência que reforçam os nossos argumentos.
Segundo a autora apesar da
69Em 2020, Recife possui 08 (oito) distritos sanitários de saúde que abrangem os 94 (noventa e quatro)
bairros da cidade.
93
‘consenso’ quanto for capaz, a partir de dentro e por meios de seus próprios limites
institucionalizados e legalmente sancionados” (MESZAROS, 2008, p. 45).
Dito isto, nessa investigação entendemos que as tendências ideopolíticas
presentes nas práticas dos profissionais perpassam a disputa de projetos societários
e suas contradições. Entende-se que, “em sociedades como a nossa, os projetos
societários são, necessária e simultaneamente, projetos de classe, ainda que refratem
mais ou menos fortemente determinações de outra natureza (culturais, de gênero,
étnicas, etc.) [...]” (NETTO, 2007, p. 143).
Deste modo, para compreendermos a dinâmica e estrutura proposta para os
Programas de Residência Multiprofissionais e apontar as tendências ideopolítico-
pedagógicas constantes em seu Projeto Político-pedagógico, escolhemos quatro
eixos de análise, a saber: 1) projetos societários — vinculação do programa aos
projetos emancipatórios e coletivos (contra-hegemônico) ou a serviço da reprodução
do capital (hegemônico); 2) concepções de saúde (projeto de Reforma Sanitária
Brasileira, projeto privatista ou SUS possível), educação (tradicional, conservadora ou
histórica-crítica) e trabalho (alienação e emancipação) adotadas no arcabouço dos
projetos pedagógicos vinculados ou não a um determinado projeto societário; 3)
gestão do programa — participativa/democrática ou conservadora; 4) perfil dos
egressos — um especialista com uma qualificação técnica voltada para o mercado ou
um profissional comprometido com a emancipatória humana. Com esses eixos,
buscamos compreender as contradições das especializações multiprofissionais em
saúde, apreendendo as tendências ideopolíticas presentes no PPPs dos Programas
de Residência Multiprofissionais do Recife/PE.
Ressalta-se que dadas as limitações encontradas no formato reduzido do PPP
apresentado pelos programas de Residência Multiprofissionais do Recife/PE, levou o
pesquisador a uma experimentação investigativa singular, sendo requisitada a análise
dos significados da dimensão ideopolítica estruturante da proposta pedagógica com
outro olhar as concepções que orientam a formação dos profissionais, mas tal fato
ampliou a possibilidade de dialogarmos as tendências nem sempre claras e aparentes
que estruturam os programas de residência.
95
71 Salienta-se que a Prefeitura da Cidade do Recife não possui COREMU própria. Por esse motivo,
encontram-se ancorados a COREMU IMIP. Contudo, as deliberações acerca do programa são de
responsabilidade da Secretaria de Saúde do Recife/PE.
72 “Embora contemporâneo da Reforma Sanitária, o processo de Reforma Psiquiátrica brasileira tem
uma história própria, inscrita num contexto internacional de mudanças pela superação da violência
97
asilar. Fundado, ao final dos anos 70, na crise do modelo de assistência centrado no hospital
psiquiátrico, por um lado, e na eclosão, por outro, dos esforços dos movimentos sociais pelos direitos
dos pacientes psiquiátricos, o processo da Reforma Psiquiátrica brasileira é maior do que a sanção de
novas leis e normas e maior do que o conjunto de mudanças nas políticas governamentais e nos
serviços de saúde. A Reforma Psiquiátrica é processo político e social complexo, composto de atores,
instituições e forças de diferentes origens, e que incide em territórios diversos, nos governos federal,
estadual e municipal, nas universidades, no mercado dos serviços de saúde, nos conselhos
profissionais, nas associações de pessoas com transtornos mentais e de seus familiares, nos
movimentos sociais, e nos territórios do imaginário social e da opinião pública. Compreendida como
um conjunto de transformações de práticas, saberes, valores culturais e sociais, é no cotidiano da vida
das instituições, dos serviços e das relações interpessoais que o processo da Reforma Psiquiátrica
avança, marcado por impasses, tensões, conflitos e desafios” (BRASIL, 2005, p. 6).
98
societária. Além disso, observamos que em alguns PPPs não há uma justificativa
explícita para não incluir uma aliança das instituições executoras com os movimentos
sociais que atuam em defesa da saúde. Essa lacuna evidencia uma contradição na
construção dos fundamentos teóricos e eixos de práticas dos PPPs, por entendermos
que para consolidar os princípios e as diretrizes do SUS, frente ao cenário de ataques
da contrarreforma neoliberal, torna-se imperativo construir apoios de grupos políticos
que fortaleçam o campo de luta para frear os retrocessos anunciados com a
contrarreforma do setor saúde e educação.
73 No neoliberalismo as políticas sociais não têm natureza redistributiva, mas compensatória. A lógica
é reduzir a desigualdade social mantendo a histórica desigualdade econômica.
74 “O conceito gramsciano de ‘revolução passiva’ é utilizado para interpretar e compreender o processo
da Reforma Sanitária Brasileira, falando do quanto conquistou relativamente à sua proposta original,
pois a revolução passiva é aquela mudança em que uma parte das transformações no modo social de
100
[...] pode-se pensar que essa atuação profissional no sistema de saúde deve
ultrapassar a excelência da técnica com parâmetros do modelo biomédico,
incluindo também aspectos éticos, técnicos e políticos, com compromisso de
resultados, efetividade e respeito aos usuários (UFPE, 2010, p. 18).
75 “A RD [Redução de Danos] não pressupõe que deva haver imediata e obrigatória extinção do uso
de drogas — no âmbito da sociedade ou no caso de cada sujeito —, seu foco incide na formulação de
práticas, direcionadas aos usuários de drogas e aos grupos sociais com os quais eles convivem, que
têm por objetivo a diminuição dos danos causados pelo uso de drogas” (BRASIL, 2016, p. 3).
102
76“O trabalho em equipe com vistas à interdisciplinaridade parte da perspectiva de que cada trabalho
de qualidade particular se insere em um processo de trabalho coletivo, no qual a articulação dos
diversos saberes que os conformam visa ampliar a resolutividade das ações em saúde desenvolvidas”
(CLOSS, 2012, p. 41)
103
[...] não ocorre em papel e nem em sala de aula; os pacientes não são
quadros fisiológicos ou patológicos do laboratório de aprendizagem ou
dispositivo de simulação; os serviços não são uma figura de abstração e nem
de contato esporádico como nas vivências e estágios da graduação. Se é
docente e se é aluno nas cenas da atenção, da gestão e da participação com
trabalhadores e usuários em: vivências de aflições, sensações, tomadas de
decisão, exercício de condutas e procedimentos, acolhimento ou não de
reações, detecção ou não de necessidades particulares e originais
(DALLEGRAVE, CECCIM, 2018, p. 879-880).
78 Cf. FREIRE (2005). Para o educador Paulo Freire, toda educação é política. Não existe neutralidade.
79 A Educação Popular em Saúde faz parte das propostas educativas da Política Nacional de Educação
Permanente em Saúde, sendo considerada uma “prática voltada para a promoção, a proteção e a
recuperação da saúde a partir do diálogo entre a diversidade de saberes, valorizando os saberes
populares, a ancestralidade, a produção de conhecimentos e a inserção destes no SUS.[...] As práticas
e as metodologias da Educação Popular em Saúde (EPS) possibilitam o encontro entre trabalhadores
e usuários, entre as equipes de saúde e os espaços das práticas populares de cuidado, entre o
cotidiano dos conselhos e dos movimentos populares, ressignificando saberes e práticas” (BRASIL,
2009b, p. 01).
80 Segundo Fernandes (2016, p. 99), “Entre outras providências, essa política considera o caráter
orgânico entre “ensino e as ações e serviços”, a ‘docência e a atenção à saúde’ nas relações que
ocorrem entre a formação e a gestão social; e a agregação entre aprendizado e reflexão crítica sobre
o trabalho e resolutividade das ações em saúde se colocam como condições para a instituição da
educação permanente no SUS”.
106
Vale aqui ressaltar que Boschetti (2015, p. 648) afirma que “a teoria é o real
captado pelo pensamento (o concreto pensado), que busca explicar os fenômenos da
realidade em uma perspectiva de totalidade. A teoria pode subsidiar a ação
profissional e/ou política na transformação do real, por isso é uma mediação para a
ação [...]”. Entendemos que para romper com as práticas conservadoras presentes na
relação trabalho-educação-saúde é fundamental
– SESAU Recife/PE necessidade de produzir, cada vez mais, processos formativos e espaços de educação
(COREMU IMIP) permanente em saúde que possibilitem a formação e qualificação profissional, tendo como
horizonte a melhoria das práticas de cuidado junto aos usuários, familiares e comunidades. A
ideia de implantar esse curso, então, surge da necessidade de contribuir com as produções
cotidianas de diferentes atores/atrizes envolvidos/as na Atenção Básica, na tentativa de manter
um diálogo aberto entre ensino, serviços e comunidade, além de propiciar ao profissional de
saúde (residente) o desenvolvimento de reflexões sobre o fazer em saúde a partir de seus
diferentes lugares de inserção, sejam nos espaços de formação acadêmica, sejam nos espaços
de gestão, e, especialmente, no interior dos serviços de saúde (RECIFE, 2016, p. 10).
[...] As atividades de reflexão teórica e de vivência prática promoverão ao profissional egresso
da RMSF competências e habilidades para: a) Atuar de maneira humanizada, com capacidade
crítica-reflexiva, norteada pelos princípios éticos e legais; b) avaliar, planejar e intervir,
considerando o processo saúde-doença e seus respectivos condicionantes e determinantes; c)
identificar as necessidades de saúde da família e de seus componentes nas diversas fases de
seu ciclo vital, além de compreender as singularidades de cada sujeito; d) realizar escuta
qualificada das necessidades dos usuários em todos os âmbitos, proporcionando atendimento
humanizado e a construção do vínculo; e) realizar o trabalho em equipes multiprofissionais na
perspectiva da interdisciplinaridade e intersetorialidade, identificando e mobilizando parceiros
no território adscrito; f) compreender os princípios básicos da gestão em saúde: planejamento,
monitoramento e avaliação; g) desenvolver pesquisas e produzir conhecimento, com ética e
responsabilidade social, dentre outras (RECIFE, 2016, p. 18)
Acreditamos que a ousadia desse Programa pode provocar impacto nos serviços, com o
fortalecimento advindo de reflexões que, certamente, serão disparadas no cotidiano, bem como
na instituição formadora envolvida, provocando aproximação e também reflexões, à medida que
as atividades serão propostas de forma integrada (RMSM UPE, 2013, p. 6); [...] desde o final
de 2009, é notória a tomada de decisão política de enfrentar tal paradoxo e efetivamente
RESIDÊNCIA assumir o compromisso com o fortalecimento da rede de serviços substitutivos à referência
MULTIPROFISSIONAL manicomial (RMSM UPE, 2013, p. 9) [...] Tal movimento aponta para a necessidade de mobilizar
EM SAÚDE MENTAL – os municípios para construção e consolidação das redes de saúde mental municipais, tanto
UPE para o acolhimento dos usuários que estão sendo desinstitucionalizados como para interromper
o processo de novas institucionalizações (UPE, 2013, p. 9). [...] o presente projeto pode ser
percebido como resultado desse momento de efervescência do movimento de
desinstitucionalização no estado de Pernambuco, que reacendeu os princípios da Reforma
Psiquiátrica e nos convida cotidianamente a construir estratégias para consolidação da mesma
(UPE, 2013, p. 9).
A proposta da residência visa garantir uma formação humanista do profissional residente
RESIDÊNCIA
considerando o amplo contexto do processo saúde-doença-intervenção em que o sujeito se
MULTIPROFISSIONAL
apresenta (UPE, 2014, p. 8). [...] A Residência Multiprofissional em Urgência, Emergência e
EM URGÊNCIA,
Trauma propõe formar profissionais de saúde, por meio da educação em serviço, para atuar em
EMERGÊNCIA E
equipe interdisciplinar na assistência hospitalar em diferentes níveis de atenção e gestão do
TRAUMA DO HGV/UPE
SUS, de acordo com os princípios e diretrizes propostos pelo SUS. (UPE, 2014, p. 7)
RESIDÊNCIA Profissional crítico e reflexivo, com comprometimento ético, político e social, e conhecimento
MULTIPROFISSIONAL técnico-científico, capaz de atuar na gestão do Sistema Único de Saúde, formulação e análise
EM SAÚDE COLETIVA – de políticas públicas e de programas em saúde, na Vigilância à Saúde, Promoção da Saúde e
FIOCRUZ/PE na articulação intersetorial (FIOCRUZ, 2013, p. 48)
RESIDÊNCIA
O programa de residência se implantará num momento propício ao aprendizado, mas também
MULTIPROFISSIONAL
como um mecanismo de fortalecimento dos distritos sanitários, no que diz respeito à
EM SAÚDE COLETIVA –
implementação das ações de educação permanente para a qualificação dos profissionais da
SESAU Recife/PE
rede enquanto preceptores e tutores (RECIFE, 2014, p. 6);
(COREMU IMIP)
113
CONSIDERAÇÕES FINAIS
recursos humanos que compõem os serviços de saúde — sendo uma via precária de
trabalho.
Faz-se importante a luta pelo reconhecimento dos direitos integrais relativos ao
trabalho dos/das residentes, sem perder o caráter formativo do processo de
especialização no trabalho. O reconhecimento dos direitos trabalhistas não indicaria
que os/as residentes poderiam substituir os recursos humanos dos estabelecimentos
de saúde. Pelo contrário, faria parte do processo crítico-reflexivo quanto a sua
condição de trabalhador em formação. A não reflexão sobre o âmbito do trabalho
indica uma perpetuação da lógica de precarização do trabalho dos/as residentes,
assim como um apassivamento do trabalhador em formação diante das formas de
intensificação e precarização do trabalho contemporâneos, como bem refletido neste
estudo.
Entende-se que as Residências Multiprofissionais têm a potencialidade de
promover uma formação crítico-reflexiva sobre a política de saúde (e as demais com
as quais ela dialoga), transformando os/as profissionais de saúde enquanto agentes
críticos e qualificados para refletir, problematizar e intervir sob as demandas sociais
em saúde — conforme foi idealizado pelo Movimento de Reforma Sanitária em sua
gênese. Um formato de especialização que deveria ser seguido pelas demais políticas
públicas sociais (Assistência, Educação, Previdência, Segurança Pública, dentre
outras).
Todavia, enquanto espaço que está inserido nas disputas por hegemonia, faz-
se importante não apenas defender a ampliação e a qualificação crítico-reflexiva
desse e de outros formatos de pós-graduação. Precisa-se pautar a luta por um projeto
societário que atenda às necessidades sociais e que se guie por uma proposta
ideopolítica que vise a plena emancipação da humanidade.
Assim, a luta por reais mudanças no âmbito da relação entre educação,
trabalho e saúde, vão para além dos espaços institucionais. Necessita-se construir,
lutar e defender um projeto societário contra-hegemônico que possibilite ações
estratégicas coletivas para o enfrentamento da ordem do capital, disputando os
espaços e aparelhos de hegemonia e o retorno pela construção do Estado
Democrático de Direito, incluindo na pauta a consolidação do direito universal à saúde
e ao caráter emancipatório da educação pública, gratuita e socialmente referenciada.
121
REFERÊNCIAS
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